UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
CENTRO DE CINCIAS EXATAS E TECNOLGICAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
RODRIGO OLIVEIRA SENA
UTILIZAO DO GESSO PARA REVESTIMENTO DE
REAS SECAS
Orientador: Prof. MSc. Esperidio Fecury Pinheiro de Lima
Trabalho de Concluso de Curso TCC elaborado junto ao curso de Bacharelado em
Engenharia Civil, como requisito parcial da
disciplina de Estgio Supervisionado.
Trabalho de Concluso de Curso TCC
Rio Branco Acre
2013
COMISSO EXAMINADORA
________________________________________________
Prof. MSc. Esperidio Fecury Pinheiro de Lima (Orientador)
UFAC Rio Branco/AC
________________________________________________
Prof. MSc. Moema Pinheiro de Souza
UFAC Rio Branco/AC
________________________________________________
Prof. MSc. Lauro Julio de Souza Sobrinho
UFAC Rio Branco/AC
Rodrigo Oliveira Sena
Resultado: _____________
Rio Branco, 17 de Abril de 2013
i
DEDICATRIA
minha me, Irenice Oliveira Melo,
que meu grande exemplo de fora e
determinao, com ela aprendi que
mesmo diante das adversidades da vida
devemos nos reerguer e seguir em
frente.
ii
AGRADECIMENTOS
A Deus, meu maior e melhor amigo, pela ddiva da vida, sade, pela
esperana e f que nunca deixou faltar em meu corao.
A minha me, Irenice Melo, e meu irmo, Rogrio Sena, que com apoio
e carinho sempre me incentivaram na concluso desta etapa da vida.
Aos meus grandes amigos, Ana Ksia, Dbora Teixeira, Emmanoelly
Aguiar, Isabele Maia, Joo Batista, Kfany Maia e Mariana Bandeira, pelos
momentos felizes que me proporcionam, pela compreenso na ausncia durante
este perodo de faculdade e pelo auxlio, direto ou indireto, na realizao deste
trabalho.
Aos meus amigos-irmos, Elizete Maia e Francisco Ferreira, por toda
colaborao e incentivo para a concretizao deste sonho.
A todo o corpo docente do Curso de Engenharia Civil da Universidade
Federal do Acre, pelos conhecimentos transmitidos, principalmente ao professor
Esperidio Fecury P. de Lima, pela pacincia e orientao na elaborao deste
trabalho.
Aos colegas e amigos de classe, Ana Paula Onofre, Ronan Santos e em
especial a Carolina Accorsi, com que dividi a maior parte dos momentos nesta
jornada de graduao.
Enfim, a todos aqueles que, de alguma forma, contriburam para que este
trabalho alcanasse seus objetivos.
iii
NDICE
Dedicatria ............................................................................................................. i
Agradecimentos ..................................................................................................... ii
ndice .................................................................................................................... iii
Lista de Figuras .................................................................................................... vi
Lista de Tabelas ................................................................................................... vii
Lista de Abreviaturas e Siglas ............................................................................. vii
Lista de Smbolos ................................................................................................ vii
Resumo ............................................................................................................... viii
1 INTRODUO ............................................................................................ 11
1.1 CONSIDERAES INICIAIS .............................................................. 11
1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO........................................................... 13
2 OBJETIVOS .................................................................................................. 15
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................... 15
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ................................................................ 154
3 REVISO BIBLIOGRFICA ...................................................................... 15
3.1 SISTEMA DE REVESTIMENTO......................................................... 15
3.2 REVESTIMENTO COM PASTA DE GESSO ..................................... 16
3.2.1 Breve Histrico sobre o Gesso ...................................................... 16
3.2.2 Gipsita ........................................................................................... 16
3.2.3 Processo de produo do gesso ..................................................... 18
3.2.4 Gesso de construo civil .............................................................. 19
3.2.5 Propriedades importantes do gesso ................................................ 20
a) Pega ..................................................................................................... 20
b) Durao da pega ................................................................................. 21
c) Expanso ............................................................................................. 22
d) Hidratao ou formao da pasta de gesso ........................................ 22
iv
e) Comportamento frente ao fogo ............................................................ 23
f) Comportamento Acstico .................................................................... 24
g) Isolao Trmica ................................................................................. 24
h) Higroatividade ..................................................................................... 24
i) Secagem do gesso ................................................................................ 25
3.2.6 Revestimento projetado com argamassa de gesso ........................ 20
a) Mestrar ................................................................................................ 20
b) Preparao da Pasta ........................................................................... 21
c) Projetar ................................................................................................ 22
d) Sarrafear ............................................................................................... 29
e) Alisar ..................................................................................................... 30
3.2.7 Revestimento Manual com Pasta de Gesso .................................. 31
3.3 REVESTIMENTO DE ARGAMASSA CONVENCIONAL................ 33
3.3.1 Argamassa de Aderncia (Chapisco) ............................................ 34
3.3.2 Argamassa de Regularizao (Emboo) ....................................... 36
3.3.3 Argamassa de Acabamento (Reboco) ........................................... 37
3.3.4 Revestimento de Camada nica ................................................... 37
4 METODOLOGIA ......................................................................................... 39
5 RESULTADOS E DISCUSSES ................................................................ 40
5.1 COMPARATIVO GESSO X ARGAMASSA DE CIMENTO ........... 40
5.1.1 Fases de Aplicao ........................................................................ 40
5.1.2 Desempenho do Conjunto Revestimento/Substrato ..................... 40
5.1.3 Trabalhabilidade ............................................................................ 41
5.1.4 Tempo de Aplicao ..................................................................... 41
5.1.5 Aderncia ...................................................................................... 41
5.1.6 Acabamento (Lisura)..................................................................... 41
5.1.7 Tempo de Cura .............................................................................. 42
5.1.8 Durabilidade .................................................................................. 42
5.1.9 Densidade ...................................................................................... 42
v
5.2 QUADRO COMPARATIVO ................................................................ 43
5.3 ESTUDO DE CASO (RESIDENCIAL VIA PARQUE) ....................... 44
5.3.1 Caracterizao da Obra ................................................................. 43
5.3.2 Justificativa de Escolha da Tcnica .............................................. 45
5.3.3 Subcontratao do Servio ............................................................ 46
5.3.4 Compra de Material e Armazenamento ........................................ 46
5.3.5 Tcnica Adotada ........................................................................... 47
5.3.6 Desperdcio de Material ................................................................ 49
6 CONCLUSES E SUGESTES PARA PESQUISAS FUTURAS ............ 51
6.1 CONCLUSES ...................................................................................... 51
6.2 SUGESTES PARA PESQUISAS FUTURAS .................................... 51
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................ 52
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Mineral Gipsita ................................................................................ 17
Figura 02 - Frente de lavra de gipsita em Araripina - PE ................................... 18
Figura 3 - Relao do estado fsico da mistura gua/Gesso com o tempo ........ 21
Figura 4 - Relao da pega do gesso com a temperatura da pasta ...................... 22
Figura 05 - Microscopia dos cristais de hemidrato do gesso .............................. 23
Figura 06 - Mquina de projetar pasta de gesso.................................................. 26
Figura 07 - Ferramentas utilizadas na projeo de gesso ................................... 26
Figura 08 - Mestras verticais executadas com gesso .......................................... 28
Figura 09 - Alimentao da mquina de projetar pasta de gesso ........................ 28
Figura 10 - Projeo do gesso em filetes horizontais ......................................... 29
Figura 11 -Sarrafeamento da superfcie .............................................................. 30
Figura 12 - Alisamento da superfcie .................................................................. 30
Figura 13 - Etapas do revestimento manual com pasta de gesso ........................ 32
Figura 14 - Execuo de Chapisco Convencional .............................................. 35
Figura 15 - Execuo de Chapisco Rolado ......................................................... 36
Figura 16 - Localizao da Obra Via Parque ...................................................... 44
Figura 17 - Vista Area da Obra Via Parque (construo dos prdios em
alvenaria estrutural) ............................................................................................. 45
Figura 18 - Descarga de gesso em p na Obra Via Parque ................................. 46
Figura 19 - Armazenamento dos sacos de gesso na Obra Via Parque ................ 47
Figura 20 - Aplicao manual de gesso em teto (Obra Via Parque) ................... 48
Figura 21 - Aplicao manual de gesso em teto (Obra Via Parque) ................... 49
Figura 22 - Desperdcio de gesso na Obra Via Parque ....................................... 50
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Espessuras admissveis de revestimento para parede (NBR-13749,
1995).
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
AC Acre
EPI Equipamento de proteo individual
LTDA Limitada
MS Materiais facilmente Inflamveis
NBR Norma Brasileira Regulamentadora
PVC Policloreto de Vinil
TCC Trabalho de Concluso de Curso
LISTA DE SMBOLOS
g/l Grama por litro
kg/m - Quilo grama por metro quadrado
kPa Quilo Pascal
m Metro
mm Milmetro
MPa Mega Pascal
Alfa
Beta
viii
RESUMO
Atualmente, percebe-se que um grupo restrito de materiais domina, quase
completamente, a cadeia produtiva na construo civil. Em se tratando de
revestimento de paredes, a predominncia de utilizao das argamassas de
cimento e seus componentes. O gesso para revestimento tem sido pouco
utilizado como material para acabamento interno de edificaes em construo e
apesar de pouco empregado, propicia diversas vantagens, entre elas: rapidez na
execuo, elevada aderncia, facilidade e qualidade nos acabamentos, entre
outros. O gesso como material aglomerante para o preparo de pasta para
revestimento interno de teto ou parede quando comparado ao cimento apresenta
caractersticas satisfatrias, o que justifica a busca pela popularizao deste
material alternativo para revestimento.
