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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
DANIELA DA SILVA
ORIENTADORA:
Profª. Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
Fevereiro/ 2003
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE “
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
DANIELA DA SILVA
TRABALHO MONOGRÁFICO APRESENTADO
REQUISITO PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO
GRAU DE ESPECIALISTA EM PSICOPEDAGOGIA
Rio de Janeiro
Fevereiro / 2003
AGRADECIMENTOS
• A Deus, pois nada seria possível sem Ele.
• A meus pais por acreditarem no meu sucesso acadêmico.
• A meus irmãos e irmãs pela força e apoio.
• Aos estudantes e toda a Instituição pela amizade e integração.
iii
DEDICATÓRIA
• Dedico esta monografia a meus pais, razões da minha vida
iv
“Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo. Se é triste ver
meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em
salas de aula sem ar, com exercícios estéreis, sem calor para a formação
do homem”.
Carlos Drummond de Andrade
v
RESUMO
Este trabalho de pesquisa não tem a pretensão de esgotar todos os estudos sobre a Educação Infantil , porém busca apresentar alguns esclarecimentos acerca da importância da atividade lúdica – da brincadeira, do aprender brincando – nesta fase inicial das atividades escolares. A Educação Infantil deve ser lúdica e criativa, fundada nas mais variadas experiências e no prazer de descobrir a vida e construir, assim, o conhecimento. A escola infantil deve ser para muito mais do que um local de recreação, um espaço lúdico, de socialização, de troca, de desenvolvimento emocional e motor. A vida escolar tem início na educação Infantil, este é o momento em que a criança começa a receber muitas informações através de atividades lúdicas que conduzem ao desenvolvimento da linguagem, da percepção do próprio corpo, das diferenças entre as pessoas e do meio onde vivem. O ato de brincar, atividade lúdica inerente à infância, deve ser respeitado e incentivado, pois será exatamente ele que se transformará na força de trabalho criativo do adulto. As crianças brincam, captam, dançam, desenham, pintam, ouve histórias, cozinham, fazem teatro e costuram, aprendem, aprendem a viver e conviver, partilhar, cooperar, respeitar e fazer amigos – competências e habilidades fundamentais para a vida cidadã, para o mundo adulto.
vi
SUMÁRIO
Páginas
Agradecimento ............................................................................................................ iii
Dedicatória ............................................................................................................... iv
Mensagem..................................................................................................................... v
Resumo ......................................................................................................................... vi
Lista de Anexos............................................................................................................ viii
Introdução....................................................................................................................... 09
1.1 – Justificativa ........................................................................................................... 19
1.2 Objetivo do Estudo .................................................................................................. 10
1.3 Objetivo Específico ................................................................................................. 12
Parte 1 – Por quê e Para quê Educação Infantil ? ............................................................ 13
Parte 2 – O Lúdico e a Educação Infantil: Qual é a importância? ...................................23
Parte 3 – Jogos, brincadeiras e outras coisas mais ...........................................................30
Conclusão ...................................................................................................................... 32
Referências ................................................................................................................... 35
Anexos .......................................................................................................................... 38
LISTA DE ANEXOS
Páginas
1.Rua das Letras: A Descoberta do alfabeto .................................................38
2. Boliche : Adição e Subtração ....................................................................38
3. A Boca do Sapo: Fazendo contas e tabelas ...............................................38
4. Túnel: Associação entre texto e imagem .................................................. 39
5. Lenço Atrás ................................................................................................39
6. Vôo das Borboletas ....................................................................................40
7. Fuga dos Pássaros ......................................................................................40
8. Boca de Forno ............................................................................................41
9. Coelhinho na Toca .................................................................................... 42
10. Desvie das Garrafas ................................................................................ 42
11. Dança das Cadeiras ................................................................................ 43
12. Descobrir o objeto ...................................................................................44
13. Jogo da Memória .....................................................................................45
14. Jogo do Mico ...........................................................................................49
15. Mico Alfabético .......................................................................................51
16. Jogo de Dominó .......................................................................................52
17. Cabra Cega ou Cobra Cega ......................................................................54
18. Pular Corda .............................................................................................. 54
19. Amarelinha ...............................................................................................56
20. Apanhador de Batatas ...............................................................................59
21. Gato Mia? ..................................................................................................59
22. Quem está diferente?..................................................................................60
23. Telefone –Sem-Fio ....................................................................................60
24. Piscina de Bolinhas: Reciclagem e Diversão.............................................61
viii
1 - INTRODUÇÃO
Este trabalho de pesquisa se fez durante o período em que trabalhei com crianças na
fase de 0 a 6 anos, onde percebi que crianças nessa faixa etária querem brincar e que é
brincando que elas conhecem o mundo circundante e constróem conhecimentos
fundamentais para o seu desenvolvimento cognitivo e emocional, desenvolvem habilidades
psicomotoras, expressam suas idéias de forma verbal e não verbal, desenvolvem a
oralidade, criam, brincam, aprendem. Portanto, acredito que brincar aprendendo e aprender
brincando é uma parceira que sempre dá certo.
Dissertar sobre a Educação Infantil: o tempo e o espaço do cidadão que se desenvolve e
aprende através das relações, do movimento, do brincar e da pesquisa é no mínimo muito
complexo. O mundo da criança de 0 a 6 anos, apesar de parecer pequeno e limitado, é
infinito de criatividade e extenso de curiosidade em querer conhecer.
O período de 0 a 6 anos é o mais importante na formação da pessoa. É quando ela
constrói os principais instrumentos e que se servirá, primeiro de modo inconsciente e
depois com progressiva consci6encia, para se relacionar com a chamada realidade exterior.
Embora isto não pareça a muitos adultos, esta é seguramente a fase mais decisiva da vida.
O tempo todo a criança age, descobrindo, inventando, resistindo, perguntando, retrucando,
socializando-se.
1.1- Justificativa
Neste processo de formação, muitas crianças se perdem; outras se desembaraçam
por si mesmas; mas podemos favorecê-las, a todas, proporcionando-lhes Educação Infantil
isto é , um conjunto de meios materiais e oportunidades para um crescimento saudável em
todos os aspectos.
10
Neste sentido, para que a criança desenvolva a autoconfiança e segurança no ambiente
escolar e em seu relacionamento com outras crianças, os educadores e a instituição devem
oferecer condições para que ela realmente seja criança ativa e questionadora, sem impor
limites a sua curiosidade, brincando/ construindo conhecimentos fundamentais para o seu
desenvolvimento cognitivo e emocional.
1.2 – Objetivo do Estudo
O objetivo geral do estudo é preparar esse cidadão-mirim para enfrentar desafios,
ampliando seu horizonte para que possa atuar no presente e no futuro com sucesso,
respeitando sempre sua própria individualidade, penso que a escola de educação infantil
tem que ter um ambiente favorável a essa proposta, despertando na criança o interesse em
aprender.
Este inventivo deve ser destacado pelo professor, que media, interfere, e educa, mas
também deve-se dar através do material didático e lúdico que, inevitavelmente, tem que ser
inventivo, criativo, interessante, motivador para a criança, proporcionando momentos de
lazer e atendendo às necessidades emocionais e cognitivas de cada uma.
Por exemplo, através de signos (figuras), mesmo sem estar alfabetizado, o aluno
compreende instruções impressas ao mesmo tempo em que exerce sua autonomia na
realização das atividades escolares. Com figurinhas auto-adesivas, a criança estabelece
relações matemáticas e forma frases em linguagem criptográfica, baseada em códigos
individuais. O “parquinho” é rico em psicomotricidade. Brincando ela trabalha os
pequenos músculos e desenvolve habilidades psicomotoras que posteriormente serão
fundamentais para a escrita. Portanto, a educação infantil é importantíssima para o melhor
desempenho da criança nas séries posteriores e para sua vida, pois ela contribui
positivamente para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social da criança que
brincando/aprendendo faz do processo ensino-aprendizagem um momento marcante,
inesquecível, eficaz e infinitamente prazeroso.
Segundo Robert Fulghum, “tudo que eu preciso mesmo saber sobre como viver, o
que fazer,e como ser aprendi no Jardim de Infância”. A sabedoria não está no topo da
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montanha mais alta, no último ano de um curso superior, mas no tanque de areia no pátio
da escolinha maternal. É na Educação Infantil que se aprende a dividir tudo com
companheiros; a jogar conforme as regras do jogo; não bater em ninguém; guardar os
brinquedos onde os encontra; arrumar a “bagunça” que se faz; não tocar no que não é seu;
pedir desculpa se machucar alguém; lavra as mãos antes de comer; apertar a descarga da
privada; fazer de tudo um pouco – desenhar, pensar, estudar, pintar, cantar, dançar, brincar
e trabalhar; tirar uma soneca após as refeições. Também se aprende que ao sair pelo mundo
é preciso ter cuidado com o trânsito, fica sempre de mãos dadas com o companheiro e
sempre “de olho” na professora.
Pense na sementinha de feijão plantada no copinho de plástico: as raízes vão para
baixo e para dentro, e a planta cresce nós também somos assim. Peixes dourados,
porquinhos-da-índia, esquilos, hamsters e até a semente do copinho de plástico morrem.
Nós também. E lembre-se ainda dos livros de histórias infantis e da primeira palavra que
você aprendeu, a mais importante de todas: Olhe!
Refletindo sobre a importância da educação Infantil na vida da criança podemos
perceber que tudo que precisamos saber está por aí em algum lugar: a regra de ouro; o
amor e os princípios de higiene; Ecologia e política; igualdade e vida saudável. Pense,
escolha um destes itens e o elabore em termos sofisticados, em linguagem de adultos,
depois os aplique à vida de sua família, ao seu trabalho, à forma de governo do seu país, ao
seu mundo. Pense em quanto o mundo seria melhor se todos nós e o mundo inteiro
fizéssemos um lanche de biscoito com leite às três da tarde e depois deitássemos, sem a
menor preocupação, cada um no seu colchãozinho para uma soneca. Ou se todos os
governantes adotassem, como política básica, a idéia de recolocar as coisas nos lugares
onde estavam quando foram retiradas: arrumar a “bagunça” que tivessem feito.
