UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT) COMO FATOR DEPRODUTIVIDADE FOCADO NA RESPONSABILIDADE SOCIAL UMA
ABORDAGEM CONCEITUAL
CURlTIBA2005
I CONSULTA]L INTERNA
DANIELLA BRUCH WODONISLUCIANA DE MENEZES MARQUES
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT) COMO FATOR DEPRODUTIVIDADE FOCADO NA RESPONSABILIDADE SOCIAL UMA
ABORDAGEM CONCElTUAL
Monografia aprcscntada ao Curso de Gradum;iioTccno16gica em Sccretariado Executivo da Faculdadede Cicncias Sociais Aplicadas da Universidade Tuiutido Parana como requisito parcial para a oblem,ao dograu de Tccn61ogo em Secretariado ExecutivQ.
Oricnilldor. Maria Helena Moretto dos Santos.
CURITIBA2005
Dedicamos esta Monografia its alunas da I' Turma deGradua9ao Tecnol6gica em Secretariado Executivo da UTP,umas por amar a Profissao, outras pela falta de OP9ao, masque com muita garra, entre perdas e ganhos pessoais auprofissionais, sempre juntas, apoiando-se umas nas Qutras,alcan9amos a realiza9iio de urn sonho em busea de grandesideais c sucesso profissional.
Agradecemos primeiramente a Deus pel a oportunidade deconcluirmos mais uma etapa valiosa em nossas vidas.
Agradecemos aos dignos professores que partilharamconosco urn bem que nunca podeni ser tirado ou perdido: 0Conhecimento.
Agradecemos a todos aqueles que de alguma formaconttibuiram e torceram para que chegassemos ate 0 final daprimeira etapa: a Gradua,ao.
Agrade,o a minha companheira desta monografia pel apacicncia c dcdicac;ao.
SUMARIO
I. INTRODU<;Ao 07
2. ORGANIZA<;Ao 09
2.1. Conceito 09
2.2. Clima e Cultura Organizacional.. 09
3. TRABALHO 12
3.1. Historico ...
3.2. Dia do Trabalho ...
12
15
3.3. Conceito de Trabalho 15
3.4. CIPA 17
4. RESPONSABILIDADE SOCIAL. 19
4.1. Conceito... . 19
4.2. Etica e Qualidade nas Rela<;oes 21
4.2.1. Focada para 0 Cliente Interno 23
4.2.2. Responsabilidade Social Focada para 0 Brasil 24
5. QUALIDADE DE VIDA 26
5.1. Conceito 26
6. QVT - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO X
RESPONSABILIDADE SOCIAL. 29
7. DICAS E SUGESTOES PARA SE TER QUALIDADE DE VIDA .. 37
I.INTRODU<;:Ao
Grandes organizac;oes, como fanna de sobrevivencia no mercado, estao
investindo em pessoas, voltando-se a QVT.
Qualidade de vida no meio empresarial ja [oi considerada utopia. Atualmente, 0
quadro mudou: a organizac;ao que naD considerar esse conceito em seus objetivos
perded. seu espac;o no mercado. As empresas que desejarem sobreviver e perpetuar-se
deverao investir em pessoas. Ter uma cultura saudavel e valorizar seu capital humane
sao conceitos da empresa moderna.
o novo modele empresarial esta baseado em individuos sauctflveis, dento de
organizac;oes saudaveis, que respeitam e contribuem para uma comunidade e meie
saudaveis. Pessoas saudaveis representam neg6cios saudfiveis, com melhores lucros e
maior retorno de investimentos.
o grande capital da empresa e representado por pessoas capazes, aptas, sadias,
equilibradas, criativas, fntegras e motivadas. A era do conhecimento, esta em que
vivemos, deu destaque a avaliavao do poder lucrativo e de continuidade da empresa,
sob a 6tica de um verdadeiro capital humano, urn intangivel, que se ja era de interesse
dos estudiosos no pass ado, passou a ganhar um relevo especial em nossos dias.
rdentificar as fonnas relevantes de aplicat;:ao da QVT, apresentando aos leitores
avaliac;oes objetivas da qualidade de vida no trabalho de ullla organizav30, a qual
permite aumentar a eficiencia e a eficacia cia produtividade, ira contribuir para °crcscimcnto cia lucratividade e do be1l1 estar de sellS colaboradores.
Diante do exposto, a presente trabalha tern par objetivo apresentar as fonnas
que a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), e aplicada dentro de uma organiza,ao,
focando a responsabilidade social, proporcionando incentivos aos seus colaboradores,
como fonna de obtenc;aode produtividade e lucro.
2.0RGANIZACAO
2. I. CONCEITO
Kanaane, 1997, descreve Organiza<;ao como um sistema integrado de
subsistemas interdependentes e intercambiilVeis, identifica as rela<;oes de pader e
autoridade, 0 sistema de comunica<;ao. 0 processo de lideranc;a, 0 c1ima. a cultura, a
estrutura organizacional e os sistemas administrativos. Confonne descrito, a
organizac;ao nada mais e que urn sistema social mente estabelecido atraves de Lim
conjunto de valores que sao criados peJas pessoas que se envolvem, dircta au
indiretamente, denteo da empresa/organiz3<;ao.
Pode ser entendido tambem como um conjunto de rela<;oes entre componcntes
de um sistema que permitem classifica-Io como scndo de um determinado tipo - modo
como esta atualizado 0 sistema.
2.2. CLlMA E CUL TURA ORGANIZACIONAL
Maneira, positiva ou negativa, como os colaboradores, influenciados por fatores
internos ou externos it organizayao, percebem e reagem nUITIdeterminado momento,
ao conjunto de variaveis e fatores como as politicas, os procedimelltos, usos e
costumcs existentcs e pr(ltic<ldos peJa orgDlliz<l9ao. 0 clima organi7.(lcinnal nada mnis e
10
do que a empresa/organiza~ao se adaptar as necessidades dos funciomirios Ilum ambito
de rela<;oes interpessoais. E importante, pois propicia satisfa<;:aoao funcionario que,
estando satisfeito, torna-se motivado, deixando 0 c1ima organizacionai agradavel,
aumentalldo a eficacia e produtividade do scrvi<;o e da empresa.(Alessandra Barros,
art. Clima Organizacional, 10/10105).
