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USO INDISCRIMINADO DE ANTIBIÓTICOS
1º Ten Al TATIANA MANSINI CARNEIRO
RIO DE JANEIROAgosto - 2009
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1º Ten. Al TATIANA MANSINI CARNEIRO
USO INDISCRIMINADO DE ANTIBIÓTICOS
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Escola de Saúde do Exército, como requisito para obtenção de Grau de Pós-Graduação Lato Sensu, Especialização em Aplicações Complementares às Ciências Militares.
Orientador(a): Profª Tânia Maria Lemos Mouço
RIO DE JANEIROAGOSTO – 2009
C289u Carneiro, Tatiana Mansini Uso indiscriminado de antibióticos / Tatiana Mansini Carneiro. – Rio de Janeiro, 2009.
32 f. ; 30 cm.
Orientadora: Tânia Maria Lemos Mouco Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Escola de Saúde do Exército, Programa de Pós-Graduação em Aplicações Complementares às Ciências Militares, 2009. Referências: f. 30-32
1. Antibióticos. 2. Exército Brasileiro. I. Mouco, Tânia Maria Lemos. II. Escola de Saúde do Exército. III. Título
CDD 615.329
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1º Ten. Al TATIANA MANSINI CARNEIRO
USO INDISCRIMINADO DE ANTIBIÓTICOS
COMISSÃO DE AVALIAÇÃO
______________________________________Tânia Maria Lemos - UNIGRANRIO
Orientador
______________________________________Cap. Wiviane - EsSex
Avaliador
________________________________________Ten. Vanessa – EsSex
Avaliador
RIO DE JANEIROAGOSTO - 2009
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AGRADECIMENTOS
A Deus, pela força e pela vida, pela saúde que tem me dado e que me
fortalece a cada dia para que eu possa prosseguir e por mais uma etapa vencida.
Aos meus pais e ao meu noivo por me incentivar sempre a ir cada vez mais
longe.
À professora e orientadora Tânia, pela amizade, paciência, carinho e
confiança na orientação desta monografia.
A todos aqueles que me incentivaram a não desistir, que muito insistiram e
ajudaram nos momentos que tropecei, que se fizeram presentes e compartilharam
minhas necessidades. Até me corrigiram nos momentos que precisei.
Enfim, agradeço a todos, que de forma direta ou indiretamente colaboraram
para a conquista de mais essa vitória em minha vida.
15
““... O melhor disso tudo foi descobrir que pude ir mais longe, Depois de pensar que não
Podia mais....e, que realmente a vida tem valor e que Você tem valor diante da vida!
... E jamais devemos deixar que nossas dúvidas
traidoras nos façam perder o bem quePoderíamos conquistar e fazer se
Não fosse o medo de tentar...”
William Shakeaspeare
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Estruturas afetadas pelos antibióticos. Pág. 16
Figura 2: Subgrupos terapêuticos mais freqüentes. Pág. 28
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LISTA DE SIGLAS
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
DCB Denominação Comum Brasileira.
DCI Denominação Comum Internacional.
OMS Organização Mundial da Saúde.
PCTD Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas.
RAM Reações Adversas a Medicamentos.
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RESUMO
A descoberta dos antibióticos trouxe benefícios e tratamentos a várias
doenças infecciosas consideradas antes incuráveis. Esta classe de medicamentos
foi aderida rapidamente pelo mundo afora por sua capacidade potente de combate
as bactérias. Porém, o consumo destes fármacos atualmente vem aumentando
consideravelmente e na maioria das vezes é utilizado de forma errônea ocasionando
reações adversas levando a um aumento da morbidade e mortalidade dos
pacientes. Este trabalho aborda o uso indiscriminado de antibióticos e o meio pelo
qual a população tem acesso a eles. A falta de fiscalização na farmacovigilância, a
automedicação, a aquisição de antibióticos em farmácias sem receita e prescrição
médica, e ainda a prescrição desnecessária dos antimicrobianos por médicos foram
fatores referenciados no estudo. O objetivo deste trabalho é conscientizar a
população dos riscos eminentes, ao fazer uso de antibióticos de forma
indiscriminada.
Palavras-chaves: Antibióticos; Resistência Bacteriana; automedicação;
Prescrição de Antibióticos.
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ABSTRACT
The discovery of antibiotics brought benefits and treatments to some incurable
infectious illnesses considered before. This medicine classroom was adhered quickly
by the world measures for its powerful capacity of combat the bacteria. However, the
consumption of these medicines currently comes increasing considerably and most
of the time it is used of made a mistake form causing adverse reactions taking to an
increase of the morbidade and mortality of the patients. This work approaches the
antibiotic use and the way indiscriminate for which the population has access they.
The lack of fiscalization in the farmacovigilância, the self-medication, the acquisition
of antibiotics in pharmacies without prescription and medical lapsing, and the
unnecessary lapsing of antimicrobialses for doctors had still been factors reference in
the study. The objective of this work is to acquire knowledge the population of the
eminent risks, when making antibiotic use of indiscriminate form.
Word-keys: Antibiotics; Bacterial resistance; self-medication; Antibiotic lapsing.
