UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ … · Engenharia de Alimentos, desenvolvido na...
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS CAMPO MOURÃO
COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS
MIRELE FERNANDES FERREIRA
ESTÁGIO SUPERVISIONADO
GELITA DO BRASIL LTDA
CAMPO MOURÃO 2013
SUMÁRIO
RESUMO..................................................................................................................... 4
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5
2 DESCRIÇÃO DA EMPRESA E PRODUTO ............................................................. 7
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ............................................................................ 9
3.1 PROCESSAMENTO DA GELATINA ..................................................................... 9
3.2 COLETA DE AMOSTRAS DE GELATINA DE PRODUÇÃO E DE GELATINA
SECA ........................................................................................................................ 15
3.3 ÁNALISES FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS ..................................... 16
3.4 ANÁLISES DE ÁGUA E EFLUENTES ................................................................ 18
4 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 19
REFERÊNCIAS..........................................................................................................20
4
RESUMO
O presente trabalho se caracteriza como um relatório de estágio,
desenvolvido na indústria Gelita do Brasil Ltda, localizada na cidade de Maringá -
Paraná, nos meses de fevereiro, novembro e dezembro de 2012. As atividades
desenvolvidas no estágio foram o acompanhamento do procedimento de coleta de
amostras; acompanhamento de análises físico-químicas de gelatina seca e de
produção e acompanhamento de análises de água e efluentes. O estágio
proporcionou aquisição de novos conhecimentos, a integração com pessoas e com o
ambiente de trabalho, e aplicação de conhecimentos teóricos obtidos no curso,
sendo assim, de extrema importância profissional antecedente à entrada no
mercado de trabalho.
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1 INTRODUÇÃO
Este relatório é resultado do estágio curricular obrigatório do curso de
Engenharia de Alimentos, desenvolvido na indústria Gelita do Brasil Ltda, fabricante
de gelatina.
A gelatina é uma proteína derivada da hidrólise parcial do colágeno animal,
contido em ossos e peles, principalmente de suínos e bovinos. O processo produtivo
de obtenção da gelatina consiste de três etapas: tratamento da matéria-prima,
extração da gelatina e purificação/secagem (SILVA et al., 2011).
A quantidade de gelatina usada no mundo inteiro da indústria de alimentos
aumenta anualmente. A produção mundial inteira de gelatina foi aproximadamente
326000 toneladas, onde 46% são provenientes de peles suínas, 29,4% de couro
bovino, 23,1% de ossos e 1,5 % de outras partes (TAVAKOLIPOUR, 2011).
A preparação industrial da gelatina envolve a hidrólise controlada para obter
a gelatina solúvel através de um dos métodos de tratamento (alcalino ou ácido) da
matéria-prima, seguido de desnaturação térmica que se obtém os diferentes tipos de
gelatina, com diferentes aplicabilidades em função da necessidade do mercado
consumidor e as espécies de matéria-prima e métodos aplicados para a extração.
Quando há a desnaturação do colágeno com o controle de temperatura, ocorre a
quebra em pequenos fragmentos e as triplas hélices são separadas umas das
outras, onde as massas molares variam em função do tipo de preparação e fonte da
matéria-prima (BORDIGNON, 2010).
Dois procedimentos diferentes são empregados na produção de gelatina.
Estes diferenciam-se no método usado para quebrar as ligações do colágeno. O
procedimento utilizado influencia nas principais propriedades da gelatina produzida.
Gelatinas obtidas por tratamento ácido são designadas do tipo A, enquanto que as
do tipo B são as obtidas por tratamento alcalino (SILVA et al., 2011).
Entre os hidrocolóides disponíveis, a gelatina é a mais popular e utilizada
largamente devido à suas propriedades funcionais interessantes, sendo produzida
em grande escala e a preços relativamente baixos. Comercialmente, a gelatina é
encontrada na forma de cristais de coloração amarelo-palha (BERTAN, 2003). Ao
lado da indústria de alimentos, a gelatina é também usada na medicina, indústrias
farmacêuticas e fotográficas (IRWANDI, et al., 2009). Na indústria de alimentos, a
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gelatina é usada como um ingrediente para aumentar a elasticidade, consistência e
estabilidade de produtos alimentícios, o que torna imprescindível que a mesma
apresente boas propriedades reológicas (BUENO, 2008).
