Jornal Escolar do Agrupamento de Escolas de Cascais
Sede: Escola Secundária de Cascais
EB de Cascais EB/JI Branquinho da Fonseca EB n.º1 Aldeia de Juso EB/JI Areia-Guincho JI da Torre
www.aecascais.pt
Quarta-feira, 1 de junho de 2016 Coordenadora: Cristina Sarmento Nº 0
A Secundária de Cascais está a mudar!
Com a massificação do ensino, os estabelecimentos escolares
têm vindo a enfrentar enormes desafios em termos de adaptação
das suas estruturas ao público que os procura.
Neste sentido, muito do seu esforço financeiro tem sido canalizado
para obras de manutenção e modernização dos seus edifícios. A
nível nacional, esta incumbência pertence ao Programa de Moder-
nização do Parque Escolar que, por diversas razões, não chegou à
Secundária de Cascais. Assim, têm-se tornado evidentes os si-
nais de profunda degradação de uma estrutura que, já com 41
anos, foi implementada numa perspetiva provisória.
Mas, e com o objetivo de obviar carências diversas neste domínio,
foi assinado um Protocolo entre o AECascais e a Sapienti
(Associação de Apoio ao Estudo) , representada pelo ex-aluno,
Paulo Mendonça. O acordado foi a recuperação de uma sala por
mês, em troca da cedência do espaço para as aulas da Associa-
ção.
E, apesar de ser uma iniciativa recente, já se nota a diferença!
A propósito, já viram a sala de Filosofia?
Equipa da Biblioteca
Editorial Pág.2
Nota de abertura Pág.3
Temas da atualidade Pág.5
Entrevista Pág.8
Crónicas Pág.9
Artigos de opinião Pág.10
Poesia Pág.12
Contos Pág.17
Notícias da ciência Pág.20
Projetos Pág.22
Atividades no Agrupamento Pág.26
Concursos Pág.31
Eventos Pág.33
Visitas de estudo Pág.35
Montra de livros Pág.38
Passatempos Pág.39
Oferta Formativa Pág.40
Um jornal de escola é um meio privilegiado de socialização, um espaço de comunicação
de iniciativas, experiências, projetos e contributos, desenvolvidos pelos alunos e professo-
res. Se os docentes têm um papel fundamental neste ato de comunicação, os alunos se-
rão leitores atentos e críticos, mas sobretudo agentes dinamizadores no processo de cria-
ção deste primeiro número da POLINEWS.
Através do jornal escolar podemos tornar visível a toda a comunidade um pluralismo de
pontos de vista, um espírito cooperativo e cruzamento de opiniões. O mundo de hoje é um
fenómeno global e a integração deve ser a pedra de toque para a escola e todas as insti-
tuições envolventes por forma a colher a diversidade.
Sabemos que antes da divulgação deste jornal, foi necessário um período de reflexão
para encontrar um modo único e autêntico que envolvesse os vários participantes.
Espero que este jornal seja um novo lugar de encontro entre o individual e o coletivo, um
espaço onde se constrói o sentido da autonomia, da cooperação, da solidariedade, da
responsabilidade e da razão pública, contribuindo para o desenvolvimento de relações
afetivas gratificantes e democráticas na comunidade educativa. Temos diante de nós um
modo de expressão e valores cívicos.
Finalmente, uma palavra de incentivo e agradecimento a todos que participaram neste
novo jornal para promoverem o Agrupamento de Escolas de Cascais.
Isabel de Carvalho
(Diretora AECascais)
EDITORIAL
2
Se a informação está em todo o lado para que precisamos da biblioteca escolar?
A primeira preocupação da escola sempre foi
ensinar a ler, a escrever e a contar. Durante
muito tempo, o domínio das letras e dos núme-
ros foi praticamente suficiente para responder
às exigências quotidianas da vida pessoal,
social e profissional, e para a apreensão mais
próxima e elementar da realidade.
Sobretudo a partir do desenvolvimento das TIC e da Internet, a
"informação transformou-se no bem menos escasso da atualida-
de" (Rosa, 2013) e a leitura, escrita e cálculo, embora continuem com-
petências matriciais, tornaram-se insuficientes para enfrentar os assun-
tos do dia-a-dia e a crescente complexidade das sociedades.
A massificação de dispositivos eletrónicos e a sua crescente miniaturi-
zação – portáteis, tablets, smartphones …- tornou-os, simultaneamente,
acessíveis, indispensáveis e quase uma extensão dos nossos sentidos
e da nossa mente. Aliados à Internet, estes dispositivos criaram um
novo ambiente de aprendizagem, atrativo e inovador, oferecendo aos
alunos a possibilidade de aprenderem à sua maneira, independente-
mente da escola e da sala de aula, e de aprenderem de forma autóno-
ma, individualizada e criativa.
O professor Wim Veen descreve os alunos de hoje como “estudantes
zapping que são capazes de fazer várias coisas ao mesmo tempo, mu-
dando rapidamente de um ambiente eletrónico para outro, recolhendo e
processando informação de forma completamente inovadora” (in Das,
2007). Para os estudantes zappiens de Veen, a sala de aula é tão só
um formato possível de aprendizagem e, em relação à biblioteca, torna-
se inevitável a pergunta: “se os alunos podem aprender em qualquer
lado, com ferramentas e recursos de informação disponíveis na Internet,
para que precisam de uma biblioteca escolar”?
Refiramos, então, alguns aspetos essenciais que a questão levanta.
Não podemos esquecer que, apesar de se ter tornado um bem supera-
bundante, a informação ainda não é acessível a todos. Em Portugal, os
dados do Observatório da Comunicação, dizem-nos que a Internet, em
2013, ainda não chegava a 42,5 % de lares (Cardoso, 2013). Livros,
jornais e revistas também não são bens de que todos os alunos usufru-
am em casa. A primeira função da biblioteca escolar é, precisamente,
essa: permitir o acesso universal ao livro e à informação, quer em su-
porte físico, quer digital.
É preciso, também, desmistificar um pressuposto errado: os alunos
pensam que o que os separa do conhecimento é um click e que basta
“googlar”, copiar e colar a informação que encontram na Internet para
resolver qualquer problema ou produzir um trabalho de pesquisa … Mas
não é assim! Embora com muita destreza no manejo técnico dos dispo-
sitivos eletrónicos e digitais, e de uma grande diversidade de programas
e apps, os alunos enfrentam sérias dificuldades para passarem dum
patamar mais elementar de tratamento da informação – espontâneo,
ingénuo, desorganizado – para o nível a que já podemos chamar de
conhecimento. Este exige um conjunto de destrezas que são de nature-
za intelectual tais como, por exemplo: saber verificar a pertinência e
fiabilidade da informação; analisar criticamente os documentos; relacio-
nar e sintetizar conteúdos; saber comunicar a nova informação de acor-
do com regras e modelos próprios do meio escolar.
A biblioteca pode ter aí um papel fundamental. Efetivamente, estamos
cada vez mais longe da biblioteca concebida apenas como um centro
de recursos informativos e de leitura lúdica. A biblioteca também é isso,
um centro de recursos criteriosamente selecionados, organizados e
validados, o que não acontece na Internet, onde toda a gente pode pu-
blicar conteúdos que, na sua maioria, não são matéria-prima fiável para
construirmos conhecimento. A biblioteca é, também, um espaço onde,
percorrendo a literatura à disposição, podemos descobrir qual o género
de leitor a que pertencemos: Aventureiro? Alternativo? Dramático? Fan-
tástico? Intranquilo? Policial? Poético? Romântico? Visual?
As bibliotecas são, ainda, espaços sociais que potenciam o trabalho
individual e em grupo, a troca de informação, ideias e conhecimento e
locais onde se pode confiar na orientação e apoio oferecidos pela equi-
pa da biblioteca. Cabe, portanto, à biblioteca escolar ser um parceiro
fundamental do aluno e do professor na promoção das literacias, colo-
cando à sua disposição guiões, tutoriais e recursos vários que sirvam de
orientação à pesquisa e à elaboração criteriosa de trabalhos escolares,
ensinando os alunos a navegar em segurança e a respeitar os direitos
de autor, colaborando com os professores na preparação de situações
de aprendizagem ativa, onde os alunos possam realmente treinar e
adquirir as competências exigidas por uma sociedade na qual a informa-
ção está em todo o lado e onde apenas saber ler, escrever e contar se
tornou manifestamente insuficiente.
Cristina Sarmento
Coordenadora das Bibliotecas
Cardoso, G; Mendonça, S. (2014) – A Internet em Portugal. Sociedade em Rede
20 14. ht t p : / / w ww. wo r l d i n t e rn et pr o j ec t . ne t / _ f i l es /_P ub l i s hed/
_oldis/338_internet_portugal_2014.pdf
Das, L. H. (2007) - Bibliotecas Escolares no século XXI: à procura de um cami-
nho. http://www.rbe.min-edu.pt/news/newsletter3/bib_sec_21.pdf
Rosa, M. J. V. (2013) - Estatísticas, o abecedário do futuro. https://www.ffms.pt/
upload/docs/estatisticas-o-abecedario-do-futuro_er2P2Bwi7kebJQEgVf3pSw.pdf
NOTA DE ABERTURA
3
Paulo Pontes, aluno do 11º H
BANDA DESENHADA
4
So Good*, so unhealthy *(Referência à Kadeia de Frango Cozido em Óleo, KFCO)
Quando entramos numa loja daquela cadeia de Fast Food - mais conhecida por M.C.D.O.N.A.L.D.S, o sobrinho irlan-
dês do tio Patinhas fã dos Dama - quase ou mesmo imediatamente, sabemos o que vamos pedir. Porquê? Porque
somos constantemente assediados por anúncios na TV, Net, Móvel. Acabei de fazer uma piada seca como o deserto
do Saara! Vamos lá porque gostamos do sabor, porque é barato, porque há sempre um ao virar da esquina, enfim, não
nos faltam razões para o fazermos recorrentemente (para quem precisar, é tomar Ativia para a digestão de palavras, re
–co-rren-te-men-te) e já sabemos os nossos “pratos” favoritos. Mas se surgir um novo hambúrguer, por exemplo, 100%
carne de cav…aca, e surgirem anúncios que nos captem a atenção, podemos ficar interessados e querer experimentar
da próxima vez que lá formos. Que é amanhã! Porque depois de amanhã está esgotado!
