2. O AUTOR: VIDA E OBRA
- A vida de Lus Vaz de Cames cercada de hipteses devido falta de
documentos. No se sabe ao certo a origem e a data de seu
nascimento.
- Sempre envolvido em confuses, foi preso em 1552 por ter
agredido um oficial do rei e s posto em liberdade no ano seguinte,
com a condio de partir para o exlio que duraria 17 anos.
- Mais dificuldades e passagens pela cadeia o esperavam no
Oriente. Passou pela ndia e pela China, onde teria arrumado uma
companheira, que morreu no mesmo naufrgio em que Cames salvou Os
Lusadas.
- Em 1572, publica Os Lusadas. Como reconhecimento de seu valor,
o rei D. Sebastio concede-lhe uma penso. Morre em 1580, pobre,
enterrado como indigente, s vsperas da decadncia de Portugal.
3. Obra
- Os Lusadasso, com efeito, a narrao da viagem feita por Vasco da
Gama s ndias, em 1498, e seguem rigorosamente a estrutura formal
clssica das obras picas, possuindo dez cantos, em que se divide a
narrativa, contando no total 1 102 estrofes em oitava rima, em que
h seis rimas cruzadas e as duas finais em paralelo.
4. Diviso da obra
- Cames prope-se, afinal, tornar conhecidos os navegadores que
tornaram possvel o imprio portugus no oriente, os reis que
promoveram a expanso da f e do imprio, bem como todos aqueles que
se tornam dignos de admirao pelos seus feitos.
5. Diviso da obra
- O poeta dirige-se s Tgides (ninfas do Tejo), para lhes pedir o
estilo e eloquncia necessrios execuo da sua obra; um assunto to
grandioso exigia um estilo elevado, uma eloquncia superior; da a
necessidade de solicitar o auxlio das entidades protetoras dos
artistas.
- Sendo Cames um poeta cristo ele no acreditava nas entidades
mticas de que lanou mo.Utilizou-as sempre como um simples recurso
potico. Isto , a Invocao, para Cames, mais um processo de
engrandecimento do seu heri.
6. Diviso da obra
- O poema dedicado ao rei Dom Sebastio, visto como a esperana de
propagao da f catlica e continuao das grandes conquistas
portuguesas por todo o mundo.
7. Diviso da obra
- Constitui o ncleo fundamental da epopia. Aqui, o poeta procura
concretizar aquilo que se props fazer na "proposio.
- Tem como principais episdios:
8. Ins de Castro
- A tragdia de Ins um dos episdios mais contundentes da obra pica
de Cames. Conta a histria de dois amantes, Ins, filha do fidalgo
galego D. Pedro de Castro, e Pedro, filho de D. Afonso IV, rei de
Portugal. Por estarem casados em segredo, supunha-se que seus
filhos poderiam reclamar o trono portugus no futuro, motivo que
levou o rei a assassin-la brutalmente. EmOs Lusadasno includa a
mesma crueldade com que D. Pedro, quando rei, se valeu para punir
os algozes de sua amada, feita rainha depois de morta.
9. Estavas, linda Ins, posta em sossego,De teus anos colhendo
doce fruito,Naquele engano da alma, ledo e cego,Que a Fortuna no
deixa durar muito,Nos saudosos campos do Mondego,De teus fermosos
olhos nunca enxuito,Aos montes insinando e s ervinhasO nome que no
peito escrito tinhas. Ins estava em Coimbra, sossegada, usufruindo
da felicidade ilusria e breve da juventude. Nos campos, com os
belos olhos midos de lgrimas de amor, repetia o nome do seu amado
aos montes e s ervas. 10. Velho do Restelo
- O velho questiona os objetivos da viagem de Vasco da Gama.
- Os argumentos de que o velho se vale para fazer seu discurso so
simples, mas instigadores. Ao contrrio do que se poderia pensar, no
a difuso da f crist o motivo da viagem, mas a cobia de mandar,
destruidora de reinos e lares; se os portugueses queriam conquistas
enaltecedoras, poderiam enfrentar os mouros, inimigos da f
crist.
- preciso observar, tambm, o carter provocativo da fala do velho:
se os mais experientes viam na viagem uma manifestao da estranha
condio dos humanos, aqueles que viajavam simbolizavam a chegada de
um novo tempo, em que a natureza poderia ser destronada; hericos,
os navegantes partem, apesar dos comentrios malfazejos.
11. glria de mandar, v cobia Desta vaidade a quem chamamos fama!
fraudulento gosto, que se atia Cua aura popular, que honra se
chama! Que castigo tamanho e que justia Fazes no peito vo que muito
te ama! Que mortes, que perigos, que tormentas, Que crueldades,
neles experimentas! O velho inicia seu discurso amaldioando a glria
de mandar, a fama e a honra, porque castigam aqueles que amam os
aventureiros; mortes, perigos, tormentas e crueldades so as mazelas
pelas quais passam os homens em nome dessas vaidades. 12. O Gigante
Adamastor
- O Episdio do Gigante Adamastor , talvez, a passagem mais famosa
deOs Lusadas , seja pelas previses que o horrendo gigante faz na
primeira parte de sua fala, seja pela histria de amor que narra na
segunda: trata-se, a um s tempo, da personificao mais assustadora e
comovente da histria da literatura portuguesa.
- O episdio comea com a armada de Vasco da Gama em tranquila
viagem. Subitamente, uma tempestade assombra os marinheiros e surge
a figura do gigante o Cabo da Boa Esperana , que prediz as desgraas
que acontecero naquelas guas. Ao final do episdio, Vasco da Gama
pedir ao Santo Coro dos anjos que no se realizem as previses feitas
pelo gigante.
- As mazelas amorosas que levaram o gigante a tornar-se Cabo
compem a segunda parte do texto: o amor por Ttis cega Adamastor e o
faz entrar em combate com os Deuses do Olimpo; iludido que est, no
percebe que foi enganado. Resta-lhe ficar imvel, observando a ninfa
banhar-se ao seu redor, ciente de sua condio menor, ligada ao que
terreno e material.
13. Ninfa, a mais fermosa do Oceano, J que minha presena no te
agrada, Que te custava ter-me neste engano, Ou fosse monte, nuvem,
sonho ou nada? Daqui me parto, irado e quase insano Da mgoa e da
desonra ali passada, A buscar outro mundo, onde no visse Quem de
meu pranto e de meu mal se risse. Adamastor invoca Ttis,
perguntando porque, se ela no amava, no o manteve com a iluso de
abra-la. Dali ele partiu quase louco pela mgoa e pela desonra
procurando outro lugar em que no houvesse quem risse de sua
tristeza. 14. Obra Lrica de Cames
- Ah! minha Dinamene! Assim deixaste Ah! minha Dinamene! Assim
deixaste Quem no deixara nunca de querer-te! Ah! Ninfa minha, j no
posso ver-te, To asinha esta vida desprezaste! Como j pera sempre
te apartaste De quem to longe estava de perder-te? Puderam estas
ondas defender-te Que no visses quem tanto magoaste? Nem falar-te
somente a dura Morte Me deixou, que to cedo o negro manto Em teus
olhos deitado consentiste! Oh mar! oh cu! oh minha escura sorte!
Que pena sentirei que valha tanto, Que inda tenha por pouco viver
triste? Lus de Cames
15.
- "...acabarei a vida e vero todos que fui to afeioado minha
Ptria que no me contentei em morrer nela, mas com ela"
Trecho de uma carta escrita a Dom Francisco de Almeida
sintetizando o momento da queda de Portugal e a morte de Cames. 16.
Identificao:
- Alunas: Ana Carolinan: 03