RevistaC R E A
0Ano 7 - N 32 - DEZEMBRO 2004 Revista Oficial do CREA-PR
Caminhospara o
desenvolvimento
Cidadessustentáveis
EM PAUTA
RevistaC R E A
Revista Bimestral com circulação dirigida
55 milexemplares
Público Alvo
Sociedade ParanaenseFormadores de Opinião
EngenheirosArquitetos
AgrônomosProfissionais e empresas
do Sistema CREA-PR
400 mil leitores
Um canal de comunicação a serviço daformação de cidadãos conscientes e
integrados em sua comunidade
46 milexemplares
via mala diretapara profissionais
7 milempresas
cadastradas(41) 3023-4209
anuncie
OUTUBRO 2004 CREA-PR 3
Concessionária ALL deixaferrovias abandonadas
e prejuízos para asociedade
Acontece7
Romper o círculo vicioso
Cartas
5
6
Prejuízo para o cidadão
Agonia de um rio
Um universo para cada proporção
Prioridades municipais
Unindo forças para planejar
Água e moradia: gargalos de Curitiba
Agronegócio é matriz energética
A energia move o mundo
O acobertamento como conduta antiética
CREA-PR discute desenvolvimento social
Yvy Marã Ey, a terra sem mal do Peabiru
Vocações regionais orientam expansão
Comunidade que participa
Trabalhando contra o engessamento
15
18
22
24
25
26
27
28
29
31
33
35
37
39
ENERGIA
ANÁLISE
ÉTICA PROFISSIONAL
CONGRESSO
HISTÓRIA
SEÇÕES
Associativismo produtivo para crescer
Patrimônio público no Brasil tem nome: descaso
8
13
EMPREENDEDORISMO
ARQUITETURA
INFRA-ESTRUTURA
PLANEJAMENTO URBANO
Indice
Nossa CapaNossa Capa
Planejando oespaço urbano.
Foto: PablitoPereira
O desafio é requalificaro território e criar uma nova
mentalidade capaz de sustero caos urbanístico e planejar uma cidade
sustentável
O resgate histórico doCaminho do Peabiru poderender oportunidades de
negócios ao Estadoparanaense
OUTUBRO 2004CREA-PR 4
AgronomiaOrley Jayr Lopes - Engº Agrônomo
ArquiteturaÂngela Canabrava Buchmann - Arquiteta
Engenharia Civil Marcelo Cavalcanti Fortes - Engº Civil
Engenharia ElétricaEdson Dalla Vechia - Engº Eletricista
Engenharia QuímicaMarcos José Marques dos Santos - Engº Químico
Engenharia Mecânica e MetalúrgicaSilmar Brunatto Van Der Broocke - Engº Mecânico
Engenharia de Geologia e MinasJoão Tadeu Nagali - Geólogo
Editor:Mário Milani
Editor Executivo: Ivan Schmidt
Colaboraram nesta edição: Esmael Alves de Morais, Karina Magolbo, Marina Kouçouski, Osni Gomes, Valdelis Gubiã Antunes e Anna Preussler (ACS - CREA-PR).
Projeto GráficoJubal S. Dohms e Marcos Scotti
Paginação e Arte: Marcos Scotti e Naiara Milani
Ilustrações: Cláudio Kambé
Revisão:Manoel
Jornalista Responsável: Mário Milani
Rua José Cadilhe, 629 - Conjunto 2TELEFAX (41) 343-3955 - CTBA/PR - CEP: 80620-240E-MAIL: [email protected] -
PresidenteLuiz Antonio Rossafa - Engº Agrônomo
1º Vice-PresidenteJosé Joaquim Rodrigues Júnior - Engº Civil
Segundo Vice-PresidenteSamir Jorge - Engº Civil
Primeiro SecretárioAgostinho Celso Zanello de Aguiar - Arquiteto
Segundo SecretárioCarlos Scipioni - Engº Agrônomo
Terceiro SecretárioElmar Pessoa Silva - Engº Mecânico
Primeiro TesoureiroAldino Beal - Engº Eletricista
Segundo TesoureiroCladimor Lino Faé - Engº Civil
Diretor AdjuntoÁlvaro José Cabrini Júnior - Engº Agrônomo
Presidente - Eng.º Agrônomo Luiz Antonio Rossafa (membro nato); Arquiteta Angela Canabrava Buchmann; Eng.º Agrônomo Carlos Scipioni; Eng.º Civil José Joaquim Rodrigues Júnior; Eng.º Eletricista Aldino Beal; Eng.º Químico Renê Oscar Pugsley Júnior; Eng.º Mecânico José Carlos Wescher; Geólogo João Tadeu Nagalli; Assessoria de Comunicação Social: Anna Preussler
70 anos do CREA/PR
O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia (CREA-PR) comemora, em 2004, 70 anos de
fundação. Em comemoração e reconhecimento aos
serviços prestados à sociedade e aos profissionais, o
Conselho recebeu homenagem da Assembléia Legislativa
do Paraná e do Setor de Tecnologia da Universidade
Federal do Paraná. Confira alguns votos de parabéns
Política energética
O presidente do Conselho Diretor do Instituto Nacional
de Eficiência Energética (INEE), Marcos José Marques, é um
defensor intransigente da criação de uma política nacional
de energia. Segundo ele, os principais países estão
preocupados em definir questões como quem vai suprir uma
possível necessidade de energia externa e quais as fontes
disponíveis; o uso racional dos potenciais e qual o cenário
de risco que se pode ter no atendimento das necessidades do
mundo globalizado. “O Brasil já teve no passado uma
política energética, na qual buscava estabelecer o espaço
para o gás e para a energia elétrica, assim como estimular a
conservação de energia, que é um tema fundamental,
mesmo depois da crise de 2001”, disse. Marques enfatiza
que apesar do “resultado fantástico” que salvou o País, o
tema continua desconhecido. Desse modo, “a falta de uma
política energética nacional, na minha opinião, é uma coisa
dramática. Acho ótimo ter-se um modelo para o setor
elétrico e um novo modelo para o gás. Mas eu diria que,
antes disso, se deveria ter as grandes linhas da política
energética”.
Governos contra exclusão
O ministro das Cidades do governo brasileiro, Olívio
Dutra, destacou no II Fórum Mundial Urbano, realizado em
Barcelona (Espanha), a importância de governos locais
possuírem instrumentos para conter o processo de exclusão
social nos municípios, sobretudo aqueles localizados nos
países pobres da Ásia, África e América Latina. Segundo o
ministro, é exatamente nessa parte do mundo que se verifica
a explosão da urbanização, com o crescimento
desmesurado do número de famílias que não têm moradia
digna, nem acesso aos serviços de saneamento básico.
Dutra afirmou que em menos de 50 anos, 80% da
população brasileira passaram a viver nas áreas urbanas. O
ministro falou ainda da necessidade de unir esforços dos
governos federal, estadual e municipal, de buscar a parceria
da sociedade civil e dos próprios organismos internacionais.
Contudo, disse que tudo isso será pouco se não houver
mudança na política macroeconômica mundial, “para que
investimentos em moradia e saneamento sejam excluídos do
Notas
OUTUBRO 2004 CREA-PR 5
Por Luiz Antonio Rossafa
Romper o
círculo vicioso
Luiz Antonio Rossafa é presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (CREA-PR)
Luiz Antonio Rossafa
modificados e inclusão social, entre O Brasil, já se disse tantas vezes, é
outros temas. terra de contrastes gritantes, e essa
A instituição sempre esteve na linha característica, malgrado o desânimo dos
de frente do debate, quer na condição de que teimam acreditar no imenso potencial
provocadora e indutora da pauta a ser do País, tem sido dissecada com
abordada, ou de participante ativa do estupefação nos meios acadêmicos do
processo de aglutinação dos círculos de Primeiro Mundo, cujos protagonistas não
in te l i gênc ia no Es tado como compreendem como não se conseguiu
universidades, entidades de classe, ainda promover a ruptura definitiva da
institutos de pesquisa, associações e dependência política, econômica e cultural
sindicatos profissionais.que retarda nosso projeto de nação.
Na véspera do plantio da safra de Como não poderia deixar de ser e, em
verão 2004/2005, por absurdo que seja grande medida em função dessa trava
constatar, o País dá mais um passo para histórica, o País vê crescer a cada dia sua
trás. Depois da realização do primeiro pauta de temas urgentes que vão se
turno das eleições municipais, o Senado amontoando sem serem resolvidos,
aprovou com emendas o substitutivo da gerando o círculo vicioso de gastos
Lei de Biossegurança, que inclusive públicos desperdiçados, quando não
disciplina o cultivo de organismos geneticamente sugados pelo ralo da corrupção, do desprestígio ao
modificados, os transgênicos, cujos riscos para a saúde aproveitamento da inteligência autóctone, e da
humana e meio ambiente não estão esclarecidos de modo procrastinação malévola de soluções proativas.
suficiente. A matéria deverá agora ser discutida pela Como instituição integrada ao sistema federal de
Câmara dos Deputados.fiscalização do exercício profissional, mas plenamente
Contudo, o impasse foi mantido dada a inexistência de convencida da importância de pugnar também pela
dispositivo legal sobre a questão, tendo em vista que na inserção desses profissionais no debate das questões
safra passada o plantio de sementes de soja transgênica, socioeconômicas que nos afligem, o CREA-PR tem feito
no Rio Grande do Sul, foi liberado por medida provisória. sua parte para qualificar a discussão, a partir da
Diante da leniência das chamadas instituições visualização do relevante aporte que os inúmeros ramos
democráticas, o Congresso Nacional e o próprio governo, da engenharia e arquitetura, necessariamente, podem e
os produtores gaúchos pressionados pelos prazos do devem colocar à disposição da sociedade.
calendário agrícola, mandaram dizer que plantam com ou Apesar das dificuldades inerentes a quaisquer
sem medida provisória. A mesma disposição também é processos de independência cultural, científica ou
manifesta por sojicultores do Paraná.tecnológica, largos passos foram dados em muitos
De nossa parte temos a lamentar um retrocesso a mais setores vitais para o crescimento, como as discussões em
em nossa crônica mania de empurrar com a barriga torno de modelos sustentáveis para a matriz energética,
questões pontuais que exigem solução imediata e água potável, meio ambiente, organismos geneticamente
Cartas
OUTUBRO 2004CREA-PR 6
Caminhar em Curitiba - A dificuldade de caminhar em
nossa cidade não está apenas nas calçadas existentes, cuja
maioria é muito ruim. E é muito fácil sentir esse desconforto,
bastando sair às ruas para observar as irregularidades do Trem nos trilhos - A respeito do informativo nivelamento do piso, de descontinuidade das calçadas, Trem nos Trilhos do Fórum em Defesa do Patrimônio calçadas estreitas que mal dão para uma pessoa caminhar e, Público do Paraná, gostaria de repassar e-mail que outros empecilhos como obstruções causadas por postes, enviei ao jornal Folha de S. Paulo reportando-me à orelhões etc. Entretanto, a pior situação está na região central matéria da página B7, da edição do último dia dos grandes bairros ou nas proximidades, onde não há 8/08, dia dos Pais, o qual gostaria que tomasse interesse dos envolvidos (órgão municipal, proprietários e conhecimento. “Em respeito à memória de meu pai usuários das vias). Exemplo disso é tentar caminhar pelas e de meu avô, ferroviários da extinta Estrada de principais ruas de bairros, onde nitidamente se observa a falta Ferro Araraquara (EFA) e de tantos outros que de definição dos arruamentos e não existência de calçadas, dedicaram suas vidas às ferrovias no Brasil, rogo a obrigando o pedestre a andar pelo leito das ruas de tráfego este conceituado jornal que não limite a reportagem do acidente contínuo e, por vezes, pesado. Quero lembrar que os nossos na Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá a apenas uma foto, bairros principais não são os mais modestos, mas sim bairros como se fosse um simples acidente. Creio que há muito a se consistentes, populosos, com grande número de empresas de explicar sobre este acidente que até agora não foi explicado. comércio e serviços. Infelizmente apareceu um outro tipo de Creio que esta ferrovia, centenária, e um dos grandes marcos da dificuldade para quem caminha, que são as vias para veículos, engenharia brasileira, não suporta mais a exploração a que vem especialmente nos bairros de grande expressão, onde os “pisos sendo submetida e, segundo denúncias, com os maus tratos que de antipó” estão totalmente carregados de “nódulos e sulcos”, vem recebendo. Ainda, porque não se pesquisar o porquê da trazendo sérios problemas aos usuários.inexplicável paralisação, desde 1975, da construção do novo
traçado deste trecho ferroviário, mais moderno, mais rápido e Celso Crevilaromais seguro? Esta construção iniciou e deixou várias obras ao
Curitiba - PRlongo de seu traçado, algumas concluídas outras inacabadas,
porém, ninguém mais tocou no assunto, nem políticos, nem
imprensa. O que está em jogo não é o meio ambiente impactado
num ponto localizado na Serra do Mar. Está em jogo a
integridade de uma obra de engenharia de incalculável valor
histórico que jamais deveria ter sido privatizada, estão em jogo a
economia do Estado do Paraná e de outros estados e países que
a ferrovia serve. Por favor, aprofundem esta reportagem com a
grandeza que esse jornal ostenta.
Engº Reinaldo José Rodrigues dos Santos
Presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental/Seção Paraná”.
Erramos - Na edição de junho-julho da Revista CREA-PR, na matéria
específica sobre a ALL, alguns equívocos cometidos estão sendo corrigidos
em respeito aos nossos leitores, e atendendo a ponderações da empresa
citada. Na página 26, onde se lê que a ALL paga R$ 430 a um maquinista,
leia-se R$ 650. Para o profissional que atua em trechos de serra o salário
inicial é de R$ 750. Quanto à capacidade de transporte por vagão, a
mesma varia de 40 a 60 toneladas. Na matéria “Parque ferroviário
sucateado”, a frase “a empresa realiza operações financeiras irregulares,”
deveria ter sido substituída por “operações financeiras no mínimo
estranhas”. Ainda, sobre o total de 364 locomotivas recebidas da RFFSA, a
informação correta é “70 foram sucateadas ou adaptadas para outras
Acontece
OUTUBRO 2004 CREA-PR 7
fone (11) 37223344.
Mineração de agregados
De 25 a 28 de outubro de 2004 acontece
no Royal Palm Plaza Hotel em Campinas,
SP, o II Seminário Internacional Sobre
Agregados para Construção Civil,
promovido pela Anepac - Associação
Nacional das Entidades de Produtos de
Agregados para Construção Civil
(www.anepac.org.br), com patrocínio da
C a t e r p i l l a r . U m p ú b l i c o d e
aproximadamente 300 pessoas é esperado. O tema do
seminário é “Mineração de Agregados e o Desenvolvimento
Sustentável”. Produtores de agregados e especialistas nacionais
e estrangeiros vão debater os problemas enfrentados pela
mineração e discutir formas para produzir com o menor dano
ambiental, a fim de evitar conflitos e ter boa convivência com
c o m u n i d a d e s v i z i n h a s . I n f o r m a ç õ e s :
[email protected]; Cursos da Câmara de Arquitetos
e Consultores
Arquitetura Promocional: Introdução ao Desenho de Stands
Promocionais
Arq. Glaucus Cianciardi
Dias 18 e 19 de Outubro de 2004
Confecção de Maquetes
De 26 de Outubro a 09 de Novembro de 2004
Prof. Marcio Levy Bentubo
Arq. Vanderlei Rotelli
Informações pelo telefone (11) 3868-3090 ou pelo site:
www.camaradearquitetos.com.br.