E quanto à nossa escola? Bom, felizmente para uns e infelizmente para outros, a loja mais perto ou é no Largo da Estação, ou na Guia (a Pho-
nepizza, com a sua pizza de cone de ascensão de magma). Como essas opções não são propriamente perto, o mais recomendado pelos alunos
da Poli é o Riyadh. Com as suas diversas opções e preços acessíveis aos estudantes, o Riyadh é considerada a solução mais conveniente para
os que querem uma refeição fora da pressão da escola. Mas, é assim tão diferente das cadeias de Fast Food? Não, não é: os preços são aproxi-
madamente os mesmos, as filas de espera são gigantes e barulhentas - já para não falar dos alunos da Pereira - a comida é do mesmo género
(hambúrgueres, baguetes …), portanto, a comida não é propriamente (mais) saudável. Depois, também existe a opção do refeitório dentro da
escola: preços mais leves, refeições que cumprem os requisitos da lei … mas com as consequências do costume: redução do teor de sal, a so-
bremesa é fruta … Onde é que isto já se viu? Fruta?!
Como é óbvio, quem decide é o leitor, sendo estas as sugestões do Professor Marcelo. Peço desculpa, pensei que fosse a TVI!
Miguel Cisneiros, aluno do 10ºC1
E se, de repente, a escola acabasse para sempre?
Certa manhã, quando atravessava a rua em direção à escola, avistei uma grande multidão à volta do portão. Toda a gente amontoada,
pais de alunos a pedirem esclarecimentos… Que confusão! O que teria acontecido?Lá aguardei que todos se acalmassem e questionei a
senhora diretora sobre o sucedido: a escola encerrara para sempre! Estava toda a gente chocadíssima, embora, no fundo, todos estives-
sem contentes. Como seria agora? Férias para sempre?Já em casa, pensei nos aspetos negativos: se não havia escola, como é que
iríamos aprender? Sem estudos não poderíamos trabalhar. Eu queria ser pintora, mas sem escola como é que aprenderia?Estava triste.
Mas tentei ver o lado bom da situação: podia acordar mais tarde e passar mais tempo a ler e a desenhar.Passaram alguns meses. O
tempo ia voando calmamente enquanto as árvores da primavera floriam. Então, um dia, os alunos, fartos de tantas férias, juntaram-se
todos e, depois de muito conversarem, chegaram a uma conclusão: o futuro sem escola é triste.
A escola é das coisas mais importantes!
Antónia Lemos, aluna do 5ºC
TEMAS DA ATUALIDADE
5
Verdade Desportiva & Corrupção
Hoje em dia, fala-se muito em verdade desportiva, e efetivamente, esta é fundamental para a com-
petição leal e para a justiça, nas diferentes atividades desportivas.
No entanto, quando o tema é abordado, grande parte das pessoas associam-no imediatamente a
questões polémicas, como os erros de arbitragem, especialmente no futebol, o que gera grandes
discussões e antagonismos.
De igual forma, outro conceito associado a esta matéria é a corrupção, com particular destaque para
o mundo do futebol, as corridas de cavalos, o ténis, o ciclismo, o basebol e o boxe, entre outros cam-
pos desportivos.
Existem dois tipos de corrupção: a corrupção ao nível dos resultados desportivos, que se manifesta sob a forma de suborno, por exemplo, dos
árbitros, dos atletas e dos treinadores e a corrupção extracompetição, que se traduz em subornar os intervenientes indiretos do fenómeno
desportivo. Estes, normalmente, desempenham cargos diretivos como, por exemplo, os presidentes dos clubes, ou têm grande influência no
meio, como acontece com os agentes dos jogadores ou atletas.
No caso concreto do futebol, muitas vezes as competições são decididas por um erro de arbitragem; porém, isto nem sempre se deve a um
ato de corrupção, mas sim a um erro do árbitro, pois todos nós somos humanos e, como tal, temos o direito de errar.
A corrupção pode ter várias razões, mas, normalmente, o principal motivo é o dinheiro, pois estão envolvidas somas astronómicas e isto pode
facilmente verificar-se nos sites das apostas desportivas, como o Placard e a Bet365.
É importante perceber que a corrupção leva a uma enorme perda de credibilidade e é crime, pelo que é necessário tomar medidas para aca-
bar com este tenebroso problema.
Neste sentido, e para acabar com a corrupção, as entidades competentes e reguladoras devem agir em conformidade, para que possa real-
mente haver uma verdade desportiva em toda e qualquer competição.
Jorge Sousa e António Cymbron, alunos do 10º E1
O Empreendedorismo em Portugal
Este conceito, utilizado pela primeira vez por Joseph Schumpeter, em 1945, na sua teoria da “Destruição Criativa”, tem-
se popularizado nos dias de hoje, principalmente entre jovens que procuram entrar e serem reconhecidos no mercado de
trabalho.
O empreendedor é, então, aquele que cria novos projetos, que é versátil, criativo e que procura o sucesso. Por sua vez, o
empreendedorismo é um agente promotor do desenvolvimento económico e social de um país, sendo também uma das
principais políticas ativas contra o desemprego, ao permitir aos jovens ambicionar e realizar os seus projetos, ajudando-
os a tornarem-se empresários.
O empreendedorismo, em Portugal, tem tido um grande crescimento, assumindo, cada vez mais, relevância na economia do nosso país. Só em
2007 foram criadas 167463 novas empresas, que se juntaram às 1,2 milhões já existentes, mostrando assim, uma grande aptidão dos portugue-
ses para este tipo de iniciativa. Da mesma maneira, os estudos mostram que, das empresas criadas em 2006, 73% sobreviveram em 2007, tendo
sido no setor secundário, ou seja, o setor industrial, aquele que registou as maiores taxas de permanência no mercado.
Portugal destaca-se, no contexto europeu, como um dos grandes países impulsionadores do empreendedorismo, tendo promovido e participado
em várias iniciativas, especialmente para jovens, como nos projetos do “Junior Achievements”, dedicado aos alunos do ensino secundário. Tam-
bém criou algumas instituições e associações de apoio ao jovem empreendedor como a ANJE – “Associação Nacional de Jovens Empresários”.
É, pois, com base neste percurso já realizado que o empreendedorismo em Portugal deve ser visto como um fator de desenvolvimento nacional.
Frederico Pinto, aluno do 10º E1
TEMAS DA ATUALIDADE
6
El Niño
O El Niño, fenómeno que tem sido falado nos últimos tempos, é o au-
mento significativo da temperatura das águas no Oceano Pacífico, que
tem tido um papel bastante relevante no aquecimento global. Porquê
este nome? O fenómeno El Niño ocorre, sobretudo, no mês de Dezem-
bro, daí, o seu nome significar “Menino Jesus”.
Este fenómeno, de grande intensidade, foi reconhecido por pescadores
da América do Sul, que constataram que as alterações da temperatura
causavam inúmeras mudanças na distribuição da chuva e do calor, na
maior parte das regiões do mundo. Mas afinal qual é a origem do El
Niño? O El Niño, tem como causa o aquecimento de uma vasta área do
oceano Pacífico, ligado, segundo alguns cientistas, a um enfraqueci-
mento dos ventos alísios (que sopram de nordeste para sudoeste, no
hemisfério norte, e de sudeste para noroeste, no hemisfério sul) e, mes-
mo, à inversão da sua direção.
Como resultado, da maior concentração de águas quentes nas regiões
equatoriais, a atmosfera sofre um maior aquecimento, aumentando
significativamente a evaporação. O El Niño tem inúmeras consequên-
cias, tais como, um aumento significativo das temperaturas, o apareci-
mento de chuvas fortes, que por sua vez dão origem a cheias. Na Indo-
nésia, o “El Niño” provocou inúmeras secas, na Austrália, Índia e na
África do Sul, deu origem a grandes incêndios florestais, que, por sua
vez, tiveram como consequência uma diminuição das colheitas agríco-
las.
Pensa-se que, em 2030, em consequência do “El Niño”, os riscos de
fome e de doenças aumentem, afetando a vida de milhões de pessoas.
Há quem diga que a Humanidade delapida duas vezes mais recursos
do que a Terra consegue renovar. Como tal, se nada for feito, os efeitos
deste fenómeno serão devastadores ...
