UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
TIAGO CASTRO MACHADO
IDENTIDADE VISUAL:
REDESIGN DA IDENTIDADE VISUAL DA EMPRESA DE PRODUTOS
ALIMENTÍCIOS BEIJA FLOR
Florianópolis
2018
TIAGO CASTRO MACHADO
IDENTIDADE VISUAL:
REDESIGN DA IDENTIDADE VISUAL DA EMPRESA DE PRODUTOS
ALIMENTÍCIOS BEIJA FLOR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Design da Universidade do Sul de
Santa Catarina como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em Design.
Orientador: Prof. Dr. Cláudio Henrique da Silva
FLORIANÓPOLIS – SC
2018
TIAGO CASTRO MACHADO
IDENTIDADE VISUAL:
REDESIGN DA IDENTIDADE VISUAL DA EMPRESA DE PRODUTOS
ALIMENTÍCIOS BEIJA FLOR
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi
julgado adequado à obtenção do título de
Bacharel e aprovado em sua forma final
pelo Curso de Design da Universidade do
Sul de Santa Catarina.
Florianópolis, julho de 2018.
RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso busca aplicar e integrar os conhecimentos
do design na elaboração de um projeto de identidade visual para a empresa de
produtos alimentícios Beija Flor, com o intuito de tornar mais relevante e
contemporânea a representação dos valores da marca. O processo de pesquisa
abrange os estudos da metodologia da autora Alina Wheeler, que divide em cinco
fases o projeto de criação de uma identidade visual da marca. Compreende uma
análise e definição do problema de design, coleta de dados pertinentes à pesquisa e
elaboração do conceito de discurso de marca para que seja manifestada em uma
atualização na identidade visual. Tratando-se de uma pesquisa aplicada, o presente
trabalho busca determinar padrões para gestão da proposta gráfica, expressa através
do manual de marca, contemplando as aplicações em materiais de papelaria e futuras
embalagens dos produtos da empresa.
Palavra-chave: Identidade Visual. Identidade da Marca. Assinatura Visual. Redesign
de marca.
ABSTRACT
This project seeks to apply and integrate design knowledge in the elaboration
of a visual identity project for the Beija Flor food company, with the aim of making the
representation of the brand values more relevant and contemporary. The research
process follows the methodology of author Alina Wheeler, dividing project creation of
visual identity of a brand in five phases. It comprises analysis and definition of the
design problem, collection of data regarding the research, and elaboration of the
concept of brand language, so that it is manifested in the rebranding of the visual
identity. As an applied research, this study also seeks to establish standards for the
management of graphic proposal, expressed through the brand manual, including
applications in stationery materials and future packaging for the company products.
Keywords: Visual identity. Brand identity. Visual Signature. Brand Redesign.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Embalagem das pipocas ....................................................................................... 11
Figura 2: Logotipo Beija flor ................................................................................................. 12
Figura 3: Fases da pesquisa ................................................................................................ 16
Figura 4: Fases da pesquisa abordadas neste projeto ......................................................... 20
Figura 5: O resultado das cores no marketing ..................................................................... 23
Figura 6: Categoria de letras ................................................................................................ 25
Figura 7: Logotipos facilmente reconhecidos por sua tipografia ........................................... 26
Figura 8: Pontos de contato ................................................................................................. 29
Figura 9: Logotipos dos produtos Elma Chips ...................................................................... 31
Figura 10: Embalagem da Elma Chips ................................................................................. 31
Figura 11: Diferenças da identidade visual das embalagens ................................................ 35
Figura 12: Fachada da fábrica ............................................................................................. 36
Figura 13: Placa na fachada da fábrica ................................................................................ 36
Figura 14: Tapete ................................................................................................................ 37
Figura 15: Falta de aplicação da assinatura visual ............................................................... 38
Figura 16: Rolos de embalagem de salgadinho ................................................................... 39
Figura 17: Processo de embalagem da pipoca .................................................................... 40
Figura 18: Pipoca embalada ................................................................................................ 40
Figura 19: Embalagem da Pipoca Premium ......................................................................... 41
Figura 20: Embalagem de salgadinhos ................................................................................ 42
Figura 21:Site da Beija Flor.................................................................................................. 44
Figura 22: Inclinação do texto .............................................................................................. 45
Figura 23: Cores .................................................................................................................. 46
Figura 24: Identidade visual da Bilu Alimentos ..................................................................... 47
Figura 25: Embalagem dos produtos Bilu ............................................................................ 48
Figura 26: Identidade visual Treep's .................................................................................... 49
Figura 27: Identidade visual nas embalagens Treep's ......................................................... 49
Figura 28: Identidade visual Pipocas Clac ........................................................................... 51
Figura 29: Identidade visual nas embalagens Clac .............................................................. 52
Figura 30: Identidade visual da Elma Chips ......................................................................... 53
Figura 31: Evolução da marca ............................................................................................. 53
Figura 32: Diferencial semântico aplicado via pesquisa online ............................................. 55
Figura 33: Comparação dos resultados ............................................................................... 56
Figura 34: Pontos em comum .............................................................................................. 57
Figura 35: Matriz de posicionamento ................................................................................... 60
Figura 36: Reposicionamento da marca............................................................................... 61
Figura 37: Painel semântico do público ............................................................................... 62
Figura 38: Mapa mental ....................................................................................................... 64
Figura 39: Painel semântico beija-flor .................................................................................. 65
Figura 40: Geração de alternativas para o símbolo .............................................................. 66
Figura 41: Geração de alternativas para a flor ..................................................................... 66
Figura 42: Primeira alternativa vetorizada ............................................................................ 67
Figura 43: Segunda alternativa vetorizada ........................................................................... 68
Figura 44: Geração de alternativa tipográficas ..................................................................... 69
Figura 45: Curvatura da tipologia ......................................................................................... 70
Figura 46: Geração de alternativa com símbolo ................................................................... 71
Figura 47: Geração de alternativas -Lettering ...................................................................... 72
Figura 48: Refinamento da opção Lettering ......................................................................... 72
Figura 49: Semelhança entre as marcas .............................................................................. 73
Figura 50: Testes de cores .................................................................................................. 74
Figura 51: Alternativa escolhida ........................................................................................... 75
Figura 52: Cores da marca .................................................................................................. 76
Figura 53: Saturação das cores ........................................................................................... 76
Figura 54: Variações da assinatura ...................................................................................... 77
Figura 55: Assinatura principal ............................................................................................. 79
Figura 56: Malha de reprodução .......................................................................................... 80
Figura 57: Assinatura secundária ........................................................................................ 80
Figura 58: Assinatura em tons de cinza ............................................................................... 81
Figura 59: Assinatura monocromática .................................................................................. 82
Figura 60: Tabela de cores .................................................................................................. 83
Figura 61: Área de não interferência .................................................................................... 83
Figura 62: Redução mínima ................................................................................................. 84
Figura 63: Proibições da marca ........................................................................................... 85
Figura 64: Tipografia ............................................................................................................ 86
Figura 65: Folha A4 timbrada ............................................................................................... 87
Figura 66: Detalhes de construção da folha A4.................................................................... 88
Figura 67: Cartão de Visitas ................................................................................................. 89
Figura 68: Embalagem de pipocas ....................................................................................... 90
Figura 69:Comparação entre as embalagens ...................................................................... 91
Figura 70: Embalagem dos salgadinhos .............................................................................. 92
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 10
1.1 PROBLEMÁTICA 10
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA 13
1.3 OBJETIVO GERAL 13
1.4 OBJETIVO ESPECÍFICO 13
1.5 JUSTIFICATIVA 13
1.6 METODOLOGIA 15
FASE 1: Condução da pesquisa 16
FASE 2: Classificação da Estratégia 17
FASE 3: Design da identidade 17
FASE 4: Criação de Pontos de Contato 18
FASE 5: Gestão de Ativos 19
1.7 DELIMITAÇÕES 20
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 21
2.1 DESIGN GRÁFICO 21
2.1.1 CORES 22
2.1.2 TIPOGRAFIA 24
2.1.3 IDENTIDADE VISUAL 26
2.1.4 BRAND E BRANDING 27
2.1.5 IDENTIDADE VISUAL NAS EMBALAGENS DA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA 30
3 PESQUISA 33
3.1 LEVANTAMENTO DE DADOS DA EMPRESA 33
3.1.1 Missão, visão e valores 33
3.1.2 Entrevista 34
3.1.3 Visita à fábrica 35
3.1.4 Produção das embalagens 38
3.1.5 Pipoca Premium 41
3.1.6 Linha metalizada 41
3.2 PRESENÇA DIGITAL DA MARCA 42
3.3 ANÁLISE DA IDENTIDADE VISUAL DA MARCA 45
3.4 AUDITORIA DA CONCORRÊNCIA 46
3.4.1 Bilu alimentos 47
3.4.2 Treep’s 48
3.4.3 Pipocas Clac 50
3.4.4 Elma Chips 52
3.5 PERCEPÇÃO DO PÚBLICO 54
3.6 ESCLARECIMENTO DA ESTRATÉGIA 58
3.6.1 Posicionamento 58
3.6.2 Reposicionamento visual 59
4 CRIAÇÃO 61
4.1 MAPA MENTAL 63
4.2 SÍMBOLO 64
4.3 TIPOGRAFIA 68
4.4 ALTERNATIVA ESCOLHIDA 74
5 MANUAL DA MARCA 79
5.1 ASSINATURAS 79
5.2 MALHA DE REPRODUÇÃO 79
5.3 VERSÃO EM TONS DE CINZA 81
5.4 VERSÕES MONOCROMÁTICAS 81
5.5 PADRÃO CROMÁTICO 82
5.6 ÁREA DE NÃO INTERFERÊNCIA 83
5.7 REDUÇÃO MÍNIMA 84
5.8 PROIBIÇÕES 85
5.9 TIPOGRAFIA 85
6 CRIAÇÃO DOS PONTOS DE CONTATO 87
6.1 PAPEL TIMBRADO 87
6.2 CARTÃO DE VISITAS 89
6.3 EMBALAGENS 90
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 93
REFERÊNCIAS 94
APÊNDICE 96
APÊNDICE I – Briefing utilizado na visita 96
10
1. INTRODUÇÃO
A maneira como determinada empresa ou profissional expressa suas
características é resultado de uma Identidade de Marca. Ela reúne diversas
informações condensadas para criar uma identidade única. Desta forma, considera-
se os âmbitos culturais, físicos, semióticos e sensoriais, conferindo um diferencial
expressivo que resulta no conhecimento e no reconhecimento por parte dos clientes
ou possíveis consumidores e do público em geral.
Dada a oportunidade de elaborar um trabalho de conclusão de curso, este
trabalho tem por finalidade a realização do redesign da marca Beija Flor, fazendo com
que a nova identidade seja capaz de trazer um conceito lúdico e inovador, por se tratar
de produtos alimentícios voltados às crianças, além de transmitir a tradição e
confiabilidade de uma empresa com mais de 45 anos.
1.1 PROBLEMÁTICA
A empresa de produtos alimentícios Beija Flor está localizada no bairro Vila
Manaus, em Criciúma - SC. Foi fundada em 1972, primeiramente foi construído com
o trabalho do fundador, José Alfredo da Silva. Como uma empresa familiar, nos
últimos 20 anos, houve em sua gerência a adesão de seus 3 filhos, atuando cada um
em uma das áreas da empresa: administrativo-comercial, produção e logística, na qual
permanecem atuando até hoje. Atualmente José Alfredo continua como membro do
conselho administrativo da empresa, porém não trabalha ativamente devido à sua
idade, deixando a gestão do empreendimento totalmente por conta de seus filhos.
O início da trajetória da Beija Flor foi através da produção de pipoca doce pronta
para o consumo (Figura 1) e com o passar dos anos, foi expandindo em maquinário e
estrutura, aumentando sua gama de produtos alimentícios. Hoje a empresa é
considerada de pequeno a médio porte, com 56 funcionários em sua matriz e atuando
nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. No presente momento
sua linha de produtos que engloba: pipocas, arroz doce e salgadinhos de milho, o
último, com uma grande variedade de sabores: queijo, cebola, pizza, presunto, bacon
e hot dog.
11
Figura 1- Embalagem das pipocas
Fonte: Acervo da empresa
O público consumidor de seus produtos é composto por crianças, adolescentes
e jovens adultos sobretudo das classes C e D. Desde o início até os dias de hoje, a
estratégia da empresa foi baseada em vender um produto de baixo preço para atender
as classes mais baixas. Por conta disso, os gestores optaram por não investir muito
em publicidade para que seus produtos não aparentassem ser caros, suas
embalagens eram produzidas com poucas cores e com impressão simples e seus
materiais de contato nos pontos de venda são mínimos ou nulos.
