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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DA PROPAGANDA INSTITUCIONAL E A SUA

INFLUÊNCIA NA REPUTAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES

Por: Laura Fernandez Suárez

Orientador

Prof. Dr. Fernando Lima

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DA PROPAGANDA INSTITUCIONAL E A SUA

INFLUÊNCIA NA REPUTAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Comunicação

Empresarial

Por: . Laura Fernandez Suárez

3

AGRADECIMENTOS

Aos queridos amigos Otávio Barreto e

Claudia d’Ávila pelo excelente convívio

diário e pela possibilidade de dividir

tantas conquistas.

4

DEDICATÓRIA

Dedico ao meu marido Fabio Paiva de

Castro por todo o apoio e compreensão

nas horas de ausência e pelo incansável

incentivo na busca de novos

conhecimentos e perspectivas.

5

RESUMO

A comunicação institucional é um dos pilares para o posicionamento das

organizações no mercado corporativo. Uma vez alinhadas a identidade e a

imagem corporativa, através da propaganda institucional adequada, é possível

agregar valor à instituição, fortalecendo a sua credibilidade.

A propaganda institucional, componente do planejamento estratégico da

empresa, fortalece o seu posicionamento. Empresas fortalecidas

institucionalmente enfrentam situações de crise por menos tempo e com menor

desgaste de imagem, ao contrário, daquelas que não investem na

consolidação da sua imagem.

Pesquisa e planejamento são ferramentas fundamentais para prevenir

situações de crises, mapear o cenário empresarial, levantar temas de interesse

e estabelecer os critérios de análise de resultados decorrentes dos objetivos

estabelecidos.

A credibilidade e a boa reputação institucional acabam por se tornar um

diferencial de mercado agregando valor e fortalecendo a empresa. O papel da

propaganda institucional neste cenário é fundamental para sua consolidação e

difusão.

6

METODOLOGIA

A metodologia, entendida como o conjunto detalhado e seqüencial de

métodos e técnicas científicas executadas ao longo da pesquisa, deve atender

aos critérios de menor custo, maior rapidez, maior eficácia e mais

confiabilidade de informação (BARRETO; HONORATO, 1998).

Nesse sentido, fora adotada a pesquisa bibliográfica com base em

material já elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos.

Quanto à internet foram incluídas tais consultas, apesar de em determinados

casos não dispor de atestado do seu caráter científico, seu conteúdo não pode

ser ignorado sob pena de excluir temas interessantes para a pesquisa.

Por fim, foram apresentados conteúdos de jornais, de revistas

especializadas, pesquisas, reportagens, panfletos, propagandas e anúncios

que exemplificam e ilustram o disposto nos capítulos anteriores da pesquisa,

de maneira que permite o aprofundamento do conhecimento.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A Comunicação nas Organizações 10

CAPÍTULO II - Identidade e Imagem Institucionais 20

CAPÍTULO III – Propaganda Institucional 26

CAPÍTULO IV – Como se destacar quando tudo parece igual? 31

CAPÍTULO V – Pesquisa e Planejamento 39

CAPÍTULO VI – Como analisar resultados 46

CONCLUSÃO 48

ANEXOS 50

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 77

ÍNDICE 78

FOLHA DE AVALIAÇÃO 80

8

INTRODUÇÃO

As organizações são compostas por inúmeros sistemas que,

integrados, formam seu conceito. A comunicação é uma das variáveis desses

sistemas e, semelhante à empresa, é um sistema também, sendo suas

missões principais: transmissão e recuperação da mensagem.

A comunicação institucional está intrinsecamente ligada aos aspectos

corporativos institucionais que explicitam o lado público das organizações,

constrói uma personalidade creditiva organizacional e tem como proposta

básica a influência político-social na sociedade ontem está inserta (KUNSCH,

MARGARIDA; 2003).

Ao longo deste trabalho, será traçado um paralelo entre a

comunicação institucional e a comunicação empresarial integrada, destacando,

neste cenário, o papel da comunicação institucional e sua aplicação no

ambiente organizacional moderno.

Faz-se imprescindível a análise de como a comunicação institucional se

relaciona com a reputação das organizações e dos principais elementos de

comunicação institucional, com destaque para a identidade corporativa e

imagem corporativa e relacioná-los ao clima organizacional.

A Propaganda Institucional, nesse âmbito, é o meio pelo qual são

divulgadas as idéias, mensagens institucionais com o intuito de preencher as

necessidades da empresa. Conceitos como filosofia, valores, missão, visão,

políticas, pensamentos, condutas, posturas e atitudes constituem a identidade

corporativa das organizações. Em paralelo, a imagem corporativa informa aos

públicos ligados à empresa ou dela próprios o que a organização deve ser.

9

Nesse cenário em que as organizações estão inseridas é imperativo

diferenciar imagem corporativa, entendida como a percepção que uma

empresa quer que se tenha dela, de reputação, ou seja, a percepção que o

público tem desta empresa.

A conquista de espaço, a manutenção da credibilidade e a aceitação de

produtos e ações, decorrem diretamente do gerenciamento de imagem

influenciado pela propaganda. Fator este comprovado quando do

gerenciamento de crises.

O ajuste destes conceitos será determinante sobre o impacto positivo

ou negativo da comunicação institucional e, até mesmo, da sobrevivência das

empresas no atual ambiente de negócios em que é preciso recriar

permanentemente vantagens competitivas.

10

CAPÍTULO I

A COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

A Comunicação e seus aspectos tem sido objeto de estudo desde a

antiguidade inseridos em diferentes áreas do conhecimento, como a Filosofia,

a Sociologia, a Psicologia e a Linguística. Tais estudos deram origem as

Teorias da Comunicação que analisam cada um de seus componentes.

Resumidamente, podemos conceituar Comunicação como o processo

de intercâmbio de informações entre sujeitos ou objetos, em outras palavras,

os processos de comunicação humana. Desdobra-se nos seguintes tipos:

Social, de Massa, Interpessoal, Intrapessoal, Não-Verbal, Visual, Audiovisual,

Segmentada, Integrada, Redes, Empresarial, etc.

A comunicação é uma função-meio, usada para gerar consentimento.

Como função-meio, legitima-se como poder. Trata-se de mais um poder

organizacional. Um poder que está ao lado do poder remunerativo do poder

coercitivo e do poder normativo. (REGO, FRANCISCO; 1986)

A Comunicação tem, atualmente, importante papel na gestão

empresarial já que a Comunicação Organizacional ou Empresarial abrange

todas as formas de comunicação utilizadas pela organização para relacionar-

se e interagir com seus públicos.

1.1 – Comunicação Organizacional Integrada

Rego (1986) estabelece uma relação entre empresa e comunicação

em razão de sua organização sistêmica. A empresa é um sistema que reúne

capital, trabalho, normas, políticas, natureza técnica e, por sua vez, a

comunicação é organizada pelos elementos, fonte, codificador, canal,

mensagem, decodificador e receptor.

11

As organizações têm sido administradas de forma sistêmica, ou seja, é

impossível administrar uma parte sem levar em consideração o todo. Logo, faz-

se indispensável uma visão integrada. Nesse mesmo sentido, a comunicação

organizacional deve ser analisada.

Historicamente as atividades de comunicação eram analisadas de

maneira fragmentada. Contudo, na medida em que se comprova que a

otimização dos recursos gera resultados positivos e evitam danos para a

própria imagem da empresa, a integração das atividades tem sido,

estrategicamente, privilegiada.

A comunicação com o mercado extrapola os antigos limites do anúncio

e do comercial. Hoje, a comunicação é o resultado do efeito cumulativo de tudo

aquilo que a empresa diz ou faz. (...) Eis aqui algumas formas pelas quais as

empresas se comunicam com o mercado e o ambiente de negócios:

- Produtos/serviços;

- Relações com funcionários, clientes, revendedores e fornecedores;

- Integração na comunidade;

- Defesa de princípios e ideais éticos;

- Propaganda/divulgação;

- Associação com causas éticas;

- Inovação/pioneirismo. (GRACIOSO, FRANCISO; 2006)

Tendo em vista as inúmeras formas de comunicação, a possibilidade

de haver qualquer tipo de dissonância entre as mensagens é enorme. Nesse

sentido, é preciso haver uma coordenação entre as ações para que sejam

eficazes e que tenham uma linguagem homogênea.

Na verdade, não podem ser consideradas apenas questões internas e

externas a organização de forma estática. É preciso ampliar o contexto. E,

neste aspecto, levar em conta que as pessoas que emitiram e receberão as

12

mensagens tem seu universo cognitivo próprio e, portanto, sua própria forma

de interpretação.

Com o objetivo de preservar a linguagem sistêmica e integrada,

segundo Rego (1986) devem ser alcançados os seguintes resultados:

- unidade operacional e administrativa com evidente concentração de custos;

- harmonia na preservação dos códigos visuais;

- harmonia na preservação dos códigos escritos;

- coerência conceitual;

- melhor direcionamento da mensagem pela possibilidade de concentração de

esforços e seleção de meios;

- escolha adequada de meios para cada ato comunicativo;

- controle mais apurado;

- racionalização de processos administrativos e financeiros;

- melhor distribuição de tarefas;

- antecipação do processo informativo para tomada de decisões;

- rápida captação da cultura ambiental interna e externa;

- garantia da homogeneidade dos conteúdos;

- capacidade de responder mais rapidamente às contingências

internas/externas, às ameaças e riscos do sistema operacional, do sistema

político, econômico e social;

- capacidade de entender e implementar medidas estratégicas tomadas pelo

top das organizações;

- capacidade de unir os fluxos de comunicação, fazendo com que a

comunicação descendente tenha imputs do fluxo ascendente e dos fluxos

laterais;

- capacidade de fazer com que as variantes biopsicológias sejam estudadas

convenientemente, de forma que participantes, organização e ambiente

externo possam ser analisados como um todo global, objeto central da

comunicação sinérgica.

13

Neste cenário de mudanças e ajustes em relação às expectativas

acerca da comunicação das empresas, Rego (1986) enumera as novas

necessidades estratégicas para a comunicação das empresas:

1. Planejar a comunicação de maneira sinérgica e integrada;

2. Abrir e tornar mais equilibrados os fluxos da comunicação;

3. Tornar simétricos o marketing institucional e o marketing comercial;

4. Valorizar e enfatizar canais participativos de comunicação;

5. Estabelecer uma Identidade (transparente e forte) para projeção externa;

6. Criar uma linguagem sistêmica e uniforme;

7. Valorizar o pensamento criativo;

8. Acreditar na comunicação como um poder organizacional;

9. Reciclar periodicamente o corpo de profissionais;

10. Investir maciçamente em informações;

11. Ajustar os programas de marketing social ao contexto sociopolítico;

12. Valorizar os programas de comunicação informal;

13. Assessorar, não apenas executar programas de comunicação;

14. Focar a comunicação para prioridades;

15. Ter coragem para assumir riscos e gerar inovações.

1.2 – Comunicação Institucional

A comunicação institucional está diretamente relacionada a filosofia

institucional, norteada pela missão, valores e princípios institucionais. Não

basta a propaganda e marketing perfeitos para a empresa assumir um

posicionamento institucional reconhecido e valorizado. Segundo kunsch

(2003), na definição de missão, valores e visão deve-se ter uma perspectiva

muito mais ampla, levando em conta a quem a organização repassa seus

produtos ou para quem presta seus serviços. Não basta uma organização

assumir seu caráter institucional sem que haja coerência entre seu discurso e

sua prática do dia-a-dia.

14

Gerar consentimento, eis a meta final da comunicação organizacional.

Produzir aceitação, por meio de comunicação expressiva-emocional, deve ser

o objetivo dos profissionais que lidam com comunicação nas empresas.

(REGO, FRANCISCO; 1986)

Neste caso os desafios são os seguintes:

Primeiro desafio: A imagem das empresas não é boa junto à opinião pública;

Segundo desafio: Empresários não têm boa imagem do resto do mundo;

Terceiro desafio: A imagem dos profissionais de comunicação não é boa

dentro das empresas. (NEVES, ROBERTO; 2000)

A eficácia da comunicação institucional pode ser medida pela

relevância, credibilidade, adequação, entendimento e sincronia das

mensagens. A eficiência, por sua vez, está diretamente relacionada com a

capacidade de afetar os outros.

1.3 – Publicidade

A publicidade tem objetivos e interesses comerciais, resumidamente,

busca a venda e promoção de produtos e serviços. Já a propaganda objetiva

divulgar e defender idéias, conceitos.