Carolina Saad, aluna do 12º D
Se em todo o planeta Terra apenas
existissem cem abelhas, a probabilidade
do ser humano sobreviver seria, pratica-
mente, nula. Albert Einstein afirmou o
seguinte: “Quando as abelhas desapare-
cerem da face da terra, a humanidade
terá apenas mais quatro anos de sobrevivência.” A verdade é que as
abelhas têm uma enorme importância para a vida dos ecossistemas e
estão em vias de extinção. Uma prova disso é o facto de a população de
abelhas nos EUA ter sido reduzida em cerca de 60%, fenómeno a que se
deu o nome de Distúrbio do Colapso das Colónias (DCC).
Existem várias causas para o DCC, a maioria delas com origem em
determinados modelos de desenvolvimento económico, prejudiciais à
Natureza. De facto, e para obter maior lucro, o Homem põe em perigo o
funcionamento natural dos ecossistemas e a sobrevivência de várias
espécies. Ao serem destruídas, por exemplo, as culturas de plantas com
flor, trocando-as por plantas sem flor, os homens estão a fazer com que
as abelhas deixem de se poderem alimentar. Para além disso, a utiliza-
ção de agrotóxicos, como pesticidas e outros químicos, torna o pólen
tóxico, o que mata as abelhas. Da mesma forma, os apicultores nem
sempre respeitam as regras desta atividade, contribuindo para o desapa-
recimento desta espécie, pois, ao praticarem a sua atividade de forma
intensiva, as abelhas acabam por morrer de fome.
A última causa ,não resulta da ação do Homem e designa-se por
“Varrose”, uma doença parasitária provocada pelo ácaro Varroa, ou
ainda, outros fungos e bactérias que destroem os insetos.
Mas, afinal, qual é a importância das abelhas? Têm uma função funda-
mental na polinização, que consiste no transporte de pólen das anteras
para o estigma das flores, permitindo a sua fecundação e, consequente-
mente, a reprodução das plantas. Aproximadamente 90% das plantas
com flor, incluindo frutas, legumes, gramíneas, plantas forrageiras, ne-
cessitam de ser polinizadas. Isto significa que, sem abelhas, deixariam
de existir todas estas plantas que sustentam várias espécies animais,
provocando o colapso da cadeia alimentar. Neste caso, também os ho-
mens encontrariam um grande obstáculo à sua sobrevivência, porque
passariam a ter uma dieta muito mais pobre.
Na minha opinião, esta situação seria drástica.
Assim, para evitar que as nossas ações conduzam à extinção desta
espécie, é necessário agir e adotar medidas, como, por exemplo, a agri-
cultura biológica, apostar no projeto europeu Bee Doc, que tem como
objetivo desenvolver estratégias de prevenção e tratamento de doenças
das abelhas e promover as associações nacionais, como a FNAP – Fe-
deração de Apicultores de Portugal.
Concluindo, é possível conciliar o crescimento económico e o desenvol-
vimento com bem-estar e sustentabilidade. Para tal, é necessário infor-
mar e educar os indivíduos, satisfazendo as suas necessidades, sem
comprometer as gerações vindouras.
Pureza Abrantes, aluna do 12ºD
TEMAS DA ATUALIDADE
Um planeta Terra, cem abelhas e sem homens
7
Há um professor de Português na Escola Básica que
para além de ser um excelente contador de histórias
é também um escritor e um desportista que tem parti-
cipado em inúmeras corridas, nos mais variados
locais do nosso país e no estrangeiro.
É natural da aldeia raiana Nave de Haver situada no
concelho de Almeida, distrito da Guarda. Professor licenciado no Institu-
to Politécnico da Guarda, em estudos de professores do ensino básico
na variante de Português e Francês, em 1994. Em 2002 obteve o Diplo-
ma de Estudos Avançados em Filologia Francesa pela Universidade de
Salamanca, e posteriormente o grau de mestre pela Universidade de
Aveiro. Em 1997, lecionou na cidade francesa de Toulouse, como assis-
tente de Português e, no ano seguinte, ingressou no corpo docente da
Escola Superior da Guarda até 2006. Regressou ao ensino básico em
setembro de 2006 e está na nossa escola há seis anos e meio.
A Cíntia Rocha, a Carlota Vital, o Rafael Caravana e o Rafael
Plácido, alunos do 6.º A, foram os responsáveis pela entrevista ao Pro-
fessor António João Ferreira Moreira, no dia 2 de março, na
Biblioteca da Escola Básica.
Cíntia – Sabemos que o Professor também escreve. Quando
é que nasceu a sua paixão pela escrita?
Prof. A.M. – Às sextas-feiras, ia a um café frequentado por
uma professora que lia as minhas composições e achava-lhes piada.
Depois disso, foi na adolescência que comecei a escrever os primeiros
poemas, procurando imitar o Fernando Pessoa e alguns poetas france-
ses.
Carlota – Há quanto tempo escreve? E qual foi o seu primeiro
livro?
Prof. A.M. – Escrevo há 30 anos, desde a minha adolescên-
cia. O meu primeiro livro chama-se: “ Do Passado e do Imaginário, reta-
lhos da memória de um povo raiano” e um outro que foi publicado em
2005 “ Pedra e Barro”
Rafael Plácido – A nossa Professora de Português emprestou--nos este
livro que saiu em 2014. Porquê Gortcho D’Alma? O que significa este
título?
Prof. A.M. – A palavra Gortcho é usada na minha aldeia, pelas pessoas
mais velhas e significa “gota” ou “pingo”. O título significa que os textos
que fazem parte deste livro parecem ser gotas que pingam da alma do
autor.
Cíntia – E qual é o assunto deste seu livro?
Prof. A.M. – O livro é atravessado por vários temas que povoam o ima-
ginário do autor: crenças populares e superstições, contrabando, caça,
recordações de infância, a magia dos lugares, experiências sensitivas e
a corrida, entre outros.
Carlota – Qual dos contos é que o Professor aconselha que a nossa
Professora nos leia?
Prof. A.M. – “A camisa de linho”, “História de um presépio”, “Pirri”, “A
casa da Tia Glória”, “O meu Principezinho”, “O xaile da minha mãe”
Rafael – Ouvi dizer que o Professor é desportista. O que é que pratica?
Prof. A.M. – Atletismo. Já participei em 19 maratonas (42 Km) em vá-
rias cidades: Lisboa, Porto, Paris, Barcelona e Sevilha.
Os alunos agradeceram ao Professor a disponibilidade em estar com
eles e regressaram à aula de Português com uma opinião semelhante à
minha quanto a este Professor, solicitando-me que terminasse este
trabalho. Na realidade, o professor António Moreira é simpático, de trato
afável, transmite calma, transparência e sabedoria no seu olhar, defen-
sor acérrimo da Língua Portuguesa e um excelente profissional, com
quem muito gosto de trabalhar.
Cíntia Rocha, Carlota Vidal, Rafael Plácido, Rafael Caravana, 6º A
Isabel Freire, Professora de Português, Escola Básica de Cascais
ENTREVISTA COM...
8
Europeus versus Refugiados
Impressões de uma viagem
In february, our class, the 11th F, made an extraordinary visit
to the Douro Valley.
During those three days, we visited vineyards, learned the
history of some of the vintage families, including the Syming-
tons, visited the Sandeman caves and were introduced to the
richness of the Port wine.
We drove through Douro’s lovely landscapes and saw the
beautiful vineyard covered slopes. To finish our journey, we
also made an unique and relaxing boat trip in the Douro river.
It was an unforgettable experience, one that we’ll probably
never have again and we would like to thank our teachers for
giving us such an amazing opportunity.
Natacha Vale, aluna do 11º F
Nos últimos meses a Europa tem sido fustigada pela enchente de
refugiados que atravessam o Mar Mediterrâneo em busca de uma
vida melhor.
Estes refugiados fogem de uma guerra “alimentada”, sobretudo,
pela ganância humana. Estas pessoas embarcam em balsas e
navegam em péssimas condições.
Os refugiados esperam uma boa reação por parte dos que os
recebem. Se no começo, os recursos básicos eram imediatamen-
te disponibilizados, atualmente, devido à grande dimensão deste
fluxo migratório, os europeus já não conseguem fornecer essa
ajuda.
Mas sejamos honestos: todos sabem que no meio dos refugiados
não vem só gente boa ou de mente aberta. Temos de admitir que
alguns refugiados não vêm com as melhores intenções e outros
não vêm preparados para uma tão drástica mudança de costu-
mes, religiões e liberdades. Assim, se explica o receio de alguns
europeus quanto à entrada de refugiados.
A Europa tem feito esforços para encontrar uma solução para
este problema e acabar com a guerra nos seus países de origem.
Contudo, ainda não se conseguiu encontrar uma solução eficaz.
Entretanto, como estão a reagir os europeus? As reações são
diversas: uns não estão a gostar, outros apoiam e ajudam, ou-
tros, simplesmente, ignoram e prosseguem as suas vidas.
Em conclusão, é de esperar que países desenvolvidos como os
da UE ajudem os países de origem dos refugiados e contribuam
para o término da guerra.
Porém , esta guerra não está apenas confinada a estes países, é
uma guerra à escala mundial. Esta guerra abrange todos os ní-
veis: a religião, os costumes, a liberdade do indivíduo e dos po-
vos. Então, podemos voltar a perguntar:
Como irão os refugiados reagir?
Como irão os terroristas reagir?
Como irão os europeus reagir?
Resta-nos desejar que se faça o possível para que sejam res-
peitados a liberdade, os costumes e as religiões de todos.