Arquitetura Promocional: Introdução ao Desenho de Stands
Promocionais
Confecção de Maquetes
I Mostra de Arquitetura
e Decoração
A Associação Regional de Engenheiros e Arquitetos de
Pato Branco – AREA-PB está organizando a I Mostra de
Arquitetura e Decoração que acontecerá durante a XI
EXPOPATO, de 6 a 15 de novembro de 2004. Esta Mostra
tem por objetivo divulgar o trabalho dos profissionais
arquitetos de Pato Branco e região, juntamente com os
fornecedores da Construção Civil e entidades, os quais
serão parceiros neste evento. Serão projetados ambientes
de trabalho, visto que cada vez mais se faz necessária a
preocupação com o bem estar e o conforto desses espaços
em que passamos boa parte do dia. Este evento pretende
mostrar à sociedade os benefícios em se contratar
profissionais qualificados para a criação e elaboração de
ambientes que sejam funcionais, ergonômicos e
agradáveis.
Exposição internacional
de celulose e papel
Entre os dias 18 e 21 de outubro, São Paulo
sediará o 37.º Congresso e Exposição Anual de
Celulose e Papel. Com organização da ABTCP
Associação Brasileira Técnica de Celulose e
Papel, o evento, a ter lugar no Transamércia
Expocenter, deve reunir 12 mil visitantes durante
os quatro dias de duração. A exposição deverá
contar com aproximadamente 200 empresas e
entidades de classe. Quanto ao Congresso, sob o
tema “Eficiência Operacional”, as discussões
proporcionarão um amplo painel de discussões
entre os profissionais do setor, pontuando quais as
soluções para equacionar controles operacionais
e aumento de produtividade, além de apresentar
as inovações tecnológicas para o alcance da
excelência.
Informações: www.abtcp.org.br ou pelo e-mail
[email protected] ou ainda pelo telefone (11) 3874-
55 mil exemplares
A revista do cidadão paranaense
anuncie (41) 3023-4209
E M P R E E N D E D O R I S M O
CREA-PR 8 OUTUBRO 2004
Arq
uiv
o R
ev
ista
CR
EA
-PRPor Marina Kouçouski
O crescimento econômico é o
anseio elementar de toda a
sociedade brasileira, compreendida,
entre outros segmentos, pelo
governo, partidos políticos, indústria,
comércio e cidadãos comuns. Todos
entendem que é preciso dar potência
à m o l a p r o p u l s o r a d o
desenvolvimento. Para isso é preciso,
no entanto, desenvolver ações e
diretrizes definidas, caso contrário o
estado de estagnação atual será
mantido. A saída pode estar mais
engenheira civil Vivian Curial Baêta de próxima do que se imagina,
Faria. sobretudo em ações realizadas nos
Para viabilizar o projeto, o CREA municípios pela adoção do chamado
dividiu o Paraná em 13 núcleos. Em associativismo competitivo, uma
cada um deles foram indicadas as estratégia de exploração das
áreas de atuação. Como resultado, potencialidades locais agregada à
foram apontados 43 programas capacitação de seus agentes.
visando subsidiar o desenvolvimento No Estado, a iniciativa de fortalecer
sustentável dos municípios. Uma das o associativismo competitivo surgiu
idéias-força dos programas, o com o lançamento do Projeto Paraná,
associativismo competitivo, embora do CREA, por parte do Núcleo de
apareça mais fortemente em alguns Ações Estratégicas (NAE). “O projeto
núcleos do que em outros, pode e teve início em fevereiro último para
deve ser aplicado a todos eles. fomentar ações que resultem na
O engenheiro civil Abel Adilson geração de empregos. O aumento da
Scripes, que também atua como renda e circulação de riquezas numa metodologia adequada,
facilitador do núcleo de Londrina, região é conseqüência direta da que é o associativismo
explica como é possível haver disponibilização de empregos. O competitivo. Se há emprego,
desenvolvimento e geração de Paraná é um Estado extremamente rico, e x i s t e r e n d a e , e m
empregos. “Para que o crescimento mas altamente concentrador de conseqüência, mais consumo e
aconteça é preciso estar baseado em renda”, reconhece a gerente do NAE, incentivo a novos investimentos. É o
Associativismo produtivo
Para tirar o País da
estagnação são
necessárias ações,
diretrizes definidas e
estratégias
associativistas para
exploração de
potencialidades
Arq
uiv
o R
ev
ista
CR
EA
-PR
Profissionais querem que o arcaico seja superado e o novo regulamentado
Estamos trazendo
madeira da
Argentina e outras
regiões. Isso
provoca fechamento
ou deslocamento de
empresas para
outros estados ou
países
OUTUBRO 2004 CREA-PR 9
Arq
uiv
o R
ev
ista
CR
EA
-PR
que se chama de roda da economia desperdícios e, melhor, a apresentar
ou círculo virtuoso”, afirma. soluções. “A possibilidade de aumentar
- No associativismo os ganhos,” enfatiza, “é que servirá de
competitivo, a disputa não visa estímulo ao processo”.
eliminar mas sim rivalizar, como O u t r a m o d a l i d a d e d e
explica o engenheiro. “A empresa líder, associativismo competitivo é a que
por exemplo, uma montadora, forma vem sendo implementada atualmente
uma cadeia de fornecedores e em Apucarana, na região Norte,
distribuidores. Estes, por sua vez, município que se tornou conhecido
disputam entre si fatias de mercado. Se pela fabricação de bonés em grande
a montadora tem dois fornecedores de escala. É a formação de conjuntos -
bancos de automóveis, estes vão estar pólos industriais, uma fase anterior ao
em constante concorrência em busca “cluster”. Neste caso, predomina a
de qualidade, inovação tecnológica e semelhança entre produtos e
preços competitivos”. processos produtivos. Não há
No interior do Estado, os grupos associatividade com empresas, mas na
de abatedores de aves favorecem e empresa. O mesmo acontece nos
financiam a constituição de redes de pólos moveleiro, de confecção e de
fornecedores e distribuidores. “É calçados.
uma forma de dividir os riscos
entre as empresas e - Um grande projeto
também manter o está sendo desenvolvido no município
es t ímulo para a de Foz do Iguaçu para impulsionar o
m e l h o r i a d a crescimento da região da tríplice
atividade”, diz Scripes. f rontei ra, at ravés do Parque
Este modelo é mais conhecido Tecnológico de Itaipu (PTI). No
como “cluster”, um aglomerado de momento, as atividades ainda estão
empresas que desenvolvem atividades sendo realizadas em espaços
orientadas por uma lógica comum. A provisórios. Os antigos alojamentos
rivalidade, neste caso, não acontece dos operários que construíram a usina
apenas entre empresas, mas também estão sendo reformados para abrigar
internamente. Os funcionários são todo o instrumental de atuação do PTI.
estimulados a competir entre si, Ao todo serão 50 mil metros de área
aumentar a produtividade, reduzir construída e 200 hectares de área total
Rivalidade
Tecnologia
para
crescer
Arq
uiv
o R
ev
ista
CR
EA
-PR
Profissionais querem que o arcaico seja superado e o novo regulamentado
Estamos trazendo
madeira da
Argentina e outras
regiões. Isso
provoca fechamento
ou deslocamento de
empresas para
outros estados ou
países
OUTUBRO 2004CREA-PR 10
à disposição desse ambicioso plano de recém-formados. O trabalho consiste
crescimento econômico, que deverá na criação de softwares (programas e
estimular a capacidade produtiva de sistemas de computadores) para
municípios brasileiros, paraguaios e atender inicialmente a demanda
argentinos. interna da própria Itaipu Binacional.
A expectativa é que os três Em futuro próximo, o objetivo da
primeiros blocos, onde serão fábrica é consolidar-se como centro
instalados o condomínio empresarial, de desenvolvimento de sistemas
a incubadora de empresas , c o m p u t a c i o n a i s d e p a d r ã o
laboratórios e salas de aula, estejam internacional.
prontos para ser inaugurados já em Outra realização promissora é o
outubro. Na configuração do parque p r o g r a m a d e g e r a ç ã o d e
estão previstos também espaços para empreendimentos em Turismo e
auditórios, salas de desenvolvimento Comunicação, também formado por
de projetos, bibliotecas, alojamentos, profissionais recém-formados e
quadras de esportes, centro de estudantes. A iniciativa pretende
convivência e museus. f o r n e c e r o p o r t u n i d a d e s d e
O embrião do projeto surgiu com o capacitação e preparo para o
ITAI (Instituto de Tecnologia em surgimento de empresas prestadoras
Automação e Informática), localizado de serviços em comunicação, turismo e
no campus da Unioeste (Universidade hotelar ia, cujos serviços são
parque vai promover a inserção Estadual do Oeste do Paraná), em considerados aquém da procura na
social. São vários projetos e programas Cascavel. O parque contará ainda região.
já em andamento para os setores de com o apoio de instituições dos setores Além desses, vários programas
educação, cultura e profissionalização.público e privado, além de entidades d e s t i n a d o s a r e f o r ç a r o
Alguns excelentes exemplos dessa de ensino superior. empreendedorismo, a inserção digital
preocupação residem no combate à “O associativismo competitivo é a e o desenvolvimento da pesquisa em
exploração e abuso sexual de vertente admitida como princípio pri- tecnologia estão em andamento. Nas
crianças e adolescentes na região mordial da concepção do parque. Os incubadoras empresariais devem ser
trinacional; formação de uma programas de desenvolvimento geradas empresas com capacidade de
ludoteca, que tem entre suas metas o tecnológico e empresarial serão os inovação e adaptação ao mercado. O
desenvolvimento de brinquedos grandes fomentadores dessa nova empreendedor que tenha um bom
educacionais; apoio à coleta cultura empresarial. O CREA-PR é um projeto recebe orientação, apoio
solidária para fortalecer e amparar dos agentes fundamentais do logístico e institucional para colocar o
a s s o c i a ç õ e s d e c a t a d o r e s ; processo. Está participando do negócio em prática. Futuramente
alfabetização de jovens e adultos; diagnóstico da região e auxiliando na empresas que desejem construir ou
biblioteca popular, integração formulação do cenário que guiará as transferir sua sede para a área física do
turística e popularização da cultura e ações. No decorrer do processo esta parque poderão fazer parte do
da arte, entre outras perspectivas. parceria deve se intensificar”, condomínio empresarial.
N o s e t o r d e f o r m a ç ã o conforme prescreve Mônica Laurito, da Nesse particular, um parâmetro da
profissional, um dos destaques mais área de relações públicas do PTI. nova concepção que está sendo
expressivos está no projeto da Fábrica difundida entre os empresários
de Software, que atualmente conta - Além da geração paranaenses é o projeto específico
com uma equipe de 23 profissionais de empregos e renda, desenvolvimento para o setor madeireiro em execução
brasileiros e paraguaios, estudantes e e transferência de tecnologias, o no município de Guarapuava.
Inserção social
Com um bom
projeto,
empreendedores
obtêm apoio
logístico e
institucional
Arq
uiv
o R
ev
ista
CR
EA
-PR
Profissionais querem que o arcaico seja superado e o novo regulamentado
Estamos trazendo
madeira da
Argentina e outras
regiões. Isso
provoca fechamento
ou deslocamento de
empresas para
outros estados ou
países
OUTUBRO 2004 CREA-PR 11
Mediante diversas parcerias foi produtivo ou a alteração da utilização
contratado o IBQP (Instituto Brasileiro do produto”, diz. Para o especialista,
de Qualidade e Produtividade) para os processos de produção repetitivos é
levantar o diagnóstico do setor e que facilitam o aparecimento de novas
indicar caminhos viáveis para seu tecnologias: “Aquele que faz
desenvolvimento. O trabalho realizado cotidianamente consegue se aprimorar
pela entidade identifica nas ações de tanto que pode chegar à inovação”.
incentivo do associativismo produtivo D e n t r o d o m o d e l o d e
uma das principais linhas de trabalho a associat iv ismo competi t ivo, o
serem adotadas. aparecimento de tecnologias mais
A cadeia produtiva da madeira, mode rna s não e x c l u i a
especialmente o cultivo de pinus, concorrência. “Sempre que
r ep r e sen ta 20% do P IB de surge algo novo, há
Guarapuava, que em 2001, de acordo imitação. Ou a empresa
com cálculos feitos pelo Ipardes torna-se agente do
( I n s t i t u t o P a r a n a e n s e d e desenvolvimento ou
Desenvolvimento Econômico e Social), fica dependente do e condições de transporte.
chegou a R$ 1 bilhão. “É o setor que desenvolvimento alheio”, diz.Nas relações de mercado, os
mais emprega em nosso município. entraves ficaram por conta do pequeno
- Ainda como resultado do São cerca de 200 empresas que têm grau de desenvolvimento dos
diagnóstico realizado para o setor atividades relacionadas à madeira, produtos, insuficiência de mão-de-
madeireiro, em Guarapuava, algumas papel e celulose”, constata o secretário o b r a e s p e c i a l i z a d a , b a i x a
ações foram colocadas em prática. municipal da Indústria e Comércio, competitividade e defasagem do
Uma delas, defende Zarpellon, “é a adm. Sérgio Zarpellon. padrão tecnológico.
viabilização de um curso superior em - O O estudo em questão é a primeira
tecnologia da madeira, pela Fundação problema da falta de desenvolvimento fase do projeto que começa a ser
Educacional de Guarapuava, em fase tecnológico, como ficou bem implantado no município com apoio
de apreciação pelo Ministério da delineado no estudo sobre a realidade do CREA-PR. “Na etapa de realização
Educação”. do setor de produção da madeira em do diagnóstico de campo foram
Além disso, um grupo de Guarapuava, tem origem na baixa ouvidos os industriais envolvidos. Eles
empresários do setor fará consultoria competitividade entre empresários do apresentaram os pontos fortes e fracos
com o Cetemam de Arapongas - setor, segundo a avaliação de Scripes. do setor. A partir daí, surgiram os
Centro de Tecnologia da Madeira e do Ele diz que o produto precisa renovar planos de ação. Solicitamos a divisão
Mobiliário. Outras ações localizadas e ou agregar novas utilidades para entre as propostas que dependem de
setoriais estão previstas para o decorrer manter e expandir a comercialização. nós como cidadãos, empresários e
do processo. Entre elas estão o Como exemplo, lembra o aparelho de entidades de classe, e as que estão
aumento da representatividade do telefone celular que, depois de vinculadas a terceiros, como o poder
processo mecânico da região, a a p a r e n t e m e n t e e s g o t a r s u a público e as universidades”, explica.
criação de uma gerência para uma capacidade de utilização, passou a Entre os fatores que inibem a
cadeia de empresas e a busca de novos oferecer mais uma serventia: o uso comercialização da madeira foram
mercados. como máquina fotográfica. mencionados o baixo relacionamento
O setor madeireiro no Paraná tem “A sinergia, ou o que se chama de entre empresas, órgãos e entidades de
forte potencial de desenvolvimento esforço coordenado para realizar uma pesquisa da cadeia produtiva, pouca
que, en t re tan to , es tá sendo tarefa, tem como resultado o união entre os empresários do setor,
desperdiçado, na opinião do aperfeiçoamento do processo problemas com legislação, taxas, juros
Ações
Inovação tecnológica
Arq
uiv
o R
ev
ista
CR
EA
-PR
Profissionais querem que o arcaico seja superado e o novo regulamentado
Estamos trazendo
madeira da
Argentina e outras
regiões. Isso
provoca fechamento
ou deslocamento de
empresas para
outros estados ou
países
engenheiro florestal Mariano Felix trabalhava na Cocamar, em
Duran. Ele é chefe do núcleo regional Maringá. Os 50 associados iniciais
do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) c r e sce ram pa ra do i s m i l
em Irati, que também apresenta atualmente e a entidade presta
acentuada vocação para a produção s e r v i ç o s n a á r e a d o
madeireira. Diz ele que “favorecida agronegócio, em todo o
pelas condições climáticas, a região Bra sil, a empresas de porte como
sul do Brasil tem condições de Basf, Bayer, Syngenta, Compton,
assumir a dianteira no mercado FMC, Cocamar, Banco do Brasil,
internacional da madeira”. Caixa Econômica Federal, Cosesp e
“O Paraná tem potencial trinta Sicredi, entre outras.de reflorestamento e o tempo
vezes maior do que qualquer país O agrônomo Antonio Carlos necessário para a formação de uma
florestal do mundo. Nosso ciclo da Marcolli, presidente da Unicampo, há árvore de corte. “Isso tudo resulta da
madeira é de vinte anos, enquanto em um ano e meio no cargo e com f a l t a d e u m a p o l í t i c a d e
outros países o desenvolvimento de mandato até 2005, disse que a reflorestamento entre 1987 e 1995,”
uma árvore demora de 80 a 100 anos. cooperativa teve receita operacional garante.
