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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS CAMPO MOURÃO

COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS

MIRELE FERNANDES FERREIRA

ESTÁGIO SUPERVISIONADO

GELITA DO BRASIL LTDA

CAMPO MOURÃO 2013

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SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................... 4

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5

2 DESCRIÇÃO DA EMPRESA E PRODUTO ............................................................. 7

3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ............................................................................ 9

3.1 PROCESSAMENTO DA GELATINA ..................................................................... 9

3.2 COLETA DE AMOSTRAS DE GELATINA DE PRODUÇÃO E DE GELATINA

SECA ........................................................................................................................ 15

3.3 ÁNALISES FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS ..................................... 16

3.4 ANÁLISES DE ÁGUA E EFLUENTES ................................................................ 18

4 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 19

REFERÊNCIAS..........................................................................................................20

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RESUMO

O presente trabalho se caracteriza como um relatório de estágio,

desenvolvido na indústria Gelita do Brasil Ltda, localizada na cidade de Maringá -

Paraná, nos meses de fevereiro, novembro e dezembro de 2012. As atividades

desenvolvidas no estágio foram o acompanhamento do procedimento de coleta de

amostras; acompanhamento de análises físico-químicas de gelatina seca e de

produção e acompanhamento de análises de água e efluentes. O estágio

proporcionou aquisição de novos conhecimentos, a integração com pessoas e com o

ambiente de trabalho, e aplicação de conhecimentos teóricos obtidos no curso,

sendo assim, de extrema importância profissional antecedente à entrada no

mercado de trabalho.

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1 INTRODUÇÃO

Este relatório é resultado do estágio curricular obrigatório do curso de

Engenharia de Alimentos, desenvolvido na indústria Gelita do Brasil Ltda, fabricante

de gelatina.

A gelatina é uma proteína derivada da hidrólise parcial do colágeno animal,

contido em ossos e peles, principalmente de suínos e bovinos. O processo produtivo

de obtenção da gelatina consiste de três etapas: tratamento da matéria-prima,

extração da gelatina e purificação/secagem (SILVA et al., 2011).

A quantidade de gelatina usada no mundo inteiro da indústria de alimentos

aumenta anualmente. A produção mundial inteira de gelatina foi aproximadamente

326000 toneladas, onde 46% são provenientes de peles suínas, 29,4% de couro

bovino, 23,1% de ossos e 1,5 % de outras partes (TAVAKOLIPOUR, 2011).

A preparação industrial da gelatina envolve a hidrólise controlada para obter

a gelatina solúvel através de um dos métodos de tratamento (alcalino ou ácido) da

matéria-prima, seguido de desnaturação térmica que se obtém os diferentes tipos de

gelatina, com diferentes aplicabilidades em função da necessidade do mercado

consumidor e as espécies de matéria-prima e métodos aplicados para a extração.

Quando há a desnaturação do colágeno com o controle de temperatura, ocorre a

quebra em pequenos fragmentos e as triplas hélices são separadas umas das

outras, onde as massas molares variam em função do tipo de preparação e fonte da

matéria-prima (BORDIGNON, 2010).

Dois procedimentos diferentes são empregados na produção de gelatina.

Estes diferenciam-se no método usado para quebrar as ligações do colágeno. O

procedimento utilizado influencia nas principais propriedades da gelatina produzida.

Gelatinas obtidas por tratamento ácido são designadas do tipo A, enquanto que as

do tipo B são as obtidas por tratamento alcalino (SILVA et al., 2011).

Entre os hidrocolóides disponíveis, a gelatina é a mais popular e utilizada

largamente devido à suas propriedades funcionais interessantes, sendo produzida

em grande escala e a preços relativamente baixos. Comercialmente, a gelatina é

encontrada na forma de cristais de coloração amarelo-palha (BERTAN, 2003). Ao

lado da indústria de alimentos, a gelatina é também usada na medicina, indústrias

farmacêuticas e fotográficas (IRWANDI, et al., 2009). Na indústria de alimentos, a

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gelatina é usada como um ingrediente para aumentar a elasticidade, consistência e

estabilidade de produtos alimentícios, o que torna imprescindível que a mesma

apresente boas propriedades reológicas (BUENO, 2008).