Adriana Gomes, aluna do 9ºE
CRÓNICAS
9
ARTIGOS DE OPINIÃO
O mundo dos vossos netos
Os professores/educadores, os pais, os adul-
tos dizem aos jovens muitas vezes que o mun-
do está a mudar. Mas o que queremos nós
dizer com isso? O mundo está a mudar desde
sempre, desde que é mundo, logo, a novidade
não está aqui. O que queremos, então, dizer é
que o mundo está a mudar a uma velocidade
que nos assusta, a nós adultos. Vocês, os jovens, escapam-nos atra-
vés daquilo a que chamamos novas tecnologias. E, como não sabe-
mos lidar com isso, aderimos a todos os argumentos que nos podem
dar razão, isto é, nós estamos certos e vocês errados: aprender em
livros convencionais é melhor que aprender através da internet; as
informações que estão na internet estão muitas vezes incorretas e,
por isso, ela é uma fonte de conhecimento inapropriada; o tempo que
passam ao telemóvel é um perigo para a socialização, está a tornar-
vos “bichos-de-mato”; há já “estudos” que dizem que os vossos pole-
gares estão a ficar diferentes de tanto teclarem no telemóvel; o passar
muito tempo a jogar nestas plataformas atuais faz-vos mal…
Ora, hoje venho apresentar-vos um exemplo de como muitas dessas
ideias estão erradas. Deixem-me contar-vos uma história: na segunda
metade do século XIX, Portugal introduziu o caminho-de-ferro como
meio de transporte. Nessa altura houve protestos de do-
nos/condutores de burros e mulas que até aí faziam o transporte das
mercadorias no país. Pretendiam eles que não se avançasse com o
novo meio de transporte, pois punha em perigo o seu ganha-pão.
Hoje, estes protestos parecem-nos ridículos porque no fundo queriam
parar o progresso. Desta forma, a discussão que hoje temos sobre a
internet, as redes sociais, os computadores, os telemóveis … e esses
outros aparelhos de que nem sei o nome, também, parecerá ridícula
aos vossos netos, pois, também parece que estamos a querer parar o
progresso.
Na verdade, as novas tecnologias, tão perigosas para os jovens, vie-
ram ajudar os cientistas, permitindo tratar muitos dados em pouco
tempo. Uma das ciências que beneficiou com estes avanços foi a
neurociência, isto é, o estudo sobre o conhecimento da estrutura e do
funcionamento do cérebro humano, nos seus aspetos biológicos. Co-
mo o cérebro é aquilo que nos permite aprender, os neurocientistas
chamaram para os seus estudos os professores, procurando aproxi-
mar a investigação que iam fazendo do nosso trabalho na sala de
aula.
Peguemos na história dos jogos de computador que tanto tempo vos
ocupa e que os adultos tanto criticam. A investigadora Daphne Bave-
lier é uma das pessoas que se tem dedicado, em laboratório, a estu-
dar o efeito dos vídeo jogos no cérebro e, deste modo, veio trazer-nos
um maior conhecimento sobre o assunto, dizendo que os jogos de
computador – como aliás quase tudo o que fazemos – treinam o cére-
bro e alteram o nosso comportamento. Como? Uma das ideias, aliás,
de senso comum que ouvimos é que o facto de se estar muito tempo
à frente de écrans a jogar, prejudica a vista. Pois, os testes de labora-
tório provam, exatamente, o contrário, na medida em que a visão dos
jogadores é melhor do que a dos não jogadores. Estes testes demons-
tram também que os jogadores têm a capacidade de diferenciar mais
tons de cinzento. E isto serve para quê? Por exemplo, numa situação
de condução com nevoeiro, veem melhor!
Outra das ideias que todos ouvimos: estes jogadores dispersam-se
facilmente. Mentira! Mais uma vez, os testes em laboratório provam
que a capacidade de concentração é significativamente maior. Assim,
os jogadores de vídeo jogos são normalmente melhores condutores
porque veem mais rapidamente os obstáculos que aparecem: a bola
que veio do passeio com o miúdo atrás, o cão que se meteu entre
carros …
Então, nesse caso, vamos todos jogar videojogos para melhorar as
nossas capacidades? Não. Nem todos os jogos têm o mesmo efeito e
o tempo que passamos a interagir diretamente com outros seres hu-
manos, também, é fundamental para o cérebro.
Neste sentido, que conclusão podemos tirar desta conversa toda?
Primeiro, o conhecimento vem da ciência e não das conversas de café
(ou das redes sociais); segundo, a verdade constrói-se sobre este
conhecimento científico e, se o progresso não para, aproveitemos
esse conhecimento para trabalharmos melhor em conjunto, jovens e
adultos, ajudando a desenvolver o cérebro com os melhores instru-
mentos; terceiro, nem tudo são maravilhas para o vosso lado, os jo-
vens viciados nestes comportamentos, pois os estudos começaram há
pouco tempo e ainda não sabemos todos os aspetos negativos destas
atividades “modernas”.
Mas preparem-se, porque o mundo dos vossos netos, também vai ser
assustador para vocês, jovens de hoje!
Isolina Frade
Professora de História , Escola Secundária
Estas e outras ideias podem ser consultadas em:
https://www.ted.com/talks/daphne_bavelier_your_brain_on_video_games#t-
384259
As ted talks disponíveis em https://www.ted.com/ são uma fonte de conheci-
mento quase inesgotável.
10
Colecionando sonhos
A pedido do meu professor, vou escrever
sobre o mundo da moda, tendo em conta
a minha própria experiência como mode-
lo.
Em primeiro lugar, é preciso entender que
ser modelo vai mais longe do que a maioria
das pessoas pensa. De facto, ser modelo é
muito mais do que ter uma bela figura – ser alta, magra e bonita. É
toda uma maneira de viver e de estar na sociedade que pode ser
vista como um modelo a seguir.
Para isso há que ter uma higiene de vida que passa por uma alimen-
tação o mais saudável e equilibrada possível. A lista é grande quando
se fala em alimentos tóxicos para o nosso corpo: alimentos com glú-
ten, lactose, fritos, doces … já para não falar em alimentos processa-
dos, com agentes químicos e conservantes sintéticos ou até genetica-
mente transformados.
As mudanças que fiz a nível alimentar contribuíram para o meu bem-
estar geral. Fizeram com que tivesse mais energia, maior vitalidade e
alegria de viver. As suas consequências são também visíveis ao nível
da minha saúde global e, mais concretamente, ao nível de um aspeto
muito importante para a beleza de uma modelo - a sua pele.
Nesta medida, uma modelo pode contribuir para um melhor compor-
tamento alimentar das pessoas em geral, ao divulgar as suas práticas
e hábitos e ao ser vista como um exemplo a seguir.
Da mesma maneira, as opções de vida de uma modelo podem tam-
bém ter um valor político e de intervenção cívica. Por exemplo, aler-
tando para as ameaças ao equilíbrio ecológico do mundo, através da
recusa em consumir espécies animais ameaçadas e optando, como é
o meu caso, por uma dieta vegetariana. Em suma, se somos o que
comemos, eu não quero que o que eu como seja o reflexo de uma
atitude de crueldade ou de desrespeito para com os outros seres
vivos e para com o próprio planeta onde vivemos.
Mas, voltando ao que é ser modelo, convém realçar o facto de ter de
ser alguém com um grande sentido profissional, o que nem sempre é
fácil dado tratar-se de um meio muito competitivo e agressivo. Este
meio exige que se tenha sempre uma atitude de grande humildade e
educação, já para não falar de um grande sentido de responsabilida-
de e espírito de sacrifício.
Em termos gerais, o facto de ser modelo tem-me permitido viajar e
contactar com pessoas e sítios muito variados. Este aspeto pode ser
muito positivo para o meu percurso pessoal, pois poderá ajudar-me a
escolher um curso ou uma carreira. Neste sentido, poderá fazer com
que eu vá colecionando sonhos e possa, um dia, vir a realizá-los.
Sandra Martins, aluna do Curso EFA - B
A importância da mentalidade para o desenvolvimento
de uma Nação
ARTIGOS DE OPINIÃO
De facto, há vários aspetos da mentalidade da população portu-
guesa que deveriam mudar para proporcionar, a Portugal e ao
povo português, uma vida melhor. Nas escolas, por exemplo, o
número de professores, de auxiliares ou até de educadores de
infância que procuram apoio médico, ou até, e psicológico está a
aumentar devido ao stress provocado por alunos malcriados que
agridem os professores, não só verbal como fisicamente. Não
obstante, os pais quando são informados do comportamento
indevido dos filhos, muitas vezes, não os confrontam nem repre-
endem. Ao invés disso, zangam-se com os educadores e chegam
a dizer que a escola tem a obrigação de educar os seus filhos,
esquecendo-se que o respeito parte de casa e que a tarefa da
escola é formá-los e prepará-los para que tenham um futuro me-
lhor. Assim, a colaboração entre pais e a escola é muito impor-
tante, pois é necessária uma maior comunicação entre eles, para
evitar situações de indisciplinados.
Na minha opinião, deveria haver uma maior consciencialização
dos alunos para que estes respeitem e olhem para os educado-
res como um exemplo a seguir.
Outra questão tem a ver com os idosos, que a juventude de hoje
não respeita. Às vezes, nos transportes públicos, ou nas filas de
serviços, por exemplo, onde deveria ser dada prioridade aos
idosos, é frequente vermos um jovem sentado, sem se preocupar
em ceder o seu lugar. Para acabar com esta mentalidade, é
essencial a educação dos nossos filhos no sentido de respeita-
rem os mais velhos e, principalmente, os educadores.