No ramo farmacêutico a gelatina pode ser empregada na fabricação de
cápsulas duras ou moles, comprimidos, óleos, drágeas, esponjas medicinais, entre
outros tipos de produtos. No segmento fotográfico, é aplicada na confecção de
filmes, papéis fotográficos, microencapsulação e diversos materiais. Já no setor
industrial, é usada na produção de adesivos, abrasivos, capsulação de corantes
(GELITA DO BRASIL, 2012).
A indústria Gelita do Brasil é uma multinacional Alemã produtora de gelatina,
reconhecida mundialmente por ser a maior fabricante de gelatina de grau alimentício
e farmacêutica.
O objetivo desse relatório foi explanar as atividades realizadas no estágio
curricular, tais como o acompanhamento do procedimento de coleta de amostras;
acompanhamento de análises físico-químicas e microbiológicas de gelatina seca e
de produção; acompanhamento de análises de água e efluentes, além de
proporcionar experiência prática, aplicação dos conhecimentos adquiridos em
graduação, aprendizado de relacionamento no ambiente de trabalho, para que este
enriquecimento resulte em um profissional qualificado e apto para o mercado de
trabalho.
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2 DESCRIÇÃO DA EMPRESA E PRODUTO
Tipo de negócio/Localização
Fábrica de gelatina/Localizada na cidade de Maringá - Paraná. Rodovia
Maringá – Iguaraçu, Gleba Ribeirão, Km 9 - PR 317. CEP: 87010-465.
Produto ofertado
Gelatina seca, como matéria-prima para diversas finalidades.
Horário de funcionamento
As atividades são realizadas em três turnos, o primeiro turno se inicia 6:00
às 14:00 horas, segundo turno 14:00 às 22:00 horas e o terceiro se inicia às 22:00
com término às 6:00 horas.
Embalagem do Produto
A empresa comercializa seus produtos em embalagens de 1000 kg, em
sacos chamados big bags.
Disponibilidade de água
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A água utilizada pela empresa para o processo, limpeza, laboratório e
refeitório é obtida a partir de 7 poços artesianos.
Disponibilidade de energia
A geração de vapor, energia utilizada em fábrica, é obtida através da queima
de cepilho ou madeira na caldeira. Para os demais setores a energia é fornecida
pela Companhia Paranaense de Energia (COPEL).
Fornecedores de Matéria-prima
Os fornecedores de matéria-prima provêm de diversos estados do país
como Rio Grande do Sul, Acre, Rio Grande do Norte, entre outros, e também
importado de outros países como Argentina e Uruguai. A matéria-prima é
transportada em caminhões através de big bags.
Clientes
Indústrias farmacêuticas, alimentícias, fotográficas.
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3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
3.1 PROCESSAMENTO DA GELATINA
Figura 1 – Fluxograma de Processamento da Gelatina.
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O processo de fabricação da gelatina envolve genericamente as etapas de
tratamento da matéria-prima, extração, preparação e secagem. Cada produção
atende uma especificação e ordem de produção (OP), com variáveis diferentes de
acordo com exigências do cliente.
Recepção da Matéria-Prima
A matéria-prima utilizada é o couro bovino. O couro chega através de
caminhões onde seu peso é determinado. A pele é inspecionada e transportada aos
picadores para redução de tamanho. Após os picadores, a pele é transportada aos
tanques de tratamento alcalino ou diretamente ao tratamento ácido (esta variação
pode ocorrer de acordo com o tipo de gelatina solicitada na ordem de produção).
Tratamento Alcalino
O tratamento alcalino é chamado de Calado, nesta etapa a pele picada é
tratada em solução de soda cáustica (NaOH) e/ou cal [Ca(OH)2], por
aproximadamente 7 dias. Durante esta etapa, a solução cáustica promove a quebra
das ligações secundárias da estrutura do colágeno, causando a saponificação da
gordura e a eliminação de proteínas albuminosas. Durante o tempo de tratamento, o
material é diariamente agitado com ar comprimido. O pH é mantido entre 11,5 – 13,5
e a temperatura entre 14 e 25ºC. O tratamento é realizado em tanques individuais
(com volume de 140 m3) com capacidade para 60 toneladas de couro. A origem da
matéria-prima de cada tanque (fornecedor) é identificada e registrada juntamente
com outras informações do processo.
