UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
SHAIANE RODRIGUES
MANEJO EM LEITÕES ATÉ SETE DIAS DE VIDA
CURITIBA PR
2015
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
SHAIANE RODRIGUES
MANEJO EM LEITÕES ATÉ SETE DIAS DE VIDA
CURITIBA PR
2015
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Medicina Veterinária, da Universidade
Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para
obtenção do grau de Médico Veterinário.
Professora orientadora: Profª Dra. Anderlise Borsoi
Co – orientador: Prof. Dr. Celso Grigoletti
Orientadora profissional: Elise Thoms
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
REITOR
Dr. Luiz Guilherme Rangel Santos
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Dr. Carlos Eduardo Rangel Santos
PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Dra. Carmen Luiza da Silva
DIRETOR DE GRADUAÇÃO
Dr. João Henrique Faryniuk
COORDENADOR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Dr. Welington Hartmann
COORDENADOR DE ESTÁGIO CURRICULAR
Dr. Welington Hartmann
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TERMO DE APROVAÇÃO
SHAIANE RODRIGUES
MANEJO EM LEITÕES ATÉ SETE DIAS DE VIDA
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título
de Médica Veterinária pela Comissão Examinadora do Curso de Medicina Veterinária da
Universidade Tuiuti do Paraná.
Comissão Examinadora:
Presidente: Profa. Dra. Anderlise Borsoi
Prof. Dr. Celso Grigoletti
Prof. Dr. Welington Hartmann
Curitiba, 03 de dezembro de 2015.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho as pessoas mais importantes da minha vida: aos meus
pais Iliani e Claiton e a minha avó Bete, que foram e sempre serão meus pilares,
acreditando em mim e me ajudando a seguir nessa conquista. Sem eles toda
conquista não seria possível. Obrigada por estarem presentes em todos os
momentos, bons como ruins, e por me apoiarem com palavras de carinho, motivação
e incentivo quando eu mais precisava. Amo vocês!
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AGRADECIMENTOS
Meu agradecimento especial a Deus, que sempre me deu forças para que
pudesse seguir nessa jornada, transmitindo paciência e sabedoria quando
precisava.
Agradeço aos meus pais pelo carinho e dedicação, por sempre me
apoiarem, incentivando a construção do meu sonho. Obrigada pela educação,
carinho, amizade e força de caráter. Vocês são meu espelho, amo vocês!
Minha eterna gratidão a minha avó Bete, que me acolheu com muito amor e
carinho em sua casa durante o curso. A melhor vó, que faz o melhor bolo de fubá do
mundo, obrigada por tudo vó Bete, amo você!
Às minhas cachorrinhas também, que são minhas companheiras de quase
toda minha vida, sendo minhas “cobaias” quando precisei e contribuindo com meu
aprendizado. Belinha e Lili, vocês são muito especiais, amo vocês.
Às minhas amigas de infância e as que eu conquistei durante a vida, que
sempre me apoiaram, desde o vestibular até meu desespero no TCC, obrigada!
Aos meus colegas de classe, onde vivemos muitas situações, desde risada
em visitas técnicas até o desespero antes das provas, obrigada pela companhia.
Aos funcionários da granja Thoms, onde realizei meu estágio curricular,
vocês me ajudaram a conquistar meu sonho também, muito obrigada a todos.
A todos os professores do corpo docente do curso, grandes mestres e
exemplo de profissionais, obrigada pelos ensinamentos e paciência.
Especialmente a minha orientadora Anderlise Borsoi que acreditou em mim,
me ouvindo e contribuindo com ideias, mostrando seus conhecimentos e
experiência, sempre me atendendo quando o desespero aparecia. Quero expressar
o meu reconhecimento e admiração por sua competência profissional, e minha
gratidão pela orientação. Muito obrigada pela atenção.
E por fim, agradeço a todos que de alguma forma fizeram parte da minha
formação acadêmica. Muito obrigada!
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EPÍGRAFE
“A compaixão para com os animais é das mais nobres
virtudes da natureza humana.”
(Charles Darwin)
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RESUMO
Atualmente, a suinocultura no Brasil vem ganhando destaque no que diz respeito a produção de carne. Para que a boa produtividade seja alcançada, a importância do manejo destinado aos suínos deve obedecer uma sequência que vai desde a coleta de sêmen para que seja realizada a inseminação artificial ou monta natural até a gestação de porcas e marrãs e a importância do manejo dos leitões até o desmame, para que tenha uma leitegada mais homogênea possível e com baixo índice de mortalidade. A rotina de trabalho dentro de uma granja passa por diferentes setores e as atividades realizadas com responsabilidade das pessoas envolvidas, desde a limpeza e desinfecção das salas até o manejo dos animais. Durante o estágio, as observações do manejo de leitões até os sete dias de idade possibilitou notar que as duas causas de mortalidade mais frequentes foram esmagamento de leitões e leitões nascidos abaixo do peso recomendado. Foi observado que todas as recomendações técnicas realizadas tinham o objetivo de melhorar a eficiência do sistema de produção dos suínos
Palavras-chave: manejo, suinocultura, suínos.
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LISTA DE ABREVIATURAS
SIF – Serviço de Inspeção Federal
SIP – Serviço de Inspeção Estadual
ABCS – Associação Brasileira de Criadores de Suínos
Mg – Micrograma
mL – mililitro
Kg - kilograma
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Higiene do leitão com toalha de papel ............................................... 18
Figura 2 - A esquerda: amarre do cordão umbilical; e a direita: o corte .......... 19
Figura 3 - Desinfecção do umbigo..................................................................... 19
Figura 4 - Leitegada grande, com mais de 8 leitões.......................................... 21
Figura 5 - O escamoteador se torna atrativo para os leitões quando está na
temperatura certa e quando não estão mamando.............................................