Desta forma, talvez devesse haver na escola o hábito de levar os
alunos a visitar lares de idosos para que estes aprendessem
desde pequenos a dar-lhes o devido valor e a respeitá-los. Enfim,
só colaborando e trabalhando em conjunto, poderemos construir
um Portugal melhor e, para isso, é essencial uma mudança de
atitudes e comportamentos, ou seja, de mentalidade.
Amélia Sibinde, aluna do 12º R
11
O AMOR
(com todas as preposições)
Já há algum tempo que a não vejo
Perante ela sempre estar
Esse era o meu desejo
Desde que a conheci que estou apaixonado
Até ao ponto de ser seu namorado.
Após os dias que estivemos separados
Os dias que eu e ela estivemos zangados
Apesar do sofrimento e da dor
Nunca deixei de pensar que estou ante o
meu Amor.
Entre os dois foi amor à primeira vista
Como eu já a não vejo, fico em
Mas, quando ela estava perto, eu fugia
Com vergonha das parvoíces que fazia.
Estou sob o seu domínio
Tudo o que ela faz é um fascínio.
Ficámos de costas voltadas um para o outro
Desde o primeiro encontro
Mas não creiam que eu vos minto
Nada mudou o Amor que por ela sinto.
Quando anda e passa
É uma “menina dez” para mim.
Entre nós havia paixão
Mas tudo o que passámos foi em vão!
Para o nosso sentimento alimentar
Temos que esquecer
E lembrar contra tudo e contra todos
Que ainda há muito para fazer.
Sem ti não sou ninguém
Sem ti não me sinto bem
Esta história é sobre ti e sobre mim
Partilhemos este Amor sem fim!
Deixemos as discussões para trás
Sentemo-nos a ver o mar
Porque como sabes e saberás
Por ti eu vivo só para te amar!
Tomás Camões, aluno do 5ºA
A POÇÃO MÁGICA
Vou até ao caldeirão
Para fazer uma poção:
Asinhas de morcego,
Pernas de sapo
E orelhas de cão!
Diz-me, bolinha mágica,
Se acertei ou não!
Ando a tentar há tantos anos
Fazer uma boa poção!
Um livro de feitiços eu tenho de escrever
Para uma boa mistura conseguir fazer.
Chega o Dia das Bruxas
E eu não tenho nada de bom
E depois toda a gente pensa
Que eu não tenho dom!
Carlos Costa, aluno do 5ºA
O MAR
O Mar é enorme
O Mar é imenso
O Mar é de toda a gente
O Mar é inteligente
Com o mar, podemos contar
Com ele podemos nadar
Como o devemos respeitar
Para com ele podermos brincar!
O mar é azul brilhante
O mar é azul cintilante
O mar é azul turquesa
A quem se ria com certeza.
O mar tem muitas ondas
Onde se pode livremente mergulhar
Cuidado, há que ter limites
Para ninguém se afogar!
Rodrigo Almeida, aluno do 7º C
POESIA? TODOS OS DIAS!
12
O QUE É O AMOR?
O Amor é como a fantasia
Brincadeiras e magia!
É sempre tudo muito mágico
Mas também pode ser trágico!
Amor é carinho e ternura
Foi feito para ser algo que dura
Amor é e pode ser desilusão
Saudade, tristeza e paixão,
Pode ser perfeito, SIM!
Como histórias de Perlim Pim Pim!
Amor é tudo o que queremos
Na vida sempre o teremos.
Amor é o que quisermos
Tornou-se assim, porque o fizemos
Dá-nos felicidade, dá-nos cansaço,
Resumindo, o Amor é complicado!
O SONHO
O sonho é um poder
O que dá vontade de viver
É não ter medo do que acontecer
Nem receio do que se irá ver
É ter felicidade infinita
E é ter mil coisas para dizer
É querer mais, sem parar
Sem ninguém a incomodar
Sem SONHO
Havia um Mundo tristonho .
Tomás Lourenço, aluno do 7º C
A VIDA
Viver a vida é
Viver a realidade
Vivendo com saúde
Vivendo em bondade!
Para saber o que é
Temos de a saber viver
Quem sabe o que é a vida
Teve mesmo de a conhecer
Ela tem diversos seres vivos
E muitas coisas diferentes,
Ela é a única coisa que vive
E que tem a certeza que mentes!
Viver a vida é trabalhar nela
Tentar realizar os sonhos e
Concretizar desejos, poie é a única
Que nos fecha uma porta e abre
uma janela!
Frederico Gusmão, aluno do 7ºC
O MAR
Mar azul, mar profundo,
Porque me chamas assim?
Será algum segredo
Que queiras contar-me a mim?
O cheiro da tua pele
É de maresia tão pura,
Quando esse perfume me invade,
O meu coração sonha e perdura.
Afinal, que bonito que tu és!
Assim, azul do mais profundo!
A essência da tua maresia
Alimenta os sonhos do Mundo!
Mar azul, mar profundo,
A tua beleza não tem fim
E o teu perfume de maresia
Ficará, para sempre, dentro de mim.
Antónia Lemos, aluno do 5ºC
POESIA? TODOS OS DIAS!
13
O QUE É O AMOR? (II)
O amor não tem explicação
Dizem que é tão somente
Coração mais coração
Para mim é aproximadamente
Necessidade de atenção.
Começa com amizades
Sorrisos e abraços
Torna-se amor de verdade
E constrói-se aos pedaços.
Com medo de se estragar uma amizade
Escondem-se os sentimentos
Vai-se a naturalidade
E vem o constrangimento!
Encontra-se os argumentos
Inventa-se um ou dois
Chegamos aos duzentos
Não sabemos o que fazer depois!
Tiramos a conclusão
Que o melhor é desistir
Chega ele e o coração
Com medo de admitir.
Desculpas e lamentos
Nós preparamo-nos para ouvir
Passamos por mil tormentos
E acabamos por insistir.
Sem dúvidas nem hesitações
Assim começa o amor,
Trabalham-se os corações
E sente-se um certo calor!
Primeiro beijo…
O mais hesitante…
Olho para trás e vejo
Um medo insignificante!
Tudo deu certo
Isto é o que interessa
O AMOR
A vida sem amor é um livro
Sem letras, uma primavera
Sem flores, uma pintura
Sem cores, sem ser bela!
O amor não é eterno…
Eterna é a capacidade de amar!
Amar não é só beijos
E “amassos”, amar é carinho
É também amizade,
Amar é cuidar.
A verdade dói,
O amor vicia
Trouxa é quem troca
A sua princesa por uma vadia.
Dentro de nós
Há amor e paixão
Por vezes também angústia
Mas há que seguir o coração!
Inês Mata, aluna do 7º C
AMOR É ARTE
É em Ti…
É em ti que penso,
Todos os dias,
A toda a hora,
A todo o minuto,
Penso e nunca,
Mas nunca…
Chego a uma conclusão!
Penso e sonho acordada,
Na fantasia de algum dia ser amada,
Por ti, por mim, e é assim…
ARTE.
Há três anos…
E a paixão é por anos,
Que aumenta,
E cada vez mais me atormenta.
Amo-te hoje, amanhã e sempre.
POESIA? TODOS OS DIAS!
14
VIDA
O que é a vida?
Senão um conjunto de ações,
Que todos os seres vivos são obrigados a fazer!
Mesmo que seja ou não seja instinto.
Qual é o significado da vida?
Perguntamo-nos nós a tentar quebrar a rotina
A tentar aldrabar o ser que nos é superior.
Fingindo ser mais espertos por nos podermos perguntar.
O que há depois da vida?
Morte!
Céu ou Inferno!
Um nada escuro, sombrio e frio, infinito e solidário, sem qualquer
possibilidade de vida!
Dizem alguns sem verdadeiramente saberem a resposta!
Qual a razão de ser?
Se no final,
Perdemos tudo:
As coisas boas, más e irrelevantes!
Tudo o que conquistamos,
Vai para o “galhoto”!
Porque não morrer já?
Porque não atravessar já a porta de luz?
E fazer desaparecer todo o sofrimento futuro
Acabar com a nossa miséria e parar de sofrer agora.
Porque é que alguns hesitem em tirar a senha?
Porque é que o homem tenta evitar o inevitável?
Porque mesmo sabendo o nosso destino
Mesmo aceitando-o, entregando-lhe o nosso corpo e alma,
Sentimos que vamos ficar para trás,
Que vamos perder uma infinidade de chances e possibilidades!
No final,
Tudo o que nos faz parar e pensar no passado, presente e futuro
É aquilo que mais temos
E que mais escondemos.
Medo, é a chave da vida,
Medo é aquilo que nos agarra e constitui!
Mateus Correia, aluno do 7º C
O MAR
Mar azul, mar profundo,
Porque me chamas assim?
Será algum segredo
Que queiras contar-me a mim?
O cheiro da tua pele
É de maresia tão pura,
Quando esse perfume me invade,
O meu coração sonha e perdura.
Afinal, que bonito que tu és!
Assim, azul do mais profundo!
A essência da tua maresia
Alimenta os sonhos do Mundo!
Mar azul, mar profundo,
A tua beleza não tem fim
E o teu perfume de maresia
Ficará, para sempre, dentro de mim.
