UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A ARTETERAPIA E AS TÉCNICAS EXPRESSIVAS COMO
BENEFÍCIO PARA A MELHORA PSÍQUICA
Por: Rosiane Gomes Coelho de Almeida Dias
Orientador
Profa. MS. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2012
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A ARTETERAPIA E AS TÉCNICAS EXPRESSIVAS COMO
BENEFICIO PARA A MELHORA PSIQUICA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Arteterapia educação e
saúde.
Por: Rosiane Gomes Coelho de Almeida Dias
AGRADECIMENTOS
... As minhas amigas de faculdade,
Carla e Rosicléa, que tanto me
ajudaram e me deram forças para
continuar, aos meus pais, por
esperarem e acreditarem em mim
como uma estudante dedicada, ao
meu marido, por compreender o
tempo de ausência e dedicação aos
meus trabalhos acadêmicos.
DEDICATÓRIA
...dedico ao meu pai, minha mãe,
minhas amigas, meu marido e
professores que estiveram comigo
desde o inicio de minha vida escolar.
RESUMO
As técnicas expressivas são consideradas como uma das formas e um
dos recursos na atuação do arteterapeuta na arteterapia, porém por se tratar
de linguagem expressiva, a utilização das técnicas é fundamental no
encontro do indivíduo com seu ser. Através dela, o cliente não coloca
verbalmente seus conflitos, mas expõe seus sentimentos com trabalhos
realizados na utilização de materiais terapêuticos, promovendo a criatividade
e o autoconhecimento, auxiliando o processo de desenvolvimento do
individuo, trazendo consequentemente benefício emocional e transformação
interior. A mudança é gradativa, com o auxilio do arteterapeuta, o cliente tem
contato com as técnicas expressivas, tendo cada uma delas uma linguagem
terapêutica e formas de atuação no psiquismo humano. As técnicas como:
desenho, pintura, recorte e colagem, modelagem e costura e bordado,
quando aplicadas na arteterapia, fazem com que o indivíduo seja capaz de
construir trabalhos repletos de símbolos interiorizados e concretizados
através de imagens bidimensionais ou tridimensionais, na realização destes,
é permitido o caminho do inconsciente ao consciente, também o
conhecimento de sentimentos antes aprisionados e sufocados, onde muitas
vezes são descobertos e tratados em ateliê terapêutico. As técnicas
expressivas também podem ser trabalhadas na educação, cabe ao professor
conhecê-las para um melhor resultado na aplicação das linguagens em sala
de aula.
METODOLOGIA
A metodologia escolhida para este presente trabalho foi a pesquisa
bibliográfica.
O interesse na pesquisa originou-se no objetivo de conhecimento
sobre uma das formas mais utilizadas na arteterapia, a aplicação das
técnicas expressivas.
Através deste trabalho, observou-se a importância da abordagem das
técnicas e suas diferentes linguagens, servindo de recurso e conhecimento
na aplicação futura em alunos ou pacientes.
SUMÁRIO
Introdução 8
Capitulo I
O que è arteterapia 10
Capitulo II
Técnicas expressivas 16
Capitulo III
Linguagens de materiais 25
Capitulo IV
Atividades com linguagens expressivas 35
Conclusão 40
Bibliografia 41
Índice 44
INTRODUÇÃO
Um dos processos terapêuticos que oferece diferentes maneiras de
trabalhar o homem no seu interior é a arteterapia.
O ser humano procura de várias formas entrar em contato com sua
sensibilidade, suas formas de sentir, perceber e experimentar seus
sentimentos.
De maneira lúdica, a arteterapia trabalha sentimentos como o medo,
as angústias e tristezas, oferecem meios pelo qual o homem se torna capaz
de expor, de forma não verbal, seus sentimentos, buscando o equilíbrio
emocional e a cura da “dor da alma”.
O processo terapêutico leva o cliente ao contato com suas
construções, ou seja, a arteterapia também é capaz de desenvolver a
criatividade, este já inerente no ser humano.
Na apresentação da pesquisa, no primeiro capítulo, O que é
arteterapia, será descrito sua definição, importância e benefícios na melhoria
psíquica, sendo recurso terapêutico no resgate emocional do ser humano.
No presente trabalho, é enfatizado também o ambiente educacional,
podendo ser indispensável no trabalho emocional de alunos. As escolas, se
estendendo ao professor, cabem a responsabilidade da educação emocional,
com trabalho de descoberta interior e desenvolvimento do processo criativo
da criança, adolescentes e adultos.
Dentro do processo terapêutico, é de suma importância a utilização
das técnicas expressivas, essas apresentadas no segundo capítulo com o
título “As técnicas expressivas“. O arteterapeuta as emprega com o intuito de
trazer ao cliente o desbloqueio do inconsciente mais profundo. O trabalho
com as técnicas traz a condição de resgate e alcance do comportamento
emocional desejado.
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Usando as diferentes linguagens expressivas o ser humano expõe,
de forma não verbal e concretizada a expressão da alma, compreende e
conhece sentimentos que muitas vezes são adquiridos com o passar de sua
vida, e aquele que faz parte das condições humanas. A pesquisa se
enquadra no contexto, apresentando definições e objetivos de técnicas como:
desenho, pintura, recorte e colagem, modelagem e costura e bordado,
linguagens essas ligadas a arte, proporcionando criatividade e melhoria
emocional, abordando a linguagem de cada uma e o benefício terapêutico.
A arteterapia tem a possibilidade de transformação do interior
humano, constrói e transforma o invisível em visível, contribuindo na
transformação psicológica, tendo como resultado a satisfação pessoal e
consequentemente a mudança comportamental.