Conforme os propósitos e as funções que a publicidade toma para sim,

ela pode ser classificada em um dos seguintes tipos: de produto, de serviços,

de varejo, comparativa, cooperativa, industrial e de promoção. (PINHO, JOSÉ;

1990)

Em comparação as questões relacionadas à propaganda institucional,

a publicidade carece de credibilidade, uma vez que destaca e enaltece

características próprias dos produtos e serviços oferecidos. Não se trata de um

reconhecimento do público em geral.

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Vale destacar que a publicidade desempenha papel fundamental no

sistema organizacional uma vez que é capaz de criar uma identificação fácil

para o consumidor sobre a marca ou instituição. Neste cenário, a publicidade

empregada adequadamente pode auxiliar a maximizar as forças da empresa.

1.3. 1 – Marca

Neste momento, alguns comentários acerca da construção da marca e

do papel relevante que a publicidade desempenha nesse processo merecem

destaque.

O papel da publicidade vai além da sua capacidade de vender e

persuadir. Consiste na sua capacidade de construir e manter marcas de

sucesso duradouro criando entidades perceptuais que refletem os valores,

sonhos e fantasias do consumidor.

A AMA (American Marketing Association) traz a palavra marca definida

como um nome, sinal, termo, símbolo ou design, ou um conjunto de todas

essas palavras, com o intuito de diferenciar um produto ou serviço de um

grupo de fornecedores.

A marca é mais do que um produto. Uma marca existe no espaço

psicológico, na mente do consumidor. É dinâmica e maleável.

Branding é a distinção é dos produtos de cada fabricante. Para Gracioso

é o processo de desenvolver e manter marcas, táticas e, estrategicamente,

como o objetivo de criar uma imagem única – e positiva – para um produto ou

serviço.

Da escolha de um nome para uma empresa à forma como um

funcionário atende o público, passando por ações promocionais e de

marketing. O Branding tece sua influência reflexiva e conceitual em busca de

16

uma marca que expanda seus horizontes e fixe de forma positiva na mente das

pessoas, o que é essencial para sua existência. Marcas esquecidas, empresas

enfraquecidas. Uma marca forte é sinônimo de competência.

Brand Equity é o valor adicional de cada marca, é o valor agregado à

marca que tem influência na sensibilidade do consumidor em relação aquela

marca. É um poderoso ativo intangível da empresa.

As empresas fornecedoras de serviços merecem destaque por conta

da característica do seu produto. O setor terciário da economia envolve a

prestação de serviços às empresas, bem como aos consumidores finais.

A qualidade do serviço prestado tem o seu valor diretamente associado

a pessoa ou a empresa prestadora e a qualidade, por sua vez, gera confiança.

Como o “produto”, na verdade, o serviço é intangível, a confiança é o fator

preponderante para o seu sucesso.

Em 2006, o Brasil ganhou seu primeiro ranking, organizado pela

Troiano Consultoria. Com o propósito de mensurar o valor das marcas, em

2007, a consultoria Brand Finance divulgou lista com as 100 marcas mais

valiosas no Brasil, a exemplo do que é feito anualmente com as 250 marcas

mais valiosas do mundo (Anexo 4). A medição é feita através do Brand Index

ou Índice de Força da Marca, que indica, por meio de pesquisa com

consumidores, o peso de cada marca nos resultados da empresa. São

avaliados aspectos como preço, qualidade do produto ou serviço, governança

corporativa e responsabilidade social que são confrontados com dados

econômico-financeiros das empresas.

1.4 – Propaganda

A palavra propaganda é gerúndio latino do verbo propagare, que quer

dizer: propagar, multiplicar (por reprodução ou por geração), estender, difundir.

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Fazer propaganda é propagar idéias, crenças, princípios e doutrinas. (PINHO,

JOSÉ BENEDITO; 1990)

A propaganda, de acordo com a sua natureza é classificada da

seguinte forma:

1) Propaganda ideológica, considerada mais ampla dos que as demais.

Propaga uma ideologia, um conjunto de idéia sobre determinado tema;

2) Propaganda política que tem o objetivo de propagar idéias, programas e

filosofias de partidos políticos.

Nesse contexto nasceu Olympia, documentário sobre os Jogos Olímpicos de

1936 em Berlim dirigido por Leni Riefenstahl a pedido de Hitler. De valor

ideológico no mínimo duvidoso, demonstra, por outro lado, grande valor como

forma de se propagar filosofias partidárias (Anexo 6);

3) Propaganda eleitoral. Diferencia-se da propaganda política por propagar as

intenções de determinado postulado a cargo eletivo;

4) Propaganda governamental. É aquela que visa divulgar a imagem de

determinado governo;

5) Propaganda institucional é aquela que visa corrigir ou reforçar a imagem da

empresa com o objetivo de influenciar positivamente aqueles com quem se

relaciona;

6) Propaganda corporativa. Confunde-se com a propaganda institucional.

Segundo o Publishers Information Bureau, ela diferencia-se quando tem o

objetivo de divulgar e informar ao público as políticas, funções e normas da

companhia, de construir uma opinião favorável sobre a companhia e de criar

uma imagem de confiabilidade para os investimentos em ações da companhia

ou para desenvolver uma estrutura financeira;

7) Propaganda religiosa se presta a propagar sua missão religiosa.

8) Propaganda social. É aquela que propaga questões voltadas para causas

sociais, tais como: pobreza, tóxicos, etc.

Pinho (1990) classifica a propaganda de acordo com cinco grandes

áreas funcionais, agrupadas de acordo com seus usos e propósitos: 1) a

18

função protetora; 2) a função de identidade; 3) a função institucional; 4) a

função de serviço público; e 5) a função de estímulo à ação (ou de iniciação).

A propaganda que assume a função protetora tem o objetivo de

proteger as empresas de políticas e regulamentações governamentais

desfavoráveis, não apenas de cunho financeiro quanto de caráter político. Foi

o que ocorreu, por exemplo, em 2008 quando a sociedade civil mobilizou-se

contra a criação da CSS - Contribuição Social da Saúde, em substituição à

antiga CMPF. No exemplo apresentado no Anexo 1 a Federação do Comércio

do Rio de Janeiro e seus sindicatos filiados divulgaram moção de repúdio no

jornal O GLOBO.

Já a função chamada de identidade tem o propósito de atribuir uma

identidade, uma personalidade à organização. Nesse sentido, nada mais

conveniente do apresentar atributos como tradição, honestidade, segurança,

tecnologia, experiência, etc... A empresa Motorac, revendedora de produtos

Honda, buscou demonstrar sua identidade na propaganda (Anexo 2). A planta

que está crescendo mostra as características que fazem parte da sua

composição, nas folhas, confiança, bons negócios, total atenção e tradição.

A função institucional, que veremos mais detalhadamente nos

capítulos a seguir, resumidamente, busca legitimar a empresa junto ao seu

público e promover sua aceitação.

Na comunicação de questões de serviço público são enfocadas

questões sociais e de serviço público propriamente dito, como as questões de

saúde, educação. Em 2009, por conta da epidemia de dengue que assolou o

país, sobretudo a região Sudeste, o Ministério da Saúde fez uma intensa

campanha sobre o tema. Apresentamos um panfleto, amplamente distribuído,

que instrui sobre a forma de prevenção (Anexo 7).

19

A quinta função identificada é a de estímulo a ação. Neste caso

podemos relacioná-la diretamente à mobilização. A intenção é conduzir,

estimular para a reflexão e possível mudança de alguma situação.

Recentemente, no mês de março de 2010, o Governo do Estado do Rio de

Janeiro, promoveu ampla divulgação no sentido de mobilizar a população, para

pressionar o Congresso Nacional a rejeitar emenda apresentada pelo

deputado federal Ibsen Pinheiro que redistribui os royalties do petróleo e que

impacta na economia do Estado em redução anual de R$ 7 bilhões. Além de

passeata, comício, anúncios em rádios e televisões, notas nos jornais, revistas

e INTERNET, o Cristo Redentor foi “vestido” com os seguintes dizeres:

“CONTRA A COVARDIA EM DEFESA DO RIO” (Anexo 7).

20

CAPÍTULO II

IDENTIDADE E IMAGEM INSTITUCIONAIS

2.1 – Identidade Institucional

Resumidamente, identidade institucional é efetivamente o que a

empresa é, o que a empresa diz, o que faz e como gostaria de ser percebida.

Podemos entender a identidade institucional como o conjunto de suas

características próprias e exclusivas, refletindo sua personalidade. Identidade

Em outros termos, é a expressão que confere personalidade e traduz o que se

considera ideal para a instituição.

A identidade corporativa consiste no que a organização efetivamente é:

sua estrutura institucional fundadora, seu estatuto legal, o histórico do seu

desenvolvimento ou de sua trajetória, seus diretores, seu local, o organograma

de atividades, suas filiais, seu capital e seu patrimônio. E, também, no que ela

faz: todas as atividades que movem o sistema relacional e produtivo,

compreendendo técnicas e métodos usados, linhas de produtos ou serviços,

estruturas de preços e características de distribuição, num conjunto que está

sancionado em forma de resultados comerciais e financeiros. (KUNSCH,

MARGARIDA; 2003)

Segundo Neves (2000), são vários os elementos que ajudam a

construir a identidade institucional de uma empresa. Estes elementos formam

um sistema de comunicação paralela e independente dentro da organização,

liberando mensagens que atuam sobre o conjunto de percepções das pessoas.

É a comunicação simbólica. São emissores dessa comunicação: a história da

empresa, seus produtos e serviços, o comportamento de seus dirigentes, a

atitude profissional dos empregados, a propaganda, a programação visual, as

cores, a arquitetura dos prédios, o desenho dos escritórios, os eventos que

21

realiza, os programas sociais e culturais que patrocina, como se relaciona com

os diferentes públicos, etc.

Ampliando um pouco mais o rol de elementos que compõe a

identidade institucional, citamos:

1. História da Empresa;

2. Seus produtos e serviços;

3. Perfil dos seus clientes;

4. Comportamento dos seus dirigentes;

5. Atitude dos empregados;

6. A publicidade;

7. Parcerias;

8. Programação visual;

9. Relacionamento com públicos;

10. Arquitetura dos prédios;

11. Segurança;

12. Patrocínios;

13. Eventos;

14. Brindes, regalos e outros mimos;

15. Posicionamento nas crises

16. Qualidade em geral

2.2 – Imagem Institucional

Imagem institucional, em síntese, refere-se ao que determinada

empresa transmite e pela qual é reconhecida pelos seus públicos. Para

Kunsch (2003), a imagem representa o que está na cabeça do público a

respeito do comportamento institucional das organizações e dos seus

integrantes, qual é a imagem pública, interna, comercial e financeira que passa

pela mente dos públicos e da opinião pública sobre as mesmas organizações.

22

O conjunto de elementos – objetivos, visuais e simbólicos – que

sustenta a imagem da empresa, deve fortalecer os seus atributos positivos.

Qualquer desajuste implica em dissonância e, conseqüente, desgaste da

imagem.

A imagem só é – vamos dizer – competitiva se ela der resultados

concretos para a empresa. Que resultados são esses? Conseguir a preferência

de clientes e de consumidores, fazer crescer a renda e os lucros, alavancar

negócios, atrair – e manter – bons profissionais no mercado de trabalho,

despertar a confiança de investidores, abrir as portas dos poderosos, comprar

boa vontade de formadores de opinião e de tomadores de decisão, aumentar o

nível de tolerância da opinião pública. (...) O elemento que sustenta esta

estrutura chama-se “credibilidade”. Esse elemento é sua argamassa. Portanto,

a estratégia de imagem depende do desenvolvimento e da aplicação da

credibilidade empresarial. (...) O que fazer para se construir uma imagem

empresarial competitiva e ter credibilidade é fácil de ser enunciado: consiste

em desenvolver, fortalecer e proteger os atributos positivos da imagem da

empresa e neutralizar os atributos negativos. (NEVES, ROBERTO; 2000)

Voltamos à questão da dissonância. As campanhas institucionais

devem projetar a imagem da empresa que esteja alinhada à realidade a fim de

se evitar distorções de percepção. Por outro lado, quando a imagem é real

reforça seu posicionamento.

Quando bem utilizada, a propaganda institucional é um fator valioso de

correção ou reforço de uma imagem, pela “alavancagem” que proporciona. A

imagem, porém, é criada ou influenciada por outros fatores de igual ou maior

peso. Nossa imagem depende da maneira como somos percebidos pelo

mercado e pelo ambiente onde operamos. Esta percepção, por sua vez,

depende do conteúdo e da forma de nossa comunicação interna e externa.