Com o passar dos anos o público se tornou mais exigente, desenvolvendo cada
vez mais seu senso crítico, exigindo qualidade, excelência e características que
proporcionem a satisfação. Em uma matéria feita para Folha de São Paulo, Juan
Carlos Marroquín que é CEO da Nestlé Brasil explica que:
A ascensão social de milhões de brasileiros e o aumento da renda média das famílias são fatores que têm impulsionado a economia nos últimos anos e estão na base para se entender o perfil do novo consumidor no Brasil. Trata-se de um consumidor com mais acesso a informação e, portanto, com expectativas cada vez maiores em relação à qualidade de produtos, serviços, atendimento etc. (FOLHA DE SÃO PAULO, 2014)
A Identidade visual da Beija Flor (Figura 2) nunca passou por uma atualização,
adequando-se à essa nova demanda. Durante os anos, a comunicação da empresa
12
passou por algumas agências de publicidade, foram criadas embalagens na medida
em que foram acrescentados novos produtos à sua linha, porém cada embalagem
acabou tendo um aspecto totalmente diferente, não caracterizando integrar a uma
identidade visual, o que torna a imagem percebida da empresa muito confusa ao seu
consumidor. Na internet, a sua divulgação tem sido unicamente através do site, que
funciona como um catálogo de produtos. A Beija-flor ainda não possui um
departamento responsável pelo marketing, por conta disso nunca investiu em estar
presente nas redes sociais, como Facebook e Instagram, onde o público poderia
interagir com a marca e vir a conhecer os seus produtos.
Figura 2: Logotipo Beija flor
Fonte: Acervo da empresa
Nota-se que a marca Beija Flor e as propagandas realizadas até então são
insuficientes para atingir a todo o público que se pretende. Há na marca a falta de
elementos marcantes que valorizem seu produto e a fidelidade do público consumidor.
Esta deficiência pode desvalorizar a marca mediante ao comércio e seus
concorrentes.
Baseado nos estudos do design busca-se identificar e escolher a alternativa
mais adequada para a nova identidade visual e embalagens, tendo como critérios de
observação e identificação a cor, o formato e a tipografia.
Wheeler (2012) explica que além de diferentes e exclusivos, é necessário que
os logotipos sejam duráveis e sustentáveis. Segundo a autora, a criação de um
logotipo satisfatório resulta de uma exploração tipográfica cuidadosa, na qual os
designers levam em consideração os atributos de cada letra e o relacionamento entre
elas. Os melhores logotipos são desenvolvidos a partir do redesenho, da modificação
e da manipulação das letras com a finalidade de expressar corretamente a
personalidade e o posicionamento da empresa.
13
O desenvolvimento do redesign da identidade visual da empresa Beija Flor será
a forma mais apropriada para torná-la mais atraente aos olhos do consumidor. O
redesign segundo o Faggiani (2006, p.79) é “a parte da inovação, atualização e/ou
modernização de um projeto ou estilo, substituindo seus componentes […] por outros
mais recentes e mais eficazes”. A proposta é oferecer não somente o produto, mas
sim a promessa de satisfação ao consumir o produto. É preciso pensar sobre uma
identidade que seja capaz de trazer um conceito lúdico e inovador, por se tratar de
produtos alimentícios voltados às crianças e que transmita a tradição e confiabilidade
de uma empresa com mais de 45 anos.
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA
Como o Design pode agregar valor a identidade visual da marca de Produtos
Beija Flor?
1.3 OBJETIVO GERAL
Desenvolver o redesign da identidade visual da empresa de produtos
alimentícios Beija Flor.
1.4 OBJETIVO ESPECÍFICO
● Conceituar o design gráfico, branding e identidade visual;
● Identificar e clarificar o posicionamento da marca;
● Realizar o redesign do sistema de identidade visual;
● Desenvolver o manual de identidade visual;
1.5 JUSTIFICATIVA
14
Toda empresa, independente do seu porte, precisa ter uma identidade visual
bem desenvolvida, que possa transmitir ao seu público alvo os ideais da empresa e a
qualidade dos produtos que ela oferece. Como define José Roberto Martins:
As marcas representam a face mais visível das empresas. São o espelho de referência que reflete um indicador de confiança, um endosso de qualidades ou defeitos de produtos e serviços. (MARTINS, 2006, p.5)
Em vista da oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos
durante o bacharelado e admitindo a cabida importância do design de identidade
visual, o acadêmico escolheu por um tema que tem maior afinidade e considera
relevante ao mercado de trabalho. Com isso, optou-se pelo desenvolvimento da
identidade visual da empresa Beija Flor, atuante na área de alimentação há mais de
4 décadas e com uma extensa gama de produtos.
O acadêmico conheceu a empresa-caso primeiramente como consumidor de
seus produtos durante a sua infância, e ao passar dos anos, teve a oportunidade de
aproximar-se de dos gestores da empresa. Ao perceber que havia uma necessidade
da Beija Flor se divulgar de maneira mais concisa, viu como uma oportunidade para
construir o redesenho de sua marca e embalagens, e através deste projeto estimular
a pesquisa em design para futuros estudantes e profissionais da área.
Investir na modernização de sua comunicação é essencial para que a Beija Flor
mantenha a sua estabilidade no mercado. Uma correta identificação da marca poderá
trazer mais reconhecimento e fidelização por parte do público.
Wheeler (2012, p.100) afirma que o processo de identidade de marca exige
uma combinação de investigação, pensamento estratégico, excelência em design e
habilidade no gerenciamento de projetos. Ele requer uma quantidade extraordinária
de paciência, uma obsessão por fazer as coisas do jeito certo e a capacidade de
sintetizar grandes quantidades de informação. Durante o decorrer de toda a trajetória
da Beija Flor, nunca houve um estudo aprofundado referente a marca. Tento esse fato
como consideração, justifica-se a necessidade de revitalizar a assinatura visual e
desenvolver um projeto de identidade para suas embalagens e materiais gráficos.
Tratando-se do aspecto pessoal, a chance de fazer um projeto de identidade
visual para uma empresa que está ativa no mercado, com certeza já seria considerada
com uma excelente maneira de concluir o curso de design, inclusive visando a
oportunidade de trabalho futuro e premiações em concursos relacionados. Além disto,
15
será possível colocar em prática, de forma coesa e metodológica, o somatório de todo
o aprendizado ministrado no decorrer do curso tendo o auxílio de um orientador no
decorrer do processo de pesquisa.
Acredita-se que, com um bom resultado desta pesquisa, outros designers e
pesquisadores poderão usar como base o conhecimento aplicado aqui, em seus
estudos e projetos. É esperado também que além de servir como fonte de referência
para profissionais da área, esta identidade visual traga resultados para a empresa e
alcance o público desejado, contribuindo para que o design tenha seu valor percebido
e reconhecido pela sociedade.
1.6 METODOLOGIA
Referente à metodologia de pesquisa, a sua natureza será aplicada, pois como
afirma Prodanov (2013) “objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos
à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais”. Através
deste trabalho será analisado a identidade visual da empresa Beija Flor, e ao final dele
pretende-se apresentar uma melhor alternativa para a aplicação de sua marca no
mercado.
Esta pesquisa terá objetivo exploratório, coletando informações através de
levantamentos bibliográficos e análise de documentos e materiais como embalagens,
materiais gráficos produzidos pela empresa entre outros. Também serão feitas
entrevistas com responsáveis pela empresa pesquisada e consumidores, buscando
levantar o máximo de percepções e opiniões referentes a marca.
Neste estudo, adotou-se a pesquisa com caráter de abordagem qualitativo, que
segundo Minayo (1996) se preocupa com um nível de realidade que não pode ser
quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos. Através de uma abordagem
qualitativa será possível levar em consideração o olhar das pessoas sobre a empresa
e sobre os produtos que a Beija Flor oferece.
Como metodologia projetual para alcançar os objetivos deste trabalho foi
utilizado a metodologia de Wheeler (2012) descrita no livro “Design de Identidade da
Marca”.
16
De acordo com esta metodologia, o processo de criação de identidade de
marca conta com cinco etapas distintas, seguindo uma ordem lógica do início ao fim.
Essas etapas, conforme detalhadas na figura 3, facilitam o fluxo do projeto pois
pontuam quais decisões devem ser tomadas de acordo com sua fase no andamento
deste projeto.
Figura 3: Fases da pesquisa
Fonte: Wheeler (2012, p. 16). Adaptado pelo autor
FASE 1: Condução da pesquisa
Em primeiro lugar é preciso entender a empresa, conhecer sua missão, visão
e valores, qual a cultura adotada dentro da empresa, o mercado em que atua, suas
forças e fraquezas, além de suas estratégias de marketing. Essas informações podem
ser extraídas através de entrevistas com gestores da empresa e também através da
experimentação do usuário, de modo que venha a conhecer a essência da empresa
e sua condição atual.
A partir disto, é preciso fazer uma pesquisa de mercado, a qual consiste na
“reunião, avaliação e interpretação de dados que afetam as preferências do
consumidor por produtos, serviços e marcas”. (WHEELER, 2012, p. 92)
17
Esta pesquisa de mercado vem com o objetivo de entender atitudes,
consciências e comportamentos de potenciais consumidores e de concorrentes, e
com isso encontrar onde a marca se encaixaria no mercado e possibilitar a geração
de futuras oportunidades de crescimento. A análise com relação a concorrência
baseia-se em examinar suas identidades e formas de comunicação no mercado, como
mensagens-chave e taglines utilizadas, e observar a recepção dos consumidores para
com essas abordagens.
FASE 2: Classificação da Estratégia
Essa fase consiste em sintetizar as informações apreendidas na primeira fase
e expandi-las a fim de classificar uma estratégia de marca e de posicionamento; criar
atributos de marca; e obter um resumo de marca e um briefing de criação.
Além de se concentrar nos dados internos do segmento de mercado em
questão, é importante também procurar tendências de comportamento, estilo de vida,
entre outros, de forma geral e observar a maneira como marcas de outros setores
expressam a sua estratégia. Segundo Wheeler (2012, p.126) “a fase 2 é como olhar
em um microscópio com um olho e em um telescópio com o outro”.
Após todas essas análises, tem-se o momento da formação da “grande ideia”,
que geralmente se forma a partir de uma sintetização dos valores, missão e atributos
de uma marca em uma curta sentença que pode acabar se tornando a tagline. A
grande ideia deve ser carregada de significado, porém simples, expressiva e emotiva,
que seja fácil de ser lembrada e falar sobre ela, podendo gerar vantagem competitiva
e auxiliar na definição de posicionamento da marca.
FASE 3: Design da identidade
Seguido destas primeiras duas fases que têm uma avaliação mais teórica
quanto ao projeto, é na terceira fase que se inicia a etapa prática e criativa do design,
começando com um brainstorm da grande ideia; seguido de explorar as aplicações;
finalizar a arquitetura de marca; e apresentar a estratégia visual que será seguida.
18
“O design é um processo interativo que procura integrar o significado com a
forma”. (WHEELER, 2012) A construção dessa forma se dá por meio de um logotipo
e/ou um símbolo somados com uma boa aplicação de cores. A junção desses
elementos forma a marca gráfica, também conhecida como assinatura visual.
O logotipo é a parte escrita da marca, que geralmente condiz com o nome do
indivíduo ou instituição que representa. Esse logotipo deve ser construído a partir de
uma escolha tipográfica – já existente, modificada ou inteiramente redesenhada –
coerente com os conceitos que a marca quer passar, podendo variar sua aplicação
entre tamanho da caixa, a utilização ou não de serifa, entre outros elementos que
compõem a forma da tipografia.
Já o símbolo é representação de um ícone que acompanha o logotipo, podendo
ser pictórico ou abstrato, mas que também seja coeso com o significado da marca.
Para Peón (2011 pg. 30) “A grande propriedade de um símbolo é a sua capacidade
de síntese: ele deve ser rapidamente identificado e associado à instituição”.
A cor no processo de percepção de estímulos sensoriais do cérebro humano,
vem em segundo lugar, seguida da forma. A cor é usada para trazer emoção,
expressar personalidade e estimular associações relacionadas à marca, por isso
precisa ser muito bem estudada e aplicada.
Após construída a marca gráfica, é preciso explorar a viabilidade da mesma em
um sistema de design completo. A assinatura visual isolada de qualquer contexto não
ajuda a vender: é necessário que o cliente visualize as possibilidades aplicadas. Por
isso, “aplicações-chave que representam as situações reais futuras precisam ser
identificadas”. (WHEELER, 2012)
FASE 4: Criação de Pontos de Contato
Na quarta fase se inicia o desenvolvimento da aparência e do sentido da
marca, começar a proteção da mesma; priorizar e fazer o design das aplicações e
aplicar a arquitetura da marca.