20
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 10
2 DESENVOLVIMENTO 13
2.1 ANTIBIÓTICOS 13
2.2 AUTOMEDICAÇÃO 17
2.3 PRESCRIÇÃO MÉDICA INDEVIDA 20
2.4 MEDIDAS PARA PROMOVER O USO RACIONAL DE
MEDICAMENTOS 25
3 METODOLOGIA 29
3.1 MÉTODO, TIPO DE PESQUISA E TÉCNICA 29
CONSIDERAÇÕES FINAIS 30
REFERÊNCIAS 32
21
1 INTRODUÇÃO
A automedicação é uma prática bastante difundida não apenas no Brasil, mas
também em outros países. Em alguns países, com sistema de saúde pouco
estruturado, a ida à farmácia representa a primeira opção procurada para resolver
um problema de saúde, e a maior parte dos medicamentos consumidos pela
população é vendida sem receita médica. Contudo, mesmo na maioria dos países
industrializados, vários medicamentos de uso mais simples e comum estão
disponíveis em farmácias, drogarias ou supermercados, e podem ser obtidos sem
necessidade de receita médica.
No Brasil, embora haja regulamentação da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) para a venda e propaganda de medicamentos que possam ser
adquiridos sem prescrição médica, não há regulamentação nem orientação para
aqueles que os utilizam. O fato de se poder adquirir um medicamento sem
prescrição não permite o indivíduo fazer uso indevido do mesmo, isto é, usá-lo por
indicação própria, na dose que lhe convém e na hora que achar conveniente.
As razões pelas quais as pessoas se automedicam são inúmeras. A
propaganda desenfreada e massiva de determinados medicamentos contrasta com
as tímidas campanhas que tentam esclarecer os perigos da automedicação. A
dificuldade e o custo de se conseguir uma opinião médica, a limitação do poder
prescritivo, restrito a poucos profissionais de saúde, o desespero e a angústia
desencadeados por sintomas ou pela possibilidade de se adquirir uma doença,
informações sobre medicamentos obtidos à boca pequena, na internet ou em outros
meios de comunicação, a falta de regulamentação e fiscalização daqueles que
vendem e a falta de programas educativos sobre os efeitos muitas vezes
irreparáveis da automedicação, são alguns dos motivos que levam as pessoas a
utilizarem.
A automedicação pode mascarar diagnósticos na fase inicial da doença.
Exemplo marcante é no diagnóstico de apendicite aguda. O doente inicia com um
quadro frusto, se automedica com antibióticos. Como conseqüência, a apendicite
aguda em fase inicial, que se resolveria com uma apendicectomia tecnicamente
22
fácil, pode evoluir para um quadro de peritonite grave com conseqüências às vezes
funestas.
Outro exemplo relevante é o uso abusivo de antibióticos, sem qualquer
critério. Além de freqüentemente ser desprovido de eficácia, pode facilitar o
aparecimento de cêpas de microorganismos resistentes, com óbvias repercussões
clínicas e prognósticas.
Embora deva ser veementemente combatida, não há nenhum gesto objetivo
para o desestímulo à automedicação por parte das autoridades públicas no contexto
nacional, o que faz pressupor não ser este assunto de relevância na visão dos
órgãos responsáveis. Todavia, há que se louvar a atitude e o discernimento do
Ministério da Saúde em decretar o controle de inúmeras drogas seguramente
teratogênicas como a talidomida, a isotretionina e diversos quimioterápicos.
O problema é universal, antigo e de grandes proporções. A automedicação
pode ser considerada uma forma de não adesão às orientações médicas e de
saúde. Nesse sentido, Hipócrates já sentenciou: "Toda vez que um indivíduo diz que
segue exatamente o que eu peço, está mentindo". Não há como acabar com a
automedicação, talvez pela própria condição humana de testar e arriscar decisões.
Há, contudo, meios para minimizá-la. Programas de orientação para profissionais de
saúde, farmacêuticos e população em geral, além do estímulo a fiscalização
apropriada, são fundamentais nessa situação.
A descoberta da penicilina em 1928 por Fleming desencadeou uma mudança
radical na concepção dos tratamentos infecciosos considerados sem cura
antigamente, ela foi o primeiro tipo de antibiótico dos milhares existentes hoje na
indústria farmacêutica, o que preocupa, porém, é que a cada dia vem aumentando
cada vez mais o uso indiscriminado destes medicamentos no país e no mundo
inteiro fazendo com que os microorganismos adquiram insensibilidades ao
antibiótico ocasionando uma resistência a ele não surtindo o efeito desejado.
A grande disponibilidade destes medicamentos no mercado e as várias
propagandas nos veículos de comunicações favorecem o uso de antimicrobianos
23
sem receita médica podendo provocar algum tipo de reação adversa. Este trabalho
visa relacionar este uso abusivo e desnecessário dos antibióticos com a resistência
microbiana descrevendo no primeiro momento os antibióticos e suas características
principais, em seguida, a conceitualização de resistência bacteriana e
automedicação, e ainda, a forma como é realizada a prescrição médica e suas
irregularidades que contribuem para a compra de antibióticos pelos pacientes.
24
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 ANTIBIÓTICOS
Ao longo dos anos foram realizadas várias experiências com diversas
substâncias com o intuito de chegar a um tratamento eficaz para as infecções e
patologias antes não curáveis. O termo antibiótico foi utilizado primeiramente por
Waksman em 1942, vindo meio século depois a redefinição de Vuillemin em 1889,
que antes chamava os antibióticos de “antibiose”, agora passa a conceituá-lo como
sendo uma substância de origem dos próprios microorganismos como as bactérias,
fungos, entre outros.