No terceiro capítulo, linguagem de materiais, é apresentado materiais
que poderão ser usados no processo terapêutico e auxiliar nas técnicas
expressivas. Cada material tem uma linguagem, cabendo ao arteterapeuta
conhecê-los e aplicá-los com objetivo de alcançar uma resposta positiva ao
tratamento com o cliente.
Como forma de estabelecer a pesquisa, no quarto capítulo,
Atividades com linguagens expressivas, serão abordados atividades com
técnicas retiradas de bibliografias. São exercícios já aplicados, suas
indicações e objetivos a serem alcançados no tratamento terapêutico.
A arteterapia possibilita o descobrimento pessoal, como também o se
encontrar no mundo, trazendo resposta a perguntas feitas no interior do
homem, é uma forma de se ver através dos trabalhos realizados, fazendo
destes o espelho da alma, tendo contato não com o outro, mas consigo
mesmo, uma forma de se conhecer, de descobrir suas habilidades, seus
sentimentos, sua capacidade e seu verdadeiro eu.
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CAPÍTULO I
ARTETERAPIA
Muitos pesquisadores concordam que a arteterapia surgiu das
manifestações artísticas que a humanidade produziu. Desde os primórdios da
civilização o homem tem manifestado sua arte, tanto poderia fazer parte de
um processo de magia, quando caçadores desenhavam nas paredes das
cavernas animais, acreditando que ao registrar sua imagem poderia capturá-
los, ou para representar a fertilidade, onde eram feitas esculturas femininas.
A verdade é que a arte, desde o início dos tempos, o homem a utiliza para
expressar seus sonhos e suas vivências.
A arteterapia nasceu na Europa no séc. XIX, no qual psiquiatras se
interessavam por trabalhos artísticos produzidos em oficinas de terapia
ocupacional por pacientes internados em hospitais psiquiátricos.
1.1 - Arteterapia e Seus Benefícios
É um processo terapêutico que tem como objetivo a cura dos
males da alma.
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É a ciência que tem como base a arte, a medicina e a psicologia.
Através de técnicas que fazem parte de todo o seu processo de
realização, a arteterapia estuda e pratica os recursos artísticos, servindo de
canal para facilitar o individuo a expressar suas emoções, através de
trabalhos realizados pelo paciente e orientados pelo arteterapeuta, são
trazidos à tona traumas, idéias, fobias, desejos, medos e outros sentimentos.
“A arteterapia é um processo terapêutico que resgata a tradição
milenar de utilizar recursos artísticos para auxiliar as pessoas a contatarem
conteúdos internos.” (Ormezzano, 2011, pag. 09)
A arteterapia torna possível um contato interior e exterior mais
profundo, capaz de auxiliar o individuo na exposição de transtornos
psíquicos, assim contribuindo para melhoria da qualidade de vida.
No trabalho com arteterapia o objetivo não é o produto final, o
trabalho finalizado pelo paciente, e sim o processo de sua realização. Sua
execução esta repleta de liberdade, possibilitando naquele que faz, o
estimulo à criatividade, cria símbolos colocando conteúdos mais profundos do
seu ser, descarregando transtornos na realização do trabalho.
Transformando o problema em algo concreto, o paciente é capaz de perceber
pontos positivos e negativos no seu comportamento, sentindo que tal
problema poderá ser exposto, resolvido ou transformado.
Desta maneira a arteterapia possibilita a auto-realização, a saúde
mental e a autoestima, oferecendo um crescimento interior.
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“Arteterapia analisa o processo de criação e não a criação em si.”
(OLIVER, 2011, pag.42)
1.2 - Arteterapia no Brasil
No Brasil, há aproximadamente 30 anos, surgiu à tendência de
relacionar arte e terapia, servindo de recurso terapêutico no tratamento da
saúde mental de pessoas com transtornos psíquicos.
Nise da Silveira foi pioneira de ações que desencadearam a
reforma psiquiátrica, mudando radicalmente a maneira de tratar pacientes
com doenças mentais. Formada em psiquiatria pela faculdade de medicina
da Bahia, Nise da Silveira foi estudiosa de Carl Jung.
Em 1946, Nise fundou a Seção Terapêutica Ocupacional e
Reabilitação (STOR), espaço no qual os pacientes eram recebidos num
ambiente acolhedor, longe de confinamentos psiquiátricos, eletro choques,
insulinoterapia e elebotomia, tratamento agressivos de sua época no qual ela
discordava. Organizou ateliês de música, modelagem, pintura, teatro,
encadernação e outros, onde pacientes eram acompanhados por monitores,
mas nunca eram interferidos em suas produções.
Nise era apaixonada pelo ser humano e sua subjetividade,
valorizava o contato afetivo e o respeito ao próximo, seu interesse era
possibilitar aos seus pacientes o caminho de volta para a realidade e a
recuperação da autonomia perdida.
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Em 1952 fundou o Museu das imagens do inconsciente, acervo
das produções artísticas criadas na Stor.
Nise da Silveira também introduziu a psicologia junguiana no
Brasil. Foi a pioneira no uso da arte como processo terapêutico.
Em 1956, Nise cria a Casa das Palmeiras, uma clinica dedicada à
reabilitação de antigos pacientes de instituições psiquiátricas.
Segundo Thomas Frank (1983), “Ela estava sempre apontando a
teoria da arte, com a utilização da linguagem simbólica e de imagens, era
muitas vezes um caminho eficaz para o inconsciente se expressar, do que a
abordagem verbal da psicanálise e da psicoterapia dinâmica.”
1.3 – Arteterapia e Educação
“A escola é somente um cúmplice num processo mais amplo de
declínio cultural. No entanto, nenhuma outra instituição é mais
capaz de reverter esse declínio. A resposta, então, não é abolir
ou diminuir a educação formal, mas mudá-la.” (D.Orr, 1944,
pag.25)
A arteterapia pode ser aplicada na saúde como também na
educação.