Apenas 2,8% do território paranaense de R$ 11 milhões em 2003, com um Analisando o estudo feito em
é u t i l i zado em p ro je tos de crescimento de 36% sobre o resultado Guarapuava, Mariano reconhece a
reflorestamento. Mesmo assim, a base anterior. No ano passado, a AGO persistência de um forte individualismo
florestal (chapas, compensados e distribuiu R$ 500 mil em sobras entre no setor, no qual cada um trabalha por
outros) é o segundo maior item do vol- os associados.si: “Se o associativismo tivesse
ume de exportações do Estado, Segundo Marcolli, a cooperativa acontecido no passado não teríamos
perdendo apenas para a produção de presta serviços nas áreas de assistência falta de demanda. Hoje, apenas as
grãos”, argumenta. técnica, promoção de produtos, pós-grandes empresas trabalham com
Nesse ínterim, lamenta, o Paraná venda, pesquisa, treinamento, dias de pequenos produtores rurais. Eles são
já começou a importar matéria-prima campo, projetos agrícolas, agricultura financiados pelas empresas e a
de outros países: “Estamos trazendo de precisão, medição, topografia, madeira produzida passa a ser moeda
madeira da Argentina e outras perícia, avaliação e fiscalização. “O de troca. Esse é um incentivo até para a
regiões. Isso provoca fechamento ou crescimento do raio de ação da preservação da mata nat iva
deslocamento de empresas para Unicampo é fruto da importância remanescente nas propriedades.”
outros estados ou países.” Segundo representada pelo agronegócio no País Duran lamenta, ainda, a falta de
ele, o Paraná tem cerca de 2,6 mil e, no Paraná, em particular, bem como um projeto para desenvolver no Paraná
empresas que vivem exclusivamente da exigência de serviços técnicos de a ampliação da produção de matéria-
da produção de pinus e eucalipto, alto padrão”.prima de base florestal, providência
gerando 300 mil empregos diretos. A Unicampo está preparada para que colocaria o Estado em posição
Atualmente o Estado produz 98% da dar essa resposta, disse, “porque privilegiada frente ao comércio
madeira que consome. desenvolve um programa de mundial de madeira, além de propiciar
Para ele, é plenamente verídica e treinamento e capacitação dos oportunidades concretas para a
preocupante a constatação de que o associados, além de colocar a seu abertura de milhares de novos
Paraná já vivencia a ameaça do alcance um sofisticado equipamento empregos e renda compatível.
chamado “apagão f lores tal”, para a realização do trabalho,
- A caracterizado por um período de dispondo também de um sistema
Unicampo, cooperativa de trabalho escassez de matéria-prima com origem gestor para melhor atender as
agronômico, foi fundada em 1992 por no setor florestal. O apagão se deve à necessidades operacionais de cada
um grupo de agrônomos que lacuna aberta pelos reduzidos índices cooperado”.
Cooperativa de trabalho
OUTUBRO 2004CREA-PR 12
Arq
uiv
o R
ev
ista
CR
EA
-PR
Profissionais querem que o arcaico seja superado e o novo regulamentado
Estamos trazendo
madeira da
Argentina e outras
regiões. Isso
provoca fechamento
ou deslocamento de
empresas para
outros estados ou
países
JANEIRO 2005 CREA-PR 13
S E M A N A P A R A N A E N S E D E E N G E N H A R I A
grande dificuldade da engenharia civil A engenharia civil passa por
que vive um processo lento e gradual de dificuldades e a situação pode se
crescimento: “Os profissionais da área agravar se o Brasil não entrar numa fase
se obrigam a optar por setores de de rápido desenvolvimento econômico.
administração e empreendimentos, Para debater essa relevante questão e
onde não há demanda. Ao contrário, seus desdobramentos, bem como para
t ambém en f r e n t am g r ande s ampliar a percepção da categoria sobre
dificuldades.”o tema, foi realizada em Curitiba a
O ex-ministro explicou que a Semana Paranaense de Engenharia,
solução tem caminho único: o evento patrocinado pelo Instituto de
Costa da Rocha Loures, presidente da desenvolvimento econômico, e pode Engenharia do Paraná (IEP).
Federação das Indústrias do Estado do estar no setor habitacional, com a O engenheiro Gilberto Piva,
Paraná (Fiep), e Cláudio Gomes redução dos juros, estímulo ao aumento presidente da instituição, valeu-se do
Slaviero, presidente da Associação de renda da população e garantia de encontro para proporcionar aos
Comercial e Industrial do Paraná (ACP). emprego, para que maiores parcelas associados oportunos momentos de
Batista questionou o projeto do pos sam a rca r com g randes reflexão ao colocar na berlinda
governo de Luiz Inácio Lula da Silva para investimentos. “Tanto renda quanto paradigmas já amplamente discutidos
as Parcerias Público Privadas. “Onde emprego são fundamentais,” asseverou, em círculos além fronteiras do Paraná.
está a rubrica de aporte para esse sugerindo a abertura de crédito para Para isso, convidou personalidades da
empreendimento?” perguntou. E quem tem renda inferior a cinco salários vida pública e privada, a fim de que
concluiu que em função disso qualquer mínimos.esses técnicos expusessem seus pontos
ação das PPP não sai antes de 2006. Como estudioso antigo da de vista, e estimulassem a visão crítica
economia, Batista levantou a questão sobre vários temas de interesse da
- Advertiu também dos investimentos industriais. Mas frisou engenharia civil.
que “o mercado de profissionais e as que as indústrias só se obrigam a investir Um deles foi o conhecido
próprias empresas que com eles quando têm a certeza que suas plantas engenheiro Eliezer Batista, ex-ministro do
interagem estão com à míngua de estão com a capacidade esgotada. Interior e das Minas e Energia, primeiro
produtos absolutos”, lembrando que “Não é uma bolha de oportunidade que presidente da Companhia Vale do Rio
estradas e saneamento são alternativas vai fazer o empresário tirar dinheiro do Doce, que discorreu sobre
exclusivas do governo. “Os profissionais bo l so pa ra fomen ta r novos Desenvolvimento da Infra-Estrutura no
não podem esperar que as PPP empreendimentos. É preciso confiança Brasil, Energia, Telemática e Logística.
comecem a funcionar”, disse, citando a de que haverá vida longa para as Participaram como debatedores Rodrigo
Caminho único
Caminhos para o
desenvolvimentoPor Osni Gomes
O Brasil precisa
entrar numa
fase de rápido
crescimento
econômico para criar
desenvolvimento
P R O F I S S Ã O
pelo senador José Sarney (PMDB-AM) A regulamentação do exercício
no projeto de lei 347/03, cujo teor foi prof iss ional da Arqui tetura e
aprovado pela Comissão de Assuntos Urbanismo foi preconizada pelo
Sociais do Senado Federal na reunião anteprojeto de lei redigido pelo
extraordinária de 24 de novembro a d v o g a d o M i g u e l Re a l e . A
último, em votação unânime. O fundamentação foi definida pelo
mesmo projeto cria, ainda, o Colégio Brasileiro de Arquitetos e
Conselho Federal de Arquitetura e Urbanistas, junto a entidades
Urbanismo e os respectivos conselhos representativas de prestígio e
regionais com as atribuições legais afirmação intelectual como a
para as atividades de fiscalização.Associação Brasileira de Ensino de
Desde 1933, acrescidos os Arquitetura e Urbanismo, o Instituto
engenheiros e agrimensores em de Arquitetos do Brasil, a Federação
t e r m o s d a r e g u l a m e n t a ç ã o Nacional dos Arquitetos e a
profissional provida pelo decreto-lei Associação Brasileira dos Escritórios
23.569, os pro f i s s iona i s da de Arqui te tu ra e Assoc iação
arquitetura e urbanismo reivindicam Brasileira dos Arquitetos Paisagistas.
tratamento específico, por meio da Levada ao Congresso
legislação própria. Nacional, a iniciativa foi
S e g u n d o a j u s t i f i c a t i v a a c a t a d a e
referendada pelo subscritor do transform
projeto, no final dos anos 50 o movi-a d a
mento ganhou corpo com a
a p r e s e n t a ç ã o d e
Arquitetura e urbanismo:
uma emprofissão crescimento
O processo de
urbanização, novas
tecnologias e as
demandas impostas
pelas
transformações
sociais e
tecnológicas
desafiam arquitetos
e urbanistas a
fortalecer
Cadi
Busa
tto
JANEIRO 2005 CREA-PR 15
memor ia l ao p re s i den t e da entendem ser oportuna a aprovação sempre com o foco da “preservação
República, iniciativa que resultou no d e l e g i s l a ç ã o p r ó p r i a q u e do meio ambiente, do patrimônio
primeiro projeto de lei propondo a regulamente a at iv idade, em arqui te tôn ico, pa isagís t i co e
regulamentação, bem como a conformidade com os demais urbanístico”.
criação do conselho federal. dispositivos legais, sobretudo no que
O controle exercido pelo Estado tange a ética e responsabilidade
sobre as profissões foi ampliado com profissional, sem ferir normas
a lei 5.194/66, que deu lugar ao constitucionais.
Conselho Federal de Engenharia, A arquiteta Angela Buchmann, Profissão única Arquitetura e Agronomia, da mesma c o o r d e n a d o r a d a C â m a r a
forma que os CREAs passaram a Especializada de Arquitetura do e válida substi tuir os conselhos então CREA-PR, assinala que durante o 5º
A formação do arquiteto e existentes. Aos novos conselhos Encontro de Arquitetos do Paraná foi
urbanista é generalista e integral. É regionais agregou-se um conjunto de aprovada, pela plenária ocorrida no
generalista na medida em que novas profissões de nível superior e dia 12 de novembro de 2004, a
apreender todos os aspectos que segundo grau, como geólogos, Carta de Londrina, em que se
levam ao projeto e execução da geógrafos, engenheiros, agrônomos, posicionam “Pela continuidade do
arquitetura e urbanismo passa por arquitetos, meteorologistas e muitas processo de implantação imediata de
praticamente todas as áreas de outras. sistema próprio autônomo de
conhecimento acumuladas pela “Elemento fundamental da história, normalização, fiscalização e gestão
humanidade: abrange questões que da cultura, da tecnologia, da vida e da institucional da profissão do arquiteto
vão da saúde, economia, exatas, cidadania do País, a arquitetura e o e urbanista”.
culturais, sociais, tecnológicas e urbanismo são expressões da cultura e Destaca no projeto de lei a
ambientais, só para citar algumas. É portadores da identidade nacional e pertinência dos objetivos da atuação
integral porque não existe meio dos valores da sociedade no campo profissional responsável reafirmando
arquiteto e urbanista: ou é ou artístico, cultural e tecnológico, que a arquitetura e urbanismo
não é arquiteto e constituindo patrimônio brasileiro”. constitui atividade “de interesse
Argumenta a justificativa do projeto ao público e caráter social”, visando a
ressaltar que tais características são ordenação da ocupação territo-
reconhecidas por entidades r ial e organização dos
internacionais como a Unesco e a a s s e n t a m e n t o s
União Internacional dos Arquitetos humano
(UIA). s ,
As citadas entidades
urbanista. Ao projetar uma casa, adequados, mais funcionais, mais desenvolvimento da humanidade.
para um pequeno núcleo familiar, c o n f o r t á v e i s , s a u d á v e i s e O planejamento urbano e
constata-se impactos no urbano, econômicos.”. regional, utilizando metodologias
assim como intervir no urbano Atualmente, os profissionais da específicas, seja na recuperação,
p rovoca impac to s sob re a s área têm atribuição legal para projetar manutenção ou res tauro do
edificações , no caso a residência. desde pequenas construções até patrimônio construído, seja na
Obviamente, ambos impactam mega-espaços, incluindo cidades ou composição de novos espaços, deve
diretamente na vida das pessoas, regiões. “Possuindo formação s e i n s e r i r n o p r o c e s s o d e
s e j a i n d i v i d ua lmen t e s e j a generalista de base cultural e reordenamento dos municípios
coletivamente. (Texto produzido e human í s t i ca apro fundada, o a t r a v é s d o p l a n o d i r e t o r,
aprovado pela CCARQ, em setembro profissional da arquitetura e do incorporando os novos instrumentos
de 2004 em Florianópolis). urbanismo está habilitado a atuar em urbanísticos previstos no Estatuto da
A f u n d a m e n t a ç ã o d o diferentes sociedades e ambientes”, Cidade.
conhecimento através do estudo da assegura a professora.
arte e da estética, estudos sociais, O a p r o f u n d a m e n t o e m
econômicos e ambientais visam metodologias projetuais, que Profissão para abranger o conjunto de aspectos que c o n s i d e r a m o s a s p e c t o s
arquitetos e interferem na vida presente e futura mencionados, as tecnologias do
das pessoas. Aliado a estes, o passado e do presente com vistas ao urbanistasconhecimento científico, através do fu tu ro , to rna o p ro f i s s iona l
estudo da história da arquitetura e qualificado para atuar no projeto, Segundo avaliação criteriosa da
urbanismo reflet indo sobre a execução e obras nos espaços arquiteta Valeska Peres Pinto, presidente
sociedade na qual se produziu urbanos, nas edificações e na do Sindicato de Arquitetos de São Paulo,
determinado espaço. paisagem, visando sempre o conforto no 5º Encontro Estadual de Arquitetos
Nesse particular, a coordenadora humano. Aproveitar recursos naturais do Paraná, o panorama em que se
do curso de arquitetura e urbanismo de forma mais eficiente, visando a insere nossa atividade profissional, onde
da UFPR, Cristina Lima, para definir a sustentabilidade, é o desafio imposto ameaças decorrentes do contexto
profissão, valeu-se da opinião de um p e l o a t u a l e s t á g i o d e político e econômico tais como a
arquiteto conhecido em todo o concentração de renda, exclusão social,
mundo: “Segundo Lúcio Costa, desigualdades regionais e redução da
idealizador de Brasília, e um dos capacidade de intervenção do Estado,
maiores pensadores da cultura só para citar algumas, são questões
brasileira, arquitetura é toda estratégicas a serem revertidas, tendo
construção conseguida com intenção em vista os impactos que causam na
de ordenar plasticamente o espaço, qualidade de vida dos centros urbanos.
em função de uma determinada Por outro lado, esta crise gera
época, de um determinado meio oportunidade aos profissionais da
físico, de uma determinada técnica, arquitetura e urbanismo que têm
de um determinado programa.”.condição pela formação específica de
Cristina sustenta que para a boa contribuir com a mobilização social e
formação do arquiteto e urbanista “é política, visando o desenvolvimento
i m p o r t a n t e d e s e n v o l v e r a urbano através da produção da
capacidade de observar como habitação, de espaços destinados ao
diferentes atividades humanas turismo e da proteção e/ou recuperação
requerem espaços cada vez mais ambiental. Enfim, programas voltados à
Cadi
Busa
tto
JANEIRO 2005CREA-PR 16
inclusão social e outros, envolvendo a
melhoria do habitat.
