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O PERFIL DO ALUNO E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO: UM ESTUDO DE CASO NO CEFET MARACANÃ Mara Telles Salles (LATEC/UFF) Carolina Lobo dos Reis Melo (LATEC/UFF) Resumo: A Gestão do Conhecimento se configura atualmente em ferramenta indispensável para a sobrevivência das empresas. Com a proposta da Nova Gestão Pública, na qual os setores públicos devem buscar a racionalidade administrativa das empresas privadas visando qualidade nos serviços oferecidos, faz-se necessário verificar como estas organizações atuam na contemporaneidade e em que medida podem trazer à tona conhecimentos pertinentes ao funcionamento das entidades públicas. Este trabalho teve por principal objetivo investigar se o ensino pode ser ofertado com uma didática mais satisfatória ao se conhecer melhor o perfil dos alunos. A pesquisa foi realizada no CEFET- RJ na Unidade Maracanã com os alunos e professores do curso Técnico de Administração. Para tal, foi feito inicialmente um paralelo entre o funcionamento das empresas e das escolas. Investigou-se como as empresas atualmente buscam definir o perfil dos seus clientes visando desenvolver produtos que atendam às demandas existentes. Na metodologia utilizada a triangulação de dados, inicialmente, foi solicitado que os professores traçassem o perfil dos seus alunos. Em seguida, o perfil dos alunos foi desenvolvido com o auxílio de questionários preenchidos pelos mesmos. E, por último, o perfil discente foi apresentado aos professores. Como um dos resultados obtidos, pode-se mencionar a importância dada pelos professores ao conhecimento do perfil do aluno para se planejar o período de ensino anual. Palavras-chaves: Gestão do Conhecimento, Nova Gestão Pública, perfil dos alunos, processo de ensino e aprendizagem. ISSN 1984-9354

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O PERFIL DO ALUNO E A CONSTRUÇÃO DO

CONHECIMENTO: UM ESTUDO DE CASO NO CEFET

MARACANÃ

Mara Telles Salles

(LATEC/UFF)

Carolina Lobo dos Reis Melo (LATEC/UFF)

Resumo: A Gestão do Conhecimento se configura atualmente em ferramenta indispensável para

a sobrevivência das empresas. Com a proposta da Nova Gestão Pública, na qual os setores

públicos devem buscar a racionalidade administrativa das empresas privadas visando qualidade

nos serviços oferecidos, faz-se necessário verificar como estas organizações atuam na

contemporaneidade e em que medida podem trazer à tona conhecimentos pertinentes ao

funcionamento das entidades públicas. Este trabalho teve por principal objetivo investigar se o

ensino pode ser ofertado com uma didática mais satisfatória ao se conhecer melhor o perfil dos

alunos. A pesquisa foi realizada no CEFET- RJ na Unidade Maracanã com os alunos e

professores do curso Técnico de Administração. Para tal, foi feito inicialmente um paralelo

entre o funcionamento das empresas e das escolas. Investigou-se como as empresas atualmente

buscam definir o perfil dos seus clientes visando desenvolver produtos que atendam às demandas

existentes. Na metodologia utilizada a triangulação de dados, inicialmente, foi solicitado que os

professores traçassem o perfil dos seus alunos. Em seguida, o perfil dos alunos foi desenvolvido

com o auxílio de questionários preenchidos pelos mesmos. E, por último, o perfil discente foi

apresentado aos professores. Como um dos resultados obtidos, pode-se mencionar a importância

dada pelos professores ao conhecimento do perfil do aluno para se planejar o período de ensino

anual.

Palavras-chaves: Gestão do Conhecimento, Nova Gestão Pública, perfil dos alunos,

processo de ensino e aprendizagem.

ISSN 1984-9354

X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014

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1. Introdução

O sucesso das companhias japonesas, segundo Nonaka (1995), está no fato delas serem

Companhias que aprendem, isto é, o sucesso está atrelado à sua capacidade de criar

conhecimento e inovação.

Esse conhecimento novo é disseminado por toda a empresa e se transforma em produtos, serviços

e sistemas inovadores.

Os japoneses conseguem constantes inovações olhando para fora dos limites das empresas e da

sua própria sociedade e também olhando para o futuro, antecipando tendências de mudanças no

mercado, na tecnologia, na competição e nos produtos.

Isso ocorre não apenas nas empresas japonesas, mas também nas empresas de sucesso de todo o

mundo. Nessas organizações mudanças ocorrem diariamente e elas são consideradas uma força

positiva.

As inovações são frutos dos constantes diálogos com o conhecimento e mudanças produzidas fora

e dentro dos limites da organização. Tudo isso gera novos processos internos (novos

conhecimentos e produtos) na empresa que acaba gerando vantagem competitiva.

As múltiplas formas como as empresas administram o saber dentro de suas organizações é

denominado de Gestão do Conhecimento.

Essa nova competência organizacional surgiu com a necessidade de lidar com as mudanças

recorrentes no mundo.

Na Era do Conhecimento tecnologias novas aparecem a cada minuto. A quantidade de

informações disponíveis na internet é imensa, o que gera a necessidade de saber filtrar qual

conhecimento é pertinente e válido.

Com isso surgiu a necessidade de trazer o conhecimento para dentro das empresas. Mais que isso.

Foi preciso transformar as empresas em organizações que aprendem.