22
Figura 6 - Corte e cauterização da cauda.......................................................... 23
Figura 7 - Aplicação de ferro dextrano intramuscular........................................ 24
Figura 8 - Desgaste dos dentes......................................................................... 25
Figura 9 – Tatuagem.......................................................................................... 26
Figura 10 - A esquerda: a incisão; e a direita: a retirada dos testículos............ 27
Figura 11 - Incisão longitudinal.......................................................................... 11
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Causas, quantidade e porcentagem da mortalidade em leitões até 7
dias de vida..........................................................................................................
29
Tabela 2- Indices zootécnicos esperados em suinocultura.................................. 30
12
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ................................................................................................. 13 2.DADOS SOBRE O ESTÁGIO .......................................................................... 15 1.1 ORIENTADOR ACADÊMICO ................................................................ 15 1.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL .......................................................... 15 1.3 HORAS DE ESTÁGIO .......................................................................... 15 1.4 DADOS SOBRE O LOCAL DE ESTÁGIO ........................................... 15 1.5 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .......................................................... 16 3.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 17 3.1 MANEJO EM LEITÕES ATÉ O DESMAME .......................................... 17 3.2 LIMPEZA DOS LEITÕES ...................................................................... 17 3.3 CORTE DO CORDÃO UMBILICAL ...................................................... 18 3.4 PRIMEIRA MAMADA ........................................................................... 19 3.5 FORNECIMENTO DE CALOR ............................................................. 21 3.6 CORTE DE CAUDA ............................................................................. 22 3.7 MEDICAÇÃO PREVENTIVA CONTRA ANEMIA FERROPRIVA ........ 23 3.8 DESGASTE DENTÁRIOS DOS LEITÕES ........................................... 24 3.9 IDENTIFICAÇÃO DO LEITÃO ............................................................. 25 3.10 CASTRAÇÃO...................................................................................... 26 3.11 MORTALIDADE DE LEITÕES ........................................................... 28 4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................................................................... 31 4.1 REPRODUÇÃO ................................................................................... 31 4.2 GESTAÇÃO ......................................................................................... 32 4.3 LIMPEZA E DESINFECÇÃO ................................................................ 33 4.4 MATERNIDADE E PARTO ................................................................... 33 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 35 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 36
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1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a suinocultura no Brasil vem se destacando como uma atividade
de importância no cenário econômico, social e internacional na produção de carne
suína. Outro aspecto favorável para esta atividade refere-se a grande extensão
geográfica do Brasil, possibilitando no aumento do rebanho suíno sem esquecer a
parte ambiental, através da geração dos dejetos (COLONI, 2012).
O consumo da carne suína no cenário nacional alcança no momento a
terceira posição entre as espécies bovina e do frango. É um alimento rico em
nutrientes, fonte de minerais e vitaminas, e tem baixo nível de gordura, contribuindo
para uma alimentação balanceada e saudável (COLONI, 2012).
O Estado do Paraná é o terceiro maior produtor nacional de suínos, tendo 22
frigoríficos inscritos no SIF - Serviço de Inspeção Federal e 55 frigoríficos inscritos
no SIP – Serviço de Inspeção Estadual. É estimada a existência de
aproximadamente 130.000 propriedades que possuem suínos, onde estima-se que
somente 31.000 tem produção regular e de caráter comercial (WARDENSK, 2013).
Em consequência dos investimentos originados no setor, a produção está
tendo um crescimento em torno de 4% ao ano, sendo os estados de Santa Catarina,
Paraná e Rio Grande do Sul os principais produtores de suínos do país. Atualmente,
o Brasil representa 10% do volume exportado de carne suína no mundo, chegando a
lucrar mais de US$ 1 bilhão por ano (MAPA, 2014).
No mundo todo, cresce a exigência dos consumidores pela segurança
alimentar. A certificação internacional é a ferramenta básica para garantir a origem e
a qualidade dos produtos e processos agroindustriais e depende de um complexo
sistema de informação, ou de rastreabilidade, desde a produção das matérias
primas (Faria, 2006).
Além de atender à preferência do consumidor por carcaças mais magras,
houve melhoria na qualidade e na sanidade do rebanho, com controle e erradicação
de doenças e redução no uso de medicamentos, e na nutrição e bem-estar dos
animais, o que permitiu ao país tornar-se o 4° maior produtor e exportador mundial
de carne suína (Faria, 2006).
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O objetivo do estágio curricular foi verificar e estudar minuciosamente todas
as etapas de manejo existente em uma propriedade suína desde a importância da
gestação e maternidade das porcas até o nascimento dos leitões.
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2 DADOS SOBRE O ESTÁGIO
As atividades do estágio curricular na granja Thoms envolveram o setor de
manejo geral na suinocultura.
2.1 ORIENTADOR ACADÊMICO
A orientação durante o estágio curricular foi realizada pela Professora Dra.
Anderlise Borsoi responsável pela disciplina de Inspeção de Produtos de Origem
Animal, do curso de Medicina Veterinária na Universidade Tuiuti do Paraná.
2.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL
O estágio foi orientado pela Médica Veterinária Elise Thoms responsável
pelo manejo em geral da granja Thoms.