Antónia Lemos, aluna do 5ºC
POESIA? TODOS OS DIAS!
15
GOSTAR DE ALGUÉM É…
Gostar de alguém é um momento mágico!
É ser feliz e carinhoso, é fazer com que a pessoa que se ama seja
feliz!
Gostar de alguém é amar, sentir-se e ser amado do fundo do cora-
ção,
É um sentimento como encontrar o primeiro amor que às vezes
não é sentido,
Gostar é um sentimento muito forte, é afeto, é amar do fundo do
coração;
É carinho, é felicidade, é ter um sentimento diferente.
É estar sempre a pensar numa pessoa. Sonhar com essa pessoa! E
isso é bom!
Gostar de alguém é como cheirar uma rosa perfumada!
Poema Coletivo do 6.º A
GOSTAR DE ALGUÉM É….
Ter o coração no sítio certo,
Ter o amor da pessoa à frente dos olhos e o coração a andar!
É sentir um carinho especial por alguém,
Gostar de alguém é amar,
É um sentimento em que o coração bate mais forte,
É paixão, é gostar de estar com uma pessoa, é alegria, é simpa-
tia é amizade!
Principalmente é saber e sentir que alguém nos faz feliz!
Gostar de alguém é amar, respirar e ser feliz!
É uma sensação estranha mas muito agradável.
É bom gostar de alguém, mas é especial sentir que gostam de
nós!
Poema coletivo do 6º B
Ler é um entreter da alma,
Voando para longe de tudo
mantendo a plena calma,
viajando pelo mundo.
Lendo, adquire-se conhecimento
Dos antigos aos recentes,
Passado, Futuro, Presente,
Revivendo cada momento.
Soltam-se as emoções
Ao ler um conto,
Uma história, um poema,
Um romance, fictício ou verdadeiro
Imaginando soluções.
Por vezes querendo,
Após o ponto final, continuar
A sentir as sensações,
Outras vezes, terminar
As desilusões.
Ler é permitir à mente
Atingir um fim indubitável
Referente ao que se sente,
Principalmente se a leitura é agradável.
Natacha Kouprianoff , aluna do 12º R
POESIA? TODOS OS DIAS!
A PROPÓSITO DA SEMANA DA LEITURA...
16
SONHO
O mar trocou de sítio sem dizer nada. Le-
vou um certo tempo até tal certeza entrar
em toda a gente, e levaria o tempo todo do
mundo até se acostumarem à ideia. Por
dever de amor, disse-lhe: “agora tens de
crescer sozinha, desgraça é coisa resisten-
te, se não lhe viras as costas, dobrar-te-á ao meio”. Ela olhou de uma
certa maneira que nunca decifrei, e respondeu: “claro, não sei reme-
diar desgraças, só ficar escrava delas”. Nunca fora boa de briga, e
apenas passou a chorar ainda mais, como se as lágrimas pudessem
causar um mar novo no sítio de antes. Vim embora sofrido e pensei
até em dar um tiro naquilo tudo. Bem de frente, ancorado junto do
porto, olhei para o sítio onde costumava estar o mar que eu sabia
amar. Se calhar a culpa era minha, não tomara bem conta dele.
Quem passava por mim dizia “é isso mesmo” e fui ficando cada vez
mais pequenino. A tal ponto que já me sentia na palma da mão dela.
Guardou-me cuidadosamente num cofre de estimação, e abria-o
todos os dias para me dar uma lágrima sua a beber. A cova onde
fora antes mar estava cada vez mais funda e ia dar em deserto, toda
a gente adivinhava isso. Cansado da minha inanidade no cofre, deci-
di passar à ação e adivinhar o futuro. Como me faltou a vocação,
entrei num oráculo fechado desde Édipo. A sacerdotisa disse-me que
era tudo uma questão de tempo, e quando lhe perguntei o que queria
dizer “tempo”, ela viu no dicionário e respondeu-me “tudo”. Voltei
para fora. De braço dado com ela fomos ver onde vivia agora o mar,
e reparámos que tinha espaço a mais, as margens corriam para ele.
Ela ainda lhe pediu para regressar a casa, mas vi que fingiu não
ouvir. Fizeram-lhe então uma canção, mas faltou sempre a rima para
saudade. Maldade, vontade e idade não serviam por não serem hu-
manas, e eternidade era agnóstica. Todos os dias os barcos se quei-
xavam daquela seca, e os marinheiros andavam em terra, como as
gaivotas. “E daqui para a frente?”, perguntou-me ela. “Vai dar a nor-
te”, respondi-lhe, ao consultar a bússola que marcava zero horas.
Pela manhãzinha o Sol batia-me de lado e iluminava-me a infância.
Reconheci-me nela ao ver-me mergulhar no então mar. Enquanto me
enxugava, o meu pai explicava-me o que queria dizer etecetera e tal.
Ninguém se riu. Mas veio ela e trouxe-me de volta com um beijo
insosso. Enquanto se afastava, fiquei a pensar que vê-la viver dava
para uma vida inteira. Contemplava-a como se fosse uma paisagem
andante, e nessas alturas o mundo batia certo. Fui chamado à aten-
ção por um cego que me disse que sem mar toda a gente ficava
parecida com ele. “Qual mar?”, perguntei-lhe eu, “ o que foge ou o
que fica?”. “Não sei”, respondeu-me, “ só conheço o do tempo e an-
das perdido e náufrago nele”. Fugi dali e encontrei-a à janela a trico-
tar penélopes.
Em absoluto silêncio escutava uma velha maluca que lhe previa o
passado: “hás-de ser o que tens sido e o mar não se esqueceu de ti”.
A velha não passava disso e o ar tornou-se pestilento. De tão triste,
deu-me a mão e assim ficámos sem sabermos bem porquê, talvez
porque uma grande tristeza pede uma grande prostração. À nossa
volta toda a gente se parecia com ninguém em especial, com caras
repentinamente debruçadas sobre os seus pesadelos. Uns liquefazi-
am-se, outros evaporavam-se, mas poucos mantinham o seu estado
sólido de vigília. Muitos ainda não tinham tido tempo de se sentirem
uns aos outros, e já se suponham prestes a morrer.
Levada por aquele pânico geral, ela disse-me que queria experimen-
tar tudo antes do fim, e fiz-lhe a vontade: no chão da cozinha, no sofá
da sala, no elevador roufenho, no quarto dos pais, e só tive medo de
acordar a meio. Devia haver um provérbio para isto. O Sol baixava,
mas a noite estava hesitante. Disse-lhe que ficasse à vontade. En-
trou, agradeceu-me e entendi que há mais coisas no mundo do que
os nossos sentidos conseguem captar. Quando lhe contei o meu
encontro com a noite, ela disse-me que nada disto fazia sentido, por
isso é que era um sonho. Muito ao longe ouvia-se o mar que se de-
veria ouvir muito ao perto. “Às vezes parece que quer voltar”, disse-
me esperançada. Como é fácil enganar pessoas, respondi “talvez”.
Segredou-me que amanhã ia lá dizer-lhe adeus porque se esquece-
ra, e perguntou-me se também queria ir, gritei “não”. Nunca tive jeito
para conversas sérias, e dizer adeus é a conversa mais séria que
conheço. Amordaçou-me, e, sem premeditação, amarrou-me e pro-
vou-me. A vida pareceu-me mais nova e mais cedo. Como ninguém
gosta de ser interrompido quando namora com a noite, fechei as
cortinas e liguei o gás. Passei a mão pela testa e queimei-me nos
suores. “Já vai sendo tempo”, alguém me disse ao ouvido, e pensei
na minha mãe. Esqueci o mar, ela esqueceu-se de mim, e como tudo
estava assim, decidi acordar. Os meus pais estavam a olhar para
mim, disseram-me “bom-dia”, e então tudo ficou como dantes. Isto é:
em paz. Ou, pelo menos, convenceram-me que sim.
Renato Solnado
Professor de Filosofia, Escola Secundária de Cascais
CONTOS
17
OS ESCRAVOS-TERRAS
O personagem não tem rosto, nem peso, nem
altura. Podia usar o cabelo comprido ou ser cal-
vo, apresentar barba de quatro preguiçosos dias
ou o couro imaculadamente imberbe. Quem sabe
que pensamentos, que inquietudes ou aspira-
ções, que guerras ou que reconciliações lhe ocu-
pam o espírito a esta hora da manhã.
Vemo-lo entrar, sozinho, no seu local de trabalho. Sozinho, entra. Sozinho
vai, passo ante passo, em passadas caladas. Que cimento será esse que
lhe empareda os olhos baços e o sorriso apagado? Que palavras ditas ou
por dizer? Que frases pensadas, e tanto assim ensaiadas, no registo da
memória?
Escusado tentar saber de onde vem e que passado traz inscrito nas pági-
nas da sua história. Os passos, sem serem lentos, não são decididos.
Vão, assim, num andar cabisbaixo, ao rés-do-chão…
É uma manhã estranhamente adormecida de Janeiro. A terra e o ar e o
mar parecem arder em fogo brando. No céu, toldado de cinza, paira, es-
pesso, um hálito de cratera vulcânica que, porém, não existe. Serão des-
pojos das festividades, ainda tão recentes. Despojos de um ano ou de
uma vida ou de toda a vida.
O personagem entra agora numa sala onde outros chegaram primeiro.