Tratamento Ácido
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Após o período requerido, a matéria-prima é bombeada até os tanques de
lavado. Tanques de aço inox com agitador horizontal são utilizados nesta operação,
com capacidade para 35 toneladas de couro. Durante o período de lavado, a
matéria-prima é tratada com peróxido de hidrogênio, ácido sulfúrico, água ácida e/ou
água limpa. O peróxido de hidrogênio tem a função de branqueamento do couro, e a
lavagem com água ácida tem função de diminuir o pH vindo do tratamento alcalino.
Nesta etapa a soda cáustica é eliminada, assim como o material não-colagênico
liberado no tratamento alcalino. O pH varia de 1,1 a 13,5 e o tempo total de lavagem
está entre 30 e 50 horas.
Após receber o tratamento, o couro já com as ligações enfraquecidas segue
para extração contínua, para que a gelatina possa ser extraída. Nesta etapa há lise
por tratamento térmico.
Extração
Após a etapa de lavado, a gelatina é extraída utilizando-se água quente (55-
90 ºC) em tanques de aço inox. Nesta etapa, o pH e a temperatura são controlados.
Silos alimentam os extratores com o couro na parte superior, e a água entra pela
parte inferior, e verticalmente sai gelatina à concentração de 2 a 4%. A gelatina
passa por um trocador de calor para que diminua sua temperatura a
aproximadamente 48ºC, para que não ocorra a degradação da gelatina. Ao final do
extrator, há filtros peneira onde passa gelatina e retêm impurezas e fibras. O
processo de extração dura em torno de 4 horas. A gelatina extraída é enviada para
um tanque pulmão da extração, que alimentam as centrífugas. Não são adicionados
produtos adicionais nesta etapa do processo.
Centrifugação
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A solução de gelatina é bombeada para as centrífugas para a remoção de
materiais leves e pesados (gordura e fibras). Após aproximadamente 15 minutos faz-
se automaticamente a limpeza das centrífugas para o descarte dos resíduos.
Primeira Filtração
A primeira filtração é realizada em filtros prensa. A temperatura é mantida
entre 50-60 ºC e o pH entre 2,0 e 4,0. A gelatina passa por 26 filtros de celulose,
filtrando a gelatina, e retendo as impurezas. A gelatina sai em uma concentração de
2%. Após o tempo de 8-12 horas as polpas de celulose utilizadas são substituídas
por polpas limpas.
Ultrafiltração
A gelatina filtrada segue para um sistema de membranas para a remoção da
água. Os filtros utilizados são membranas, que através do peso molecular consegue
reter água, esta eliminada por um orifício, e filtrando a gelatina. A água retida é
praticamente uma água limpa, que é utilizada na limpeza da fábrica.
Deionização
Após, a solução de gelatina é deionizada para a redução de sais e cinzas no
produto final. A deionização ocorre em leitos com resina aniônica e/ou catiônica
(dependendo do tipo de produção), objetivando remover íons através de sua
interação com as resinas carregadas. Primeiramente, a gelatina passa pelo tanque
catiônico, que faz a troca iônica com os ânions, ou seja, a resina carregada
positivamente se liga aos ânions. Seguindo para o tanque aniônico, que se ligam
aos cátions.
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Ao final desta etapa, a resina fica descarregada, devendo ocorrer a sua
regeneração. Para as resinas aniônicas a regeneração é feita com solução de soda
e para as catiônicas com solução de ácido clorídrico. Após esta etapa, o pH da
gelatina é corrigido para 5,0 a 8,0 com soda/amônio ou ácido
clorídrico/sulfúrico/acético.
Segunda Filtração
A gelatina segue para a segunda filtração, novamente com tortas de celulose
retendo sujidades. A concentração nesta etapa está em torno de 8 a 25 %.