No ramo farmacêutico a gelatina pode ser empregada na fabricação de

cápsulas duras ou moles, comprimidos, óleos, drágeas, esponjas medicinais, entre

outros tipos de produtos. No segmento fotográfico, é aplicada na confecção de

filmes, papéis fotográficos, microencapsulação e diversos materiais. Já no setor

industrial, é usada na produção de adesivos, abrasivos, capsulação de corantes

(GELITA DO BRASIL, 2012).

A indústria Gelita do Brasil é uma multinacional Alemã produtora de gelatina,

reconhecida mundialmente por ser a maior fabricante de gelatina de grau alimentício

e farmacêutica.

O objetivo desse relatório foi explanar as atividades realizadas no estágio

curricular, tais como o acompanhamento do procedimento de coleta de amostras;

acompanhamento de análises físico-químicas e microbiológicas de gelatina seca e

de produção; acompanhamento de análises de água e efluentes, além de

proporcionar experiência prática, aplicação dos conhecimentos adquiridos em

graduação, aprendizado de relacionamento no ambiente de trabalho, para que este

enriquecimento resulte em um profissional qualificado e apto para o mercado de

trabalho.

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2 DESCRIÇÃO DA EMPRESA E PRODUTO

Tipo de negócio/Localização

Fábrica de gelatina/Localizada na cidade de Maringá - Paraná. Rodovia

Maringá – Iguaraçu, Gleba Ribeirão, Km 9 - PR 317. CEP: 87010-465.

Produto ofertado

Gelatina seca, como matéria-prima para diversas finalidades.

Horário de funcionamento

As atividades são realizadas em três turnos, o primeiro turno se inicia 6:00

às 14:00 horas, segundo turno 14:00 às 22:00 horas e o terceiro se inicia às 22:00

com término às 6:00 horas.

Embalagem do Produto

A empresa comercializa seus produtos em embalagens de 1000 kg, em

sacos chamados big bags.

Disponibilidade de água

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A água utilizada pela empresa para o processo, limpeza, laboratório e

refeitório é obtida a partir de 7 poços artesianos.

Disponibilidade de energia

A geração de vapor, energia utilizada em fábrica, é obtida através da queima

de cepilho ou madeira na caldeira. Para os demais setores a energia é fornecida

pela Companhia Paranaense de Energia (COPEL).

Fornecedores de Matéria-prima

Os fornecedores de matéria-prima provêm de diversos estados do país

como Rio Grande do Sul, Acre, Rio Grande do Norte, entre outros, e também

importado de outros países como Argentina e Uruguai. A matéria-prima é

transportada em caminhões através de big bags.

Clientes

Indústrias farmacêuticas, alimentícias, fotográficas.

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3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

3.1 PROCESSAMENTO DA GELATINA

Figura 1 – Fluxograma de Processamento da Gelatina.

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O processo de fabricação da gelatina envolve genericamente as etapas de

tratamento da matéria-prima, extração, preparação e secagem. Cada produção

atende uma especificação e ordem de produção (OP), com variáveis diferentes de

acordo com exigências do cliente.

Recepção da Matéria-Prima

A matéria-prima utilizada é o couro bovino. O couro chega através de

caminhões onde seu peso é determinado. A pele é inspecionada e transportada aos

picadores para redução de tamanho. Após os picadores, a pele é transportada aos

tanques de tratamento alcalino ou diretamente ao tratamento ácido (esta variação

pode ocorrer de acordo com o tipo de gelatina solicitada na ordem de produção).

Tratamento Alcalino

O tratamento alcalino é chamado de Calado, nesta etapa a pele picada é

tratada em solução de soda cáustica (NaOH) e/ou cal [Ca(OH)2], por

aproximadamente 7 dias. Durante esta etapa, a solução cáustica promove a quebra

das ligações secundárias da estrutura do colágeno, causando a saponificação da

gordura e a eliminação de proteínas albuminosas. Durante o tempo de tratamento, o

material é diariamente agitado com ar comprimido. O pH é mantido entre 11,5 – 13,5

e a temperatura entre 14 e 25ºC. O tratamento é realizado em tanques individuais

(com volume de 140 m3) com capacidade para 60 toneladas de couro. A origem da

matéria-prima de cada tanque (fornecedor) é identificada e registrada juntamente

com outras informações do processo.