Para tal, o conhecimento foi reconhecido como um importante recurso intangível – isto é, aquilo

que não é mensurável, que não se pode tocar e não pode se definir com exatidão. Não apenas os

recursos tangíveis seriam importantes para as empresas.

Trabalho, capital, território, continuam sendo fatores importantes, mas o fator determinante para

uma empresa se manter viva atualmente é justamente esse recurso intangível – o conhecimento -

que produz inovação e gera competitividade para as organizações.

A dificuldade de se gerir o conhecimento nas empresas nasce da heterogeneidade do

conhecimento dos funcionários. Na maioria das vezes o grau de instrução dos colaboradores não

se encontra no mesmo nivelamento. Até porque as características dos funcionários são múltiplas

na maioria das vezes. Fatores como diferença de idade, tempo de serviço na empresa e motivação

pessoal são fatores que influenciam o relacionamento do empregado com o aprendizado.

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Segundo NONAKA e TAKEUCHI (1997) o conhecimento é dividido em conhecimento tácito e

explicito onde o conhecimento tácito é aquele disponível com as pessoas e que não se encontra

formalizado em meios concretos. Já o conhecimento explícito é aquele que pode ser armazenado,

por exemplo, em documentos, manuais, bancos de dados ou em outras mídias.

Por isso, além da Gestão do Conhecimento as empresas devem se preocupar também com a

Gestão de Mudança que pode ser caracterizada como a necessidade de acompanhar os

funcionários no processo de transição entre um estado empresarial e outro. Na maioria das vezes

esses processos não acontecem de forma fácil, principalmente entre os funcionários mais antigos.

Esses costumam ficar presos em uma forma de trabalhar única tendo uma visão tradicionalista.

Esses também costumam resistir a mudanças na área das inovações tecnológicas. Segundo Lopes

(2008) quanto às mudanças, estas afligem muito a quem não tem flexibilidade porque a

capacidade de adaptação tem graduações e, com qualidade, promove-se ganhos estruturais e

pontuais na vida- pessoal e profissional – dos indivíduos. A presença de plasticidade em situações

de adaptação agregada à capacidade de generalização de aprendizagens é garantia de bom

desempenho, de satisfação, de manutenção da motivação e, por consequência, de melhor

produtividade.

Para tal as empresas atualmente estão cada vez mais buscando um profissional que tenha em seu

perfil competências e habilidades flexíveis às mudanças inerentes ao mundo empresarial. Dentre

tais competências podemos destacar a capacidade de aprender a aprender constantemente.

Assim como no Japão, a Gestão adequada do Conhecimento nas empresas em todas as partes do

mundo se tornou um imperativo para a realização de um trabalho produtivo e em consonância

com as constantes mudanças existentes. E no Brasil não seria diferente.

É notório que os países que obtiveram considerável aumento da qualidade de vida e do seu

respectivo PIB fizeram maciços investimentos em educação. Dessa forma, investir nesta área

tornou-se um imperativo para aqueles que pretendem obter prosperidade.

O Brasil por sua vez é um país rico, com inúmeras fontes de recursos. Porém, seus recursos

parecem sempre estar mal distribuídos, aproveitados indevidamente graças ao grau de corrupção

existente ou administrados de forma insatisfatória.

2-Problema

O problema da má qualidade do ensino ministrado no país é foco de muitos estudos. E muitas das

vezes a sensação é de que é um problema insolúvel. As teorias da educação parecem de algum

modo não dar conta de responder tais questionamentos em sua totalidade.

A falta de conhecimento dos professores sobre seus alunos gera na maioria das vezes um ensino

pouco significativo para os discentes, pois o ensino é percebido como um enigma por estar muito

distante da realidade ou dos conhecimentos adquiridos anteriormente. Aspecto este que acaba

gerando inúmeros conflitos entre professor e aluno e culminando em uma aprendizagem

insatisfatória algumas vezes.

Deste modo, o problema central deste estudo é: analisar como práticas típicas da gestão

empresarial poderiam contribuir para o melhor desenvolvimento do processo de ensino e

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aprendizagem do aluno do CEFET-RJ. Em específico, buscará verificar como conhecer o perfil do

aluno pode contribuir para a formulação de práticas docentes satisfatórias.

3-Objetivos

3.1 - Geral

Este estudo tem por objetivo geral verificar em que aspectos conhecer o perfil do aluno no início

do ano pode contriubir para o desenvolvimento de uma didática satisfatória gerando um ensino de

qualidade.

3.2- Específicos

1. Verificar alguns aspectos do atual funcionamento das empresas privadas e públicas dentro

dos princípios da Nova Gestão Pública .

2. Identificar conceitos fundamentais da educação para a definição do perfil do aluno.

3. Verificar se os professores tem acesso às informações necessárias sobre seus alunos para

montar uma didática satisfatória.

4. Verificar em que medida conhecer o perfil dos alunos propicia a reorganização da

didática do professor.

4-Metodologia

O estudo contou com pesquisa bibliográfica e de campo do tipo exploratória. A abordagem

metodológica da pesquisa é qualitativa e o método utilizado é a triangulação. O estudo de caso

será realizado no CEFET – RJ. Cada etapa será melhor abordada a seguir.

Pesquisa é um procedimento formal com método de pensamento reflexivo, que requer um

tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir

verdades parciais(MARCONI; LAKATOS,2003).

A pesquisa em questão conta com a realização da pesquisa bibliográfica com sendo um dos

primeiros passos metodológicos visando fundamentação teórica para o assunto aqui tratado em

específico.