A partir desta etapa, são refinados os elementos que farão parte da identidade,
como paleta de cores, família tipográfica e outros elementos visuais que farão parte
da assinatura visual. Também deverão ser feitos os mais variados tipos de testes da
19
assinatura, para garantir que os arquivos finais da identidade visual irão se adequar
as futuras aplicações.
Qualquer mídia que apresente a identidade visual, pode ser considerada um
ponto de contato, como papel timbrado, cartão de visitas, panfletos, sinalização,
embalagens, site, banners em redes sociais, entre outros.
Quando detalha os pontos de contato Wheeler (2012, p. 152) cita “seja qual for
a mídia, as aplicações precisam funcionar em harmonia”, frisando a necessidade de
criar uma estrutura de identidade em equilíbrio com as diretrizes da marca.
FASE 5: Gestão de Ativos
Essa fase é responsável pelo momento da gestão propriamente dita, como
construir sinergia ao redor da nova marca. Desenvolver a estratégia e o plano de
lançamento e desenvolver diretrizes de padronização e normalização da marca.
É a partir deste ponto que será feita a apresentação da nova marca de acordo
com o plano de marketing da empresa. Esta implementação da identidade visual é um
processo que pode levar mais tempo, pois estará relacionada com as delimitações e
prioridades do cliente.
Por se tratar de uma etapa posterior aos prazos estabelecidos do projeto, esta
fase não será realizada neste trabalho (Figura 4).
20
Figura 4: Fases da pesquisa abordadas neste projeto
Fonte: Wheeler (2012, p. 16) adaptado pelo autor
1.7 DELIMITAÇÕES
Por conta do prazo estabelecido, não será possível abordar nesta pesquisa o
redesign das embalagens, site da empresa e materiais de contato nos pontos de
venda. Este trabalho tem como meta entender as principais necessidades
encontradas na comunicação da empresa, sintetizar o conhecimento através de
pesquisas e desenvolver uma nova identidade visual com base na atual. Também será
apresentado um manual de identidade visual com as diretrizes de aplicação da marca
nos mais diversos tipos de produto, para que a partir disto a empresa possa manter
um padrão adequado em seus materiais de venda.
21
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para a melhor entendimento deste trabalho, foi necessário aprofundar e
esclarecer alguns conceitos fundamentais do design gráfico como: cores, tipografia,
identidade visual e branding.
2.1 DESIGN GRÁFICO
O Design é uma área de conhecimento com características multidisciplinares,
por conta disto, ainda não existe uma definição unânime e de seu significado. É uma
palavra muito utilizada, porém ainda difícil de se definir ou explicar. Na concepção de
Mozota (2002) a palavra design deriva do latim designare, traduzido pelos verbos
definir, desenhar.
Para Bezerra (2008), que traduz de forma simples e sem se ater na importância
verbal, design deve ser entendido como o processo e a inovação como o resultado
positivo desse processo. Esta colocação complementa a definição de Löbach (2001),
onde afirma que o design define‐se como um processo de resolução de problemas,
que beneficie a interação do homem com seu ambiente técnico. Com isso, a
adaptação do ambiente artificial ao homem, de forma a garantir bem-estar físico e
psíquico, é uma das diretrizes para as atuações do design.
Segundo a ADG - Associação dos Designers Gráficos (2017) “O design gráfico
é um processo técnico e criativo que utiliza imagens e textos para comunicar
mensagens, ideias e conceitos, com objetivos comerciais ou de fundo social”. Ou seja,
tem o objetivo de expressar, e para isto deve encontrar estrategicamente a melhor
maneira de transmitir a mensagem, emoções e valores do projeto.
É uma atividade articuladora e multidisciplinar que atua nos planos estratégicos e operacionais de acordo com a visão e missão da empresa, desenvolvendo produtos de acordo com as tendências vigentes, prazos e custos propostos, e transmite a imagem adequada aos seus públicos. Pode ser aplicado tanto no contexto global quanto em uma unidade, procurando criar e organizar ambientes favoráveis para novos produtos, proporcionando meios para o sucesso de sua produção. (MARTINS, MERINO, 2008, p.25)
22
Desta forma, as técnicas do design podem contribuir também para a gestão de
empresas e para a geração de soluções em serviços, o que era, até então, restrito a
outras áreas.
Quando se refere especificamente ao design gráfico, com base nestas
afirmações, é possível entender que é uma atividade que propõe a comunicar
visualmente alguma mensagem, atribuir significados à sua aparência e resolver
problemas ligados a comunicação tanto para uma empresa quanto à um usuário final.
O estudo de alguns elementos visuais contribui na atividade do design gráfico,
entre eles, destaca-se o uso das cores e da tipografia, tratados nos próximos tópicos.
2.1.1 CORES
As cores têm um papel importantíssimo na eficácia de um sistema de
identidade visual por ter um alto grau de pregnância, pois de acordo com Wheeler
(2012), a cor é o segundo elemento percebido por nossa consciência, seguido do
conteúdo. O primeiro a ser reconhecido é a forma. Seu estudo pode ser de grande
valia para a elaboração deste trabalho, pois segundo Heller (2012), usar as cores de
maneira direcionada garante que o designer poupe tempo e esforços. Silveira (2015)
concorda com esta afirmação ao considerar que o designer precisa ter em mente a
percepção da cor, conhecendo seus aspectos físicos, fisiológicos e também seus
aspectos culturais simbólicos para poder trabalhar em projetos.
Em um infográfico (Figura 5) publicado no site Homestead feito com base em
pesquisas da universidade de Stanford, o autor explica que a cor, por ser um elemento
que atrai muito os sentidos visuais, tem sido utilizada como uma ferramenta no
marketing.
23
Figura 5: O resultado das cores no marketing
Fonte: Adaptado de Homestead (2017)
Com base em um levantamento elaborado por Guimarães (2000) as cores
estimulam áreas específicas do cérebro ligadas diretamente com o sistema límbico,
responsável pelas emoções. Em conformidade, Heller (2012) afirma que toda cor é
associada à um significado e que de acordo com o contexto, a impressão causada
pelas cores pode ser diferente, como em uma roupa, em um ambiente ou da
embalagem de um alimento, por exemplo.
Também relaciona, através de resultados de uma pesquisa realizada com mais
de duas mil pessoas, alguns significados comuns atribuídos a cores específicas. O
azul é identificado em sua pesquisa como a cor favorita dos entrevistados. Transmite
harmonia e simpatia. Apesar de fria, a cor representa as virtudes intelectuais. O
Vermelho é primordialmente caracterizada como a cor da paixão, mas também é
24
lembrado como doce, sendo que comumente é a primeira cor percebidas pelas
crianças através de alimentos industrializados. Ainda segundo Heller (2012) a cor que
mais remete ao sabor é o marrom, pois é a cor presente nos assados, cozidos, no
café, no chocolate e no caramelo. “Quanto mais forte for a cor marrom, mais forte a
comida – ainda que se trate apenas de uma ilusão criada pelas cores dos alimentos”
(HELLER, 2012, p.258). Assim como o marrom, o laranja é relacionado como
saboroso e mais especificamente como aromático. Quando combinado com o
amarelo, vermelho, azul e verde pode transmitir a sensação de recreação e
sociabilidade, combinação que é fortemente utilizada na publicidade.
Tendo ciência da significância e da possibilidade de impacto emocional que a
cor pode exercer, pode-se acreditar que a escolha de uma paleta de cores adequada
para um projeto possa colaborar significativamente para a obtenção de resultados
assertivos, seja para compor uma campanha de marketing, logotipo, conteúdo ou site.
Quando se refere à utilização das cores em embalagens de produtos, Negrão
(2008 pg.178) afirma que “cabe ao designer buscar a harmonia entre cor, produto e
mercado”.
Outra etapa muito importante no estudo do redesign de uma marca é a escolha
da tipografia, ela precisa comunicar o nome da empresa e condizer com seus valores.
2.1.2 TIPOGRAFIA
A tipografia é um elemento essencial em um projeto de identidade visual, o
designer pode trazer diferentes significados para a marca de acordo com a fonte que
escolhe ou desenvolve para um determinado projeto.
Smeijers (1996) categoriza as letras em apenas três tipos, e que elas são
definidas pelo seu modo de produção: caligrafia, lettering e tipografia (Figura 6). Esta
classificação está de acordo com Noordzij (2013), que especifica que a escrita manual
ou caligrafia seria aquela praticada com apenas um traço, o lettering que baseia sua
construção em caligrafias e tipos que já existem e a tipografia seria aquela feita de
letras pré-fabricadas.
25
Figura 6: Categoria de letras
Fonte: Elaborado pelo autor
De acordo com Samara (2011), tipografia é a técnica que dá sentido e forma a
um texto ou palavra, expressa conceitos e ideias usando somente as letras. Ao
desenhar e criar a aparência visual de uma mensagem, também se acrescenta
significados à mensagem. É fundamental para uma marca que a sua identidade visual
tenha características que a aproximem de seu público-alvo, entre essas
características está a personalidade da tipografia.
A tipografia é um elemento tão importante dentro de um sistema de identidade
visual, que Wheeler (2012, p.142) cita que a “tipografia é parte essencial de um
programa de identidade eficaz”. Afirma que grandes empresas podem ser
reconhecidas imediatamente apenas pelo uso de suas tipografias e que elas têm a
possibilidade de passar uma personalidade especial e devem apoiar a estratégia de
posicionamento desta empresa.
Existem diversas marcas já reconhecidas no mercado onde a tipografia foi
aplicada de forma tão eficaz que elas podem ser reconhecidas facilmente pelas
características gráficas, a composição tipográfica se tornou o aspecto mais marcante
e exclusivo da marca. Como nesses exemplos abaixo:
26
Figura 7: Logotipos facilmente reconhecidos por sua tipografia
Fonte: Elaborado pelo autor
2.1.3 IDENTIDADE VISUAL
Identidade Visual é um conceito bem amplo e Peón (2011) afirma que pode ser
aplicado a qualquer objeto. Compreende todos os componentes que fazem que esse
objeto seja identificado visualmente e que o diferencie dos demais. Também se
considera com identidade visual em um âmbito profissional, o conjunto de
componentes de singularização visual de uma instituição, formado por um sistema
que foi desenvolvido e planejado com suas aplicações definidas e conformidade com
a estratégia de comunicação adotada pela instituição. Segundo Wheeler (2012, p. 62)
a identidade visual “engatilha a percepção e desencadeia associações a respeito da
marca”. Uma marca se torna palpável através da identidade visual, ela se materializa
quando lhe é dado um nome e incorporado ao design de um símbolo.
O design de identidade visual, segundo com Strunck (2007), é a representação
gráfica que identifica uma empresa ou um produto. É um símbolo gráfico que leva
características que são reconhecíveis pelo público, e geram identificação com os
27
princípios e práticas da empresa e seus produtos/serviços. Constitui-se basicamente
do design de seu sinal principal, a organização dos seus componentes como padrões
tipográficos, cromáticos, associações, assinaturas, amostras de cores, e aplicações
específicas como: papelaria, formulários, sinalização de fachadas, frotas, uniformes,
embalagens, etc.
Para Peón (2011), um sistema de identidade visual é classificado em três
componentes principais, sendo eles: o símbolo, que se trata de um sinal gráfico único
que deve ter uma boa capacidade de síntese e precisa ser facilmente identificado e
associado à empresa; o logotipo, que seria o uso de letras com formas diferenciada
com a qual o nome da instituição é registrado nas aplicações; e marca, que é o
conjunto formado pelo símbolo somado ao logotipo, que também pode ser chamado
de assinatura visual.
Uma identidade visual que é lembrada com facilidade aumenta
consideravelmente as chances de que uma marca pode ser reconhecida
imediatamente no mercado. Wheeler (2012) explica que uma empresa tem que se
diferenciar da concorrência para alcançar uma fatia maior no mercado. Toda a
empresa também tem a necessidade de ser diferente. Apenas a percepção de uma
marca de forma isolada não garante a eficácia de uma identidade visual. Peón (2011)
reafirma a necessidade de diferenciação visual de empresas de ramos similares como
a função mais fundamental do sistema, para que haja um posicionamento de marca
em relação aos seus concorrentes.
2.1.4 BRAND E BRANDING
Brand é o termo em inglês para marca, que pode ser entendido inicialmente
como o sinal ou símbolo que identifica um produto ou um serviço no mercado. Muito
mais do que apenas identificar, a marca também pode assumir atributos de
personalidade.