Ressal te - se a necess idade
premente do arquiteto e urbanista
atuar fortalecendo os espaços
associativos, estimular o contingente
jovem criando melhores condições
para sua inserção, promover boas
práticas nas diferentes áreas de
atuação profissional, conclui
Valeska.
“O mundo é urbano, o Brasil é um
país urbano e as cidades brasileiras
apresentam sérios problemas de
degradação ambiental que se agravam
a cada dia”. Essa foi a síntese da
dissertação apresentada pela arquiteta
e urbanista Isabel Cristina Eiras de
Oliveira, docente da Universidade
Federal Fluminense, em São Luís, onde
as discussões subordinaram-se ao
tema “Exercício Profissional e Cidades
Sustentáveis”.
Isabel Cristina alertou aos colegas
de profissão que “é surpreendente
constatar que grande parte da
produção de conhecimento não tem
estado a serviço da humanidade e vir
provocando desafios cada vez maiores
para a manutenção da vida em nosso
planeta, em especial em países pobres
e desiguais, como é o caso do Brasil”.
A d m i t i u , a f i n a l , q u e a
sustentabilidade enquanto condição
Os representantes de entidades de classe, os profissionais, os professores
e os acadêmicos de Arquitetura e Urbanismo, reunidos no 5º Encontro de
Arquitetos do Paraná, na cidade de Londrina, Estado do Paraná, entre os
dias 10 e 12 de novembro de 2.004, para examinarem o exercício
profissional do Arquiteto e Urbanista ante as atuais demandas sociais e éticas
brasileiras, considerando que:
1. O exercício profissional do Arquiteto e Urbanista tem emergente
expressão como agente do desenvolvimento sustentável;
2. O exercício da profissão de Arquiteto e Urbanista tem relevante
interesse social, devendo estar permanentemente de olhos voltados para as
demandas atuais e futuras de toda a sociedade brasileira;
3. A realização do Arquiteto e Urbanista como agente transformador e
participante da definição das políticas públicas voltadas ao desenvolvimento
sustentável é proporcionadora de oportunidades e de justiça social para a
sociedade;
4. O momento atual de transformações nacionais e mundiais requer um
resgate claro e objetivo da identidade da profissão de Arquiteto e Urbanista
ante seus pares e ante a sociedade a que serve, com o objetivo de sua
efetiva inserção social e alcance do destacado papel de agentes do
desenvolvimento,
Posicionam-se:
1. Pela defesa da Arquitetura e Urbanismo como profissão única e
válida em todo o país e o diploma como a exigência para sua habilitação;
2. Pela mobilização e organização da classe profissional para uma
maior valorização e inserção do Arquiteto e Urbanista no cumprimento de
seu papel junto à sociedade;
3. Pela organização da categoria profissional, implementada em
bases norteadoras éticas que resultem em uma ação pró-ativa na
consolidação das instituições de ensino e entidades de classe;
4. Pela mobilização dos profissionais, através de suas entidades de
classe visando identificar as atividades de participação efetiva nos diferentes
setores da sociedade, públicos, privados e terceiro setor;
5. Pela expansão da atuação profissional, propiciando o alcance
pleno a todas as camadas sociais, sobretudo as mais humildes;
6. Pela defesa ampla das prerrogativas profissionais;
7. Pela revisão conceitual e legal do direito de autoria face às
peculiaridades do exercício da profissão;
8. Pela parametrização eficaz dos ganhos mínimos ao profissional de
Arquitetura e Urbanismo, em particular no que concerne aos serviços
realizados na Arquitetura Social;
9. Pela constituição de um Código de Ética do Arquiteto, visando a
definição de sua identidade própria, da sua conduta profissional, dos seus
deveres e dos seus direitos;
10. Pelo compromisso das instituições de ensino na formação dos
futuros profissionais segundo uma perspectiva de pleno exercício das suas
competências, dentro de uma postura ética e socialmente comprometida;
11. Pela continuidade do processo de implantação imediata de
sistema próprio autônomo de normalização, fiscalização e gestão
institucional da profissão do Arquiteto e Urbanista.
Assim consensuados, proclamam,
Londrina, aos 12 de novembro de 2004.
Posicionam-se:
Carta de LondrinaCarta de Londrina“Direito à Arquitetura para Todos”“Direito à Arquitetura para Todos”
JANEIRO 2005 CREA-PR 17
e s s en c i a l pa r a p r op i c i a r o
desenvolvimento, deve pautar-se pela
“revisão do planejamento e gestão que
objetivem o desenvolvimento urbano
sustentável, pois o que se tem praticado
nas últimas décadas e seus resultados,
até recentemente, não possibilitaram
transformações positivas nas cidades;
ao contrário, muitas vezes agravaram
situações que se perpetuam”.
Nesse sentido, a participação de
profissionais com visão holística, como
os arquitetos e urbanistas, na
elaboração de planos diretores para os
municípios, é fundamental para
procurar alternativas que possibilitem a
reversão deste quadro.
O 5º Encontro
Londrina hospedou, entre 10 e 12
de novembro de 2004, o 5º Encontro Estatuto da Cidade e ao desenho uni-
de Arquitetos do Paraná, uma versal e ao mesmo tempo estabelecer
realização da Câmara Especializada as bases visando o compromisso com
de Arquitetura do CREA-PR e do Clube o desenvolvimento sustentável das
de Engenharia e Arquitetura de nossas cidades e do espaço regional.
Londrina. O evento contou com a Estas questões são desafios que
participação de aproximadamente precisam ser enfrentados pela
350 inscritos, representantes das categoria, procurando respostas
entidades de classe, profissionais, adequada s ao s an s e i o s da
professores e acadêmicos, com comunidade e visando sempre
interesse comum na discussão do proporcionar qualidade e conforto
exercício profissional da arquitetura e ao usuário do espaço construído.
urbanismo frente as atuais demandas Ao final do evento, aprovou-se a
Câmara de Arquitetura do CEAL, éticas e sociais. Carta de Londrina, onde se afirma que
buscou ampliar os canais de A comissão organizadora, “o momento atual de transformações
interlocução visando a troca de composta pela arquiteta Angela nacionais e mundiais requer um
experiências entre os profissionais Canabrava Buchmann - DAU/UEL, resgate claro e objetivo da identidade
arquitetos e urbanistas, considerando coordenadora da CEARQ-PR, da profissão”, com vistas à sua efetiva
as transformações que sofre a arquiteto Gilson Jacob Bergoc, inserção social e aprofundamento do
profissão frente ao processo de coordenador adjunto da CEARQ-PR, papel de agente do desenvolvimento.
globalização. Além do incentivo à o engenheiro Nelson Brandão, O documento acrescenta que
participação ativa dos profissionais presidente do CEAL, arquiteto Clovis arquitetos e urbanistas têm expressão
na adequação das cidades ao Inácio Boehrer Filho, coordenador da emergente como agentes do
Arq
uiv
o R
evi
sta C
REA
-PR
Profissionais de todo o Estado estiveram reunidos em Londrina,
na 5ª Semana de Arquitetura
JANEIRO 2005CREA-PR 18
Compromisso com o
desenvolvimento
sustentável das
cidades e do espaço
regional: desafios
que precisam ser
enfrentados pela
categoria
Aproximar clientes, fornecedores e
profissionais da arquitetura foi um dos
objetivos da I Mostra de Arquitetura e
Decoração. A mostra foi organizada
pela Associação Regional de
Engenheiros e Arquitetos de Pato
Branco (Area-PB) e esteve aberta ao
público durante a XI Expopato
(Exposição Feira Agropecuária,
Industrial e Comercial de Pato
Branco), de 6 a 15 de novembro.
Algo parecido já havia ocorrido na
feira do ano passado; porém, naquele
momento, trabalhou-se apenas com
cômodos residenciais. A intenção
deste ano foi outra. Doze ambientes
comerciais compunham a obra.
Como atualmente a empresa é a trabalhando cada vez mais”, ressalva como a designer Ariadna Taverna. O
extensão da casa, nada mais justo do a arquiteta Daniela Scarabelot, uma evento recebeu apoio do CREA-PR, do
que pensar em ambientes de trabalho das organizadoras da mostra. Cefet-PR, da prefeitura municipal e
que proporcionem prazer em serem Também fizeram parte da comissão dos Rotary Clubes Pato Branco
habitados. “Ao contrário do que se organizadora os arquitetos Sérgio Alvorecer e Pato Branco Amizade.
imaginava, no século XXI, estamos Giovanetti e Daniela Parzianello, bem Mais de 90 fornecedores da
A R Q U I T E T U R A & D E C O R A Ç Ã O
Ambientes de
trabalho para serem
habitadosA empresa dos
sonhos: misto
de funcionalidade
e requinte
Uso de pastilhas de casca de côco na mobília do Escritório do Executivo projetado por Rosana Mara Barczyszyn e Ariadna Taverna
Ariadna T
ave
rna
JANEIRO 2005 CREA-PR 19
construção civil e empresas de rial é proveniente da cidade de
mobiliário foram parceiros na Palmas, no Paraná. Lá, os brotos
elaboração dos ambientes. (galhos) resultantes da poda das
Cada lugar foi projetado por macieiras são cortados em “rodelas”.
um arquiteto ou uma dupla de Estas são usadas na decoração de
profissionais e os insumos ambientes, compondo quadros, por
necessários à viabilização das exemplo. Ariadna afirma que está
idéias foram providos pelos ocorrendo “uma relei tura de
parceiros. Os visitantes, além materiais”. O que antes era
de apreciarem belos cômodos, descartado, hoje chega a tornar-se
também eram informados obra de arte. Em relação à cidade de
s o b r e o l o c a l o n d e Palmas, se a moda do broto de
encontrariam tais materiais. macieira pegar, a comunidade carente
Quem passou pela mostra que trabalha com esse material só tem
pode levar várias idéias para a ganhar.Algumas idéias apresentadas em
sua empresa, escritório ou casa. Se fosse possível resumir o que espaços de trabalho também podem
ocorreu na I Mostra de Arquitetura e ser usadas em uma casa. Um
- A intenção Decoração, poder-se-ia falar em exemplo é o vidro laminado colorido,
de apresentar à população novas intercâmbio profícuo entre clientes, explica Daniela. Por ser laminado,
idéias e materiais foi bem aceita. Entre possíveis clientes, fornecedores e oferece maior coef ic iente de
as tecnologias que mais despertaram arquitetos. “Ver a cor ser usada sem segurança. A cor, por sua vez,
a curiosidade dos que por ali medo, isso é muito importante para o provoca o olhar, causando um efeito
passaram, esteve o sistema de ar cliente”, afirmou a arquiteta Daniela estético interessantíssimo.
condicionado SPLIT. “A não existência Scarabelot. “Um projeto bem
de barulho do sistema foi o que mais - A preocupação elaborado possibilita a negociação
chamou a atenção dos visitantes”, com a natureza e o uso de materiais com fornecedores. No final, o projeto
relata Ariadna. Um ambiente reciclados foi outro fator positivo da acaba se pagando”, enfatiza a
climatizado através do SPLIT, além de mostra. Foram empregadas pastilhas designer Ariadna Taverna.
poder ser refrigerado, aquecido ou de casca de côco e brotos de macieira A intenção de despertar a
ventilado, conta com a possibilidade na decoração de ambientes. Ariadna curiosidade, a inspiração e gerar novos
de desumidificação. Atualmente, o explica que “a reciclagem da casca negócios tornou-se possível após cinco
sistema é referencial e muito do côco, transformada em pastilhas, meses de planejamento, elaboração do
empregado em lugares que não foram faz parte de um projeto social que regulamento da mostra, levantamento
projetados para oferecer ar está dando emprego a diversas de custos, confecção de convites,
condicionado tradicional. O pessoas no Nordeste do Brasil”. Essas execução das obras e acabamentos. No
inconveniente continua sendo o custo, pastilhas podem ser usadas no final, um show para os olhos. E ainda
que ainda é superior ao do sistema revestimento de móveis, em paredes e tem mais: 20% do valor arrecadado
convencional. detalhes em banheiros (para isso, com a cobrança de R$ 3,00 de entrada
Além de preocupações com necessitam de tratamento especial), serão destinados à viabilização da
conforto térmico e acústico, questões causando um efeito interessante. biblioteca da Fundação Patobranquense
como ergonometria e funcionalidade Além disso, o custo é baixo. Uma do Bem Estar do Menor (Fundabem).
também estiveram presentes. A placa de 20X20cm está em torno de Além de pensar no conforto daqueles
intenção foi mostrar ambientes que R$ 5,00 (sem tratamento). que no dia-a-dia passam maior parte do
podem ser adaptados de acordo com Quanto ao uso de brotos de tempo no trabalho do que em casa, os
a necessidade de cada cliente. macieira, Daniela explica que o mate- arquitetos e decoradores de Pato Branco
Novas tecnologias
Reciclagem
Trabalho alternativo destaca-se no Cyber Duck Café, idealizado por Cristina Zopellaro: é o broto
da macieira que compõe o quadro ao fundo.
Ariadna T
ave
rna
JANEIRO 2005CREA-PR 20
ComercialComercial
garantir a vida presente e futura.Segundo o dicionário Aurélio,
Após a década de 1950, "resíduo é aquilo que resta de
paulatinamente o lixo que era visto qualquer substância, resto". A espécie
como sujo, desprezível, problemático, humana é uma produtora de resíduos
passou a ser sinônimo de energia, em potencial, o que representa um
ma té r i a -p r ima e problema desde a época em que o
s o l u ç ã o . homem abandonou a vida nômade e
P r o c e s s o s tornou-se sedentário. Diariamente,
alternativos inúmeras toneladas de lixo são
c o m o a lançadas indiscriminadamente no
reciclagem, por ambiente, colocando em risco o
exemplo, além de equilíbrio natural e a própria
Uma população reduzir o lixo, atuam qualidade de vida.
de 1,5 milhão de pessoas (Curitiba, nos processos produtivos,
por exemplo), gera mais de três mil e c o n o m i z a n d o
toneladas de lixo por dia. Em energ
aglomerados urbanos, onde a prática i a ,
comprometer o seu uso para fins comum é o lançamento destas
sociais e econômicos" (Machado, montanhas de lixo ao ar livre, em
1994). Além da poluição, outros cursos d'água, em terrenos baldios,
problemas ambientais, sociais, onde também se usa do fogo para
á g u a , econômicos e políticos envolvem a eliminação dos restos inaproveitáveis
matéria-prima, questão do lixo. A humanidade, na - uma “solução rápida” para o
reduzindo a corrida do desenvolvimento industrial problema na visão dos homens, que
poluiçãe tecnológico não se deu conta desta sob re v i v e de sde a s an t i ga s
o do ar, realidade. O consumismo e a civilizações -, gera poluição.
d a aplicação das riquezas na satisfação "Poluição é qualquer alteração
água e das necessidades humanas parece das propriedades físicas, químicas ou
do solo. incontrolável dentro do modelo atual biológicas que possa importar em
En t re os de desenvolvimento. Entretanto, é prejuízo à saúde, à segurança e ao
a n o s d e crescente a conscientização de que o bem-estar das populações, causar
1950 e planeta precisa de ajuda para danos à flora e à fauna ou
R E C I C L A G E M
A renda
LIXOque
vemdo
O desafio é reduzir
montanhas de
resíduos sólidos
depositados ao ar
livre. As soluções
que vêm sendo
colocadas em
prática são
conscientização,
gerenciamento,
reciclagem
JANEIRO 2005CREA-PR 22
Por Marcos Scotti
Kam
bé
1960, os Estados Unidos foram imprópria. renda.
p ione i ros em programas de A última pesquisa nacional de A Conferência Internacional da
reciclagem. No Brasil as primeiras saneamento básico realizada pelo Organização das Nações Unidas
experiências ocorreram por volta de IBGE, em 1989, mostrou que 50% (ONU) realizada em Istambul, de 3 a
1985 (Corson, 1993). O Brasil é dos municípios brasileiros depositam 14 de junho de 1996, discutiu planos
responsável pela produção de seu lixo ao ar livre. A pesquisa de ação para enfrentar os problemas
aproximadamente 300 mil toneladas constatou ainda que menos de 25% urbanos em cidades de 150 países,
de lixo urbano, das quais apenas 1% é destes resíduos vão parar em aterros onde experiências no tratamento do
reciclado, segundo dados do IBGE. sanitários controlados. Do total de l i x o f o ram d i s cu t i da s pe l a s
As políticas públicas para o setor lixo gerado nos centros urbanos, delegações. As melhores práticas
de saneamento, somente há cerca de calcula-se que cerca de 45% do que foram premiadas. Na Austrália, por
dois anos começaram a contemplar vai parar nos aterros sanitários, lixões exemplo, país que integra a lista dos
os resíduos sólidos urbanos. Porém, a controlados ou a céu aberto, são premiados, foi criada uma força-
maioria dos órgãos públicos ainda compostos por materiais não tarefa nacional para reciclagem de
não desenvolveu procedimentos degradáveis , que podem ser lixo, a nível nacional, estadual e
adequados de gestão, de modo que a reaproveitados. O lixo como meio de municipal. O índice de reciclagem
maior ia dos munic íp ios, por inclusão social, fonte de emprego e subiu de 6% em 1991 para 15% a
desconhecimento ou descaso, 25% nos dias atuais. Na Colômbia, a
cont inua a t ra tar seus ação da Associação Nacional de
resíduos de maneira Catadores de Lixo, lançada em
1986 para melhorar as condições
de vida dos 50 mil catadores
c o l o m b i a n o s ,
melhorando seus
s i s t e m a s d e
t r a n s p o r t e e
fornecendo creches
e a c e s s o à
segur idade
s o c i a l ,
t a m b é m
m e r e c e u
destaque. Do
Brasil surgiu o
e x e m p l o d e
R e c i f e c o m o
programa de coleta
e reciclagem seletiva de lixo,
visando reduzir a produção de
r e s í d u o s e i n c e n t i v a r a
comercialização dos materiais
recicláveis, gerar renda e reduzir os
problemas de saúde.