Tratamento Ácido

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Após o período requerido, a matéria-prima é bombeada até os tanques de

lavado. Tanques de aço inox com agitador horizontal são utilizados nesta operação,

com capacidade para 35 toneladas de couro. Durante o período de lavado, a

matéria-prima é tratada com peróxido de hidrogênio, ácido sulfúrico, água ácida e/ou

água limpa. O peróxido de hidrogênio tem a função de branqueamento do couro, e a

lavagem com água ácida tem função de diminuir o pH vindo do tratamento alcalino.

Nesta etapa a soda cáustica é eliminada, assim como o material não-colagênico

liberado no tratamento alcalino. O pH varia de 1,1 a 13,5 e o tempo total de lavagem

está entre 30 e 50 horas.

Após receber o tratamento, o couro já com as ligações enfraquecidas segue

para extração contínua, para que a gelatina possa ser extraída. Nesta etapa há lise

por tratamento térmico.

Extração

Após a etapa de lavado, a gelatina é extraída utilizando-se água quente (55-

90 ºC) em tanques de aço inox. Nesta etapa, o pH e a temperatura são controlados.

Silos alimentam os extratores com o couro na parte superior, e a água entra pela

parte inferior, e verticalmente sai gelatina à concentração de 2 a 4%. A gelatina

passa por um trocador de calor para que diminua sua temperatura a

aproximadamente 48ºC, para que não ocorra a degradação da gelatina. Ao final do

extrator, há filtros peneira onde passa gelatina e retêm impurezas e fibras. O

processo de extração dura em torno de 4 horas. A gelatina extraída é enviada para

um tanque pulmão da extração, que alimentam as centrífugas. Não são adicionados

produtos adicionais nesta etapa do processo.

Centrifugação

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A solução de gelatina é bombeada para as centrífugas para a remoção de

materiais leves e pesados (gordura e fibras). Após aproximadamente 15 minutos faz-

se automaticamente a limpeza das centrífugas para o descarte dos resíduos.

Primeira Filtração

A primeira filtração é realizada em filtros prensa. A temperatura é mantida

entre 50-60 ºC e o pH entre 2,0 e 4,0. A gelatina passa por 26 filtros de celulose,

filtrando a gelatina, e retendo as impurezas. A gelatina sai em uma concentração de

2%. Após o tempo de 8-12 horas as polpas de celulose utilizadas são substituídas

por polpas limpas.

Ultrafiltração

A gelatina filtrada segue para um sistema de membranas para a remoção da

água. Os filtros utilizados são membranas, que através do peso molecular consegue

reter água, esta eliminada por um orifício, e filtrando a gelatina. A água retida é

praticamente uma água limpa, que é utilizada na limpeza da fábrica.

Deionização

Após, a solução de gelatina é deionizada para a redução de sais e cinzas no

produto final. A deionização ocorre em leitos com resina aniônica e/ou catiônica

(dependendo do tipo de produção), objetivando remover íons através de sua

interação com as resinas carregadas. Primeiramente, a gelatina passa pelo tanque

catiônico, que faz a troca iônica com os ânions, ou seja, a resina carregada

positivamente se liga aos ânions. Seguindo para o tanque aniônico, que se ligam

aos cátions.

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Ao final desta etapa, a resina fica descarregada, devendo ocorrer a sua

regeneração. Para as resinas aniônicas a regeneração é feita com solução de soda

e para as catiônicas com solução de ácido clorídrico. Após esta etapa, o pH da

gelatina é corrigido para 5,0 a 8,0 com soda/amônio ou ácido

clorídrico/sulfúrico/acético.

Segunda Filtração

A gelatina segue para a segunda filtração, novamente com tortas de celulose

retendo sujidades. A concentração nesta etapa está em torno de 8 a 25 %.

Evaporação falling

A concentração ocorre em evaporadoras tipo tubo, a concentração final da

gelatina fica entre 14 e 25%. A temperatura varia de 50 a 92 ºC e o pH de 5,0 a 8,0.

O vapor passa por dentro dos tubos, e a gelatina por fora, evaporando a água e

concentrando a gelatina e saindo condensado.

Esterilização/Evaporação Spiral

A solução de gelatina concentrada é esterilizada termicamente (injeção de

vapor direto) com temperatura maior ou igual a 140ºC durante um tempo mínimo de

5 segundos. Logo, passa pela evaporadora do tipo espiral, nesta etapa a

concentração da gelatina sobe para 25 a 34%.

