Post on 08-Jul-2015
Reconfigurando a sala de aula em ambientes virtuais de
aprendizagem
Vera Menezes (UFMG / CNPq / FAPEMIG)
Reconfigurando a sala de aula em ambientes virtuais de aprendizagem
Aluna: Carolina Chaves
Introdução
A falta de autonomia do aprendiz é alvo de reclamações . Confunde-se autonomia como realizar tarefas designadas pelo professor e não como uma busca por oportunidades de aprendizagem além da sala de aula.
• Os padrões de ensino, que oferecem pouca atenção às experiências individuais fora da sala de aula , se repetem no mundo virtual com o advento do ensino online.
• A literatura sobre ensino online sempre ressalta a interação e a colaboração (aprender com o outro) como características positivas.
• As teorias de aprendizagem que dão suporte aos cursos online, também privilegiam a interação e, dentre elas duas ganham destaque nesse trabalho: a teoria da atividade e a teoria construtivista.
Teoria da Aprendizagem e Teoria Construtivista
• Ambientes de aprendizagem baseados nessas teorias auxiliam no desenvolvimento da autonomia do aprendiz, uma vez que, o aprendiz constrói significado de forma ativa e determina como prosseguir com base em suas necessidades individuais.
• Benson (2005) ao discutir a questão da autonomia no contexto da aprendizagem por tecnologia da informação, propõe duas perguntas:
1. Que oportunidades a tecnologia da informação oferece aos alunos em termos de escolha e controle?
2. De que forma a tecnologia da informação ajuda os aprendizes a tirar vantagem dessas oportunidades.
IngRede: uma disciplina de leitura em inglês
• Essa disciplina online de leitura instrumental nasceu de uma vocação coletiva, de diversas universidades, para a colaboração.
• A professora Kátia Tavares foi a responsável pelo desenho pedagógico da disciplina .
• Todo material elaborado foi reunido em um CD-ROM com aulas e atividades voltadas para o desenvolvimento de estratégias de leitura.
• Júnia Braga observou a necessidade de planejar um segundo nível envolvendo a consolidação de estratégias de leitura e, compreensão de aspectos linguísticos e discursivos.
Experiências individuais e colaborativas com o uso do
IngRede
• Âmbito individual: CD-ROM com atividades de leitura de textos de interesse geral e conteúdo específico das áreas de interesse.
• Âmbito colaborativo: biblioteca virtual, glossário de termos técnicos e fórum de discussão.
Autonomia no IngRede
• O IngRede proporciona um aumento no grau de autonomia do aprendiz, pois ele tem total liberdade e controle para trabalhar sozinho com o material do CD-ROM ou com o material da internet. O aluno escolhe diferentes percursos para atingir os objetivos do curso.
Retomando as perguntas de Benson: IngRede
• O IngRede (curso assíncrono) oferece ao aprendiz dois tipos de tecnologia: o CD-ROM e o material na web. O aluno pode optar por trabalhar com uma delas ou ambas.
• Os alunos constroem uma biblioteca virtual e um glossário colaborativo e assumem o controle de suas rotas de aprendizagem.
Grupo Fractalizado
• Mandelbrot (1982) desenvolveu o conceito de fractal:
“Formas compostas de estruturas similares em escalas diferentes. O processo fractal abarca toda a estrutura em termos das ramificações que a produzem.”
Formato do Grupo Fractalizado
•Para ministrar a disciplina Dimensões Comunicativas (prática de ensino) optou-se por uma formato fractalizado da sala de aula. Dessa forma, as aulas foram ministradas na língua de habilitação do aluno.•O que diferenciava os alunos era a língua, a qual, cada um utilizava para executar as tarefas.
• Um grupo composto por 50 alunos foi dividido de acordo com suas habilitações (Inglês, Espanhol e Português) em pequenos grupos de 3 a 5 participantes.
• Os participantes interagiam num ambiente online onde desenvolviam tarefas colaborativas sem a intervenção direta do professor.
• Os alunos utilizaram uma lista de discussão de seu grupo para:
1. Postar contribuição individual; 2. Discutir as contribuições; 3. Postar contribuições coletivas para
um forúm (essa contribuição recebia feedback dos professores e de outros membros).
Retomando as perguntas de Benson: Grupo Fractalizado
• O design de grupos fractalizados permite que:
A. Os alunos possam escolher textos e materiais na língua de sua habilitação;
B. Exercem total controle sobre o gerenciamento do tempo e da tarefa;
C. Desenvolvimento de relações de colaboração, interdependência e reciprocidade.
Complexidade e Aprendizagem
• Tanto o IngRede como o Grupo Fractalizado inseriu os alunos em ambientes de ensino bastante diferentes dos que eles estavam habituados, produzindo perturbações e instabilidades.Todavia, os alunos se auto- organizam e se adaptam a essas novas condições.