Os exemplos mostram que o
primeiro passo para o sucesso de
JANEIRO 2005 CREA-PR 23
as at i tudes necessár ias para
compreensão das inter-relações entre
o homem, sua cultura e seu meio
biofísico. “A educação ambiental
trabalha também a participação nas
questões relacionadas com a
qualidade do meio ambiente”. Esta
expressão supõe que a educação
ambiental é um processo ativo,
voltado para a ação, o que implica na
transformação crítica dos sistemas
educativos e da comunicação
atualmente vigente. É notória a
necessidade de implantação de
programas que proporcionem a
qualquer plano de ação voltado ao objetivo, segundo o secretário, é que melhoria da qualidade de vida da
problema do lixo é a coleta seletiva até 2006 todos os municípios população, do ambiente em que
dos resíduos, fase que antecede o paranaenses tenham instalado e sob vivemos e o maior engajamento do
processo industrial de reciclagem, controle aterros sanitários, e que a setor público frente à problemática
quando acontece a separação dos produção de lixo seja reduzida em dos resíduos. A associação do
materiais. 30%. A política estadual de resíduos trabalho pedagógico com a prática
Desperdício Zero - No Brasil, dos sólidos prevê, ainda, a capacitação é essencial, caso contrário a coleta
5.506 municípios existentes, apenas d e a g e n t e s p a r a a t u a r n a seletiva de lixo torna-se inconsistente
100 desenvolvem algum tipo de implantação da coleta seletiva e por não ser desenvolvida nas
programa voltado à coleta seletiva ou manutenção dos aterros. Até comunidades a consciência da
reciclagem. Dos 399 municípios do novembro de 2004, 670 agentes já importância e da inter-relação do lixo
Paraná, 124 ainda depositam o lixo ao haviam sido treinados. com os setores sociais, econômicos e
ar livre, segundo informações da Para que o programa dê certo, as ambientais.
Secretaria do Meio Ambiente. A coleta parcerias que estão se formando e a Experiências relatam que têm
seletiva é praticada em poucas cidades conscientização da sociedade para o alcançado bons resultados os
e o reaproveitamento de resíduos ainda problema precisam estar afinadas. programas de educação ambiental
é insignificante. Para mudar esse Trata-se do outro aspecto da desenvolvidos com apoio do poder
quadro, o governo paranaense vem problemática dos resíduos sólidos público municipal (Cempre, 1997).
investindo recursos e liberando verbas urbanos. Na visão dos especialistas, Entretanto, para que um programa seja
em programa desenvolvido pela nenhum programa ou plano de ação eficiente e eficaz deve envolver os mais
Secretaria do Meio Ambiente, visando a p o d e f u n c i o n a r s e m a diversos segmentos da sociedade, desde
proliferação de aterros sanitários no conscientização da população, sem funcionários públicos, estudantes,
Estado. que a educação ambiental seja universidades, organizações não-
“O fim dos lixões vai mudar colocada em prática. governamentais (Ongs), catadores e
radicalmente o perfil epidemiológico Em 1977 a I Conferência principalmente a comunidade em geral.
no Paraná”, repete o secretário do Intergovernamental da Unesco O exemplo vem de Curitiba. O
Meio Ambiente e Recursos Hídricos, o exp res sou que "A educação programa desenvolvido na capital
médico Luiz Eduardo Cheida, em ambiental é um processo que consiste paranaense já somou 91 parceiros
reuniões com empresár ios e em reconhecer valores e definir entre iniciativa privada e instituições.
admin i s t radores púb l i cos . O conceitos com o objetivo de fomentar Com estes parceiros, a Secretaria do
JANEIRO 2005CREA-PR 24
O aterro da Cachimba, em Curitiba: em sobrevida
Pablit
o P
ere
ira
Meio Ambiente realiza fóruns
setoriais divididos entre os tipos de
resíduos gerados. A idéia é que
durante os encontros haja troca de
experiências e se definam ações para
reduzir e dar destino adequado ao
lixo produzido, priorizando a
reciclagem e o reaproveitamento dos
materiais. É preciso estimular as
parcerias entre o poder público, setor
produtivo e sociedade civil, através
de iniciativas que promovam o
desenvo l v imen to sus ten táve l ,
argumentam os técnicos envolvidos
no programa paranaense. A gestão
d i f e r e n c i a d a p a r a r e s í d u o s
domiciliares, comerciais, rurais,
industriais e de estabelecimentos de tida atualmente como a cidade objetivo de gerar inclusão social e
saúde, entre outros, é fundamental brasileira com o melhor índice de resolver o problema dos resíduos
para o equi l íbr io ambiental . reciclagem. Em Curitiba, 2,5 mil sólidos produzidos na capital. Os
“Somente com a participação de coletores e 15 caminhões recolhem resultados são palpáveis. De 5,2 mil
todos conseguiremos encontrar diariamente 445 toneladas de toneladas no primeiro ano do
soluções para o problema do lixo”, materiais recicláveis, o equivalente a programa, a quantidade de lixo
analisa Cheida. 20% de todo o lixo doméstico. O recolhida saltou para 17,5 mil
programa Lixo que não é Lixo, criado toneladas em 2003, segundo
há 11 anos, foi desenvolvido com o informações da Sema. A assimilação - A capital paranaense
do programa pelo cidadão foi funda-(mais de 1,5 milhão de habitantes) é
mental para o sucesso.
A reboque do Lixo que não é Lixo
veio o Câmbio Verde - troca de mate-
r ia l rec ic láve l por p rodu tos
hortigranjeiros de época, em que o
governo compra o excedente da
produção da Região Metropolitana de
Curitiba e repassa os produtos às
famílias com renda mensal entre 0 e
3,5 salários mínimos; o Câmbio Verde
Especial nas Escolas, em que os alunos
de escolas públicas recebem
orientação sobre a separação do lixo e,
em troca de material reciclável,
recebem cadernos, brinquedos, etc.; o
programa Compra do Lixo, uma forma
alternativa de coleta domiciliar
destinada a atender as camadas menos
Soluções
JANEIRO 2005 CREA-PR 25
Coleta seletiva domiciliar: quando um veículo percorre um trajeto similar ao
da coleta comum recolhendo em cada ponto de geração os materiais
previamente separados.
Locais ou pontos de entrega voluntária (LEVs ou PEVs): que apresentam
condições de receber e armazenar os materiais separados e levados pela
população. Pode ainda haver ou não distribuição de recipientes para o
acondicionamento de recicláveis, havendo ou não pagamento ou
permuta pelos materiais.
Catadores. Esta atividade é conhecida como coleta informal e deve ser
sempre considerada na reciclagem de resíduos sólidos.
Os produtos mais recicláveis são basicamente o papel, plástico,
vidro e metal. Com a separação desses materiais resta no lixo a
matéria orgânica, freqüentemente pouco utilizada para
Coleta seletiva domiciliar
Locais ou pontos de entrega voluntária (LEVs ou PEVs)
Catadores
Veloso (1999)
A coleta seletivaA coleta seletiva
A troca do lixo por alimentos e material escolar em Curitiba
Arq
uiv
o R
evi
sta C
REA
-PR
JANEIRO 2005CREA-PR 26
cabíveis para solucionar o grave
problema dos resíduos”, reforçam os
integrantes da Comissão de Meio
Ambiente do CREA-PR.
Citando o exemplo de Curitiba,
favorecidas da população, em lugares prestação de assistência nas áreas social,
com alta incidência de doenças e de saúde, habitacional, educacional e cul-
saneamento básico inexistente, onde o tural. “O programa Nosso Lixo respeita a
lixo é jogado em valetas, vias públicas, história, cultura e capacidade dos
terrenos baldios e fundo de vales. Em operadores em gerar renda e melhorar
41 comunidades, organizadas em suas condições de vida”, explica Mauro
associações de moradores, a troca de Batistelle, secretário municipal do Meio
um saco de lixo com 8 a 10 quilos de Ambiente.
r e s í d u o s r e n d e p r o d u t o s O Nosso Lixo implantou a coleta
hortifrutigranjeiros. Além disso, a seletiva de resíduos em 87% do
associação local recebe 10% do valor município e recolhe mensalmente,
pago pelos resíduos, recursos a serem através de 420 operadores, 67% das
revert idos em benefício da 893 toneladas de materiais recicláveis
comunidade. nele produzidas. O efeito da
Em Guarapuava (160 mil capacitação dos agentes, treinamentos
habitantes), o lixo também gera emprego e acompanhamento familiar dos
e renda. O Nosso Lixo, programa criado operadores proporcionado pelo
pelo poder público em parceria com a programa permitiu a melhoria da
Associação de Catadores de Papel, qualidade de vida nas comunidades.
entidades da iniciativa privada e Segundo informações da Secretaria do
comunidade, é baseado no Meio Ambiente, hoje um operador em
desenvolvimento humano como forma Guarapuava tem renda mensal de até
de inclusão social e geração de renda. O R$ 800,00.
programa trabalha em três frentes: Soluções como estas envolvem a
implantação da coleta seletiva, num participação da sociedade, entidades,
amplo processo de responsabilidade e m p r e s a s e o r g a n i s m o s
social e educação ambiental governamentais. “É preciso deixar
desenvolvido com a comunidade; claro, principalmente às administrações
articulação com os comerciantes de municipais, que é necessário incentivar
recicláveis para uniformizar o mercado; e promover a educação ambiental,
capacitação e treinamento dos buscar a participação de toda a
operadores ecológicos (coletores) e sociedade e exercer influências políticas
Lixo domiciliar
Originado da vida diária das
unidades familiares, constituído
por restos de alimentos, jornais,
revistas, garrafas plásticas e de
vidro, embalagens em geral,
papel higiênico, fraldas
descartáveis, entre outros.
Lixo comercial
Originado dos diversos
estabelecimentos comerciais e de
prestação de serviços.
Lixo público
Resultante dos serviços de
limpeza de vias públicas.
Resíduos de serviços de saúde
Produzidos em hospitais, clínicas,
laboratórios, farmácias, clínicas
veterinárias e postos de saúde,
entre outros. Tais resíduos devem
ter um sistema de coleta especial
com destino a valas sépticas ou
incineração.
Lixo Industrial
Originário das diferentes atividades
industriais, portanto apresentam
características e composição muito
variada, podendo ser um resíduo
inerte ou altamente tóxico.
Composição do resíduo: cinzas,
lodos, óleos, resíduos alcalinos ou
ácidos, plástico, papel, madeira,
fibras, borracha, metal, escórias,
vidros, cerâmicas, etc.
Lixo Agrícola
São os resíduos sólidos das
atividades agrícolas e da
pecuária, como embalagens de
adubos, ração, restos de colheitas
e esterco de animal.
Lixo domiciliar
Lixo comercial
Lixo público
Resíduos de serviços de saúde
Lixo Industrial
Lixo Agrícola
A origem do lixo A origem do lixo
O Paraná pretende instalar aterros sanitários na maioria dos municípios
Pablit
o P
ere
ira
Tampas plásticas de refrigerante
que se transformam em baldes e
bacias; copos descartáveis que viram
sola para sapato; embalagens longa
vida que acabam em réguas e
canetas; uma sala de aula feita do
lixo. Tudo o que é recolhido nas ruas
de Curitiba e vai parar na Usina de
Valorização de Rejeitos tem serventia.
Do lixo, tudo se aproveita, dizem
aqueles que trabalham num dos mais
bem-sucedidos projetos de educação
ambiental e reciclagem do País.
A usina, inaugurada em 1990 na
Fazenda Solidariedade, em Campo
Magro, município da grande Curitiba,
surgiu com o objetivo de valorizar a
reciclagem de resíduos sólidos e
proporcionar a prática da ação social.
Com a usina, ganharam o meio
ambiente, a sociedade e a cidade.
Periodicamente, a Fundação de Ação
Social da Prefeitura de Curitiba, que
administra a fazenda, e o Instituto Pró-
outros fatores que demonstram os acesso a todo o funcionamento e Cidadania, que administra a usina,
resultados práticos do projeto. processo da separação do lixo garantem o repasse de verbas para
reciclável e assistem a vídeos e cerca de 80 entidades, como creches,
- A Un idade de p a l e s t r a s p r á t i c a s s o b r e a asilos e clubes de mães.
