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Page 1: Revista Mineira de Engenharia - 26ª Edição

edson durão Judice é o engenheiro do Ano 2014TeLeCOmuNICAçõessem projetos de engenharia, cai a qualidade dos serviços

CLImA NO BRAsILAlterações climáticas, vão afetar diferentes áreas da engenharia

sede dA smeLançamento da Campanhade Revitalização tem apoio do setor de engenharia

Ano 5 | Edição 26 | Novembro - Dezembro | 2014

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Vencidas as eleições governamentais,muitas incertezas pairam, ainda, sobre ofuturo do País, sobretudo, nos dois pró-ximos anos. Atualmente, convivemoscom uma inflação em alta e com umaprevisão de PIB cada dia menor. Muitoembora a taxa de desemprego tenhaexperimentado leve redução, na indús-tria o desemprego é cada vez maior. Eisto afeta, diretamente, o mercado detrabalho de engenharia, com demissõesde profissionais se avolumando e comredução do rítmo das atividades econô-micas para as empresas de engenharia.

No nosso entendimento, o fraco desen-volvimento econômico ao lado da se-vera seca que assolou o País, são doisdesafios que necessitam ser superadospara que tenhamos uma conjunturamais favorável daqui para a frente. Aseca que ocorreu no Sul e no Sudestebrasileiro foi a pior das últimas quatrodécadas, tendo afetado milhões de pes-soas que sofreram com a falta d’águaem suas casas. Uma estiagem prolon-gada, com possibilidade de acarretaruma crise energética, teria um efeitodevastador para o setor produtivo.A lamentar, que não basta chover paraque a seca seja revertida. Só chuvasabundantes e contínuas poderãopreencher os leitos subterrâneos e ga-rantir que os reservatórios alcançem,pelo menos, a mesma capacidade deacumulação registrada, ao final demarço de 2014. A ajuda de São Pedroserá decisiva para que não haja, em2015, racionamento de água e energia!

Neste número da Revista da SME trata-mos da seca e, também, de uma questãomuito abordada pelos candidatos à Pre-sidência da República em seus progra-

mas: o tema da educação. Para a SME, aeducação em todos os níveis, da pré-es-cola à pós-graduação, da educação for-mal à tecnológica, é fundamental paraque haja cidadania e o Brasil se afirmecomo uma Nação moderna e soberana.Por isso, este ano, pela primeira vez emsua história, a SME fará a outorga daMedalha e o Título de Engenheiro doAno de 2014 a um profissional da aca-demia. Trata-se do eminente ProfessorEdson Durão Judice que, por 65 anos,exerceu o magistério tanto na UFMGquanto na PUC Minas, tendo lecio-nado para inúmeras gerações de pro-fissionais da engenharia. Parabéns,Professor Edson! Que a vida continuesendo-lhe generosa!

Por fim, ao aproximarmos do final doano, queremos, em nome dos diretorese conselheiros da SME, nos confraterni-zar com os colegas engenheiros deMinas Gerais e suas famílias, pela passa-gem das festas natalinas e a proximidadedo ano novo. Em especial, queremosagradecer a todos que já se manifesta-ram solidários com a Campanha de Re-

vitalização da Sede da SME, lançada pelanossa entidade, no dia 14 de novembroúltimo. Essa Campanha é uma respostada atual Direção da Entidade, que en-tende que está fazendo a sua parte aolutar para que a SME volte, o mais brevepossível, à sua Sede; para resgatar o es-pírito que fez da SME uma das entidadesde maior prestígio e tradição da enge-nharia de Minas Gerais.

Estamos percorrendo todos os cami-nhos focados neste objetivo: entabu-lando negociações com entidades declasse parceiras, buscando alternativasna iniciativa privada, analisando as pos-sibilidades da Lei Rouanet para projetosculturais, dentro da perspectiva de fazerda sede da SME, além da Casa do Enge-nheiro, um centro técnico-cultural quepor sua localização privilegiada, um diapoderá se vincular ao Circuito Culturalda Praça da Liberdade, iniciativa exitosado Governo de Estado de Minas Gerais.Queremos enfatizar que precisamos daajuda de todos! Dos profissionais, dasempresas e das entidades de classe daengenharia, para que possamos resgatara SME para a Sociedade. Este é um com-promisso da atual Gestão, mas acima detudo, uma causa que vem, há anos, desa-fiando a engenharia mineira e que pre-cisa, definitivamente, ser equacionada,como demonstração de nossa capaci-dade em superar as adversidades,começando em nossa própria Casa.Agradecemos as sugestões e a colabo-ração de cada um. É possível resgatar aalma da SME, trazendo de volta os bonstempos do passado! O futuro da SMEdepende de todos nós! Diga sim à Re-vitalização da Sede da SME!

edITORIAL | PALAvRA dO PResIdeNTe

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desafios para o futuro

Augusto DrummondPresidente da SME

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COmPROmIssO COm vOCê!

A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de suaequipe, tem desenvolvido uma série de trabalhospara atender cada vez mais e melhor a cada um dosassociados.

Em seus 83 anos de existên-cia, a SME trabalha para inte-grar, desenvolver e valorizara Engenharia, a Arquitetura,a Agronomia e seus profis-sionais, contribuindo para oaprimoramento tecnoló-gico, científico, socioculturale econômico.

PROduTOs e seRvIçOs

Em nosso site há uma série de produtos e serviçoscomo cursos, palestras, seminários, eventos e umaextensa gama de convênios que você poderá des-frutar.

São descontos de até 20% em academias, empresasautomotivas, de artigos de decoração, buffets, clubes,consultórios, cursos de idiomas, empresas de turismo,

faculdades, floriculturas, gráficas,informática, laboratórios, óticas,planejamento financeiro, segu-ros, serviços fotográficos, hotéis,beleza e estética, entre outros.

COmPROmIssO COm O FuTuRO

Aprimoramento profissional einovação tecnológica tambémtêm sido uma das grandes ban-

deiras da SME para oferecer os me-lhores produtos e serviços para você e sua família.

Por meio de nosso site, da revista, dos eventos e da par-ticipação nas redes sociais, a SME tem se tornado, cadavez mais, um canal aberto para ouvir suas sugestões epara representar seu interesse.

veNHA PARA sme

Mais informações: www. sme.org.br - (31) 3292 3962 ou [email protected]

Augusto Celso Franco DrummondPresidente

Alexandre Francisco Maia BuenoVice-Presidente

José Ciro MotaVice-Presidente

Luiz Henrique de Castro CarvalhoVice-Presidente

Marita Arêas de Souza TavaresVice-Presidente

Virginia Campos de OliveiraVice-Presidente

Alexandre Rocha ResendeDiretor

Antônia Sônia Alves Cardoso DinizDiretora

Fabiano Soares PanissiDiretor

Humberto Rodrigues FalcãoDiretor

Janaína Maria França dos AnjosDiretora

José Andrade NeivaDiretor

Krisdany Vinicius Santosde Magalhães CavalcanteDiretor

Marcelo Monachesi GaioDiretor

Túlio Marcus Machado AlvesDiretor

Túlio Tamietti Prado GalhanoDiretor

CONSELHO DELIBERATIVO 2014

Ailton Ricaldoni LoboPresidente

ConselheirosAlberto Enrique Dávila Bravo Carlos Eustáquio Marteleto Eduardo Paoliello

Fernando Henrique Schuffner NetoFlavio Marques Lisbôa Campos Francisco Maia NetoJorge Pereira RaggiJosé Luiz Gattás HallakJosé Raimundo Dias FonsecaLevindo Eduardo Coelho NetoLuiz Celso Oliveira AndradePaulo Henrique Pinheiro de VasconcelosRodrigo Octávio Coutinho FilhoWilson Chaves Júnior

CONSELHO FISCALCarlos Gutemberg Junqueira AlvimPresidenteConselheirosAlexandre Heringer LisboaJoão José Figueiredo de OliveiraJosé Eduardo Starling Soares Marcelo Aguiar de Campos

Coordenador EditorialJosé Ciro Mota

Jornalista ResponsávelLuciana Maria Sampaio MoreiraMG 05203 JP

Revisão / Contato EditorialJalmelice Luz - MG 3365 [email protected]

Projeto Gráfico / DesginBlog ComunicaçãoMarcelo Távora [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Depto. Comercial Blog Comunicação & [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Tiragem: 10 mil | BimestralDistribuição Regional (MG)Gratuita

Publicação | SMESociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andarSanto Agostinho | Belo Horizonte Minas Gerais | CEP - 30170-001Tel. (31) 3292 3962 [email protected] www.sme.org.br

ApoioPublicação

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26TELECOMUNICAÇÕESA falta de qualidade dos serviços se deve à falta de engenheiros

34MESTRES DA ENGENHARIA Angélica Cássia Oliveira Carneiro

PRÊMIO DE CT&ISME terá parceria da FIEMG

ENGENHEIROS NA POLÍTICANovos engenheiros no Legislativo de Minas Gerais e do Brasil

ENGENHEIRO DO ANOEntrevista com Edson Durão Judice

20CLIMA & ENGENHARIA Alterações climáticas vão afetar diferentes áreas da Engenharia

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38ARTIGO | BIOMASSAUma Oportunidade Energética

CAPITAL HUMANOEstudante de Engenharia Mecânica recebe prêmio em Paris

40ARTIGO | COMPETITIVIDADELuiz Fernando Pires

EVENTO SME Campanha de Revitalização da Sede da SME10

JOVEM ENGENHEIRO Walter Gervásio Ladeira

ARTIGO | CLIMA E SECAMarcelo de Deus

ARTIGO | PLATAFORMA BIMÍtalo Batista

48ARTIGO | CURSOSLéu Soares de Oliveira

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NOTAS DO SETOR

O presidente da SME, Augusto Drummond, participou da formatura dequatro turmas de engenheiros (civil, mecânica e elétrica), na sede da Fiemg.Trata-se do Programa Futuros Engenheiros, inédito no Brasil, criado peloSistema FIEMG e implantado pelo IEL, SESI e SENAI-MG, em parceria comempresas e instituições de ensino. Os 59 formandos de quatro turmas(duas de Engenharia Civil, uma de Mecânica e uma de Elétrica) realizaramo curso no primeiro semestre de 2014. A solenidade, conduzida pelo pre-sidente da FIEMG, Olavo Machado Júnior, foi realizada no auditório daFIEMG.

FUTUROS ENGENHEIROS

REUNIÃO DIRETORIA

A diretoria da SME tem se reunido, regularmente, todas as segundas-fei-ras, às 18 horas, para discutir assuntos de interesse de seus associados eplanejar os principais eventos para este fim de ano, a exemplo da Cam-panha de Revitalização da Sede da entidade lançada, no último dia 14 denovembro, e os preparativos para a realização da entrega da Medalha So-ciedade Mineira de Engenheiros e o Título de Engenheiro do Ano de 2014ao professor emérito Edson Durão Judice.

O IMEC - Instituto Mineiro de Engenharia Civil realizou, no período de 5 a 6 dedezembro, o curso de “Dimensionamento e detalhamento (completo) de vigas deconcreto armado”. O objetivo é definir o que é uma viga, o que é tensão, como sefaz a verificação da estabilidade de um elemento estrutural e quais são as tensõesem uma viga. O curso é dirigido aos Engenheiros, projetistas e estudantes de gra-duação, em etapas finais do seu curso, que desejam trabalhar na área de ProjetosEstruturais. O curso foi realizado no CREA-MG - Av. Álvares Cabral, 1.600 - Sto.Agostinho - BH/MG.

CONCRETO ARMADO

A fim de contribuir com a po-sição que o Brasil levará à Con-ferência das Partes da ONUsobre mudanças climáticas, aCOP-20, integrantes da indús-tria debateram com representante do Itamaraty compro-missos e propostas do setor. O encontro foi realizado nasede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), emBrasília. A COP-20 acontecerá nas duas primeiras sema-

nas de dezembro, em Lima, no Peru. Alémde preparar um documento para a confe-rência, a indústria busca auxiliar o Itama-raty quanto à posição que o país levarápara a COP-21, prevista para o fim de

2015, em Paris, ocasião em que se espera um grandeacordo internacional para redução de emissões de gasesde efeito estufa. Mais informações no http://www.portal-daindustria.com.br.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Fonte Fiemg

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O professor aposentado da UFMG, Leo Heller, é o novo relator especial da ONU sobreágua e saneamento. Heller já foi comunicado da escolha, mas aguarda a oficialização daindicação. Sua primeira reunião em Genebra (Suíça), sede da entidade, deve ocorrerem dezembro, quando começa seu mandato de três anos (renováveis por mais três).Na ocasião será definido o plano de ações para 2015. Um dos focos do novo relatoré o continente africano. A partir do próximo ano, Heller terá a missão de garantir quegovernos cumpram o dever de fornecer água e saneamento a população. Aos 59 anos,Heller foi indicado ao cargo pelo presidente do Conselho de Direitos Humanos daONU, Baudelaire Ndong Ella, no fim de setembro/14. O processo para escolha foi longo entre mais de 20 candidatos devárias partes do mundo. Entre outras tarefas, o relator deve também elaborar recomendações para governos, para asNações Unidas e para outras entidades interessadas sobre o tema.

Fonte: Jornal Estado de Minas

BIOMASSA

A Bolt Energias assina um contrato para desenvolvimento da UTECampo Grande BioEletricidade, maior usina termelétrica a biomassada América Latina, localizada em São Desidério (BA). A LEME Enge-nharia, do Grupo francês GDF SUEZ, prestará serviços de engenha-ria do proprietário, etapa que contempla a gestão das obras doprojeto, logo após a fase de planejamento. Ao todo, 18 profissionaisda LEME Engenharia atuarão, a partir deste mês, na revisão do pro-jeto executivo (design review), que terá duração de 12 meses. Aindafarão a supervisão das obras de construção da usina, a partir do pri-meiro trimestre de 2015, estendendo-se por cerca de 30 meses. Aobra vai gerar aproximadamente 700 postos de trabalho e tem pre-visão de ser inaugurada no segundo semestre de 2017. O investi-mento total da Bolt Energias na térmica é de R$ 650 milhões. Parao presidente da LEME Engenharia, Flavio Campos, o contrato cele-brado com a Bolt Energias para o desenvolvimento da UTE CampoGrande BioEletricidade reforça o posicionamento estratégico da em-presa de ampliar sua participação em novos setores de atuação.

RELATORIA DA ONU

O Conselho Federal de Engenharia e Agrono-mia (Confea) homologou, no dia 27 de no-vembro/14, durante a Sessão Plenáriaordinária nº 1.415, a maior parte das candida-turas vencedoras das eleições gerais do Sis-tema Confea/Crea e Mútua em 2014. Foramhomologadas as eleições para presidente doConfea, cinco conselheiros federais e 21 dos27 presidentes de Creas. O engenheiro civilJosé Tadeu da Silva foi eleito para o segundomandato à frente do Conselho Federal de En-genharia e Agronomia com 49.3% dos 61.290votos válidos. Os dois outros candidatos àpresidência do Confea foram: José Eduardo dePaula Alonso e Henrique Leite Luduvice. EmMinas Gerais, o engenheiro civil Jobson No-gueira de Andrade foi eleito para o segundomandato, na presidência do Crea-MG. Os elei-tos tomarão posse no início de 2015.