(GRACIOSO, FRANCISO; 2006)

23

A imagem precisa ser estrategicamente planejada a fim de que sejam

evitadas distorções de entendimento. Nesse sentido, Neves (2000) estabelece

as seguintes etapas para o Planejamento Estratégico da Imagem:

- Avaliação e acompanhamento do ambiente externo à organização.

Construção de cenários.

- Levantamento, identificação, análise e diagnóstico das coisas devem ser

objeto da preocupação na estratégia de comunicação da empresa: Questões

Públicas, questões de imagem, etc. Esse é o insumo básico para o IM (Issue

Management).

- Definição de como administrar essas coisas e como agir sobre elas: recursos,

processos e programas. É a base para o estabelecimento da Comunicação

Programada.

Como o ambiente é mutável e inconstante, situações podem ocorrer e

desencadear novos cenários. Tais eventos podem ser antevistos e incluídos no

planejamento estratégico.

2.2. 1 – Top-of-mind

Se o objetivo final de todas as empresas ou instituições é ocupar uma

participação dominante em seu mercado ou área de atuação, o caminho que

leva a esse share-of-market dominante é o chamado top-of-mind, isto é, a

primeira posição (em determinada categoria de produtos, serviços ou crenças)

na mente do nosso público-alvo. Na atual conjuntura de mercado, quando as

grandes marcas tendem a enfraquecer-se sob o ataque de diversos fatores

econômicos e sociais, o top-of-mind (e, portanto, a imagem institucional)

tornam-se de uma importância vital. Na verdade, não só no Brasil, mas em

todo o mundo, parece tornar-se cada vez mais claro que a marca será o único

ativo insubstituível das empresas de produtos de consumo na razão direta em

que as diferenças técnicas e mercadologias se reduzirem. (GRACIOSO,

FRANCISO; 2006)

24

Desde 1991 o Data Folha divulga o resultado da pesquisa de

lembranças de marcas. Inicialmente eram 14, atualmente são 40 categorias de

produtos e serviços. Os Tops do Top of Mind, em 2009, são as empresas

Coca-Cola, Omo e Nike. A tabela completa com a pesquisa segue no Anexo 3.

Vale destacar a posição da marca do sabão em pó Omo, do grupo

Unilever, que venceu em todas as edições do Top do Top, desde quando a

categoria passou a figurar na pesquisa Top of Mind em 1993, é campeã pelo

17º ano consecutivo e tem 47,5% de participação de mercado.

2.3 – Reputação

Para Credidio, imagem é um conjunto de símbolos associados a uma

determinada marca, construída, em geral, por uma agência de propaganda, e

que pode ser manipulada de acordo com os interesses da empresa. A

reputação, por outro lado, se conquista, e é formada a partir da interação da

empresa com seus stakeholders1, sendo de difícil manipulação, ainda que

muitas companhias e publicitários se arvorem nessa tentativa. (Anexo 5)

A imagem institucional é construída pelo o que a empresa expressa

sobre si mesma e, por outro lado, a reputação é aquilo que o público entende.

A identidade corporativa está mais ligada à maneira como os públicos

ligados à empresa a conceituam já a imagem, está relacionada à maneira

como a empresa se apresenta para o público.

Inúmeros são os fatores que podemos definir como aqueles que

constituem a reputação corporativa. Pode-se afirmar que a reputação é

composta por ativos intangíveis, tais como: ética, identidade corporativa,

responsabilidade social, missão, governança corporativa e comunicação com

1 Entendemos por Stakeholders: clientes, investidores, empregados, comunidade, parceiros, mídia, governo, outros.

25

stakeholders. Ou pelos seus valores intrínsecos em termos de

responsabilidade, honestidade e credibilidade. E, ainda, sob outra perspectiva,

pode-se afirmar que a reputação é decorrente de fatores internos, tais como a

reputação de seus líderes, o ambiente de trabalho e o tratamento dado aos

empregados.

Sob todas as óticas, são estes componentes que fazem com que a

empresa obtenha um resultado muito superior aquele que seria alcançado se

considerados isoladamente.

Algumas vantagens surgem imediatamente quando questões

referentes à identidade e imagem institucionais são tratadas de forma

adequada. Aumento do valor da marca, melhor relacionamento com os

stakeholders, redução da vulnerabilidade da empresa, incremento da

atratividade e retenção de talentos, facilita o acesso a melhores condições de

crédito são exemplos dos resultados positivo que a boa reputação pode

acarretar. Contudo, podemos resumir a maior vantagem em apenas um

conceito: credibilidade.

26

CAPÍTULO III

PROPAGANDA INSTITUCIONAL

Como todas as formas de propaganda, a institucional tem por função

influir sobre o comportamento das pessoas, através da criação, mudança ou

reforço de imagens e atitudes mentais. Em outras palavras, a propaganda em

geral, e a propaganda institucional em particular, procuram informar, persuadir

e predispor favoravelmente as pessoas, em relação ao produto, serviço,

marcar ou instituição patrocinadora. De acordo com esta definição, a função da

propaganda (institucional ou não) não consiste em vender. Ela predispõe à

compra, ou à aceitação de uma idéia. (...) Podemos, assim, chegar à seguinte

definição completa do que é propaganda institucional: “A Propaganda

Institucional consiste na divulgação de mensagens pagas e assinadas pelo

patrocinador, em veículos de comunicação de massa, com o objetivo de criar,

mudar ou reforçar imagens e atitudes mentais, tornando-as favoráveis à

empresa patrocinadora.” (GRACIOSO, FRANCISO; 2006)

A propaganda institucional deve transmitir a personalidade da

organização fixando suas realizações, características positivas e de aceitação

pelo público. Cabe à propaganda institucional adequar a identidade à imagem

institucional, da forma mais informativa possível.

3.1 – Função estratégica da propaganda institucional

A função estratégica significa ajudar as organizações a se posicionar

perante a sociedade, demonstrando qual é a razão de ser do seu

empreendimento, isto é, sua missão, quais são os seus valores, no que

acreditam e o que cultivam, bem como a definir uma identidade própria e como

querem ser vistas no futuro. Mediante sua função estratégica, elas abrem

canais de comunicação entre a organização e os públicos, em busca de

confiança mútua, construindo a credibilidade e valorizando a dimensão social

27

da organização, enfatizando sua missão e seus propósitos e princípios, ou

seja, fortalecendo seu lado institucional. (KUNSCH, MARGARIDA; 2003)

A chamada reengenharia das empresas, questiona os métodos de

ação e as estruturas organizacionais, a partir de objetivos estratégicos

consensuais, distintos em cada caso, mas sempre coincidentes no respeito

que têm pelo mercado. Para a reengenharia, o mercado é o princípio e o fim

de todos nossos esforços. Importa, acima de tudo, conhecer e cultivar a forma

como somos percebidos por ele. A partir deste ponto, a propaganda

institucional assume clara concepção estratégica, relacionada com a

perenidade da empresa. (GRACIOSO, FRANCISO; 2006)

A propaganda institucional utilizada adequadamente reafirma seu

caráter estratégico. Pinho (1990) lista algumas possibilidades de uso:

a) Assegurar a aceitação de uma organização junto ao público em geral;

b) Dissipar falsas impressões ou corrigir concepções errôneas;

c) Obter aceitação pública para uma indústria;

d) Informar os fornecedores para obter a sua cooperação;

e) Estimular o interesse dos acionistas e obter sua compreensão e confiança;

f) Conquistar a boa vontade dos moradores locais;

g) Criar uma atitude favorável por parte dos legisladores e funcionários do

governo;

h) Informar os distribuidores sobre as políticas e programas da companhia e

obter a sua cooperação;

i) Informar os empregados e obter a sua cooperação;

j) Servir os consumidores mediante informações úteis;

l) Prestar serviço público;

m) Obter o apoio da imprensa;

n) Melhorar as relações trabalhistas.

Para exemplificar, vale a pena destacar a estratégia que a Natura tem

adotado no sentido de apresentar todos os atores que integram a sua rede,

28

desde o produtor rural, passando pela transformação, chegando à consultora

de vendas até o consumidor final. Nesse percurso, apresenta o seu

compromisso de empresa sócio-ambientalmente responsável e o impacto da

produção em cada ambiente e finaliza, “Com a Natura Ekos todo mundo

ganha” (Anexo 2).

O valor estratégico da propaganda institucional será mais sentido por

aquelas empresas que pensam estrategicamente e têm noção clara de seu

lugar no tempo e no espaço. Essas empresas têm uma “missão estratégica”

definida a partir do mercado que pretendem servir. Definiram também com

clareza a forma como desejam ser percebidas por esse mercado. Têm valores

e cultura próprios, refletindo a herança de seu passado. Finalmente, elegem

prioridades e metas futuras e provocam os acontecimentos que tornarão esse

futuro possível. (GRACIOSO, FRANCISO; 2006)

Seu caráter estratégico decorre da capacidade de alterar a capacidade

competitiva da empresa em longo prazo. A imagem corporativa comunicada

adequadamente é de interesse fundamental para a empresa, portanto,

estratégico na medida em que auxilia no posicionamento da empresa junto ao

seu público prioritário.

3.2 – O que não é papel da propaganda institucional?

A imagem institucional é uma questão de substância (natureza e

comportamento da empresa), mais do que a forma (comunicação institucional

com o mercado). A propaganda institucional deve refletir a substância da

empresa, em vez de simplesmente dourar a pílula. (GRACIOSO, FRANCISO;

2006)

É a conduta corporativa que pesa na construção da reputação

institucional. À Comunicação apoiada na propaganda institucional cumpre o

papel de enfatizar, ajudar na percepção do público àquilo que não é evidente.

29

Não que caiba à propaganda institucional forjar a imagem da empresa.

Isto seria muito difícil. Cabe-lhe, isto sim, ampliá-la e fixá-la, com a força de

percussão de um tambor. (GRACIOSO, FRANCISO; 2006)

Um ponto delicado é a questão dos empregados que fazem parte da

organização e do sistema de comunicação. De nada adianta campanhas de

conscientização de que todos são parte da organização e do sistema se o

discurso não reflete a realidade.

3.3 – Ferramentas

Levando-se em consideração a finalidade da propaganda institucional -

tornar facilmente identificável pelo público sua personalidade - inúmeras

medidas, destaque-se que todas com resultados em médio e longo prazos, são

possíveis.

O nome e o símbolo da organização devem estar presentes em todas

as oportunidades, em todos os lugares possíveis, como, por exemplo, no

material de papelaria institucional, veículos, publicações, instalações, etc.

Mecanismos de participação dos acionistas minoritários,

empregabilidade e desenvolvimento profissional e a participação dos diferentes

níveis organizacionais da empresa são ferramentas que podem ser utilizadas

para um diálogo eficaz com os grupos de interesse com os quais se relaciona a

empresa.

Os eventos empresariais também são apontados por especialistas

como ferramentas indispensáveis para a comunicação institucional. Além de se

prestarem à divulgação da imagem corporativa, ajudam a melhorar a imagem

interna da empresa uma vez que se tornam mais abertas para o seu público

interno.

30

Outro meio é a promoção de atividades de interesse público, como

projetos sociais e culturais. Os prêmios também são formas de

reconhecimentos que agregam resultados positivos à imagem institucional da

empresa.

31

CAPÍTULO IV

COMO SE DESTACAR QUANDO TUDO PARECE

IGUAL?

“Você não pode construir uma

reputação baseado no que você ainda

vai fazer.“

Henry Ford

O conceito2 ainda é novo e está ganhando força através dos vários

fenômenos que têm alterado ultimamente a natureza das empresas e das

marcas. Desses fenômenos, os dois mais importantes são: (1) a nova filosofia

da “orientação para o mercado” que agora predomina entre as grandes

empresas; e (2) a perda da força intrínseca das marcas tradicionais, pela

diminuição das diferenças perceptíveis, entre as diversas marcas de uma

mesma categoria de produtos. (GRACIOSO, FRANCISO; 2006)

Em tempos como os atuais em que preço, qualidade e atendimento

são triviais, os diferenciais tornam-se commodities3 como muita rapidez, há

muita concorrência e oferta de produtos, os níveis de exigência são altíssimos.

Neste cenário, aqueles que se preocuparam como sua imagem institucional

antecipadamente terão mais chance de sobrevida no mercado.

