O PERFIL DO ALUNO E A CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO: UM ESTUDO DE CASO NO CEFET
MARACANÃ
Mara Telles Salles
(LATEC/UFF)
Carolina Lobo dos Reis Melo (LATEC/UFF)
Resumo: A Gestão do Conhecimento se configura atualmente em ferramenta indispensável para
a sobrevivência das empresas. Com a proposta da Nova Gestão Pública, na qual os setores
públicos devem buscar a racionalidade administrativa das empresas privadas visando qualidade
nos serviços oferecidos, faz-se necessário verificar como estas organizações atuam na
contemporaneidade e em que medida podem trazer à tona conhecimentos pertinentes ao
funcionamento das entidades públicas. Este trabalho teve por principal objetivo investigar se o
ensino pode ser ofertado com uma didática mais satisfatória ao se conhecer melhor o perfil dos
alunos. A pesquisa foi realizada no CEFET- RJ na Unidade Maracanã com os alunos e
professores do curso Técnico de Administração. Para tal, foi feito inicialmente um paralelo
entre o funcionamento das empresas e das escolas. Investigou-se como as empresas atualmente
buscam definir o perfil dos seus clientes visando desenvolver produtos que atendam às demandas
existentes. Na metodologia utilizada a triangulação de dados, inicialmente, foi solicitado que os
professores traçassem o perfil dos seus alunos. Em seguida, o perfil dos alunos foi desenvolvido
com o auxílio de questionários preenchidos pelos mesmos. E, por último, o perfil discente foi
apresentado aos professores. Como um dos resultados obtidos, pode-se mencionar a importância
dada pelos professores ao conhecimento do perfil do aluno para se planejar o período de ensino
anual.
Palavras-chaves: Gestão do Conhecimento, Nova Gestão Pública, perfil dos alunos,
processo de ensino e aprendizagem.
ISSN 1984-9354
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1. Introdução
O sucesso das companhias japonesas, segundo Nonaka (1995), está no fato delas serem
Companhias que aprendem, isto é, o sucesso está atrelado à sua capacidade de criar
conhecimento e inovação.
Esse conhecimento novo é disseminado por toda a empresa e se transforma em produtos, serviços
e sistemas inovadores.
Os japoneses conseguem constantes inovações olhando para fora dos limites das empresas e da
sua própria sociedade e também olhando para o futuro, antecipando tendências de mudanças no
mercado, na tecnologia, na competição e nos produtos.
Isso ocorre não apenas nas empresas japonesas, mas também nas empresas de sucesso de todo o
mundo. Nessas organizações mudanças ocorrem diariamente e elas são consideradas uma força
positiva.
As inovações são frutos dos constantes diálogos com o conhecimento e mudanças produzidas fora
e dentro dos limites da organização. Tudo isso gera novos processos internos (novos
conhecimentos e produtos) na empresa que acaba gerando vantagem competitiva.
As múltiplas formas como as empresas administram o saber dentro de suas organizações é
denominado de Gestão do Conhecimento.
Essa nova competência organizacional surgiu com a necessidade de lidar com as mudanças
recorrentes no mundo.
Na Era do Conhecimento tecnologias novas aparecem a cada minuto. A quantidade de
informações disponíveis na internet é imensa, o que gera a necessidade de saber filtrar qual
conhecimento é pertinente e válido.
Com isso surgiu a necessidade de trazer o conhecimento para dentro das empresas. Mais que isso.
Foi preciso transformar as empresas em organizações que aprendem.
Para tal, o conhecimento foi reconhecido como um importante recurso intangível – isto é, aquilo
que não é mensurável, que não se pode tocar e não pode se definir com exatidão. Não apenas os
recursos tangíveis seriam importantes para as empresas.
Trabalho, capital, território, continuam sendo fatores importantes, mas o fator determinante para
uma empresa se manter viva atualmente é justamente esse recurso intangível – o conhecimento -
que produz inovação e gera competitividade para as organizações.
A dificuldade de se gerir o conhecimento nas empresas nasce da heterogeneidade do
conhecimento dos funcionários. Na maioria das vezes o grau de instrução dos colaboradores não
se encontra no mesmo nivelamento. Até porque as características dos funcionários são múltiplas
na maioria das vezes. Fatores como diferença de idade, tempo de serviço na empresa e motivação
pessoal são fatores que influenciam o relacionamento do empregado com o aprendizado.
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Segundo NONAKA e TAKEUCHI (1997) o conhecimento é dividido em conhecimento tácito e
explicito onde o conhecimento tácito é aquele disponível com as pessoas e que não se encontra
formalizado em meios concretos. Já o conhecimento explícito é aquele que pode ser armazenado,
por exemplo, em documentos, manuais, bancos de dados ou em outras mídias.
Por isso, além da Gestão do Conhecimento as empresas devem se preocupar também com a
Gestão de Mudança que pode ser caracterizada como a necessidade de acompanhar os
funcionários no processo de transição entre um estado empresarial e outro. Na maioria das vezes
esses processos não acontecem de forma fácil, principalmente entre os funcionários mais antigos.
Esses costumam ficar presos em uma forma de trabalhar única tendo uma visão tradicionalista.
Esses também costumam resistir a mudanças na área das inovações tecnológicas. Segundo Lopes
(2008) quanto às mudanças, estas afligem muito a quem não tem flexibilidade porque a
capacidade de adaptação tem graduações e, com qualidade, promove-se ganhos estruturais e
pontuais na vida- pessoal e profissional – dos indivíduos. A presença de plasticidade em situações
de adaptação agregada à capacidade de generalização de aprendizagens é garantia de bom
desempenho, de satisfação, de manutenção da motivação e, por consequência, de melhor
produtividade.
Para tal as empresas atualmente estão cada vez mais buscando um profissional que tenha em seu
perfil competências e habilidades flexíveis às mudanças inerentes ao mundo empresarial. Dentre
tais competências podemos destacar a capacidade de aprender a aprender constantemente.
Assim como no Japão, a Gestão adequada do Conhecimento nas empresas em todas as partes do
mundo se tornou um imperativo para a realização de um trabalho produtivo e em consonância
com as constantes mudanças existentes. E no Brasil não seria diferente.
É notório que os países que obtiveram considerável aumento da qualidade de vida e do seu
respectivo PIB fizeram maciços investimentos em educação. Dessa forma, investir nesta área
tornou-se um imperativo para aqueles que pretendem obter prosperidade.
O Brasil por sua vez é um país rico, com inúmeras fontes de recursos. Porém, seus recursos
parecem sempre estar mal distribuídos, aproveitados indevidamente graças ao grau de corrupção
existente ou administrados de forma insatisfatória.
2-Problema
O problema da má qualidade do ensino ministrado no país é foco de muitos estudos. E muitas das
vezes a sensação é de que é um problema insolúvel. As teorias da educação parecem de algum
modo não dar conta de responder tais questionamentos em sua totalidade.
A falta de conhecimento dos professores sobre seus alunos gera na maioria das vezes um ensino
pouco significativo para os discentes, pois o ensino é percebido como um enigma por estar muito
distante da realidade ou dos conhecimentos adquiridos anteriormente. Aspecto este que acaba
gerando inúmeros conflitos entre professor e aluno e culminando em uma aprendizagem
insatisfatória algumas vezes.