2.3 HORAS DE ESTÁGIO
O período de estágio no estabelecimento foi de 3 de agosto a 16 de outubro
de 2015, com 40 horas semanais totalizando um período de 400 horas.
2.4 DADOS SOBRE O LOCAL DE ESTÁGIO
A granja Thoms está situada no município de Irati, na estrada de Caratuva 2
Km 7, na Colônia Gonçalvez Junior.
Em 1983, Oscar Otto Thoms proprietário da granja Thoms adquiriu uma
propriedade de 40 alqueires e em 1984 conheceu a suinocultura através de um
amigo e ali enxergou a possibilidade de grandes negócios.
No inicio das atividades adquiriu 200 leitões para engorda e após a
comercialização desses animais, com o lucro que teve, fez a compra de 60 matrizes
e assim se iniciou o ciclo da granja. Em 2004, resolveu parar com a produção na
granja, ficando um ano fechada para um vazio sanitário. No ano de 2005 foram
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retomadas as atividades juntamente com a genética da empresa Agroceres, para
poderem aumentar e melhorar a produção comercial da granja Thoms.
No mesmo ano a granja se expandiu para outra área da propriedade, com a
formação do sítio 2, onde fica a preparação de marrãs e a creche. Hoje em dia a
granja Thoms possui em torno de 1.700 matrizes, com nascimento em torno de 500
leitões por semana.
Com visão no futuro, em 2006 o empresário Oscar Thoms abriu a fábrica de
ração para suínos, sendo que atualmente, essa unidade produz 650 toneladas de
ração por semana, estando situada na propriedade onde se encontra a granja de
suínos.
2.5 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Foram acompanhadas todas as atividades realizadas dentro da granja
Thoms, começando pela parte de laboratório onde era realizada a análise, diluição e
armazenamento do sêmen. Foi verificado que todos os dias eram realizada a
inseminação artificial em matrizes e marrãs. As vacinações eram administradas
semanalmente em leitões com 15 dias de vida antes do desmame, e na maternidade
foi acompanhado o terço final da gestação, partos, os primeiros dias da leitegada e a
realização dos manejos necessários.
As atividades estão detalhadas no capítulo 4.
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3 REVISÃO BIBLIOGRÁGICA
3.1 MANEJO EM LEITÕES ATÉ O DESMAME
As primeiras horas de vida do leitão são importantes para o seu
desenvolvimento corporal e imunológico. Após o parto e no decorrer dos primeiros
dias de vida é necessário que o manejo da higiene e sanidade dos leitões seja
adequado para que ocorra desenvolvimento ideal dos animais, sem retardos ou
leitões refugos (RICCI, et al, 2010).
Segundo Dias (2011), para que ocorra um bom manejo, tudo começa com
um parto bem planejado, que é onde o funcionário da granja, o responsável por
cuidar dos partos, necessita de:
a. Papel toalha absorvente ou pó secante;
b. Tesoura para o corte do cordão umbilical – limpa, desinfetada e afiada;
c. Solução desinfetante para o umbigo – acondicionada em recipiente;
fechado e com capacidade para pequenos volumes;
d. Carbetocina ou ocitocina para determinados partos distócicos;
e. Antibiótico injetável e antitérmico para matriz em caso de toque ou
febre;
f. Luvas de toque dentro de suas embalagens;
g. Solução lubrificante estéril para toque;
h. Agulha e linha cirúrgica para pequenas intervenções;
i. Lâminas e cabo de bisturi;
j. Tranquilizante e anestésico local;
k. Relógio e caneta para anotações.
3.2 LIMPEZA DOS LEITÕES
Os leitões devem ser limpos e secos a medida que vão nascendo para evitar
perda de calor. Os líquidos fetais, bem como os restos de membranas que os
envolvem devem ser removidas com toalhas de papel (Figura 1), sendo um método
higiênico para a limpeza dos leitões.
A técnica de limpeza adotada foi higienizar a cabeça do recém-nascido,
removendo os líquidos fetais existentes ao redor da cavidade bucal e das narinas,
18
para evitar obstrução das vias respiratórias. Em seguida o restante do corpo do
leitão foi limpo, massageando o dorso e a região pulmonar, para ativar a circulação e
estimular a respiração (MORAES et al, 1998).
Figura 1: Higiene do leitão com toalha de papel
3.3 CORTE DO CORDÃO UMBILICAL
O cordão umbilical é o elo de comunicação entre a mãe e o feto durante o
período da gestação. É através dessa via que substâncias nutritivas e oxigênio são
levados ao feto e parte dos catabólitos é eliminada (MORES et al, 1998).
O corte do cordão umbilical foi realizado com tesoura estéril, 3 a 5 cm da
inserção abdominal e após foi feito uma ligadura do cordão previamente desinfetado.
Para a desinfecção do umbigo foi usado um frasco de boca larga contendo
tintura de iodo a 5% ou iodo glicerinado onde imergiu-se o umbigo pressionando o
frasco contra o abdômen do leitão fazendo um movimento de 180º para que o
desinfetante atingisse a base do umbigo permanecendo em contato por 3 a 5
segundos nessa solução (CAMPOS et al, 2008).
Segundo Mores (1998), médico veterinário da Embrapa, observa que a
consequência de cicatrização inadequada do cordão umbilical pode induzir a
ocorrência de refugos, devido à inflamação do local como onfalite e onfaloflebite,
abscessos nos órgãos internos, artrites e aumento na incidência de diarreias.