Palavras-chave: Revestimento, Gesso, Argamassa de Cimento.
1 INTRODUO
1.1 CONSIDERAES INICIAIS
A engenharia um ramo da cincia que est em constante transformao e
aprimoramento, seja pela necessidade de combater as crises energtica e ambiental, ou mesmo
pelo surgimento de novos produtos no mercado da construo.
Em se tratando de engenharia da construo notrio que materiais como cimento,
concreto, ao e blocos cermicos dominam quase completamente o mercado, de maneira que
os preos destes produtos esto ligados mais manipulao do comrcio (lei da oferta e da
procura) do que mesmo aos custos de obteno dos mesmos. Com isso, os materiais de
construo industrializados tornam-se cada vez mais caros e de difcil acesso a grande parte
da populao.
A forma como o oligoplio desses materiais predominantes vigora, reflete a maneira
como alguns menos difundidos no recebem destaque em um curso de formao em
engenharia e arquitetura. Isso faz com que os profissionais e a prpria populao absorva a
idia de que esses produtos mais utilizados apresentem caractersticas superiores aos demais,
induzindo ao preconceito quando da utilizao de um material ou tcnica construtiva menos
difundida.
Neste sentido, o trabalho em questo se prope a expor uns dos materiais mais
abundantes do planeta, o gesso, principal derivado do mineral gipsita. O gesso utilizado a
nvel mundial principalmente como material de construo, onde empregado como elemento
de vedao na forma de chapas de gesso acartonado (drywall), decorao e utilizado tambm
como revestimento em reas secas, que ser o foco desta pesquisa.
De acordo com o Sumrio Mineral de 2011, o Brasil o maior produtor de gipsita da
Amrica do Sul, com uma produo em 2010 de aproximadamente 2,75 milhes de toneladas,
representando 1,9% do total mundial. O maior produtor mundial a China, produzindo
aproximadamente 45 milhes de toneladas (30,8% do total), seguida de Ir, Espanha e
Estados Unidos. No Brasil, a maior parte das reservas lavrveis est concentrada no estado de
Pernambuco e apesar de dados incertos sobre as reservas de outros pases, calcula-se que as
reservas brasileiras de gipsita apresenta o quinto maior volume do mundo, depois de Ir,
China, Canad e Mxico.
1 - Introduo
12
A produo de gipsita tem uma correlao muito alta com a construo civil
(Sumrio Mineral 2011) e apesar de possuir uma das maiores reservas mundiais deste
mineral, o Brasil ainda no popularizou a utilizao do gesso como material de construo. A
maior prova disso que das unidades habitacionais, reparties pblicas e prdios construdos
a nvel nacional, poucos utilizam o gesso em alguma de suas etapas construtivas e quando
utilizam em elementos de pouca importncia construtiva, como na decorao, por exemplo.
A utilizao do gesso como revestimento uma tcnica praticamente desconhecida,
at mesmo por profissionais da engenharia, restando basicamente os tipos de revestimento
base de cimento Portland (chapisco, emboo, reboco) e de elementos cermicos. Apesar de
pouco utilizado para esta finalidade o gesso apresenta propriedades extremamente atraentes
para a produo de revestimentos, como: endurecimento rpido, o que proporciona rapidez na
execuo dos servios, conseqentemente, elevada produtividade; propriedades mecnicas
compatveis com os esforos atuantes, principalmente a boa aderncia aos substratos minerais
e metlicos, que lhe conferem bom desempenho durante o uso; ausncia de retrao por
secagem, diminuindo o risco de fissurao nas primeiras idades; excelente acabamento
superficial que pode dispensar a utilizao de acabamento final; entre outras.
Dessa forma, uma questo a ser repensada a da utilizao do gesso como
revestimento em reas secas combinada aos revestimentos convencionais nas demais reas,
visto que o gesso apresenta alta permeabilidade, permitindo a formao de bolor1 devido
ao da chuva.
A disseminao da utilizao do gesso como revestimento em reas secas se justifica,
alm de suas excelentes propriedades, nas necessidades de se economizar combustvel e
preservar o meio ambiente. Segundo Silva (2010), o gesso considerado um ligante de grande
eficincia energtica, o que de grande interesse para a sustentabilidade da humanidade: no
seu processo de fabricao, enquanto o cimento Portland exige temperaturas da ordem de
1450C, emitindo CO2 na atmosfera, o gesso pode ser obtido com menos de 170C, liberando
vapor dgua na sua produo.
Dessa forma, torna-se pertinente o estudo do gesso como material alternativo para
revestimento, pois apresenta propriedades to satisfatrias quanto s dos revestimentos base
de cimento, ressaltando-se tambm que podemos nos considerar um pas privilegiado quanto
grande disponibilidade de matria-prima para sua produo.
1 Bolor: agente patognico assemelhado a fungo que causa degradao de um elemento construtivo, devido ao
contato com a umidade
1 - Introduo
13
1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente trabalho composto por 6 captulos, sendo este de introduo, no qual
so explanadas as consideraes iniciais sobre o tema proposto.
O captulo 2 discrimina os objetivos a serem atingidos.
O captulo 3 destinado reviso bibliogrfica sobre o tema apresentado, onde esto
contidos conceitos, tcnicas e assuntos relevantes pesquisa.
O captulo 4 apresenta a metodologia utilizada na elaborao deste trabalho,
abrangendo os mtodos de pesquisa e elaborao de estudo de caso.
No captulo 5 apresentam-se os resultados e discusses, que serviro de base para as
concluses e sugestes de futuras pesquisas, apresentadas no capitulo 6.
Por fim encontram-se as referncias bibliogrficas consultadas na elaborao deste
TCC.
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Apresentar as principais vantagens e desvantagens da utilizao do gesso para
revestimento de reas secas, bem como possibilitar anlise comparativa entre este tipo de
revestimento e o executado com argamassa de cimento (convencional).
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
Elaborar um quadro comparativo que permita uma anlise das principais vantagens e
desvantagens dos dois tipos de revestimentos abordados no trabalho;
Fazer um estudo de caso na obra Via Parque, da empresa Albuquerque Engenharia
LTDA, a fim de mostrar as consideraes que fizeram do gesso uma opo vivel de
revestimento nas reas secas desta obra.
3 REVISO BIBLIOGRFICA
3.1 SISTEMA DE REVESTIMENTO
Segundo Pereira (2010), o sistema de revestimento pode ser entendido como um
conjunto de subsistemas. As funes de um sistema de revestimento vo desde a proteo
alvenaria, regularizao das superfcies, estanqueidade, at funes de natureza estticas, uma
vez que se constitui do elemento de acabamento final das vedaes. Normalmente, os
sistemas de revestimento atuam em suas funes e propriedades em conjunto com o substrato.
Assim que, no se pode falar, por exemplo, da aderncia da argamassa, mas sim da
aderncia argamassa-substrato. As funes atribudas utilizao dos sistemas de
revestimento variam enormemente de edifcio para edifcio, ou seja, dependem em grande
parte da concepo do edifcio, suas fachadas e paredes e, obviamente, do sistema de
revestimento selecionado.
Para Pereira (2010), em todas as situaes, os sistemas sero aplicados sobre uma
base ou substrato formando um conjunto bem aderido e contnuo, necessrio ao atendimento
do desempenho global. Os substratos devem ser adequados ou preparados a receber o
revestimento. Assim, caso os mesmos no tenham a adequabilidade necessria (ao
atendimento dos quesitos que permitam uma execuo satisfatria e o atendimento de um
bom desempenho), deve se optar pelo uso de elementos que venham a compor uma soluo
satisfatria em mbito geral. Um exemplo desta situao a utilizao do chapisco como
preparao de base para aplicao da argamassa.
Segundo a NBR 13281, argamassa a mistura homognea de agregados midos,
aglomerantes inorgnicos e gua, contendo ou no aditivos, com propriedades de aderncia e
endurecimento, podendo ser dosada em obra ou em instalao prpria (argamassa
industrializada).
Segundo Peres (et. al, 2001), as argamassas convencionais, base de cimento, cal e
areia, esto presentes h muito tempo na construo de edificaes e em praticamente todas as
etapas da obra, desde o assentamento de blocos cermicos at o revestimento final.
Por outro lado, as argamassas base de gesso foram introduzidas no mercado
brasileiro no final de 1996, com o lanamento do Super Jete, fabricado no Brasil, e com a
importao de argamassas de gesso da Argentina e Itlia.
3 Reviso Bibliogrfica
16
3.2 REVESTIMENTO COM PASTA DE GESSO
3.2.1 Breve Histrico sobre o Gesso
O gesso, inicialmente utilizado em obras de arte e decorao, um dos mais antigos
materiais de construo utilizados pelo homem, conforme atestam algumas descobertas
arqueolgicas importantes. (PERES et. al., 2001)
Ainda segundo Peres (et. al., 2001), o gesso bastante conhecido, na grande
pirmide erguida por Quops, rei do Egito, da 4 dinastia, no ano 2800 a.C, que consiste numa
das mais antigas contradies do emprego do gesso na construo, pois, sua execuo seguiu
uma tcnica at hoje no esclarecida, nas juntas de assentamento estanques, de preciso, entre
imensos blocos de cerca de 16 toneladas que constituem o monumento.