Valorização de Rejeitos tem escola. importância da separação correta A geração de empregos diretos, os
As cadeiras, mesas e carteiras foram dos resíduos e da reciclagem.funcionários se revezam em dois
retiradas do lixo; o sino pendurado Livros técnicos e didáticos, turnos, com a usina funcionando 14
na parede, o quadro-negro, a cortina romances e dicionários repousam horas por dia; o repasse de
na janela e parte da tinta que cobre as nas estantes, enquanto o velho baú in formações sobre educação
paredes também vieram do lixo. Pela cheio de moedas conta a história de ambiental e a economia de recursos,
s a l a d e a u l a p a s s a m quantas vezes o Brasil reinventou sua já que a usina propicia a criação de
aproximadamente 18 mil pessoas por economia. Cobras em álcool; novos produtos a partir do que foi
ano, a maioria crianças, que têm navios em escala, jarros de prata, descartado pela sociedade, são
Esco la
JANEIRO 2005 CREA-PR 27
Usinas para
o lixoreaproveitar
Material Reciclado Decomposição O que preserva
1000 kg de papel 1 a 3 meses o corte de 20 árvores
1000 kg de plástico 200 a 450 anos extração de petróleo
Material Reciclado Decomposição O que preserva
Fonte: Manual “A Embalagem e o Meio Ambiente” (1999)
Tempo de decomposiçãoTempo de decomposição
R E C I C L A G E M
Usinas de reciclagem garantem emprego e renda aos funcionários
Div
ulg
açã
o /
Inte
rnet
estribos, vasos, estampas e até Sinduscon/PR. Além da caliça, geradores e envolve toda a cadeia,
q u a d r o s p i n t a d o s a ó l e o . podem ser encontrados nesses incluindo transportadores e áreas de
Computadores, rádios e vitrolas. O entulhos ferro, aço, cobre e muitos destino final.
que não é aproveitado na sala de outros componentes com imenso
aula vai para o museu do lixo, mais potencial de reaproveitamento. No Pilhas e bateriasuma dependência da usina. O entanto, os técnicos fazem um alerta
museu guarda a história do que foi prévio: é preciso que a reciclagem
Segundo o Instituto de Pesquisas descartado e contribui para a seja feita ainda nos canteiros de
tecnológicas - IPT, 1% de todo o lixo conscientização dos visitantes. obras.
urbano produzido no país é Segundo a secretária de Meio
composto de elementos tóxicos. No Ambiente de Curitiba, Maria Lúcia
meio ambiente, esse lixo é capaz de Rodrigues, "o projeto só terá sucesso Reciclando caliça gerar danos irreparáveis, como se a educação ambiental for inserida
aconteceu em Goiânia, onde uma no contexto da construção civil, para
Uma usina com capacidade para cápsula de césio foi parar em mãos incentivar a separação dos resíduos
processar 240 toneladas de resíduos erradas, matando dezenas e conforme as classes estabelecidas em
da construção civil por dia. O causando danos em centenas de lei, e também para evitar o
projeto, em fase de detalhamento pessoas.desperdício de material no local da
técnico, é uma parceria entre a R e s í d u o s d e l â m p a d a s obra , o que pode d im inu i r
prefeitura, Universidade Livre do f l u o r e s c e n t e s , t e r m ô m e t r o s , significativamente a quantidade de
Meio Ambiente e Sindicato da embalagens de agrotóxicos, latas de lixo gerado neste setor".
Construção Civil - Sinduscon/PR e tinta, são comuns em lixões ao ar O P l a n o I n t e g r a d o d e
pretende transformar restos de livre, onde também estão pilhas e Gerenciamento de Resíduos da
argamassa, tijolos, peças pré- baterias. Mercúrio, chumbo, cobre, Construção Civil, elaborado pela
moldadas, cerâmicas e outras sobras zinco, cádmio, manganês, níquel e Secretaria Municipal do Meio
em matéria-prima para o próprio lítio são elementos que em contato Ambiente, disciplina o manuseio e
setor da construção. com o ser humano afetam os órgãos, disposição dos vários tipos de lixo
Os resíduos da construção civil os ossos, o sistema nervoso e os produzido nos canteiros de obras da
possuem valor agregado muito neurônios.cidade. Baseado na resolução
grande, e isso garante a viabilidade O destino das pilhas e baterias, 307/002, do Conselho Nacional do
de uma usina de reciclagem, regulamentado em resolução do Meio Ambiente, o plano atende
c o m e m o r a a d i r e t o r i a d o Conselho Nacional do Meio pequenos, médios e grandes
JANEIRO 2005CREA-PR 28
Tipo / composição Aplicação mais usual Destino
Bateria de chumbo ácido Indústrias, automóveis, Devolver ao fabricante
filmadoras ou importador
Pilhas e Baterias de Telefone celular, Devolver ao
fabricante
níquel cádmio telefone sem fio, ou
importador
barbeador e outros
aparelhos que usam
pilhas e baterias
recarregáveis
Pilhas e Baterias de Instrumentos de Devolver ao
fabricante
Tipo / composição Aplicação mais usual Destino
O que fazer com pilhas e bateriasO que fazer com pilhas e baterias
S E G U R A N Ç A
A explosão do navio BTG Vicuña, navio descarregava 14,26 milhões de a ponta oeste da Ilha do Mel, numa
da Sociedad Naviera Ultragas, de litros de metanol, no píer da Cattalini extensão de 18 quilômetros.
bandeira chilena, em 15 de novembro Terminais Marítimos, área privada que O cais da Cattalini é vizinho da
passado, no porto de Paranaguá, não está sob ingerência direta da Petrobrás, e ambos distam 300 metros
vitimou quatro tripulantes, dos quais Adminis t ração dos Portos de do bairro Rocio, onde acontecia a
três morreram e um permanece Paranaguá e Antonina (Appa), festa para a padroeira da cidade.
desaparecido, além do vazamento de controlada pelo governo do Estado. Cerca de três mil pessoas estavam na
óleo no mar. A embarcação explodiu Foram duas explosões seguidas, a praça na hora da primeira explosão.
quando descarregava metanol. primeira às 19h30 e a segunda
- Para O acidente provocou sérios danos minutos depois, às 20 horas. O
Clóvis Ricardo Schrappe Borges, ambientais na baía de Paranaguá, resultado foi um enorme rombo no
diretor executivo da Sociedade de considerada um importante berçário casco do navio. A parte central da
Pesquisa em Vida Selvagem e de espécies marinhas. O navio estava embarcação afundou. A popa - onde
Educação Ambiental (SPVS), o com os tanques carregados com 1,5 estavam a casa de máquinas, cozinha
acidente pode ser utilizado como milhão de litros de óleo tipo “bunker”, e alojamentos - e parte da proa
demons t ra t i vo nac iona l com o combustível para sua locomoção, ficaram fora da água, queimando. O
relação a cuidados profiláticos. Ele sendo esse o elemento poluente que vazamento provocou manchas de
diz que houve negligência em se espalhou na baía. óleo que atingiram as ilhas das
relação aos planos de contingência, O acidente ocorreu quando o Cobras, Cootinga e Piaçangüera, até
Contingenciamento
Mais de um milhão
e meio de litros de
óleo foram parar
nas praias, ilhas e
manguezais das
baías de Paranaguá
e Antonina
Um
DESASTRE anunciado
Por Valdelis Gubiã Antunes
Cenaci
d
JANEIRO 2005 CREA-PR 29
ambientais.”.
Horas de ouro
Durante as 24 horas posteriores ao
sinistro, as medidas não foram eficazes
e não se conseguiu conter a grande
quantidade de óleo que vazou.“Todo o
acidente tem suas 24 horas de ouro, o
momento em que você tem a chance
de dar a melhor reposta e evitar que ele
se transforme num desastre maior. Se o
um estudo prévio que simula a nas comunidades estava treinado derrame de óleo fosse contido de
s i t uação de um ac iden te e para enfrentar situação desse porte. forma adequada nas primeiras horas,
e s t a b e l e c e a s p r o v i d ê n c i a s Não havia sistema em que outros as conseqüências não seriam tão
imediatas. atores com potencial de colaboração, graves, inclusive com a exclusão da
A explosão ocorreu, disse, e só 48 incluindo instâncias de governo ou parte mais terrível, que foram as quatro
horas depois foi possível reunir um não, soubessem o que precisava ser vítimas,” comenta Renato Eugênio
grupo de ação, mas a primeira feito e de que maneira,” reclama. Lima, coordenador do Centro de Apoio
reunião se esgotou no esforço para Segundo o técnico, a amplitude Científico em Desastres (Cenacid),
estabelecer as hierarquias. “Isso é do acidente é de proporções órgão ligado à UFPR.
inadmissível se você tem uma situação catastróficas e determinado nível da Não havia disponibilidade de
de risco. Num caso assim, a atividade baía foi destruído por conta dele. As material no porto, nem tampouco na
de contingência tem de ser imediata. á r e a s d e m a n g u e e s t ã o Catallini, para enfrentar acidente
Todos os pressupostos de contaminadas, assim como toda a dessa magnitude, principalmente
l i de rança dev iam es ta r parte oeste da Ilha do Mel, princi- equipamento para coletar o óleo dos
estabelecidos no plano de pal atração turística do litoral tanques, lembra ele. O inventário do
contingência. Não do Estado. “Penso que se deve material disponível consumiu muito
h a v i a reavaliar a questão e encarar a tempo. Depois que se conseguiu
equipamento atividade portuária como organizar a resposta ao desastre, o
disponível, de al t íss imos r iscos sistema começou a funcionar, e a
ninguém e c o n ô partir de então os efeitos do desastre
m i c o s , começaram a ser reduzidos. Quatro
sociais e dias depois, o navio apresentava
ainda vazamentos, mas aí o sistema
estava montado para impedir que o
óleo continuasse a se espalhar.
- Na
o p i n i ã o d e A n d r é
Virmond Lima Bittencourt,
Lição de casa
JANEIRO 2005CREA-PR 30
Níveis de impacto no litoral paranaenseNíveis de impacto no litoral paranaense
Fonte: Cenacid - UFPR
engenheiro químico e doutor em
geologia, professor sênior da UFPR,
que esteve em Paranaguá como
representante do Cenacid, a
improvisação foi a tônica do
atendimento de emergência após a
explosão: “Não havia preparo geral
para saber o que fazer. O teco-teco foi
montado em pleno vôo. Agora nos
resta fazer a lição de casa e ir para
cima de outros portos a fim de cobrar
organização.”
André afirma que um porto com
as dimensões de Paranaguá carece de
um plano de contingenciamento bem
elaborado para o caso de acidentes
de monta. Na realidade, foram dois
acidentes: as explosões e o vazamento
do combustível, cuja contenção
exigiria no mínimo mil metros de
barreira, onde havia apenas 600 met-
momento pelas empresas Alpina, uma operação desse porte. Não é só ros.
Ecosorb e Hidroclin, as três maiores da barreira, mas também pessoal Há dois tipos de barreiras, as de
área de contenção e assessoria de habilitado para fazer a operação. contenção para evitar que o óleo se
derramamento no mar. O cenário Uma coisa é andar de barco com 200 espalhe, e as absorventes para
mais provável era um vazamento de metros de barreira, outra é arrastar mil segurá-lo. Após o uso, não havia local
20 a 40 metros cúbicos, a fase um. As metros, sobretudo porque para conter próprio para armazenar o material,
empresas enquadraram o acidente acidente da proporção do Vicuña, que foi acumulado em local
nesse sistema, e foram comprados cinco mil metros de barreira ainda é totalmente inadequado. “As mantas
t o d o s o s e q u i p a m e n t o s pouco,” lamenta.de impermeabilização eram tão finas
recomendados, entre os quais 200 Quanto às acusações, ele que mais pareciam sacos de lixo
metros de barreiras de contenção. responde: “Mal comparando, seria o furados. Só depois que o IAP foi
Como a fase um não obteve sucesso, mesmo que acusar ter o vazamento acionado e fez uma série de
passou-se para a fase dois, ido parar na Ilha do Mel porque não exigências, as normas de segurança
estimando-se o vazamento entre 200 havia plano de emergência”. A foram seguidas,” constata.
e 500 metros cúbicos, também sem questão principal é que o navio não Por sua vez, o consultor Henrique
resultados. deveria abastecer antes da descarga, Lage, especialista para saúde,
O plano foi feito para sete “cuja prática é comum em todos os segurança e proteção ambiental da
terminais, mas ninguém esperava o portos, mas muito perigosa.” Catallini, discorda. Para ele a questão
derramamento de 1.5 mil metros Lage também diz que é difícil estar principal não é o plano de
cúbicos, já que o Vicuña havia preparado para um desastre desse contingência: “Nosso plano de
reabastecido por conta própria. “De tamanho, mas as medidas de emergênc ia fo i dev idamente
madrugada estávamos com todas as prevenção para evitá-lo são formalizado e aprovado pelo IAP,
barreiras na água, mas o pessoal necessárias. “O navio não poderia seguindo a legislação vigente.”
utilizado jamais havia participado de estar com aquela quantidade de O plano foi concebido no primeiro
Cenaci
d
JANEIRO 2005 CREA-PR 31
O óleo que vazou do Vicuña causou sérios prejuízos ao meio ambiente
Apesar de ter dado sinal verde
para o projeto, o Brasil não bancou
sua parte do financiamento, embora
tenha subscrito um acordo de
cooperação internacional . O
importante projeto Experimentos de
Improvisação em Grupo Durante o
Atendimento de Emergênc ia,
portanto, ainda está apenas na
intenção.
Prejuízos sociais
O Plano de Auxílio Mútuo (Pam),
da Appa, não cogita da hipótese
explosão, de modo que não prescreve
ações necessariamente voltadas a
essa categoria de acidentes.
A legislação brasileira classifica os
acidentes de várias formas, mas as
mais comuns são os súbitos e
crônicos. Explosão é um acidente
súbito, ao passo que uma estiagem
prolongada é um acidente crônico. O
acidente de Paranaguá apresenta
ambas as características. Não se trata combustível. O problema é que fazem portos de Roterdam (Holanda) e no de
apenas de uma explosão seguida por assim por comodidade, porque se não Nova York. O Cenacid trabalhava em
derramamento de óleo combustível tivesse abastecido antes, teria que parceria com o Instituto Rensselaer de
para o meio ambiente. Também há as ancorar novamente e isso aumenta a Nova York (EUA), por um instituto simi-
conseqüências secundárias como a despesa. Se o tanque tivesse 50 met- lar ao paranaense.
contaminação de roupas, barcos, ros cúbicos, a primeira fase seria Como o custo era alto, firmou-se
equipamentos, bóias de contenção, suficiente, mas nem a fase dois deu um acordo de cooperação com a
lixo tóxico e locais de depósito conta. O Vicuña tinha combustível instituição norte-americana, em
temporário de lixo. suficiente para um mês”. negociação que se estendeu de janeiro
Em cada praia que passa a servir a maio de 2001 com interveniência do
de depósito emergencial desse lixo é Ministério da Ciência e Tecnologia. O Explosão prevista feita uma impermeabilização da desenvolvimento do projeto devia contar
areia para evitar a contaminação. A com a aprovação dos dois países
questão da pesca é igualmente Em 2001, o Cenacid ofereceu uma envolvidos. Primeiramente foi aprovado
delicada, porque cerca de quatro mil simulação num software para avaliar nos EUA, mas o Brasil atrasou três anos
pescadores ficaram impedidos de como estava o porto, contemplando a e meio a liberação de sua contrapartida
trabalhar. hipótese do treinamento para um caso do financiamento. O acordo estabelece
Em primeiro lugar, o acidente fez de explosão. Trata-se de um exercício que os recursos devem ser liberados
quatro vítimas. Depois veio a científico feito para aplicação nos pelos dois países no mesmo momento.
Cenaci
d
JANEIRO 2005CREA-PR 32
O acidente colocou em discussão o sistema de segurança no Porto de Paranaguá.
degradação ambiental, além de uma caso de acidente, o óleo ficaria retido
emergência social. Assim, passou-se no entorno das embarcações. Além dis-
de um desastre ambiental para uma so, a proposta obrigaria todos os
eme rgênc ia , po rque com a navios que entram na baía de
contaminação da baía a pesca Paranaguá a estarem equipados com
artesanal torna-se impossível, e os dispositivos de segurança contra
homens ficaram sem trabalho. O vazamento. Outra proposta em exame
ac iden te teve conseqüênc ias no âmbito do governo estadual
imediatas (incêndio e mortes), p r e c o n i z a a p r o i b i ç ã o d o
conseqüências de prazo médio, abastecimento noturno, devido à
(vazamento com enorme impacto em pouca visibilidade e alto índice de
toda a baía), conseqüências vazamentos.
ambientais de prazo longo e prejuízos O secretário do Meio Ambiente, Luiz
sociais para as várias comunidades.” Eduardo Che ida , d ian te da
O Cenacid dispõe de um constatação, assegurou: “Se o
instrumento desenvolvido para abastecimento fosse realizado durante o
situações do tipo, o programa dia, com certeza não haveria risco de
chamado Vicon-Desastres. É um soft- transbordo, e mesmo que tivesse
ware que recebe todas as ocorrido, o trabalho de contenção seria
informações georreferenciadas e mais eficiente.”
todo o histórico do acidente, capaz
de fornecer o suporte para auxiliar os
40 cientistas e aproximadamente 20
alunos voluntários da Universidade
Federal do Paraná. Todos os custos
financeiros do programa foram
cobertos pela Appa.
