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Considerações Iniciais

“ Nada é tão difícil de fazer, tão perigoso de conduzir ou mais incerto em seus resultados do que tomar as rédeas para estabelecer uma nova ordem de coisas, por que aqueles que inovam têm por inimigos todos os que foram bem sucedidos no antigo estado de coisas e só encontram moderado apoio dos que poderão ser beneficiados com a nova situação.” Maquiavel, em “O Príncipe”

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1 - INTRODUÇÃO

Desde 1995 exerço a profissão de Enfermeira assistencial em hospitais públicos

municipais do Rio de Janeiro, inicialmente em clínica médica e pediatria.

No hospital em que atuava, acontecia duas vezes por mês, a troca de funcionários entre

os diferentes setores, o que era entendido pela gerência de enfermagem como uma medida

educativa e de treinamento dos enfermeiros, capacitando-os assim para atuar em qualquer

setor do hospital.

Com tal medida foi possível observar situações de desgaste de alguns trabalhadores da

equipe de enfermagem, dado que chegavam a um setor desconhecido, e por não estar

familiarizado com as disposições inerentes daquele setor, muitas vezes ocorria à demora para

encontrar medicações, materiais e outros insumos necessários ao exercício do trabalho e

propiciando situações de acidente e de stress.

Apesar de minhas observações acabei sendo seduzida pelo bloco cirúrgico e por

ocasião do afastamento de uma das enfermeiras plantonista e diante da dificuldade de se

conseguir um profissional para o mesmo, fui designada como enfermeira plantonista naquele

setor.

Em 2000, terminando o curso de Especialização em Prevenção e Controle de Infecções

Hospitalares, na Universidade Gama Filho (UGF), fui convidada a atuar nesta área. E nessa

atuação efetiva, como enfermeira da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH),

tornaram-se evidentes para mim, questões que sempre me despertaram interesses como

manuseio de materiais pérfuro cortantes, contato com microorganismos, movimentos

repetitivos e a manipulação de agentes físicos e químicos, as que estão expostos os

trabalhadores de enfermagem.

Sendo uma das tarefas específicas do enfermeiro de CCIH, além da vigilância

epidemiológica, a elaboração de normas e rotinas para procedimentos hospitalares; iniciei

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nessa ocasião, uma observação de situações que no meu entender, poderiam possibilitar

acidentes para os profissionais e pacientes como: lâminas introduzidas em locais irregulares,

reencapamento de agulhas, agulha introduzida em colchões das camas dos pacientes, agulhas

introduzidas em frasco de soros para que haja melhor fluxo de gotejamento e ao término

deste, ao lixo vai o frasco vazio de soro juntamente com a agulha.

A colocação de cartazes, informativos epidemiológicos e a educação continuada

alertando sobre os riscos com pérfuro cortantes parece não diminuir a ocorrência de acidente

de acordo com dados apresentados pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro

(SMS/RJ), que iniciou um sistema de Vigilância de Acidentes Ocupacionais com material

biológico em serviço de saúde de 1997 a 2001, onde a estimativas desses acidentes se

encontravam crescente.

Diante das situações observadas e mencionadas, despertou-me o interesse a investigar

a ocorrência de acidentes com material pérfuro cortante em profissionais de enfermagem.

Tendo a Vigilância da SMS/RJ, apontado como categoria profissional com maior número de

notificações em acidentes com pérfuro cortantes à equipe de enfermagem com 39.8%.

Segundo Rapparini, (2005) a preocupação com riscos biológicos surgiu a partir das

ocorrências dos agravos de saúde em profissionais de laboratório, onde se dava a manipulação

de microorganismos e material clínico desde o início dos anos 40; embora haja relatos em

varias literaturas antigas de cientistas que contraíram enfermidades em experiências,

realizadas por eles na busca de medicações e curas.

Desta forma, somente a partir da epidemia da AIDS nos anos 80, com o melhor

estabelecimento das normas envolvendo questões de segurança no trabalho de profissionais de

saúde, foi possível o entendimento ao risco a que estes profissionais estão exposto, por se

tratar de uma doença de impacto mundial; consequentemente obtendo informações

necessárias ao desenvolvimento de medidas de segurança na prática do exercício de

enfermagem, entre outros.

O HIV vírus da imunodeficiência humana, que causa a síndrome adquirida da

imunodeficiência humana (AIDS), infecção que acomete os glóbulos brancos do sangue,

destruindo as defesas naturais do organismo humano, e que foi reconhecida como entidade

nosológica em 1981, e que representa estágio clínico final da infecção pelo HIV, tem o

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homem como o único reservatório conhecido. O vírus foi isolado no sangue, fluido seminal,

secreções vaginais, urina, líquor, saliva, lágrima e leite; para que o vírus do HIV cause

infecção é necessária a transmissão parenteral, contato com mucosa ou lesões de pele.

(FERNANDES, 2000)

O HBV (hepatite B) é uma doença subaguda com icterícia, anorexia e náuseas;

transmitida de pessoa a pessoa através de sangue, fluidos e secreções, especialmente se foram

picadas por agulhas ou outro material contaminado (MARTINS, 2001)

O HBV em sangue seco pode se manter contaminante por até sete dias. (SANTOS, 2000)

A exposição ao sangue, fluidos e secreções que possam estar infectados com vírus

associados à transmissão hematogênica, através de uma lesão percutânea ou pelo contato com

mucosa é uma situação que apresenta risco de transmissão viral e requerem avaliação e

acompanhamento. Em relação ao HIV e Hepatite B, a exposição a agulhas ocas contendo

sangue ou instrumentos com sangue sugere um risco maior de contaminação.

A taxa de soroconversão pós-exposição ocupacional por ferimento

percutâneo tem variado entre 0,1 e 0,4% sendo maior em função do

tamanho do inóculo, da duração do contato e da extensão do

ferimento. A literatura internacional registra cerca de 55 casos,

confirmados até 1999, decorrente de exposição ocupacional em

trabalhadores de saúde, em decorrência de acidentes perfurocortantes

com agulhas ou material cirúrgico contaminado, manipulação,

acondicionamento ou emprego de sangue ou de seus derivados e

contato com materiais provenientes de pacientes infectados.

Assim, em determinados trabalhadores, a doença pelo vírus da

imunodeficiência humana (HIV) pode ser considerada como doença

relacionada ao trabalho, do grupo I da classificação de Schilling, posto

que as circunstâncias ocupacionais da exposição ao vírus são

acidentais ou ocorrem em condições específicas de trabalho, se bem

documentados e excluídos outros fatores de risco. (CID-10 B20 e

B24) (BRASIL, 2001)

O número de contatos com sangue, incluindo exposições percutâneas e mucosa, varia

de acordo com a categoria profissional, atividades desenvolvidas e setor de atuação deste

profissional. Cirurgião, Odontologos, equipe de Enfermagem, Higienizadores (serviço de

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limpeza) e demais profissionais que atuam nas emergências podem ser relacionados como

profissionais de alto risco de exposição a material biológico.

É também relevante a exposição de estudantes e estagiários em fase de treinamento,

principalmente quando não há treinamento adequado nos cursos de formação técnica ou

profissional sobre as formas de prevenção as exposições a material biológico.

Em minha experiência profissional, venho observando várias situações que estão

relacionadas à ocorrência de acidentes sejam eles quais forem, desde ao próprio meio onde ele

ocorre, até fatores emocionais que envolvem situações de frustração, negação do risco, receio

de adquirir doenças, preconceitos por colegas e sensação de perda, fatores que acredito,

podem interferir na falta de motivação para notificação.

Alguns desconhecem o que fazer ao se acidentar, o que pode contribuir para

subnotificação e outros por terem algum conhecimento apresentam um nível de tensão muitas

vezes difícil de ser contornado.

Geralmente este nível de tensão está relacionado à preocupação com as possíveis

conseqüências, diante da possibilidade de que possa estar infectado ou que exista o risco para

soro-conversão de hepatite ou HIV, principalmente quando é confirmado o acidente ocorrido

de paciente com sorologia positiva para HIV/AIDS

Com isso, crescem a insegurança, o temor e as reações do profissional que pode

apresentar comportamento de indignação com o ocorrido, com o exercício profissional e ao

afastamento do trabalho por não mais se sentir em condições psicológicas para desenvolver

suas atividades assistenciais. Estas reações, geralmente influem nas ações da equipe

profissional que sofre abalo na segurança e em relação ao Cuidar.

Estima-se que o caso de contaminação pelo HIV em todo o mundo por acidente de

trabalho com material pérfuro cortante seja de 70% de casos comprovados e destes 43% dos

prováveis que envolveram a categoria de enfermagem e de profissionais de laboratório.

(RAPPARINI, 2005)

Desta forma o acidente por material pérfuro cortante me sugeriu a busca de

conhecimentos e revisão constante de procedimentos que possam elevar as alterações nas

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atividades realizadas pelos profissionais de saúde, como um todo, buscando a redução da

probabilidade da exposição a material biológico, no que se refere aos cuidados específicos

com material pérfuro cortante.

Considerando os diferentes manuais e as normas que têm por diretriz orientar os

profissionais de saúde na prevenção de acidentes de trabalho, questiona-se porque os

profissionais de enfermagem ainda se acidentam com materiais pérfuro cortantes?

Entendendo que os custos psico-sociais, econômicos que sempre acompanham os

acidentes e principalmente os biológicos são imensuráveis e qualquer ação que possa evitar,

ou diminuir o risco à exposição, deve ser priorizada em qualquer instituição. Em lugar onde se

estuda, investiga, trata, previne doenças, não deveriam ser encontradas situações limites de

risco a saúde, à integridade e à vida.

1.1- Foco de investigação

O hospital é um local de trabalho bastante complexo, que além de prover desde os

cuidados básicos de saúde, também mantêm atendimento de pequena a alta complexidade a

um grande número de pessoas e muitos desses hospitais são centros de ensino e pesquisa.

Historicamente, os profissionais que trabalhavam em hospitais não eram considerados

como categoria de alto risco para acidentes de trabalho, embora o ambiente hospitalar anda

possa ser considerado insalubre, por agrupar pacientes portadores de inúmeras enfermidades e

realizar muitos procedimentos que oferecem riscos de acidentes e doenças para trabalhadores

da equipe de saúde; exigindo simultaneidade deste trabalhador quando precisa se esforçar

para manter a atenção voltada também para a possibilidade de sofrer acidente. (Starling,

2003)

Entende-se acidente, como um acontecimento repentino entre pessoas e ou pessoas e

objetos, que pode causar danos corporais ou materiais e que se diferencia de doença

ocupacional, que é insidiosa adquirida em longo prazo de tempo.

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"Acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da

empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou

perturbação funcional que cause morte ou a perda ou redução permanente ou temporária, da

capacidade para o trabalho”. Caminhos da análise de acidente de trabalho. (BRASIL, 2003)

Assim como, esforços na prevenção de acidentes de trabalho que envolva sangue e

outros fluidos potencialmente contaminados devem ser tratados como casos de emergência

médica, uma vez que, para se obter maior eficácia, as intervenções para profilaxia das

infecções pelo HIV e hepatite B, necessitam ser iniciadas logo após a ocorrência do acidente.

(BRASIL, 2005)

A adoção do uso de equipamentos de proteção individual (E.P.I.), dispositivos com

travas de segurança, tais como: lâminas, cateteres intravenosos, seringas e agulhas devem ser

uma preocupação em vários insumos e setores hospitalares visando à prevenção e redução de

acidentes, além de educação permanente, na busca da construção do conhecimento,

priorizando a prevenção.

A Coordenação da Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Departamento de Ações

Programáticas e Estratégicas da Secretaria de Atenção a Saúde, considerando a necessidade

de formar e dar suporte técnico ao Sistema Único de Saúde (SUS), submeteu a consulta

pública à minuta do "Protocolo de Exposição a Materiais Biológicos" até 31/01/2005.

Disponível em: (http://www.saude.gov.br) Acesso em: 02 de janeiro de 2005.

Com o objetivo de ampliar o fórum de discussão e reunir as contribuições da sociedade

na sua elaboração, com ênfase na transmissão vírus do HIV e da Hepatite B e C, tendo como

público alvo todos os profissionais e trabalhadores do setor saúde que atuam, direta e

indiretamente, em atividades onde haja o risco de exposição ao sangue e outros materiais

biológicos.

Permitindo diagnóstico, condutas, medidas preventivas e notificações na exposição a

material biológico criando fichas de notificação específica para registro das exposições e

criando condições para geração de dados, instrumentalizando a vigilância nos ambientes de

trabalho sobre biossegurança. Disponível em:

riscobiológico.org<[email protected]> Acesso em: 31/01/05

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A Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), que discute normas de segurança

e saúde no trabalho aprova a (Norma Regulamentadora) NR32, medida inédita que

regulamenta as condições de segurança e saúde em hospitais e clínicas de saúde.

A NR32 - define a implementação de medidas de proteção à segurança e a saúde do

trabalhador, nos serviços de saúde do trabalhador, nos serviços de saúde principalmente dos

riscos que esses profissionais estão expostos. (BRASIL, 2005)

De acordo com Valle (2003, p.415) laboratórios, indústrias, hospitais e instituições de

ensino quando não administrados corretamente, que apresentem instalações precárias,

improvisadas, adaptadas, com corpo técnico formado por pessoal sem treinamento,

desmotivado, podem ser considerados como ambiente de alto risco expondo a equipe, o

paciente a instituição e a si próprio ao risco.

A Norma Regulamentadora de segurança em saúde do Ministério do Trabalho (NR

32/05) no item 32.2.4.15-17 refere que: Os trabalhadores que utilizarem objetos perfuro

cortantes devem ser responsáveis pelo seu descarte. São vedados o reencape e a desconexão

manual de agulhas. Devendo ser assegurado o uso de material perfura cortante com

dispositivo de segurança, conforme cronograma a ser estabelecido pela Comissão Tripartite

Paritária Nacional (CTPN). Vigilância nos ambientes de trabalho sobre biossegurança.