A verdade é que, não importa quantos anos você tenha, ao sair pelo mundo, vá de
mãos dadas e fique sempre de “olho” no companheiro.
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1.3 -Objetivo Específico
• Desenvolver a autoconfiança e segurança no ambiente escolar e em seu relacionamento
com outras crianças.
• Construir valores e aprender a respeitar os sentimentos, idéias, atitudes e direitos dos
outros.
• Formar e desenvolver suas funções e operações cognitivas.
• Assinalar conhecimentos e elaborar valores étnicos e estéticos.
• Proporcionar lazer de acordo com as necessidades emocionais e cognitivas de cada
criança.
Pouco apouco, no contato com outras crianças da mesma faixa etária, ela vai
construindo valores e aprendendo a respeitar os sentimentos, idéias, atitudes e direitos dos
outros favorecendo a formação e o desenvolvimento de suas funções e operações
cognitivas, a assimilação de conhecimentos e a elaboração de valores éticos e estéticos.
Esta concepção é mais profunda e mais abrangente do que aquela que apenas assegura a
cada criança saber ler, escrever e calcular.
A escola infantil é para as crianças muito mais do que um local de recreação. É um
espaço lúdico, de socialização, de troca, de desenvolvimento emocional e motor,
valorizando o que a criança quer e faz por si só, incentivando-a para que ela perceba a si e
aos outros, cuidando de seu corpo e do que lhe pertence, realizando ações com
independ6encia e segurança, conhecendo do que é capaz e tentando superar-se sempre.
PARTE I
POR QUÊ E PARA QUÊ EDUCAÇÃO INFANTIL
Educação dos 0 aos 6 anos uma gostosa brincadeira para as crianças.
Cada um de nós começa a aprender no momento em que abre os olhos para o
mundo pela primeira vez. A partir daí, a quantidade de informações, referências e
símbolos que a criança recebe é muito grande. Organizar tudo isso de forma sadia,
propiciando o desenvolvimento integral da criança, é a tarefa da Educação Infantil. Nesta
fase, na qual o cuidado e a atenção são fundamentais para minimizar a ausência dos pais, é
fundamental que as crianças recebam os estímulos que vão alimentar o seu
desenvolvimento motor, intelectual, cognitivo e afetivo.
Educação Infantil não se limita à simples guarda das crianças, é o início de um
trabalho educacional que visa o desenvolvimento da criatividade, imaginação, organização,
autonomia e auto-estima das crianças. O desenvolvimento social e científico, das relações
sociais, da linguagem, dos conteúdos matemáticos, do meio físico, das habilidades
essenciais a serem desenvolvidas. Em conjunto, este aprendizado ajuda asa crianças a
descobrirem a si mesmas e ao mundo onde vivem, servindo como referência para a vida
toda.
A educação Infantil atende crianças dos 0 a 6 anos, adaptando sempre o conteúdo
do curso a cada fase do desenvolvimento infantil.
• Berçario: de 0 a 1 ano e meio
• Creche: de 1 ano e meio a 3 anos e meio
• Maternal: de 2 anos e meio a 3 anos e meio
• 1º Período: de 3 anos e meio a 4 anos e meio
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• 2º Período: de 4 anos e meio a 5 anos e meio
• 3º Período: de 5 aos e meio a 6 anos e meio
Três princípios norteadores deverão ser respeitados nas propostas pedagógicas das
instituições de educação Infantil:
1. Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do
respeito ao Bem Comum.
2. Princípios Políticos dos Diretos e Deveres da Cidadadnia, do Exercício da
Criticidade e do respeito à Ordem democrática.
3. Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade e da
Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais.
Sem pretender recuperar aqui toda uma extensa trajetória de discussão sobre o
objetivo e o estatuto científico da pedagogia, minha tentativa será de estabelecer uma
aproximação a respeito dos limites e perspectivas de uma Pedagogia da educação Infantil
como um campo de conhecimento em construção.
Desta maneira, parto do princípio de que uma Pedagogia da Educação Infantil
caracteriza-se por sua especificidade no âmbito da Pedagogia ( em seu sentido mais
amplo), uma vez que a meu ver o objetivo desta está essencialmente ligado a toda e
qualquer situação educativa ( como organização, estruturas implícitas, práticas, etc). De
fato, em sua trajetória o campo pedagógico não tem contemplado suficiente a
especificidade da educação da criança pequena em instituições não-escolares tais como a
creche e a pré-escola.
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Não é novo falar de uma “didática pré-escolar” o próprio aparecimento da pré-
escola no Brasil se deu sob as bases da herança dos percursores europeus que inauguraram
uma tradição na forma de pensar e apresentar proposições para a educação da criança nos
“jardins de infância”, diferenciadas das proposições dos modelos escolares. O modelo
minuciosamente
proposto por Froebel orientou muitas das experi6encias pioneiras no Brasil, a exemplo do
Jardim de Infância Caetano de campos. Tal como mostra o recente estudo de Kuhlmann Jr.
E Barbosa. ( in: Kuhlmann Jr., 1998, p. 8). Modelos como o de Montessori e Decroly
também integram grande parte das práticas que proliferaram entre nós com o aparecimento
das pré-escolas nos âmbitos públicos e privados, mesmo já na década de sessenta. Porém,
como já disse anteriormente, estes modelos, influenciados por uma Psicologia do
desenvolvimento, marcaram uma intervenção pautada na padronização. Neste sentido, não
se diferenciaram da escola tradicional ao constituírem práticas de homogeneização. Apesar
de suscitam a busca de uma pedagogia para a criança pré-escolar, mantivera, as mesmas
intenções disciplinadoras, com vistas a enquadramento social através de práticas e
atividades que se propunham mais adequadas à pouca idade das crianças.
O novo, em relação a esta tradição, apresenta-se por meio de uma produção recente
que resulta de influ6encias teóricas e contextuais antes não colocadas. Mudam as formas
de fazer e de pensar a educação da criança de 0 a 6 anos, que passa a se dar em instituições
educativas, estabelecendo-se como um novo objetivo das Ciências Humanas e Sociais. A
identificação da construção de uma pedagogia da educação Infantil como um campo
particular do conhecimento pedagógico, revelada pela trajetória das pesquisas recentes
analisadas, situa-se inicialmente também no âmbito da Pedagogia. Desta forma nos
interessa discutir a sua delimitação como campo cientifico.
As origens da Pedagogia na modernidade, como disciplina, são marcadas por
orientações teóricas de alguns de seus predecessores: Herbart, Dewey, Claparède, que
traziam, de uma forma geral, dois princípios comuns: a necessidade da alimentação de
estudos pedagógicos por disciplinas auxiliares, e a crença no atrelamento da prática
pedagógica à Psicologia para aprende com ela “procedimentos experimentais, bem como
seu objeto e destinatário privilegiado: a criança” ( Warde, p. 330 In: Freitas (org), 1995).
Acompanhando a trajetória da constituição da pedagogia, os estudos que se propuseram a
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tomar a infância como objeto, desde a Pedologia até a moderna Psicologia Infantil forma,
de fato, sofrer uma grande mudança no foco de suas atenções com o advento da
universalização da escola e das demandas práticas daí decorrentes. A criança passa a ser o
aluno e o foco das preocupações do ensino e da aprendizagem, tendo em vista
especialmente a aquisição dos conhecimentos já produzidos, num momento em que ainda
não se pôs em pauta a aprendizagem como um processo construtivo.
Atualmente, a fronteira dos debates entre os educadores brasileiros sobre a própria
definição deste campo, quando toma como principal objeto o ensino no âmbito da
Didática, limita-se às instituições escolares, deixando e fora inclusive toda uma pedagogia
relativa aos movimentos sociais que também estabelecem relações tipicamente
pedagógicas nas mais diferentes práticas sociais.
As pesquisas pedagógicas têm tomado como ponto de partida a própria definição da
Didática e de seu objeto, traçando uma delimitação que a sinta no âmbito das relações de
ensino-aprendizagem. Desta delimitação depende o entendimento do que há de geral na
Didática e o que se coloca nas Didáticas específicas.
No conjunto das reflexões feitas sobre esta especificidade entre os especialistas da
área. Magda B.Soares ( apud. Warde, 1995), no início dos anos 80, procura definir o objeto
da Didática e da prática de Ensino. Para ela, a prática de ensino remete-se à especificidade
de cada área de conhecimento a que se refere, “à Didática caberia estudar a aula,
procurando analisá-la e descrevê-la como um fenômeno que apresenta certas
peculiaridades e regularidades, independente da adversidade de contextos em que se dá, e
da diversidade de conteúdos que nela se desenvolvem.” Esta definição, ao extrapolar os
limites do ensino, abre a possibilidade de relacionarmos o objeto da didática com aquele
que vem a ser o objeto da educação infantil, e que caracteriza a educação da criança de 0 a
6 anos em instituições de educação e cuidado.
Para isto, faz-se necessário, em primeiro lugar, destacar que a creche e a pré-escola
diferenciam-se essencialmente da escola quanto às funções que assumem num contexto
ocidental contemporâneo da escola quanto às funções que assumem num contexto
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ocidental contemporâneo. Particularmente, na sociedade brasileira atual, estas funções
apresentam em termos de organização do sistema educacional e da legislação própria
contornos bem definidos. Enquanto a escola se coloca como o espaço privilegiado para o
domínio dos conhecimentos básicos, as instituições de educação infantil se põem,
sobretudo, com fins de complementaridade à educação da família. Portanto, enquanto a
escola tem com sujeito o aluno, e como o objeto fundamental o ensino nas diferentes áreas,
através da aula, da creche e a pré-escola têm como objeto as relações educativas travadas
num espaço de convívio coletivo que tem como sujeito a criança de 0 a 6 anos de idade (ou
até o momento em que entra na escola). A partir desta consideração, conseguimos criar um
marco diferenciador destas instituições educativas: escola, creche e pré-escola, a partir da
função social que lhes é atribuída no contexto social, sem estabelecer necessariamente com
isto uma diferenciação hierárquica ou qualitativa. Apesar da qualidade da educação não ser
aqui diretamente objeto de preocupação, é, no momento, uma preocupação inicial desta
pesquisa.