Hoje é praticamente impossível manter vantagens tecnológicas por

muito tempo; isto significa que as inovações de produtos, ou de processos, são

rapidamente copiadas pelos concorrentes e nos obrigam a uma evolução

constante, se quisermos nos manter na vanguarda. Por isso, a solução está

em introduzir inovações nos sistemas de distribuição e vendas, ou em novos

serviços associados ao produto. Mas, acima de tudo, é preciso garantir a

2 Refere-se ao conceito de propaganda institucional.

32

individualidade de nossa marca, através de conotações subjetivas, como a

confiança do consumidor. (GRACIOSO, FRANCISO; 2006)

Neste novo cenário os consumidores conseguem identificar diferenças

qualitativas entre produtos e serviços aparentemente idênticos. Ainda que tais

diferenças sejam sutis, são capazes de justificar a preferência de determinada

marca em detrimento de outra, ainda que mais cara. Outra tendência diz

respeito refere-se à garantia, decorrente de sua credibilidade, das grandes

corporações e marcas tradicionais.

4.1 – Os mitos e boatos corporativos

Quanto maior a dimensão institucional, a importância da empresa ou

do órgão público, maior a necessidade de transparência (NOGUEIRA,

NEMERCIO; 2001). Vale destacar que a transparência está intimamente ligada

a um comportamento ético.

Kunsch destaca que o sistema de comunicação das organizações flui

por duas redes, a formal e a informal. O sistema formal refere-se ao conjunto

de canais e meios de comunicação estabelecidos de forma consciente e

deliberada. Já o sistema informal, que tende a complementar o formal, baseia-

se nas relações sociais intra-organizativas. No entanto, o produto mais

conhecido deste sistema é o boato ou rumor, decorrente da ansiedade,

insegurança e da falta de informações mas, às vezes, formado por interesses

maldosos.

Levando-se em consideração que “revelações” podem ser seriamente

danosas a imagem e reputação da empresa, adotar uma postura de

transparência é uma medida preventiva de boatos e rumores negativos.

Quando não há transparência, a imprensa se encarrega de preencher tal

3 Commodity é um termo de língua inglesa que, como o seu plural commodities, significa mercadoria, é utilizado nas transações comerciais de produtos de origem primária nas bolsas de mercadorias.

33

espaço com informações de fontes que nem sempre correspondem à

realidade.

É praticamente impossível impedir o surgimento de um boato e é inútil

tentar impedi-lo, contudo, suas causas e origens podem ser identificadas e

controladas. Desta forma, sendo os boatos verdadeiros ou não, podem ser

neutralizados.

4.2 – Situações de crise

Crise empresarial é definida como uma situação inesperada que foge

ao controle dos administradores e cujo desdobramento vai prejudicar a

atuação normal da empresa. Grandes crises estão normalmente ligadas a:

- Produtos e serviços com problemas.

- Conflitos com empregados: demissões em massa, greves.

- Escândalos envolvendo altos executivos: corrupção, fraudes, etc.

- Processos legais de várias naturezas.

- Atos de terrorismo contra a organização.

- Catástrofes: queda de avião, desastres ecológicos, etc.

- Panes sistêmicas: falhas de computadores, erros de softwares, etc.

- Falhas humanas. (NEVES, ROBERTO; 2000)

A melhor maneira de se evitar situações de crise é não cometendo

erros. Evidentemente, que nenhuma empresa está isenta de falhar e até

mesmo de incidentes que lhes afetam negativamente, ainda que não os tenha

originado.

Ao se deparar com uma situação de crise, a melhor medida é agir com

celeridade. E para tal, é preciso se preparar. Atualmente, as grandes empresas

dispõem de comitês gestores de crise em que criam situações hipotéticas com

o intuito de treinar a melhor forma de atuação.

34

Além disso, quanto mais as informações prestadas forem coerentes,

corretas e completas menos espaço haverá para rumores e boatos negativos.

Caso contrário, corre-se o risco da imprensa preencher tal espaço com fontes

não-oficiais, o que pode ser desastroso.

Alinhamento da comunicação interna e externa, gerenciamento de

fatores tangíveis e intangíveis com foco em relacionamento, avaliação

emocional e racional dos stakeholders, ir além dos benefícios adicionais e

formatar comitê de crise que mapeie oportunidades e riscos cotidianos fazem

parte do planejamento a fim de evitar situações de crise e criar procedimentos

para minimizar aquelas que não puderam ser evitadas.

A seguir exemplos de situações de crises que algumas empresas

enfrentaram nos últimos anos:

Motorola - Celulares

PROBLEMA: Entre 2004 e 2006, sete aparelhos celulares da marca Motorola

explodiram em posse de seus usuários, resultando em queimaduras, aparelhos

esfacelados e muita desconfiança.

SOLUÇÃO: Apesar da vinda de especialistas dos Estados Unidos para ajudar

na solução do problema técnico, a demora em se posicionar sobre o assunto

sob a alegação de estarem aguardando laudo técnico.

RESULTADO: O boca-a-boca e o espaço que a falta de posicionamento

proporcionou acabou acarretando danos a imagem da marca.

Kraft Foods - Ovo de Chocolate Trakinas

PROBLEMA: Em 2004, na Páscoa, uma criança teve seu olho perfurado por

um brinquedo que veio como brinde no ovo de chocolate Trakinas da marca

35

Kraft Foods. A empresa apesar de não fabricar os produtos que causaram o

acidente teve sua imagem ameaçada.

SOLUÇÃO: A empresa, agiu rapidamente e, assumindo total responsabilidade

pelo acidente, enviou um renomado oftamologista para acompanhar a cirurgia

e a recuperação da criança, arcou com todas as despesas médicas, fez um

recall de milhares de chocolates, anunciou seu posicionamento no mesmo dia

para os órgãos de defesa do consumidor, imprensa e opinião pública através

de uma coletiva de imprensa.

RESULTADO: Agindo com celeridade e transparência, a imagem da Kraft e do

Trakinas não foi abalada.

Ford e Firestone - Explorer

PROBLEMA: Em meados de 2000, a TV americana veiculou um documentário

denunciando que mais de 100 pessoas haviam morrido em acidentes de carros

com o utilitário esportivo Explorer, fabricado pela Ford, com pneus Firestone.

SOLUÇÃO: A Ford culpou a Firestone e esta, por sua vez, a Ford e os

motoristas dos veículos.

RESULTADO: O governo americano e a opinião pública obrigou-os a um recall

custou mais de 1 bilhão de dólares e a pedidos de desculpas públicos às

famílias das vítimas. Ainda hoje há pedidos de indenizações milionárias e o

desgaste de imagem foi devastador.

Schering - Anticoncepcional Microvlar

PROBLEMA: Em 1998, a Schering, fabricante do anticoncepcional Microvlar

vendeu pílulas de farinha e algumas consumidoras engravidaram.

36

SOLUÇÃO: O laboratório alemão optou por fazer investigações internas em

vez de informar os órgãos competentes e as consumidoras imediatamente.

RESULTADO: A imagem do produto ainda não foi completamente

restabelecida, ainda tramitam inúmeras ações judiciais de consumidoras que

engravidaram, a fábrica chegou a ser interditada e a empresa foi multada em 3

milhões de reais.

Rhodia Farma - Troca de Embalagem de Medicamentos

PROBLEMA: Em 1993, um farmacêutico alertara acerca da troca de

medicamentos. Uma cartela do medicamento neurolítico Amplictil estava

dentro da caixa do antialérgico Fenergan.

SOLUÇÃO: Em 24 horas foi produzida uma campanha informativa na TV

advertindo os consumidores e, junto com a Vigilância Sanitária, iniciada o

recolhimento do lote com defeito.

RESULTADO: Destaque para a celeridade, transparência e respeito ao

consumidor. Foram evitadas vítimas com o incidente.

Exxon: Navios Petroleiros

PROBLEMA: Em 1989, um dos navios petroleiros, da atual Exxon Mobile,

causou um desastre ambiental no litoral do Alasca.

SOLUÇÃO: O presidente da empresa demorou 6 dias para fazer um

pronunciamento e se recusou a visitar o local do acidente. Além disso, suas

explicações foram consideradas inconsistentes. Enquanto isso, o mundo todo

assistia imagens do óleo espalhado pelo mar, praias e a morte de milhares de

animais.

37

RESULTADO: Os consumidores cancelaram cartões da marca e deixaram de

comprar seus produtos. A empresa foi obrigada a pagar 2,5 bilhões pela

limpeza da área afetada e 6 bilhões em indenizações.

Johnson & Johnson: Tylenol

PROBLEMA: Em 1982, 7 pessoas morreram envenenadas depois de tomarem

o medicamento. O envenenamento foi provocado por um criminoso que não

tinha nenhum relacionamento com a farmacêutica.

SOLUÇÃO: A empresa imediatamente assumiu a responsabilidade pelo

desastre, alertou os consumidores, suspendeu a produção e as campanhas de

marketing do produto, recolheu as caixas do medicamento que já estavam na

loja. Estima-se que a operação toda custou 100 milhões de dólares.

RESULTADO: A marca teve sua participação no mercado reduzida de 35%

para 8%, contudo, em um ano a fatia do mercado chegaria a 90%.

A qualidade da imagem institucional está diretamente relacionada à

percepção do consumidor sobre a importância que a empresa lhe atribui. O

consumidor confia quando sabe que será tratado com o devido respeito,

consideração e importância que lhe são devidos.

Outro indicador relevante está diretamente relacionado ao

comportamento ético e transparente. Tal comportamento inspira confiança e o

consumidor acaba por se identificar com a forma de agir da empresa.

38

4.3 – Limites

A reputação leva anos para ser construída mas pode ser destruída em

minutos. Dificilmente uma empresa terá uma segunda chance para causar uma

boa impressão.

Alguns fatores têm modificado o comportamento da sociedade nas

últimas décadas e que influenciaram diretamente nas posturas adotas pelas

empresas. Além do novo comportamento da sociedade, consciente de seus

direitos e do seu poder de compra, a globalização tem papel fundamental

nesse cenário uma vez que inaugurou a era da comunicação instantânea.

Em tempos de grandes escândalos corporativos e vulnerabilidade, as

empresas precisam posicionar-se junto a seus stakeholders. Quanto maior a

sua capacidade de conhecer e atender as expectativas dos públicos

prioritários, melhor será a sua capacidade de articulação e posicionamento no

caso de eventuais danos a imagem.

A participação de todos é fundamental para o fortalecimento da

reputação da empresa, sobretudo dos altos executivos que tem a missão de

praticar os princípios a serem seguidos. O grande desafio é como fazer as

mensagens cheguem à base da organização. E para isso não basta utilizar os

veículos formais, mas principalmente a comunicação face a face.

Somente quando a empresa agir de forma correta e transparente em

todos os níveis é que poderá obter maior proximidade com os seus

funcionários, colaboradores, consumidores, fornecedores, parceiros e

especialmente na melhoria da sua imagem e reputação. Vale lembrar que a

imagem e reputação devem decorrer dos valores efetivamente praticados e

defendidos pela empresa.

39

CAPÍTULO V

PESQUISA E PLANEJAMENTO

A capacidade de se comunicar é uma das principais influências na

criação e manutenção da reputação corporativa. Mas comunicar o quê, como,

quando, onde, por quê?

Estamos diante de um novo cenário na economia mundial, onde o

consumidor é mais exigente e a comunicação é instantânea.

Vale destacar que, nos últimos anos, com o advento do Código de

Defesa do Consumidor e à importância que o consumidor assumiu no Brasil,

os direitos dos clientes estão assegurados, inserindo-se nesse contexto, o

acesso à informação.

Além disso, a internet representa, atualmente, a maior possibilidade de

que sejam difundidas queixas e reclamações de clientes.

A pesquisa e o planejamento têm papel fundamental nesse contexto

para que os objetivos da propaganda institucional sejam alcançados da forma

mais eficiente.

5.1 – Pesquisa

A pesquisa institucional é a base de dados para uma comunicação

adequada junto aos públicos de interesse estratégico. A primeira etapa do

processo para o estabelecimento de relações duradouras com os diversos

grupos que envolvem a instituição, é a pesquisa.

Antes de se implementar qualquer medida, é necessário proceder

um minucioso levantamento, uma ampla investigação crítica da organização,

40

incluindo-se a estrutura, relações com os empregados, instalações, material,

localização, problemas de relacionamentos internos e externos, etc.