Cultura e c1ima organizacionai sao ferramentas de pesquisa utilizadas na gestao
organizacionai fundamentais para medirem 0 nivel de satisfa<;:aoe comprom isso dos
colaboradores para com a organiz8<;:8o. ldentifica-se as areas de excelencia, areas
representando riscos potenciais e as oportunidades de melhoria no modele de gestao de
recursos human os. 0 clim8 na organizac;ao impacta na rentabilidade, produtividade e
nos resultados financeiros da empresa. (Maria da Gra,as de Pinho, 1999, p. 55).
A cultura organizacional tem vida propria e constitui uma das dimens5es da
organizac;ao. E toda cultura e apreendida, transmitida e partilhada. Para alguns
estudiosos a cultura organizacional exprime a identidade da organizaC;30, resultante de
um sistema de sigllificac;oes que atua como Jigac;ao entre todos os membros, em torno
de objetivos comuns. Nao se dissociando do clima organizacional, forma 0 palco do
"discurso social comum" em que se reafirmam ideias recebidas, gestos, hist6rias,
mitos e ritos em vigor. (Henry, 1998, p.176).
A General Motors do Brasil caracteriza-se pela manutellc;ao de uma cultura
organizacional que remonta a epoca da sua fUlldac;ao,ha 75 anos. Na verdade, desde 0
inicio, a empresa tratou de conhecer 0 seu chao para adequar metodos e diretrizes
norte-americanas ao jeito brasileiro de ser. 0 modela da famflia GM au dos "teams"
II
de trabalho, por exemplo, eram boas solw;5es americanas de convivencia social e
rela,6es de trabalho.
Ajusladas ao cspirito brasilciro, aqui tambem deram bons fnllOS na consolida~50d:ls rcla~oes com a comunidade e 00 dcscnvolvimcnto do trabalho em equipe. NessccsfolYo de adaplar;iio, ate alguns excessos foram comctidos, com urn cenopatcmalismo inicial nas rela<;:Ocs enlre a cmpresa e seus cmprcgados -compreensivel, de resto, no contexto sociocconomico e cultural do pais
primciras decadas do scculo. (GENERAL MOTORS DO BRASIL -1995)
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3. TRABALHO
3.1. H1STORlCO
Segundo a etimoiogia, a palavra traballlO vem do vocabulo latina tripaliare, do
substantivo lripalium, instrumento de tortufa composto de tres paus, gerando a ideia de
"sofrimento" que passou a "esfon;:ar-se", "Iutar" e, enfim, "trabalhar". (LAROUSSE
CULTURAL, 1998, p.5843).
Na atualidade, 0 trabalho, para alguns, significa meio de sustento para si e sua
familia, para outros, saude mental ligada ao arnor-proprio. Ainda, para alguns povos, 0
trabalho e vista como castigo, estanda sempre ligado a uma visao negativa.
Arallha e Martins (2002) contam que ja oa Biblia, em Genesis, Adao e Eva, per
conta do "pecado", foram expulsos do Paraiso, ficando condenados ao trabalho do qual
sobreviveriam do "suor do seu rosto". Para a lllulher, Eva, coube 0 trabalho do parto.
Sendo assim, de acordo com a Biblia, 0 trabalho e visto como castigo. dentro da teoria
criacionista que serve para redimir todos as "pecados".
Ainda na antiguidade, na Grecia, 0 trabalho manual era desvalorizado par ter
sido fcito pelos escravos, sendo a atividade tearica a mais digna do homem, a essencia
fundamental de todo ser racional.
Santo Tomas de Aquino, na Idade Media, procurou dar equivalencia aos
trabalhos, reabilitando 0 trabalho manual, mas a constrw;ao tearica do pensamento,
tende a valorizar a atividade contemplativa.
Na Idade Modema, a situal;30 vai mudando. Cresce 0
mecanicas e pelo trabalho, tendo em vista a ascensao dos burgueses, que eram
descendentes de servos e/ou escravos que trabalhavam para comprarem sua liberdade,
posterionnente, dedicando-se ao comercio, os quais tinham uma outra visao do
trabalho.
A recem-nascida burguesia, a procura de novos rnercados, estimula, entao, as
navega<;oes, cujos os grandes empreendimentos maritimos resultam na descoberta do
Novo Mundo, epoca em que a necessidade de controlar 0 tempo e os espal;o faz com
que sejam aprimorados 0 rel6gio e a bussola. E aperfeil;oada a tinta e 0 papel.
Gutemberg invellta a imprensa; Pascal inventa a primeira maquina de calcular;
Torriceli, 0 barometro; surge 0 Tear Mecanico. Galileu gosta da ideia e valoriza a
tecnica, fazendo nascer duas novas ciencias, a Fisica e a Astronomia.
A maquina fascina a mente do homem. A vida social e economica mudam,
ocasionando a passagem do feudalismo para 0 capitalismo e 0 aperfei<;oamento das
tecnicas, gerando amplia9ao dos mercados e acumula<;ao de capital, pemlitindo a
compra de novos maquinarios e aquisi9ao de mais materias-primas.
Familias dispoem de seus instrumentos de trabalho e vendem seu lTabalho em
troca de saJario. Com 0 aumento da produ9ao, os trabalhadores sao submetidos a uma
nova ordem, sao estabelecidos honirios e rHmos de trabalhos.
No seculo XVIII ocorre a mecaniza<;ao no setor textil na Inglaterra e aparece a
maquina a vapor, aumentando a Produ9aO de tecidos.
No seculo XIX, apesar do progresso, come9am a aparecer a desigualdade social,
a exp\ora<;ao do trabalho e das condi90es subumanas de vida, jornadas extensivas de
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trabalho (entre 16 e 18 haras de trabalho), a inexistencia de ferias, de aposentadoria,
auxilio doenc;a au invalidez. Havia explorac;ao do trabalho de mulheres e crianc;as,
condic;oes insalubres de trabalho, sem luz, sem higiene, sem remunerac;ao adequada.
Os trabalhadores viviam mal alojados e em promiscuidade. Surgcm, entaD, os
movimcntos socialistas e anarquistas que visavam mudar essa situac;ao. No final do
secuio, Emile Durkheim estuda detalhadamente sellS aspectos socio16gicos.