A desinfecção e o corte do umbigo (Figuras 2 e 3) não terá valor se não
forem realizados nos primeiros minutos após o nascimento e isto é importante para
19
que a granja não seja considerada negligente em não adotar um esquema de
limpeza e desinfecção adequados na maternidade (SOBESTIANSKY et al, 1998).
Figura 2: A esquerda: amarre do cordão umbilical; e a direita: o corte
Fonte: DIAS et al, 2011.
Figura 3: Desinfecção do umbigo
Fonte: DIAS et al, 2011..
3.4 PRIMEIRA MAMADA
O leitão nasce praticamente sem nenhuma proteção contra microrganismos
patogênicos existentes no seu novo ambiente, com os quais nunca esteve em
contato.
Os anticorpos ou imunoglobulinas desenvolvidas pela porca para sua
proteção e para proteção dos leitões contra determinadas infecções não são
20
transferidos para os leitões através da placenta. Os fetos têm baixa capacidade de
produzir anticorpos. Entretanto, geralmente não produzem anticorpos pelo fato de
não estarem expostos a agentes infecciosos durante a vida intrauterina (MORES et
al, 1998).
De acordo com Dias (2011) a ingestão de colostro precisa ocorrer
uniformemente na leitegada, o que só é possível acompanhando a mamada logo
após o nascimento. Deve-se fazer com que os leitões tenham a ingestão da maior
quantidade possível nas primeiras seis horas de vida – período de maior
concentração de anticorpos no colostro e maior absorção pelo intestino do leitão.
A capacidade do leitão para absorver os anticorpos existentes no colostro é
limitada, uma vez que o epitélio intestinal torna-se progressivamente impermeável ás
imunoglobulinas. A capacidade de absorção de anticorpos pelo leitão começa a
diminuir logo após o nascimento, e 24 a 36 horas após, praticamente não ocorre
mais.
Após esse período, as imunoglobulinas agem localmente (na parede ou
mucosa intestinal) protegendo o trato gastrointestinal contra determinadas doenças,
como por exemplo a Colibacilose (SOBESTIANSKY et al, 1998).
Nas leitegadas grandes (Figura 4) o ideal é assegurar que os primeiros 8-10
leitões nascidos mamem o colostro, e após isso, deverão ser marcados com um
pincel. Na sequência do transcorrer do parto os primeiros leitões serão fechados no
escamoteador, mantendo no máximo dez leitões mamando até o término da mesma.
Desta forma, evita-se a disputa por tetos e garante-se uma melhor ingestão de
colostro em 100% dos leitões, inclusive nos que nascem por último (DIAS et al,
2011).
De acordo com Mores (1998), a diferença de produtividade entre as
glândulas mamárias peitorais, intermediárias e inguinais é uma causa de
desigualdade no desenvolvimento da leitegada. Tal diferença se acentua com a
idade dos leitões, uma vez que a produção dos tetos parece, em partes, estar
condicionada ao vigor do leitão, mostrando com isto a capacidade de estimular os
tetos.
21
Figura 4: Leitegada grande, com mais de 8 leitões
Fonte: DIAS et al, 2011.
3.5 FORNECIMENTO DE CALOR
O escamoteador deve ser um ambiente seco, com aquecimento e
luminosidade adequados, onde haverá entre os animais sensação de conforto para
passar a maior parte do tempo em que não estiverem mamando. O escamoteador
deve proporcionar boa vedação, distribuir o calor uniformemente e evitar correntes
de ar.
Os ajustes devem ser feitos de modo a permitir a manutenção da
temperatura adequada dentro do escamoteador (Figura 5), o que o tornará atrativo
para os leitões. Caso contrário, eles irão abrigar-se junto da mãe, aumentando o
risco de morte por esmagamento. Escamoteador frio ou muito quente, escuro e/ou
úmido, provavelmente se tornará local de micção e defecação para os leitões (DIAS
et al, 2011), ocasionando problemas de má higiene no seu interior.
O aquecimento dos leitões (lâmpada incandescente, gás ou colchão
térmico), fornecendo uma temperatura de 32ºC, é indispensável ao leitão recém-
nascido, pois quando nasce, seu aparelho termo regulador não está suficientemente
desenvolvido para manter a temperatura corporal quando a do ambiente é inferior a
25ºC, pois no nascimento ele chega a perder de 1,7 a 7,2ºC. Esta queda de
temperatura mobiliza as reservas de glicogênio do organismo, que dependendo da
intensidade pode provocar a morte do leitão por hipoglicemia. (CAMPOS et al, 2008)
22
Em duas situações especiais é obrigatório que o leitão seja fechado no
escamoteador nos primeiros dias de vida: nos momentos de limpeza da sala; e de
alimentação das matrizes. Nessas ocasiões, a fêmea está em pé e é comum ocorrer
esmagamento no momento em que ela volta a se deitar.
Nessa tarefa de treinamento é muito importante que os leitões sejam
conduzidos até o escamoteador com o uso de uma vassoura ou de qualquer objeto
que os obrigue a entrar, não devendo ser carregados até lá (DIAS et al, 2011).
Figura 5: O escamoteador se torna atrativo para os leitões quando está na temperatura certa e quando não estão mamando
3.6 CORTE DA CAUDA
O corte do último terço da cauda é adotado como medida preventiva contra
o canibalismo, ou seja, o hábito dos suínos de morderem a cauda uns dos outros e
que pode determinar sérios danos ao animal (MORES, N. et al, 1998).