A pesquisa administrativa ou institucional aplica-se especificamente ao

estudo da organização como um todo, sendo entendida como “a compilação

de dados resultantes de atos administrativos ou de opiniões de diretores e

funcionários, bem como a sua interpretação e apresentação inteligente, de

modo a permitir o levantamento da área ou áreas dentro da empresa, que se

encontrem em dificuldades. É através desse tipo de pesquisa que se pode

fazer a investigação e a crítica a respeito das normas e processos da

organização, para explicar a atitude e opinião dos públicos no que diga

respeito ao pessoal, instalação, equipamento, horário, localização e métodos

de trabalho”. (PINHO, J. B., 1990)

O valor da pesquisa, baseada tanto em fontes primárias quanto

secundárias, é inestimável quando se trata de montar estas duas equações. A

imagem real, ou atual, é levantada a partir de duas fontes principais: (1)

pesquisa de opinião, ou atitudes, entre grupos e segmentos de nosso interesse

específico; e (2) pesquisas baseadas em dados secundários (desk research)

com base em informações internas e publicação na imprensa. Já a imagem

ideal é levantada através da definição de princípios e objetivos estratégicos da

empresa (missão estratégica) complementados por seminários com a

participação dos principais dirigentes da empresa. (GRACIOSO, FRANCISO;

2006)

Vale destacar que a pesquisa deve ser renovada constantemente a fim

de manter-se sempre atualizada e buscando novas questões a serem

corrigidas, ajustadas ou destacas.

41

5.2 – Temas institucionais

Após, pelo menos, uma década de estudos acerca da propaganda

institucional já é possível identificar temas relevantes que ocuparam o cenário.

A pesquisa de tais temas é de suma importância para subsidiar a elaboração

das estratégias a serem adotadas quando da elaboração de propagandas de

cunho institucional. Nesse sentido, a pesquisa funciona como subsídio do

planejamento.

Ressalvada a premissa de que é impossível generalizar, são cinco os

grandes temas institucionais que dominam a cena nesta década, como segue:

1. Valorização do consumidor – respeito aos compromissos assumidos com o

nosso mercado – abertura ao diálogo

2. Ecologia (Respeito à natureza) – preocupação com a proteção e

preservação do meio ambiente

3. A empresa como boa “cidadã” – integração na comunidade – participação

nas grandes causas de interesse coletivo – e associação com grandes

momentos de alegria nacional

4. Ética nos negócios – interpretação cuidadosa do que é moral ou imoral, e

não apenas legal ou ilegal

5. A empresa como parceira – respeito e estímulo à participação dos

funcionários, revendedores e fornecedores (GRACIOSO, FRANCISO; 2006).

No último dia 15 de março de 2010 , a Clear Channel em parceria com

a ABA – Associação Brasileira de Anunciantes promoveu campanha

comemorativa sobre Dia Mundial do Consumidor. As peças publicitárias

estavam dispostas no mobiliário urbano das cidades do Rio de Janeiro e

Curitiba com os seguintes dizeres: “No Dia Mundial do Consumidor,

comemoramos algo que não se pode comprar: o respeito a todos os clientes. A

intenção é reforçar junto aos canais de comunicação a homenagem e o

respeito das empresas pelo consumidor. Nesta campanha foram coordenados,

42

pelo menos, dois temais: a valorização do consumidor e datas comemorativas.

(Anexo 7)

O respeito à natureza ou ecologia ou meio ambiente tem sido tema de

inúmeras instituições. A Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM

promoveu a campanha “PILHE-SE ESPM. Tome uma atitude positiva” a qual

despertava para a questão do descarte adequado de pilhas e baterias. (Anexo

7)

Cultura é mais um tema que tem rendido inúmeras parcerias e

campanhas institucionais. A mineradora Vale do Rio Doce promove há alguns

anos o evento Vale Open Air que combina filmes, musicais, gastronomia e

tecnologia no Jockey Club do Rio de Janeiro. Na última versão, participarão

mais de 800 jovens de comunidades de todo o Estado. (Anexo 7)

5.3 – Planejamento

O processo de planejamento consiste, resumidamente, em elaborar

um plano. Este plano, por sua vez, deve conter uma análise do cenário atual e

o cenário futuro que se quer alcançar, além do caminho que se quer percorrer

entre estes parâmetros. Por fim, o percurso se reinicia constantemente a

medida que são feitas avaliações constantes dos cenários e novos objetivos.

No caso da propaganda institucional o enfoque é analisar a projeção

institucional positiva ou negativa da empresa ou instituição. Uma ação

programada e planejada facilita a solução de eventuais problemas que se

apresentarem.

Pinho (1990) estabelece o processo nas seguintes etapas: diagnóstico,

planejamento, orçamento, execução, controle e avaliação.

43

Na primeira etapa – Diagnóstico – deverá ser identificado os diversos

públicos em diferentes níveis (normalmente classificados como interno, externo

e misto) com os quais a empresa se relaciona e, em seguida, irá se

estabelecer o nível desse relacionamento. Vale destacar que a pesquisa tem

papel fundamental nesta etapa.

Pinho (1990) estabelece que o planejamento é a melhor forma de se

antecipar as soluções. Nesse sentido, o planejamento, sendo uma forma de

controle, tem condições de detectar os possíveis desvios dos cursos de ação e

acionar a tempo os mecanismos de correção. O planejamento evita o

casuísmo nas ações da organização, que devem estar sempre voltadas para a

consecução dos objetivos preestabelecidos, com o máximo de eficiência.

(PINHO, J. B.; 1990)

Ao planejarmos uma campanha de comunicação institucional, nossa

primeira preocupação consiste em definir nossos objetivos de comunicação.

Estes devem refletir o posicionamento corporativo desejado para a empresa

em seu todo e se dividem, por sua vez em (1) objetivos a serem atingidos

através da propaganda e (2) em objetivos a serem atingidos através de outras

formas de comunicação, em geral dirigidas a segmentos específicos da opinião

pública. (GRACIOSO, FRANCISO; 2006)

Ao se definirem os objetivos da campanha é preciso estabelecer qual é

a mensagem que deve ser transmitida, levando-se em consideração,

sobretudo, a conotação que se quer estabelecer ou reforçar. Identificar o

público-alvo da campanha, ou seja, os segmentos que deveram receber

prioritariamente a mensagem propagada pela campanha também faz parte do

planejamento. Posto isto, é imperativo estabelecer quais são os objetivos a

serem alcançados pela campanha de comunicação institucional, quais as

condições e características se quer modificar ou reafirmar com a propaganda

e, com isso, quais os resultados que a empresa espera como resposta.

44

Uma vez tendo se especificado o que se quer alcançar, ou seja, os

objetivos da campanha, o tema, o público-alvo, é preciso desenvolver as

estratégias e o plano de ação. Essa etapa do planejamento se presta a

estabelecer como, de qual forma os objetivos serão alcançados.

Não devemos pensar só em propaganda (isto é, em mensagens

assinadas e veiculadas em mídia massiva). Uma boa campanha de

comunicação institucional se faz também com eventos institucionais e outras

iniciativas que tenham valor de notícia e criem seu próprio espaço na

imprensa. (...) Prêmios, concursos, patrocínios de iniciativas artísticas,

esportivas ou culturais, tudo é valido, conquanto que seja feito com sentido de

oportunidade. O oportunismo (temperado com bom gosto) é, talvez, a

característica mais importante das boas campanhas de imagem institucional,

ou empresarial. (...) Até mesmo o lobby4 se enquadra entre estas atividades,

quando desenvolvido de acordo com a boa ética profissional. (GRACIOSO,

FRANCISO; 2006)

O orçamento refere-se aos recursos necessários para a execução do

plano de ação planejado. Vale lembrar que é preciso orçar recursos de ordem

financeira, material e humana.

As ações que foram programadas devem ser colocadas em prática na

etapa de execução. É o momento de se concretizar a proposta.

O controle e a avaliação complementam o processo. O controle

acompanha todas as fases do processo e tem o objetivo de corrigir eventuais

falhas e desvios ao longo do projeto. Já a avaliação é feita para medir os

resultados.

4 Lobby ou grupo de pressão é um grupo de pessoas ou organização que tem como atividade buscar influenciar, aberta ou secretamente, decisões do poder público, especialmente do poder legislativo, em favor de determinados interesses privados.

45

Vale destacar que os resultados da propaganda institucional alcançam-

se em longo prazo. Pinho (1990) afirma que propósito principal da avaliação é

levantar dados que são relevantes em função de futuras ações da empresa e

avança apontando o caráter subjetivo da avaliação que, no entanto, pode ser

medida de acordo com alguns critérios como, por exemplo, o aproveitamento

das matérias pela imprensa, o volume de matéria publicada, o prestígio do

veículo no qual a matéria foi inserida, as pesquisas de opinião, as reuniões de

avaliação, o número de pessoas presente em um evento, o número de

participantes em um concurso, os registros no livro de visitantes e até a

correspondência recebida.

46

CAPÍTULO VI

COMO ANALISAR RESULTADOS

Inicialmente, vale destacar que os resultados de uma campanha

institucional são apresentados a longo prazo. Avalia-se que o prazo mínimo é

de 3 anos para que os efeitos apareçam.

Qual é o valor da reputação para uma corporação? Porque preocupar-

se com isso? Porque a boa reputação vende mais.

De acordo com Charles J. Fombrun, da conceituada Stern University,

Escola de Negócios da Universidade de Nova York, “as reputações se formam

ao longo do tempo, de acordo com a interpretação que os observadores fazem

dos padrões e ações corporativos e, uma vez formadas, são resistentes a

mudança, mesmo diante de informações discrepantes...”

Em um discurso na Universidade de Harvard em 2000, Alan

Greenspan, presidente do Banco Central Americano, destacou o valor da

reputação corporativa na economia de mercado:

"No mundo de hoje, onde idéias gradativamente substituem elementos físicos

na geração de valor econômico, a competição pela reputação torna-se uma

força significativa impulsionando a economia. Bens manufaturados podem ser

facilmente avaliados antes do fechamento de uma transação. No entanto, para

aqueles que vendem serviços, a única garantia a ser oferecida é a própria

reputação".

Buscando desenvolver métodos de avaliação e gestão das marcas

empresariais surgiu, em 1997, nos EUA, o Reputation Institute, fundado pelos

professores Charles J. Fombrun e Cees Van Riel e que presta consultoria

sobre reputação a mais de 25 países. Foi desenvolvida a metodologia

RepTrak™ que analisa sete dimensões da reputação:

47

1) Desempenho: retorno aos investidores, resultados financeiros, perspectivas

de crescimento;

2) Produtos e Serviços: qualidade percebida, relação custo-benefício,

suprimento das necessidades do consumidor;

3) Inovação: incentivo à idéias, pioneirismo, poder de adaptação a mudanças;

4) Ambiente de trabalho: recompensa ao mérito, igualdade de oportunidades,

promoção do bem-estar e saúde dos empregados;

5) Governança: transparência e disponibilidade das informações, ética

empresarial, idoneidade dos negócios;

6) Cidadania: responsabilidade ambiental e desenvolvimento social, apoio às

causas comunitárias;

7) Liderança: organização, líderes carismáticos e eficientes, excelência

gerencial, visão clara e compartilhada do futuro.

48

CONCLUSÃO

A consolidação de uma imagem corporativa, construída através de

uma publicidade institucional eficiente fortalece a credibilidade da organização

junto ao seu público de relacionamento estratégico. Organizações que ignoram

a construção e o fortalecimento de sua imagem corporativa, além de também

serem ignoradas pelo público tendem a ser menos confiáveis.

Conclui-se que a propaganda institucional somada a imagem

adequada, ou seja, em consonância com a realidade e que reflita valores

éticos como premissa impactam diretamente na reputação da empresa.

A partir destes alicerces, consolidados a longo prazo, situações

inesperadas, situações de crise são enfrentadas e, os eventuais danos, são

contornados e superados. Segundo Nicolau Maquiavel: É muito difícil conspirar

contra quem tem grande reputação.

Segundo Neves, a proporção que as crises tomam, a repercussão na

opinião pública, sua duração tem a ver com a qualidade da imagem da

empresa e com os investimentos feitos em comunicação empresarial antes da

crise. Quanto melhor a imagem for, quanto mais sustentada, menor a conta.

Quanto mais a empresa investiu em organizar a sua comunicação antes de a

tormenta chegar, menor a duração da crise.

A Propaganda Institucional é fator estratégico no cenário empresarial

atual e para alcançar seu retorno deve ser fruto de pesquisa e planejamento ,

razão pela qual se justifica o investimento na imagem institucional.

Ao longo deste trabalho comprovou-se que a imagem institucional deve

ser resultado dos valores da empresa. A imagem deve ser construída com bom

senso e realismo, destacando-se os aspectos positivos e minimizando os

negativos, mas sem tentar negá-los ou dissimulá-los.