É papel de todo o professor buscar soluções também para uma
educação emocional.
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A escola esta repleta de alunos que precisam de ajuda na saúde
mental, crianças tristes e aprisionadas que não conseguem se expressar de
maneira “clara” para o professor, mas se encantam com folha e material
colorido nas aulas de arte. Também estão cheias de adolescentes perdidos,
que só querem ser reconhecidos, que se incomodam em seguir regras e o
paradigma da estética, mas fluem quando é proposto um tema para colocar
suas idéias em uma simples releitura.
A escola passa constantemente por transformações, é neste
espaço que a maioria dos alunos tem o seu primeiro contato com o grupo,
assim, é importante a formação de um ser com estrutura emocional sólida e
autoconfiante.
“Respeito pelo ser humano é o começo e fim de toda a
educação.” (J.Itten, 1975, pag.6)
A arte tem o poder de fazer o indivíduo se expressar. Na
arteterapia existem recursos que promovem a satisfação das necessidades
emocionais, além do espaço clínico também podem ser usados no ambiente
escolar, são as terapias expressivas, quanto a elas, será falado mais adiante.
O professor, com o auxilio das técnicas existentes na arteterapia, é
capaz de promover nos alunos o potencial criativo, desenvolvendo
competência e a autoestima.
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Para Dina Lucia Chaves Rocha, em seu livro Brincando com a
Criatividade (2009, pag. 82), “Por meio da prática criativa, temos a
oportunidade de trabalhar a autoestima dos nossos alunos. A cada produção,
a criança vai se sentindo capaz e feliz por realizar algo, vai se sentindo
valorizada, autoconfiante.”
Talvez seja um trabalho demorado no âmbito de transformação da
sociedade, mas se torna prazeroso ao perceber a mudança emocional em
um aluno que antes estava perdido.
“A autoestima é a força poderosa que existe no interior de
cada um de Nós. Ela é a capacidade de enfrentarmos, com
confiança, os desafios da Vida. É também a confiança em
nosso direito de ser feliz e a certeza de que merecemos
desfrutar os resultados de nossos esforços. Uma autoestima
saudável é a chave da motivação humana.” (BRADEN 1992,
pag.40)
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CAPÍTULO II
TÉCNICAS EXPRESSIVAS
“Pendurei na parede um trabalho que tinha estado fazendo
durante diversos meses. Então me sentei e olhei para ele.
Podia ver como cada pintura ou desenho tinha sido feito de
acordo com um professor ou outro e disse a mim mesma:
“Tenho coisas na cabeça que são diferentes de tudo que já
me ensinaram – formas e idéias tão perto de mim – tão
naturais ao meu jeito de ser e pensar que não me ocorreu
colocá-las na tela... Decidi começar do zero – despir tudo que
me tinha sido ensinado – para aceitar como verdadeiro meu
próprio pensamento. “Foi um dos melhores momentos de
minha vida...” Não havia ninguém em volta para olhar o que
eu estava fazendo – ninguém interessado – ninguém para
opinar sobre isso ou aquilo. Estava sozinha e singurlamente
livre, trabalhando comigo mesma, desconhecida – ninguém
para satisfazer, a não ser a mim mesma. (...)” (Suzan Bello
Phd, pag.50)
O emprego das técnicas expressivas facilita, torna mais claro, a
atuação do arteterapeuta. Possibilita no sujeito autor, experiências criativas,
desbloqueando sentimentos no surgimento de símbolos, o indivíduo
“verbaliza” sua sensibilidade na expressão da linguagem do inconsciente,
agindo de maneira estruturante no desenvolvimento psicológico.
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Com o uso de técnicas expressivas como: desenho, pintura,
colagem, massas de modelar, no qual será apresentado à frente, o cliente
tem contato com vários materiais – papéis, cola, tinta, lápis de cor, tesoura,
tecidos, plásticos e tantos mais, alguns vão experenciar pela primeira vez,
outros terão a oportunidade de vivenciar novamente com eles.
São muitas as possibilidades no uso das técnicas expressivas,
cada profissional em arteterapia fará uma escolha, também saberá o
momento exato de usar determinada técnica.
Segundo Edna Chagas Christo e Graça Maria Dias da Silva (2009, pag.
14), (...) ”Na realidade, uma técnica só deverá ser utilizada quando ela fizer algum
sentido no tema que o indivíduo estiver trazendo. Dizendo de outra forma: é o
próprio sujeito, através das temáticas que trouxer ao espaço terapêutico, quem
estará inspirando ao terapeuta a utilização desta ou daquela técnica. Não cabe ao
terapeuta jamais programar antecipadamente o recurso que estará utilizando em
determinada sessão, sem que tenha ouvido o que mobiliza o sujeito naquele dia e
estabelecido pontos de contato com o que já veio à luz anteriormente.” (...)
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2.1 - Desenho
“Que desenham as mãos?
Mãos que se desenham conduzindo o
pensamento a fixar-se no papel.
Mãos desejastes, representando que o homem a
si produz.
Quando comovido ante o mundo, o homem se
aventura a fazer imagens de si mesmo e da vida a sua volta.
Faz isso de mãos dadas com a imaginação criadora,
embrenhando-se nos campos da linguagem da arte.
Realizada a obra, o artista nos toca os sentidos.
Nela, ele nos dá a ver o mundo no “coração do pensamento”.
“Gestos de mãos a nos despertar.”
(Miriam Celeste Martins, 2009,29)
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Antes do surgimento da escrita, o homem já se expressava
através dos desenhos que produzia nas paredes no interior das cavernas.