(BRASIL, 2005)

O Manual de condutas em exposição ocupacional a material biológico e hepatite B e

HIV, elaborado pela Coordenação nacional de DST/AIDS (BRASIL, 1999/2005), é um

documento básico, que orienta os profissionais da área de saúde que atuam direto ou

indiretamente em atividades onde há o risco de exposição ao sangue e a outros materiais

biológicos.

Essas orientações incluem condutas a serem adotadas frente ao acidente com material

biológico, abordando a adesão as normas de precaução padrão/básicas como vacinação, uso

de equipamento de proteção individual (EPI), cuidados com material perfuro cortante e

procedimentos em caso de exposição a material biológico, além da conduta para exposição

envolvendo paciente fonte com sorologia anti HIV desconhecida, dado significativo de 50%

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para HIV; 89% para HBS/Ag e 90% para anti HCV Situação sorológica com fonte

desconhecida "Acidente de trabalho com material biológico" - Município do Rio de Janeiro

1997 a Dezembro 2001. (BRASIL, 2001)

Em janeiro de 1999, a coordenação Municipal de DST/AIDS do Rio de Janeiro

implantou o Programa de Vigilância e Prevenção a Acidentes com Material Biológicos. A

vigilância dos acidentes é realizada em parceria com a gerência de Saúde do Trabalhador

deste município.

De acordo com um levantamento, realizado pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio

de Janeiro, que há cinco anos iniciou um sistema de vigilância de acidentes ocupacionais com

material biológico em estabelecimento de saúde, “Aproximadamente 10 mil acidentes com

material biológico ocorreram em mais de 270 serviços de saúde do Rio de Janeiro, incluindo

unidades públicas e privadas, entre o período de janeiro de 1997 a dezembro de 2001 -

"Relatório de acidentes de trabalho com material biológico 1997-2001”. (BRASIL,2001).

A partir deste relatório a coordenação de Doenças Transmissíveis/Gerência

DST/AIDS vem recebendo aproximadamente a cada ano, em média 230 notificações por

mês, equivalente a 07 acidentes por dia. A maioria destes acidentes ocorre por exposição com

material pérfuro cortante, contendo resíduo de sangue; os trabalhadores com maior número de

notificações são da equipe de enfermagem (41%), especialmente os profissionais de nível

médio. (BRASIL, 2001)

Entre janeiro de 1999 e outubro de 2003, o Centro de Vigilância Epidemiológica da

Secretária de Estado de Saúde de São Paulo recebeu cerca de 4.604 notificações de acidentes

ocupacionais com material perfuro cortante, dados divulgados recentemente pelo Programa

Estadual de DST/AIDS, a partir de registros colhidos pelo sistema de notificação de acidentes

biológicos - SINABIO. Os trabalhadores com maior número de notificações são da equipe de

enfermagem com (54,6%), e desses sendo (51,5%) os de nível médio. Boletim

Epidemiológico - SINABIO. (BRASIL, 2003)

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A Coordenação do Projeto de Biossegurança em Odontologia (São Paulo) divulgou

Disponível em: [email protected] Acesso em: 03 de fevereiro de 2005, a

matéria de 01/02/2005 Jornal O Estado de São Paulo, os riscos de contágios no dentista. A

matéria inicia afirmando que sem os devidos cuidados, consultórios odontológicos podem ser

fonte de infecção para o profissional ou paciente.

Refere ainda que de acordo com o Sistema de Notificação de Acidentes Biológicos

(SINABIO) de São Paulo, 29% dos acidentes com material biológico e perfuro cortante

ocorrem com dentistas, posicionando este profissional em segundo lugar no Ranking da área

da saúde, tendo em primeiro lugar com 40% de ocorrência o grupo de auxiliares de

enfermagem, ficando o médico no final da escala com 4%. (BRASIL, 2003)

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, através da Coordenação de

Doenças Transmissíveis /Gerência de DST/aids, divulgou em Relatório de acidentes de

trabalho com material pérfuro cortante -1997 a 2004. Disponível em: http://

www.saude.rio.rj.gov.br/media/acidentes_relatorio, Acesso em: 29/10/05. Em oito anos

(janeiro 1997 a dezembro 2004), 15.035 acidentes foram notificados oriundos de unidades

públicas e privados. Atualmente são recebidas, em média 150 notificações por mês, o que

equivale a mais de quatro acidentes por dia.

Porém, mesmo entre as unidades notificantes, a sub-notificação de exposição persiste

como um problema a ser enfrentado. Ainda que não haja estimativas precisas sobre a sub-

notificação dos acidentes, a SMS/RJ estima que entre 50 e 90% dos casos de acidentes

ocorridos não são notificados. (BRASIL, 2004)

De 1997 a 2001 foram notificados no Rio de Janeiro, 9.736 acidentes; de 2002 a 2004

foram notificados 5.270 acidentes. Sendo os trabalhadores com maior número de notificações

a equipe de enfermagem com 44%; especialmente os profissionais de nível médio (37%) e

enfermeiros (7%).

Nestes relatórios pode ser identificado o risco para acidente com material pérfuro

cortante em profissionais de enfermagem, fato também apontado em literatura consultada e

considerando ainda que o hospital da rede municipal estudado é o segundo que mais notifica,

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se fazem necessário a realizações de estudos aprofundados, que detectem o potencial de risco

e as causas mais comuns para acidentes nesses profissionais

1.2 – Objeto

A busca das possíveis causas de acidentes com pérfuro cortante, na prática assistencial

dos trabalhadores de enfermagem.

1.3 – Objetivos do Estudo

Este estudo teve como objetivos:

1. Identificar o potencial de risco para acidentes biológicos com material pérfuro

cortante na equipe de enfermagem (Enfermeiros, técnicos e auxiliares de

enfermagem), lotados nos setores de Emergência e Clínica Médica de um Hospital

Geral do Rio de Janeiro;

2. Analisar a influência das normas de biossegurança no conhecimento e no

comportamento destes trabalhadores de enfermagem na sua prática assistencial.

1.4 – Justificativa do estudo

Este estudo justifica-se a partir das reflexões sobre a prática de enfermagem e o risco

de ocorrência de acidentes por material perfuro cortante, descritos em algumas pesquisas e

artigos consultados, por exemplo, da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro

(SMS.RJ,2004) e de São Paulo (SINABIO,2003), e de artigos de Caixeta (2003), Marziale

(2004), Starling (2003) entre outros; e que focalizam os profissionais de enfermagem com o

maior índice em acidentes pérfuro cortante .

Assim a investigação desta temática aponta para identificação das facilidades e

dificuldades destes profissionais no desempenho de suas ações para atender ao preconizado

pelo protocolo de biossegurança, de uma maneira geral para o cuidado e o descarte de

material pérfuro cortante.

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Desta forma a preocupação focalizada neste estudo, tem uma relação direta em

articular a normatização das normas de biossegurança com a prática de enfermagem,

buscando fortalecer e incentivar a importância das orientações e/ou implementações destas

normas, que ofereçam melhores condições de trabalho para o desempenho nas ações de

enfermagem, com vistas a diminuir esses acidentes nas atividades profissionais executadas no

ambiente hospitalar.

Para Bartlet, apud Fávero (1993, p. 45)

A compreensão não é um mecanismo de reprodução, mas um

processo construtivo que usa não só as informações dadas no

discurso, mas também um conhecimento prévio extraído da

experiência pessoal. Esse conhecimento está armazenado na

mente humana não como uma sucessão de fatos e experiências

desordenadas entre si, mas, de maneira organizada, em

estruturas cognitivas (...).

A palavra compreensão é muito mais ampla do que se imagina. Neste processo de

formular orientações que ofereçam condições seguras no desempenho das atividades

profissionais executadas no ambiente hospitalar, necessariamente temos que considerar

informações, crenças, valores e saberes anteriores sobre o risco a que se expõe, o profissional

de saúde em seu ambiente de trabalho.

Assim, se são os profissionais de saúde no seu ambiente de trabalho que sofrem o

impacto direto dos riscos a que estão expostos, são estes que possuem provavelmente as

melhores informações de como, quando e de que forma possam esses riscos serem evitados e

ou diminuído a fim de constituir um ambiente de trabalho seguro.

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RISCO

“Entre o conhecimento do que realmente existe e a ignorância do que não existe, fica o domínio da opinião, que é mais obscura do que o conhecimento; mas mais clara do que a ignorância”.

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PLATÃO2 – REFERENCIAL TEÓRICO

Com objetivo de organizar este estudo e de oferecer uma compreensão mais ampla do

assunto, a revisão de literatura apresenta algumas concepções importantes como:

Risco

Mapa de Risco

Biossegurança

Saúde do Trabalhador

Risco Profissional

Normas de Precaução Básica

2.1 – Risco

A origem do termo risco é da palavra riscare da língua italiana, cujo significado

etiológico é navegar em rochedo perigoso. O risco, portanto, envolve o potencial de perdas e

danos, sendo assim, a incerteza e a relevância das perdas ou danos ser fatores importantes a

serem considerados. (SILVA, 2001)

O reconhecimento do risco consiste em prever situações ou eventos que poderão

ocasionar perdas e danos, baseado em conhecimento prévio ou estimado, com o objetivo de

adotar condutas para minimizar estes riscos.

A análise dos riscos tem por objetivo investigar as probabilidades de ocorrências de

situações perigosas, oriundas de processos ou produtos que possam comprometer a saúde do

homem, animais, meio ambiente e propriedade. (BRASIL, 2001)

"Situação ou fator de risco é uma condição ou conjunto de circunstâncias que tem o

potencial de causar um efeito adverso, que pode ser; morte, lesão, doenças ou danos a saúde, à

propriedade ou ao meio ambiente" segundo Trivellato in Brasil, (2001, p.37) o qual relata, que

os fatores de risco podem ser classificados, segundo sua natureza em:

Ambiental

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a) Físico – alguma forma de energia: radiação, ruído, vibração.;

b) Químico – substâncias químicas, poeiras;

c) Biológico – bactérias, vírus, fungos etc. Os agentes de risco biológicos são

divididos em quatro classes, dependendo do poder patogênico do agente, modo de

transmissão, variedade do hospedeiro, da prevenção e tratamento eficaz; podendo

ser classificados em:

Risco 1 – com pouca probabilidade de causar enfermidades humanas;

Risco 2 – podem provocar infecção grave, porém existem medidas de

prevenção. Ex: tuberculose;

Risco 3 – podem provocar enfermidades humanas graves, entretanto não se

propagam de pessoa infectada a outra;

Risco 4 – individual e comunitário de agentes patogênicos que podem provocar

enfermidades graves, em pessoas e animais de fácil propagação de um

indivíduo a outro.

d) Situacional – instalações, ferramentas, equipamentos, materiais, operações, etc.;

e) Humano ou comportamental – decorrente da ação ou omissão humana.

A análise dos riscos, segundo Norma Lucena Silva, 2001 compreende:

a) Identificação de perigo – percepção do conhecimento da ciência acerca do risco,

conhecimento das pessoas acerca do risco, espontaneidade ao risco, controle do

risco, severidade das conseqüências e seu impacto econômico e social;

b) Estimativa de perigo – notificação de acidentes, podendo ser estimado

estatisticamente quando é conhecido o efeito da sua exposição. Ex: óbitos por ano

por acidente, perdas da expectativa de vida e ou de dias de trabalho;

c) Avaliação da exposição – informação, onde é avaliada levando em consideração a

análise estatística dos efeitos da exposição;

d) Caracterização de riscos – informação;

e) Gerenciamento de riscos – decisão, de ações que podem ser medidas preventivas,

difusão de informação a ação de controle.

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Mapa de Risco

Biológico radioativo Reciclável Perigo

“Há que se pensar com clareza, para escrever e fazer com precisão e fidelidade”

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2.2 – Mapa de Risco

O Mapa de risco é uma representação gráfica de um conjunto de fatores presentes nos

locais de trabalho, capaz de acarretar prejuízos à saúde do trabalhador: acidentes e doenças de

trabalho. Tais fatores têm origem nos diversos elementos do processo de trabalho (materiais,

equipamentos, instalações, suprimentos e espaços de trabalho) e da forma de organização do

trabalho (arranjo físico, ritmo de trabalho, método de trabalho, postura de trabalho, jornada de

trabalho, treinamento). (MATTOS, 1996).

A Norma Regulamentadora N°5 (NR-5), Portaria N° 3214/78 do Ministério do

Trabalho, classifica os riscos ambientais em cinco grupos:

Grupo 1 – Risco Físico (identificado pela cor verde) – ruído, calor, frio, pressões,

umidade, radiações ionizantes e não ionizantes, ultra-som, vibração, materiais

cortantes e pontiagudos;

Grupo 2 – Risco Químico (identificado pela cor vermelha) – poeiras, fumos,

gases, vapores, névoas, neblinas (que possam penetrar no organismo por via

respiratória, pele ou ingestão);

Grupo 3 – Risco Biológico (identificado pela cor marrom) – fungos, vírus,

parasitas, bactérias, protozoários, insetos;

Grupo 4 – Risco Ergonômico (identificado pela cor amarela) – levantamento e

transporte manual de peso, monotonia, repetitividade, responsabilidade, ritmo

excessivo, postura inadequada de trabalho, trabalho em turnos;

Grupo 5 – Risco de Acidentes (identificado pela cor azul) – arranjo físico

inadequado, iluminação inadequado, incêndio e explosão, eletricidade, máquinas e

equipamentos sem proteção, quedas e animais peçonhentos. (MATTOS, 1996).

É importante destacar que a radiação ionizante é produzida por aparelhos aceleradores

de alta freqüência que emitem partículas alfa, beta e prótons utilizados em esterilização,

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vacinas e prevenir deterioração de alimento, enquanto que a radiação não ionizante,

representado entre outros pela radiação ultravioleta, destrói bactérias por mutação genética e é

utilizada para reduzir microrganismo no ar.