Deste modo, o problema central deste estudo é: analisar como práticas típicas da gestão
empresarial poderiam contribuir para o melhor desenvolvimento do processo de ensino e
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aprendizagem do aluno do CEFET-RJ. Em específico, buscará verificar como conhecer o perfil do
aluno pode contribuir para a formulação de práticas docentes satisfatórias.
3-Objetivos
3.1 - Geral
Este estudo tem por objetivo geral verificar em que aspectos conhecer o perfil do aluno no início
do ano pode contriubir para o desenvolvimento de uma didática satisfatória gerando um ensino de
qualidade.
3.2- Específicos
1. Verificar alguns aspectos do atual funcionamento das empresas privadas e públicas dentro
dos princípios da Nova Gestão Pública .
2. Identificar conceitos fundamentais da educação para a definição do perfil do aluno.
3. Verificar se os professores tem acesso às informações necessárias sobre seus alunos para
montar uma didática satisfatória.
4. Verificar em que medida conhecer o perfil dos alunos propicia a reorganização da
didática do professor.
4-Metodologia
O estudo contou com pesquisa bibliográfica e de campo do tipo exploratória. A abordagem
metodológica da pesquisa é qualitativa e o método utilizado é a triangulação. O estudo de caso
será realizado no CEFET – RJ. Cada etapa será melhor abordada a seguir.
Pesquisa é um procedimento formal com método de pensamento reflexivo, que requer um
tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir
verdades parciais(MARCONI; LAKATOS,2003).
A pesquisa em questão conta com a realização da pesquisa bibliográfica com sendo um dos
primeiros passos metodológicos visando fundamentação teórica para o assunto aqui tratado em
específico.
A análise bibliométrica consistiu na pesquisa da literatura utilizando o Periódico da Coordenação
de Pesquisa e Ensino Superior (CAPES).
Pesquisa de campo pode ser caracterizada como sendo aquela utilizada com o objetivo de
conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma
resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou
as relações entre eles. Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem
espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presumem
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relevantes, para em seguida analisá-los.
Pesquisas de campo do tipo exploratórias são investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a
formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses,
aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização
de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos. Empregam-se geralmente
procedimentos sistemáticos ou para a obtenção de observações empíricas ou para a análises de
dados(ou ambas, simultaneamente). Obtém-se frequentemente descrições tanto quantitativas
quanto qualitativas do objeto de estudo, e o investigador do deve conceituar as inter-relações entre
as propriedades do fenômeno, fato ou ambiente observado. Uma variedade de procedimentos de
coleta de dados pode ser pode ser utilizada (MARCONI; LAKATOS,2003).
Foi realizada uma pesquisa de campo no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow
da Fonseca- Unidade Maracanã especificamente no Curso Técnico de Administração visando
conhecer melhor o perfil dos alunos inscritos na nova configuração do Ensino Médio integrado ao
Ensino Técnico buscando alternativas para a melhor instrumentalização do ensino ofertado.
A pesquisa tem abordagem qualitativa e contou com os métodos de triangulação e de estudo de
caso. Segundo Vergara (2005) pesquisas ditas qualitativas contemplam a subjetividade, a
descoberta, a valorização da visão de mundo dos sujeitos. As amostras são intencionais,
selecionadas por tipicidade ou por acessibilidade. Os dados são coletados por meio de técnicas
pouco estruturadas e tratados por meio de análises de cunho interpretativo. Os resultados obtidos
não são generalizáveis.
O estudo em questão tem caráter qualitativo, pois ocorre a preocupação de conhecer o perfil dos
alunos do CEFET dentro da amostra selecionada. Tem o foco em verificar como são esses
discentes e em que medida os professores ao ter acesso a essas características podem agregar valor
ao ensino ofertado pela instituição.
O método da triangulação que foi utilizado visa determinar a exata posição de um objeto a partir
de diversos pontos de referência. No âmbito das ciências sociais, a triangulação pode ser definida
como uma estratégia de pesquisa baseada na utilização de diversos métodos para investigar um
mesmo fenômeno. Existem vários tipos de triangulação: de dados, pesquisadores, teorias e
métodos (DENZIN,1978 apud VERGARA,2005, p.258 ).
A pesquisa em questão fez uma triangulação de dados, que refere-se ao uso de diferentes fontes de
dados. Nesse contexto, é sugerido o estudo de um fenômeno a partir de diferentes momentos
(tempos), locais (espaços) e pessoas (informantes).
As palavras-chave deste tipo de pesquisa são complementaridade dos métodos, perspectivas
múltiplas, diferentes compreensões e validade interna e externa.
O método pode ser caracterizado por proporcionar novas perspectivas relacionada ao objeto
estudado, permite a verificação da validade interna e externa (embora não as garanta), os dados
obtidos pode ser de natureza tanto qualitativa quanto quantitativa, o pesquisador deve estar apto a
utilizar métodos e técnicas diversas de pesquisa, exige também do pesquisador habilidade para
identificar a origem das divergências e se as mesmas dizem respeito às limitações da pesquisa ou
se constituem contribuições ao estudo, de um modo geral exige um tempo maior para a sua
realização e também maiores recursos financeiros.A figura a seguir apresenta a forma de utilização
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do método proposto por Vergara (2005):
Definem-se o tema e o problema de pesquisa.
Procede-se a uma revisão da literatura pertinente ao problema de investigação e
escolhe-se a orientação teórica ( uma ou várias) que dará suporte ao estudo.
Avalia-se se o problema de pesquisa é fundamentalmente ligado à base
quantitativa ou qualitativa.
Define-se o tipo ou os tipos de triangulação a serem empregados:
-Triangulação de dados- a partir de diferentes momentos ( tempo), locais
(espaço) ou pessoas (informantes)
-Triangulação do pesquisador- define-se a equipe de pesquisa.
-Triangulação teórica- definem-se as teorias a serem utilizadas.
-Triangulação metodológica- definem-se as modalidades: intramétodo ou entre
métodos; simultânea ou sequencial.
Define-se a amostra ou as amostras a serem selecionadas.
Definem-se os instrumentos a serem utilizados para a coleta de dados.
Definem-se os procedimentos para o tratamento dos dados, congruentes com os
métodos escolhidos e com as técnicas a serem utilizadas para a coleta de dados.
Coletam-se os dados por meio da aplicação de questionários, realização de
entrevistas, observação participante ou outros procedimentos, simultânea ou
sequencialmente.
Analisam-se os dados.
Comparam-se os resultado obtidos por meio da triangulação dos dados, do
pesquisador, da teoria ou da metodologia.
Identificam-se as possíveis divergências.
Avalia-se a possibilidade de as divergências serem fruto de limitações
metodológicas.
Registram-se as limitações da pesquisa.
Avalia-se a contribuição das divergências para o desenvolvimento de novas
perspectivas para o problema sob investigação.
Resgata-se o problema que suscitou a investigação.
Confrontam-se os resultados obtidos com a(s) teoria(s) que deu(ram) suporte à
investigação.
Formula-se a conclusão.
Elabora-se o relatório de pesquisa.
Quadro 01- Método de Triangulação
A autora ressalta ainda que é inerente ao uso da estratégia de triangulação a emergência de
divergências ou resultados contraditórios.Tal fato pode estar ligado às limitações do estudo, as
quais devem ser registradas no relatório de pesquisa. Podem, por outro lado, revelar que o objeto
em estudo se apresenta de forma diferente, quando enfocado de diversos ângulos, o que deve ser
registrado nas discussões dos resultados. Interpretar a natureza de tais divergências é, portanto,
questão essencial para o entendimento do objeto em estudo ( VERGARA, 2005).