Evaporação falling
A concentração ocorre em evaporadoras tipo tubo, a concentração final da
gelatina fica entre 14 e 25%. A temperatura varia de 50 a 92 ºC e o pH de 5,0 a 8,0.
O vapor passa por dentro dos tubos, e a gelatina por fora, evaporando a água e
concentrando a gelatina e saindo condensado.
Esterilização/Evaporação Spiral
A solução de gelatina concentrada é esterilizada termicamente (injeção de
vapor direto) com temperatura maior ou igual a 140ºC durante um tempo mínimo de
5 segundos. Logo, passa pela evaporadora do tipo espiral, nesta etapa a
concentração da gelatina sobe para 25 a 34%.
Preparação
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Nesta etapa, em tanques de aço inox, adiciona-se Hidrogenossulfito de
Sódio e/ou Peróxido de Hidrogênio (considerados como conservantes e
branqueadores) à solução de gelatina para reduzir o efeito da reação de Maillard. O
pH é ajustado para 4,5 a 6,5 com ácido cítrico. A temperatura durante esta etapa
pode variar entre 40 e 55ºC.
Gelificação
O tanque preparado e carregado segue para a gelificação em equipamentos
chamados votators, que são na verdade trocadores de calor. A gelatina líquida
ganha forma de espaguete devido a extrusão em contato com amônia pressurizada
a -4ºC.
Secagem
Por meio de esteiras transportadoras, a gelatina extrusada segue para a
secagem. Há 3 túneis com várias seções, assim a gelatina atravessa as diversas
seções do túnel e a temperatura sobe gradativamente de 35 a 75ºC e o tempo total
de secagem é de 3 a 4 horas.
Moagem/Mistura/Embalagem
A gelatina seca é moída e misturada. Nesta etapa, a gelatina passa através
de grades magnéticas e detector de metais e também por uma peneira rotativa, que
por meio do vácuo retira pós-finos da quebra da gelatina.
Para o envase, a gelatina passa por peneiras e de acordo com a
granulometria exigida são embaladas em big-bags de 1000 kilos.
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3.2 COLETA DE AMOSTRAS DE GELATINA DE PRODUÇÃO E DE GELATINA
SECA
A gelatina durante o decorrer do processo é chamada gelatina de produção
ou gelatina de planta e a gelatina do fim do processo, pronta para ser embalada, é
chamada gelatina seca ou lote.
A gelatina de planta é coletada diariamente e periodicamente para análise
de viscosidade. A gelatina seca é coletada a partir de todos os lotes produzidos,
para análises microbiológicas e físico-químicas.
Os pontos de coleta de gelatina de planta para análise de viscosidade são
nas evaporadoras do tipo tubos, tanques de preparação e um dos votators,
periodicamente. Dessa forma, medidas possam ser tomadas para obter as
especificações desejadas.
A gelatina seca é coletada ao término de cada produção, nos silos finais,
àqueles que realizam o envase, em sacos plásticos estéreis. Para testes
microbiológico, são coletados amostras de todas as evaporadoras tipo espirais, dos
3 tanques de preparação e dos 7 votators. As evaporadoras são esterilizadas com
vapor e todo material utilizado para coleta são esterilizados, para evitar
contaminações cruzadas.
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3.3 ÁNALISES FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS
As amostras coletadas seguem para o laboratório de controle de qualidade.
As análises microbiológicas e físico-químicas são realizadas por analista validado.
As metodologias realizadas seguem o Standard Methods. O Quadro 1 relaciona os
testes realizados no controle de qualidade.
Gelatina de Planta Lote
Físico-Químicos Viscosidade Viscosidade, Cor,
Claridade, Bloom, pH, GI
e Granulometria
Microbiológicos Sulfito Redutor, Contagem
Total
Sulfito Redutor, Contagem
Total
Quadro 1 - Análises Físico-Químicas e Microbiológicas realizadas.
A viscosidade da gelatina de planta é realizada à concentração de 7,6% em
um Viscosímetro Cinemático Mod. P300M, com o objetivo de verificar o
comportamento reológico da gelatina e através dessa realizar alterações no
processo para adquirir a viscosidade determinada na ordem de produção. Já a
viscosidade da gelatina dos lotes é realizada pesando-se 15 gramas de gelatina
seca com 210 mL de água deionizada, deixado para intumescimento, passando para
dissolução em banho-maria e assim lida em Viscosímetro Cinemático.
