REVISTA BUSINESS PORTUGAL 5
ÍNDICE
TIMOR-LESTE
ANTÓNIO VILAR
Farmácia Chafariz
Município de Arganil
Certoma
Quinta da Fontoura
Misericórdia de Galizes72
66
48
30
14De bem com a sua saúde, na Madeira
É bom viver aqui
Um exemplo claro de uma empresa de sucesso
Para eventos inesquecíveis
Em prol do próximo
EDITORIAL
Nas últimas edições da Revis-
ta Business Portugal, temos
constatado a relação de Portugal
com Timor-Leste. Para lá da nossa
relação histórica que fará de nós,
para sempre, países irmãos, esta ligação tem sido
fortalecida através da cooperação de Portugal
com Timor-Leste no seu processo de desconcen-
tração e descentralização administrativo que o seu
Governo tem em curso. É aprazível perceber que
esta ligação continua a ser cimentada e a crescer
de dia para dia, onde a língua é uma mais-valia
fundamental e o elo fundamental para uma coop-
eração que continuará a dar frutos no futuro para
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A direção editorial da Revista Business Portugal
ambos os países.
A excelência empresarial completa esta nossa
edição de Maio. São exemplos de empresas
nacionais e internacionais que perduram no
tempo, que se têm renovado década após década,
contrariando a crise que muitos julgaram ser a
meta final de várias empresas e empreendedores.
Damos a conhecer ainda municípios portugueses
que encaram com muita vivacidade e espírito
de missão o seu papel de ‘protectores’ dos seus
munícipes, implementando várias medidas e
incentivos em prol do seu bem-estar e melhor
qualidade de vida.
Voltamos, uma vez mais, à Madeira. Apesar
da máxima de não devermos voltar aos locais
onde já fomos felizes, é impossível não voltar
ao melhor destino insular do mundo. Desta vez,
deliciamo-nos na gastronomia local e trazemos às
nossas páginas uma mostra de produtos típicos
que fazem já furor por todo o mundo. Já sabe que
na sua próxima viagem ao arquipélago da Madeira
tem que se fazer acompanhar da sua revista para
desfrutar de um verdadeiro guia gastronómico.
Também a organização de eventos toma
lugar nesta Revista Business Portugal.
Apresentamos-lhe várias soluções, de Norte a
Sul do país para que possa, finalmente, organizar
e celebrar aquele momento único, seja a nível
pessoal ou profissional.
Estas são apenas algumas das razões para folhear
e ler a nova edição da Revista Business Portugal.
Não perca!
6 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
entrevista | antónio vilar
É este o título da obra biográfica de António Vilar. Este advogado natural da cidade Invicta é o atual presidente da Associação de Auditores dos Cursos de Defesa Nacional (AACDN). O seu reconhecimento nacional e internacional advém do seu espírito dinamizador e pelas inúmeras iniciativas de caráter político, empresarial e social que tornou reais, nomeadamente o Fórum Portucalense, a Fundação Afro-Lusitana, o Instituto Euro-Atlântico e a cooperação entre a Galiza e o norte de Portugal.Conheça melhor este ‘homem sem dono’ e os desafios que se avizinham neste seu mais recente papel de presidente da AACDN.
“Um Homem sem dono”
Começo esta entrevista por lhe pedir que contextualizemos os nossos
leitores. Como nasce a Associação de Auditores de Cursos de Defesa
Nacional (AACDN), nomeadamente a sua criação, filosofia e objetivos e
principais atividades.
A AACDN (Associação dos Auditores dos Cursos de Defesa Nacional)
enquadra-se em princípios, valores e objetivos que decorrem do ‘Conceito
Estratégico de Defesa Nacional’ e de segurança que acompanham a
interpretação política dos interesses vitais do Estado e da Nação Portuguesa.
Ao contrário das ideias muito superficiais que ainda circulam no espaço
público sobre estes conceitos e o seu âmbito, importa referir que na
atualidade, e com crescente acutilância, neles se incluem múltiplas e
complexas questões da nossa vida, quer pessoal quer societal. A AACDN,
considerando que em Portugal há já mais de 1.700 auditores, tem a sua
razão de ser na necessidade de dar sentido e utilidade aos conhecimentos
privilegiados que o Estado concede anualmente a alguns cidadãos
através da frequência dos cursos de Auditores de Defesa Nacional.
Mediante a superação de sucessivas etapas, desde a escolha rigorosa
dos candidatos pelo IDN que frequentarão o Curso de Auditor de Defesa
Nacional até à apresentação final de uma tese, a intenção é a de lhes
transmitir conhecimentos para que possam tornar-se uma verdadeira
elite da sociedade. A AACDN constitui-se num espaço de continuidade
de investigação e debate das referidas questões de Segurança e Defesa
Nacional e tem como objetivos:
- Preservar e projetar os valores culturais que contribuam para o reforço da
identidade nacional;
- Participar ativamente na definição e difusão de conceitos doutrinários e
realizar estudos no âmbito da Segurança e da Defesa Nacional;
- Cooperar com o IDN e reforçar a sua projeção e prestígio nos diversos
António Vilar Advogado e Presidente da AACDN
António Vilar Advogado e Presidente da AACDN
setores da vida nacional;
- Fomentar entre os seus membros o debate e atualização
de conhecimentos sobre Segurança e Defesa Nacional e
estreitar os laços de solidariedade, entre eles.
Tomou posse recentemente, a 16 e março de 2016.
Como novo presidente da direção da AACDN, questiono
sobre o porquê da sua candidatura.
No mandato que há pouco iniciei como presidente da
direção e sem perder de vista a concretização da prática dos
demais objetivos, é-me particularmente querida a ambição
de aprofundar a solidariedade e a partilha entre todos os
Auditores de Defesa Nacional de modo a que todos sejamos
um património de valores, princípios e ideias ao serviço de
Portugal e dos seus interesses vitais.
Após mais de 30 anos de exercício ativo da profissão
de advogado em regime liberal e quase outros tantos
de professor universitário, germinou no meu espírito a
necessidade de retribuir ao meu país um pouco do tanto que
dele recebi, designadamente, no âmbito do Curso de Defesa
Nacional que frequentei. Além disso, tendo-me interessado
sempre pela vida política, em que exerci múltiplos e
diferentes cargos, afigurou-se-me que, como presidente da
direção da AACDN, poderia ainda contribuir de algum modo
para, com todos os meus colegas auditores e em absoluta
lealdade às autoridades do país com competência nessas
áreas, alcançar uma maior realização pessoal e deixar,
porventura, umas pedrinhas no caminho para dar mais futuro
às causas e valores da Segurança e Defesa Nacional.
São fundamentais os vossos parceiros nacionais e
internacionais. Quem são eles?
Em tempos de aparente declínio do projeto Europeu e
de crise económica, social e moral que marcam o nosso
quotidiano, desfeita que foi a ‘Ordem Mundial’ alcançada
após a última Guerra Mundial, parece que as relações
internacionais também terão de encontrar-se e encontrar
novas soluções para o mundo. Ora, este desafio não
dispensa a intervenção de pessoas e instituições que, tal
como a AACDN, se empenhem na construção de outros
possíveis. É neste contexto que pretendemos aprofundar e
alargar as nossas relações com instituições equivalentes de
outros países, designadamente do Brasil, de Espanha, de
França e de Marrocos. Temos muita expectativa também na
eventualidade de alargar a outros países, nomeadamente aos
Estados Unidos, a nossa rede de cooperação.
No seu discurso de tomada de posse há um profundo
sentido de missão e amor à pátria, ao mesmo tempo que
descreve uma sociedade e um mundo “conflituosos”
onde “a verdadeira vida está ausente”. Considera que
esses sentimentos pela pátria se foram perdendo, em
geral, ao longo dos anos? A que se deve essa perda?
Poucos serão os cidadãos que,no dealbar deste século, se
coloquem como missão outra coisa que não seja o bem estar
material, esquecendo-se que outras missões se impõem
cumprir nomeadamente o amor aos outros e o amor à pátria.
António Vilar na Tomada de Posse enquanto presidente da AACDN
General Garcia Leandro palestra sobre a Segurança e Defesa Nacional no Porto
Homenagem a Daniel Serrão no seio do Fórum Portucalense na presença do secretário de Estado da Saúde Manuel Teixeira
8 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
Haverá entre nós quem esteja disposto a dar a vida, hoje,
pelos superiores interesses da pátria? A conclusão a que
políticos, economistas e sobretudo sociólogos têm chegado
aponta para a caracterização do nosso tempo como o do
“fim da sociedade” (Alain Touraine), o desenlaçamento das
relações sociais e o triunfo do individualismo mais agressivo.
Diversas e múltiplas causas poderão ser apontadas para se
ter chegado a esta situação mas, sem as esquecer, o que me
parece decisivo é pensar em superar as patologias sociais,
económicas, financeiras e políticas atuais tornando-o de
um pesadelo dramático num tempo de esperança em novas
primaveras.
Quais os planos e estratégias que tem pensados para o
seu mandato? Quais os projetos que ambiciona levar a
cabo neste seu mandato?
É certo que na atualidade se me colocam maiores desafios
e mais responsabilidade, todavia o meu ritmo de trabalho
não se alterou substancialmente. Começa pelas 6 horas
da manhã com a leitura e audição da comunicação social
nacional e estrangeira e atravessa o dia cumprindo a
agenda que me cabe e onde tem lugar importante, para
além dos assuntos da AACDN, o apoio a várias instituições
e empresas no domínio dos negócios internacionais. Com
tal atividade procuro levar Portugal ao mundo e abrir o
mundo a Portugal, nomeadamente buscando investimento
estrangeiro para o nosso país e acompanhando empresários
à conquista de outros, novos mercados, alguns deles
nunca antes ‘navegados’. Neste aspeto dedico também
particular atenção às relações com os Países Africanos de
Língua Oficial Portuguesa, bem como a tudo o que respeita
a financiamentos da União Europeia e outras instituições
internacionais (sobretudo financeiras) que possam contribuir
para o desenvolvimento da lusofilia. Permita-me ainda referir
o meu envolvimento pessoal que vem já de 2012 na área
do Turismo de Saúde e Bem-Estar, através da Health and
Leisure Portugal, Associação para a Promoção do Turismo
de Saúde e Bem-Estar. Aqui, a ambição é, de um lado atrair
pacientes de outros países para se tratarem em Portugal e
entre nós recuperarem o bem-estar e por outro abrir a porta
às melhores condições para que cidadãos de outros países
escolham Portugal como destino para gozarem os seus dias
após a dia e por outro abrir a porta às melhores condições
para que cidadãos de outros países escolham Portugal como
destino para gozarem os seus dias após a reforma.
entrevista | antónio vilar
António Vilar com Artur Osório no contexto da promoção do turismo de saúde e bem-estar em Portugal
Almoço com o embaixador da Holanda por ocasião do início da atividade da Câmara do Comércio Portugal | Holanda no Porto
10 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
COOPERAÇÃO NA LÍNGUA PORTUGUESA
Timor-Leste tem em curso um processo de desconcentração e descentralização administrativa, com o propósito de instituir o Podel Local em todas as divisões municipais que compõem o país.O país tem contado com o apoio fundamental de várias Câmaras Municipais portuguesas que, paralelamente à introdução de língua nacional, se comprometeram a auxiliar o desenvolvimento do tecido económico do país que, 14 anos após a sua independência, se assume como um Estado genuinamente solidário para com os seus congéneres da CPLP em assuntos tão vitais como a democracia.Timor-Leste e Portugal celebraram, em 2015, 500 anos de união e esta cooperação dos municípios permite reforçar ainda mais os laços com um importante país da Europa. Hoje o mundo é global e há uma nova possibilidade de as indústrias e o comércio se articularem entre Ásia, Europa e Austrália. E Timor-Leste é um centro de distribuição para a Ásia.Não perca a entrevista a Tomás do Rosário Cabral, vice-ministro da Administração Estatal da República Democrática de Timor-Leste.
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 11
“Hoje o mundo é global, pequeno, e há uma nova possibilidade de as indústrias e o comércio se articularem entre Ásia, Europa e Austrália. Timor-Leste é um centro de distribuição para a Ásia.”
Uma descentralização administrativa de olHos postos na cooperação com portUgal e o mUndo
Tomás do Rosário Cabral vice-ministro da Administração Estatal da República Democrática de Timor-Leste
TIMOR-LESTE | COOPERAÇÃO NA LÍNGUA PORTUGUESA
12 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
COOPERAÇÃO NA LÍNGUA PORTUGUESA | TIMOR-LESTE
Na presença do Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário
da CPLP, Antonito de Araújo, a Revista Business Portugal
teve a honra de conversar com o Dr. Tomás do Rosário
Cabral, vice-ministro da Administração Estatal da República
Democrática de Timor-Leste. O tema forte do diálogo
foi o processo de desconcentração e descentralização
administrativa que o Governo tem atualmente em curso, com
o propósito de instituir o Poder Local em todas as divisões
municipais que compõem o país.
A acompanhar cada município timorense neste processo
estão uma série de Câmaras Municipais portuguesas
que, paralelamente à introdução da língua nacional, se
comprometem a auxiliar o desenvolvimento do tecido
económico e empresarial de um país irmão que, 14 anos
após a sua independência, se assume como um Estado
genuinamente solidário para com os seus congéneres da
CPLP, em assuntos tão vitais como a democracia.
Acima de tudo, no entanto, há um convite especial aos
empresários e municípios portugueses: situado no sudoeste
asiático, Timor-Leste pode estar longe, mas contarão com
ele. É o vice-ministro da Administração Estatal que assim o
garante.
Gostávamos de começar por pedir-lhe uma breve
apresentação de Timor-Leste.
Timor-Leste está dividido em 12 administrações municipais
e uma unidade regional especial do ponto de vista
económico, social e de mercado, que é Oecússi. Temos
67 postos administrativos e 498 sucos, que são unidades
administrativas locais tradicionais, que existem desde o
tempo em que éramos uma colónia. Sabemos que, a partir de
2002, Timor-Leste fez a introdução da língua portuguesa na
administração pública e essa tem sido uma das prioridades
do Governo, tal como a desconcentração administrativa.
Um dos papéis do nosso ministério é a cooperação com
Câmaras Municipais portuguesas para podermos começar
o processo de desconcentração e, posteriormente, de
descentralização. Durante 24 anos de ocupação indonésia,
a língua portuguesa foi proibida em Timor-Leste e, por isso,
em 2013 começámos uma cooperação com 38 Câmaras
Municipais portuguesas e com o Governo de Portugal.
Está otimista em relação a esta cooperação entre
Portugal e Timor-Leste?
Nós temos uma boa relação. Neste momento, há técnicos
da desconcentração do Ministério da Administração Estatal a
fazer trabalhos com as Câmaras Municipais de Torres Novas,
de Lisboa e com o secretário de Estado das Autarquias
Locais, por exemplo. E temos um apoio permanente através
do Governo de Portugal, que conta com uma representação
em Díli, que foi o ponto de contacto com as Câmaras
Municipais portuguesas. Significa isso que, desde 2002, os
laços entre Portugal e Timor-Leste estão a ser recomeçados
numa nova área, situada entre a Austrália e a Indonésia. A
Antonito de Araújo Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da CPLP
Tomás do Rosário Cabral Vice-m
inistro da Administração Estatal da República Dem
ocrática de Timor-Leste
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 13
língua portuguesa vai crescer neste país, e é nisso que tenho
orgulho. Mas os portugueses também têm que voltar, porque
os protocolos que assinámos com as Câmaras Municipais
não se referem só à introdução da língua portuguesa; as
câmaras também podem trazer as empresas para cá.
Por exemplo, as empresas que ganharam os projetos de
preparação dos futuros edifícios municipais são portuguesas
e estão a desenhar projetos com características típicas. Por
isso, a cooperação com as Câmaras Municipais também
vai noutros sentidos, como a criação de bibliotecas ou a
introdução de pequenas indústrias, para dar mais força
económica à população. Neste momento, temos protocolos
de cooperação com Portugal, Austrália e estamos a avançar
com a Indonésia e a China. No futuro, Timor-Leste será um
espaço entre Portugal e Austrália, porque a Câmara Municipal
de Lisboa e o governo local de Darwin estão a trabalhar com
Díli, podendo haver aqui uma articulação económica e da
indústria.
No fundo, é uma forma de manter os laços entre
Portugal e Timor-Leste, que duram há mais de 500
anos…
Comemorámos os 500 anos em 2015 e esta cooperação dos
municípios vai permitir-nos reforçar os laços com um país
importante da Europa. Hoje o mundo é global, pequeno, e
há uma nova possibilidade de as indústrias e o comércio se
articularem entre Ásia, Europa e Austrália. E Timor-Leste é
um centro de distribuição para a Ásia.
Sendo a descentralização administrativa uma das
grandes bandeiras deste executivo, gostávamos
que explicasse melhor como vai funcionar este
procedimento.
Em 2012, com a formação do V Governo Constitucional,
tornei-me secretário de Estado da Descentralização
Administrativa. Naquele tempo o primeiro-ministro era
Xanana Gusmão, que convidou especialmente António
Rodrigues – da Câmara Municipal de Torres Novas – para
ir a Timor-Leste fazer uma primeira pesquisa sobre o
modelo de Poder Local que poderíamos adotar. Depois
desse levantamento, o Governo fez uma consulta à
comunidade e uma visita ao território nacional. Tínhamos o
pensamento português, através de António Rodrigues, mas
acompanhámos também o sistema administrativo indonésio
para podermos decidir o modo a implementar em Timor-
Leste.
Decidimos que o mais vantajoso seria uma representação
executiva eleita por sufrágio universal – à qual chamamos
presidente do município – e assembleias municipais,
constituídas por deputados municipais. A diferença é que,
em Portugal, fala-se em câmara municipal e nós falamos
em presidente do município e em assembleia municipal. O
presidente do município é o executivo que terá de fazer o
plano político e que poderá ser um candidato independente
ou individual, podendo ter o apoio de um partido ou grupo. A
assembleia municipal serve para controlar o funcionamento
do Governo. Isso significa que mantemos 12 administrações
municipais e 67 postos administrativos, mais a região
especial de Oecússi. Poderemos criar mais municípios de
futuro mas, por agora, manteremos a composição que vem
do tempo dos portugueses e que a ocupação indonésia não
alterou. Mas ainda não vamos entrar com o Poder Local.
Neste ano de 2016 estamos a fazer a desconcentração
administrativa e, para já, o Governo central delega
competência administrativa e financeira em cada município.
Em cada um dos 12 municípios?
Sim. Oecússi é uma região autónoma, que já tem fundos
próprios e esses 12 também. Díli, Baucau, Ermera e
Bobonaro têm mais população e avançam para autoridade
municipal. Os restantes vão ficar com administradores
municipais. O Governo central investe para podermos levar
os quadros técnicos que estão em Díli com mérito para cada
um destes municípios. Depois vamos fazer uma avaliação
conjunta com as Câmaras Municipais com que assinámos
protocolos para podermos decidir. Um dos critérios é ter vida
económica suficiente, indústrias e aí já poderemos avançar
para as eleições.
Temos algumas dificuldades porque a governação ainda
está no Governo Central, mas com a desconcentração
administrativa, o apoio das Câmaras Municipais portuguesas
e as cidades amigas da Austrália, poderemos avançar. Em
Díli, há uma cooperação com quatro Câmaras Municipais
portuguesas. Na avaliação que faremos também poderemos
convidar os técnicos dessas câmaras e, se essa avaliação
não for favorável, eles também assumem responsabilidade.
Isto significa que estamos a avançar muito rápido. Tive um
encontro com o presidente da Câmara Municipal do Porto e
ele quer reforçar o apoio a Baucau, que é a segunda maior
cidade de Timor-Leste. Vai ajudar a criar uma biblioteca
municipal.
É interessante que as segundas maiores cidades de
Portugal e Timor-Leste tenham relações muito próximas
entre si…
No mínimo, temos três Câmaras Municipais portuguesas
em colaboração com cada município e, em alguns casos,
temos quatro ou cinco. O protocolo vai no sentido de reforçar
a economia básica e também significa que as empresas
inseridas nessas câmaras municipais podem fazer articulação
com os municípios.
Ou seja, a ideia é as Câmaras Municipais poderem levar
até Timor-Leste empresas portuguesas que queiram
internacionalizar-se?
Essa é a ideia principal. Por exemplo, a empresa Arlindo
Correia & Filhos, S.A. está em Timor-Leste, fruto do protocolo
de Manatuto com Braga. Todas podem fazer isso. Neste
momento, há técnicos que estão em Portugal para dialogar
com as Câmaras Municipais, de forma a podermos preparar
a última Conferência Internacional sobre o Poder Local
do VI Governo Constitucional, porque no ano seguinte já
haverá um novo Governo. Por isso, no mês de agosto vamos
fazer uma declaração de Díli, onde as Câmaras de Timor-
Leste, Portugal, Indonésia, Austrália e China vão decidir a
continuidade deste protocolo.
TIMOR-LESTE | COOPERAÇÃO NA LÍNGUA PORTUGUESA
14 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
Recentemente foram divulgados os vários Planos Estratégicos de
Desenvolvimento Municipal. Pode falar-nos um pouco sobre estes
documentos?
Para cada município temos um guia do funcionamento administrativo, com
duração até 2030, que é o Plano Estratégico Municipal, que tem relações
com o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Governo, de raiz nacional.
Por exemplo, Lospalos está em cooperação com Penafiel. Estando Lospalos
mais voltada para a área turística, o Plano Estratégico deste município
define esse como o ponto mais importante. As Câmaras Municipais que têm
protocolos com Timor-Leste podem escolher onde fazer investimento.
Também temos o Programa de Desenvolvimento Nacional dos Sucos, que são
uma unidade administrativa local, na qual o Governo investe até 10 milhões
de dólares anuais, sobretudo em infraestruturas. O sentido da implementação
do Programa de Desenvolvimento Nacional dos Sucos é reforçar o avanço do
Poder Local. Temos também um fundo especial dos municípios – o Programa
de Desenvolvimento Integrado Municipal – que tem quase 50 milhões de
dólares, divididos pelos 12 municípios. O Programa de Desenvolvimento
Integrado Municipal destina-se a projetos físicos, para podermos encorajar e
dar força às empresas locais, pois são elas o parceiro do Governo Municipal.
Estas empresas municipais podem ter ligações com os acordos que
assinámos com as Câmaras Municipais portuguesas, que ajudam a introduzir
a indústria mais básica nos municípios.
Voltando um pouco atrás, referiu há pouco que o desenvolvimento de
novos distritos ainda não vai ser desempenhado…
Da restauração da nossa independência até ao IV Governo Constitucional,
que foi de 2007 a 2012, houve uma secretaria do Estado da Reforma
Administrativa. Todo o funcionamento do Governo estava em Díli e os
administradores dos municípios eram representantes do Governo Central,
o que significa que ainda não havia desconcentração administrativa. Mas
desde 2012 que há uma secretaria do Estado na área da descentralização.
Depois daqueles dois estudos que fizemos, com António Rodrigues e com o
então primeiro-ministro Xanana Gusmão, decidimos não avançar diretamente
para o Poder Local, porque tem que haver uma fase de transição. Em
primeiro lugar, tivemos que preparar as legislações e regras técnicas para
podermos avançar. Depois de três anos com esta legislação, criámos não só a
desconcentração administrativa, mas também a autonomia financeira.
Relativamente à autonomia financeira, decidimos que Baucau, Díli, Ermera
e Bobonaro são autoridades municipais, e os outros são administradores
municipais. Até 30 de junho deste ano, a delegação de competências será
feita 100 por cento ao Governo Local e, no orçamento de 2017, o envelope
fiscal dos municípios irá separado. No passado dia 19 de abril, a direção
central da descentralização administrativa mandou para o primeiro-ministro,
o ministro do Planeamento e Investimento Estratégico, o ministro do Petróleo
e Recursos Minerais e à ministra das Finanças a proposta do orçamento
municipal. Significa que, a partir de 30 de junho, o pedido de pagamento
será diretamente ao Ministério das Finanças, já não passa pelo Ministério da
Administração Estatal. Nós, ministério central, estamos a preparar em 2016 o
Orçamento que será implementado em 2017. Mas, para 2018, os municípios
já poderão fazer sozinhos um envelope fiscal. E, no orçamento geral de 2017,
haverá uma verba de cooperação para as autoridades e administradores
municipais em Timor-Leste. Em agosto vamos ter um encontro para a
avaliação das condições do nosso acordo para podermos fazer uma
declaração de Díli entre a autoridade administradora dos municípios e
os parceiros que vão apoiar. Uma das maiores dificuldades em que os
portugueses terão que nos apoiar é na introdução da língua portuguesa.
COOPERAÇÃO NA LÍNGUA PORTUGUESA | TIMOR-LESTE
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 15
É essa a base do fortalecimento das
relações entre Timor-Leste e Portugal…
Timor-Leste é pequeno, mas está na Ásia,
o que significa que há uma luz verde para
a língua portuguesa, entre a Austrália e a
Indonésia. Agora esta luz verde precisa da
força que está nas Câmaras Municipais
que assinaram o protocolo. Vamos acabar
o nosso mandato em agosto de 2017,
mas deixamos esta abertura do Plano
Estratégico Municipal com a cooperação.
Várias vezes falei com os presidentes
de câmara portugueses para levarem as
empresas portuguesas a investir em Timor-
Leste. Precisamos de qualidade e da vossa
preferência.
Recentemente, o vice-ministro esteve
em São Tomé e Príncipe para apoiar
aquele país com infraestruturas para a
realização do recenseamento eleitoral.
Pode falar-nos dessa iniciativa?
Antes de ser secretário de Estado e vice-
ministro, trabalhei com as Nações Unidas
na área eleitoral e um dos patrimónios
transferidos para o Governo foi o organismo
eleitoral. Depois da transição, iniciámos
o recenseamento eleitoral em Timor-
Leste, mas naquela altura não tínhamos
capacidade administrativa nem financeira,
por isso o orçamento geral do Estado veio
de doadores. Portugal apoiou-nos com
700 mil euros para que pudéssemos iniciar
o nosso próprio recenseamento. Depois,
em 2007, fundámos em Portugal o Fórum
dos Órgãos de Administração Eleitoral,
através do qual fomos adquirindo mais
conhecimento. Até que, em 2013, houve
um pedido oficial de apoio da Guiné-Bissau
ao Governo de Timor-Leste porque não
conseguiam fazer o recenseamento de raiz
e não tinham uma base de dados eleitoral.
Conseguimos desenvolver a base do
recenseamento na Guiné-Bissau com 150
equipamentos biométricos e construímos
um edifício para manter essa base, através
da qual conseguimos organizar as eleições
presidenciais e legislativas. Ficámos oito
meses a prestar apoio a um país irmão.
Depois da Guiné-Bissau, recebemos
um pedido de São Tomé e Príncipe, que
apoiámos com 30 equipamentos biométricos.
O nosso apoio vem do nosso laço de
amizade: eles apoiaram a nossa resistência
contra a Indonésia durante 24 anos e nós
tínhamos o conhecimento e experiência na
área do sistema eleitoral e recenseamento,
por isso ajudámos os nossos irmãos da
CPLP. Hoje podemos iniciar, em conjunto,
um único pensamento para avançar mais na
área da democracia.
É nobre ver como Timor-Leste, apesar dos
condicionalismos da sua história, acabou
por servir como um exemplo inspirador
de democracia…
Durante os dois ou três anos do nosso
período de transição, acompanhámos o curso
básico desse processo, que foi desenhado
pelas Nações Unidas. Temos quatro técnicos
timorenses com acreditação internacional
e, com a nossa experiência, estamos a
introduzir esta formação na Universidade
Nacional de Timor Lorosae, onde há um
departamento só para o processo eleitoral.
Sabemos que o processo eleitoral é mais
democrático, precisa de mais custos e
pessoas com capacidade nesta área, mas
não é difícil fazer uma introdução política
administrativa na área das eleições.
Como gostaria que estivesse a ligação de
Timor-Leste com os restantes membros
da CPLP?
A minha visão é a de que Timor-Leste está
longe de todos os outros países de língua
portuguesa, mas poderão contar connosco
porque o valor dos nossos laços anteriores
é mais forte. Vamos preservar a presença
da língua portuguesa e, acima de tudo,
a cooperação. Espero ver também mais
pessoas de Timor-Leste a estudar em
Portugal.