Sombras sem necessidade de identificação sentadas em velhos sofás cor
-de-outono e inutilmente petrificadas em poses de fotografia panorâmica.
Estão ali como se nunca dali tivessem saído. Ocupam os mesmos lugares
do dia anterior e da semana anterior e do ano anterior. Embebidas em
conversa de circunstância – a mesma conversa de circunstância de todos
os dias, como se todos os dias fossem o reviver de um só e mesmo dia –
aquecem a voz numa mistela de água suja com sabor a café que uma
máquina mija para dentro de copos de plástico em troca de cinquenta
cêntimos.
Uma moeda desse diâmetro, peso e cor rola pela garganta da máquina
abaixo até atingir o estômago num som de queda alto e oco. Por uma
portinhola, um mecanismo robotizado larga um copo e sincronizadamente
recomeça o mesmo artificial trato urinário.
O personagem retira a bebida e senta-se com os restantes personagens
no lugar que lhe está destinado, por habituação, num daqueles velhos
sofás cor-de-outono. Não há troca de olhares porque os olhos são esferas
baças. Não há sorrisos porque os lábios estão cimentados. Há apenas a
presença de seres impresentes.
No subsolo sentem-se explosões, rebentamentos surdos que sobem do
interior da terra. A mistela de água suja com sabor a café faz ondas den-
tro do copo. Por vezes, galga e transborda. Há uma vibração que se gera
nos pés, alastra pelas pernas e se dissemina pelo corpo todo, reduzindo
braços e mãos a trapos sacudidos pelo vento.
Aguardam, assim inertes, que o som de uma sirene os fustigue e empurre
para o trabalho. Serão, nesse instante, meras reações pavlovianas –
escravos da não-vontade!
Levantar-se-ão e encaminhar-se-ão para as minas numa coreografia de
marcha militar. Descerão, aos pares, até às entranhas labirínticas da
terra. Distribuir-se-ão depois por corredores sem fim, negros e frios, em
busca do ouro que se diz que ali existe. Quando há explosões, soam
marteladas nos carris das vagonetas e todos se agacham pressionando
os ouvidos com as mãos. Há-os que choram porque não aguentam a dor.
Há-os que choram porque sentem o cérebro em processo de mutilação.
Há-os que riem…
Atolados até aos joelhos, tolhidos de frio, tentam rasgar o solo com gol-
pes de picareta. Agarram-se às paredes, vão abrindo buracos. Cavam,
escarvam, chafurdam. Lavam a água, crivam as areias, lavam e crivam,
crivam e lavam… e adoecem, tossem, tossem e caem, caem e morrem…
morrem por uma pepita de ouro que se diz que ali existe. Alguns ainda
creem que as sombras da caverna são reais. A maioria tem os olhos ba-
ços e o sorriso cimentado. A maioria é uma chusma de seres ilusoriamen-
te inertes.
No fim do dia tornam à superfície com o corpo negro e a alma desfeita. As
mãos, essas, vazias. Vazias como todos os dias. Deixam escorregar um
olhar sobre aquele céu toldado de cinza e esperam que alguém revele o
que jamais será revelado. Seguem, depois, em aglomeração de rebanho,
até à sala onde se sentam nos velhos sofás cor-de-outono e tomam uma
mistela de água suja com sabor a café. Não há troca de olhares porque
os olhos são esferas baças. Não há sorrisos porque os lábios estão ci-
mentados.
Sentados pela sala como numa sala de espera de quem nada espera,
ouvem contar a história daquele que, como eles, perdeu o rosto, o peso e
a altura. Um que podia usar o cabelo comprido ou ser calvo, apresentar
barba de quatro preguiçosos dias ou o couro imaculadamente imberbe, o
tal que um dia ousou revelar os seus pensamentos, as suas inquietudes e
aspirações.
Era uma manhã estranhamente adormecida de Janeiro. A terra e o ar e o
mar pareciam arder em fogo brando. No céu, toldado de cinza, pairava,
espesso, um hálito de cratera vulcânica que, porém, não existia. Eram
despojos das festividades, ainda tão recentes. Despojos de um ano ou de
uma vida ou de toda a vida.
O personagem entrou na sala onde os outros haviam chegado primeiro.
Olhou porque os olhos se haviam acendido e sorriu num desabrochar de
rosas frescas. Todos se voltaram. Houve troca de olhares porque os
olhos eram líquidos. Houve sorrisos porque os lábios estavam de novo
floridos.
Depois do primeiro, desataram todos a rir como se de repente explodis-
sem bombas de riso dentro das suas cabeças, umas atrás das outras.
Que sucedera, afinal? Fora encontrada a primeira pepita de ouro? Talvez
uma veia de ouro negro? Gás natural, quiçá? O fóssil de um tyran-
nosaurus?! Ah! Bendita imaginação!
Qualquer um dos hipotéticos desfechos asseguraria briosa fortuna aos
escravos-terras e a liberdade pela certa. Mas, não. O personagem de
olhos acesos e sorriso florido acabara de entrar na sala com a sirene
escangalhada na mão…
António Moreira
Professor de Português, Escola Básica de Cascais
CONTOS
18
A ZEBRA
Era uma vez, na quente savana africana, uma zebra muito generosa chamada Zizi. Mesmo em tempos de dificuldades, a Zizi ajudava os
necessitados. Esta zebra era adorada por todos os animais na savana!
Bem, por todos não, pois havia uma zebra, chamada Zaiza, que era muito invejosa e detestava que toda a gente gostasse tanto dela. Por-
tanto queria, a todo o custo, que toda a comunidade selvagem detestasse Zizi.
A Zizi tinha duas grandes amigas: a Zeca e a Zica. Safavam-na de muitos sarilhos e conheciam-se desde que eram crias, tinham portanto
uma amizade muito forte.
Certo dia, quando parecia que tudo corria tão bem, uma mãe surgiu assustada:
-- Oh não! A água acabou! – alertou. – Por favor, ajudem! Não vamos sobreviver sem água! As minhas crias não vão aguentar!
Obviamente, todos começaram a movimentar-se em grande alarido.
Passaram dias e toda a gente precisava muito desesperadamente de água. Então uma mãe leoa foi ter com Zizi pedir-lhe ajuda. Zizi não
sabia o que fazer, mas suspeitava que fosse obra de Zaiza e, em segredo, pediu às suas amigas que fossem averiguar nos arredores…
Andaram, andaram, até que, a certa altura, viram uma barragem com a água estancada por troncos largos e fortes e, à sua frente, estava
uma tabuleta onde podia ler-se: ”Não passar. Propriedade de Zaiza Z.” Perceberam logo que a Zaiza apenas queria tramar Zizi, portanto,
quando chegaram a casa, chamaram os animais para as ajudar a tirar os troncos que travavam a água que os alimentava.
E assim foi feito: a água voltou a correr direitinha ao sítio onde eles viviam, para, de manhã, acordarem e se refrescarem, alimentarem,
lavarem…
Como todos sabemos, a água é fonte de vida! Saibamos utilizá-la sem desperdícios desnecessários!
Laura Oliveira, aluna do 5ºC
CONTOS
Sabias que um meteoro explodiu no Atlântico?
No dia 2 de fevereiro de 2016, um meteoro de 7 metros de diâmetro, desintegrou-se a uma
altitude de 31km, perto da costa brasileira, e a sua explosão libertou uma energia seme-
lhante à da explosão da bomba de Hiroshima.
Sabias que foi criado um novo microscópio que permite ver células cancerosas em 3D?
Através duma técnica, que usa o lazer para iluminar amostras biológicas, é possível a
observação das mesmas em tempo real, num ambiente próximo do dos tecidos humanos
vivos. Com o auxílio desta técnica será, então, possível observar o comportamento das
células cancerosas, nomeadamente, como resistem aos tratamentos contra o cancro e
como se espalham pelo corpo, produzindo metástases.
Sabias que o telescópio utilizado, na primeira vez que o homem pisou a lua, descobriu novas galáxias?
Com a ajuda do telescópio Parkes, localizado a oeste de Sydney, e de um recetor que
mede ondas de rádio, foi possível detetar cerca de 883 galáxias inéditas.
Teresa Kibinza, aluna do 10ºC1
NOTÍCIAS DA CIÊNCIA
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No nosso laboratório ...
NOTÍCIAS DA CIÊNCIA
Os “vasos sanguíneos” das plantas
No contexto de uma aula de Biologia, a turma 10º C1 realizou uma atividade laboratorial que consistiu na visualiza-
ção, ao microscópio, dos tecidos vasculares de algumas plantas nos diversos órgãos da mesma.
As plantas possuem diversos tipos de tecidos, entre eles, os que asseguram o transporte de nutrientes (seiva elabo-
rada) e de água/ sais (seiva bruta), que são os tecidos vasculares.
O transporte de água e de alimentos nas plantas vasculares (plantas que possuem tecidos condutores) efetua-se em
tecidos denominados por xilema e floema. O xilema é responsável pelo transporte de água e sais minerais da raiz às
folhas e o floema tem a função de transportar o “alimento”, que normalmente é um açúcar (sacarose), das folhas até
às células.
Estes tecidos variam nos diversos órgãos da planta. Na raiz, os vasos condutores são simples e alternados, no caule e nas folhas, os va-
sos são duplos e colaterais.
Eis as imagens que capturámos dos vasos condutores nos diversos órgãos de algumas plantas ...
