GABRIEL CARDOSO GUSTAVO ECCEL LEONARDO BRAGA LETÍCIA IGLESIAS RICHARD ALECSANDER
LHULLIER, Louise Amaral (Org.). A forma-ção complementar e pós graduação, Rela-ção com CFP, Relacionamentos e filhos, O trabalho doméstico, O cuidado de si. In: LHULLIER, Louise Amaral (Org.). Quem é a Psicóloga brasileira?: Mulher, Psicologia e Trabalho. Brasília: Conselho Regional de Psicologia, 2013. p. 33-47.
2015/1
REFERÊNCIA/ARTIGO
ALUNOS
"O amor pela mulher rompe os laços
coletivos criados pela raça, ergue-se
acima das diferenças nacionais e das
hierarquias sociais, e, fazendo-o,
contribui em grande medida para os
progressos da cultura."
FREUD, Sigmund
MULHER PSICOLOGIA ETRABALHO
QUEM É A PSICÓLOGA BRASILEIRA?
PSICOLOGIA:
CIÊNCIA E PROFISSÃO
“É pelo trabalho que a mulher vem diminu-
indo a distância que a separava do homem,
somente o trabalho poderá garantir-lhe uma
independência concreta.”
BEAUVOIR, Simone
A Psicologia brasileira é majoritaria-mente feminina, ou seja, nove entre dez pessoas que exercem a profissão no Brasil são mulheres. Não apenas a superioridade numérica, mas também a proporção entre psicólogos e psicó-logas não parece ter sofrido altera-ções, pelo menos desde o final da dé-cada de 1980. A população de psicólogas no Brasil tem um viés de raça/cor bastante a-centuado em relação aos dados da
população geral, ou seja, as mu-lheres que se declararam par-das e negras es-tão sub-representadas na profissão, o
que reflete a desigualdade de oportu-nidades de acesso ao ensino superi-or. 98% dessas mulheres estão conecta-das com o mundo, ao menos em tese, por meio da Internet. Consequente-mente, não importa onde estejam no vasto território do país, não estão ina-cessíveis à informação e ao debate. Além disso, é uma população em que muitas se especializam e buscam ou-tros cursos, embora poucas vão atrás de um título acadêmico – mestrado ou doutorado.
Quase a metade não vive em compa-nhia de um parceiro e apenas um pouco mais da metade têm filhos. Mas a pesquisa mostra, ainda, que, entre as que dividem um teto com um parceiro, são minoria as que contam com eles para as tarefas domésticas. Além disso, entre aquelas que são mães, apenas 53% contam com seu parceiro no cuidado com os filhos. Muitas têm a ajuda de outra mulher – ajudante remunerada ou familiar –
para essas tarefas.
A pesquisa retrata, portanto, a princí-pio, que as psicólogas brasileiras for-mam uma população que enfrenta problemas muito semelhantes aos relatados na literatura que trata da desigualdade entre os sexos quanto às questões relacionadas ao trabalho e à sua remuneração, à distribuição do cuidado com os filhos e do traba-lho doméstico, ao suporte de outras mulheres para fazer frente a esse tipo de demanda e à violência. Nesse sen-tido, não se distinguem significativa-mente das mulheres com as quais, como profissionais da psicologia, a-tendem, interagem ou, de alguma for-
ma, têm contato.
Os dados sugerem, também, um ce-nário em que cerca de ¼ dessa popu-lação não está diretamente implicado nas questões próprias ao exercício da profissão, postas pela prática em seus desafios cotidianos, na medida em que não a estão exercendo ou a
têm como uma atividade secundária.
Essas e outras questões suscitadas pela pesquisa quantitativa estimula-ram a realização de outras análises e de uma pesquisa qualitativa, ora em andamento, que poderá dar ainda maior visibilidade à questão da pre-dominância feminina no exercício da Psicologia no Brasil e seus possí-veis efeitos sobre a definição de sua prática, de sua produção teórica e sobre suas repercussões nos planos
da sociedade e da cultura.
AS PSICÓLOGAS BRASILEIRAS
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