ELEIÇÕES DO SISTEMACONFEA/CREA E MÚTUA

PERDA

A SME relembra o engenheiro eletricista Fábio Celso de Castro Tito, ex-presidenteda Comissão Técnica de Energia da entidade, que faleceu no último dia 31 de ou-tubro. Fábio Tito formou-se, em 1966, na Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG), tendo dedicado sua vida à engenharia. Foi funcionário da CompanhiaEnergética de Minas Gerais – Cemig, onde ocupou o cargo de superintendente,prestando serviços à empresa, durante 35 anos, até sua aposentadoria. Ele deixouesposa e quatro filhos.

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NOTAS DO SETOR

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Será realizado o I Congresso Men-tor Industrial - 1º Congresso On-line para a Indústria MetalMecânica no Brasil, no período de8 a 14 de dezembro de 2014. Ocongresso será online. Mais infor-mações: http://www.mentorindus-trial.com.br/teaser/

PRESIDENTE DA CEMIG É UM DOS 30 MELHORES EXECUTIVOS DO MUNDO

O presidente da Companhia Energética de Minas Ge-rais – Cemig, Djalma Bastos de Morais, é um dos 30melhores presidentes e CEOs (chief executive offi-cers) de empresas de todo o mundo, em ranking rea-lizado pela revista Harvard Business Review e a escolade negócios Insead.

O ranking de dirigentes empresariais de melhor desempenho teve início em2010, este ano, foram analisados 3.143 presidentes de empresas. Nove execu-tivos de corporações brasileiras fazem parte do ranking completo com os cemCEOs de melhor desempenho do mundo, sendo que o presidente da Cemigficou na 30ª colocação.

PREVENÇÃO DE INCÊNDIO

No período de 15 a 17 de dezembro, o IMECrealizará o curso de Elaboração de Projeto e Pre-venção de Incêndio. O curso é direcionado paraengenheiros, arquitetos, estudantes, do setor deconstrução civil, e profissionais da área que de-

sejam ampliar seus conhecimentos acercado tema. O local de realização será noCREA-MG - Av. Álvares Cabral, 1.600.Bairro Santo Agostinho - BH/MG. Maisinformações: www.imecmg.org.br.

CURSOS GRATUITOS PARA ENGENHEIROS

Convênio com IETEC permite o estudode aperfeiçoamento aos filiados de asso-ciações de classe vinculadas ao CREA-MG.

Com o objetivo de contribuir para aatualização, qualificação e valorização dosprofissionais de engenharia, o CREA-MGe o IETEC firma convênio. Estabelecidodesde agosto de 2014, a parceria possuitambém o apoio de associações declasse, para oferecer 12 cursos que via-bilizam o alcance destes objetivos.

Os cursos das categorias rápidos e demédia duração gratuitos ofertados no

convênio são ministrados na modalidadede Educação a Distância (EAD), que per-mite o acesso a qualificação profissional,levando em consideração a dispersãogeográfica dos associados/afiliados.

A conexão entre a área acadêmica e a in-dústria é fundamental para o mercado detrabalho, principalmente para a Engenha-ria, que procura evidenciar, através deuma nova cultura no país de educaçãocontinuada, facilitar a qualificação de pro-fissionais.

Para Guilherme Henrique BomfimGomes, engenheiro eletricista do GrupoCamargo Corrêa, a realização do curso

à distância de Planejamento e Controleda Manutenção (PCM) colaborou para aescolha de mais dois novos cursos.“Tenho interesse em realizar um novoestudo e já fiz minha inscrição para ocurso de Custos e Orçamentos de Em-preendimentos, que irá contribuir comminhas atividades profissionais, além tam-bém o curso Preparatório para o ExamePMP, para obter uma certificação”.

O aperfeiçoamento técnico, científico,inovador e cultural aos profissionais,por meio do convênio, garante aosprofissionais do CREA-MG e a socie-dade, um exercício profissional digno esustentável.

Estão abertas as inscrições de cursos à distância para en-genheiros associados à SME. Os cursos têm o objetivo decontribuir para a atualização, qualificação e valorização dosprofissionais de engenharia.

Os cursos são: Gerenciamento de Projetos; Gestão dePessoas em Equipes de Projetos; Gestão de Pleitos emProjetos; Preparatório para o Exame PMP; Liderança e

Gestão de Pessoas; Administração de Contratos; Ge-renciando Projetos com o MS Project; Custos e Orça-mentos de Empreendimento; Planejamento daEngenharia de Empreendimentos Industriais; Gerencia-mento de Projetos Industriais de Construção e Monta-gem; Elaboração e Análise de Proposta TécnicaComercial; Gestão da Inovação. Inscreva-se pelo sitewww.ietec.com.br/crea.

CURSOS DE ENGENHARIA PARA ASSOCIADOS DA SME

CONGRESSO ONLINE

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CAmPANHA de RevITALIzAçãO dA sede dA sme

AJude ABRIR esTAs PORTAs

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Depois de anos de fechamento, as portas do salão principal da sede da SME, na Rua Timbiras, 1514, BairroLourdes, foram reabertas, temporariamente, para o Lançamento da Campanha de Revitalização do Pré-dio Sede da entidade. Lá compareceram dezenas de engenheiros, associados, ex-presidentes, autoridades,representantes de entidades classistas e sindical, que apoiam a iniciativa. A entidade passa por momentos

difíceis tanto financeiros quanto administrativos.

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Campanha de Revitalização da sede da sme

Auditório e instalações da sede em estado de deterioração

sme | sede

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Durante o happy hour, houve visitaçãoa quatro andares do prédio, o que cau-sou surpresa, espanto e decepção emvários participantes pelo estado de de-terioração das instalações do edifício.Infiltrações no teto e paredes, audi-tório com o teto parcialmente des-truído, paredes com rachaduras, pisoe acabamento quebrados, fachada pi-chada. Foi necessário cobrir a en-trada do prédio com tapume paraevitar mais estragos. Com instalaçõessem condições de uso, a SME foipouco a pouco reduzindo suas ativi-dades, como se estivesse perdendo,ao mesmo tempo, a sua alma.

Apesar da comoção provocada na-queles que viram, de perto, os estra-gos na edificação, o lançamento daCampanha de Revitalização renovouo entusiasmo e o compromisso coma recuperação do prédio, símbolo daEngenharia em Minas Gerais, e es-paço de encontro dos profissionaispara debates, formulação de pro-

jeto e, também, para o lazer com osbailes que marcaram época. For-mou-se fila de doação para que oprojeto de reforma saia do papel.Vários engenheiros também perfi-laram para a filiação à entidade.

O prédio cujo valor comercial é es-timado em R$ 25 milhões, para serreformado em um nível de qualidadeadequado, face ao atual grau de de-terioração, exigiria investimentos decerca de R$ 3 milhões. A área útil doprédio é de cerca de 3.800 m2, dis-tribuídos em seis andares e o esta-cionamento. O projeto de reformajá foi elaborado, estando a SME em-penhada na busca de recursos paraa obra.

O presidente da entidade, AugustoDrummond, durante discurso deagradecimento aos presentes, disseque a SME esta viva e que precisae vai se fortalecer. “A engenhariamineira não pode prescindir de

entidades como o SICEPOT, SIN-DUSCON, CREA-MG, SENGE-MG,entre outras entidades, e de umaSME forte”. Drummond explicouque “em primeiro lugar, o que nosmotiva é ter aqui pessoas que acre-ditam que a SME é capaz de sereescrever e estar na vida dos en-genheiros em Minas”.

Augusto Drummond anunciou quetem mantido conversações com en-tidades de classe, na área da cons-trução civil, por exemplo, para ter oprédio sede reerguido. “Se depen-desse de mim, em agosto de 2015, jáestaríamos na nossa Casa. Todos sãoparte importante para termos umaSME forte. Nós queremos muito decada um de vocês. Seremos nóstodos que vamos colocar a SME naposição que ela merece e que serágravada na sua história”. Durante oevento, ficou exposto o projeto dereforma do prédio apresentado peloescritório Dávila Arquitetura.

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Presidente da sme, Augusto drummond, fala da necessidade de apoio para revitalizar a sede da entidade

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Augusto drumond, suzanne Beaudette, mônica Cordeiro, José Ciro e Luiz Henrique

Rodrigo Coutinho, Augusto drummond, José da Costa,Heleni Fonseca e márcio damazio

Fabiano Panissi, HeleniFonseca e Ronaldo Gusmão

Augusto drummond, Antônia sônia, Ale-xandre Heringer, Ailton Ricaldoni.

márcio damazio, José Coutinho, Geraldo dirceu, marita Arêas, Luiz Otávio, Werner Rohlfs

O presidente da sme, Augusto drummond, diz que todos os profissionais e empresas são importantes no projeto de reabertura da sede da entidade

mônica Cordeiro, Antônio Humbertoe Antônia sônia

Clemenceau saliba, Alberto dávila, marita Arêas

Augusto drummond e Frederico Correia

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José da Costa, Augusto drummond e João Bosco

marcos Túlio, Augusto drummond, suzanne Beaudette,Teodomiro diniz, José da Costa e Tarcísio Caixeta

José da Costa e Luiz Henrique

Projeto de revitalização anima as conversas

equipe do sicoob-engecred

José da Costa, João Bosco, marcelo Aguiar, marita Arêas e Clemenceau saliba

empresas e engenheiros fizeram doaçõese vários profissionais filiaram-se à sme

exposição do Projeto de Reforma da sede

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DIFICULDADES

Embora seja uma das entidades da Engenharia de maiorprestígio e tradição em Minas Gerais, a SME enfrenta gran-des dificuldades que precisam ser superadas na área finan-ceira e administrativa. Com o passar dos anos, as dívidasforam se acumulando em R$ 400 mil com o CREA-MG eR$ 60 mil de IPTU. A Prefeitura de Belo Horizonte estáexigindo ainda correções na fachada do edifício sede, sobpena de pagamento de multa.

No campo administrativo, a SME tem, ainda, muitas neces-sidades a exemplo do aperfeiçoamento de seu banco dedados, a substituição de equipamentos obsoletos deinformática e multimídia, a modernização do site, amanutenção da periodicidade da revista e a implantaçãode recursos de comunicação ágeis e modernos, com osassociados. Para tanto, necessita de contribuiçõesfinanceiras e materiais para se reorganizar.

sme | RevITALIzAçãO

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JOSÉ DA COSTA CARVALHO NETO - PRESIDENTE DA ELETROBRAS

A revitalização do prédio é de grande importância para a engenharia brasileira e mineira.A SME tem uma história de mais de 80 anos, e sempre foi um fórum de debates. Daqui sur-giram grandes ideias para a engenharia mineira e nacional e diversas sugestões a programasde desenvolvimento de Minas e do País. A SME sempre procurou fortalecer a carreira do en-genheiro. Então essa retomada da sede é muito importante. É um momento histórico quemerece o apoio de todos os associados não só os individuais, mas também os corporativos.Isso vem ao encontro de uma SME mais forte, mais representativa, podendo, cada vez mais,prestar seus relevantes serviços à causa da engenharia e, porque não dizer, para o desenvol-vimento de Minas e do país.

RAUL OTÁVIO DA SILVA PEREIRA - PRESIDENTE DO SENGE-MG

A revitalização da sede da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) é uma iniciativa impor-tante da nova gestão, que tem à sua frente o ex-presidente do Sindicato de Engenheiros noEstado de Minas Gerais (Senge-MG), Augusto Drummond. Acreditamos que a SME é umaentidade superimportante no contexto político da Engenharia de Minas Gerais e que precisarealmente contar com o apoio de todos os segmentos da Engenharia no sentido de se pro-mover esta revitalização do prédio, que certamente se transformará em um ponto de en-contro dos vários setores da Engenharia em Minas Gerais.

JOÃO BOSCO FARIA DA FONSECA - ENGECRED

Nós apoiamos este evento histórico de retomada do prédio da SME que, ao longo de tantosanos, mantém uma ligação muito forte com o passado da engenharia, agregando outras en-tidades da área. Somos parceiros, há bastante tempo, e acreditamos nessa volta da SME quevai ser triunfal.

Quem acredita e apoia a sme

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CLEMENCEAU CHIABI SALIBA - PRESIDENTE DA CÂMARA DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM DO CREA-MG

Essa é uma sede histórica, a SME nasceu aqui, bem como outras entidades. O próprioCREA-MG nasceu aqui. A revitalização do prédio, a retomada dos trabalhos da SME aquidentro vão produzir uma engenharia mais forte. O primeiro evento de engenharia que vicomo aluno foi aqui, onde aprendi o que era ser engenheiro. Não há dúvida de que trazendoeventos para a Sede, abrindo debates, teremos novos caminhos para a engenharia, princi-palmente, porque temos governos nas mãos de políticos profissionais, e nós engenheiroscomo autoridade técnica precisamos passar por cima disso, indicando os rumos enão esperar decisões de cima.

ALBERTO DÁVILA - ENGENHEIRO E ARQUITETO

O projeto de revitalização é importante para que o associado tenha um lugar que seja ca-racterístico para ele, e que signifique uma retomada da engenharia e de todos os assuntosque defendemos. Os engenheiros precisam ter seu lugar, e ele já existe, mas é preciso ser re-vitalizado. Temos que retomar a Sede porque estamos perdendo nossa identidade. A reaber-tura seria uma retomada dessa identidade da SME como um local, um espaço necessário paraas discussões da engenharia.

HELENI DE MELLO FONSECA - EX-PRESIDENTE DA SME

Acho de extrema importância e de uma felicidade muito grande esta atividade, porque asede é um patrimônio da SME, um símbolo, o espírito da SME. Estamos vendo com a pre-sença de ex-presidente da entidade a intenção, a vontade de valorizar o engenheiro. É apartir da atividade de engenheiro que o Brasil irá crescer e ter desenvolvimento. Na SME arevitalização revigorará as comissões técnicas para um trabalho mais afetivo, e com umasede que possa abrigar as comissões para que elas interajam e tenham uma atividade maisconcentrada.

Banco: 756 sicoob - engecredAgência: 4156Conta: 72001-1CNPJ: 17.227.745/0001-90Favorecido: sociedade mineira de engenheiros

CONTRIBuINdO vOCê FORTALeCe e RevITALIzA A sme

As contribuições de empresas e de profissionais serão muito bem-vindas e serão tratadas com a máxima transparência.

FAçA suAPARTe, CONTRIBuA!

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MÔNICA NEVES CORDEIRO - PRESIDENTE DO INDI

Acho fantástico que estejamos reativando este DNA forte da SME. É uma grande oportunidadeconvocar engenheiros para essa proposta. Temos chance de resgatar um patrimônio que tem umvalor muito grande para nós. A engenharia é a grande resposta que temos para desenvolvercada vez mais Minas Gerais. Temos muito orgulho do capital humano desse estado, temos traba-lhado muito para promover a riqueza aqui, atraindo novos projetos, crescendo os que já existem,contamos com uma engenharia forte, com todas as instituições. É uma alegria ver uma instituiçãocom essa proposta tão renovadora.