Pormenor de vasos condutores da raiz : Xilema (bolas maiores) e Floema
(bolas mais pequenas) Corte de um caule com vasos condutores
Corte de uma folha com vasos condutores Vasos condutores (Xilema e floema) da raiz
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Teresa Kibinza, aluna do 10ºC1
AMI- Projeto de voluntariado
PROJETOS
PordataKids - Fundação Francisco Manuel dos Santos
Clube Europeu - Um projeto que envolve todas as escolas do Agrupamento
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Projeto TIC Intergeracional
A literacia digital ainda não é acessível a todos os cidadãos, mas, na biblioteca da Secundária, alunos do 12ºD ajudaram a inverter essa
realidade, ensinando informática aos mais velhos e aprendendo com eles experiências de vida.
Pinhal com Arte
O projeto "Pinhal com Arte" tem como objetivo dar maior visibilidade ao pinhal da Escola Secundária de Cascais, criando focos de atra-
ção visual e, assim, convidando a comunidade a usufruir deste espaço. Esta iniciativa contou com a colaboração dos alunos e funcionários
da Escola Secundárias de Cascais, bem como, dos utentes da Junta de Freguesia de Cascais-Estoril.
Capulana
As escolas do Agrupamento recolheram 140 mochilas, com artigos escolares e de higiene, para oferecer aos alunos de Moçambique.
PROJETOS
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A Rádio da Secundária de Cascais continua a dinamizar a Escola! Este ano letivo, o projeto teve maior visibilidade, através da partici-
pação no programa Curto Circuito da Sic Radical e da ida da equipa ao CC AllStar, onde se falou sobre a multiculturalidade na escola.
Importa salientar que os eventos que a Rádio organiza são sempre em estreita colaboração com o Curso Profissional de Técnico de
Organização de Eventos. O projeto de Rádio está a ter um impacto bastante positivo junto dos alunos, que reconhecem nele uma
oportunidade de verem o seu espaço escolar mais acolhedor e interessante.
PROJETOS
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“Cientistas de Palmo e Meio”
Projeto, no âmbito da aprendizagem das Ciências, destinado às escolas do Ensino Básico e JI.
“Crescer a Brincar”
Os alunos do 2º ano, da EB1 Branquinho da Fonseca, participaram no projeto “Crescer a Brincar”, no qual foi trabalhada a diferenciação
emocional, cognitiva e comportamental, de uma forma divertida e envolvendo as famílias em algumas dessas atividades.
“Quando os livros se transformam”
Os professores da sala da Unidade de Ensino Estruturado1 reescreveram, em Comunicação Aumentativa e Alternativa, o livro “O prínci-
pe com orelhas de burro”.
PROJETOS
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“7X Deutsch“
Ações de formação para professores de Alemão de várias escolas, com o apoio do Goethe
Institut.
Palestra da AMI sobre o Ano Europeu do Desenvolvimento
Popular Inspiring Future - Workshops sobre o acesso ao ensino superior
Desafio - “E se eu fosse um refugiado, o que levaria na mochila?”
Centenário da revista literária Orpheu - “As vanguardas modernistas e o contexto epocal que as determinou”
ACONTECEU NA SECUNDÁRIA
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Festa de Carnaval organizada pelo 8º E
Workshop - Restauro de livros
ACONTECEU NA BÁSICA
“Risca este risco”- Promoção para a saúde
No Dia da Cultura, quem pôs o chapéu, contou um conto...
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Carnaval
O escritor Richard Towers foi à escola
ACONTECEU NA BÁSICA DE ALDEIA DE JUSO
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“Mitos e Lendas de Cinco Continentes”
Orla Marítima de Cascais
Digitinta de chocolate a partir da história: "As luvas do Capuchinho"
Experiências - Técnica de aguarela
Livro em harmónio - "Uma história de dedos" Hora do conto
ACONTECEU NA ESCOLA AREIA-GUINHO
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Dia da Leitura
Dia da Alimentação
Halloween
Laço Humano contra os maus tratos
ACONTECEU NA ESCOLA BRANQUINHO DA FONSECA
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O Agrupamento de Escolas de Cascais participou, no dia 19 de abril, na
Feira Ilimitada das Escolas Empreendedoras, promovida pela Junior Achie-
vement Portugal e pelo DNA Cascais. O projeto foi elaborado pela Margari-
da Baptista, Maria Carolina Machado, Mariana Vélazquez e Madalena Silva,
do 10º E1, e foi coordenado pelas professoras Margarida Rufino e Ana Trigo.
CONCURSOS
EMA - Estímulo à Melhoria das Aprendizagens
Passou à 2ª fase do concurso, a candidatura do AECascais ao Projeto EMA. “Este projeto, financiado pela Gulbenkian, tem como objetivo
incentivar o aparecimento e a divulgação de projetos inovadores, que fomentem o sucesso dos alunos através da sua participação em ativi-
dades devidamente estruturadas e realizadas em parceria com entidades externas à comunidade escolar”.
Concurso DNA Cascais Jovens Empreendedores
O projeto “Company Me”, dos alunos António Campos, Pedro Galveias, Carolina Saad e Henrique Brites, foi selecionado para a final do 10º
Concurso DNA Cascais Jovens Empreendedores. A coordenação do projeto é da responsabilidade das professoras Margarida Rufino e Ana
Trigo.
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3º Concurso de leitura do concelho de Cascais
A Biblioteca Municipal de S. Domingos de Rana recebeu, no dia 19 de abril, os alunos de dez agrupamentos esco-
lares do concelho de Cascais.
Os finalistas do nosso agrupamento foram: o Francisco Afonso Pena (4ºano), da EB1 Aldeia de Juso, a Carolina
Garnel (3º ano), da EB1 Areia/Guincho, a Joana Gonçalves (3º ano), da EB1 Branquinho da Fonseca, o Afonso
Gama e a Madalena Teixeira (6ºano), a Lua Cardoso (8º ano) e a Adriana Gomes (9º ano), estes quatro últimos
da Escola Básica de Cascais. Os alunos premiados foram o Afonso Gama e a Adriana Gomes.
“É preciso ter Lata 2016” - Gondomar
Vencedor do 1º Prémio de Pintura e Aguarela
O Tiago Fernandes, aluno do 12ºH, ganhou o 1º Prémio de Pintura e Aguarela "Rei D. Carlos", no Escalão dos alunos do Ensino Se-
cundário.
No Catálogo da exposição, o Tiago refere que "Uma aguarela é como uma memória e pintá-la é ter o poder de registar apenas o melhor
da mesma. (...)"
CONCURSOS
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Desporto Escolar
Algumas das atividades realizadas ...
No dia 8 março, Dia Internacional da Mulher, houve palestras, distribuição de flores e inaugurou-se, na biblioteca, uma exposição
sobre Escritoras.
EVENTOS
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Corta-mato
A Escola Básica de Cascais participou na
atividade Boccia O Guilherme Nascimento, do 12º C, ficou em 2ºlugar
no Torneio concelhio de Badmínton
Dia do Não Fumador - 17 de novembro
Dia do Diploma - 20 de novembro
Semana da leitura - 4 a 8 de abril
Semana da Europa - 9 a 13 de maio
EVENTOS
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Escritor Ricardo Frade
Ao Museu da Guarda Nacional Republicana
Ao Goethe Institut Lissabon
Ao Media Lab do Diário de Notícias
Ao Vale do Douro
VISITAS DE ESTUDO
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À Futurália
À Serra da Estrela
Ao Museu da Eletricidade
VISITAS DE ESTUDO
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À Estação de Televisão SIC
Aos Museus de Madrid
À Assembleia da República
VIISTAS DE ESTUDO
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TOP 5 - Os livros mais lidos na biblioteca da Secundária
TOP 5 - Os livros mais lidos na biblioteca da Básica
TOP 5 - Os livros mais lidos nas bibliotecas do 1º ciclo
MONTRA DE LIVROS
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Dois amigos conversam...
Diz um deles:
- Sabes qual é a diferença entre o Sporting e
o salário mínimo ?
- Não… – Responde o outro.
Explica o primeiro:
- É que o salário mínimo tu ganhas, ganhas,
ganhas e nunca consegues comprar nada.
Enquanto que o Sporting compra, compra, com-
pra e nunca consegue ganhar nada!
Na escola, o professor pergunta ao aluno:
- Vamos imaginar que tu tens um euro no bolso e
pedes ao teu pai mais um euro. Com quantos eu-
ros ficas?
- Com um euro. – responde o aluno.
O professor, irritado, diz:
- Não sabes nada sobre matemática!
- E responde o aluno:
- E o professor não sabe nada sobre o meu pai…
Retirado de: https://www.google.pt/search?q=sopa+de+letras&espv=2&biw=1455&bih=726&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwio8YLvjunMAhWLuBQKHe-
0Ct4Q_AUIBigB#tbm=isch&q=sopa+de+letras+de+animais&imgrc=SEIRRLNLbbmG9M%3A
www.anedotadodia.net
Recolha de Miguel Cisneiros, aluno do 10º C1
ANEDOTAS & PASSATEMPOS
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OFERTA FORMATIVA 2016/2017
Ficha técnica:
Alunos : Miguel Cisneiros, Paulo Pontes, Jorge Sousa , António Cymbron , Frederico Pinto, Tereza Kibinza
Professores: Mariana Marques, Isabel Ferreira, Marta Fernandes, Cristina Sarmento
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Paulo Pontes, aluno do 11º H