Fixada a diferenciação supra referida podemos por ora, então, afirmar que o
conhecimento didático ( resultante de uma ação pedagógica escolar geral e do processo
ensino-aprendizagem em particular) não e adequado para analisar os espaços pedagógicos
não escolares. Isto não significa que o conhecimento e a aprendizagem não pertençam ao
universo da educação infantil. Todavia, a dimensão que os conhecimentos assumem na
educação das crianças pequenas coloca-se numa relação extremamente vinculada aos
processos gerais de constituição da criança: a expressão, o afeto, a sexualidade, a
socialização, o brincar, a linguagem, o movimento, a fantasia, o imaginário... Não é,
portanto, o objetivo final da educação da criança pequena, mas apenas parte e
conseqüência das relações que a criança estabelece com o meio natural e social, pelas
relações sociais múltiplas entre as crianças e destas com diferentes adultos ( e destes entre
si). Este conjunto de relações, que poderia ser identificado como o objeto de estudo de uma
didática da educação infantil, é que , num âmbito mais geral, estou preferindo denominar
de Pedagogia da Educação Infantil ou até mesmo mais amplamente falando, de uma
Pedagogia da Infância, que terá, pois, como objeto de preocupação a própria criança: seus
processo de constituição como seres humanos em diferentes contextos sociais, sua cultura,
suas capacidades intelectuais, criativas, estéticas, expressivas e emocionais.
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É um fato que permanece o problema relativo aos conhecimentos específicos. Se
não do ponto de vista do ensino, pois não é objetivo da educação infantil ensinar
conteúdos, pelo menos o problema se coloca do ponto de vista da formação dos
professores de creche e de pré-escola, pois a se considerar a multiplicidade de aspectos,
saberes experiências exigidas, coloca-se em questão quais domínios necessariamente
devem fazer parte da formação do
professor neste âmbito.
As peculiaridades da criança nos primeiros anos de vida, antes de ingressar na
escola fundamental, enquanto ainda não é “aluno”, mas um sujeito-criança em
constituição, exige pensar em objetivos que contemplem também as dimensões de cuidado
e outras formas de manifestação e inserção social próprias deste momento da vida. Estes
objetivos não são antagônicos aos do ensino fundamental, principalmente se considerarmos
as crianças de 7 a 10 anos, alunos das séries inicias. Considero, inclusive, que estes
objetivos ( e muitos outros definidos para a creche, a pré-escola e o ensino fundamental)
tenham elos comuns. Ousaria até dizer que uma mesma orientação nesses níveis poderia
favorecer o rompimento com parâmetros pedagógicos estabelecidos apenas a partir de uma
infância em situação escolar, incorporando parâmetros resultantes das novas formas de
inserção social da criança em instituições educativas tais como a creche e outras
modalidades nesta faixa etária. Alguns exemplos destes novos parâmetros seriam o
fortalecimento da relação com a família na gestão e no projeto pedagógico, bem como a
ênfase nos âmbitos de formação relacionados à expressão e às artes.
Não é por acaso que prefiro o termo educar no contexto da educação infantil. Este
termo parece dar uma caráter mais amplo que o termo ensinar que, em geral, refere-se mais
diretamente ao processo ensino-aprendizagem no contexto escolar. Como já disse, o
aspecto cognitivo privilegiado no trabalho com o conteúdo escolar, no caso da educação
infantil, não deve ganhar uma dimensão maior do que as demais dimensões envolvidas no
processo de constituição do sujeito/criança, nem reduzir a educação ao ensino. De fato, a
meu entender, isto deveria valer também para as séries inicias do ensino fundamental,
embora seja o ensino o seu objetivo principal.
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Na educação das crianças menores de 6 anos em creches e pré-escolas, as relações
culturais, sociais e familiares têm uma dimensão ainda maior no ato pedagógico. Apesar do
compromisso com um resultado escolar que a escola prioriza e que, em geral, resulta numa
padronização, estão em jogo na Educação Infantil as garantias dos direitos das crianças ao
bem-estar, à expressão, ao movimento, à segurança, à brincadeira, à natureza, e também ao
conhecimento produzido e a produzir. Apresentando componentes de interesse comum,
esses espaços educativos relacionados à educação e à criança, independentemente de sua
limitação etária (escolar ou não), necessitam, a meu ver, estabelecer um maior diálogo, que
podem inclusive potencializar as influências no sentido inverso do que tem se dado
tradicionalmente, ou seja, da educação infantil para a escola, já que o aluno é antes de tudo
a criança em suas múltiplas dimensões.
Entre as muitas inovações da LDB, está a definição da composição dos níveis
escolares.
No Título V “Dos níveis e modalidades de educação e ensino”, encontramos: “A
educação compõe-se de: I – educação básica, formada pela educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio; II – educação superior”. ( art. 21)
Pela primeira vez na história da educação no Brasil, a educação infantil é
contemplada pela legislação, sendo regulamentada como “primeira etapa da educação
básica” e tendo “como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de
idade”. (art. 29). Fica, assim, implícito que o ensino fundamental destina-se às crianças a
partir dos sete anos. Isto é reforçado no Título III “Do direito à educação e do dever de
educar”, que garante o ensino fundamental, obrigatório e gratuito para todos, e o
atendimento gratuito às crianças de zero a eis anos de idade, em creches (0 a 3 anos) e pré-
escolas (4 a 6 anos). ( art. 4º e art. 30)
O Título IV “Da organização da educação nacional” inova também, ao definir que a
“a União, os estados, o distrito federal e os Municípios organizarão, em regime de
colaboração, os respectivos sistemas de ensino”( art. 8º). Nos artigos seguintes (9º ao 19º)
são explicitadas as incumbências e competências de cada uma das instâncias: União,
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estados e Distrito federal, Municípios, estabelecimentos, docentes. A educação infantil é
responsabilidade dos sistemas municipais de ensino (art. 11) e os estabelecimentos
incumbem-se da elaboração e execução de sua propostas pedagógica com a participação
dos docentes (art. 12 e 13).
Evidenciam-se, nesse Título, as principais características da nova Lei: a
descentralização, a autonomia, a flexibilidade, a participação e a democracia.
Para garantir a unidade nacional, é criado o Conselho Nacional de Educação
(CNE), com funções normativas e de supervisão ( art. 9º). Tudo deverá ser feito em
consonância com as diretrizes e os planos nacionais de educação ( art. 10). Ou seja, as
resoluções estaduais e municipais e as definições regimentais escolares não podem
contradizer a LDB, lei maior do País, e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN).
Que significado têm essas informações para o cidadão comum?
Vamos dar um exemplo: um pai quer matricular seu filho de seis anos no ensino
fundamental e tem seu pedido recusado pela escola. Para a criança de 6 anos, a lei garante
a matrícula na pré-escola. Mas também não proíbe sua inclusão no ensino fundamental.
Cabe aso estado e Municípios definirem que serão atendidas prioritariamente as crianças
de sete anos, podendo, se houver vagas após o cadastramento escolar, receber as crianças
de seis anos. Isto deverá estar explicitado no regimento Escolar de cada escola, atendidas
as resoluções do Conselho Estadual de Educação ( CEE ) e da Secretaria estadual ou
Municipal de educação.
Em Minas, o Parecer nº 1.132/97, que dispões sobre a educação básica, define: “O
ensino fundamental, obrigatório e gratuito na escola pública, com a duração mínima de
oito anos, abrange a faixa etária a partir de sete anos, podendo ser antecipada para os seis
anos, em caráter facultativo”. Resolve-se assim o problema da inclusão da criança de seis
anos, uma vez que não há mais classes de pré-escola nas escolas estaduais.
Em caso de dúvida, os pais podem fazer uma consulta, ou denúncia, à Secretaria
Estadual de Educação , ou à Superintendência Regional.
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As questões educacionais, porém., não se resolvem apenas no âmbito legal. Há que
se considerar também os aspectos psicopedagógicos e sócio-cultural, que a lei nem sempre
contempla.
A hora certa da escola é o momento em que a criança apresenta as condições
necessárias para as atividades e exigências do nível de escolarização em que é incluída. O
principal critério de decisão será, pois, o desenvolvimento da criança – e não o desejo dos
pais ou a autoridade da escola. Nenhum educador tem o direito de apressar o
amadurecimento de uma criança. A infância deve ser respeitada e atendida em suas
necessidades básicas. O brincar e o movimentar-se são necessidade e direito da criança.
Não há razão que justifique acelerar o processo de desenvolvimento infantil, matriculando
a criança fora da faixa etária ou de seu estágio evolutivo.
Percebe-se, atualmente, que muitas crianças moram em apartamentos e os pais , aos
fins de semana, não saem de casa. Elas acabam não tendo espaço para brincar,
provavelmente assim, não desenvolvendo todas as suas possibilidades motoras ficando
limitada ao que lhe é oferecido na escola. Daí a importância de um programa na área da
educação física bem elaborado. Em nossa escola temos um programa anual que envolve a
realização de diversas atividades durante o ano, dando-se ênfase a psicomotricidade
educacional.
É na educação de base que se promove o equilíbrio psicosocial da criança,
possibilitando seu desenvolvimento criativo, emotivo e racional. Partindo de sua vivência,
busca ampliar a percepção da realidade, estimulando o raciocínio, a psicomotricidade, a
convivência harmoniosa e a curiosidade pelo conhecimento.
Dessa forma, através das atividade vivenciadas a criança é questionada e estimulada
a refletir e a sentir sobre a experiência proposta, descobrindo a teoria a partir da prática.
Sabemos que as crianças, desde muito pequenas, elaboram conhecimentos e
constróem a sua personalidade nos múltiplos espaços de sua vida onde isto é possível. Os
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referenciais, neste sentido, propõem uma organização curricular que estabeleça uma
diferenciação entre vários espaços de experiências possíveis, definindo dois grandes
âmbitos de experi6encia: formação Pessoal e Social, e Conhecimento de Mundo.