As tcnicas de calcinao do gesso e suas propriedades hidrulicas j eram
amplamente conhecidas pelos egpcios, o que permite inferir que o material era utilizado por
civilizaes at anteriores a esta. Seu emprego era variado, desde a confeco de objetos
decorativos, como esttuas, at revestimentos de paredes na forma de argamassas e pastas que
serviram de base para afrescos que decoram at hoje o interior de algumas pirmides.
Tambm era comum a utilizao de pigmentos para a produo de revestimentos coloridos.
(TURCO, 1961; KARNI; KARNI, 1995 apud ANTUNES, 1999)
Peres (et. al, 2001) ressalta que, a partir do sculo VII e por todo fim da Idade Mdia,
as construes utilizando as argamassas com gesso eram desejadas por oferecerem diversas
vantagens. O gesso para estuque2 e alisamento j era conhecido.
A partir do sculo XX, em funo da evoluo industrial, os equipamentos para
fabricao do gesso deixaram de ter conceito rudimentar e passaram a agregar maior
tecnologia, assim como a melhoria tecnolgica dos produtos passou a facilitar suas formas de
emprego pelo homem. (SILVA, 2010)
3.2.2 Gipsita
O mineral gipsita (Figura 01), matria-prima do gesso, encontrada em rochas
sedimentares e tem sua origem na precipitao de sulfatos de clcio contidos em gua
2Estuque: argamassa feita com gesso utilizado como revestimento em interiores, principalmente tetos e
ornamentos executados em relevo
3 Reviso Bibliogrfica
17
marinhas submetidas evaporao. Ele encontrado em depsitos evaporticos originados de
antigos oceanos. (SILVA, 2010).
Figura 01: Mineral Gipsita.
Fonte: http://www.dicionario.pro.br
A gipsita pode ser utilizada na forma natural ou calcinada. A forma natural bastante
usada na agricultura e na indstria de cimento. Enquanto a forma calcinada, conhecida como
gesso, encontra vrias utilizaes na construo civil, em materiais ortopdicos ou dentais etc.
(BALTAR et. al., 2005)
Em 2010 a produo brasileira de gipsita bruta alcanou aproximadamente 2.750.000
t, apresentando um crescimento da ordem de 17,1 % em relao ao ano anterior. A produo
de gipsita tem uma correlao muito alta com a construo civil, que no ltimo ano tambm
obteve uma grande elevao. Estima-se que o faturamento total do setor tenha chegado a R$
1,6 bilho. Formado pelos municpios de Araripina, Trindade, Ipubi, Bodoc e Ouricuri, o
plo gesseiro do Araripe, no extremo oeste pernambucano, fornece aproximadamente 95% do
gesso consumido no Brasil. Segundo o Sindusgesso, o Plo Gesseiro cresceu 30% em 2010
em virtude da alta demanda por gesso. Apesar de uma grande quantidade de empresas
presentes no setor, seis empresas so responsveis por aproximadamente 70% de toda a
produo nacional. (SUMRIO MINERAL, 2011)
3 Reviso Bibliogrfica
18
3.2.3 Processo de produo do gesso
O processo de produo do gesso inicia-se pela extrao da gipsita, ou seja, pela
minerao. No Brasil, o mtodo de lavra empregado a cu aberto - open pit (Figura 02).
Esse tipo de extrao recomendado para minerar corpos com dimenses horizontais que
permitam altas taxas de produo e baixos custos unitrios de produo. O acesso cava
geralmente feito atravs de uma rampa nica. Na lavra da gipsita so empregados
equipamentos como: rompedores hidrulicos, marteletes hidrulicos, vagondrill, tratores de
esteira e ps mecnicas (Peres et al., 2001).
Figura 02: Frente de lavra de gipsita em Araripina-PE.
Fonte: Comunicao Tcnica elaborada para Edio do Livro Rochas & Minerais Industriais, 2005.
Aps a extrao, a gipsita passa por alguns processos de beneficiamento de
adequao ao tipo de forno onde ser calcinada. Basicamente, as etapas so as seguintes:
britagem, moagem grossa; estocagem; secagem; moagem fina e ensilagem. (ANTUNEZ,
1999)
Feito isto, inicia-se o processo industrial, que dar origem ao gesso. O processo
industrial consiste na desidratao trmica da gipsita, moagem do produto e seleo em
fraes granulomtricas em conformidade com a utilizao: Construo (pr-fabricao,
revestimento) ou moldagem (arte, indstria). (CINCOTTO, AGOPYAN, FLORINDO, 1998)
3 Reviso Bibliogrfica
19
A gipsita composta por sulfato de clcio di-hidratado, CaSO4.2H2O, mais
impurezas. Ao ser calcinada a diferentes temperaturas ela vai liberado parte da gua, gerando
diferentes tipos de gesso. (SILVA, 2010)
A calcinao o processo trmico pelo qual a gipsita desidratada. Quando o
material desidratado a uma temperatura entre 140 C e 160 C ocorre a formao de
hemidrato, conforme a expresso a seguir:
Se a desidratao realizada em autoclave em presses superiores a 100kPa a
formao do hemidrato d-se pelo mecanismo de dissoluo cristalizao, em meio lquido.
O produto bem cristalizado, denominado de hemidrato alfa (). Este tipo de gesso tem
aplicao em odontologia. Se a desidratao realizada presso atmosfrica, com presso
parcial de vapor de gua baixa, obtm-se um slido microporoso, mal cristalizado,
denominado hemidrato beta (), utilizado na construo civil. (CINCOTTO, AGOPYAN,
FLORINDO, 1998).
Conforme dito anteriormente, o gesso produzido a partir da gipsita se classifica
segundo o seu processo de desidratao em ou . Devido ao processo de obteno, o preo
de hemidrato aproximadamente seis vezes maior do que o do hemidrato . (REGUEIRO;
LOMBARDERO, 1997 apud ROCHA, 2007)
Dentre os tipos de gesso , destacam-se os de fundio (tipo A) e os de revestimento
manual (tipo B), sendo ambos produzidos no Brasil sem a adio de aditivos qumicos
(BALTAR et al. 2004 apud ROCHA, 2007)
Aps a calcinao da gipsita o material modo, selecionado em fraes
granulomtricas e classificado conforme o tempo de pega, de acordo com as exigncias da
NBR 13207 (ABNT, 1994).
3.2.4 Gesso de construo civil
ANBR 13207 (ABNT, 1994) define gesso de construo como material modo em
forma de p, obtido da calcinao da gipsita constitudo predominantemente de sulfato de
clcio, podendo conter aditivos controladores de tempo de pega. A mesma norma divide o
emprego do gesso no setor da construo em basicamente dois grupos: para fundio e para
CaSO4. 2H2O CaSO4 . 0,5H2O + 1,5H2O
Gipsita Hemidrato
3 Reviso Bibliogrfica
20
revestimento. O gesso para fundio o material empregado na fabricao de pr-moldados
como peas para decorao, placas para forro, blocos reforados ou no com fibras e chapas
de gesso acartonado (drywall). O gesso para revestimento, objeto deste estudo, empregado
para revestir paredes e tetos de ambientes internos e secos. (ANTUNES, 1999)
Cincotto, Agopyan, Florindo (1998), definem gesso de construo como produto de
calcinao da gipsita contendo hemidrato em uma porcentagem mnima especificada [...] Em
decorrncia das condies de calcinao, pode conter em porcentagem menor as anidritas
solvel e insolvel e a gipsita. Se a matria-prima impurificada por quartzo, argila, calcita
ou dolomitas, estes constituem-se em impurezas do produto.
3.2.5 Propriedades importantes do gesso
Peres (et. al, 2001) afirma que, independente do tipo de gesso, alfa ou beta, ou
qualquer que tenha sido o mtodo pelo qual o gesso foi obtido, ele mantm em comum
algumas propriedades intrnsecas. Essas propriedades, segundo Peres (et. al, 2001), esto
descritas a seguir:
a) Pega
Peres (et. al, 2001), afirma que quando se mistura o gesso com gua, formando uma
pasta, ambos se combinam e como resultado o sulfato volta a apresentar a sua forma
bihidratado (CaSO4 . 2H2O). Essa reao, acompanhada de elevao da temperatura, um
pequeno aumento de volume e da transformao do estado pastoso em slido caracteriza o
fenmeno da pega.
Uma explicao para a pega do gesso que uma parte do Hemidrato se dissolve
rapidamente em contato com a gua, sua reao com 1,5 molcula de gua regenera o
bihidrato, que menos solvel (2,3 a 2,65 g/litro) se tornando, portanto, uma soluo
saturada, o que leva precipitao espontnea do bihidrato, formando uma pasta que vai
ficando cada vez mais pastosa at se tornar um slido em cerca de poucos minutos, como
pode ser observado no diagrama da Figura 3, no qual apresentado o ciclo de pega de um
gesso com cerca de 13 minutos de trabalhabilidade.
3 Reviso Bibliogrfica
21
Figura 3: Relao do estado fsico da mistura gua/Gesso com o tempo
Fonte: Peres, 2001.
b) Durao da pega
Segundo Peres (et. al, 2001), citada tambm como a diferena entre o incio e o fim
da pega ou como trabalhabilidade, a durao da pega corresponde ao intervalo de tempo no
qual a pasta de gesso apresenta uma consistncia ideal para a aplicao.
