A presente recensão informativa foca-se no artigo “O presente e o futuro
da áudio descrição e da legendagem para surdos em Espanha”, da autoria de
Francisco Utray, Ana María Pereira e Pilar Orero, publicado em 2009. O seu
objetivo era descrever o estado dos dois modos de acessibilidade, nos media,
mais importantes em Espanha – a legendagem para surdos e a áudio
descrição.
São várias as definições de áudio descrição facultadas no artigo, mas
os autores afirmam que a mais completa e atualizada é a oferecida pela
AENOR.
María Pereira, autora do artigo em questão, afirma que a legendagem
para surdos pode ser definida como uma mudança no modo de transcrição (do
oral para o escrito), que por vezes ocorre entre línguas. Várias definições são
igualmente facultadas, apesar de ser realçada a da nova lei audiovisual.
Relativamente à história da áudio-descrição, foi em 1993 que foi
produzida pela primeira vez em Espanha, pela ONCE, e, a partir desse
momento, começaram a ser transmitidos alguns filmes e desenhos animados,
com áudio-descrição na televisão.
A legendagem para surdos começa a ser datada em 1990, quando
foram disponibilizadas as primeiras legendas específicas para surdos, pela
CCRTV. Os outros canais seguiram o exemplo, e começaram, de forma
gradual, a oferecer este serviço também.
No entanto, os cinemas espanhóis não estão equipados com o sistema
Dolby que facilita áudio descrição e legendas para surdos, e enquanto cada
vez é mais frequente encontrar legendagem para os surdos, é ainda raro
encontrar áudio-descrição.
Em Espanha, há uma consciência cada vez maior das dificuldades
sensoriais que grande parte da população possui. Desta forma, foram criadas
várias leis cujo objetivo é diminuí-las, para que o acesso aos media, para as
pessoas com deficiências, seja possível e fácil.
De momento, cada emissor produz as suas próprias legendas e áudio
descrição. No entanto, a troca de ficheiros entre diferentes operadores não é
suficientemente dinâmica e o mesmo conteúdo acaba por ser legendado
muitas vezes, para o mesmo mercado.
O mercado de acessibilidade em Espanha não está a prosperar, o que
poderá mudar com a passagem da televisão analógica para digital, que
contribuirá para a criação de mais postos de trabalho para descritores e
legendadores. O descritor terá de trabalhar rápido e a um ritmo competitivo,
enquanto o legendador será mais procurado tanto em freelance como em
companhias independentes.
Em 2003, o Governo Espanhol publicou o 1º Plano Nacional de
Acessibilidade, cujo objetivo era encontrar soluções variadas para facilitar a
acessibilidade. Este plano foi seguido por diversas universidades, que criaram
novos cursos.
Em Novembro de 2005, foi criado o Centro Espanhol de Legendagem e
Áudio Descrição, que tinha como objetivo alcançar a igualdade de
oportunidades e direitos para pessoas com incapacidades visuais e auditivas.
Os autores concluem o artigo afirmando que há cada vez mais pessoas
com deficiências auditivas ou visuais, apesar de continuarem a ser uma
minoria. Os orçamentos são cada vez mais apertados, e estes dois modos de
acessibilidade nos media não são rentáveis, pois envolvem muito dinheiro. De
modo a desenvolver a acessibilidade multimédia, cinco factores chave foram
identificados: regulação, comunicação, treino, produção e sinalização.
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