Em Formação Pessoal e Social, está o eixo de trabalho que favorece os processos
de construção da Identidade e Autonomia das crianças. Está organizado de modo a garantir
o desenvolvimento de capacidades de natureza global e afetiva das crianças: seus modos de
interação com outros e com o meio. O trabalho neste âmbito pretende levar as crianças a
conviverem com os outros e consigo mesmo de modo respeitoso e numa atitude básica de
aceitação. No âmbito de Conhecimento de Mundo estão os trabalhos orientados para a
construção das diferentes linguagens pelas crianças e para as relações que estabelecem com
os objetos e conhecimento: Música, Artes, Linguagem Oral e Escrita, Matemática,
Natureza e Sociedade.
A educação infantil é considerada a primeira etapa da educação básica, tendo como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, com um trabalho
complementar entre a Instituição e a família.
Para o melhor desenvolvimento da criança, ela deve ser agente de sua própria
história e a valorização de sua história, seus conhecimentos e de tudo o que está ao seu
meio é fundamental para que sua ação no mundo seja crítica e cidadã.
Nesta perspectiva pedagógica, considerando sempre a grande importância deste
primeiro contato da criança com o ambiente escolar, a socialização é um fator de extrema
importância a ser desenvolvido nesta faixa etária da Educação Infantil, deixando claro que
é preciso que a criança compreenda a necessidade de se relacionar bem com as pessoas
próximas a ela, assim como a amplitude das relações em que está inserida, dando à mesma
constante exercício da cidadania, promovendo o resgate de valores, pluralidade cultural,
respeito ao meio ambiente e responsabilidades.
PARTE 2
O LÚDICO E A EDUCAÇÃO INFANTIL: QUAL É A IMPORTÂNCIA?
O homem necessita se comunicar: a comunicação é a base da vida em sociedade.
Para se comunicar ele criou várias linguagens: a do rabisco, a do desenho, a da dança, a da
pintura, até chegar à palavra. De todas as linguagens criadas pelo homem, a palavra é a
mas utilizada é através dela que ele esclarece o rabisco, explica o desenho, a dança, a
pintura, as expressões matemáticas, os sinais de trânsito, etc.
Na Educação Infantil, a aprendizagem é concebida com um processo em que devem
ser respeitados os ritmos, as descobertas e as características individuais. Para que isso
aconteça , devemos fazer uso de uma metodologia especializada que promove nas crianças
o desejo de construir conhecimentos. E, para construir esses conhecimentos, desenvolver
as habilidades necessárias e competências para exercer a sua cidadania plenamente, só
precisamos de gente com gente. Do contato físico da criança com outra criança, da troca,
da brincadeira, da interação.
Veja a seguir uma matéria publicada na Folhinha de São Paulo, edição de 23 de
janeiro de 1996:
“ A senhora que é mãe já reparou como as crianças de hoje não sabem mais
brincar? Confundem os folguedos, brincam erradamente e não há um entendimento entre
os praticantes. A senhora nunca presenciou duas ou mais crianças discutirem quanto ao
modo de brincar de um determinado folguedo? Na minha opinião, os folguedos trazem
uma mensagem de amor, de fraternidade, que preparam as crianças para receberem uma
boa educação para que, desse modo, ela tenha uma vida mais sossegada e livre de
interferências externas.
24
Numa tentativa de salvar os folguedos, a FOLHINHA DE S.PAULO está
empenhada num trabalho de levantamento de todos os existentes. Para tal, peço que os
leitores enviem um lista detalhada mencionando todos os folguedos que conhecem, aqui
para a FOLHINHA – Alameda Barão de Limeira, 425. Estes folguedos, depois de
reestruturados com o auxílio de Educadores, serão classificados, divididos e colocados nos
devidos lugares. Eles sem dúvida tornarão as crianças mais crianças, destruirão as
inimizades, acabarão também com os complexos e ao mesmo tempo convidarão as
crianças para a prática do esporte na forma tão extraordinária, mas pensem bem: se os
folguedos tornarem as crianças mais crianças, este fato concorrerá para a eliminação ou
pelo menos redução do número de delinqüentes, pois quando os garotos se sentem
realizados como crianças não procurarão faze-lo de outra forma, como, por exemplo,
fumando ou indo atrás de más companhias para tanta traquinagem que existe por aí. Essa é
a minha opinião.”
O jogo simbólico é a representação corporal do imaginário, e apesar de nele
predominar a fantasia, a atividade psicomotora exercida acaba por prender a criança à
realidade. Na sua imaginação ela pode modificar sua vontade, usando o “faz de conta”,
mas quando expressa corporalmente as atividades, ela precisa respeitar a realidade concreta
e as relações do mundo real. Por essa via, quando a criança estiver mais velha, é possível
estimular a diminuição da atividade centrada em si própria, para que ela vá adquirindo uma
socialização crescente. Na pré-escola, o raciocínio lógico ainda não é suficiente para que
ela dê explicações coerentes a respeito de certas coisas. O poder de fantasiar ainda
prepondera sobre o poder de explicar. Então, pelo jogo simbólico, a criança exercita não só
sua capacidade de pensar, ou seja, representar simbolicamente suas ações, mas também,
suas habilidades motoras, já que salta, corre, gira, transporta, rola, empurra, etc. Assim é
que se transforma em pai/mãe para seus bonecos ou diz que uma cadeira é um trem.
Didaticamente devemos explorar com muita ênfase as imitações sem modelo, as
dramatizações, os desenhos e pinturas, o faz-de-conta, a linguagem, e muito mais, permitir
que realizem os jogos simbólicos, sozinhas e com outras crianças, tão importantes para seu
desenvolvimento cognitivo e para o equilíbrio emocional.
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Piaget descreve quatro estruturas básicas de jogos infantis, que vão se sucedendo e
se sobrepondo nesta ordem: Jogo de exercício, Jogo simbólico/dramático, Jogo de
construção, Jogo de regras. A importância do jogo de regras, é que quando a criança
aprende a lidar com delimitação, no espaço, no tempo, no tipo de atividade válida, o que
pode e o que não pode fazer, garante-se uma certa regularidade que organiza a ação,
tornando-a orgânica. O valor do conteúdo de um jogo deve ser considerado em relação ao
estágio de desenvolvimento em que se encontra a criança, isto é, como a criança adquire
conhecimento e raciocínio educacional: Proposição de alguma coisa interessante e
desafiadora para as crianças resolverem. Permitir que as crianças possam se auto-avaliar
quanto a seu desempenho. Permitir que todos os jogadores possam participar ativamente,
do começo ao fim do jogo
Para Piaget os estágios e períodos do desenvolvimento caracterizam as diferentes
maneiras do indivíduo interagir com a realidade, ou seja, de organizar seus conhecimentos
visando sua adaptação, constituindo-se na modificação progressiva dos esquemas de
assimilação. Os estágios evoluem como uma espiral, de modo que cada estágio engloba a
anterior e o amplia. Piaget não define idades rígidas para os estágios, mas sim que estes se
apresentam em ma seqüência constante. Ângela M. Brasil Biaggio (1976) traça um
esquema muito claro do desenvolvimento intelectual, segundo Piaget, discorrendo sobre os
estágios propostos por ele:
1. Estágio Sensorio-Motor, mais ou menos de 0 a 2 anos: a atividade intelectual
da criança é de natureza sensorial e motora. A principal característica desse período é a
ausência da função semiótica, isto é, a criança não representa mentalmente os objetos. Sua
ação é direta sobre eles. Essas atividades serão o fundamento da atividade intelectual
futura. A estimulação ambiental interferirá na passagem de um estágio para o outro.
2. Estágio Pré-Operacional, mais ou menos de 2 a 6 anos: ( Biaggio destaca que
Em algumas obras Piaget engloba o estágio pré-operacional como um subestágio doe
estágio de operações concretas): a criança desenvolve a capacidade simbólica; “Já não
depende unicamente de suas sensações, de seus movimentos, mas já distingue um
significador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa ( o objeto ausente), o
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significado”. Para a educação é importante ressaltar o caráter lúdico do pensamento
simbólico. Este período caracteriza-se pelo egocentrismo, isto é, a criança ainda não se
mostra capaz de colocar-se na perspectiva do outro, o pensamento pré-operacional é
estático e rígido, a criança capta estados momentâneos, sem juntá-los em um todo; pelo
desequilíbrio há uma predominância de acomodações e não das assimilações; pela
irreversibilidade. A criança parece incapaz de compreender a existência de fenômenos
reversíveis, isto é, que se fizermos certas transformações, somos capazes de restaurá-las,
fazendo voltar ao estágio original, como por exemplo, a água que se transforma em gelo e
aquecendo-se volta à forma original.
3. .Estágio das Operações Concretas, mais ou menos dos 7 aos 11 anos: a criança
já possui uma organização mental integrada, os sistemas de ação reúnem-se em todos
integrados. Piaget fala em operações de pensamento ao invés de ações. É capaz de ver a
totalidade de diferentes ângulos. Conclui e consolida as conservações do número, da
substância e do peso. Apesar de ainda trabalhar com objetos, agora representados, sua
flexibilidade de pensamento permite um sem número de aprendizagens.
4. Estágio das Operações Formais, mais ou menos dos 12 anos em diante: ocorre
o desenvolvimento das operações de raciocínio abstrato. A criança se liberta inteiramente
do objeto, inclusive o representado, operando agora com a forma ( em contraposição a
conteúdo), situando o real em um conjunto de transformações. A grande novidade do nível
das operações formais é que o sujeito torna-se capaz de raciocinar corretamente sobre
proposições em que não acredita, ou que ainda não acredita, que ainda considera puras
hipóteses. É capaz de inferir as conseqüências. Têm início os processos de pensamento
hipotético-dedutivos.
O mundo da fantasia, da imaginação, do faz-de-conta, do jogo, da brincadeira, além
de prazerosos, é também um mundo onde a criança está em exercício constante, não apenas
nos aspectos físicos ou emocionais, mas, sobretudo no aspecto intelectual. O mundo do
lúdico é, de certa forma, essencialmente abstrato, seja através do cavalinho de pau, do
27
pega-pega ou dos jogos de mesa. E é neste contexto que , para haver a diversão, a criança
deve apelar para o processo imaginativo. Um exemplo clássico desse processo imaginativo
é o conhecido RPG (Role Playing Game). Esse jogo depende exclusivamente do processo
criativo e imaginativo onde crianças e jovens criam e jogam em mundos de fantasia.