O ideal é que seja realizada no primeiro dia de vida com um aparelho que
permita cortar e cauterizar ao mesmo tempo. A cauterização previne hemorragias e
promove cicatrização mais rápida do tecido. Não se recomenda que seja feito muito
próximo da base da cauda, pois aumenta o risco de infecções. Quanto maior o
diâmetro da cauda no local da incisão, maior o risco de infecções e mais demorada
a cicatrização. A caudectomia pode ser a porta de entrada para bactérias as quais
poderão produzir abscessos na coluna vertebral, artrites e septicemias (DIAS et al,
2011).
23
Em algumas situações, Mores et al (1998) indicam a substituição dos
aparelhos importados, por pequeno soldador elétrico utilizado originalmente para
solda de aparelhos eletrônicos. Esse soldador tem a extremidade semelhante a um
pequeno machado que se aquece quando ligado. O animal é segurado com a cauda
apoiada sobre uma superfície plana e com atitude firme corta-se a cauda fazendo
em seguida a cauterização, evitando com este procedimento, possíveis
hemorragias.
De acordo com Sobestiansky (1998), recomenda-se a utilização de
aparelhos que possibilitem o corte e a cauterização, simultaneamente (Figura 6). Na
ausência de tal equipamento, recomenda-se que o corte da cauda seja realizado
cirurgicamente com auxílio de um anestésico (xilocaína por exemplo).
Figura 6: Corte e cauterização da cauda
3.7 MEDICAÇÃO PREVENTIVA CONTRA ANEMIA FERROPRIVA
A mortalidade devida a anemia em criações onde os leitões recebem ferro
única e exclusivamente através do leite materno varia entre 9 a 60%, dependendo
da sua gravidade. Além disso, os leitões anêmicos desenvolvem-se mal, devido ao
péssimo aproveitamento dos alimentos, e apresentam uma predisposição maior a
infecções secundárias (MORES et al, 1998). A necessidade diária de ferro para
leitões situa-se entre 5 e 10 mg/dia, principalmente nas primeiras semanas. Através
do leite materno apenas 1 mg de ferro é suprido, sendo somente 10 a 20% das
24
necessidades reais dos leitões, o que significa que os 80 a 90% restantes devem ser
mobilizados dos depósitos de ferro do organismo (ALMEIDA et al, 2007)
A administração do ferro suplementar (ferro dextrano) é importante e deve
ser realizado intraperitôneo ou intramuscular na tábua do pescoço. A assepsia no
local da aplicação deve ser preconizado para evitar possível formação de
abscessos, infecções localizadas e complicações como a septicemia. Além disto,
pode ocorrer refluxo no local da aplicação ocasionando sub dosagem. Recomenda-
se aplicar (Figura 7) uma dose de 200 mg de ferro dextrano (1 ou 2 ml conforme a
concentração do produto) até o terceiro dia de vida, utilizando- se agulhas 10 x 8
(DIAS et al, 2011).
Figura 7: Aplicação de ferro dextrano intramuscular
3.8 DESGASTE DENTÁRIO DOS LEITÕES
Os oito dentes existentes ao nascer, 4 caninos e 4 incisivos inferiores, são
relativamente pontiagudos e sua tendência normal é crescer para fora da cavidade
bucal. Esses dentes podem lesar os tetos da porca, principalmente nos primeiros
dias de lactação, ou dar origem a ferimentos cutâneos nos arredores da boca dos
leitões quando estes brigam entre si por um teto. Essas brigas podem ser
observadas com maior frequência em leitegadas grandes, onde a disputa pelos tetos
é maior ou ainda por ocasião da transferência de leitões de uma porca para outra
(MORES et al, 1998).
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Um aparelho específico para o desgaste dentário foi introduzido na
suinocultura no início dos anos 90. É uma máquina elétrica que possui uma pedra
porosa rotativa e um aparato de proteção para que apenas os dentes sejam
desgastados (Figura 8), protegendo gengiva, língua e comissuras labiais (KOLLER,
2006).
Recomenda-se não utilizar alicate para cortar os dentes, devido ao maior
risco de lesões por utilização incorreta ou ferramenta inadequada. Deve-se
desgastar o terço superior do dente tomando cuidado para não lesar a língua, a
gengiva e os lábios (DIAS et al, 2011).
Figura 8: Desgaste dentário no leitão em decúbito lateral
3.9 IDENTIFICAÇÃO DO LEITÃO
Para que uma criação seja eficiente, é necessário o acompanhamento dos
índices de produção de cada animal individualmente. Estes índices podem ser peso
ao nascimento, quantidade de leite produzida por dia, peso ao desmame, e até
mesmo por identificação da genética usada, e também para avaliar a carcaça do
animal no frigorifico. Para que esta simples metodologia seja feita é preciso que os
animais sejam identificados de alguma forma. Com os animais individualizados,
tornam-se mais fáceis e ágeis os procedimentos nos diferentes manejos: descarte,
desmama, reposição e outros (CARVALHO, 2010).
A tatuagem (Figura 9) é muito eficiente quanto à estabilidade da marca, pois
uma vez realizada, não será removida. A grande desvantagem é a dificuldade para
26
se enxergar a numeração em momentos que necessitam agilidade de manejo. Era
realizada na parte interna da orelha do animal (CARVALHO, 2010).
Figura 9: Tatuagem
As identificações eram feitas apenas nas fêmeas orientando os três
primeiros números como identificação o dia do parto, o quarto número é a
identificação da raça, e as duas letras são a identificação da primeira fêmea que
nasceu (Granja Thoms, 2015).