Existe um grupo de autores que dividem a história em três consideráveis
descobertas. A primeira era diz respeito à utilização de alcalóides a partir de 1619
que ficou por algum tempo sendo o único meio de tratamento da malária.
Em meados de 1860, Joseph Lister foi o primeiro cientista a estudar o efeito
inibitório de substâncias químicas sobre as bactérias e aplicar seus conhecimentos
diretamente na medicina. Lister usou fenol para esterilizar instrumentos cirúrgicos
com importante diminuição nas taxas de morbidade e mortalidade associadas à
cirurgia. Alguns autores dizem que esse evento marcou o surgimento da era
antimicrobiana. Estudando tais efeitos, Pasteur e Joubert foram os primeiros a
reconhecerem o potencial clínico dos produtos microbianos como agentes
terapêuticos em 1877. Eles observaram que o bacilo anthrax crescia rapidamente
quando inoculado em urina estéril, mas parava de se multiplicar e morria se qualquer
simples bactéria do ar fosse inoculada junto com o bacilo ou após ele na mesma
urina. (SERRA, 2008, p. 1).
A segunda era foi marcada pela descoberta de Paul Ehrlich em 1909 dos
compostos sintéticos que estabeleceram tratamento para doenças de origem
protozoárias como o tripanossomas sendo utilizado para o combate da sífilis até
1940 quando surgiu a penicilina.
25
A terceira era, é caracterizada como a classe moderna de antibióticos que
conseguem controlar as infecções decorrentes de bactérias do tipo estreptococos e
pneumococos através das sulfonamidas, é nesta fase também que há os primeiros
relatos de resistência microbiana as drogas utilizadas, problema este encontrado até
hoje, como explica Serra:
No final da década de 1940 apareceram as resistências de estreptococos
hemolíticos, gonococos e pneumococos à sulfonamida. Após uns 20 anos, os
meningococos também se tornaram resistentes à sulfonamida. Essa era é a que
perdura até hoje e a mais ampla e difícil de ser relatada. Com o aparecimento da
resistência bacteriana houve um empenho pela busca de novas substâncias e
assim, em 1939, René Dubos (Nova Iorque) descobriu a tirotricina (gramicidina +
tirocidina) formada pelo Bacillus brevis que embora muito tóxica para o homem,
tinha um efeito curativo sistêmico em ratos. Esses fatos foram importantes, pois
influenciaram Howard Florey e seus colegas na descoberta de novas substâncias no
final da década de 1940 sendo a penicilina a próxima droga a ser estudada por eles.
(SERRA, 2008, p. 1).
Alguns autores consideram que esta era teve início com o surgimento da pe-
nicilina em 1940, que foi descoberta por Alexander Fleming em 1929 por acaso
quando desenvolvia uma pesquisa sobre os estafilococos. Nesta pesquisa ocorreu o
aparecimento do fungo que veio a ser chamado de penicilina por pertencer ao gêne-
ro Penicilium, então começou a realizar testes sem haver interesse de utilizá-las
com fim terapêutico, visão esta que teve que ser mudada com a eclosão da Segun-
da Guerra Mundial em 1939.
Desde então a penicilina passou a ser utilizada como fim terapêutico para o
tratamento de várias infecções, ela foi o primeiro tipo de antibiótico existente sendo
difundida rapidamente tornando inapropriada a cura de doenças específicas sem
sua utilização. Um dos conceitos mais bem aceito é deferido por Fonseca (1999,
p.1): “Antibióticos são substâncias químicas, definidas ou não, produzidas por micro-
organismos vivos, com a propriedade de inibir o crescimento de microorganismos
patogênicos ou, eventualmente, destruí-los”.
26
Dessa forma, os antibióticos têm a funcionalidade de impedir o crescimento
bacteriano afetando o desenvolvimento da doença. Eles provêm do metabolismo ce-
lular como explica Santana:
Os antibióticos são considerados, sendo desconhecido seu papel no metabo-
lismo destas células produtoras. Eles são provenientes do metabolismo celular, em-
bora possam ser sintetizados quimicamente. Atualmente são produzidos antibióticos
sintéticos, que são os sintobióticos (esta nomenclatura não é muito utilizada, sendo
adotado o termo antibiótico sem distinção da procedência do composto). (SANTA-
NA, 2006, p. 131).
A parede celular e a reprodução binária sem meiose presente nas bactérias
contribuem para que os antibióticos consigam selecionar e atacar somente os micro-
organismos intrusos que estão desencadeando a doença. É considerado um bom
antibiótico aquele que tem esta capacidade de atingir somente os alvos específicos
sem acometer o hospedeiro.
“Um antibiótico exerce sua ação antimicrobiana e tóxica através da inibição
de importantes processos biológicos após chegar ao local onde poderá exercer sua
função”. (FONSECA, 1999, p. 14).
