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BRIDGES http://www.letras.ufrj.br/veralima/romantismo
trabalho sobre o romantismo inglês, 2009-II
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O Romantismo Inglês e o Romantismo Brasileiro na Literatura
grupo 3, turma LEI, dupla A
Carolina Felizola e Juliana Moreira
O Romantismo foi um movimento cultural, ocorrido entre os séculos XVIII e XIX na
Europa e nas Américas e marcado pelo fim das monarquias absolutistas e ascensão do
capitalismo.
Resumidamente, pode-se dizer que com o fim do Antigo Regime e a entrada do
capitalismo, entra em vigor uma nova ordem social ditada por valores burgueses que
tinham como objetivo principal o lucro. Enquanto a aristocracia disponibilizava ao artista o
ócio necessário à criação artística, a burguesia exigia da sociedade, na qual o artista
estava inserido, intenso trabalho, ou seja, constante produtividade de mercadorias. O
artista então perde seu mecenas e é transformado num produtor de mercadorias, mas por
outro lado ganha total liberdade de criação. Dessa forma, o artista sente-se livre e ao
mesmo tempo desamparado na nova sociedade que, embora instaurada pela revolução
democrático-burguesa que proclamara liberdade e igualdade, reduzia os cidadãos a
meras máquinas de produção diárias que, fossem homens, mulheres ou crianças,
trabalhavam doze ou mais horas por dia com total ausência de direitos humanos ou
trabalhistas.
Ao vivenciar tal desamparo, o artista, agora mais liberto para direcionar a sua
produção artística para seu próprio objeto de desejo, alheia-se ao mundo em redor e
volta–se para dentro do sujeito, fazendo com que o romantismo caracterize-se não só
pela defesa da liberdade de criação e privilégio da emoção, mas também pela atribuição
de valor à experiência individual e à imaginação como base principal para a expressão
artística. Entretanto, ainda que compartilhem dessas características, cada país teve um
movimento romântico próprio.
Na Inglaterra, o Romantismo é situado entre 1785 e 1830, período no qual surgiram
seus principais poetas e pensadores. Assim como ocorreu no Brasil, uma grande
influência do conservadorismo classicista se fazia presente até então.
A Revolução Industrial foi uma grande propulsora do movimento romântico inglês
uma vez que, com a vitória dos burgueses sobre os remanescentes do regime medieval
na Revolução Gloriosa de 1688, a Inglaterra se tornou pioneira do capitalismo industrial,
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já que como não existia concorrência internacional e nem mesmo algo semelhante a um
processo de industrialização, o mercantilismo inglês pôde se expandir assim como o
capitalismo.
Dentro desse contexto as classes menos favorecidas não estavam organizadas e
ficaram sujeitas às classes dominantes, detentoras de todo o poder político, que
transformaram a economia agrária em uma economia mecanizada através das fábricas
nas áreas urbanas.
Lyrical Ballads (1798), de William Wordsworth e Samuel Taylor Coleridge, foi a
primeira expressão importante do Romantismo na Inglaterra. Nessa obra, William
Wordsworth identifica-se com essas classes menos favorecidas, que, assim como o
artista romântico, sofria com as transformações sociais em vigor. Desta forma,
Wordsworth volta seu olhar para o campesinato, cuja linguagem era, para ele, a
expressão do ser mais humanizado, que vivia em harmonia com a natureza, onde o
folclore, o misticismo e deus abriam campo para a imaginação. Já Samuel Taylor
Coleridge, se refugia da nova ordem social, promovendo um movimento de retorno ao
mundo mágico do passado cheio de mistério e imaginação.
Outros românticos ingleses que merecem destaque são William Blake, Lord Byron,
Percy Bysshe Shelley e John Keats. William Blake também se volta para as classes
desfavorecidas e escreve poemas como “The Little Black Boy”, dando voz a uma criança
escrava. Lord Byron, ao voltar-se para a interioridade, retratará um intenso subjetivismo,
além de apresentar um tom um tanto quanto satírico em suas obras. Percy Bysshe
Shelley não só possuía um temperamento revoltoso quanto às tradições e leis mas
também grande sensibilidade em relação à natureza em suas obras. John Keats liga-se a
temas como desejo pela morte, felicidade e infelicidade no amor e beleza na natureza e
na arte.
Wordsworth, Coleridge e Blake figuraram na chamada primeira geração do
Romantismo Inglês, enquanto, Byron, Shelley e Keats fizeram parte da segunda geração.
Já no Brasil, o Romantismo se estabeleceu em meados de 1830, influenciado pela
conquista da independência política em 1822 e suas conseqüências sócio-culturais: o
novo público leitor, as universidades, e o nacionalismo ufanista que tomou o país e teve
nos escritores seus principais intérpretes.
Além de julgar o passado como a época ideal, os românticos também idealizam um
futuro utópico na tentativa de fugir da massacrante contradição em que se encontravam.
Dentro do contexto brasileiro, a idealização do passado ocorre através da revitalização do
mito do herói, criando-se então o indianismo, no qual o índio é tomado como modelo de
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herói e símbolo de nacionalidade, como pode ser observado em I-Juca Pirama, de
Gonçalves Dias. Mais tarde, dá-se valor ao sertanismo (regionalismo), no qual são
afirmadas particularidades e a identidade das regiões e da vida rural. Já a idealização do
futuro ocorre através da revitalização do mito da pátria, que valoriza a natureza tropical na
qual os fenômenos naturais representam a grandeza do país e a terra é identificada como
pátria, além de ocorrer a busca pela língua brasileira, onde escritores românticos como
José de Alencar tentam estabelecer uma forma brasileira de escrever a língua
portuguesa.
Pode-se dizer que os valores do Romantismo europeu atendiam perfeitamente as
exigências ideológicas dos escritores brasileiros e, além disso, tal movimento se opunha à
arte clássica. No Brasil, o Classicismo significava dominação portuguesa, fazendo com
que este servisse como representação de um movimento de rejeição à literatura
produzida na época colonial, devido ao apego dessa produção aos modelos culturais
portugueses. Assim, como o Romantismo era voltado para a natureza, para o exótico e
para o fantástico, encontrou aqui cenário adequado para o seu estabelecimento, já que
neste país havia uma natureza exuberante, personagens míticos e um grande desejo de
realizar um projeto ideológico, que visava a contribuição para a grandeza da nação,
através de uma literatura que fosse o espelho do novo mundo e de sua paisagem física e
humana.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Apostila de Literatura Inglesa II 2009.2 BURGESS’, Anthony. English Literature (extraído da apostila do curso de Literatura Inglesa II: English
Literature II – 2009.2) FISCHER, Ernst. A Necessidade da Arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1983 GONZAGA, Sergius. Romantismo. Disponível em: <
http://educaterra.terra.com.br/literatura/romantismo/romantismo_12.htm > Acesso em 13 de setembro de 2009 LIMA, Vera. Anotações de aula sobre o Romantismo Inglês. Disponível em: <
http://www.letras.ufrj.br/veralima/romantismo/teoria_contextualizacao.html#epoca > Acesso em 13 de setembro de 2009
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