O método de Triangulação foi escolhido para a realização desta pesquisa porque notou-se a
necessidade de verificar primeiramente a percepção dos professores do curso a cerca do perfil dos
seus alunos. Em um segundo momento fez-se imperativo definir tal perfil com os próprios alunos.
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E em um último momento estes levantamentos foram contrapostos em uma acareação dos dados
obtidos, visando analisar junto aos docentes o que de novo os questionários respondidos pelos
alunos trariam e em que medida essas novas informações contribuiriam para a reformulação da
didática e do ensino ofertado como um todo.
Desta forma o caráter desta pesquisa encontrou no método de Triangulação de dados
especificamente o aporte metodológico adequado para a sua satisfatória realização.
A utilização do estudo de caso ocorre a partir do desejo de entender os fenômenos sociais
complexos. O método do estudo de caso permite que os investigadores retenham as características
significativas dos eventos da vida real- como os ciclos individuais da vida, o comportamento dos
pequenos grupos, os processos organizacionais e administrativos, o desempenho escolar dentre
outros.
Em geral os estudos de caso são o método preferido quando:
As questões “como” ou “por que” são propostas;
O investigador tem pouco controle sobre os eventos;
O enfoque está sobre um fenômeno contemporâneo no contexto da vida real (YIN,2010).
Este tipo de método possui segundo YIN (2010) seis etapas: plano, projeto, preparação, coleta,
análise e compartilhamento. Tais etapas serão melhor descritas a seguir.
O plano visa identificar as questões de pesquisa ou outra justificativa para a realização de um
estudo de caso. Cabe também entender seus pontos fortes e suas limitações.
Na realização do projeto deve-se definir a unidade de análise e os prováveis casos para estudo,
desenvolver a teoria existente, as preposições e os assuntos subjacentes ao estudo antecipado. E
por último o projeto deve conter os procedimentos para manter a qualidade do estudo de caso.
Na etapa de preparação o pesquisador deve ampliar suas habilidades como investigador de estudo
de caso, treinando para o estudo de caso específico, formulando boas questões, sendo um bom
ouvinte, exercitando a adaptabilidade e a flexibilidade e tendo uma noção clara dos assuntos em
estudo. Em seguida o protocolo deve ser desenvolvido e o projeto piloto deve ser conduzido. E em
alguns casos específicos deve-se obter aprovação para a proteção dos sujeitos humanos.
Na coleta o protocolo de estudo de caso deve ser seguido, múltiplas fontes de evidência devem ser
usadas e armazenadas em um banco de dados do estudo de caso. Deve-se manter um
encadeamento lógico de evidências.
A análise das evidências deve ser orientada por proposições teóricas e outras estratégias.
Considerar qualquer uma das cinco técnicas analíticas( combinação de padrão,construção da
explanação,análise de séries temporais, modelos lógicos e síntese cruzada dos dados) usando
dados quantitativos, qualitativos ou ambos. Devem ser exploradas as explanações rivais e por
ultimo os dados devem ser apresentados separados das interpretações.
No compartilhamento da pesquisa primeiramente o público deve ser definido. Os materiais
textuais e visuais devem ser elaborados. Antes da apresentação o material deve ser revisado e
reescrito até estar bem estruturado. E por último, devem ser apresentadas evidências suficientes
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para o leitor alcançar suas próprias conclusões (YIN,2010).
O estudo de caso em questão foi realizado no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso
Suckow da Fonseca – CEFET/RJ. E o emprego da metodologia do estudo de caso se justificou na
medida em que se buscou o entendimento desta nova realidade, deste novo formato de ensino
estruturado no ano de 2013 que se trata do Curso Técnico Integrado. Conhecer melhor esta
realidade a partir do delineamento do perfil discente faz-se interessante na busca do melhor
intercâmbio de informações entre professor e aluno almejando uma prática docente revestida de
sentido para o educando. Com isso,a escolha da pesquisa ocorreu buscando um maior
entendimento sobre o novo formato implementado no CEFET-RJ e seus possíveis
desdobramentos.
Até o ano de 2012, o CEFET- RJ Unidade Maracanã trabalhou com o regime de concomitância
interna, isto é, o aluno ao ingressar na instituição possuía duas matrículas: uma do Ensino Médio e
outra do Ensino Técnico.
Após reestruturação interna, com estudos na área de currículo e observações de experiências de
sucesso em outras instituições, em 2013 foi implementado o Curso Técnico Integrado, isto é, o
aluno ao ingressar na instituição passou a ter uma matrícula única de Ensino Médio e Técnico,
além disso, agora se trata de um só curso e não dois como anteriormente.
Esta nova perspectiva da Instituição visou reduzir o tempo do aluno em sala de aula com a
proposta de oferecer um turno livre para estudos diversos. Além disso, esta mudança buscou
diminuir o distanciamento entre ensino Médio e Ensino Técnico ampliando o intercâmbio de
informações entre os professores de todas as disciplinas com um objetivo único: a formação plena
do indivíduo, tanto para a sua vida em sociedade quanto para o mundo do trabalho.
Dado este novo panorama, o tema da pesquisa em questão foi escolhido visando estudar como a
aprendizagem pode ser melhor instrumentalizada nesta nova configuração de ensino.
A seguir serão descritas as estratégias metodológicas adotadas ao longo da realização da pesquisa.
Inicialmente ocorreu a pesquisa bibliográfica para a elaboração do escopo teórico sobre o tema.
Foram consultados teóricos da área da Educação assim como Teóricos da área de
Administração/Gestão já que a pesquisa tem como objetivo principal fazer um paralelo entre as
ferramentas de gestão utilizadas pelas empresas para conhecer os seus clientes e desenvolver
produtos/serviços e entre as estratégias de ensino que podem ser desenvolvidas ao se conhecer o
perfil dos alunos.
Inicialmente foi realizado com os professores do curso Técnico de Administração um
Brainstorming com a seguinte pergunta: “Quais são os pontos fortes e fracos do aprendizado
do aluno no CEFET?”. Esta dinâmica teve como principal objetivo o preenchimento dos
Diagramas de Causa e Efeito (Espinha de Peixe) proposto por Ishikawa.
A partir dos dados obtidos dois diagramas de Causa e Efeito foram preenchidos: um com os
pontos fortes do aprendizado e outro contendo os pontos fracos. A elaboração destes diagramas foi
escolhida para demonstrar que outras variáveis podem interferir no processo de ensino e
aprendizagem, porém o presente estudo se limitará a verificar em que medida conhecer o perfil
dos alunos pode interferir nesta dinâmica.
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Em um segundo momento, o levantamento de dados ocorreu por meio de questionários realizado
em pesquisa de campo. Foi aplicado aos professores um questionário que tem por objetivo
delinear o perfil que eles percebem dos seus alunos.
Em seguida um questionário similar foi aplicado aos alunos para definir o perfil deles.
E a última etapa deste levantamento foi a contraposição dos dados obtidos entre os dois
questionários. Este levantamento foi apresentado aos professores e os mesmos em seguida
informaram em que medida ter acesso a essas informações pode contribuir para reorganizar sua
prática de ensino. A seguir é apresentada uma tabela com os objetivos, questões, as perguntas e os
conceitos/áreas envolvidos nos questionários aplicados aos alunos e professores.