Medidas de
prevenção
Para impedir que desastres como
esse continuem a acontecer, a
secre tar ia es tadual do Meio
Ambiente estuda a possibilidade de
baixar portaria estipulando que o
abastecimento em águas portuárias
ocorra mediante cerco com barreiras
de contenção, tanto no entorno da
barcaça quanto do navio que recebe
combustível.
A medida é importante porque em
Imagens da catástrofe: 25
dias depois da explosão, o
óleo ainda fazia estragos
na baía e nas ilhas do
litoral. Dos animais
resgatados, poucos
sobreviveram. Os destroços
do Vicuña só serão
completamente retirados do
Cenaci
d
JANEIRO 2005 CREA-PR 33
coeficientes aerodinâmicos da Fu r a c ã o , t u f ã o , c i c l o n e ,
maioria dos casos práticos. vendaval ou brisa, enfim, como
Deve-se levar em conta algumas agem esses tipos de ventos e quais
variáveis que também influenciam s u a s i n t e n s i d a d e s ? C o m o
m u i t o : o t e r r e n o e s u a s influenciam a Terra e atuam sobre as
características, a geometria da edificações? Segundo o dicionarista
ed i f i cação e a impo r tânc ia Aurélio Buarque de Holanda, o
(hospitais, instalações do corpo de vento é o ar em movimento,
bombeiros, escolas e outros, devem fenômeno ocasionado sobretudo
ser mais resistentes aos ventos). “Um pelas diferenças de temperatura (e,
bom projeto geométrico do edifício portanto, das pressões), nas várias
ajuda muito no comportamento da regiões atmosféricas.
edificação em relação aos ventos”, Esse ar em movimento pode ter
diz.influências tanto positivas quanto ambientais, sociais e humanos.
A ação de ventos sobre as negativas sobre as estruturas sobre “O vento é uma ação como
edificações depende dos aspectos as quais agem. Os ventos são outra qualquer da natureza, não
meteorológicos e aerodinâmicos. Os responsáveis pela limpeza da t endo ca rá t e r po s i t i v o nem
primeiros são externos à obra, como atmosfera, pela dispersão dos negativo; as edificações é que
localização no território, nível de poluentes, têm efeito térmico, mas devem se r cons t ru ídas pa ra
rugosidade do terreno, condições por outro lado também podem supo r t á - l o ” , e xp l i ca Mau ro .
topográficas da região, altura efetiva provocar danos muito sérios. A Quando se pretende construir uma
da obra (em alguns casos inclui uma pressão do vento pode fechar uma edificação, vários cuidados devem
parcela de elevação do terreno), vida simples persiana ou derrubar um ser tomados no que se refere ao
útil da obra e nível de importância prédio. Segundo o engenheiro civil vento. Aliás, os projetos estruturais
para a sociedade. Os segundos Mauro Lacerda, diretor do Setor de devem obrigatoriamente obedecer
correspondem às características Tecnologia da UFPR, um furacão as prescrições estabelecidas na
geométricas da edificação, de suas classificado como médio causa NBR 6123. A norma apresenta as
proporções, da forma, da distribuição prejuízos econômicos de US$ 2 variedades de projeto que devem
de suas aberturas em relação às b i l h õ e s , f o r a o s p r e j u í z o s ser adotadas, assim como os
O
P ODE R
Os ventos podem
causar prejuízos
econômicos,
sem contar
os danos
ambientais,
sociais
e humanos
dos
ventos
M E I O A M B I E N T E
JANEIRO 2005CREA-PR 34
da FAB e localizadas em aeroportos).
No Brasil, esta velocidade pode
chegar no máximo a 50 m/s (180
km/h) em apenas três regiões, uma
das quais é o oeste paranaense.
Trata-se de uma velocidade de
rajada de três segundos de duração a
uma altura de 10 metros, atuando em
região plana, aberta, desobstruída,
que pode ocorrer uma vez a cada 50
anos. Ou seja, não se trata da
velocidade de projeto da obra, mas
de uma velocidade de referência a
partir da qual se define a velocidade
de p r o j e t o em f un ção da s
características aerodinâmicas da
obra.diversas direções que o vento pode situação mais crítica que o vento
tomar. poderá provocar ao longo de toda a
vida útil da obra. “Busca-se garantir
as condições de segurança da Mudanças Ventilação e edificação, uma vez que o vento é
geográficas salubridade capaz de exercer impactos que
podem ser bastante significativos e,
O Paraná de um modo geral está em alguns casos, responsáveis pelos Há duas situações distintas
sujeito a ventos mais fortes, pois ao colapsos de algumas obras não quanto à ação de ventos sobre as
longo dos anos, muitos vendavais projetadas adequadamente”, diz e d i f i c a çõe s que de v em s e r
ocorreram no Estado. Houve uma Everaldo.consideradas na elaboração dos
mudança de ordem geográfica com a Em relação aos materiais da projetos de uma edificação, de
construção de uma série de usinas, construção da obra, Mauro afirma acordo com o engenheiro e professor
principalmente, no rio Iguaçu. Foram que qualquer um que seja usado, da Universidade Estadual de
criados lagos artificiais e, onde antes como o aço e o concreto (de Londrina, Everaldo Pletz. Para o
havia uma barreira na topografia, comportamentos distintos), são projeto arquitetônico, é fundamen-
hoje há um espelho. Portanto, é mais seguidos os modelos construtivos e tal avaliar as condições de
fácil a entrada de ventos fortes vindos de cálculo que permitem absorver ventilação da obra, para que se
da Argentina. A ação do homem deformações e efeitos dos ventos. O possa garantir conforto, economia de
acabou gerando uma situação vento pode ocasionar fissuras, energia para refrigeração de
topográfica cuja reação foi o aumento trincas, rachaduras no material, e até ambientes e salubridade, assim como
das forças dos ventos na região.provocar um desabamento.é n e ce s s á r i o i d en t i f i c a r a s
Segundo Mauro Lacerda, hoje A norma técnica apresenta o c a r a c t e r í s t i c a s d o s v e n t o s
ninguém constrói um prédio à prova mapa de isopletas ( linhas de mesma dominantes no local onde será
de furacões; não existe um prédio velocidade do vento) para o Brasil. O executada a obra.
assim. “As edificações são construídas mapa mostra as velocidades básicas Para o projeto estrutural, é
para que não caiam, permitindo que dos ventos (definidas em função das imprescindível determinar com o
a s p e s s o a s a a b a n d o n e m ca rac te r í s t i ca s das e s tações nível de segurança adequado
rapidamente no caso de um furacão. meteorológicas usadas, geralmente estipulado em norma, qual a
JANEIRO 2005 CREA-PR 35
Imagem de satélite do anticiclone “Catarina”
Site U
OL
Ou seja, os estragos podem ser
diminuídos”.
O vento não é só uma ação
negativa, e além dos aspectos
positivos já descritos e considerados
na elaboração dos projetos de
arquitetura, os ventos podem ainda
ser fonte de geração de energia
elétrica. “A energia eólica é uma
alternativa interessante para compor
a matriz energética nacional, porque
é correta do ponto de vista ambiental e
compatível com a demanda por
técnicas de construção sustentável”,
finaliza Everaldo.
Brisa
Monção
Ciclone
Furacão
Tufão
Tornado
Vendaval
Willy-willy
: é um vento de pouca intensidade, com velocidade inferior a 54 km/h.
- vento periódico, que no verão sopra do mar para o continente.
: é o nome genérico para ventos circulares, como tufão, furacão, tornado e willy-willy. Caracteriza-se por uma tempestade violenta que ocorre em regiões tropicais ou subtropicais, produzida por grandes massas de ar em alta velocidade de rotação. Evidencia-se quando os ventos superam 50 km/h.
: vento circular forte, com velocidade igual ou superior a 108 km/h. Os furacões são os ciclones que surgem no mar do Caribe ou nos EUA. Os ventos precisam ter mais de 119 km/h para receber a classificação de furacão. Giram no sentido horário (no hemisfério sul) ou anti-horário (no hemisfério norte).
: é o nome que se dá aos ciclones formados no sul da Ásia e na parte ocidental do oceano Índico, entre julho e outubro. É o mesmo que furacão, só que na região equatorial do oceano Pacífico. Os tufões surgem no mar da China e atingem o leste asiático.
: é o mais forte dos fenômenos meteorológicos, menor e mais intenso que os demais tipos de ciclone. Com alto poder de destruição, atinge até 490 km/h de velocidade no centro do cone. Produz fortes redemoinhos e eleva poeira. Forma-se entre 10 e 30 minutos e tem, no máximo, 10 km de diâmetro.
: vento forte com um grande poder de destruição que chega a atingir até 150 km/h. Ocorre geralmente de madrugada e sua duração pode ser de até cinco horas.
: nome que os ciclones recebem na Austrália e demais países do sul da Oceania.
Brisa
Monção
Ciclone
Tufão
Tornado
Vendaval
Willy-willy
Alguns tipos de ventos:*Alguns tipos de ventos:*
Efeitos do vento no mar e em terraEfeitos do vento no mar e em terra
Vento
Rajada moderada (vento forte)
Rajada fresca (vento muito forte)
Rajada forte (vento tempestuoso)
Tempestade (tem-poral desfeito)
Furacão
Vento Efeitos em terra
Verga a árvore toda, dificuldade de caminhar.
Quebram ramos, impossibilidade de caminhar.
Avarias nas construções débeis, chaminés derrubadas e telhas arrancadas.
Muito raro. Estragos em grandes extensões.
Muito raro. Estragos em grandes extensões.
Efeitos em terraAo largo
Mar levantado com espuma branca do quebrar das vagas e a ser soprada em faixas na direcção do vento (Grosso).
Vagas de altura média e grande comprimento: as pontas das cristas começam a quebrar dentro da espuma que o vento arrebata da crista das ondas. A espuma e soprada em fitas bem marcadas na direcção do vento (Alteroso).
Vagas altas: densas faixas de espuma na direcção do vento: formação do rolo: borrifos densos (Tempestuoso).
Vagas excepcionalmente altas (barcos médios e pequenos encobrindo-se com vagas): mar completamente coberto com grandes flocos de espuma na direcção do vento.
Ao largo Junto à costa
Os barcos recolhem ao porto e os que estão no mar põem-se de capa. Redução da gávea em duas vergas.
Todos os barcos a vela se abrigam, redução da gávea em três vergas.
Redução nas gáveas todas e no papagaio grande.
Árvore seca nos navios de vela.
Árvore seca nos navios de vela.
Junto à costa
JANEIRO 2005CREA-PR 36
E N E R G I A
rede a outras cidades, e uma equipe Mais de 800 mil veículos
estuda a possibilidade de construir circulam no Brasil movidos a gás nat-
um ramal do gasoduto Bolívia-Brasil ural. No Paraná são cerca de 12,5
até Londrina, a fim de atender as mil veículos, sendo que o gás está
cidades vizinhas. Além disso, a disponível apenas na capital.
empresa realiza estudos para Segundo dados da Associação
abastecer com gás natural as regiões Brasileira de Gás Natural Veicular
de Telêmaco Borba e Paranaguá.(Abgnv), as reservas mundiais de gás
“As principais vantagens do uso aumentaram muito nos últimos anos,
do gás natural veicular são a redução em proporção superior ao aumento
de custos e da poluição atmosférica, do consumo brasileiro. Atualmente,
inexistência de enxofre e sobra de o consumo diário no País é de 35
hidrogênio, redução de depósitos milhões de metros cúbicos, nas mais
nos motores, além de ser um produto variadas formas de uso, residencial,
com queima mais limpa e ter custo industrial e automotivo.
menor,” diz Ernesto Carvalho, Assim como o petróleo, o gás nat-
engenheiro químico da Petrobrás.ural é um combustível fóssil,
Para o engenheiro mecânico composto por uma mistura de
Paulo Gottlieb, a maior vantagem hidrocarbonetos, constituído na
para quem utiliza o GNV como maior parte por metano. No Brasil, o
combus t í v e l é a e conom ia , gás natural é vendido pela Petrobrás
principalmente para quem roda para as concessionárias estaduais (a
muito. Isso se deve ao baixo custo distribuição de gás natural é feita por
quando comparado aos demais concessão regulamentada pelo
c o m b u s t í v e i s d i s p o n í v e i s . Estado). No caso do Paraná, a
“Combinando rendimento (km/m3) e concessão pertence à Companhia
preço, pode-se chegar a uma Paranaense de Gás (Compagás), que
economia por quilômetro rodado explora o serviço público de
municípios atendidos pela rede de entre 50 e 70% em relação à fornecimento do gás canalizado.
distribuição, num total de 400 gasolina”, explica. A economia e as Curitiba, Ponta Grossa, Palmeira,
quilômetros de tubulação. A empresa vantagens vão além dos custos do Balsa Nova, Araucária, Campo Largo
trabalha com a meta de estender a combustível. Há também a melhoria e São José dos Pinhais são os
Gás natural
vantagens e
perspectivasPor Sandra Solda
O consumo diário no
País é de 35
milhões de metros
cúbicos, nas mais
variadas formas de
uso, residencial,
industrial e
JANEIRO 2005 CREA-PR 37
na emissão de poluentes e até na vida podem também ser convertidos, em Pesos e Medidas (Inmetro), e os
útil do motor, desde que mantido oficinas credenciadas. O GNV componentes, inclusive o cilindro,
sempre bem regulado. também pode ser usado para são também certificados pela
Por ser um combustível seco, o propulsão de veículos movidos a óleo instituição. Após a conversão, e uma
gás natural não dilui o óleo diesel, seja na forma combinada, que vez por ano, os veículos passam por
lubrificante no motor do veículo. Sua utiliza tanto o diesel quanto o gás, i n s p e ç ã o o b r i g a t ó r i a e m
queima não produz depósitos de como substituindo o motor movido a estabelecimentos credenciados pelo
carbono nas partes internas do diesel pelo movido a gás. A ABgnv Inmetro.
motor, o que aumenta a sua vida útil e alerta que, em ambos os casos, a
o intervalo da troca de óleo. Como a conversão se faz adicionando ao
queima do gás não provoca a v e í c u l o u m c o n j u n t o d e Desvantagensformação de compostos de enxofre, equipamentos formado basicamente
há também o aumento da vida útil do por um conjunto de tubos de alta e
Apesar de todas as vantagens escapamento. baixa pressão; rede de tubos de alta e
oferecidas, o gás natural usado como baixa pressão; dispositivo regulador
combustível, hoje, ainda tem d e p r e s s ã o ; v á l v u l a d e
algumas desvantagens para o abastecimento; dispositivo de troca Meio Ambiente e consumidor. “As principais são a de combustível e indicadores de
conversão baixa autonomia, o alto investimento condição do sistema.
para conversão do motor, a pequena Para a instalação do 'kit', o
rede de postos revendedores que Além de se tratar de combustível veículo deve estar em boas condições
disponibilizam o produto por onde ecologicamente correto, o gás natu- de manutenção. O preço varia em
passa o gasoduto, a perda do espaço ral veicular, devido à sua pureza, função do modelo do veículo. Pode
no porta-malas, a perda da potência produz uma queima muito mais limpa custar de R$ 2.500, em veículos
do motor, que algumas empresas e uniforme, isenta de fuligem e outros ca rbu rados , a t é R$ 4 .500 ,
c o n v e r s o r a s c o n s e g u e m materiais que prejudicam o meio dependendo muito do modelo do
compensar”, ressalta Carvalho.ambiente. veículo e da configuração da
Dados da Abgnv indicam que o Segundo dados da Abgnv, o uso instalação,” explica Gottlieb.