A análise bibliométrica consistiu na pesquisa da literatura utilizando o Periódico da Coordenação

de Pesquisa e Ensino Superior (CAPES).

Pesquisa de campo pode ser caracterizada como sendo aquela utilizada com o objetivo de

conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma

resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou

as relações entre eles. Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem

espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presumem

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relevantes, para em seguida analisá-los.

Pesquisas de campo do tipo exploratórias são investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a

formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses,

aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização

de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos. Empregam-se geralmente

procedimentos sistemáticos ou para a obtenção de observações empíricas ou para a análises de

dados(ou ambas, simultaneamente). Obtém-se frequentemente descrições tanto quantitativas

quanto qualitativas do objeto de estudo, e o investigador do deve conceituar as inter-relações entre

as propriedades do fenômeno, fato ou ambiente observado. Uma variedade de procedimentos de

coleta de dados pode ser pode ser utilizada (MARCONI; LAKATOS,2003).

Foi realizada uma pesquisa de campo no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow

da Fonseca- Unidade Maracanã especificamente no Curso Técnico de Administração visando

conhecer melhor o perfil dos alunos inscritos na nova configuração do Ensino Médio integrado ao

Ensino Técnico buscando alternativas para a melhor instrumentalização do ensino ofertado.

A pesquisa tem abordagem qualitativa e contou com os métodos de triangulação e de estudo de

caso. Segundo Vergara (2005) pesquisas ditas qualitativas contemplam a subjetividade, a

descoberta, a valorização da visão de mundo dos sujeitos. As amostras são intencionais,

selecionadas por tipicidade ou por acessibilidade. Os dados são coletados por meio de técnicas

pouco estruturadas e tratados por meio de análises de cunho interpretativo. Os resultados obtidos

não são generalizáveis.

O estudo em questão tem caráter qualitativo, pois ocorre a preocupação de conhecer o perfil dos

alunos do CEFET dentro da amostra selecionada. Tem o foco em verificar como são esses

discentes e em que medida os professores ao ter acesso a essas características podem agregar valor

ao ensino ofertado pela instituição.

O método da triangulação que foi utilizado visa determinar a exata posição de um objeto a partir

de diversos pontos de referência. No âmbito das ciências sociais, a triangulação pode ser definida

como uma estratégia de pesquisa baseada na utilização de diversos métodos para investigar um

mesmo fenômeno. Existem vários tipos de triangulação: de dados, pesquisadores, teorias e

métodos (DENZIN,1978 apud VERGARA,2005, p.258 ).

A pesquisa em questão fez uma triangulação de dados, que refere-se ao uso de diferentes fontes de

dados. Nesse contexto, é sugerido o estudo de um fenômeno a partir de diferentes momentos

(tempos), locais (espaços) e pessoas (informantes).

As palavras-chave deste tipo de pesquisa são complementaridade dos métodos, perspectivas

múltiplas, diferentes compreensões e validade interna e externa.

O método pode ser caracterizado por proporcionar novas perspectivas relacionada ao objeto

estudado, permite a verificação da validade interna e externa (embora não as garanta), os dados

obtidos pode ser de natureza tanto qualitativa quanto quantitativa, o pesquisador deve estar apto a

utilizar métodos e técnicas diversas de pesquisa, exige também do pesquisador habilidade para

identificar a origem das divergências e se as mesmas dizem respeito às limitações da pesquisa ou

se constituem contribuições ao estudo, de um modo geral exige um tempo maior para a sua

realização e também maiores recursos financeiros.A figura a seguir apresenta a forma de utilização

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do método proposto por Vergara (2005):

Definem-se o tema e o problema de pesquisa.

Procede-se a uma revisão da literatura pertinente ao problema de investigação e

escolhe-se a orientação teórica ( uma ou várias) que dará suporte ao estudo.

Avalia-se se o problema de pesquisa é fundamentalmente ligado à base

quantitativa ou qualitativa.

Define-se o tipo ou os tipos de triangulação a serem empregados:

-Triangulação de dados- a partir de diferentes momentos ( tempo), locais

(espaço) ou pessoas (informantes)

-Triangulação do pesquisador- define-se a equipe de pesquisa.

-Triangulação teórica- definem-se as teorias a serem utilizadas.

-Triangulação metodológica- definem-se as modalidades: intramétodo ou entre

métodos; simultânea ou sequencial.

Define-se a amostra ou as amostras a serem selecionadas.

Definem-se os instrumentos a serem utilizados para a coleta de dados.

Definem-se os procedimentos para o tratamento dos dados, congruentes com os

métodos escolhidos e com as técnicas a serem utilizadas para a coleta de dados.

Coletam-se os dados por meio da aplicação de questionários, realização de

entrevistas, observação participante ou outros procedimentos, simultânea ou

sequencialmente.

Analisam-se os dados.

Comparam-se os resultado obtidos por meio da triangulação dos dados, do

pesquisador, da teoria ou da metodologia.

Identificam-se as possíveis divergências.

Avalia-se a possibilidade de as divergências serem fruto de limitações

metodológicas.

Registram-se as limitações da pesquisa.

Avalia-se a contribuição das divergências para o desenvolvimento de novas

perspectivas para o problema sob investigação.

Resgata-se o problema que suscitou a investigação.

Confrontam-se os resultados obtidos com a(s) teoria(s) que deu(ram) suporte à

investigação.