3.10 CASTRAÇÃO
A castração é a prática de manejo de caráter cirúrgico realizada com o
objetivo de evitar a venda de carne de animais inteiros ao consumidor, devido ao
odor e sabor desagradáveis que não são eliminados nem destruídos pela cocção ou
processo de industrialização. A castração é, portanto, a forma mais eficaz de
eliminar o risco de aparecimento dessas características desagradáveis
(SOBESTIANSKY et al, 1998).
A higiene da maternidade, dos instrumentos e do operador constitui o fator
determinante sobre a ocorrência de infecções na castração. O material necessário é
um bisturi com lâmina em boas condições a qual deve ser trocada sempre que
perder o fio e utilizar uma solução desinfetante para os equipamentos e mãos.
Independente do método de castração sendo o primeiro passo a limpeza da pele do
saco escrotal com antisséptico.
27
Os testículos deviam ser trazidos próximos à superfície com os dedos
indicador e polegar, e a castração pode ser procedida de algumas formas, mas a
mais comum é a realização de um corte longitudinal na bolsa escrotal sobre cada
testículo (Figura 10 e 11), expondo os testículos e extirpando os mesmos
juntamente com o cordão espermático (ductos e vasos sanguíneos).
Figura 10: Ao lado esquerdo está sendo realizada a incisão, ao lado direto a retirada
dos testículos.
Fonte: DIAS et al, 2011
Figura 11: Incisão longitudinal
Fonte: DIAS, A.C. et al, 2011.
Não é recomendado o uso de sprays repelentes pois pode promover
irritação no local. Produtos cicatrizantes de aplicação local podem ser utilizados
(DIAS et al, 2011).
28
3.11 MORTALIDADE DE LEITÕES
O parto era uma das etapas mais críticas da produção na granja, tanto em
relação ao bem-estar da porca como dos leitões. Vários problemas surgiam, os
quais levavam a morte ou pelo menos, na redução da eficiência tanto da porca como
do leitão.
A mortalidade é o fator de maior risco na produção, cerca de 60% das
mortes ocorrem até cinco dias de vida. É neste período que devem ter maiores
cuidados, o bom ou mal desempenho dessa fase que vai depende da vitalidade dos
leitões nascidos (GERALDIN, 2012).
Durante o período de estágio realizado na granja Thoms foi analisado que o
parto era a hora de maior tensão, onde poderia ocorrer partos distócicos, matriz sem
contração para expulsão do feto, leitões natimortos ou fracos, esmagamento pela
porca, entre outros. Todo o cuidado deveria ser tomado nesse momento com o
responsável pela maternidade para auxiliar e evitar interferências desnecessárias.
A mortalidade de leitões no período de 10 de agosto a 5 de outubro, foi
analisado cerca de 571 mortes por diferentes causas. Durante esse período foram
observadas todas as possíveis causas de mortes, principalmente nos sete primeiros
dias de vida e a principal foi por esmagamento da porca, totalizando 266 leitões
mortos, principalmente no período da noite, quando apenas um responsável ficava
para cuidar dos leitões e partos.
Outras causas de morte de leitões foram descriminadas abaixo e
demonstradas na tabela 1:
a) Leitões pequenos, que foram sacrificados por ter peso abaixo de 700 gramas,
totalizando 93 leitões.
b) Refugo sendo os leitões que não tem desenvolvimento suficiente na leitegada
totalizando 41 leitões.
c) Diarréia, que pode ser por Escherichia coli, Clostridium perfringens, Rotavirus e
Coccidiose (Isospora suis), não foram feitos testes para identificação dos quais
patógenos afetou os animais, totalizando 10.
d) Agressividade da fêmea principalmente as primíparas, totalizando 39 leitões.
e) Infecção umbilical, por o umbigo ser cortado muito perto da pele e exposto a
sujidades, totalizando 12 leitões.
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f) Infecção pós-castração por ter contato direto das fezes com a incisão, totalizando
6 leitões.
g) Defeitos de aprumo por problemas com a genética ou má formação, totalizando
10 leitões e deformação, principalmente dos membros, totalizando 13 leitões.
h) Outras causas sem diagnóstico confirmado, totalizando 81 leitões.
Tabela 1 – Causas, quantidade e porcentagem da mortalidade em leitões até 7 dias
de vida Causas Quantidade Porcentagem Esmagamento 266 47%
Pequenos abaixo de 700 gramas 93 16%
Perna aberta 10 2%
Agressividade da fêmea 39 7%
Refugo/eliminados 41 7%
Diarreia 10 2%
Infecção pós-castração 6 1%
Infecção umbilical 12 2%
Deformados 13 2%
Outras causas 81 14%
TOTAL 571 100%
Fonte: Granja Thoms, 2015.
A natimortalidade também é uma causa frequente dentro da maternidade,
podendo ser causada por vírus e em quase 100% dos casos é causada devido ao
manejo inadequado. Durante o parto é preciso ter um acompanhamento rigoroso a
partir do rompimento da bolsa e observar o tempo de aparecimento do primeiro
leitão e o intervalo entre eles.
Os índices de natimortos e de mortalidade devem estar abaixo de 5% sendo
considerados dados de grande importância na suinocultura (GERALDIN, 2012).
Todas as precauções devem ser tomadas para que se tenha redução na
mortalidade. Os leitões devem ser colocados no escamoteador a cada hora para
mostrar a eles sua zona de conforto e segurança.
O manejo em suinocultura deverá ser rigoroso em toda sua extensão,
com cuidados extremos na gestação, maternidade, vigilância na hora do parto e
nascimento dos leitões para que os resultados zootécnicos sejam alcançados
normalmente, principalmente na maternidade com a leitegada até 7 dias de vida.