LUIZ HENRIQUE DE CASTRO CARVALHO - DIRETOR DA CEMIG

A revitalização é fundamental porque temos que ter um espaço para sentar e discutir a engenhariade Minas e nacional. Acho que vamos viver momentos futuros de muita necessidade de diálogo. Es-tamos vivendo uma crise na indústria brasileira, falando em um PIB de 0,3%. Isso significa que quantomenos desenvolvimento, menor é a oportunidade para os engenheiros. Nesse ambiente temosmuita oportunidade para discutir a engenharia, nos inserindo como solução para as atividades quevirão. E esse espaço que estamos falando é aqui na SME. Nesse momento que o País está vivendode necessidade de infraestrutura, carência de recursos e inteligência, os engenheiros precisam semobilizar. Eles são os primeiros a serem afetados quando uma crise se instalada e são os engenheirosque constroem e reconstroem. Então, agora, é sentar e rediscutir o País, e é aqui nesse espaço.

AILTON RICALDONI LOBO - EX-PRESIDENTE DA SME

A SME é uma das poucas entidades que tem autonomia, independência e imparcialidade. Éuma entidade representativa e a Sede é o seu símbolo. Ela está operando no CREA -MG, masé muito importante que retome seu prédio, para que os associados possam com mais tran-quilidade participar dos eventos. É fundamental a revitalização da Sede e a volta dos associadospara que a SME possa cumprir seu papel na sociedade mineira e no Brasil.

MÁRCIO DAMAZIO TRINDADE – EX-PRESIDENTE DA SME

É essencial recuperar a Sede da SME que foi construída com tanto esforço. Isso trará novo Recu-perada que foi a sede alugada pelas dificuldades do dia a dia, a temos de volta necessitando o esforçocoletivo de quantos, desde tempos de escola, de horas-dançantes, de participação, já profissionais,em comissões e nos eventos técnicos. E assim , nesta esperamos última arrancada, restaurar suadignidade de legítima casa da Engenharia mineira e ponto de encontro da intelectualidade mineiraque sempre deu sua contribuição ao nosso desenvolvimento. Desta Casa surgiram grandes ideiase projetos transformados em obras efetivas que aí estão a contribuir para o crescimento pátrio .Nesta Casa pontificaram luminares da engenharia nacional e, ao longo dos anos, continua ela palcode realizações, sempre atenta à aliança entre a técnica e ao benefício econômico e social. Assim,

quando se pretende, e mais que necessário, se faz restaurá-la, impende nos aliemos engenheiros de várias Escolas a reconstituirneste ambiente a união de nossa classe em torno dos mais harmônicos e eficientes objetivos. Que esta campanha ora iniciada,o mais rapidamente, propicie nossa volta a nosso ambiente inicial.

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sme | RevITALIzAçãO

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Divulgado no finalde outubro emCopenhague ,capital da Dina-marca, o relatórionº5 de avaliação

sobre mudanças climáticas elaboradopelo Painel Internacional da ONUsobre Mudanças Climáticas (IPCC) seráo texto base para os trabalhos da 20ªConferência do Clima, que aconteceem Lima, no Peru, entre os dias 1º de12 de dezembro.

Este será o penúltimo de 21 encontrosde lideranças mundiais para a constru-ção de um tratado climático global,com metas mais rigorosas para os paí-ses para controlar a emissão de gasesde efeito estufa, que explicam a eleva-ção de temperatura e outros fenôme-nos que têm afetado a vida no planeta.

A expectativa é de que o documentoseja concluído em 2015, em Paris, no

último evento do setor. Entre as suges-tões já encaminhadas estão a criaçãode um imposto sobre a emissão degases de efeito estufa e o aumento dopagamento de impostos sobre com-bustíveis de origem fóssil.

Em outras palavras, a variação climáticadeverá ser tratada do ponto de vistaeconômico com a liderança dos EUA.O engenheiro metalurgista Milton No-gueira trabalhou no escritório da agên-cia da Organização das Nações Unidaspara o Desenvolvimento Industrial(Unido), durante 20 anos, e foi um dosrevisores responsáveis pela versão finaldo relatório que compilou 30 mil estu-dos realizados por 900 cientistas detodos os países que analisam o clima eos fenômenos que afetam as florestas,neve, águas e cidades. “A conclusãocentral do documento é que há umaaceleração no processo de aqueci-mento global”, afirma.

O relatório é dividido em três par-tes. A primeira aborda a Ciência doClima. A segunda estuda medidas demitigação, ou seja, esforços para re-duzir a emissão de gases de efeitoestufa e, na última, ações de adapta-ção recomendadas quando não forpossível reduzir a dimensão do pro-blema que afeta, de forma diferente,todos os países do mundo.

“O planeta terra está passando poraceleração em ondas de calor, secas,enchentes, degelo das neves e gelei-ras, desaparecimento de espécies,acidificação dos oceanos, queda daprodutividade agrícola, aumento demigrações por causa de mudançasdo clima e potenciais conflitos porcausa da água”, exemplifica. Apesarde todos os esforços que já foramfeitos até agora para controlar aemissão dos gases de efeito estufa,a situação está pior que há 20 ou

NA ORdem dO dIA

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Alterações diferentes

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30 anos e, em um futuro próximo,poderá ter conseqüências políticas,econômicas e sociais.

Na prática, o que se pode esperar sãoondas de calor, ou as conhecidas sema-nas de “veranico” mais longas que o ha-bitual, o que pode causar mortes depessoas, com prevalência de crianças,idosos e doentes crônicos como dia-béticos ou obesos mórbidos.

O calor por um período maior que ohabitual também interfere na produ-ção dos alimentos. Entre novembro efevereiro, é nessa fase que o milhograna. Depois, com a chuva, as espigascrescem. “O agronegócio tem que seadaptar a uma qualidade de milho queseja mais resistente, mas essa reco-mendação vale para todos os grãos,gramíneas e frutas cultivados no pla-neta para não comprometer a produ-ção de alimentos, que pode serreduzida”, enfatiza.

Vendavais podem ser mais fortes ecom duração superior às médias tradi-cionais e furacões, tornados e tufõesdevem ocorrer em locais que nãofazem parte de sua “rota original”. Se-gundo o engenheiro, os prejuízospodem ser gigantescos, tanto em rela-ção à perda de vidas como para os em-preendimentos de Engenharia.

“A Engenharia não está preparada paraessas mudanças porque ainda usa a ex-periência teórica tradicional para fazer

os cálculos dos novos edifícios. Mudarisso é um desafio para a EngenhariaCivil, já que as edificações podem serbastante danificadas com trincas e que-bras provocadas porcom fenômenosclimáticos mais fortes que as médiasaté então estipuladas”, alerta.

A seca é outro problema climáticoapontado pelo relatório. Segundo o en-genheiro, enquanto rios e lagos secamem algumas regiões, em outras há ex-cesso de água na atmosfera. Para regu-

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climáticas vão afetar áreas da engenharia

Carlo

s Rhi

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Milton Nogueira,engenheiro metalurgista

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lar o problema, é preciso que chova.No entanto, se esse fenômeno for maisintenso e curto, pode causar problemascomo enchentes e deslizamentos deterras. “O que fazer nos meses que nãochove?”, argumenta. A resposta, maisuma vez, vem da Engenharia, a partir denovos cálculos e canais e barragens.

Não há como negar que a indústriatem trabalhado para controlar e re-duzir a emissão de gases de efeitoestufa. Mas é possível fazer mais. ParaNogueira, a Engenharia de Processosdeve trabalhar não apenas pelas ra-zões econômicas, mas para protegero clima. Ao substituir, combustívelde origem fóssil por gás natural oucarvão vegetal cultivado dentro deparâmetros de sustentabilidade, aempresa consegue reduzir custos e,ao mesmo tempo, auxiliar o planeta.

“O documento não sugere soluçõespara os problemas existentes, masaborda o conceito de adaptação”,enfatiza o engenheiro. Entre as me-didas a serem abordadas está o con-trole do desperdício de materiais. “Aconstrução de edifícios residenciaise comerciais ainda tem uma cargamuito grande desperdício de mate-riais. Os revestimentos externos

com mármore e granito são um bomexemplo de como isso acontece”,alerta.

Afinal, é sabido que, de cada placaassentada na fachada, foram perdi-das nove na mina. Há casos de ma-teriais em que essa proporção sobede 1 para 20. “A Engenharia Civiltem que fazer projetos bonitos eeficientes que reduzam o uso demateriais”, recomenda. Grandes vi-draças que usam aço e alumínio sãooutro tipo de “vício” que deve serevitado, já que esses insumos des-pendem grande energia para seremproduzidos.

Mudar a conduta dos países não éalgo fácil. Basta usar o exemplo maispróximo, do Brasil. “Lamentavel-mente, o mundo está atrasado e orelaxamento do sistema político e deprevisão não acompanha o tamanhodo desperdício de matéria-prima, nacompra e também no uso, dasobras”, destaca o engenheiro.

Pior que isso, ainda, é que a vida útil dosmateriais tem ficado cada vez maiscurta. O fenômeno conhecido comoobsolescência programada, criado apósa 2ª Grande Guerra pelos norte-ame-

ricanos, limitava, já no ato da compra,qual a validade dos produtos. SegundoNogueira, esse é mais um exemplo deideia ruim, pois não ajuda em nada a au-mentar o conforto da humanidade.

Ao contrário, incentiva que os consu-midores tenham a “vontade incons-ciente” de trocar pisos, revestimentosa cada mudança de estilo de decoração,enquanto esquecem que o consu-mismo, nos níveis atuais já é uma prá-tica insustentável para o planeta. “Essasubstituição de pisos de madeira porgranito é um bom exemplo”, aponta.

Nesse cenário, o Brasil ainda está “bemna foto”. Tem potencial da exuberânciade recursos naturais variados, porémtodos os biomas brasileiros estão cami-nhando para uma situação de granderisco, como adverte o engenheiro.“Continua o desmatamento e as Enge-nharias agrônoma e florestal sabem queessa prática degrada o solo e o lençolfreático em poucos anos”, considera.

No plano político, a liderança do Brasilnas discussões mundiais sobre clima égrande, por razões históricas e pelasenergias renováveis da sua matriz. Masas medidas internas já adotadas para ocontrole do desmatamento da Amazô-

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A Engenharia não está preparada para essas mudanças porque aindausa a experiência teórica tradicional para fazer os cálculos dos novosedifícios. Mudar isso é um desafio para a Engenharia Civil já que as edi-ficações podem ser bastante danificadas com trincas e quebras comfenômenos climáticos mais fortes que as médias até então estipuladas

Milton Nogueira

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nia, economia de energia, lâmpadas,ainda, não são suficientes para gerar osganhos necessários. “O consumo decombustíveis fósseis tem aumentadono País rapidamente”, lembra.

O desafio está lançado. Segundo o en-genheiro, quem foi capaz de construirBrasília em quatro anos, consegue fazerqualquer trabalho de adaptação, quepassa diretamente pela Engenharia.

MAIS ABRANGENTE

Engana-se quem pensa que o desmata-mento da Amazônia não interfere nosoutros biomas brasileiros. Divulgadono dia 30 de outubro, o relatório “OFuturo Climático da Amazônia” con-cluiu que apenas a redução do desma-tamento não basta para garantir asfunções climáticas do bioma.

O pesquisador responsável é o enge-nheiro e pesquisador do Centro deCiência do Sistema Terrestre do Insti-tuto Nacional de Pesquisas Espaciais(INPE), Antônio Donato Nobre, paraquem a contribuição do trabalho é re-velar os segredos que fazem da Ama-zônia um sistema único no planeta,com funções que começam a ser com-preendidas pelos cientistas.

“A floresta mantém úmido o ar emmovimento, o que leva chuvas paraas regiões interiores do continente,distantes milhares de quilômetrosdo oceano, como Sudeste, Centro-Oeste e sul do Brasil e áreas comoo Pantanal e o Chaco, além da Bolí-via, Paraguai e Argentina. Sem osserviços da floresta, essas áreas po-deriam ter um clima inóspito, po-dendo chegar a desértico”, explica.

A meta é desafiadora. Além de man-ter a floresta amazônica a qualquercusto é preciso confrontar o pas-sivo do desmatamento acumulado ecomeçar um amplo processo de re-cuperação do que foi destruído. NoBrasil, essa área corresponde a 184milhões de campos de futebol.

Segundo Nobre, essa competênciade regular o clima se dá principal-mente pela capacidade inata das ár-vores de transferir grandes volumesde água do solo para a atmosferaatravés da transpiração. São 20 bi-lhões de toneladas de água transpi-radas ao dia, o equivalente a 20trilhões de litros. Diariamente, o vo-lume despejado no oceano Atlân-tico pelo Rio Amazonas é poucomaior que 17 bilhões de toneladas.

dANOs e mITIGAçãO

Uma nova teoria física descrita no re-latório sustenta que a transpiraçãoabundante das árvores, “casada” comuma condensação fortíssima na forma-ção das nuvens e chuvas – leva a umrebaixamento da pressão atmosféricasobre a floresta, que suga o ar úmidosobre o oceano para dentro do conti-nente, mantendo as chuvas em quais-quer circunstâncias.

Para Nobre, todos esses efeitos fa-vorecedores, em conjunto, fazem dafloresta a melhor e mais valiosa par-ceira de todas as atividades humanasque requerem chuva na medidacerta, um clima ameno e proteçãode eventos extremos. “Mas o desma-tamento pode colocar todos essesatributos da floresta em risco. Reco-nhecidos modelos climáticos anteci-param variados efeitos danosos dodesmatamento sobre o clima, previ-sões que vêm sendo confirmadaspor observações. Entre elas estãoredução drástica da transpiração,modificação na dinâmica de nuvense chuvas e prolongamento da esta-ção seca nas zonas desmatadas. Ou-tros efeitos não previstos, como odano por fumaça e fuligem à dinâ-

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Antônio Donato Nobre,engenheiro e pesquisadordo Centro de Ciência doSistema Terrestre do INPE

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mica de chuvas, mesmo sobre áreas de floresta pristina,também estão sendo observados”, revela o engenheiro.

O engenheiro ressalta, ainda, que estudos sugerem que afloresta, na sua condição original, resistiu por dezenas demilhões de anos e tem grande resistência a cataclismosclimáticos. “Mas quando é abatida ou debilitada por mo-tosserras, tratores e fogo sua imunidade é quebrada”. Emseus cálculos, Nobre afirma que a ocupação da Amazônia

já destruiu no mínimo 42 bilhões de arvores nos últimos40 anos. “O dano da devastação já se faz sentir no climapróximo e distante da Amazônia e os prognósticos indi-cam agravamento do quadro se o desmatamento conti-nuar e a floresta não for restaurada”, sentencia.

Entre as medidas mitigadoras, o relatório propõe “universalizaro acesso às descobertas científicas que podem reduzir a pres-são da principal causa do desmatamento: a ignorância”.

