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sexta-feira, 1 de fevereiro de 201322 DIÁRIO DO COMÉRCIO

Bêlânu e o"vinho da montanha"

José Guilherme R. Ferreira

Anabela, uma estrela que sobe.Aquiles Rique Reis

Depois do CD Cidade das Noites, lança-do em 2009, que juntou os composi-tores Edu de Maria e Renato Martinse o poeta Roberto Didio à cantora

Anabela, eis que ela nos chega agora com Pé deVento (independente, com apoios).

A exemplo de Cidade das Noites, Pé de Ventotambém conta com os três caras que fizeram deAnabela uma estrela em ascensão. Assim comono primeiro CD, seus companheiros criaramsambas, marchas, valsas e canções que soamcomo tributo àquela que, com voz doce e afina-da, lhes serve de grande intérprete. Além deles,agora estão também Moacyr Luze Délcio Carvalho, duas parceriascada um com Roberto Didio.

Ao fazerem músicas impreg-nadas de tradição, Edu de Maria(também produtor musical e ar-ranjador do CD) e Renato Martinsesbanjam benfazeja inventivida-de. Os versos escritos por Rober-to Didio são belos, como ardoro-sassão assuasemoçõesafloradas empalavrasa léguas da mesmice.

Os arranjos têm atmosfera que brinda o futurotirando o chapéu para o passado. Um trabalhoem que cada música fala por Anabela e, ao mes-mo tempo, por todos os seus companheiros.

As duas primeiras faixas são sambas de Rena-to Martins e Roberto Didio, bem como é samba aterceira faixa - só que esta, além de Renato e Di-dio, tem também Edu de Maria como autor.Sambas delicados, feitos à feição da voz suave eentoada, tranquila e emocionada, de Anabela.

No primeiro, Hino Para Um Grande Amor (Meucanto/ Sai de um coração sozinho/ Sai, mas sem dei-xar o meu caminho, enfim/ Vai nas madrugadas en-contrar a dor/ Há de ser um hino para o grande amor),

um naipe de dois violinos, um cello e uma viola sejuntam a flauta, cavaquinho, violão de seis e desete cordas e ao ritmo para sinalizar o prumo queterá o CD. No segundo, Alquimia, os versos des-lizam leves pela garganta de Anabela. Piano, ca-vaquinho e pandeiro reforçam a bela melodia.EdudeMaria, aexemplodoprimeiro, criouoar-ranjo e tocou violão e ritmo.

A quarta faixa é Vamos Viver (Moacyr Luz eRoberto Didio), uma canção afetuosa, comarranjo apenas para violão e sanfona, naqual Anababela está tão à vontade quantonos sambas.

Dois Rumos e Velha Guarda(Edu de Maria) são as únicasmúsicas do disco cujas letrasnão são de Didio. Na primeira,uma canção s ingela comoAnabela, as cordas dão ao cli-ma um ar de nostalgia; na se-gunda, o violão de Edu toca aintrodução e leva a um gosto-so samba em tom menor.

La c r i m a l (Renato Martins e Roberto Didio), to-cada apenaspelo violãode Edude Maria,é umadas mais belas faixas do CD. Anabela agradece opresente e arrasa!

O trombone inicia Minha Poesia (Délcio Carva-lho e Roberto Didio). O arranjo de Edu da Mariausa um naipe de sopros, piano, violão, cavaco,muita percussão... e o samba come solto.

O cello e a flauta iniciam Pé de Vento (RenatoMartins e Didio). O baiãozinho que dá título aodisco rola à vontade, tão à vontade quanto estáAnabela no desenrolar de todo o repertório deseu ótimo CD.

Aquiles Rique Reis,músico e vocalista do MPB4.

Bombandona

confeitar iaPausa para o lanchinho da tarde

ou happy hour ao sabordas bombas doces e salgadas

da Faire la Bombe. Em Pinheiros.Lúcia Helena de Camargo

Bomba é o nome popular dodoce também conhecidocomo éclair ou ecler.

Vendida em confeitarias ao ladode sonhos, tortinhas, croissants epães recheados, há pouco maisde um ano ganhou em São Paulouma loja própria: Faire La Bombe.