Quando houver em um mesmo local, risco diferente com a mesma gravidade a

representação gráfica poderá ser elaborada, utilizando-se um único círculo dividindo-o em

setores com as cores correspondentes, orientando o trabalhador para o risco a que está

exposto.

Silva, (2001, p.10) estabeleceu a classificação convencional dos organismos quanto ao

grau de risco, conforme abaixo descrito:

Grupo de

risco

Risco

individual

Risco p/

comunidade

Possibilidade

e tratamento

Possibilidade

e prevenção

Exemplo de

organismos

01Nenhum /

baixonenhum -------- --------

E. coli K12

não

patogênico

02 moderado baixo sim sim S. mansoni

03 alto alto sim simM.

tuberculosis

04 alto alto não não Vírus Ebola

Os critérios utilizados para classificação dos organismos são: a patogenicidade para o

homem, a virulência do agente infeccioso, o modo de transmissão, a endemicidade e a

existência ou não de profilaxia e de terapêutica eficaz.

Esta classificação pode subsidiar a compreensão de estudos, entendendo que os

trabalhadores de enfermagem, durante a assistência ao paciente, estando expostos a inúmeros

riscos ocupacionais causados por fatores biológicos, químicos, mecânicos, ergonômicos e

psicossociais, podem desenvolver doenças ocupacionais e acidentes de trabalho.

O que refere Marziale (2002, p.3), no nível hospitalar dentro de uma melhor

compreensão, tem-se os riscos físicos, que se referem à temperatura ambiental (elevada nas

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áreas de esterilização e baixa em centros-cirúrgicos) e iluminação, na maioria das vezes

inadequadas nos diversos setores hospitalares.

Dentre os riscos psicossociais está à sobrecarga advinda do contato com o sofrimento

de pacientes com a dor, a morte, o trabalho noturno, ritmo de trabalho, realização de múltiplas

tarefas fragmentadas e repetitivas.

Dentre os riscos mecânicos estão as lesões causadas por quedas de pisos inadequados,

a manipulação de objetos corto-contuso, os levantamentos de peso, e transportes de paciente e

equipamentos e posturas inadequadas.

Quanto ao risco biológico estes se referem ao contato do trabalhador, com

microorganismos, (principalmente vírus e bactérias) que podem causar doenças desde

tuberculose, escabiose, rubéola, hepatite e AIDS. Os dois últimos estando na grande

preocupação oriundos de acidentes ocasionados pela manipulação de material pérfuro

cortante, que ocorre freqüentemente na execução do trabalho de enfermagem.

A preocupação com o risco, envolvendo o

manuseio de pérfuro cortantes, tem levado vários pesquisadores à

tarefa de investigar os fatores de risco para acidentes percutâneos,

Jagger e colaboradores em 1988, publicaram um trabalho, intitulado

"Taxas de acidentes percutâneos causados por vários dispositivos em

um hospital universitário". Esse trabalho identifica que a ocorrência de

acidentes percutâneos depende, em parte, do tipo e do design

(desenho) do material perfuro cortante. (MASTROENI 2004, p.112)

Este e outros estudos acabaram por contribuir para orientação da NR 32/05 de ter

assegurado o uso de material pérfuro cortante com dispositivo de segurança.

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BIOSSEGURANÇA

“A melhor Prevenção é não se acidentar”

Mistério da Saúde, 1999

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2.3 – Biossegurança

A princípio o termo biossegurança começou a ser utilizado na década de 70, na

reunião de Asilomar na Califórnia, onde a comunidade científica iniciou a discussão sobre os

impactos da engenharia genética na sociedade, sendo a primeira vez que se discutiram os

aspectos de proteção aos pesquisadores e demais profissionais envolvidos nas áreas onde se

realiza o projeto de pesquisa. A partir daí o termo biossegurança, vem ao longo dos anos se

adequando a outras áreas onde possam ser encontrados riscos para a saúde. (MASTROENI,

2004)

“A Biossegurança é um conjunto de ações voltadas para prevenção,

minimização ou eliminação de riscos inerentes ás atividades de

pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação

de serviços, riscos que podem comprometer a saúde do homem, dos

animais, do meio ambiente ou da qualidade dos trabalhos

desenvolvidos”. (VALLE 1996, p.13 )

De acordo com Costa (2003), a biossegurança está se constituindo como uma ciência

surgida no século XX, voltada para o controle e a minimização de riscos advindos da prática

de diferentes tecnologias, seja em laboratório ou quando aplicadas ao meio ambiente. A

biossegurança é regulada em vários países no mundo por um conjunto de leis, procedimentos

ou diretivas específicas.

No Brasil, a legislação de Biossegurança engloba apenas a tecnologia de Engenharia

Genética, ou seja, a tecnologia do DNA ou RNA recombinante - estabelecendo os requisitos

para o manejo de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), para permitir o

desenvolvimento sustentado da Biotecnologia moderna. O fundamento básico da

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Biossegurança é assegurar o avanço dos processos tecnológicos e proteger a saúde humana,

animal e o meio ambiente. (COSTA, 1996).

A Biossegurança é uma doutrina de comportamentos que visa o alcance de atitudes e

condutas que diminuam os riscos do trabalhador de locais de saúde (hospitais, clínicas,

hemocentros, etc.) de adquirir infecções ocupacionais. Desta forma, engloba medidas

técnicas, administrativas, educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir

acidentes em ambiente biotecnológicos. (COSTA, 1996)

Considerando os diferentes focos de atenção, Costa (2003), classifica a Biossegurança

em:

Biossegurança Legal – são as ações de preservação da saúde humana, animal e

ambiental praticada em ambiente onde estão presentes organismos geneticamente

modificados (OGM), de acordo com a Lei nº 8974 de 5 de janeiro de 1995;

Biossegurança Praticada – são ações de preservação da saúde humana, animal e

ambiental, praticada em ambiente onde não estão presentes organismos

geneticamente modificados (OGM). Essas ações estão, na maioria das vezes,

relacionadas à engenharia de segurança, saúde do trabalhador, infecção hospitalar

ou higiene industrial;

Biossegurança Social – expressão criada por alguns autores para designar a

biossegurança relacionada aos agentes sociais de risco, como a pobreza, miséria,

fome entre outros.

Ao considerar esta classificação entende-se que o enfoque central deste estudo, seja a

biossegurança praticada, relacionada à saúde do trabalhador e à infecção hospitalar.

Corroborando com Amaral (2003) usualmente tanto nos locais de trabalho, como

ainda nas unidades de estágios, o profissional e alunos são colocados a desenvolverem tarefas

que não dominam completamente e que podem resultar em erros, que muitas vezes estão

relacionados com falta de informação adequada sobre biossegurança.

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Esta afirmativa é corroborada quando na minha experiência profissional identifiquei

que, o tempo que se leva para dominar determinados conhecimentos e aplicá-los com

segurança e ainda muitas vezes as instalações prediais inadequadas induzindo ao erro, ao

desestimulo das chefias que muitas vezes não conseguindo implementar o que foi visto em

seus cursos, acabam por contribuir para um prejuízo de funcionários e alunos que se

encontram inseridos num ambiente com atmosfera contaminada, sem equipamentos de

proteção, obsoletos e sem apoio institucional e vemos ganhando força o dizer "trabalho aqui

há 10, 20, 30 anos e nunca me contaminei".

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Saúde do TrabalhadorHBV ocupacional

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“É impossível alcançar qualidade de vida sem ter qualidade de trabalho, nem se pode atingir meio ambiente equilibrado e sustentável ignorando o ambiente de trabalho.” Sebastião G. Oliveira

2.4 – Saúde do Trabalhador

A saúde do trabalhador constitui uma área da saúde pública que objetiva o estudo, a

intervenção e as relações entre trabalho e saúde. Tem como objetivo, a promoção e a proteção

da saúde do trabalhador, por meio do desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos

presentes nos ambientes e condições de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador a

organização e a prestação da assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos de

diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada. (BRASIL, 2001)

Relacionar doença e trabalho é fato antigo na história. Thorwald, (1990) descreve a

presença desta associação através de estudos de papiros egípcios e estatuetas como a figura de

oleiro feita de calcário por volta do ano 2.400 a.c. "agachado atrás do seu torno, vêem-se os

seus pés inchados, o rosto macilento e as costelas salientes" levando pesquisadores a concluir

sobre a existência de doenças como a tísica, artrite entre outras. Assim também ocorreu na

Mesopotâmia, Grécia antiga e outras civilizações.

A descoberta dos agentes microbianos por Pasteur 1867, trouxe as áreas de

conhecimento em saúde uma modificação da compreensão da relação entre causa e efeito. No

ambiente de trabalho a busca de riscos que respondessem por distúrbios específicos e

situações de perigo; a relação do risco que o trabalhador possa estar exposto para contrair uma

doença, entendendo-se assim a multiplicidade das causas.

É na Inglaterra no transcurso da Revolução Industrial, que as relações entre saúde e

trabalho se traduzem em ações médicas aloucadas junto aos ambientes laborais. O primeiro

avanço da medicina do trabalho surgiu em 1830 na indústria têxtil inglesa como instrumento

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utilizado pelo empregador para ser um anteparo do capital às possíveis reivindicações

operárias.

A tentativa era de medicalizar o adoecer devido ás condições laborais e reduzir, assim,

possibilidades de associações causais entre trabalho e morbidade operária desta forma a

medicina do trabalho evolui gradativamente como especificidade disciplinar, incorporando, ao

longo do tempo os preceitos dominantes das relações entre doenças e seus possíveis

determinantes. (WAISSMAN, 1996)

No Brasil, as relações entre trabalho e saúde do trabalhador conformam um mosaico,

coexistindo múltiplas situações de trabalho caracterizadas por diferentes estágios de

incorporação tecnológica, diferentes formas de organização e gestão, relações e formas de

contrato de trabalho, que se reflete sobre o viver, o adoecer e o morrer dos trabalhadores.

(BRASIL, 2001)

O reconhecimento do papel do trabalho na determinação e evolução do processo

saúde-doença dos trabalhadores tem implicações éticas, técnicas e legais, que se reflete sobre

a organização e o provimento de ações de saúde para esse segmento da população, na rede de

serviços de saúde. (BRASIL, 2001)

Nesta perspectiva o entendimento da causa ou da ligação entre um determinado

acontecimento causando dano a saúde individual ou coletiva, advinda de uma condição de

trabalho constitui-se condição básica para implementação de ações de saúde para o acesso do

trabalhador aos serviços de saúde, desta forma identificando, controlando os fatores de risco

no ambiente de trabalho, buscando tratamento, prevenção e promoção da saúde que visem a

diminuição desses danos ou riscos.

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Risco Profissional

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“O Enfermeiro ajuda a resgatar vidas, o amor ajuda a resgatar almas. Por isso, é fundamental que haja essa união”. Adão Mystzak

2.5 – Risco Profissional

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A exposição aos agentes biológicos está geralmente associado ao trabalho em hospitais

e laboratórios de análises clínicas. Os serviços de saúde possuem muitas áreas de

insalubridade variando em sua complexidade desde o atendimento básico (postos de saúde)

até o hospital em sua grande complexidade. Podendo estes riscos de agravo de saúde ser

variados e cumulativos.

Fernandes (2000), relata que diversos casos de aquisição de doença profissional após

contato com material biológico, têm sido descritos pelos diferentes tipos de agentes: virais,

bacterianos, fúngicos entre outros. A via aérea representa uma forma importante de contágio,

seja pela inalação de aerossóis ou por partículas maiores; assim como o trabalhador pode ser

vítima de um acidente, ele pode ser o agente.

“Com a epidemia de AIDS, houve um grande aumento de interesse na

área ocupacional, não apenas pelo risco de aquisição acidental de

HIV, mas também pelo risco de adquirir outras doenças (tuberculose),

manifestada, por estes pacientes em conseqüência da

imunodeficiência” (FERNANDES 2000, p.1287).

Raparrini, (2005) o conceito de “Precauções Universais” instituídas em 1987 pelo

Centro de Controle de Doenças (CDC) pode ser considerado um marco histórico que visava

atender a possibilidade de transmissão do HIV por contato muco cutâneo com sangue e da

constatação de que a infecção pelo HIV poderia ser desconhecida na maioria dos pacientes

com risco de exposição dos profissionais de saúde.

Este termo referia-se à necessidade das instituições, instituírem medidas de prevenção

na assistência a todo e qualquer paciente atendido, baseando-se no princípio de que todo

paciente deveria ser considerado infectado, independente de diagnóstico definido.

Atualmente, precauções padrão ou básicas englobam alguns conceitos como o uso de

E.P.I., quando o contato muco cutâneo com sangue ou outros materiais biológicos puder ser

previsto, de precauções necessárias na manipulação de agulhas e/ou outros materiais cortantes

prevenindo às exposições percutânea e os cuidados necessários à desinfecção e esterilização

de instrumentos usados em procedimentos invasivos. (BRASIL, 2005)

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Centers for Disease Control and Prevention-USA (CDC) como parte das

recomendações e informações contidas no Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR)

de 29 de junho de 2001 que atualizam as "Diretrizes para o manejo da exposição ocupacional

ao HBV,HCV e HIV e as recomendações para profilaxia pós exposição do serviço de saúde

pública dos EUA" .

Estas medidas incluem: manipulação de sangue, secreções e excreções, contato com

mucosa e pele não integra e a recomendação para o uso de E.P.I., que são de uso estritamente

pessoal, utilizados para prevenção dos efeitos causados por acidentes e sua utilização está

regulamentada pela Portaria Nº 3.214/1978 (NR-6) do Ministério do Trabalho, que prevê sua

distribuição gratuita, pela empresa, cabendo ao profissional a obrigatoriedade de utilizá-los e

de conservá-los. (COSTA, 2002)

A simples disponibilidade de E.P.I. para trabalhadores, não significa que os mesmos

estejam protegidos, pois equipamentos podem não ser eficientes, podem não ser

adequadamente usadas pelos trabalhadores, desta forma um sistema de controle, deve ser

cuidadosamente avaliado para evitar falsa segurança.

A Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) deve ser compreendida como eixo

fundamental capaz de consolidar as práticas de saúde do trabalhador no SUS, na perspectiva

da prevenção dos agravos decorrentes da relação saúde-trabalho e da promoção da saúde. É

por intermédio das ações compreendidas no campo da vigilância que se terá a capacidade de

interromper o ciclo processo/ambiente de trabalho-doença-morte, buscando a quebra da

cadeia de transmissão do risco. (BRASIL, 2001)

Até setembro de 1993, entre os casos de AIDS notificados no CDC, 11.604 (5% do

total) eram profissionais de saúde. Ao longo de quase 10 anos, foram documentados 79 casos

de aquisição de HIV pós-exposição à material biológico em todo o mundo. A soroconversão

ocorreu após seis meses em apenas dois dos 52 casos documentados nos EUA. Foram

descritos 45 casos de aquisição após acidente percutâneo. (FERNANDES, 2000)

Na maioria a soroconversão se deu entre duas e seis semanas, e está geralmente

relacionada ao contato com sangue através de lesão perfuro cortante. O risco estimado para

aquisição após acidente percutâneo é de 0,3% e para exposição de mucosa é de 0,09% e o

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risco de aquisição após acidente com material perfuro cortante contendo sangue de paciente

com VHB (hepatite) é estimado entre 6% e 30%. (FERNANDES, 2000)

Em 1984 o primeiro caso reportado de profissional de saúde infectado por HIV através

de picada de agulha, a enfermeira norte-americana Lynda Arnold, originando a

implementação das precauções universais e orientação de vacinação contra Hepatite B em

profissionais de saúde.

E, tendo como iniciativa, em 1991 Ocupational Safety and Health Admnistration

(OSHA) agência federal para regulamentação da saúde e segurança dos trabalhadores, nos

Estados Unidos, implantando as normas do centro de controle de doenças (CDC), como as

precauções universais em normas executáveis dos patógenos transmitidos por via sangüínea

com as duas diretrizes de avaliação do risco e gerenciamento do risco que orienta à:

Desenvolver plano de controle de exposição para cada instituição;

Fornecer recipiente para descarte de objetos de pérfuro cortante;

Treinar profissionais de saúde na prática de trabalho seguro e precauções padrão;

Fornecer gratuitamente vacinas contra hepatite B;

Fornecer acompanhamento e tratamento pós-exposição;

Manter registros das exposições reportadas. (MASTROENI, 2004 p.240)

Equipamento de Proteção Individual (EPI)

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2.6 – Normas de Precaução Básicas

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A documentação que fundamenta as recomendações para atendimento e

acompanhamento de exposição ocupacional a material biológico, HIV e hepatite B e C emana

do Ministério da Saúde (BRASIL, 1999 e 2005)

Dentre as concepções e medidas de prevenção focalizadas, destacamos que:

Acidente é todo acontecimento não programado, estranho ao andamento normal do

trabalho, assim como também toda profissão, trabalho ou função têm um risco inerente a ela,

do qual poderá resultar dano físico e/ou econômico neste caso à equipe de enfermagem.

Todo acidente tem uma causa ou várias causas associadas. Como possíveis e

principais causas de acidentes, cuja ocorrência se verifica entre os membros da equipe de

enfermagem, podem-se citar: instrução inadequada, supervisão incorreta ou inapta, não

observância das normas vigentes, práticas de trabalho incorretas, falta de manutenção, mau

uso ou até mesmo a resistência ao uso dos equipamentos de proteção, entre outras.

O ambiente hospitalar, tem sido considerado insalubre, por agrupar pacientes

portadores de diversas enfermidades e naturalmente, comporta inúmeros riscos, e suas

origens, tanto podem ser de ordem física, química ou biológica. Entretanto, acidentes e

contaminações geralmente podem ser evitados, desde que as normas de biossegurança e

prevenção sejam rigorosamente seguidas. (STARLING, 2003)

As medidas de prevenção que devem ser utilizadas na assistência de todos os pacientes

na manipulação de sangue, secreções e excreções e contato com mucosa e pele não integra.

Isso independe do diagnóstico definido ou presumido de doenças infecciosas (HIV/AIDS,

hepatite B e C). Essas medidas incluem a utilização de:

Equipamentos de Proteção Individual (E.P.I.) com a finalidade de reduzir a

exposição do profissional a sangue ou fluidos corpóreos, e os cuidados específicos

recomendados para manipulação e descarte de materiais perfuro cortantes

contaminados por material orgânico.

a) Touca, gorro, óculos, máscara de proteção ou protetores faciais – durante a

realização de procedimentos em que haja possibilidade de respingos de sangue e

outros fluidos corpóreos, nas mucosas da boca, nariz e olhos do profissional, ou

para aplicação de medicamentos quimioterápicos;

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b) Capotes, aventais – devem ser utilizados durante os procedimentos com

possibilidade de contato com material biológico, realização de curativos de grande

porte, queimaduras, úlceras de decúbito, inclusive em superfícies contaminadas;

c) Luvas – sempre que houver possibilidade de contato com sangue, secreções e

excreções, com mucosas ou com áreas de pele não integra (ferimento,

úlceras ,feridas, cirúrgicas e outros);

d) Sapato, botas - proteção dos pés em locais úmidos ou com quantidade significativa

de material infectante (centros cirúrgicos, área de necropsia e outros). (BRASIL,

1999 e 2005)

Material pérfuro cortante – cuidados com materiais pérfuro cortantes têm como

recomendações específicas que devem ser seguidas durante a realização de procedimentos que

envolvam a manipulação de material pérfuro cortante:

Máxima atenção durante a realização dos procedimentos;

Jamais utilizar os dedos como anteparo durante a realização de procedimentos que

envolvam materiais perfuro cortantes;

As agulhas não devem ser reencapadas, entortadas, quebradas ou retiradas da

seringa com as mãos;

Não utilizar agulhas para fixar papéis;

Todo material perfuro cortante (agulhas, “scalp”, lâminas de bisturi, vidrarias,

entre outros), mesmo que estéril, deve ser desprezado em recipiente resistente a

perfuração e com tampa;

Os recipientes específicos para descarte de material cortante não devem ser

preenchidos acima do limite de 2/3 de sua capacidade total e devem ser colocados

sempre próximos do local onde é realizado o procedimento. (BRASIL 1999, p 8. e

2005, p.15)

Essas medidas devem ser utilizadas na manipulação de sangue, secreções e excreções,

assim como contato com mucosa e pele não integra; incluem recomendações sobre o uso de

(E.P.I.'s), gorro, óculos, máscara, capote, luvas, sapatos /botas, com a finalidade de reduzir a

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exposição do profissional a sangue e fluidos corpóreos e cuidados específicos na manipulação

e descarte de materiais perfuro cortantes.

Os equipamentos de proteção coletiva (EPC) capela de fluxo laminar, equipamento de

socorro imediato, chuveiro lava olho, pias, sabão, escovas, exaustores, equipamento portátil

de oxigênio, extintores de incêndio, condicionador de ar, microincinerador, barreiras,

sanitários, acústica, recipientes para rejeitos, recipiente para material contaminado,

dispositivos de segurança em máquinas e equipamentos.

No manual de condutas de exposição ocupacional a material biológico BRASIL, 1999

e 2005 um dos itens mais importantes entre as precauções padrão, é constituído do conjunto

de medidas de controle de inoculações por objetos perfuro cortantes, contaminados, quer por

sangue, secreções ou quaisquer tipos de fluidos corpóreos.

Esses artigos/objetos são classificados como "críticos", por apresentarem alto risco de

transmissão de infecção; isso se deve ao fato de que os mesmos, ao entrarem em contato com

fluidos estéreis ou com o sistema vascular, constituem-se numa grande ameaça ao profissional

de saúde, desde que não sejam manipulados cuidadosamente, e/ou não tenham sido

desprezados com segurança. As luvas, tanto as de látex quanto as mais grossas, de borracha,

não são protetores eficazes nos casos de ocorrência de acidentes com inoculações.

Os procedimentos recomendados, em caso de exposição a material biológico, incluem

cuidados locais na área exposta, que devem ser imediatamente iniciados. Recomenda-se

lavagem exaustiva com água e sabão em caso de exposição percutânea.

O uso de solução antiséptica degermante (PVPI-Iodo ou clorexidina) pode ser usado,

embora não haja nenhuma evidência objetiva de vantagem em relação ao uso do sabão

comum; após exposição em mucosa, está recomendada a lavagem exaustiva com água ou

solução fisiológica; recomendações específicas para imunização contra tétano e medidas de

quimioprofilaxia e acompanhamento sorológico para hepatite e HIV estão indicadas.

(BRASIL, 1999 e 2005)

Procedimentos que aumentam a área exposta (corte, injeções locais) e a utilização de

soluções irritantes como éter, hipoclorito ou glutaraldeído são contra indicados. A indicação

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do uso de anti-retrovirais deve ser baseada em uma avaliação criteriosa do risco de

transmissão do HIV em função do tipo de acidente ocorrido e a toxicidade dessas medicações.

(BRASIL, 1999 e 2005)

Embora a Portaria 2616/98 do Programa de Controle de Infecção Hospitalar

(BRASIL,1998), recomende no anexo V, item 1.1, a não utilização de éter, hipoclorito para a

finalidade de anti-sepsia; e as Recomendações para Atendimento e Acompanhamento de

Exposição Ocupacional a Material Biológico HIV e hepatite B e C de 1999 e 2005, os contra

indique; em minha experiência profissional, foi o que mais ouvi os acidentados relatarem, que

fizeram; o que muitas vezes me fizeram refletir sobre se esse ato era falta de conhecimento,

falta de maior divulgação ou os dois juntos.

O Registro de Ocorrência do Acidente de Trabalho, que envolvem materiais pérfuro

cortante, deverão ter um protocolo de registro com informações sobre avaliação,

aconselhamento, tratamento e acompanhamento de exposições ocupacionais que envolvam

patógenos de transmissão sangüínea. (BRASIL, 2005)

a) Condições do acidente:

Data e horário da ocorrência;

Avaliação do tipo de exposição e gravidade;

Área corporal do profissional atingida o acidente;

Tipo, quantidade de material biológico e tempo de contato envolvido na

exposição;

Utilização ou não de EPI pelo profissional de saúde no momento do acidente;

Causa e descrição do acidente;

Detalhe do procedimento realizado no momento da exposição, incluindo tipo e

marca do artigo médico-hospitalar utilizado.

b) Dados do paciente fonte:

História clínica e epidemiológica;

Resultado de exames sorológicos e/ou virológicos;

Infecção pelo hiv/aids estágio da infecção, histórico de tratamento anti-retroviral,

carga viral, teste de resistência.

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c) Dados do profissional de saúde:

Identificação;

Ocupação;

Idade;

Datas de coleta e os resultados dos exames laboratoriais;

Uso ou não de profilaxia anti-retroviral;

Reações adversas ocorridas com a utilização de anti-retrovirais;

Uso ou não de imunoglobulina e vacina para hepatite e possíveis efeitos

adversos;

Uso de medicação imunossupressora ou história de doença imunossupressora;

Histórico de imunização - hepatite B, resposta vacinal;

A recusa do profissional acidentado para a realização de testes ou para o uso das

quimioprofilaxias específicas deve ser registrada e atestada pelo profissional.

Condutas indicadas após o acidente, acompanhamento clínico-epidemiológico

planejado e o responsável pela condução do caso;

Aconselhamento, manejo pós-exposição.

d) Orientações Legais quanto à Legislação Trabalhista:

Apesar dos diferentes regimes jurídicos que regem a categoria dos trabalhadores

públicos e privados, em ambas há necessidade de ser feita a comunicação do acidente de

trabalho, sendo que para a legislação privada essa comunicação deverá ser feita em 24 horas,

por meio de comunicação de acidente de trabalho (CAT); para os funcionários da União, Lei

N° 8.112/90, regula o acidente de trabalho nos artigos 211-214, sendo que o fato classificado

como acidente de trabalho deverá ser comunicado até 10 dias após o ocorrido, para os

funcionários do Estado e Municípios devem observar Regimes jurídicos únicos que lhe são

específicos.

Os medicamentos para quimioprofilaxia, a vacina para hepatite B e a imunoglobulina

hiperimune para hepatite B devem ser disponibilizados pelos locais de trabalho públicos ou

privados. Essa é uma exigência amparada pela Legislação Trabalhista Brasileira no âmbito da

iniciativa privada. As unidades hospitalares do setor privado deverão ter os medicamentos de

PEP (profilaxia pós-exposição ocupacional ao HIV e a vacina para hepatite adquirida sob suas

expensas). (BRASIL, 2005)

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3 – METODOLOGIA

Este capítulo destina-se a descrição das etapas metodológicas pertinentes ao estudo

proposto; que se constituiu por uma pesquisa de campo, a partir da análise do referencial

teórico relacionado ao objeto.

Os dados obtidos foram submetidos à abordagem quanti-qualitativa no que se refere às

respostas dos formulários nas entrevistas dos participantes sobre as normas de biossegurança.

O estudo foi desenvolvido com características descritivas que ainda segundo Polit &

Hungler (2004 p.44 e 145), a investigação descritiva observa, conta, descreve e classifica.

Portanto, além de simplesmente observar, descrever o fenômeno, investiga sua natureza e

outros fatores com o qual ele esta relacionado.

De acordo com Trivinos (1995, p.109), tem como foco essencial o desejo de conhecer a

comunidade, seus traços característicos, sua gente, seus problemas, seus valores [“...] etc...”.