49

Os temas institucionais devem ser identificados levando-se em

consideração o planejamento estratégico da instituição. É importante prestar

atenção às homenagens, datas comemorativas. A simpatia do público alvo

deve ser o objetivo das campanhas que podem ser carregadas de humor sem

deixar de lado o respeito e a seriedade.

A boa reputação torna os empregos mais atraentes e motivadores,

estimula novas compras e constrói participação de mercado, reduz custos de

capital e atrai investimentos e, gera apoio favorável do público e da imprensa.

Liderança, confiabilidade e credibilidade são os atributos que vem com

a boa reputação. O papel da Propaganda Institucional é fundamental neste

processo. Na medida em que a reputação é o “fiel da balança” na avaliação do

público em relação à empresa, a imagem institucional positiva lhe fortalece e

valoriza.

50

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Conteúdo de jornais; Anexo 2 >> Conteúdo de revistas especializadas; Anexo 3 >> Pesquisas; Anexo 4 >> Reportagens; Anexo 5 >> INTERNET; Anexo 6 >> Filmes; Anexo 7 >> Panfletos e Mobiliário Urbano.

51

ANEXO 1

Conteúdo de jornais

Publicado no jornal O GLOBO de 02.06.2008

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ANEXO 2

Conteúdo de revistas especializadas

Agência: Genesis Cliente: Motorac D. Criação: Henrique Aragão Redação: Alan Jeff | Henrique Aragão | Hélio Charles D. de Arte: Alan Jeff

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ANEXO 3

Pesquisas

Top-of-Mind 2009 Pesquisa elaborada pelo Instituto de Pesquisas DATA FOLHA. O jornal A FOLHA DE SÃO PAULO publica a pesquisa que revela quais são as marcas mais lembradas pela população brasileira. Categorias Subcategorias Top of Mind

Top do Top of Mind Coca-Cola, Omo e Nike Preservação do Meio Ambiente

Ypê

Performance Skoll Top Região Sudeste 1° Casas Bahia, 2° Qualy,

3° Brastemp (Máquina de Lavar Roupas)

Top Região Sul 1° Doriana, 2° Renner (Tinta de parede), 3° Adocyl

Top Região Nordeste 1° Primor (Margarina), 2° Consul (Geladeira), 3° Banco do Brasil

Top Região Norte/Centro Oeste

1° Mabel (Biscoito), 2° Nokia, 3° Visa

Top Feminino 1° Seda, 2° Zero Cal, 3° Dove (desodorante)

Top Masculino 1° Pirelli, 2° Mercedes-Benz (Caminhão), 3° Honda (moto)

Top Popular (Classe A) 1° Brastemp (Máquina de Lavar Roupas), 2° Casas Bahia, 3° Walita (Liquidificador)

Top Popular (Classe C) 1° Kibon, 2° Arno (Liquidificador), 3° Lux/Lux Luxo (Sabonete)

Tops Especiais

Família 1° Arno (Liquidificador), 2° Nokia, 3° Arno (Aspirador de pó)

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Adoçante Zero Cal Azeite de Oliva Gallo Biscoito Nestlé Cerveja Skoll Chocolate Nestlé Leite Parmalat Maionese Hellmann’s Margarina Qualy Ração Animal Pedigree Refrigerante Coca-cola

Alimentação

Sorvete Kibon Aparelho de TV Philips Aspirador de Pó Arno Computador e Acessórios LG e Samsung Fogão Dako Geladeira Consul Liquidificador Arno

Eletroeletrônico

Máquina de Lavar Roupas Brastemp Aparelho de Telefone Celular

Nokia Comunicação

Operadores de Telefone Celular

Vivo

Banco Banco do Brasil Cartão de Crédito Visa Plano de Saúde Unimed Poupança Caixa Econômica Federal

Finanças

Seguro Bradesco e Porto Seguro Caminhão Mercedes-Benz Carro Volkswagen Combustível Petrobrás Companhia Aérea TAM Moto Honda

Transporte

Pneu Pirelli Desodorante Rexona Pasta de Dente Colgate Sabonete Lux

Higiene

Xampu Seda Loja de Roupas C&A Loja de Móveis e Eletrodomésticos

Casas Bahia

Sabão em Pó Omo Supermercado Extra e Carrefour

Compras

Tinta de Parede Suvinil

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ANEXO 4

Reportagens

Revista Época Negócios - Edição 6 - Agosto de 2007 - 06/08/2008 Quanto vale a sua marca? Petrobras e Bradesco lideram o ranking dos 100 logotipos mais valiosos do Brasil, um levantamento especial da consultoria inglesa Brand Finance para Época Por Felipe Puglesi Jr. Ilustrações M.J. Logan Foi-se o tempo em que a análise de uma marca se limitava a contemplar os pontos fortes e vulneráveis da perspectiva mercadológica. Hoje as marcas são reconhecidas como uma das principais riquezas intangíveis de uma empresa - com decisiva influência no valor de todo o negócio. Tome como exemplo um recente estudo da consultoria Communications WorldWide, que buscou mostrar qual seria o impacto no valor das ações de uma determinada companhia se ela, de repente, passasse a ter a reputação de uma empresa concorrente. Para tanto, ela atribuiu, a partir de rankings disponíveis, notas para o conceito das empresas com base em três aspectos: a reputação de seu desempenho operacional, da qualidade de sua gestão e de seus resultados financeiros. Num segundo momento, estimou o peso de cada um dos três aspectos no preço das ações das companhias. Em seguida, a CCW cruzou os dados das empresas. O resultado é curioso: mostra, por exemplo, que, se a Coca-Cola (nota 62) tivesse a reputação da Pepsi (nota 76), o valor de sua ação subiria 3,3%. Detalhe importante: a Coca-Cola é a marca mais valiosa do mundo, estimada em R$ 43 bilhões pela consultoria inglesa Brand Finance.

"As marcas podem transformar o desempenho de um negócio e gerar importantes resultados financeiros para as empresas", afirma Gilson Nunes, sócio e presidente da subsidiária brasileira da Brand Finance. Todos os anos, a consultoria seleciona as 250 marcas mais valiosas do mundo. Época NEGÓCIOS publica com exclusividade a versão nacional do estudo, elencando as 100 marcas mais valiosas do Brasil. O levantamento foi conduzido com o mesmo método utilizado em mais de 20 países. Em primeiro lugar na lista está a Petrobras, com sua marca avaliada em R$ 8,4 bilhões. A empresa é a única brasileira listada no ranking global da Brand Finance, na 249a posição. No ranking nacional, ela é seguida pelo Bradesco, com R$ 6,4 bilhões.

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Um dos principais elementos do estudo da Brand Finance é o chamado Brand Index ou Índice de Força da Marca, que indica o peso da marca nos resultados da empresa. "Quanto maior esse índice, mais intensa é a relação da marca com o consumidor e maior a sua influência na receita da empresa", diz Nunes. O

indicador é obtido por meio de pesquisa com consumidores - nesse estudo, foram feitas 5.122 entrevistas em sete capitais - na qual são eles que dão notas a aspectos como preço, qualidade do produto ou serviço, governança corporativa e responsabilidade social. A percepção dos consumidores é então confrontada com os dados econômico-financeiros das empresas (fornecidos pela Comissão de Valores Mobiliários, pela Austin Rating e pelo anuário Valor 1000).

O maior Índice de Força da Marca hoje no Brasil foi obtido pela Rede Globo: 84 pontos. A emissora é a 12a colocada no ranking geral, com um valor de marca estimado em R$ 3 bilhões. Contribui para esse julgamento, em primeiro lugar, a visibilidade proporcionada pela liderança de audiência. "Costumamos dizer que televisão é espelho e janela. É através dela que o brasileiro se reconhece e vê o mundo. E, em meio a tantos canais disponíveis, distantes apenas a um clique do controle remoto, os brasileiros preferem a Globo em larga escala", diz Roberto Irineu Marinho, presidente das Organizações Globo - dona da Editora Globo, que publica Época NEGÓCIOS. As pessoas misturam as lembranças mais marcantes de suas vidas com os programas, noticiários e novelas da Globo. Além disso, segundo ele, numa sociedade gregária como a nossa, o conteúdo da TV cria um vínculo emocional entre os indivíduos: a notícia do Jornal Nacional ou o capítulo da novela de ontem costumam ser os temas mais comuns de conversa entre as pessoas. "Essa é uma enorme responsabilidade, e ao mesmo tempo um desafio diário", afirma Marinho.

A Rede Globo - que reúne 121 emissoras - foi a primeira rede de TV no Brasil com o propósito declarado de estabelecer e cultivar um programa de branding. "Desde os primórdios, sempre investimos na marca como um símbolo", diz Octavio Florisbal, diretor-geral da Rede Globo, ao se referir ao pioneirismo do trabalho do designer Hans Donner. Para dar suporte institucional e promover um círculo virtuoso de rejuvenescimento da marca, foram desenvolvidos projetos de comunicação institucional e social - como os atuais Criança Esperança, Amigos da Escola e Ação Global. Ao mesmo tempo, nesta era de convergência digital, a marca vem sendo estendida para veículos que, diferentemente da TV, têm vocação segmentada, como canais a cabo (GloboNews e GNT), internet (globo.com) e revistas (Globo Rural, Pequenas Empresas & Grandes Negócios, e, mais recentemente, Fantástico). A próxima etapa será a TV digital, que permitirá aos telespectadores assistirem à TV no celular ou em qualquer outro aparelho portátil.

Outra companhia com um Índice de Força da Marca quase tão alto quanto o da Globo é a Coca-Cola: 83 pontos. Nos últimos cinco anos, a empresa descentralizou a comunicação e o marketing, antes comandados com mão de ferro pela matriz em Atlanta, nos Estados Unidos. No Brasil, a estratégia é agora definida com os 17 fabricantes independentes que trabalham com a marca. "As pessoas percebiam a Coca-Cola como ícone da cultura americana", diz Marco Simões, diretor de comunicação da Coca-Cola. "Notamos que isso mudou." A mudança levou a empresa a adotar uma

Percepções dos consumidores são decisivas na avaliação das marcas

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marca corporativa local: Coca-Cola Brasil. Sua criação também é uma resposta à segmentação no leque de produtos, depois que a empresa comprou marcas de água, sucos e chás.

Experiências como a da Coca-Cola e de outras companhias bem posicionadas na lista da Brand Finance mostram que as marcas corporativas estão ganhando importância. "Elas têm uma sobrevida maior que produtos ou serviços e, por isso, precisam receber mais atenção", afirma Jaime Troiano, diretor da Troiano Consultoria de Marca. Ele aponta cinco razões para que as empresas enfatizem sua marca corporativa na comunicação:

1. Os consumidores querem saber quem está por trás dos produtos que compram. Foi pensando nisso que a Unilever, dona de um portfolio de 50 marcas, passou a usar a marca-mãe para endossar nomes como Omo, Dove, Lux, Hellmann's e Kibon. A empresa, que ocupa o 8o lugar no ranking da Brand Finance, veiculou em junho um comercial no qual o técnico de vôlei Bernardinho e sua família mostram diversos produtos conhecidos pelos consumidores, associando-os à Unilever. A marca também foi parar nas embalagens e nos materiais de comunicação dos produtos. "Queremos aumentar o conhecimento da marca-mãe", diz Luiz Carlos Dutra, diretor de assuntos corporativos da Unilever. "A reputação da empresa está se tornando cada vez mais importante."

2. Marcas corporativas listadas em bolsa adquirem maior relevância e expressão quando sua comunicação é bem trabalhada. Com o crescimento do mercado de capitais no Brasil, empresas com marcas corporativas fortes e boa reputação poderão ter vantagens na hora de levantar recursos.

3. Uma marca corporativa forte pode representar uma boa defesa contra crises ou eventos não previstos. Casos de blindagem como o do Tylenol, que conseguiu sobreviver a uma grande crise, tornaram-se clássicos. Veja a Petrobras. Em 2000, um vazamento de óleo em suas instalações submarinas na Baía de Guanabara, levou a empresa a investir US$ 1 bilhão no Projeto Pégaso, um amplo programa de gestão ambiental e segurança operacional, que exigiu a modernização de equipamentos e processos em toda a empresa. Eduardo Felberg, gerente de marcas, diz que os problemas de imagem foram superados graças à força da marca e às ações do Projeto Pégaso.