De acordo com Santana (2006, p. 132), esta inibição relatada por Fonseca
pode ocorrer por processos diferentes como:
• Na respiração e/ou fosforilação oxidativa: os compostos que atuam neste
processo não são usados na terapêutica, pois atingem todas as células,
tanto as invasoras quanto à do hospedeiro;
• Na parede celular: esta estrutura importante para a proteção e sustenta-
ção da célula bacteriana possui uma característica comum à maioria das
bactérias: apresenta um componente chamado de camada basal, o qual é
formado de polímero denominado de mucopeptídio. Todos os antibióticos
que atuam sobre a parede celular impedem a síntese da camada basal. Já
que eles impedem a sua síntese e não destroem as já existentes, as bac-
térias devem estar em condições proliferativas para que o antibiótico pos-
sa agir. Neste grupo se inserem as penicilinas;
27
• Na membrana citoplasmática: os antibióticos que atuam nesta estrutura
podem agir de duas maneiras: desorganizando a estrutura da membrana
ou causando modificações iônicas que provocam falhas na permeabilidade
da membrana;
• Na síntese dos ácidos nucléicos: este tipo de antibiótico pode impedir a re-
plicação da informação genética (impedindo ação da DNA-Polimerase), in-
terferir no metabolismo dos nucleotídeos e na transcrição do DNA, eles
atacam a informação genética no organismo, sendo letais as células. Pos-
suem pouca seletividade, sendo usados em casos extremos ou como
agentes antitumorais;
• Na síntese de proteínas: podem tanto dificultar a tradução do RNAm quan-
to provocar a formação de proteínas defeituosas. Atuam nas estruturas pe-
riféricas dos ribossomos, onde ocorre a síntese de novas proteínas.
A figura 1 ilustra os principais alvos dos agentes antimicrobianos caracterizan-
do as principais estruturas afetadas pelos antibióticos. Estas são as formas como os
antibióticos podem intervir na interferência do desenvolvimento dos microorganismos
em questão.
Figura 1 – Estruturas afetadas pelos antibióticos.
28
Fonte: Madigan et al., Brock Biology of Microoganisms, 2003.
Os antibióticos ainda podem ser bactericidas, quando o que se almeja é a
destruição da bactéria, ou ainda bacteriostáticos que têm efeito relacionado com a
interrupção do desenvolvimento dos microorganismos.
Existem atualmente no mercado farmacológico mais de cinco mil tipos de anti-
bióticos e ainda vários similares e genéricos que são industrializados por diversas
marcas existentes. Como exemplo cita-se as penicilinas, as cefalosporinas, as tetra-
ciclinas e os macrolídeos.
Estes fármacos são utilizados para o tratamento desde uma simples amigdali-
te até casos e doenças mais graves como a meningite. Todavia, deve ser feito antes
de tudo uma inspeção médica e exames complementares com o intuito de reconhe-
cer o diagnóstico para então poder receitá-los, pois estes medicamentos, assim
como outros, possuem efeitos colaterais que podem agravar mais o caso. Por existir
vários tipos de antibióticos e por seu mecanismo de ação ser complexo é fundamen-
tal que o paciente só o utilize através de prescrição médica, a automedicação pode
provocar resistência antimicrobiana e impedir futuros tratamentos.
Os antibióticos são há muito tempo nosso grande aliado no combate a bacte-
rioses, porém seu uso incorreto e indiscriminado tem trazido alguns problemas. Um
destes problemas é a resistência bacteriana e alguns tipos de antibióticos [...], é ne-
cessário que haja conscientização dos profissionais na área da saúde, para que este
problema não ganhe proporções inimagináveis. (SANTANA, 2006, p. 137).
Por estes motivos é tão importante recomendação médica no uso de antibióti-
cos que tem como objetivo combater os microorganismos presentes, em função des-
te assunto será contextualizado a seguir a questão da resistência bacteriana e o que
ela pode ocasionar para o futuro das doenças infecciosas.
2.2 AUTOMEDICAÇÃO
29
A automedicação infelizmente é um problema encontrado em nosso país, os
estabelecimentos farmacêuticos contribuem muito para o ocasionamento deste fato.
As drogarias se preocupam mais com o lucro que vão obter do que com a saúde do
cliente, além disso, os balconistas recebem salário comissionado, este é mais um
motivo para a venda indevida e sem receita médica. Isto acontece em nosso país
também pelo fato de não ter uma saúde pública eficiente levando os pacientes a se
automedicarem.
Automedicação abrange as diversas formas pelas quais o indivíduo ou
responsáveis decidem, sem avaliação médica, o medicamento e como irá utilizá-lo
para alívio sintomático e "cura", compartilhando remédios com outros membros da
família ou do círculo social, utilizando sobras de prescrições ou descumprindo a
prescrição profissional, prolongando ou interrompendo precocemente a dosagem e o
período de tempo indicados na receita. (PEREIRA- BUCARETCHI- STEPHAN, 2007,
p. 1).
De acordo com as regulamentações os fármacos só devem ser vendidos com
receita médica, mas a falta de fiscalização faz com que isso não ocorra. O uso de
medicamentos sem um diagnóstico e exames complementares pode ao invés de
aliviar os sintomas, piorá-los, trazendo sérios riscos a saúde. Entre estes riscos
encontram-se:
Tratamento insuficiente da sua doença por não receber medicamento
suficiente para curá-la Tratamento inadequado por não receber o medicamento
correto para a sua doença; Tratamento perigoso que pode prejudicar o seu corpo ou
a sua saúde; Interações medicamentosas ocasionadas por combinações perigosas
com outros medicamentos que você esteja tomando; Interações alérgicas que
podem ser perigosas se você tiver alergia a algum medicamento Complicações
médicas ou efeitos do medicamento que poderiam, de fato, piorar a sua saúde; As
bactérias resistentes aos antibióticos podem fazer com que a infecção continue;
Reações adversas inesperadas ou efeitos negativos que podem causar doenças,
lesões ou até mesmo morte. (SAÚDE PÚBLICA DE MASSACHUSSETS, 2007, p. 1).