Pr a z e r - O nome possui duplosignificado. Em francês, aexpressão significa "Viver a vidacom prazer" e também há a óbviareferência à palavra para aguloseima em português. Anovidade agora é que, além dasversões doces, foram incluídasno cardápio as bombas salgadas.

Mariana Araújo, a proprietária,conta que sempre gostou dodoce, tanto de comer quanto depreparar. "Quando decidi abrirum negócio próprio, foi natural aescolha pelas bombas, porque eujá sabia como queria fazer quasetudo", conta. "Claro, depois dissoteve muito trabalho envolvido nadefinição dos sabores, conceitogeral do visual e logística."

A La Bombe nasceu com 15lugares. Hoje possui 30 e vendecerca de 15 mil bombas por mês.Aos seis meses defuncionamento, devido ao

sucesso, dobrou de tamanho,alugando o prédio ao lado.

Há as clássicas bombas comrecheio sabor creme, chocolate ebrigadeiro; as chamadas vintagede maracujá, frutas vermelhas,doce de leite argentino,capuccino, café e limão siciliano –esta última uma das maissaborosas, com a perfeitacombinação entre o leve azedodo recheio de limão e a coberturade chocolate ao leite. Asespeciais são feitas de blueberry,amêndoas, damasco, pistache eavelã. No início, cada grupo debombas tinha um preçodiferente. Para facilitar, Marianadecidiu vender todas por R$ 5,30,na versão pequena, e R$ 7,80, nagrande. Os sabores sazonais,como o atual champanhe comcereja, são vendidos a R$ 6.

Salgadas - As bombas salgadasaparecem recheadas depresunto com queijo gruyère;presunto cru com gruyère;mussarela de búfala com tomateseco, palmito, queijos gratinadose queijo brie com geleia. Podemser servidas quentes ou frias ecustam entre R$ 12 e R$ 13.

A La Bombe não é lugar para

almoçar ou jantar, claro. A ideia édar uma passada para olanchinho da tarde ou happy hour."As pessoas param aqui paraaquele momento de prazer, dealívio na correria. E para isso,nada melhor do que comer umdocinho", diz Mariana.

Bebidas - No copo, paraacompanhar, há chás, cafés e atévinhos, como o Chateau Bel AirBordeaux 2010, vendido na mini-garrafa de 187 ml, suficiente parauma taça, por R$ 24.

Quem preferir levar para acasa, pode pedir no balcão,encomendar ou comprar noEmpório Santa Maria, o únicoestabelecimento na Cidade querevende os produtos da LaBombe. Mariana está procurandoum ponto para concretizar oplano de abrir a segunda loja.Mas será de rua, pois quer passarlonge dos shoppings.

Faire la Bombe. Rua dosPinheiros, 223. Pinheiros.Tel.: 2628-7667. Funciona deterça a domingo, 11h às 20h.Segunda, 11h às 18h. Wi figratuito. Estacionamento grátispara bicicletas, em frente à loja.www.lab omb e.com.br

No alto, bomba de blueberry.Acima, Mariana Araújo,

a proprietária, e a frente da loja.

Fotos: Newton Santos/Hype

Um olho na bola, outro no prato.

Afinal do Super Bowl é o dia doano do segundo maior

consumo de comida nos EstadosUnidos. Perde apenas para o diade ação de graças. Apreciadoresbrasileiros do futebol americanopodem se reunir paraacompanhar o jogo e, claro,consumir petiscos e bebidasdurante a partida, cujatransmissão acontece nestedomingo (3), às 21h (no Brasil).

Em parceria com a ESPN, alanchonete Appebee's transmiteem tempo real a disputa entre SanFrancisco 49ers e BaltimoreRaven na final do Super Bowl 47.Para degustar durante a partida,

as sugestões são de entradas aoestilo americano, como o ceviche(R$ 22,90) servido acompanhadode tortillas, e drinques como o sexon the beach (R$ 16,50).w w w.applebees.com.br

A redeamericanaHooters, quetambémtransmite o superbowl, faz sorteiosde brindes noshow do intervaloe os clientesganham umarodada de chope

a cada touchdown. Para comer,sugere a porção de Bonelles Wings(R$ 25), cubos de peito de frangoempanados, com molho de BlueCheese. w w w. h o o t e r s b r a s i l . c o m . b r