Viscosidade é a segunda propriedade chave da gelatina, dependendo da
aplicação envolvida, altas viscosidades são requeridas para estabilizar alimentos,
para aplicações farmacêuticas e emulsões fotográficas. Já para produção de
produtos moldados como confeitos em geral a indústria prefere uma viscosidade
mais baixa, para evitar problemas durante aplicação e moldagem (D’ AVILA, 2010).
Para a verificação da cor e claridade da gelatina, é realizada a concentração
de 7,6% em espectrofotômetro HACH DR/2010, modo transmitância, no
comprimento de onda 450 nanômetros para cor e 620 nanômetros para claridade,
que tem por objetivo analisar a cor da gelatina comparada com um padrão validado,
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e assim verificar se o processo de branqueamento e clarificação da gelatina está
adequado e de acordo com as exigências do cliente.
A qualidade da gelatina depende, em grande parte, de suas propriedades
reológicas principalmente força gel e viscosidade, mas outras características de
transparência, particularmente a ausência de cor e sabor e fácil dissolução também
são importantes (TAVAKOLIPOUR, 2011).
O Bloom, caracterizado como a força-gel, objetiva verificar o grau de firmeza
da gelatina. O valor de Bloom é a força necessária para um perfurador de forma e
dimensão definida penetrar 4 milímetros de profundidade. Neste teste, a gelatina
também passa por intumescimento por mínimo 1 hora, dissolução, e assim levada
para gelificação à temperatura de 10ºC por 17 horas.
A gelatina é classificada e comercializada de acordo com sua força de
geleificação, o “Bloom”. O “Bloom” e a viscosidade são as principais características
reológicas da gelatina e, geralmente, são resultantes do tipo do processo de
fabricação (FAKHOURI, 2009).
O pH é obtido em medidor direto de pH (Metter Toledo, MP 220 pH meter)
objetivando verificar o potencial hidrogeniônico e assim expressar a intensidade da
condição ácida ou básica da gelatina, e também a relação com a viscosidade, sendo
condições inversas.
Para o teste de grau de impureza, realizados somente em algumas Ordens
de Produção, objetiva analisar a presença de impurezas, tais como pontos negros,
gelatina queimada e/ou insolúvel, entre outras impurezas geradas no processo.
Assim a gelatina passa por intumescimento e dissolução com tempo pré-
determinado e por fim filtrados em filtros Whatman faixa azul (filtração média), secos
a temperatura ambiente, e os pontos retidos no filtro são analisados. Clientes como
indústrias farmacêuticas, exigem grau de impureza zero.
A granulometria é o teste que tem por objetivo verificar a percentagem da
classificação da gelatina, em grãos finos, médios e grossos.
Já nas análises microbiológicas, três vezes por semana são realizadas
análises de sulfito redutor e contagem total de gelatina de planta e diariamente da
gelatina seca (lotes). Elas tem por objetivo verificar se há contaminação na gelatina,
como também contaminação nos equipamentos e tubulações que a gelatina
percorre e se a limpeza está adequada.
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3.4 ANÁLISES DE ÁGUA E EFLUENTES
Os efluentes gerados são a água da fábrica, água do tratamento da matéria-
prima e água de limpeza. As análises seguem a metodologia de Standard Methods.
A matéria orgânica é um composto considerado como o principal poluente dos
corpos d’água, pelo fato de causar o consumo de oxigênio dissolvido através de
microrganismos que a utilizam nas suas atividades metabólicas. A quantidade de
matéria orgânica, geralmente é feita através de análises de DBO e DQO (NUNES,
2008).
O teste de DBO é realizado uma vez por semana, que tem por objetivo
determinar a DBO de uma amostra de água do ponto final, ou seja, a quantidade de
oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica biologicamente da água após
receber o tratamento, que vai ser despejada no rio, através de equipamento
manométrico com sensor digital da empresa AQUALYTIC. O resultado é comparado
com um padrão.