Preparação

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Nesta etapa, em tanques de aço inox, adiciona-se Hidrogenossulfito de

Sódio e/ou Peróxido de Hidrogênio (considerados como conservantes e

branqueadores) à solução de gelatina para reduzir o efeito da reação de Maillard. O

pH é ajustado para 4,5 a 6,5 com ácido cítrico. A temperatura durante esta etapa

pode variar entre 40 e 55ºC.

Gelificação

O tanque preparado e carregado segue para a gelificação em equipamentos

chamados votators, que são na verdade trocadores de calor. A gelatina líquida

ganha forma de espaguete devido a extrusão em contato com amônia pressurizada

a -4ºC.

Secagem

Por meio de esteiras transportadoras, a gelatina extrusada segue para a

secagem. Há 3 túneis com várias seções, assim a gelatina atravessa as diversas

seções do túnel e a temperatura sobe gradativamente de 35 a 75ºC e o tempo total

de secagem é de 3 a 4 horas.

Moagem/Mistura/Embalagem

A gelatina seca é moída e misturada. Nesta etapa, a gelatina passa através

de grades magnéticas e detector de metais e também por uma peneira rotativa, que

por meio do vácuo retira pós-finos da quebra da gelatina.

Para o envase, a gelatina passa por peneiras e de acordo com a

granulometria exigida são embaladas em big-bags de 1000 kilos.

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3.2 COLETA DE AMOSTRAS DE GELATINA DE PRODUÇÃO E DE GELATINA

SECA

A gelatina durante o decorrer do processo é chamada gelatina de produção

ou gelatina de planta e a gelatina do fim do processo, pronta para ser embalada, é

chamada gelatina seca ou lote.

A gelatina de planta é coletada diariamente e periodicamente para análise

de viscosidade. A gelatina seca é coletada a partir de todos os lotes produzidos,

para análises microbiológicas e físico-químicas.

Os pontos de coleta de gelatina de planta para análise de viscosidade são

nas evaporadoras do tipo tubos, tanques de preparação e um dos votators,

periodicamente. Dessa forma, medidas possam ser tomadas para obter as

especificações desejadas.

A gelatina seca é coletada ao término de cada produção, nos silos finais,

àqueles que realizam o envase, em sacos plásticos estéreis. Para testes

microbiológico, são coletados amostras de todas as evaporadoras tipo espirais, dos

3 tanques de preparação e dos 7 votators. As evaporadoras são esterilizadas com

vapor e todo material utilizado para coleta são esterilizados, para evitar

contaminações cruzadas.

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3.3 ÁNALISES FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS

As amostras coletadas seguem para o laboratório de controle de qualidade.

As análises microbiológicas e físico-químicas são realizadas por analista validado.

As metodologias realizadas seguem o Standard Methods. O Quadro 1 relaciona os

testes realizados no controle de qualidade.

Gelatina de Planta Lote

Físico-Químicos Viscosidade Viscosidade, Cor,

Claridade, Bloom, pH, GI

e Granulometria

Microbiológicos Sulfito Redutor, Contagem

Total

Sulfito Redutor, Contagem

Total

Quadro 1 - Análises Físico-Químicas e Microbiológicas realizadas.

A viscosidade da gelatina de planta é realizada à concentração de 7,6% em

um Viscosímetro Cinemático Mod. P300M, com o objetivo de verificar o

comportamento reológico da gelatina e através dessa realizar alterações no

processo para adquirir a viscosidade determinada na ordem de produção. Já a

viscosidade da gelatina dos lotes é realizada pesando-se 15 gramas de gelatina

seca com 210 mL de água deionizada, deixado para intumescimento, passando para

dissolução em banho-maria e assim lida em Viscosímetro Cinemático.

Viscosidade é a segunda propriedade chave da gelatina, dependendo da

aplicação envolvida, altas viscosidades são requeridas para estabilizar alimentos,

para aplicações farmacêuticas e emulsões fotográficas. Já para produção de

produtos moldados como confeitos em geral a indústria prefere uma viscosidade

mais baixa, para evitar problemas durante aplicação e moldagem (D’ AVILA, 2010).