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Em 2014, o Brasil experimentou um ciclo de seca querequer ações claras para não ter impactos ainda pio-res que aqueles já registrados até o momento. Se-gundo o engenheiro eletricista com mestrado emEnergias Renováveis, consultor e professor do cursode Engenharia de Energia da Pontifícia UniversidadeCatólica de Minas Gerais (PUC Minas), Danilo de BritoLima, ao rever o modelo de usinas hidrelétricas comgrandes reservatórios de água para os novos em-preendimentos do setor como as usinas de BeloMonte e Madeira, o País optou por reduzir as reser-vas desse recurso para controlar os impactos am-bientais. “Essa decisão também compromete asegurança energética elétrica do Brasil porque reduzo estoque de energia”, afirma.

No cenário de seca, a diversificação da produção deenergia é uma saída interessante. Mesmo com a in-termitência que caracteriza as fontes eólica e solar,construir um sistema que contenha alternativaspode sinalizar para um sistema operacional maiscomplexo, já que cada sistema tem a sua funcionali-dade, mas pode gerar economia de água nos reser-vatórios das usinas hidrelétricas, como explica oprofessor.

Cabe ao governo avaliar o custo da oportunidadenesse momento de transição. Afinal, a tecnologia ébem consolidada. “Se não usarem as energias reno-váveis qual será a alternativa? A não instalação des-sas fontes faz com que o País continue a ser refémdas chuvas para encher os reservatórios”, aponta.

Talvez esse seja o momento de impulsionar, tam-bém, a instalação de geradores de energia elétricaque usem fontes renováveis como a solar em resi-dências e empresas. Em 2012, a Agência Nacional deEnergia Elétrica (Aneel) aprovou a resolução nº 482que institui o sistema de compensação de energia.

Qualquer consumidor que gerar energia podejogar a produção excedente para a rede da conces-sionária, com prazo de três anos para receber esserecurso de volta. Segundo Danilo Lima, Minas Ge-rais é o Estado com o maior número de instalaçõesno País, com 40 sistemas em operação. “Para o con-sumidor final isso é uma possibilidade interessante.As empresas do setor já estão se mobilizando paraoferecer opções mais acessíveis, com linhas de fi-nanciamento especiais e pagamentos parcelados”,enfatiza.

FeNômeNO dA seCA deve ImPuLsIONAR eNeRGIAs ReNOváveIs

Danilo Lima, engenheiro eletricista

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Enquanto a telefonia fixa entra emdeclínio no Brasil, seguindo uma ten-dência mundial, a tecnologia avançarapidamente para oferecer um nú-mero cada vez maior de serviçoscomo o 4G (voz, dados e imagemcom mobilidade). Essa rápida trans-formação do setor de Telecomunica-ções, iniciada há cerca de 20 anos,tem sido conduzida sem os projetosde Engenharia e infraestrutura ne-cessários.

Essa é apenas uma das conclusões doestudo “Melhoria do Setor de Tele-comunicações em Minas Gerais”,uma contribuição da Comissão Téc-nica que acompanha as tendênciasdessa área da Engenharia da Socie-dade Mineira de Engenheiros (SME).Quem assina o relatório, que seráencaminhado para o Conselho Re-gional de Engenharia e Agronomia deMinas Gerais (CREA-MG), é o enge-nheiro de telecomunicações, funcio-nário de carreira da antiga Telemig,autor de 22 livros técnicos na área e,ainda, diretor da Top Digital, VicenteSoares Neto.

“Enquanto há países que desenvol-vem tecnologia própria em teleco-municações, o Brasil perdeu a suatradição na área e converteu-se amero importador de equipamentos”,denuncia. Como se não bastasse, onúmero de engenheiros responsá-veis pelas instalações e operaçãotambém parece estar aquém dademanda, o que coloca em risco asegurança dos procedimentos rea-lizados e concentra o atendi-mento, tendo em vista o númerode consumidores ávidos por novosserviços, e não a necessidade ouimportância social dos serviços.

O resultado promete ser desastrosopara os clientes finais. “Com o 4Gimplantado, haverá um problema demercado porque é necessário teruma largura de banda maior para darsuporte a tantos conteúdos de infor-mação”, destaca. Em setembro, aAnatel promoveu um leilão da fre-quência de 700 MHz, mas já existetecnologia para níveis de frequênciassuperiores como 800, 900, 1800 e2100 MHz.

TeLeCOmuNICAções

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sem projetos de engenharia, não há como garantir aqualidade do serviço

O BRAsIL Que Já Tev deseNvOLvImeNTO TeLeCOm, PAssOu A PORTAdOR. A FALTA seRvIçOs se deve à FA

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As operadoras inscritas no pregão -TIM, Claro, Telefônica (Vivo) e AlgarTelecom - disputam quatro lotes na-cionais de 10 MHz cada e dois regio-nais. O preço mínimo da outorga decada lote nacional foi estipulado emR$ 1,92 bilhão. Os demais lotesterão preço mínimo de R$ 1,89 bi-lhão, R$ 29,5 milhões e R$ 5,28 mi-lhões.

A Anatel é a responsável pela ou-torga, mediante aprovação do Con-gresso Nacional ou de permissão,para a exploração de 92 tipos deserviços de telecomunicações. Entreeles estão a telefonia fixa, a telefoniamóvel, serviços de TV a cabo, distri-buição de sinais de TV e de radiodi-fusão, TV por assinatura e rádiotaxi.

No entanto, afirma o engenheiro,muitas dessas empresas têm inves-tido mais em seus setores comer-ciais e em técnicos para instalação deequipamentos que em infraestruturapropriamente dita. “Toda a tecnolo-gia é importada, bem como os equi-pamentos. Com isso, o Brasil que játeve o seu centro de desenvolvi-

mento de tecnologia em Telecom,passou a ser um mero importador. Afalta de qualidade dos serviços sedeve à falta de engenheiros”, afirma.

Com isso, o mercado de trabalhopara engenheiros na área de teleco-municações não está entre os maispromissores. Os dados mostram,também, a disparidade no númerode engenheiros responsáveis pelas14.922 Estações Rádio Base (ERBs)em operação em todo o Estado.

Por isso, o estudo recomenda o au-mento da fiscalização das empresasde Telecom pelo CREA-MG, para au-mentar a presença de engenheiros, oque tem reflexo direto sobre a qua-lidade dos serviços prestados.

Como as empresas que exploram osserviços de Telecom escolhem o seupúblico alvo, o grande mercado detrabalho para os engenheiros de te-lecomunicações é o Serviço Limi-tado Privado, que cobre essaslacunas deixadas pelas grandes ope-radoras, com foco no ambiente em-presarial. Segundo o engenheiro,grandes empresas necessitam de um

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Diretor da Top Digital,Vicente Soares Neto

ve O seu CeNTRO de de TeCNOLOGIA em

A seR um meRO Im- A de QuALIdAde dOs

ALTA de eNGeNHeIROs.

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seRvIçO de TeLeFONIAmóveL BRAsILeIRO eNTReOs mAIs CAROs dO muNdO

Documento divulgado pela União In-ternacional de Telecomunicações(UIT) aponta que o custo de uma li-gação pelo telefone celular no Brasil ésuperior a todos os países europeuse consome uma proporção maior darenda que em países como Cuba, Pa-quistão, Argélia ou Guiné Equatorial.De 166 países avaliados pela entidade,apenas 47 têm um custo superior naligação ao que o brasileiro paga no ce-lular, entre eles Etiópia, Albânia, Ruandae Madagáscar. Os locais onde a ligaçãotem o menor custo são Macau, HongKong e Dinamarca.

Em resposta, a Agência Nacional deTelecomunicações divulgou nota in-formando que o valor de R$ 0,16 porminuto, para planos pré e pós-pagos,observa a quantidade de minutos ta-rifados e a receita total gerada poresse tráfego. Assim, além da cobrança

direta do assinante, há também outra,relativa aos minutos com preço zero.

A agência argumentou, ainda, que porse tratar de um serviço prestado pelosetor privado, na telefonia móvel asempresas têm liberdade para a fixaçãode preços. O papel da Anatel, nessecaso, é homologar planos de serviço,mas os valores registrados não refle-tem as promoções praticadas deforma usual pelo setor.

O Sindicato Nacional das Empresasde Telefonia e de Serviço Móvel Celu-lar e Pessoal (SindiTelebrasil), que re-presenta as empresas que prestam oserviço do País argumentou que a UIT

utiliza dados defasados ou descoladosda realidade brasileira para chegar aessa conclusão de que a telefonia bra-sileira é uma das mais caras domundo.

O sindicato das empresas já haviaapresentado no começo de outubroum estudo da consultoria Teleco paratentar desconstruir os parâmetrosutilizados pelo organismo internacio-nal. Para as operadoras, o minuto docelular pré-pago no Brasil é o quartomais barato do mundo, enquanto paraa UIT o Brasil tem o 58º serviço maiscaro do mundo, em uma comparaçãocom 166 países.

Segundo o Sindicato, a UIT considera,em sua análise, o “preço-teto” homo-logado pela Anatel que não é prati-cado no país. Em nota, a entidadeafirma que o preço médio do minutodo celular no Brasil é de cerca de US$0,07, o que representa 13% do preçoapontado pelo levantamento apre-sentado pela União.

sistema próprio de comunicação e aAnatel permite que sejam usadosequipamentos de radiação restritasque são os populares wifi de 2,4 e5,8 GHz.

Nesse caso, a freqüência não é licen-ciada e pode ser usada por pessoa fí-sica ou jurídica. No entanto, ofracionamento da oferta do serviçoprovoca o congestionamento do es-pectro de freqüência e a perfor-mance dos pequenos equipamentos

que se multiplicam pelas residênciase empresas têm seu funcionamentocomprometido.

De acordo com o engenheiro, aAnatel dá outorga para empresasprivadas terem seus sistemas de ra-diocomunicação. Mas não há essaopção para equipamentos que uti-lizem largura de banda apropriadapara serviços de banda larga nessetipo de serviço, embora exista tec-nologia disponível.

Em outras palavras, ainda faltamações claras para o setor que con-tinua evoluindo a passos rápidos efomentando a curiosidade de mi-lhares de consumidores que so-nham em ter mais serviços “napalma das mãos” e em todos os lu-gares. “O 4G não é o final dessahistória, o 5G já está batendo asportas. Acredito que, dentro de 15anos, já estaremos vivendo a reali-dade holográfica”, conclui.

TeLeCOmuNICAções

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Como engenheiro civil, Edson Durão Ju-dice é um dos mais renomados especialis-tas em formação de novos profissionais deMinas Gerais. Com 65 anos de experiênciaem docência nas áreas de Engenharia, Ar-quitetura e Ciências Econômicas, ele deusuas primeiras aulas quando estava na Es-cola de Engenharia da Universidade deMinas Gerais (UMG).

Embora tenha iniciado sua carreira na an-tiga Companhia Siderúrgica Belgo Mineiro,no Departamento de Mineração e Sinteri-zação da usina de João Monlevade, nãopensou duas vezes antes em retornar à ca-pital, em 1950, quando a instituição foi fe-deralizada para a criação da UniversidadeFederal de Minas Gerais (UFMG) e abriuvagas para novos professores.

Em 2013, afastou-se definitivamente da salade aula, onde tinha turmas no Instituto Po-litécnico da Pontifícia Universidade Cató-lica de Minas Gerais (IPUC). Pelosrelevantes serviços prestados e seu incan-sável trabalho para aprimorar a qualidadeda formação dos novos engenheiros, omestre foi escolhido, por aclamação, para

receber a comenda de Engenheiro do Ano,honraria criada pela Sociedade Mineira deEngenheiros (SME), para homenagear pro-fissionais da área que se destacam no exer-cício da profissão.

A cerimônia que integra a comemoraçãodo Dia do Engenheiro, foi realizada no dia11 de dezembro, no auditório do Sicepotpara uma seleta platéia que, sem dúvida, in-cluiu muitos e saudosos ex-alunos.

Qual é o seu sentimento ao ter sido eleitopor aclamação para receber a Comenda deEngenheiro do Ano 2014, pela SME?

A gente não fica rico como professor, mashá uma riqueza diferente, que é o reconhe-cimento dos ex-alunos. Ao receber o tí-tulo de Engenheiro do Ano 2014 vejo queos meus 65 anos de atividades não foramdesperdiçados, porque os alunos que ajudeicom a educação matemática reconhecemque essa é uma parte importante da vidaprofissional deles. Já ouvi, de ex-alunos,que os bons resultados alcançados por elesna carreira se devem a esses conhecimen-tos, e sempre digo que não há dinheiro quepague isso.

eNTRevIsTA | edsON duRãO JudICe

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AO mesTRe COm CARINHO

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Edson Durão Judice

Engenheiro do ano 2014

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Há pouco mais de um ano, o Sr. deixou definitivamentea docência, depois de prolongar sua permanência na Pon-tifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMi-nas) por mais de 10 anos. O Sr. continua se relacionandocom os ex-alunos e também engenheiros?

Tenho contato com muitas turmas de alunos. Sempreque recebo convites aceito. No domingo, 16 de novem-bro, compareci ao almoço de comemoração da turma deEngenharia Mecânica da Universidade Federal de MinasGerais (UFMG) de 1947. Revi e conversei com muitosde seus ex-alunos. No grupo há profissionais muito com-petentes e que foram excelentes alunos também. Elesdisseram que a minha presença foi a melhor parte dafesta e alguns me pediram para marcar aulas de matemá-tica, para matar a saudade.

Fiquei tão amigo da turma de Engenharia de 1961 quesou parte da lista de convidados para qualquer soleni-dade. Já participei até de viagens comemorativas de ani-versários de formatura e foram passeios extremamenteagradáveis.

Como o Sr. avalia a qualidade da formação do engenheirohoje?

A Engenharia evoluiu muito e há um número enorme decursos, o que não existia quando estudei. Na minhaépoca, as opções da UFMG eram Engenharia Civil e Quí-mica Industrial, mas a formação era mais completa eabrangia diversas áreas e tinha duração de sete anos. Osdois primeiros compunham o curso complementar, noqual os alunos se preparavam para o concurso vestibular,que era, na verdade, um exame de habilitação para ocurso.

A queixa que ouço de muitos empresários é que há en-genheiros que estão chegando ao mercado praticamente"analfabetos" em cálculo e trigonometria, matérias bási-cas do curso. Tudo o que sabem é usar o computador e.a calculadora, mas isso não é suficiente.

Em 2014, um erro de Engenharia acabou resultado naqueda do viaduto “Batalha dos Guararapes”, na região deVenda Nova, em Belo Horizonte. Como explicar um errodo gênero com tantas tecnologias disponíveis?

O engenheiro de hoje é mais técnico que cientista capazde propor soluções para novos problemas. A matemáticae a física são bases da Engenharia, que, na sua definição,é uma ciência. Da mesma forma, o cálculo estrutural bemfeito é condição para um projeto bem feito.