30
Além da venda inapropriada realizada nas farmácias, existe a venda externa
que oferecem na maioria das vezes imitações dos produtos éticos que foram
adquiridos fora do Brasil por um menor preço. A estes medicamentos a atenção
deve ser redobrada, pois não se sabe ao certo a origem e fabricação dos mesmos,
podendo até ser uma imitação sem efeitos terapêuticos. O Departamento de Saúde
Pública de Massachussets (2007, p. 1), relaciona os riscos que podem ser ocorridos
pela venda ilegal de medicamentos e sem receita médica:
• Medicamentos não aprovados cuja segurança ou eficácia não foram
demonstradas; Medicamentos que não foram testados ou que não
são seguros e podem conter substâncias perigosas;
• Medicamento falsificado que não contêm o ingrediente ativo que
você pensou ter comprado;
• Medicamentos fora do prazo de validade cuja eficácia pode ter
diminuído;
• Medicamentos proibidos os quais comprovadamente podem causar
doença, lesão ou morte;
• Medicamentos para animais vendidos para uso humano, mas que
não são seguros para serem usados por seres humanos;
• Medicamentos contaminados que contêm materiais ou substâncias
perigosas; Medicamentos com pouco ou nenhum ingrediente ativo
que não fazem efeito;
• Medicamentos com erros nas etiquetas ou bulas com ingredientes
ou dosagens incorretas.
A automedicação de antibióticos está entre as principais preocupações de
saúde pública por ser fator predisponente na maioria dos casos da resistência
bacteriana. O uso desta classe de medicamentos não deve ser aplicado a doenças
simples como um resfriado e outros causados por vírus, a não ser que haja algum
tipo de complicação como pneumonia, faringites bacterianas, otites, sinusites, etc.
31
O motivo pelo qual não se deve fazer uso de antibióticos para a erradicação
de algum vírus é simples:
A razão é simples: os vírus são estruturas que não chegam a constituir uma
célula, formadas, basicamente, de DNA ou RNA e proteínas, e os antibióticos agem,
de modo geral, nas estruturas ou organelas celulares das bactérias; então,
estaremos tomando antibióticos à toa para os vírus, a não ser que haja uma
complicação bacteriana envolvida e, estas sim, as bactérias, constituem-se em
entidades unicelulares. (QUELUZ, 2007, p. 1).
A grande maioria dos autores concorda entre si que a causa da
automedicação é decorrente da precária saúde pública existente no Brasil. A
universalidade farmacêutica ainda não conseguiu alcançar seu apogeu e assim, os
pacientes são obrigados a recorrer aos balconistas e farmacêuticos que acabam
prescrevendo de forma ilegal os medicamentos. De acordo com a Organização
Mundial da Saúde, nenhum tipo de medicamento deve ser vendido sem receita
médica, porém esta não é a realidade em que se vive.
Também a assistência farmacêutica, como elemento do SUS, passou a ser
uma preocupação acerca da universalização de acesso aos tratamentos, de modo
tal que não mais se pensava apenas na aquisição e distribuição. Ao contrário,
buscou-se com um novo modelo de eficácia e uniformização desse processo. Isto
porque é fácil pressupor que boa parte da população, atendida pelo SUS, é de baixa
renda ou sem renda alguma e, nessas condições a aquisição de medicamentos
tornar-se-ia um ônus a mais, em seus cotidianos, com o qual não poderiam arcar,
cabendo ao Estado prover meios para suprir tal necessidade. (MARINHA, 2007, p.
8).
Contudo não é somente a classe baixa que se adaptam a automedicação, os
nomes comerciais são passados por familiares, amigos e vizinhos e o indivíduo acha
as informações suficientes para utilizar o mesmo fármaco.
2.3 PRESCRIÇÃO MÉDICA INDEVIDA
32
A prescrição médica de antibióticos é outra questão que deve ser abordada
no uso indiscriminado destes medicamentos. Sendo liberado e prescrito somente
pelos médicos, estes se tornam responsáveis pelo grande aumento de sua
utilização. Com isto, é fundamental um bom preparo dos profissionais de medicina
para que realizem um bom diagnóstico e indiquem os antimicrobianos somente em
casos que realmente necessitem. Na saúde pública a prescrição desencadeada
pode trazer muito prejuízo financeiro:
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, no mundo, mais da
metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos
inapropriadamente e que metade dos pacientes não os usam corretamente.
Portanto, é gasto muito dinheiro que, ao invés de benefícios, pode trazer sérios risos
à saúde. (QUELUZ, 2007, p. 7).
Com o intuito de reduzir a prescrição desenfreada de antibióticos, a Política
Nacional de Medicamentos criou os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
(PCTD). Estes protocolos indicam os melhores tratamentos conforme a patologia, as
doses indicadas, meios de tratamentos entre outros.
Diferente do que possa parecer o PCDT não reduze e nem desrespeita a
atividade do profissional na Medicina, ao contrário, tornou-se seu aliado à medida
que disponibiliza o agregar de informações, muitas vezes – senão todas- fornecidas
por eles mesmos, sobre as medicações adotadas e as várias formas de resultados
obtidos junto ao trato de determinadas patologias. (MARINHA, 2007, p. 11).