Outras atividades lúdicas podem repartir a fantasia e a imaginação com o concreto,
como é o caso da brincadeira de cavalinho de pau, onde muitas vezes o cavalinho é feito
com um cabo de vassoura que estava a mão no momento. Embora a criança que brinca
saiba que se trata de um cabo de vassoura, não o trata dessa forma, mas sim como um
cavalo real, atribuindo a ele inclusive características físicas como cor e tamanho, além de
características comportamentais, como calmo ou agressivo. Nesta brincadeira, o quintal
onde atua a criança também se transforma aos seus olhos, pois deixa de ser o quintal de sua
casa para se tornar um mundo onde está cavalgando. Este tipo de brincadeira divide a
imaginação e a fantasia com artefatos concretos ( o cabo de vassoura e o quintal), que
atuam como recursos de apoio ao abstrato, realçando e fortalecendo o lúdico da atividade.
A atividade lúdica é, antes de mais nada, uma demonstração plena do exercício da
abstração. É certo que a atividade em si exercita o físico e promove uma maior
compreensão do esquema corporal, pois as atividades lúdicas ajudarão a criança a
equilibrar suas emoções uma vez que estará descarregando tensões acumuladas. Essas
atividades reforçarão sua auto-estima e aumentarão a sua confiança em lidar com os seus
colegas e mundo em que vive. No entanto, queremos ressaltar que através do faz-de-conta
as crianças promovem e exercitam também o seu raciocínio abstrato. Uma criança poderá,
por exemplo, estar brincando com um osso imaginando que este é um cavalo, ou brincando
com uma bola imaginando que ela mesma é um grande jogador de futebol. A criança estará
fazendo uso da abstração para construir ou conceber na imaginação um mundo seu.
Toda essa carga criativa estará exercitando o ato abstrativo, pois é através dele que
ela é capaz de separar mentalmente um ou mais elementos de uma totalidade complexa, de
um mundo complexo que ela ainda não entende. E por conta dessa necessidade de
compreensão do mundo onde a criança vive, ela não apenas se diverte com o lúdico, mas
também cria um ambiente de simulação para si e seus colegas com variáveis controladas.
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O controle é feito de diversas formas, seja abrindo a água do quintal para abstrair uma
chuva, ou mesmo tempestade, seja acendendo fósforos para abstrair explosões ou então
usando espuma de sabão para simular a neve. A cada novo mundo criado, também são
criados obstáculos específicos que precisam ser resolvidos e vencidos, e a diversão desses
mundos está exatamente em resolvê-los, superando as expectativas e as ansiedades criadas.
São nestes mundos de fantasia que as crianças vivem simulações repletas de
simbolismos e abstrações. Abstraem o brinquedo, a situação, os comportamentos e os
resultados da brincadeira. Vivenciam tudo isso com muita energia e dedicação. A abstração
é construída e exercitada passo a passo, em cada jogo, em cada brincadeira, em cada
pegadinha de criança. Neste contexto se engana quem pensa que a criança apenas se
diverte neste momento. De fato, ela leva o lúdico muito a sério.
Neste ambiente de simulação, a criança também pode ser dar o luxo do erro, do
“vamos fazer para ver o que acontece”. Este ambiente mental permite que ela erre
livremente, sem medo de punição que agregue sofrimento, pois neste ambiente, a punição
faz parte do jogo, até mesmo porque a punição também tem um sentido lúdico neste
momento. A presença do erro transforma o brincar em um exercício de preparação para
vida, que utiliza, para a sua simulação, o processo abstrativo. Errando a criança pode sentir
e examinar as consequências do seu ato como se nada tivesse acontecido. E poderá
repetira, e repetir, e repetir, quantas vezes forem necessárias para superar o obstáculo e
conquistar sua autoconfiança. O brincar, o jogo e suas regras são, de certa forma, uma
abstração da própria vida, não na sua complexidade, mas na raiz da sua natureza.
Uma criança que possui a presença da atividade lúdica em sua vida, exercita a
abstração com freqüência, pois através deste processo estará forçando a imaginação para
criar os mundos mentais necessários à interpretação do jogo. Sem o recurso da livre
imaginação, não poderá compreender um cavalinho de pau, ou mesmo o simbolismo
envolvido num jogo mais complexo.
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“Toda criança tem o direito ao descanso e ao lazer, a participar de atividade de
jogo e recreação, apropriadas à sua idade, e a participar livremente da vida cultural e
das artes”
( art. 31 Convenção dos Direitos da Criança – ONU).
PARTE 3
JOGOS, BRINCADEIRAS E OUTRAS COISAS MAIS...
Jogos, brincadeiras e outras coisa mais... foi o nome do projeto que norteou uma
série de construções significativas na escola em que trabalho como professora de Educação
Infantil. Vou agora apresentar algumas experiências relevantes que me ajudaram a
pesquisar e dissertar sobre esse universo infantil. A culminância do projeto foi a
participação de todos em uma Gincana. Para os pequenos, gincana é pura diversão. Quando
eles próprios participam da criação, melhor ainda. E, se aproveitam para exercitar contas e
nomes, a brincadeira vira uma aula inesquecível...
A gincana consumiu três meses de trabalho e teve início com uma discussão sobre a
importância do reaproveitamento de materiais. Os alunos fizeram um levantamento dos
objetos que costumavam jogar fora em casa e deram idéias do que poderia ser feito com
eles. Depois, confeccionaram juntos os brinquedos da gincana, contando com a
colaboração dos pais, que ajudaram na coleta das sucatas. Nós tínhamos dois objetivos
principais com a atividade: fazer as crianças entenderem a importância da reciclagem de
materiais e aplicar conceitos básicos de Português e Matemática a partir das brincadeiras.
No período de pré – alfabetização, por volta dos 5 anos de idade, a melhor forma de
introduzir as crianças no universo das letras e dos números é brincando. E se essas
brincadeiras poderem ser construídas por elas mesmas, com sucatas, melhor ainda.
Trabalhando na confecção dos brinquedos, elas ficam mais envolvidas na atividade. Lata
de batatas fritas virou pino de boliche, que virou conta de subtração. A embalagem de leite
longa vida virou depósito de letras, que virou painel com o nome de cada criança. Quem
conseguia associar o nome de um bicho com o desenho dele, tinha direito a atravessar um
túnel que levava ao “grande prêmio”: a piscina de bolinhas, feita pelos próprios alunos
com fundos de garrafa plástica. É desse jeito, transformando sucatas em jogos, e estes em
aprendizagem, que nós ensinamos as primeiras operações matemáticas aos nossos alunos
do Jardim III. A gincana “Caminho Lúdico” é formada por cinco brincadeiras, todas
confeccionadas pelos próprios alunos a partir de sucata, cada uma com um objetivo
pedagógico diferente.
31
As crianças levavam cerca de 10 minutos para percorrerem todo o circuito.
Seguiam por um caminho feito com caixas de papelão desmontadas e orientavam-se por
placas que indicavam a direção e os nomes das brincadeiras. A sinalização foi feita com
cartolina presa e cabos de vassoura e sustentada por latões com areia.
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CONCLUSÃO
É inevitável que a “brincadeira” é a atividade primorial na infância. A situação
lúdica que se instaura ganha caráter de “orientação”, ou seja, de facilitação de tarefas
objetivadas pelo professor, sem que se questione sobre a forma singular d jogo, sobre qual
é realmente o objetivo deste.
A brincadeira é uma forma da criança constituir-se como indivíduo formulando e
compartilhando significados. Na perspectiva sócio-cultural, brincar traduz a forma como as
crianças interpretam e assimilam o mundo, os objetos, a cultura, as relações e os afetos das
pessoas. É uma maneira de conhecer o mundo adulto sem adentrar neste mundo realmente.
Brincar é uma forma de atividade social infantil, cujo aspecto imaginativo e diverso do
significado cotidiano da vida fornece oportunidade educativa para as crianças.
Segundo Vygotsky, “através do brinquedo, a criança aprende a atuar numa
esfera cognitiva que depende de motivação interna, podendo se utilizar de materiais que
servirão para representar uma realidade ausente”.
Vale ressaltar que os valores podem, através da brincadeira, internalizados pela
criança na medida que está em contato com estes valores em sua diária. Neste contexto,
percebe-se nitidamente a importância das atividades lúdicas no processo de construção do
conhecimento.
À medida que a criança utiliza-se da brincadeira, do lúdico, ela interage com o
outro, com o objeto e consigo mesma, desenvolvendo a linguagem, função esta que
organiza todos os processo mentais da criança, dando forma ao pensamento.
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De acordo com Piaget, os jogos e as atividades lúdicas tornam-se mais
significativas à medida em que a criança se desenvolve; com livre manipulação de
materiais variados, ela passa a reconstituir, reinventar as coisas, o que já existe uma
adaptação mais completa. Essa adaptação só é possível a partir do momento em que ela
própria evolui internamente, transformando essas atividades, que é o concreto da vida dela,
em linguagem escrita, que é o abstrato.
Criança gosta de brincar e também de aprender através da brincadeira. Vejo isso todos os
dias em minha sala de aula, onde em uma brincadeira, como o jogo, que é uma
representação simbólica, todos incorporam seus personagens e espontaneamente os
dirigem. Contudo, percebo que a criança, através da brincadeira, desenvolve muito mais a
sua criatividade e melhora a sua conduta no processo de aprendizagem.
Vejo o lúdico como método auxiliar em meu trabalho e estou cada dia mais
fundamentando meus estudos nesta área. O jardim de infância, isto é, a Educação Infantil,
é o alicerce para toda uma vida.
O grande trunfo das atividades lúdicas é o fato de elas estarem centradas na emoção
e no prazer, mesmo quando o jogo pode trazer alguma angústia ou sofrimento. Nestes
casos, quando a criança exprime emoções consideradas negativas, o jogo funciona como
uma “catarsis”, uma limpeza da alma, que dá lugar para que outras emoções mais positivas
se instalem.