PERGUNTAS DOS QUESTIONÁRIOS
OBJETIVOS JUSTIFICATIVA PERGUNTAS CONCEITOS/
ÁREAS
ENVOLVIDAS
- Identificar quais
atividades de
extensão os alunos
realizam.
- As atividades de
extensão formam um
arcabouço teórico
que gera a
possibilidade de
construção de
significado por parte
dos alunos. Sem esse
arquivo mental os
alunos não
conseguem fazer
correlações e
construir o
conhecimento novo.
Desta forma, é
fundamental que os
docentes tenham
conhecimento das
atividades realizadas
pelos alunos visando
constantemente
buscar práticas que
visem ampliar o
desenvolvimento
cultural dos alunos.
- Questão 1-
“(..’)Escolha cinco
(5) atividades que
você costumam
fazer/frequentar com
maior frequência em
seu tempo livre(...)”
Questão 2- “Você
tem o hábito de:
ler livros, jornais,
revistas,ver noticiário
de tv , nenhuma das
alternativas .”
-Aprendizagem
significativa
- Verificar se os
alunos identificam-
se com o curso.
- Os alunos que se
identificam com o
curso técnico tem
mais propensão a ter
um desempenho
escolar melhor
Questão 3- “Você se
imagina trabalhando
como Técnico em
Administração?”.
- Motivação e
educação.
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devido a maior
motivação para
desenvolver os
estudos da área.
- Verificar as
matérias que os
alunos possuem
maior dificuldade de
aprendizagem.
- Verificar as
estratégias
pedagógicas mais e
menos eficazes.
Sabe ser os
professores tem
ciência das
dificuldades da turma
e quais as estratégias
pedagógicas são mais
e menos eficazes é
fundamental para o
desenvolvimento da
didática da matéria.
Questão 4- “Quais
matérias abaixo você
tem mais dificuldade
em aprender?”.
Questão 5- “Como
você aprende
melhor?”.
- Didática
- Verificar os
possíveis fatores que
venham a trazer
empecilhos para o
desenvolvimento de
uma aprendizagem
satisfatória.
É fundamental ter
ciência dos possíveis
fatores que venham a
dificultar o
desempenho escolar
dos alunos. Desta
forma, faz-se
necessário verificar
se os docentes tem
ciência dos
problemas que os
alunos possuem para
que tais fatores sejam
levados em
consideração para o
desenvolvimento de
uma didática
adequada.
Questão 6- “Um
profissional já
diagnosticou que
você possui alguma
dificuldade de
aprendizagem
abaixo?”
Questão 7- “Possui
alguma necessidade
especial de
educação?”.
Questão 8- “Possui
algum problema de
saúde que
comprometa o seu
desempenho
escolar?”.
Questão 9 - Você
possui algum
problema familiar
que compromete o
seu desempenho
escolar?
- Dificuldades de
aprendizagem
Tabela 1- Perguntas dos questionários
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A seguir é apresentado um quadro resumo de todas as atividades realizadas ao longo da pesquisa.
Pesquisa bibliográfica
Brainstorming com os professores
Elaboração do Diagrama de Causa e Efeito ( Espinha de Peixe) – pontos
fortes
Elaboração do Diagrama de Causa e Efeito ( Espinha de Peixe)- pontos
fracos
Questionário aplicado aos professores- percepção do perfil dos alunos
Questionário aplicado aos alunos- delineamento do próprio perfil
Contraposição dos dados obtidos nos dois questionários
Aplicação do terceiro questionário aos professores – houve contribuição para
a prática em sala de aula ao se conhecer o perfil do aluno?
Análise dos dados
Quadro 02 Passo a passo metodológico
Em resumo, a abordagem metodológica adotada neste trabalho inicialmente contou com pesquisa
bibliográfica e de campo do tipo exploratória. A pesquisa é de cunho qualitativa e o método
utilizado é a triangulação dos dados. O estudo de caso será realizado no CEFET – RJ. Cada fator
deste trabalho foi caracterizado e sua utilização foi justificada.
5- Resultados
A etapa inicial da análise de dados foi realizada com o primeiro questionário aplicado aos alunos e
aos docentes onde as respostas foram comparadas. As perguntas possuem paridade nos dois
formulários, isto é, o questionamento feito ao professor possui o mesmo teor do entregue ao aluno
possibilitando assim comparação entre os resultados encontrados, procedimento típico da
metodologia de pesquisa adotada, a triangulação de dados.
Inicialmente as questões de número 1 e 2 abordavam as atividades de extensão realizadas com
maior frequência pelos alunos e se relacionam com o desenvolvimento da aprendizagem
significativa.
Teorizada por Ausubel, Novak e Hanesian (1980 apud LABURÚ et al, 2011) a aprendizagem
significativa foi classificada como sendo o processo pelo qual um novo conhecimento se relaciona
de forma “não arbitrária” e “substantiva” com algum aspecto da estrutura cognitiva preexistente
do aprendiz. Isto é, define basicamente a essência da Aprendizagem Significativa como um
procedimento no qual as ideias, que são desenvolvidas simbolicamente, possam ser relacionadas a
aspectos relevantes já existentes na estrutura cognitiva dos alunos, como imagem, símbolo,
conceito, proposição ou hipóteses, por meio de uma simbiose não arbitrária e substantiva
(ZOMPERO, 2010).
Segundo (PELIZZARI,2001) a aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo
conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele
a partir da relação com seu conhecimento prévio. Ao contrário, ela se torna mecânica ou repetitiva,
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uma vez que se produziu menos essa incorporação e atribuição de significado, e o novo conteúdo
passa a ser armazenado isoladamente ou por meio de associações arbitrárias na estrutura cognitiva.
Já a denominada ideologia da deficiência cultural justifica o fracasso escolar pela carência, na
qual os alunos não são bem sucedidos por pertencerem a um meio desprivilegiado e pobre
econômica e culturalmente, inclusive em relação à linguagem, estímulos e oportunidades (Soares
1995 apud OLIVEIRA, 2012).
As atividades de extensão formam um arcabouço teórico que gera a possibilidade de construção de
significado por parte dos alunos. Sem esse arquivo mental os alunos não conseguem fazer
correlações e construir o conhecimento novo. Desta forma, é fundamental que os docentes tenham
conhecimento das atividades realizadas pelos alunos visando constantemente buscar práticas que
visem ampliar o desenvolvimento cultural dos alunos.
Partindo-se do princípio que o conhecimento é construído a partir da realidade e vivência socio-
cultural do indivíduo por meio de uma aprendizagem significativa esta questão foi formulada
visando verificar primeiramente quais são aspectos culturais e hábitos dos alunos no intuito de
verificar qual é o arcabouço cultural dos educandos para que o mesmo possa fazer associações
satisfatórias com o que está sendo dito pelo professor em sala de aula e a sua vivência. Como
primeira opção de atividades apontadas pelos alunos a internet apareceu como primeira opção 11
vezes, seguida por ir a igreja citada 4 vezes e de ir ao cinema escolhida 3 vezes. Este resultado
coincidiu com o dos professores no que diz respeito à utilização da internet como primeira opção
de atividade citada por 10 docentes. Porém ocorrendo disparidade nas outras opções, pois 3
docentes acreditam que namorar/ficar seja a primeira opção de atividades e fazer compras/
realizar atividades físicas citadas 1 vez cada.