Infelizmente a PCTD também não consegue ter sua funcionalidade regular
como está no regulamento. Não se deve jogar também toda a culpa nos médicos,
existem sim muitas prescrições erradas e desnecessárias, porém devem ser
observadas as condições em que este médico trabalha, sua sobrecarga de consulta
e outros fatores. Tudo isto pode implicar para prescrição indevida de antibióticos.
Estima-se que mais de 50% das prescrições de antibióticos são
desnecessárias, sendo que dois terços dos antibióticos são adquiridos sem receita
médica e o mais agravante é que 50% dos pacientes compram o medicamento para
33
fazer uso um dia de tratamento e 90% para o tratamento em três dias. Ele ainda
corresponde a 21% de todos os medicamentos prescritos em ambulatórios.
Além da resistência aos antimicrobianos, a presença de reações adversas
constitui outro problema grave de saúde pública, causando hospitalização, aumento
do tempo de internação e podendo até levar a óbito. Os antibióticos participam de
uma das classes de medicamentos mais consumidas e se destacam pela maior
incidência de reações adversas; tais reações poderiam ser evitadas através de
programas de farmacovigilância. Entre os exemplos de reações adversas comuns
ao uso de antibióticos, temos: diarréia; arritmia relacionada ao uso de macrolídeos e
fluoroquinolonas10; mielossupressão por trimetoprima; as tetraciclinas podem
agravar insuficiência renal e produzir diarréia; aminoglicosídeos são ototóxicos e
nefrotóxicos, entre outras. (NICOLINI et al., 2008, p. 1).
O uso de antibióticos juntamente com outros fármacos pode produzir alguns
tipos de interações medicamentosas, por exemplo, “a tetraciclina potencializa o
efeito de varfarina e ao ser administrada com leite ou derivados forma quelatos com
cátions divalentes como o cálcio” (NICOLINI et al., 2008, p. 1). Os antibióticos
também podem inibir os efeitos dos anticoncepcionais orais que pode trazer uma
gravidez indesejada.
Em 1999, foi criada uma resolução a fim de estabelecer os limites éticos
quanto à prescrição de antibióticos, porém, se o médico não concordasse com a
resolução tinha autonomia para prescrever a seu modo de ver. Esta resolução
continha os seguintes itens:
• Art. 1º – A prescrição de antibióticos nas unidades hospita-
lares obedecerá às normas emanadas da CCIH.
• Art. 2º – As rotinas técnico-operacionais constantes nas
normas estabelecidas pela CCIH para a liberação e utiliza-
ção dos antibióticos devem ser ágeis e baseadas em pro-
tocolos científicos.
• Parágrafo 1º – Os protocolos científicos não se subordi-
nam a fatores de ordem econômica.
34
• Parágrafo 2º – É ético o critério que condiciona a liberação
de antibióticos pela CCIH à solicitação justificada e firmada
por escrito.
• Art. 3º - Os Diretores Clínico e Técnico da instituição, no
âmbito de suas competências, são os responsáveis pela
viabilização e otimização das rotinas técnico-operacionais
para liberação dos antibióticos.
É muito comum nas clínicas médicas, os profissionais de medicina receberem
representantes de indústrias farmacêuticas em horário de consulta, muitas vezes o
paciente tem de esperar o “propagandista” explicar sobre os novos medicamentos
colocados no mercado para depois serem atendidos. Essas propagandas
conseguem na maioria das vezes influenciar no diagnóstico, outro motivo é que os
médicos em troca da prescrição de medicamentos de determinadas indústrias ganha
vários benefícios como viagens, comissões, etc., sendo muito prejudicial aos
pacientes que passam a receber prescrições inúteis para o seu problema.
O grande problema, exatamente, reside quando o médico descarta seu
padrão de análise, no que tange a prescrição e, meramente “consome” o que o
propagandista lhe apresenta como mais um produto, sem levar em conta, por
exemplo, as reações adversas e a comprovada eficiência do medicamento. Passa
então a atuar como mero “eco” do propagandista, junto aos pacientes, sem ater-se
para as conseqüências de seu ato. Por crer que tal situação poderia torna-se um
problema ainda maior, pondo em “risco sanitário” a população que vivia a consumir
desmedidamente tais medicamentos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) disciplinou a questão via Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº. 102/00,
de 30/11/2000. Esta resolução impôs critérios para a publicidade de medicamentos.
(MARINHA, 2007, p. 15).
Neste caso, o melhor a ser feito pelos médicos é utilizar o bom senso,
devendo saber diferenciar o que realmente é importante para o tratamento dos
pacientes e o que é inútil para o mesmo. Para Marinha (2007, p. 15), uma boa
prescrição não deve deixar de levar em consideração:
• Os efeitos adversos e mecanismos de ação do medicamento;
35
• A constante necessidade de reciclagem de informações sobre a efi-
cácia de determinados medicamentos;
• A primazia do aprimoramento continuo sobre especificidades técni-
cas dos fármacos.
• Cooperação com os procedimentos inerentes a “bioética de inter-
venção”.
• Corroborar com as políticas de saúde pública inerentes ao Protoco-
lo Clinico e Diretrizes Terapêuticas, tendo por referência que os ór-
gãos governamentais são os definidores “guardiões” dos “parâme-
tros de qualidade” dos medicamentos.