A suinocultura moderna nos moldes de sua evolução de produção
possui índices zootécnicos, que servirão como guia para que se consiga obter uma
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produtividade continua e de valores satisfatórios durante todo o ciclo da criação de
suínos conforme Tabela 2.
Tabela 2 – Índices zootécnicos esperados em suinocultura
Índice Bom Médio Ruim
Leitões nascidos vivos 10 a 12 9 a 10 Menos de 9
% natimortos 2 a 4% 4 a 5% Mais de 5%
% mumificados < 1 % 1 a 1,5% Mais de 1,5%
Leitões nascidos (total) 11,5 a 12,5 10,5 a 11,5 Menos de 10,5
Peso ao nascer 1,4 a 2 ,0 kg 1,3 a 1,4 kg Menos de 1,3 kg
Leitões desmamados 10 a 11 9 a 10 Menos de 9
% mortes maternidade Menos 5 % 5 a 10% Mais de 10%
Peso ao desmame (21 d) Mais de 6 kg 5,7 a 6 kg Menos de 5,7 kg
GPD maternidade Mais 300 g 270 a 300 g Menos de 270 g
Peso saída creche (65 d) Mais de 25 kg 22 a 25 kg Menos de 22 kg
GPD na creche Mais de 400 g 370 a 400 g Menos de 370 g
% mortes creche Menos de 0,5% 0,5 a 1% Mais de 1%
Peso abate (150 d) Mais 100 kg 90 a 100 kg Menos 90 kg
GPD nascimento ao abate
(150 d)
Mais de 640 g
600 a 640 g
Menos de 600g
CA rebanho Menos de 2,7 2,7 a 3 Mais de 3
% retorno ao cio Menor de 10% 10 a 12% Mais de 12%
Taxa fertilidade > 90% 83 a 90% Menos 83%
Fonte: SOBESTIANSKY et al, 1998.
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4 OUTRAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
4.1 REPRODUÇÃO
No procedimento de reprodução da granja Thoms, as atividades começavam
pela coleta de sêmen, sendo que os machos pertenciam a Agroceres, empresa de
desenvolvimento genético de suínos, e havia remuneração de royalties pelos
machos utilizados. Era feita a compra de sêmen de outras genéticas da mesma
empresa para análise de carcaça final no frigorífico.
O método de coleta era o tradicional, onde o macho era levado até a sala de
coleta com a presença de um manequim para monta e o responsável pela coleta
deixava o animal á vontade por um tempo na sala. Posteriormente o primeiro
esgotamento era realizado, principalmente da urina, a qual poderia interferir na
qualidade de sêmen na hora da coleta.
Em seguida o macho realizava a monta no manequim. Com luvas estéreis o
responsável pela coleta do sêmen estimulava a ejaculação, com um copo
descartável de 500 ml dentro de um copo térmico com temperatura de 35 a 38 °C,
semelhante à temperatura corporal do suíno. O ejaculado do suíno tinha em média
de 350 a 450 ml. Após o termino da coleta o macho era levado para a baia
novamente.
O copo térmico com o sêmen era encaminhado ao laboratório, através de
uma janela que ligava sala de coleta ao laboratório. No laboratório todos os testes
necessários eram realizados como contagem, análise de morfologia do sêmen
coletado e mobilidade, garantia a viabilidade do sêmen para uso.
Os recipientes térmicos e os com água osmotizada já diluída, eram
armazenados dentro do laboratório em uma câmara de aquecimento a 36 á 38°C.
Após as análises do sêmen, o mesmo era misturado à água com diluente específico.
Para um litro de água aquecida era utilizado um pacote de diluente Mig Plus. A
armazenagem do sêmen era realizada colocando 80 ml do sêmen diluído em
recipientes próprios para a inseminação artificial. Posteriormente o sêmen ficava
estabilizado por 90 minutos e era armazenado a 10°C para após ser usado na
inseminação artificial.
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A inseminação artificial era realizada quase todos os dias, e dependia dos
dias do desmame e retorno do cio. As matrizes eram retiradas da maternidade após
o desmame e levadas ao barracão de inseminação artificial. O retorno do cio ocorria
entre 4 a 5 dias e as fêmeas eram tratadas com ração de lactação até a cobertura.
O cio era estimulado por duas vezes ao dia com o cachaço ou um rufião,
colocando-os em contato direto com as fêmeas a partir do segundo dia após o
desmame.
O macho circulava no corredor das matrizes, e quando em contato com as
mesmas o tratador fazia o teste de pressão lombar massageando o flanco
pressionando o dorso da fêmea. A fêmea em cio permanecia parada rígida,
movimentando as orelhas e com interesse pelo macho. Neste momento o tratador
preparava a fêmea para inseminação, colocando o encaixe no flanco da porca,
fazendo a limpeza da vulva com papel toalha, preparando ponta da pipeta com gel
lubrificante para a introdução na vulva da porca. Quando a pipeta era bloqueada e
não rodava para os lados significava que estava devidamente colocada na cérvix da
porca. Neste momento era colocado o frasco com o sêmen na outra extremidade da
pipeta para em seguida introduzir todo o líquido. O frasco era retirado vazio e
aguardava-se a pipeta sair sozinha, garantindo que não haveria retorno do sêmen.
4.2 GESTAÇÃO
A gestação da fêmea suína durava em média 114 dias (três meses, três
semanas, três dias), com pequenas variações para mais ou menos três dias (111 a
117 dias).