Deste resultado depreende-se que os professores tem ciência que a internet ocupa espaço central
nos hábitos dos alunos, porém não deduziram que igreja e cinema poderiam ser atividades eleitas
como prioritárias pelos alunos.
No somatório geral, as atividades mais citadas pelos alunos foi internet (24 vezes), ir ao cinema
(18 vezes) seguido por sair com os amigos/ namorar/ ficar (16 vezes).
Já no somatório geral das atividades apontadas pelos professores, obteve-se a seguinte ordem:
namorar/ficar (citada 14 vezes), usar a internet/sair com os amigos (13 vezes) seguido por realizar
atividades físicas/ ir ao cinema (7 vezes) .
Comparando os resultados, os professores parecem ter ciência das atividades mais realizadas pelos
alunos com maior frequência apenas obtendo disparidade em apontar que os alunos realizam
atividades físicas com frequência, opção pouco relatada na pesquisa.
Já as atividades menos citadas no somatório geral pelos alunos foi: ir ao teatro/ museus (citada 2
vezes), viajar (4 vezes), ir a shows (6 vezes).
As atividades realizadas pelos alunos menos citadas pelos professores foram: ir ao teatro/ museus
(estas opções não foram citadas nenhuma vez), viajar (1 vezes), ir a shows ( 2 vezes).
Essas opções coincidiram perfeitamente entre as respostas dos professores e alunos demonstrando
que os professores conhecem as atividades de extensão que os alunos menos realizam.
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A segunda questão dos questionários buscou verificar se os alunos tem hábito de ler livros,
jornais, revistas, ver noticiário de tv ou nenhuma dessas alternativas. Essa questão também visava
verificar se os alunos desta turma possuem hábitos que favoreçam o desenvolvimento de uma
aprendizagem significativa diminuindo a distância entre o que é ensinado em sala de aula e o que
o aluno possivelmente entende.
Os resultados das respostas dos alunos foram: 54% lêem livros, 31% vêem noticiários de TV,
apenas 9% lêem jornais e 17% não tem nenhum desses hábitos.
As respostas dos professores apresentam os seguintes indicadores: 53% acreditam que seus alunos
possuem o hábito de ler livros, 24% acham que os discentes vêem noticiário de TV, a leitura de
jornais não foi apontada nehuma vez pelos docentes, 35% acredita que nenhuma alternativa é
habitual aos alunos e 6% afirmou ainda que não conhece o perfil da turma suficiente para emitir
opinião.
Destes resultados pode-se depreender que os professores conhecem os hábitos de ler livros e de
ver noticiário de TV dos seus alunos. Não reconhecem, porém, que parte da turma tem o hábito de
ler jornais.
O que chamou atenção nesta questão, porém, foi o fato de 35% dos professores acreditarem que
seus alunos não tem nenhum dos hábitos citados acima, o que não condiz com a realidade.
A questão de número 3 abordava a relação entre motivação e educação. Na pesquisa realizada por
Monteiro (2012) os resultados apontam a vantagem dos alunos excelentes quando se relaciona
estudo com motivações relacionadas com o futuro profissional. Compreender os processos de
aprendizagem destes alunos parece implicar mais do que compreender as suas competências
cognitivas, sendo importante valorizar também os fatores motivacionais e afetivos entendidos
como “motores” fundamentais no ciclo da aprendizagem. O estudo conclui que as ambições
pessoais e motivações a longo prazo são os fatores que mais contribuem para a compreensão da
forma como os alunos de excelência se envolvem e comprometem face às tarefas acadêmicas.
Do mesmo modo, no CEFET os alunos que se identificam com o curso técnico tem mais
propensão a ter um desempenho escolar melhor devido a maior motivação para desenvolver os
estudos da área.
Após verificar que o desempenho e motivação dos alunos estão intimamente ligados ao futuro
profissional e carreira dos alunos a terceira questão foi formulada visando verificar se adolescente
se imaginam trabalhando como técnico. O total de 69% dos alunos afirmou que sim, se imaginam
trabalhando como técnico no futuro. Do grupo de professores 47% acreditam que os alunos se
imaginam atuando na área profissional para qual estão se preparando. Levando-se em
consideração a relação existente entre motivação e futuro profissional pode-se afirmar que a maior
parte da turma 1AADMINT está motivada a estudar, porém apenas e metade dos professores está
ciente desta predisposição.
As questões de número 4 e 5 são relativas à didática dos professores. No que diz respeito à
subjetividade, em uma turma ocorre a existência de diversificados componentes pessoais que
justificam a existência de uma prática de multimodos de representações no ensino. Desta forma,
faz-se imperativo o uso didático de multimodos e múltiplas representações para promover um
desenvolvimento conceitual mais efetivo, compatível com os princípios da aprendizagem
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significativa, bem como as questões ligadas à subjetividade do aprender de cada estudante. Há um
crescente reconhecimento de que a aprendizagem de conceitos e métodos são realçados quando
permanecem associados à compreensão de diferentes formas de representação e,
consequentemente, ao ensino de várias linguagens, símbolos, palavras, imagens, ações etc
(LABURÚ et al, 2011).
Saber se os professores tem ciência das dificuldades da turma e quais as estratégias pedagógicas
são mais e menos eficazes é fundamental para o desenvolvimento da didática da matéria. É
fundamental ter ciência dos possíveis fatores que venham a dificultar o desempenho escolar dos
alunos. Desta forma, faz-se necessário verificar se os docentes tem ciência dos problemas que os
alunos possuem para que tais fatores sejam levados em consideração para o desenvolvimento de
uma didática adequada.
Foi verificado que a dificuldade de aprendizagem pode ser algo construído socialmente, não
estando apenas focado em alguma questão orgânica do discente e sim em múltiplos fatores. Desta
forma, é interessante verificar quais são as matérias que os alunos possuem mais dificuldade para
verificar possíveis estratégias para sanar essas dúvidas. A questão de número 4 buscou verificar
quais matérias o aluno possui maior dificuldade de aprendizado. No caso específico deste grupo,
os alunos apontaram Geografia e Matemática como sendo as matérias que têm mais dificuldade
em aprender, ambas as matérias sendo apontadas por 49% dos alunos. O docente de Geografia
demonstrou ter ciência da dificuldade dos alunos afirmando que grande parte da turma tem
dificuldade na matéria. O de matemática, por sua vez, afirmou que apenas uma pequena parte da
turma possui dificuldade.
Outro fator que merece destaque é que poucos alunos apontaram sentir dificuldades de
aprendizagem em Biologia (17%), Química (14%) e Educação Física (6%), porém pela percepção
dos professores destas matérias grande parte da turma possui dificuldade de aprendizagem. Neste
sentido, algumas hipóteses podem ser levantadas: 1- os alunos acreditam que estão aprendendo,
porém baseados nos objetivos específicos de cada matéria o professor percebe que na verdade
ocorre dificuldade de aprendizagem ou 2- os alunos possuem dificuldades na matéria, porém a
didática que o professor desenvolve é satisfatória fazendo com que os alunos não sinalizem
dificuldade em aprender tais matéria. A delimitação deste trabalho não se propõe a testar tais
hipóteses.
A quinta pergunta consistiu em verificar como o aluno aprende melhor. Esta pergunta foi motivada
pela diversidade didática existente e segundo as múltiplas forma de ensinar podem atingir um
número maior de alunos. Outro fator relevante que motivou esse questionamento é a importância
em conhecer como os alunos aprendem melhor visando desenvolver uma aprendizagem
significativa.