O teste de DQO é realizado homogeneizando as amostras e colocando-se 2
mL de amostra em tubos contendo o oxidante químico dicromato de potássio,
aquece-os por 2 horas à 150 ºC, retirados e lidos em espectrofotômetro 620
nanômetro. Os testes são realizados diariamente, de todos os pontos ao decorrer do
processo, até o ponto final após o tratamento. A DQO é quantidade de oxigênio
necessária para oxidação da matéria orgânica de uma amostra por meio de um
agente químico. A DQO tem demonstrado ser um parâmetro bastante eficiente no
controle de sistemas de tratamentos anaeróbios de esgotos sanitários e de efluentes
industriais (CETESB, 2013).
Também são realizados análises de sólidos totais e voláteis da água
proveniente da etapa de ultra-filtração, tendo por objetivo verificar se há a presença
de resíduos de gelatina após a eliminação da água, e assim verificar se as
membranas filtrantes estão operando com eficiência, ou seja, retirando somente
água. Para análise dos sólidos totais, as amostras permanecem em estufa a 105ºC
por no mínimo 17 horas. Após para a análise dos sólidos voláteis as mesmas
amostras permanecem em mufla a 550-600ºC por no mínimo 2 horas.
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4 CONCLUSÃO
A empresa Gelita do Brasil é uma indústria de grande porte e está sempre
buscando satisfazer as necessidades e exigências dos clientes, buscando por
inovações e tecnologia, como também estar em conformidades com leis ambientais
e do consumidor, e com as boas práticas de fabricação dos alimentos.
Através do estágio foi possível vivenciar a rotina de uma indústria,
relacionamento no ambiente de trabalho, responsabilidades no desempenho de
atividades e conhecimentos específicos em relação à uma indústria de gelatina.
Como também conhecimento em relação ao processamento, equipamentos e
controle da qualidade da fabricação da gelatina.
O estágio curricular é uma atividade de extrema importância para a
finalização da formação acadêmica, pois possibilita ao acadêmico novos
aprendizados, conhecimentos específicos, aplicação de conhecimentos adquiridos
na graduação, para que assim torne-se apto para encarar o mercado de trabalho.
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REFERÊNCIAS ALMEIDA, Poliana Fernandes; VANALLE, Rosângela Maria; SANTANA, José Carlos Curvelo. Produção de Gelatina: Uma perspectiva competitiva para a cadeia produtiva de frango de corte. Rev. Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v. 14, n.1, p.63-76, 2012. BERTAN, Larissa Canhadas. Desenvolvimento de filmes simples e compostos a base de gelatina, ácidos graxos e breu branco. 2003. 149 f. Dissertação (Mestrado em Alimentos e Nutrição) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2004. BORDIGNON, A. C. Caracterização da pele e da gelatina extraída de peles congeladas e salgadas de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). 2010. 114 f. Dissertação (Mestre em Zootecnia) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2010. BUENO, Camila M. M. Extração e caracterização de gelatina de pele de tilápia e aplicação como agente encapsulante de óleo de salmão em micropartículas obtidas por coacervação complexa. 2008. 133 f. Dissertação (Mestre em Alimentos e Nutrição) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008. COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (CETESB). Demanda Química de Oxigênio (DQO). Disponível em: < http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/agua/aguas-superficiais/aguas-interiores/variaveis/aguas/variaveis_quimicas/demanda_quimica_de_oxigenio.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2013. D’AVILA, Viviane Dalla Lana. Biofilmes à base de gelatina, aplicados na conservação de frutos de Mirtilo (Vaccinium ashei Reade). 2010. 117f. Dissertação (Mestre em Ciência dos Alimentos) – Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011. FAKHOURI, Farayde Matta. Bioplásticos flexíveis e biodegradáveis à base de amido e gelatina. 2009. 271 f. Tese (Doutorado em Tecnologia de Alimentos) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009. GELITA DO BRASIL. Aplicações - Gelatina para a indústria farmacêutica. Um excipiente cheio de qualidades. Disponível em: < http://www.gelita.com/pt/aplica-es/gelatina-para-industria-farmaceutica>. Acesso em: 4 dez. 2012.
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