Wheeler (2012) conceitua a marca como uma promessa, uma expectativa
gerada na mente do consumidor referente aos produtos que a empresa oferece. Além
de comprar, os consumidores são levados a acreditar na superioridade que a marca
tem em relação aos seus semelhantes. Este conceito está de acordo com Perez (2004)
que afirma que o Brand se situa no imaginário, como uma consciência da mitologia do
produto. Se encontra no subconsciente agindo de forma subjetiva na decisão de
28
compra. Outra afirmação da autora também colabora para a compreensão do conceito
de marca:
As marcas se expressam por meio do nome que apresentam, do logotipo, da forma e do design dos produtos que encarnam, da embalagem e do rótulo, da cor, do slogan, do jingle, da personalidade, do personagem que representa, de uma mascote, além de outros recursos e do contexto organizacional, envolvendo os funcionários e os parceiros e suas relações com o meio social. Questões relacionadas a sabor, aroma, textura, etc. também formam impressões em nossa memória, porque são responsáveis por associações mentais que colaboram para a construção de sentido. (Perez, 2004, p. 47)
O Branding, para Martins (2006), seria o conjunto de ações ligadas à
administração da marca e que as levam além de seu valor monetário, passando a fazer
parte da cultura, e influenciar a vida das pessoas.
Healey (2009) define que a prática do branding é uma destilação de atividades
como o marketing, a publicidade, as relações públicas, o design gráfico e a identidade
Corporativa. Também relaciona cinco componentes essenciais dentro de uma
estratégia, sendo eles: posicionamento, história, preço, atendimento ao público e
design.
Para que o branding seja colocado em prática, Wheeler (2012) apresenta
variados pontos de contato que devem ser levados em conta na criação de uma
identidade visual, como visto na figura 8.
29
Figura 8: Pontos de contato
Fonte: Wheeler (2012, p. 13)
Todas as ações tomadas dentro desta estratégia visam levar o usuário a
comprar o produto. A este ponto além de encontrar o produto na gôndola, o comprador
deve vivenciar uma experiência que corresponda aos ideais em que foi convencido a
acreditar. Por exemplo, uma marca que vende uma promessa de simplicidade e de
ser acessível ao público poderia ter a sua experiência de venda afetada
negativamente ao apresentar seus produtos no ponto de venda de forma exuberante
com aparência luxuosa, mesmo que seu preço seja baixo. Neste cenário a relação de
confiança com a marca poderia ser rompida.
A partir disto, é possível entender a marca de uma empresa como parte de um
sistema de comunicação mais abrangente, em que serão associados valores que
30
posicionem a empresa no mercado e no imaginário do público. A marca levará consigo
personalidade e significado, que será construída através do tempo em um processo
contínuo entre a empresa e o consumidor.
2.1.5 IDENTIDADE VISUAL NAS EMBALAGENS DA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA
O marketing de alimentos está presente do dia a dia das pessoas e um dos
principais pontos de contato da marca são os rótulos e embalagens. O design gráfico
destes materiais pode ser uma forte ferramenta de marketing quando se trata de
produtos alimentícios.
Segundo uma análise comportamental de Furnham e Gunter (1998) sobre o
consumo das crianças é possível compreender a importância das embalagens na
escolha de um produto de acordo com os autores, embalagens desenhadas de forma
adequada podem ter um impacto enorme sobre as crianças e os pais, logo que entrem
no ambiente de aquisição (1998, p.250).
Quando uma criança está dentro de um supermercado, a sua atenção está
sendo disputada por centenas de embalagens expostas nas prateleiras. Neste cenário
o primeiro objetivo da embalagem, e da identidade visual empregada nela, é conseguir
chamar a atenção desse consumidor. Após isto, além de informar o que o produto
oferece, esta comunicação precisa cativar o consumidor, fazer com que ele acredite
que este produto é o ideal para ele, para assim considerar a possibilidade de adquirir.
Mestriner (2002, p. 20) salienta que ao informar o consumidor dos diferenciais do
produto, é necessário transmitir também a impressão de que o preço cobrado por ele
é justo. Este fator é primordial e deve ser considerado no desenvolvimento deste
projeto, tendo em vista e que o objetivo da Beija Flor é oferecer produtos de baixo
custo e pretende continuar atendendo o público de baixa renda.
Vamos tomar como exemplo as embalagens da Elma Chips, onde cada
salgadinho possui uma logotipia particular (Figura 9) representadas com cores e
tipografias voltadas ao público específico de cada produto.
31
Figura 9: Logotipos dos produtos Elma Chips
Fonte: Disponível em: < https://www.elmachips.com.br> Acesso: 20/05/2018
As cores primárias, vermelho, azul e amarelo são as que mais atraem
consumidores. Bons resultados na venda de produtos alimentícios poderão ser
obtidos adotando-se cores laranja, que são de grande apelo para o apetite, o amarelo
e o vermelho podem resultar como apetecível (WALKER, 1995, p. 73). Conforme
representado na figura 10, essas cores são utilizadas de forma abundante na maioria
das embalagens, fazendo com que seus produtos sejam rapidamente reconhecidos e
diferenciados dos demais.
Figura 10: Embalagem da Elma Chips
Fonte: Disponível em: < https://www.elmachips.com.br> Acesso: 20/05/2018
32
Assim sendo, é possível acreditar que aplicando um design coerente com a
proposta da marca e o público que se pretende atingir, a identidade visual das
embalagens pode contribuir para a assertividade de um plano de marketing da
empresa.
33
3 PESQUISA
As primeiras fases da metodologia de Wheeler (2012) representam um
diagnóstico do discurso da empresa e sobre o seu contexto no mercado.
É neste momento do projeto onde se coletam os dados que possam clarificar
os valores da marca, o mercado em que a empresa está inserida, a percepção dos
clientes sobre a marca e a atuação da concorrência no setor. Para isso, foram feitas
pesquisas sobre o mercado e a concorrência, e entrevistas informais com os gestores
e pessoas chave.
3.1 LEVANTAMENTO DE DADOS DA EMPRESA
As informações desta pesquisa foram obtidas através de entrevistas com a
gerência da empresa, onde foi possível conhecer a visão da Beija flor, quais os seus
objetivos futuros e sobre seu panorama atual no mercado.
Também foi realizada uma pesquisa de campo para conhecer a sede da
empresa, em Criciúma. Com isso foi possível saber quais os principais pontos de
aplicação da identidade visual e quais os procedimentos adotados para embalagem
dos produtos.
3.1.1 Missão, visão e valores
Algumas informações como parte de história e missão da empresa foram
encontradas primeiramente em seu site e durante a entrevista foram esclarecidas ou
aprofundadas.
- Missão: Satisfazer as necessidades e expectativas dos nossos clientes;
aprimorar a qualidade dos nossos produtos.
- Visão: Prover a necessidade de nossos clientes, superando suas expectativas
com produtos de excelente qualidade.
- Valores: Prover a necessidade de nossos clientes, superando suas
expectativas com produtos de excelente qualidade, aliando técnica e inovação.
34
Como é possível observar, o início de texto de valores está idêntico ao da visão,
o que pode indicar que falta desenvolvimento no conceito de visão da empresa ou
então um erro de formatação na hora de colocar as informações no site. Ao verificar
com o gestor sobre este dado, o mesmo oportunizou uma abertura para sugestões,
admitindo que algumas coisas, como neste caso, estão em aberto.
3.1.2 Entrevista
No dia 22 de março de 2018 foi realizada uma reunião na sede da empresa
com Alfredo Silvaneto, um dos gestores. A entrevista feita por meio de um questionário
desenvolvido com base na segunda etapa da metodologia de Weeler (2012), para
esclarecer a estratégia da marca.
Primeiramente, Alfredo define seus produtos como sendo “Alimentos de
qualidade”, onde justifica possuir um maquinário único no estado, grande parte de
fabricação própria e ter um controle de qualidade rigoroso no seu processo de
fabricação. Além disso, afirma ter um diferencial de mercado no atendimento prestado
aos seus distribuidores. A logística de empresa funciona para ter mais agilidade nas
entregas, viabilizado suas frotas a ir toda semana na maioria dos pontos de venda.
Estes são compostos principalmente de distribuidores locais e grandes
supermercados como a rede Giassi.
Tratando-se de posicionamento e objetivos futuros, a gestão de empresa
pretende expandir dentro dos estados que já atua: Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
São Paulo e Rio de Janeiro. Reconhecem que existe espaço no mercado a ser
trabalhado e que a Beija Flor poderia ampliar a participação no setor.
Quando questionado sobre os clientes consumidores de seu produto, Alfredo
define em sua maioria como:
● Idade: Infanto-juvenil
● Sexo: Masculino e feminino
● Classe social: B, C e D
● Região: RS, SC, SP, RJ
35
3.1.3 Visita à fábrica
No mesmo dia marcado para a entrevista, foi feita uma visita técnica à fábrica
onde são produzidos e embalados os produtos. Esta experiência foi de grande valia
para o pesquisador, pois além de conhecer o processo de produção das pipocas e
salgadinhos, também foi possível notar a proporção da empresa e sua significância
na cidade, onde gera várias oportunidades de trabalho.
Foi observado a falta de um sistema de identidade visual organizado, onde as
aplicações da assinatura visual são apresentadas de forma discordante em alguns
materiais, inclusive entre uma embalagem e outra como na imagem a seguir (Figura
11).
Figura 11: Diferenças da identidade visual das embalagens
Fonte: Acervo do autor
A principal aplicação da identidade visual na fábrica da Beija Flor fica em uma
fachada no portão de entrada, onde é apresentada junto a foto de alguns de seus
produtos (Figura 12). No lado interno da fachada, também foi acrescentado a frase “É
saudável, é nutritivo e muuuito gostoso!”. (Figura 13).
36
Figura 12: Fachada da fábrica
Fonte: Acervo do autor
Figura 13: Placa na fachada da fábrica
Fonte: Acervo do autor
37
Na estrutura do prédio, o único local em que a identidade visual foi aplicada é
em um tapete da sala de reuniões (Figura 14). Assim como na fachada, a assinatura
visual aparece no círculo amarelo junto à um laço azul. Esse laço é utilizado em
algumas das embalagens, entretanto não é possível entender se é oficialmente parte
da assinatura visual ou se é um elemento gráfico utilizado para dar destaque a marca.
Figura 14: Tapete
Fonte: Acervo do autor
Como é possível observar na figura 15, a estrutura do prédio e os carros da
empresa ainda não possuem identificação da marca Beija Flor.
38
Figura 15: Falta de aplicação da assinatura visual
Fonte: Acervo do autor
3.1.4 Produção das embalagens
As embalagens são produzidas por gráficas locais e chegam à fábrica em rolos
(Figura 16), a fim de que sejam colocadas nas máquinas para envolverem os produtos.
O processo de embalagem é rápido, chegando a concluir uma média de 60 pacotes
de pipoca por minuto em cada uma das máquinas (Figura 17).
Atualmente as embalagens de pipoca são produzidas com impressão do tipo
flexografia, o Manual de Impressão Flexográfica da ABTG (Associação Brasileira de
Tecnologia Gráfica) define flexografia como um sistema de impressão gráfica em que
a fôrma (clichê de borracha ou fotopolímero) é relevográfica. São usadas tintas
39
líquidas, à base de água ou solvente, curadas por luz UV (ultravioleta) ou EB (Electron
Beam).
Por conta disso, para fazer alterações nas embalagens é necessário refazer os
clichês, o que torna cada mudança em um processo financeiramente custoso à
empresa.
Figura 16: Rolos de embalagem de salgadinho
Fonte: Acervo do autor
40
Figura 17: Processo de embalagem da pipoca
Fonte: Acervo do autor
Figura 18: Pipoca embalada
Fonte: Acervo do autor
41
3.1.5 Pipoca Premium
A Beija Flor introduziu em sua linha de produtos uma pipoca com embalagem
diferente, fugindo um pouco da predominância do vermelho. Suas cores
predominantes eram tons de laranja e a parte central era transparente. Havia também
uma referência a ilustração da embalagem antiga. Mas não obteve sucesso em
vendas, representando apenas 3% das vendas de pipoca, apesar da qualidade do
produto ser maior.
Posteriormente a cor da embalagem foi alterada para vermelho, mantendo o
novo layout.
Figura 19: Embalagem da Pipoca Premium
Fonte: Acervo da empresa
3.1.6 Linha metalizada
Durante um período, foi contratado o serviço de uma agência de publicidade
para criar uma família de produtos que seria lançada em embalagens menores, com
opção de 40g.