Em meados do seculo XX surge a sociedade pas-industrial, a socioiogia do
trabalho, ocorrenda a divisao do trabalho que obedecia a criterios biol6gicos, senda
distribuidas tarefas de acordo com a idade, sexo e fOrl;a fisica (LARROUSE
CULTURAL, 1998, p.S726). Essa sociologia assume caracteristicas internacionais
com 0 surgimcnto do mercado mundial, 0 colonialismo e 0 capitalismo, sendo
acentuada em ritmo crescente na manufatura e na ffl.brica, 0 que fez com que Adam
Smith considerasse a divisao do trabaJho fundamental para a economia.
A soci%gi(1 do IraballlO, surgiu no sec. XX, mas seus prim6rdiosrClllonlam ao sec. XIX, especia1mcTlIc com a pesquisa de VilIcmlc,Relt/lorio sobre 0 e:"/ado fisico e /IIoral clos openirios (1840), c com Irespcnsadores quc romeceram it socio1ogia do Irabalho seus modc1os: KarlMarx, Max Wcber c Emile Durkhcim. (Tres lendencias principais nascerampouco depois: In) a cscola da orgunizu((uo cienlifica do lrabalho (OCT),representada por F. W. Taylor c Henry Fayol; 2°) a cscola das rela~oeshumanas, reprcsentada por Elton Mayo (Tlte Hwmlll Problems of na(mIlls/rial Ci\'ilisalioll, 1933), F. J. Roelhlisbergcr c W. Dickson(Mt/flt/gemelll (l/ld lite Worker; 1939); 3°) a sociologia das organiza~ocs,rcprcsentada por Robert K. Menon (Social TlteO/y and Social SIn/clIlre,1949), A. Gouldncr (Pat/erns of Illdustrail Bureaucracy, 1954); P. Sclznick(Leadership ill Admini:"lralioll, 1957). Na Fran~a, os trabalhos maismarcantes saos os de G. Friedman, P. Naville e A. Touraine. No Brasil,dcslaca-sc a obra de Roberto Simonsen. (LARROUSE CULTURAL, 1998,p.5726)
15
3.2. DlA DO TRABALHO
Na maioria dos paises industrializados, comemora-se 0 Dia do Trabalho no dia
lOde maio, quando celebra-se a figura do trabalhador. 0 que poucos sabem e como se
originou essa comemora<;:ao.
Em 1° de maio de 1886, iniciou em Chicago - EUA uma serie de manifesta<;:5es
que se estenderam ate 0 dia 4, dia em que resulteu nUITI violento conflito com a policia,
o qual deixou varios feridos e mortos. Ern cOl1seqliencia, aita anarquistas foram presos
e condenados a malie: quatro morreram 11a [orca, urn suicidou-se e tres foram
perdoados.
Nos Estados Unidos, desde 1894, comemora-se 0 Dia do Trabalho na primeira
semana de setembro.
3.3. CONCEITO DE TRABALHO
Para Davies e Shackleton (1977), 0 Trabalho e 0 meio pelo qual sao produzidos
os bens e servi<;:os que a sociedade deseja, destacando a natureza instrumental do
mesmo.
Mais detalhadamente, Neff (1968) define 0 Trabalho como atividade
instrumental executada por seres humanos, cujo objetivo e preservar e manter a vida, e
que e dirigida para uma alterayao planejada de certas caracteristicas do meio-ambiente
do homem.
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O'Toole (1973) define 0 Trabalho de uma forma mais ampla: e uma alividade
que produz alga de valor para outras pessoas.
Adam Smith elaborou 0 conceito de Trabalho que, posteriormente foi
desenvolvido por Marx.
Sendo condi.;:ao eminente a existencia humana, desde suas fannas mais
rudimentares, esta relacionado com 0 desenvolvimento de tecnicas e caracterizado por
sua divisao. Assumiu configurac;oes socio16gicas diferentes, con forme as rela<;oes e as
modos de prodw;ao. Era exercido de fanna coletivista e solidaria nas sociedadcs
tribais. Depois, com as peculiaridades proprias as diversas sociedades e epocas
hist6ricas, assumiu as fannas de escravidao, servidao e trabalho assalariado. Enquanto
no escravismo e no feudalismo 0 trabalho sofria uma coen;ao extra-economica,
sancionada pela lei; no capitalismo, 0 trabalhador sofre uma coen;ao puramente
economica, pois e juridicamente livre para contratar com um empresario a venda de
sua fon;a de trabalho por urn prazo detenninado. Com a RevoJU(;:aoIndustrial, surgiu 0
1l10demo proletariado que criou os sindicatos e impos limita90es crescentes ao
liberalismo no ambito das rela~oes trabalhistas. Surgiram tambem os movimentos
politicos inspirados pelo comunismo e peJo marxismo, ligados aos trabalhadores.
Tecnologicamente, 0 trabalho evoluiu do artesanato para a manufatura e para a
fabrica, distinguindo-se peJa eleva<;ao constante da produtividade mediante 0 emprego
de processos cada vez mais complexos e sofisticados de rnecaniza9ao e de autol11a~ao.
(LARROUSE CULTURAL, 1998, p.5725).
o trabalho, certamente, serve para inumeras furwoes ao ser humane agregando
ao seu carater 0 amor-pr6prio sob duas formas: atraves do trabalho 0 homem, aqui
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c1assificado de uma fanna geraJ, homens e lTIulheres, nao senda evidenciado
simples mente a especie mascuiina, adquiri dominic sabre si mesmo e sabre 0 meio
que vive. (id.ib, 1998, p. 5726).
3.4. CIPA - Comissao Interna de Preven,ao de Acidentes
A Comissao Intema de Preven,ao de Acidentes (CIPAR) foi aprovada pela
Portaria n° 3214, de 08 de junho de 1978, que tem como objetivo a identifica,iio de
riscos e a prevenc;ao de acidentes e doen<;3s decorrentes do trabalho, de modo a tamar
compativel, pennanentemente, 0 trabalho com a preservac;ao da vida e a promoyao da
saude do trabalhador.