Para a verificação da cor e claridade da gelatina, é realizada a concentração

de 7,6% em espectrofotômetro HACH DR/2010, modo transmitância, no

comprimento de onda 450 nanômetros para cor e 620 nanômetros para claridade,

que tem por objetivo analisar a cor da gelatina comparada com um padrão validado,

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e assim verificar se o processo de branqueamento e clarificação da gelatina está

adequado e de acordo com as exigências do cliente.

A qualidade da gelatina depende, em grande parte, de suas propriedades

reológicas principalmente força gel e viscosidade, mas outras características de

transparência, particularmente a ausência de cor e sabor e fácil dissolução também

são importantes (TAVAKOLIPOUR, 2011).

O Bloom, caracterizado como a força-gel, objetiva verificar o grau de firmeza

da gelatina. O valor de Bloom é a força necessária para um perfurador de forma e

dimensão definida penetrar 4 milímetros de profundidade. Neste teste, a gelatina

também passa por intumescimento por mínimo 1 hora, dissolução, e assim levada

para gelificação à temperatura de 10ºC por 17 horas.

A gelatina é classificada e comercializada de acordo com sua força de

geleificação, o “Bloom”. O “Bloom” e a viscosidade são as principais características

reológicas da gelatina e, geralmente, são resultantes do tipo do processo de

fabricação (FAKHOURI, 2009).

O pH é obtido em medidor direto de pH (Metter Toledo, MP 220 pH meter)

objetivando verificar o potencial hidrogeniônico e assim expressar a intensidade da

condição ácida ou básica da gelatina, e também a relação com a viscosidade, sendo

condições inversas.

Para o teste de grau de impureza, realizados somente em algumas Ordens

de Produção, objetiva analisar a presença de impurezas, tais como pontos negros,

gelatina queimada e/ou insolúvel, entre outras impurezas geradas no processo.

Assim a gelatina passa por intumescimento e dissolução com tempo pré-

determinado e por fim filtrados em filtros Whatman faixa azul (filtração média), secos

a temperatura ambiente, e os pontos retidos no filtro são analisados. Clientes como

indústrias farmacêuticas, exigem grau de impureza zero.

A granulometria é o teste que tem por objetivo verificar a percentagem da

classificação da gelatina, em grãos finos, médios e grossos.

Já nas análises microbiológicas, três vezes por semana são realizadas

análises de sulfito redutor e contagem total de gelatina de planta e diariamente da

gelatina seca (lotes). Elas tem por objetivo verificar se há contaminação na gelatina,

como também contaminação nos equipamentos e tubulações que a gelatina

percorre e se a limpeza está adequada.

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3.4 ANÁLISES DE ÁGUA E EFLUENTES

Os efluentes gerados são a água da fábrica, água do tratamento da matéria-

prima e água de limpeza. As análises seguem a metodologia de Standard Methods.

A matéria orgânica é um composto considerado como o principal poluente dos

corpos d’água, pelo fato de causar o consumo de oxigênio dissolvido através de

microrganismos que a utilizam nas suas atividades metabólicas. A quantidade de

matéria orgânica, geralmente é feita através de análises de DBO e DQO (NUNES,

2008).

O teste de DBO é realizado uma vez por semana, que tem por objetivo

determinar a DBO de uma amostra de água do ponto final, ou seja, a quantidade de

oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica biologicamente da água após

receber o tratamento, que vai ser despejada no rio, através de equipamento

manométrico com sensor digital da empresa AQUALYTIC. O resultado é comparado

com um padrão.

O teste de DQO é realizado homogeneizando as amostras e colocando-se 2

mL de amostra em tubos contendo o oxidante químico dicromato de potássio,

aquece-os por 2 horas à 150 ºC, retirados e lidos em espectrofotômetro 620

nanômetro. Os testes são realizados diariamente, de todos os pontos ao decorrer do

processo, até o ponto final após o tratamento. A DQO é quantidade de oxigênio

necessária para oxidação da matéria orgânica de uma amostra por meio de um

agente químico. A DQO tem demonstrado ser um parâmetro bastante eficiente no

controle de sistemas de tratamentos anaeróbios de esgotos sanitários e de efluentes

industriais (CETESB, 2013).