Artistas anônimos fizeram desse ambiente úmido o lugar onde se exprimiam,
criando imagens inspiradoras, interpretavam o mundo que conheciam, com
traços ora figurativo, ora abstratos. Estes desenhos hoje são “caminhos” que
levam a sociedade contemporânea conhecer um pouco mais sobre a
civilização antiga.
O homem contemporâneo esta sepultado em afazeres e envolvido
com a corrida do dia a dia, o desejo e a espontaneidade de criar desenhos
ficou no tempo de infância.
Além da necessidade que o indivíduo tem em querer impressionar
aquele que olha o trabalho realizado, o desenho também é visto como algo
difícil de ser feito.
Esta técnica pode ser realizada por idosos, adultos, adolescentes
e crianças. Tem muita importância no ambiente terapêutico, a partir do
trabalho feito com desenho em arteterapia, com uma atividade dirigida ou não
pelo profissional, o cliente tem contato com traços produzidos por ele,
expressando histórias pessoais repletas de sentimento, envolvimento
emocional e cultural, pois as imagens realizadas são resultados de
imaginação criadora e arquétipos concretizados em seu trabalho.
Para Angela Fhilippine, em seu livro Linguagens e Materiais
Expressivos em arteterapia (2009, p.50), “O desenho documenta a subida
gradual do conteúdo inconsciente até a consciência, da forma de expressão
difusa até a forma objetiva que torna claro o tema simbólico a ser trabalhado.”
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2.2 – Pintura
A liberdade que pode ser experimentado diante de uma folha de
papel em branco e de um conjunto de tintas e pincéis é, ao mesmo tempo,
irresistivelmente convidativa e desafiadora. Partindo da necessidade de
deixar uma marca, de aproximar-se de um objeto, o homem nunca sessou de
pintar. Através da pintura podemos criar superfícies que se libertam dos
traços limitados e impostos pelo desenho. Mais não devemos pensar que é
fácil encarar essa liberdade.
A pintura como técnica utilizada em arteterapia permite exercitar
novas maneiras de olhar a nós mesmos e a tudo que nos rodeia. Esse
exercício é um dos caminhos, e é um dos mais interessantes para organizar
e transformar sentimentos. Olhar o que produzimos livremente sobre o
suporte oferecido é, muitas vezes, a possibilidade de olhar para dentro de
nós mesmos, para algo que até então estava difuso ou oculto de nossa
consciência.
Existem muitos obstáculos a serem vencidos, mas um deles
talvez seja o principal “eu não sei”. Ao longo da vida vamos limitando nossa
flexibilidade, nossa autonomia, nossa coragem, nossa criatividade, nossa
confiança no mundo e, sobretudo em nós mesmos. Pintar é um convite a
dizer “sim..., eu posso”, “eu quero...” “vale a pena tentar...” é ter ousadia de
perguntar “e porque não ?...”.
A variedade de elementos presentes na técnica de pintura: as
linhas, as formas, os volumes, a cor, a tonalidade, a luz, a sombra... Pode
funcionar como um grupo de amigos que nos estimula a desabafar, a aliviar
as nossas tensões, a encontrar soluções diferentes, a ter coragem de tentar
novas alternativas, a mudar o nosso olhar e, consequentemente o nosso
sentir.
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É claro que não é fácil mudar mesmo quando já podemos
identificar um padrão de comportamento. Mas certamente o primeiro passo
para qualquer movimento de mudança é o reconhecimento do que precisa
ser modificado.
A pintura é um meio eficaz que flexibiliza o nosso pensamento,
guiando-nos ao encontro de opções mais criativas, trazendo à tona padrões
viciosos de nossos sentimentos, retirando as vendas que cobrem nosso olhar
para nós mesmos e para o mundo. Enfim, liberando a energia psíquica do
seu fluir como ponte entre o inconsciente e o consciente.
“O artista não é uma pessoa dotada de livre arbítrio que persegue
Seus próprios objetivos, mas alguém que permite a arte realizar
seus próprios objetivos, mas alguém que permite a arte realizar
seus propósitos através dele. “Como ser humano, ele pode ter
humores, desejos e metas próprias, mas como artista ele é
“homem” num sentido mais sublime – ele é um homem coletivo –
alguém que carrega e molda a vida psíquica inconsciente da
humanidade.”
(Jung, 1933, pag.189)
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2.3 - Recorte e Colagem
Dentre outras técnicas expressivas, o recorte e colagem
também são usados na arteterapia.
Com sua praticidade, esta técnica auxilia o indivíduo na
construção de imagens, oferece a facilidade de realização do trabalho,
rompendo barreiras de dificuldades.
Existem clientes que tem pouco contato com material de artes
costuma afirmar que não sabe desenhar, não sabe pintar entre outros termos
usados para explicar um trabalho dito “feio” no conceito estético, por isso a
técnica de recorte e colagem é recomendado no início do processo
terapêutico, trazendo pensamento positivo de possibilidade de construção
dos trabalhos.
Através de figuras recortadas seja de revistas, jornal ou de
propagandas, das colagens de materiais como tecidos, fitas, botões, enfeites
coloridos, sementes e outros, o individuo cria imagens com significados, retira
de fontes diferentes, figuras na maioria das vezes antigas e com sentido
apenas informativo, integrando-as entre si e obtendo o novo, realizando
novas configurações e relacionando as imagens com características próprias
daquele que criou.
A técnica do recorte e colagem traz beneficio psíquico e motor
ao ser humano, proporciona a atenção, concentração, noção de espaço,
organização, impulsiona o reconhecimento das formas, cores e texturas, no
ato de recortar trabalha o movimento das articulações.
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2.4 – Modelagem
“Deixar por onde se passa marcas de mão e marcas de alma.” Tomas Moore
O trabalho de modelagem pode ser feito com diferentes
materiais como: a massinha de modelar escolar, papiêr marche, durepoxi,
massa para biscuit e argila.