A CIPA e fannada por representantes do empregador e dos empregados, de
acordo com 0 dimensionamento previsto, ressalvadas as altera<;5es disciplinadas em
atos normativos para setores econ6micos especificos.
A CIPA tern por atribuiyao identificar as riscos do processo de trabalho e
claborar 0 mapa de risco, com a participayao do maior numero de trabalhadores, com
assessoria do Serviyo Especializado em Engenharia de Seguranya e Medicina do
Trabalho (SESMT).
o Mapa de Risco e uma representayao grafica de um conjunto de fatores
presentes nos locais de trabalho, capazes de acarretar prejuizos it saude dos
trabalhadores: acidentes e doen<;as de trabalho. Tais fatores tem origem nos diversos
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elementos do processo de trabalho (materiais, equipamentos, instala90es, suprimentos
e espayos de trabalho) e a forma de organiz39ao do trabalho (arranjo fisico, ritmo de
trabalha, metoda de trabalha, pastura de trabalha, jamada de trabalha, tumas de
trabalho, treinamento, etc.)
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4. RESPONSABILIDADE SOCIAL
4.1. CONCEITO
Segundo 0 Instituto Ethos, Responsabilidade Social e uma nova maneira de
conduzir os neg6cios da empresa, tomando-a parceira e co-responsavel pele
desenvolvimento social, englobando preocupacyoes com urn publico maior (acionistas,
funciomirios, prestadores de servi90, fornecedores, consumidores, comunidade,
govemo e meio-ambiente).
Gleise Hoffmann (revista Fae, 2004) afirma que, Responsabilidade Social
nunca se esgota, pais sempre ha alga a se fazer, sendo um processo educativo que
evolui com 0 tempo. As empresas podem desenvolver projetos em diversas areas, com
diversos publicos e de diversas maneiras.
A ctica e a base da Responsabilidade Social e se expressa atraves dos princfpios
e valores adotados pel a organizac;ao, sendo importanle seguir uma linha de coerencia
entre a95.0e discurso.
Segundo Levek (2004), e urn equivoco pensar que apoiar e desenvolver projetos
sociais ja transforma uma empresa em uma entidade socialmenle responsavel.
A "Responsabilidade Social" tem side usada pelo marketing como base para se
construir uma organiza,ao de sucesso. Qualquer problema nos procedimentos, que sao
cnglobados pclo conccito, rcpcrcutirao na comcrcializa~ao enos rclaciolHllncntos cia
20
organizaC;30 au do setar com a comunidade. Os mercados globalizados ampliaram as
problemas de deslizes na Responsabilidade Social. (BERNT ENTSCHEV, art.
Profissao & Sucesso - Empregabilidade Hoje, 2004)
o mais modemo na Respollsabilidade Social e que ela transcende a simples
prodw;ao, como antigamente, e envolve conceitos como 0 trabalho infantil, cuidados
com os animais e agressao ao meio ambiente.
Segundo Cortez (2004), estamos na nova era do corporativismo empresarial,
per isso cresce a relevancia e a necessidade das organiz3c;:oes em terem uma palitica
social mais transparente, a flID de maximizar nao apenas 0 luero, como era 0
pensamento de muitas instituic;:5es em um mundo tao globaJizado, mas tambem
maximizar a bem-estar da comunidade em gera!.
Esse bem-geral reflete uma situac;ao que, direta ou indiretamente, melhora 0
contexto em que a organiza~ao esta inserida, causando impacto, inclusive, no potencial
economico, 0 qual e urn 6timo fator para 0 crescimento tambem da respectiva
organiza~ao. Uma amostra da importiincia desse contexto social esta no conceito de
papel social de uma empresa, 0 qual se respalda na inten~ao de agregar it sociedade
bens e valores, atraves da presta~ao dos seus servi~os. Infelizmente, muitos ainda
confundem Responsabilidade Social com filantropia. Ser socialmente responsavel faz
parte de uma conjuntura ITIliitomaior, cuja essencia e a forma com que a empresa trata
seus ·;stokeholders ", valorizando seus relacionamentos e a atuac;ao dos seus
colaboradores.
21
Responsabilidade social esta ligada a missao, visao, valores e cren~as. Portanto,
diretrizes sao sempre moldadas nas fronteiras dos elementos da cultura organizacional,
a qual possui forte compromisso com a etica e a melhor integra<;ao de todas as pessoas
que se rclacionam direta ou indiretamente com a cmpresa.
Vale atentar na relevancia das 390es sociais da empresa, desde que se tenha um
compromisso de continuidade e sustentabilidade das mesmas. Ou seja, quando se quer
ajudar urn detenninado publico-alva, deve-se contribuir para que essa melhoria
perdure e prolifere.
4.2. ETICA E QUALIDADE NAS RELA(;:ClES
A atuay30 baseada em principios eticos e a busca de qualidade nas rela<;oes sao
manifesta90es da responsabilidade social empresarial. Numa epoca em que os
neg6cios nao podem mais se dar em segredo absoluto, a transparencia passou a ser a
alma do neg6cio: tornou-se urn fator de legitirnidade social e um importante atributo
positivo para a imagem publica e reputac;ao das empresas. E uma exigencia cada vez
mais presente a adoc;ao de padroes de conduta etica que valorizem 0 ser humano, a
sociedade e 0 meio ambiente. Relac;6es de quaJidade constroem-se a partir de valores e
condutas capazes de satisfazer necessidades e interesses dos parceiros, gerando valor
para todos. Empresas socialmente respol1saveis estao mais bem preparadas para
assegurar a sustentabilidade em longo prazo dos neg6cios, par estarem sincronizadas
22
com as novas dinamicas que afetam a sociedade e 0 mundo empresarial. 0 necessaria
envolvimento de tada a organiz3c;ao na pnltica da responsabilidade social gera
sinergias, precisamente com as publicos dos quais ela tanto depende, que fortalecem
seu desempenho globa\.
A empresa e social mente respons8vei quando vai alt~mda obrigac;ao de respeitar
as leis, pagar impastos e observar as condi<;oes adequadas de seguranC;3 e saude para
os trabalhadores, e faz isso por acreditar que assim seni uma empresa melhor e estara
contribuindo para a constrw;:ao de uma sociedade mais justa.