3.1 – Característica do Estudo

A pesquisa fundamentou-se nas recentes normas existentes de biossegurança e de

conduta relacionadas a exposição ocupacional a material biológico, estabelecido pelo

Ministério da Saúde, Manual de conduta de exposição ocupacional, 1999 e 2005 e Ministério

do Trabalho, Normas Regulamentadora do Ministério do Trabalho NR. 4, 5, 6 e 7/1978 e

NR32/2005. (BRASIL, 1978 e 2005).

3.2 – Cenário de Estudo

Este estudo teve como cenário o Hospital Municipal Salgado Filho (HMSF) da

Secretária Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.

Para a realização deste estudo nesse cenário, foi necessário, atender a alguns requisitos

preconizados pela resolução nº196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), os quais

passamos a descrever: Após a aprovação pela Banca de Defesa do projeto de Dissertação, do

Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Estado do Rio de

38

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Janeiro (UNIRIO), o Projeto de Dissertação foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa

da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura do Rio de Janeiro para apreciação ética e

legal.

Com a sua aprovação mediante o Protocolo de Pesquisa nº 48/05, do Comitê de Ética

em Pesquisa da SMS -RJ (anexo 1), foi solicitado e autorizado pelo Presidente do Centro de

Estudos, pela Chefia do Serviço de Enfermagem e pela Comissão e Controle de Infecção

Hospitalar (CCIH), do HMSF; a coleta das informações necessárias ao estudo nos setores de

clinica médica e emergência do referido hospital.

O levantamento dos dados foi realizado nos mês de julho de 2005 nos arquivos da

CCIH. Utilizou-se os boletins de notificação de acidentes de trabalho com material biológico,

priorizando as informações dos acidentes com material pérfuro cortantes ocorridos em

profissionais de enfermagem; em seguida foi contatada a chefia do serviço de enfermagem

objetivando a busca da lotação destes acidentados referidos para posteriores entrevistas neste

hospital.

No intuito de melhor caracterizar o cenário de estudo, consideramos importante

descrever que: A escolha deste hospital se deu pelas suas características: ser um hospital geral

e de grande emergência, que atualmente possui 288 leitos, tendo em seu corpo clínico 94

Enfermeiros e 495 profissionais de nível médio (auxiliares e técnicos de enfermagem), 10

clínicas especializadas, ambulatório com várias especialidades, emergência aberta 24 horas,

bloco cirúrgico com 08 salas cirúrgicas, 01 recuperação pós-anestésica e 01 central de

Esterilização. Este hospital se encontra em segundo lugar em notificação de acidentes com

material perfuro cortante dos hospitais de emergência de acordo com dados obtidos de 1997 a

1999 da Vigilância epidemiológica de acidentes biológicos. (BRASIL 2001,2004)

A alta ocorrência de acidentes pode entre outras estar relacionado ás características deste

hospital, contudo merece destaque que o Projeto 40 horas foi a implantação de mudança

administrativa em 1997, que visava o resgate do funcionalismo público frente às demandas do

mercado que apontavam para cooperativas e terceirizações. História do Hospital Municipal

Salgado Filho da SMS-RJ. (HMSF, 2005).

39

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No Brasil, as primeiras comissões de infecção hospitalar foram criadas inicialmente

nos anos 70, no Hospital Ernesto Dorneles (Porto Alegre), Hospital das Clínicas (São Paulo) e

Hospital de Ipanema (Rio de Janeiro). Legalmente foram constituídas a partir de 1983 quando

a portaria 196 do Ministério de Saúde instituiu a obrigatoriedade de todos os hospitais do país,

a criarem grupos de trabalho para prevenir e controlar agravos infecciosos. (FERNANDES,

2000)

A comissão e controle de infecção hospitalar do Hospital Municipal Salgado Filho foi

a primeira Comissão instituída na Rede da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro,

como grupo institucional desde 1978, existia em funcionamento uma equipe de trabalho

destinada a estudo epidemiológico das infecções hospitalar e suas medidas básicas e

prevenção e controle.

Uma das competências de uma comissão de controle de infecção hospitalar é, promover

a articulação com órgãos formadores, com vistas à difusão do conteúdo de conhecimento do

controle de infecção hospitalar e a cooperação com a capacitação dos profissionais de saúde,

contudo até a presente data não existe a obrigatoriedade curricular nos cursos de nível médio

e de graduação, na área biomédica, de uma disciplina que aborde a referida temática ficando

a critério de cada docente os comentários sobre a questão. (HMSF, 2005).

Não existindo um núcleo da saúde do trabalhador voltado exclusivamente para a rede,

ficou a CCIH deste hospital responsável pelo atendimento e notificação dos acidentes com

material pérfuro cortante.

3.3 – População

A população do estudo foi constituída por trabalhadores da equipe de enfermagem do

serviço diurno e noturno, do HMSF, que se acidentaram nos Setores de Emergência e de

Clínica Médica, e os quais prestam cuidados diretos aos pacientes. Levou-se em consideração,

os arquivos dos boletins de acidentados cujos registros de acidentes com material pérfuro

cortante apontavam como sendo os auxiliares de enfermagem 87,31% e os enfermeiros com

8,63%, no período de julho de 2003 a julho de 2005.

40

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Os motivos que levaram a decidir pelos setores de emergência e clínica médica foram

estabelecidos: diante das literaturas consultadas onde Cianciarullo (2002), Marziale

(2002/2004), Nishide (2004), Pereira (2004), Starling (2003), entre outros, que relatam

acidentes com material perfuro cortante em Hospitais Gerais e Universitários; entendendo que

os acidentes, podem estar ligados a dinâmica de alguns setores entre outras vertentes; e, que

profissionais que atuam nas emergências estão relacionados como profissionais de alto risco

de exposição a material biológico.

E em virtude da minha experiência profissional ser de hospitais de emergência, além

dos dados apontados nos boletins de acidentados do HMSF; demostrarem um índice

significativo de acidentes com pérfuro cortante, sendo a emergência com 66,51% e em clínica

médica de 16,75%, no período de julho 2003 a julho de 2005.

Neste período de julho de 2003 a julho de 2005 identificamos que 90 trabalhadores de

enfermagem sofreram acidentes com material pérfuro cortante; entretanto, não foram

considerados para este estudo, 38 profissionais de enfermagem que pertenciam a outras

instituições de saúde, da Área Programática da 3.2 (AP 3.2) devido ser o HMSF, referência

para notificação desta área, os 14 profissionais que já não pertenciam ao quadro efetivo de

pessoal do HMSF, contratado mediante modalidade de "Dupla Jornada", os 03 com licença

para tratamento médico e os 02 de férias.

Desta forma, para o desenvolvimento desta investigação, participaram 33 trabalhadores

da equipe de enfermagem, efetivos do hospital e acidentados com material pérfuro cortante,

assim distribuídos: 14 do serviço diurno e 19 do serviço noturno nos diferentes plantões de

clínica médica e emergência.

3.4 – Instrumento

Para realização deste estudo foi adotado um instrumento, a fim de possibilitar a coleta

de dados pertinente à temática em questão. O instrumento de coleta de dados foi construído a

partir da revisão de literatura e tendo por propósito responder os objetivos estabelecidos para

esse estudo.

41

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E ainda, se fez necessário estabelecer a determinação de risco com material pérfuro

cortante. Para tanto, desenvolveu-se uma síntese das principais modalidades propostas, à luz

do referencial teórico, buscando um paralelo com o Mapa de Risco, na gradação das cores dos

gráficos e organizando-as segundo critérios (sem risco, baixo risco, médio risco, alto risco,

elevado risco) considerados mais significativa para as questões aqui priorizadas, distribuídos

em uma escala de 1 a 10.

Pode-se definir formulário como sendo uma coleção de questões destinadas à coleta de

dados, cujo preenchimento é feito pelo próprio investigador, à medida que recebe as respostas

numa situação face a face com outra pessoa. Portanto, o que caracteriza o formulário é o

contato face a face entre pesquisador e informante, além de ser o roteiro de perguntas

preenchido pelo entrevistador, no momento da entrevista. (LAKATOS, 1996)

Como instrumento, foi utilizado formulário semi-estruturado visando obter

informações referentes às características do sujeito acidentado, quanto ao seu conhecimento e

comportamento profissional em relação à biossegurança e aos dados relativos à prática

profissional frente a exposição do risco ocupacional, com material pérfuro cortante.

O formulário semi-estruturado (anexo 2) foi acompanhado do Termo Consentimento

Livre e Esclarecido (anexo 3), a fim de permitir aos integrantes da pesquisa manifestar-se

quanto a sua participação na investigação. As perguntas fechadas caracterizam o perfil dos

participantes e aponta para os dados quantitativos e, as perguntas abertas, para os dados

qualitativos além dos aspectos positivos e negativos a implantação das normas de

biossegurança, bem como a análise das mesmas.

Este Termo visa atender ao disposto no artigo 4º, da Resolução 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde. (BRASIL, 1996) “O respeito devido à dignidade humana exige que toda

pesquisa se processe após consentimento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos

que por si e/ou por seus representantes legais manifestem a sua anuência a participação da

pesquisa”.

Esta Resolução incorpora sob a ótica do indivíduo e das coletividades os quatro

referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, entre

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outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos

sujeitos da pesquisa e do Estado.

3.5 – Coleta de Dados

Para coleta de dados dos acidentados, utilizou-se auto relatos que, segundo Polit &

Hungler (p.250,2005) são “... respostas dos participantes as perguntas colocadas pelo

pesquisador como em uma entrevista...” formulário semi-estruturado e um gravador; foi usado

com uma lista de perguntas a serem respondidas, para garantir que todas as áreas fossem

contempladas.

A entrevista é o procedimento mais usual no trabalho de campo, permitindo ao

pesquisador a busca de obter informes contido na fala dos atores sociais; a entrevista não

significa uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez que se insere como meio de coleta

dos fatos relatados pelos atores, enquanto sujeitos-objeto da pesquisa que vivenciam uma

determinada realidade que está sendo focalizada. (CRUZ, 1994)

A função do entrevistador é encorajar os participantes a falar livremente sobre todos

os tópicos constantes no seu guia/formulário. (POLIT&HUNGLER, 2005, p.252.).

E nesse falar livremente, dos 33 acidentados; 16 acidentados deram seus depoimentos

que consideramos importantes serem colocados como características de atuação, de

justificativas para os acidentes e de aspectos identificados por esses acidentados no seu

ambiente de trabalho.

As entrevistas, acompanhadas de um formulário foram agendadas e realizadas, sempre no

turno da tarde, nos plantões diurnos; agendadas e realizadas no início dos plantões noturnos,

sempre com a permissão prévia da chefia de enfermagem. Em todas as entrevistas foi

solicitada a autorização o uso do gravador, porém somente foi obtida permissão de uma

entrevistada para seu uso.

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3.6 – Análise dos Dados

Para Figueiredo apud Polit &Hungler (2004 p.107) a pesquisa quanti-qualitativa é um

método que associa análise estatística à investigação dos significados das relações humanas,

privilegiando a melhor compreensão do tema a ser estudado e facilitando desta forma a

interpretação dos dados obtidos. A abordagem quanti-qualitativa é aquela que "permite a

complementação entre palavras e números, as duas linguagens fundamentais da comunicação

humana".

Para análise dos dados foi utilizado o método quanti-qualitativo, e constitui a parte

principal desta pesquisa, momento em que os dados obtidos proporcionaram respostas,

demonstrando a relações existentes entre os acidentes com material pérfuro cortante nos

profissionais de enfermagem, além de outros resultados que favorecem ao acidente.

A partir das concepções citadas, as informações contidas nos formulários foram

consolidadas e analisadas pelo método quanti-qualitativo à luz do referencial teórico do

estudo em questão.

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4 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Este estudo propiciou a identificação dos acidentados com material perfuro cortante,

ocorridos no desempenho dos procedimentos de enfermagem tais como: preparo, manuseio e

descarte de material pérfuro cortante; além do conhecimento e do comportamento dos

profissionais sobre a utilização das normas de biossegurança no seu cotidiano.

Todos os 33 profissionais de enfermagem que sofreram acidentes com material pérfuro

cortante, aceitaram participar na qualidade de população do estudo e assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido.

A distribuição desses acidentados entrevistados segundo a faixa etária, pode ser

observada na tabela 1.

Tabela 1 – Acidentados entrevistados segundo faixa etária,Rio de Janeiro, 2005.

Faixa Etária N %21 – 30 anos 01 3,031 – 40 anos 08 24,041 – 50 anos 12 37,051 – 60 anos 11 33,061 – 70 anos 01 3,0

Total 33 100,0Fonte: HMSF, SMS – RJ.

Na tabela 1, observamos que maioria de acidentados é adulta na faixa etária

compreendida entre 41 a 50 anos de idade, compreendendo 37% dos profissionais

acidentados; seguido das faixas etárias de 51 a 60 anos (33%) e de 31 a 40 anos (24%) nos

entrevistados. Pereira, (2004) encontrou em seu estudo de acidentados a faixa etária de 30 a

40 anos; podendo-se presumir que esses profissionais tenham um tempo considerável no

exercício profissional e que o domínio dos procedimentos técnicos do preparo e manuseio de

material pérfuro cortante deveriam estar sedimentadas, o que difere dos estagiários ou dos que

estão iniciando a vida profissional.

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A distribuição dos acidentados entrevistados quanto ao sexo, pode ser visualizado no

gráfico 1.

Fonte: HMSF, SMS – RJ

Gráfico 1 – Acidentados entrevistados, quanto ao sexo,

Rio de Janeiro, 2005.

Conforme o gráfico 1, constatamos que a predominância dos entrevistados acidentados

com material pérfuro cortante localiza-se no profissional de enfermagem do sexo feminino 28,

desta forma perfazendo um total de 85% dos investigados e representando uma força de

trabalho expressiva.