O mecanismo da pega no instantneo e varia com a composio do gesso
(mistura) e varia tambm diretamente proporcional quantidade de gua de empastamento.
Quanto maior a quantidade de gua de empastamento, maior o tempo de pega.
Outros fatores podem influenciar no tempo de pega como: a adio de aditivos
retardadores; adio de produtos especficos, como por exemplo, o Bisulfito de Sdio;
temperatura da mistura (gua/p).
No caso especfico da temperatura, o tempo de pega mais curto est para ma pasta
com temperatura em torno de 35C. Em torno desse valor a durao da pega aumenta como
exemplificado no diagrama da Figura 4.
3 Reviso Bibliogrfica
22
Figura 4: Relao da pega do gesso com a temperatura da pasta
Fonte: Peres, 2001.
A temperatura da pasta ser sempre a resultante entre a temperatura da gua e a
temperatura do gesso adicionado, assim, a temperatura da pasta ter um valor intermedirio
entre a temperatura das partes.
c) Expanso
Peres (et. al, 2001), diz que a reao de hidratao do gesso se processa segundo uma
reao endotrmica, com liberao de calor, e um aumento de volume, da ordem de 0,03 a
0,15% a depender do tipo de gesso. Por outro lado, durante a secagem, o gesso sofre uma
pequena retrao, de cerca de um dcimo do valor da expanso, provocada pelo deslocamento
da gua de mistura que se evapora. Dessa forma, o gesso hidratado e seco apresenta uma
dilatao volumtrica positiva.
Essa expanso uma das caractersticas que tornam o gesso um excelente material
para moldagem, j que a expanso o fora a preencher todas as fendas e detalhes das matrizes
ou moldes.
d) Hidratao ou formao da pasta de gesso
Segundo Peres (et. al, 2001), a formao da pasta ou hidratao do gesso se processa
segundo a reao de hidratao do gesso (CaSO4.0,5H2O) e no momento em que os cristais de
3 Reviso Bibliogrfica
23
dihidrato de clcio (CaSO4.2H2O) comeam a se formar, precipitam e formam uma rede de
agulhas aleatoriamente distribudas (Figura 5) que vo se formando em nmero cada vez
maior, at todo hemidrato de clcio ter se hidratado e o material ter atingido o endurecimento
mximo, o que explica o aumento da resistncia mecnica do gesso durante a hidratao.
Figura 05: Microscopia dos cristais de hemidrato do gesso.
Fonte: SILVA, 2010.
A quantidade de gua necessria rehidratao do gesso cerca de 18% do peso do
p, a depender do grau de desidratao do gesso; assim, todo o restante da gua adicionada
durante a preparao dever ser eliminada por secagem. A forma de secagem ir depender da
aplicao da pasta, que pode ser utilizada tanto para fundio de uma pea, como para o
revestimento de uma parede de alvenaria.
e) Comportamento frente ao fogo
Segundo Peres (et. al, 2001), uma das mais importantes propriedades do gesso a
sua capacidade de combater a propagao do fogo, classificado como M0, e estabilizar a
temperatura, por um determinado tempo, da regio onde o gesso foi utilizado.
Para se entender melhor esse assunto, vale ressaltar que os materiais, segundo seu
comportamento frente ao fogo, so classificados em cinco categorias, que vo de M0 a M5,
sendo classificados como M0 materiais incombustveis e M5 materiais facilmente
inflamveis.
3 Reviso Bibliogrfica
24
Por outro lado, quando aquecidos, a partir de 106C, os elementos ou revestimentos
de gesso iniciam o processo de desidratao, segundo uma reao endotrmica semelhante a
que acontece durante a calcinao do minrio, consumindo calor e ao mesmo tempo
estabilizando a sua temperatura at que toda a gua de cristalizao seja liberada, o que
representa cerca de 20% em peso da quantidade de gesso presente.
Durante todo o tempo em que o gesso est liberando gua, a sua temperatura no
ultrapassa 140C, o que o torna tambm um elemento corta fogo.
f) Comportamento Acstico
De acordo com Peres (et. al, 2001), os elementos ou revestimentos de gesso podem
contribuir para melhorar a sonorizao dos ambientes de diversas formas, por exemplo:
Graas continuidade dos revestimentos, sobre as alvenarias tradicionais, esses so
capazes de preencher todas as possveis fendas e orifcios por onde o som se
propaga;
Graas a sua plasticidade, o gesso permite a confeco de elementos decorativos com
geometria especfica capaz de suprimir ou atenuar reverberao oriunda de sons
emitidos dentro do ambiente, onde os elementos de gesso foram instalados.
g) Isolao Trmica
Peres (et. al, 2001), afirma que os revestimentos e elementos fabricados de gesso,
sozinhos ou associados com outros materiais, melhoram sensivelmente o isolamento trmico
de paredes em funo do seu baixo coeficiente de condutividade trmica. Esse coeficiente,
que no caso especfico do gesso varia com a umidade e com a densidade do material hidratado
e seco, da ordem de 0,25 a 0,50 de acordo com as caractersticas do tipo de gesso
empregado.
Possivelmente, o baixo coeficiente de condutividade trmica do gesso, associado a
sua forte inrcia trmica, responsvel pelo rebaixamento ou amortecimento da intensidade
com que o fluxo de calor ou frio se transfere, na parede, de um lado para o outro.
h) Higroatividade
Para Peres (et. al, 2001), de uma forma geral, os elementos ou revestimentos de
gesso, em razo de sua porosidade, absorvem a umidade do ar, quando essa se torna
excessiva, evitando assim a condensao sobre a superfcie das paredes.
3 Reviso Bibliogrfica
25
Por outro lado, quando a umidade relativa do ambiente atinge valores muito baixos,
inconvenientes para o ser humano, os elementos ou revestimentos de gesso liberam a gua
acumulada em seu interior regulando a condio higrotrmica ideal do ambiente.
Vale salientar que elementos e revestimentos de gesso tm sua higroatividade
diminuda em funo do tipo de pintura ou acabamento que for utilizado em sua superfcie e
que os piore resultados so encontrados para pinturas altamente impermeveis e os melhores
para revestimento com papel de parede ou tecidos. E ainda que, mesmo sendo impermeveis
gua, algumas pinturas so permeveis ao ar no qual o vapor de gua est contido.
i) Secagem do gesso
De acordo com Peres (et. al, 2001), a durao da secagem dos elementos e
principalmente dos revestimentos de gesso aps aplicao funo do tipo de gesso, mas
principalmente das condies higrotrmicas e da ventilao no ambiente.
Em casos extremos, quando se desejar diminuir o tempo de secagem aumentando a
temperatura do ambiente, deve-se ter o cuidado de evitar expor os revestimentos e elementos
de gesso a temperaturas prximas de 50C.
3.2.6 Revestimento projetado com argamassa de gesso
Com a chegada aos canteiros de obra das argamassas pr-misturadas, o processo de
revestimento com pasta de gesso tornou-se bastante simplificado pela eliminao da sua
preparao. Com isso, resta ao pessoal da obra o controle praticamente operacional de
variveis, como o tempo de utilizao, a relao gua/p, as espessuras e a eliminao dos
desperdcios.
O processo de revestimento projetado com argamassa de gesso permite um controle
perfeito das espessuras, pela execuo das mestras contnuas, e a adoo de uma relao
gua/p predefinida e uniforme, cujo controle realizado exclusivamente na mquina.
Por outro lado, como a mistura gua/p s se realiza quando a mquina entra em
operao de projeo, no existe estoque de pasta, o tempo em aberto deixa de ser uma
varivel crtica e o desperdcio pode ser controlado ou eliminado com facilidade, com o
treinamento adequado da equipe.
Existem no mercado cerca de seis marcas de mquinas para projeo de argamassas
de gesso. Tem-se em operao, no pas, as mquinas da PFT, Putzmeister, Turbosol e
3 Reviso Bibliogrfica
26
Putzneccht. As mquinas so robustas e facilmente adaptveis s condies de operao nas
obras. A Figura 06 mostra uma tpica mquina de projetar gesso.
Figura 06: Mquina de projetar pasta de gesso
Fonte: http://www.equipedeobra.com.br
As ferramentas e EPIs utilizados na execuo do revestimento projetado so,
genericamente, balde (se possvel de plstico, para facilitar o manuseio do gesso), esptula,
raspador, desempenadeira de alumnio, rguas de alumno, trena, luvas, capacete, culos e
protetor auricular.
Figura 07: Ferramentas utilizadas na projeo de gesso.
Fonte: http://www.equipedeobra.com.br
3 Reviso Bibliogrfica
27
As empresas de aplicao de argamassas de gesso projetado no Brasil se dividem em
dois grupos: o das construtoras, que montam equipes para aplicar o revestimento em suas
obras, e o de independentes que executam o revestimento de forma terceirizada.
A execuo de revestimentos sobre alvenarias convencionais com argamassa de
gesso projetado tem se mostrado um processo competitivo e facilmente assimilvel pela mo-
de-obra disponvel no Setor da Construo Civil.
As argamassas de gesso para projeo mecnica so constitudas basicamente por
Hemidrato de Clcio, Cal hidratada, Filer, Perlita e outros aditivos, misturados
automaticamente, em plantas industriais especficas que garantem a homogeneidade e a
repetitividade dos traos e consecutivamente o desempenho uniforme desses produtos.