Div

ulga

ção

Ceviche do Appebee's: acompanhado de tortillas.

dcultura

hegou em Sippar um barcocarregado de vinho. Compre-me por dez siclos e, trazendo-o para mim, venha me encon-

trar em Babilônia”. O bilhete, marcado emum tablete de argila dequase 3.750 anos, é deum negociante babilôniochamado Bêlânu a seucriado Ahuni, que o aju-dava a comprar vinhos.Estes chegavam nas ca-ravanas que vinham daregião sírio-armênia etambém eram encontra-dos quando desciam oEufrates – ânforas em-barcadas principalmenteno porto de Karkemish,cerca de 100 quilômetrosa nordeste de Aleppo (acidade hoje devastadapela guerra civil na Síriade Assad). A bebida eradepois revendida na Ba-bilônia. A cotação do vi-nho, importado que eradas montanhas, explica ohistoriador e assiriólogofrancês Jean Bottéro(1914-2007), ainda eraum produto de luxo, “re-servado aos ricos e gran-des deste mundo, e dooutro”. Dez siclos corres-pondiam a 80 gramas deprata, com as quais se po-dia comprar 2.500 litrosde grãos, mas somente 300 litros de vinho.Mas o gosto pelo vinho, segundo Bottéro, foicontagioso e passou a ser disseminadomesmo numa civilização tão ou mais cerve-jeira que a egípcia, onde a cevada e o trigoeram seus grãos-motores. De certa manei-ra, a decifração de milhares e milhares deplaquetas de argila com suas “arranhadas”inscrições cuneiformes, desenterradas daregião no final do século XIX, vieram des-mentir a lenda que trata do descaso do deusdo vinho Dioniso pela região. Este teria de-sistido de qualquer investida de plantio nu-ma terra de incorrigíveis bebedores de cer-veja. Mas o que dizer então do banquete deAssurnasirpal (883-859 a.C.), rei dos assí-rios? Promoveu uma festa de quase 70 miltalheres e de vários dias para dignatários vi-

zinhos e todos os habitantes da sua nova ca-pital, onde foram servidos 100 mil litros decerveja, mas também outros 100 mil litrosde vinho. Bem antes disso, um documentoem argila mostra Uruinimgina, rei da cidade

meridional de Lagash, segabando de ter construí-do uma adega para guar-dar seus vinhos, “cerve-jas das montanhas”. Naparte norte da Mesopotâ-mia, onde posteriormen-te até uma viticulturaprópria se desenvolveu,principalmente no reinode Mari, há registros declassificação detalhadados tipos de vinho, com-paráveis às feitas hojepor enólogos. Os interes-sados em detalhes sobrea cultura da Mesopotâ-mia, seus rituais, seusdeuses, mas sobretudoseu dia a dia e a relaçãoda sua gente com os ali-mentos e as bebidas (sa-be-se, desde já, que nemsó a cerveja e vinho de tâ-maras ajudavam na ale-gria dessa gente), nãopode deixar de consultaros textos instigantes deBottéro, especialmenteThe Oldest Cuisine in theWorld – Cooking in Meso-potamia, editado pelaUniversity of Chicago

Press, mas também os artigos colecionadosem No Começo Eram os Deuses, da Civiliza-ção Brasileira, muitos deles publicados an-teriormente na respeitada revista L’Hi storie.Há também Everyday Life in Ancient Mesopo-tamia, da John Hopkins University Press. Bot-téro é o responsável pela transcrição e aná-lise de três tabletes muito especiais, com 40receitas formuladas em 1700 a.C., pinça-dos da grande coleção da Universidade deYale. YBC (Yale Babylonian Collection) é achancela de especialistas para esses pre-ciosos documentos, que deixam para trás osimples enumerar de ingredientes, menusde festas e contabilidades, para entrar noterreno do “modo de fazer”, receitas 2.000anos mais antigas que as do famoso gour-mand romano Apicius. O "pronto para ser-

vir" tão familiar no final das receitascontemporâneas já estava nessasplaquetinhas babilônicas.

José Guilherme R. Ferreiraé membro da Academia Brasileira

de Gastronomia (ABG) e autordo livro Vinhos no Mar Azul – Viagens

Enogastronômicas(Editora Terceiro Nome)

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