Estes achados coadunam com os de Pereira (2004) em seu estudo refere 82,5% da

equipe de enfermagem pertencem ao sexo feminino, Marziale (2004) que em seu estudo

refere 90% da equipe de enfermagem pertencem ao sexo feminino; o que focaliza a atenção

para o fato da enfermagem ser exercida, em sua maioria por mulheres, que assumem dupla

jornada de trabalho decorrente de serviços domésticos e familiares, sem descanso e /ou férias.

Historicamente, as atividades de cuidar, alimentar, prover o indispensável sempre

estiveram ligadas à presença feminina, características estas presentes na profissão de

enfermagem, além de se tratar de uma profissão predominantemente do sexo feminino o que

segundo Pereira apud Souza & Viana (1993) favorecem uma maior incidência de acidentes de

trabalho entre o pessoal de enfermagem.

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A distribuição dos acidentados entrevistados por categoria profissional pode ser

visualizada na tabela 2.

Tabela 2 – Acidentados entrevistados por categoria profissional,

Rio de Janeiro, 2005.

Categoria profissional N %

Enfermeiro 05 15,0

Técnico de Enfermagem 10 30,0

Auxiliar de Enfermagem 18 55,0

Total 33 100,0

Fonte: HMSF, SMS – RJ.

De acordo com a tabela 2, verificamos que a predominância dos acidentes com

material pérfuro cortante ocorre na categoria de auxiliares de enfermagem com (55%), de

acidentados seguidos de 30% técnicos de enfermagem e de 15% enfermeiros.

Diante destes dados, consideramos importante recorrer a Lei do Exercício Profissional

de Enfermagem a fim de tecermos algumas considerações quanto a estes achados.

Assim o Decreto nº 94.406 de 8 de junho de 1987, que regulamenta a Lei nº 7.498, de

25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá outras providências,

estabelece em seu artigo 8, item I que ao Enfermeiro incumbe privativamente na letra "g",

cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida e na letra "h", cuidados

de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos científicos

adequados e capacidade de tomar decisões imediatas. (COFEN,1987).

Neste mesmo artigo 8º, é especificado no item II – que: como integrante da equipe de

saúde cabe ao Enfermeiro, na letra "b" participação na elaboração, execução e avaliação dos

planos assistenciais de saúde; na "e" prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar,

inclusive como membro das respectivas comissões; na letra "n" participação nos programas

de treinamento de pessoal de saúde, particularmente nos programas de educação continuada e

na letra "o" participação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de

acidentes e de doenças profissionais e do trabalho.(COFEN,1987)

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E ainda Artigo 11, o Auxiliar de Enfermagem executa as atividades auxiliares de nível

médio, atribuídas a equipe de enfermagem, cabendo-lhes; de acordo com o item III, executar

tratamentos específicos prescritos ou de rotina, além de outras atividades de enfermagem, tais

como: na letra "a" ministrar medicamentos por via oral e parenteral; na letra "c" fazer

curativos; na letra "e" executar tarefas referentes à conservação e aplicação de vacinas; na

letra "h" colher material para exames laboratoriais; na letra "j" circular em sala de cirurgia e,

se necessário instrumentar e na letra "l" executar atividades de desinfecção e esterilização.

(COFEN,1987)

Considerando em especial as atividades de responsabilidade profissional, a maioria

dos profissionais de enfermagem sujeitos a acidentes está representada pela categoria dos

auxiliares de enfermagem. Esses trabalhadores são os mais vulneráveis ao risco para acidentes

por seus procedimentos profissionais e, portanto, os que mais permanecem no contato direto

com pacientes, na maior parte do tempo, que realizam procedimentos envolvendo

administração de medicamentos, processando instrumentais; atividades que expõem estes

profissionais a maior fatores de risco para acidentes com pérfuro cortantes.

Assim, nesse estudo os dados coletados sobre acidentes com pérfuro cortante,por

categoria profissional de enfermagem no período de julho de 2003 a julho de 2005 revelam

que 37% dos profissionais de saúde acidentados foram os profissionais de enfermagem de

nível médio.

Estes dados apresentam concordância com os dados divulgados no relatório da

SMS-RJ com acidentes com pérfuro cortante notificados, segundo ocupação / atuação de 1997

a 2004, BRASIL (2004) O documento referencia que 37% dos acidentados com pérfuro

cortante ocorrem nos profissionais de enfermagem de nível médio. Da mesma forma também

identificamos estes dados em literaturas consultadas, como Nishide (2004) e Marziale (2004),

as quais referem que os auxiliares de enfermagem são os integrantes da equipe que mais se

acidentam no exercício da profissão.

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A distribuição dos acidentados entrevistados por atuação profissional, pode ser

visualizada na tabela 3.

Tabela 3 – Acidentados entrevistados por tempo

de atuação profissional, Rio de Janeiro, 2005

Tempo de atuação

profissionalN %

0 – 5 anos 02 6,0

06 – 10 anos 03 9,0

11 – 15 anos 09 27,0

16 – 20 anos 07 21,0

mais de 21 anos 12 37,0

Total 33 100,0

Fonte: HMSF, SMS – RJ.

A tabela 3 mostra que a maioria dos acidentados entrevistados tem mais de 10 anos de

profissão correspondendo a 85%, o que nos permite deduzir que estes profissionais possuem

uma expressiva prática no exercício profissional; onde o domínio das técnicas e os conceitos

de biossegurança devem ou deveriam estar solidificados.

Gir, (2003) em seu estudo verificou que a maior ocorrência de acidentes com pérfuro

cortante se deu em profissionais com mais de 10 anos de exercício profissional; levando há

sugerir esse tempo como um determinante no sentimento de imunidade desses profissionais.

Neste estudo, algumas falas dos entrevistados se caracterizaram neste contexto, onde a

solidificação das técnicas e um tempo considerável profissional mas não dos conceitos de

biossegurança, pode ter sido desenvolvido crenças e práticas arraigadas do "comigo não

acontece".

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Enfermeiro 1 - “... é difícil... em primeiro lugar acha que faz tanto, todo dia, que não

vai acontecer ou nunca faço isso e hoje que fiz aconteceu!... é igual motorista de carro,

quando sente que tem o domínio do carro e numa dessa acontece o acidente..."

Técnico “de enfermagem 1 - ”... Saber a gente sabe, mas não acredita, o teu eu não

acredita, isso não tá provado pra você, sabe, mais não utiliza, tem que pegar a idéia para si,

colocar para dentro, se não, fica complicado; no fundo não acredita que haja o risco é muito

pessoal..".

Auxiliar de enfermagem – 1 "... antigamente esses cuidados não existiam... ou muita

contaminação acontecia ou fomos ficando imunes, Deus protege!...”.

Penso que a aplicabilidade dos conhecimentos teóricos no Campo da prática

profissional, em um hospital de emergência na realidade encontrada, como falta de EPI,

superlotação, equipamentos obsoletos e deteriorados, possa estar interferindo no

comportamento desses profissionais, para a não adesão as normas ao longo de seu tempo de

exercício profissional.

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A distribuição dos acidentados entrevistados quanto a em outra instituição de saúde,

pode ser visualizado na tabela 4.

Tabela 4- Acidentados entrevistados quanto ao vínculo

em outra instituição de saúde, Rio de janeiro, 2005

Local de trabalho N %

Serviço público 31 94,0

Serviço privado 02 6,0

Serviço filantrópico --- -----

Total 33 100,0%

Fonte: HMSF, SMS – RJ.

A tabela 4 aponta que 100% dos entrevistados possuem outro vínculo empregatício.

Este dado nos leva a refletir que este duplo vínculo de trabalho possa estar relacionado aos

baixos salários que usualmente encontrarmos nos trabalhadores de enfermagem. Portanto

possui mais de uma atividade laboral, fator esse que pode influenciar na exposição aos riscos

ocupacionais devido à sobrecarga de trabalho.

Pereira 2004, refere que devido os baixos salários recebidos é comum os trabalhadores

de enfermagem possuir mais de um emprego, fator que aumenta a exposição a riscos

ocupacionais e a sobrecarga de trabalho.

Vale ressaltar que os acidentados atuam em um Hospital (HMSF) onde foi implantado

"Projeto 40 horas"; significando que os 94% de entrevistados acidentados têm uma carga

semanal mínima de 72 horas semanais dos quais 50% trabalham em setor de emergência e

clínica médica.

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No presente estudo para determinação de risco com material pérfuro cortante

desenvolveu-se uma síntese das principais modalidades propostas segundo critérios de sem

risco, baixo risco, médio risco, alto risco, elevado risco; considerados mais significativos para

as questões aqui priorizadas, distribuídos em uma escala de 1 a 10, conforme abaixo descrito:

Critério para Determinação do Risco na Escala de 1 - 10

Sem risco Baixo risco Médio risco Alto risco Elevado risco

1 - 2 3 - 4 5 - 6 7 - 8 9 -10

Fonte: HMSF, SMS – RJ

Gráfico 2 – Consideração dos acidentados entrevistados quanto a enfermagem ser uma

profissão de risco, Rio de Janeiro, 2005

Observamos no gráfico 2 que a maioria dos acidentados 25, correspondendo a 75%

dos entrevistados, considera a profissão de enfermagem de alto e elevado risco.

Starling (2003), relata que sendo o hospital local que presta serviços específicos a

população, e que devido a isto, apresenta uma variedade de ações de saúde que expõe seus

trabalhadores a uma ou mais carga de agravos dentre elas a exposição às doenças infecto-

contagiosas, ao contato direto com artigos e equipamentos contaminados com material

orgânico.

A seguir, destacamos as justificativas dos acidentados entrevistados, organizadas por

categorias temáticas centrais, quais sejam ambientes e pessoas, dos acidentados entrevistados

que se referirem à enfermagem ser uma profissão de risco.

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Enfermeira. 2 -

"...Nunca me acidentei, aconteceu por causa de outra pessoa, um

acadêmico, usam a seringa e a agulha em punho como se fosse uma

"Espada"!, um perigo!, isso quando não largam em qualquer lugar..."

Técnico de enfermagem. 2 –

"...Ter um local adequado para trabalhar é

importante, nas condições que está agora! Nunca foi tão ruim!, nunca

houve tanto acidente como agora, sai e faz medicação onde dá.

Obra., do Hospital há 4 anos...., a emergência fica no corredor, sem

banheiro, sem condições, tuberculose, meningite; cuidamos sem

saber, ninguém fala, são e somos largados na mão de DEUS, ninguém

te orienta, te diz nada."

Auxiliar de enfermagem 2 - "... Muito

paciente para pouco funcionário, além da falta de atenção, stress,

correria... é a mania do "jeitinho", não exige, não sabe cobrar;

enquanto estiver funcionando, nada acontece e o risco aumenta.”

." ...Acadêmicos!... falta orientação quanto a

entrega aqui na sala, o que pode ocasionar acidente!! Deixam

agulhas, lâminas e ainda enrolam tudo no pacote de sutura e te

entregam, falta pinça, ai vai abrir ou pegar o pacote e o acidente

acontece!!! "

E ainda, os entrevistados acidentados, fizeram referencia a falta de esclarecimento

sobre biossegurança, condições inadequadas de trabalho, sobrecarga de trabalho, corre, corre

no plantão, risco de contrair doença e de se acidentar a qualquer momento, fazendo com que a

grande maioria considere a enfermagem uma profissão de alto e elevado risco, o que pode ser

considerado nesse grupo , como possíveis fatores determinantes para o risco com acidente

com pérfuro cortante.

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Valle (2003), diz que laboratórios, indústrias, hospitais e instituições de ensino quando

não bem administrados corretamente, que apresentem instalações precárias, improvisadas,

adaptadas, com corpo técnico formado por pessoal sem treinamento, desmotivado, podem ser

considerados como ambiente de alto risco expondo a equipe, o paciente a instituição e a si

próprio a qualquer tipo de risco. Para análise do Gráfico 3, foram adotados os mesmos critérios do Gráfico 2,

considerados mais significativos e distribuídos em uma escala de 1 a 10

Critério para Determinação do Risco na Escala de 1 - 10Sem risco Baixo risco Médio risco Alto risco Elevado risco

1 - 2 3 - 4 5 - 6 7 - 8 9 -10

Fonte: HMSF, SMS – RJ

Gráfico 3 – Definição dos entrevistados quanto ao seu risco para se acidentar com material perfuro cortante, Rio de Janeiro, 2005

No Gráfico 3, observamos que 16 dos acidentados entrevistados correspondem a 49%,

ou seja, definiram o seu trabalho em enfermagem sem risco e de baixo risco para acidente

com material pérfuro cortante.

Isto nos leva refletir que a profissão de enfermagem, pode ser considerada de altíssimo

risco para acidente com material biológico, entre outros agravos para esses trabalhadores e

que mediante o conhecimento e o cumprimento das normas de biossegurança e o cuidado com

ele próprio no desempenho de suas ações, o risco de se acidentar se torna baixo ou

inexistente.

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Starling (2003), refere que a visão da medicina do trabalho ainda é predominante na

análise de biossegurança, em unidades de saúde, prevalece a concepção de "ato inseguro";

onde os trabalhadores são considerados ignorantes ou negligentes.

A seguir destacamos as justificativas dos acidentados entrevistados ao se referirem ao

seu risco para acidentes com material perfuro cortante.

Enfermeiro - 3

"....Poucas vezes estamos lidando diretamente na assistência, estamos

mais gerenciando e supervisionando a equipe.."

Técnico de enfermagem - 3

"...Procuro me concentrar naquilo no que estou fazendo, a correria

aumenta a chance de se acidentar, calma é fundamental!!!...."

Auxiliar de enfermagem -3

"... Tento manter o máximo de calma e uso, luva, máscara, EPI;

após o acidente mudei minha conduta..."