Diretora Nacional da Modernização Administrativa, Maria Goretti Marques BeloDiretor do Secretariado Apoio a Instalação dos Municípios, Adérito M.A. GuterresVice-ministro da Administração Estatal da República Democrática de Timor-Leste, Tomás do Rosário CabralEmbaixador Extraordinário e Plenipotenciário da CPLP, Antonito de AraújoDiretor de Sucos, Amandio Paulino G.R. SousaFuncionária do Gabinete do Vice-Ministro da Administração Estatal, Leonor Faria Soares
TIMOR-LESTE | COOPERAÇÃO NA LÍNGUA PORTUGUESA
16 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
MELHOR DESTINO INSULAR DO MUNDO
Contando com uma área total de 741 km2, uma orografia montanhosa e um clima extremamente favorável e atrativo, há muito tempo que a Ilha da Madeira deixou de ser um segredo bem guardado dos portugueses, no que aos destinos turísticos diz respeito. Bem pelo contrário, são cada vez mais escusadas as apresentações ao arquipélago que reúne cerca de 267 mil habitantes (Censos 2011) e que tem vindo a fazer da atividade turística a sua principal fonte de rendimento. A atestar o prestígio, a qualidade e o consenso que a Ilha da Madeira tem vindo a reunir pela beleza natural da sua fauna e flora, pela maravilha do seu relevo montanhoso ou pelos encantos do seu clima está o título de Melhor Destino Insular do Mundo. A distinção foi atribuída pelos World Travel Awards, em finais de 2015, como reflexo de uma votação em que paraísos turísticos de todo o planeta viram o seu apelo e riqueza secundados pela essência madeirense, incontestada na arte de receber e encantar. Mas numa economia em que o turismo assume um relevo indisputado, importa salientar que a atividade empresarial da Madeira se tem vindo a afirmar de forma sólida e bem-sucedida em universos tão díspares como o setor agrícola (nomeadamente, através do cultivo da banana ou da produção do vinho da Madeira), representando o comércio outro dos pratos fortes de um tecido empresarial caracterizado pelo predomínio de entidades empresariais de pequena e média dimensão.É precisamente um retrato do tecido empresarial da Ilha da Madeira que nos propomos fazer no decurso das próximas páginas, procurando enfatizar o valor e a vertente empreendedora de uma região do nosso país que, mediante características muito próprias, serve de base a mais um conjunto de empresas vencedoras que produzem riqueza, garantem emprego e, em muitos casos, exportam. Caso para dizer que há muito mais do que o turismo para ficar a conhecer daquele que é o melhor destino insular do mundo.
18 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
melhor destino insular do mundo |farmácia chafariz
Criada há 80 anos, no Funchal, a farmácia foi adquirida na década de 90 e entregue a Paula Fernandes, directora técnica, e a Bruno Neves, gestor, em 2005. Hoje, o grupo é composto por quatro farmácias e uma parafarmácia.
serviço de qUalidade
Economista de profissão, Bruno Neves viu-se envolvido
no mundo das farmácias quando em 2005, para além da
farmácia Chafariz, a gerência ganhou em concurso uma outra
na Ponta Delgada. Natural de Coimbra, o economista e, hoje,
gestor da empresa abriu os braços a este novo projeto por
considerar ser “uma boa oportunidade” e desde então, a sua
vida tem-se pautado pela gestão das farmácias.
Embora a área de formação seja distinta, o economista
garante que tem “alguns conhecimentos na área
farmacêutica que permitem resolver as questões mais
simples”, fruto da curiosidade e da vontade de aprender.
As farmácias do grupo têm como objetivo melhorar cada vez
mais a qualidade de prestação dos seus serviços e cuidados
de saúde de forma a satisfazer as necessidades dos utentes/
clientes, ao mesmo tempo que pretende melhorar o seu
desempenho continuamente.
Este trabalho só é possível através de uma normalização
de procedimentos, do envolvimento e parceria de todos
os colaboradores, da boa gestão e formação dos recursos
humanos, do estabelecimento de protocolos nas diferentes
áreas de atuação do farmacêutico bem como da participação
em programas promocionais de saúde, melhorando a eficácia
e avaliando a satisfação dos clientes.
Do grupo fazem parte as Farmácias São Martinho, Confiança,
Ponta Delgada, São Vicente e a parafarmácia Chafariz Farma.
Com cinco pontos de venda “há sempre problemas”, mas o
importante é “filtrar todas as questões e conseguir gerir da
melhor maneira possível”.
O setor
“É de conhecimento geral que as farmácias não estão bem”,
explica Bruno Neves. “A farmácia que era um excelente
negócio, hoje não o é”. Para o economista e gestor, o
problema reside na falta de adaptação aos novos tempos por
parte das farmácias, uma vez que, antes da crise económica,
algumas farmácias estavam sobredimensionadas para as
necessidades que tinham.
“Há que esperar sempre o melhor mas preparar-se sempre
para o pior” e foi o que fez Bruno Neves, conseguindo
escapar à situação precária que muitas farmácias vêm
a atravessar. Com o centro do Funchal cada vez menos
movimentado pelo corte de alguns acessos, o grupo viu-se na
condição de retirar a farmácia Chafariz do centro da cidade e
instalar-se numa outra zona com outro tipo de clientes. Desta
forma, conseguiram adaptar novamente a sua estrutura
de rendimentos à estrutura de custos fazendo com que a
grande quebra do setor não fosse sentida da pior maneira.
“Conseguimos prever algumas situações e soubemos sempre
que caminho seguir”, admite.
No entanto, as grandes questões do setor não se ficam
por aqui. Outro dos problemas que as farmácias (e outras
empresas) atravessam é a motivação dos seus funcionários.
Hoje, “é difícil motivar alguém que, por ter começado a
trabalhar cedo (14-16 anos), tem já 40-50 anos de casa e
está, compreensivelmente, cansado. No entanto, por ainda
não ter chegado à idade legal não se pode reformar sem
grandes penalizações”. Da mesma forma a “contratação de
farmacêuticos a recibos verdes e sem perspetivas” também
não traz força ao setor.
Por não concordar com algumas das políticas praticadas,
Bruno Neves Gestor
Paula Fernandes Diretora Técnica
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 19
farmácia chafariz | melhor destino insular do mundo
o gestor garante que “sempre que abrimos uma vaga para
farmacêutico, oferecemos contrato, salário nunca inferior à
tabela, prémios por objetivos e perspetivas de futuro”, porque
a verdade é que “o nosso sucesso depende sempre da nossa
equipa”.
Mas gerir uma empresa é a parte mais difícil, há que tentar
descobrir o que faz com que cada um dos funcionários se
esforce para lá do habitual. “Com quem se identifica com a
minha forma de estar, o trabalho é mais fácil”, explica, “no
entanto, é preciso algum ‘jogo de cintura’ para conseguir
levar os outros ao objetivo final”. Com funcionários de várias
faixas etárias e mentalidades desiguais, Bruno Neves admite
que é um “equilíbrio difícil de alcançar”.
PME Excelência
PME Excelência em 2015, para o gestor, é apenas o
reconhecimento do que tem sido feito. Embora seja motivo de
orgulho e traga facilidades na concessão de financiamento,
a farmácia pretende continuar com o mesmo método sem
mudar a sua identidade. Para além deste estatuto, a farmácia
é certificada pelo Sistema de Gestão de Qualidade ISO
9001:2015.
Concorrência
“Como em qualquer negócio, há sempre quem faça uma
concorrência salutar e outros que fazem uma concorrência a
qualquer preço”, esclarece. Num período conturbado para as
farmácias, Bruno Neves afirma que “enquanto puder evitar
uma concorrência menos leal” é o que fará porque, de uma
forma ou de outra, todos perdem.
Por ser um negócio diretamente ligado à saúde, a
responsabilidade é maior e existirem “promoções em medicamentos é um
choque” uma vez que a toma de um medicamento, se não for correta, pode
traduzir-se num problema de saúde pública.
A farmácia tem tentado diferenciar-se pela qualidade de atendimento e
serviço, mas para o gestor este é um setor que necessita de uma forte
regulamentação e algum tipo de bom senso.
Futuro
Há 12 anos no ramo, o balanço é, essencialmente, positivo. O que começou
com uma das melhores farmácias do centro do Funchal, hoje, é um grupo
e detém cinco pontos de venda. A solução para continuar a vingar neste
negócio é a realização de economias de escala e a sinergia, caso contrário a
sobrevivência das farmácias torna-se cada vez mais difícil.
Neste momento, Bruno Neves espera que a realidade do setor tenha sido
percebida por parte de quem tem as rédeas do país e que as multinacionais
não tomem conta do negócio, uma vez que a possibilidade da extinção de
farmácias de proximidade pode tornar-se realidade.
Recentemente, abriram um novo ponto de venda no centro da cidade e a
crença no trabalho que vêm a realizar mantém-se, uma vez que os resultados
obtidos demonstram que a empresa está no bom caminho. Para o gestor, “de
agora em diante, as condições só podem melhorar”, termina.
20 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
melhor destino insular do mundo | J. Faria & Filhos
Com quase 70 anos de existência, a J. Faria & Filhos é uma empresa familiar madeirense que começou a sua atividade no fabrico de licores. Hoje, com o crescimento do mercado regional, conta com um vasto leque de produtos e é dinamizada por Luís Faria juntamente com os dois irmãos.
o melHor rUm da madeira
Fundada em 1949 pelo tio e adquirida pelo pai dos empresários dois anos depois, a empresa
dedicava-se, inicialmente, à produção de licores e sumos de fruta concentrados. Numa região
lotada por inúmeras empresas, nessa altura, a J. Faria sentiu muitas dificuldades na sua
implementação no mercado. “Foram anos difíceis”, explica Luís Faria, “de muita batalha mas,
felizmente, conseguimos crescer”.
Em meados da década de 80, os irmãos resolveram dar outro rumo e outra dinâmica à
empresa com a aquisição das primeiras máquinas de engarrafamento, máquinas semi-
automáticas. Pouco tempo depois, compraram a primeira linha de enchimento, sendo umas
das primeiras empresas em Portugal a ter uma linha de enchimento de licores totalmente
automática, o que permitiu um maior crescimento da J. Faria na região. Estas alterações
trouxeram a capacidade de dar resposta num curto espaço de tempo, relançando a empresa
que, hoje, é líder de mercado na produção de licores.
Com uma linha de produção completa no que diz respeito aos licores, a empresa enveredou,
mais tarde, pelo envelhecimento de aguardente de cana de açúcar da Madeira, o chamado
rum da Madeira. Dependentes de uma outra empresa, Companhia dos Engenhos do Norte,
que produzia essa aguardente, a J. Faria limitava-se a envelhecê-la e a comercializar. Com a
morte do proprietário, a Companhia dos Engenhos do Norte foi adquirida pela J. Faria e hoje
faz parte do grupo, agora com a denominação de Engenhos do Norte.
Em 1995, a comercialização do vinho Madeira começou a fazer parte da realidade da
empresa. Com uma forte aposta numa vertente moderna e inovadora, conseguiram aliar a
qualidade do vinho e a diversidade de embalagens.
Hoje, a empresa produz vinho, licor, aguardente de cana de açúcar/rum da Madeira, sumos,
poncha e brandy. Todas estas sinergias que foram acumulando ao longo dos anos permitiram
que a J.Faria & Filhos crescesse, conseguindo nos dias de hoje uma implementação e uma
notoriedade cada vez mais significativas na região. De todos os produtos, Luís Faria destaca o
rum que tem “uma excelente qualidade” e tem ganho medalhas internacionais.
No entanto, “sabemos que não podemos aumentar os preços e não há outra forma senão
poupar na produção”, esclarece, “e fazer com que o produto chegue ao consumidor final da
forma mais competitiva possível”.
A J. Faria & Filhos Lda é composta, hoje, por duas unidades: a unidade fabril onde se
encontram os escritórios e os armazéns com três linhas de enchimento no Funchal; e a
Engenhos do Norte onde se encontra a produção de aguardente e uma mercearia na vila do
Porto da Cruz.
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL 21
J. Faria & Filhos| melhor destino insular do mundoEngenhos do Norte
Construído em 1927 e equipado com maquinaria do século XIX, a Engenhos do Norte, no
Porto da Cruz, é um dos principais testemunhos vivos do passado na produção do açúcar na
ilha da Madeira que garante a sua importância patrimonial.
A J. Faria trabalhou quase 10 anos com o antigo proprietário do Engenho e adquiriu o espaço
que estava velho e com muitas dificuldades a nível de infraestruturas, daí o receio em aceitar
a proposta de compra. Mas o que outrora foi uma dúvida, hoje é a grande mais valia da
empresa. Há três anos a trabalhar na recuperação do espaço, o edifício já está praticamente
restaurado bem como os alambiques e os engenhos.
A Engenhos do Norte dedica-se, exclusivamente, à produção de aguardente de cana de
açúcar/rum de onde se destacam duas: a Aguardente Branca e a Aguardente Envelhecida
970 Reserva. Mas o que o torna especial é o facto de ser o único na Europa que trabalha a
vapor, dando uma qualidade superior à aguardente e “os resultados estão à vista”.
A produção é feita, normalmente, entre março e maio onde se podem sentir os odores da
fermentação e os movimentos da maquinaria, e está fechado o resto do ano percebendo-se
melhor o funcionamento das máquinas.
Papel dos turistas
Desta forma, a J. Faria entendeu que devia tornar os Engenhos do Norte num ponto turístico
obrigatório para quem lá passa. Contactadas as agências de viagens, o espaço foi totalmente
dinamizado e hoje conta com a presença diária de turistas. Para o empresário, “foi uma
aposta ganha”.
Esta proximidade com os turistas traz um maior conhecimento à empresa. “Apercebemo-
nos de muitas situações que nos passariam completamente ao lado se não tivessemos este
tipo de contacto directo com eles”, esclarece Luís Faria. “A verdade é que há produtos que
iremos lançar devido a esse mesmo contacto”. Há uma valorização da opinião de quem
visita o Engenho e as sugestões são sempre levadas em conta, principalmente por parte dos
franceses devido ao seu hábito no consumo de runs agrícolas. Para o empresário, o rum da
Madeira pode implementar-se a nível internacional e tem o seu espaço no mercado.
Para além do Engenho, o espaço conta com uma mercearia antiga típica madeirense e uma
Casa do Rum onde podem ser feitas degustações.
Mercado
A grande percentagem de produção da J. Faria & Filhos é para consumo interno da ilha,
passando muito pelos turistas que visitam a Madeira. No que diz respeito à exportação, a
empresa exporta para a Europa para países como França, Inglaterra, Bélgica e Holanda; fora
da Europa exporta para Austrália, África do Sul, Estados Unidos da América e Jersey.
Futuro
De momento, a empresa tem dois projetos em mãos: a construção de uma adega nas
instalações do Funchal, um projeto antigo que não foi concluído devido à compra da Engenhos
do Norte; e outro para a Engenhos do Norte com a construção de um edifício novo no mesmo
espaço para colocar caldeiras em biomassa, não querendo mexer na raíz do antigo.
Luís Faria termina com um conselho: “Digo a todas as pessoas que passem pela ilha
da Madeira e venham visitar a Engenhos do Norte que é um museu vivo e vale a pena
conhecer”.
22 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
melhor destino insular do mundo | henriques & henriques
Fundada em 1850, a Henriques&Henriques dedica-se à produção de vinho Madeira desde o seu início. Hoje, é gerida por Humberto Jardim que tem sido o responsável pelo destino da empresa nos últimos 22 anos.
200 anos de tradição familiar
“Era uma empresa familiar que produzia uvas nas propriedades dos
Henriques”, começa por explicar Humberto Jardim, “vendidas depois às
famílias inglesas que estavam na Madeira dando origem à internacionalização
do vinho Madeira”. A Henriques&Henriques (H&H) teve, desta forma, um papel
crucial na colocação do vinho da região no mapa o que tornou a Madeira na
zona de turismo profissional mais antiga do país.
Estabelecida em Câmara de Lobos, a família Henriques era considerada
latifundiária e ocupou, desde sempre, um lugar de destaque na vinicultura
e na arte de fazer vinho. Nos finais de 1800, com a praga da filoxera, a
empresa foi obrigada a estabelecer-se diretamente no mercado uma vez
que os vinhedos desapareceram e a família tinha vinho e disponibilidade
económica.
Formado em Gestão, Humberto Jardim foi chamado em 1994 para fazer a
recuperação económica da empresa devido à construção da unidade central
em Câmara de Lobos e uma unidade de vinificação na propriedade de Quinta
Grande, investimento superior a 5 milhões de euros. Hoje, a empresa está
inserida no grupo La Martiniquaise do qual faz parte também a Justino’s Wine
Madeira, representando ambas mais de metade do negócio do vinho Madeira.
Vinho Madeira
O vinho da H&H resulta de uma dose significativa de paciência, uma vez que
os vinhos Madeira evoluem por oxidação e precisam de tempo. O processo
de vinificação começa por ser simples e torna-se complicado à medida que é
necessário tomar decisões no destino de cada vinho: a utilização de madeira
velha ou nova, de mais calor ou menos ou de mais perda de água ou de
volatéis. Da sua oferta fazem parte as categorias 3, 5, 10, 15 e 20 anos;
vinho Harvest, Solera, vinhos datados e reservas velhíssimas.
O vinho Madeira sendo um vinho que não fala de estilos, fala de castas:
Sercial, Boal, Malvasia, Terrantez e Tinta Negra, que se foram adaptando às
condições orográficas da ilha.
Mais de 80 por cento da produção da empresa é exportada para países
como França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Bélgica e todo o norte da Europa
bem como os Estados Unidos da América e o Canadá que têm mercados de
grande importância.
“O segredo para a sobrevivência desta e de qualquer empresa é a
persistência”, esclarece Humberto Jardim, “não basta ter o produto certo”. O
Humberto Jardim
Administrador
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 23
henriques & henriques| melhor destino insular do mundogestor considera que é importante saber aquilo que o mercado quer, cirando
um produto com uma excelente imagem e qualidade que sejam percebidas
por aqueles que consomem. “Há que conseguir ultrapassar a vontade que as
pessoas têm de manter o seu dinheiro no bolso e que o queiram trocar pela
satisfação que venham a ter na expectativa da imagem que foi criada acerca
de determinado produto”.
No entanto, é um processo difícil de obter uma vez que uma empresa é um
conceito complexo devido à conjugação de recursos humanos, físicos e de
capital. Para o gestor é preciso ter uma liderança com firmeza mas sem
agressividade e a confiança dos funcionários no trabalho de quem tem o
destino da empresa na mão. O segredo, no fundo, é estar atento, atualizado e
procurar o caminho certo.
Prémios
Com um funcionamento pautado desde sempre por viticultura, a empresa
segue ainda esse caminho na sua produção. A acumulação de vinhos de
extrema qualidade ao longo dos anos permite que a Henriques&Henriques
faça lotes diferenciados levando a que o seu reconhecimento internacional
seja cada vez maior.
Em 2015 no International Wine Challenge, em Londres, a empresa viu três
dos seus vinhos receberem medalhas de ouro: o Verdelho 20 Anos, o Single
Harvest Boal 2000 e o Medium Rich Single Harvest 1998. Durante cinco anos
a H&H foi a empresa com maior consistência no que diz respeito aos prémios
que recebeu.
Futuro
Com uma atitude otimista, o futuro da empresa passa por alargar as margens
de comercialização de forma a que o mercado perceba que o vinho Madeira
não é apenas e só um vinho de culinária. Existem mercados com maior ou
menor margem que precisam de um ajustamento na comercialização através
de recolocação e preenchimento de alguns espaços.
No final do ano passado foi lançado o Tinta Negra 50 anos que deu o primeiro
lugar à H&H no Top10 na cidade do Porto. Em jeito de conclusão, Humberto
Jardim deixa uma mensagem: “O meu conselho é que as pessoas procurem
este vinho para terem uma percepção da 5ª essência do vinho Madeira. O
Tinta Negra tem um potencial tremendo e uma excelente frutose, e este que
lançamos é um vinho fora de série”.
24 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
melhor destino insular do mundo | fábrica santo antónio
Há 123 anos em funcionamento, a Fábrica Santo António mantém o seu estatuto enquanto empresa ímpar na produção de doces únicos, assentes em dois grandes fatores: a qualidade e a tradição.
o ancestral sabor da tradição
Fundada em 1893 por Francisco Roque Gomes da Silva, a Fábrica Santo
António nunca deixou de ser um projeto familiar, encontrando-se atualmente
na quinta geração. Falar desta casa é, por isso, fazer alusão à longa história
de um percurso de 123 anos que começou com a produção e venda de
bolachas e biscoitos artesanais, mas que foi evoluindo e adaptando-se aos
novos tempos, ao mesmo ritmo com que se foi firmando enquanto ex-líbris
da ilha da Madeira.
Bruno Vieira, atual gerente da Fábrica Santo António, assumiu o comando há
dez anos com um projeto de visão. “Numa fase inicial, a fábrica precisava
de modernizar-se sem estragar o seu lado artesanal e antigo”, recorda,
antes de acrescentar que recentemente “foram feitas algumas obras”, como
a mecanização dos processos de embalamento. A esses, acrescentam-se
também melhoramentos no edifício que mantém, todavia, a sua traça original.
Os anos mais recentes da Fábrica Santo António têm-se traduzido, por isso,
num “balanço muito positivo, porque temos vindo a crescer e começámos a
exportar”, explica o porta-voz.
Uma gama de produtos cada vez mais doce
Em crescimento nos últimos anos tem estado o leque de produtos feitos
diariamente na Fábrica Santo António, à medida que o estatuto da loja se tem
vindo a cimentar ainda mais, entre madeirenses e não só. “Começou a criar-
se um bom hábito entre as pessoas que visitam a Madeira: elas passam por
aqui e levam sempre um produto nosso, para a família ou para os amigos”,
salienta Bruno Vieira. “Ao fim e ao cabo, o nosso produto começa a ser muito
conhecido”, esclarece.
Entre as grandes iguarias que a Fábrica Santo António tem para oferecer,
destacam-se, por exemplo, os famosos rebuçados de funcho e eucalipto
que, em anos recentes, receberam a companhia “de uma gama mais vasta
de sabores”. Outras das hipóteses irrecusáveis é o bolo de mel, produzido
através das canas de açúcar produzidas na ilha, ou as bolachas artesanais,
que são “o produto mais antigo”. Outro dos produtos típicos desta casa
centenária são as broas tradicionais que, recentemente, se têm vindo a
preparar em novos sabores, como o chocolate, que faz sucesso “com as
novas gerações”.
Tal como explica Bruno Vieira, “ao longo do tempo temos vindo a lançar
novos produtos porque temos a noção de que é preciso adaptarmo-nos à
realidade e ir de encontro às gerações mais jovens, sem nunca perdermos
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 25
fábrica santo antónio | melhor destino insular do mundoa nossa tradição”. É precisamente atendendo a esse fator
que, às montras da loja, se têm vindo a acrescentar bolachas
dietéticas de amêndoa ou avelã e uma série de produtos
destinados às pessoas com doença celíaca, como é o caso
das bolachas de gengibre sem glúten. Estas, em particular,
têm vindo a reunir um extraordinário sucesso, já que “não há
nada semelhante no mercado”.
O fator qualidade
Composta atualmente por 15 colaboradores, desde a sua
génese que a Fábrica Santo António se manteve fiel a uma
filosofia assente no ancestral sabor da tradição. “Sempre
fomos uma fábrica pequena e artesanal que apostou na
qualidade, nunca na quantidade”, refere o nosso interlocutor.
Até porque a acumulação de um grande stock não coincide
com a necessidade de “ter um produto sempre fresco”.
De facto, “a nossa preocupação é satisfazermos todos os
clientes e conseguir fornecer as encomendas que nos vão
chegando, tentando introduzir novos produtos”.
Do continente ao mercado da saudade
Os produtos da Fábrica Santo António podem ser encontrados
em diversas lojas gourmet de Portugal continental “onde
também temos vindo a crescer”, especialmente na região
sul do país, através de uma parceria com a empresa de
distribuição Albano Almeida, Lda. Já com necessidade de
uma consolidação maior está a zona norte. “O nosso próximo
objetivo passa por tentar manter o ritmo, a qualidade e o
crescimento de uma forma sustentada”, nomeadamente num
mercado que ainda falta conquistar.
Mas o encanto dos doces aqui criados faz-se sentir já noutras paragens
além-fronteiras. “Neste momento estamos a exportar para os Estados Unidos
e para o Reino Unido”, refere o gestor, frisando que a grande fatia do seu
público é o mercado da saudade. Mas a vontade de crescer permanece.
“Queremos chegar a outros pontos, mas teremos que dar um passo de
cada vez”, esclarece Bruno Vieira. A entrada no mercado francês é uma das
próximas etapas. Outra passa, entretanto, por continuar o “melhoramento das
infraestruturas” da centenária fábrica.
Com 123 anos de existência, mas preservando um espírito jovem, ousado e
visionário, a Fábrica Santo António tem visto o seu crescimento consolidar-se
em concomitância com a presença nas redes sociais, através das quais tem
vindo a reforçar, ainda mais, os estreitos laços com o cliente. Em jeito de
mensagem final, Bruno Vieira deixa um repto aos portugueses: “acreditem no
que se faz de bom em Portugal, porque o nosso país tem muita qualidade”,
remata.
Bruno Vieira Gerente
26 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
melhor destino insular do mundo | justino’s madeira wines
De portas abertas há 146 anos, a Justino’s é atualmente o líder na exportação de vinho da Madeira. Aliando a qualidade do seu produto ao peso da tradição, a empresa assume a ambição de consolidar o estatuto do vinho da Madeira além-fronteiras.
afirmar o vinHo da madeira no mUndo
Sediada no Caniço, Santa Cruz, a Justino’s Madeira Wines, S.A. é “uma
das mais antigas empresas” dedicadas à produção e exportação de vinho
da Madeira. A data de constituição remete-nos ao longínquo ano de 1870,
sendo resultado da “união de algumas empresas”, entre as quais se incluiu
a Companhia Vinícola da Madeira, fundada nos inícios do século XVIII. Um
dos ícones da Companhia Vinícola é o Terrantez 1795 do qual ainda hoje se
podem encontrar algumas garrafas, contextualiza um dos administradores,
Juan Teixeira.
Claro está que, ao longo deste percurso, a Justino’s enfrentou vários
desafios, ânimos, sucessos e condicionalismos. “Nos anos 80, nossa situação
económica não era a melhor”, prossegue o nosso interlocutor. Foi nesta etapa
em particular que o papel do Coronel Costa Campos se revelou essencial
para a continuidade de uma empresa cujo futuro se encontrava em risco.
“O Coronel visitou a Ilha com intenção de avaliar a situação da empresa e
provavelmente terminar sua atividade, mas apaixonou-se rapidamente pela
Ilha Madeira e pelo seu vinho”, continua Juan Teixeira, antes de acrescentar
que se tratava de “um homem com bastante garra e visão que decidiu pegar
nas rédeas” da Justino’s, conseguindo em 1993 uma parceria com um grupo
francês - La Martiniquaise.
Um nome que se consolidou no mercado
A partir desta parceria, o crescimento foi rápido e sólido. “Em 1994 fizemos
o primeiro projeto de investimento e mudámo-nos para a zona industrial da
Cancela”, explica Juan Teixeira, que chegou à Justino’s em 2000. “Éramos
uma empresa vocacionada sobretudo para a venda a granel e nosso produto
engarrafado representava cerca de 20 por cento”, recorda. Com criação da
nova legislação, que impedia a exportação dos vinhos a granel nos moldes
realizados até essa altura, a diminuição da importância do granel passou a
ser uma realidade.
Para além desta mudança acrescentaram-se outras evoluções, como o
“crescimento de uma unidade industrial para cinco edifícios associados a
atividade de produção, envelhecimento, engarrafamento e exportação de
vinhos”.
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL 27
empresa | tema
Mas a ritmo semelhante consolidou-se também a vocação exportadora da Justino’s.
“Hoje somos os maiores exportadores de vinho da Madeira, com um share entre 40 e
45 por cento”, garante o administrador. Os mercados oscilam, por seu turno, entre a
Europa e países como Estados Unidos, Japão e Brasil.
A ambição de chegar mais longe
Contando atualmente com uma equipa de 21 colaboradores, a Justino’s é uma
empresa que alia o mérito da obra já feita com a vontade de alcançar novos objetivos,
focando-se nos patamares ainda não alcançados. “Não lideramos o segmento
premium, mas esse é o grande objetivo da nossa empresa, dentro de 15 a 20 anos”,
assegura o porta-voz.
Existem, no entanto, outras metas: “o mercado nacional apenas representa apenas
5 por cento do nosso volume de negócio. Durante alguns anos não demos especial
destaque a este mercado”, considera o responsável. Sendo a Ilha da Madeira um
dos principais mercados e constituindo uma montra de excelência vamos, devido ao
cariz turístico que nossa ilha tem, dar especial destaque a este mercado nos próximos
tempos. É atendendo a aspetos como este que, entre os projetos futuros da Justino’s
Madeira, encontra-se a “construção de um centro de visitas, que poderá incluir um
museu e restauração”.
Afirmar o vinho da Madeira
De acordo com Juan Teixeira, existe uma frase que caracteriza o vinho da Madeira: “é
um vinho muito famoso, mas pouco conhecido”. Até porque, apesar de tudo, este é
um produto que “continua a ser difícil de comercializar”. Existem “ainda mercados que
infelizmente olham para o Madeira como sendo um vinho de culinária”, considera o
nosso entrevistado, em alusão a uma mentalidade que é necessário diluir.