42
De acordo com o cliente, foi feito um estudo para criar um nome para cada
sabor. Cada uma das novas embalagens ganhou uma identidade visual diferente com
a intenção de tornar os produtos mais atrativos para o consumidor.
Em contrapartida, o cliente afirma que o resultado obtido foi um fracasso de
vendas, onde o consumidor não identificava na gôndola como um produto da Beija
Flor decorrente dessa grande mudança.
Depois de um tempo, a empresa chegou a alterar algumas embalagens,
substituindo a nova identidade visual pela anterior, obtendo assim melhores
resultados.
Figura 20: Embalagem de salgadinhos
Fonte: Acervo da empresa
3.2 PRESENÇA DIGITAL DA MARCA
A Beija Flor possui um site profissional com aparência simples e moderna. A
tela inicial apresenta um carrossel com 4 banners grandes apresentando os principais
produtos seguido de informações sobre a história da empresa. A assinatura visual é
fixada no cabeçalho, aplicada sobre um círculo amarelo como na maioria das
43
embalagens. As informações contidas no site são de cunho institucional e voltadas
principalmente ao distribuidor, apresentando o catálogo com descrições técnicas dos
produtos e uma aba para baixar boleto de pagamento de pedidos.
As fontes utilizadas no layout e nos banners do site são bem variadas, não
tendo uma relação direta com sua identidade visual. Ao todo foram identificadas 6
fontes de famílias diferentes.
A interface visual é clean, possui o fundo branco e banners com cores vivas e
fotos de qualidade. A maioria dos banners possuem a cor de fundo predominante
amarela, porém com um tom diferente do amarelo apresentado na assinatura visual.
De modo geral a aparência do site da Beija Flor não apresenta uma coerência
estética que a represente como uma identidade visual definida, fazendo com que
tenha um aspecto amador, podendo de alguma forma descredibilizar a marca perante
o usuário.
44
Figura 21:Site da Beija Flor
Fonte: Disponível em: <http://www.produtosbeijaflor.com.br> Acesso: 20/05/2018
Atualmente a empresa não está presente em nenhuma rede social, tendo
apenas uma página não oficial no Facebook criada automaticamente pela plataforma,
referente às marcações de usuários.
Segundo os gestores da empresa, por um período foi criada uma página no
Facebook, porém não houve continuidade nas atualizações e criação de conteúdo
para alimentar a rede. Como a empresa não dispunha de uma pessoa para essa
função, preferiram desativar a página.
45
3.3 ANÁLISE DA IDENTIDADE VISUAL DA MARCA
A identidade visual atual da Beija Flor é formada pela tipografia do nome da
empresa somada à ilustração de um pássaro beija-flor colhendo o néctar de uma rosa,
fazendo menção ao doce das pipocas. De forma geral, é possível observar que existe
um grau de detalhamento nos traços da ilustração, o que pode tornar complexa a sua
aplicação em tamanhos reduzidos e exige do observador um certo tempo para fazer
a leitura dos detalhes.
A tipografia utilizada é serifada, o que remete à uma aparência tradicional, de
seriedade. Entretanto, a forma das letras é robusta e arredondada, o que pode indicar
conceitos como suavidade e afetividade. As palavras “Beija” e “Flor” são dispostas de
forma arredondada, para formar um círculo em volta da ilustração, porém com
inclinação menor do que a curvatura do círculo externo. Para contrastar o texto, foi
aplicado um contorno como sombra para o lado direito, porém em algumas
embalagens também pode ser percebida um gradiente branco por trás da sombra
(Figura 20). Além da inclinação côncava e convexa que assume o texto, o conjunto
também recebe uma inclinação vertical conforme a imagem (Figura 22). Isso faz com
que a maior parte dos elementos se concentrem na parte esquerda da imagem de
forma irregular, no qual o espaço que sobra depois da palavra Flor nos dê a impressão
de estar descentralizado.
Figura 22: Inclinação do texto
Fonte: Elaborado pelo autor
46
Em relação à tipografia e a ilustração, é possível verificar uma diferença no
peso de linha, onde a tipografia aparece com contornos muito mais grossos do que o
desenho do beija-flor.
As cores utilizadas na marca variam de acordo com algumas embalagens,
porém a sua versão principal apresenta 6 cores, sendo as predominantes amarelo e
vermelho, respectivamente. O contraste estabelecido por essas duas cores é bastante
evidente, dando destaque para a tipografia. Por serem cores quentes, podem levar o
observador a fazer a associação com alimentos por serem assados e também à
abstração de afeto proporcionado pelo ato de consumir os produtos em grupo, com
amigos. Segundo Heller (2012), combinado com o vermelho ou laranja, o amarelo
também assume um significado lúdico.
Figura 23: Cores
Fonte: Elaborado pelo autor
Considerando-se a estética geral da identidade visual, ela transmite conforto e
familiaridade, porém alguns elementos como o peso de linha, espaçamentos entre os
elementos e diferença entre estilos podem afetar a coerência estética da marca.
3.4 AUDITORIA DA CONCORRÊNCIA
A partir da entrevista realizada com os gestores, foram levantados dois
concorrentes diretos dentro do mesmo segmento de mercado no estado de Santa
Catarina, Bilu e Traps. Estas empresas foram pesquisadas a partir das informações
disponíveis em seus respectivos sites e redes sociais, logo foi feita uma análise breve
da identidade visual e de sua comunicação.
47
Este tipo de análise é fundamental para que se entenda o posicionamento da
empresa em relação aos concorrentes, assim sendo, tentar identificar os motivos que
levam o consumidor a optar por uma empresa ou pela outra.
3.4.1 Bilu alimentos
A Bilu é a principal concorrente da Beija Flor em Santa Catarina. Situada em
Brusque/SC, começou suas atividades em 1984 produzindo pipocas e salgadinhos de
milho. Atualmente sua linha de produtos é considerada como uma das maiores do
mercado, atendendo principalmente a região sul do Brasil.
A comunicação da marca busca o apelo afetivo com o consumidor, fazendo
menções à nostalgia de sabores que marcaram a infância, sempre relacionando os
produtos à momentos de diversão.
O logotipo da Bilu é formado por um polígono vermelho com a palavra Bilu
escrita em branco. A tipografia é serifada, robusta e arredondada, assim como à da
Beija Flor, com um diferencial de ser escrita também em itálico. Apesar do uso da
serifa na tipografia, de modo geral a identidade visual tem aparência atual e alegre.
Abaixo da escrita, segue uma linha arredondada, remetendo à forma de um sorriso.
Figura 24: Identidade visual da Bilu Alimentos
Fonte: Disponível em: <http://bilu.com.br/web/produtos> Acesso: 20/05/2018
Visualmente, a empresa se destaca por ter uma identidade visual bem
elaborada. Seus materiais, tanto embalagens quanto digitais, apresentam coerência
gráfica com o uso de fontes padronizadas, formas que remetem ao logotipo e o uso
de cores vibrantes dentro de uma paleta cromática harmoniosa.
48
Figura 25: Embalagem dos produtos Bilu
Fonte: Disponível em: <http://bilu.com.br/web/produtos> Acesso: 20/05/2018
3.4.2 Treep’s
Treep’s é o nome fantasia da Indústria e Comércio de Gêneros Alimentícios
Limoeiro LTDA, de Brusque-SC. Iniciou suas atividades no ano de 1995 e além de
Santa Catarina, também atende parte do Rio Grande do Sul e Paraná. A gama de
produtos da empresa, assim como a Beija Flor, compõe-se de salgadinhos de milho,
salgadinhos de trigo e também pipocas prontas.
A identidade visual da marca é composta pelo logotipo somado ao símbolo de
um balão de ar quente. Há pouca informação disponível sobre o significado do símbolo
adotado pela empresa desde o início, estando presente em todas as embalagens e
materiais gráficos, inclusive na fachada da empresa.
49
Figura 26: Identidade visual Treep's
Fonte: Disponível em: <http://treeps.com.br> Acesso: 20/05/2018
A tipografia utilizada no logotipo se assemelha com a Beija Flor e Bilu, sendo
também serifada, cantos arredondadas e de aspecto bold. A palavra Treep’s é escrita
com letras de tamanhos e posições irregulares, orientando movimento.
As cores utilizadas no símbolo são amarelo, vermelho e cinza e na tipografia
são preto e branco, sendo que nas embalagens a Identidade visual é apresentada
sem o balão e com a tipografia em amarelo e vermelho.
Figura 27: Identidade visual nas embalagens Treep's
Fonte: Disponível em: <http://treeps.com.br> Acesso: 20/05/2018
50
As embalagens dos alimentos possuem a ilustração de um mascote,
representado por um menino praticando esportes, em algumas embalagens está
praticando surfe, outras skate e em outras jogando futebol.
A embalagem da pipoca doce segue o mesmo padrão das concorrentes,
plástico transparente de cor avermelhada. Comparando com a embalagem da Beija
Flor, o tom predominante de vermelho é muito parecido, porém a concorrente se
destaca pelo layout com ilustrações mais aprimoradas e cores mais vibrantes.
3.4.3 Pipocas Clac
Com sede em Votorantim-SP a Pipocas Clac é líder no mercado nacional.
Fundada em 1982, a empresa delimitou sua linha de produtos à apenas três
variedades: pipoca caramelizada, açucarada e pipoca salgada.
Mesmo não sendo considerada uma concorrente direta no sul do Brasil, os
gestores da Beija Flor consideram a Pipocas Clac como uma inspiração, pelo seu nível
de qualidade e por conseguir vender seu produto por quase o dobro do valor.
O discurso da marca é focado na qualidade de seus produtos, apontando para
a tecnologia com processos automatizados e controle de qualidade dos produtos e
embalagens. A empresa também investe em patrocínios de eventos esportivos com a
finalidade de promover desenvolvimento social para jovens da região.
51
Figura 28: Identidade visual Pipocas Clac
Fonte: Disponível em: <http://www.pipocasclac.com.br> Acesso: 20/05/2018
A identidade visual da empresa é composta por tipografia e símbolo. Para as
aplicações na internet é utilizada a versão reduzida, sem o símbolo.
Para a tipografia, foram utilizadas três fontes diferentes, sendo a descrição
“pipoca doce de milho” e “caramelizada” escritas em amarelo com contorno vermelho.
A tipografia principal é a da palavra CLAC, escrito em maiúscula com letras grossas e
cantos arredondados com as cores predominantes vermelho e preto.
Diferente das concorrentes, está não se utiliza de serifa, mas sim se diferencia por ter
efeito de profundidade e reflexos simulando uma superfície de vidro, o que traz um
aspecto moderno à identidade visual.
Junto ao logotipo é acrescentado o símbolo de um mascote, visível em todas
as embalagens. A figura remete à forma da pipoca explodindo com um rosto
sorridente. O mascote é disposto de forma diferente nas embalagens, em uma das
pipocas com uma bola de futebol e em outra com um skate, assim como a concorrente
fazendo menção aos esportes e consequentemente à diversão.
52
Figura 29: Identidade visual nas embalagens Clac
Fonte: Disponível em: <http://www.pipocasclac.com.br> Acesso: 20/05/2018
3.4.4 Elma Chips
A Elma Chips é a empresa líder nacional no setor de salgadinhos, é
considerada como uma concorrente indireta, pois se direciona a um público de maior
poder aquisitivo, seus produtos possuem embalagens mais sofisticadas e seus
valores são mais altos do que os outros concorrentes. Entretanto deve ser analisada
aqui por fazer parte da memória do público, e ser uma referência em marcas de
salgadinhos.
Começou em 1974 quando a empresa americana PepsiCo, adquiriu a Elma
Produtos Alimentícios de Curitiba-PR. Incluiu em sua linha de produtos algumas
marcas de salgadinho que já tinham renome internacional como Stiksy, Cheetos,
Ruffles e Doritos, trazendo para o Brasil a tecnologia de produção e padrão de
qualidade que a marca já possuía nos Estados Unidos.
Com grande investimento em marketing, conseguiu se posicionar rapidamente
como uma das maiores empresas de alimentos do país.
53
Figura 30: Identidade visual da Elma Chips
Fonte: Disponível em: <https://www.elmachips.com.br> Acesso:20/05/2018
A tipografia utilizada na identidade visual tem bastante destaque, sendo
aplicada na cor branca sobre uma superfície vermelha. Com traços grossos e curvas
harmoniosas, tem pequena angulação nos cantos, dando a impressão de serifa,
entretanto não aparentando ser antiga. Seu movimento acompanha a forma ondulada
que faz alusão ao pacote de salgadinhos, por ser vermelha com a cor prata por dentro,
tal como as embalagens. Sobretudo tem boa legibilidade e uniformidade.