No caso do viaduto “Batalha dos Guararapes”, o erro foide projeto, na fundação. Não sei como conseguiram co-meter esse erro. O cálculo hoje é feito no computador,mas é preciso que o engenheiro tenha bom senso enoção, o que depende de uma base teórica sólida paradesconfiar dos resultados e refazer todo o processo parareduzir qualquer hipótese de erro.

Antigamente, a gente calculava “na unha”. Os colegasque eram ricos tinham as máquinas Facit, que faziam ba-rulho e incomodavam os outros estudantes. Tinha tam-bém a “régua de cálculo” que era muito usada. Tinhagente que calculava mais rápido com a régua que coma calculadora. É a prática que leva o profissional a terbom senso e experiência, o famoso “sexto sentido”.Fracassos como esse, que aconteceu em BH, neste ano,eram raros.

eNTRevIsTA – edsON duRãO JudICe

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Ao receber o título de Engenheiro do Ano 2014,vejo que osmeus 65 anos de atividades não foram desperdiçados, porqueos alunos que ajudei com a educação matemática reconhecemque essa é uma parte importante da vida profissional deles.

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Nascido e criado em Belo Horizonte, Edson DurãoJudice fez o curso primário no Grupo Escolar Ce-sário Alvim, o ginasial no Ginásio Afonso Arinos e,em 1942, ingressou na Escola de Engenharia daUMG, atualmente Universidade Federal de MinasGerais (UFMG) para fazer o curso complementare submeteu-se, ao vestibular no início de 1944. Naformatura, recebeu o prêmio, Artur Guimarães,como o melhor aluno da sua turma.

Em 1950, ingressou na UFMG pelas mãos do entãodiretor da Escola de Engenharia da UMG, MárioWerneck, para a vaga de professor assistente na cá-tedra de Geometria Analítica e Projetiva, regidapelo também mestre, Christovam Colombo dosSantos, a quem sucedeu anos depois.

Pela competência e interesse, ele ascendeu nacarreira e chegou a professor catedrático deGeometria Analítica e Projetiva, em 1962. Foi,também, o primeiro chefe do Departamento deMatemática do Instituto de Ciências Exatas daUFMG (ICEX-UFMG).

Judice ingressou na PUC Minas, em 1966, onde le-cionou diversas disciplinas de Matemática nos cur-sos de Engenharia, Economia e Arquitetura. Nainstituição, ele foi diretor do IPUC e também che-fiou os departamentos de Ciências Básicas e de En-genharia Civil. Durante alguns anos, prestou serviçopara a Fundação Dom Cabral (FDC), no curso deEngenharia Econômica. Nesse período, foi, por doismandatos, membro do Conselho Curador da insti-tuição. Foi também um dos fundadores da Unives-ridade Fumec.

Entre 1969 e 1975, ele foi conselheiro do CREA-MG, como representante do IPUC-PUC Minas.Nesse período, presidiu, por dois anos, a Câmarade Engenharia Civil da entidade.

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Aqualificação dosestudantes deEngenharia temmotivado mui-tos profissionaisda área a opta-

rem pela docência. Esse é o caso daengenheira florestal, mestre e dou-tora em Ciência Florestal pela Uni-versidade Federal de Viçosa (UFV),Angélica Cássia Oliveira Carneiro.Aos 39 anos e com oito anos de ati-vidades em sala de aula, na mesma ins-tituição em que foi apresentada àciência que recebe o nome de Enge-nharia, ela acredita que é possível mo-dificar as pessoas para melhor comeducação e formação de qualidade.

Mais que isso, fazer parte de um pro-jeto tão importante para o futuro doPaís é algo gratificante e, para o pro-fissional, uma oportunidade ímpar dese manter próximo de áreas como

pesquisa e desenvolvimento. Melhorainda quando o trabalho é na insti-tuição em que o professor se for-mou, onde ela leciona as disciplinasEnergia da Madeira, Produtos Flores-tais e Acabamentos para Madeira nagraduação de Engenharia Florestal. JáFísica da Madeira, Energia da Bio-massa e Adesivos para Madeira sãoas matérias do curso de pós-gradua-ção na mesma área.

“Assim como qualquer profissão, épreciso amar o que faz. Eu amo le-cionar e acredito que essa é a opor-tunidade que tenho para me manteratualizada, por meio da multidiscipli-naridade entre as áreas, valorizandotodas as formas de aprendizado paranão ficar apenas com o ensino rotei-rizado. Meu objetivo é sempre ter asustentação teórica e prática sufi-cientes para fazer a diferença na salade aula”, enfatiza.

Cada professor tem o seu desafio nasala de aula. Cássia Carneiro não édiferente. Com seu trabalho, ela pre-tende compatibilizar a transmissãode conhecimento com uso da tecno-logia. “Hoje, a velocidade e o volumedas informações que circulam émuito grande. É preciso tempo paraselecionar esse material para des-pertar a atenção do aluno, fazendocom que ele desenvolva senso crí-tico e o interesse em adquirir e bus-car novos conhecimentos”, alega.

Dessa forma, a jovem professoraconsegue responder a um dos desa-fios da Engenharia, uma ciência quetem foco no desenvolvimento de solu-ções de problemas, é uma área que estáem constante desenvolvimento, comnovos desafios para os profissionais quea escolhem como opção de carreira, den-tro e fora da sala de aula.

mesTRes dA eNGeNHARIA | ANGéLICA CássIA OLIveIRA CARNeIRO

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O desafio de compatibilizar conhecimentos e tecnologias

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Nos dias 22 e 23 de outubro, a pro-fessora coordenou os trabalhos doIII Fórum Nacional sobre Carvão Ve-getal, evento realizado em Belo Ho-rizonte. Com 40% da produçãomundial desse produto que é usadocomo combustível para a produçãode ferro gusa, aço, ferro ligas e silíciometálico, é preciso incentivar os pe-quenos produtores a implementa-rem melhorias tecnológicas e deprocessos.

“As empresas estão investindo cadavez mais em melhoria de fornos,controle de processos, periféricos

automação para minimizar os impac-tos da atividade siderúrgica e asse-gurar a competitividade do carvãovegetal perante o mineral, para for-talecer a indústria e contribuir parao meio ambiente e o desenvolvi-mento econômico e social”, destaca.

Entre as conclusões do evento, a ge-ração de energia elétrica a partir dasbases de carbonização da madeirapode ser usada na própria unidadeprodutora de carvão ou até mesmoser distribuída na rede elétrica.

Outro ponto importante é que as di-versas áreas da Engenharia dialogam

em algum momento, para uma ação

multidisciplinar que promove melho-

rias na qualidade dos serviços presta-

dos à sociedade e, também, a

resolução de problemas de caráter

econômico, ambiental e social, entre

outros. Por isso, os professores devem

inserir esse conceito no seu trabalho

junto aos estudantes universitários.

“Que atuemos de forma multidisci-

plinar e em equipe, pois a sociedade

necessita de profissionais capacitados

a realizar diversos trabalhos, em dife-

rentes áreas, mesmo que seja em

apenas um projeto”, aponta.

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Eu amo lecionar e acredito que essa é a oportunidade que tenho parame manter atualizada, por meio da multidisciplinaridade entre as áreas,valorizando todas as formas de aprendizado para não ficar apenas como ensino roteirizado. Meu objetivo é sempre ter a sustentação teóricae prática suficientes para fazer a diferença na sala de aula.

““

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Escassez de água requeruma mudança de com-portamento das pessoasem relação ao uso desserecurso natural finito. Foipensando nisso que o engenheiro ele-tricista, pós-graduado em Análise desistemas com ênfase em SuporteMainframe pela Universidade Federalde Minas Gerais e com MBA Execu-tivo Internacional em Gestão de Ne-gócios e Tecnologia da Informação pelaFundação Getúlio Vargas (FGV), LuizHenrique de Castro Carvalho, desen-volveu o aplicativo SaveWater, que pre-tende auxiliar os usuários a otimizar oconsumo a partir do tempo que pas-sam debaixo do chuveiro.

Disponível para Android e com down-load gratuito, o aplicativo deve ganharuma versão para iOS em janeiro de2015. “Atualmente, a média de tempoque as pessoas passam debaixo do chu-veiro é de 15 minutos e a meta é atingiro mais próximo possível de cinco mi-nutos”, explica.

Para atingir essa meta, o usuáriodeve acionar o aplicativo ao entrarno banho e, passados os primeiroscinco minutos, será imitido um sinalsonoro que “avisa” que está na horade acabar. Um segundo sinal, mais es-tridente que o anterior, acontece 10minutos depois, caso o SaveWaternão tenha sido finalizado.

A inovação do aplicativo é a produçãode relatórios, que podem ser semanaisou mensais, que mostram quanto apessoa economizou em água e energiaao tomar banhos de menos de 15 mi-nutos. “Sempre vi aplicativos que apon-tavam o quanto o usuário gastou. Issonão adianta. Queria mostrar o quantoele ganha, tanto economicamentequanto ambientalmente”, explica.

Segundo Carvalho, se cada belo-hori-zontino diminuisse 25% seu consumo

de água, seria econo-mizado um volumeequivalente a cinco la-goas da Pampulha porano. O dinheiro eco-

nomizado também aparece nos relató-rios, de acordo com a cidade, tarifas deágua e energia locais.

O aplicativo também é ligado ao perfilde Faceboook do usuário, que per-mite convidar os amigos a economizarágua também. “Tenho acompanhadoas estiagens nos últimos anos em todoo País. O que percebemos é que aschuvas não conseguem mais repor aquantidade de água necessária paramantermos o atual consumo. Soma-sea isso uma cultura de gastar água de-mais. Temos que repensar o uso desserecurso”, disse.

Para melhorar ainda mais o aplicativoe provocar a adesão de mais usuários,o SaveWater já está em processo deaprimoramento, com versão em in-glês e inclusão de músicas para seremouvidas durante o banho.

INOvAçãO e TeCNOLOGIA

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Na palma das mãosAplicativo pretende incentivar aspessoas a reduzir o tempo do banho

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Prêmios entre R$ 10 mil eR$ 3 mil aguardam oscinco primeiros coloca-dos na edição 2014/2015do Prêmio SME de Ciência,

Tecnologia e Inovação da Sociedade Mineirade Engenheiros (SME). A solenidade de premia-ção está prevista para o próximo ano. Para participar,basta inscrever trabalhos técnico-científicos, comfoco nas demandas reais da indústria mineira, que possamser solucionados a partir de conhecimentos nasáreas de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

Para essa edição, a SME firmouparceria com a Federação das In-dústrias do Estado de Minas Ge-rais (Fiemg). “Acredito que aparceria com a Fiemg é muito po-sitiva, porque a indústria mineiratem diversos desafios que podem

ser resolvidos com soluções das áreas afinsdo Prêmio. Nosso objetivo é movimentar acomunidade acadêmica para estudar e solu-cionar esses desafios”, ressalta o presidente

da SME, Augusto CelsoFranco Drummond.

O presidente da Fiemg, enge-nheiro Olavo Machado, destacaque o patrocínio ao PrêmioSME é parte da crença da ins-tituição de que os engenheirossão personagens decisivos noprocesso de transformação doconhecimento em inovação e tecnologia. “Igualmente,são profissionais imprescindíveis na implementação des-sas inovações nos sistemas produtivos. Neste sentido,ações que valorizem o papel desses profissionais são im-portantes”, enfatiza o dirigente.

PARCeRIA

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Prêmio de Ciência, Tecnologia e

Inovação da smeterá parceria com a FIemG

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Assim, o que se pretende é usar oPrêmio como instrumento eficaz desensibilização dos estudantes recém-formados para a importância da En-genharia na indústria e, também, queforneça a eles conhecimentos para aprática cotidiana da indústria.“Nossa convicção, fundamentada naexperiência de países vitoriosos emsua economia e em sua indústria, é ade que a Engenharia é vital para sus-tentar um processo consistente deinovação e desenvolvimento de tec-nologia e para implementar essassoluções nos sistemas produtivos”,avalia Machado.

Os trabalhos devem partir da iden-tificação de um problema real, pre-ferencialmente no segmentoindustrial. A aplicação de conheci-mentos das áreas de Engenharia,Arquitetura ou Agronomia deve re-sultar no sucesso final do processobem como a comprovação de umarelação custo/benefício adequadados pontos de vista estratégico,econônico/financeiro, ético e am-biental ou que, ainda, resultem noaumento de produtividade.

Os trabalhos podem ser apresenta-dos individualmente ou em gruposformados por estudantes de outrasáreas, desde que o líder da equipeseja um estudante das graduaçõesfoco do Prêmio. A instituição de en-sino que tiver o maior número detrabalhos classificados para a últimafase de avaliação também será rece-berá uma premiação especial.

A inscrição é gratuita e deve ser efe-tuada por meio de formulário oficialdo Prêmio SME de Ciência, Tecnolo-gia e Inovação e estará disponível nosite www.sme.org.br. O documentotambém pode ser solicitado por e-mail e entregue até a data limite aser fixada no cronograma doevento.

Os processos de avaliação, classifi-cação e premiação serão conduzi-dos pela Comissão Organizadora,em três fases distintas. A primeira éeliminatória. Na segunda, o trabalhoserá avaliado do ponto de vista téc-nico, por comissões julgadoras porhabilitação ou especialização com-postas por, no mínimo, três juízes.

Nessa fase, os trabalhos receberãonota de zero a 10 nos quesitos clarezana exposição do tema, criatividade einovação, interesse técnico-científicoe/ou alcance econômico, interessetécnico científico e/ou alcance sociale, ainda, possibilidade de execução eaplicabilidade.

Projetos que contribuam para a in-clusão social e que fortaleçam práti-cas de sustentabilidade receberãoum bônus adicional de cinco pontos.Da mesma forma, trabalhos quesejam baseados em situações reaisvivenciadas em segmento industriale que resultem na solução do pro-blema também terão um bônus de10 pontos.

Serão classificados para a terceira fase,projetos cuja nota média for igual ou su-perior a 70% dos pontos distribuídos.Nessa etapa, a comissão organizadora,juntamente com as empresas parceirasdo Prêmio, designarão a comissão julga-dora final que escolherá os cinco me-lhores projetos bem como aqueles quereceberão menção honrosa e certifica-dos de participação.

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Depois de conquistar o maior número depontos e de medalhas na edição nacional daOlimpíada do Conhecimento 2014, realizadaem Belo Horizonte, entre os dias três e seisde setembro, no Expominas, a delegação deMinas Gerais é presença garantida na etapa in-ternacional WorldSkills, que acontecerá pelaprimeira vez em um país da América Latina,em agosto do próximo ano, em São Paulo.

Para garantir uma vaga, os primeiros colocadosda Olimpíada do Conhecimento terão de passar,ainda, por provas e atingir o índice técnico exi-

gido em sua modalidade. No mundial, 1.200 com-petidores de 60 países disputarão medalhas em 49ocupações do setor industrial e de serviços.