A modelagem atua no psiquismo humano, podendo trazer à
tona sentimentos indesejáveis, estes fazendo parte do “mundo real” do
cliente, propicia o reconhecimento de esculturas criadas como símbolos
concretizados através de imagens tridimensionais. O individuo dá forma e
traz a tona sentimentos primitivos, transformando-os em algo que pode ser
tocado, o simbolismo mental que surge do inconsciente concretizado em
material maleável que antes era visto sem forma.
Na arteterapia a modelagem beneficia a liberação de tensões,
cansaço e depressões por ser uma atividade que estimula calma.
Com a atividade de modelar é estimulada a criatividade, é um
material vivo, que através do tato consegue-se criar algo concreto ou
abstrato, sustentando a fantasia e dando forma aos sentidos e desejos, assim
beneficiando o desenvolver da autoconfiança, auxiliando no amadurecimento
pessoal e na valorização da autoestima.
Para Angela Philippine, em seu livro Linguagens Expressivas
em arteterapia (2009, p.72) “A modelagem em arteterapia só deve ser
utilizada depois de algumas experiências do plano bidimensional.”
O cliente que tem algumas dificuldades no trabalho tridimensional é
importante que o arteterapeuta ofereça outras técnicas expressivas, a não
ser para aquele cliente que já tenha trabalhado com a modelagem.
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2.5 - Costura e bordado
O ato de tecer fios possibilita ao cliente experiências ricas de
significados, auxilia na ordenação e organização de pensamentos, pois na
realização do trabalho o individuo é direcionado a transformar algo velho em
algo novo, trazendo beneficio no que se refere ao desenvolvimento psíquico,
harmonizando e estimulando o processo de organização e aceitação de
situações da vida.
O cruzar dos fios remete inconscientemente as intempéries da
vida, ou seja, o cliente ao realizar o trabalho tem uma vivência no sentido de
tecer fatos e emoções, sugerindo a conexão física com a psicológica.
O individuo faz e refaz, construindo e desmanchando no
trabalho proposto, trazendo para o seu eu o ato de fazer, desfazer e fazer
novamente, auxiliando no crescimento e desenvolvimento emocional.
Quantas são às vezes que a vida impõe ao individuo essas atitudes? Nada
melhor que aprender lidar com elas.
A técnica consegue propiciar a revelação de verdades
profundas sobre a vida e a relação com o outro, costurando partes e
entrelaçando fios, auxiliando o processo de construção e correção, reunindo
e estruturando o que estava embaraçado.
Esta técnica é indicada para pessoas que necessitam de
organização, integração e que tem dificuldades de atenção a detalhes.No
processo de criação, trabalha-se característica como valorização e
satisfação, também atinge um resultado benéfico na idéia de criatividade e
autoestima.
Na utilização das cores dos fios, trabalha-se a emoção do
cliente, este recurso também auxilia o tratamento terapêutico no que pode se
buscar a “cura da alma”.
É importante que esta técnica expressiva seja uma atividade
manual para um bom resultado terapêutico.
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CAPÍTULO III
LINGUAGENS DOS MATERIAIS
Cada material é importante no processo terapêutico, possuem
uma linguagem própria capaz de mobilizar emoções e sentimentos no
individuo.
O arteterapeuta deve analisar a importância destes, antes de
oferecer ao cliente, assim alcançando um resultado mais rápido e benefício
psíquico no tratamento arteterapeutico.
Quando o cliente faz uso dos materiais a linguagem deste entra
em contato com o inconsciente.
Apesar de vermos os materiais nos trabalhos artísticos e no dia
a dia escolar, não são apenas para uma melhor resposta estética, mas
material que podem auxiliar no tratamento terapêutico e grande auxilio no
benefício emocional.
Características destes materiais são percebidas no momento de
sua utilização, como exemplo o lápis grafite, existem os mais macios e mais
duros, também existem aqueles materiais em que sua utilização é assimilada
pelo inconsciente, é o caso da cola, que cumpre o papel de ligar uma coisa a
outra, podendo ser, como interpretação terapêutica, um momento, uma
pessoa ou uma situação.
Em seguida serão abordadas linguagens de alguns materiais
utilizadas em sessões de arteterapia e auxilio das técnicas expressivas,
descrevendo seus benefícios e suas características.
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3.1 - Papel
A palavra papel vem do latim “papiros”, planta que cresce à
beira do rio Nilo. A primeira vez que surgiu o papel foi na China, no século II
d.C.
Na arteterapia, o papel é usado em várias técnicas expressivas
oferecendo várias possibilidades nas atividades, possibilita o envolvimento
com o imaginário e o simbólico, sendo um dos meios em que o individuo
utiliza para se expressar, é usado no desenho, pintura, recorte e colagem,
modelagem e outros.
O papel cria experiências com o mundo interior, através do uso
deste material o individuo é capaz de expressar emoções, criando imagens
do inconsciente.
O papel é receptor de tensões, idéias, emoções e sentimentos
mais profundos, proporcionando calma, tranqüilidade, auto-estima, autonomia
e criatividade.
3.2 – Tesoura
Material importante e muito usado em arteterapia. No seu uso
trabalha-se a coordenação motora das mãos, nervos, dedos, punho e braço.
No trabalho de recorte, trabalha-se a desestruturação.
Este material é indicado para pessoas excessivamente
organizadas.
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3.3 – Métodos e materiais para desenho
No desenho trabalha-se a coordenação fina, pratica o controle
motor, a concentração, atenção, a inteligência e o contato com a realidade.
O desenho de cópia trabalha a concentração exterior, devido
aos detalhes, são indicadas para pessoas sonhadoras, que fantasiam a vida,
pessoas confusas e adolescentes.