O símbolo da marca é representado pelo ícone de um rosto sorrindo. Por ser
elaborado com formas simples é fácil de memorizar e de fácil entendimento da
mensagem de diversão trazida pela marca. Possui efeitos de sombra e reflexos de
luz, o que traz a impressão de tridimensionalidade e relevo para os elementos.
No passar dos anos, sua identidade visual passou por algumas atualizações
(Figura 31), porém sempre manteve como símbolo a imagem de um rosto sorrindo.
Figura 31: Evolução da marca
Fonte: Elaborado pelo autor
54
3.5 PERCEPÇÃO DO PÚBLICO
Buscando conhecer melhor a percepção de pessoas consumidoras dos
produtos, foram aplicados questionários sobre os atributos relacionados à identidade
visual. Os questionários foram realizados através do site online pesquisa (figura 32)
com 20 clientes entre 20 e 50 anos moradores de Santa Catarina e Rio Grande do
Sul. O convite para participar da pesquisa foi enviado para pessoas que já conheciam
os produtos Beija Flor, familiares dos gestores da empresa e alunos do curso de
Design.
A escala utilizada para essa pesquisa segue o modelo de diferencial semântico,
criada por Osgood, Suci e Tannenbaun, em 1957. Ela é aplicada para mensurar
posicionamentos, possibilita que o entrevistado classifique sua opinião mediante a um
assunto em questão através de um conjunto de pontos, separados por dois conceitos
antagônicos (PEREIRA, 1986).
O site Online Pesquisa foi escolhido para este questionário pela conveniência
de oferecer um modelo de pergunta com graduação de respostas onde se pudesse
estabelecer o diferencial semântico, porém o gráfico (Figura 32) com o resultado das
respostas permaneceu disponível para visualização apenas durante o período em que
a pesquisa ficou em aberto.
De uma forma simples, é solicitado o entrevistado marcar na tabela a
graduação de dois adjetivos opostos, sendo o meio o ponto zero.
As palavras-chave utilizadas no teste foram retiradas do discurso da marca
apresentado nas informações do site, missão e valores da empresa e na entrevista
realizada com a gerência. São elas: Divertido, inovador, simples, com qualidade,
saudável, atual, atrativo, barato, nutritivo e gostoso.
55
Figura 32: Diferencial semântico aplicado via pesquisa online
Fonte: Disponível em: <https://www.onlinepesquisa.com/s/8ee6e0e> Acesso: 02/05/2018
A figura 33 mostra o diferencial semântico entre os atributos estabelecidos no
discurso da marca (em azul) e a percepção dos clientes em relação à identidade visual
da empresa (em vermelho). Como é possível observar, há uma discordância
significativa entre o que a empresa acredita e o que o público identifica através de sua
identidade visual.
56
Figura 33: Comparação dos resultados
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Dos dez adjetivos apresentados, apenas três aparecem em proximidade do
discurso da marca, como o conceito de barato, simples e gostoso, sendo este último,
próximo de um ponto neutro (Figura 34). Estas avaliações reforçam a atual estratégia
de marketing da empresa, pois sempre optaram por fornecer um produto de baixo
custo ao consumidor, no intuito de alcançar as classes de baixa renda.
57
Figura 34: Pontos em comum
Fonte: Elaborado pelo autor
Em contrapartida, outros pontos chave, ficaram em contraste com o que se
esperava. A maioria das respostas marcadas na escala foram neutras, próximas ao
ponto zero, indicando que alguns valores podem não ser muito expressivos aos olhos
do público. Algumas respostas tiveram resultado oposto, entre elas, as que mais se
diferenciam são antigo, tradicional e não-saudável.
Dentro do discurso da Beija Flor, foi identificado que a inovação seria um dos
valores que a empresa gostaria de passar, inclusive tratando-se de inovação
tecnológica que seria responsável pela qualidade de seus produtos. Entretanto, ao
serem percebidos pelo público os atributos de uma empresa tradicional e antiga,
indiretamente o conceito de qualidade também perde valor dentro do discurso.
Durante a entrevista com a gerência, um dos pontos importantes citados foi a
necessidade de trazer um apelo saudável aos produtos. Através da pesquisa revelou-
58
se que há uma divergência considerável também neste quesito, pois grande parte das
pessoas considera que a marca não representa ser saudável.
3.6 CLASSIFICAÇÃO DA ESTRATÉGIA
Esta parte do projeto corresponde à segunda fase da metodologia, onde será
sintetizado os resultados da pesquisa e se definirá o posicionamento da empresa e
conceito da marca.
3.6.1 Posicionamento
De acordo com Tybout e Calkins (2006, pg.11) o posicionamento de marca
refere-se ao significado específico pretendido para uma marca na mente dos
consumidores. Mais precisamente, um posicionamento de marca articula a meta que
um consumidor atingirá ao utilizá-la e explica por que é superior a outros meios de
realizar essa meta. Também estabelecem quatro fundamentos para a definição do
posicionamento de marca, a fim de facilitar a estrutura do documento.
Tendo analisado os resultados apresentados na pesquisa realizada e
comparado com o discurso desejado pela empresa, foi possível explanar esses
fundamentos-chave para a marca Beija Flor.
● Público-alvo: Crianças e jovens
● Produto: Pipocas e salgadinhos com apelo de simplicidade e Tradição
● Diferencial: Preço baixo e acessível ao público.
● Razões para acreditar: Popular, Gostoso e Nostálgico.
Benefícios Funcionais: O consumidor adquire um dos produtos para se
alimentar, porém não é um tipo de alimento indispensável dentro de uma dieta ou que
tenha o objetivo principal de nutrir. Os produtos, tanto doces como salgados, são
consumidos muitas vezes como um passatempo, ou como componente de um
convívio social. Por terem preço baixo e porções maiores do que outros salgadinhos
59
como os da Elma chips, o consumidor geralmente come em grupo de amigos ou
familiares.
Benefícios Emocionais: O tempo de atuação no mercado da Beija Flor influi
para que seus produtos façam parte da memória afetiva de algumas gerações. Em
épocas onde o país passou por diversas mudanças na economia, a empresa manteve
o preço de seus produtos sempre acessíveis às classes mais pobres. Isso faz com
que alguns consumidores, mesmo tendo saído do escopo de público alvo, continue
comprando pela lembrança daquele produto na sua infância.
A partir destas atribuições, foi desenvolvido a seguinte declaração de
posicionamento para a linha de produtos Beija Flor:
Para crianças e jovens que gostam de dividir bons momentos com os amigos,
as tradicionais pipocas e salgadinhos da Beija Flor são a escolha simples e
perfeita. Com um padrão de qualidade de confiança e ingredientes
selecionados, os produtos são muito gostosos, fáceis de encontrar em qualquer
lugar e conservam o melhor da infância dentro de cada pacote.
3.6.2 Reposicionamento visual
Para que a Beija Flor consiga ser distinguida pelo público como uma empresa
popular, com tradição de qualidade, mas ao mesmo tempo que tenha uma aparência
atual, é preciso alterar a forma com que se posiciona. Atualmente seu discurso é
impreciso, pois quando afirmam trazer inovação, destoam do parecer que o
consumidor tem de uma empresa tradicional e antiga, e que a acompanha há mais de
quatro décadas. Quando alegam tem qualidade em seus produtos, essa fala precisa
ser embasada em todos os ativos de comunicação da marca.
Em conformidade com Aaker (1998 pg. 88) a qualidade percebida é a ideia que
um consumidor tem da qualidade ou superioridade de um produto ou serviço em
relação aos seus concorrentes.
Para ilustrar essa necessidade de mudança, o gráfico (Figura 35) apresenta
uma matriz de posicionamento que relaciona as marcas concorrentes de acordo com
os conceitos de popular ou sofisticado no eixo vertical e antigo ou atual no eixo
horizontal.
60
Figura 35: Matriz de posicionamento
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
No gráfico, as marcas foram distribuídas de acordo com a análise do seu
discurso verbal e sua linguagem visual. As marcas Elma Chips, Clac e Bilu se
direcionam ao público com linguagem jovial, elementos gráficos mais modernos e
refinados, por isso foram posicionados no quarto quadrante. Nesta proposta, o
conceito de popular também pode assumir o significado de acessível, o que posiciona
a Bilu mais ao centro da matriz tanto pelo preço de seus produtos quanto por seu
discurso descontraído e amigável.
61
A Beija flor está posicionada no primeiro quadrante juntamente com a Treep’s,
pois seus ideais de definem mais próximos de popular e sua estética mais antiga do
que os outros concorrentes. Através da pesquisa, foi observado que uma das
características que mais divergem é em relação a sua contemporaneidade, onde a
empresa almeja ser notada como atual, mas sua aparência é antiga e ultrapassada.
Como estratégia de reposicionamento para a nova identidade visual da Beija
Flor, a proposta seria atualizar, fazendo com que visualmente se adeque a um estilo
mais contemporâneo. Em contrapartida, seria necessário manter a premissa de
popular e acessível. Desta forma será possível obter maior diferenciação de seus
concorrentes, se posicionando no segundo quadrante (Figura 36) onde nenhuma das
outras marcas está disposta.
Figura 36: Reposicionamento da marca
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
62
4 CRIAÇÃO
Este estágio do projeto equivale ao desenvolvimento de ideia central e sua
evolução de acordo com os elementos visuais que irão integrar a identidade visual da
marca. É nesta parte do projeto onde serão geradas alternativas considerando os
conceitos levantados e estabelecidos como mais importantes de acordo com a
pesquisa, com o intuito de conseguir expressar a essência da marca.
Como uma forma de orientar a geração de alternativas e tornar visível os
conceitos chave, foi feito um painel semântico com imagens do público que se quer
alcançar em situações que envolvem o consumo dos alimentos (Figura 37).
Figura 37: Painel semântico do público
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
63
Neste painel foram colocadas imagens de crianças e jovens em grupo,
compartilhando momentos divertidos ou apenas corriqueiros, como o horário do
recreio em uma escola ou fazendo compras com a mãe no supermercado. Nessas
imagens, o conceito principal que está atrelado ao público é o de ser um produto
popular em variados sentidos. Abaixo alguns sinônimos da palavra popular:
● Que pertence ao povo: público, comum, geral.
● Estimado pelo povo: amado, admirado, adorado, apreciado, estimado, querido.
● Famoso: famoso, célebre, renomado, afamado, falado, ilustre, insigne,
prestigiado.
● De baixo custo: baixo, acessível, barato, econômico, moderado, módico.
● Vulgar: conhecido, corrente, difundido, manifesto, notório, sabido, vulgar.
● Partidário do povo: democrático, democrata, antiautoritário, igualitário, liberal,
progressista.
Apoiando-se nessas definições, acredita-se que o design da nova identidade
visual deverá ser elaborado para tomar o caminho do coletivo, do acessível e também
do admirado. A marca terá de refletir o tom de bom humor resultante das relações
afetivas e também a energia da juventude. Dessa forma, espera-se que a empresa
possa se posicionar ainda mais para o público que já foi conquistado e também
alcançar novos consumidores.
4.1 MAPA MENTAL
Em conjunto, foi criado um mapa mental com algumas das palavras chave e
definições desses conceitos. Com esse exercício, distribui-se as palavras
relacionando-as de acordo com seus significados. Posteriormente as ligações
cognitivas tornam-se mais claras e estabelecem níveis de prioridade e destaque para
os valores mais importantes, o que facilita no processo da concepção da nova ideia
(Figura 38).
64
Figura 38: Mapa mental
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
4.2 SÍMBOLO
Para o redesign da identidade visual, optou-se por manter o símbolo de um
beija flor para não descaracterizar a marca. Além disto, com a mudança estética do
símbolo também será possível apresentar novos significados através da imagem.
Segundo Wheeler (2012), a nossa mente percebe em primeiro lugar as formas, já que
imagens podem ser lembradas e reconhecidas de forma direta, enquanto a
interpretação do texto precisa ser decifrada.
65
A leitura não é necessária para identificar as formas, mas a identificação das formas é necessária para a leitura. O cérebro reconhece formas diferentes que fazem uma impressão mais rápida na memória. (WHEELER, 2012, p.62)
As primeiras gerações de alternativas para o símbolo foram feitas baseando-
se na forma natural do beija-flor em diferentes posições de voo (Figura 39), no intuito
de eleger quais se aplicariam melhor junto à disposição da tipografia. Também foi
testado o estilo de ilustração que poderia ser empregado de acordo com sua
pregnância, sendo algumas apenas com o contorno do pássaro e outros com maior
nível de detalhamento nas penas das asas (Figura 40).