O Estado acumulou um total de 125 pontos, se-guido por São Paulo (116 pontos) e Santa Ca-tarina (59 pontos). Em medalhas, Minas Geraisficou com 17 de ouro, 21 de prata e oito debronze. A competição envolveu cerca de 800jovens de todo o País, dos quais 74 de MinasGerais de 58 profissões técnicas. A área de pro-vas foi de 105 mil metros quadrados e foramusados, ainda, 900 toneladas em equipamentos.

mINAs GeRAIs NA FReNTe

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O estudante de Engenharia Mecânicada Universidade Federal de Minas Ge-rais (UFMG), Alexandre Marques Bem-querer, 25 anos, e a aluna depós-graduação em Perícia, Auditoria eAnálise Ambiental pelo Centro Univer-sitário UNA, Ana Carla de Sá Campos,26 anos, receberam, em 17 de novem-bro, em Paris, o prêmio de 100 mileuros (cerca de R$ 320 mil). Eles supe-raram 960 equipes de diversas partesdo mundo e foram os vencedores daprimeira edição do Desafio de Inova-ção Valeo (VIC, em inglês). O evento,promovido pela fornecedora de auto-peças francesa, foi realizado neste ano.

Os estudantes constituíram a equipeSadec e apresentaram o projeto de umcâmbio CVT, um modelo automáticopara carros, baseado em um novo mo-delo de transmissão continuamentevariável (CVT, na sigla em inglês), queproporciona melhor performance doveículo, otimiza o consumo de com-bustível e reduz as emissões de CO2.

O estudante descobriu o concurso emoutubro de 2013, quando já estava de-senvolvendo a parte técnica do pro-jeto e buscava ajuda para conseguirpatentear sua ideia. Com o prêmio nasmãos, ele já estuda uma forma detransformar o projeto em produtopara o mercado. “A Valeo está interes-sada”, comemora.

Alexandre Benquerer acredita que auniversidade abre possibilidades comoessa, para estudantes que se dedicama trabalhos de pesquisa e desenvolvi-

mento, seja em equipes já constituídasou mesmo em laboratórios onde elespodem experimentar o lado prático daEngenharia.

Sobre o prêmio, ele demonstra cau-tela, como todo bom mineiro. Adian-tou que investirá em algum projeto,mas ainda não há nada definido. Atual-mente, ele trabalha na empresa da fa-mília, T&M Auditoria de Elevadorescom pai e engenheiro mecânico, EliseuMarques de Oliveira, que também éfuncionário do Conselho Regional deEngenharia e Agronomia de Minas Ge-rais (CREA-MG), há 19 anos.

“Desde cedo, ensinei meus filhos amexer com ferramentas e equipamen-tos e a “colocar a mão na massa” in-clusive para resolver problemasdomésticos. Hoje, as pessoas ficammuito na teoria e deixam a prática delado”, afirma.

Orgulhoso, Eliseu Marques acompa-nhou o filho na cerimônia de premia-

ção. “O importante não foi só o prê-mio. Alexandre foi muito elogiado pelashabilidades técnicas que demonstrou.Vou continuar deixando os filhos avontade para experimentar as coisassem medo de errar ou acertar”, enfa-tiza.

Em comunicado, o vice-presidente doGrupo de Inovação e Desenvolvi-mento Científico da Valeo, GuillaumeDevauchelle, disse que a dupla de es-tudantes de Minas teve "coragem" eapresentou uma tecnologia convin-cente. "O que mais admiramos nessaideia é o fato de ser tão inovadora, queforça 'experts' a reconsiderar o queeles já sabem. Apreciamos a coragemdo time de ir contra o senso comume questionar nossas suposições básicase nos desafiar a pensar se devemosmudá-las".

A segunda edição do Valeo InnovationChallenge está com inscrições abertasaté dois de fevereiro de 2015.

estudante mineiro de engenhariamecânica recebe prêmio em Paris

CIêNCIA e TeCNOLOGIA

Div

ulga

ção:

Val

eo

Alexandre marques Bemquerer eAna Carla de sá Campos

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Compromisso com as soluções para um futuro sustentável da engenharia e bem estar social.

www.sme.org.br

ART-0086FAçA A esCOLHA CeRTA

Na hora de preencher a ART no campo (entidade de classe) escolha a SME através do código 0086.

Assim, você apoia a Sociedade Mineira de Engenheiros a representara engenharia e oferecer os melhoresserviços para você!

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JOvem eNGeNHeIRO | WALTeR GeRvásIO LAdeIRA

Conhecimento e experiência para consolidar a carreira

Em 1988, Walter Gervá-sio Ladeira, foi o únicoaluno do tradicionalColégio Loyola a pres-tar o vestibular da Uni-versidade Federal de

Minas Gerais (UFMG) para Engenhariade Minas. Na época, a instituição erauma das cinco a oferecer o cursono País. Como argumentos para jus-tificar a sua escolha, ele tinha oexemplo do pai no setor e, ainda, aconvicção de que o mundo precisavaminerar para obter matérias-primasem escala para a vida.

Em 2014, com 20 anos de graduaçãoe 44 de idade, o engenheiro é pós-graduado em Gestão de Negóciospela Fundação Dom Cabral (FDC),mestre em Engenharia Metalúrgica,Materiais e de Minas pela UFMG(2014), e empreendedor que aguarda

um novo ciclo de crescimento da mi-neração. “Para 2015, o cenário seráde estagnação”, avalia.

O início da carreira de Walter Ladeirafoi no mercado. Durante sete anos,ele trabalhou na Samarco Mineraçãoe outros três na Mineração Casa dePedra, da Companhia Siderúrgica Na-cional (CSN), tendo percorrido quasetodas as áreas da atividade, da lavra aobeneficiamento do minério.

Segundo o engenheiro, a Engenhariade Minas tem espaço para todos osperfis de candidatos. O que essaárea precisa, de fato, é de profissio-nais que vão à mina, que perambu-lam pelas usinas de beneficiamentoe que têm prazer em fazer o traba-lho de campo.

“É possível se tornar um excelenteplanejador de lavra e modelador de

jazidas no computador, ou ainda umgrande “desenhador” de usinas detratamento. Antes de tudo isso, épreciso conhecer pesquisa mineralem campo, a lavra de minas na práticae a operação real de uma usina. Sem-pre digo que os primeiros cinco anosnão são para ganhar dinheiro, maspara aprender”, analisa.

Mas a carreira tomou rumo novo apartir do convite do pai, para que eleingressasse na empresa de consulto-ria da família, a ERG Mineração e Co-mércio, em 2004. “Com 10 anos deexperiência em excelentes empresasde grande porte essa tem sido umaexperiência enriquecedora. Tenhopodido ‘complementar o grande co-nhecimento acumulado por meu pai,nos mais de 40 anos de trabalho deleno setor mineral, com o que eutrouxe do mercado”, comenta.

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Para ele que saiu de empresas degrande porte, empreender é umgrande desafio, a começar pela própriagestão e tomada de decisões. Muitasvezes, o horário de trabalho se estendeaté a madrugada e o patrão único semultiplica, de acordo com o número declientes. Em suma, não há monotonia,assim como o próprio setor mineral.

Desde o início dessa fase, houve algunsanos ruins, mas a maioria foi de exercí-cios positivos. A empresa de consulto-ria tem variado muito seu tamanho, deacordo com a demanda do mercado.O grupo já teve 35 funcionários, eatualmente está com seis. “O ano de2014 tem sido ruim, mercado pa-rado, quase ninguém investindo emPesquisa Mineral, mas mesmo assimteremos lucro. Isso só é possívelcom gestão de custos e visão dotodo da empresa”, enfatiza.

Diferente dos profissionais de outras

áreas, o engenheiro de minas faz a liga-

ção entre todas as Engenharias, a partir

de conhecimento razoável em discipli-

nas como geologia, química, física, ma-

temática, mecânica e elétrica. “A

gente conversa com geólogos, com

o pessoal de meio ambiente, com a

área financeira, com os operadores

de equipamentos, com a segurança

do trabalho para extrair todas as

informações necessárias ao bom

funcionamento da mina”, destaca.

É interessante, também, exercitar a arte

da negociação e de comunicação. Dis-

ciplina e organização são outras com-

petências importantes no dia a dia de

trabalho do profissional que opta por

empreender, para atender a todos os

prazos e rigores das legislações que

regem o setor.

Embora milenar, a mineração é umaatividade que reflete a inovação daraça humana. Por isso, os profissionaisda área não podem se esquecer deacompanhar as tendências, melhoriase processos que são constantementeaprimorados para aumentar a renta-bilidade e produção do setor.

Para resistir a uma rotina de trabalhotão pesada, o engenheiro começa odia bem cedo, com atividade física –corrida, natação ou bicicleta – e fre-quenta a academia após o serviço al-guns dias da semana. Ele tambémpratica Tiro Prático, desde 1992, eparticipa de torneios.

Mas na hora do lazer, a prioridade émesmo a família. Com 15 anos de ca-sado e duas filhas, ele gosta dos finaisde semana com passeios especiais, da-queles que ficam na memória.

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diferente dos profissionais de outras áreas, o engenheiro de minas faz a ligação entre todas asengenharias, a partir de conhecimento razoávelem disciplinas como geologia, química, física, matemática, mecânica e elétrica.

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DEPUTADOS ESTADUAIS

SÁVIO SOUZA CRUZ (PMDB)

Engenheiro metalurgista graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professorlicenciado da PUC Minas e Colégio Santo Agostinho, Sávio Souza Cruz vai iniciar o seu quintomandato como deputado estadual na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). As prin-cipais regiões de atuação política são Central, Centro-Oeste, Vale do Jequitinhonha e Sul.

Em sua atuação parlamentar, destaca-se a defesa ambiental, tendo apresentado projeto delei que resultou na lei nº 13.766/2000 que prevê incentivos para municípios que investiremem coleta seletiva de lixo. Outros temas de interesse são aqueles ligados aos servidores pú-

blicos, além da educação, geração de emprego e renda e direitos dos aposentados.

PAULO LAMAC (PT)

Professor e engenheiro eletricista, o deputado estadual Paulo Lamac é graduado pela UFMGem Engenharia e pós-graduado pela Fundação Getúlio Vargas. Professor e um dos fundadoresda Associação Pré-UFMG, instituição sem fins lucrativos que amplia o acesso de estudantesde baixa renda às universidades públicas, ele vai iniciar, em janeiro de 2015, o seu segundomandato na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), com forte atuação nas regiõesCentral e Zona da Mata mineira. Anteriormente, ele exerce dois mandatos como vereador naCâmara Municipal de Belo Horizonte.

O deputado é o autor do projeto de lei nº3265/2012 desenvolvido em parceria com o CREA-MG que obriga inspeçõesperiódicas em edificações para prevenir desabamentos em tragédias.

Cidadania

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minas terá novos representantesengenheiros no Legislativo Entre os deputados estaduais e federais da bancada mineira que tomarão posse para umnovo mandato, em 1º de janeiro de 2015, há engenheiros. A Sociedade Mineira de Enge-nheiros (SME) recomenda que os profissionais da área acompanhem e participem do tra-balho de seus pares na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e, também, naCâmara dos Deputados para fortalecer a democracia e a cidadania.

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FÁBIO CHEREM (PSD)

O deputado estadual Fábio Cherem vai iniciar o seu segundo mandato como deputado estadualna Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Fe-deral de Minas Gerais com ênfase em Estrutura de Concreto Armado, ele também é empre-sário de sucesso, (Construtora Cherem).

Natural de Lavras, foi o primeiro deputado a destinar a totalidade das emendas parlamentarespara a educação, através das Escolas Estaduais no seu mandato. Foi autor, também, do projetode lei que deu transparência em favor da população quanto a distribuição gratuita de medica-

mentos em unidades de saúde e tem atuado em favor de crianças cadeirantes e pela ampliaçãodo cadastro de doadores de medula óssea.

IVAIR NOGUEIRA (PMDB)

Engenheiro civil, advogado e empresário, o deputado estadual vai iniciar, em janeiro de 2015,o seu sexto mandato consecutivo na ALMG com foco em ações e projetos que propiciemmudanças significativas nas atividades públicas e encaminhamento ao processo de reformapolítica nacional. Natural de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH),onde foi vice-prefeito (1989-1990) e prefeito (1991-1992), ele tem forte atuação nas regiõesCentral e Sul de Minas Gerais.

DEPUTADOS FEDERAIS

Engenheiro mecânico, agropecuarista e empresário, o deputado Luiz Fernando Ramos Faria vaiiniciar, em 1º de janeiro de 2015, o seu terceiro mandato consecutivo como deputado federal.Natural de Santos Dumont, foi reeleito presidente da Comissão de Minas e Energia da Câ-mara dos Deputados da legislatura (2011-2014). Ele também foi integrante da SubcomissãoPermanente do Marco Regulatório da Mineração no Brasil e membro da Comissão de Traba-lho, Administração e Serviço Público.

JAIME MARTINS (PSD-MG)

Engenheiro metalúrgico e mecânico, técnico industrial em Química, especialista em adminis-tração financeira e marketing e empresário, o deputado federal Jaime Martins vai assumir oseu sexto mandato como deputado federal por Minas Gerais. Como destaque, a sua atuaçãona Comissão de Viação e Transporte na legislatura. Entre as propostas para o próximo man-dato, ele pretende apresentar projetos de lei que fortaleçam o modal ferroviário nacional.

CARLOS DO CARMO ANDRADE MELLES (DEM-MG)

Engenheiro agrônomo e empresário, o deputado Carlos Melles vai iniciar o seu sextomandato em janeiro de 2015. Natural de São Sebastião do Paraíso, tem forte atuação nosetor do agronegócio. Durante o último mandato, licenciou-se do cargo para assumir aSecretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas de Minas Gerais, tendo reassumidoem abril de 2014.

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LUIZ FERNANDO FARIA (PP-MG)

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Nunca se falou tanto na água como neste ano que correpara acabar, mas que teima para não começar a chover deverdade. Já ficou longe o tempo em que um grupo de en-genheiros, associados ao braço regional da AssociaçãoBrasileira de Recursos Hídricos comemoravam no dia 30de setembro o “reveillon hidrológico”, como boas vindasà chegada da chuva. O que está ocorrendo com o clima éa pergunta que todos se fazem. A chuva não chega maisem outubro, dizem uns. Chove até junho no sudeste,dizem outros. Se mudança climática ou mera variabilidadeclimática ainda vamos medir e estudar mais para dar asrespostas científicas. Enquanto o Painel Intergovernamen-tal Para Mudanças Climáticas-IPCC, da ONU, aponta comograve consequência do aquecimento global as mudançasclimáticas, e destas a má distribuição das chuvas, uma coisaé certa caso nada seja feito: viveremos de extremos hidro-lógicos. Grandes cheias e grandes secas.

Nesta linha, uma outra corrente estuda a existência degrandes ciclos , décadas, onde o clima oscila a ponto deproduzir anos alternados de seca e chuva. No Brasil estefenômeno recebeu o nome de “Oscilação Decadal doPacífico” ou PDO da sigla em inglês. O fato é que o his-tórico de observação é pequeno, cerca de 100 anos,frente à idade da terra, para se tirar conclusões de fenô-menos decadais.