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A distribuição dos acidentados entrevistados em relação aos aspectos importantes no

preparo de material pérfuro cortante pode ser visualizada na tabela 5

Tabela 5 – Opinião dos acidentados entrevistados em relação ao preparo de material perfuro cortante, Rio de Janeiro, 2005

Aspectos importantes no preparo MPC N %

Atenção 24 72,0Técnica correta 10 30,0Luva 09 27,0Local adequado 06 18,0Material adequado 04 12,0Lavar as mãos 01 3,0

Fonte: HMSF, SMS – RJ.

Observação: Esta questão permite resposta múltipla

Na tabela 5 constatamos que 72% dos acidentados entrevistados referem a atenção

como um dos principais aspectos a serem considerados no preparo de técnicas que envolva

pérfuro cortante, seguido da técnica 30% correta e da utilização das luvas 27% para realização

dos procedimentos de cuidado de enfermagem.

Potter & Perry (2000), referem que o preparo e administração de medicamentos

requerem precisão do enfermeiro. O enfermeiro necessita prestar toda a atenção no preparo

dos medicamentos e não fazer outra tarefa simultaneamente, garantindo desta forma uma

administração segura.

Dentre as recomendações específicas que devem ser seguidas, durante procedimentos

que envolvam a manipulação de material pérfuro cortante, destaca-se a importância de: ter

máxima atenção durante a realização dos procedimentos, entre outros. (BRASIL. 2005)

Preconiza a Portaria 2616/GM/98 que regulamenta a CCIH em competências, item 3.8

a CCIH deverá: cooperar com o setor de treinamento ou responsabilizar-se pelo treinamento,

com vistas a obter capacitação adequada do quadro de funcionários e profissionais, no que diz

respeito ao controle das infecções hospitalares. Essas considerações demonstram que a

maioria dos entrevistados, valoriza as orientações elaboradas nas literaturas e manuais, que

norteiam o profissional de saúde.

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A distribuição dos acidentados em relação ao manuseio de material pérfuro cortante

pode ser visualizada na tabela 6.

Tabela 6 – Opinião dos acidentados entrevistados em relação ao manuseio dematerial perfuro cortante, Rio de Janeiro, 2005

Aspectos importantes no manuseio MPC N %

Atenção 18 54,0EPI / luvas 16 48,0Técnica correta 07 21,0Quantitativo de material 07 21,0Posicionamento do paciente 04 12,0

Fonte: HMSF, SMS – RJ.

Observação: Esta questão permite resposta múltipla

A tabela 6 mostra que a atenção (54%) e equipamento de proteção individual (EPI) /

luvas (48%) são aspectos apontados pelos acidentados entrevistados como os aspectos mais

importantes para o manuseio de material pérfuro cortante na prestação de procedimentos de

enfermagem.

No desempenho das atividades de enfermagem a atenção, o uso das técnicas corretas

de enfermagem e o uso de EPI , foram os aspectos mais alegados pelos acidentados

entrevistados nas considerações do preparo e manuseio com material pérfuro cortante.

Desta forma podemos destacar que existe a preocupação individual dos entrevistados e

a sua responsabilidade para evitar o risco de acidente com material biológico.

Segundo Lima, (1999, p.138) “a lógica dominante, difundida pelos órgãos oficiais e

patronais, atribui a determinação dos acidentes de trabalho a características pessoais que

levam ao ato ou condição insegura, ou seja , impõe culpabilidade à vitima do acidente.”

Vários entrevistados acidentados, relataram como sendo fator privilegiado a atenção

no preparo e manuseio de material perfuro cortante , o que nos leva a entender que nesse

grupo entrevistado, o conhecimento adquirido baseado na técnica profissional esteja bem

solidificado.

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Ainda de acordo com a Tabela 6, verificamos que 12% referiram o posicionamento do

paciente como fator de risco, o movimento brusco do paciente; 21% referiram sobre o

quantitativo de material, podendo essas duas colocações estar refletindo práticas inadequadas,

ou condições inadequadas, assim como a dificuldade de quantidade e qualidade de insumos

no serviço prestado, pode estar influenciando a qualidade do cuidado prestado devido a falta

desses materiais ou material de qualidade inferior.

A distribuição dos acidentados em relação ao descarte de material pérfuro cortante

pode ser visualizada na tabela 7.

Tabela 7 – Opinião dos acidentados entrevistados em relação ao descarte de material perfuro cortante, Rio de Janeiro, 2005

Aspectos importantes no descarte MPC N %

Ter “descarpack” coletor 28 84,0Não reencapar 10 30,0Atenção 07 21,0Técnica adequada 05 15,0Material adequado / pinça 05 15,0EPI / luvas 05 15,0Cuidado com caixa cheia 03 9,0

Fonte: HMSF, SMS – RJ.

Observação: Esta questão permite resposta múltipla

Conforme demonstrado na tabela 7 verificamos segundo os acidentados entrevistados

ter coletor (Descarpack, marca comumente encontrada) é um dos aspectos importante para

descarte de material pérfuro cortante, no desempenho laboral de suas atividades.

Estes entrevistados enfatizaram em seus depoimentos o não reencapar como sendo

uma atuação correta no descarte como um cuidado a ser observado no desempenho de suas

atividades; encontramos respaldo dessa fala onde essa fala dos entrevistados nos arquivos

consultados dos acidentados do HMSF, que vem sofrendo um decréscimo neste hospital,

segundo dados de 11,5% em 2003 e 9,5% em 2004, em acidentes por reencapamento de

agulhas.

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Assim, ter coletor adequado para descarte, demonstra uma preocupação nas falas

desses profissionais entrevistados, diferenciando-se do descrito em estudos publicados

recentemente, como Marziale, 2002 e 2003; Caixeta, 2005; Nishide, 2005; sobre acidentes

com pérfuro cortantes, que focaliza percentuais representativos de descarte inadequados

destes materiais.

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro em relatório de 1997 a 2004 refere

13,20% o reencapamento de agulha, e 11,8% de descarte incorreto, como sendo um dos

fatores que geram o acidente por pérfuro cortante, assim como um grande número de artigos

consultados, fator potencialmente evitável.

De acordo com os artigos consultados e a própria SMS-RJ o acidente ocorre, pelo ato

de reencapar agulhas após o uso, o que leva a perfuração em alguma parte das mãos. O que

sugere que nesta instituição pesquisada o cuidado dos entrevistados com fatores relacionados

ao descarte desse material é significativo.

A orientação de recipientes improvisados que eram utilizados em hospitais, deriva da

orientação de que todo material pérfuro cortante deve ser desprezado em recipientes

resistentes a perfuração e com tampa. (BRASIL, 1999/2005)

O que somente a partir de 1990, tivemos indústria fabricando este tipo de artefato, o

que vem também facilitando o descarte correto desses objetos.

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A distribuição dos acidentados relacionados à ocorrência de acidentes pode ser visualizada na

tabela 8.

Tabela 8 – Aspectos relacionados ao acidente,Rio de Janeiro, 2005

Aspectos relacionados ao acidente N %

Falta de atenção 19 58,0Excesso de confiança 17 52,0Stress 15 21,0Pressa, correria 06 18,0Sobrecarga de trabalho 05 15,0Espaço físico inadequado 03 9,0Coletor cheio 01 3,0Cobrança de outros profissionais 01 3,0

Fonte: HMSF, SMS – RJ.

Observação: Esta questão permite resposta múltipla

A tabela 8 refere-se aos aspectos relacionados aos acidentes e que para os

entrevistados, estes ocorrem pela falta de atenção e excesso de confiança. A falta de atenção

58% ,o excesso de confiança 52% , o stress 21% pode estar atrelado à forma da organização

do trabalho ao abrandamento do sentimento de pânico gerado pela rotina do dia a dia,

tornando banal o acidente interferindo no comportamento, na falta de sensibilização e a não

percepção individual do risco para acidentes.

Pereira et al (2004), relacionam os aspectos apontados por acidentados entrevistados

como acidente de trabalho em profissional de saúde ao manuseio de materiais pérfuro

cortante, onde os enfermeiros atribuem aspectos de estresse, a falta de atenção enquanto os

técnicos e auxiliares atribuem a sobrecarga de trabalho e a pressa em realizar os

procedimentos.

Estes aspectos podem ser identificados nos seguintes depoimentos a seguir e que

chama a atenção para as categorias do ambiente, pessoa e condições de trabalho:

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Auxiliar de enfermagem 4 – “... Uma acadêmica de medicina

vinha com uma seringa desencapada pelo corredor para levar o

sangue , para o laboratório, vinha sem atenção, muita agitação aqui

na emergência, se não fosse o enfermeiro X, me puxar, a acadêmica

tinha me furado !”.

Auxiliar de enfermagem 5 –“... Biossegurança, EPI, é muito

importante ter no setor, principalmente luvas; já sentiu o cheiro que

tá essa emergência, o odor é péssimo; não tem máscara, teria que ter

disponível, você acaba entrando em conflito com o paciente, colega;

tempo que não tem para fazer medicação no horário certo, com 4,5

pacientes, fica mais tranqüilo, administra melhor seu tempo, não

precisa correr; é sempre o auxiliar que está na linha de frente...”

Técnico de enfermagem 4-“ “..Você acha que nunca vai

acontecer com você! por falta de condições de trabalho acabo

furando a agulha no colchão, até para evitar acidente! Acabo fazendo

“prática errada, porém necessária nas condições que trabalho...”

Técnico de enfermagem 5- “...Encontro muito material usado

deixado por colegas, na cabeceira do paciente, capa de agulha e

agulha em baixo do paciente, falta de atenção do colega, as vezes fica

difícil...é a mudança de comportamento...mais caixa de pérfuro perto

do paciente... o paciente já pegou uma agulha da caixa para furar um

profissional; atendemos todo tipo de gente aqui, tem que ter cuidado,

pensar...

Técnico de enfermagem 6-“ ... Os médicos dizem que o pior

cliente é a enfermagem, pelo excesso de confiança, pela auto

medicação, comigo não acontece, não se protegem, só quando sabem

que o paciente é HIV ou outra perigosa, e é verdade!!!...”

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Enfermeiro 4- “...Coletor parece um "porco espinho"! tanto eu

posso me acidentar, como o pessoal da limpeza ao fechar, se é que

conseguem fechar a caixa , eu não confio na qualidade dessas caixas

principalmente porque ficam super lotada, quem garante? Tenho que

ter.”

Enfermeiro 5- “... Tem que haver não só conscientização das

direções e chefias assim como de todos os membros da instituição

para reivindicar seus direitos e assegurar condições seguras, dignas,

ideais...”

A distribuição dos acidentados entrevistados em relação às informações obtidas nas

causas dos acidentes pode ser visualizada na tabela 9.

Tabela 9 – Causas do acidente de acordo com a informação dos acidentados entrevistados, Rio de Janeiro, 2005

Causas do acidente N %Imprudência 09 27,0Movimento brusco do paciente 06 18,0Agulhas em superfície 06 18,0Reencapar agulha 03 9,0Pressa 03 9,0Retirada de acesso venoso 03 9,0Falta de condições de trabalho 03 9,0Desobstrução de acesso venoso 01 3,0Ampola de vidro 01 3,0

Fonte: HMSF, SMS – RJ

Observação: Esta questão permite resposta múltipla

Verificamos na tabela 9, que as informações emitidas pelos acidentados entrevistados

sobre principais causas de acidente com pérfuro cortante, são ocasionadas pela imprudência,

movimento brusco do paciente e de agulha em superfícies, entre outros.

Estes dados corroboram com estudos de Nishide et al (2004) ao fazer referencia que

60% dos acidentes com trabalhadores de enfermagem aconteceram durante realização de

procedimentos à beira do leito e 23% no posto de enfermagem ao preparar medicação

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A distribuição dos acidentados, relacionados a sugestões para evitar acidente, pode ser

visualizado na tabela 10.

Tabela 10 – Sugestões para evitar acidentes segundo os acidentados entrevistados, Rio de Janeiro, 2005

Sugestões para evitar acidentes N %Condições dignas de trabalho 18 54,0Educação permanente / divulgação do acidente 16 48,0Maior quantitativo e qualitativo de material 14 42,0Maior número de funcionários 14 42,0Conscientização profissional 12 36,0Fornecimento de EPI 06 18,0Cobrança do uso adequado de EPI 05 15,0Maior quantidade de “Descarpack” (coletor) 04 12,0Palestra no serviço noturno (SN) 03 9,0Coleta seletiva de lixo 01 3,0

Fonte: HMSF, SMS – RJ.

Observação: Esta questão permite resposta múltipla

Na tabela 10, observamos que dentre os aspectos relevantes considerados pelos os

entrevistados, para evitar o risco de acidentes com pérfuro cortante são: condições dignas de

trabalho; educação permanente/divulgação de acidente; maior quantitativo e qualitativo de

material; maior número de profissionais para prestação da assistência.

Desta forma, percebe-se que na visão dos entrevistados, tanto nos aspectos

relacionados às causas dos acidentes (Tabela 9), assim como nas sugestões para evitar o risco

de acidentes (Tabela10), referem-se a uma série de fatores que estão interligados e que podem

estar associados à ocorrência de acidentes laborais da enfermagem, desde a manipulação de

materiais com desenho (design) que oferecem pouca segurança; a forma de organização do

trabalho; a estrutura física que pode induzir ao erro; o comportamento dos próprios

profissionais e até condições de trabalho oferecidas.

Pereira et al (2004), percebe em seu estudo que uma série de fatores estão associados à

ocorrência de acidentes de trabalho, a relação direta com as peculiaridades laborais da

enfermagem, a distribuição do trabalho, o comportamento dos profissionais, as condições de

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trabalho oferecidas e a não percepção individual sobre o risco contribui, para a ocorrência de

acidentes de trabalho com material pérfuro cortante.

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Enfermagem & Biossegurança

“Nada é tão bom que não possa ser melhorado.”