Os adolescentes apontaram que, em primeiro lugar, aprendem com exposição verbal da matéria
pelo professor (citado 21 vezes), seguida por resolvendo exercícios (15 vezes) e no terceiro lugar
estudando com colegas e trabalhando em grupo (14 vezes cada).
Já os professores acreditam que os alunos aprendem melhor estudando com os colegas (citado 10
vezes), seguido por resolvendo os exercícios propostos ( 9 vezes) e por último, quando trabalham
em grupo ( 8 vezes).
Parte-se do princípio que a utilização de atividades investigativas solicita que o aluno tenha uma
atividade intelectual mais ativa, opondo-se ao ensino transmissivo, no qual o aluno apresenta
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atividade intelectual mais passiva, recebendo apenas as informações prontas do educador
(ZOMPERO, 2010).
Desta forma, comparando as estratégias didáticas apontadas os professores possuem ciência das
mais eficazes, porém não tem ciência da relevância apontada pelo aluno do aprendizado por meio
da exposição verbal da matéria. Por um lado esse fator demonstra que para o aluno a explicação
verbal do professor é fundamental, por outro, porém nos remete à ideia de que os alunos ainda
possuem uma relação de dependência do ensino ofertado pelo professor indo contra a ideia de que
os alunos devem desenvolver a habilidade de aprender a aprender.
As opções menos citadas pelos alunos como estratégias pedagógica menos eficazes foram a
matéria lecionada pelo power point e resolvendo avaliações ( 5 vezes cada) seguida por assistindo
a apresentação de seminários dos outros colegas ( 6 vezes). Os professores por sua vez afirmaram
acreditar que os alunos aprendem menos ao responder as avaliações (esta opção não foi citada
nenhuma vez), quando a matéria apenas é enviada por e-mail ( opção citada 2 vezes)e vendo
filmes sobre a matéria, com a apresentação da matéria por meio do power point e estudando em
casa sozinho ( cada uma dessas opções foram citadas 4 vezes).
Neste aspecto os professores parecem apenas estar parcialmente cientes das estratégias didáticas
menos eficazes, pois suas respostas coincidiram com as dos alunos quando falaram sobre o uso do
power point e das avaliações, porém não sabem que assistir a seminários de outros colegas é uma
estratégia pouco producente segundo os alunos. As outras opções poucos citadas pelos
professores apresentam performance mediana parecendo variar de produtividade de aluno para
aluno (matéria enviada por e-mail – opção citada pelos alunos 9 vezes, vendo filmes sobre a
matéria -9 vezes, estudando em casa sozinho -12 vezes).
As questões de número 6, 7, 8 e 9 eram relativas a dificuldade de aprendizagem. A discussão atual
sobre as dificuldades de aprendizagem percebe o discente como sujeito da aprendizagem que se
constitui como tal na interação social e nas apropriações e mediações histórico-culturais.
É preciso ressaltar que a análise das dificuldades de aprendizagem pressupõe a presença de fatores
sociais e culturais, enfocando as dificuldades que são produzidas no processo de escolarização e
não os problemas/dificuldades de aprendizagem em si (CENCI, 2010).
Atualmente, um dos maiores obstáculos é promover o ensino de qualidade para aqueles alunos que
se encontram aparentemente em um quadro de normalidade não apresentando aparentemente
nenhuma deficiência específica, porém possuindo diferenças no processo educacional (OMOTE,
2006 apud OLIVEIRA, 2012). Para tanto, faz-se necessário reavaliar e promover a desconstrução
do “mito da homogeneidade/homogeneização de um grupo de alunos” (CRUZ, 2010, p.38 apud
OLIVEIRA, 2012) dentro da escola ou até mesmo dentro de um grupo de alunos. Analisando esse
panorama, faz-se imperativo observar os pressupostos da Política Nacional de Educação Especial
na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), que possui uma proposta abrangente por
contemplar também essa parcela de alunos que, mesmo sem apresentar nenhum tipo de
deficiência, possuem dificuldades na aquisição do conhecimento por meio do processo de ensino
e aprendizagem. Com esta nova abordagem de Educação Inclusiva pode-se compreender as
dificuldades de aprendizagem de outra forma incentivando uma nova proposta de ensino que
busca transformações na maneira tradicional de se entender tais dificuldades, centradas quase
sempre nas limitações ou deficits apenas dos alunos, para uma nova prática que entende as
necessidades específicas de aprendizagem de uma forma ampla e global (GLAT; FONTES;
PLETSCH, 2006 apud OLIVEIRA, 2012).
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Neste ponto do estudo cabe ainda ressaltar que grande parte das dificuldades existentes no
processo de aquisição do conhecimento possuem caráter provisório, geralmente relacionado às
inadequações no processo de ensino-aprendizagem, o que se difere imensamente das dificuldades
geradas por um quadro clínico de alterações orgânicas (OLIVEIRA;NATAL, 2011;
MARCHIORI,1997 apud OLIVEIRA, 2012).
É fundamental ter ciência dos possíveis fatores que venham a dificultar o desempenho escolar dos
alunos. Desta forma, faz-se necessário verificar se os docentes têm ciência dos problemas que os
alunos possuem para que tais fatores sejam levados em consideração para o desenvolvimento de
uma didática adequada.
A sexta pergunta questionou aos alunos se um profissional já havia diagnosticado alguma
dificuldade de aprendizagem dentre as opções fornecidas. Os mesmos apontaram possuir
disgrafia, discalculia, dislalia, e TDAH ( 1 caso de cada dificuldade de aprendizagem) . Já os
professores quando questionados se têm ciência de que na turma possua algum aluno
diagnosticado com dificuldade de aprendizagem apontaram casos de dislexia, dislalia e TDAH ( 1
caso de cada dificuldade de aprendizagem). Aqui é pertinente fazer uma observação. Ao aluno foi
solicitado informar se já havia sido diagnosticado com alguma dificuldade de aprendizagem. Ao
professor também foi questionado da ciência de algum diagnóstico de dificuldade de
aprendizagem. Cabe ressaltar que no ano de 2013 nenhum diagnóstico de dificuldade de
aprendizagem com laudo de profissional pertinente foi entregue a Divisão de Apoio Pedagógico (
DIAPE) da turma 1AADMINT , fato este que desencadeia algumas hipóteses a cerca deste
pequeno grupo dos alunos que se auto declaram portadores de dificuldades de aprendizagem e
sobre os professores que apontaram saber de casos de alunos que possuem dificuldades de
aprendizagem: 1- os alunos apenas acreditam ter tais dificuldades de aprendizagens, 2- os alunos
realmente foram diagnosticados com dificuldades de aprendizagem porém não apresentaram
laudo, 3- os professores apenas acreditam que os alunos tem tais dificuldades, 4- os alunos foram
diagnosticados por profissional pertinente e informaram a dificuldade de aprendizagem apenas ao
professor porém não entregaram o laudo médico a DIAPE. Esse trabalho não se propõe a testar
tais hipóteses, porém cabe levá-las em consideração. Vale ainda destacar a importância da
comunicação entre responsável e Divisão de Apoio Pedagógico e da entrega de documentos que
comprovem a existência de fatores que dificultem a aprendizagem.
