Download - Processo Civilizatório, Volume 1

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ELIAS, N. O processo civilizador volume 1: uma histria dos costumes. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. ( Apresentao (Renato Janine Ribeiro)

(a) Histria dos sentimentos o interesse nas formas de sentir de imaginar como tema de estudo;

. As aparncias: como os homens se tornam educados e comearam a tratar-se com boas maneiras?

. Segunda natureza: o desenvolvimento dos modos de conduta, da civilizao dos comportamentos, como prova de que no existe atitude natural no homem. Condicionamento (behaviorismo) e adestramento (Nietsche e Freud) instaurao da moral / memria: no pelo conhecimento que traz, mas pela ao que governa. Civilizao: lies de dor e de responsabilizao humana.. Obs.: Elias (evoluo dos costumes recato externo) X Sennett (tiranias da intimidade)

(b) Ideia de que existe um sentido na histria: curva de civilizao um sentido que seja precrio em seus comeos, termina por apoderar-se do ritmo e da conscincia histrica do homem ocidentalizado.

( Prefcio (1936). Questes centrais: Como ocorreu o processo civilizatrio do Ocidente? Em que consistiu? E quais foram suas causas ou foras motivadoras?

. Teoria de Civilizao: Mudanas na estrutura da sociedade Mudanas no padro de comportamento e constituio psquica dos povos do Ocidente.

. Mudanas: direo especfica; comportamento e sentimento individual; padro de sociais de exigncias, proibies e medos.

. Estrutura do comportamento civilizado Organizao das sociedades ocidentais sob forma de Estado questes: (a) pacificao; (b) integrao sob o mesmo aparelho governamental monopolizao da fora fsica: ponto de interseo de grande nmero de interconexes sociais, [por meio da qual] so radicalmente mudados todo o aparelho que modela o indivduo, o modo de operao das exigncias e proibies sociais que lhe moldam a constituio social e, acima de tudo, os tipos de medos que desempenham um papel em sua vida. (p.17)( Prefcio (1968)

. Direo: como e por que, no curso de transformaes gerais da sociedade, que ocorrem em longos perodos de tempo e em determinada direo para as quais foi adotado o termo desenvolvimento , a afetividade do comportamento e experincias humanos, o controle de emoes individuais por limitaes externas e internas, e, nesse sentido, a estrutura de todas as formas de expresso, so alterados em uma direo particular? (p.207)

. Estrutura: possvel relacionar essa mudana a longo prazo nas estruturas da personalidade com mudanas na sociedade como um todo, que de igual maneira tende a uma direo particular, a um nvel mais alto de diferenciao e integrao social?

. Teoria da Civilizao: ligaes entre a mudana a longo prazo nas estruturas de personalidade no rumo da consolidao e diferenciao dos controles emocionais, e a mudana a longo prazo na estrutura social com vistas a um nvel mais alto de diferenciao e integrao. (p.208). Processo civilizatrio Desenvolvimento - Direo: controle emocional, de experincia e de conduta.

. Problema: ligao entre as estruturas de psicolgicas individuais (estruturas de personalidade) e as formas criadas por grandes nmeros de indivduos interdependentes (estruturas sociais).

. Por um lado, [mudanas estruturais] conceito de mudana social que no estabelea uma clara distino entre as mudanas que se relacionam com a estrutura da sociedade e as que no [...] um instrumento muito imperfeito de pesquisa sociolgica (p.210), por outro, [caractersticas comuns] constitui misso de toda teoria sociolgica esclarecer as caractersticas que todas as sociedades humanas possuem em comum (p.212).

. Processos X Estados: Parsons: mudana social = disfuno acidental, externamente motivada, de um sistema social normalmente bem-equilibrado. [...] um estado transitrio entre dois estados normais de imutabilidade, provocado pela disfuno. [...] a sociedade como um sistema social e este como um sistema em estado de repouso. (p.241) Elias: a mudana a caracterstica normal da sociedade. (p.214). Indivduo-Sociedade: duas entidades existindo interdependente uma da outra [...] no dizem respeito a dois objetos que existiriam separadamente, mas a aspectos diferentes, embora inseparveis, dos mesmos seres humanos [...] a relao indivduo e estruturas sociais s pode ser esclarecida se ambos forem investigados como entidades em mutao e evoluo. (p.213)

. Questo: por que a percepo da importncia dos problemas da mudana social a longo prazo, da sociognese e desenvolvimento de formaes sociais de todos os tipos, se perdeu na maior parte para os socilogos? Prevalncia dos modelos de sociedades em estado de repouso e imutabilidade.