No trabalho de cópia, o individuo tem dificuldade em reproduzir
o desenho, tendo medo de errar, essa atitude faz parte da personalidade
daquele que tem dificuldade em dirigir sua vida.
A reprodução do desenho de cópia obriga o cliente a ter contato
com a realidade, perdendo o medo de realizar e organizar detalhes, trazendo
para o mundo interior, o cliente começa a ser capaz de realizar e organizar a
sua vida.
No desenho livre o cliente entra em contato com o mundo
exterior e interior. Ao desenhar o indivíduo expressa o seu eu, possibilita o
provir de conteúdos que viriam à tona.
O desenho dirigido pelo arteterapeuta, no processo de
realização do trabalho pelo cliente surge emoções “guardadas”, muitas vezes
esquecida e que ainda fazem mal ao psicológico do indivíduo, por isso tem o
poder de desbloquear emoções.
Indicado para pessoas deprimidas.
Nos desenhos monocromáticos, trabalham-se emoções
superficiais, quando é realizado o colorido são trabalhadas as emoções
profundas.
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3.3.1 – Giz de cera
De fácil utilização, é resistente e precisa de maior controle e
atenção no seu manuseio, com isso traz benefício para coordenação motora
e eleva o nível de energia para que seja realizado o trabalho exigindo maior
concentração e esforço.
Mantém uma relação mutua entre mão e olho. Indicado para
pessoas pessimistas, deprimidas e chorosas.
“um instrumento com o qual os seres humanos podem se
desligar parcialmente da experiência corrente e recordar,
evocar, imaginar, jogar, simular. Assim eles decolam
para outros lugares, outros momentos e outros mundos.
Não devemos esses poderes as línguas, mas
igualmente as linguagens plásticas (...). Quanto mais as
linguagens se enriquecem e se estendem, maiores são
as possibilidades de simular, imaginar, fazer imaginar
um alhures ou uma realidade.” (Miriam Celeste, 2009,
pag.34).
3.3.2 – Lápis de cor comum
Muito conhecido, é de fácil manuseio, exige concentração.
Indicado para pessoas dispersas, de difícil concentração.
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3.3.3 – Pastel a óleo
Muito utilizado nas sessões de arteterapia, fáceis de usar, sua
composição à base de óleo possibilita um trabalho com maior deslize no
papel, internamente flui emoções e sentimentos.
“... para criar o próprio mundo em qualquer das artes é
preciso coragem, pois aí estamos lidando com o fato de que
expressões da visão individual daquilo que é subjetivo não
são bem vindas pela sociedade. A sociedade, embebida em
pensamento egoísta e na luta pela sobrevivência, procura o
objetivo, o tangível, o certo, o seguro.” (G.Skiler, 1992,
pag.111)
3.3.4 – Pastel a seco
Lápis colorido, mas sem umidade. O trabalho com lápis seco
internamente, tende a secar as emoções.
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3.4 – Materiais de pintura
“Quatro rodas giram lentamente uma ciranda.
Rodando vão tão longe
Cada roda à sua maneira
Tem em si todas as rodas
Rodadança da criança na criação.
Há tempo para girar - mundo
Na intuição, no simbólico, na notação.
Há tempo pra pensar
Sobre o pensar do gira - mundo.
Cada tempo tem seu giro
Cada giro tem seu tempo
Notação que já acontece
Nos movimentos da invenção.
São movimentos tocantes
Elos da metamorfose
Mandalas da expressão
Arte na vida
Voltas na roda - gigante
Que só não cessam
Se lhes for dada atenção.
(Miriam Celeste, 2009, pag.83)
30
A tinta é um material que facilita a expressão do indivíduo.
O uso das tintas no deslizar do papel, promove a sensação de
liberdade.
Conforme seu uso, o cliente passa a explorar mais os espaços
do papel, trazendo a sensação de se expandir, explorando áreas antes
tímidas, sem cor.
A fluidez das tintas e suas cores levam a expansão de emoções
e sentimentos.
3.4.1 - Tinta guache
Uma das tintas mais usadas, de fácil utilização, requer um
domínio maior nos movimentos, pois quanto mais grossa, mais espessa, o
cliente deverá ter mais controle no uso deste material.
No deslizar do seu uso, libera emoções e trabalha a imaginação,
possibilitando sua mistura para obtenção de outras cores.
3.4.2 - Tinta aquarela
É uma tinta leve, que deve obrigatoriamente usar água.
Trabalha o lado afetivo. A resistência em trabalhá-la, enquanto
mundo subjetivo leva o individuo a não perder o controle nas situações.
Este material é indicado para pessoas com pouca afetividade
emocional, pessoas que mantém sua vida baseada somente na razão, por
isso não é indicada para pessoas deprimidas e fragilizadas por ser um
material que “desmancha” emoções.
31
3.4.3 - Anilina
Material bastante aguado exige mais controle nos braços no
momento de realizar o traçado, pelas suas características, é indicado para
clientes que tem medo de perder o controle de situações.
3.4.4 - Tinta óleo
Material espesso. Usadas com pessoas que sofrem de
depressão, conforme seu uso possibilita mais estabilidade emocional e
controle das situações.
3.4.5 - Nanquim
Exige agilidade e sensibilidade, quando acrescentado água, a
tinta fica mais liquida, podendo trabalhar com manchas, levando o indivíduo a
perder o medo de dominar forma.
Exige concentração, indicada para pessoas que precisam ter
mais atenção.
32
3.5 - Modelagem
Age nas sensações físicas e viscerais, assim levando o cliente
ao relaxamento.
No criar, canaliza emoções e sentimentos. É indicado para
pessoas rígidas e ansiosas.