A gestação na granja era composta por dois barracões, com baias coletivas,
com capacidade para 20 fêmeas em cada baia. As matrizes depois de serem
inseminadas, ficavam em torno de 15 a 20 dias nas salas de inseminação para
avaliação de retorno de cio, que era estimulado pela passagem do macho na frente
das fêmeas. Havendo o retorno do cio elas ficavam imóveis e com as orelhas
erguidas, e quando ficavam inquietas era confirmada sua prenhes. As fêmeas eram
levadas ao barracão de gestação, até uma semana antes do parto para serem
encaminhadas as salas da maternidade onde permaneciam até o desmame dos
leitões.
33
No período de gestação, a alimentação era fornecida para sua mantença
(2,5 a 3,0 Kg), desenvolvimento corporal e para suportar o desenvolvimento
embrionário e fetal. O controle de peso era realizado para evitar excesso de peso
nas reprodutoras. As marrãs ganhavam mais peso na gestação em relação ás
porcas devido à fase de crescimento, e os cuidados na quantidade de ração
fornecida a aquelas eram redobrados.
No final da gestação, na última semana antes do parto, era realizada uma
redução gradativa da quantidade de ração fornecida, sendo que no dia do parto, a
fêmea recebia somente água.
4.3 LIMPEZA E DESINFECÇÃO
A ocorrência das doenças e sua gravidade estão relacionadas com o nível
de contaminação ambiental. O sistema de limpeza e desinfecção para manter a
granja livre dessas doenças tem importância fundamental na criação de suínos.
O procedimento de higienização exigia alguns cuidados, instruindo os
funcionários da granja para que não tivessem contato com outras criações. O uso
de uniformes e calçados eram exclusivos da granja e havia a proibição da entrada
de veículos. O número de visitantes era limitado e o banho antes de entrar na granja
era procedimento obrigatório.
Dentro da maternidade era realizado o sistema tudo-dentro tudo-fora e
funcionava quando todos os animais eram transferidos de uma instalação para a
outra e a limpeza era feita com água em jato de alta pressão. Era retirada toda a
sujidade objetivando a desinfecção completa. O procedimento era feito em todas as
baias de parto para auxiliar a quebra do ciclo de transmissão dos patógenos.
4.4 MATERNIDADE E PARTO
As matrizes eram transferidas para as salas de maternidade depois de
limpas e desinfetadas. Antes de entrar nas salas, as porcas eram levadas para uma
baia onde tinha água sob pressão, e era retirado todos os resíduos de estercos
presentes nos tetos, membros e vulva. Essa transferência acontecia uma semana
antes do parto e as fêmeas ficavam em baias individuais recebendo ração de
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gestação duas vezes por dia. No dia do parto elas não eram alimentadas e era
fornecido somente água a vontade.
O parto era o momento mais delicado dentro da maternidade. Alguns
cuidados eram tomados antes, tanto para os leitões na hora do nascimento, como
para a porca. O manejo era importante, desde a entrada das fêmeas na sala até o
manejo após o nascimento do leitão. O ajuste da temperatura ambiente para as
porcas era de 16 a 22°C e para os leitões no escamoteador era de 32 a 34°C.
Na hora próxima do parto, as porcas ficavam inquietas, batendo nas gaiolas,
grunhindo alto, tentativa de fazer ninho, havia secreção vaginal com os tetos
avermelhados e repletos de leite. No aparecimento destes sinais, a sala de
maternidade deveria estar toda equipada para o uso na hora do parto. Os
equipamentos eram: papel toalha para a secagem do leitão, bastão para marcar os
primeiros leitões que nasciam, papel e caneta para marcar data, horário e brinco da
porca, luvas e vaselina para toque e medicamentos para possíveis necessidades.
No momento do parto, o responsável pela maternidade ficava atento ao
processo, pois era nessa hora que ocorriam os maiores problemas como morte de
leitões por esmagamento e redução da eficiência tanto da porca como do leitão.
O responsável pela maternidade comentava que para um parto ser bem-
sucedido era necessário a expulsão rápida e eficiente dos fetos com habilidade e
conhecimento. O acompanhamento e fornecimento de um ambiente confortável aos
leitões era fundamental para que as taxas de mortalidade diminuíssem.
.
35
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, diante dos conhecimentos técnicos disponíveis, os sistemas de
produção de suínos devem procurar atingir elevados níveis de eficiência,
principalmente no que diz respeito ao potencial genético, nutricional e ao manejo das
instalações e sanitário.
Para que esta condição ocorra é essencial que se mantenha atualizado
todos os dados zootécnicos relativos aos animais porque são imprescindíveis ao
sucesso da suinocultura.
Pode-se notar que as causas mais frequentes de mortalidades de leitões até
os 7 dias de vida foram o esmagamento de leitões e nascimento com peso abaixo
de 700 gramas.
A eficiência em limpeza e desinfecção de instalações, cuidados na gestação
da fêmea suína e principalmente no manejo com leitões até 7 dias de vida,
determina a eficiência do plantel nos aspectos reprodutivos e produtivos,
favorecendo a sanidade dos animais, assim diminuindo os custos da produção e
consequentemente aumentando a lucratividade na produção.
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REFERÊNCIAS
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KOLLER, F.L. Manejo dentário em leitões: efeitos no ganho de peso na maternidade e creche, prevalência de abscessos periapicais e isolamento dos agentes bacterianos envolvidos. Pós-graduação em ciência veterinária – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: 2006.
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