A sétima pergunta visava saber se os alunos tinham alguma necessidade especial de educação. Os
alunos apenas relataram baixa visão e a necessidade do uso de óculos e os professores disseram
não ter ciência de nenhum caso específico nesta turma.
Já a penúltima questão (pergunta oito) era sobre a existência de algum problema de saúde que
comprometa o desempenho escolar. Nenhum problema foi indicado pelos alunos e nenhum
professor afirmou ter ciência de caso que comprometa o desempenho escolar dos seus alunos.
E por fim, a questão nove se tratava da existência de problemas familiares dos discentes que
comprometa o bom andamento dos estudos. Os alunos apontaram morte na família, separação dos
pais e um aluno ainda afirmou ter problema familiar, porém não quis entrar em detalhes. Apenas
um professor apontou ter ciência de um caso de separação dos pais que comprometeu o
desempenho escolar. Cabe ressaltar que esta pergunta pode não apresentar um resultado realista na
medida em que os alunos podem não se sentir a vontade para tratar de assuntos tão íntimos em
uma pesquisa acadêmica.
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Desta forma, verificando que na turma não há a ocorrências significativas de alunos com
necessidades especiais de educação, DIAGNOSTICADOS com dificuldades de aprendizagens,
problema de saúde que comprometa o seu desempenho escolar ou problema familiar pode-se
depreender que o que ocasiona as dificuldades de aprendizagens está intimamente relacionado à
vivência socio-cultural do educando e ao processo de ensino e aprendizagem em si realizado ao
longo da vida escolar do indivíduo. Cabe ressaltar que este processo já vem delineando-se nos
nove anos de escolaridade anteriores dos educandos somando-se os possíveis estímulos realizados
nos anos da pré- escola. Com isso, os professores do CEFET- RJ apenas se inseriram neste
processo no ano de 2013 com o início das aulas desses alunos novos, estando com isso sua atuação
limitada e parcialmente condicionada aos estudos já realizados pelos alunos nos anos anteriores e
pelo curto tempo de trabalho de um ano com a turma em questão.
Após a leitura dos resultados tabulados do questionário respondido pelos alunos, o terceiro
questionário foi entregue aos professores.
A primeira pergunta do terceiro questionário indagou aos docentes em que medida conhecer
melhor o perfil do aluno foi útil para reorganização da didática em uma escala de 1 a 5. Em um
universo de 12 docentes que responderam ao terceiro questionário 67% marcaram os graus 4 ou 5,
demonstrando que ter acesso aos dados relativos ao perfil dos alunos contribuiu para a formulação
da didática da maioria dos professores.
A segunda questão consistiu em perguntar aos docentes se algum resultado os tinha surpreendido.
Como resposta 58% dos entrevistados afirmaram que sim. A questão 3 pedia que, em caso
afimativo de surpresa com as respostas dos alunos, os professores apontassem qual questão em
específico tinha o surpreendido e porque. Desta forma, três professores se surpreenderam com o
fato desta turma possuir hábito de leitura, dois docentes apontaram o fato de parte relevante da
turma frequentar à igreja e um último afirmou estar surpreso com a dificuldade dos alunos em
Geografia. Outros educadores apenas apontaram estar surpresos, porém não apontaram em que
aspecto especificamente. Estas respostas apontam que mesmo os educadores da turma
1AADMINT tenha um bom conhecimento a cerca dos seus alunos, algumas questões ainda se
mostraram surpreendente para eles.
Neste ponto da análise vale destacar a relevância da avaliação diagnóstica. Este tipo de avaliação é
um recurso pedagógico que vai além da prova clássica, cujo objetivo é contabilizar acertos e
erros. Com a avaliação diagnóstica, o professor deve ser capaz de chegar à matriz do erro ou do
acerto, interpretando a produção do aluno. De acordo com este tipo de avaliação, o professor
precisa localizar, num determinado momento, em que etapa do processo de construção do
conhecimento encontra-se o estudante e, em seguida, identificar as intervenções pedagógicas que
são necessárias para estimular o seu progresso. Esse diagnóstico, onde se avalia a qualidade do
erro ou do acerto, permite que o professor possa adequar suas estratégias de ensino às
necessidades de cada aluno ( MENEZES et al 2012).
Outro autor que discuti a avaliação diagnóstica é Libâneo (1994), o mesmo compreende que esta
avaliação permite identificar os progressos e as dificuldades dos alunos, determinada modificações
na forma de ensinar visando melhorias. Verifica as condições prévias dos alunos, ocorre no início
do processo de ensino aprendizagem ou durante o processo. Luckesi (2008, p. 81) esclarece: “a
avaliação não seria tão-somente um instrumento para a aprovação ou reprovação dos alunos, mas
sim um instrumento de diagnóstico de sua situação”. Isso significa que a partir dessa avaliação o
professor pode definir encaminhamentos adequados para a aprendizagem de seus alunos.
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A quarta questão perguntava se na opinião dos professores utilizar os dados deste
questionário no início do ano seria um instrumento de auxílio para organizar a sua prática.
Como resposta 92% dos entrevistados afirmou que SIM, a aplicação deste questionário seria
de grande ajuda para a construção da didática. Desta forma conclui-se que a utilização dos
resultados deste questionário como avaliação diagnóstica dos alunos ao início do ano poderia
servir de insumo para a construção de uma prática docente satisfatória.
E por último a quinta questão visava verificar se conhecer algum outro aspecto do perfil discente
que não foi contemplado neste questionário, ajudaria na formulação do ensino e 58% dos
professores afirmaram que SIM. Os professores que escolheram a afirmativa SIM citaram as
seguintes características como sendo interessantes ter ciência para formular a didática da matéria
que lecionam: a qualidade dos relacionamentos familiares, perfil socio-econômico, sugestões de
estratégias de ensino por parte dos alunos sinalizando como aprendem melhor, frequência que
estudam em casa, alunos que não se identifica com o curso e o diagnóstico psico-social. Alguns
professores embora tenham afirmado que conhecer outras características dos alunos seja
importante não especificaram quais características seriam essas.
Desta forma depreende-se que este questionário deve ser alvo de constantes reavaliações, onde a
cada ano as possíveis demandas existentes possam delinear as indagações pertinentes a serem
feitas aos educandos. Este procedimento visa a construção de um processo de ensino-
aprendizagem dialógico onde as características fundamentais dos alunos sejam respeitadas e
levadas em consideração para a elaboração da prática pedagógica. Este aluno deve sempre ser
visto como um sujeito socio-histórico que é fruto da sua realidade socio-cultural, porém que
também é sujeito e protagonista da nova realidade que está sendo construída por ele a cada dia.
5- Conclusões
De acordo com os princípios da Nova Gestão Pública, as Empresas e Órgãos Estatais devem
buscar uma administração pautada na eficiência e na busca pela qualidade por meio de atingir
metas específicas, espelhados nos fundamentos gerenciais das empresas privadas.
O sistema de gestão das empresas privadas atualmente busca desenvolver o marketing focado em
conhecer o seu nicho de mercado visando criar produtos e serviços especializados para
determinado público alvo.
Deste mesmo modo, este trabalho buscou verificar como o CEFET- RJ pode desenvolver uma
educação de qualidade ao conhecer o perfil dos alunos, especificamente os aspectos que
influenciam diretamente na aprendizagem.