“Para além de estar presente em eventos promocionais no exterior temos que continuar
a trazer à Madeira especialistas da área como críticos, jornalistas e sommeliers para
que venham conhecer/entender o nosso produto”. Porque, afinal de contas, este é
um vinho bem mais versátil do que aquilo que muitos julgam: “Pode ser tomado como
aperitivo, a acompanhar entradas, pratos de peixe, carne e sobremesas”, garante. Mas,
na lista de afazeres de preocupações da Justino’s Madeira está também a necessidade
de trazer uma faceta “mais jovem e apetecível” a este produto, nomeadamente através
de campanhas como o lançamento de vinho da Madeira tónico ou com gelo.
Já em registo de conclusão, Juan Teixeira deixa um repto: “o consumidor tem que que
provar o vinho da Madeira. É um produto único no mundo, com grande versatilidade
no consumo e com um poder de perdurar no tempo que outro vinho não tem. Se não
o incluirmos na nossa lista de vinhos, estamos a excluir um vinho com 500 anos de
História”.
28 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
melhor destino insular do mundo | santa casa da misericórdia do funchal
Instituída pelo rei D. Manuel, por Carta de Lei de 27 de julho do ano de 1508, a Santa Casa da Misericórdia do Funchal tem como principal missão a prática da solidariedade e das obras de misericórdia, corporais e espirituais. Passados mais de cinco séculos, a Santa Casa conta com uma Mesa Administrativa e o provedor Jorge Spínola na aplicação dos seus ideais.
507 anos a servir
Inicialmente, a instituição teve como principal objetivo a fundação do primeiro
hospital na ilha da Madeira. Porém, ao longo dos séculos, foi ganhando cada
vez mais importância e conseguiu abranger um vasto número de serviços de
carácter social.
Com um papel fulcral na sociedade funchalense, a instituição que criou o
Recolhimento das Orfãs, prestou assistência aos presos e garantiu o sustento
dos pobres foi perdendo valências e privilégios com o período liberal. No ano
de 1975, o hospital que detinha foi nacionalizado e a partir dessa data até
cerca de 1984, a Santa Casa da Misericórdia não teve praticamente qualquer
atividade, recomeçando depois a sua atuação na área social. Foram várias
as pessoas que pertenceram à instituição ao longo dos mais de 500 anos da
sua existência, entre elas, nobres, oficiais generais, clero e pessoas de todas
as classes e condições sociais.
Atualmente, a Santa Casa da Misericórdia centra a sua ação no apoio à
terceira idade e conta com dois lares: o “reconvertido” Lar e Centro de Dia
Santa Isabel onde outrora funcionava o Recolhimento das Orfãs do Funchal,
é propriedade da instituição e tem, neste momento, 31 utentes; e o Lar,
Centro de Dia e Centro de Convívio Jardim do Sol, no Caniço, propriedade
da segurança Social e gerido pela Santa Casa, mais novo e moderno, com
24 utentes no lar, 25 utentes no centro de dia e 67 utentes no centro de
convívio.
Para além desta mais-valia, a instituição tem, ainda, um protocolo com
o Instituto de Segurança Social no âmbito do Programa de Emergência
Alimentar (PEA), onde apoia, de momento, cerca de 217 famílias no concelho
do Funchal, número que se traduz num público alvo de 700 pessoas.
O programa consiste na entrega de cartões recarregáveis de grandes
superfícies às famílias, com um determinado montante, que fazem as suas
compras de acordo com os produtos que estão previamente estipulados no
regulamento. Uma vez respeitadas as normas, o cartão é recarregado no mês
seguinte. No que diz respeito aos critérios de selecção das famílias, a Santa
Casa da Misericórdia está articulada com a Segurança Social que detém a
base de dados completa e indica as famílias que serão apoiadas. Porém, se
a instituição tomar conhecimento de um caso ainda não referenciado pela
Segurança Social, tem capacidade para o analisar, encaminhar e resolver.
Com uma forte componente na área alimentar, a Santa Casa tem, também,
na freguesia do Caniço, concelho de Santa Cruz, uma cantina social que
apoia duas famílias através da entrega de refeições confecionadas.
Jorge Spínola Provedor
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 29
santa casa da misericórdia do funchal | melhor destino insular do mundoNo entanto, “as dificuldades são as dificuldades próprias
do tempo que se vive, da crise económica”, explica Jorge
Spínola, “e manifesta-se a todos os níveis”. Embora existam
algumas isenções de impostos, para o provedor a carga
fiscal é um entrave na ação de qualquer instituição e que se
agrava cada vez mais com as “elevadas contribuições” para
a Segurança Social. O aumento do salário mínimo regional
também contribui para o crescente desafio das instituições,
uma vez que “o pessoal auxiliar tem uma remuneração perto
do salário mínimo e qualquer alteração tem sempre efeitos
negativos na tesouraria de qualquer instituição”, esclarece.
Provedor há apenas 5 anos, Jorge Spínola admite que é
preciso ter disponibilidade de tempo para conseguir fazer
um bom trabalho ao mesmo tempo que são compensadores
os “benefícios da prática do bem, dando uma satisfação
espiritual e pessoal tremendas”.
De momento, o futuro da Santa Casa da Misericórdia do
Funchal passa pela construção de um novo lar no centro da
cidade, uma vez que a instituição entende ser uma lacuna
nessa área urbana. Parte do investimento está feito e o
terreno já foi adquirido.
“É no período de crise que as instituições da economia social
se destacam”, afirma o provedor, “e por isso é sempre uma
oportunidade para a Santa Casa mostrar a sua dinâmica”.
Desta forma, Jorge Spínola espera que, no futuro, haja
uma maior articulação entre as Santas Casas na região da
Madeira no sentido de se tornarem mais unidas, em conjunto
com a tutela, o Governo Regional.
30 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
MUNICÍPIOS EM DESTAQUE
Fazendo jus ao seu nome e estatuto, é missão da Revista Business Portugal estabelecer um retrato fiel, compreensivo e abrangente daquilo que constitui o tecido empresarial do nosso país. Significa isto que, no desempenhar da nossa missão, interagimos com empresários, instituições ou agentes económicos que, de uma forma positiva, têm vindo a contribuir para o cimentar de Portugal no mapa do empreendedorismo, da inovação, da boa gestão ou do sucesso empresarial.Estabelecer um retrato económico desta natureza sem recorrermos, todavia, a algumas das vozes mais decisivas para o aparecimento, o sucesso ou a consolidação de muitas iniciativas empresariais seria um ato de pura negligência. É, pelo contrário, atendendo à inegável importância do papel que os agentes do poder local ocupam no desenvolvimento do sucesso económico e empresarial português que lhes damos voz, procurando compreender que posicionamentos, perspetivas e ambições reservam, quer para os seus territórios, quer para quem ousa investir neles.Afinal – e pesem embora os condicionalismos impostos pela sua natureza enquanto agentes do poder local – é graças à singular visão dos presidentes das câmaras municipais ou das juntas de freguesia propagadas pelo país que se adotaram algumas das medidas mais marcantes e diferenciadoras, quer para a fixação das respetivas populações nestes territórios, quer para a sustentada atração de novo investimento. Caso para dizer, por isso mesmo, que a inovação e o empreendedorismo são atributos que não se cingem à classe empresarial, afirmando-se também elas enquanto fatores-chave para a dinamização e o crescimento de qualquer município ou freguesia. Nesta edição, damos especial enfoque ao município de Arganil e às suas freguesias.
32 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
municípios em destaque| município de arganil
Arganil reúne condições que tornam este território um dos concelhos com mais potencial para se viver, visitar e investir. As belas paisagens da Serra do Açor, as medidas de incentivo que visam melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e os estímulos concedidos às empresas são fatores preponderantes para a dinamização e desenvolvimento do concelho. Em entrevista ao presidente do Município de Arganil, Ricardo Pereira Alves descobrimos as mais-valias deste concelho.
ideal para viver, visitar e investir
Arganil representa o destino ideal para os amantes do
turismo de natureza, as deslumbrantes paisagens e trilhos
proporcionados pela Serra do Açor, conjugados com as
margens do rio Alva e Ceira são um dos pontos mais fortes
do concelho. A somar a isto existe todo um património
arquitetónico e histórico, já que a região tem várias aldeias
de xisto, tendo como ex-líbris o Piódão. O edil revela que
“Arganil tem nas pessoas a sua maior riqueza, gente muito
hospitaleira e acolhedora. Aquilo que temos para oferecer é
sobretudo uma experiência inesquecível. Somos um território
único, diferenciador e que, para além da envolvente e do
acolhimento das pessoas, temos de facto um conjunto de
recursos naturais e paisagísticos que são verdadeiramente
notáveis, como a Fraga da Pena, área de paisagem protegida
da Serra do Açor, é reserva biogenética do Conselho da
Europa. Depois temos a aldeia histórica do Piódão e as
aldeias de xisto, as praias fluviais no rio Alva e o rio Ceira
e ainda os parques verdes urbanos do Prado em Côja e
Parque Verde Urbano do Sub-Paço. Numa outra vertente,
existe a antiga Cerâmica Arganilense, um imóvel à beira do
colapso, que foi reconvertido nos últimos anos num moderno
centro de excelência, cultura, desporto e lazer, onde estão as
piscinas municipais, um auditório de média dimensão e onde,
em breve, queremos instalar o Museu do Rally”, destaca o
entrevistado. Uma das apostas do município, na vertente
do turismo, para os próximos anos, passa pela dinamização
do legado deixado pela passagem do rally de Portugal.
“Organizámos há pouco tempo a exposição Arganil - Capital
do Rally, que contou com os carros que fizeram um pouco a
história do rally de Portugal desde 1967. Tivémos também
uma tertúlia com os principais pilotos portugueses, onde
esteve presente o piloto finlandês Markku Alen, que ganhou o
Rally de Portugal cinco vezes”, explica o autarca. Questionado
sobre a oferta de alojamento na região, o interlocutor afirma
que “duplicámos o número de camas no concelho o que é
verdadeiramente significativo, a taxa de ocupação também é
elevada. Temos todas as tipologias de alojamento desde um
hotel de quatro estrelas, que está a ser gerido pela Fundação
Inatel, temos um hotel de três estrelas e temos unidades de
turismo em espaço rural de grande qualidade. Motivos não
faltam para visitar Arganil”, remata.
Viver em Arganil
O município tem procurado melhorar a qualidade de vida
dos arganilenses através de vários incentivos que passam
pela educação, emprego e cultura. Na educação, Ricardo
Pereira Alves revela que foi efetuada “uma grande revolução,
no setor da educação, com a construção de três novos
centros escolares, processo que vai ficar concluído com a
remodelação da escola primária e do jardim de infância de
Sarzedo. Estes centros escolares têm todas as condições
ao nível daquilo que de melhor existe nas cidades. A
reorganização da rede escolar foi feita em diálogo com as
freguesias e a população. Desde 2005, já fechámos mais de
uma dezena de escolas, sem problemas, porque as pessoas
perceberam que os filhos iam ter melhores condições”. Ainda
neste setor, há a destacar a remodelação que foi feita ao Ricardo Pereira Alves Presidente
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 33
município de arganil |municípios em destaque
nível dos transportes, através de uma nova política feita em
parceria com a Direção Geral dos Transportes Terrestres,
possibilitando, “que as crianças que saíam de casa, antes
das 6 horas da manhã, passassem a sair no limite às 7:30.
Isto comportou reflexos naquilo que é o rendimento escolar
dos alunos, nomeadamente, na redução da taxa de insucesso
e abandono escolar. Hoje os resultados na educação são
bem melhores, inclusivé, a Escola Secundária de Arganil foi
considerada ,há dois anos, a sexta melhor escola pública do
país, representando também o bom trabalho do agrupamento
e de toda a comunidade”, exalta Ricardo Pereira Alves.
No que diz respeito aos incentivos ao investimento, que
visam o desenvolvimento da economia e a criação de
postos de trabalho, o município tem procurado através de
diversos incentivos atrair novas empresas para o concelho.
“Procuramos criar um ambiente favorável ao investimento,
não apenas na captação de novos investimentos, mas
também, na consolidação do tecido económico existente,
Arganil tem grandes empresários. Em breve, vai ser aprovado
em Assembleia Municipal um pacote de incentivos, o Arganil
Investe Mais, que será para devolver as taxas de IMI e IMT
aos investidores, consoante o nível de investimento. Este
plano implica também a bonificação dos terrenos nas zonas
industriais, uma forma de poder apoiar e atrair investimento”,
revela o interlocutor. À semelhança do que acontece em
todo o território nacional, Arganil também tem sofrido com
a desertificação, as medidas elencadas pelo autarca visam
sobretudo inverter esta tendência atraindo “gente para viver
no concelho, isso passa por medidas locais mas também
por medidas de diferenciação positiva a nível nacional,
nomeadamente, ao nível dos impostos. É preciso haver uma
diferenciação, tratando com equidade estes territórios. Assim,
tem de haver uma verdadeira estratégia para os territórios
de baixa densidade populacional, temos pontos muito fortes
que podem ajudar ao que é a consolidação do crescimento
do país, de forma sustentável e harmoniosa, em coesão
territorial”, evidencia o presidente do Município de Arganil. O
entrevistado exerce funções enquanto autarca do concelho,
há dez anos, na altura em que foi eleito, em 2005, era o
autarca mais jovem do país. Questionado, sobre o maior
desafio de dez anos de mandato, o interlocutor esclarece que
“porventura a situação financeira da Câmara, que era muito
problemática, foi preciso engenho e arte para ultrapassar
esses problemas e colocar o concelho a crescer”.
Projetando o futuro
Em termos de futuro, o município tem apostado, neste
último mandato, “em duas áreas muito importantes, o
ambiente e a mobilidade. Entraram em funcionamento
nove novas etars e estão projetadas mais quatro. Temos
ainda o sistema de captação do Lago e Feijoal, um projeto
dinamizado em parceria com as Águas Centro e Litoral. Na
mobilidade, estamos a requalificar a rede viária municipal,
temos perto de 400 quilómetros de estradas, já teremos
requalificado cerca de 150 e, até ao fim do mandato, julgo
que ultrapassaremos, em mais de metade, as estradas
requalificadas do concelho, melhorando a qualidade de vida
das pessoas”, destaca o autarca de Arganil. Em breve, “o
grande desafio é o Museu do Rally, algo que tem uma ligação
histórica com a identidade de Arganil, faz parte do nosso
código genético, trabalhamos para que o Rally de Portugal
possa regressar a Arganil”, destaca Ricardo Pereira Alves,
acrescentando que “paralelamente a isso entendemos que a
criação do museu é algo diferenciador que ajuda a contar um
pouco da nossa história, representando mais um ponto de
atração do concelho”, remata. Numa outra vertente “temos
a requalificação do Teatro Alves Coelho, cedido à Câmara
Municipal até 2058. Queremos renovar esta antiga sala de
espetáculos que foi considerada pela Ordem dos Arquitetos
como um edifício marcante do século XX”, evidencia. Numa
mensagem final, o interlocutor destaca que apesar das
dificuldades inerentes à crise “onde os recursos financeiros
têm sido cada vez menores, tal exige que sejamos mais
seletivos nos investimentos a realizar e que são feitos sempre
a pensar nas pessoas, que são a inspiração para as políticas
públicas locais. Estou certo que apesar das dificuldades,
havemos de conseguir ultrapassá-las e conseguir um
concelho mais próximo de todos, solidário e coeso”, finaliza o
presidente do Município de Arganil.
34 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
municípios em destaque |União das Freguesias de Coja e Barril de Alva
A União das Freguesias de Coja e Barril de Alva é a freguesia mais importante do concelho de Arganil, não só pela sua história, mas também pelo seu património arquitetónico e natural. A sua proximidade às serras do Açor e da Estrela são motivos mais do que suficientes para que esteja incluída nos roteiros turísticos do interior de Portugal. Um dos seus principais ex-libris é o rio Alva, por onde se mosqueiam locais paradisíacos e paisagens inesquecíveis.
Um local abençoado pela natUreza
Com uma panóplia de potencialidades, a União de Freguesias de Coja e Barril de Alva
assume-se como o ponto de partida ideal para descobrir todo o concelho de Arganil. Aqui
bem perto, em plena Serra do Açor, poderá visitar, entre outros locais de beleza ímpar, a Mata
da Margaraça, a Fraga da Pena e a aldeia histórica do Piódão. Esta terra abençoada pela
natureza e pelo ar fresco do rio assume-se como o local ideal para a prática de atividades
desportivas como BTT, Todo o Terreno ou até mesmo percursos pedestres.
O vasto e rico património religioso desta união de freguesias, quer em termos arquitetónicos
quer em imagens, é outro dos motivos para conhecer esta região do nosso país, que goza
de uma localização privilegiada e excelentes acessibilidades, estando equidistante entre as
cidades do Porto e Lisboa e muito próxima da cidade de Coimbra.
No verão, a alegria é uma constante, todos os dias podemos desfrutar de atividades de
animação na praça central da freguesia, sem esquecer o evento ‘Músicas de Verão’, que
decorre no parque de lazer e combina diversos estilos musicais, desde o rock, passando pela
música popular, até à animação proporcionada por DJ’s, indo assim ao encontro do gosto
musical de todas as faixas etárias. A Feira de Artesanato que decorre no mês de agosto e a
Feira de Velharias que acontece quatro vezes por ano são outras iniciativas que têm captado
cada vez mais visitantes. “Estas iniciativas acabam por reunir as pessoas, que desta forma
convivem e socializam, sempre com um espírito de grande alegria”, desvenda Luís Moura,
presidente da União de Freguesias de Coja e Barril de Alva, sublinhando que esta zona do
país vive bastante dos momentos religiosos, elencando a Páscoa e o Carnaval, que por estas
bandas assume características singulares. Segundo os habitantes, o Carnaval de Coja é obra
de teimosos e cabeçudos beirões. Para além da folia, do gozo, da crítica brejeira, da sátira,
do colorido dos fatos, desfilam também temas da política local, para além de muita música.
“O Carnaval de Coja é um ponto de encontro de amigos e de toda a comunidade do alto
concelho, incluindo a comunidade estrangeira, que é sempre ativa e participativa”, salienta o
autarca.
Segundo Luís Moura, Coja tem uma grande capacidade de atração turística, mas ainda
não está a tirar partido disso, por isso realça que o Município de Arganil deverá adotar
uma postura mais concertada e preconizar uma aposta mais veemente no turismo, criando
dinâmicas que captem a atenção e a curiosidade das pessoas. “O caminho a seguir deveria
passar pela aposta no turismo religioso, dada a riqueza do património, aliando-o ao turismo
de natureza, uma vez que a envolvência natural e os cenários bucólicos desta região têm um
enorme potencial”, avança o edil.
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 35
União das Freguesias de Coja e Barril de Alva | municípios em destaque
Dinâmica autárquica
No comando dos destinos da União de
Freguesias de Coja e Barril de Alva está
Luís Moura que assumiu a autarquia com
verdadeiro espírito de missão e com uma
vontade positiva de servir a freguesia e a sua
população, tendo em conta que é um homem
de convicções e de causas, de princípios
e valores, de trabalho e de diálogo. A sua
chegada permitiu imprimir um novo ritmo
de trabalho, na senda do desenvolvimento e
dinamização desta freguesia.
Quando tomou posse dos destinos da União
de Freguesias de Coja e Barril de Alva, Luís
Moura assumiu o desafio de contribuir para
a resolução do problema social que assolou
a freguesia, com a mudança de realidade
e paradigma. “Coja perdeu a capacidade
industrial com o encerramento de três
empresas que tinham um grande peso em
termos de empregabilidade. O fenómeno do
desemprego chegou em força, causando
uma grande depressão nas pessoas. Dessa
realidade de emprego total, acabamos
por ter que nos virar para outro horizonte,
percebendo as potencialidades desta
região”, avança o presidente, salientando
que procurou fazer a transição da realidade
industrial para uma realidade mais virada
para o comércio e serviços.
A Junta de Freguesia acabou por adquirir as
três unidades empresariais devolutas, sendo
que uma delas, a da cerâmica, corresponde
a dois terços da Vila de Coja. “Fizemos o
investimento na aquisição dos imóveis,
porque percebemos que esta questão
das falências tem dois momentos maus”,
nomeadamente o fecho da empresa e o
vilipêndio dos seus ativos.
A propósito da unidade empresarial que
outrora foi uma cerâmica, Luís Moura
evidencia as suas mais-valias, bem como
a arquitetura singular, que deverá ser
potenciada. “O terreno da antiga cerâmica
tem dois hectares de área asfaltada e
diversos edifícios sociais que permitiriam
albergar todas as coletividades da freguesia,
ou até mesmo do concelho”, adianta o
autarca, lembrando que a aquisição do
imóvel foi uma aposta para o futuro, na
perspetiva de encontrar os parceiros certos
que lhe possam dar um destino rentável para
a freguesia. Mas enquanto esse investidor
não aparece, aquela zona vai sendo
potenciada através de diversas atividades,
no âmbito da Espeleologia e do Arvorismo.
“Aquele espaço - que para além de área
florestal, conta com diversos edifícios, e
nas proximidades, um rio navegável, lagos
naturais e um aeródromo com todas as
estruturas funcionais - acolheu também
um jogo de Airsoft, no qual participaram
200 jogadores”, desvenda Luís Moura,
salientando que em maio, realizar-se-á
uma nova edição que contará com 600
participantes. No entanto, o grande objetivo
passa pela organização de “um encontro
ibérico que poderá reunir cerca de 3 mil
pessoas em Coja”, conclui.
36 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
municípios em destaque |freguesia de são martinho da cortiça
São Martinho da Cortiça é a terceira maior freguesia do concelho de Arganil. Estrategicamente localizada entre o mar e a serra, esta freguesia prima pela sua proximidade aos grandes centros urbanos e pelos seus acessos extraordinários. Ficámos a conhecer melhor São Martinho da Cortiça pela voz de Rui Miguel Franco, presidente desta Junta de Freguesia.
onde a floresta é rainHa
Localizada ao longo da centenária Estrada da Beira, entre
a Serra da Estrela e o Atlântico, São Martinho da Cortiça
contempla uma soberba paisagem natural, entre montes e
vales banhados pelas águas do rio Alva, “onde a floresta é
rainha”.
Rui Miguel Franco é o rosto do executivo desta Junta de
Freguesia. Questionado pelas suas gentes, não hesita em
destacar a sua hospitalidade, simpatia e capacidade de
trabalho.
Localização estratégica
A freguesia de São Martinho da Cortiça é, atualmente, a
terceira maior freguesia do concelho de Arganil. De acordo
com o nosso interlocutor, “temos uma freguesia que está
estrategicamente localizada, a meio do caminho entre o
mar e a Serra da Estrela, além de que temos vias de acesso
extraordinárias através do IP3 e do IC6”. Desta forma, o edil
reforça a aptidão e capacidade da freguesia para a instalação
e fixação de empresas, tendo presente que a acessibilidade
é muito fácil e rápida. “A fixação de empresas é também,
obviamente, uma forma de fixação de habitantes, mas as
acessibilidades também o são. Temos muitas pessoas que
vivem aqui e trabalham em Coimbra, por exemplo. Até porque
há transportes públicos em horários compatíveis”, completa.
Qualidade de vida de excelência
Rui Miguel Franco revela à Revista Business Portugal
que a principal preocupação do seu Executivo passa,
indubitavelmente, pela qualidade de vida dos seus habitantes.
Para tal, houve uma séria aposta em áreas tão fundamentais
como a saúde, ensino e a terceira idade. “Temos um bom
serviço médico aqui na freguesia, o que não deixa de ser um
atrativo para quem aqui quer viver. Além disso, temos um
centro escolar de excelência, de acordo com as avaliações do
Ministério da Educação, onde agregamos todo o ensino pré-
primário e primário da freguesia”, refere o edil.
No que concerne à terceira idade, o projeto mais recente
foi criado em parceria com uma freguesia vizinha, que
dista apenas nove quilómetros. “O novo lar para idosos foi
construído recentemente numa freguesia vizinha e albergará
igualmente os habitantes de São Martinho da Cortiça, pois as
condições de construção lá eram bastante mais favoráveis.
Não me preocupa que o lar seja feito em Pombeiro da Beira,
o que me preocupa é ter uma resposta social para os idosos
da minha freguesia e a sua qualidade de vida”, refere o
nosso entrevistado. Além disso, a freguesia conta com uma
IPSS com valências destinadas à população sénior, assim
como com a presença da Cáritas Diocesana de Coimbra, que
presta serviços de apoio domiciliários e de centro de dia.
Sabendo que o apoio à terceira idade está assegurado pela
Cáritas, “que tem desempenhado um excelente trabalho”, a
preocupação do Executivo da Junta de Freguesia tem incidido
no apoio à infância, “pois se projetamos o futuro, temos que
preparar as nossas crianças para o mesmo”.
Rui Miguel Franco frisa que “existe uma estratégia de
desenvolvimento que está pensada e articulada com os
nossos vizinhos e entidades que cooperam connosco, não
estamos a navegar ao sabor do vento, estamos a navegar
com um rumo e uma direção, pensando no bem estar da
nossa população e no desenvolvimento da nossa freguesia”.
O nosso interlocutor refere que “trilhamos um caminho de
modernização, pugnando pela justiça social, melhoria da
Rui M
igue
l Fra
nco
Pres
iden
te
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 37
freguesia de são martinho da cortiça | municípios em destaque qualidade de vida da nossa população e, simultaneamente,
preservando a natureza que nos rodeia”.
Aposta no turismo
A principal característica desta freguesia é a sua beleza
natural. Falamos de uma freguesia essencialmente florestal,
atravessada pelo rio Alva, onde a Albufeira das Fronhas
é a principal pérola. Em pleno coração da freguesia, esta
albufeira é o maior espelho de água existente no concelho
de Arganil. O edil da Junta de Freguesia refere que “este
é um espaço ainda por explorar em termos turísticos, com
várias apetências, uma vez que é um espelho de água
considerável para a prática de desportos náuticos e pesca
desportiva”. Aqui, desenvolve-se um microclima propício à
criação de trutas, aqui surgiu um espaço de excelência para
campeonatos de pesca à pluma, tanto a nível nacional como
internacional.
“Há ainda muito que explorar no que concerne ao turismo.
Somos uma freguesia com grandes potencialidades, com
características a serem exploradas muito brevemente”,
confidência, pois está projetado, em parceria com a Câmara
Municipal, a criação de um parque de lazer com piscina junto
às águas da Albufeira das Fronhas, no sentido deste espaço
começar a ser rentabilizado turisticamente.
De visita obrigatória
Mas vir a São Martinho da Cortiça não é apenas deliciar-se
na albufeira. Uma prova gastronómica terá também que fazer
parte dos seus planos.
Aqui terá que contemplar o verde, banhar-se e pescar
no rio Alva, visitar todas as 22 aldeias, todas elas muito
características da região, com especial destaque à
Sanguinheda, uma aldeia que já foi sede de concelho e
vila, tendo recebido o seu Foral das mãos de D. Manuel I. O
percurso deverá incluir também uma visita às 18 capelas e à
igreja matriz, a casa do padroeiro S. Martinho.
38 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
municípios em destaque| freguesia de pombeiro da beira
Pombeiro da Beira é sem dúvida uma memória histórica, outrora sede de concelho. Desde “ Aufragia” fundada pelos romanos e cidade “Columbaria” do tempo dos Lusitanos, são das versões da sua origem. Esta última versão talvez seja a mais crédula, dado que existiram em tempos abundantes castas de pombos e com o tempo se foi trocando o alatinado do termo pela palavra “Pombeiro”, que significava “viveiro de pombos”.
rUralidade e modernidade em concordância
Em 1354, no reinado de D. Afonso IV dá-se a formação do senhorio de
Pombeiro e em 1355 o mesmo rei doou-o a Martim Lourenço da Cunha
1º senhor de Pombeiro. Sucede-lhe João Lourenço da Cunha que por volta
de 1368, casa com D. Leonor de Telles, que mais tarde vem a ser rainha,
casando com el-rei D. Fernando. A 10 de novembro de 1513, D. Manuel
dá carta de foral a pombeiro passando-a a vila. Muitos outros senhores
se seguiram, entre os quais, em 1529, reinado de D. João III, Mateus da
Cunha passa a ser o 7º senhor de Pombeiro. Este encontra-se sepultado na
capelo mor da Igreja Matriz de Pombeiro. Luís Rodrigues e António Branco,
presidente e tesoureiro da junta de freguesia, respetivamente, em entrevista
à Revista Business Portugal falam-nos sobre os pontos turísticos de paragem
obrigatória na região bem como dos vários eventos organizados ao longo do
ano e que tornam a freguesia uma referência nesta vertente.
Turismo de natureza crescente
Na encosta da Serra com o mesmo nome - Serra de Santa Quitéria - ergue-
se a capela em honra da referida Santa, uma edificação do século XVII
(1719). Ao que se diz, esta não terá sido a primitiva, que se situava no alto da
mesma, onde ainda existem indícios de remotas ruínas no local denominado
Padieira da Santa. Também o cancioneiro local se refere a este facto na
seguinte quadra:
“Ó minha Santa quitéria
Onde te foram prantar,
Lá em cima, ao Soito Sêco,
À serra do Salgueiral!?