Formula-se a conclusão.

Elabora-se o relatório de pesquisa.

Quadro 01- Método de Triangulação

A autora ressalta ainda que é inerente ao uso da estratégia de triangulação a emergência de

divergências ou resultados contraditórios.Tal fato pode estar ligado às limitações do estudo, as

quais devem ser registradas no relatório de pesquisa. Podem, por outro lado, revelar que o objeto

em estudo se apresenta de forma diferente, quando enfocado de diversos ângulos, o que deve ser

registrado nas discussões dos resultados. Interpretar a natureza de tais divergências é, portanto,

questão essencial para o entendimento do objeto em estudo ( VERGARA, 2005).

O método de Triangulação foi escolhido para a realização desta pesquisa porque notou-se a

necessidade de verificar primeiramente a percepção dos professores do curso a cerca do perfil dos

seus alunos. Em um segundo momento fez-se imperativo definir tal perfil com os próprios alunos.

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E em um último momento estes levantamentos foram contrapostos em uma acareação dos dados

obtidos, visando analisar junto aos docentes o que de novo os questionários respondidos pelos

alunos trariam e em que medida essas novas informações contribuiriam para a reformulação da

didática e do ensino ofertado como um todo.

Desta forma o caráter desta pesquisa encontrou no método de Triangulação de dados

especificamente o aporte metodológico adequado para a sua satisfatória realização.

A utilização do estudo de caso ocorre a partir do desejo de entender os fenômenos sociais

complexos. O método do estudo de caso permite que os investigadores retenham as características

significativas dos eventos da vida real- como os ciclos individuais da vida, o comportamento dos

pequenos grupos, os processos organizacionais e administrativos, o desempenho escolar dentre

outros.

Em geral os estudos de caso são o método preferido quando:

As questões “como” ou “por que” são propostas;

O investigador tem pouco controle sobre os eventos;

O enfoque está sobre um fenômeno contemporâneo no contexto da vida real (YIN,2010).

Este tipo de método possui segundo YIN (2010) seis etapas: plano, projeto, preparação, coleta,

análise e compartilhamento. Tais etapas serão melhor descritas a seguir.

O plano visa identificar as questões de pesquisa ou outra justificativa para a realização de um

estudo de caso. Cabe também entender seus pontos fortes e suas limitações.

Na realização do projeto deve-se definir a unidade de análise e os prováveis casos para estudo,

desenvolver a teoria existente, as preposições e os assuntos subjacentes ao estudo antecipado. E

por último o projeto deve conter os procedimentos para manter a qualidade do estudo de caso.

Na etapa de preparação o pesquisador deve ampliar suas habilidades como investigador de estudo

de caso, treinando para o estudo de caso específico, formulando boas questões, sendo um bom

ouvinte, exercitando a adaptabilidade e a flexibilidade e tendo uma noção clara dos assuntos em

estudo. Em seguida o protocolo deve ser desenvolvido e o projeto piloto deve ser conduzido. E em

alguns casos específicos deve-se obter aprovação para a proteção dos sujeitos humanos.

Na coleta o protocolo de estudo de caso deve ser seguido, múltiplas fontes de evidência devem ser

usadas e armazenadas em um banco de dados do estudo de caso. Deve-se manter um

encadeamento lógico de evidências.

A análise das evidências deve ser orientada por proposições teóricas e outras estratégias.

Considerar qualquer uma das cinco técnicas analíticas( combinação de padrão,construção da

explanação,análise de séries temporais, modelos lógicos e síntese cruzada dos dados) usando

dados quantitativos, qualitativos ou ambos. Devem ser exploradas as explanações rivais e por

ultimo os dados devem ser apresentados separados das interpretações.

No compartilhamento da pesquisa primeiramente o público deve ser definido. Os materiais

textuais e visuais devem ser elaborados. Antes da apresentação o material deve ser revisado e

reescrito até estar bem estruturado. E por último, devem ser apresentadas evidências suficientes

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para o leitor alcançar suas próprias conclusões (YIN,2010).

O estudo de caso em questão foi realizado no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso

Suckow da Fonseca – CEFET/RJ. E o emprego da metodologia do estudo de caso se justificou na

medida em que se buscou o entendimento desta nova realidade, deste novo formato de ensino

estruturado no ano de 2013 que se trata do Curso Técnico Integrado. Conhecer melhor esta

realidade a partir do delineamento do perfil discente faz-se interessante na busca do melhor

intercâmbio de informações entre professor e aluno almejando uma prática docente revestida de

sentido para o educando. Com isso,a escolha da pesquisa ocorreu buscando um maior

entendimento sobre o novo formato implementado no CEFET-RJ e seus possíveis

desdobramentos.

Até o ano de 2012, o CEFET- RJ Unidade Maracanã trabalhou com o regime de concomitância

interna, isto é, o aluno ao ingressar na instituição possuía duas matrículas: uma do Ensino Médio e

outra do Ensino Técnico.

Após reestruturação interna, com estudos na área de currículo e observações de experiências de

sucesso em outras instituições, em 2013 foi implementado o Curso Técnico Integrado, isto é, o

aluno ao ingressar na instituição passou a ter uma matrícula única de Ensino Médio e Técnico,

além disso, agora se trata de um só curso e não dois como anteriormente.