4. O lançamento de novas marcas ou de novos produtos é facilitado quando conta com o endosso de uma marca corporativa forte. Nesse caso, a boa reputação pode também se tornar uma plataforma para a extensão de negócios. É o que está fazendo a Nestlé, que aparece no 9o lugar do ranking geral. A Nestlé produz 1,3 mil itens em 28 categorias de produtos. Recentemente, colocou no mercado a linha Sollys, de produtos à base de soja. "A decisão de lançar uma marca nova, em vez de usar uma linha já existente, reflete a estratégia de atualizar a percepção que os consumidores têm da marca corporativa", diz Mario Castelar, diretor de comunicação e serviços de marketing da Nestlé.

Em outros casos, a empresa decide diversificar seu portfolio de produtos. É este o caso da Natura, fabricante de cosméticos - que ocupa a 31a posição do ranking, com a marca avaliada em R$ 1,5 bilhão. A companhia entrou, no início de julho, no segmento de

alimentos saudáveis. Inicialmente no interior de São Paulo, suas revendedoras passarão

As marcas corporativas estão ganhando visibilidade

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a vender barras de cereais, sopas e alimentos desidratados. Nos anos 90, a Natura fracassou na tentativa de lançar produtos fitoterápicos, depois de comprar a fabricante carioca Flora Medicinal. "O risco nesse tipo de estratégia sempre existe, mas julgamos que alimentação saudável tem a ver com os valores que estão na essência da nossa marca", diz Andrea.

5. Uma boa reputação corporativa também traz benefícios do ponto de vista da gestão interna. Pode ajudar a motivar funcionários, contribuir para a atração de talentos e projetar uma imagem de credibilidade que valoriza a empresa. O especialista americano Kevin Keller, autor de Gestão Estratégica de Marcas (Editora Prentice-Hall) forjou o termo "marketing holístico" para definir as estratégias que ultrapassam o departamento de marketing e chegam, por exemplo, até a telefonista da empresa. É esse tipo de visão que está sendo desenvolvida no Bradesco. O banco lançou recentemente uma campanha baseada no livro 120 Razões para Ser um Cliente Completo, distribuído para seus 80 mil funcionários. Foram eles que escreveram as 120 razões. O livro, assim como toda a comunicação, vem buscando projetar as diversas ações da instituição - das atividades da Fundação Bradesco, o maior programa privado de educação gratuita do país, ao apoio a programas ambientais. "Procuramos associar a marca Bradesco a diversos valores - de pioneirismo e capacidade de trabalho à responsabilidade social e à governança corporativa", afirma Marcio Cypriano, presidente do Bradesco."Nos últimos dez anos fizemos 23 aquisições. Cada uma à sua maneira, foi incorporada à nossa marca, sempre agregando valor."

A gestão da marca costuma ser complexa em empresas com portfolios amplos. Por isso, companhias como Nestlé e Unilever adotam uma arquitetura de marcas na qual a marca corporativa abriga diversas marcas de produtos. A partir do levantamento da Brand Finance, é possível elaborar um ranking somente com marcas corporativas, no qual os dados econômico-financeiros incluem todas as marcas de produtos ou serviços sob seu guarda-chuva. (Confira no ranking nacional a posição das marcas corporativas assinaladas com asterisco e veja sua respectiva classificação no ranking das Famílias de Marcas.) A AmBev, que aparece na 3a posição no ranking geral, com uma marca avaliada em R$ 6 bilhões, ficaria em 1o no ranking das Famílias de Marcas. A empresa detém o controle de outras três marcas de produtos também listadas no ranking geral: Skol (32a posição, com valor de R$ 1,5 bilhão), Brahma (50a posição e R$ 883 milhões) e Antarctica (69a posição e valor de R$ 511 milhões). É curioso notar que a marca AmBev, listada com esse nome na Bovespa, não usa a marca corporativa na comunicação com o consumidor. Talvez por isso, o valor específico de sua marca corporativa seja de somente R$ 32 milhões - ou 0,53% do valor total de sua família de marcas. O valor de uma marca pode variar muito no que diz respeito às percepções global e local. Veja o caso da Toyota e da GM/Chevrolet. No ranking global, elas aparecem, respectivamente, na 16a e na 68a posições. No Brasil, a GM/Chevrolet está na frente - na 7a posição. O que a Toyota faz lá fora é combinar sua comunicação mercadológica com uma estratégia de inovação que empresta carisma à marca. Isso ficou evidenciado com o lançamento do Prius, o bem-sucedido híbrido da montadora.

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O RANKING DAS MAIS VALIOSAS MARCAS DO BRASIL

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Jornal Valor Econômico - Opinião - Página 13 - 22/02/2010

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www.oglobo.com O Globo Economia Plantão Publicada em 18/02/2010 às 12h45m 15 BRASILEIRAS NO TOP 500 Cresce presença de empresas brasileiras em ranking de marcas mais valiosas O número de marcas brasileiras presentes na lista das 500 mais valiosas do mundo saltou de apenas seis em 2009 para 15 este ano. As três empresas brasileiras mais bem classificadas são o Bando Bradesco, o Banco do Brasil e a Petrobras. Mundialmente, Walmart, Google e Coca-cola lideram o ranking. O relatório da Brand Finance, consultoria independente especializada na avaliação de marcas, é produzido com base em um levantamento financeiro sobre as empresas e em questionários com clientes e especialistas em medir a força de marcas. “A região sul-americana registrou o mais alto crescimento do valor de suas marcas, crescendo 84% (desde o ano passado). Isso é um reflexo do desempenho sólido na região, particularmente do mercado bancário brasileiro”, diz a Brando Finance. Em entrevista à BBC Brasil, Gilson Nunes, diretor da Brand Finance do Brasil, explica porque a presença de marcas brasileiras no ranking cresceu tanto. “A crise econômica afetou seriamente as marcas de empresas dos países desenvolvidos, abrindo espaço para o crescimento das marcas das demais nações. O Brasil, porém, quase não sentiu a crise, o que possibilitou às empresas nacionais ganhar valor de mercado”, disse. Entre as 15 empresas brasileiras que entraram no ranking das 500 mais, oito são do setor bancário, três de telefonia e duas de extrativismo mineral. Gerdau e Bovespa completam a lista. O Bradesco, que na lista de 2009, aparecia na 75ª posição, saltou para o 42° lugar geral, sendo a 9ª marca de banco mais valiosa do mundo. Segundo a Brand Finance, a instituição é avaliada em US$ 13,3 bilhões, quase o dobro da avaliação do ano passado. Com 3,5 milhões de clientes, o banco do brasileiro é também a marca mais importante da América Latina. O Banco do Brasil, por sua vez, mais do que dobrou o valor de sua marca nos últimos dozes meses, chegando a US$ 6,7 bilhões, enquanto a Petrobras é avaliada em US$ 5,6 bilhões. Recuperação do setor bancário

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A Brand Finance destaca em sua análise a recuperação do setor bancário ao redor do mundo. “O valor agregado das 500 maiores marcas bancário do mundo em 2010 é agora 4% maior do que em 2008, antes da crise”, diz o site da companhia. Pelo terceiro ano consecutivo, o HSBC lidera a lista entre os bancos, com US$ 28,5 bilhões. O Bank of America e o Santander vêm na sequência. O domínio dos bancos americanos está em queda na lista. Das 500 marcas bancárias mais valiosas do mundo, 85 são dos Estados Unidos, contra 95 no ano passado. Enquanto isso, a quantidade de bancos europeus cresceu na lista de 174 para 197. Só a Grã-Bretanha ficou de fora desse crescimento, vendo o número de bancos do país no ranking cair de 24 para 22. “Isso sugere que a recuperação do continente europeu, em particular na França, Espanha e Suíça, deixou os bancos britânicos de fora”, analisa a Brand Finance. Domínio americano Na lista mundial de marcas de todos os setores, as empresas do Estados Unidos dominam: as seis marcas mais valiosas do mundo são americanas, sendo elas Walmart, Google, Coca-cola, IBM, Microsoft e GE. Esse e o segundo ano seguido que a rede de supermercados lidera a lista, enquanto que o Google saltou da 5ª para a 2ª posição desde o ano passado. A montadora japonesa Toyota permaneceu na 10ª posição do ranking, possivelmente porque o levantamento foi produzido antes dos recentes problemas com veículos da marcar virem à tona. Outra montadora japonesa, a Mitsubishi, foi uma das empresas que mais ganhou posições na lista. Em 2009, a marca era a 220ª mais valiosa do mundo. Neste ano ela saltou para a 25ª colocação. Para mais noticias, visite o site da BBC Brasil. Fonte: BBC Brasil

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ANEXO 5

INTERNET

www.responsabilidadesocial.com

Publicado em 30.07.2003 e consultado em 18.02.2010

Imagem é diferente de reputação

A responsabilidade social empresarial, como se sabe, está na pauta do dia neste início de século. Muito mais que atos isolados de benemerência e filantropia, trata-se, na verdade, de uma consolidada estratégia de integração de empresas e seus consumidores, sob o ponto de vista da comunicação de marketing. Isto ocorre porque, atualmente, o consumidor está muito mais consciente.

Mesmo nas pequenas cidades ou nos bairros de periferia, as pessoas já passam a adotar uma postura de cobrança em relação às empresas, porque quando uma companhia se localiza em um determinado espaço, ela deve criar um vínculo com essa comunidade, uma ligação de envolvimento e não apenas no sentido de gerar empregos. É uma espécie de aliança de saber o

que se passa e ocorre na sociedade situada no entorno da corporação e, principalmente, de conhecimento a respeito de quais sejam as suas necessidades.

Tal posição tem despertado tamanho interesse, a ponto de muitas empresas, que até então não adotavam qualquer prática de responsabilidade social passarem a fazê-lo, pressionadas pela sociedade e demais stakeholders, com o objetivo de seguirem o exemplo das primas maiores. Não pretendo afirmar, com isso, que a atuação das companhias deva ser substituta das ações governamentais, ainda que os governos, desde o descobrimento do país, venham se mostrando incompetentes para promoverem, sozinhos, o desenvolvimento social e do potencial humano. As empresas não devem assumir o papel do Estado. Elas têm, isto sim, de estabelecer uma parceria com seus diferentes públicos, especialmente com a comunidade.

Nos Estados Unidos, várias empresas passaram a ganhar consumidores devido à postura socialmente correta que adotaram. Em contrapartida, marcas e produtos perderam mercado por não terem programas de apoio a causas sociais, por exemplo. Dois fatores ajudam a acelerar o processo: globalização e um novo comportamento da sociedade. As pessoas de bem estão tendo de se isolar em condomínios fechados para fugir da violência. Como viver está se tornando uma atividade perigosa, entendem que é preciso ter um conjunto harmônico de desenvolvimento, e não ilhas de progresso. Na hora de comprar, esses indivíduos têm o poder da escolha. Como muitos produtos possuem vários similares, o que os diferencia são os valores agregados. Para esses consumidores, abandonar uma marca e adotar outra é bastante simples.

Pelo exposto, é fácil concluir que a perfeita equação entre empresa e consumidor deve se apoiar, fundamentalmente, na imagem e reputação que ela possui. Contudo, seus executivos têm de ter em mente que a reputação corporativa é algo extremamente difícil de ganhar e muito fácil de se perder. Na maioria das vezes, uma empresa não terá uma segunda chance para causar uma boa primeira impressão.

Ainda que andem juntas e que muitas vezes sejam confundidas, até por alguns profissionais de comunicação, é importante destacar que imagem é diferente de reputação. Imagem é um conjunto de símbolos associados a uma determinada marca, construída, em geral, por uma agência de propaganda, e que pode ser

Fernando Credidio

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se conquista, e é formada a partir da interação da empresa com seus stakeholders, sendo de difícil manipulação, ainda que muitas companhias e publicitários se arvorem nessa tentativa.

Por que isso é importante? Até há pouco tempo, a aura corporativa podia ser analisada como um ativo intangível, incapaz de ser medido. Isto não acontece mais. Quanto mais públicas se tornam as empresas, maiores são as suas responsabilidades, bem como a de seus executivos, responsáveis diretos por sua imagem e reputação no mercado. O Brasil é um dos países onde a responsabilidade social mais contribui para a imagem e reputação de uma empresa. É o que tem sido revelado por diversas pesquisas de mercado.

A última, encomendada pelo IRES – Instituto ADVB de Responsabilidade Social, divulgada recentemente, apontou números impactantes. Entre as 2.030 empresas (41% de grande porte, 50% de médio e 9% de pequeno) que responderam à mesma, de um universo de 4195, 98% considera a cidadania corporativa como parte integrante de sua visão estratégica. No aspecto da comunicação, 68% divulgou a ação social que realizou nos últimos 3 anos, 26% publicou balanços sociais como forma de divulgar seus investimentos na área social e 59% se utiliza do marketing para divulgar seus projetos de responsabilidade social. Um dado a ser ressaltado é que 46% das empresas já possui alguma avaliação sobre a melhoria de sua imagem institucional por desenvolver projetos socialmente responsáveis.