“Somos uma freguesia com muita história é hoje repleta de encantos e
recantos naturais únicos. Todos os anos realizamos a Feira de Santa Quitéria
a 1 de novembro e vêm pessoas de todo o país para visitar esta feira. É uma
feira que tem uma vertente religiosa e outra profana, com muitas pessoas
devotas a Santa Quitéria. Estou em Portugal há 39 anos e recordo-me desta
festa. Antigamente, tinha uma vertente de comércio para a freguesia pois
as pessoas nesse dia iam para lá vender tudo o que produziam, inclusivé,
os porcos que criavam para serem vendidos na Serra de Santa Quitéria,
sendo que um dos fortes é a carne de porco. Os nossos torresmos são muito
afamados e é altura dos frutos secos, nomeadamente as castanhas, avelãs,
das nozes e como é na entrada do inverno as pessoas também aproveitam
para comprar roupa”. Este santuário sofreu obras de requalificação
recentemente, estando dotado de infra-estruturas de apoio, que permitirão
Luís Rodrigues e António Branco Presidente e Tesoureiro
desenvolver uma variedade de atividades ligadas ao turismo
religioso, ao turismo ambiental-rural e de lazer, “bem como
aos amantes do auto caravanismo que frequentemente nos
visitam”, começa por nos contar António Branco. Por sua vez,
também a Feira de Maio possui bastante relevo na região,
atraindo toda a família pombeirense espalhada pelo país.
Este é o ponto de encontro anual onde se encontram todos
os pombeirenses “para assim continuarem a fortalecerem os
laços que nos unem e degustarem a nossa gatronomia como
arroz de fressura e os torresmos de Santa Quitéria.
Como somos uma freguesia agrícola, as pessoas nesta
altura, em maio, já tinham as sementeiras prontas então
vinham vender ou trocar os bois para a próxima campanha.
Mais tarde, começaram a aparecer os comerciantes, com
uma vertente muito forte. Já há alguns anos para cá criámos
um Concurso de Bovinos de Trabalho, onde atribuímos
vários prémios e é um dia de festa para toda a população.
Desde 1998 implementámos um ‘Concurso dos Galos do
Campo e Exóticos’, este galinácios desfilam numa passerelle
construída para o efeito, e são classificados por um júri
dentro do público presente, as pessoas que
nos visitam gostam deste momento . Depois,
temos um almoço, muito concorrido, em
que participam cerca de 400 pessoas, onde
recriamos a matança do porco e fazemos
vários pratos típicos para esse almoço a
par de uma mostra do melhor artesanato
que se faz na região”, acrescenta. A partir
deste ano a Feira Anual de Maio terá a
duração de dois dias. O domingo será
preenchido com o Festival do Rancho Infantil
e Juvenil Os Columbinos. Em termos de
património, são vários os pontos turísticos
existentes na freguesia, como o autarca Luís
Rodrigues faz questão de explicar. “Temos
uma capela octogonal da Rainha Santa que
é considerada monumento de interesse
público, mandada construir pelo Cónego
Thomé Nunes em 1633, destinada a servir-
lhe como sepultura, sob invocação da Rainha
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 39
freguesia de pombeiro da beira |municípios em destaqueSanta Isabel ( séc VVII - XVIII)”. O pelourinho
perdido durante anos (caso comum no país),
foi finalmente recuperado pela autarquia
local e em boa altura, em 1997, somando a
esta freguesia farta em património histórico,
mais um ponto de interesse. O seu fuste de
dois metros e trinta de altura, construído em
grés de Sabouga, foi levado para a Várzea
Pequena, enquanto que o remate, um tronco
de cone com as armas dos donatários
da terra (Cunhas) se encontrava fixado
na empena da capela de Santo António.
Na Igreja Matriz da sede de freguesia
encontram-se dois túmulos, um na parede,
com estátua jacente sobre arca tumular, de
Mateus da Cunha - 7º senhor de pombeiro,
da época quinhentista , da autoria de Diogo
Pires, ‘O Moço’, esculpido em pedra de Ança,
e outro no pavimento, do prior de Martinho
e São Guinheda, falecido em 1564, que é
considerado um monumento de interesse
público e visitado por várias pessoas,
nomeadamente estudantes de história
e arqueólogos. A par da ruralidade, na
freguesia existe também um hotel, o B & W
Hotel Rural, com traços bastante modernos,
que contrastam com os vários trilhos
pedestres implementados em Pombeiro da
Beira. “Temos um hotel bastante recente,
com apenas quatro anos e que está aberto
todo o ano. Tem disponível uma suíte, nove
quartos, piscina, um salão para conferências
e eventos, bar, tasquinha e restaurante.
Quem visita a região tem num espaço só
tudo aquilo que necessita para pernoitar e
passar uns dias sem preocupações. A nossa
freguesia é bastante rural, sendo uma das
maiores freguesias do concelho de Arganil
em área florestal e por essa razão criamos
vários trilhos pedrestes, o Trilho Histórico, o
Trilho das Ribeiras, o Trilho à Beira de Água
e o Trilho de Santa Quitéria e que têm tido
bastante aceitação e participação por parte
da população. Trilhos esses que têm que ser
melhorados e estamos a trabalhar nesse
sentido, distribuindo vários panfletos pela
região com todas as informações sobre os
mesmos”, destaca António Branco.
Apoio canalizado a todas as classes
Um dos sonhos deste Executivo é a
construção do lar de idosos de Pombeiro da
Beira que está já em contrução, constituindo
um polo essencial na freguesia no apoio à
classe mais idosa. “Temos uma população
muito envelhecida e carenciada e que tem
que ser apoiada. Temos uma doutora que faz
esse acompanhamento e que ajuda naquilo
que é necessário. Para além disso, o lar é
também uma forma de dar emprego e isso
é muito importante para uma freguesia que
tem perdido muitas referências em termos
de empregabilidade. O lar terá 56 camas
sendo que este número poderá aumentar,
aproveitando um outro espaço e o lar terá
inclusive a vertente de apoio domiciliário”,
frisa Luís Rodrigues.
Para além disso, a junta dá também bastante
apoio às sete coletividades da freguesia.
“Temos a Associação Juvenil Os
Columbinos, fundada em 1991 por um
grupo da catequese, que organiza bastantes
atividades, inclusive nas aldeias, que é
apoiada pela junta nas várias atividades que
organiza bem como as restantes. O Município
de Arganil organiza todos os anos a Feira
das Freguesias, uma feira de gastronomia,
em que convidamos todas as associações
a estarem presentes mostrando assim
os pratos regionais, damos todo o apoio
logístico”, remete. Fazendo uma retrospetiva
do trabalho desenvolvido por este Executivo,
os nossos entrevistados fazem um balanço
positivo do mesmo. “Quando tomamos posse
na junta a nossa primeira grande obra foi
toda a sinalética da freguesia. Hoje qualquer
ponto turístico está sinalizado, o que facilita
muito a orientação de quem vem de fora.
As grandes prioridades deste Executivo são
as acessibilidades porque temos muitas
aldeias onde as pessoas à porta de casa
têm ruas em terra. Temos vindo a combater
esta situação através de contratos-programa
em parceria com a Câmara Municipal e já
conseguimos fazer várias ruas em calçada
de granito e esperamos alcatroar brevemente
a estrada que nos leva às povoações do
lado de lá da Albufeira das Fronhas. Para
além disso, queremos também construir as
valetas e bermas das estradas existentes
em betão, de modo a dar mais durabilidade
às mesmas. O saneamento básico nas
aldeias também nos preocupa. Estamos
empenhados na construção do Lar, já existe
um protocolo com a Cáritas Diocesana de
Coimbra, onde a junta de freguesia além
de ceder o terreno para a sua edificação,
doou uma verba de 500.000,00€, para a
sua construção”, explicam. O objetivo passa
assim por continuar com a mesma política
de proximidade que marca este Executivo.
“Ambos estamos na Junta de Freguesia há
vários anos, o atual presidente, já pertenceu
a anteriores executivos e o tesoureiro é
funcionário da Junta, somos de cá e fazemos
questão de nos mantermos uma politica de
proximidade da população e perceber quais
são as suas reais necessidades, sempre”,
conclui António Branco.
40 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
municípios em destaque | Freguesia de Abrantes e Alferrarede
Repleta de história, comprovada através do seu centro histórico, a Freguesia de Abrantes e Alferrarede é igualmente uma freguesia vocacionada para o futuro. Bruno Tomás, líder do executivo, fala-nos sobre esta freguesia, passando pelos polos turísticos de paragem obrigatória na região, como os jardins do castelo, o Parque Urbano de São Lourenço e o AquaPolis, bem como dos projetos delineados para os dois pontos principais de atuação do seu mandato: os idosos e crianças.
centralidade e modernidade em sintonia
Como forma introdutória, qual o balanço que faz desde que é líder do Executivo da
Freguesia de Abrantes e Alferrarede?
O balanço do Executivo da junta estará a ser dividido em duas partes: uma primeira parte em
que nós face às vicissitudes da agregação de três freguesias tivemos que ter algum tempo
para arrumar a casa, ou seja, criar procedimentos iguais nos diferentes polos, refiro-me a
polos porque tínhamos o compromisso nas eleições de manter os edifícios das antigas juntas
a funcionar porque os colaboradores estavam lá e não faria sentido distanciar ainda mais
os serviços prestados pela Junta de Freguesia. A primeira parte consistiu em uniformizar
procedimentos internos, criar relações inclusive de colaboradores da junta para que todos
pudessem conhecer a união de freguesias e isso é extremamente importante e esta equipa
achou que esse era um ponto fundamental para um posterior bom desempenho das nossas
funções em questão do espaço público, que é utilizado por todos nós. Nesta primeira fase,
que deve ser constante, existe sempre uma forte aprendizagem contínua.
Uma segunda fase foi olharmos para aquilo que tínhamos prometido para as pessoas e que
para o qual merecemos o voto delas, foi o caderno de encargos, como costumo dizer, em que
a equipa estabeleceu dois pontos essenciais de atuação: os idosos e as nossas crianças.
De que forma esse apoio será prestado?
Nos nossos idosos apoiá-los até no simples facto de melhorar as suas acessibilidades junto
das suas habitações e nas parcerias que eu acredito muito que são parte integrantes nos
nossos projetos, exemplo disso, são as várias associações que existem na freguesia que
trabalham com eles e com as quais temos que reforçar a ligação existente e até alargá-las ao
território.
Uma das associações que é exemplo disso é a ‘Crescer’, que quando iniciámos o mandato
tinha apenas três ateliês e agora alargou para cinco, comparticipados pela junta e que
trabalha em média com 40 idosos.
Nas crianças e jovens, sob protocolos de competências que a Câmara tem com a Junta
relativamente à manutenção e conservação de escolas e o regular funcionamento das
mesmas. Para isso temos o projeto ‘Escolinhas’ que através de várias carrinhas dão
manutenção e prestam uma rápida resposta às escolas. Estamos também a desenvolver um
protocolo com a Câmara Municipal de Abrantes para criar vários parques infantis. Temos que
ser próximos da população e perceber quais são as suas reais necessidades e neste caso o
associativismo é parte integrante pois queremos promover a relação entre as pessoas.
Quais as potencialidades da sua freguesia?
Primeiro, considero que é uma das melhores freguesias para se viver em Portugal. É central
a nível nacional, estamos a uma hora de Lisboa, da praia e de Espanha. Hoje em dia,
as questões de mobilidade e de tempo são extremamente importantes e isso temos. Na
educação, temos uma excelente cobertura de jardins de infância públicos, escolas do 1.º
ciclo excelentes, todas recuperadas, a seguir escolas secundárias, as várias existentes estão
igualmente recuperadas e possuímos igualmente ensino superior em Abrantes, com vários
cursos e valências.
Também a nível de saúde estamos muito bem situados, em que o hospital de Abrantes é ao
lado da nossa freguesia e temos também o único campo de basebol da Península Ibérica,
onde são realizados vários estágios. Assim, a nossa freguesia tem vários fatores factuais que
vão de encontro ao que as pessoas procuram e necessitam para o seu dia a dia.
42 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
municípios em destaque | município de pinhel
A região distingue-se pela qualidade de vida e pelo posicionamento geográfico estratégico, que permite a proximidade às principais cidades portuguesas e espanholas. Pinhel é um concelho que trabalha na captação de investimentos empresariais, a par disto, procura através do legado histórico potenciar o turismo na região. Rui Ventura, presidente do Município de Pinhel, falou do trabalho que a autarquia está a desenvolver e que está a marcar a diferença na região.
o “novo” centro de portUgal
O concelho de Pinhel declarou há muito um combate à desertificação e adotou uma série de
estratégias com resultados visíveis, extensíveis a várias áreas. A região tem indústrias bem
distintas, mas que são o espelho do trabalho que está a ser levado a cabo pela autarquia.
Com uma tradição muito forte no setor da extração e transformação do granito, a zona
industrial de Pinhel tem também a operar no setor do calçado e da aeronáutica. Rui Ventura
começa por destacar a centralidade geográfica do concelho, uma vantagem que tem levado
muitos empresários a interessarem-se pela região, “com a proximidade à fronteira, temos
uma realidade completamente diferente, de outros pontos do país que, muitas vezes, não
aproveitamos. Por exemplo, só a Junta de Castilla e Leon tem mais habitantes do que a região
centro do país. Daqui a Valladolid e Salamanca demoramos duas horas. Mais, estamos a duas
horas e meia de Lisboa e de Madrid. Aliás, pagamos mais de portagem para ir a Lisboa do
que a Madrid. Do ponto de vista geográfico, estamos no centro, situados a 30 quilómetros
da maior fronteira de Portugal, Vilar Formoso, perto da A23 e da A25, dois eixos que nos
levam para norte e sul do país”, destaca o presidente da autarquia de Pinhel. Durante 18
anos, um dos maiores empregadores do concelho pertencia ao calçado, com o encerramento
em 2006, centenas de pessoas ficaram sem trabalho, neste sentido, o município procurou
atrair investimentos neste setor, reaproveitando o conhecimento existente. Atualmente,
os resultados já são visíveis, “uma preocupação foi atrair algumas empresas na área do
calçado, a mão de obra cá excedia, o equipamento já tínhamos porque alugámos o espaço
que era da antiga Rhode. Pus-me a caminho para tentar arranjar alguns postos de trabalho e
conseguimos, neste momento, temos duas fábricas a laborar, em Pinhel, que têm um contrato
com a autarquia que implica dez anos de manutenção. Fazem o recrutamento de pessoal
aos poucos, uma delas emprega, neste momento, 30 pessoas a outra cerca de 40, ambas
têm capacidade para chegarem aos 60 postos de trabalho”, destaca Rui Ventura. Para não
estar dependente apenas de algumas áreas, o município entende que a diversificação é um
dos fatores que pode favorecer a economia da região, o interlocutor explica que “agora é
tempo de fazermos algo fora do calçado, começámos por apostar no cluster da aeronáutica,
existe já uma empresa instalada no concelho. Recentemente, assinámos contrato com duas
novas empresas, que vão começar a construir, em setembro, os seus pavilhões, certamente,
vamos ter mais algumas novidades, porque estamos a falar de empresas com capacidade
financeira que recrutam outro tipo de quadros com formação superior e qualificada”.
A autarquia estabeleceu uma série de regras e condições que representam fatores de
atratividade, ao mesmo tempo que garantem a criação de postos de trabalho. Questionado
sobre as condições que o município tem para oferecer, Rui Ventura responde convictamente,
“damos tudo, com condições obviamente, a principal contrapartida passa pela criação de
postos de trabalho”, destaca, especificando que, “não aplicamos derrama a empresas com
sede em Pinhel, reduzimos até 75 por cento o pagamento de taxas. Às empresas que façam
um investimento superior a 250 mil euros e que, no espaço de dez anos, criem mais de
50 postos de trabalho oferecemos o terreno na zona industrial. Um fator importante é ser
diferenciador, ou seja, investimentos diferentes aos que já existem. Felizmente, Pinhel tem
empresários muito estáveis, exemplo disso, é que não me recordo de ver nenhuma empresa
a falir neste últimos anos de crise, aliás a zona industrial está no limite, estamos numa fase
de ampliação, mas se o empresário quiser vir amanhã, nós temos a solução”, enaltece o
autarca. Esta reposta passa por dinamizar “um novo pólo na aldeia de Pínzio, perto de Pinhel,
onde passa a A25. A câmara adquiriu um conjunto de terrenos, juntamente com a junta de
freguesia, onde vamos criar uma zona industrial à medida das necessidades dos empresários,
conforme formos sendo contactados criamos as infraestruturas, não vamos investir milhões
e construir uma grande zona industrial para depois ficar vazia”, explica o autarca pinhelense.
Na economia da região há também a destacar a produção de vinho, a Adega Cooperativa de
Pinhel é a segunda maior do país, tendo ainda “sete produtores particulares, a produzirem
vinhos de boa qualidade, aliás os vinhos da Beira Interior estão a dar cartas”, enaltece o
presidente.
Cultura e educação
Mas a qualidade de vida da região não se mede só pela dinamização económica, a autarquia
entende que a parte social, educacional e cultural deve ser dinamizada, como exemplo
importa destacar as atividades proporcionadas aos alunos desde o pré-escolar ao 4º ano,
“música, educação física, artes plásticas, inglês, ballet, informática e os pais não pagam, se
colocar um filho na escola de Pinhel que precise de prolongamento de horário e refeição não
paga mais de 35 euros por mês”, revela Rui Ventura. Culturalmente, existem todos os fins
de semana atividades que procuram envolver toda a comunidade, o município investe, por
exemplo, todos os anos um montante que se destina a levar o cinema gratuito todos os fins
de semana aos pinhelenses. O autarca refere que “foi um processo moroso mas o desafio
foi superado e, em termos de eventos, Pinhel deu grandes passos, não há fim de semana
nenhum que não tenha uma atividade cultural e desportiva, criámos aqui várias atividades
interagindo com as freguesias, foi necessário transmitir às coletividades o sentimento de
partilha”.
Pinhel medieval
De 3 a 5 de junho, a cidade vai acolher a segunda edição da Feira Medieval, da Cidade
Falcão. Rui Ventura revela que a expectativa é grande, já que no ano passado foram cerca de
5 mil as pessoas que deslocaram à cidade para assistirem
ao evento. Conhecida pela sua história, “Pinhel é a cidade do
país que mais solares possui por metro quadrado. A cidade
tem uma zona histórica digna de visita, com castelos, a
nossa muralha ainda está intacta, é possível fazer o percurso
da muralha através das seis portas”, revela o entrevistado.
A destacar existe também o Museu Municipal que se situa
no antigo Paço Episcopal. No primeiro piso está patente
uma exposição do Mestre Soares que doou todo o seu
património, avaliado em mais de 600 mil euros à autarquia.
Rui Ventura enaltece também “Cidadelhe, que segundo o
escritor Saramago é o ‘calcanhar do mundo’, a porta sul
do Vale do Côa, estamos a tentar que seja classificada
como aldeia história. Está recuperada e tem todas as
infraestruturas, possui alojamentona vertente de turismo
rural, está projetado um restaurante panorâmico e existe
um Centro de Interpretação do Vale do Côa. Cidadelhe é
o ideal para as pessoas se iniciarem a visitar conhecer o
Vale do Côa”, frisa o presidente. Pela sua história e todo
o património, Pinhel é um destino turístico de excelência,
neste momento, o principal entrave existente neste setor
está relacionado com a falta de alojamento, questão que a
“médio prazo terá uma solução”, revela o autarca. Sobre o
futuro, Rui Ventura começa por destacar que “o caminho
faz-se caminhando. Eu comecei muito jovem na política e o
meu percurso é reflexo desta máxima. Pretendo que Pinhel
tenha cada vez mais projeção, sabendo que é preciso dar
muito de nós, que continue a conseguir atrair investimento,
para proporcinar qualidade de vida às pessoas. Se for este o
caminho que as pessoas de Pinhel querem, certamente, que
nos vamo continuar a cruzar, nunca baixei os braços, no que
diz respeito ao meu concelho, estou sempre atento e é este
o contributo que quero dar à minha terra”, conclui o autarca
de Pinhel.
Rui Ventura Presidente
46 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
EXCELÊNCIA EMPRESARIAL
Não é tarefa fácil ser-se empresário em Portugal. Especialmente, um empresário de sucesso que consiga desenvolver um projeto capaz de aliar uma visão empreendedora, arrojada e inovadora sobre a constante incógnita que é o mercado. É precisamente ao longo de contextos e conjunturas mais complicadas que as empresas se veem forçadas a superar novos desafios e a testar, uma vez mais, a sua firmeza.Mas mesmo em contextos menos desfavoráveis, há aspetos e condicionantes que não cessam de acompanhar o dia-a-dia do empresário. Imprevisibilidades, a força concorrencial, as evoluções do mercado, o comportamento do consumidor, entre muitas outras. É por essa mesma razão que um empresário e uma empresa de sucesso não surgem no decorrer de um instante, correspondendo, por outro lado, ao trabalho de uma mulher, homem ou equipa munidos de uma visão singular, uma ambição ousada, um projeto que se conseguiu diferenciar e que, acima de tudo, soube fazer da excelência um lema.São exemplos de empresas como essas que apresentamos nas próximas páginas. Nelas, relatamos histórias e percursos de proatividade, esforço, singularidade e, numa palavra, excelência. Não por acaso, muitas delas serão pequenas e médias empresas que desde há algum tempo têm vindo a ser agraciadas com o estatuto de PME Excelência. Este, tal como o nome sugere, corresponde a um mérito atribuído anualmente pelo Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI), com o objetivo de atribuir visibilidade às entidades empresariais que melhores resultados apresentem, não só do ponto de vista do desempenho económico e financeiro, mas também no que à gestão concerne.Contando com uma validade anual, o estatuto PME Excelência atesta, também, fatores como a geração de riqueza e emprego, sendo atribuído a empresas que, no universo das PME Líder, tenham assistido a uma evolução positiva do seu próprio desempenho em comparação ao ano anterior. Estas correspondem, por isso, a entidades empresariais que se afirmam como um verdadeiro exemplo para os setores em que operam, atestando ainda o modo como o empreendedorismo, o esforço e a seriedade compensam e originam a excelência. Cá dentro, mas também além-fronteiras.
Ao longo de 30 anos de existência da International House Braga muitas foram as mudanças, mas os seus princípios e filosofia mantêm-se inalterados – excelência no ensino de línguas com uma metodologia comunicativa e centrada no aluno. Em entrevista à Revista Business Portugal, a diretora Janet Sinclair fala-nos sobre a dinâmica e o futuro da escola de línguas.
Uma referência no ensino de língUas em braga
A International House Braga é uma escola de referência na
cidade de Braga desde 1985, e membro da International
House World Organisation (IHWO), uma rede de mais de 160
escolas em mais de 52 países, reconhecida mundialmente
pela alta qualidade no ensino de línguas e pioneira na
formação de professores. O conceito pedagógico é baseado
numa metodologia comunicativa e numa dinâmica de aulas
para incentivar os alunos a participar e desenvolver as suas
competências comunicativas de cada aluno. “Destacamo-
nos pela alta qualidade no ensino de línguas, centrado nas
necessidades linguísticas dos nossos alunos. Procuramos
ajudar os nossos alunos a enfrentar desafios e alcançar
os objetivos pessoais, académicos e profissionais”, revela
Janet Sinclair, sublinhando que, para além do inglês, a
escola leciona também alemão e francês. Simultaneamente,
prepara os alunos para os exames de Cambridge English.
A International House Braga é, desde 2011, um Centro
Autorizado de Exames de Cambridge. Esta acreditação
permite organizar a realização destes exames, quer para os
alunos externos, quer para escolas de línguas e colégios do
distrito.
A International House oferece à população em geral e às
empresas soluções de formação eficientes e adaptadas aos
seus objetivos específicos, no sentido de melhorar as suas
competências linguísticas. Para isso, os alunos são divididos
em grupos consoante o nível e faixa etária e Janet Sinclair
considera que esta divisão é “fundamental para o sucesso
na aprendizagem de qualquer língua”. Para além de aulas
em grupo, a escola de línguas disponibiliza aulas individuais,
que são procuradas maioritariamente por empresários.
“Temos cursos direcionados às empresas, em que os planos
curriculares são elaborados consoante as necessidades
linguísticas apresentadas e o ramo de atividade. A formação
pode ser dada na escola de línguas ou na própria empresa”,
esclarece a diretora da International House Braga.
Os meses de julho e de setembro também podem servir de
base para uma progressão mais rápida na aprendizagem
de uma língua, para a consolidação de conhecimentos e
desenvolvimento de competências comunicativas. A IH Braga
dispõe de cursos intensivos para crianças, jovens, adultos e
profissionais, orientados para as necessidades específicas.
A International House Braga assume-se como uma referência
na região e a verdade é que a sua taxa de sucesso supera
os 90 por cento nos exames de Cambridge English.
Janet Sinclair considera que as razões para o sucesso do
posicionamento estratégico da escola de línguas passa
pelo ensino focado no aluno, metodologias usadas, e pelos
professores altamente qualificados, bem como pela dinâmica
das aulas com enfoque na comunicação e interacção,
“ambiente acolhedor e familiar que fazemos questão de
proporcionar, ao bom relacionamento criado entre alunos
e professores, à constituição de turmas pequenas e
homogéneas, permitindo um ensino e apoio individualizados
e personalizados e à progressão clara ao longo dos níveis e
de acordo com o Quadro Comum Europeu de Referência para
as Línguas”, advoga a diretora.
Janet Sinclair entende que em 30 anos, a escola tem
se mantido fiel aos princípios e filosofia, “só integrámos
as melhores novidades pedagógicas que surgiram e
foram introduzidas novas tecnologias nas salas, como
computadores e ecrãs interativos. Na International House
Braga temos todos os recursos necessários, mas o que mais
valorizamos é o fator humano, a relação professor/aluno”,
adianta a nossa entrevistada. Com os olhos postos no futuro,
Janet Sinclair pretende dar continuidade ao bom trabalho
desenvolvido em Braga e fazer com que a International House
se assuma cada vez mais como uma referência no ensino de
línguas.
30 anos a ensinar
A International House Braga assinala o seu aniversário com
diversas iniciativas ao longo do ano letivo. A primeira, um
“Sponsored Spell” (Jogo de Palavras Solidário) teve lugar
no 1º período e foi um enorme sucesso. “Com a ajuda
dos nossos alunos, conseguimos aliar a aprendizagem à
solidariedade, tendo angariado cerca de 3 mil euros para
a CERCI Braga para ajudar na construção do Centro de
Atividades Ocupacionais”, salientou Janet Sinclair, lembrando
que no dia 14 de maio realiza-se um convívio entre antigos
alunos e professores e os vários colaboradores de todas as
escolas International House do país, e no dia 22 de maio, a
escola de línguas vai promover uma Caminhada Solidária,
com o intuito de angariar fundos a reverter para a TEM –
Associação Todos com a Esclerose Múltipla.
No início de março, teve lugar o Concurso de Bolsas de
Estudo promovido pelas escolas International House de
Braga, Porto, Viseu, Lisboa, Coimbra e Coimbra Sta Clara.
Participaram no concurso alunos dos 7ºs, 8ºs, e 9ºs anos de
30 escolas públicas dessas cidades, que tiveram de escrever
uma composição em Inglês sobre um tema surpresa. Os
dois grandes vencedores vão ter a oportunidade de poder
frequentar um Curso de Inglês de 2 semanas num Centro
International House, em Inglaterra ou na Irlanda, com tudo
pago. Um dos vencedores é de Braga.
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International House Braga | excelência empresarial - ensino
48 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
excelência empresarial - ensino | ined nevogilde
Situado na Avenida da Boavista e na Rua do Marechal Saldanha, em plena cidade do Porto, o INED Nevogilde é um colégio com largos anos de história, pautado por um grupo docente de eleição, em que as palavras de ordem são personalização e exigência.
Uma estrUtUra sólida, consolidada ao longo dos anos
Tendo iniciado atividade em 1998, com o 2.º ciclo do ensino básico, e numa perspetiva de continuidade,
rapidamente alargou a sua oferta formativa ao 3.º ciclo, no ano 2000, e ao ensino secundário, em 2003. Em
2015, abraçou um novo desafio com a abertura do 1.º ciclo, que entrou em funcionamento com os quatro
anos de escolaridade.
Maria Helena Amaral, diretora do colégio, em entrevista à Revista Business Portugal, apresenta-nos o INED
Nevogilde e faz um balanço do trabalho desenvolvido.
“Iniciamos este projeto em 1998 com 20 alunos e cerca de 15 docentes e muitas das pessoas que
começaram, continuam a trabalhar aqui. Há uma certa consistência, o que é uma mais valia para nós. Mas o
que nos define é o serviço personalizado, muito dedicado à pessoa”, começa por nos explicar Maria Helena
Amaral. Na sua perspetiva, serviço esse incompatível com um grande número de alunos.
“Se o número de alunos crescer abruptamente numa escola ou colégio, perde-se a personalização, porque
a equipa não tem tempo de se adaptar. Se se começar com um colégio pequeno e a equipa for crescendo
de forma sustentável, pode atingir-se um grau de personalização muito grande. Por outro lado, quando se
ultrapassa um milhar de alunos, a capacidade humana de identificar a cara, a pessoa e de se interligar, perde-
se. Hoje em dia, efetivamente, a mais valia do ensino é ser capaz de ter essa personalização.”