O problema deste estudo surgiu do questionamento se algumas práticas típicas da gestão
empresarial poderiam contribuir para o melhor desenvolvimento do processo de ensino e
aprendizagem do aluno do CEFET-RJ . Em específico, foi motivado pela necessidade de
verificar em que medida conhecer o perfil do aluno pode contribuir para a formulação de
práticas docentes satisfatórias.
A partir destas indagações surgiu o objetivo geral deste trabalho que consistiu em verificar em que
aspectos conhecer o perfil do aluno no início do ano pode contribuir para o desenvolvimento de
uma didática satisfatória gerando um ensino de qualidade.
Para atingir o objetivo geral e também os específicos inicialmente foi realizada pesquisa
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bibliográfica. Livros, sites e artigos da base de dados da própria LATEC foram consultados. Uma
bibliometria no site da CAPES buscos os artigos mais recentes visando entrar em contato com as
atuais pesquisas.
A pesquisa bibliográfica realizada com temáticas diversas foi satisfatória na medida em que deu
fundamentos para a comparação entre esses dois universos da empresa e da escola pública e
possibilitou o desenvolvimento do questionário de pesquisa.
A metodologia escolhida foi a triangulação de dados, que consistiu na comparação entre as
respostas fornecidades pelos alunos e pelos professores de um mesmo questionário sobre o perfil
da turma. Em um momento posterior os resultados puderam ser analisados pelos docentes que em
seguida responderam um terceiro questionário que buscava verificar a pertinência em se conhecer
o perfil dos alunos.
Esta metodologia se mostrou satisfatória pelo fato de possibilitar primeiramente a definição do
perfil da turma pelos próprios alunos e pelos docentes. Em seguida ao ter acesso ao perfil
delineado pelos discentes, os professores puderam verificar que caracteristicas já conheciam e o
que ainda faltava conhecer . Puderam também avaliar a relevância de ter ciência do perfil da
turma logo no início do ano.
Neste sentido, conclui-se que o objetivo geral deste trabalho foi atingido pelo fato de 92%
dos docentes afirmarem que SIM, a aplicação do questionário que define o perfil da turma
no início do ano seria de grande ajuda para a construção da didática. Desta forma conclui-
se que a utilização dos resultados deste questionário como avaliação diagnóstica dos alunos
ao início do ano poderia servir de insumo para a construção de uma prática docente
satisfatória.
O primeiro objetivo específico que consistia em verificar o atual funcionamento das empresas
privadas e públicas dentro dos princípios da Nova Gestão Pública foi atingido com a pesquisa
bibliográfica. Primeiramente foi possível ter acesso aos estudos desenvolvidos por Bresser-Pereira
(2000) que trata da busca dos órgãos públicos por uma gestão similar à da iniciativa privada
pautada por metas, eficiência e visando desenvolver serviços de qualidade para o cliente-cidadão.
Em seguida a pesquisa bibliográfica possibilitou ter acesso às atuais práticas da iniciativa privada
e foram abordados temas com Gestão do Conhecimento, Gestão da Mudança. Esse referencial
teórico possibilitou maior entendimento sobre os parâmetros de alguns aspectos da atual gestão da
iniciativa pública e privada.
O segundo visava identificar conceitos fundamentais da educação para a definição do perfil do
aluno. Tais fatores foram conhecidos através da pesquisa bibliográfica que estabeleceu quatro
parâmetros para definir o perfil do educando que serviriam para embasar a didática do professor.
Esses parâmetros foram: aprendizagem significativa,didática, motivação e educação, dificuldade
de aprendizagem.
O terceiro objetivo específico era verificar se os professores tem acesso às informações
necessárias sobre os seus alunos para montar uma didática satisfatória foi atingido na medida em
que foi possível constatar pelo resultado do questionário que os professores desta turma possuem
um amplo conhecimento sobre às características dos seus alunos pois muitas das respostas
coincidiram. Com isso é possível concluir que possuem muitas informações conquistadas ao longo
de um ano de convivência que propiciam insumo para desenvolver uma didática satisfatória.
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Porém, no último questionário quando foram perguntados se alguma resposta dos alunos havia os
surpreendido, 58% dos entrevistados afirmaram que sim, possibilitando a conclusão de que
mesmo com a convivência de um ano com os discentes alguns aspectos ainda eram informações
novas que poderiam ter sido fornecidas no início do ano com o preenchimento de questionário que
define o perfil dos alunos.
O último objetivo consistiu em verificar em que sentido conhecer o perfil dos alunos propicia a
reorganização da didática do professor. Este objetivo foi atingido devido as respostas obtidas na
questão que indagou aos docentes em que medida conhecer melhor o perfil do aluno foi útil para
reorganização da sua didática, onde 67% marcaram os graus 4 ou 5, demonstrando que ter acesso
aos dados relativos ao perfil dos alunos contribuiria para a reformulação da didática da maioria
dos professores.
Com a elaboração desse estudo alguns aprendizados podem ser citados. Primeiramente a possível
contribuição de outras áreas para a solução de problemas de uma esfera em específico. Isto é, a
presente pesquisa utilizou de conhecimentos típicos da Gestão para analisar um problema da
educação é foi muito enriquecedor.
Outra constatação pertinente foi sobre o perfil dos adolescentes. Verificar que grande parte deles
possui o hábito de ler livros em um mundo cada vez mais dependente da leitura rápida típica da
Intenet, foi algo realmente surpreendente.
Com muitas respostas coincidindo, foi possível perceber que a convivência de um ano gerou um
grande conhecimento dos professores sobre as características da turma o que facilita o
desenvolvimento de estratégias pedagógicas.
E por último foi possível constatar que nesse tipo de trabalho realizado a comunicação entre as
partes envolvidas é fundamental.
Com os resultados desta pesquisa é possíveis sugerir as seguintes aplicações práticas:
1-Aplicação de um questionário no início do ano visando delimitar o perfil das turmas com o
objetivo de auxiliar o docente na elaboração da sua didática.
2-Criar mecanismos que visem ampliar continuamente a comunicação entre alunos, professores,
responsáveis, coordenação e setor pedagógico por meio de constantes reuniões e envio de
relatórios das partes envolvidas visando o diálogo ininterrupto.
3- Criação de projetos de extensão que incentive a prática cultural dos alunos que demonstrou ser
muito deficitária principalmente no que diz respeito à visita a museus, ida a teatros e ir a shows.
4- A pesquisa foi realizada na coordenação de Administração, porém a ferramenta de definição do
perfil do aluno pode ser aplicada em todos os cursos do CEFET.
A realização desta pesquisa foi muito enriquecedora. Ter a oportunidade de estudar os meandros
da sala de aula, o seu funcionamento e em que medida isto impacta o educando foi esclarecedor.
Do mesmo modo, poder delinear o perfil discente e entregar esses resultados aos professores
forneceu mais insumos para a elaboração da sua prática em sala de aula.
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Buscar possíveis caminhos em uma área diferente da educação, na administração, expandiu o
olhar sobre as práticas do ensino. O problema visto por um novo ângulo lançou luz sobre uma
nova perspectiva, trazendo a racionalidade administrativa para o campo educacional. Desta forma,
espera-se ter contribuído para lançar um novo olhar para este problema desde muito estabelecido:
a qualidade da educação.
Que os jovens do CEFET-RJ e das outras instituições de um modo geral, sejam cada vez mais
entendidos e estudados para que estratégias de ensino que venham propiciar a formação do
indivíduo crítico e do cidadão pleno sejam desenvolvidas.
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