Esta nova perspectiva da Instituição visou reduzir o tempo do aluno em sala de aula com a

proposta de oferecer um turno livre para estudos diversos. Além disso, esta mudança buscou

diminuir o distanciamento entre ensino Médio e Ensino Técnico ampliando o intercâmbio de

informações entre os professores de todas as disciplinas com um objetivo único: a formação plena

do indivíduo, tanto para a sua vida em sociedade quanto para o mundo do trabalho.

Dado este novo panorama, o tema da pesquisa em questão foi escolhido visando estudar como a

aprendizagem pode ser melhor instrumentalizada nesta nova configuração de ensino.

A seguir serão descritas as estratégias metodológicas adotadas ao longo da realização da pesquisa.

Inicialmente ocorreu a pesquisa bibliográfica para a elaboração do escopo teórico sobre o tema.

Foram consultados teóricos da área da Educação assim como Teóricos da área de

Administração/Gestão já que a pesquisa tem como objetivo principal fazer um paralelo entre as

ferramentas de gestão utilizadas pelas empresas para conhecer os seus clientes e desenvolver

produtos/serviços e entre as estratégias de ensino que podem ser desenvolvidas ao se conhecer o

perfil dos alunos.

Inicialmente foi realizado com os professores do curso Técnico de Administração um

Brainstorming com a seguinte pergunta: “Quais são os pontos fortes e fracos do aprendizado

do aluno no CEFET?”. Esta dinâmica teve como principal objetivo o preenchimento dos

Diagramas de Causa e Efeito (Espinha de Peixe) proposto por Ishikawa.

A partir dos dados obtidos dois diagramas de Causa e Efeito foram preenchidos: um com os

pontos fortes do aprendizado e outro contendo os pontos fracos. A elaboração destes diagramas foi

escolhida para demonstrar que outras variáveis podem interferir no processo de ensino e

aprendizagem, porém o presente estudo se limitará a verificar em que medida conhecer o perfil

dos alunos pode interferir nesta dinâmica.

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Em um segundo momento, o levantamento de dados ocorreu por meio de questionários realizado

em pesquisa de campo. Foi aplicado aos professores um questionário que tem por objetivo

delinear o perfil que eles percebem dos seus alunos.

Em seguida um questionário similar foi aplicado aos alunos para definir o perfil deles.

E a última etapa deste levantamento foi a contraposição dos dados obtidos entre os dois

questionários. Este levantamento foi apresentado aos professores e os mesmos em seguida

informaram em que medida ter acesso a essas informações pode contribuir para reorganizar sua

prática de ensino. A seguir é apresentada uma tabela com os objetivos, questões, as perguntas e os

conceitos/áreas envolvidos nos questionários aplicados aos alunos e professores.

PERGUNTAS DOS QUESTIONÁRIOS

OBJETIVOS JUSTIFICATIVA PERGUNTAS CONCEITOS/

ÁREAS

ENVOLVIDAS

- Identificar quais

atividades de

extensão os alunos

realizam.

- As atividades de

extensão formam um

arcabouço teórico

que gera a

possibilidade de

construção de

significado por parte

dos alunos. Sem esse

arquivo mental os

alunos não

conseguem fazer

correlações e

construir o

conhecimento novo.

Desta forma, é

fundamental que os

docentes tenham

conhecimento das

atividades realizadas

pelos alunos visando

constantemente

buscar práticas que

visem ampliar o

desenvolvimento

cultural dos alunos.

- Questão 1-

“(..’)Escolha cinco

(5) atividades que

você costumam

fazer/frequentar com

maior frequência em

seu tempo livre(...)”

Questão 2- “Você

tem o hábito de:

ler livros, jornais,

revistas,ver noticiário

de tv , nenhuma das

alternativas .”

-Aprendizagem

significativa

- Verificar se os

alunos identificam-

se com o curso.

- Os alunos que se

identificam com o

curso técnico tem

mais propensão a ter

um desempenho

escolar melhor

Questão 3- “Você se

imagina trabalhando

como Técnico em

Administração?”.

- Motivação e

educação.

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devido a maior

motivação para

desenvolver os

estudos da área.

- Verificar as

matérias que os

alunos possuem

maior dificuldade de

aprendizagem.

- Verificar as

estratégias

pedagógicas mais e

menos eficazes.

Sabe ser os

professores tem

ciência das

dificuldades da turma

e quais as estratégias

pedagógicas são mais

e menos eficazes é

fundamental para o

desenvolvimento da

didática da matéria.

Questão 4- “Quais

matérias abaixo você

tem mais dificuldade

em aprender?”.

Questão 5- “Como

você aprende

melhor?”.

- Didática

- Verificar os

possíveis fatores que

venham a trazer

empecilhos para o

desenvolvimento de

uma aprendizagem

satisfatória.

É fundamental ter

ciência dos possíveis

fatores que venham a

dificultar o

desempenho escolar

dos alunos. Desta

forma, faz-se

necessário verificar

se os docentes tem

ciência dos

problemas que os

alunos possuem para

que tais fatores sejam

levados em

consideração para o

desenvolvimento de

uma didática

adequada.

Questão 6- “Um

profissional já

diagnosticou que

você possui alguma

dificuldade de

aprendizagem

abaixo?”

Questão 7- “Possui

alguma necessidade

especial de

educação?”.

Questão 8- “Possui

algum problema de

saúde que

comprometa o seu

desempenho

escolar?”.

Questão 9 - Você

possui algum

problema familiar

que compromete o

seu desempenho

escolar?