Figura 39: Painel semântico beija-flor
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
66
Figura 40: Geração de alternativas para o símbolo
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Também foram desenhadas algumas alternativas (Figura 41) de flores
diferentes para serem validadas em conjunto com os outros elementos, para que sua
forma e posição possa combinar e ocupar os espaços de forma a trazer simetria para
o logotipo.
Figura 41: Geração de alternativas para a flor
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
67
Utilizando a ferramenta Adobe Illustrator CC 2018, foram vetorizadas algumas
das opções mais pertinentes. Desta alternativa (Figura 42) foi empregado um estilo de
ilustração com traçado mais minimalista e bem definido, considerando que quando
reduzido para tamanhos menores ainda será possível de identificar.
Figura 42: Primeira alternativa vetorizada
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
A segunda alternativa vetorizada (Figura 43) foi escolhida por mais se
assemelhar ao movimento do beija-flor quando está parado no ar, próximo à uma flor.
Também foi adicionado uma flor em sua posição frontal, tornando mais fácil seu
reconhecimento mesmo em tamanhos pequenos. Ao lado da flor foram colocadas
duas folhas no sentido contrário às asas, buscando um equilíbrio entre a disposição
das formas na imagem como um todo. Para esta opção manteve-se as linhas das
penas da asa e da cauda.
68
Figura 43: Segunda alternativa vetorizada
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
4.3 TIPOGRAFIA
Após ilustrar a base para o símbolo, foram feitas algumas alternativas para a
escolha da tipografia que será utilizada para a composição de identidade visual. Foi
dado preferência para famílias tipográficas com serifa para remeter à marca
tradicional, porém com formas mais modernas, com o intuito de atualizar e tornar
atrativo aos olhos do público jovem. De acordo com a pesquisa, constatou-se a
importância de lembrar a tradição que a marca já possui, mas que a partir do redesign,
69
se adaptou à contemporaneidade. A figura 44 apresenta uma dúzia de alternativas
para o nome da empresa com fontes diferentes, dentro destas determinações.
Figura 44: Geração de alternativa tipográficas
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
As opções de tipografia 1, 3, 5, 8, 10 e 12 foram testadas quanto à sua
disposição no formato de curvatura semelhante ao logotipo antigo (Figura 45).
Wheeler (2012) argumenta que os bons logotipos são feitos com muita exploração
70
tipográfica, onde o designer precisa estudar as características de cada caractere e
como se relacionam entre si.
Figura 45: Curvatura da tipologia
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
De todas as alternativas criadas, foram escolhidas as tipografias 1 e 8 para
serem avaliadas junto ao símbolo (Figura 46). Também foram aplicadas cores para
facilitar a validação das assinaturas e foi acrescentado um círculo em torno do
logotipo, centralizando o desenho da ave e da flor para que ficassem espaços
simétricos entre símbolo e tipografia. Para proporcionar equilíbrio estético, as duas
opções foram testadas apenas com o contorno em espessura equivalente ao contorno
do símbolo.
71
Figura 46: Geração de alternativa com símbolo
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Também foram geradas alternativas com tipografia no estilo de lettering para
validação. Para essa opção (Figura 47), buscou-se criar uma tipografia com formas e
curvas parecidas com o símbolo da figura 42, fugindo um pouco do estilo das opções
anteriores.
72
Figura 47: Geração de alternativas -Lettering
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
A fim de facilitar a visualização da alternativa, foi refinado uma das
opções que mais parecia promissora, deixando seus contornos mais grossos e
aplicando cores, conforme pode ser observado na imagem a seguir (Figura 48).
Figura 48: Refinamento da opção Lettering
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
73
Apesar de ter alcançado uma estética agradável, a alternativa com esse estilo
se assemelha muito à aparência de marcas de salgadinho mais sofisticadas e já
consolidadas no mercado, como Cheetos e Baconzitos, por exemplo (Figura 49).
Figura 49: Semelhança entre as marcas
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Através da pesquisa, foi possível esclarecer que a similaridade com produtos
mais caros pode ser contrária à proposta da Beija Flor e prejudicar o seu
reconhecimento pelo público alvo da empresa. É de grande importância para os
gestores que depois de atualizada, a marca continue a ter apelo popular, e que seus
produtos são acessíveis e de baixo custo.
Por conta disto, preferiu-se dar continuidade no aperfeiçoamento da alternativa
anterior de número “8” com família tipográfica ITC Officina Sans, testando opções de
cores e sua aplicação dentro de diferentes tipos de formas geométricas (Figura 50).
74
Figura 50: Testes de cores
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
4.4 ALTERNATIVA ESCOLHIDA
Após ser elaborada uma grande quantidade de opções, a alternativa (Figura
51) foi selecionada e reconhecida como satisfatória por abranger os conceitos
definidos para a marca, sendo estes: popular, atual, divertido e nostálgico. A tipografia
expõe bastante da contemporaneidade requisitada na pesquisa e seus traços
correspondem à feição do símbolo, fazendo com que se integrem dentro de uma
mesma linguagem visual. A disposição dos elementos foi definida com a finalidade de
manter a referência da marca original, considerando sua história no mercado e na
memória dos consumidores. Sendo assim, as palavras “Beija” e “Flor” foram mantidas
em curva com o símbolo ao centro.
75
Figura 51: Alternativa escolhida
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Para a assinatura principal optou-se por não incluir o círculo amarelo em torno
do logotipo. Desta forma a aplicação fica mais versátil para os mais variados tipos de
materiais e simbolicamente pode representar o sentimento de liberdade, onde a marca
não está mais mantida dentro de um espaço determinado.
Em suma, para este redesign priorizou-se preservar as características
fundamentais da marca original, atualizando e modernizando seus principais
elementos.
A fim de dar continuidade no refinamento da identidade visual, foram feitos
estudos de padrões de cores que pudessem tornar a marca divertida e amigável. Com
base nos estudos de Heller (2012), optou-se por utilizar um acorde cromático
composto de amarelo, vermelho, verde e azul, por ser considerada uma combinação
de cores que pode remeter à sensação de recreação e sociabilidade. De acordo com
a pesquisa, a cor laranja também poderia compor o acorde, por isso, optou-se por
76
escolher um tom de amarelo próximo ao laranja (Figura 52). Além dessas cores,
também foram usados preto e branco em todo o contorno, para acentuar seu contraste
e trazer maior pregnância.
Figura 52: Cores da marca
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Para alcançar de forma assertiva o público jovem que constantemente é
cercado de informações visuais dinâmicas, foi decidido representar a marca com
cores alegres e vibrantes. Segundo Dondis (2015) “quanto mais intensa e saturada for
a coloração de um objeto ou acontecimento visual, mais carregado estará de
expressão e emoção”. Em virtude disso o acorde cromático foi elaborado em tons
próximos de sua maior saturação, como visto nos pontos indicados da imagem (Figura
53), com exceção do verde, que foi selecionado em um tom mais escuro para
contrastar
Figura 53: Saturação das cores
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
77
Aproveitando-se dos estudos realizados na geração de alternativas, definiu-se
algumas variações de símbolo monocromático e também com uma elipse amarela ao
seu fundo (Figura 54), os quais serão especificados no manual de marca.
Partindo também do critério de remeter à marca antiga, considerou-se uma
opção onde a marca pudesse ser apresentada com um fundo amarelo, porém foi
alterada a forma clássica circular para apresentar a nova marca de forma exuberante,
ultrapassando os limites estabelecidos pela elipse.
Figura 54: Variações da assinatura
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Portanto, tendo elegido a alternativa que mais se adequa à proposta da marca,
pode-se distinguir reais vantagens em relação à sua antecessora.
A nova identidade visual da Beija Flor tem mais apelo comercial e se adequa
visualmente à contemporaneidade, fazendo com que a marca não seja vista como
velha e sem qualidade. O equilíbrio estético entre tipografia e símbolo, com
espaçamentos e peso de linha mais harmoniosos, proporcionam a impressão de
coesão, que reforça e valida a coerência do discurso da marca no imaginário do
consumidor.
Os contornos fortes e cores saturadas geram maior impacto visual,
possibilitando uma rápida identificação da marca e fixação na memória do público.
Também simplifica a sua aplicação em variados métodos de impressão e layouts para
internet, pois suas formas mais simples e linhas de espessuras largas podem
78
facilmente ser reproduzidas tanto em serigrafia, bordado ou até mesmo identificadas
em tamanhos reduzidos para ícones ou assinaturas de fotos.
Como citado na entrevista, as embalagens são produzidas por meio de
flexografia, onde qualquer alteração gráfica necessita da confecção de novos clichês.
Durante o processo de readequação das embalagens à nova identidade visual, serão
geradas despesas à empresa, e se forem alteradas todas de uma só vez, essas
despesas serão muito custosas financeiramente. Como esse tipo de redesign não
confere mudanças radicais à identidade presente, mas sim uma atualização da
mesma, as aplicações com a nova marca poderão ser viabilizadas de forma gradativa
até que todos os produtos estejam dentro da nova proposta.
Após esta etapa, será possível determinar as diretrizes para o correto emprego
da identidade visual através da elaboração do manual de marca.
79
5 MANUAL DA MARCA
5.1 ASSINATURAS
De acordo com Peón (2011), um sistema de identidade visual deverá prever
algumas variações dos elementos visuais, para que eles possam se adaptar à
diversidade de circunstâncias em que poderá ser aplicado. Em vista disso, serão
apresentadas aqui as variações da assinatura para proporcionar flexibilidade no seu
emprego, e também as diretrizes para uma correta utilização da marca.
A identidade visual é composta por uma assinatura principal em cores e sem
fundo, para uso preferencial (Figura 55).
Figura 55: Assinatura principal
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
5.2 MALHA DE REPRODUÇÃO
Com o objetivo de garantir que a marca seja aplicada na proporção apropriada,
foi elaborada uma malha de reprodução representado a seguir (Figura 56). As
dimensões indicadas para a assinatura principal equivalem a vinte e duas vezes a
largura e vinte vezes a altura referente ao círculo central da flor.
80
Figura 56: Malha de reprodução
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
A assinatura secundária (Figura 57) apresenta uma elipse amarela junto ao
logotipo, deverá ser utilizada apenas em casos onde o fundo da imagem dificulta a
legibilidade da assinatura principal.
Figura 57: Assinatura secundária
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
81
5.3 VERSÃO EM TONS DE CINZA
A assinatura também poderá ser utilizada em tons de cinza, desde que sua
legibilidade em fundos claros ou escuros não seja comprometida (Figura 58).
Figura 58: Assinatura em tons de cinza
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
5.4 VERSÕES MONOCROMÁTICAS
Com o intuito de viabilizar a aplicação da marca em casos onde não houver
possibilidade de adição de cores, a marca contará com uma assinatura simplificada
sem graduação de tons (Figura 59). Para fundos claros poderá ser utilizado o
vermelho da assinatura principal, porém quando o fundo for escuro deverá ser
aplicada em negativo de banco.
82
Figura 59: Assinatura monocromática
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
5.5 PADRÃO CROMÁTICO
O padrão cromático da identidade visual compõe-se de cinco cores vibrantes
que foram escolhidas com base nas pesquisas realizadas por Eva Heller no livro
Psicologia das cores (2012), a fim de causar a sensação de recreação e sociabilidade.
A tabela de cores a seguir (Figura 60) apresenta a padronização para
reprodução da marca em conteúdo digital e impresso através de suas referências
RGB, Hexadecimal, CMYK e Pantone, respectivamente.
83
Figura 60: Tabela de cores
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
5.6 ÁREA DE NÃO INTERFERÊNCIA
São determinadas algumas limitações para a aplicação da assinatura visual em
conjunto de outras assinaturas. A área de não interferência, também conhecido como
campo de proteção é o espaço definido como seguro para que não haja perdas de
legibilidade e distinção da marca por conta de outros elementos do layout (Figura 61).
Figura 61: Área de não interferência
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
84
Como parâmetro de comparação, foi utilizado a altura da flor presente no
símbolo para determinar o espaço mínimo entre a marca e outros elementos no layout.
5.7 REDUÇÃO MÍNIMA
Outra limitação determinada para o manual de aplicações da marca é referente
ao menor tamanho em que a assinatura pode ser reduzida não havendo prejuízo na
legibilidade da tipografia e visualização dos detalhes do símbolo (Figura 62).
Tendo realizado testes de impressão, as medias foram definidas como 20
milímetros para sua largura e 19 milímetros de altura.
Para o uso digital o desejado é que não seja reduzida em tamanho menor do
que 80 pixels de largura por 74 pixels de altura.