A pnitica da responsabilidade social revela-se intemamente na constituic;ao de
um ambiente de trabalho saudavel e propfcio it realizac;ao pro fissional das pessoas. A
empresa, com isso, aumenta sua capacidade de recrutar e manter talentos, fator chave
para seu sucesso. (LEVEK, Revista Fae Business, 2004)
A competic;ao acirrada torna vital a fidelizac;ao dos consumidores e clientes, que
tcm cada vez mais acesso it infonnac;ao e it educac;ao. A adoc;ao de um comportamento
que ultrapassa as exigencias legais agrega valor it illlagem da empresa, aUlllentando 0
vinculo que seus consumidores e c1ientes estabelecem com ela.
A elllpresa demonstra sua responsabilidade social ao comprometer-se com
programas sociais voltados para 0 futuro da comunidade e da sociedade. 0
investimento em processos produtivos compativeis com a conservac;ao ambiental e a
prcocupac;ao com 0 usa racional dos recursos natura is tambcm tern importante valor
simb6lico, por serem de interesse da empresa e da coletividade.
23
Com iniciativas desse tipo, a empresa revela sua crencya no preceito de que 56
uma sociedade saudavel pode gerar empresas saudaveis.
4.2.1 FOCADA PARA 0 CLIENTE INTERNO
Rink, revista Fae Business - 2004, argumenta que a responsabilidade social,
para l11uitos empresarios, passa pela questao da obtencyao de certificados de padrao de
qualidade e de adequ89ao ambiental confonne preve as normas, ISO, entendidas como
garantia para concorrer dentro do mercado competitivD nacional e/ au internacional e
ainda erial' uma imagem de uma empresa que contribui para a desenvolvimento do
pais por mcio de melhoria da qualidade de vida dos cidadaos.
o aspecto ligado a saude e seguranCY8 dos trabalhadores como requisito basico e
fundamental para a aplica9ao de responsabilidade social dentro das empresas e para
que isso seja bern elaborado e necessario conhecer as condi.yoes de vida dos
trabalhadores, enfocando os aspectos socioeconomicos, de seguran9a e de saude no
trabalho.
A saude e seguran9a dos trabalhadores, como fatores para a responsabilidade
social, significam na verdade: urn ambiente de trabalho livre de todos os riscos que os
acompanham para que lodos os funcionarios possam trabalhar com um minimo de
respeito e dignidade.
24
4.2.2. RESPONSABILIDADE SOCIAL FOCADA NO BRASIL
Segundo informa<;:5esdo Instituto Ethos, responsabilidade social empresarial e
urn tema de grande relevancia nos principais centros da economia mundial. Nos
Estados Unidos e na Europa, proliferam os fundos de investimento fonnados por a<;:oes
de empresas socialmente responsaveis. 0 Sustain ability fndex, da Dow Jones, por
exemplo, enfatiza a necessidade de integra<;:ao dos fatores econ6micos, ambientais e
sociais nas estraH~gias de neg6cios das ernpresas. Nonnas e padroes certificaveis
relacionados especificamente ao tema da responsabilidade social, como as nOflTIaS
SA8000 (relal'oes de trabalho) e AAIOOO (dialogo com partes inleressadas), vem
ganhando crescente aceitac;;ao.
No Brasil, 0 movimento de valorizac;;ao da responsabilidade social empresarial
ganhou forte impulso na decada de 90, atraves da ac;ao de entidades nao
governamentais, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas para a questao. a
trabalho do Institulo Brasileiro de Analises Sociais e Economicas - IBASE na
promoc;ao do Balanc;o Social, e uma de suas expressoes e tern logrado progress iva
repercllssiio.
A obtenc;ao de certificados de padriio de qualidade e de adequac;ao ambientai,
como as nonnas ISO, por centenas de empresas brasileiras, tambem e outro sfmbolo
dos avanc;os que tem side obtidos em alguns aspectos importantes da responsabilidade
social empresarial.
25
A atua<;ao incansavel da Funda<;ao Abrinq pelos direitos da crianc;a. pel a
erradicacyao do trabalho infantil e a adoC;3o do sela Empresa Amiga da Crian<;a por
numero expressivQ de empresas sao exemplos vivos do pader transformador da
iniciativa privada.
As enonnes carencias e desiguaJdades sociais existentes em nosso pais dao a
responsabilidade social empresariai relevancia ainda maior. A sociedade brasileira
espera que as empresas cumpram urn novo papel no processo de desenvolvimento:
sejam agentes de uma nova cuitura, sejam atores de mudanc;a social, sejam
construtores de uma sociedade rnelhor.
26
S. QUALIDADE DE VIDA
5.1 CONCE1TO
Segundo a OMS - Organiza,ao Mundia1 da Saude, Qualidade de Vida significa "a
percep~ao do individuo de sua posic;ao na vida no contexte da cultura, sistema de
valores nos quais ele vive e em relac;:ao aos seus objetivos, expectativas, padroes e
preocupac;oes" .
"[ ...] os objetivos nao podem ser medidos atraves do ba1an,o dos bancos. E1es s6
podel11 ser medidos atraves da qualidade de vida que proporcionam as
pessoas".(Lyndon Johnson, 1964). 0 entao presidente dos Estados Unidos, Lyndon
Johnson foi 0 primeiro a utilizar a expressao Qualidade de Vida.
Inicialmente, a questao qualidade de vida era merito dos cientistas socia is,
fil6sofos e politicos os quais preocupavam-se com a diminuh;ao da mortalidade e
expectativ8 de vida.
Nao hit lima receita para se alcan<;:ar um padrao de qualidade de vida, contudo
existem metodos para reestruturar urn estilo de vida saudavel, buscando 0 equilfbrio
entre as diferentes areas da vida.
o Psic61ogo Edson Sa Borges diz: "[ ...] Conseguirmos equilibrar a nossa
disponibilidade e dedicay30 ao trabalho, bem como um espayo importante para nossas
relac;5es afetivas com familiares, pessoas que amamos e nossas 3mizades pode se
constitllir nllllla boa maneira de tentannos viver melhor. Tambem seria bom nao
27
negligenciannos 0 lazer, ja que ele pode ser uma importante fonte de reabastecimento
fisico e mental para 0 enfrentamento das exigencias e dificuldades que surgem pela
frente."