Os aditivos so empregados para melhorar a trabalhabilidade das argamassas de
gesso influenciando, principalmente, o tempo de pega, a reteno de gua, teor de ar
incorporado, a fluidez e a consistncia.
Esses materiais, ao serem projetados, aps o tempo de trabalhabilidade. reagem
completamente alcanando, rapidamente, em cerca de 4 horas, nveis de resistncia mecnica
e dureza muito acima das conseguidas pelas argamassas convencionais e com a caracterstica
de no se desagregar pela ao da gua.
Segundo Peres (et. al, 2001), a execuo do revestimento com argamassa de gesso
projetado realizada com o auxlio de mquinas de projetar, operrios treinados e de
ferramentas convencionais no mbito da construo civil. A execuo do revestimento
compreende basicamente quatro etapas: mestrar, projetar, sarrafear e alisar.
a) Mestrar
Segundo Peres (2001), sobre os pontos de mestra definidos, normalmente pelos
construtores, so executadas as mestrar verticais utilizando gesso rpido, lento ou mesmo com
argamassa de projetar, como mostra a Figura 08. Alternativamente, podem ser utilizadas
mestras metlicas normalmente de alumnio ou ao galvanizado. Essas mestras serviro para
demarcar as reas de projeo e como base de apoio da rgua utilizada no sarrafeamento
(rgua H).
3 Reviso Bibliogrfica
28
Figura 08: Mestras verticais executadas com gesso
Fonte: Peres, 2001
b) Preparao da pasta
Segundo informaes da Revista Equipe da Obra (Edio 43), a mquina deve ser
alimentada com gesso em p quando estiver ainda desligada (Figura 09). Porm, depois de
iniciado o processo de projeo, o gesso pode ir sendo adicionado com a mquina em
funcionamento.
Figura 09: Alimentao da mquina de projetar pasta de gesso.
Fonte: http://www.equipedeobra.com.br
3 Reviso Bibliogrfica
29
c) Projetar
Segundo Peres (2001), aps o ajuste da relao gua/gesso, deixando a pasta com
uma consistncia adequada projeo na superfcie a ser revestida, se inicia a projeo com a
mquina. A aplicao da argamassa deve ser realizada de cima para baixo, formando filetes
horizontais (Figura 10) e na quantidade suficiente para preencher o pano na altura das mestras
e evitar o excesso de material. A espessura e largura dos filetes podem ser reguladas,
afastando e aproximando o bico de projeo e a espessura pode ser regulada em funo da
velocidade de deslocamento do bico sobre a superfcie, de modo a se poder atender com
preciso a necessidade de argamassa em cada rea da superfcie a ser revestida.
Figura 10: Projeo do gesso em filetes horizontais
Fonte: Peres, 2001.
d) Sarrafear
Peres (2001), aps o preenchimento dos panos, a superfcie deve ser regulada ou
sarrafeada de forma a se retirar o excesso de material, deixando o plano do revestimento
distorcendo com as mestras em ambos os lados (Figura 11).
3 Reviso Bibliogrfica
30
Figura 11:Sarrafeamento da superfcie
Fonte: http://www.equipedeobra.com.br
Quando da eventual falta de material para preencher o pano, a projeo deve ser
refeita de imediato. Pequenos defeitos na superfcie, aps a projeo, podem ser consertados
manualmente com uma desempenadeira de ao.
e) Alisar
Peres (et., al 2001), afirma que quando a superfcie do revestimento no mais se
deformar pressionada pelo polegar (trmino do comportamento plstico) est no momento
certo de se iniciar o alisamento ou fechamento da superfcie.Segundo a Revista Equipe da
Obra (Edio 43), aps a secagem, deve ser aplicada a desempenadeira lisa carregada com a
mistura de gesso para corrigir eventuais imperfeies, conforme ilustra a Figura 12.
Figura 12: Alisamento da superfcie
Fonte: http://www.equipedeobra.com.br
3 Reviso Bibliogrfica
31
3.2.7 Revestimento manual com pasta de gesso
Segundo Peres (2001), o revestimento manual pode ser aplicado sobre superfcies de
blocos cermicos de cimento, lajes e vigas de concreto, sobre massa nica e sobre blocos de
isopor.O gesso utilizado deve atender as exigncias fsicas especificadas na NBR 13.207
Gesso para Construo Civil Especificao.
Uma das caractersticas mais importantes de um bom gesso para revestimento a sua
trabalhabilidade representada pelo intervalo de tempo entre o incio e fim da pega ou
endurecimento.
O gesso para ser aplicado manualmente deve ser misturado em pequenas
quantidades, normalmente um saco de 40kg mais 30 litros de gua.
Para execuo do revestimento manual se utiliza as ferramentas convencionais da
construo civil como: caixotes de PVC ou madeira, desempenos grandes e pequenos de ao
ou PVC, esptulas de ao, rguas de alumnio, nvel, fio de prumo, esquadros, trena, broxa,
carril e tambores de PVC.
A pasta de gesso a ser aplicada deve ser preparada adicionando-se, lentamente, o p
de gesso sobre a superfcie da gua. Deve-se deixar o material em repouso at completa
embebeo, cerca de dois minutos. Aps esse perodo deve ser misturado cerca de 70% do
material para incio imediato do revestimento, deixando sem misturar o restante do material, o
qual ser utilizado no acabamento ou alisamento da superfcie revestida.
O processo de revestimento manual sabidamente um processo mais lento, mas
bastante usado ainda na construo civil, principalmente, em reas difceis de serem
trabalhadas como corredores de escada, poos de elevadores e outros. O processo atende
tambm plenamente a pequenas reformas.
A superfcie onde o gesso ser aplicado manualmente pode ser mestrada, embora
normalmente se aplique sem a necessidade de mestras. A pasta deve ser espalhada sobre a
superfcie a ser revestida com auxlio de uma desempenadeira de ao ou PVC. Essa operao
se repete enquanto, ao mesmo tempo, o operrio vai tentando deixar a superfcie o mais plana
possvel, utilizando uma rgua como num processo de sarrafeamento.
Quando as primeiras camadas de gesso j estiverem regularizadas e endurecidas, se
utiliza o restante da pasta, numa camada fina, para se executar o acabamento com um pequeno
desempeno de ao. O mesmo procedimento pode ser utilizado para revestimento de tetos ou
paredes.
3 Reviso Bibliogrfica
32
A revista Tchne (99 Edio, 2005) resume o processo de aplicao manual do
gesso em 9 passos, conforme ilustra a Figura13.
Figura 13: Etapas do revestimento manual com pasta de gesso
Fonte: Revista Tchne (99 Edio, 2005)
De acordo com a Revista Tchne (99 Edio, 2005), genericamente, os passos so:
a) 1 PASSO:Para revestimento de teto aplicar com rolo de textura mdia uma demo de
chapisco rolado na superfcie inferior das lajes para garantir a aderncia da pasta de
gesso;
b) 2 PASSO: Remover sujeiras, incrustaes e materiais estranhos como pregos, arames
e pedaos de ao at que o substrato fique uniformizado;
3 Reviso Bibliogrfica
33
c) 3 PASSO: Aps 72 horas (para lajes, devido o chapisco) iniciar a preparao
polvilhando o gesso na gua, dentro da argamasseira, at que o p esteja totalmente
submerso. A seguir, misturar at obter uma pasta homognea e sem grumos;
d) 4 PASSO: Comear o trabalho pelo teto, aplicando a pasta com o auxlio de
desempenadeira de PVC em movimentos de vai-e-vem;
e) 5 PASSO: Nas paredes, o deslizamento deve ser realizado de baixo para cima. Algum
tipo de referncia - ripa de madeira, pequenas taliscas ou batentes - deve ser escolhido
para medir a espessura da camada de revestimento;
f) 6 PASSO: Regularizar a espessura da camada, aplicando a pasta com a
desempenadeira, agora, no sentido horizontal. Cada faixa deve ser sobreposta
anterior e a espessura da camada deve ter de 1 a 3 mm;
g) 7 PASSO: Retirar os excessos limpando o teto e a parede com rgua de alumnio. Em
seguida conferir a espessura do revestimento junto referncia escolhida;
h) 8 PASSO: Limpar a superfcie com o canto da desempenadeira de ao para eliminar
ondulaes e falhas e, depois, aplicar nova camada de pasta para cobrir os vazios e
imperfeies da superfcie, assegurando a espessura final do revestimento;
i) 9 PASSO: Desempenar cuidadosamente os excessos e rebarbas exercendo uma certa
presso para obter a superfcie final. A aplicao de pintura deve respeitar o perodo
de cura e ser executada aps o lixamento da superfcie.
3.3 REVESTIMENTO COM ARGAMASSA CONVENCIONAL
Pereira (2010) afirma que os revestimentos de argamassa podem ser constitudos por
uma ou mais camadas, ou seja: emboo e reboco, e camada nica. A norma NBR 13749
(1995) indica as espessuras admissveis (Tabela 01), bem como nveis de aderncia mnimos,
dentre outros aspectos para essas camadas de revestimento.
3 Reviso Bibliogrfica
34
Tabela 01 - Espessuras admissveis de revestimento para parede (NBR-13749, 1995).