uso do GNV é uma tendência do gás natural veicular é muito A Abgnv informa que o gás natu-
irreversível, que a tecnologia de importante na redução dos níveis da ral veicular não é fonte de risco para
conversão está totalmente dominada poluição atmosférica, visto que sua os veículos e seus componentes. As
e regulamentada. Espera-se uma combustão com excesso de ar tende a normas re lac ionadas com a
p r e s s ã o d o s u s u á r i o s e a ser completa, liberando apenas conversão são extremamente rígidas
conscientização das montadoras dióxido de carbono e água. Por ser e seus controles são melhores do que
para produção em fábrica de combustível gasoso, tem um sistema os relacionados com a maioria das
veículos movidos a GNV.de abastecimento e alimentação do outras partes do veículo. Segundo
Além disso, a demanda por GNV motor isolado da atmosfera, Carvalho, os vasos que armazenam o
deverá crescer consideravelmente a reduzindo bastante as perdas por gás natural não são botijões comuns.
partir da maior disponibilidade da manipulação para abastecimento e “Em caso de vazamento, o gás tende
oferta; maior número de postos de estocagem. a subir para a atmosfera, sem
serviço, e vigorosa interiorização dos Todos os veículos a gasolina e maiores problemas,” diz.
mesmos. Outra perspectiva da Abgnv álcool podem ser convertidos para Got t l ieb concorda que a
é que a utilização de GNV para gás natural, operando na forma conversão é segura, pois somente
veículos de transporte coletivo de bicombustível. Esses veículos podem pode ser realizada por oficinas
passagei ros se ja v iabi l i zada, já ser fabricados dessa forma, como registradas no Instituto Nacional de
JANEIRO 2005CREA-PR 38
JANEIRO 2005 CREA-PR 39
C O N G R E S S O
A
Canto
em caráter extraordinário em dezembro A bela capital do Maranhão, São
passado, decidindo por unanimidade o Luís, uma das cidades que mais de
estabelecimento de dois novos ritos perto guarda as características
processuais para o trâmite do projeto a r q u i t e t ô n i c a s e c u l t u r a i s
de resolução que dispõe sobre transplantadas pelos descobridores,
atribuição de títulos, atividades e sediou no início de dezembro do ano
competências para os profissionais do passado a 61ª Semana Oficial de
sistema. Um rito para a discussão do Engenharia, Arquitetura e Agronomia e
texto do projeto de resolução e outro o 5º Congresso Nacional de
para a discussão dos anexos I e II.Profissionais, sob o lema “Exercício
A decisão satisfaz os Profissional e Cidades
anseios da comunidade Sustentáveis”.
profissional, conforme A d e l e g a ç ã o d e
propos tas aprovadas profissionais paranaenses
durante o 5º Congresso coordenada pelo engenheiro
Nacional de Profissionais, Ro l f G. Meye r, t e v e
cuja versão final do participação considerada
documento será levada à altamente positiva, na
apreciação do Plenário do o p i n i ã o d o s q u e a
Con fea , na r eun ião integraram. O engenheiro
marcada para os dias 26, Alexandre Aching assinalou
27 e 28 de outubro desse que “a participação dos
ano.delegados do CREA-PR foi
De acordo com a satisfatória e constante,
que o grupo “manteve-se coerente na proposta, o texto do projeto apesar do n í ve l das
defesa das propostas”. Rolf resumiu o de resolução será analisado num prazo propostas ficar abaixo da crítica”.
grande interesse da delegação ao de 90 dias após o 1º Encontro Anual Aching afirmou que profissionais de
lembrar: “O que poderia ser simples e das Coordenadorias de Câmaras outros Estados reconheceram a boa
rápido bate-papo, acabou sendo uma Especializadas (8 a 11 de março), com a r t i c u l a ç ã o d o s d e l e g a d o s
discussão muito proveitosa das a presença de representantes de paranaenses, sempre com a liderança
propostas até então conhecidas, sobre entidades nacionais correspondentes. do presidente Luiz Antonio Rossafa.
as quais a delegação marcou sua Na oportunidade, será encaminhada O coordenador fez questão de
posição.” cópia do projeto aos demais órgãos agradecer o desempenho dos
O Plenário do Confea reuniu-se consultivos do sistema Confea/CREA, integrantes da delegação, salientando
Engenheiros discutem
cidade
SustentávelPor Ivan Schmidt
Habitação popular,
segurança alimentar,
acessibilidade das
edificações e
saneamento
ambiental foram
temas em debate
A delegação paranaense presente ao evento.
Arq
uiv
o C
REA
-PR
JANEIRO 2005CREA-PR 40
Colégio de Presidentes e Colégio de regiões Norte e Nordeste somam 73% de viabilizar a recuperação de prédios
Entidades Nacionais. Decorrido o das necessidades brasileiras. Por outro antigos e áreas abandonadas por
prazo de 90 dias, com a consolidação lado, verifica-se um contraste gritante unidades industriais e outros
e sistematização do texto do projeto de na informação do IBGE, que acusa a equipamentos urbanos desativados.
resolução, o documento será existência de pelo menos cinco milhões Ainda no painel Nossas Cidades:
apreciado em caráter prioritário pelo de residências desocupadas nas Desafios Habitacionais, o professor da
Plenário do Confea na sessão de 15 a grandes cidades. UnB, Lucídio Guimarães Albuquerque,
17 de junho do corrente. Esse texto O cenário da moradia popular no alertou para a densidade demográfica
disciplinará toda a lógica da nova Brasil se agrava, na medida em que o mundial estimada para os próximos 30
resolução. déficit estimado poderá chegar, em anos. Segundo ele, dos atuais 6,6
Vencida esta etapa, a partir de 18 2023, a 12,45 milhões de unidades. O bilhões de habitantes da Terra, 5,8
de junho, os órgãos consultivos do problema seria resolvido caso o governo bilhões estão vivendo nas cidades,
sistema terão 100 dias para proceder a estivesse investindo no setor, em média, registrando a densidade demográfica de 2105,56 hab/km . “Em 2050 seremos análise dos anexos I e II, ultimando a R$ 12,44 bilhões por ano. Entre 1991 e
quase nove bilhões sobre uma área versão a ser apreciada na sessão 2000, a população cresceu à taxa
habitável do planeta de apenas 90 plenária de 26 a 28 de outubro. média de 1,6% ao ano, ao passo que a
milhões de quilômetros quadrados”, parcela que vive em favelas aumentou
- O evento de São Luís foi advertiu. A conclusão é deveras em 4,3% ao ano, tornando
conduzido na forma de conferências, preocupante: “Se agora não extremamente necessária a adoção de
painéis de debates, cursos técnicos e conseguimos atender as demandas medidas corretivas dessa mazela social,
comunicações, versando sobre temas sociais, ambientais, culturais e de cuja tendência é chegar às raias do
de impacto como habitação popular, moradia dessa população, será que inconcebível para um País civilizado.
segurança alimentar, acessibilidade conseguiremos depois?” Cerca de 70 milhões de pessoas
das edificações e saneamento vivem nas principais metrópoles
- O professor Jan ambiental, entre outros, nos quais o brasileiras, que nos últimos dez anos
Bitoun, da Universidade Federal de c o n c u r s o d a e n g e n h a r i a é r eg i s t r a ram um c re s c imen to
Pernambuco, e o engenheiro sanitarista imprescindível. Um exemplo foi o exacerbado em torno de 30%,
Bertoldo Silva Costa, do Conselho painel Nossas Cidades: Desafios tornando remotas as soluções de curto
Nacional do Meio Ambiente, no painel Habitacionais, com a participação do prazo. Os analistas dizem que a prática
Cidades e Desafios Ambientais, arquiteto urbanista Ângelo Marcos do Estatuto das Cidades e a
colocaram em discussão uma série de Vieira de Arruda, do geógrafo Ulisses implementação de programas para dar
dados alarmantes sobre o estágio atual Franz Bremmer e do professor Lucídio sustentabilidade às cidades, estão entre
do saneamento ambiental. Bertoldo Guimarães Albuquerque, um dos os principais instrumentos de mudança.
revelou que, embora o Brasil tenha fundadores da Universidade de Uma cidade sustentável é aquela
gastado anualmente, entre 1968 e Brasília. que cresce para o centro e não para a
1993, a média de US$ 650 milhões em Segundo dados da Fundação João periferia, sustenta um dos conceitos
saneamento, e outros US$ 340 Pinheiro, respeitada instituição mineira praticados por arquitetos e urbanistas
milhões/ano, entre 1994 e 2004, os de pesquisas sociais, o déficit urbano que saíram em busca de respostas para
resultados práticos das aplicações não brasileiro é de 5,9 milhões de o problema habitacional. Em outras
refletem a realidade vivida no País. O unidades, sendo que somente na área palavras, isto quer dizer que a cidade,
técnico constatou que “com tantos rural a carência imediata é de 1,1 para ser sustentável, deve desestimular a
investimentos, a situação brasileira milhão de moradias, elevando o total ocupação irregular das áreas adjacentes
deveria ser bem melhor”. O próprio de unidades habitacionais em falta no aos grandes centros urbanos, investindo
governo federal calcula que seriam País para sete milhões, segundo na reocupação das áreas centrais e na
necessários R$ 178 bilhões em reconhece o próprio governo. As reativação dos centros históricos, além
Debates
Saneamento
JANEIRO 2005 CREA-PR 41
M E D I A Ç Ã O E A R B I T R A G E M
contratada. Durante a execução da Izabel, uma mulher dinâmica e
etapa “bruta” da obra, Izabel decidiu empreendedora, com cerca de 40
que ela mesma se encarregaria do anos de idade, contratou uma
acabamento.empresa de engenhar ia , de
Próximo do fim da obra, Izabel propriedade do engenheiro Pedro,
passou a acusar o engenheiro de para construir uma edificação que
irresponsável e incompetente por ter comportava uma parte residencial e
deixado de recolher parte dos valores outra comercial.
dos encargos sociais junto ao INSS, Os serviços foram contratados
bem como por ter entregue a obra por empreitada, mas para realizar
com vários defeitos.somente a parte “bruta” da obra (até
Diante do impasse, Izabel a cobertura), incluindo as instalações
telefonou para o número 350-6727, elétricas e hidráulicas.
da CMA CREA-PR, e obteve da sua Pelo orçamento global da obra, o
secretária todas as informações v a l o r d a p a r t e c o n t r a t a d a
necessárias para o encaminhamento r e p r e s e n t a v a
do processo de Mediação. aproximadam ente 40 % do total do
c u s t o d o
- O s empreendimento.
procedimentos da Mediação são O contrato previa
simples e o processo é ágil. Enquanto q u e t o d o s o s
a solicitação de Mediação é custos relativos aos
protocolada na CMA/CREA-PR, a encargos sociais
sua secretária telefona para um dos da obra seriam de
mediadores (profissional certificado e responsabilidade
treinado para a função) integrantes d a
do Quadro de Mediadores da e m p
Câmara e este já agenda a reunião r e s
de preparação para a Mediação com a
o solicitante, quando o mesmo será
ouvido e esclarecido sobre os
objetivos e os procedimentos do
método. Confirmada a decisão do
C o m o f u n c i o n a
Por Daniel Lopes de Moraes
Desmistificando a
mediação
Diante do impasse,
Izabel telefonou para
o número 350-6727,
da Câmara de
Mediação e
Arbitragem do
CREA-PR, e obteve
da sua secretária
todas as
informações
Kam
be
JANEIRO 2005CREA-PR 42
solicitante em instaurar a Mediação, Reso l v ida a ques tão das
a secretaria da CMA CREA-PR, correções necessárias nos sistemas
encaminha carta por AR à outra parte hidráulico e elétrico, o mediador
(solicitada), convidando-a para se passou a trabalhar o conflito
reunir com o mesmo mediador, com o decorrente da divergência na
mesmo objetivo do encontro com o interpretação do contrato sobre as
solicitante. Obtida a concordância r e s p o n s a b i l i d a d e s p e l o s
de todas as partes envolvidas no recolhimentos dos encargos junto ao
conflito e escolhido o profissional que cooperação entre eles para que INSS, efetuando uma investigação
vai mediar o caso, a reunião entre deixassem de se enfrentar e juntos, para esclarecer bem quais os
este mediador e as partes será através do diálogo cooperativo, entendimentos de cada uma das par-
agendada imediatamente. Havendo buscarem as melhores soluções tes sobre a questão.
acordo entre as partes, o mediador o para todos os envolvidos, passou a Antes, buscou-se esclarecer
redige, as partes o assinam e estará escutar a ambos. Ficou esclarecido sobre o que representava,
concluída a Mediação. Estes acordos que ao longo do desenvolvimento percentualmente, a parte contratada,
têm validade jurídica e quando da ob ra , o r e l a c ionamen to “bruta”, sobre os custos totais da
envolvem questões sobre “direitos interpessoal entre as partes resultou obra. A partes concluíram que este
patrimoniais disponíveis”, ou seja, p re jud i cado po r vá r io s ma l percentual era de cerca de 60 %.
direitos e obrigações sobre valores e n t e n d i d o s o r i g i n a d o s e m Pedro estava de acordo em efetuar os
pecuniários, bens ou serviços, eles se problemas na comunicação entre recolhimentos complementares até
constituem em “títulos executivos elas. Izabel dizia que nunca at ingir o equivalente a este
extra-judiciais”, ou melhor, podem encontrava Pedro quando lhe percentual. Persistia a divergência na
ser executados na Justiça pelas partes telefonava e que o mesmo não interpretação da “letra” do contrato
c r e d o r a s , c a s o o s m e s m o s retornava as suas ligações. Por sua sobre a responsabilidade pelo
eventualmente não sejam cumpridos. vez, Pedro afirmava que não recolhimento dos 40 % restantes.
c o m p r e e n d i a o q u e e s t a v a Esc larec ido, também, que a
O caso - Izabel optou pela acontecendo e que se soubesse dos administração da execução desta
alternativa de ela mesma se problemas construtivos já teria parte da obra, com a compra do mate-
responsabilizar pela parte de efetuado as correções devidas na rial e inclusive contratação da mão
acabamento da obra. Ao final da obra, pois o mesmo entendia que de obra (lembrando que a parte
obra, não conseguindo resolver essa parte era de sua inteira cont ra tada da obra fo i por
diretamente os problemas, Izabel responsabilidade. empreitada global), foi efetuada por
formalizou a solicitação de Mediação Po r é m , e m r e l a ç ã o a o I z a b e l , e s t a , f i n a l m e n t e ,
junto à CMA CREA-PR, buscando recolhimento dos encargos sociais compreendeu que sendo os valores a
dois objetivos: que fossem efetuadas referidos, Pedro se posicionava no serem recolhidos junto ao INSS
correções visando sanar problemas sentido de que sua obrigação exatamente sobre a remuneração do
existentes nos sistemas hidráulico e contratual seria a de responsabilizar- pessoal, seria realmente de sua
elétrico da obra, bem como que o se somente pela parte da obra responsabilidade o recolhimento
contratado recolhesse os encargos contratada e não pela sua totalidade. desta parte dos encargos sociais.
sociais devidos ao INSS, relativos à Já Izabel, baseando-se no que Assim ficaram solucionados todos
totalidade da obra. dispunha a letra do contrato, “... problemas que a levaram a procurar
Durante a sessão (reunião) de todos os encargos sociais...”, os serviços de Mediação oferecidos
Mediação, entre Izabel e Pedro, o entendia que Pedro deveria recolher pela CMA CREA-PR.
m e d i a d o r, a p ó s o b t e r u m o encargo sobre a totalidade da O acordo foi redigido pelo
comprom i s so de r e spe i t o e obra. mediador e assinado pelas partes e
(Matéria baseada em caso real
mediado através da CMA/CREA-PR)
A mediação busca
o entendimento
entre as partes
através do
diálogo
CREA-PR 14 ABRIL / MAIO 2003Fone: 0800-6420003
Top Related