Sistema complexo adaptativo dinâmico
• É um sistema aberto que envolve elementos ou agentes que interagem entre si, em constante adaptação com o ambiente e otimizam possíveis benefícios que assegurem sua sobrevivência.
• O sistema é suscetível a mudanças que resultam de feedback, adaptando-se, assim, ao novo ambiente e aprendendo através da experiência.
• Características como diversidade e dispersão do controle se configuram como condições que favorecem a emergência de novos padrões nos grupos observados.
Sistema complexo adaptativo dinâmico no contexto educacional
• A distribuição do controle pode influenciar positivamente a experiência educacional online, uma vez que ela prioriza a comunicação entre os pares, bem como a construção coletiva de significado.
• Novos padrões emergem nesses novos ambientes.
Complexidade adaptativa dinâmica nos grupos fractalizados
• A interação em pequenos grupos promoveu oportunidades de negociação dentre os membros de cada grupo e, consequentemente, maior igualdade de participação.
• Os alunos conseguiram propor e aderir regras de gerenciamento como veremos no exemplo a seguir:
• “Sinto que estamos precisando conversar um pouquinho mais sobre nosso grupo. O que vocês acham de fazermos um rodízio de liderança no grupo, de modo que cada semana um fique responsável por consolidar e enviar a tarefa?”
(Exemplo 1)
• A distribuição do controle possibilitou a emergência de uma liderança e o reconhecimento da diversidade interna do grupo, ou seja, um processo dinâmico presente nos sistemas complexos adaptativos.
• A diversidade esteve presente nas ferramentas tecnológica oferecidas como a lista de discussão.
• A liderança descentralizada e a diversidade de idéias favoreceram também a mobilização de competências: negociações de significado, convergência e divergência de idéias bem como o engajamento mútuo entre os aprendizes.
“ E aí, Anne? Você não gostou? Para que possamos fazer um trabalho maduro e transparente, precisamos comunicar umas com as outras e nunca deixarmos passar nada.”
(Exemplo 8 – manifestando divergência com o colega.)
Complexidade adaptativa dinâmica no IngRede
• O curso de leitura online possibilitou uma customização, característica essa, que permitiu aos alunos tirarem o maior proveito das oportunidades de escolha e controle oferecidos pelo uso da tecnologia.
“Fiquei mais atraída pelo conteúdo do CD e resolvi aprender mais com ele, a bússola e o alto mar. Acho que me sinto melhor estudando sozinha e verificando os links disponíveis da internet do que discutindo no fórum.”
(Exemplo 10 – autonomia.)
• A interatividade possibilitou que os alunos usufruíssem de constante feedback automático das atividades. Os sistemas são sensíveis a feedback e sua evolução emerge das múltiplas ralações com seus componentes e da constante retroalimentação que essas relações propiciam.
“ Nas unidades iniciais eu não apresentei grandes dificuldades em geral, os exercícios ajudam você fixar melhor o que foi lido, e a vantagem é que logo tem a resposta, e assim você já vê se está correto, ou se precisa mais atenção a certos pontos lidos.”
(Exemplo 13)
• Em ambas as experiências educacionais online , aos alunos foi disponibilizado a escolha em um contínuo que ia da não-interação à alta colaboração.
• A diversidade promoveu para alunos de diferentes estilos de aprendizagem e graus de autonomia.
• A assincronia dos cursos permitiu que o sistema de aprendizagem se auto-organizasse sem restrições de tempo e espaço.
• Nos dois cursos, os alunos puderam fazer escolhas e controlar o próprio percurso de aprendizagem.
Conclusão
• A aprendizagem pode acontecer em ambientes com e sem a interação, mas ela não acontecerá se não houver ação por parte do aprendiz.
• Retomando a primeira pergunta de Benson:
a disperção do controle propiciado pelas novas configurações da sala de aula no ambiente virtual, configura-se como uma condição que favorece a aprendizagem individual e/ou coletiva.
• Retomando a segunda pergunta de Benson:
1. A aprendizagem online valoriza a cooperação, a colaboração;
2. A diversidade de oportunidades na rede pode favorecer estilos diferentes de aprendizagem (alunos que preferem trabalhar individualmente).
• As autoras concluem que devem concordar com Benson, já que o mais importante não é as características da tecnologia, mas as característica das atividade nas quais a tecnologia tem um papel.
• Quanto mais diversificadas forem as opções, melhor será o ambiente de aprendizagem.