Camada de Revestimento Espessura (mm)
Interna Externa
Emboo 5 a 20 15 a 25
Emboo e Reboco 10 a 30 20 a 30
Camada nica 5 a 30 15 a 30
Azeredo (1987) classifica as argamassas, de acordo com sua funo, em cinco
classes:
a) Argamassa de aderncia (chapisco)
b) Argamassa de junta
c) Argamassa de regularizao
d) Argamassa de acabamento (reboco)
e) Argamassas especiais
Para esta pesquisa, interessam apenas as argamassas utilizadas como revestimento,
que sero descritas a seguir:
3.3.1 Argamassa de Aderncia (Chapisco)
Segundo Azeredo (1987), esta argamassa tem como finalidade proporcionar
condies de aspereza em superfcies muito lisas e praticamente sem poros como: concreto,
cermicas, tijolos laminados, tijolos prensados, etc., criando condies de receber outro tipo
de argamassa e, portanto, argamassa de suporte. Sua aplicao diferente, pois jogada com
certa violncia a uma determinada distancia de lanamento, para que haja um certo impacto, a
fim de dar maior aderncia e aspereza. A superfcie que ira receber o chapisco no deve ser
molhada antecipadamente, pois a argamassa de chapisco bastante fluida. Devido o seu modo
de aplicao, a perda muito grande. A sua aderncia semelhante a superfcie de uma
ralador, portanto, a finalidade proporcionar a aspereza em superfcies lisas, de pouca
rugosidade. Assim sendo, o primeiro cuidado que devemos ter de obter uma argamassa que
tenha maior quantidade de material fino, fino este que seja compatvel com a porosidade e a
resistncia do elemento de suporte.
3 Reviso Bibliogrfica
35
Pereira (2010) ressalta que, o chapisco um procedimento de preparao de base e
no se constitui de uma camada do revestimento. A espessura mdia deste tratamento situa-se
prxima a 5mm, dependendo das caractersticas granulomtricas da areia empregada. No se
recomenda usar espessuras muito maiores do que a mencionada, nem promover uma textura
excessivamente rugosa.
Pereira (2010) diz que a preparao de base para recebimento do revestimento
engloba um conjunto de operaes importantes, tanto do ponto de vista da execuo do
revestimento (permitindo que a argamassa ao ser lanada tenha adeso ao substrato), como
tambm do enfoque sobre a aderncia argamassa-substrato. Assim, tm-se: a remoo de
resduos, correo de irregularidade, remoo de incrustaes metlicas e o preenchimento de
furos, rasgos e depresses localizadas, lavagem e pr-umedecimento. Alm disso, com o
intuito de melhorar e adaptar o substrato emprega-se rotineiramente o chapisco, o qual visa
em sua essncia fornecer ao substrato uma textura adequadamente rugosa e com porosidade
adequada ao desenvolvimento da aderncia. A textura rugosa atua tambm nos momentos
iniciais ps aplicao favorecendo o mecanismo de adeso inicial.
Pereira (2010) relaciona os principais tipos de chapisco utilizados atualmente na
construo civil:
Chapisco Convencional: composto da aplicao de uma argamassa fluda de cimento e
areia mdia a grossa (suficiente para dar a textura necessria) com trao em volume da
ordem de 1:3 (cimento:areia). O procedimento de aplicao consiste em se lanar
energicamente o chapisco sobre a superfcie com a colher de pedreiro.
Figura 14: Execuo de Chapisco Convencional
Fonte: http://casabady2.blogspot.com.br
3 Reviso Bibliogrfica
36
Chapisco modificado com polmeros: muito parecido ao chapisco convencional,
diferenciando-se pelo emprego de adesivos polimricos ltex adicionados gua de
mistura.
Chapisco rolado: constitui-se da aplicao de uma argamassa cimento/areia de trao 1:3
(volume) em que se utiliza areia mdia a fina. Tambm so empregados na maioria das
vezes adesivos polimricos ltex. A aplicao feita com rolo de pintura (rolo para
textura), no se devendo fazer movimentos de vai-vem (ocorre selagem dos poros se isso
for feito). O substrato deve ter condies muito boas de planeza para uma correta
aplicao.
Figura 15: Execuo de Chapisco Rolado
Fonte: http://www.vivaacabamentos.com.br
Chapisco industrializado: recentemente a indstria de argamassas lanou o chapisco
industrializado, que consiste em uma argamassa industrializada a qual se mistura com
gua, e aplica-se a mesma sobre o substrato com o uso de desempenadeira denteada
(processo similar argamassa colante para assentamento de cermica). O aspecto final
obtido o de filetes orientados, sendo que a textura da formao dos filetes a rugosidade
obtida.
3.3.2 Argamassa de Regularizao (Emboo)
Depois de preparada a base com argamassa de aderncias (chapisco) iniciam-se as
camadas, propriamente ditas, do revestimento.
3 Reviso Bibliogrfica
37
Segundo Azeredo (1987), o emboo deve atuar como uma boa capa de chuvas, evitar
infiltrao e penetrao de guas sem, porm, impedir a ao capilar que transporta a umidade
de material da alvenaria superfcie exterior desta. Deve tambm uniformizar a superfcie,
tirando as irregularidades dos tijolos, sobras de massas, regularizando o prumo e alinhamento
de paredes.
J Pereira (2010), afirma que o papel do emboo (muitas vezes confundido com o
reboco) consiste em cobrir e regularizar a superfcie do substrato ou chapisco, propiciando
uma superfcie que permita receber outra camada, de reboco, de revestimento cermico, ou
outro procedimento ou tratamento decorativo (que se constitua no acabamento final).
Portanto, o emboo constitui-se de uma camada de argamassa aplicada (geralmente a mais
espessa do sistema de revestimento) que consiste no corpo do revestimento, possuindo
aderncia ao substrato, e apresentando textura adequada aplicao de outra camada
subseqente. Assim que o emboo normalmente emprega granulometria um pouco mais
grossa do que as demais argamassas (camada nica, reboco, por exemplo), e o acabamento
somente o sarrafeado (deve se deixar textura spera para melhorar a aderncia quando da
aplicao dos outros materiais, como ocaso da argamassa colante no assentamento de peas
cermicas, por exemplo).
3.3.3 Argamassa de Acabamento (Reboco)
Para Pereira (2010), o reboco a camada de revestimento utilizada para cobrir o
emboo, propiciando uma superfcie que permite receber o revestimento decorativo ou se
constitua no acabamento final. Sua espessura apenas o necessrio para constituir uma
superfcie lisa, contnua e ntegra.
Azeredo (1987) afirma que o reboco atua como superfcie suporte para pintura,
portanto, com aspecto agradvel, superfcie perfeitamente lisa e regular. Com pouca
porosidade e de pequena espessura, ordem de 2mm. Ela preparada com material inerte de
granulometria fina.
3.3.4 Revestimento de Camada nica
Segundo Pereira (2010), o revestimento de camada nica executado diretamente
sobre os substratos, sem a necessidade da aplicao anterior do emboo. Neste caso, a camada
3 Reviso Bibliogrfica
38
nica tem funo dupla, ou seja, deve atender as exigncias do emboo e da camada de
acabamento (reboco). Assim, so necessrias operaes especficas de execuo, como corte,
sarrafeamento e acabamento, realizadas momentos aps a aplicao. Na verdade, a argamassa
para ser sarrafeada deve perder a plasticidade inicial (necessria operao de aplicao), o
que ocorre pela suco de gua pelo substrato e por evaporao. Ao se executar o
sarrafeamento, a argamassa deve esfarelar pelo corte da rgua. O momento para execuo
do sarrafeamento feito por avaliao ttil do oficial pedreiro. Sarrafeamento precoce induz
ao surgimento de fissurao, e sarrafeamento retardado exige grande esforo para o corte da
argamassa. Portanto, deve-se cuidar quando da definio da extenso dos panos a revestir,
dimensionando equipes com produtividade adequada execuo do revestimento. As
operaes de acabamento (desempeno, camura, outras) ocorrem em momentos subseqentes,
e dependem das caractersticas que se desejam para o revestimento final.
4 METODOLOGIA
Na fase inicial de elaborao do presente trabalho utilizou-se para embasamento
terico-cientfico: pesquisa bibliogrfica em livros, revistas, artigos disponveis relacionados
utilizao do gesso como revestimento e tambm relacionados ao revestimento de argamassa
convencional ( base de cimento). Foram consultados tambm trabalhos cientficos e normas
tcnicas.
Com base nas informaes coletadas foi realizado um breve comparativo entre as
caractersticas do revestimento de argamassa convencional (cimento) e o executado com pasta
de gesso. Posteriormente, foi feita a organizao e compilao das informaes disponveis
sobre ambos, o que possibilitou a elaborao de um quadro comparativo onde podem ser
observadas as vantagens e desvantagens de cada um.
Na ltima fase de elaborao deste trabalho, foi realizado um estudo de caso na obra
do Residencial Via Parque da Empresa Albuquerque Engenharia LTDA, com filial na cidade
de Rio Branco/Acre. A obra fica localizada na Estrada da Floresta, n1893, Bairro Floresta,
prximo ao Shopping Via Verde. Nesta etapa, foram realizadas visitas a obra em busca de
informaes sobre a tcnica de utilizao da pasta de gesso para revestimento de paredes e
tetos, bem como as possveis informaes sobre mobilizao de pessoal, compra de material e
viabilidade de utilizao da tcnica na obra. Foram realizados registros fotogrficos da
execuo do revestimento com pasta de gesso, alm de outros aspectos importantes, como
armazenamento de material, tcnica de aplicao e desperdcio de material.
.