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5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo realizado com 33 trabalhadores de enfermagem, acidentados com material

pérfuro cortante, lotados nos setores de Clínica médica e emergência, do Hospital Geral de

Emergência (HMSF) da Secretaria Municipal de Saúde da cidade do Rio de Janeiro, revelou

que:

Na população estudada dos 33 acidentes com material pérfuro cortante

acometeram na sua maioria 94% de trabalhadores de enfermagem compreendidos

na faixa etária de 31 a 60 anos de idade;

A predominância dos acidentados entrevistados com material pérfuro cortante

ocorreu em profissionais de enfermagem 85% do sexo feminino;

Os acidentados por categoria profissional referem-se aos auxiliares e técnicos de

enfermagem perfazendo um total de 85% de acidentes com material pérfuro

cortante. Entretanto, o quantitativo de enfermeiros acidentados 15% é um

percentual significativo em relação ao universo da categoria de enfermeiro;

A maioria dos acidentados entrevistados com material pérfuro cortante tem mais

de 10 anos de exercício profissional correspondendo a 85%;

Dos entrevistados acidentados com material pérfuro cortante possuem duplo

vínculo de trabalho 100%, acreditamos que possa estar relacionado aos baixos

salários, consequentemente, favorecendo o desgaste físico e emocional,

possibilitando desta forma a ocorrência de acidentes com material pérfuro cortante;

Da maioria dos acidentados com material pérfuro cortante, 75% considera a

profissão de enfermagem de alto e elevado risco, dada a falta de esclarecimento

sobre biossegurança, condições inadequadas de trabalho, sobrecarga de atividades

e assim podemos identificar as justificativas dos investigados, como possíveis

fatores determinantes para o risco com acidentes com material pérfuro cortante;

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Dos trabalhadores entrevistados, 49% , definiram o seu trabalho em enfermagem

como sendo sem risco e de baixo risco com material pérfuro cortante, desde que

observadas as normas de biossegurança e o cuidado com ele próprio no

desempenho de suas ações; ou seja, se forem observadas essas normas, no entender

desses trabalhadores o acidente não acontece;

Dos entrevistados acidentados, 72% fazem referência a atenção como um dos

principais aspectos a serem considerados no preparo de técnicas que envolvam

pérfuro cortante, o que segundo os entrevistados, não ocorreu ao se acidentarem;

Dos investigados acidentados, 54% consideram a atenção como sendo um dos

aspectos primordiais no manuseio de material pérfuro cortante na prestação da

assistência de enfermagem, para que não ocorra o acidente;

Dos acidentados entrevistados, 84% explicitam da importância de haver coletor

(Descarpack) como um dos aspectos importantes para descarte de material pérfuro

cortante, no desempenho de suas atividades. Cabe ressaltar que para estes

entrevistados, a atenção 21% é um elemento importante no descarte. Assim,

podemos apontar a importância de insumos adequados e da atenção no descarte de

material pérfuro cortante, para que não ocorra acidente quanto ao descarte desse

material;

Os entrevistados acidentados relacionam a ocorrência do acidente com material

pérfuro cortante, à falta de atenção 58% e excesso de confiança 52%; stress21%;

correria18%, sobrecarga de trabalho 15% e espaço físico inadequado 9%;

As principais causas de acidente com material pérfuro cortante para os

trabalhadores estudados ocorrem pela imprudência, 27%, movimento brusco do

paciente 18% e agulhas em superfície 18%; reencape de agulhas, pressa, retirada

de acesso venoso e falta de condições de trabalho somam-se á 36%.

As sugestões referidas pelos acidentados entrevistados para evitar o risco de

acidentes com material pérfuro cortante são: as condições dignas de trabalho 54%,

educação permanente/divulgação de acidente 48%; maior quantitativo e qualitativo

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de material 41% e maior número de profissionais 42% para prestação da

assistência de enfermagem.

Amaral (2003) refere que, a cada dia fica mais evidente as questões de treinamento e

capacitação em biossegurança, que se faz necessário, portanto alertar as universidades, assim

como os cursos técnicos, no sentido de avaliar a possibilidade de se enfatizar esse tema de

uma forma mais abrangente.

Em relação à condição pessoal, a partir do acidente geralmente, pode-se perceber a

presença de alguma modificação a ser detectada no trabalhador, e é a partir da identificação

de tais mudanças, que o passo imediato é pesquisar suas origens, integrando as informações

obtidas em processo de análise e informações desses acidentes.

No tocante à condição material, o acidente é um fenômeno multicausal, tendo como

peso as tarefas realizadas de modo automático, aumentando as chances de acidentes com

material pérfuro cortante, erros de planejamento durante a execução das ações nos quais, a

violação consciente das normas de biossegurança, aumenta as chances de acidentes, como

práticas inadequadas e coletores superlotados.

Assim, pode-se considerar, que o estado de alerta e a rotina de trabalhar em ambiente

de perigo constante, é percebido e sentido pelo trabalhador de enfermagem investigado.

Embora o estado de alerta, seja melhor detectado quando este trabalhador tem

conhecimento do diagnóstico definido sobre o paciente/cliente a ser cuidado, ou para o risco a

que ele está exposto quando este profissional já tenha sofrido acidente com material pérfuro

cortante.

Sendo muitas vezes relacionado ao outro, ao ambiente e a própria profissão de risco e

que a própria rotina do perigo vai absorvendo, ficando na maioria das vezes oculto,

inesperado, o risco de acidentes com material pérfuro cortante.

Quando esse profissional considera a profissão de enfermagem de altíssimo risco, há

que se considerar que esse trabalhador relaciona o exercício da profissão alguns fatores, os

quais destacamos as más condições de trabalho e a utilização de técnicas inadequadas, e que

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foram relacionada pelos trabalhadores de enfermagem, nas entrevistas em suas falas e

colocadas no corpo deste trabalho

O grupo estudado em suas diversas falas, sugere ser o ambiente em que trabalham um

campo minado e que atuam na eminência de que a qualquer momento, uma bomba possa

explodir, ou seja, o acontecimento do acidente, sendo, portanto necessário o conhecimento de

fatores determinantes das situações de maior risco de exposição de forma a permitir a

implementação efetiva de medidas de prevenção e outras intervenções de biossegurança ou

segurança da vida.

Entendendo que para essa população estudada, o potencial de risco para acidente com

material pérfuro cortante é o ambiente e o não atendimento as normas de biossegurança.

Este estudo apontou para outras questões como o comportamento, procedimentos,

técnicas e educação permanente, porém o tempo não permitiu contemplar.

Starling (2003),..."A real adoção das medidas de biossegurança assume uma

importância vital para a melhoria da qualidade da assistência à saúde, criando um ambiente

seguro, tanto para o profissional, quanto para o usuário dos serviços de saúde".

"Não basta conhecer o problema, é preciso conscientizá-lo, para passar a solução."

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Salvador Gentille

REFLEXÕES A POSTERIORI

É difícil viver em uma nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo.

O caos político administrativo gera uma queda de padrão de vida generalizada, a

realidade pública de alguns hospitais no Rio de Janeiro, vem se tornando a cada dia mais

complexo no tocante as más condições de atendimento nas emergências superlotadas, a falta

de medicamento, equipamento obsoletos, danificados, a vinda da população de outros

municípios aumentando ainda mais as nossas filas para atendimento, conforme relatos na

mídia.

Será que é preciso um profissional se expor demasiadamente comprometendo a sua

saúde e a de outras pessoas, para ser considerado um bom profissional? Será que a ciência

clama por isso? Até quando os que estão a frente das questões relacionadas a biossegurança,

irão ler e ouvir relatos trágicos de situações vividas por alunos e profissionais de saúde, no

que se refere ao risco para acidentes com material pérfuro cortante. (AMARAL in VALLE,

2003)

Precisa-se, permanentemente incentivar nossos dirigentes, trabalhadores, universidades,

cursos técnicos a elaborarem cursos baseados na realidade brasileira da maioria dos nossos

hospitais.

Diante do exposto sugere-se:

A utilização hoje preconizada pela NR32, que enfatiza a utilização de equipamentos

como cateteres intravenosos com dispositivos de segurança;

A parceria da CCIH e de setor de Educação Continuada com a equipe de enfermagem

facilitaria a compreensão, participação e desenvolvimento do processo de biossegurança

praticada nos hospitais,

A normatização do instrumental hospitalar a partir de pareceres técnicos sobre a

qualidade e quantidade de insumos usados no ambiente hospitalar, visando à detecção dos

pontos positivos e negativos dos insumos usados;

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A implementação de um programa de biossegurança e a aderência desses profissionais

a esse programa, através de um processo de educação permanente, criando um "novo olhar"

em relação aos cuidados e manejos de material pérfuro cortante tanto para profissionais

quanto para o usuário nessa instituição.

A criação de uma ouvidoria dos pontos positivos e negativos da instituição onde o

profissional estaria colaborando com sugestões para a melhoria do serviço;

E a introdução ou implementação da temática biossegurança nos conteúdos curriculares,

dos cursos de graduação em enfermagem como também nos demais cursos da área de saúde.

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6 – REFERÊNCIAS

AMARAL, M.A.Z e CARVALHO,P. R. Biossegurança nas Universidades in VALLE.S e

TELLES.J.L. Bioética e Biorrisco: Abordagem Transdisciplinar:. Rio de Janeiro: Interciência,

2003. p.413-417.

BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996.

Diretrizes e Normas Regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Bioética, v.4,

n.2, supl, p. 15-21, Brasília. 1996.

BRASIL. Ministério do trabalho caminhos da análise de acidentes de trabalho, 2003

disponível em http// www.mtb.gov.br

BRASIL. Ministério da Saúde - Tecnologia em serviço de saúde. Portaria nº 2616 de

13/05/1998. Disponível em: http//www.anvisa.org.br

BRASIL. Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro Acidentes de trabalho com

material biológico-1997-2001. Disponível em:

httpp//www.saude.rio.rj.gov.br/media/acidentes/relatório; acessado em: 4/10/02.

BRASIL. Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro Acidentes de trabalho com

material biológico-1997-2004. Disponível em:

httpp//www.saude.rio.rj.gov.br/media/acidentes/relatório; acessado em: 29/10/05.

BRASIL. Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo - SINABIO. Boletim epidemiológico-

1999-2003. Disponível em: http//www.crt.saude.sp..gov.br. Acessado em: 21/05/04.

BRASIL. Ministério do Trabalho Portaria 3.214 de 08/06/1978 Capitulo V, Titulo II da

Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho, NR4,5,6 e

NR7.

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BRASIL. Portaria nº 05 de 18/08/1992. Dispõe sobre modificações na NR-9 (risco

ambientais) e a obrigatoriedade de elaboração de mapas de risco que possuam CIPAS.

Brasília: D. O. U., 20/08/1992.

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ANEXOS

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Anexo 1

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Anexo 2

"FORMULÁRIO"

1- IDADE....................

2- SEXO : ( ) femenino ( )masculino

3- Qual sua categoria profissional

( )Enfermeiro; ( )Técnico de enfermagem; ( ) Auxiliar de enfermagem

4-Há quanto tempo trabalha em enfermagem? Em que setor?

( ) 0 - 5 ; ( ) 6 - 10 ; ( ) 11 - 16; ( ) 17 -22; ( ) 23 ou mais

5-Trabalha em outro local ( ) Sim; ( ) Não

( ) Filantropico; ( ) Público ; ( ) Privado

6- Na escala de um a dez você considera a enfermagem uma profissão de riscos? Por Favor

circule um número de um a dez ; Justifique.

1............2........3.........4............5............6...........7............8..............9.. ............10

(Sem risco) (Risco elevado)

7- Como você definiria de um a dez o seu risco para se acidentar com material pérfuro

cortante? Por favor circule um número de um a dez; Justifique.

1...........2...........3.........4.........5...........6..........7............8............9...............10

(Sem risco) (Risco elevado)

8- Que aspectos você considera importante atentar, no preparo de um procedimento que

envolva material pérfuro cortante?

9- Que aspectos você considera importante atentar, no manuseio de um procedimento que

envolva material pérfuro cortante?

10- Que aspectos você considera importante atentar, no descarte de um procedimento que

envolva material pérfuro cortante?

11- O que você sugere para melhorar, as condições de trabalho para prevenir acidentes com

material pérfurocortante na sua instituição?

12- Deseja fazer mais alguma colocação?

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Anexo 3

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UNIRIO)

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM - MESTRADO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Rio de Janeiro, ______de _________________de 2005

Prezado(a) Colega,

Venho por meio deste documento convidá-lo (a) a participar da pesquisa intitulada "

Acidente com pérfuro cortante: uma questão de biossegurança".

A pesquisa tem como objetivos: Identificar o potencial de risco para acidente

biológico com material pérfuro cortante na equipe de enfermagem, e analisar a influência das

normas de biossegurança no conhecimento e comportamento destes profissionais na sua

prática.

Neste sentido, é importante esclarecer que sua participação é livre, tem o direito de ser

esclarecido com relação às dúvidas que possam surgir e/ ou se recusar a participar da pesquisa

a qualquer momento; e que sua identidade será mantida em sigilo. Diante do exposto os dados

coletados nesta pesquisa, irão subsidiar a elaboração da Dissertação de Mestrado, e poderão

ser divulgados em periódicos pertinentes a área de atuação, em congressos científicos e na

própria instituição.

Asseguro que todos os depoimentos/dados/informações obtidos ficarão sob minha

responsabilidade - controle e guarda- e serão respeitosamente utilizados, sendo identificado

somente a categoria profissional, o setor de trabalho e o tempo de atuação profissional.

Contando com a sua colaboração e, em caso de concordância, solicito que assine este

documento.

Atenciosamente,

Sandra Solange de Moraes Alves

Eu, __________________________________________________________,estou ciente do

teor deste documento e concordo em participar deste estudo.

Informo que sua participação é de fundamental importância para o estudo.

De acordo: ____________________________________________________.

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