Sentimentos como raiva, tristeza ou frustação faz parte da nossa vida diária. Poder
exprimi-los através de um jogo, uma brincadeira, não só nos aliviará do fardo, como nos
ensinará a utilizar o humor de forma a fortalecer nossa resistência. Chutar uma bola ou
virar cambalhota podem ser maneiras saudáveis de liberar aquela adrenalina concentrada
em nosso organismo e que, muitas vezes, não permite nos concentrarmos nas atividades
mentais, incluindo o aprendizado.
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Felizmente, pouco a pouco, os muitos especialistas, e os nem tanto, estão
percebendo o peso e a importância do lúdico para o desenvolvimento saudável, não só de
crianças e adolescentes, mas também de adultos de qualquer idade.
Certa vez, li em algum lugar, de que forma fôra negociada a primeira trégua entre árabes e
judeus, no Oriente Médio. O Primeiro Ministro da Noruega, que era o mediador do
conflito, reunir em sua casa, em Oslo, representantes dos dois lados; estes discutiam
acaloradamente quando a esposa do Primeiro Ministro entrou na sala com um lanche,
acompanhada do filho de 6 anos e alguns brinquedos. Enquanto os adultos comiam, o
pequeno sentou-se no chão e começou a brincar. Imediatamente, talvez por deferência aos
donos da casa, autoridades dos dois lados começaram a brincar com o menino e
perceberam como seria bom se seus filhos pudessem fazer o mesmo. Nesse mesmo dia, a
Paz foi negociada.
Este é um fato real e, embora os conflitos no Oriente Médio ainda permaneçam,
ficou evidente o poder da brincadeira como fomentadora da paz e da boa entre as pessoas.
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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cursos de pedagogia. Educação e Sociedade. 10, nº 33, p. 105 – 131, ago-1989.
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WAJSKOP, Gisela. Brincar na Pré-escola. Questões da Nossa Época. V. 48. São Paulo
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JOGOS E BRINCADEIRAS – Anexos :
1. RUA DAS LETRAS: A DESCOBERTA DO ALFABETO
Caixas com as letras do alfabeto foram enfileiradas, em ordem, na “calçada” de
uma miniatura de rua. Cada caixa, com a letra grafada na parte externa, continha diversas
letras iguais, recortadas. As crianças passaram pelo meio da via escolhendo as letras
necessárias para formar o seu nome, que deveria ser colocado num grande painel. Além de
melhorar a memorização das letras, esta atividade ajuda as crianças a treinar a ordem
alfabética, no momento de arrumar as latas para o início da brincadeira.
2. BOLICHE: ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO
Cada bola lançada obrigava a criança a fazer uma conta de subtração para saber o
número de pinos derrubados. Ao final das três tentativas a que tinham direito, os
participantes usavam novamente a Matemática para saber o total de pontos. A atividade
continuou na sala de aula, quando cada aluno falava seus pontos para que a professora
anotasse os valores num gráfico de colunas. Aproveitamos para mostrar a eles a
importância dos gráficos, já que era bem fácil visualizar os pontos de todos dessa forma.
3. A BOCA DO SAPO: FAZENDO CONTAS E TABELAS
Cada criança recebia bolinhas com pontuação de um a cinco. Objetivo era acertá-
las dentro da boca do sapo. Com a ajuda da professora, os alunos criaram uma tabela onde
anotavam os pontos. Novamente, exercício com gráficos e contas.
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4 . TÚNEL: ASSOCIAÇÃO ENTRE TEXTO E IMAGEM
Para passar no túnel, a criança sorteava uma figura e encontrava, na outra caixa, o
nome correspondente. Nesta brincadeira, importante para quem está começando a se
acostumar com as primeiras palavras escritas, foi feita a associação entre a figura e sua
representação escrita.
5. LENÇO ATRÁS
Formação inicial: sentar em círculo; um participante fica fora do círculo, segurando
um lenço.
Objetivo: coordenação motora ampla.
Desenvolvimento: o jogador que estiver segurando o lenço corre em volta do círculo,
deixando-o cair atrás de uma das crianças. Quando esta perceber, deve apanhar o lenço e
correr atrás do jogador que o deixou cair, tentando pegá-lo antes que ele atinja o lugar vago
no círculo, permanecendo aí até o final. A criança que estiver de posse do lenço dá
continuidade ao jogo, correndo ao redor do círculo e deixando o lenço cair atrás de outro
jogador.
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6. VÔO DAS BORBOLETAS
Formação inicial: de um lado ficam as crianças que serão as borboletas. No lado
oposto, colocar objetos (lata vazias, copinhos plásticos etc.), representando as flores.
Objetivos: coordenação motora ampla; Orientação temporal; discriminação
auditiva.
Desenvolvimento: A um sinal, as criança começaram a correr na ponta dos pés,
elevando e abaixando os braços, imitando as borboletas voando em direção às flores. Num
dado momento, a professora faz outro sinal previamente combinado (palmas, apito etc),
simbolizando que o sol está se escondendo. As “borboletas” devem chegar nas “flores”
antes que o Sol se esconda, isto é, antes do sinal ser dado.
7. FUGA DOS PÁSSAROS
Formação inicial: formar um círculo; três ou quatro participantes ( que serão os
pássaros) ficam no interior do círculo.
Objetivos: coordenação motora ampla; atenção; Orientação espacial.
Desenvolvimento: as crianças da roda giram, enquanto cantam uma música
qualquer. Quando terminarem, os “pássaros”( crianças que estão dentro da roda) procuram
fugir, tentando sair do círculo, por debaixo dos braços de seus colegas, que, por sua vez,
tentam impedir a fuga dos pássaros. O jogo recomeça com a escolha de outras crianças que
imitarão os pássaros.
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8. BOCA DE FORNO
Formação inicial: fica dispostos à vontade. Um jogador será o “mestre”.
Objetivos: Coordenação motora; Linguagem; Orientação espacial.
Desenvolvimento: o “mestre” inicia o diálogo e os demais participantes respondem:
_Boca de forno.
_ Forno.
_ Assar bolo.
_ Bolo.
_ Farão tudo o que o mestre mandar?
_ Faremos tudo com muito gosto.
O “mestre” dá ordens, que serão executadas por todos. Por exemplo:
• Imitar um sapo;
• Dançar;
• Pular;
• Dar um passo à frente;
• Erguer o braço direito, etc.
O jogo recomeça com a escolha de outra criança que fará o papel de “mestre”.
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9. COELHINHO NA TOCA
Formação inicial: os participantes formam um grande círculo, divididos em trios;
dois ficam de mãos dadas ( formando a toca) e o terceiro fica no meio, representando o
coelhinho. No centro do círculo ficam duas ou mais crianças que serão os coelhinhos sem
toca.
Objetivos: Coordenação motora ampla ; Atenção
Desenvolvimento: a um sinal combinado, todos os coelhos mudam de toca, e as
crianças qe estão no centro da roda tentam ocupar um dos lugares vagos. Os que ficarem
sem toca irão para o centro, dando continuídade ao jogo.
FIGURA 1
10. DESVIE DAS GARRAFAS
Formação inicial: Colocar várias garrafas de plástico vazias uma ao lado da outra (
o espaço entre elas será maior ou menor, dependendo da habilidade dos participantes). Os
jogadores formam duas filas, afastadas vários metros das garrafas.
43
Objetivos: Coordenação visomotora; atenção: Orientação espacial.
Desenvolvimento: o primeiro jogador de cada coluna lança a bola, fazendo-a
deslizar pelo chão, na direção do espaço existente entre duas garrafas. A bola não poderá
tocar ou derrubar as garrafas; ela terá de ultrapassar as garrafas, passando pelo espaço entre
uma e outra. O jogador que lançou a bola deverá, depois pegá-la e entregá-la ao
companheiro de trás, que procede da mesma forma, e assim sucessivamente. Vence a
equipe cujos jogadores derrubarem o menor número de garrafas.
Figura 2
11. DANÇA DAS CADEIRAS
Formação inicial: colocar, lado a lado, tantas cadeiras quantos forem os
participantes, menos uma, formação duas colunas de cadeiras, uma de costas para a outra.
Os participantes ficam enfileirados, em volta das cadeiras.
Objetivos: Coordenação motora ampla; Orientação espacial: Discriminação
auditiva; Atenção.
Desenvolvimento: a professora coloca uma música ou bate palmas, e todos andam
ao redor das cadeiras, e bem perto delas. De repente, a professora para a música ou para de
bater palmas, e cada jogador deve sentar-se na cadeira mais próxima. Aquele que ficar em
pé será eliminado. Tira-se uma cadeira em cada rodada, e o jogo recomeça com um menor
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número de elementos e de cadeiras. Vence o jogador que conseguir sentar até a última
rodada, quando restar apenas uma cadeira.
Fig. 3
12. DECOBRIR O OBJETO
Formação inicial: sentar na sala, divididos em duas equipes, com número igual de
elementos.
Objetivo: Memória visual; Discriminação tátil.
Desenvolvimento: a professora coloca uma venda nos olhos do jogador de uma das
equipes, e lhe entrega um objeto. Ele deverá descobrir qual é o objeto através do tato, sem
vê-lo, apenas apalpando-o. Se acertar, sua equipe ganha um ponto. Em seguida, a
professora coloca a venda no jogador da outra equipe, que tentará descobrir, pelo tato, qual
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é o outro objeto que lhe foi entregue. Acertando, sua equipe ganha um ponto. Vence a
equipe que, no final, tiver o maior número de pontos.
13. JOGO DA MEMÓRIA
Faixa etária: Este jogo, de fácil confecção, pode ser aplicado em diferentes faixas etárias,
modificando-se apenas o grau de dificuldade, o uso de material adequado e o número de
peças.