A verdade e que a qualidade de vida envolve fatores as quais estao relacionados
entre si, devendo atentar-se para suas caracteristicas:
• Dominic Psico16gico - sentimentos positivQs, pensar,
memoria, concentrac;ao, auto-cstima, imagem corporal e apan!I1cia,
scntimentos negativQs, nivel de independencia, mobilidade, atividades da
vida cotidiana, dependencia de mcdicac;:ao e capacidade de tTabalho;
• Rcla<;5es Sociais - rela<;6es pessoais, apoio social e atividade sexual;
• Ambiente - seguranc;:a fisica e protec;:ao, ambiente no lar, recursos
financeiros, cuidados de saude, oportunidades de adquirir novas
informac;oes e habilidades, recreac;ao, lazer, ambiente Fisico e transporte.
o comportamento humane foi objeto de analise por Taylor, quando enunciava
os principios da Administra9ao Cientifica. A diferenc;a entre Taylor e Maslow e que 0
primeiro somente enxergou as necessidades basicas como elemento motivacional,
enquanto 0 segundo percebeu que 0 individuo nao sente, unica e exclusivamente
necessidade financeira.
Maslow apresentou uma teoria da motivaC;3o, segundo a qual as necessidades
humanas estao organizadas e dispostas em niveis, numa hierarquia de imporHincia e de
innucilcia, num8 pir5midc, em cuja base ('>;150 as I1cccssiclClclcsm"is baixas
28
(necessidades fisiologicas) e no topo, as necessidades mais elevadas (as necessidades
de auto realiza~iio)
Necessidades de auto-realiza<;ao I
Necessidade de status e estirna
Necessidades sociais (afeto)
Necessidades de seguran<;a I
Necessidades fisio16gicas
29
6. QVT QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO x
RESPONSABILlDADE SOCIAL
Segundo Conte, profissionais com qualidade de vida no trabalho sao mais
felizes e produzemmais. (FAE Bussines, n. 7, nov. 2003).
Nos liltimos anos, observamos empresas nacionais passarem por uma revoill(;ao
na produtividade. Segundo pesquisas apresentadas, recentemente, em revistas e
jomais, 0 Brasil foi 0 segundo pais em um ranking de aumento de produtividade na
decada de 1990, transfonnando a vida das pessoas, nos grandes centros uTbanos,
estabelecendo um ritmo de vida considerado alucinante, com excessivas haras de
trabalho e uma pressao constante para serem cada vez mais produtivas. 0 lado
profissional do individuo passou a seT 0 lado predominante, e 0 mesilla se sentiu
for~ado a seT um super-profissional nao poupando esfon;:os em jornadas de trabalho
acima de 12 horas diarias.
Na dccada de 1970, Guerreiro Ramos (1981) rediscutia a unidimensionalidade
humana, focada exclusivamente na Mica do mercado. 0 ritlno frenetico vai sendo
assimilado por lodos na sociedade e passa a ser um novo paddio de comportamento.
Trabalha-se aos sabados, domingos e feriados. Tudo parece ir bem ate que uma
ou mais das esferas da vida do individuo (familiar, social, fisica ...) passam a apresentar
problemas como, por exemplo; um filho drogado, um pedido de div6rcio, urn enfarte
ou outros problemas de saude. Nesse momento, ° super-profissionaJ desperta-se,
entao, para as outras dimens5es do ser humano e questiona-se: Como conciliar a
30
sitllQ(;GO de empresaria Oil funciol/aria de fangas jornadas diarias, com 0 papel de
esposa, mae e administradora do lar? Como conciliar as papeis de provedor
final/eelro do lar com 0 papel de pai, participando efetivamente da vida dos JUhas?
Essa situa~ao faz com que tenhamos a necessidade de retletirmos sabre
qualidade de vida e, principal mente, sabre qualidade de vida no trabalho, conhecida
como QVT.
A importiincia da Qualidade de Vida no Trabalho - QVT e fundamental, visto
que, simplesmente, passamos em n0550 ambiente de trabalho mais de 8 (aita) horas
por dia, durante pelo menos 35 (trinta e cinco) allos de nossas vidas, nos relacionando
com pessoas de tada especie.
A situa~ao inverte-se quando naa se trata mais de levar os problemas de casa
para 0 trabalho, e sim de ievanllos para casa os problemas, as tens6es, as frustrayoes,
os receios e as angustias acumulados, dia a dia, no ambiente de trabalho.
E um assunto importante a ser discutido, independentemente se 0 cenario
economico mostra recessao ou crescimento, perda de poder aquisitivo ou aumento do
desemprego.
Na decada de 1990, os autores Kaplan e Norton (1997) definiram 0 Balanced
Scorecard como uma forma de avaliar 0 desempenho da empresa em consonancia com
a missao, visao e valores. Os autores propuseram quatro perspectivas: financeira,
ciiellte, processos internos e pessoas. Nesse quarto criterio, que efetivamente e par
onde devemos come9ar, consta algo como qualidade de vida no trabalho.
E muito provcivei que funciomirios motivados, capacitados e bern remunerados
passem a ter um desempenho acima da media, reduzindo custo, apresentando melhores
31
soIuyoes aos clientes e gerando bons resultados, como desdobramento: maior
vitalidade financeira, que, mais do que nunea, pode significar a sobrevivencia da
empresa.
Mas vamos ao conceito e criterios para a qualidade de vida no trabalho.
Podemos conceitua-la como urn program a que visa facilitar e satisfazer as
necessidades do trabalhador ao descnvolver suas atividades na organiZ8yaO, tendo
como ideia basica 0 fato de que as pessoas sao mais produtivas quanta mais estiverem
satisfeitas e envolvidas com 0 proprio trabalho.
Feigenbaum (1994) entende que QVT e baseada no principia de que 0
comprometimento com a quaJidade ocorre de forma mais natural nos ambientes em
que os funcionarios se encontram intrinsecamente envolvidos nas decisoes que
influenciam diretamente suas atua90es.
Fernandes (1996) conceitua QVT como a gestao dinamica e contingente de
fatores fisicos, tecnol6gicos e s6cio-psicol6gicos que afetam a cultura e renovam 0
c1ima orgallizacional, refletindo-se no bem-estar do trabalhador e na produtividade das
empresas.