Mas o que sem dúvida despertou-nos tanto para a questãoda água foi a crise no abastecimento da cidade de SãoPaulo. Ela acendeu uma luz amarela na nossa consciência,ou vermelha para aqueles que estão no olho do furacão.Independentemente de qual teoria explica melhor o queestamos vivendo no sudeste, uma coisa é certa: choveuabaixo da média nos últimos três ciclos hidrológicos, ouseja, nos anos 2011/2012, 2012/2013 e especialmente nociclo 2013/2014, cujas últimas chuvas com boa distribuiçãoespaço-temporal estão quase fazendo um ano, pois ocor-reram em dezembro de 2013. Tanto tempo sem choverfaz valer a lógica do ciclo hidrológico, onde as primeiraschuvas vão apenas infiltrar para as camadas profundas dosolo seco, sem formar escoamento superficial, sem saturaro solo e assim atrasar ainda mais a elevação das vazõesnos cursos d’água. E nunca estas vazões estiveram tãobaixas no período seco, pois o lençol freático quase não

ARTIGO

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Marcelo de Deus

Marcelo de Deus,engenheiro Civil, e Gerente de PlanejamentoEnergético da Cemig.

Que climaé esse?

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foi carregado na estação das chuvas. Corroborando a teseda má distribuição das chuvas e dos extremos torna-se in-teressante registrar que neste último ano hidrológico2013/2014 tivemos as maiores cheias do estado do EspíritoSanto. E a cidade de Aimorés registrou mais de 800 mm dechuva em poucos dias trazendo enormes transtornos noinício de um período do chuvoso do sudeste identificadocomo o mais seco. Estes dados mostram a complexidadeda ciência.

Vivemos sempre alheios à situação hídrica, pois, por mais quesoubéssemos que a disponibilidade de água doce parecia tãomínima no “planeta água”, afinal só 0,4% é superficial e destesapenas 1,6% estão nos rios, vangloriávamo-nos de possuir 12%dessa água. Aprendemos na escola e nos orgulhamos. Masficou claro que se há mesmo uma enorme abundância, ela está,principalmente, no Norte, onde temos grandes vazios demo-gráficos, e, portanto, menos susceptíveis às crises hídricas, pelomenos em termos de quantidade. Tantos anos convivendo comestas máximas acabaram criando uma cultura do desperdício.Afinal, depois de tratada, mais de 40% da água desaparece e48% dos brasileiros admitem usar a água com pouco controle.Este sentimento de possuir muita água, capazes de sermos de-tentores mundiais de commodities, alimentou fantasias deimensos navios, como petroleiros, parando na foz do rio Ama-zonas para levar água doce para o mundo inteiro. Mas poucossabem que isso já ocorre, faz muito tempo, na forma de grãosque são exportados, já que 63% da água no país é consu-

mida pela irrigação. Ou se dá também por meio da expor-tação de carne, pois são consumidos 17.000 litros de águapara produzir 1 kg de carne bovina. Como também circu-lamos muita água na forma de leite ou de manteiga quechega a consumir 18.000 litros para um quilo. Enfim a águanão está escoando só pela torneira, mas também por todaparte em nossas atividades cotidianas ou comerciais.

Com crise se aprende e começamos a tomar consciênciada finitude desse precioso recurso. E quando é assim, pró-ximo de nós, como o problema do abastecimento humano,cresce e muito o desejo em cada um, de dar sua contribui-ção individual. Escolas, empresas, cidadãos, todos querem epodem com um pouco de esforço mudar de atitude no co-tidiano. Sim, é hora, de fazer sua pequena parte e ajudar asalvar a água.

Para se ter ideia, considerando que nossos padrões de con-sumo são elevados e podem ser reduzidos, se cada cidadãode Belo Horizonte economizasse um quarto(25%) de suacota diária de projeto (200 litros/habitante /dia), economi-zaríamos quase 5 lagoas da Pampulha em um ano. Esforçopequeno, resultado grande.

Marcelo de Deus é engenheiro Civil, formado pela Universidade Fe-

deral de Minas Gerais (UFMG), pós-graduado em Hidrologia, Hidráu-

lica e Recursos Hídricos, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR),

e Gerente de Planejamento Energético da Cemig.

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A história atual caracteriza-se comoum período de aceleradas transforma-ções em todas as esferas do convíviohumano, evidenciadas pelos movimen-tos políticos, econômicos, sociais eculturais, o processo de globalização,as preocupações ambientais, o desper-tar de uma nova visão do ser humano,as atenções voltadas à qualidade devida. No âmbito das organizações, asmudanças se originam de um questio-namento da própria natureza das re-lações de trabalho, a partir de umaanálise das teorias administrativas paraas novas necessidades emergentesdessas relações.

Os pressupostos que sustentam essasteorias são, hoje, considerados sobuma nova concepção do que é o SERhumano, sua subjetividade, sua capaci-dade, necessidade de auto-realização,interesse, potencialidade consciênciacrítica e principalmente o seu papelnas organizações e na sociedade.

O rápido crescimento da indústria noséculo XIX arrastou um grande contin-gente de pessoas da área rural sem ne-nhuma qualificação técnica, que foramsubmetidos a condições de trabalho de-

sumanas, salários reduzidos, jornadas detrabalho extensas sem nenhuma prote-ção legal por parte do estado.

Os princípios tayloristas foram for-mulados a partir do trabalho indivi-dual e da ênfase nas tarefas que foramsimplificadas e padronizadas, com oobjetivo de permitir a especializaçãodo trabalhador e o aumento dos ín-dices de produtividade. Desta forma,a utilização de mão-de-obra não es-pecializada tornou-se amplamenteviável e produtiva para aumentar maisainda o potencial do capitalismo. Foia partir de Taylor que as organizaçõesobtiveram esta configuração arquite-tônica que persiste até hoje e foi tam-bém nesta época que apareceu afigura do “Gerente” ou capataz ades-trador dos empregados.

Olhando para dentro deste con-texto, podemos analisar o duplopapel exercido por estes corde-nadores. Ao deixar de ser ummero empregado individual, elecontinua sendo empregado,porém, com procuração do capi-talista para representá-lo nabusca de resultados e ganhos fi-

nanceiros. Então, ele é tambémum capitalista.

Neste palco de representações, pre-sume-se que a vida apresenta coisasreais e, às vezes, bem ensaiadas, utili-zando máscaras para disfarçar seusdiversos papeis.

As máscaras são expressões controla-das e ecos admiráveis do sentimento,ao mesmo tempo fiéis, discretas e su-premas. As coisas vivas, em contatocom o ar, adquirem uma cutícula, e nãose pode argumentar que as cutículasnão sejam corações; contudo alguns fi-lósofos parecem aborrecidos com asimagens por não serem sentimentos.Palavras e imagens são como as con-chas e como tal, partes integrantes danatureza das substâncias que cobrem,porém mais bem dirigidas ao olhar emais abertas à observação. Não diriaque a substância existe por causa daaparência, ou o rosto por causa damáscara, ou as paixões por causa dapoesia e da virtude. Coisa algumasurge na natureza devido a outracoisa qualquer; todas essas faces eprodutos estão igualmente envolvi-dos no ciclo da existência.

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ARTIGO

RF123

Coordenador de Curso: Cínico ou sincero

Léu Soares de Oliveira

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Neste palco, o mais importante talvezseja o fato de o coordenador se apre-sentar sob a máscara de personagempara personagens projetados por ou-tros atores. A platéia constitui um ter-ceiro elemento da correlação,elemento que é essencial e que, entre-tanto, se a apresentação fosse real, nãoestaria lá. Na vida real, os três elemen-tos ficam reduzidos a dois: o papel queo coordenador representa talhado deacordo com os papéis desempenha-dos pelos outros presentes e aindaesses outros, que também constituema platéia.

Quando o coordenador desempenhaseu papel, implicitamente, solicita aseus observadores que levem a sérioa representação sustentada peranteeles. Pede-lhes para acreditarem queo personagem que vêem no momentopossui atributos para representar ocapitalismo, apesar, de que, em ne-nhum momento, deixará de ser em-pregado. Há o ponto de vista popularde que o indivíduo faz sua represen-tação e dá seu espetáculo para bene-fício dos outros e de si mesmo.

“Não quero dizer que com isso, quetodos os atores cínicos estejam inte-ressados em iludir sua platéia, tendopor finalidade o que se chama de in-teresse pessoal ou lucro privado”. Umindivíduo cínico pode enganar o pú-blico pelo que julgar ser o própriobem deste, ou pelo bem da comuni-dade. Talvez o verdadeiro crime do vi-garista não consista em tomardinheiro de suas vítimas, mas em rou-bar-nos a todos a crença de que asmaneiras e a aparência da classe médiasó podem ser mantidas por pessoasda classe média. Um profissional de-sabusado pode ser cinicamente hos-til à relação de serviço que seusclientes esperam que ele lhes preste.O vigarista tem condições de mantero mundo “legal” inteiro em desonra.

Um indivíduo pode estar convencidodo seu ato ou ser cínico a respeitodele. Estes extremos são algo mais doque simplesmente as extremidades deum contínuo. Cada um dá ao indivíduouma posição que tem suas própriasgarantias e defesa, e, por isso, haverá atendência, para quem viajou próximoa um desses pólos, de completar a via-gem. Começando com a falta decrença interior no papel de outrem, oindivíduo pode seguir o movimentonatural. (Goffman, 2007, p.27).

Conquanto possamos esperar encon-trar uma oscilação natural entre ci-nismo e sinceridade, ainda assim nãodevemos excluir o tipo de ponto detransição que pode ser mantido àcusta de um ponto de auto-ilusão. Ve-rificamos que o indivíduo pode tentarinduzir o auditório a julgá-lo e à si-tuação de um modo particular, procu-rando este julgamento como um fimem si mesmo e, contudo, pode nãoacreditar completamente que mereçaa avaliação que almeja de sua respon-sabilidade ou que a impressão de rea-lidade por ele alimentada seja válida.

Em certo sentido e na medida em queesta máscara representa a concepçãoque formamos de nós mesmos – opapel que nos esforçamos por chegara viver –, esta máscara é o nosso maisverdadeiro eu, aquilo que gostaríamosde ser. Ao final, a concepção quetemos de nosso papel torna-se umasegunda natureza e parte integral denossa personalidade. Entramos nomundo como indivíduos, adquirimosum caráter e nos tornamos pessoas.(PARK, 1950. p. 250).

O mundo das organizações se tornauma indústria do espetáculo onde opalco são os departamentos, onde ogerente representa ora o papel deempregado, ora o papel do capita-lista.

O sistema econômico fundado no iso-lamento é uma produção circular doisolamento. O isolamento funda a téc-nica, e, em troca, o processo técnicoisola. Do automóvel à televisão, todosos bens selecionados pelo sistema es-petacular são também as sua armaspara o reforço constante das condi-ções de isolamento das “multidões so-litárias”. O espetáculo reencontracada vez mais concretamente os seuspróprios pressupostos.

O trabalhador não se produz a sipróprio, ele produz um poder inde-pendente. O sucesso desta produ-ção, a sua abundância regressa aoprodutor como abundância da des-possessão. Todo o tempo e o espaçodo seu mundo se lhe tornam estra-nhos com a acumulação dos seusprodutos alienados. O espetáculo éo mapa deste novo mundo, mapaque recobre exatamente o seu ter-ritório. As próprias forças que nosescaparam se nos mostram em todoo seu poderio.

REFERÊNCIAS:

1- GOFFMAN, Erving. A Representa-ção do Eu na Vida Cotidiana. 14ª edi-ção, Petrópolis: Vozes,

2- PARK, E. Robert . Race and Culture.

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Léu Soares de Oliveira, engenheiro, professor e mestre

em administração

ARTIGO

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Não é de hoje que ouvimos falar que a modelação da infor-mação da construção (Building Information Modeling – BIM)configura-se como um grande avanço para a indústria daconstrução. Embora apenas recentemente softwares BIMtêm sido difundidos no setor da Construção Civil Brasileira,este conceito existe há mais de 20 anos, nas indústrias auto-mobilística e aeronáutica. A experiência de implantação deuma plataforma BIM em uma empresa de projetos de enge-nharia de sistemas prediais em Belo Horizonte/MG nos écapaz de indicar, sobretudo na perspectiva brasileira, os di-versos desafios trazidos pela nova tecnologia e os seus ver-dadeiros ganhos.

EXPECTATIVA X REALIDADE

As plataformas BIM, ao contrário das ferramentas CAD tra-dicionais, demandam tempo e investimento relevantes parasua implantação. A carência de bibliotecas 3D de componen-tes nacionais para a indústria brasileira exige tempo e mãode obra especializada para a consolidação destes modelosque permita a empresa começar a projetar. A estruturaçãodos fluxos de trabalho da empresa, para garantir a eficiênciada plataforma, se mostra ainda mais importante quando le-vantamos questões de colaboração e trabalho simultâneo.Os softwares BIM demandam computadores potentes, querepercutem em investimentos que devem ser equacionadospela empresa, antes mesmo da aquisição das licenças do soft-ware.

Por ser uma tecnologia iniciante na Construção Civil, deve-se considerar a necessidade de treinamento da mão de obrae o período de amortização das alterações na cultura orga-

nizacional trazidas pela in-trodução da nova ferra-menta de trabalho. Como BIM é necessário que oprojetista tenha uma visãosistêmica das instalaçõesque irá projetar para con-seguir estabelecer as rela-ções corretas entre os componentes da instalação. Issocaracteriza-se como uma grande mudança no raciocínio deprojeto atual, pois o projeto passa a ser feito a partir do co-nhecimento real da construção, e não mais pelo domínio dodesenho simbólico.

No Brasil a implantação do BIM tem sido desafiadora. Os de-senvolvedores dos principais softwares ainda não realizaramas adaptações para as normas nacionais. O alto investimentonuma nova plataforma de trabalho gera expectativas de nãoserem necessários acessórios para cumprir a função prome-tida, como plug-ins, ou mesmo softwares de outras áreas,como uma planilha eletrônica. Isso é agravado pelo fato deque os softwares BIM estão ainda limitados na representação2D, o que exige tempo para o desenvolvimento de soluçõese alternativas que adaptem a produção de desenhos nas re-presentações técnicas nacionais. Outra promessa da plata-forma é de realizar grandes automatismos sob o ponto devista do dimensionamento da instalação, contudo, observa-mos que existe esta área dentro da plataforma, mas os re-sultados estão aquém das expectativas.

Sabemos que a demanda das adaptações dos softwares geraum mercado todo particular, mas até quando isso será bom,

ARTIGO | PLATAFORmA BIm

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*Autor: Ítalo Batista*Coautores: Rudner Fabiano Lopes

Renato Pereira Aboim Tavares

Ganhos e impasses na implantação de plataformas BIm em empresas brasileirasde projetos de sistemas prediais

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uma vez que estare-mos tratando de tec-nologia de ponta?

Estes são os paradig-mas a serem equa-cionados atualmentepara a implantaçãoda tecnologia BIMem uma empresa deengenharia de insta-lações prediais. Mui-tos destes fatoresfazem parte do uni-verso de expectativasgeradas pelo marke-

ting dos softwares. Os recursos ainda estão em desenvolvi-mento, e, expectativas à parte, é preciso enxergar os ganhosencontrados no uso do BIM. Estes são inúmeros.