Também são realizados análises de sólidos totais e voláteis da água

proveniente da etapa de ultra-filtração, tendo por objetivo verificar se há a presença

de resíduos de gelatina após a eliminação da água, e assim verificar se as

membranas filtrantes estão operando com eficiência, ou seja, retirando somente

água. Para análise dos sólidos totais, as amostras permanecem em estufa a 105ºC

por no mínimo 17 horas. Após para a análise dos sólidos voláteis as mesmas

amostras permanecem em mufla a 550-600ºC por no mínimo 2 horas.

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4 CONCLUSÃO

A empresa Gelita do Brasil é uma indústria de grande porte e está sempre

buscando satisfazer as necessidades e exigências dos clientes, buscando por

inovações e tecnologia, como também estar em conformidades com leis ambientais

e do consumidor, e com as boas práticas de fabricação dos alimentos.

Através do estágio foi possível vivenciar a rotina de uma indústria,

relacionamento no ambiente de trabalho, responsabilidades no desempenho de

atividades e conhecimentos específicos em relação à uma indústria de gelatina.

Como também conhecimento em relação ao processamento, equipamentos e

controle da qualidade da fabricação da gelatina.

O estágio curricular é uma atividade de extrema importância para a

finalização da formação acadêmica, pois possibilita ao acadêmico novos

aprendizados, conhecimentos específicos, aplicação de conhecimentos adquiridos

na graduação, para que assim torne-se apto para encarar o mercado de trabalho.

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REFERÊNCIAS ALMEIDA, Poliana Fernandes; VANALLE, Rosângela Maria; SANTANA, José Carlos Curvelo. Produção de Gelatina: Uma perspectiva competitiva para a cadeia produtiva de frango de corte. Rev. Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v. 14, n.1, p.63-76, 2012. BERTAN, Larissa Canhadas. Desenvolvimento de filmes simples e compostos a base de gelatina, ácidos graxos e breu branco. 2003. 149 f. Dissertação (Mestrado em Alimentos e Nutrição) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2004. BORDIGNON, A. C. Caracterização da pele e da gelatina extraída de peles congeladas e salgadas de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). 2010. 114 f. Dissertação (Mestre em Zootecnia) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2010. BUENO, Camila M. M. Extração e caracterização de gelatina de pele de tilápia e aplicação como agente encapsulante de óleo de salmão em micropartículas obtidas por coacervação complexa. 2008. 133 f. Dissertação (Mestre em Alimentos e Nutrição) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008. COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (CETESB). Demanda Química de Oxigênio (DQO). Disponível em: < http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/agua/aguas-superficiais/aguas-interiores/variaveis/aguas/variaveis_quimicas/demanda_quimica_de_oxigenio.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2013. D’AVILA, Viviane Dalla Lana. Biofilmes à base de gelatina, aplicados na conservação de frutos de Mirtilo (Vaccinium ashei Reade). 2010. 117f. Dissertação (Mestre em Ciência dos Alimentos) – Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011. FAKHOURI, Farayde Matta. Bioplásticos flexíveis e biodegradáveis à base de amido e gelatina. 2009. 271 f. Tese (Doutorado em Tecnologia de Alimentos) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009. GELITA DO BRASIL. Aplicações - Gelatina para a indústria farmacêutica. Um excipiente cheio de qualidades. Disponível em: < http://www.gelita.com/pt/aplica-es/gelatina-para-industria-farmaceutica>. Acesso em: 4 dez. 2012.

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IRWANDI, J.; FARIDAYANTI, S.; MOHAMED, E. S. M.; HAMZAH, M. S.; TORLA. H. H.; CHE MAN, Y. B. Extraction and characterization of gelatin from different marine fish species in Malaysia. International Food Research Journal., v.16, p. 387-389, 2009. NUNES, José Alves. Tratamento físico-químico de águas residuárias industriais. 5. ed. Rev. ampl. atual. Aracaju: Info Graphics Grafica e Editora LTDA, 2008. 315 p. SILVA, Roberto de Souza Gomes da; BANDEIRA, Sidney Fernandes; PETRY, Fabiane Cristina; PINTO, Luiz Antonio de Almeida. Extração de gelatina a partir das peles de cabeças de carpa comum. Ciênc. Rural., vol. 41, n. 5, p. 904-909, mai. 2011. TAVAKOLIPOUR, Hamid. Extraction and evaluation of gelatin from silver carp waste. World Journal of Fish and Marine Sciences., Sabzevar, v. 3, n. 1, p. 10-15, 2011.