No entanto, explica que é essencial estabelecer regras aplicáveis a todos, mesmo as mais básicas, para
promover um desenvolvimento global nas várias dimensões humanas.
“Mais importante do que aquilo que se faz em termos absolutos é que todos atuem de uma forma consistente,
algo que considero fundamental e que muito prezo. É assim que se transmitem valores. As crianças
evidenciam, hoje, algumas lacunas que não eram frequentes há alguns anos, consequência de uma alteração
do paradigma familiar. Perdeu-se muito da entreajuda entre gerações, do
tempo disponível para acompanhar o quotidiano dos filhos e, por isso, a
escola assume, mais do que nunca, um papel muito relevante na formação
integral dos alunos”.
Por sua vez, Rita Duarte, docente do colégio, destaca a boa relação existente
entre docentes e alunos, crucial para a sua integração e consequente
sucesso escolar.
“O caráter personalizado do relacionamento professor-aluno está bem patente
no facto de cada vez mais os alunos encararem os professores como um foco
de apoio generalizado, muito para além da função docente, o que se revela
ser uma mais valia do colégio. Os alunos encontram nos diretores de turma,
em particular, e nos professores, em geral, o apoio necessário à resolução
de problemas diversos. Esta proximidade é perfeitamente compatível com o
necessário respeito dos alunos para com os professores e com o encarar do
docente como uma figura de autoridade. O trabalho de todos, onde se inclui
a direção, o serviço de psicologia e orientação e os funcionários, permite
promover o desenvolvimento integral da pessoa. Aqui, eles sentem-se bem,
não só com os colegas, mas também connosco”.
Para além do horário letivo, o INED Nevogilde tem tido a capacidade de
oferecer várias opções em termos de atividades extracurriculares, face aos
interesses manifestados pelos alunos.
“Proporcionamos opções diversificadas, dentro de várias áreas, e
selecionamos as que têm maior aceitação. Fazemos questão de manter
as vertentes artística, desportiva e científica. Desenvolvemos ações de
responsabilidade social, articuladas com a paróquia de Nevogilde e outras
entidades, nas quais os alunos manifestam interesse e entusiasmo em
participar”, frisa Maria Helena Amaral.
Polo II, 3.º ciclo do ensino básico e ensino secundário
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 49
ined nevogilde | excelência empresarial - ensino
A nível académico, o quotidiano dos alunos é pautado pela exigência, um fator determinante nos bons
resultados obtidos, ano após ano.
Também assume particular importância o apoio prestado aos alunos pelo serviço de psicologia e orientação,
que desenvolve a sua intervenção desde o 1.º ciclo até ao final do ensino secundário, numa perspetiva de
trabalho colaborativo com as várias estruturas do colégio. “Diferencia-se pelo desenvolvimento de uma
exploração vocacional, permitindo a cada aluno construir o seu projeto de vida futuro, tendo em conta toda a
informação inerente ao acesso ao ensino superior, a nível de novas ofertas, das bolsas que estão disponíveis,
em Portugal ou no estrangeiro”, refere Ana Cunha, do serviço de psicologia e orientação.
Como salienta Maria Helena Amaral, no INED Nevogilde há duas vertentes inseparáveis.“Juntamos o melhor
de dois mundos: somos exigentes com os nossos alunos e mantemos, com eles, um bom relacionamento,
o que se traduz numa sólida formação integral dos mesmos. A este nível, a nossa conduta manteve-se
inalterada e disso não abdicamos”, conclui.
Polo I, 1.º e 2.º ciclos do ensino básico Sala dos Professores (Polo II)
50 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
excelência empresarial | certoma
A empresa dedica-se ao comércio de equipamentos destinados à limpeza e conservação de superfícies urbanas e industriais, limpeza de praias, manutenção de espaços verdes e águas e saneamento. Com recurso a máquinas e tecnologias de última geração, a Certoma contribui para a melhoria da qualidade de vida, tendo em conta o papel que desempenha nas áreas da higiene e limpeza. Em entrevista, José Alfredo Pereira, responsável pela empresa, explica como tem sido a evolução do negócio num mercado cada vez mais global.
Há 30 anos na liderança
Inicialmente, a Certoma dedicou a sua atividade a um setor que era líder em Portugal, a agricultura. A empresa deu os primeiros passos, em
1986, com a designação de Comércio Técnico de Máquinas. Nesta época, tinha como principal área de negócio o comércio e assistência
técnica de equipamentos agrícolas. Dois anos depois, perspetivando uma crise no setor agrícola, José Alfredo Pereira explica que era
chegada a altura de se dedicar a outra área de negócio, tendo em conta a crescente preocupação com a sustentabilidade do meio ambiente
e a qualidade de vida dos cidadãos. Após algumas experiências que passaram pela área informática, o interlocutor explica que, “pensei na
limpeza, porque qualquer um precisa nem que seja de uma vassoura ou de um pano para limpar o pó. Depois, refleti sobre o que poderia ser
rentável dentro desta área. Com a tecnologia e a alteração dos métodos e dos hábitos, os pisos passaram a ser diferentes, passaram a haver
outras exigências nas empresas, em termos de higiene, e decidi dedicar-me a este setor”, remata. Foi no ramo do comércio de equipamentos
de limpeza industrial que a empresa lançou o modelo atual de negócio. Mais tarde, passa também a dedicar-se à comercialização de
equipamentos de limpeza urbana, o que possibilitou o salto qualitativo e desenvolvimento da Certoma. O entrevistado explica que atualmente,
“a nossa área de negócio é a comercialização de equipamentos de limpeza industrial e urbana, mais forte a área urbana do que a industrial,
onde temos uma quota de mercado na ordem dos 70 por cento. O nosso negócio tem uma vertente principal que é a venda de equipamentos,
em que temos associado o serviço pós-venda. Numa outra vertente, devido à sofisticação dos equipamentos que comercializamos, há clientes
que preferem contratar um serviço, do que fazer uma aquisição”, explica José Alfredo Pereira. A Certoma foi marcando a diferença em
relação à concorrência, porque optou pela excelência dos equipamentos comercializados, independentemente dos custos, Assim, a estratégia
delineada passou pela angariação “das melhores marcas a nível mundial, que não estavam presentes em Portugal, porque as empresas que
comercializam este tipo de equipamentos entendiam que o produto tinha de ser barato. Assim, resolvi atuar de forma diferente. Fui buscar as
melhores marcas, entendi que não ia vender muito, mas que iria conseguir vender provavelmente aos clientes com poder de compra que já
possuíam outros equipamentos semelhantes, valorizando o meu produto, e foi nessa base que nos conseguimos impor. Como tínhamos umas
instalações pequenas, achei que devíamos
criar um serviço de assistência técnica ao
domicílio de excelência, minimizando os
constrangimentos para o cliente”, revela
o interlocutor. Questionado sobre qual as
áreas de negócio que têm mais peso e
significado para a empresa, o responsável
da Certoma explica que “vendemos muita
mais unidades em máquinas industriais do
que em máquinas urbanas, a questão é que
as máquinas industriais dão muito menos
serviço no pós-venda e menos ganho em
termos de continuidade”.
A marca da inovação
A Certoma tem apostado na inovação
associada à tecnologia procurando dar
aos clientes soluções diferenciadoras à
medida de cada um, “mandamos construir
máquinas específicas consoante a
necessidade de determinado cliente, um
serviço personalizado”, destaca o gerente
da empresa. Detentora da representação
exclusiva em Portugal das maiores marcas
de referência internacional, a Certoma
conseguiu alcançar um grande leque de
clientes institucionais e particulares, como
autarquias, empresas municipais, empresas
de água e saneamento e indústria.
Recentemente, no sentido de aumentar a
capacidade de armazenamento dinâmico
do armazém de peças, bem como otimizar
a gestão do stock, a Certoma resolveu
instalar um novo equipamento, o armazém
automático vertical, deixando essa gestão
de estar dependente apenas do responsável
de armazém, “na secção de peças temos
uma pessoa responsável, quando essa
pessoa faltava havia alguma dificuldade
em fazer a gestão deste material. Assim,
basta a qualquer operador autorizado
pesquisar a referência desejada no programa
informático PHC, e a peça é transportada
Ana Varela Pereira, José Alfredo Pereira e João Varela Pereira Diretora financeira, gerente e diretor comercial
automaticamente até à boca de acesso
do armazém, o que nos possibilita ter
informação sobre a rotatividade dos
produtos. Este armazém permitiu-nos ainda
obter ganhos de 85 por cento de superfície
de solo, comparativamente ao nosso antigo
sistema convencional de armazenamento”,
afirma José Alfredo Pereira.
A consolidação do modelo de negócio,
tendo como base a inovação e a tecnologia,
valeram à empresa o estatuto PME Líder,
desde 2007 até aos dias de hoje, galardão
que reconhece a qualidade e a excelência
empresarial da Certoma.
A internacionalização e o futuro
Atualmente, Portugal representa o maior
mercado da Certoma, todavia o interlocutor
realça a importância de outros países,
“este ano a primeira fatura de Abril foi
relativa a uma encomenda para França”.
Reconhecendo que este processo de
internacionalização se deve sobretudo à
necessidade de alguns fornecedores em
estarem presentes em vários pontos do
globo, José Alfredo Pereira explica também
que a Certoma tem soluções que não se
encontram facilmente em outros países, “no
que diz respeito ao tratamento de esgotos,
Portugal começou mais tarde, mas foi
corrigindo aquilo que a Europa foi fazendo
de errado ao longo dos últimos anos. Com o
conhecimento que temos do nosso mercado,
fomos construindo equipamentos, alguns
deles, por exemplo, já fazem reciclagem
da água de esgoto, retiram os detritos e
depois voltam a reutilizar a mesma água”.
A aposta na internacionalização valeu à
empresa a abertura de uma filial na cidade
de Madrid, em Espanha e, no ano passado,
a expansão para o Brasil. A aposta em novos
mercados faz parte da estratégia que a
empresa quer adotar para o futuro, tendo
como objetivo principal a consolidação dos
negócios da empresa. Para tal tem sido
também fundamental o investimento feito,
através dos “vários aumentos de capital, em
detrimento da possível divisão de lucros”,
ressalva o responsável, concluindo que para
continuar na senda do sucesso a Certoma
tem de “correr pela qualidade e não pela
quantidade”.
52 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
excelência empresarial | firmo
Dedicada à produção e comércio de material escolar e de papelaria, a Firmo é uma empresa familiar que, num percurso de 65 anos, se afirmou enquanto nome de referência em Portugal e no estrangeiro.
65 anos no papel da vangUarda
A história destes heroicos 65 anos começou
em 1951, na cidade do Porto, quando três
irmãos decidiram fundar uma empresa
dedicada ao fornecimento de artigos de
papelaria. Desde a sua génese, a então
apelidada Firmino dos Santos Carvalho,
Lda. optou por se assumir em duas frentes
de negócio que perduram no ADN da atual
Firmo: a componente industrial e a vertente
de distribuição grossista.
Mas se os anos 60 se traduziram
essencialmente num período de consolidação
nacional, foi a partir da década seguinte que
dois grandes episódios se fizeram sentir
na Firmino dos Santos Carvalho, Lda. Por
um lado, a direção geral ficou a cargo da
segunda geração familiar (através de Manuel
dos Santos Carvalho), por outro, a firma
aventurou-se no universo da exportação,
nomeadamente para o Reino Unido e a
Irlanda.
O sucesso obtido ao longo das décadas
seguintes fez com que a Firmino dos Santos
Carvalho, Lda. se tornasse, entretanto,
um elemento apetecível para potenciais
acionistas. Não admira, por isso, que no
arranque dos anos 90 a empresa familiar
tenha sido adquirida na sua totalidade
por uma instituição financeira – o Banco
Finantia. Após este investimento, a empresa
mudou o seu nome para Firmo e, “passados
quatro ou cinco anos a vendeu a um grupo
de origem francesa, chamado Antalis”,
recorda o atual administrador, Rui Carvalho.
“O que despertou o apetite deste grupo foi
uma unidade de negócio que a Firmo tinha
na altura, voltada para a distribuição de papel
por grosso”, prossegue o nosso interlocutor.
“Hoje detemos uma unidade industrial e
uma de distribuição de artigos de papelaria,
mas à altura tínhamos também uma terceira
unidade de negócio, que era a distribuição
de papéis para a indústria gráfica”, explica
Rui Carvalho, antes de revelar que foi esta
dimensão a despertar o entusiasmo da
multinacional francesa que, na década de
2000, alterou o nome da Firmo para Antalis
Portugal. Mas o destino da família Santos
Carvalho e da empresa que fundou e viu
crescer voltaria a cruzar-se na década
seguinte. Isto porque, depois da venda da
sua firma à Antalis, Manuel dos Santos
Carvalho e os filhos adquiriram uma
unidade industrial de fabrico de envelopes,
a AVS, à qual deram “um importante
desenvolvimento”.
De facto, em 2010 “houve uma convergência
de interesses entre a nossa família e os
acionistas da Antalis Portugal”, lembra
Rui Carvalho. O resultado do acordo então
estabelecido foi “a separação das unidades
de negócios industriais e de distribuição de
artigos de papelaria numa nova sociedade”
que, fazendo jus à já popular marca, se
passou a chamar Firmo. “Tomámos conta
deste negócio da Firmo e houve uma
espécie de regresso às origens”, recorda o
nosso interlocutor, que representa a terceira
geração familiar.
A Antalis Portugal manteve, entretanto, o seu
rumo na distribuição de papel, “numa área
que não compete com a nossa atividade”.
Um papel de adaptação
Falar da Firmo é aludir-se a uma marca que
dispensa qualquer tipo de apresentação,
contando atualmente “com mais de dez mil
referências em stock”, onde se destacam
artigos icónicos como os cadernos de
capa preta ou azul, o caderno de estudos
e a sebenta. Mencionar a marca implica,
todavia, que se refira um invulgar estatuto
de liderança, visão, arrojo e adaptação no
universo da produção e venda de artigos de
papelaria, escritório e escolares. Afinal, a
Firmo trata-se de uma empresa que sempre
procurou “olhar para as ameaças vendo
nelas oportunidades”.
É precisamente atendendo a esse aspeto
que, perante um país afetado por uma
complicada conjuntura económico-
financeira, a empresa “saísse da sua zona de
conforto”, consolidando a sua “componente
internacional” noutros mercados. Se em
Espanha e Angola a Firmo conta com
empresas-satélite aí sediadas, a verdade
é que o leque de clientes internacionais da
Rui Carvalho Administrador
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 53
empresa | temafamosa marca estende-se também a países como Marrocos,
Reino Unido, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Cabo Verde,
Moçambique, São Tomé e Príncipe, entre outros.
Dimensão social e sustentável
Atente-se, no entanto, ao modo como uma empresa familiar
com o sucesso da Firmo assume uma importante consciência
e responsabilidade social, que a apoiar as crianças e jovens
mais carenciados, não apenas em Portugal (por intermédio
de associações como a Bagos d’Ouro), mas também em
países como Timor-Leste, através de instituições locais.
“Enquanto fornecedores de artigos de cariz escolar, tentamos
ajudar algumas instituições dentro das nossas capacidades
e limitações porque sabemos que pequenos gestos nossos
podem fazer uma diferença muito grande”, reconhece o
administrador.
Mas sustentabilidade é uma palavra que desde sempre
rimou com a atividade da empresa, composta atualmente
por 175 colaboradores. Não admira, neste âmbito, que a
Firmo tenha obtido as certificações PEFC e FSC, que atestam
“que as nossas matérias-primas provêm apenas de florestas
sustentáveis”, cimentando-se deste modo um importante
compromisso para com as necessidades do meio-ambiente.
Otimizar, a palavra de ordem
Pese embora o estatuto de liderança que a Firmo conseguiu
granjear no seu percurso de 65 anos, esta é uma empresa
que fixa o seu olhar no porvir, não se escapando a novos
desafios, como a modernização tecnológica. Atualmente
em curso está “um processo de otimização de todo o nosso
processo logístico”, que incluirá “toda uma zona de picking
automático”, permitindo “o aumento da nossa capacidade
de expedição e produtividade a nível logístico”, esclarece Rui
Carvalho.
Também digna de investimento será a capacidade industrial
da Firmo, “não no sentido de aumentar a capacidade
produtiva, mas numa lógica de melhoria contínua em termos
de qualidade e produtividade”, prossegue o porta-voz. Até
porque “o produto é um resultado dos processos e, se estes
tiverem qualidade, as probabilidades de o produto final
também a ter serão melhores”.
O futuro
Questionado sobre como gostaria de ver a Firmo num
intervalo temporal de cinco anos, o administrador aponta a
consolidação da internacionalização enquanto principal meta.
“A nossa componente de internacionalização está na ordem
dos 25 por cento e, em 2021, queremos ultrapassar os 50”,
esclarece. E já se vislumbram esforços nesse sentido, ou
não estivesse a Firmo atualmente em contacto com alguns
mercados do Médio Oriente que, nos próximos anos, poderão
vir a reforçar ainda mais o estatuto de uma marca que, num
percurso de 65 anos, soube descrever a tinta permanente a
importância do seu papel.
54 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
excelência empresarial| autoformigal
renovação, empenHo e qUalidadeA operar em Torres Vedras há 18 anos, a AutoFormigal é a história de uma
empresa que, somando dedicação, esforço, seriedade e qualidade ao seu
modus operandi, tem visto o seu estatuto consolidar-se num setor em que a
exigência é constantes. Mas, para além de tudo isso, esta é uma oficina que
serve de testemunho para o arrojo empreendedor de Luís Alves.
Afinal, foi depois de muita experiência acumulada no setor – enquanto
trabalhador por conta de outrem – que o nosso interlocutor optou por fundar
o seu próprio negócio, em 1998. “Começámos do zero mas, felizmente,
sempre tivemos trabalho e pudemos ir fazendo as coisas passo a passo”,
recorda Luís Alves. Sinal de que esta foi uma aposta ganha, em que arriscar
foi preciso: “Eu tinha um trabalho, também por conta de outrem, mas ele
precisava de alguém que o fizesse trabalho de escritório”, sublinha a esposa,
Cristina Alves, que hoje assume também as rédeas do projeto.
Um serviço multimarcas exemplar
Felizmente, “as coisas começaram a evoluir e começámos a empregar”
naquela que tem sido uma jornada “muito positiva”, esclarece. A comprovar
isso mesmo está, por exemplo, o facto de hoje a equipa da AutoFormigal
ser constituída por oito colaboradores, devidamente capacitados para o
desempenho de qualquer serviço na área da mecânica de veículos ligeiros. A
estes trabalhos acrescentam-se, por outro lado, reparações na componente
eletrónica e de ar condicionado dos automóveis. Acima de tudo, há uma
postura de honestidade que compensa: “somos uma empresa sólida e os
clientes reconhecem os nossos serviços”, afirma Luís Alves.
Capacitada para prestar serviços e reparações a todas as
marcas do ramo automóvel, a AutoFormigal teve o mérito de
sobreviver até aos períodos mais complicados da conjuntura
económico-financeira. “No início, quando se começou a falar
em crise, sentimos um recuo muito ligeiro, especialmente
nos nossos clientes da área da construção civil”, sublinha o
responsável. Felizmente, tratou-se “de um receio passageiro”
ao qual a mudança de instalações e a seriedade do serviço
conseguiram dar a volta. “Desde que nos mudámos para
estas instalações, as condições são outras”, ressalva Cristina
Alves, antes de acrescentar que o volume de clientes
“triplicou”.
A aposta no valor jovem
Um dos aspetos que – paralelamente à honestidade,
o empenho ou a qualidade – mais contribui para a
diferenciação da AutoFormigal é o modo como esta tem vindo
a acreditar no valor dos colaboradores mais jovens. “Hoje
em dia não é muito fácil encontrar pessoas especializadas”,
lamenta Cristina Alves, especialmente na componente
eletrónica. “ É por isso que queremos apostar nos jovens:
eles têm força de vontade e estão mais abertos às novas
tecnologias”, completa Luís Alves.
A importância da certificação
Paralelamente à necessidade de adaptar-se aos novos
tempos e ao valor que as novas gerações de colaboradores
poderão proporcionar, a AutoFormigal tem
vindo a reforçar também o seu estatuto
de empresa séria, responsável e exigente
através da obtenção de certificações. Assim
sendo, ao estatuto de oficina devidamente
creditada para a realização de revisões a
automóveis dentro do período de garantia,
este é um espaço em que a responsabilidade
ambiental se afirma como outras das
preocupações, havendo um cuidado extremo
na separação e acondicionamento dos
diversos resíduos que são posteriormente
recolhidos por entidades creditadas.
Não admira, neste âmbito, que as
perspetivas de futuro da AutoFormigal
pareçam rimar com as palavras
‘sustentabilidade’ e ‘esforço’. Até porque
gerir uma empresa moderna, atualizada e
genuinamente preocupada com o serviço
prestado ao cliente “é fazemos das tripas
coração”, confessa Cristina Alves. Por isso
mesmo, o futuro será a continuação destes
mesmos passos.
Luís e Cristina Alves Administradores
56 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
excelência empresarial|grupo ispt
Foi em 2014 que nasceu a ISPT Industrial Services SA, empresa do Grupo ISQ, direcionada para a Manutenção Industrial. Com uma forte visão de crescimento contínuo, pretende ser uma referência não só no mercado nacional como também no internacional e conta com António Ferreira, administrador executivo da empresa.
manUtenção indUstrial de qUalidade
Com a missão de disponibilizar soluções integradas de
Manutenção acrescentando valor para o negócio dos seus
clientes, a ISPT Industrial Services SA é fruto de uma
fusão entre duas empresas: Integridade - no domínio dos
equipamentos estáticos e NTM - na área dos equipamentos
dinâmicos.
Com a fusão, diz António Ferreira, “não só integrámos os
negócios existentes como estamos a ampliá-los”. O objetivo
fulcral desta junção foi “agregar uma série de esforços que
podiam ser ativados com esta decisão. As empresas, embora
trabalhassem ambas na manutenção industrial, tinham tipos
de clientes e mercados distintos”. Desta forma, foram criadas
sinergias de recursos e, ao mesmo tempo, de mercados,
fazendo frente aos concorrentes que na sua opinião “têm
descorado algumas competências necessárias para bem
servir os clientes”.
A ISPT tem, agora, uma equipa experiente e competente
no domínio geral da manutenção industrial, tanto em
equipamentos estáticos como dinâmicos. Para além destas
atividades, desenvolve, ainda, serviços
de manutenção em edifícios comerciais,
laboratórios, hotéis, bancos e hospitais; e já
com uma larga experiência em atividade de
consultoria, gestão, organização e execução
de manutenção, pretende tornar-se, também,
uma referência nestas áreas.
Estratégia e crescimento
Existe uma perspetiva de crescimento
sustentado, contínuo e efetivo das
competências técnicas e de execução,
aumentando, assim, o domínio de
valências, ao mesmo tempo que pretendem
aumentar a sua dimensão e estrutura.
Para o administrador “só uma empresa
financeiramente superior e com um vasto
número de valências é uma empresa
completa e preparada para negócios
maiores”.
A diferenciação recai na atenção dada ao
cliente, na qualidade, na disponibilidade e na
abrangência do serviço prestado. Atuando
em nichos de mercado, são reconhecidos
como “uma empresa competente que
procura melhorar e se foca nas necessidades
do cliente”. A estratégia e o posicionamento
competitivo adotado pela ISPT baseiam-se
em três pontos chave: a excelência operativa
que se traduz num aumento de produtividade
dos processos operativos; a parceria com
os clientes que requer maior proximidade,
lealdade e confiança; e a liderança de
produtos e serviços com inovação, qualidade
e avanço tecnológico.
A estratégia seguida tem como objetivo
Antó
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL 57
grupo ispt| excelência empresarial
redefinir o valor dos serviços para os
clientes nos respetivos mercados. Para tal, é
necessário não só modificar o que os clientes
valorizam como também a forma como são
entregues os serviços, o que implica estar
num patamar de elevada diferenciação
relativamente à concorrência, aumentando
assim o valor percecionado pelo cliente. A
verdade é que, nos dias de hoje, os clientes
se tornaram mais exigentes e possuem um
conceito de valor mais amplo, tendo em
atenção um maior número de vertentes
nos serviços que adquirem. Desta forma, a
necessidade de perceber o que cada cliente
valoriza ganha cada vez mais terreno e os
motivos que o levam à compra devem ser
descritos e “sempre que possível, aprovados
pelo próprio”.
Internacionalização
Com uma consolidação no mercado
português cada vez mais significativa pela
existência de uma considerável margem de
crescimento para os serviços de manutenção
especializados, a ISPT pretende, agora, abrir
novos caminhos no exterior do país.
De forma a alcançar o objetivo da
internacionalização, a empresa vai recorrer
à plataforma que clientes com presença
internacional facultam. Os mercados alvo
passam por Espanha, Norte de África e
Médio Oriente, em colaboração com o ISQ.
IS Maroc
Depois de alguns anos de interesse e
acompanhamento pelo mercado marroquino,
a ISPT decidiu analisar a viabilidade desse
mercado. Com uma primeira visita de cariz
comercial e mais tarde com uma visita
técnica, os resultados da prospeção efetuada
foram uma agradável surpresa. Elaborado o
plano de negócios para este novo desafio, a
empresa decidiu lançar-se neste mercado no
início do ano passado e criou a IS Maroc.
Confiante de que esta primeira aposta no
mercado internacional “será um sucesso”,
António Ferreira espera que este projeto
impulsione a empresa para uma “dimensão
verdadeiramente internacional”, condição
que considera ser indispensável para a
política que se tem vindo a implementar.
Assim, 2016 será um ano fulcral na
consolidação da atividade da IS Maroc, ao
mesmo tempo que se dará continuidade à
análise de outros mercados.
58 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
excelência empresarial| petrologis
Desde 1995 a prestar serviços às empresas petrolíferas, a Petrologis reconhece as mais-valias da evolução e do conhecimento, e procura a partir de agora que as lições do passado a preparem para os desafios do futuro. Pela voz de Nelson Gaspar, ao mesmo tempo que desvendamos o que está para trás, fomos perceber as ambições que se concretizarão daqui para a frente.
“o bom cliente constrói a boa empresa”
A experiência adquirida ao longo de mais de duas décadas ao serviço da multinacional
petrolífera SHELL, em conjugação com a extinção do setor de transportes, foram o ponto de
partida para que o atual sócio gerente fundasse a Petrologis.
“Inicialmente a empresa dedicava-se à formação e inspeção de motoristas de mercadorias
perigosas, assim como à venda e manutenção de equipamentos ligados à área da distribuição
de combustíveis”, expõe.
À medida que a empresa se ia consolidando, a visão estratégica mais natural foi a de
começar a oferecer novos serviços, fruto das exigências e necessidades deste tipo de
indústria.
Desta forma alargaram a oferta de novas valências a este tipo de indústria, começando pelas
trasfegas, quer de gás em fase líquida, quer de gasóleo e gasolinas, abastecimento/descarga
de navios. Seguidamente, iniciaram com as manutenções de parques de armazenagem
de GPL, e numa fase posterior com os ensaios aos reservatórios de GPL. Diferentes
abordagens que fê-los facilmente perceber como seria fácil crescer neste negócio desde que
preservassem sempre a qualidade dos seus recursos, humanos e materiais.
Paralelamente a esta conjugação, constataram que a capacidade de abranger diferentes
áreas arrastava sempre consigo a necessidade de aquisição de novos equipamentos. A
Petrologis teve, por isso, de adaptar a sua estrutura ao longo dos anos.
“O nosso core business sempre foi a manutenção dos reservatórios, mas com o decréscimo
deste tipo de serviços de manutenção, apostamos também na construção de novas
instalações de gás. Durante todo o percurso fomos aproveitando as oportunidades que o
mercado nos deu, e trabalhando de forma a rentabilizarmos a nossa empresa, sem que nunca
deixássemos de oferecer as mais-valias aos nossos clientes porque, no fundo, o bom cliente
constrói a boa empresa”, reforça o nosso entrevistado.
Sentindo a abertura dos mercados a outros segmentos, a mão de obra qualificada nunca fora
um fator negligenciado aqui dentro. Hoje, com 15 colaboradores, sabem que reúnem aqui um
espírito onde a perseverança, a união, e a sustentabilidade andam sempre de mãos dadas.
Sempre mais direcionada para as grandes companhias do que para o cliente particular, o
nosso interlocutor assume: “tivemos de adaptar as nossas potencialidades às necessidades
que o mercado estava a pedir. Em 2011 formamos uma outra empresa de distribuição de gás,
a Petroleixões. Somos também distribuidores concessionários da Repsol, aqui no concelho
de Matosinhos e Porto, sendo uma área complementar ao que fazemos. Nesse âmbito,
sempre fomos parceiros dos nossos clientes, trabalhando em conjunto na investigação e
desenvolvimento de protótipos e soluções para o mercado do GPL”, explica.