• Colaborar para minimizar o desperdício de dinheiro público com a
aquisição de medicações ineficazes ou inadequados e que não se-
rão utilizados.
Além destes tópicos, os médicos para obtenção de prescrições favoráveis às
infecções através de antibióticos deverá ter total conhecimento acerca dos
mecanismos de ação e efeitos colaterais, assim como todas as principais
características do fármaco em questão. Também é necessário manter-se sempre
atualizado sobre as novas drogas lançadas no mercado, principalmente no que diz
respeito aos antibióticos, que devido à resistência bacteriana que vem se instalando
cada vez mais, faz com que haja a necessidade de elaboração de novos tipos de
antibióticos.
Convém ressalvar que obviamente a “parcela de responsabilidade” do médico
não é tornar ou não um medicamento habilitado para o comércio, mas sim,
preconizar diretrizes que possam subsidiar as melhores escolhas de produtos a
tratar os indivíduos em suas diversas patologias e, essas diretrizes têm como uma
de suas fontes principais a prescrição. (MARINHA, 2007, p. 16).
Nota-se que a principal causa das prescrições indevidas decorre da falta de
informação sobre os antibióticos que justaposta com a falta de informação dos
pacientes sobre sua utilização colaboram para o aparecimento da resistência
bacteriana prejudicando assim os tratamentos farmacológicos.
36
2.4 MEDIDAS PARA PROMOVER O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS
De acordo com a definição do uso racional de medicamentos proposta pela
Política Nacional de Medicamentos, os requisitos para a sua promoção são muito
complexos e envolvem uma série de variáveis, em um encadeamento lógico. Para
que sejam cumpridos, devem contar com a participação de diversos atores sociais:
pacientes, profissionais de saúde, legisladores, formuladores de políticas públicas,
indústria, comércio, governo.
Preocupado com este grave problema de saúde pública, o Ministério da
Saúde do Brasil criou o Comitê Nacional para a Promoção do Uso Racional de
Medicamentos por meio da Portaria nº 427/07, o que vem a atender uma
recomendação da OMS. O Comitê desenvolverá ações estratégicas para ampliar o
acesso da população à assistência farmacêutica e para melhorar a qualidade e
segurança na utilização dos medicamentos.
De uma maneira geral, as soluções propostas para reverter ou minimizar este
quadro devem passar pela educação e informação da população, maior controle na
venda com e sem prescrição médica, melhor acesso aos serviços de saúde, adoção
de critérios éticos para a promoção de medicamentos, retirada do mercado de
numerosas especialidades farmacêuticas carentes de eficácia ou de segurança e
incentivo à adoção de terapêuticas não medicamentosas.
Pesquisas de importantes autores como Cunha (2002), Dias-da-Costa et al.
(2002) e Assunção et al. (2002) relataram problemas encontrados no Brasil quando
ao uso de medicamentos. Ficou claro que a automedicação e a prescrição
inapropriada de antibióticos, assim como outros fármacos, pode causar as
chamadas Reações Adversas a Medicamentos (RAM) e pode levar também os
pacientes a sofrer intoxicações que agravadas podem levar a morbidade e inclusive
a mortalidade.
As reações adversas estão se tornando um sério problema de saúde pública
e esta acarretando altos números de mortalidade, portanto o que era pra ser
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benéfico para a saúde passa a ser uma complicação ainda maior pela falta de
informação sobre o medicamento.
Em função do exposto acima, surgiram em vários países sistemas de
vigilância destinados a detectar RAM, que ocorrem com baixa freqüência e em
situações reais de uso e que só podem ser detectadas após a ampliação do uso dos
mesmos. A criação de um sistema de farmacovigilância possibilita, entre outras
coisas, conhecer o perfil de reações adversas (notadamente as graves) dos
medicamentos usados na terapêutica, tornando possível aos profissionais da área
da saúde, especialmente ao médico, utilizar melhor o arsenal farmacológico
disponível e prevenir muitas reações adversas, além de estimular uma maior
preocupação com o ensino da farmacologia clínica e da farmacoepidemiologia,
subsidiar as ações da Vigilância Sanitária e realizar estudos para testar hipóteses
surgidas com base nas notificações voluntárias (ARRAIS-COELHO, 2000, p. 68).
A lei criada 10 de fevereiro de 1999, Lei n° 9787 condiz sobre a classificação
dos medicamentos:
• Medicamento de Referência – produto inovador registrado no órgão
federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no
País, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas ci-
entificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do re-
gistro;
• Medicamento Similar – aquele que contém o mesmo ou as mes-
mas substâncias ativas, apresenta a mesma concentração, forma
farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêu-
tica, preventiva ou diagnóstica, do medicamento de referência re-
gistrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, po-
dendo diferir somente em características relativas ao tamanho e
forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, exci-
pientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome co-
mercial ou marca;
• Medicamento Genérico – medicamento similar a um produto de re-
ferência ou inovador, que se pretende ser com este intercambiável,
39
geralmente produzido após a expiração ou renúncia da proteção
patentária ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a
sua eficácia, segurança e qualidade, e designado pela Denomina-
ção Comum Brasileira (DCB) ou, na sua ausência, pela Denomina-
ção Comum Internacional (DCI).