3.5. 1 - Argila
Material moldável, o cliente sente que o domina, assim favorece
a libertação de tensões.
O contato com o barro, na hora de sua utilização, pode trazer
prazer ou não ao cliente, pois existem pessoas que não se sentem à vontade
no seu manuseio. Quando o cliente nega o uso deste material pode ser
oferecido outro de atividade de modelagem, pois o arteterapeuta não deve
insistir no seu uso, e sim esperar o tempo de adequação do cliente com a
argila.
Faz a ligação homem X terra, o mundo exterior com o mundo
interior.
3.5.2 - Papel Marchê
Material pegajoso e frio. Oferece possibilidade de ser moldado,
mas não tanto quanto a argila.
No seu manuseio, quando adultos, poderão ter recordações de
infância. Proporciona criatividade, auto-estima e autoconfiança, purificação
emocional e domínio.
33
3.6 – Recorte e Colagens
Além do benefício que alguns materiais na realização da atividade
de colagem oferece, no caso da tesoura e da cola, o recorte e colagem é
visto como auxilio de organização de idéias presentes ou imagens de
desejos da vida do cliente.
3.6.1 – Recorte e Colagem com figuras de revista
Como beneficio terapêutico, proporciona no individuo a
integração, a organização, a estruturação, a construção de algo velho em
novo. O agrupar de figuras traz do subconsciente, imagem em construção do
passado, presente ou futuro.
3.6.2 – colagem com fotografias
O trabalho com fotografias traz a memória do cliente sentimentos,
lembranças e emoções escondidas. Faz com que o individuo se descubra
novamente, trazendo a memória como era e como poderá ser a situação
registrada em cada época vivida.
Fotografia são arquivos, memórias guardadas. O trabalho com
colagem de fotografia traz pistas de como lidar com lembranças, essas se
transformando em imagens que expressam situações, no momento, em
realidade de transformação no inconsciente.
34
CAPITULO IV
ATIVIDADES COM LINGUAGENS EXPRESSIVAS
As atividades com linguagens expressivas são utilizadas durante
as sessões de arteterapia auxiliando o arteterapeuta no processo de
desenvolvimento, autoconhecimento e autoestima do cliente.
Por meio das diferentes atividades do fazer arte, o cliente
representa seu mundo interior e situações de conflitos internos.
As atividades apresentadas a seguir, foram retiradas de biografias
que abordam o referente assunto.
4.1 – Pinturas com rolo de espuma
Material:
Papel 40 kg branco
Rolo de pintura (de espuma)
Espuma em tiras
Barbante, fitas
Tinta guache
Procedimentos:
1)Enrolar material diferentes no rolo, fixando-os com barbante.
2) Passar o rolo no guache e aplicar sobre a superfície escolhida.
Sugestões ao arteterapeuta
Esta técnica permite maior controle da pessoa que esta
realizando o trabalho, uma vez que a tinta é mais espessa e é a mão da
pessoa que irá dar a direção.
Apesar disso, o passar do rolo de espuma em várias direções irá
criando novo efeito e permitindo uma pequena dose de elemento surpresa.
35
4.2 – Desenhos de lápis de cera na lixa
Material:
Lápis de cera
Lixa (de várias espessuras)
Procedimentos:
Desenhar livremente sobre a lixa, tendo o cuidado para não se
machucar na aspereza da lixa. Em geral existe lixa de cor preta e de cor
terra. Essa variação vai permitir a exploração tanto de aspecto de claro e
escuro, tanto de possibilidades cromáticas.
Sugestões ao arteterapeuta:
Uma variação desta técnica é usar lápis de cor em lugar de lápis
de cera. O desconforto com a lixa se acentua mais ainda, porque a ponta do
lápis é consumida muito rapidamente, e o contato com a superfície áspera é
maior.
Este suporte, a lixa, vai trazer também a sensação do não usual e
é possível, variando as espessuras da lixa, variar igualmente a sensação
física de desconforto.
É interessante explorar o fato de que a beleza pode ser extraída
mesmo de algo que nos incomode.
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4.3 – Transformação
Objetivos: Trabalhar a intuição e concentração
Público-alvo: adolescentes, adultos e idosos.
Materiais: tiras de papel, caneta, tabuleiro, álcool e fósforo
Passo a passo: sentado, buscar pensar em algo que não quer mais para a
sua vida e que deve ser queimado e escrever em um papel. Fazer uma roda
em volta do fogo e queimar em uma fogueira de papéis, observando sua
transformação em cinza.
4.4 – Espumas Coloridas
Objetivos: Trabalhar a percepção, os sentimentos, as emoções e a
criatividade.
Público alvo: crianças, adolescentes, adultos e idosos.
Materiais: Forma de bolo quadrada, detergente, anilina colorida, folhas A4 e
canetas de hidrocor.
Passo a passo: após colocar água e detergente na fôrma, fazer bastante
espuma e acrescentar várias cores de anilina. Colocar a folha de leve em
cima da espuma colorida para tingir o papel. Criar algo em cima do papel
tingido.
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4.5 – Biscuit
Objetivos: trabalhar a ansiedade, uma vez que a atividade não será concluída
na mesma sessão, o relaxamento, a concentração e a motricidade.
Público alvo: crianças, adolescentes, adultos e idosos.
Materiais; massa para biscuit, tintas, pincéis e palitos (de dente e/ou fósforo).
Passo a passo: pedir ao cliente que, utilizando a massa biscuit, faça uma
escultura que deseje (tema livre). Na segunda sessão, pedir-lhe que pinte
essa escultura.