- Dificuldades de

aprendizagem

Tabela 1- Perguntas dos questionários

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A seguir é apresentado um quadro resumo de todas as atividades realizadas ao longo da pesquisa.

Pesquisa bibliográfica

Brainstorming com os professores

Elaboração do Diagrama de Causa e Efeito ( Espinha de Peixe) – pontos

fortes

Elaboração do Diagrama de Causa e Efeito ( Espinha de Peixe)- pontos

fracos

Questionário aplicado aos professores- percepção do perfil dos alunos

Questionário aplicado aos alunos- delineamento do próprio perfil

Contraposição dos dados obtidos nos dois questionários

Aplicação do terceiro questionário aos professores – houve contribuição para

a prática em sala de aula ao se conhecer o perfil do aluno?

Análise dos dados

Quadro 02 Passo a passo metodológico

Em resumo, a abordagem metodológica adotada neste trabalho inicialmente contou com pesquisa

bibliográfica e de campo do tipo exploratória. A pesquisa é de cunho qualitativa e o método

utilizado é a triangulação dos dados. O estudo de caso será realizado no CEFET – RJ. Cada fator

deste trabalho foi caracterizado e sua utilização foi justificada.

5- Resultados

A etapa inicial da análise de dados foi realizada com o primeiro questionário aplicado aos alunos e

aos docentes onde as respostas foram comparadas. As perguntas possuem paridade nos dois

formulários, isto é, o questionamento feito ao professor possui o mesmo teor do entregue ao aluno

possibilitando assim comparação entre os resultados encontrados, procedimento típico da

metodologia de pesquisa adotada, a triangulação de dados.

Inicialmente as questões de número 1 e 2 abordavam as atividades de extensão realizadas com

maior frequência pelos alunos e se relacionam com o desenvolvimento da aprendizagem

significativa.

Teorizada por Ausubel, Novak e Hanesian (1980 apud LABURÚ et al, 2011) a aprendizagem

significativa foi classificada como sendo o processo pelo qual um novo conhecimento se relaciona

de forma “não arbitrária” e “substantiva” com algum aspecto da estrutura cognitiva preexistente

do aprendiz. Isto é, define basicamente a essência da Aprendizagem Significativa como um

procedimento no qual as ideias, que são desenvolvidas simbolicamente, possam ser relacionadas a

aspectos relevantes já existentes na estrutura cognitiva dos alunos, como imagem, símbolo,

conceito, proposição ou hipóteses, por meio de uma simbiose não arbitrária e substantiva

(ZOMPERO, 2010).

Segundo (PELIZZARI,2001) a aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo

conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele

a partir da relação com seu conhecimento prévio. Ao contrário, ela se torna mecânica ou repetitiva,

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uma vez que se produziu menos essa incorporação e atribuição de significado, e o novo conteúdo

passa a ser armazenado isoladamente ou por meio de associações arbitrárias na estrutura cognitiva.

Já a denominada ideologia da deficiência cultural justifica o fracasso escolar pela carência, na

qual os alunos não são bem sucedidos por pertencerem a um meio desprivilegiado e pobre

econômica e culturalmente, inclusive em relação à linguagem, estímulos e oportunidades (Soares

1995 apud OLIVEIRA, 2012).

As atividades de extensão formam um arcabouço teórico que gera a possibilidade de construção de

significado por parte dos alunos. Sem esse arquivo mental os alunos não conseguem fazer

correlações e construir o conhecimento novo. Desta forma, é fundamental que os docentes tenham

conhecimento das atividades realizadas pelos alunos visando constantemente buscar práticas que

visem ampliar o desenvolvimento cultural dos alunos.

Partindo-se do princípio que o conhecimento é construído a partir da realidade e vivência socio-

cultural do indivíduo por meio de uma aprendizagem significativa esta questão foi formulada

visando verificar primeiramente quais são aspectos culturais e hábitos dos alunos no intuito de

verificar qual é o arcabouço cultural dos educandos para que o mesmo possa fazer associações

satisfatórias com o que está sendo dito pelo professor em sala de aula e a sua vivência. Como

primeira opção de atividades apontadas pelos alunos a internet apareceu como primeira opção 11

vezes, seguida por ir a igreja citada 4 vezes e de ir ao cinema escolhida 3 vezes. Este resultado

coincidiu com o dos professores no que diz respeito à utilização da internet como primeira opção

de atividade citada por 10 docentes. Porém ocorrendo disparidade nas outras opções, pois 3

docentes acreditam que namorar/ficar seja a primeira opção de atividades e fazer compras/

realizar atividades físicas citadas 1 vez cada.

Deste resultado depreende-se que os professores tem ciência que a internet ocupa espaço central

nos hábitos dos alunos, porém não deduziram que igreja e cinema poderiam ser atividades eleitas

como prioritárias pelos alunos.

No somatório geral, as atividades mais citadas pelos alunos foi internet (24 vezes), ir ao cinema

(18 vezes) seguido por sair com os amigos/ namorar/ ficar (16 vezes).

Já no somatório geral das atividades apontadas pelos professores, obteve-se a seguinte ordem:

namorar/ficar (citada 14 vezes), usar a internet/sair com os amigos (13 vezes) seguido por realizar

atividades físicas/ ir ao cinema (7 vezes) .

Comparando os resultados, os professores parecem ter ciência das atividades mais realizadas pelos

alunos com maior frequência apenas obtendo disparidade em apontar que os alunos realizam

atividades físicas com frequência, opção pouco relatada na pesquisa.