A QVT deve ser considerada como wna gestao dinamica porque as
organizayoes e as pessoas 111udamcOllstantemente; e e contingencial porque depende
da realidade de cada empresa no contexto em que esta inserida. Alem disso, POllCO
resolve atentar-se apenas para fatores fisicos, pois aspectos sociol6gicos e psicol6gicos
interferem iguahnente na satisfa9ao dos indivfduos em situa9ao de trabalho. Devemos
considerar tambem os aspectos tecnol6gicos da organiza9ao que, em conjunto com os
32
aspectos acima, afetam a cultura, interferindo no clim8 organizacional, refletindo na
produtividade e na satisfayao dos sells colaboradores.
A meta principal da QVT e a conciliac;ao dos interesses dos individuos e das
organiza<;5es, au seja, aD melhorar a satisfac;ao do trabalhador, melhora-se a
produtividade da empresa.
De acorde com Campos (1992), urn dos mais importantes conceitos dos
programas de qualidade esta na premissa de que somenle se melhora 0 que se pode
medir e, portanto, e preciso medir para melhorar. Assim, faz-se necessaria avaliar de
fanna sistematica a satisfac;ao dos profissionais da empresa, pais, nesse processo de
auto-conhecimento, 0 conhecimento das opini5es dos colaboradores sao uma
importante ferramenta para detectar a percep9ao dos mesmos sobre os fatores que
possam intervir na qualidade de vida e na organiza9ao do trabalho.
As questoes como 0 posicionamento do funcionario em reia9ao ao seu trabalho,
ao ambiente, as formas de organiza9ao do trabalho e it rela9ao chefia / subordinado sao
itens que nao podem deixar de ser avaliados.
A expectativa pessoal dos profissionais que, se as empresas esperam
quaiidade nos produtos e servi90s por elas oferecidos, a90es de QVT devem ser
incorporadas definitivamente no cotidiano das empresas.
Outra expectativa dos profissionais e a de que as empresas, ao conceberem um
programa de qualidade, percebam que 0 mesmo nao sera impiantado com sucesso se
nao houver um efetivo envolvimento e participa9ao dos colaboradores atuando com
satisfa9ao e rnotiva9ao para realizarem suas atividades. 1550 e qualidade de vida no
lrabalho que, conseqiientemenle, resulla em maior probabilidade de se abler qualidade
33
de vida pessoaJ, social e familiar, cmbora sejam esferas diferclltes e nelas se
descmpenhcm papeis diferentes.
Dentre as diversas emprcsas que aplicam a QVT, citamos a BS Colway Pneus
Ltda., cmpresa de pneus remoldados, par se tTatar de uma cmprcsa paranaense, com
sede em Piraquara, regiao metropolitana de Curitiba IPR. Sells colaboradores tern vista
na QVT uma chance de emagrecer 0 corpo e engordar a renda. as que seguirem a rise a
o Program8 de Saude OcupacionaJ - PSG, podem aumentar sua renda mensal em ate
R$ 200,00 (duzentos reais).
Segundo Simeao, Presidente da BS Co!way, tude acontcce na medida em que se
ohtem resultados positivQs. E necessaria emagrecer, ganhar condicionamento fisico,
massa muscular e sentir menDS dores fisicas. "Estatfsticas revelam que 40% dos
afastamentos funcionais sao motivadas par pequenas doen9as e mal-estar, como
gripes, dares nas costas, entorses e autras, que padem ser evitas par urn bam
condicionamenta fisica".
Os casas de faltas ao trabalho diminuiram e sao praticamente raras, a
percentagem dos funcianarias com algum tipo de lesao causada par esfor90s
repelitivos au rna postura diminuiu de 18% do quadro para 5,5%. "Oferecemos
atividade fisica especial, nao ginastica laboral. Todos estao com rnais animo, saude,
auto-estima e born humor", garante Ricardo Wallace das Chagas Lucas, coordenador
do PSO.
Para implementar 0 PSG, a empresa conta com gerenciamento da Associa9aO
Brasileira de Ergonomia (ABERGO).
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o Programa de Saude Ocupacional conta com uma equipe de quatro
fisioterapeutas, que oferece apoio direto a atividade fisica especial (muscula~ao
terapeutica empresarial), tres fisioterapeutas no ambulat6rio criado 113 propria
cmpresa, tn'!s fisioterapeutas que fazem a coordena<;ao, controle e pianejamento do
programa "Saude Vocal para 0 telemarketing, consultas medicas na propria empresa e
ambulatorio odontoI6gico", relata Lucas.
Os Colaboradores chegam a receber ate R$ 5,00 (cinco reais) por sessao de
gimistica. Sao tn~s por semana. Se nao faltarem, ganham um bonus de R$ 2,50 (dais
reais e cinquenta centavos) em cada sessao novamente. Ao alcan.:;arem resultados,
medidos pelos instrutores, acrescentam mais R$ 2,50 (dais reais e cinqlienta centavos),
ao valor a seT paga por sessao. "Alem disso, conferimos as visitas ao dentista e ao
medico para assegurar que os investimentos despendidos pela empresa estao sendo
absorvidos", comenta Lucas. Caso as empregados tcnham a carteira de saude do
cOllvenio em dia, com pelo menos uma visita sernestral ao medico e ao dentista,
ganham mais R$ 50,00 (cinquenta reais) par mes. au seja, a soma dessas visitas mais
cada l11eiahora de gimlstica pode reverter em R$ 200,00 (duzentos reais) mensais a
mais na rcnda de cada um, quase 0 valor Jiquido de um salario mini mo.
Segundo Meira, supervisor de Seguran<;a do Trabalho, os colaboradores
ganham qualidade de vida e integra<;ao com as dcmais: zeladores, porteiros,
executivos, entre outros, se conhecem e sao tratados da mesma fonna; aiem de sobrar
dinheiro para abastecer 0 carro e comer uma pizza.
Atitudes como essas partidas da empresa podcm causar estranheza aos
colaboraclores, mas atualmente mais de 80% demonstram orgulho e satisfa,ao em
35
pertencer ao quadro funcional da BS Colway Pneus. "A ginastica faz com que todos se
sintam melhor", garante Lizzie Gomes Beletti, analista administrativa de franquias, a
qual freqi.iellta a gimistica antes do honirio de trabalha, sentindo-se disposta durante
todo a dia.