. Fragilidade na produo dos dados / Asceno do Estado-Nao: Uma vez que os representantes das duas classes industriais mais poderosas e numerosas [burguesia e operariado] tm hoje acesso a posies de poder no Estado, a nao, organizada dessa forma, desponta emocional e ideologicamente como o mais alto valor em sua presente condio. Alm do mais emocional e ideologicamente ela parece eterna, imutvel, em seus aspectos essenciais. As mudanas histrias afetariam apenas os aspectos externos; o povo, a nao, aparentemente no mudariam. (p.221) O ideal nacional desvia a ateno do que muda para o duradouro e o imutvel.. Nos sculos XVIII e XIX, os filsofos e socilogos que falavam em sociedade pensavam geralmente em sociedade burguesa isto , em aspectos da vida social que pareciam situar-se alm dos aspectos dinsticos e militares do Estado. (p.222) No sculo XX, quando se referem sociedade, no pensam mais, como acontecia com seus predecessores, em uma sociedade burguesa ou em uma sociedade humana alm do Estado, mas cada vez mais na imagem ideal algo diluda de uma nao-Estado. (p.223)

. Tradio Liberal: sociedade/nao como um todo X indivduo autossuficiente, livre, personalidade fechada.. homo plilosophicus (p.228-229): tipo de imagem do homem e de sua percepo de si mesmo, que, para alm de seu processo de construo, tomada como pressuposto, como axioma, como dado: a ideia do ser encapsulado constitui um dos leitmotifs recorrentes da filosofia moderna. (p.233). Impasse epistemolgico: razo interior X experincia exterior? os indivduos, desde o incio da vida, existem em interdependncia dos outros. [...] a pessoas com relativa, mas no absolutamente, autnomas e interdependentes, formando configuraes mutveis. (p.229)

. Crtica Freud: O indivduo se satisfaz com a metfora espacial interno e externo, mas no faz nenhuma tentativa sria de localizar o interior no espao. (p.230) Superao do beco sem sada da sociologia e das cincias sociais em geral p.231. A expresso o homem interior uma metfora conveniente, mas que induz em erro. [...] no h aspecto estrutural no homem que justifique chamarmos uma coisa de ncleo do homem, e outra de casca. (p.238). Da viso de mundo geocntrica para a heliocntrica: epistemologia moderna estgio de auto distanciamento para conceber os processos naturais como uma esfera autnoma separao entre objeto cognoscvel e sujeito cognoscente. (234-237). O que deu origem a esse conceito de indivduo como encapsulado dentro de si mesmo, separado de tudo o que existe fora dele, e o que a cpsula e o encapsulado significam? O controle mais firme, mas geral e uniforme das emoes / a parede invisvel que separa o mundo interior do indivduo do mundo externo, o sujeito de cognio de seu objeto, o ego do outro, o indivduo da sociedade. (p.237). Concluso: personalidade aberta, rede de interdependncias, configuraes, educao, processos, danas de salo. (p.240-241)

( Sociognese da diferena entre Kultur e Zivilization no emprego alemo

I Introduo;

. Civilizao: tecnologia, cincia, justia, religio, maneiras, comportamentos e costumes ( a conscincia que o Ocidente tem de si mesmo. [...] tudo em que a sociedade ocidental dos ltimos dois ou trs sculos se julga superior a sociedades mais antigas ou a sociedades contemporneas mais primitivas. (p.23)

Frana e InglaterraAlemanha

Civilizao: orgulho pela importncia de suas naes para o progresso do Ocidente e da humanidadeCivilizao: valor de segunda classe, aparncia externa, superfcie da existncia humana.

Civilizao: fatos polticos, econmicos, religiosos, tcnicos, morais e sociais Kultur: fatos intelectuais, artsticos, religiosos separados dos fatos polticos, econmicos e sociais

Atitudes e comportamentos: processo, resultado, movimento para frente da humanidadeProdutos humanos: obras de arte, livros e sistemas religiosos e filosficos nos quais expressa a individualidade de um povo

. [...] o conceito de civilizao minimiza as diferenas nacionais: enfatiza o que comum a todos os seres humanos ou na opinio dos que o possuem deveria s-lo. Manifesta a autoconfiana de povos cujas fronteiras nacionais e identidade foram to plenamente estabelecidas, desde sculos, que deixaram de ser tema de qualquer discusso, povos que h muito se expandiram fora de suas fronteiras e colonizaram terras muito alm delas. (p.24)

. [...] o conceito de civilizao inclui a funo de dar expresso a uma tendncia continuadamente expansionista de grupos colonizadores, o conceito de Kultur reflete a conscincia de si mesma de uma nao que teve de buscar e constituir incessante e novamente suas fronteiras, tanto no sentido poltico como no espiritual, e repetidas vezes perguntar a si mesma: Qual , realmente, nossa identidade? (p.24)