Já as atividades menos citadas no somatório geral pelos alunos foi: ir ao teatro/ museus (citada 2

vezes), viajar (4 vezes), ir a shows (6 vezes).

As atividades realizadas pelos alunos menos citadas pelos professores foram: ir ao teatro/ museus

(estas opções não foram citadas nenhuma vez), viajar (1 vezes), ir a shows ( 2 vezes).

Essas opções coincidiram perfeitamente entre as respostas dos professores e alunos demonstrando

que os professores conhecem as atividades de extensão que os alunos menos realizam.

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A segunda questão dos questionários buscou verificar se os alunos tem hábito de ler livros,

jornais, revistas, ver noticiário de tv ou nenhuma dessas alternativas. Essa questão também visava

verificar se os alunos desta turma possuem hábitos que favoreçam o desenvolvimento de uma

aprendizagem significativa diminuindo a distância entre o que é ensinado em sala de aula e o que

o aluno possivelmente entende.

Os resultados das respostas dos alunos foram: 54% lêem livros, 31% vêem noticiários de TV,

apenas 9% lêem jornais e 17% não tem nenhum desses hábitos.

As respostas dos professores apresentam os seguintes indicadores: 53% acreditam que seus alunos

possuem o hábito de ler livros, 24% acham que os discentes vêem noticiário de TV, a leitura de

jornais não foi apontada nehuma vez pelos docentes, 35% acredita que nenhuma alternativa é

habitual aos alunos e 6% afirmou ainda que não conhece o perfil da turma suficiente para emitir

opinião.

Destes resultados pode-se depreender que os professores conhecem os hábitos de ler livros e de

ver noticiário de TV dos seus alunos. Não reconhecem, porém, que parte da turma tem o hábito de

ler jornais.

O que chamou atenção nesta questão, porém, foi o fato de 35% dos professores acreditarem que

seus alunos não tem nenhum dos hábitos citados acima, o que não condiz com a realidade.

A questão de número 3 abordava a relação entre motivação e educação. Na pesquisa realizada por

Monteiro (2012) os resultados apontam a vantagem dos alunos excelentes quando se relaciona

estudo com motivações relacionadas com o futuro profissional. Compreender os processos de

aprendizagem destes alunos parece implicar mais do que compreender as suas competências

cognitivas, sendo importante valorizar também os fatores motivacionais e afetivos entendidos

como “motores” fundamentais no ciclo da aprendizagem. O estudo conclui que as ambições

pessoais e motivações a longo prazo são os fatores que mais contribuem para a compreensão da

forma como os alunos de excelência se envolvem e comprometem face às tarefas acadêmicas.

Do mesmo modo, no CEFET os alunos que se identificam com o curso técnico tem mais

propensão a ter um desempenho escolar melhor devido a maior motivação para desenvolver os

estudos da área.

Após verificar que o desempenho e motivação dos alunos estão intimamente ligados ao futuro

profissional e carreira dos alunos a terceira questão foi formulada visando verificar se adolescente

se imaginam trabalhando como técnico. O total de 69% dos alunos afirmou que sim, se imaginam

trabalhando como técnico no futuro. Do grupo de professores 47% acreditam que os alunos se

imaginam atuando na área profissional para qual estão se preparando. Levando-se em

consideração a relação existente entre motivação e futuro profissional pode-se afirmar que a maior

parte da turma 1AADMINT está motivada a estudar, porém apenas e metade dos professores está

ciente desta predisposição.

As questões de número 4 e 5 são relativas à didática dos professores. No que diz respeito à

subjetividade, em uma turma ocorre a existência de diversificados componentes pessoais que

justificam a existência de uma prática de multimodos de representações no ensino. Desta forma,

faz-se imperativo o uso didático de multimodos e múltiplas representações para promover um

desenvolvimento conceitual mais efetivo, compatível com os princípios da aprendizagem

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significativa, bem como as questões ligadas à subjetividade do aprender de cada estudante. Há um

crescente reconhecimento de que a aprendizagem de conceitos e métodos são realçados quando

permanecem associados à compreensão de diferentes formas de representação e,

consequentemente, ao ensino de várias linguagens, símbolos, palavras, imagens, ações etc

(LABURÚ et al, 2011).

Saber se os professores tem ciência das dificuldades da turma e quais as estratégias pedagógicas

são mais e menos eficazes é fundamental para o desenvolvimento da didática da matéria. É

fundamental ter ciência dos possíveis fatores que venham a dificultar o desempenho escolar dos

alunos. Desta forma, faz-se necessário verificar se os docentes tem ciência dos problemas que os

alunos possuem para que tais fatores sejam levados em consideração para o desenvolvimento de

uma didática adequada.

Foi verificado que a dificuldade de aprendizagem pode ser algo construído socialmente, não

estando apenas focado em alguma questão orgânica do discente e sim em múltiplos fatores. Desta

forma, é interessante verificar quais são as matérias que os alunos possuem mais dificuldade para

verificar possíveis estratégias para sanar essas dúvidas. A questão de número 4 buscou verificar

quais matérias o aluno possui maior dificuldade de aprendizado. No caso específico deste grupo,

os alunos apontaram Geografia e Matemática como sendo as matérias que têm mais dificuldade

em aprender, ambas as matérias sendo apontadas por 49% dos alunos. O docente de Geografia

demonstrou ter ciência da dificuldade dos alunos afirmando que grande parte da turma tem

dificuldade na matéria. O de matemática, por sua vez, afirmou que apenas uma pequena parte da

turma possui dificuldade.

