Resenha sobre a Escola Metódica
BOURDE. Guy: MARTIN, Hervé. As Escolas Históricas: da Idade Média aos nossos dias. Lisboa: Publicações Europa-América. 2012 [1983].
No capítulo VI, inserido no livro em questão, os autores Bourde e Martin
discutem a Escola Metódica no Séc. XIX e seus criadores Charles Seignobos e Victor
Langlois. Nesse mesmo capitulo nos é mostrado o surgimento e o modo em que a
Revista histórica, criada por G. Monod, foi se desenvolvendo e tomando notoriedade na
sociedade que até então não havia presenciado uma mudança drástica como a ocorrida
no ramo da história como ciência.
A Escola Metódica foi responsável pela grande mudança no modo de se
enxergar a história. A maior de suas características foi a aplicação de regras e normas
nas análises dos documentos, por exemplo: eles avaliavam se a escrita era pertencente
ao local de onde o documento foi produzido, faziam uma verificação do tipo de papel e
do dialeto utilizado na fonte histórica. Esses métodos eram utilizados para provar a
veracidade dos documentos, caso assim fosse provado, o documento após isso seria tido
como oficial. Essas técnicas rigorosas de verificação de documentos foram elaboradas e
aplicadas por Victor Langlois, um grande historiador que teve seus trabalhos voltados
para a França medieval, e Ch. Seignobos, um medievalista bem sucedido, ambos
colaboradores da Revista Histórica e seguidores do pensamento de Leopold Van Ranke
que foi um dos fundadores do cientificismo, também foram os pilares para a formação
da histórica como ciência.
Com o surgimento da Escola Metódica o historiador passou a ter uma função um
pouco mais diferenciado em relação as fontes históricas, onde a partir de então, no ato
de pesquisa de um documento, os historiadores deveriam investigar a verdade, ou seja,
apenas reproduzir o que foi provado ser verdadeiro, e nada além disso. Não se permitia
questionamentos sobre os fatos ou qualquer posicionamento político ou religioso sobre
tal analise. Segundo Ch. Seignobos e Victor Langlois, só era considerado como oficial,
documentos escritos, como cartas, manuscritos, decretos, artigos etc. Se baseando nesse
método de pensamento, pode-se dizer que a história no Sec. XIX era uma história ditada
pela elite, pois os documentos escritos vinham quase sempre de reis ou governantes,
documentos esses que tinham maior importância perante os demais, por se tratar de um
classe mais poderosa da sociedade.
Nesse mesmo capitulo tem-se a atenção voltada para a revista histórica, criada
com o intuito de publicar informações sobre os diversos ramos da história, buscava
entender a história baseando-se em artigos e resumos de leituras. A Revista Histórica
seguia um método de imparcialidade sobre suas publicações, entretanto, segundo o
autor, é notável a forte tendência inicial em combater o clero, mas ao decorrer do tempo,
e com o aumento do poder da igreja no sociedade, Gabriel Monod, considerado “o pai
da história positivista”, um dos principais criadores da Revista, decidiu tomar um
caminho mais pacifico para não perder a credibilidade que a história finalmente tinha
obtido.
O autor mostra uma biografia e enfatiza a importância que Ernest Lavisse teve
em relação a Revista Histórica, onde por meio da mesma publicou os manuais
escolares, que obtiveram fama através do seu aceitamento nas escola e também por
serem dotados de uma fácil compreensão, entretanto, o pensamento de Lavisse ia contra
o de G. Monod, referente a imparcialidade perante qualquer força externa, pois Lavisse,
sendo um patriota que pregava a defesa da França, expressou com clareza um
nacionalismo em relação aos alunos dentro de suas obras.
Diante da leitura realizada, foi perceptível que o capítulo aborda vários
momentos de mudanças dentro da história no Sec. XIX. Fica evidente que o material
resenhado é indicado não só para alunos da área de história, como também a filosofia,
pois é essencial para a compreensão da evolução da história ao decorrer do tempo, que
por meio da Escola Metódica virou uma ciência, e adotou uma forma de análise mais
conservadora, e assim continuou durante anos. Mesmo com sua grande importância, a
Escola Metódica foi tirada do seu posto de “supremacia” pela Escola dos Annales, que
tinha um pensamento histórico e interpretação de documento oficial mais aberto e
aceitável, onde a partir dos Annales, começou a ser aceito como documentos oficiais,
musicas, imagens, objetos e qualquer outro tipo de produção pessoal, que contenha
traços de alguém que fez sua história ou a de outros ficar marcada no tempo.
Universidade de Pernambuco – UPE
Curso de Licenciatura em História - 2º Período
Docente: Laene Vaz - Leitura e produção de textos
Discente: Manoel Jeronimo Ferreira da Silva
18/10/2015