Ultimamente têm-se dedicado à montagem de sistemas GPL-Auto, tanto para estações de
serviço, como para enchimento de garrafas de empilhador.
Brevemente a Petrologis revela que pondera vir a trabalhar com outras empresas e, nessa
perspetiva gerará diversificados trabalhos na área de GPL-Auto e instalações de gás.
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL 59
agility | excelência empresarial - logitrans
89 anos de HistóriaA Agility em Portugal tem cerca de 89 anos de história, tendo sido fundada em 1927.
Rapidamente nos tornamos uma marca de prestígio no ramo dos transportes e logística, mantendo-nos até aos dias de hoje
reconhecidos no mercado nacional, como uma empresa referência da atividade. Em 2006 incorporamos o grupo Agility, uma
multinacional com uma network multifacetada, sendo uma das suas principais atividades a área de transitário e de logística.
O grupo Agility tem sede e é cotado na bolsa do Kuwait. Estamos representados em 120 países, mais de 500 filiais e já
passamos os 22.000 colaboradores. Faturamos USD 4.4 Biliões no último ano, e somos o maior operador logístico do médio
oriente, posicionando-nos no TOP 15 a nível mundial.
Em Portugal, afirmamo-nos como transitário generalista. Apresentamos soluções em todas as áreas de transporte e de
logística. Oferecemos serviços de Transportes Terrestre, Marítimo e Aéreo, serviços de Armazenagem, Distribuição e Operações
de Logística. Temos uma equipa especializada em Feiras, Eventos e Mudanças Internacionais. Somos uma empresa sólida,
idónea e com credibilidade no mercado, transmitindo confiança aos nossos clientes, parceiros e fornecedores, e estabilidade
aos nossos colaboradores. Temos uma classificação grau 1 no rating da D&B , sendo este um objetivo que queremos manter.
Em 2015 facturamos 55 milhões de euros e ultrapassamos os 150 colaboradores diretos.
Em Portugal assentamos a nossa estratégia em três pilares: os colaboradores, os clientes e os parceiros. A qualidade de
serviço que apresentamos, apesar de integrados numa multinacional, mantem uma lógica de prestação de serviços focalizada
nas necessidades concretas de cada cliente. Disponibilizamos ferramentas diferenciadoras, que permitem para além da
visibilidade e interatividades múltiplas, nomeadamente o track and tracing, o controlo e gestão de stocks, estatísticas,
trânsito digital de documentação, etc., como também a conetividade direta numa mesma plataforma entre clientes e os seus
fornecedores.
Temos várias operações de logística dedicada, especialização e know-how adicional em sectores mais exigentes como o
automotive e químicos.
Dispomos de um departamento sénior de Customer Service apoiado no programa global de ISCS (Integrated Supply Chain
Solutions), onde, em conjunto com os nossos clientes e potenciais, analisamos, optimizamos e rentabilizamos as suas
necessidades, fazendo um acompanhamento individualizado de todos os procedimentos para que se mantenham alinhados
com as exigências de cada cadeia de abastecimento. Participamos ativamente na busca das melhores e mais económicas
soluções para cada cliente.
Para isso, procuramos manter connosco os melhores profissionais, motivados, com formação contínua, objetivos bem claros,
definidos e divulgados, onde cada um sabe exatamente qual a sua missão, tentando ser sempre justos no reconhecimento de
todos, e dos melhores.
Somos muito rigorosos na seleção dos nossos fornecedores, de modo a garantir uma boa continuidade do nosso trabalho
e dos compromissos que assumimos com os clientes que em nós confiam. Em contrapartida temos práticas de pagamento
acima da média nesta atividade.
A partilha de informação, a apresentação de casos de estudo, a otimização de recursos, a redução de custos e o know-
how que podemos absorver de um evento como a Logitrans é sempre positivo, na medida em que escasseiam eventos
de qualidade relacionados com o tema no nosso país direcionados essencialmente para a visão do operador logístico. A
globalização, a internacionalização das empresas e serviços, as novas tecnologias e técnicas de informação e informatização
são a chave para abrir as portas a novos negócios.
É a pensar no futuro que nos encontramos numa fase de melhoria, nomeadamente de infra-estruturas. Mudamos
recentemente de instalações da sede da empresa no Porto para um novo edifício, semi-inteligente, proporcionando assim
maior bem-estar dos nossos colaboradores. O nosso já histórico armazém em Perafita será ainda este ano totalmente
remodelado e ampliado, para responder às novas solicitações
de prestação de serviços, e simultaneamente melhorarmos
as condições para os nossos atuais e leais clientes.
Desde 2012 temos registado um crescimento de resultado
líquido de dois dígitos e perspetivamos que até 2020 o
nosso crescimento seja continuado, embora de forma menos
acentuada. Daremos continuidade ao nosso objetivo de
dar maior equilíbrio ao peso orçamental de cada produto,
tornando a empresa mais homogénea. Este objetivo cujas
iniciativas iniciamos em 2012, tem vindo a ser atingido por
antecipação, sendo por isso muito animador.
Em 2010 o grupo fez uma nova aposta em Portugal criando
mais uma control tower de serviços especializados, o que tem
ajudado à criação de postos de trabalho para o país. Temos
em Portugal o departamento de ESSC (european shared
service center) que tem genericamente como finalidade
a gestão de grandes contas a nível mundial da Agility, e
serviços de suporte interno ao grupo. Esta experiência tem
tido o reconhecimento mundial. Este departamento é um
orgulho não somente para a Agility PT, mas também para a
qualidade profissional que internacionalmente é reconhecida
ao nosso país, demonstrando que o culto do “pequenino” e
“os outros são melhores”, é um fraco culto que em nós não
acolhe aderentes.
Sabemos que as adversidades de futuro continuarão, mas
tal como até hoje, a equipa profissional que mantemos, é, de
todos, o nosso maior segredo e que nos permite seguir num
trajeto de confiança, e continuar a receber merecidamente o
reconhecimento dos nossos investidores.
Artigo de Eduardo Marinho, Country Manager da Agility PT
Eduardo Marinho Country Manager
60 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
excelência empresarial - logitrans |gefco
cadeia logística de valor
Começo por lhe pedir que nos apresente a GEFCO.
A GEFCO está presente em Portugal desde 1992, oferecendo aos seus
clientes, soluções logísticas globais, inovadoras e feitas à medida. Estas
soluções estão disponíveis no mercado nacional, mas também a nível
internacional através da nossa rede integrada. São soluções que permitem
a otimização de cadeias de fornecimento e de prazos de entrega, tanto
na logística inbound como outbound. A atestar a qualidade das soluções
disponibilizadas e dos serviços prestados, a GEFCO tem as certificações ISO
9001 (sistemas de gestão de qualidade), ISO 14001 (Certificação Ambiental)
atribuídas pela Bureau Veritas e a Certificação de Operador Económico
Autorizado (AEO) atribuída pela Autoridade Tributária e Aduaneira.Já este
ano, e mais uma vez em reconhecimento da qualidade e competência dos
seus serviços, recebeu a Certificação Excelência da APAT – Associação
dos Transitários de Portugal. Entre os diversos prémios e reconhecimentos,
destaque-se, em 2015, o título de Melhor Operador Logístico, atribuído pelos
Prémios Logística & Transportes Hoje, durante a Logitrans Summit 2015.
Ao nível dos indicadores de ordem económica e financeira, refira-se que
a GEFCO atingiu um volume de negócios de 64,5 milhões de euros e um
resultado operacional de 2,3 milhões de euros em 2014. A 31 de dezembro
desse ano tinha 234 colaboradores e seis plataformas logísticas para
armazenamento e serviços de valor acrescentado (Alverca e Mangualde),
transporte terrestre (Alverca, Pombal, Porto e Mangualde), transporte
marítimo e aéreo (Alverca e Porto) e logística automóvel (Setúbal e
Mangualde).
A GEFCO chega a Portugal em 1992. Que análise faz destes 25 anos?
É muito curioso ter trabalhado para uma empresa que era fornecedora da
GEFCO há cerca de 25 anos e ter conhecido bem o primeiro diretor geral da
empresa em Portugal e agora ocupar um lugar que era o dele. Conheci bem a GEFCO no seu início no nosso
país e posso dizer que a evolução da empresa é abismal e francamente positiva nos últimos 25 anos, o que
neste mercado não é muito comum. Obviamente que agora a dimensão da empresa é outra e os desafios
têm uma muito maior magnitude, uma vez que a GEFCO precisa de se impor no mercado por e de continuar
a progredir nos seus principais vetores estratégicos de desenvolvimento por si só. Novos desafios, são
novas oportunidades e é com grande ambição para a GEFCO e satisfação que a minha equipa e eu próprio
encaramos um futuro, que necessariamente terá de apresentar soluções inovadoras para ser bem sucedido.
Como tem sido a evolução da empresa no mercado nacional?
A GEFCO inicia a sua atividade em Portugal em 1992, para dar suporte à Citroën Portugal nos transportes de
veículos das fábricas até aos concessionários nacionais, gerindo todas as suas operações a partir da sede da
Citroën em Lisboa.
Em 1993, abre a sua primeira plataforma de transporte terrestre, no Porto Alto, para gestão de distribuição de
mercadorias e em 2000, a sua primeira agência dedicada ao transporte marítimo e aéreo.
Para responder às novas tendências do mercado, a GEFCO abre, em 2005, o seu primeiro armazém dedicado
exclusivamente à armazenagem e serviços de valor acrescentado, sendo que em 2009, abre uma plataforma
MAF/MEP em Mangualde para dar suporte ao arranque da operação de abastecimento da fábrica Citroën.
Desde então, a GEFCO Portugal tem diversificado a sua carteira de clientes e de atividades quer dentro
e fora do ramo automóvel. A evolução no mercado nacional tem sido progressiva e consistente, tendo
aumentado gradualmente a sua quota de mercado e alargando a sua presença em todo o território nacional.
O balanço é assim muito positivo. Após 25 anos de atividade, a GEFCO Portugal conseguiu assegurar um forte
posicionamento e consolidar a sua posição no mercado como operador logístico de referência.
São várias as soluções que têm ao dispor dos vossos clientes, de acordo com as necessidades de
cada um. Assim, que serviços podemos encontrar na GEFCO?
Dispomos de um conjunto de soluções logísticas que estão constantemente em renovação e desenvolvimento.
A nossa ambição é ser cada vez mais uma referência na ajuda a quem nos honra com a sua preferência,
tanto no que se refere à prossecução dos seus objectivos, como na identificação das sua ‘dores’ em termos
logísticos e da sua cadeira de abastecimento, para que possamos desenvolver soluções inovadoras que se
possam transformar claramente em ganhos de produtividade e de eficácia.
Assim, graças à nossa cobertura geográfica, à nossa rede integrada e ao nosso know-how operacional e
setorial, a GEFCO propõe soluções logísticas com diversos níveis de integração na cadeia de abastecimento,
de acordo com as necessidades dos clientes.
As nossas soluções:
• INTEGRATED LOGISTIC: soluções de aprovisionamento e de distribuição geridas por um contacto único, torre
de controlo, e que assegura o desempenho de toda a cadeia de abastecimento
• CORE FREIGHT: uma gama completa de operações de transporte robustas que respondem às suas
necessidades quer regulares quer pontuais
• STRATEGIC-XPERT: soluções LLP e 4PL que garantem a gestão integral da sua cadeia de abastecimento
bem como a otimização aduaneira e fiscal
• ONE TIME SOLUTIONS: a resposta adequada aos seus pedidos pontuais e urgentes bem como a logística de
eventos
• GEO-GATEWAYS: soluções fiáveis, seguras e globais porta-a-porta
• INDUSTRY SOLUTIONS: conhecimento e experiência comprovada em todos os setores
Podemos falar num conceito ‘chave na mão’?
Com certeza, o conceito ‘chave na mão’ traduz perfeitamente o espírito GEFCO e são essas as operações mais
bem sucedidas que gerimos, com altos níveis de satisfação dos nossos clientes.
A logística eficiente é um fator fundamental ao crescimento do PIB. De que forma contribui a GEFCO
para tal em Portugal?
A GEFCO procura contribuir para o desenvolvimento de todas as geografias onde está presente. A prova está
na crescente implantação no mercado nacional, espelhado de norte a sul do país. As soluções oferecidas quer
às empresas nacionais quer internacionais operando no território português, contribuem para a boa evolução
dos negócios dos nossos clientes e, por essa via, para o desenvolvimento económico de Portugal.
O acompanhamento do crescimento da PSA em Portugal é o exemplo prático do que foi referido
anteriormente.
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL 61
gefco | excelência empresarial - logitrans
Nunca a sua cadeia logística teve tanto valor.
Enquanto industrial, o controlo da sua cadeia logística é um elemento chave para o seu
crescimento e rentabilidade. O trabalho da GEFCO consiste em conceber e implementar diariamente
soluções logísticas globais e internacionais. Para obter mais informações, consulte o nosso site:
www.gefco-business.net
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É importante também referir o trabalho de responsabilidade social da empresa. É
fundamental à GEFCO este lado solidário?
A GEFCO mantém uma clara política de responsabilidade social corporativa a nível global.
Integra o pacto Global das Nações Unidas e introduziu um acordo estrutural global em
responsabilidade social corporativa em 22 das suas filiais em 2009, e Portugal não é exceção.
O desenvolvimento sustentável é parte integrante do serviço que a GEFCO oferece aos seus
clientes e neste sentido tem desenvolvido diversas iniciativas. Uma delas passa pela definição
de padrões ambientais aplicados em todas as suas plataformas e programas de formação
para todos os colaboradores bem como par os condutores. A GEFCO possuiu um Sistema
de Gestão de transportes por módulos que permite monitorizar as emissões de CO2 e a
maioria dos seus camiões integra a categoria mais elevada. As nossas políticas ambientais
são auditadas por entidades externas, como o atestam as certificações que nessa matéria
a GEFCO tem alcançado. Para a gestão de fluxos de embalagens industriais, a GEFCO
desenvolveu uma solução ecológica e ‘lean’ para otimizar o aprovisionamento das fábricas.
A GEFCO propõe assim há mais de 15 anos, um conjunto de embalagens industriais que
são mantidas em perfeitas condições para várias utilizações graças aos nossos centros
de lavagens. Em termos de apoio a IPSS, a GEFCO mantém uma grande proximidade com
instituições nas suas zonas de atuação. Em Portugal, essa realidade tem-se traduzido no
apoio a instituições tais como a Casa do Gaiato, o Banco Alimentar, o Instituto Sorriso e
a Comunidade Vida e Paz, entre outros, ou, numa outra vertente, no apoio a atletas que
disputam provas de superação como os paralímpicos.
Neste trabalho específico falamos da Logistrans. Quais as vossas expectativas para a
feira?
O Logitrans é sem dúvida um evento com grande repercussão para o setor da logística e
dos transportes, e as expectativas são sempre muito grandes. Com eventos deste cariz, o
debate e a partilha de temas emergentes é facilitado e a temática deste ano “Eficiência dos
processos logísticos“ promete ser muito interessante.
O mercado está em constante mudança e isso exige uma adaptação permanente, sendo
necessário que as empresas estejam atentas às tendências e inovações.
Por onde passa o futuro da GEFCO em Portugal?
O futuro da GEFCO passa necessariamente por conseguir uma cada vez maior consolidação
da presença da GEFCO Portugal tanto no mercado nacional como nos transportes
internacionais, reforçando a sua quota de mercado globalmente e através de cada uma das
nossas áreas de atividade. Relativamente ao mercado automóvel, pretende-se potenciar num
futuro próximo, o desenvolvimento de serviços mais inovadores que supram as necessidades
existentes, embora ainda não totalmente identificadas pelo mercado. Acredito que as
maiores oportunidades se encontram no que chamamos o nosso “não mercado”, com o
desenvolvimento de novos modelos de negócio, que tragam vantagens claras para os nossos
clientes. Estaremos no entanto sempre atentos a todas as oportunidades que possam surgir,
para o desenvolvimento da pegada da GEFCO, quer nacional quer internacionalmente. Por
outro lado, a estratégia da GEFCO continuará a ser também a oferta de serviços adaptados a
cada um dos seus clientes, primando sempre pela qualidade. Este pensamento, juntamente
com a ideia de que o futuro da logística passa por superar desafios e conhecer as tendências,
tem permitido que a marca se distinga ano após ano. A escuta ativa e atenção ao cliente,
conjugados com a inovação e polivalência, continuarão a ser os fatores-chave que permitirão
dar resposta às novas exigências e necessidades do mercado.
62 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
excelência empresarial - logitrans |linde
A Linde Material Handling lançará dois novos modelos dentro da sua inovadora série de equipamentos robotizados Linde-MATIC: o porta-paletes Linde T-MATIC e o stacker contrapesado Linde L-MATIC AC, que complementarão a gama atualmente disponível. Além disso, 12 novos empilhadores diesel e GPL com capacidade de carga de 5.000 a 8.000 kg, completarão a gama EVO. Neles combina-se maior eficiência, segurança e ergonomia, assim como um inovador sistema de pós-tratamento de gases de escape, que implica uma importante poupança de combustível, enquanto protege o meio ambiente.
linde sempre na vangUarda
Os novos equipamentos
O porta-paletes Linde T-MATIC dispõe de garfos de grande comprimento para transportar
duas paletes ao mesmo tempo e uma capacidade de carga de três toneladas. Por seu lado,
o stacker contrapesado Linde L-MATIC AC permite o transporte de contentores de carga
fechados e está desenhado para a recolha de cargas em estações de recolha e entrega que
não estão acessíveis com os braços de carga. Igualmente, pode suportar cargas de até 1,2
toneladas. Estes dois novos modelos robotizados, que se somam aos dois lançados no ano
passado (o stacker Linde L-MATIC e o trator Linde P-MATIC) têm como base os equipamentos
standard da Linde e cobrem uma ampla gama de tarefas no armazém.
A logística do futuro estará interligada digitalmente e cada vez mais automatizada. Os
equipamentos da série MATIC podem circular de forma autónoma pelo armazém sem nenhum
tipo de infraestrutura adicional. Além disso, podem detetar obstáculos em tempo real, e
por outro lado, podem modificar-se e ajustar-se de forma flexível às novas disposições do
armazém. Com eles as rotas e acessos da área traçada num mapa podem modificar-se de
forma fácil e rápida. Estes veículos realizam as suas tarefas independentemente das horas de
trabalho e proporcionam máxima segurança no tráfego.
Em combinação com módulos LAN sem fios (denominados COMBOXes), o software de
supervisão destes equipamentos garante a conexão com os diferentes elementos existentes,
como transportadores de rolos, cintas transportadoras, máquinas retráteis e portas
automáticas. Por último, recebe ordens de sistemas corporativos ERP ou de gestão de
armazém (WMS) e transforma-as em ordens de transporte.
Linde H50-H80 EVO
A Linde Material Handling incorpora 12 novos modelos à sua gama EVO: os empilhadores
diesel e GPL H50-H80, com capacidades de carga de 5.000 a 8.000 kg, que respondem
às necessidades operacionais dos clientes procedentes principalmente das indústrias de
bebidas, de materiais de construção e do papel, assim como do setor da fundição.
A mais avançada tecnologia de motores e o novo controlador eletrónico adicional para o
sistema hidráulico de tração garantem um consumo de combustível altamente eficiente.
Graças à ampla gama de relações de transmissão das bombas e motores de caudal variável
da transmissão hidrostática Linde, obtém-se o máximo rendimento do motor. A possibilidade
de escolher entre três diferentes modos de condução –Economy, Efficiency e Performance–
gera um potencial adicional de poupança. Estes modos podem ser pré-selecionados,
permitindo assim adaptar o rendimento ou as prestações do equipamento às necessidades
individuais de cada cliente. Um sistema hidrostático ainda mais preciso e uma dinâmica de
condução configurável traduzem-se numa redução do consumo de combustível de até 20
por cento, relativamente às versões anteriores da Linde, com as mesmas capacidades. Este
avanço é económico: partindo de 5.000 horas de funcionamento de acordo com o ciclo VDI e
supondo um preço de 1 euro por litro de diesel, a poupança alcança os 4.500 euros.
Máxima flexibilidade
O seu negócio é mutável e flexível... Tal como Rental Solutions, o Serviço de Aluguer de Empilhadores por dias, semanas ou meses, que se adapta às operações da sua empresa. Para esses picos de trabalho ou nas suas campanhas conte com a resposta mais eficaz do mercado.
Rental Solutions: a solução para a logística da sua empresa.
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Linde Material Handling Ibérica, S.A.Lisboa - Porto - Barcelona - Madrid - Sevilla - Valencia | www.linde-mh.pt | [email protected]
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL 63
ORTHOS XXI |excelência empresarial
Com 30 anos de existência, a ORTHOS XXI fabrica um amplo portfolio de produtos ortopédicos e hospitalares. Tendo iniciado a sua atividade na Maia, como Ortomaia, a ORTHOS XXI encontra-se desde há anos sediada em Santa Leocádia de Briteiros, Guimarães e é atualmente dinamizada por António Ribeiro, diretor geral e um dos oito sócios.
prodUtos de excelência e inovação permanente
Desde os seus inícios que o ‘DNA’ de fabricação de produtos para pessoas com mobilidade
reduzida e/ou portadoras de deficiência marcou a pauta desta empresa que tem vindo,
ao longo dos anos, a alargar e aprofundar o leque de produtos que fabrica, antecipando
e acompanhando as necessidades dos seus clientes. Assim, após a primeira década, o
crescimento tornou-se inevitável e a mudança de espaço também. A partir de 1996 a
empresa constituíu-se na terra natal dos fundadores, em Santa Leocádia de Briteiros,
contando atualmente com dois pavilhões fabris, nessa localidade e no Avepark.
Para além dos produtos de fabrico próprio (cadeiras manuais e elétricas, canadianas e
demais ajudas de marcha, dispositivos de reabilitação, gruas e arneses, camas hospitalares e
geriátricas e outro equipamento hospitalar...), a ORTHOS XXI complementa a sua oferta com
produtos de reputadas empresas nacionais e internacionais, oferecendo nove catálogos nos
setores médico e de reabilitação: Mobilidade; Banho; Pediatria; Geriatria; Bariatria; Hospital;
Transferência; Anti-escaras e Conforto; Posicionamento e Compressão. A personalização dos
produtos, de acordo com as necessidades mais específicas dos seus utilizadores é também
uma característica distintiva da ORTHOS XXI.
Os produtos da ORTHOS XXI, alguns dos quais estão certificados, classificam-se
essencialmente como dispositivos médicos de classe 1 e são fabricados no estrito
cumprimento das normativas Europeias relevantes e registados no INFARMED, a autoridade
reguladora portuguesa. A empresa é também Certificada nas normas de Qualidade
Internacionais.
A vitalidade e cunho inovador da ORTHOS XXI demonstram-se em vários projetos
desenvolvidos pela empresa, nomeadamente em parcerias com instituos internacionais de
desenvolvimento e com universidades. Um dos mais recentes destes projetos desenvolvido
em parceria com a Universidade do Minho, contribui para o desenvolvimento de um andarilho
dinâmico que ajuda de forma interativa a capacidade de marcha, podendo assim contribuir
significativamente para a rápida evolução motriz de um paciente lesionado com AVC ou outra
doença incapacitante da marcha.
Uma equipa forte e motivada, suportada em pilares de flexibilidade produtiva, de consolidação
dos processos e de constante desenvolvimento e inovação de produtos, tornaram-se pontos
fulcrais para a ORTHOS XXI e permitiram alavancar um crescimento sustentado da empresa
que não se cinje ao mercado nacional e está presente em quase 30 países de quatro
continentes.
“Aquilo que nos diferencia”, explica António Ribeiro, “é a nossa capacidade de inovação
aplicada não só ao produto mas também aos processos e à nossa presença no mercado. Este
trabalho implica a boa gestão dos recursos humanos e produtivos, com o enfoque de servir os
clientes da melhor forma”.
Para além de querer conquistar novos mercados, o futuro passa, também, por “continuar a
alargar a gama de produtos e a dinâmica implementada na empresa, subir na escala de valor
e dar mais notoriedade à marca”, termina António Ribeiro.
O galardão PME Excelência de 2015 é, para António Ribeiro, um reconhecimento e motivo
de orgulho, não sendo porém um fim em si mesmo: é uma “consequência” do que move e
motiva a equipa no trabalho diário, a vontade de ter produtos mais completos e uma presença
mais ampla no mercado, de modo a contribuir para a melhoria da qualidade de vida de quem
deles necessita e os usa. Este galardão constitui uma responsabilidade acrescida de manter o
profissionalismo e fazer mais e melhor.
ORTHOS XXI (www.orthosxxi.com, antiga Ortomaia) é uma empresa fabricante e distribuidora de material ortopédico e dispositivos médicos e hospitalares localizada em Guimarães, Portugal, com 30 anos de experiência. Para além de um alargado leque de produtos de fabrico próprio (cadeiras manuais e eléctricas, canadianas e demais ajudas de marcha, dispositivos de reabilitação, gruas e arneses, camas hospitalares e geriátricas e outro equipa-mento hospitalar...), a ORTHOS XXI complementa o seu portfolio com produ-tos de reputadas empresas nacionais e internacionais, oferecendo 9 catálo-gos nos sectores médico e de reabilitação:
1. Mobilidade 2. Banho 3. Pediatria 4. Geriatria 5. Bariatria 6. Hospital 7. Transferência 8. Anti-escaras e conforto 9. Posicionamento e Compressão
Na procura incessante de responder às necessidades específicas dos utiliza-dores finais, frequentemente desenvolvemos produtos novos e customizados nas várias gamas, alargando e renovando assim a nossa oferta.
A ORTHOS XXI fabrica Dispositivos Médicos de Classe 1, ostentando a Certificação CE, de acordo com as directivas europeias, nomeadamente a 93/42/CEE. Orthos XXI é também certificada nos standards ISO 9001:2008.
A qualidade dos produtos da ORTHOS XXI, a inovação tecnológica no proces-so de fabrico, a Certificação de Produto e a sua personalização, bem assim como uma estreita relação com os seus clientes constituem alguns dos fatores diferenciadores da empresa, tal como podemos comprovar nos melhores hospitais, clínicas e lares, tanto no sector privado como no público, tanto em Portugal como noutros mercados Europeus e além-Europa.
Dispomos de uma amplo número de revendedores a nível nacional e, em Portugal, facultamos demonstrações com as soluções técnicas mais adequa-das para a sua Instituição sem qualquer encargo nem compromisso! Contacte-nos!
Solicite uma demonstração técnicagratuita!
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Standing Frame Supino ElétricoAjustes modulares independentesElectric Supine Standing Frame
Caribe AdvanceCadeira de posicionamento modular c/ tilt/ reclinaçãoTitl&Recline positioning wheelchair
Domus IIIProteção de escaras DinâmicoDynamic/ static bedsore prevention
Orthos XXI, unipessoal, Lda.Rua Santa Leocádia4809-012 Sta. Leocádia de BriteirosGuimarães - PortugalTel. + 351 253 470 270/1/2/3/4Fax + 351 253 470 278www.orthosxxi.com [email protected]
ORTHOS XXI (www.orthosxxi.com, antiga Ortomaia) é uma empresa fabricante e distribuidora de material ortopédico e dispositivos médicos e hospitalares localizada em Guimarães, Portugal, com 30 anos de experiência. Para além de um alargado leque de produtos de fabrico próprio (cadeiras manuais e eléctricas, canadianas e demais ajudas de marcha, dispositivos de reabilitação, gruas e arneses, camas hospitalares e geriátricas e outro equipa-mento hospitalar...), a ORTHOS XXI complementa o seu portfolio com produ-tos de reputadas empresas nacionais e internacionais, oferecendo 9 catálo-gos nos sectores médico e de reabilitação:
1. Mobilidade 2. Banho 3. Pediatria 4. Geriatria 5. Bariatria 6. Hospital 7. Transferência 8. Anti-escaras e conforto 9. Posicionamento e Compressão
Na procura incessante de responder às necessidades específicas dos utiliza-dores finais, frequentemente desenvolvemos produtos novos e customizados nas várias gamas, alargando e renovando assim a nossa oferta.
A ORTHOS XXI fabrica Dispositivos Médicos de Classe 1, ostentando a Certificação CE, de acordo com as directivas europeias, nomeadamente a 93/42/CEE. Orthos XXI é também certificada nos standards ISO 9001:2008.
A qualidade dos produtos da ORTHOS XXI, a inovação tecnológica no proces-so de fabrico, a Certificação de Produto e a sua personalização, bem assim como uma estreita relação com os seus clientes constituem alguns dos fatores diferenciadores da empresa, tal como podemos comprovar nos melhores hospitais, clínicas e lares, tanto no sector privado como no público, tanto em Portugal como noutros mercados Europeus e além-Europa.