OBJETIVOS
Para pré-escolares:
• Trabalhar a coordenação motora fina
• Trabalhar atenção e concentração
• Desenvolvimento da criatividade
• Conceito matemático: o pareamento
• Aceitação de regras e limites
• Socialização no jogo (ganhar e perder)
• Trabalhar a ansiedade
Para idade escolar:
• Podem ser trabalhados conteúdos de: matemática, estudos sociais, ciências, inglês,
língua portuguesa, música e educação artística, escolhendo-se temas apropriados a cada
dsiciplina e adaptando-se ao conteúdo proposto para fins de memorização.
• Trabalhar atenção e concentração
• Desenvolvimento da criatividade
• Aceitação de regras e limites
• Trabalhar a memória
• Em situação de clínica, trabalhar a ansiedade
• Trabalhar estratégia, planejamento e antecipação
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MATERIAL
• Retângulos de 6 X 4 cm – para pré-escolares deverão estar prontos; para a criança em
fase escolar poderá ser pedido que calcule, risque e recorte as peças, em papel-cartão
• Réguas – diferentes tipos de réguas fornecerão mais recursos
• Tesoura
• Lápis de cor
• Canetas hidrográficas
ESTRATÉGIA
Consiste na montagem de pares de figuras diferentes. De acordo com a faixa etária,
aumenta-se o nível de dificuldades com aumento do número de cartões, a complexidade
das figuras e a proposta escolhida como tema do jogo.
EXEMPLOS:
Para pré-escolares
Oferece-se o material, que deverá ser trabalhado em duplas. As crianças poderão
desenhar o que quiserem, desde que todos os desenhos tenham um par de pareamento; em
seguida pede-se que as crianças distribuam os 20 cartões, sendo metade para cada um. Em
situação de clínica, a dupla é a criança e o terapeuta, podendo-se deixar para concluir o
trabalho em outra sessão para trabalhar com a ansiedade infantil.
Para a fase escolar
As crianças deverão trabalhar em duplas, poderão planejar o tamanho dos cartões
dividir a folha de papel-cartão marcando, riscando e recortando os cartões no tamanho
desejado.
Com um tema previamente escolhido, por exemplo, para trabalhar estudos sociais,
pode-se fazer cartões com estados e capitais, ou simplesmente podem ser escritos os
nomes, sem desenhos. Neste caso, o uso de canetinhas hidrográficas é excelente.
Para a aplicação no estudo da língua inglesa
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Podem-se desenhar as figuras e no seu par correspondente nomeá-las em inglês. Este
é um excelente material para memorização.
O JOGO
Depois de prontos, todos os cartões serão colocados com a parte desenhada voltada
para baixo, num arranjo feito em colunas para facilitar a memorização. Cada jogador
deverá levantar dois cartões, olhá-los e recoloca-los no seu lugar. Assim é feito até que
alguém consiga levantar um par, e então este jogador retira as peças do jogo e as mantém
em seu poder, quando são retirados da mesa todos os cartões, contando-se então o número
de cartões de cada participantes. Vence o jogo quem conseguir o maior número de cartões.
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Encaixe do jogo
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14. JOGO DO MICO
Faixa etária: Pré-escolar
OBJETIVOS
• Identificação ( a criança irá identificar os animais e deus pares correspondentes, macho
e fêmea)
• Classificação ( animais e animais de uma fazenda)
• Exercitar a coordenação motora fina (pintando, recortando e, durante o jogo,
distribuindo cartas e retirando-as da mão do companheiro)
• Regras e limites
• Exercício e ganhar e perder (controle das emoções)
• Exercício de linguagem durante a sensibilização
• Conceitos matemáticos de divisão e pareamento
Este é um joguinho muito simples, tanto na sua confecção quanto no ato de jogar.
Constitui-se de um baralho com pares de animais e um único macaco, que é o azarão da
história. Pode ser contada uma história sobre animais como sensibilização e elemento
motivador para a tarefa, da qual a criança poderá participar ajudando a construí-la.
EXEMPLO DE HISTÓRIA:
Numa fazenda muito grande, certo dia apareceu a galinha correndo e cocoricando
muito. Cocoricava tanto que todos os bichos correram para saber o que estava
acontecendo. Quem adivinha o nome dela?
Como galinha (...) não prava de cocoricar e ninguém conseguia entender nada, o
porco, como se chamava ele?, ficou muito irritado e começou a grunhir com ela:
Ronc, Ronc, dona galinha! Cocorique devagar para podermos entender!
Então ela se aclamou e cocoricou mais devagar.
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- Vocês sabem quem vai se casar?
- O sapo regino com a sapa Eugênia, e vai ter uma festança para toda a bicharada
da Fazenda da Vovó Lurdoca!
- Há !há! há! Riram todos os bichos!
- Mas só serão convidados casais de bichos da fazenda. Vocês me ajudam a fazer os
convites? Não podemos esquecer ninguém!
A partir daí, a crianças relacionam todos os casais de bichos de uma fazenda, até
que sobra o macaco, que não tem par por isso não será convidado e, muito bravo, vai à
festa para acabar com ela.
MATERIAL
• Papel-cartão cortado em retângulos de 7 X 5 cm
• Carimbos de animais
• Figuras de animais de fazenda xerocopiadas
• Lápis de cor
• Canetas hidrográficas
ESTRATEGIA
No lado liso dos cartões devem ser carimbadas ou colocadas as figuras de animais
que já foram relacionados pelas crianças. Essas figuras têm de aparecer aos pares e as
crianças deverão colocar as diferenças entre macho e fêmea com detalhes que elas
escolherão, com laço na cabeça ou vestido para identificar as fêmeas, gravata ou cachimbo
para os machos.
O JOGO
• Número de participantes: 2 a 4
• Inicia-se entre os participantes
• Cada jogador deverá, na sua vez e em ordem determinada, retirar do leque de cartas do
jogador posicionado à sua direita uma das cartas, assim sucessivamente. Quando
alguém forma uma par, retira-se do seu leque e o coloca sobre a mesa, virado com as
figuras para cima. Perde o jogo aquele que ficar com o macaco no final.
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15. MICO ALFABÉTICO
Aplicação: escolar
Faixa etária: alfabetização
OBJETIVOS
• Trabalhar a relação entre figura e escrita
• Trabalhar a coordenação motora fina
• Trabalhar a memorização do alfabeto
• Trabalhar a socialização
MATERIAL
• Papel-cartão riscado no tamanho das cartas para a criança recortar
• Lápis de cor
• Canetas hidrográficas
• Tesoura
ESTRATÉGIA
Em duplas, as crianças devem recortar o papel-cartão previamente riscado para a
formação das cartas do jogo. Cada criança deverá fazer o seu jogo. Em cada carta a criança
desenha pares de ma classe que escolher, pode ser de frutas, animais, brinquedos, flores e
assim por diante.
O critério básico é que todas as cartas pertençam a uma só classe e que contenham
pares semelhantes, mas que uma das figuras seja singular para representar o mico. Os
desenhos deverão ser coloridos livremente. Quando todas as cartas estiverem prontas, a
professora pede a cada um que mostre suas cartas, nomeando os desenhos. Dessa forma, a
professora pode fazer com que as crianças identifiquem a inicial de cada figura em seguida
a criança em sua carta.
EX: Marcelo desenhou uma bola. Com que letra começa a palavra bola?
Deve-se fazer o trabalho de identificação com todas as cartas de todas as crianças.
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Em seguida, formam-se duplas para jogar. As regras são as mesmas do jogo do mico.
Este jogo pode ser facilmente adaptado à língua estrangeira, em que se coloca em
recipiente uma carta a figura e o par correspondente apresenta a forma escrita.
16. JOGO DE DOMINÓ
Faixa etária: Pré –escolar
Objetivos: Começar a reconhecer os números associando as cores
Material utilizado:
• Papel cartão ou borracha EVA
Números de participantes: 2 a 4 crianças
Regras do jogo:
• Embaralhe as peças e espalhe-as sobre a mesa com os pontos virados para baixo.
• Distribua 7 peças a cada participante. Se sobrarem algumas, deixe-as reservadas.
• Um jogador sorteado coloca na mesa uma de suas peças, com os pontos voltados para
cima, para iniciar o jogo.
• O jogador da direita coloca outra peça ao lado da que está virada sobre a mesa,
observando o número de pontos das extremidades.
• Caso ele não tenha essa peça deverá “comprar” das que estão reservadas, até que
encontre uma que combine com a que está sobre a mesa. Se não encontrar, passa a vez
ao jogador seguinte.
• Vence o jogo quem colocar primeiro todas as peças sobre a mesa ou quem tiver o
menor número de pontos em mãos, caso nenhum dos participantes tenha a peça
necessária para continuar.
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Encaixe do dominó
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17. CABRA CEGA OU COBRA CEGA
É uma brincadeira de grande popularidade em que as crianças retratam os valores
de cada região. Aquela que de olhos vendados com um lenço, tem que capturar alguém ao
seu alcançe, movimentando-se às escuras. As crianças já de 6 anos de idade brincam bem
dessa brincadeira.
Costuma-se perguntar a cabra-cega de onde ela vem e o que carrega. As origens, as
quais as músicas se referem podem ser um estado, uma cidade, um quartel, uma vila ou o
sertão. As prendas: ouro, prata, cravo, canela, fubá, melado, farinha, requeijão, dependendo
de cada lugar.
Com letra única ou várias versões, a música desempenha um papel fundamental na
extensão do universo lúdico porque multiplica infinitamente as possibilidades do brincar
.Além de existir nas cirandas, elas são encontráveis nas brincadeiras entre meninas,
batendo as palmas das mãos, em que o número de participantes, o ritmo, ou a seqüência
dependem exclusivamente do acompanhamento musical.
18. PULAR CORDA
Número de participantes: Pode ser uma criança ou três.
Regra tradicional:
- Comum – A corda vai girando e a criança pulando.
- Foguinho – Uma só corda girada bem rápido.
- Corda dupla – Duas voltas de corda giradas juntas. Pula-se a corda, segurada por duas
crianças ( ou pela criança que está pulando), esticada e deixada baixa no lugar onde se
vai pular, cantando:
Batalhão-lhão-lhão
Quem não entrar é um bobão
A bacaxi-xi-xi
Quem não sai é um saci.
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- Quem é ?
- É o padeiro.