Lucas, coordenador do PSG, afinna que a empresa tern cinco compromissos
quanta a gestao: Qualidade de Vida, Defesa do Meio A.mbiente, Defesa da Saude
Publica, Responsabilidade Social e Desenvolvimento da Cidadania.
Simeao, Presidente da BS Colway, finaliza dizendo que para evitar que tais
quesitos se transfonnassem apenas em compromissos de intenryao, a empresa as
materializou em programas conhecidos pela sociedade, quantificando seus resultados,
reduzindo a carga hOfaria de 44 horas semanais para apenas 36 horas, sem redw;ao de
salcidos. "as funcionarios podem assegurar-se de que a empresa reahnente se importa
com eles, 0 que os motiva a ajudar a alcan.yar as metas".
Nao podemos deixar de nOll1earas seguintes empresas que tambem aplicam a
QVT: Azaleia e a Produtos Roche Quimicos e Farmaceuticos S.A.
De acordo com a Edi.yao Especial da Exame - Voce SIA, 2005, citamos as 10
melhores empresas para se trabalhar, no que se refere a ambiente de trabaLho,
beneficios, remunera.yao, etica e cidadania, desenvolvirnento pro fissional e equilibrio
(trabalho e vida pessoal): Promon~ Todeschini, Credicard, Randon - Implernentos,
Zanini M6veis, Landis + Gyr, Serasa, Magazine Luiza, Multibras da Amazonia S.A. e
DPaschoal.
36
o que mais desejamos na vida e felicidade, busca 3ntiga do homem. Parem,
para seT feliz, e necessaria ter saude, satjsfa~ao consigo proprio e com seu trabalho.
Tuda isso compreende qualidade de vida.
E interessante avaliarrnos 0 conceito de empresa feliz apresentada pcr Matos
(1996), cujos valores sao muito proximos aos indicadores de QVT: aquela que oferece
as condi~aes motivadoras it plenitude da realiza<;:ao humana, au seja, urn c1ima
estimulador it participa<;:ao e it criatividade, canais abertos de cOlTIunicar;ao e
expressao, exercicio regular da deJegac;:ao de autoridade e do trabalho em equipe,
incentivos ao desenvolvimento da capacidade de lideranoya,reconhecimento ao esfon;o
empreendedor e a obtenc;:ao de resultados. Isto e, a empresa feliz e a empresa hem
administrada.
37
7. DlCAS E SUGESTOES PARA SE TER BOA QUALIDADE DE VIDA.
Segundo a Voce S/A (2005, ed. 87, p. 76), nao podemos tao somente culpar a
empresa pelas doen~as adquiridas durante nossa vida profissional, portanto, abaixo
seguem dicas para tamar 0 dia-a-dia menos estressante, evitando doenY8S.
• Fay8 atividade fisica pelo menos tres vezes por semana au, se passivel,
diariamente;
Invista em medita9ao au artes marciais, que ajudam a suportar as press5es
cotidianas;
Procure valvulas de escape para a pressao da rotina diaria. Pode seT uma
m8ssagem au uma sessao de acupuntura;
• Se as Conferences Call com executivos espanhois sao fante de preocupac;ao,
inscreva-se num curso de espanhol. Quanta mais capacitado voce estiver para
cllmprir suas fUI1yoes, mais autonomia tent e menos vai sofrer com 0 estresse;
• Se sua atividade pennitir, negocie flexibilidade de honirios com seu chefe.
Quem fica um caco pela manha pade sugerir uma jarnada que camece mais
tarde e acabe mais tarde tambem;
• Tenha um acompanhamenta medico anual para diagnasticar doen9as 0 mais
cedo possivel;
• Reconhe9a que 0 estresse e inevitavel e essencial. 0 importante e aprender a
lidar com ele;
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Aprenda a identificar as sinais de estresse (como respira<;ao mais rapida,
l11usculosmais tensos, pensamentos negativos, maos suadas ou frias).
"Em alguns momentos, e bom trabalhar estressado. Mas voce precisa saber ate
oode agilentar if e em que momento e essencial parar e recarregar as energias", diz
Ana Maria Rossi, presidente da ISOla Brasil.
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8. CONCLUSAO
"Gente Feliz da Lucro", esse e 0 terna de uma materia da Revista Voce S/A de
novembro/2005 e, atraves do trabalho apresentado, tomamos ciencia que algumas
empresas acreditam e exercem a filosofia de que se pode manter a motiva<;:ao dos
funcionarios sem abrir mao dos seus resultados.
Identificamos que empresas esUio investindo em seu capital humane
proporcionando urn ctimo ambiente de trabalha, gestao participativa, podendo
comprar ac;oes da empresa, negociar 0 proprio salaria e harflrio de trabalho, eJeger seus
dirigentes e participac;ao nas decisoes estrategicas.
Constatamos que empresas estao interessadas em promover a reaiiz3C;ao pessoal
e profissional de seus funciomirios, compartilhando infonnac;oes, conhecimentos,
conquistas e desafios, pais pessoas sao rnovidas a desafios, 0 salario vern como
conseqliencia.
Ernpresas estao valorizando seus talentos criando um ambiente atraente para
"mante-Ios", proporcionando jomadas flexiveis e trabalho em casa, especialmente
quanto se trata de profissionais mulheres. Todos os process os propostos sao
cuidadosamente avaliados pelo RH, identificanda os beneficios e desvantagens que
essas medidas proporcionam.
"Pessoas felizes geram clientes felizes e urn ambiente feliz" vivenciando dentro
da empresa a sociedade que gostariam de encontrar fora dela.
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De acordo com 0 que ja foi identificado neste trabalho, Qualidade de Vida no
Trabalho focada 118 Responsabilidade Social tem a ver com a saude, apoio it educa~ao
e a familia do Colaborador.
o equilibria entre 0 trabalho, vida pessoal e 0 meio em que vivemos e wn ponto
lTIuitoforte e esta senda valorizados por varias empresas, sem que as mesmas estejam
perdendo seus resultados positivDs.
41
9. REFERENCIAS
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