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64 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS
Dividida numa miríade de serviços e categorias – capaz de ir da organização de seminários, congressos ou workshops às inaugurações, ações de team-building, lançamento de produtos ou aniversários e outro tipo de festas –, a organização de eventos é uma área que se tem vindo a afirmar enquanto componente indissociável quer do tecido empresarial português, quer da nossa vida em particular.Acima de tudo, importa referir que este é um setor de características muito próprias, no qual a preocupação perante a especificidade de cada cliente se assume como um fator ainda mais premente num mercado que se tem vindo a distinguir pelas persistentes mutações. Assim, e obedecendo a uma política que tem vindo a enfatizar a qualidade, por oposição à mera quantidade, torna-se imperativo que, a cada evento realizado, a imagem da entidade promotora consiga sair reforçada e prestigiada. Não admira, posto isto, que a organização de eventos se tenha vindo a consolidar enquanto uma arte e setor onde a estratégia, a inovação e a adaptação se afirmam como peças fulcrais, pois só através destes elementos se alcançará a máxima rentabilização possível perante os constrangimentos orçamentais. A responsabilidade, a expectativa e a valorização do evento têm, de resto, vindo a crescer ao mesmo ritmo com que os empresários têm encontrado nestas especiais ações uma fonte de investimento ou dinamismo.Associada a uma empresa centrada na organização de eventos poderá estar uma série de outros serviços ou entidades, através dos quais se garante o sucesso do acontecimento. Entre esses mesmos elementos poderemos destacar, a título de exemplo, os serviços de captação de vídeo, som e imagem, mas também o catering, a limpeza ou a decoração. Estando este longe de ser um mercado estático, não admira que seja também heterogéneo o público-alvo de qualquer empresa a operar no setor.Numa conjuntura em que a organização de eventos é planeada até ao ínfimo pormenor, atendendo nomeadamente às já mencionadas limitações financeiras, aspetos como a personalização da oferta, o acompanhamento constante e o desenvolvimento de novas ideias são hoje um must para o sucesso de qualquer empresa centrada na organização de eventos. Depois existe, ainda, o fator da qualidade. Estes são alguns dos principais aspetos que se discutem nas próximas páginas.
FERREIRA DE SÁ - 70 ANOS
Foi no passado dia 25 de abril que a Ferreira de Sá celebrou com pompa e circunstância o seu 70º aniversário. Especialista na produção de carpetes personalizadas e à medida dos seus
clientes, esta empresa de Silvalde, em Espinho, é a mais antiga empresa nacional na produção de tapeçarias tradicionais. ‘Custom-made luxury rugs’ aliando tecnologias avançadas de fabrico
aos processos artesanais. Foi num ambiente de festa, mas igualmente de emoção e celebração, que a Ferreira de Sá juntou todos os seus clientes, parceiros, fornecedores e colaboradores
para uma celebração única, os seus 70 anos de existência. O evento teve lugar no FACE, Fórum de Arte e Cultura de Espinho.
66 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
organização de eventos | francisco vieira catering
Com sede em Vila Nova de Gaia, a Francisco Vieira Catering promete enriquecer os seus eventos através de um menu personalizado ao sabor da ocasião, sem esquecer o fator qualidade.
catering ao serviço da qUalidade e inovação
Francisco Vieira Administrador
No evento da Ferreira de Sá
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 67
francisco vieira catering | organização de eventos“O projeto foi iniciado pelo meu pai – Francisco Vieira –, que foi chefe de cozinha, tendo
representado diversas vezes a cozinha nortenha no estrangeiro”, introduz Francisco Vieira
(filho). Esse mesmo começo deu-se “há sensivelmente 30 anos”, tendo o nosso interlocutor
assumido as rédeas da empresa em 2010, depois de uma infância e juventude durante
a qual confirmou a paixão pelo catering enquanto “ia conhecendo pessoas diferentes em
ambientes distintos”.
“Felizmente, tenho tido alguma sorte e estou a conseguir diversificar aquilo que o meu
pai iniciou”, prossegue o empresário. Até porque “nos últimos três anos temos sentido
que existe um crescimento”, sendo que, “as pessoas atualmente estão mais otimistas e já
começam a reservar eventos com maior antecedência”.
Apostando num serviço que prima por valores como a excelência, a personalização e/ou a
adaptação a novos contextos, o principal foco de ação da Francisco Vieira Catering são os
casamentos. Ainda assim, os seus serviços podem ser solicitados também para eventos
empresariais, coffee breaks ou lançamentos de produtos, por exemplo. Independentemente
da tipologia do evento, há um conjunto de garantias que a Francisco Vieira Catering se
compromete a proporcionar. “A nível de matéria-prima, procuramos manter a qualidade
acima de todos os outros fatores”, explica o nosso interlocutor.
Uma das especialidades da empresa é “a cozinha nortenha”, descrita como “tradicional”,
não descurando uma apresentação cuidada e cada vez mais contemporânea. A
adaptação é outra palavra-chave, na medida em que tem capacidade de adequar o
serviço às condicionantes específicas de cada local. “Para todos os eventos, efetuamos
antecipadamente reuniões em que procuramos compreender qual o tema e como
o apresentar”, aponta Francisco Vieira. Além disso, distingue-se ainda pelo fator
personalização. “Apesar de alguns concorrentes apresentarem pacotes predefinidos, o
nosso menu é sempre personalizado”, de modo a “refletir o perfil do cliente”. “Sem dúvida
que torna a organização mais complexa, mas permite obter resultados distintos”. Até porque
cada situação exige um sabor único.
68 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
organização de eventos | quinta da fontoura
A Quinta da Fontoura é uma quinta secular, com origem no tempo da Guerra Civil Portuguesa, situada no lugar de Beduído, na freguesia de Alquerubim, concelho de Albergaria-a-Velha. Outrora uma quinta agrícola, foi alvo de uma recuperação cuidada, resultando numa unidade de turismo em espaço rural que também acolhe eventos, na sua maioria casamentos. Alberto Lemos, médico cirurgião, é o atual proprietário de um espaço que atravessou gerações e já vai na quinta, mantendo, tanto quanto possível, a sua traça original.
três sécUlos de História, cinco gerações e amesma traça e dedicação
Na Quinta da Fontoura há uma porta que
dá acesso à casa e nela existem dois
buraquinhos. É uma porta do século XIX,
com a mesma idade da quinta que, à época,
pertencia ao trisavô do atual proprietário.
Portugal estava em plena Guerra Civil,
também conhecida como Guerra Miguelista.
“O meu trisavô estava à espera de ser preso
pelos miguelistas, por essa razão tinha um
buraquinho na porta. E o meu bisavô também
quis um buraquinho na porta para poder
espreitar”, conta Alberto Lemos.
Aquela porta constitui assim uma das provas
mais remotas das origens da Quinta da
Fontoura, que foi resistindo ao tempo e às
gerações.
Quando Alberto Lemos herdou a quinta, de
seu pai, esta do ponto de vista agrícola, não
era rentável, pelo que resolveu transformar
a horta num jardim, criar um lago e piscina
biológica com 700m2 de espelho de água
no meio dos jardins, preservar a mata e a
grande diversidade de árvores seculares que
aí existem, bem como uma nascente de água
pura, a água de S. Brás, e recuperar a casa
da quinta.
A ideia de tornar aquele espaço numa
quinta para eventos não surgiu da vontade
ou necessidade de ganhar dinheiro. Alberto
Lemos, médico cirurgião de profissão,
passava pouco tempo na quinta. A opção
de “abrir a casa a outras pessoas” nasceu
assim de uma vontade de que a casa e o
espaço envolvente pudessem ser “vividos”
mais tempo, embora, por razões óbvias, a
Quinta da Fontoura tenha seguido um trajeto
de empresa.
Como empresa, a Quinta da Fontoura existe
assim há dez anos, tendo começado a operar
há sete. Começou como quinta de eventos,
entre os quais casamentos, batizados,
comunhões, reuniões de trabalho, embora o
primeiro tivesse sido para turismo em espaço
rural, que não ficou esquecido, até porque
mais tarde acabou por se concretizar, mas
era mais dispendioso para uma primeira
aposta.
Há três anos, a Quinta da Fontoura
converteu-se então, para além de um espaço
para realização de eventos, numa unidade
de turismo em espaço rural. Até porque são
duas atividades que se complementam.
No que concerne à organização de eventos, o
forte da Quinta da Fontoura são, sem dúvida,
os casamentos. A quinta é hoje um espaço
idílico, com uma decoração fortemente
conotada com a região e com a história da
família, que, mesmo depois de recuperado,
manteve a sua traça original. É isso que atrai
muitos clientes e visitantes, boa parte deles
estrangeiros.
Aos noivos, a Quinta da Fontoura oferece,
preferencialmente, o pacote completo, com
serviço de catering, decoração personalizada,
muito ao estilo rústico, lá está, sem descurar
as suas origens.
O Jardim da Senhora, a piscina biológica
e a mata são os espaços exteriores mais
emblemáticos. A pedido de um casal, em
2015 realizou-se o primeiro casamento na
mata.
Desde então, têm sido muitos os pedidos
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 69
quinta da fontoura | organização de eventos
para realizar a cerimónia naquela que
foi entretanto apelidada de “catedral da
natureza”, um local verdadeiramente mágico
e encantador. “Agora, 70 por cento das
cerimónias são realizados na mata e apenas
30 nos jardins”, refere.
Depois existem outros espaços para
refeições. A tenda, com capacidade para
250 pessoas, e um espaço exterior, coberto.
Esta zona é dotada de uma cozinha industrial
própria.
A casa, a funcionar agora como unidade de
turismo em espaço rural, tem capacidade
para 12 hóspedes e possui uma “suite”
nupcial, o chamado ‘cabanal’, onde
em tempos se guardavam a palha e as
batatas. Na casa existe ainda um pátio e
uma eira, e é na antiga manjedoura que
se tomam os pequenos almoços e outras
refeições. Na cozinha, ainda se podem
confecionar refeições no fogão e forno a
lenha. Os jardins, piscina e mata de uma
dimensão invulgar (3ha), proporcionam uma
oportunidade de isolamento e descanso
absolutos.
Embora o negócio dos casamentos (como
tantos outros) tenha registado uma quebra
entre 2012 e 2013, há sinais de uma
retoma. “Pela primeira vez este ano temos
casamentos marcados a dois anos, ou
seja, para 2018, e nunca tivemos tantos
casamentos marcados para o ano seguinte
[2017] nesta época do ano”, afirma Alberto
Lemos.
Os casamentos são também eventos com
grande flutuação sazonal, pois decorrem
sobretudo entre maio e outubro. O turismo
rural está a ajudar a combater essa
sazonalidade. Alberto Lemos refere que
“os nossos clientes para o turismo rural
eram quase todos estrangeiros e por isso
reforçavam essa sazonalidade. Contudo,
este ano a Quinta da Fontoura reforçou
a sua presença na web, em sites como o
‘booking’ou o ‘airbnb’, e já houve retorno
em termos de reservas, com clientes
portugueses a aderirem mais no inverno”.
Os encontros empresariais, que registaram
uma grande quebra a partir de 2012,
também voltam a estar em voga, sendo
crescentes as consultas deste tipo de
clientes.
A Quinta da Fontoura é, por tudo isto, já uma
referência no que toca à organização de
eventos, sobretudo casamentos, e ao turismo
em espaço rural e procura retomar o seu
lugar no que respeita a eventos empresariais.
O facto de já existir antes de ter sido criada
para o efeito, mantendo-se, tanto quanto
possível, fiel ao original, faz da quinta um
espaço único.
“Temos uma relação ótima com todos os
nossos clientes. Temos alguns noivos que se
casaram na quinta e depois vieram batizar
aqui os filhos, outros que vêm passar o
aniversário do casamento aqui. Em relação
aos hóspedes mantemos com muitos troca
de correspondência após a estadia, alguns
já voltaram segunda vez e outros indicaram
a nossa quinta a amigos nos seus países.
É uma relação que se torna especial e isso
tem também permitido dar outra dimensão
económica à empresa”, conclui Alberto
Lemos.
70 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
organização de eventos | quinta da torre de bera
Inserida numa propriedade do século XIX, a Quinta da Torre de Bera proporciona-lhe momentos inesquecíveis e reúne um conjunto de características que fazem dela um espaço fascinante. A Quinta da Torre de Bera é o espaço ideal para o seu evento. Perceba porquê.
cenários perfeitos em eventos de sonHo
Ana Bento é a responsável pela Quinta da Torre de Bera desde o primeiro
minuto. Este projecto, sediado em Coimbra, começou a ser pensado em
2004. Entre obras e licenças, o espaço abriu as portas no início do ano de
2008, depois de cerca de 12 meses em período de obras. “Os terrenos que
hoje albergam a Quinta da Torre de Bera foram, desde sempre, utilizados
para cultivo e pasto. Com o passar dos anos, começaram a ficar ao
abandono e é nessa altura que surge a ideia de criar um espaço destinado
a eventos, até porque era uma pena uma área tão grande como esta ficar
no esquecimento”, começa por nos contar Ana Bento. A ideia inicial era criar um espaço para eventos
empresariais e com capacidade acima das 300 pessoas. Havia, na altura, uma falta de espaços com essas
características na zona de Coimbra. Daí, a Quinta da Torre de Bera ter apostado desde logo no sistema de som
e televisores para facilitar apresentações em congressos.
A casa de habitação continua a existir, trazendo uma elegância e graciosidade acrescidas ao espaço.
Questionada sobre a escolha do nome, Ana Bento explica à Revista Business Portugal que o mesmo advém
da aldeia onde o espaço se encontra. “Quisemos que as pessoas associassem de imediato o espaço ao local,
daí termos optado por dar à quinta o nome da aldeia que a alberga”. Além disso, a Torre de Bera é também
conhecida pela sua tranquilidade e beleza inimagináveis, “daí que a associação do nome passe também por
essas duas características”.
Espaço único
À chegada somos, desde logo, absorvidos pela beleza inigualável do jardim. Graças a uma mistura de
cores e aromas provenientes das várias espécies ali presentes, o jardim revela-se perfeito para uma sessão
fotográfica ou apenas para apreciar a tranquilidade do local. “O jardim está repleto de ervas aromáticas e cria
um ambiente singular de cores e perfumes. É uma área que nos merece muita atenção e pela qual temos um
gosto especial”, frisa a nossa interlocutora.
O espaço concilia de forma única o estilo moderno com o estilo rústico. Com detalhes únicos, a Quinta da
Torre de Bera tem uma sala ampla, com capacidade para 500 pessoas, e bastante iluminada pela luz natural.
O seu jardim proporciona um ambiente único de cores e perfumes graças às ervas aromáticas e a varanda
permite-lhe apreciar as fabulosas paisagens circundantes.
“A sala tem detalhes únicos: é muito ampla, bastante iluminada e temos ainda uma varanda com cerca de
200 m2, que proporciona a quem nos visita uma vista fabulosa sobre a paisagem circundante de uma beleza
ímpar”, conta-nos Ana Bento.
A Quinta da Torre de Bera está preparada para receber qualquer tipo de evento, independentemente do
número de participantes. “Como temos capacidade para 500 pessoas, conseguimos sempre adaptar o espaço
ao número de convidados. Conseguimo-lo através da disposição das mesas, dos elementos decorativos
utilizados, entre outros. A questão do espaço ser grande não é condicionador ao número de participantes,
conseguimos sempre adaptar a sala”, explica Ana Bento.
Quer seja um evento social ou profissional, a Quinta da Torre de Bera organiza todo o seu evento, sempre
com vários fatores em conta de maneira que seja totalmente ao seu gosto. Para tal, Ana Bento e a sua equipa
contam com o apoio de várias empresas suas parceiras, nomeadamente nas áreas de catering e decoração,
de modo a que cada serviço seja o que melhor corresponde à sua personalidade. “Aqui, é tudo pensado
de acordo com o que o cliente idealizou. Temos como missão tornar os sonhos realidade, e é isso que
fazemos a cada evento que organizamos. Embora sem exclusividade, atualmente estamos a trabalhar mais
frequentemente com ‘Morais Eventos’ e ‘D. João Catering’, empresas de Coimbra com um serviço fantástico” .
Ana
Bent
o
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 71
quinta vale estevão | organização de eventos
Situada na bela cidade de Anadia, no distrito de Aveiro e perto do rio Cértima, a Quinta Vale Estevão é o espaço ideal para a realização de diversos eventos, como casamentos, festas e reuniões. Carlos Santos, inserido na área de organização de eventos há mais de 30 anos, assegura toda a gestão do espaço em sintonia com a Caterfesta, empresa especializada na área do catering.
espaço acolHedor para Um dia especial
Espaço diferenciador
Com uma arquitetura tradicional da zona da Bairrada, a Quinta Vale do Estevão, com
uma história com mais de 300 anos, constituída por amplos espaços verdes e recantos
acolhedores, a arquitetura original do edifício manteve-se e é este um dos principais fatores
que tornam este lugar único, perfeito para a comemoração de um dia especial aliando a
gastronomia da região, à qualidade de serviço .
Manter o espaço cuidado é uma das grandes preocupações de Carlos Santos, como o próprio
nos começa por explicar.
“A manutenção de um espaço como este não é fácil, requer muitos custos e temos que estar
em constante investimento. A dimensão que temos obriga a ter manutenção quase diária mas
também é um dos motivos que nos difere, para além do nosso serviço”.
Nas instalações possui acesso para pessoas com mobilidade reduzida, casas de banho para
deficientes motores, local próprio para crianças e possibilita ainda a realização de cerimónia
religiosa e civil.
Produto chave na mão
Com o objetivo de criar uma identidade própria para a quinta, Carlos Santos também sócio
gerente da Caterfesta, há 18 anos no mercado, aposta neste espaço como uma alternativa,
para a organização de eventos com a qualidade que os clientes já estão habituados.
“Temos uma unidade de produção devidamente equipada, com 800m2 só para a área do
catering, com cozinhas industriais, showrooms e gabinetes de trabalho. Já organizamos
serviços de catering entre Lisboa e Porto”.
Dedicado a um segmento de mercado cada vez mais exigente e competitivo, ressalva
igualmente a aposta em colaboradores altamente qualificados na área bem como na
formação constante implementada.
“Todo o pessoal que connosco colabora, possui experiência e primamos pela formação.
Possuo formação em serviço de mesa e eu próprio também colaboro nesta parte.Tenho
colaboradores a trabalhar comigo desde 1992 e já nem preciso lhes dizer como é preciso
trabalhar devido a todos estes anos de experiência. Quando trabalhamos num segmento alto,
temos que saber servir e estar e nisso sou muito exigente, não se pode falhar”.
No entanto, destaca a qualidade dos pratos e onde possui uma proposta geral que é sempre
previemente apresentada aos seus clientes para que estes possam ter um primeiro contacto
com seu trabalho, podendo ser naturalmente adequados a pedido.
“Considero que a qualidade da comida é uma das partes mais importantes numa cerimónia/
comemoração e primamos por isso. Fazemos questão de apenas usar produtos de qualidade
na confeção dos nossos pratos. Toda a gestão do tempo é bem organizada e aqui, os noivos
não têm que ter preocupações. É por isso que nos diferenciamos. Dispomos de pratos
vegetarianos e celíacos, onde nos estamos a tornar especialistas e porque consideramos que
não estão muito explorados em várias quintas também porque cada vez mais as pessoas
querem este tipo de menu especial. É também uma forma de satisfazermos os nossos
clientes”. Aqui é também possível realizar cerimónias civis e religiosas e os mais pequenos
contam com um espaço próprio
A quinta tem catering próprio, proporciona a decoração do espaço e possui acesso para
pessoas com mobilidade reduzida, além de casas de banho para deficientes motores.
72 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
AÇÃO SOCIAL
A definição mais aceite de ação social é aquela que é defendida como uma ação que é orientada pelas ações de outros. Isto é, a ação social é todo o comportamento cuja origem depende da reação ou da expectativa de reação de outras partes envolvidas. Essas “outras partes” podem ser indivíduos ou grupos, próximos ou distantes, conhecidos ou desconhecidos por quem realiza a ação. A ideia central da ação social é a existência de um sentido na ação: ela realiza-se de uma parte (agente) para outra. É uma atitude sobre a qual recai o desejo de um intercâmbio e o de relacionamento. Como toda relação social, esta é determinada não só pelos resultados para o agente, mas também pelos efeitos (reais ou esperados) que pode causar no outro.Uma divisão clara entre ações que podem e não podem ser consideradas como sociais é impossível de ser feita. Na verdade, para que se entenda se uma ação é social deve-se prestar atenção no contexto em que ela ocorre. A mesma ação pode ser classificada como social ou não. A ação social destina-se à prevenção, redução ou resolução de problemas decorrentes da situação laboral, pessoal ou familiar que não sejam atendíveis através dos regimes gerais de proteção social.A ação social complementar é desenvolvida nas seguintes áreas: fornecimento de refeições, apoio a crianças, jovens, idosos e pessoas com deficiência, apoio nas despesas respeitantes à educação, apoio socioeconómico em situações socialmente gravosas e urgentes, apoio a atividades de animação sociocultural, apoio a atividades de ocupação de tempos livres e apoio a ações de prevenção, promoção e vigilância da saúde dos beneficiários.Os serviços de ação social estão distribuídos em diversas áreas, desde escolas, universidades, lares de idosos, instituições geriátricas, Santas Casas da Misericórdia, juntas de freguesia, câmaras, entre outros.O elo de ligação que une todas estas instituições é, única e exclusivamente, o ato de entreajuda em relação ao próximo, proporcionando-lhes condições que permitem superar desigualdades económicas e sociais.
74 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
ação social | santa casa da misericórdia de galizes
A instituição fundada em 1668 surgiu com o intuito de conceder os cuidados necessários à população mais desfavorecida e a prestação de serviços religiosos. Atualmente, a sua atividade está vocacionada, sobretudo, para a solidariedade social, com uma forte especialização na vertente da deficiência, contando esta com cerca de 100 utentes internos e externos.
Uma institUição diferenciadora e plUral
A Santa Casa da Misericórdia de Galizes centra a sua atividade, portanto, no apoio que presta
aos utentes portadores de deficiência. Com a inauguração, no ano passado, da Casa de
Nossa Senhora da Visitação, a instituição duplicou a capacidade de resposta em valência, de
lar residencial. Segundo o provedor Bruno Miranda “a particularidade desta instituição é que,
contrariamente, à maioria, não tem, ainda, lar da terceira idade. Os dois lares residenciais que
temos são para a deficiência. O Complexo/ Lar Casa São João de Deus, a funcionar desde
1999, tem capacidade para 42 pessoas. O mais recente, Casa de Nossa Senhora da Visitação
tem capacidade para 36 utentes em lar residencial e cinco em residência autónoma”.
A cerimónia de inauguração contou com a presença do então ministro da Solidariedade
Social, Pedro Mota Soares. O lar residencial está destinado para alojar jovens e adultos com
deficiência, de ambos os sexos, a partir dos 16 anos, que não possam residir com os seus
familiares. Para além da infraestrutura que permite ter utentes residentes, a Santa Casa da
Misericórdia de Galizes tem um centro de atividades ocupacionais que funciona durante o dia,
dinamizando várias atividades. Como explica o provedor, “recebemos utentes de todo o país
e neste momento já não temos vagas a nível de lar. Associado à deficiência, temos o centro
de atividades ocupacionais que dá uma ótima resposta aos nossos utentes, desde a área da
alfabetização, aos trabalhos artesanais e pintura, ao movimento e à música, às tecnologias da
informação. O centro de atividades ocupacionais tem um bom funcionamento e é destinado
à região de Oliveira do Hospital e concelhos limítrofes”, ressalva Bruno Miranda. A Casa de
Nossa Senhora da Visitação é um espaço moderno que reúne condições de “excelência para
prestar apoio aos cidadãos portadores de deficiência”, destaca o entrevistado.
Sobre o panorama nacional relativo a este setor, o interlocutor entende que “no que diz
respeito à deficiência, o aproveitamento do último quadro comunitário foi extremamente
favorável e, nesse aspeto, o anterior Governo deu um empurrão decisivo com a abertura deste
e de mais alguns lares a nível nacional, que vieram permitir a melhoria da assistência nesta
área”, destaca Bruno Miranda.
A completar 348 anos de existência, a Misericórdia de Galizes é uma instituição que pode
ser considerada sui generis devido às diferentes valências que disponibiliza à população.
Para além dos lares residenciais, a Misericórdia presta apoio domiciliário a idosos, tem
também disponível fisioterapia, através do seu centro de medicina física e reabilitação, serviço
destinado aos utentes internos e à comunidade em geral. Outras valências ainda a destacar
são o serviço de apoio domiciliário e o centro de dia, em Lourosa, a farmácia, o ginásio/
health club, os CTT/Posto de Serviços e a creche, que aceita crianças dos três meses aos três
anos, funcionando em horário alargado, das 7:30 às 19 horas, com instalações que foram
remodeladas recentemente. A Misericórida possui ainda uma equipa destinada ao Rendimento
Social de Inserção.
O provedor revela que desde 1999, a Santa Casa ganhou um novo impulso e desde aí tem
procurado dar resposta a várias necessidades, em prol do bem-estar da comunidade. A
qualidade e excelência dos serviços prestados mereceram o reconhecimento por parte da
Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, com a atribuição da Medalha de Ouro do Município
e ainda a renovação da atribuição do Certificado de Qualidade do EQUASS - European Quality
in Social Services pelos serviços prestados. Questionado sobre os desafios em ser provedor
de uma instituição com valências tão distintas, Bruno Miranda refere que a instituição é
dirigida por “uma Mesa Administrativa com sete pessoas, estando as responsabilidades
repartidas por todos, contando com o imprescindível auxílio prestado por uma equipa de
técnicos especializados e excelentes profissionais que garantem o bom funcionamento da
Misericóridia”. Sendo na vertente da economia social um dos maiores empregadores da
região, a Santa Casa da Misericórdia de Galizes é responsável, neste momento, por quase
100 postos de trabalho.
José Alexandrino Mendes, Bruno Miranda e Pedro Mota Soares Presidente do Município de Oliveira do Hospital, provedor e ex-ministro da solidariedade, trabalho e segurança social
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 75
José Alexandrino Mendes, Bruno Miranda e Pedro Mota Soares Presidente do Município de Oliveira do Hospital, provedor e ex-ministro da solidariedade, trabalho e segurança social
santa casa da misericórdia de galizes| ação social
Património histórico e religioso
A instituição marca também a diferença pelo vasto património histórico e religioso composto
pela Igreja da Misericórdia de Galizes, o cemitério, o calvário, o cruzeiro e o campanário.
A Igreja da Misericórdia foi construída em 1670 tendo sido doada pelo Padre João Álvares
Brandão, natural de Galizes e vigário geral do bispado, provedor fundador da instituição. O
edifício conserva a frontaria primitiva, mas a torre, com o corpo e a capela-mor foram alvo de
obras de reabilitação no início do século XIX.
Futuro
Questionado sobre os projetos e perspetivas de futuro, o provedor da Santa Casa da
Misericórdia de Galizes sublinha que faz parte dos planos a médio prazo, a constituição
de uma nova valência dirigida aos idosos, que passa pela criação de um lar na localidade
de Galizes, dedicado à terceira idade. “Faz parte dos nossos projetos de futuro porque
entendemos que é uma das áreas sociais que nos falta abranger”, explica Bruno Miranda.
No que toca ao apoio aos portadores de deficiência a instituição pretende continuar a ser
uma referência tendo já em vista a constituição de uma “outra valência inovadora no âmbito
concelhio e distrital”, conclui o provedor.
76 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
ação social | santa casa da misericórdia de vale de besteiros
A Santa Casa da Misericórdia de Vale de Besteiros é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), situada na vila de Campo de Besteiros, pertencente ao concelho de Tondela. A sua história remonta aos finais dos 70. Atualmente, conta com sete valências. Com cerca de setenta colaboradores, esta IPSS presta assistência a mais de duzentas pessoas, confecionando por exemplo, mais de quatrocentas refeições por dia.
contacto permanente com as necessidades dos Utentes
A instituição surgiu oficialmente em 1981, com a criação da Irmandade
da Santa Casa da Misericórdia de Vale de Besteiros. Contudo há que
salientar que anteriormente já tinham sido dados os primeiros passos que
visavam a sua constituição, como explica o provedor, Fernando Meneses,
“começámos por criar um infantário com seis funcionários e capacidade
para acolher vinte crianças. Contudo, passado um ano o edifício ardeu e
fomos obrigados a ir para o salão paroquial com as crianças. Tivémos de
nos reorganizar. Montámos uma cozinha e todas as condições necessárias
para dar continuidade ao nosso infantário”, relata o entrevistado, destacando
que “a tarefa de requalificação do edifício não foi fácil, foi muito complicado
a criação de uma Santa Casa da Misericórdia a seis quilómetros de outra.
Tivémos de persistir nos nossos objetivos e conseguimos. Hoje a nossa
Santa Casa é atípica e conta com sete valências multifacetadas”, frisa o
entrevistado.
As valências desta Santa Casa da Misericórdia passam pela infância
com creche e infantário, uma casa de acolhimento dedicada à infância
e juventude, já no que toca à terceira idade a Santa Casa dá resposta às
necessidades existente na região através do lar de idosos, do centro de
dia e do apoio domiciliário. Considerada uma instituição sui generis, dado
às diferentes valências que disponibiliza, a Santa Casa da Misericórdia de
Vale de Besteiros tem ainda uma empresa de inserção agrícola que surgiu
com o intuito de apoiar a reintegração de toxicodependentes e alcoólicos
na sociedade. No diz respeito ao apoio domiciliário a Santa Casa de Vale
de Besteiros presta apoio a 45 pessoas pertencentes à comunidade local.