- O que quer?
- Dinheiro.
- Pode entrar que eu vou buscar o seu dinheiro, lá debaixo do travesseiro, na cama de
solteiro, 1,2,3
Variações:
- Usa-se uma corda de cerca de cinco metros. Duas crianças seguram as pontas e
começam a bater a corda para uma ou mais crianças pularem. As crinaças devem entrar
com a corda em movimento, sem tocá-la, seguindo, em alguns estados, o diálogo abaixo:
- Qual é a cor do seu namorado (a)? Preto, branco louro ou moreno?
- Qual a cor dos olhos dele (a)? Verde, azul, castanho ou preto?
- Quantos anos ele (a) tem?
E é dado início a contagem: 1, 2, 3... até o jogador cometer o erro, que é tocar a
corda em movimento.
Se o jogador conseguir saltar a corda executando toda a seqüência sem errar, pode
recomeçar o jogo.
Quando cometer um erro, a criança passa a vez a outro jogador.
É muito animado também quando se tem versinhos para recitar.
- “Agá – Agá
- Galinha quer botar
- Tigê – tigê
- Mamãe me deu uma surra
- Fui parar no Tietê
- Por quê, por quê
- Por causa de você
- Senão, senão
- Te dou um beliscão”.
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Áreas desenvolvidas:
Área físico-motora
• Desenvolve aptidões de pular, resistência, coordenação, controle visomotor ( para
perceber o momento de pular).
Área social
• Há competição entre as crianças e um desafio de cada um no sentido de melhorar o
desempenho.
Área de linguagem
• Dado pelas cantigas.
Área cognitiva
• Conhecimentos matemáticos (contagem)
• Incentiva a criatividade de rimas e pulos diferentes
Área afetiva
• Paciência, esperar a vez.
19. AMARELINHA
Número de participantes: Dois, três ou mais jogadores.
Regra tradicional: Seguindo traçados feitos no chão, cada criança terá sua vez de pular.
A criança deve jogar uma pedrinha, a começar pelo número 1.
Não pode pôr o pé na quadra quem estiver com a pedra, pulando-a e seguindo até
chegar à última. Na volta, deve pegar a pedra. Errando o pulo, pisando na linha, ou se a
pedra cair fora ou na linha do desenho, a criança perde sua vez.
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Variações:
• Depois de terminada a rodada, nos moldes da anterior, seguem-se mas quatro rodadas:
1ª) deve-se carregar a pedra em cima do pé, em vez de jogá-la; descansando somente no
inferno.
2ª) a pedra deve ser equilibrada sobre os dedos indicador e médio de uma das mãos,
parando também no inferno para ajeitá-la.
3ª) Levar a pedra na testa. Quando achar dificuldade, pode perguntar aos companheiros:
“pisei?” ou “estou bem?” No inferno, deve se retirar a pedra para olhar o caminho de volta.
4ª) Fazer coroas. De costas para a academia, a criança joga a pedra por cima da cabeça. No
quadro em que cair, faz a coroa, isto é, um sinal de que somente aquela criança pode pisar
naquele quadro. Pode-se jogar a pedra 3 vezes, até acertar. Feita a coroa, as crianças a
enfeitam com a primeira letra do nome, desenham flores etc. Vence o jogo quem ficar
maior números de coroas. As partes da amarelinha denomina-se:
1,2 e 3 – quadros;
4 e 5 – asas;
6 – pescoço;
7 inferno.
Áreas desenvolvidas:
Área físico-motora
• É necessário destreza corporal para pular alternando um e dois pés dentro do espaço
delimitado.
Área cognitiva
• Conceitos matemáticos: numerais, seqüência/ordem dos pulos e jogadas; noção
espacial; noção de começo, meio e fim.
Área afetiva
• As crianças lidam com a espera da sua vez (paciência, autocontrole); expectativa de
melhorar seu desempenho.
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Área social
• Ao pular paralelamente as crianças têm oportunidade de comparar. Há competição e
troca.
• Em relação às regras: podem ser simples no começo (por exemplo: pular com os pés
unidos e afastados, alternadamente; pular sem pedra); até outras possibilidades mais
complexas, adaptadas à faixa etária.
f
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20. APANHADOR DE BATATAS
Formação inicial: os participantes sentados, sendo que cada coluna de carteiras formará
uma equipe, com igual número de elementos.
Desenvolvimento: o primeiro jogador de cada coluna recebe uma colher de sopa com uma
batata. Dado o sinal de início, este passa a colher com a batata para o jogador sentado na
carteira de trás, este ao seguinte, e assim sucessivamente até chegar ao último elemento da
equipe. Quando este receber a colher com a batata, corre pelo espaço existente entre as
colunas e senta-se na primeira carteira, que já deve estar vazia, pois seus colegas de equipe
( sem atrapalhar a corrida do companheiro) passaram uma carteira para trás, deixando a
primeira vazia. Ao sentar-se, ele torna a passar a colher com a batata para o colega de trás,
até chegar ao último elemento procedendo da mesma forma que seus antecessores. Vence a
equipe mais rápida, isto é, a equipe cujo jogador iniciante chegar primeiro à sua carteira de
origem.
Objetivo: Coordenação motora ampla; Orientação espacial; Orientação temporal.
21. GATO MIA
Número de participantes: Três ou mais jogadores.
Regra tradicional: Apaga-se a luz do recinto e as crianças se calam. A criança que foi
sorteada pergunta: “gato mia?”, e quem responder tem que disfarçar a voz para que a outra
não acerte pelo som da voz.
Áreas desenvolvidas
Área cognitiva
• Discriminação auditiva.
Área afetiva
• Há uma certa tensão, medo, emoção.
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Área social
• Reconhecimento dos outros.
22. QUEM ESTÁ DIFERENTE?
Número de participantes: Três ou mais jogadores.
Regra tradicional: Forma-se um círculo; um participante fica fora da roda, com os olhos
vendados. Todas as crianças adotam a mesma posição, menos uma, que permanece
diferente das demais. A um sinal, o jogador retira a venda e procura encontrara, no círculo,
quem apresenta posição diferente dos demais. Inicialmente, a posição da “criança
diferente” deve ser de fácil reconhecimento, mas depois a dificuldade é aumentada .
Variação: Pode-se fazer com cores, roupa ( uma manga dobrada, um pé sem sapato etc.).
Áreas desenvolvidas
Área cognitiva
• Discriminação visual.
• Criatividade nas posições.
Área social
• Cooperação e troca.
23. TELEFONE-SEM-FIO
Número de participantes: Três ou mais jogadores.
Regra tradicional: As crianças sentam-se uma ao lado da outra. A primeira da fila deve
pensar uma palavra ( ou frase), e dizer no ouvido da Segunda, e assim por diante, até o
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final da fila. A última deve falar a palavra (ou frase), e assim descobrirão se esta chegou
certa ou se mudou no meio do caminho.
Áreas desenvolvidas
Área perceptivo-motora
• Discriminação auditiva; coordenação: de um lado ouve-se, do outro comunica-se.
Área de linguagem
• Enriquecimento do vocabulário
Criatividade
• Na elaboração das frases.
24. PISCINA DE BOLINHAS: RECICLAGEM E DIVERSÃO
Depois de cumprir várias tarefas, as crianças caem com tudo na piscina de bolinhas
– afinal, ninguém é de ferro. Cada uma tem direito a três minutos de merecido mergulho.
No terreno do lúdico, somos bruxos, magos e reinventamos a realidade. Somos
cúmplice da matéria, que a tudo empresta doa e tudo assiste. O que é, então, o brincar,
senão matéria e poesia, imaginação e ato de manipular?
Relacionando-me a Freinet penso que os brinquedos e o brincar são a precedência
do trabalho, e por isto mesmo desafiam o tempo e sobrevivem para além dos séculos em
todas as partes do mundo. São as bases para um sistema intelectual e social.
As crianças e jovens são levados aos seus “jogos-trabalhos” pelas mesmas
necessidades e tendências que justificam o trabalho do adulto – não o trabalho forçado –
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mas, o trabalho humano. Trata-se da necessidade universal de preservar a vida, de a tornar
tão poderosa, de a transmitir para continuar. No contexto dos “jogos-trabalhos” trabalham
a família, os cuidados da primeira infância, doenças, funerais, casamentos, escolas e, com
certeza, a libertação dos vencidos, e também a organização dos povos.
Na nossa sociedade, a separação atual entre brinquedo e o trabalho tem uma trágica
importância que já sabemos medir – a degradação catastrófica do trabalho humano.
Por que vemos de maneira diferente a menina que dedica-se a alimentar, vestir, acalentar
sua boneca e a mãe com os cuidados de um filho? As preocupações são as mesmas!
Todavia, no que se refere à menina, nós costumamos chamar a este espantoso sucesso de
brincadeira. Ainda que viajemos pela estratosfera da sabedoria teremos que admitir a nossa
origem frágil e delicada de ser humano.
Fortalecendo a discussão e a prática acerca da importância do brinquedo e do lúdico
para o desenvolvimento integral da criança, a brinquedoteca, isto, é um espaço destinado às
brincadeiras e brinquedos, tem por objetivo construir um espaço onde o brinquedo, na sua
livre expressão criativa e comunicativa auxilie na construção da criança como um ser
humano integral, capz de atuar coletivamente de forma plena e saudável. A criança
constrói nesse espaço seu próprio brinquedo, onde ela se descobre, elabora os fatos
significativos do seu dia a dia e libera sua criatividade. sendo um espaço coletivo, entra em
ação a função social do brincar, do jogar, do trocar idéias.
Na prática, o trabalho se desenvolve no processo de ação/transformação, onde as
crianças constroem, criam e brincam, utilizando uma variedade de materiais, com a
orientação constante do professor, que participa ativamente desta construção.
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Acredito como professora de séries de iniciais, que a brinquedoteca, muito em
breve, será conquistada por todas as escolas de Educação Infantil. Precisamos acreditar e
também contar com nossas lideranças comunitárias, e juntos procurarmos transformar o
nosso espaço social, acreditando sempre no benefício que a ludicidade traz ao
desenvolvimento das crianças.