Por outro lado tem-se a difícil relação de entendimento entre empresários e
farmacêuticos, onde o lucro sobrepõe a terapêutica. O profissional passa a sofrer
pressão entre exercer a atenção farmacêutica propriamente dita e administração
lucrativa, por meio de cotas pré-estabelecidas pela empresa na comercialização de
produtos. Se os farmacêuticos e os gerentes das farmácias fossem capazes de
desenvolver sistemas que colocam em operação o papel ativo do profissional, este
justificaria sua função como um prazer, e não como uma tarefa desagradável e
impossível (STRAND et al., 1990, p. 1095).
A tabela 1 relaciona o grupo de medicamentos mais freqüentes que são
comercializados nas farmácias segundo a Anathomical Therapeutic Classification.
Foram dispostos os medicamentos que representam mais de 2% representando
70% do total. Os antibióticos nesta tabela encontram-se em nível de utilização muito
alta (35,6% de todos os medicamentos) e confirma que esta cada vez mais sendo
corriqueiro seu uso sem prescrição médica.
40
Contudo então se pode afirmar que diminuindo o uso indiscriminado de
antibióticos a resistência microbiana também sofrerá diminuição e assim não seria
preciso estar sempre lançando novas drogas que vençam estas resistências, porém,
“a limitação do consumo só reduz a resistência microbiana quando é suficientemente
ampla e se prolonga por tempo suficiente” (WANNMACHER, 2004, p. 2).
A mesma autora ainda descreve medidas que podem diminuir ou evitar as
resistências microbianas, entre essas medidas está:
• Desenvolvimento de novos medicamentos;
• Desenvolvimento de vacinas;
• Detecção do perfil da resistência microbiana em hospitais;
• Implementação de medidas de controle de infecções;
• Desenvolvimentos de protocolos terapêuticos para infecções preva-
lentes;
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• Treinamento de estudantes de graduação na área da saúde no di-
agnóstico e manejo de infecções comuns;
• Programas educacionais para usuários no sentido de prevenir a in-
fecção (imunização) e diminuir a transmissão;
• Manutenção da qualidade de laboratórios de análises microbiológi-
cas;
• Promoção do uso racional de antimicrobianos;
• Dispensação de antibióticos somente com prescrição médica;
• Autorização de comercialização somente para antibióticos que aten-
dam os padrões internacionais de eficácia, segurança e qualidade.
Seguindo estas medidas é possível minimizar a resistência que existe
atualmente e que cada vez mais está aumentando evitando possíveis reações
adversas e outras complicações que possam ser implicadas pelo mau uso dos
antibióticos.
3 METODOLOGIA
3.1 MÉTODO, TIPO DE PESQUISA E TÉCNICA
Trata-se de uma pesquisa de natureza básica, com uma abordagem
qualitativa e descritiva.
É uma pesquisa bibliográfica e documental. A coleta do material foi realizada
através da literatura publicada e informatizada, de publicações nacionais,
estrangeiras e sites nacionais e estrangeiros.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo mostrou o motivo pelo qual não é mais incomum ouvir falar que
certos antibióticos não surtem mais efeitos sobre as bactérias que provocam as
infecções. A resistência adquirida pelas bactérias já se tornou grande preocupação
entre os profissionais da saúde e autoridades do mundo inteiro.
Várias causas foram observadas que levam a população ao consumo
excessivo de antibióticos, um dos principais problemas é a falta de atendimento e
consultas regulares nos estabelecimentos públicos de saúde, isto faz com que as
pessoas procurem parentes mais próximos e amigos para obterem informações
sobre qual antibiótico tomar para alívio dos sintomas. No entanto, também existem
pacientes com planos de saúde e que podem pagar por consultas particulares
também se automedicam com freqüência elevada.
Também foi observado que os médicos contribuem e muito para o uso
indiscriminado dos antibióticos devido o fato de prescreverem muitos
antimicrobianos desnecessariamente ou por conceder o pedido do medicamento do
próprio paciente. Para poder indicar um antibiótico é conciso que se faça um
diagnóstico preciso não somente clínico, mas com a presença de exames
complementares.
A falta de informação e as influências de representantes de indústrias
farmacêuticas favorecem a grande presença de receitas médicas para antibióticos.
Todos estes fatores indicados acima, favorecem o aparecimento da resistência
bacteriana a vários fármacos, pois estas bactérias vão conseguindo ser insensíveis
aos compostos dos antibióticos.
Contudo notou-se que a automedicação está altamente presente em nosso
país por haver uma falta de conscientização da parte da população sobre as
informações do uso de antibióticos e suas reações adversas e por não estar
presente uma vigilância na área farmacêutica contribuindo também para a
resistência bacteriana. Por fim foi descrito medidas que podem fazer com que haja
43
uma diminuição e prevenção desta resistência tentando contribuir para a saúde e
tratamento das infecções.
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REFERÊNCIAS
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Pública – Riscos Ocasionados pela Aquisição de Medicamentos Cuja Venda Exige
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45
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STRAND, L.M.; MORLEY, P.C.; CIPOLLE, R.J.; RAMSEY, R.; AMSAM, G.D.
Traducido de Ann Pharmacother 1990; 24:1093-1097 (com autorización a Fundación
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WANNMACHER, Lenita. Uso Indiscriminados de Antibióticos e Resistência
Microbiana: Uma Guerra Perdida? ISSN 1810 – 0791, V. 1, n 4, Brasília, março de
2004.
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