4.6 – Atividades Expressivas com história da arte
1. Escolha uma tela de Monet e procure um poema e um trecho musical que
tenha relação com a pintura;
2. Com papel crepom, recrie os nenúfres (ou ninféias), de Monet, colocando-
as sobre um suporte (papel canson) preparado com “tintas de álcool” (papel
crepom de molho em álcool é uma opção);
3. Observe “Ninféias”, de Monet, e faça uma “viagem para dentro de uma
dessas flores” (que foi feita anteriormente com papel crepom); pinte essa
viagem.
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4.7 – Cenas sombra
Objetivo: projetar sentimentos referentes a momentos vividos.
Materiais sugeridos: Papel cartão preto, tamanho A4, colado a uma folha
branca do mesmo tamanho.
Dez triângulos pequenos brancos.
Dez triângulos pequenos pretos.
Cola branca.
Procedimentos:
Após a narração de uma fábula, escolher uma cena e representar
com triângulos pretos e brancos no cartaz.
Em seguida, podem ser feitas as seguintes perguntas
informalmente;
1) Qual o título dessa composição?
2) Que cena você representou?
3) que sentimento você tem ao olhar para a imagem?
4) Como a personagem se sente nessa cena?Como você acha
que ela gostaria de estar se sentindo?
5) há algo que incomoda nesse cenário? O quê?
6) O que você mudaria nessa imagem?
7) Falta algo nessa imagem?
8) que sentimento os triângulos brancos representam, de acordo
com a fábula?
9) que sentimentos os triângulos pretos representam, de acordo
com a fábula?
Ao final, o cliente associa essa cena aos conteúdos despertados
com a própria vida.
39
CONCLUSÃO
Na monografia apresentada, foi entendido que a arteterapia utiliza
subterfúgio da arte, seus materiais, suas atividades e a história da arte para
auxilio terapêutico. Através da prática da arte, o cliente tem contato e passa
a conhecer seu Self, ou seja, o eu interior, que por mais que seja do
individuo, há ausência de conhecimento pelo mesmo.
A educação atual tem vivido momentos difíceis e trágicos, alunos
desestruturados, que às vezes não por querer, mas por falta de ensinamento,
disciplina e equilíbrio emocional não conseguem entender o ambiente
escolar. Através da pesquisa realizada, a arteterapia se aplicada na escola
em ambiente terapêutico ou, em caso de algumas atividades, serem
adaptadas em sala de aula, é possível conhecer o que se passa na estrutura
emocional do aluno, buscando assim a melhora de um ser como pessoa.
As técnicas expressivas apresentadas são vistas por muitos como
simples artesanato em sua realização e utilidade, mas no que se diz melhora
psíquica, é importante em seu efeito, podendo ser usada da criança ao
adulto. No decorrer das sessões arteterapeuticas, é desenvolvida a
criatividade, como afirma Angela Filipinni em seu vídeo sobre arteterapia
opinião e noticia, ”... a criatividade é inerente no ser humano...”, experiência
essa que produz bem estar no individuo, autoconfiança, autodependência e
imaginação, sensações que trazem autoconhecimento e segurança.
Arteterapia, esta preocupada com o processo de realização do
trabalho, pois durante a criação de símbolos que há “cura” emocional. Arte
terapia, esta preocupada com o trabalho final, a conclusão do mesmo, não
focando o processo, mas o resultado depois de pronto.
A arteterapia é uma forma, de maneira lúdica, prazerosa e colorida
de “desabafar” as cargas negativas, sentimentos como raiva, rancor, tristeza
e solidão, pois o individuo quando chega ao ambiente terapêutico com
objetivo de alcançar todo bem que a arteterapia oferece é capaz de atingir
transformação interior.
40
BIBLIOGRAFIA
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Modalidades expressivas para diversas áreas. Editora wak, Rio de janeiro,
2011.
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ao encontro com a alma. Wak editora, Rio de Janeiro.
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Expressivas e Terapêuticas. Wak editora, Rio de Janeiro, 2012.
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personalidade criativa, 3º edição. Wak editora, Rio de janeiro, 2007.
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especialização em arteterapia em educação e saúde. Universidade Candido
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oralidade no processo terapêutico. Curso de especialização em Arteterapia
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imagens, 5º edição. Editora wak, 2011.
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43
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 10
Arteterapia 10
1.1 – Arteterapia e seus benefícios 10
1.2 – Arteterapia no Brasil 12
1.3 – Arteterapia e Educação 13
CAPITULO II 16
Técnicas Expressivas 16
2.1 – Desenho 18
2.2 – Pintura 20
2.3 – Recorte e Colagem 22
2.4 – Modelagem 23
2.5 – Costura e bordado 24
CAPITULO III 25
Linguagens dos materiais 25
3.1 – Papel 26
3.2 – Tesoura 26
3.3 – Métodos e técnicas para desenho 27
3.3.1 – Giz de cera 28
3.3.2 – Lápis de cor comum 28
3.3.3 – Pastel à óleo 29
3.3.4 – Pastel a seco 29
44
3.4 – Materiais de Pintura 30
3.4.1 – Tinta Guache 31
3.4.2 – Tinta Aquarela 31
3.4.3 – Anilina 32
3.4.4 – Tinta óleo 32
3.4.5 – Nanquim 32
3.5 – Modelagem 33
3.5.1 – Argila 33
3.5.2 – papel Marchê 33
3.6 – Recorte e colagem 34
3.6.1 – Recorte e colagem com figuras de revista 35
3.6.2 – Colagem com fotografia 36
CAPITULO IV 35
Atividades com linguagens expressivas 35
4.1 – Pinturas com rolo de espuma 35
4.2 – Desenhos de lápis de cera na lixa 36
4.3 – Transformação 37
4.4- Espumas colorida 37
4.5 – Biscuit 38
4.6 – Atividades expressivas com história da arte 38
4.7 – Cenas Sombra 39
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA 41
ÍNDICE 44
45