Figura 62: Redução mínima
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
85
5.8 PROIBIÇÕES
As medidas de proibições da marca apontam os modos em que a mesma não
deverá ser aplicada, a fim de garantir suas características fundamentais (Figura 63).
Figura 63: Proibições da marca
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
5.9 TIPOGRAFIA
A tipografia utilizada como base para a construção da identidade foi ITC Officina
Sans. Por tratar-se de uma tipografia com direitos de uso, para sua veiculação é
necessário que a empresa compre a licença através do site myfonts.com.
Possui estética condensada, é de fácil leitura e tem boa variação em sua família
tipográfica, facilitando sua grafia em língua portuguesa com opções de acentos e
caracteres especiais, conforme a imagem a seguir (Figura 64).
86
Figura 64: Tipografia
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Com o objetivo de padronizar os materiais de comunicação pertencentes à
empresa, esta família tipográfica deverá ser utilizada como alfabeto institucional
principal.
87
6 CRIAÇÃO DOS PONTOS DE CONTATO
Esta parte do projeto faz parte da quarta fase da pesquisa indicada na
metodologia de Wheeler (2012), onde será definida a aparência dos materiais de
papelaria e algumas embalagens dentro da nova proposta visual da marca.
6.1 PAPEL TIMBRADO
Demonstrado na figura 65, o papel timbrado é destinado a documentos
institucionais, como cartas, contratos e declarações oficiais da empresa aos seus
funcionários. Por conta disto, foi observado durante a elaboração do layout para que
sua aparência seja séria e transmita confiança. Foi utilizada a assinatura principal em
fundo branco ao topo, e um rodapé com as informações de contato sobre uma faixa
sólida amarela.
Figura 65: Folha A4 timbrada
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
88
A figura 66 especifica as margens e dimensões de aplicação da marca e
também as margens da área destinada ao conteúdo da folha.
Figura 66: Detalhes de construção da folha A4
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
89
6.2 CARTÃO DE VISITAS
O Cartão de visitas dos funcionários da empresa foi desenvolvido utilizando-se
de duas versões da assinatura. Na parte da frente foi aplicado a assinatura primária,
em um fundo gradiente de amarelo e laranja, para dar mais destaque a nova marca.
Para a parte das informações do cartão foram empregadas a paleta de cores e
a família tipográfica definidos no manual de marca, atentou-se para manter o
alinhamento entre os elementos e uma margem de segurança para orientar a leitura
e não correr o risco de cortar durante a impressão. A assinatura secundária foi
utilizada em negativo sobre o fundo amarelo, com o objetivo de não sobressair
visualmente em relação às outras informações (Figura 67).
Figura 67: Cartão de Visitas
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
90
6.3 EMBALAGENS
O principal contato do público com a marca da Beija Flor é através da
identidade visual presente em suas embalagens. Portanto, é necessário que sua
apresentação reflita os conceitos do discurso de marca.
Conforme analisado durante a pesquisa, as atuais embalagens possuem
grande divergência estética entre si, onde cada linha de produtos possui aplicações
diferentes da marca e cores que variam sem consonância com sua identidade visual.
Para este trabalho foram elaboradas sugestões básicas de adequação das
embalagens atuais à nova identidade visual da marca.
Para a embalagem de pipocas (Figura 68) foi aplicada a assinatura principal ao
centro da embalagem, preservando-se os elementos icônicos da embalagem antiga,
como a cor vermelha, a moldura branca em volta do desenho e as caixas de texto em
verde no topo e base da moldura.
Figura 68: Embalagem de pipocas
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
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Optou-se por retirar a ilustração da menina e das flores, que trazia uma
aparência antiga e despolida para a embalagem.
Comparando com a embalagem original (Figura 69), é possível perceber que a
nova opção tem design mais limpo, concentrando a atenção do público na assinatura
da marca. Também pode-se acreditar que será obtido êxito quanto ao seu
reconhecimento na gôndola pelos consumidores, pois as características fundamentais
foram mantidas após a atualização.
Figura 69:Comparação entre as embalagens
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Do mesmo modo foram feitas opções para a embalagem dos salgadinhos de
milho dos pacotes maiores, que são os mais antigos assim como as pipocas.
Apostando na importância do reforço da marca, a nova identidade visual foi
colocada em destaque, como informação principal da embalagem. Como ilustra a
figura a seguir, foi preservada a transparência no centro da embalagem para que se
possa ver o alimento por baixo da assinatura.
Para proporcionar unidade na identificação da marca nas embalagens da linha,
os elementos foram dispostos da mesma maneira em todas os sabores, alterando
apenas a cor principal e as ilustrações do padrão no fundo (Figura 70).
93
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo principal desse trabalho foi criar uma proposta de atualização da
identidade visual da marca para a empresa Beija Flor a partir de pesquisas e análises
do seu discurso de marca e do mercado em que está inserida, aplicando
conhecimentos técnicos e práticos adquiridos no curso de bacharelado em Design da
Universidade do Sul de Santa Catarina.
Para tal, apoiou-se na metodologia desenvolvida por Alina Wheeler no livro
“Design de Identidade da Marca” (2012), sendo executados quatro das cinco etapas
descritas na metodologia. Durante todo o processo de pesquisa, definição da
estratégia e desenvolvimento do design da identidade também se buscou a
compreensão e contextualização de outras obras acadêmicas para embasar as
medidas adotadas no reposicionamento da marca. A etapa de pesquisa e análise de
dados permitiu conhecer mais amplamente a estrutura atual da empresa, entender
suas aspirações e limitações trouxeram referências importantes no desenvolvimento
deste trabalho. Após uma análise geral e seu contexto, evidenciou-se que a marca da
Beija Flor tinha a necessidade de adequar seu discurso de marca. Graficamente,
deveria se mostrar como uma empresa atual, divertida e popular, garantindo a
confiança que foi conquistada no decorrer de quase cinco décadas de atuação.
A solução final escolhida para representar graficamente a marca foi resultado
de diversos ensaios e estudos durante a geração de alternativas, etapa que
compreende a execução prática e mais palpável de todo o projeto, onde os valores de
significado tomam forma e cor. A partir desta fase, são definidas as diretrizes de
aplicação da marca, para que posteriormente possa-se manter a essência da
identidade corporativa em todos os materiais produzidos pela empresa.
Tendo sido desenvolvido um manual de identidade visual, fica em aberta a
possibilidade de futuras pesquisas, como o desenvolvimento de website, materiais de
papelaria mais aprofundados e também o projeto de embalagens para as diversas
linhas de produtos da marca.
Contudo, pode-se dizer que os objetivos do projeto foram plenamente
alcançados, compreendendo que o redesign da identidade visual da marca apresenta
o conceito desejado pela Beija Flor, reposicionando à em relação aos seus
concorrentes.
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REFERÊNCIAS
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2015.
FAGGIANI, Kátia. O poder do design: da ostentação à emoção. Brasília: Thesaurus, 2006. FOLHA DE SÃO PAULO, 2014. São Paulo. Diário. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/topofmind/2014/10/1528719-novo-consumidor-mais-
informado-mais-exigente-mais-consciente.shtml . Acesso em: 12 Março. 2018.
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95
MARTINS, Rosane Fonseca de Freitas; MERINO, Eugenio Andréz Diaz. Gestão de design como estratégia organizacional. Londrina: Eduel, 2008. MESTRINER, Fábio. Design de Embalagem. Curso Básico. São Paulo: Editora Pearson Makron Books, 2002. MINAYO, Maria Cecília de Souza (org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Rio de janeiro: Vozes, 1996. MOZOTA, B.B. Design management. Paris: Éditions d’Órganization, 2002. NOORDZIJ, Gerrit. O traço: teoria da escrita. São Paulo: Blucher, 2013. 89 p. NEGRÃO, Celso; CAMARGO, Eleida. Design de embalagem: do marketing à produção. São Paulo: Novatec, 2008. 336 p. PEÓN, Maria Luísa. Sistemas de identidade visual. 4.ed. Rio de Janeiro: 2AB, 2011. PEREIRA, Carlos Américo Alves. O Diferencial semântico: uma técnica de medidas nas ciências humanas e sociais. São Paulo: Ática, 1986. PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas de pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo/RS: Feevale, 2013. SAMARA, Timothy. Guia de Tipografia: Manual prático para o uso de tipos no design gráfico. Porto Alegre: Bookman, 2011. SILVEIRA, Luciana Martha Introdução à teoria da cor. 2. ed. – Curitiba: Ed. UTFPR, 2015. SMEIJERS, Fred. Counterpunch: making type in the sixteenth century, designing typefaces now. Londres: Hyphen Press, 1996. 200 p. STRUNCK, Gilberto. Como criar identidades visuais para marcas de sucesso. Ed. 3. Rio de Janeiro: Rio Books, 2007. TYBOUT, Alice M.; CALKINS, Tim (Org.). Branding: fundamentos, estratégias e alavancagem de marcas: implementação, modelagem e checklists: experiências de lideres de mercado. São Paulo: Atlas, 2006 WALKER,Morton. O poder das cores. São Paulo, Saraiva, 1995. WHEELER, Alina. Design de identidade da Marca. Porto Alegre:Bookman, 2012.
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APÊNDICE
APÊNDICE I – Briefing utilizado na visita
BRIEFING EMPRESA BEIJA FLOR
SOBRE A EMPRESA
1- Qual o nome e elementos deverão compor o logotipo?
Beija Flor
2- Como descreveria seus produtos e/ou serviços?
Alimentos com qualidade
3- Quais são os objetivos à longo prazo?
Fixar melhor as bases territoriais.
Ampliar a participação onde a Beija Flor já está.
MERCADO
4- Quem são seus clientes?
Idade:Infanto-juvenil
Sexo: Masculino e feminino
Classe social:
Região:RS, SC, SP, RJ
5- Quais são seus principais concorrentes?
Bilu
Traps
Quais você se inspira?
Pipoca Clac (conseguem vender pelo dobro do valor)
Gulozitos
6- Como se difere dos concorrentes?
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Produto melhor: Maquinário único, controle de qualidade
Atendimento melhor, logística com mais velocidade.
Segurança da entrega (frota levando toda semana)
7 - Quais os pontos de venda? Supermercados, lanchonetes, atacado.
Giassi
Supermercados grandes
Distribuidores
SOBRE O PROJETO
8- Você tem um slogan ou tag line? Se sim, gostaria que estivesse presente no
logo?
Saudável, nutritivo e gostoso (deixou em aberto para criar uma nova).
9- Você possui alguma preferência por cores, ou há alguma cor que você não
quer?
O vermelho precisa ser a principal cor da embalagem. A pipoca da Beija Flor é
identificada pelo cliente final como a ”pipoca vermelha do mercado.”
REFERÊNCIAS :
Embalagem amarela da Maizena
Caixinha de fósforos Pinheiro Fiat Lux
10- Que características, atributos e adjetivos você gostaria que seu logo
passasse sobre sua empresa?
Hoje, se fosse para mudar, gostaria que tivesse o apelo de SAUDÁVEL.
Identifica como uma necessidade de mercado atual e que terá uma importância cada
vez maior no futuro. Os produtos que a empresa oferece tem açúcar e corante em sua
composição, o que torna um desafio fazer com que sejam lembrados como alimentos
saudáveis.
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COMENTÁRIOS ADICIONAIS:
Pipoca Premium
A Beija Flor introduziu em sua linha de produtos uma pipoca com embalagem
diferente, fugindo um pouco da predominância do vermelho. Suas cores
predominantes eram tons de laranja e a parte central era transparente. Havia também
uma referência a ilustração da embalagem antiga. Mas não obteve sucesso em
vendas, representando apenas 3% das vendas de pipoca, apesar da qualidade do
produto ser maior.
Posteriormente a cor da embalagem foi alterada para vermelho, mantendo o
novo layout.
Linha metalizada
Durante um período, foi contratado o serviço de uma agência de publicidade
para criar uma família de produtos que seria lançada em embalagens menores, com
porções de 40g.
De acordo com o cliente, foi feito um estudo para criar um nome para cada
sabor. Cada uma das novas embalagens ganhou uma identidade visual diferente com
a intenção de tornar os produtos mais atrativos para o consumidor.
Em contrapartida, o cliente afirma que o resultado obtido foi um fracasso de
vendas, onde o consumidor não identificava na gôndola como um produto da Beija
Flor decorrente dessa grande mudança.
Depois de um tempo, a empresa chegou a alterar algumas embalagens,
substituindo a nova identidade visual pelo logotipo da Beija Flor, obtendo assim
melhores resultados.
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