Para conquistar – e manter - uma boa imagem e reputação, a empresa deve usar de honestidade com todos os seus diferentes públicos, ser cuidadosa com o meio ambiente, lidar bem com as reclamações recebidas, ser verdadeira em seus anúncios, prestar bons e consistentes serviços, não sonegar impostos, ter a ética como eixo principal de sua conduta e, sobretudo, ser aberta e transparente. Ao resolver adotar políticas de responsabilidade social, a empresa passa a integrar um processo de mudança social, em lugar de somente fazer doações e mostrá-las a sociedade por meio de uma bem engendrada campanha de comunicação ou lobby junto à mídia. Somente dessa forma será possível alcançar bons resultados que, invariavelmente, serão traduzidos na maior proximidade com seus colaboradores, fornecedores, consumidores e, notadamente, no incremento de sua imagem e reputação.

Entretanto, para que esta prática seja efetiva, as empresas devem, antes de qualquer medida, “arrumar a casa”, descobrir sua verdadeira vocação social e permitir que tais valores sejam incutidos em seu “DNA”. Somente a partir desse ponto é que ela deve partir para vôos de maior amplitude. “Arrumar a casa” significa, entre outros fatores, criar uma consciência efetiva de seu público interno em relação a um trabalho socialmente responsável. É importante ressaltar, também, que as ações devem ser permanentes e consistentes, para que angariem e promovam credibilidade interna e externa.

Ainda no quesito credibilidade, o estabelecimento de parcerias intersetoriais é, sem dúvida, um dos principais aliados de uma postura corporativa cidadã, pois permite programas mais ajustados à realidade que se deseja atingir, pois a ligação com organizações sérias do terceiro setor mostra-se muito proveitosa, por proporcionar benefícios diretos à comunidade.

Entre em Contato

Fernando Credidio é Presidente da organização não-governamental Parceiros da Vida, especializada em comunicação de marketing para o terceiro setor. Também é articulista das revistas Melhor – Vida & Trabalho, Filantropia, Voluntariado & Terceiro Setor, Marketing Cultural, Junção e do jornal Essência Social. "Artigo originariamente publicado na revista Filantropia, Voluntariado & Terceiro Setor (edição julho/agosto 2003)"

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www.eticaempresarial.com.br Publicado em 10.7.2003, consultado em 18.2.2010

Quanto vale a sua reputação?

Rogéria Taragano*

Ela pode interferir nas cotações da bolsa, derrubar alguns ministros e nomear outros, alavancar negócios, abrir (ou fechar) portas, enfim, ela dá as cartas e quase move montanhas. Ela pode ser pessoal, aquela que todos nós, queiramos ou não, trazemos agregada à nossa própria carteira de identidade. Pode ser impessoal, vinculada a algum produto ou equipamento, ou também vinculada a grupos, associações, governos e organizações de qualquer natureza. Seja ela pessoal ou corporativa, o que há de comum entre as diferentes modalidades, guardadas as devidas proporções, é sua força. Falamos da reputação, essa poderosa senhora de contornos largos e intangíveis, alcance imensurável e impacto irrefutável.

Em um discurso na Universidade de Harvard em 2000, Alan Greenspan, presidente do Banco Central Americano, destacou o valor da reputação corporativa na economia de mercado:

"No mundo de hoje, onde idéias gradativamente substituem elementos físicos na geração de valor econômico, a competição pela reputação torna-se uma força significativa impulsionando a economia. Bens manufaturados podem ser facilmente avaliados antes do fechamento de uma transação. No entanto, para aqueles que vendem serviços, a única garantia a ser oferecida é a própria reputação".

É possível mensurar a reputação?

No mundo dos negócios, já existem tentativas de mensuração do "valor da reputação" das organizações, preocupação cada vez mais fundamentada, visto que dados de uma pesquisa realizada pela Universidade de Oxford em out/02 indicam que a reputação de uma empresa pode corresponder a cerca de 40% de seu valor de mercado.

Alguns estudos recentes:

• Na Universidade do Texas-EUA, realizou-se uma comparação entre dez grupos de empresas com níveis similares de risco e de retorno, mas com diferentes níveis de reputação. Os resultados mostraram que uma diferença de 60% no resultado do nível de reputação estava associada a uma diferença de 7% do valor de mercado dessas empresas.

Este tema será apresentado em julho no VI Congresso Latino-Americano de Ética Negócios e Economia) (www.fgvsp.br)

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Considerando-se que o valor médio das corporações avaliadas era de US$ três bilhões, isso significa que cada um ponto de diferença no resultado de reputação (de 6 a 7 numa escala de 10 pontos) equivaleria a um adicional de US$ 53 milhões no seu valor de mercado. • Outro projeto foi conduzido na Universidade de Kansas-EUA, sugerindo que o "capital reputacional" pode envolver retornos ainda maiores. Um grupo de professores estudou a correlação entre valor de mercado, book value, rentabilidade e reputação de todas as empresas listadas na revista "Fortune - As mais admiradas empresas", pesquisadas entre 1983 e 1997. A conclusão foi que cada mudança de apenas um ponto em reputação estaria associada a uma média de US$ 500 milhões em valor de mercado.

Portanto, o que esses e outros estudos têm sugerido é que a reputação corporativa é um valioso ativo, ainda que intangível. E que esse "ente" intangível, quando abalado para o bem ou para o mal, consegue impactar diretamente inclusive os valores tangíveis da organização. Conseqüentemente, as conhecidas e não pouco freqüentes "crises de reputação" objetivamente alteram o valor de mercado das empresas.

Reputação versus Imagem Corporativa?

Por todas essas razões, estudiosos do mundo todo têm se dedicado não só a tentar entender o que é a reputação corporativa mas também a buscar mecanismos para mensurá-la e gerenciá-la. Ao fazer esse esforço, surgem algumas discussões entre os autores em torno de termos semelhantes, tais como "imagem" e "identidade corporativa", entre outros. Para alguns, a identidade corporativa estaria mais vinculada à maneira com que determinados públicos ligados à empresa a conceituam, enquanto que a imagem estaria relacionada à maneira com que a própria organização se apresenta para o público, especialmente em sua comunicação visual. Parece haver relativo consenso de que a reputação é algo maior e que transcende os conceitos de imagem ou identidade. Esses autores a entendem - posição com a qual estamos de acordo - como algo mais amplo, duradouro e que incorpora os dois conceitos anteriores. Ou seja - e aí vai uma interpretação e um paralelo -, qualquer imagem pode ser construída com uma série de comerciais bem feitos com 30 segundos de duração, enquanto que, muitas vezes, 30 anos não são suficientes para a construção e consolidação de uma boa reputação. De acordo com Charles J.Fombrun, da conceituada Stern University - Escola de Negócios da Universidade de Nova York, "as reputações se formam ao longo do tempo, de acordo com a interpretação que os observadores fazem dos padrões e ações corporativos e, uma vez formadas, são resistentes a mudança, mesmo diante de informações discrepantes..."

O parecer acima nos leva a uma outra característica da reputação. É que ela está baseada na percepção de um conjunto variado de "observadores". Esses observadores influentes, que são sensíveis em relação à forma de agir de uma dada organização, podem ser tanto os seus acionistas, funcionários, clientes, fornecedores, comunidade, como a própria mídia e o governo. São públicos que podem possuir uma vinculação direta ou indireta com a organização e são também conhecidos como as "partes interessadas" ou os stakeholders, em inglês. Entende-se que quanto maior a capacidade da organização de conhecer e atender às expectativas de suas partes interessadas, maior seu grau de reputação. Nesse contexto, a organização passa a ser demandada num escopo mais amplo, o da sustentabilidade. Conceito este que contempla não só sua competência para gerar empregos e pagar impostos mas também sua capacidade de tentar harmonizar seu sucesso econômico com o equilíbrio social e com a qualidade ambiental, dentro de altos padrões éticos de atuação.

Portanto, com todas essas novas preocupações na agenda, as organizações não podem mais se dar ao luxo de ignorar qual é seu posicionamento junto aos stakeholders. Mais e mais empresas estão cientes de que sua reputação não só influencia a aceitação de seus produtos pelos consumidores mas também seu próprio padrão de atratividade perante investidores e analistas, nacionais e internacionais. Sem falar na influência sobre seu poder de fogo para contratar e reter talentos. Pesquisas sugerem ainda que a boa reputação resulta mesmo em melhoria da satisfação do cliente e que esta exerce influência na lealdade do consumidor, fator que, por fim, afeta diretamente o bottom line da organização.

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Olhos nos olhos...

Em tempos de crise, vulnerabilidade de reputação, escândalos corporativos e conseqüente abalo da confiança pública perante as corporações, dispor de mecanismos para conhecer a percepção causada, "medir a temperatura" e ajustar o rumo proativamente pode fazer toda a diferença. Afinal, diz-se que, assim como a beleza, a reputação está nos olhos de quem observa, para quem isso nada mais é que a realidade em si. E se esses olhos estiverem focando, agora, justamente na direção da sua organização? Quanto vale a sua reputação?

Fontes: The Gauge, Vol.14, No.13, Maio/01. John Elkington, Cannibals with forks, 1997.

*Rogéria Taragano, é Psicóloga Organizacional, Mestre em Administração pela Carnegie Mellon University-EUA e Diretora da Gecko SocioAmbiental (www.gecko.com.br), empresa que idealizou no Brasil o GR® Grau de Reputação, instrumento que avalia a reputação corporativa.

10/7/2003

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ANEXO 6

Filmes

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ANEXO 7

Panfletos e Mobiliário Urbano

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1 - BARRETO, A. V. P. & HONORATO, C. T. Manual de sobrevivência na selva

acadêmica. 2ª ed. Rio de Janeiro : Objeto Direto, 1998.

2 - GRACIOSO, Francisco. Propaganda Institucional - nova arma estratégica

da empresa. São Paulo: Editora Atlas, 2006.

3 - KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 12 ed.

São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

4 - KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de relações públicas na

comunicação integrada. São Paulo: Summus, 2003.

5 - NEVES, Roberto de Castro. Comunicação Empresarial Integrada: como

gerenciar: imagem, questões públicas, comunicação simbólica, crises

empresariais. Rio de Janeiro: Mauad, 2000.

6 - NOGUEIRA, Nemércio. Media Training - melhorando as relações da

empresa com os jornalistas... de olho no fim da Comunicação Social. São

Paulo: Cultura Editores Associados, 2001.

7 - PINHO, José Benedito. Propaganda Institucional - Usos e função da

propaganda em relações públicas. São Paulo: Summus Editorial, 1990.

8- REGO, Francisco Gaudêncio Torquato do. Comunicação

empresarial/comunicação institucional: conceitos, estratégias, sistemas,

estrutura, planejamento e técnicas. São Paulo: Summus, 1986.

78

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTOS 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES 10

1.1 – Comunicação Organizacional Integrada 10

1.2 – Comunicação Institucional 13

1.3 – Publicidade 14

1.3.1 – Marca 15

1.4 – Propaganda 16

CAPÍTULO II

IDENTIDADE E IMAGEM INSTITUCIONAIS 20

2.1 – Identidade Institucional 20

2.2 – Imagem Institucional 21

2.2.1 – Top-of-mind 23

2.3 – Reputação 24

CAPÍTULO III

PROPAGANDA INSTITUCIONAL 26

3.1 – Função estratégica da propaganda institucional 26

3.2 – O que não é papel da propaganda institucional? 28

3.3 – Ferramentas 29

79

CAPÍTULO IV

COMO SE DESTACAR QUANDO TUDO PARECE IGUAL? 31

4.1 – Os mitos e boatos corporativos 32

4.2 – Situações de crise 33

4.3 – Limites 38

CAPÍTULO IV

PESQUISA E PLANEJAMENTO 39

5.1 – Pesquisa 39

5.2 – Temas institucionais 41

5.3 – Planejamento 42

CAPÍTULO VI

COMO ANALISAR RESULTADOS 46

CONCLUSÃO 48

ANEXOS 50

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 77

ÍNDICE 78

80

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes - Projeto A Vez do

Mestre

Título da Monografia: O papel da Propaganda Institucional e a sua

influência na reputação das organizações

Autor: Laura Fernandez Suárez

Data da entrega: 14 de abril de 2010

Avaliado por: Prof. Dr. Fernando Lima Conceito: