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MESTRADO DE TECNOLOGIA AMBIENTAL

MÓDULO II- TÉCNICAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E EFLUENTES

Desinfecção – “Um mal necessário!”

Docentes: Lisete Epifâneo e Ana Barreiros

Discente: Alexandra Nobre n.º 090282001

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2009/2010

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Índice

1. OBJECTIVO.................................................................................................................................. 4

2. INTRODUÇÃO............................................................................................................................. 5

3. TEORIA DA DESINFECÇÃO............................................................................................................ 7

3.1. NECESSIDADE DA DESINFECÇÃO NO TRATAMENTO DA ÁGUA....................................................................7

3.2. AGENTES DESINFECTANTES...............................................................................................................8

3.2.1. Tipos de agentes desinfectantes........................................................................................8

3.2.2. Características de um agente desinfectante......................................................................8

3.2.3. Factores que influenciam a acção dos desinfectantes.......................................................9

3.3. MECANISMOS DE INACTIVAÇÃO DOS MICRORGANISMOS PATOGÉNICOS...................................................10

3.4. OUTROS OBJECTIVOS DA UTILIZAÇÃO DE DESINFECTANTES NO TRATAMENTO DA ÁGUA...............................10

4. SUBPRODUTOS DA DESINFECÇÃO (SPD) E RESÍDUOS DE DESINFECTANTE..................................12

4.1. FORMAÇÃO DE SUBPRODUTOS DA DESINFECÇÃO.................................................................................14

4.1.1. Precursores dos subprodutos da desinfecção..................................................................15

5. DESINFECÇÃO PELO CLORO.......................................................................................................16

5.1. ASPECTOS QUÍMICOS DA DESINFECÇÃO COM CLORO............................................................................17

5.2. TIPOS DE CLORAÇÕES E RESPECTIVOS PONTOS DE APLICAÇÃO................................................................19

5.3. ESTRATÉGIAS DE CONTROLO DA FORMAÇÃO DE SUBPRODUTOS DA DESINFECÇÃO.......................................21

5.4. EFICIÊNCIA DA DESINFECÇÃO...........................................................................................................22

5.5. CONSIDERAÇÕES SOBRE SEGURANÇA E MANIPULAÇÃO DE CLORO...........................................................22

5.6. RESUMO DAS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO CLORO COMO AGENTE DESINFECTANTE........24

6. DESINFECÇÃO PELAS CLORAMINAS...........................................................................................25

6.1. ASPECTOS QUÍMICOS DA DESINFECÇÃO COM CLORAMINAS....................................................................25

6.2. PONTOS DE APLICAÇÃO DAS CLORAMINAS.........................................................................................25

6.3. ESTRATÉGIAS DE CONTROLO DA FORMAÇÃO DE SUBPRODUTOS DA DESINFECÇÃO.......................................26

6.4. EFICIÊNCIA DA DESINFECÇÃO...........................................................................................................26

6.5. RESUMO DAS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DE CLORAMINAS COMO AGENTE DESINFECTANTE 26

7. DESINFECÇÃO PELO OZONO......................................................................................................27

7.1. ASPECTOS QUÍMICOS DA DESINFECÇÃO COM OZONO...........................................................................27

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7.2. PONTOS DE APLICAÇÃO DO OZONO..................................................................................................27

7.3. ESTRATÉGIAS DE CONTROLO DA FORMAÇÃO DE SUBPRODUTOS DA DESINFECÇÃO.......................................28

7.4. EFICIÊNCIA DA DESINFECÇÃO...........................................................................................................28

7.5. CONSIDERAÇÕES SOBRE SEGURANÇA E MANIPULAÇÃO DE OZONO...........................................................29

7.6. RESUMO DAS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO OZONO COMO AGENTE DESINFECTANTE.......29

8. DESINFECÇÃO PELA RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA (UV)..................................................................30

8.1. ASPECTOS FOTOQUÍMICOS DA DESINFECÇÃO COM UV.........................................................................30

8.2. PONTOS DE APLICAÇÃO DA RADIAÇÃO UV.........................................................................................31

8.3. EFICIÊNCIA DA DESINFECÇÃO...........................................................................................................31

9. CONCLUSÕES............................................................................................................................ 32

10. BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................... 33

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1. Objectivo

Pretende-se com este trabalho abordar o tema “Desinfecção”. Embora se considere que a

operação de desinfecção seja uma das mais importantes no tratamento de água para consumo

humano, esta apresenta alguns inconvenientes que devem ser tidos em conta aquando da

escolha do agente desinfectante. Neste seguimento são descritos os diversos tipos de

desinfecção, a formação de subprodutos da desinfecção e as medidas de minimização de

formação destes subprodutos.

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2. Introdução

Os cientistas são unânimes em afirmar que a vida no nosso planeta surgiu da água. Este é

conhecido, inclusive, como o “Planeta Água”, já que a superfície terrestre é coberta em cerca

de 72% da sua extensão por esse líquido precioso. A água é a substância que existe em maior

quantidade nos seres vivos. Representa cerca de 70% do peso do corpo humano. Além de

entrar na constituição dos tecidos, a água é o solvente que transporta as substâncias não

aproveitadas pelo organismo. A falta de água provoca a debilidade ou até a morte dos seres

vivos. O Homem necessita de ingerir líquido numa quantidade diária de dois a quatro litros.

Pode sobreviver 50 dias sem comer, mas perece após 4 dias sem água. A água está presente

em múltiplas actividades do Homem e, como tal, é utilizada para finalidades muito

diversificadas, em que assumem maior importância o abastecimento doméstico e público, as

aplicações agrícolas e industriais e a produção de energia eléctrica. Um cidadão necessita, em

média, de 200 a 300 litros de água, para atender a todas as suas necessidades diárias (Alves,

2007).

Até um passado recente, as necessidades de água cresceram gradualmente acompanhando a

lenta evolução populacional. Contudo, a era industrial tornou possível o aumento do nível de

vida e contribuiu para um rápido crescimento demográfico a nível mundial: 1000 milhões em

1800, 2000 milhões em 1930, 4400 milhões em 1980 e 6200 milhões em 2000. A expansão

urbanística, a industrialização, a agricultura e a pecuária intensivas e ainda a produção de

energia eléctrica passaram a exigir crescentes quantidades de água. Assim, a satisfação das

necessidades de água constitui na actualidade um sério desafio. Este bem de vital importância

e já tão escasso, poderá exercer um papel mais importante no século XXI do que foi o próprio

petróleo para o século XX. Apesar da crescente escassez de água potável, apenas 5% do

volume consumido é reutilizado. O Banco Mundial estimou em mais de seiscentos mil milhões

de euros o investimento mundial necessário nos sistemas de abastecimento na próxima

década para evitar perdas no consumo de água (Alves, 2007).

Na natureza não existe água pura, devido à sua capacidade de dissolver quase todos os

elementos e compostos químicos. As águas que retiramos dos rios ou dos furos artesianos

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contêm várias substâncias dissolvidas, como o zinco, o magnésio, o cálcio e elementos

radioactivos. A água também se encontra ameaçada pela poluição causada pela falta de

protecção das nascentes, uso inadequado do solo, afastamento dos modelos da agricultura

sustentável, recurso excessivo a agrotóxicos e fertilizantes, falta de investimento no

tratamento de efluentes, etc. Quando não tratada, a água é um importante veículo de

transmissão de doenças, principalmente as do aparelho intestinal, como a cólera, amebíase,

disenteria basilar, esquistossomose, febre tifóide e hepatite. Estimativas da Organização

Mundial de Saúde indicam que cerca de 5 milhões de crianças morrem todos os anos por

diarreia em resultado do consumo de água imprópria, sobretudo nos países do Terceiro

Mundo (Alves, 2007).

O tratamento da água tem como principal objectivo a eliminação de impurezas prejudiciais e

nocivas à saúde. Quanto mais poluído o manancial, mais complexo será o processo de

tratamento e, portanto mais cara será a água. Estação de Tratamento de Águas (ETA) é a parte

do sistema de abastecimento onde ocorre o tratamento da água captada na natureza, visando

a potabilização para posterior distribuição à população. As finalidades do tratamento podem

ser agrupadas em:

Higiénicas – remoção de bactérias, elementos venenosos ou nocivos, minerais e compostos

orgânicos em excesso, protozoários e outros microrganismos;

Estéticas – correcção da cor, turvação, odor e sabor;

Económicas – redução da corrosibilidade, dureza, cor, ferro, manganês, etc (Alves, 2007).

A desinfecção da água garante a remoção de microrganismos patogénicos impedindo que haja

disseminação de doenças por via hídrica. Por este motivo é uma etapa muito importante no

tratamento da água destinada ao consumo humano.

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3. Teoria da desinfecção

3.1. Necessidade da desinfecção no tratamento da água

A desinfecção é um método de tratamento da água que tem como objectivo a eliminação de

microrganismos potencialmente nocivos para a saúde dos consumidores. No processo nem

todos os agentes patogénicos são destruídos, salientando-se, como por exemplo, os vírus da

hepatite e da poliomielite, o que diferencia este processo da esterilização. Os níveis de

tratamento a atingir são definidos por lei de acordo com o fim a que a água se destina. A

desinfecção é o tratamento mais importante a que uma água deve ser sujeita. Todas as águas

de abastecimento devem ser desinfectadas, mesmo nos casos em que exista uma garantia de

qualidade microbiológica. Embora a maior parte dos microrganismos possa ser removida com

um esquema convencional de tratamento de água (coagulação, floculação, sedimentação e

filtração) a sua erradicação só é garantida através da desinfecção. Estima-se que 80% das

doenças infecciosas são transmitidas pela água não tratada e que mais de 3 milhões de

crianças, com menos de 5 anos, morrem a cada ano no mundo por motivos de doenças

contraídas por consumo de água imprópria (Alves, 2007). Na tabela 1 encontram-se algumas

doenças de transmissão hídrica.

Tabela 1. Exemplos de doenças bacterianas veiculadas pela água não tratada (US EPA, 1999)

Agente causal Doença Sintomas Reservatório

Salmonella typhosa Febre tifóide

Cefaleias, náuseas, perda de apetite, obstipação diarreia, insónia, dor de garganta, bronquites, dores abdominais, sangramento nasal, arrepios e febre crescente. Manchas rosadas no tronco. Período de incubação: 7-14 dias

Fezes e urina de doentes portadores de febre tifóide.

Vibrio commaV. cholerae

CóleraDiarreia, vómitos, sede, dor, coma. Período de incubação: poucas horas a 5 dias.

Descargas intestinais, vómitos, portadores.

Brucella melitensis BruceloseFebre irregular, suores, calafrios, mialgias.

Tecidos, sangue, urina, animais infectados.

Leptospira icteroaemorrhagiae

(spirochaetales)Leptospirose

Febres, rubores, cefaleias, náuseas, mialgias, vómito, sede, prostração e icterícia.

Urina e fezes de ratos, suínos, cães, gatos, ratos, raposas, ovelhas.

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Patogénicos entéricos: E. coli

GastroenteriteDiarreia, náuseas, prostração e desidratação.

Fezes de portadores.

3.2. Agentes desinfectantes

3.2.1. Tipos de agentes desinfectantes

A desinfecção é realizada com recurso a dois tipos de agentes: físicos e químicos. Na tabela 2

encontram-se exemplos de alguns agentes desinfectantes.

Tabela 2. Exemplos de agentes desinfectantes (Alves, 2007)

Agentes físicos Agentes químicos- Calor- Luz solar- Radiação ultravioleta (UV)- Radiações ionizantes- Ultra-sons

- Oxidantes (cloro, bromo, iodo, ozono, permanganato de potássio)- Iões metálicos (prata)- Ácidos e bases- Detergentes

Relativamente aos agentes físicos, a utilização de lâmpadas que emitem radiação ultravioleta é

um processo que tem vindo a ser muito utilizado na desinfecção de águas e águas residuais. A

sua eficiência depende da penetração da radiação, a geometria de contacto entre a fonte de

emissão de radiação UV e a água é extremamente importante uma vez que a matéria

suspensa, as moléculas orgânicas dissolvidas e a própria água absorvem radiação tal como os

microrganismos (Metcalf & Eddy, 2003).

No que diz respeito aos agentes químicos os mais utilizados são os oxidantes, sendo o cloro o

mais comum. No entanto, o ozono é um desinfectante altamente eficaz e a sua utilização tem

vindo a aumentar, embora não deixe resíduo na água (Metcalf & Eddy, 2003).

3.2.2. Características de um agente desinfectante

A escolha de um determinado agente desinfectante deve atender às características do mesmo.

Idealmente um desinfectante ou processo de desinfecção deve:

Ser tóxico, em baixas concentrações, para os microrganismos;Não ser tóxico para os seres humanos e animais;

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Ser solúvel em água;Ser eficaz às temperaturas normais da água de consumo;Ser estável, permitindo a manutenção de concentrações residuais durante longos períodos de tempo;Não reagir com outra matéria orgânica que não seja a dos microrganismos;Não ser agressivo a metais ou vestuário;Existir em grandes quantidades e a um preço acessível;Ser fácil de manipular;Permitir um controlo fácil das suas concentrações (Alves, 2007).

3.2.3. Factores que influenciam a acção dos desinfectantes

São vários os factores que contribuem e influenciam a actuação de um determinado agente

desinfectante:

1) Tempo de contacto – maior ou menor, consoante o tipo de organismos presentes na

água a tratar e consoante o tipo de desinfectante a adoptar.

2) Concentração e tipo de agente desinfectante químico – a concentração está

associada ao número de microrganismos presentes e na escolha do tipo de agente

químico estarão presentes critérios técnicos e económicos.

3) Temperatura – os microrganismos são sensíveis à temperatura.

4) Número de microrganismos presentes – quanto maior for esse número, mais tempo

de contacto será necessário para a mesma percentagem de morte.

5) Tipos de microrganismos – dependendo do tipo de bactérias presentes e da

possibilidade destas formarem ou não esporos e, por esse motivo serem mais

resistente (Associação Empresarial de Portugal, 2001).

Assim, será necessário considerar todos estes factores na determinação da “dose ideal” de

agente desinfectante a utilizar para garantir a qualidade microbiológica e bacteriológica de

uma água destinada ao consumo humano.

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3.3. Mecanismos de inactivação dos microrganismos patogénicos

Consoante o tipo de agentes desinfectantes a aplicar, os microrganismos são destruídos de

diferentes formas e de acordo com os mecanismos de actuação dos próprios desinfectantes.

Estes mecanismos dividem-se em:

1) Destruição da parede celular - uma das formas mais comuns de actuação da

desinfecção consiste na destruição da parede celular das bactérias. Essa destruição

provoca a lise ou morte da célula. A utilização de outros agentes, como a penicilina,

inibem a síntese de nova parede celular.

2) Alterações da permeabilidade da parede celular – A utilização de agentes como

compostos fenólicos e detergentes vai fazer com que haja alteração na

permeabilidade da membrana citoplasmática; normalmente os desinfectantes

destroem a permeabilidade selectiva da membrana, deixando escapar nutrientes vitais

(azoto e fósforo).

3) Alteração da natureza coloidal do protoplasma – a utilização combinada, ou não, de

calor, radiação, agentes fortemente ácidos ou alcalinos altera a consistência da

natureza coloidal do protoplasma dos microrganismos. Normalmente o calor coagula

as proteínas, os ácidos e as bases desnaturam-nas, estas alterações têm efeitos letais.

4) Inibição da actividade enzimática – oxidantes, como o cloro, alteram a estrutura

química das enzimas desactivando-as (Metcalf & Eddy, 2003).

3.4. Outros objectivos da utilização de desinfectantes no tratamento da água

Para além da sua utilização considerada mais nobre, a desinfecção de água destinada ao

consumo humano, os desinfectantes têm ainda outras funções, nomeadamente:

1) Minimização da formação de subprodutos da desinfecção (SPD). Oxidantes fortes

desempenham um papel importante na desinfecção e no controlo da formação de

SPD. Por exemplo, o permanganato de potássio e o ozono podem ser utilizados para

controlar precursores de SPD. O permanganato de potássio pode ser utilizado para

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oxidar os precursores orgânicos à cabeça da estação de tratamento da água,

minimizando assim a formação de subprodutos na zona de desinfecção.

2) Oxidação do Ferro e do Manganês. Estes iões surgem frequentemente em águas

subterrâneas e, embora não sejam prejudiciais para a saúde humana, em pequenas

concentrações podem causar problemas de coloração e sabor. São tratados por

oxidação de modo a produzirem um precipitado posteriormente removido por

processos de sedimentação e filtração. A maioria dos oxidantes oxida o Ferro 2+ a 3+ e

o manganês 2+ a 4+. O ferro precipita na forma de hidróxido e o manganês na forma

de dióxido.

3) Prevenção de crescimento bacteriano no sistema de distribuição e manutenção da

estabilidade biológica. A presença de compostos orgânicos biodegradáveis e amónia

na água tratada potenciam o crescimento microbiológico no sistema de distribuição. A

estabilidade biológica pode ser obtida através da remoção de nutrientes da água antes

da sua distribuição, da manutenção de um resíduo de desinfectante na água tratada

ou da combinação destas duas hipóteses.

4) Remoção de sabores e odores através da oxidação química. O sabor e o cheiro na

água de consumo podem ser originados por várias fontes, nomeadamente

microrganismos, vegetação, sulfureto de hidrogénio e compostos utilizados na

agricultura. Os próprios desinfectantes podem provocar problemas de odor e sabor. É

frequente utilizar a oxidação para remover os compostos que originam estes

problemas (US EPA, 1999).

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4. Subprodutos da desinfecção (SPD) e resíduos de desinfectante

A Agência de Protecção do Ambiente Norte Americana (U.S. EPA) compilou uma lista de

subprodutos da desinfecção (SPD) e de resíduos de desinfectantes que podem afectar a saúde

humana. Estes contaminantes estão agrupados em categorias distintas. Essa lista é

apresentada na tabela 3.

Tabela 3. Lista de subprodutos da desinfecção e resíduos de desinfectantes (US EPA, 1999).

RESÍDUOS DE DESINFECTANTESCloro livre

Ácido hipoclorosoIão hipoclorito

CloraminasMonocloraminas

Dióxido de cloro

SUBPRODUTOS ORGÂNICOS HALOGENADOSTrihalometanos

ClorofórmioBromodiclorometanoDibromoclorometanoBromofórmio

Ácidos haloacéticosÁcido monocloroacéticoÁcido dicloroacéticoÁcido tricloroacéticoÁcido monobromoacéticoÁcido dibromoacético

HaloacetonitrilosDicloroacetonitriloBromocloroacetonitriloDibromoacetonitriloTricloroacetonitrilo

Halocetonas1,1-dicloropropanona1,1,1-tricloropropanona

Clorofenóis2-clorofenol2,4-diclorofenol2,4,6-triclorofenol

CloropicrinaHidrato de cloralCloreto de cianogénioN-organocloraminas3-Cloro-4-diclorometil-5-hidroxi-2(5H)-furanona (MX)

SUBPRODUTOS INORGÂNICOSIão cloratoIão cloritoIão bromatoIão iodatoPeróxido de hidrogénioAmónia

SUBPRODUTOS ORGÂNICOSAldeídos

FormaldeídoAcetaldeídoEtanodialHexanalHeptanal

Ácidos carboxílicosÁcido hexanóicoÁcido heptanóicoÁcido oxálico

Carbono Orgânico Assimilável

A produção de SPD depende do tipo de desinfectante, da presença de material orgânico, de

ião brometo e de outros factores ambientais. Ao remover os precursores de SPD, minimiza-se

a sua formação.

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Os efeitos na saúde dos SPD e dos desinfectantes são avaliados através de estudos

epidemiológicos e/ou estudos toxicológicos efectuados em animais. Na tabela 4 apresentam-

se as suas classificações carcinogénicas (US EPA, 1999).

Tabela 4. Classificação carcinogénica de desinfectantes e SPD (US EPA, 1999).

Contaminante Classificação

Clorofórmio B2Bromodiclorometano B2Dibromoclorometano CBromofórmio B2Ácido monocloroacético --Ácido dicloroacético B2Ácido tricloroacético CDicloroacetonitrilo CBromocloroacetonitrilo --Dibromoacetonitrilo CTricloroacetonitrilo --1,1-dicloropropanona --1,1,1-tricloropropanona --2-clorofenol D2,4-diclorofenol D2,4,6-triclorofenol B2Cloropicrina --Hidrato de cloral CCloreto de cianogénio --Formaldeído B1Ião clorato --Ião clorito DIão bromato B2Amónia DÁcido hipocloroso --Ião hipoclorito --Monocloraminas --Dióxido de cloro D

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4.1. Formação de subprodutos da desinfecção

Os subprodutos orgânicos halogenados formam-se quando a matéria orgânica reage com cloro

livre ou bromo livre. O cloro livre pode ser introduzido na água como desinfectante primário

(dióxido de cloro) ou secundário (cloraminas). O bromo livre resulta da oxidação do ião

brometo nas captações. Os factores que afectam a formação de SPD halogenados incluem o

tipo e a concentração de matéria orgânica, oxidante utilizado e respectiva dose, tempo de

reacção, concentração de ião brometo, pH, concentração de azoto orgânico e temperatura da

água. A concentração de azoto orgânico influencia a formação de SPD azotados como

haloacetonitrilos, halopicrinas e haletos cianogénicos (US EPA, 1999).

Os SPD não-halogenados resultam também da reacção entre oxidantes fortes e compostos

orgânicos presentes na água. A oxidação de matéria orgânica com ozono leva à produção de

aldeídos, ácidos orgânicos e, na presença de ião brometo, compostos orgânicos bromados. A

maioria dos SPD resultantes de uma oxidação são biodegradáveis e surgem como carbono

orgânico dissolvido biodegradável e carbono orgânico assimilável em águas tratadas (US EPA,

1999).

O ião brometo tem um papel fundamental na formação de SPD. O ozono ou o cloro livre

oxidam este ião a ião hipobromito/ácido hipobromoso. Estas espécies, posteriormente,

formam SPD bromados. Os subprodutos orgânicos bromados incluem bromofórmio, ácido

acético bromado, acetonitrilos, bromopicrina e brometo cianogénico. Apenas foi identificado

um terço dos iões bromados incorporados nos SPD (US EPA, 1999).

4.1.1. Precursores dos subprodutos da desinfecção

Vários investigadores documentaram que a matéria orgânica é o principal precursor na

formação de SPD orgânicos. O cloro reage com a matéria orgânica produzindo vários SPD

como por exemplo trihalometanos e ácidos haloacéticos. O ozono reage com a matéria

orgânica e origina aldeídos e ácidos orgânicos; alguns destes compostos também são

resultantes de reacções que envolvem o cloro (US EPA, 1999).

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As águas naturais contêm substâncias orgânicas húmicas e não húmicas. MON divide-se em

duas fracções: hidrofóbica, constituída principalmente por material húmico e a hidrofílica

composta maioritariamente por material fúlvico (US EPA, 1999).

A concentração de SPD varia sazonalmente, aumentando no Verão e no início do Outono. Isto

deve-se ao facto da sua formação aumentar com o aumento da temperatura, da natureza dos

precursores de SPD orgânicos variar de acordo com a época do ano e da necessidade de

aumentar a dosagem de cloro para garantir a desinfecção da água nos meses de Verão, devido

a temperaturas mais altas (US EPA, 1999).

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5. Desinfecção pelo Cloro

O uso do cloro na desinfecção da água foi iniciado com a aplicação do hipoclorito de sódio,

obtido pela decomposição electrolítica do sal. Inicialmente o cloro era utilizado como

desinfectante apenas em casos epidémicos. A partir de 1902, a cloração foi instituída como

prática de rotina na Bélgica. Em 1909, passou a ser utilizado o cloro guardado em cilindros

revestidos de chumbo. Os processos de cloração sofreram uma evolução contínua, podendo

esta progressão ser caracterizada em diferentes décadas:

- 1908 a 1918: início da cloração das águas; aplicação de uma pequena quantidade de cloro;

- 1918 a 1928: acentuada expansão do uso do cloro líquido;

- 1928 a 1938: uso de cloraminas; adição conjunta de amónia e cloro, de modo a obter um teor

residual de cloraminas. Ainda não eram realizados testes específicos para a determinação dos

resíduos de cloro;

- 1948 a 1958: refinamento da cloração; determinação das formas de cloro combinado e livre;

cloração baseada em análises bacteriológicas.

A prática de cloração, aliada aos demais processos de tratamento, contribuiu enormemente

para o declínio das doenças transmissíveis pela água (Alves, 2007).

O método mais comum de desinfecção usa o cloro, devido aos seus aspectos positivos:

1) Inactiva com efectividade um largo espectro de organismos patogénicos comummente

encontrados na água;

2) Permite a manutenção de uma concentração residual na água facilmente mensurável

e controlável;

3) É economicamente acessível;

4) É utilizado com sucesso há longa data em diversos países e, apesar do perigo associado

ao manuseamento e aplicação, o registo de acidentes é negligenciável.

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Há, contudo, aspectos que constituem motivo de preocupação no que toca à utilização do

cloro:

1) É uma substância altamente tóxica transportada por via rodoviária e por via-férrea,

ambas possibilidades sujeitas a acidentes (Metcalf & Eddy, 2003);

2) Apresenta riscos para a saúde dos operadores das estações de tratamento de águas

(Metcalf & Eddy, 2003);

3) Reage com muitas substâncias orgânicas e inorgânicas naturalmente presentes na

água, originando produtos residuais da desinfecção indesejáveis (Alves, 2007);

4) Elevadas doses podem provocar problemas associados ao sabor e odor (Alves, 2007);

5) A prevenção dos perigos relacionados com a utilização do cloro, principalmente na

forma gasosa, requer programas especiais de tratamento (Alves, 2007).

5.1. Aspectos químicos da desinfecção com cloro

O cloro é utilizado na desinfecção numa de três formas: cloro gasoso, hipoclorito de sódio e

hipoclorito de cálcio (Alves, 2007).

O cloro gasoso é um gás amarelo, tóxico, irritante para as mucosas, estável, corrosivo e barato.

Hidrolisa-se rapidamente em contacto com a água, originando o ácido hipocloroso, que é o

agente activo na desinfecção (Alves, 2007).

Além do produto gasoso, o cloro é facilmente disponível como líquido (hipoclorito de sódio) e

sólido (hipoclorito de cálcio). O hipoclorito de sódio é produzido a partir da dissolução do

cloro gasoso numa solução de hidróxido de sódio. O hipoclorito de cálcio é formado a partir

do precipitado resultante da dissolução do cloro gasoso numa solução de óxido de cálcio (cal)

e hidróxido de sódio (Alves, 2007).

A principal diferença na utilização destas três formas prende-se com o tipo de produtos

secundários que é formado:

1) A reacção do hipoclorito com a água liberta iões hidroxilo, com o consequente

aumento do pH do meio;

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2) A reacção do cloro gasoso com a água liberta iões hidrogénio, com a consequente

diminuição do pH do meio (Alves, 2007).

Quando se pretende desinfectar uma água com cloro, deve adicionar-se uma dose que seja

suficiente para que ocorra a oxidação de todas as substâncias inorgânicas e resulte uma

concentração residual de cloro livre suficiente para atender consumos futuros, resultantes de

novas reacções do cloro com impurezas. O cloro residual livre é a soma do cloro residual

combinado (cloraminas, resultantes da reacção entre o ácido hipocloroso e os compostos

amoniacais presentes naturalmente na água) e do cloro residual livre (efectivamente activo). O

consumo de cloro de uma água é a quantidade de cloro que a água absorve, sem deixar

concentração residual. Pode ainda definir-se o consumo de cloro de uma água como a

diferença entre a dosagem de cloro aplicada e o cloro residual disponível, ao fim de

determinado tempo de contacto. Variando-se as dosagens de contacto para um mesmo tempo

de contacto observa-se um fenómeno que é chamado ponto crítico ou breakpoint. Este ponto

é alcançado quando houver equilíbrio da relação cloro/matéria oxidável. A partir daqui poderá

existir uma concentração residual de cloro. A permanência deste nível residual indica que as

reacções químicas e/ou biológicas foram concluídas. A desinfecção só é assegurada de facto

caso seja adicionado ácido hipocloroso suficiente para ultrapassar o breakpoint. A evolução da

concentração de cloro residual segue o aspecto do gráfico da figura 1 (Alves, 2007).

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Figura 1. Curva da cloração ao ponto crítico (Alves, 2007).

Nesta curva é possível distinguir 4 zonas:

1ª Carência imediata de cloro – as doses iniciais de cloro reagem com a matéria orgânica e

mineral facilmente oxidável originando cloreto, que não possui poder desinfectante.

2ª Formação de cloraminas – o cloro adicionado reage com a amónia originando cloraminas.

Ao cloro nesta forma, que possui poder desinfectante, dá-se o nome de cloro residual

disponível combinado.

3ª Destruição das cloraminas – o cloro adicionado reage com as cloraminas. Algumas são

convertidas a tricloreto de azoto e as restantes oxidadas a óxido nitroso e azoto. O cloro é

reduzido a ião cloreto. A eliminação das cloraminas reduz o teor em cloro residual disponível

combinado.

4º Formação de cloro residual disponível livre – a partir de certa dose de cloro deixa de haver

destruição de cloraminas e todo o cloro adicionado origina ácido hipocloroso ou ião

hipoclorito, a que se dá o nome de cloro residual disponível livre (Alves, 2007).

5.2. Tipos de clorações e respectivos pontos de aplicação

A cloração pode ser classificada consoante as reacções que o cloro sofre com a água e os

pontos de aplicação dos compostos clorados. De acordo com as reacções que o cloro sofre

com a água temos:

Cloração residual livre – consiste na aplicação do cloro à água para se obter, directamente ou

após destruição da amónia e compostos azotados, um teor de cloro residual disponível livre e

mantê-lo numa parte ou na totalidade da rede de distribuição de água. Refere-se, portanto, ao

cloro que se mantém na água após um período de contacto pré-estabelecido e que pode reagir

química e biologicamente como ácido hipocloroso ou ião hipoclorito (Alves, 2007).

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Cloração residual combinada – consiste na aplicação de cloro à água para se obter, com a

amónia natural ou previamente adicionada, um teor de cloro residual disponível combinado e

mantê-lo numa parte ou na totalidade da rede de distribuição de água. Trata-se, pois, da parte

do cloro residual total que ao fim de um dado tempo de contacto reage química e

biologicamente enquanto cloramina (Alves, 2007).

Cloração simples ou corrente – quando é o único processo de tratamento a que a água é

submetida. Dependendo das condições do meio, o cloro é doseado e, após o intervalo

recomendado, verifica-se a concentração residual, ajustando a dosagem, se for necessário. O

exame bacteriológico frequente prova a eficiência da desinfecção (Alves, 2007).

Segundo os pontos de aplicação dos compostos clorados:

Pré-cloração – quando é o primeiro de todos os tratamentos a que a água é submetida. É

frequentemente utilizada para minimizar problemas operacionais associados com o

crescimento biológico nas estações de tratamento de águas. Esta primeira cloração previne a

formação de limos nos filtros, tubagens e tanques, reduzindo simultaneamente potenciais

odores e sabores. É, no entanto, necessário controlar a formação de subprodutos da

desinfecção (Alves, 2007).

Pós-cloração – quando é aplicada à água depois desta ter sido submetida a um ou mais

tratamentos unitários (Alves, 2007).

Recloração – quando é aplicada depois de uma ou mais clorações prévias de uma água. Dado

que o cloro se decompõe com o tempo, a concentração que surge na casa do consumidor é

menor do que a que é colocada na origem. Assim, a concentração exacta na torneira depende

principalmente da extensão da rede de abastecimento e das quantidades de cloro adicionadas

durante o tratamento. O controlo dos teores de cloro residual livre deve ser efectuado à saída

da ETA, nos reservatórios e em pontos estratégicos da rede de distribuição, por técnicos

especializados, habilitados para adoptar as medidas correctivas adequadas (Alves, 2007).

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5.3. Estratégias de controlo da formação de subprodutos da desinfecção

As principais estratégias de controlo dos SPD incluem o deslocamento do ponto de cloração

para jusante da Estação de Tratamento de Águas, o aperfeiçoamento do processo de

coagulação para aumentar a remoção de compostos precursores e a utilização de cloraminas

para complementar ou substituir a cloração. A transferência da injecção de cloro para a parte

final do encadeamento de etapas de tratamento reduz eficazmente a formação de SPD, uma

vez que possibilita a eliminação anterior dos precursores. A substituição da pré-cloração por

uma pré-oxidação com um desinfectante alternativo, como o ozono, constitui outra opção

para reduzir a formação de subprodutos clorados. Outras alternativas de controlo incluem a

vigilância da qualidade da água da fonte de abastecimento, a remoção de compostos

precursores dos SPD e a selecção criteriosa da estratégia de desinfecção (Alves, 2007).

A verificação da qualidade da água bruta envolve o controlo das concentrações da matéria

orgânica, bromo, nutrientes e algas. Assim, deve impor-se aos tratamentos convencionais a

capacidade de remoção de percentagens específicas de carbono orgânico total antes da

desinfecção (Alves, 2007).

Os SPD podem surgir nas formas dissolvida e particulada. Para que os precursores dissolvidos

possam ser eliminados no tratamento convencional, devem ser convertidos à forma

particulada para a remoção subsequente nas etapas de sedimentação e filtração. Em geral, o

potencial de formação de trihalometanos decresce aproximadamente 50% após estes dois

estágios, indicando a importância do deslocamento para jusante destes tratamentos em

relação ao ponto de aplicação de cloro. Os sistemas tradicionais possibilitam a redução de SPD

antes da desinfecção, removendo os precursores através de coagulações tecnicamente mais

aperfeiçoadas, adsorção em carvão activado granular ou filtração membranar. Os sais de

alumínio reduzem significativamente os teores da matéria orgânica a um pH óptimo de 5,5 a

6,0. A simples adição do coagulante provoca o decréscimo do pH, tornando desnecessária a

incorporação de ácidos. Contudo, águas com valores de alcalinidade muito baixos ou muito

altos podem não dispensar a alcalinização ou acidificação para se obter o pH óptimo (Alves,

2007).

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A adsorção em carvão activado granular pode ser utilizada como etapa subsequente à filtração

para remoção adicional de matéria orgânica. Geralmente são necessários tempos de contacto

no leito superiores a 20 minutos e regenerações periódicas do adsorvente variáveis de 2 a 3

meses, o que torna este processo bastante dispendioso. Nos casos em que se efectua a pré-

cloração, a adsorção é impraticável, dado o cloro degrada rapidamente o carvão activado. A

adição de um desinfectante no leito desencadeia uma série de reacções que resultam na

lixiviação de compostos previamente adsorvidos para a água tratada (Alves, 2007).

A filtração com membranas tem-se mostrado um processo relativamente efectivo na remoção

de precursores de SPD. Em ensaios piloto, a nanofiltração (NF) de água com baixos teores de

bromo através de membranas com diâmetro médio de corte correspondente a massas de 400-

800 Daltons, revelou capacidade de controlo da formação de SPD. Contudo, em águas com

concentrações de bromo mais altas, observaram-se elevados teores de bromofórmio após

cloração do filtrado comparativamente com os encontrados na água bruta. A utilização de

membranas de NF enroladas em espiral permite um controlo mais eficaz da formação de

trihalometanos bromados, requerendo, porém, um pré-tratamento da água. Entre as

limitações apontadas às filtrações membranares contam-se as dificuldades de eliminação do

resíduo salgado obtido, a possibilidade de obstrução e entupimento da malha filtrante, os

custos de substituição e os dispêndios energéticos (Alves, 2007).

5.4. Eficiência da desinfecção

Desde o início da utilização do cloro como desinfectante, vários investigadores tem tentado

determinar a sua eficiência como germicida. Embora a susceptibilidade dos vários organismos

patogénicos seja muito abrangente, a dificuldade de desinfecção pelo cloro é crescente em

bactérias, vírus e protozoários. O seu poder de inactivação é considerado extremamente

eficiente em bactérias, altamente eficiente em vírus e limitado em protozoários (US EPA,

1999).

5.5. Considerações sobre segurança e manipulação de cloro

O cloro é um gás liquefeito, tóxico por inalação e corrosivo para os olhos, vias respiratórias e

pele. Por ser mais pesado que o ar, pode acumular-se em espaços confinados, em especial ao Página 23 de 35

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nível do solo. Alimenta fortemente a combustão e pode reagir de forma violenta com

substâncias combustíveis e redutoras. Os procedimentos de armazenagem e manipulação

incluem as seguintes medidas:

- Não utilizar óleos ou gordura;

- Abrir lentamente a válvula para evitar choque de pressão;

- Segregar em armazém os gases inflamáveis de outros produtos químicos igualmente

inflamáveis;

- Impedir a entrada de água no recipiente e o retorno do produto para o vasilhame;

- Utilizar apenas equipamentos com especificação apropriada ao produto, à sua pressão e à

sua temperatura de fornecimento (Alves, 2007).

As medidas de controlo de exposição e protecção individual indicam que se deve dispor de

vestuário quimicamente resistente e de equipamento de respiração autónoma de pressão

positiva prontos a usar em caso de necessidade. É igualmente recomendável proteger os

olhos, o rosto e a pele de projecções do líquido (Alves, 2007).

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5.6. Resumo das vantagens e desvantagens da utilização do cloro como agente

desinfectante

Na tabela seguinte encontram-se as principais vantagens e desvantagens da utilização do cloro

como agente desinfectante.

Tabela 5. Vantagens e desvantagens da utilização do cloro como agente desinfectante (US EPA, 1999)

Vantagens Desvantagens

Oxida ferro dissolvido, manganês e sulfitos

Aumenta a remoção de cor Pode aumentar a coagulação e

filtração de partículas contaminantes

É um biocida eficaz É o método de desinfecção mais

fácil e menos dispendioso, independentemente do tamanho do sistema

É o método de desinfecção mais amplamente usado, e por isso, o melhor conhecido

Está disponível como hipoclorito de sódio e de cálcio. O uso destas soluções é mais vantajoso para sistemas pequenos do que cloro gasoso, porque são mais fáceis de usar, mais seguros, e necessitam de menos equipamento.

Produz resíduo

Pode causar a deterioração de substâncias orgânicas dissolvidas na coagulação/filtração

Forma subprodutos halogenados A água tratada pode ter problemas de sabor e

odor, dependendo da dosagem e qualidade da água

O cloro é um gás perigoso e corrosivo São necessárias condições de armazenamento

especiais Tipicamente o hipoclorito de sódio e o de cálcio

são mais caros que o cloro O hipoclorito de sódio degrada-se com o tempo e

com a exposição à luz O hipoclorito de sódio é um químico corrosivo e

tem que ser armazenado num local seco e fresco, devido à sua reacção com a humidade e com o calor

Pode formar-se um precipitado a partir de uma solução de hipoclorito de sódio com impurezas originando necessidade de adição de um anticoagulante químico

Soluções de hipoclorito com elevadas concentrações são instáveis e produzem cloratos como subproduto

É menos eficiente a pH altos Forma subprodutos oxigenados que são

biodegradáveis e que poderão potenciar o crescimento biológico se não for mantido um resíduo de cloro

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6. Desinfecção pelas Cloraminas

O potencial desinfectante das cloraminas foi identificado em 1900. A sua utilização foi

considerou-se depois de se observar que a desinfecção pelo cloro ocorria em 2 fases distintas.

Durante a fase inicial, os redutores de cloro causam o rápido desaparecimento do cloro livre

disponível. No entanto, na presença de amónia, observou-se que a acção bactericida

continuou, apesar do cloro residual livre ter sido dissipado. Na fase posterior a desinfecção

ocorre pela acção das cloraminas inorgânicas. Inicialmente eram utilizadas no controlo do

sabor e de odores. No entanto, cedo se reconheceu que as cloraminas eram mais estáveis no

sistema de distribuição de água que o cloro livre e eficientes no controlo do crescimento

bacteriano. Como resultado destas constatações tornou-se regular a utilização de cloraminas

como agente desinfectante, em 1930 e 1940. Devido à escassez de amónia durante a Segunda

Guerra Mundial, a desinfecção pelas cloraminas decaiu. (US EPA, 1999).

6.1. Aspectos químicos da desinfecção com cloraminas

As cloraminas formam-se através da reacção entre a amónia e o ácido hipocloroso (cloro).

Embora a ordem de adição destes 2 produtos seja indiferente, o cloro é normalmente

incorporado primeiro para agir como desinfectante primário e, após 10 a 30 minutos,

acrescenta-se a amónia para prevenir a formação posterior de subprodutos da desinfecção

(Alves, 2007). Desta mistura podem resultar monocloraminas, dicloraminas ou tricloreto de

azoto. As monocloraminas são a espécie mais utilizada na desinfecção de águas para consumo

humano devido aos problemas de sabor e odor associados às dicloroaminas e ao tricloreto de

azoto (US EPA, 1999).

6.2. Pontos de aplicação das cloraminas

Os métodos mais comuns de adição de cloro para formação de cloraminas incluem a utilização

de um sistema de edução e diluição do gás na água ou a incorporação de hipoclorito de sódio a

12%. A alimentação da amónia é executada através da inclusão directa do produto anidro na

água ou também através de um sistema de edução e diluição. A adição de amónia à água é

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normalmente efectuada antes da bombagem desta última para o sistema de distribuição

(Alves, 2007).

6.3. Estratégias de controlo da formação de subprodutos da desinfecção

A monocloramina é utilizada essencialmente como desinfectante secundário para permitir a

manutenção de uma concentração residual no sistema de distribuição. O seu emprego é

sobretudo realizado onde a água tratada com níveis significativos de precursores pode originar

elevadas concentrações de subprodutos da desinfecção, no caso de se recorrer ao cloro como

desinfectante. Todavia, apesar da monocloramina reduzir, de forma substancial, a formação de

SPD, não elimina totalmente a sua formação (Alves, 2007).

6.4. Eficiência da desinfecção

Embora sejam mais eficazes que o cloro no controlo de biofilmes e coliformes nos sistemas

com tempos de retenção longos (Alves, 2007), as suas propriedades de inactivação de vírus e

protozoários são fracas não sendo por isso frequentemente utilizadas como desinfectante

primário (US EPA, 1999).

6.5. Resumo das vantagens e desvantagens da utilização de cloraminas como

agente desinfectante

Na tabela seguinte encontram-se as principais vantagens e desvantagens da utilização das

cloraminas como agente desinfectante.

Tabela 6. Vantagens e desvantagens da utilização das cloraminas como agente desinfectante (US EPA, 1999)

Vantagens Desvantagens

Não são tão reactivas com a matéria orgânica como o cloro livre na formação de SPD

O resíduo de monocloramina é mais estável e permanece por mais tempo originando melhor protecção contra o crescimento microbiológica nos sistemas com

As propriedades desinfectantes não são tão fortes como o cloro

Não oxidam ferro, manganês e sulfitos Quando utilizadas como desinfectante secundário

pode ser necessário convertê-las a cloro livre para controlar a formação de biofilme no sistema de distribuição de água

Excesso de amónia no sistema de distribuição

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grandes tanques de armazenamento.

São baratas e fáceis de produzir

pode levar a problemas de nitrificação, em locais com baixo resíduo de desinfectante

Têm de ser produzidas no local

7. Desinfecção pelo Ozono

O ozono foi utilizado como desinfectante da água para consumo pela primeira vez em 1893 na

Holanda. Embora fosse utilizado frequentemente na Europa, a sua utilização nos Estados

Unidos da América era muito baixa (US EPA, 1999).

7.1. Aspectos químicos da desinfecção com ozono

O ozono é um gás azulado com cheiro desagradável e possui um poder oxidante muito

elevado, propriedade que o torna particularmente eficiente na eliminação de cor, cheiro,

sabor, ferro, manganês, matéria orgânica e micropoluentes (Alves, 2007).

Ao contrário do cloro, o ozono não forma compostos estáveis com as substâncias com que

reage. É capaz de destruir macromoléculas orgânicas como os ácidos fúlvicos e húmicos e de

degradar compostos potencialmente cancerígenos como os hidrocarbonetos policíclicos

aromáticos, fenóis e clorofenóis. Entre as características do ozono contam-se ainda:

1) Possui um poder desinfectante 10 a 100 vezes superior ao do cloro, eliminando

mesmo microrganismos mais resistentes;

2) As suas propriedades não se alteram no intervalo de pH compreendido entre 6 e 8,5;

3) A quantidade a adicionar à água, a fim de garantir uma desinfecção completa, deve ter

em conta os teores de matéria orgânica e inorgânica facilmente oxidáveis;

4) O elevado poder oxidante determina tempos de contacto com a água relativamente

curtos;

5) É capaz de transformar grande parte das substâncias não degradáveis em compostos

degradáveis;

6) Tem efeito microfloculante (Alves, 2007).

7.2. Pontos de aplicação do ozono

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As localizações típicas de adição de ozono numa estação de tratamento de água são à cabeça

da estação (pré-ozonização) e depois da sedimentação. Ao efectuar a ozonização depois da

sedimentação a carência de ozono e a formação de subprodutos da desinfecção diminuem. A

vantagem da adição de ozono à cabeça da estação é a possibilidade de remoção dos

compostos orgânicos biodegradáveis produzidos durante a ozonização (US EPA, 1999).

7.3. Estratégias de controlo da formação de subprodutos da desinfecção

O ozono não forma SPD halogenados quando reage com a matéria orgânica presente na água

mas origina uma variedade de subprodutos orgânicos e inorgânicos. No entanto, se o ião

brometo existir na água há formação de SPD halogenados que apresentam um maior risco

para a saúde humana comparativamente com os não-bromados. A formação de ião bromato

pode ser controlada através da ozonização a pH ácido, nesta situação o ácido hipobromoso

ocupa o lugar do ião hipobromito. Inversamente, em condições alcalinas, o ozono oxida o

ácido hipobromoso a ião hipobromito. Para valores de pH mais baixos os subprodutos

orgânicos bromados estão favorecidos enquanto que para valores de pH mais elevados, estão

favorecidos os iões bromato. Deste modo a aplicação de ozono pode ser limitada para águas

que contém ião brometo. A formação deste ião pode ser controlada através da redução da

concentração de iões brometo no ambiente, reduzindo o residual de ozono e baixando

pH na ozonização. A adição de amónia com a ozonização para formar bromaminas reduz a

formação de ião bromato e de subprodutos orgânicos. Contudo, a amónia pode servir de

nutriente para os microrganismos nitrificantes.

Os subprodutos orgânicos e inorgânicos referidos acima são biodegradáveis e uma

componente do carbono orgânico assimilável (US EPA, 1999).

7.4. Eficiência da desinfecção

O ozono é um dos mais potentes e eficientes germicida utilizado no tratamento de águas. É

eficiente na inactivação de bactérias, vírus e protozoários. O aumento da temperatura da água

aumenta a eficiência desinfectante do ozono (US EPA, 1999).

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7.5. Considerações sobre segurança e manipulação de ozono

Dado que o ozono é um oxidante forte, ataca os órgãos humanos, particularmente pulmões e

olhos, provocando dificuldades respiratórias e lacrimejo. Existem Limites de Exposição que

devem ser respeitados pelo que devem existir detectores de gases a monitorizar

continuamente a concentração de ozono no ambiente de trabalho (Alves, 2007).

7.6. Resumo das vantagens e desvantagens da utilização do ozono como

agente desinfectante

Na tabela seguinte encontram-se as principais vantagens e desvantagens da utilização do

ozono como agente desinfectante.

Tabela 7. Vantagens e desvantagens da utilização do ozono como agente desinfectante (US EPA, 1999)

Vantagens Desvantagens

É mais eficaz do que o cloro e as cloraminas na inactivação de vírus

Oxida ferro, manganês e sulfitos Potencia o processo de remoção

da turvação Controla a cor, o sabor e o odor O tempo de contacto com a água é

muito baixo Na ausência de ião brometo, não

forma SPD halogenados Depois de decomposto, o único

resíduo que se forma é oxigénio dissolvido

Actividade biocida não é influenciada pelo pH

Formam-se SPD na presença de ião brometo, aldeídos e cetonas

O custo inicial do equipamento de ozonização é elevado

A produção de ozono requer muita energia e deve ser realizada no local

O ozono é altamente tóxico e corrosivo São necessários filtros biológicos para remover o

carbono orgânico assimilável e os SPD biodegradáveis

Ozono decai rapidamente a pH alto e a temperatura amenas

Não produz resíduo

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8. Desinfecção pela Radiação Ultravioleta (UV)

Ao contrário da maioria dos desinfectantes, a radiação ultravioleta (UV) não destrói os

microrganismos por interacção química. A inactivação de microrganismos pela radiação UV dá-

se pela absorção da radiação por parte dos microrganismos. Esta absorção causa uma reacção

fotoquímica que altera os componentes moleculares essenciais ao funcionamento da célula. À

medida que a radiação UV penetra na parede celular dos microrganismos, essa energia reage

com os ácidos nucleicos e outros componentes vitais, resultando na morte das células

expostas (US EPA, 1999).

8.1. Aspectos fotoquímicos da desinfecção com UV

A radiação UV pode ser subdividida em UV vácuo (100-200 nm), UV-C (200-280 nm), UV-B

(280-315) e UV-A (315-400 nm). Para efeito germicida, o intervalo óptimo de comprimentos de

onda situa-se entre 245 e 285 nm. É nesta faixa que o ADN dos microrganismos absorve

radiação UV, induzindo alterações na informação genética que impedem a modificação. A

maioria dos microrganismos é eliminada com pequenas doses de radiação (Alves, 2007).

A radiação UV dissipa-se rapidamente na água de modo a ser absorvida ou reflectida pelos

compostos existentes na água não se produzindo nenhum resíduo. Este processo é atractivo

do ponto de vista da formação de subprodutos da desinfecção no entanto, será necessário

utilizar um desinfectante secundário de modo a manter um resíduo ao longo do sistema de

distribuição da água (US EPA, 1999).

O recurso a radiação UV como tratamento de desinfecção tem associados os seguintes

aspectos:

1) A água não deve apresentar turvação;

2) Não aconselhável para águas com elevados teores de ferro, cálcio e fenóis;

3) Necessidade de dispor de finos lençóis de água;

4) Possibilidade de ocorrência de foto-oxidação de compostos;

5) Inexistência de problemas relacionados com cheiro ou sabor desagradáveis;Página 32 de 35

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6) Poder desinfectante residual nulo;

7) É minimizada a possibilidade de formação de SPD;

8) Não deixa sabores e odores desagradáveis na água tratada;

9) Elimina o transporte, armazenamento e manipulação de produtos químicos perigosos;

10) As taxas de desactivação microbiana não dependem do pH e da temperatura da água;

11) Requer tempos de residência curtos, pelo que os sistemas de UV ocupam menores

áreas que as da desinfecção química;

12) Os sistemas são modulares, permitindo efectuar expansões com facilidade (Alves,

2007).

8.2. Pontos de aplicação da radiação UV

O ponto de aplicação mais comum da radiação UV é no último passo do tratamento da água

para consumo, antes do sistema de distribuição e após a filtração. A utilização de desinfecção

por UV não apresenta qualquer impacto nas restantes operações que decorrem na ETA (US

EPA, 1999).

8.3. Eficiência da desinfecção

Para que a inactivação dos microrganismos ocorra é necessário que a radiação UV seja por eles

absorvida. Deste modo, tudo o que impeça a radiação UV de alcançar os microrganismos

influenciará negativamente a eficiência da desinfecção por radiação UV. Alguns dos factores

conhecidos que afectam esta eficiência são:

1) Crescimento de biofilme na superfície das lampâdas UV;

2) Compostos orgânicos e inorgânicos dissolvidos na água;

3) Aglutinação ou agregação de microrganismos;

4) Turvação e cor da água (US EPA, 1999).

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9. Conclusões

A desinfecção de águas é uma etapa muito importante quer no tratamento de águas para

consumo humano quer no tratamento de águas residuais. O objectivo desta operação é a

inactivação de microrganismos patogénicos que podem provocar doenças nos consumidores e

contaminações do meio aquático. Embora tenha um objectivo nobre, é necessário ter atenção

na escolha do agente desinfectante.

Relativamente a águas para produção de água para consumo humano, de um modo geral,

todos os desinfectantes ao reagirem com a matéria orgânica existente na água produzem

subprodutos que podem, ou não, ser prejudiciais para a saúde humana. Será necessário fazer

uma análise prévia à qualidade da água bruta e ponderar a possível formação dos SPD

aquando da definição do agente desinfectante.

Na utilização de agentes desinfectantes físicos há a vantagem de não se colocar o operador em

contacto com produtos agressivos como acontece com os desinfectantes químicos.

Em suma, numa operação com a importância que é dada à desinfecção, há vários factores a

ponderar antes de se avançar para a desinfecção propriamente dita.

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10.BibliografiaAlves, C. (2007). Tratamento de Águas de Abastecimento. Porto: Publindústria, Edições Técnicas.

Associação Empresarial de Portugal, A. (1 de Dezembro de 2001). Desinfecção de Água. aep ambiente , pp. 12-15.

Metcalf, & Eddy. (2003). Wastewater Engineering: Treatment and Reuse 4th edition. McGraw-Hill.

US EPA. (1 de Abril de 1999). Obtido em 15 de Fevereiro de 2010, de Web Site de US EPA: http://www.epa.gov/OGWDW/mdbp/alternative_disinfectants_guidance.pdf

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