5 RESULTADOS E DISCUSSES
A seguir ser apresentada uma comparao entre as principais caractersticas e
propriedades do revestimento executado com pasta de gesso e o executado com argamassa
convencional (de cimento). A comparao foi realizada com base nos conhecimentos tericos
apresentados na Reviso Bibliogrfica e em outros estudos realizados neste mbito.
5.1 COMPARATIVO GESSO X ARGAMASSA DE CIMENTO
5.1.1 Fases de Aplicao
A aplicao dos revestimentos de argamassa de cimento , geralmente, realizada em
trs fases (chapisco, emboo e reboco), por esse motivo, implica em maiores custo de mo-de-
obra e de material. Com relao a este aspecto, a pasta de gesso tornou-se um material
alternativo de qualidade para aplicao de revestimentos internos porque pode ser aplicada
numa s camada (de espessura mxima de 5mm), diretamente sobre as paredes, se estas
apresentarem uma superfcie regular, obtendo-se uma economia em material e mo-de-obra
quando comparadas aos revestimentos tradicionais, aumentando a produtividade em obra.
Quando a superfcie no for regular, as pastas de gesso podem ser aplicadas sobre uma
camada regularizadora de emboo dispensando o reboco e a massa corrida, necessrios
aplicao da pintura, diminuindo tambm o custo.
5.1.2 Desempenho do conjunto Revestimento/Substrato
Por outro lado, quanto ao revestimento utilizando argamassas, de uma forma
genrica, pode-se adiantar que o desempenho depende do comportamento de um conjunto de
matrias como: a base ou substrato, a argamassa de preparo da base (chapisco), a argamassa
de regularizao (emboo) e, finalmente, a argamassa de acabamento (reboco). No caso
especfico de revestimento com argamassa de gesso, realizada de uma s passagem, o
desempenho de revestimento depende basicamente do comportamento do binmio
argamassa/substrato, o que diminui o nmero de variveis significativas, concorrendo para a
diminuio da quantidade de erros.
5 Resultados e Discusses
41
5.1.3 Trabalhabilidade
A trabalhabilidade uma das caractersticas mais importantes das pastas e
argamassas em geral, pois permite que estas sejam de fcil aplicao. Nas argamassas de
cimento, a trabalhabilidade depende de sua composio bem como da finura e forma dos
agregados. O gesso, por ser um material muito fino, resulta numa pasta com maior
trabalhabilidade, porm esta caracterstica resulta no rpido endurecimento, em geral inferior
a 20 minutos, aps misturado com gua.
5.1.4 Tempo de Aplicao
O tempo de aplicao para que o revestimento de alvenaria esteja pronto tambm
uma das vantagens do gesso sobre as argamassas tradicionais, devido ao rpido
endurecimento. Segundo Hincapi e Cincotto (1997), a camada de emboo deve ser aplicada
24 horas aps a aplicao do chapisco, e, o reboco, 7 dias aps a aplicao do emboo, sendo
necessrio 30 dias de secagem do reboco para aplicao da pintura. Comparativamente, as
pastas de gesso precisam de somente uma semana para que a superfcie esteja pronta para
receber lixamento e pintura.
5.1.5 Aderncia
Uma das propriedades mais importantes a mencionar a aderncia do revestimento
de gesso quando aplicado em diferentes tipos de substrato como tijolos, concreto e blocos
cermicos, de concreto, etc. Segundo Hincapi e Concotto (1997), um acompanhamento feito
em obra permite dizer que embora esta propriedade dependa de diferentes fatores como tipo
de substrato, limpeza e preparo da superfcie bem como o modo de aplicao, a aderncia do
gesso nos diferentes tipos de substratos alta, chegando a ter valores de tenso de
arrancamento de 1,5MPa, superior aos valores obtidos com revestimentos de argamassa,
sendo o valor exigido, para este ltimo material, pela ABNT, maior que 0,3MPa.
5.1.6 Acabamento (Lisura)
O acabamento do revestimento com gesso, quanto lisura da superfcie endurecida,
muito superior ao de argamassas de cimento e cal, mesmo quando estas so produzidas com
5 Resultados e Discusses
42
areias muito finas, o que confere ao gesso um acabamento de qualidade e base adequada
pintura.
5.1.7 Tempo de cura
A alta porosidade do revestimento, resultante da evaporao da gua de
amassamento, vai permitir um isolamento trmico e acstico, porm, estas propriedades
variam com a densidade e a espessura do revestimento. Uma outra vantagem a sua
resistncia ao fogo, devida baixa condutividade trmica do material e sua
incombustibilidade. O gesso endurecido conta com cerca de 20% de gua na sua composio;
pela ao trmica decompe-se consumindo calor e ao mesmo tempo, protege a estrutura
contra incndio atravs de gua combinada evaporada.
5.1.8 Durabilidade
O gesso possui uma alta durabilidade quando aplicado em interiores; em aplicaes
externas ou em reas molhadas, as pasta de gesso no apresentam um bom desempenho
devido sua solubilidade (2,1g/L), sendo um material pouco resistente ao da chuva.
5.1.9 Densidade
Hincapie e Cincotto (1997) afirmam que o gesso endurecido tem densidade aparente
baixa, da ordem de 1000 kg/m, sendo outra de suas vantagens. Dependendo da porosidade do
material, esta densidade pode ser ainda menor (800kg/m), produzindo um peso de 8kg por m
quando a espessura de revestimento de 10mm, assim reduzindo o peso das edificaes. As
argamassa produzem revestimentos de 30kg por m quando aplicadas com 20mm de
espessura.
5 Resultados e Discusses
43
5.2 QUADRO COMPARATIVO
O quadro comparativo apresentado a seguir foi elaborado com base nas propriedades
analisadas neste estudo e representa uma avaliao qualitativa entre os dois tipos de
revestimento.
QUADRO COMPARATIVO
GESSO X ARGAMASSA DE CIMENTO
ASPECTO / CARACTERSTICA GESSO ARGAMASSA
Fases de Aplicao
1
3
Trabalhabilidade Maior Menor
Tempo de aplicao Menor Maior
Tempo de cura Menor Maior
Massa especfica Menor Maior
Acabamento (lisura) Maior Menor
Comportamento frente ao fogo Maior Menor
Durabilidade frente umidade Menor Maior
Chapisco
Emboo
Reboco
Pasta de
Gesso
5 Resultados e Discusses
44
5.3 ESTUDO DE CASO (RESIDENCIAL VIA PARQUE)
5.3.1 Caracterizao da Obra
O estudo de caso foi realizado na obra do Residencial Via Parque da Empresa
Albuquerque Engenharia LTDA, com filial na cidade de Rio Branco/Acre. A obra fica
localizada na Estrada da Floresta, n1893, Bairro Floresta, prximo ao Shopping Via Verde,
conforme ilustra a Figura 16.
Figura 16: Localizao da Obra Via Parque
Fonte: Google Earth (Adaptado)
O Via Parque um empreendimento com aproximadamente 62.000 m de rea. Ele
composto por prdios de 4 andares, com 4 apartamentos por andar e 2 quartos por
apartamento, sendo construdos em alvenaria estrutural (Figura 17). O condomnio tambm
composto por diversas reas de convivncias arborizadas, quadras de areia, salo de eventos e
lojas de convenincia.
5 Resultados e Discusses
45
Figura 17: Vista Area da Obra Via Parque (construo dos prdios em alvenaria estrutural).
Fonte: Empresa Albuquerque Engenharia LTDA
5.3.2 Justificativa de Escolha da Tcnica
A tcnica de aplicao do gesso como revestimento no comum nas obras que vm
sendo executadas na capital do estado do Acre. Na obra do Residencial Via Parque essa
tcnica foi adotada em virtude das seguintes circunstncias:
Devido ao grande nmero de apartamentos (em nmero de 496, na primeira
fase) o tempo de execuo no apresentava folga suficiente para que todos os apartamentos
fossem revestidos com argamassa convencional, pois alm de necessitar da preparao da
superfcie (chapisco), o processo demandava um tempo de cura relativamente alto
(totalizando aproximadamente 30 dias para argamassa de cimento, contra 7 dias para a pasta
gesso), impedindo que novas frentes de servio adiantassem os acabamentos (massa corrida e
pintura, por exemplo).
O revestimento em gesso, alm de proporcionar excelente lisura da superfcie
no necessitaria de preparao da superfcie (podendo ser aplicado diretamente sobre o bloco
de concreto) e nem de acabamento com massa corrida, o que traria uma economia para a
5 Resultados e Discusses
46
realizao do servio. Esse item est garantido na NBR 13867, que afirma que a pasta de
gesso apresenta a caracterstica de boa aderncia s superfcies speras e absorventes, como o
bloco de concreto (utilizado na obra em estudo). A norma afirma ainda que as superfcies
revestidas com gesso, aps completa secagem, podem receber um acabamento final, como
pintura diretamente sobre o gesso.
Embasada nos fatores descritos acima, mesmo trazendo equipe de outro estado, a
Empresa Albuquerque Engenharia avaliou a tcnica de aplicao da pasta de gesso como
vivel, pois conseguiria reduzir o tempo de execuo do revestimento, que para o gesso bem
menor que para o revestimento com argamassa de cimento e, alm disso, ainda reduziria
custos de insumos utilizados na preparao da base (chapisco) e no acabamento (massa
corrida).