A creche e o jardim de infância contam com 60 crianças, já o lar possui 32
jovens que têm entre 12 e 18 anos de idade. Já o lar de idosos da Santa
Casa possui alojamento coletivo, fornecimento de alimentação, cuidados
de saúde, higiene e conforto, bem como, animação social e ocupação dos
tempos livres dos seus utentes.
Com cerca de 70 colaboradores, esta IPSS do concelho de Tondela presta
assistência a mais de duzentas pessoas onde, por dia, são confecionadas
mais de quatrocentas refeições, apoiadas por duas cozinhas.
Apesar de contar com diversas parcerias como a Câmara Municipal de
Tondela, a Escola Industrial de Tondela, o Instituto de Enfermagem de Viseu
e a Escola Profissional de Torredeita, o provedor, Fernando Meneses, e o vice
provedor, Isaías Mateus, salientam a necessidade de novas instalações para
aumentar a capacidade de resposta aos seus utentes.
Questionado sobre os desafios inerentes à atividade a que se dedica, que
implicam a gestão de valências diversificadas, o interlocutor realça que “a
provedoria tem uma excelente relação com os funcionários, existe até um
ambiente familiar. É muito importante termos esta relação de proximidade. Fernando Meneses e Isaías Mateus Provedor e Vice-Provedor
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 77
santa casa da misericórdia de vale de besteiros | ação social
Reconhecemos diariamente o trabalho
que a nossa equipa faz em prol dos outros
e em prol da nossa sociedade”, frisa o
entrevistado.
Futuro: acompanhar os desafios
Questionados sobre os projetos de futuro,
o entrevistado revela que a instituição está
atenta às necessidades atuais da população,
deste modo, “queremos alargar as nossas
valências para a área da demência,
um grande flagelo na nossa sociedade,
principalmente na população idosa. Nós
temos de estar atentos, para responder
eficazmente a essas necessidades.
Queremos acompanhar de perto os
problemas da nossa comunidade local.”
A missão da Santa Casa passa pelo
desenvolvimento de ações sociais, no sentido
de acompanhar as transformações sociais,
“temos muitos idosos e poucas crianças
e temos de nos adaptar à mudança desse
paradigma, apostando na qualificação dos
nossos serviços e na formação dos nossos
profissionais que zelam diariamente pelo
bem estar dos nossos utentes”, salienta o
provedor.
78 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
ação social | santa casa da misericórdia de semide
Estivemos em Semide à conversa com João Mourato que, após um percurso político de vários anos, atualmente é o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Semide, uma das associações mais antigas do distrito de Coimbra.
“nós temos ajUdado mUito boa gente”
A Santa Casa da Misericórdia de Semide conta atualmente com 185 anos de existência e é
considerada uma das organizações mais antigas não só de Semide, mas de todo o distrito
de Coimbra. “A Misericórdia para além de ser a maior empresa social daqui é talvez das
entidades e associações mais velhinhas que há aqui”, expôs-nos João Mourato.
João Mourato, natural de Semide, está envolvido na Casa da Misericórdia desde 1973, tendo
sido presidente da Câmara da Mêda por 24 anos (1985 a 2009). Está neste momento no
seu segundo mandato como presidente da Assembleia Municipal de Miranda do Corvo e é
atualmente o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Semide.
A associação centenária conta neste momento com um centro de dia, serviço de apoio
domiciliário, uma creche, uma cantina social e uma loja social. São vários os utentes que
contam com os apoios prestados por parte desta entidade, estando 25 pessoas a frequentar o
centro de dia, 30 utentes a usufruir de apoio domiciliário, 40 crianças a frequentar a creche e
55 indivíduos a usufruir da cantina social.
Apesar de não ter lucro com as suas ações de ajuda, João Mourato não perde de vista o foco
pelo qual se guia a Santa Casa da Misericórdia. “Estamos aqui a cumprir o desígnio das obras
da Misericórdia: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, dar de vestir
a quem não tem roupa.”
Mais do que uma entidade que visa prestar apoio aos mais desfavorecidos, a Santa Casa da
Misericórdia de Semide é também empregadora de trabalhadores de várias áreas de estudo
e idades. João Mourato confirmou-nos que tem neste momento 25 trabalhadores a exercer
funções, assim como vários estagiários provenientes de áreas tais como história, educação e
vários assistentes sociais. “Tem passado por aqui muita gente boa, é pena é nós não termos
possibilidades de os empregar a todos.”
Apesar de João Mourato considerar que o serviço domiciliário da Santa Casa da Misericórdia
ser bastante vantajoso para os utentes idosos, está em vigor um projeto que visa criar
um lar. A iniciativa, denominada pelo provedor de ‘Projeto Executivo’, pretende ser um
acolhimento para cerca de 60 pessoas, esperando ainda empregar 20 a 25 pessoas que
ficarão responsáveis de prestar a assistência necessária. Além desta iniciativa, a Santa Casa
da Misericórdia tem em vigor um outro plano, em parceria com a Fundação ADFP, que visa a
criação de uma Universidade Sénior.
Uma característica que muitos desconhecem relativamente à Santa Casa da Misericórdia de
Semide, conforme nos revelou João Mourato é o facto de todos os membros pertencentes à
entidade agirem como uma Irmandade, sendo a religião um fator de união. Além dos apoios,
a organização costuma organizar iniciativas lúdicas, tais como sardinhadas, caminhadas,
peregrinação a Fátima onde participam tanto os “irmãos” como os utentes. Em agosto, as
Santas Casas de Coimbra marcarão presença na Romaria do Divino Senhor da Serra, uma
festa que decorre anualmente em Semide durante o mês de agosto. Este ano, a missa de
peregrinação das misericórdias será celebrada por D.Ximenes Belo.
João
Mou
rato
Pro
vedo
r
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 79
santa casa da misericórdia de almeida |ação social
A instituição completa daqui a quatro anos 500 de história, a Misericórdia de Almeida surgiu quando um escudeiro real da Coroa de D. Manuel I propôs a criação de uma Misericórdia no concelho. Durante largos anos, o propósito da instituição era o apoio à infância, hoje, as valências são várias e a mais recente, a unidade de cuidados continuados, foi inaugurada há quatro meses, em dezembro de 2015.
no caminHo da solidariedade Há qUase 500 anos
A Santa Casa da Misericórdia de Almeida, uma instituição histórica, tem ao longo dos tempos
acompanhado as necessidades da população. Localizada numa região histórica, a instituição
desempenhou também um papel importante durante as invasões francesas, época em que
a Praça Forte de Almeida era assediada constantemente, a Misericórdia de Almeida teve
uma participação muito ativa no campo da solidariedade, nomeadamente, nos socorros a
feridos. Atualmente, a Misericórdia é uma das instituições mais importantes do concelho,
sobretudo, pela diversas respostas sociais que presta à comunidade. Carlos Pereira, provedor
da instituição começa por destacar as valências existentes, “creche, jardim de infância,
estrutura residencial para idosos, com capacidade para 64 pessoas e acesso para utentes de
mobilidade reduzida. Temos ainda o lar de grandes dependentes, apoio domiciliário e a mais
recente, a unidade de cuidados continuados, vertente de longa duração e manutenção com
capacidade para 30 camas”, destaca. A misericórdia possui três edifícios distintos, assim,
inseridos na área da muralha de Almeida, encontra-se o antigo hospital, hoje lar dos grandes
dependentes e a Igreja da Misericórdia, fora estão situados os restantes. No que diz respeito
à nova valência, o entrevistado explica que “o edifício onde está instalada a nova unidade
de cuidados continuados foi um externato particular, depois o Estado adquiriu este espaço,
tornando-o uma escola pública. Mais tarde, foi construído um novo estabelecimento escolar
e este espaço ficou ao abandono, em degradação total, foi colocado em hasta pública várias
vezes. A dada altura a Santa Casa da Misericóridia adquiriu-o, sem saber ainda o que podia
fazer, mas pensando que poderia vir a ser utilizado em prol da comunidade e, efetivamente,
assim veio a acontecer, mantivémos a traça externa praticamente intocável, no fundo, foi feita
a reabilitação do edificío existente”, afirma. Neste momento, a lotação da unidade ainda não
está completa, mas dada a “falta de camas, em Portugal, é um modelo que ainda tem futuro
e portanto, em breve, pensamos ter a unidade a trabalhar na capacidade máxima”, refere o
provedor. Questionado sobre os novos estatutos da limitação de mandatos, o provedor afirma
que “concorda com esta nova realidade, frisando até que o anterior modelo é que não era
o correto”. Destacando o papel dos vários responsáveis que já passaram pela Misericórdia
de Almeida, Carlos Pereira frisa que “tudo o que nós conseguimos não se deveu apenas aos
provedores e às mesas administrativas, claro que tiveram o seu mérito, mas há aqui também
que salientar, o trabalho e dedicação dos funcionários, ao longo destes anos. Continuamos
hoje, apesar de toda a oferta existente na região, com listas de espera, portanto, quer dizer
que as pessoas estão satisfeitas com os nossos serviços”. Futuramente, o provedor espera
que a instituição continue a ser uma referência na região e que seja “possível ocupar na
totalidade a nova unidade de cuidados continuados”, conclui.
Carlo
s Pe
reira
Pro
vedo
r
80 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
ação social| santa casa da misericórdia de penacova
Com 90 anos de história, a Santa Casa da Misericórdia de Penacova não é apenas uma instituição prestigiada, de créditos firmados, com uma tradição de intervenção como poucos se podem orgulhar de ter, é também uma grande protagonista do presente. A comprovar isso mesmo está o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido por esta instituição em todas as suas valências.
Uma institUição aberta à comUnidade
Ao longo dos seus 90 anos de existência, a Misericórdia de Penacova tem revelado uma
extraordinária capacidade de se renovar e de atualizar o seu lugar na sociedade, preconizando
uma ação incansável junto da população.
Atualmente, a Misericórdia de Penacova tem em funcionamento, na Vila de Penacova,
as seguintes respostas sociais: estrutura residencial para idosos, centro de dia, apoio
domiciliário, cantina social e creche, que se dividem entre a sede da instituição e polo
de Carvalho, sendo que as valências dedicadas à terceira idade têm um universo de 80
idosos. Quanto à valência dedicada às crianças, esta possui um berçário dos quatro meses
ao um ano, uma sala para crianças com 1-2 anos e outra 2-3 anos. As 20 crianças que
frequentam a creche possuem um plano individual que é definido, no início de cada ano
letivo, e monitorizado periodicamente com os pais. Esta resposta social assegura não só o
bem-estar como também proporciona atividades lúdico-pedagógicas importantes para o
desenvolvimento global das crianças.
José António Amaral fala ainda nas atividades intergeracionais, um projeto que surge
na sequência de uma necessidade de minorar o afastamento e esquecimento dos mais
velhos pelas camadas mais jovens. Assim, esta instituição tem exercido uma intervenção
estruturada e complementar nesta temática, porque os seniores gostam de partilhar as
suas histórias e vivências com os mais pequenos. De acordo com José António Amaral,
Provedor da Misericórdia de Penacova, as cantinas sociais têm como objetivo minimizar a
situação de carência social no âmbito alimentar do concelho, garantindo o acesso a refeições
diárias aos que mais necessitam. “Abrimos ao público uma nova valência, a Rede Local
de Intervenção Social (RLIS), cuja criação tem na sua génese a intervenção articulada e
integrada de entidades públicas e privadas no desenvolvimento da ação social”, revela José
António Amaral, lembrando que o Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social da RLIS
entrou em funcionamento em janeiro de 2016. Os locais de atendimento estão sediados
em Carvalho, Figueira de Lorvão, Frúmes, Oliveira do Mondego, Lorvão, Paradela, S. Paio do
Mondego, S. Pedro de Alva, Sazes do Lorvão e Travanca do Mondego. “Estando próximo das
pessoas, conseguimos perceber mais facilmente as suas necessidades, daí esta abertura à
comunidade através das juntas de freguesias e outras instituições de solidariedade social”,
consubstancia. Para fazer face aos desafios diários que uma instituição desta natureza
tem que enfrentar, a Misericórdia de Penacova conta coma dedicação e entrega dos seus
colaboradores. “Felizmente, temos pessoas altamente qualificadas. Temos 42 funcionários,
mais 4 POC’s (Plano Ocupacional de Emprego) e entre eles, temos uma equipa técnica
multidisciplinar que satisfaz as necessidades da instituição: técnica de serviço social,
enfermeiros, psicóloga, animadoras e educadores de infância”, realça o provedor.
A importância das misericórdias
As misericórdias são instituições centenárias que têm vindo a ver o seu trabalho reconhecido
ao longo dos tempos, quer na erradicação da pobreza, quer no combate à crise. “As
misericórdias, a maior parte delas não sendo ricas, têm tido disponibilidade para fazer face
a este contexto de crise que vivemos. Não é fácil apoiar os que mais precisam, porque nos
últimos tempos, o número de pessoas com carências sociais têm vindo a aumentar”, avança.
As misericórdias têm uma tradição de intervenção social incontornável, tendo feito bastante
em prol do nosso país, no entanto “estas instituições têm as suas próprias necessidades e
os seus próprios défices de capital disponível”, acentua o nosso entrevistado, acrescentando
que, em termos financeiros e económicos, cada instituição tem-se socorrido dos apoios
possíveis que vão aparecendo e a Misericórdia de Penacova não é exceção. José António
Amaral adianta que, brevemente, a estrutura residencial para idosos vai ser intervencionada,
recorrendo ao Fundo Rainha Leonor, no sentido de aumentar a sua capacidade para 50
utentes. As obras vão avançar brevemente e o investimento previsto é de 500 mil euros.
A Misericórdia de Penacova é proprietária do antigo hospital, que se encontra completamente
devoluto, mas existe o desejo de poder avançar com um projeto de intervenção social
distintivo. Por outro lado, “a nossa instituição é sócia maioritária do Hotel Penacova, uma
unidade que está encerrada e que nos tem trazido diversos constrangimentos. O nosso maior
desejo é que aquela estrutura continuasse como hotel, para que Penacova tivesse uma
oferta de qualidade, existem conversações nesse sentido, mas nada de concreto”, recorda o
provedor.
Um espírito de missão
José António Amaral é provedor da Misericórdia de Penacova desde janeiro de 2015, no
entanto a sua ligação à instituição é antiga, isto porque foi funcionário durante 30 anos.
“Entrei como escriturário e saí como diretor coordenador, por isso tenho um conhecimento
perfeito da instituição. As minhas funções atuais são o cúmulo dos anos que estive como
funcionário nesta instituição. Faço-o com muito gosto, de forma voluntária, mas sempre com
grande alegria e com vontade de fazer sempre mais”, remata o provedor.
Com 90 anos de história, a Santa Casa da Misericórdia de Penacova não é apenas uma instituição prestigiada, de créditos firmados, com uma tradição de intervenção como poucos se podem orgulhar de ter, é também uma grande protagonista do presente. A comprovar isso mesmo está o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido por esta instituição em todas as suas valências.
Uma institUição aberta à comUnidade
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 81
Associação Coutoense | ação social
A Associação de Solidariedade Social, Cultural e Recreativa Coutoense desde 1989 que é reconhecida como uma Instituição Particular de Solidariedade Social tratando de providenciar aos mais desfavorecidos, o conforto que nem sempre têm possibilidade de ter.
“consegUimos fazer a diferença, mas ainda Há mUito para fazer”
A Revista Business Portugal viajou até Couto de Cima em Viseu, onde teve a oportunidade de
estar à conversa com António Martinho, atual presidente da direção desta IPSS que já exerce
a sua atividade desde os anos 80. Inicialmente, a Associação Cultural, Desportiva e Recreativa
Coutoense focava-se mais numa dinamização cultural, com um Grupo de Cantares e uma
Tuna. Foi em 1989, após uma remodelação dos seus estatutos, que passou a ser reconhecida
como uma IPSS, começando por ter um jardim de infância, atividades de tempos livres, centro
de dia e apoio ao domicílio.
Atualmente, a Associação Coutoense conta também com cantina social e uma estrutura
residencial para idosos que surgiu em 2012, inteiramente por conta da direção. Este serviço
em particular é bastante requisitado, tendo vários pedidos para admissão de novos utentes
todas as semanas. “De 2012 para cá, temos o lar completamente lotado. A procura continua
a ser maior que a oferta”, revelou-nos António Martinho.
Ao todo, a associação conta neste momento com cerca de 175 utentes em todas as suas
vertentes. No que toca às crianças, contam-se 26 no jardim de Infância e 32 no ATL. Já no
caso dos idosos, 20 frequentam o centro de dia, 40 utilizam a cantina social e 26 contam com
apoio ao domicílio. Além dos serviços, a Associação Coutoense organiza atividades diárias,
assim como celebra várias festividades (nomeadamente o São Martinho, o Natal, o Carnaval,
o dia do pai, o dia da mãe e a festa de fim do ano letivo) e até uma “Festa da Família” na qual
se juntam os familiares dos utentes. Além disso, a instituição organiza visitas de estudo para
as crianças, assim como passeios em vários pontos do país para os idosos.
Quando perguntamos pela motivação que leva António Martinho a estar na frente desta
organização, o presidente da Associação Coutoense indica a “paixão” por aquilo que faz.
“Vivemos num meio pobre em que a maioria da população é de idade avançada, muitas
pessoas não têm condições nas suas casas, tanto condições de habitabilidade como de apoio
familiar, vivendo sós e isoladas. Portanto temos que fazer este trabalho, uma vez que o Estado
também não pode chegar a todo o lado. A sociedade civil também tem obrigação de contribuir
para que todas estas pessoas tenham um nível de vida melhor”. António Martinho reconhece
que o futuro das IPSS em Portugal está num estado delicado e que o futuro destas instituições
“não será muito risonho. Mas acho que toda a sociedade e o próprio Estado têm a obrigação
de as ajudar.” Não fossem as IPSS do país, a crise porque passámos e que ainda não está
totalmente ultrapassada, os problemas sociais teriam tido uma muito maior dimensão”.
No que toca a projetos futuros, António Martinho revelou-nos que assim que as
condições financeiras o permitirem, pretende construir um parque de lazer no exterior do
estabelecimento. Até lá, o presidente da Associação Coutoense aproveitou para deixar uma
mensagem aos seus utentes: “Acreditem em nós. Toda a equipa, desde os órgãos sociais aos
colaboradores do quadro de pessoal, cerca de 50 elementos, está cá para vos servir.”
82 REVISTA BUSINESS PORTUGAL
ação social | Centro Paroquial de Canas de Santa Maria
Como surge o Centro Paroquial de Canas de Santa Maria?
O inicio do Centro Paroquial começou no final da década de 50, quando o pároco de então
Padre António Coimbra, numa visão empreendedorista como se diz hoje, fez nascer uma
obra de grande projeção humanitária. Sem apoios oficiais, apenas com engenho e arte dele,
e dos paroquianos que generosamente foram solicitados e conquistados para esta nobre
tarefa, foi construído um edifício muito bem elaborado para a época, sobretudo o grande salão
paroquial que ao longo deste tempo foi palco da realização da vida cultural e comunitária da
paróquia e freguesia de Canas de Santa Maria. Só para termos uma ideia da dimensão da
obra humanitária do então Centro Paroquial ficam alguns números: por ano eram servidos
em média 8.700 refeições de leite e pão e quase 10.000 almoços na então sopa dos pobres
e cantina escolar. O nosso tesoureiro Fernando Natal não se cansa de referir que a primeira
vez que comeu manteiga foi no tempo do Padre Coimbra na catequese. Mas esta obra foi
sempre crescendo. Em 1962 foi inaugurado o posto clínico de assistência materno-infantil
e sete meses depois já tinham sido assistidos 259 utentes, realizadas 76 consultas, 161
tratamentos, ministradas 67 injeções e 577 vacinas. Mas a formação humana e moral,
também uma preocupação do Centro Paroquial, estiveram sempre associados à promoção
social e intelectual da população, por isso eram realizadas aulas de formação sobretudo para
as jovens mulheres, bem como foi sempre promovido iniciativas culturais de recreio e lazer
levados a cabo no salão de festas. Também quando nasceu a RTP a população de Canas
pode ter acesso a tão importante acontecimento porque sobretudo aos domingos podiam
ver a televisão que estava no Centro. O Centro Paroquial tornou-se desde essa época no
verdadeiro motor de desenvolvimento da comunidade. É o coração da paróquia.
A evolução social e económica registada após a década de 70, sobretudo após o 25 de
abril, foi dispensando a componente assistencial do Centro Paroquial que esmoreceu a sua
função dinamizadora da comunidade, mas o mesmo espírito de serviço baseado na lição
dos Evangelhos fez com que o atual pároco Padre João Dinis, que está na paróquia há 42
anos, por sua intervenção tornou-se possível a vinda em 1989 da comunidade religiosa das
Missionárias Filhas do Coração de Maria que vão dar outro impulso ao nosso Centro. Inicia-
se, assim em 1989 formalmente a criação da IPSS – Centro Paroquial de Canas de Santa
Maria, que celebra acordos de cooperação com o Centro Regional da Segurança Social para
as valências da creche, centro de dia, apoio ao domicílio e ATL. Celebrou, em 2015, bodas
Abordando a temática da ação social, cada vez mais presente no nosso país, a Revista Business Portugal visitou o Centro Paroquial de Canas de Santa Maria, em Tondela, e encontrou um projeto muito centrado no apoio ao próximo e à sua população.
26 anos ao serviço da popUlação
de prata, vinte e cinco anos ao serviço da vida. A dinâmica e o próprio desenvolvimento social
de Canas de Santa Maria e freguesias limítrofes tornou pouco funcional o edifício construído
na década de 50 e assim, a direção entendeu construir novo edifício, apetrechado para uma
melhor resposta em termos logísticos às necessidades sentidas. Assim, em 2005 inicia-se a
construção do novo edifício do Centro Paroquial ao lado das instalações iniciais, apenas com
os apoios da Câmara Municipal de Tondela e com generoso apoio e carinho de quantos foram
solicitados e conquistados para fazer nascer este novo edifício, bem como o empréstimo
assumido pela direção, no valor de trezentos mil euros, junto de uma instituição bancária. A
obra finalizada, com todos os equipamentos sociais, ficou em cerca de um milhão e oitocentos
mil euros. Em 2007 as valências da creche, centro de dia e apoio domiciliário já estavam a
funcionar no novo edifício, ficando ainda por concluir o lar de idosos, uma valência justificada
pelas necessidades sentidas pela instituição, no que diz respeito à carência de apoio familiar
dos idosos, e depois porque se entendeu que os mais idosos da nossa terra, deveriam ficar
num ambiente familiar e de vizinhança sem o estigma da desenraização tão desumana nesta
idade. Nesse mesmo ano, iniciou-se nova valência do jardim de infância, em substituição do
ATL que deixou de ser protocolado pela Segurança Social, pelo facto do período escolar ter
sido alargado até às 17h30.
Em 2013 ficou concluído o espaço da resposta social de lar com 21 camas que de imediato
ficou preenchido, na maioria por pessoas da nossa vila. Mas a obra é dinâmica, há sempre
mais a fazer para que as necessidades de quem nos procura sejam prontamente respondidas,
tornando mais suave e mais fácil a vida dos nossos utentes e familiares. Adquirimos por isso,
novas carrinhas, novos materiais didáticos e contratualizamos mais colaboradores externos,
como sejam o médico, fisioterapeuta, os professores de músicas e de ginástica, criámos
espaços de lazer para os nossos idosos e parque infantil para as nossas crianças.
Com que tipos de serviços e atividades podem contar os vossos utentes? Quantas
pessoas têm neste momento a usufruir daquilo que o vosso Centro tem para oferecer?
Neste momento no apoio à infância temos a creche que se divide em berçário, sala de 1 e
2 anos, sala de 2 e 3 e jardim de infância. No apoio aos idosos temos centro de dia, apoio
domiciliário de segunda a domingo e lar de idosos. Os serviços que prestamos não podem ser
definidos apenas e só com a palavra ‘serviço’. Nós temos como suporte da nossa atividade
a dimensão de missão, além dos serviços básicos contratualizados, temos a capacidade de
dar, ouvir e estar na vida dos nossos utentes, como mandam os Evangelhos. É habitual de
noite, de dia ou no fim de semana as pessoas procurarem o Centro Paroquial na pessoa das
Irmãs porque sabem que todos se esforçam para resolver os seus problemas. Por isso, temos
ginástica, fisioterapia e muitas saídas culturais para o teatro, cinema e para exposições na
cidade de Tondela para os mais idosos bem como procuramos relembrar e viver as tradições
da sua vida passada como seja os santos populares, com as sardinhadas, magustos, etc., e
para as crianças temos aulas de música e ginástica infantil bem como passeios anuais, assim
como atividades decorrentes do ano letivo, festas de natal, final de ano e temáticas.
Também somos parceiros do Município na componente de apoio à família, à escola e jardim
de infância público de Canas, fornecemos os almoços escolares às crianças que frequentam
este ensino, num total de 67 refeições diárias. Felizmente no nosso território não temos casos
graves de carências sociais, mas mesmo assim apoiamos gratuitamente dois indivíduos e
temos ainda três refeições diárias em cantina social.
Somos também parceiros do Banco Alimentar para a zona. Relativamente à segunda parte da
questão temos em creche 30 crianças e em jardim de infância, 20. No centro de dia, 20, no
apoio ao domicílio, 25 e no lar 21.
Direção
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 83
Centro Paroquial de Canas de Santa Maria | ação social
Quantas pessoas colaboram com vocês no presente? Que tipo de pessoas têm a
trabalhar com vocês?
Funcionários temos 37, se contarmos com o trabalho voluntário da direção temos mais cinco
pessoas e temos em média três voluntários da comunidade paroquial, por ano diariamente.
Em média são pessoas jovens, residentes na freguesia, com um grande espírito de missão,
são dedicadas e voluntariosas, não baixam os braços e participam ativamente em todas as
atividades do Cento Paroquial e da paróquia, conhecemo-nos todos e provavelmente somos
todos família. Temos licenciados, (psicóloga, educadoras de infância, educadora social, e
enfermeiro), cozinheiros, ajudantes de cozinha, ajudantes de ação educativa, ajudantes de
ação direta, escriturários e também temos dentro dos nossos colaboradores outros com
contrato emprego apoiado, pessoas com deficiência ou incapacidade.
O que sentem que mudou nos últimos 25 anos, desde a génese até ao momento? Que
tipo de feedback têm recebido relativamente ao vosso trabalho?
O que mudou mais foi a dimensão da organização. Passámos de seis colaboradores para
37, aumentado a nossa capacidade de resposta, os nossos equipamentos, de uma carrinha
passámos a ter cinco, e passámos de uma organização mais ou menos familiar para uma
organização mais estruturada. Quanto à segunda questão temos tido um feedback muito
positivo, mas o que mais no motiva é o carinho e o apoio da população de Canas que nos
momentos bons e nos momentos maus está connosco. Temos a noção, sem exageros que
somos no concelho de Tondela uma instituição de referência e isso nota-se nos nossos
almoços-convívios anuais em que para além dos habitantes de Canas também outros amigos
de outras freguesias do concelho estão connosco.
O que torna a vossa IPSS única em relação a outras instituições que se foquem na
mesma atividade?
A presença desde o início da comunidade das Missionárias Filhas do Coração de Maria,
as Irmãs como são conhecidas. O nosso Centro é conhecido como ‘lar das freiras’,
carinhosamente o Centro Paroquial são as freiras com tudo o que elas representam, a
disponibilidade, o carinho, a atenção e bem-fazer. É habitual a população partilhar com o
Centro e com as Irmãs as suas vidas traduzidas nos produtos que produzem, nas festas
familiares em que estão presentes, etc.
Têm algum projeto futuro em mente para a vossa instituição?
Sim, acalentamos a esperança de vir a adquirir um terreno adjacente às nossas instalações
para que os vindouros possam aumentar a capacidade de resposta social do Centro Paroquial
e também para os presentes possam ter mais espaço para as atividades normais de uma
grande casa de família como é o Centro Paroquial. Os habitantes e naturais de Canas de
Santa Maria deixaram e deixarão para os vindouros a prova da sua capacidade e honraram
a memória de quem há 50 anos, acreditou que o futuro será sempre melhor, se não
adormecermos sobre o passado.
Direção:
Presidente – Pe. João Dinis Lopes Figueiredo
Vice-Presidente – Maria José Marques Loureiro de Jesus
1º Secretários – Maria Fernanda Rebelo de Figueiredo Natal
2º Secretário – Paula Cristina Antunes Dinis
Tesoureiro – Fernando Carlos Cardoso Natal
Conselho Fiscal
Presidente – Felisberto Henriques Gomes de Figueiredo Marques
1º Vogal – José Agostinho Martins Marques
2º Vogal – Ilda Antunes Gonçalves Silva Gomes
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tema | empresa
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