GANHOS DIRETOS NA ADOÇÃO DO BIM

Na prática desenvolvida pela PROERG Engenharia e ProjetosLtda., de Belo Horizonte, o primeiro grande ganho encon-trado foi na compatibilização interdisciplinar de um projeto.A checagem de interferências nunca foi tão simples e concretacomo agora - em BIM. A sobreposição dos modelos de todasas disciplinas e recursos de exibição direta de interferênciaspelos softwares permitem às engenharias um diálogo muitomais palpável. Sem dúvidas, a descoberta de incompatibilidadesantes do canteiro de obras garante uma maior eficiência daconstrução.

Outra grande vantagem percebida vem com a extração au-tomática de vistas e cortes dos modelos. Com isso, os pro-jetistas perdem menos tempo com a geração dodetalhamento, e ganham mais tempo para pensar efetiva-mente nas soluções de projeto. Neste campo, outro ganho éa redução de retrabalho e de erro no momento de altera-ções de informações dos desenhos. Diversas informações as-sociadas ao modelo são automaticamente ajustadas quandoalterado qualquer elemento ou dimensionamento domesmo. A extração de planilhas de quantitativos demandaum investimento preliminar no cadastro de informação nasfamílias de objetos, entretanto, permite a extração de múlti-plas informações dos componentes aplicados no projeto econcretiza uma base real para orçamentos e outras quanti-ficações realizadas pela gestão de obras.

Outro recurso existente no BIM com grande potencial paraa eficiência em projetos é a colaboração e o trabalho simul-tâneo de equipes. Em um único ficheiro é possível concentrartodas as informações de um projeto oriundas das diversasdisciplinas envolvidas. Através do ambiente colaborativo, di-versos projetistas trabalham no mesmo projeto e as atuali-zações geradas por um deles são apresentadas para osdemais em tempo real.

Estes são ganhos técnicos rapidamente encontrados na prá-tica do uso do BIM para projetos de instalações prediais. Nodia-a-dia, os ganhos com a melhoria contínua de projetos, oamadurecimento das equipes de trabalho dentro da empresae a automação dos diversos processos de trabalho trazidapelo BIM, evidenciam que esta tecnologia é um contributooriginal para a construção civil e que veio para ficar.

Ítalo Batista, Engenheiro Eletricista Especialista em Sistemas PrediaisDiretor Proprietário da Proerg Engenharia e Pro-jetos Ltda.

Rudner Fabiano Lopes Arquiteto Urbanista, doutorando em BIM na Universidade do Porto (Portugal), atua comoBIM Manager e pesquisador em BIM (BuildingInformation Modeling).

Renato Pereira Aboim TavaresEngenheiro de Produção Civil, pós-graduado emGestão de Projetos e com MBA em Engenhariae Inovação, atua há 11 anos na área de siste-mas prediais.

Ítalo Batista, engenheiro eletricista e

especialista em Sistemas Prediais

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O uso da energia representa umaoportunidade de desenvolvimento so-cial e econômico que contribuem parao aumento da qualidade de vida daspessoas. É por isso que o tema segu-rança energética é tão importante paraos estados e as nações. O Brasil possuium grande desafio físico e econômicona implantação de empreendimento deenergia para o suprimento energéticofuturo. A Empresa de Pesquisa Energé-tica (EPE) através do Plano Decenal deExpansão de Energia (PDE), em suaversão para 2023, estima a necessidadede acréscimo de 71 GW na capacidadeinstalada do sistema elétrico nos pró-ximos 10 anos. O crescimento apon-tado para o País mantém a origemrenovável de grande parte da eletrici-dade produzida. As fontes hídrica e eó-lica já se constituem em negóciosmaduros. Por outro lado, as “novas”fronteiras de expansão encontram-seassociadas a energia solar e a biomassa.

Especialmente sobre a energia da bio-massa pode-se perceber uma infini-dade de tecnologias e usos. Entretanto,é interessante observar que essa fontepode estar sujeita a questionamentos

variados, mesmo que não aplicáveis, namedida em que o número de em-preendimentos e a dimensão territorialutilizada por eles aumentem significati-vamente, como por exemplo: compe-tição da terra para produção dealimentos e alocação de pessoas e dis-ponibilidade de água e sementes. Nestesentido, uma forma de utilizar a energiada biomassa é a sua forma residual,cujas aplicações contornam estes ques-tionamentos, se constituindo ainda emoportunidades de eficiência energéticae em geração distribuída, característicainerente a esta fonte.

Observando-se os fluxos de energiaentre as fontes e usos finais, a fontebiomassa possui um grande potencialde eficiência energética no que dizrespeito a cadeia da madeira. Nestesentido, nos anos de 2008-2010, asdiscussões em diversos eventos téc-nicos apontavam para o aproveita-mento dos gases residuais da produçãode carvão vegetal em sistemas de co-geração, inexistentes até aquele mo-mento. O Brasil consome anualmente,para produção de ferro e aço, cerca de35 milhões de metros cúbicos de ma-

deira para produzir 6 milhões de tone-ladas de carvão vegetal. Os gases gera-dos no processo de carbonização destamadeira podem ser transformados emenergia, pois são ricos em compostosorgânicos.O potencial deste processoé da ordem de 1,0 MW/24 mil tone-ladas de carvão produzidos anual-mente. Com este rendimento, opotencial das empresas produtorasde carvão vegetal no Brasil seria daordem de 250 MW. Nesse contexto,surgiu o projeto de Pesquisa e De-senvolvimento Tecnológico (P&D) noâmbito do Programa CEMIG/ANEELnº GT 358.

Este projeto se propôs a resolver trêsimportantes gargalos tecnológicos: de-senvolver um sistema de transporte degases que possibilitasse a condução dafumaça a um queimador central, a uti-lização de biomassa florestal residualde forma a manter as condições decombustão do sistema e demonstrar acogeração, e nesse caso usando um sis-tema de trocador de calor acoplado auma turbina de queima externa –EFGT (Externally Fired Gas Turbine)cujos desenvolvimentos se encontra-

ARTIGO | BIOmAssA

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Cogeração usando Gases Residuais da Carbonização:uma Oportunidade energética

Cláudio H. F. da Silva, Alexandre F. M. Bueno, da CEMIG

Wanderley L. P. Cunha, da ARCELORMITTAL BIOFLORESTAS

Angélica de C. O. Carneiro, UFV -Universidade Federal de Viçosa.

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vam em escala de demonstração, apro-fundando ainda mais o caráter inova-dor e de ineditismo do projeto.

O projeto então ocorreu da parceriaentre as empresas Cemig GT e Arce-lorMittal Bioflorestas e contando como desenvolvimento científico reali-zado pelas Universidades Federais deItajubá (UNIFEI) e de Viçosa (UFV).A duração do projeto foi de 48meses, tendo envolvido investimen-tos da ordem de R$8,8 Milhões. Aseguir são apresentados os resulta-dos consolidados do projeto:

SISTEMA DE TRANSPORTE DEGASES: o comprimento total destesistema foi de aproximadamente 416metros em uma configuração em Y,tendo 6 fornos de cada lado. Foi ado-tada uma solução de gás de traço deforma a assegurar as condições detransporte que permitisse a queima resi-dual sem condensação ao longo da tubu-lação, com temperaturas médias naentrada do queimado na ordem de 150ºC.

SISTEMA DE APROVEITAMENTO DEBIOMASSA RESIDUAL:considerando-se um consumo de florestas da ordemde 74 ha/mês haveria uma disponibili-dade energética do resíduo (folhas, cas-cas e galhos) para uma capacidadeinstalada da ordem de 11 MW. Já, con-siderando-se finos e atiços, poderiamser aproveitados 19 toneladas de resí-duos por hectare. Para aproveitamentode biomassa residual, foi construído umsistema com picador, peneiramento,silos, sistema transportador e queima-dor auxiliar acoplado ao queimadorprincipal, além da definição logística decoleta e transporte do resíduo florestalaté o sistema de cogeração;

SISTEMA DE COGERAÇÃO: apesarde que o sistema EFGT instalado pos-suir uma baixa capacidade (100 kW), oprotótipo possui uma capacidade tér-mica na câmara de combustão daordem de 50 MW. É importante res-saltar, que como uma pesquisa, os in-teresses estavam voltados para ademonstração de conceito e estudos

das questões envolvidas, do que propria-mente com a escala. E desta forma, pro-vando-se a operabilidade com oacionador primário constituído pela tur-bina EFGT pode-se então partir para aampliação de escala e substituição poroutro acionador. Uma questão impor-tante é que a escolha da Turbina EFGTse deu por questões técnicas, mas tam-bém por questões tecnológicas, bus-cando-se agregar um caráter originalao projeto, que também poderia serexplorado no fomento de uma novacadeia industrial de fornecedores destetipo de tecnologia.

O arranjo construtivo adotado estáindicado na Figura 1, que apresentatambém o sistema de transporte degases construído. Na Figura 2 é indi-cado um esquema de aproveita-mento de biomassa residual. NaFigura 3 é apresentada a turbina dequeima externa. Já a Figura 4 mostrao sistema de cogeração em escala pi-loto completamente montado.

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O Brasil consome anualmente, paraprodução de ferro e aço, cerca de35 milhões de metros cúbicos demadeira para produzir de 6 milhõesde toneladas de carvão vegetal. Osgases gerados no processo de carbo-nização desta madeira podem sertransformados em energia, pois sãoricos em compostos orgânicos

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ARTIGO | BIOmAssA

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FIGuRA 2. sIsTemA de APROveITAmeNTO de BIOmAssA ResIduAL e esQuemáTICO.

FIGuRA 1. esQuemáTICO de ReALIzAçãO dO P&d GT 358, COm desTAQue PARA A CONsTITuIçãO dA TuBuLAçãO de TRANsPORTe de GAses.

FIGuRA 3. TuRBINA eFGT e seu dIAGRAmA de FuNCIONAmeNTO

O projeto explicitou toda a complexidade envolvida no desenvolvimento deste tipo de cogeração, e se caracteriza emum grande sucesso pela sua implantação e conclusão, se constituindo também em um marco para os setores envolvidosnesta pesquisa. Entretanto, além de demostrar e resolver questões técnicas, o projeto também, naturalmente como umapesquisa, levanta outras frentes de trabalho, como por exemplo: desenvolver um novo modelo de válvulas que isolam apassagem de ar quando o forno está em resfriamento e um novo dimensionamento das chapas das tubulações de trans-porte de gases e maior número de ancoragem; avaliar a substituição de tubulações aéreas por subterrâneas e estudara viabilidade econômica deste novo modelo com conjunto de cogeração acima de 1 MW.

FIGuRA 4. sIsTemA de COGeRAçãO em esCALA PILOTO dO PROJeTO de P&d ANeeL CemIG Nº GT 358.

RESÍDUOSCAMPO

PICAGEM

TRANSPORTE

RESÍDUOSUPE

TURBINA

TROCADOR DE CALOR

GÁS DE EXAUSTÃO

COMPRESSOR

QUEIMADOR

COMBUSTÍVELAR

LIMPEZACLASSIFICAÇÃO

PICAGEM

INHETOR DE BIOMASSA

1

23

6

5

4

G

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57

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Com a competitividade cada vez maisacirrada no setor da Construção, asempresas precisam antecipar as de-mandas que os seus clientes em po-tencial venham a ter no futuro.Atender apenas às necessidades atuaisnão gera vantagem competitiva. Porisso, os investimentos em modelos degestão e em pessoas são estratégicos.

Hoje, uma construtora com proces-sos integrados e um sistema decontrole e avaliação consegue redu-zir custos na ordem de 30%, se-gundo os especialistas. Isso resultaem mais competitividade. Porém,para implantar, desenvolver e evo-luir com os modelos de gestão den-tro das construtoras é imperativo oengajamento das pessoas que com-põem a empresa.

Diante dessa necessidade, os jovensengenheiros e empreendedores doSinduscon-MG Jovem promoveram,em setembro, o Fórum Sinduscon-MG

da Construção Civil, cujo tema focounos desafios do setor para 2015.

Cerca de 400 empresários e gesto-res acompanharam o ciclo de pales-tras. Em sua apresentação, oconsultor e especialista em gestãoRaimundo Godoy Castro Filho des-tacou que uma gestão moderna devedirecionar os esforços para o capitalempregado, dando atenção a todasas interações estabelecidas comacionistas, fornecedores, colaborado-res, concorrentes, clientes, órgãosreguladores e com o Estado.

A segunda palestra foi do sócio-dire-tor e cofundador da VBI Real EstateImobiliário, Ken Wainer, que explicouquais são os critérios adotados pelosfundos de investimentos internacio-nais na hora de firmar parceria emum empreendimento imobiliário noBrasil. Por último, o economistaEduardo Giannetti fez uma análisedo cenário atual da economia brasi-

leira e apontou perspectivas para omercado no próximo.

Já em novembro, o Grupo de Inter-câmbio da Construção Civil em Re-cursos Humanos (GICC-RH) doSinduscon-MG realiza outra iniciativaaliada com o desenvolvimento dasempresas. O Fórum Sinduscon-MGGestão de Pessoas está em sua oitavaedição e é direcionado a diretores, ge-rentes e profissionais ligados à área derecursos humanos das construtoras.No encontro, serão debatidos temascomo remuneração estratégica, açõesde retenção de talentos e cases de su-cesso, com destaque para os de de-senvolvimento de lideranças emcanteiros de obras.

Eventos como esses são importantesporque instrumentalizam os gestorescom informações para as tomadas dedecisão, além de ser um espaço parao debate acerca do setor da Constru-ção em Minas Gerais e no País.

ARTIGO

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Luiz Fernando Pires, presidente do Sinduscon-MG

*Luiz Fernando Pires é engenheiro civil pela Universidade Federal Fluminense (1972), pós-graduado em marketing pela Escola Superior de Pro-

paganda e Marketing “ESPM”, gerente técnico da Superintendência da Cosipa-Cubatão/SP (1973/1977). Entre 1977 e 1994 foi Diretor da Inter-

nacional Engenharia SA (Iesa). Atualmente é presidente da Mascarenhas Barbosa Roscoe S.A (MBR), vice-presidente da Federação das Indústrias

do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon–MG).

A competitividadeestá na gestão deprocessos e pessoas

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Toda a indústria é baseada na engenhariade um futuro melhor.

Olavo Machado JuniorPresidente do Sistema FIEMG

Uma homenagem do Sistema FIEMG ao Engenheiro do Ano 2014,

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Uma homenagem do Sistema FIEMG ao Engenheiro do Ano 2014,

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Uma homenagem do Sistema FIEMG ao Engenheiro do Ano 2014,

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Uma homenagem do Sistema FIEMG ao Engenheiro do Ano 2014,

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Uma homenagem do Sistema FIEMG ao Engenheiro do Ano 2014,

Uma homenagem do Sistema FIEMG ao Engenheiro do Ano 2014,

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