5.3.3 Subcontratao do servio
A Empresa Albuquerque Engenharia, assim como a maioria das empresas em Rio
Branco/AC, no possui funcionrios tecnicamente qualificados para a execuo de
revestimento com pasta de gesso. Dessa forma, a empresa Albuquerque Engenharia
subcontratou a Empresa Gesso da Mata para a realizao deste servio. A Empresa Gesso da
Mata tem sua filial em Aparecida de Goinia/GO.
5.3.4 Compra de Material e Armazenamento
O gesso em p, prprio para a preparao da pasta de gesso usada no revestimento,
foi adquirido em grande quantidade fretada de Goinia-GO. O material era descarregado
diretamente na obra Via Parque, conforme ilustra a Figura 18.
Figura 18: Descarga de gesso em p na Obra Via Parque (2012)
5 Resultados e Discusses
47
Neste contexto, a NBR 13207 (Gesso para Construo Civil) recomenda que quando
o gesso entregue em sacos, estes devem ter impressos de forma visvel em cada extremidade
o tipo correspondente (gesso para fundio, gesso para revestimento) e no centro o nome e a
marca do fabricante. Na Figura 05, observa-se a identificao nos sacos de gesso, estando de
acordo com a norma tcnica brasileira.
A NBR 13207 ainda sugere que os sacos de gesso devem ser armazenados em locais
secos e protegidos, para preservao da qualidade, e de fcil acesso inspeo e identificao
de cada lote. Na Obra Via Parque, parte dos sacos de gesso era armazenada dentro dos
prdios, em ambientes com pouca umidade, conforme se observa na Figura 19.
Figura 19: Armazenamento dos sacos de gesso na Obra Via Parque (2012)
5.3.5 Tcnica Adotada
Como descrito anteriormente, cada prdio do Residencial Via Parque composto de
quatro pavimentos. No pavimento trreo, devido facilidade de ao da umidade por
infiltrao, decidiu-se utilizar o revestimento convencional com argamassa de cimento, pois o
gesso na presena de umidade apresenta uma srie de patologias para a construo. A soluo
est em conformidade com a NBR 13867 (Revestimento interno de paredes e tetos com pasta
de gesso), pois recomenda que o revestimento em gesso seja aplicado em superfcies onde no
haja percolao de guas.
5 Resultados e Discusses
48
Na verdade, essa questo no desqualifica ou rebaixa a utilizao do gesso para
revestimento frente argamassa de cimento, pois ambos apresentam um srie de patologias na
presena de umidade. Nos demais pavimentos poderia ser executado revestimento em gesso
de acordo com a disponibilidade da equipe. A equipe de gesso era relativamente pequena em
comparao ao porte da obra, por esse motivo alguns apartamentos foram revestidos quase
totalmente em argamassa de cimento, j que a equipe para realizao deste servio era maior.
Alm de utilizar o gesso como revestimento nas paredes, o teto dos apartamentos
tambm era revestido com pasta de gesso, para isso era aplicada uma cola especial no fundo
da laje a fim de manter uma perfeita aderncia entre os elementos, conforme sugere a NBR
13867: Em superfcies demasiadamente lisas e de baixa absoro, recomenda-se a
escarificao, a aplicao de argamassa de chapisco de alta aderncia ou ainda a utilizao de
emulses adesivas.
O tipo de aplicao da pasta de gesso utilizada na Obra Via Parque foi o manual,
como ilustram as Figuras 20 e 21.
Figura 20: Aplicao manual de gesso em teto na Obra Via Parque (2012)
5 Resultados e Discusses
49
Figura 21: Aplicao manual de gesso em teto na Obra Via Parque (2012)
5.3.6 Desperdcio de material
Um dos maiores problemas enfrentados na construo civil o desperdcio de
material, pois um fator que pode torna o custo da obra bem mais oneroso que o previsto.
O gesso um dos materiais mais problemticos com relao ao desperdcio, pois
apresenta um tempo de pega curto (em torno de 30 minutos). Neste sentido, a NBR 13867
recomenda que a pasta de gesso para revestimento seja preparada em quantidade suficiente
para ser aplicada antes do incio da pega, pois a pasta que se encontrar no estado de
endurecimento no se tornar novamente trabalhvel com adio de gua. Na Obra Via
Parque, ocorreu um grande desperdcio de gesso, como pode ser observado na Figura 22.
5 Resultados e Discusses
50
Figura 22:Desperdcio de gesso na Obra Via Parque (2012)
6 CONCLUSES E SUGESTES PARA PESQUISAS
FUTURAS
6.1 CONCLUSES
Assim como a maior parte dos materiais e tcnicas empregadas na engenharia, um
tipo de revestimento considerado satisfatrio quando desempenha as funes para as quais
ele foi designado. Entretanto, sabe-se que para tal necessrio que sejam atendidas s
recomendaes de utilizao do material, bem como observados os aspectos de conservao e
manuteno dos mesmos. Neste sentido, no h maneira genrica de comparar dois tipos de
materiais e chegar a uma concluso absoluta de qual o melhor entre eles, pois o desempenho
de cada um depender das condies de aplicao, cabendo ao profissional fazer a escolha do
material em funo da situao. Porm, no decorrer deste estudo foram avaliadas as principais
propriedades do revestimento utilizando a pasta de gesso comparada ao revestimento com
argamassa convencional ( base de cimento).
Pde-se concluir que, apesar de pouco utilizado, o gesso apresenta propriedades
excelentes para revestimento, como: aplicao em apenas uma etapa e endurecimento rpido,
proporcionando rapidez na execuo dos servios e alta produtividade; excelente
trabalhabilidade e superfcie que pode dispensar a utilizao de acabamento final; boa
aderncia aos substratos, que lhe conferem bom desempenho durante o uso; entre outas.
6.2 SUGESTES PARA FUTURAS PESQUISAS
Na eventualidade da realizao de pesquisas futuras acerca da utilizao do gesso para
revestimento de paredes, sugere-se:
Realizar um estudo de produtividade para melhor avaliao da rapidez de execuo do
revestimento base de gesso;
Realizar um estudo econmico que possibilite uma melhor anlise dos tipos de
revestimento abordados neste trabalho.
Fazer uma vistoria na obra estudada a fim de verificar as condies do revestimento
com pasta de gesso, no que se refere umidade decorrente do clima da regio norte.
52
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 13207: Gesso para
Construo Civil. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 13281: Argamassa para
assentamento e revestimento de paredes e tetos. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 13749: Revestimentos de
Parede e tetos de Argamassas Inorgnicas - Especificao. Rio de Janeiro: ABNT, 1996.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 13867: Revestimento
interno de paredes e tetos com pasta de gesso - Materiais, preparo, aplicao e acabamento.
Rio de Janeiro: ABNT: 1997.
ANTUNES, Rubiane Paz do Nascimento. Estudo da Influncia da Cal Hidratada nas Pastas
de Gesso. USP: So Paulo, 1999.
AZEREDO, Hlio Alves de. O edifcio e seu acabamento So Paulo: Blucer, 1987.
BALTAR, Carlos Adolpho Magalhes; BASTOS, Flavia de Freitas; LUZ, Ado Benvindo de.
Comunicao Tcnica elaborada para Edio do Livro Rochas & Minerais Industriais:
Usos e Especificaes. Rio de Janeiro: CETEM, 2005.
Blog Casa Bady Bassitt - Disponvel em:
Acesso em: 10/01/2013.
CINCOTTO, Maria Alba; AGOPYAN, V; FLORINDO, M. C. O gesso como material de
construo composio qumica (1 parte). Instituto de Pesquisas Tecnolgicas. Diviso de
Edificaes. Tecnologia de Edificaes. So Paulo, 1998.
53
CINCOTTO, Maria Alba; AGOPYAN, V; FLORINDO, M. C. O gesso como material de
construo composio qumica (2 parte). Instituto de Pesquisas Tecnolgicas. Diviso de
Edificaes. Tecnologia de Edificaes. So Paulo, 1998.
Dicionrio Online de Engenharia Civil e Construo Civil - Disponvel em: Acesso em 04/09/2012.
HINCAPI, ngela Maria; CINCOTTO, Maria Alba. Seleo de Substncias Retardadoras
do Tempo de Pega do Gesso de Construo. So Paulo, 1997.
PERES, Luciano. BENACHOUR, Mohand; SANTOS, Valdemir A. dos - O Gesso: Produo
e Utilizao na Construo Civil. Recife: Editora Bagao, 2001.
PEREIRA, Solano Alves. Procedimento Executivo de Revestimento Externo em Argamassa.
UFMG: Belo Horizonte, 2010.
REVISTA TCHNE. Edio 99. Junho: So Paulo, 2005. Revestimento de Gesso Liso.
Disponvel em:
Acesso em 13 de Dezembro de 2012.
REVISTA EQUIPE de OBRA. Edio 43. So Paulo: Novembro, 2011. Gesso projetado.
Disponvel em: Acesso em: 10 de Janeiro de 2013.
ROCHA, Carlos Augusto Laranjeira. O Gesso na Indstria da Construo Civil:
Consideraes Econmicas sobre Utilizao de Blocos de Gesso. UFPE: Recife, 2007.
SILVA, Cibelle Guimares. Inovaes tecnolgicas para melhor aproveitamento do gesso
na construo. UFPB: Joo Pessoa, 2010.
SUMRIO MINERAL. Repblica Federativa do Brasil, Ministrio de Minas e Energia e
Departamento Nacional de Produo Mineral, Braslia, DNPM/DIPLAM, 2011.
54
Viva Acabamentos - Disponvel em: Acesso em:
15/01/2013.