Outro fator que merece destaque é que poucos alunos apontaram sentir dificuldades de

aprendizagem em Biologia (17%), Química (14%) e Educação Física (6%), porém pela percepção

dos professores destas matérias grande parte da turma possui dificuldade de aprendizagem. Neste

sentido, algumas hipóteses podem ser levantadas: 1- os alunos acreditam que estão aprendendo,

porém baseados nos objetivos específicos de cada matéria o professor percebe que na verdade

ocorre dificuldade de aprendizagem ou 2- os alunos possuem dificuldades na matéria, porém a

didática que o professor desenvolve é satisfatória fazendo com que os alunos não sinalizem

dificuldade em aprender tais matéria. A delimitação deste trabalho não se propõe a testar tais

hipóteses.

A quinta pergunta consistiu em verificar como o aluno aprende melhor. Esta pergunta foi motivada

pela diversidade didática existente e segundo as múltiplas forma de ensinar podem atingir um

número maior de alunos. Outro fator relevante que motivou esse questionamento é a importância

em conhecer como os alunos aprendem melhor visando desenvolver uma aprendizagem

significativa.

Os adolescentes apontaram que, em primeiro lugar, aprendem com exposição verbal da matéria

pelo professor (citado 21 vezes), seguida por resolvendo exercícios (15 vezes) e no terceiro lugar

estudando com colegas e trabalhando em grupo (14 vezes cada).

Já os professores acreditam que os alunos aprendem melhor estudando com os colegas (citado 10

vezes), seguido por resolvendo os exercícios propostos ( 9 vezes) e por último, quando trabalham

em grupo ( 8 vezes).

Parte-se do princípio que a utilização de atividades investigativas solicita que o aluno tenha uma

atividade intelectual mais ativa, opondo-se ao ensino transmissivo, no qual o aluno apresenta

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atividade intelectual mais passiva, recebendo apenas as informações prontas do educador

(ZOMPERO, 2010).

Desta forma, comparando as estratégias didáticas apontadas os professores possuem ciência das

mais eficazes, porém não tem ciência da relevância apontada pelo aluno do aprendizado por meio

da exposição verbal da matéria. Por um lado esse fator demonstra que para o aluno a explicação

verbal do professor é fundamental, por outro, porém nos remete à ideia de que os alunos ainda

possuem uma relação de dependência do ensino ofertado pelo professor indo contra a ideia de que

os alunos devem desenvolver a habilidade de aprender a aprender.

As opções menos citadas pelos alunos como estratégias pedagógica menos eficazes foram a

matéria lecionada pelo power point e resolvendo avaliações ( 5 vezes cada) seguida por assistindo

a apresentação de seminários dos outros colegas ( 6 vezes). Os professores por sua vez afirmaram

acreditar que os alunos aprendem menos ao responder as avaliações (esta opção não foi citada

nenhuma vez), quando a matéria apenas é enviada por e-mail ( opção citada 2 vezes)e vendo

filmes sobre a matéria, com a apresentação da matéria por meio do power point e estudando em

casa sozinho ( cada uma dessas opções foram citadas 4 vezes).

Neste aspecto os professores parecem apenas estar parcialmente cientes das estratégias didáticas

menos eficazes, pois suas respostas coincidiram com as dos alunos quando falaram sobre o uso do

power point e das avaliações, porém não sabem que assistir a seminários de outros colegas é uma

estratégia pouco producente segundo os alunos. As outras opções poucos citadas pelos

professores apresentam performance mediana parecendo variar de produtividade de aluno para

aluno (matéria enviada por e-mail – opção citada pelos alunos 9 vezes, vendo filmes sobre a

matéria -9 vezes, estudando em casa sozinho -12 vezes).

As questões de número 6, 7, 8 e 9 eram relativas a dificuldade de aprendizagem. A discussão atual

sobre as dificuldades de aprendizagem percebe o discente como sujeito da aprendizagem que se

constitui como tal na interação social e nas apropriações e mediações histórico-culturais.

É preciso ressaltar que a análise das dificuldades de aprendizagem pressupõe a presença de fatores

sociais e culturais, enfocando as dificuldades que são produzidas no processo de escolarização e

não os problemas/dificuldades de aprendizagem em si (CENCI, 2010).

Atualmente, um dos maiores obstáculos é promover o ensino de qualidade para aqueles alunos que

se encontram aparentemente em um quadro de normalidade não apresentando aparentemente

nenhuma deficiência específica, porém possuindo diferenças no processo educacional (OMOTE,

2006 apud OLIVEIRA, 2012). Para tanto, faz-se necessário reavaliar e promover a desconstrução

do “mito da homogeneidade/homogeneização de um grupo de alunos” (CRUZ, 2010, p.38 apud

OLIVEIRA, 2012) dentro da escola ou até mesmo dentro de um grupo de alunos. Analisando esse

panorama, faz-se imperativo observar os pressupostos da Política Nacional de Educação Especial

na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), que possui uma proposta abrangente por

contemplar também essa parcela de alunos que, mesmo sem apresentar nenhum tipo de

deficiência, possuem dificuldades na aquisição do conhecimento por meio do processo de ensino

e aprendizagem. Com esta nova abordagem de Educação Inclusiva pode-se compreender as

dificuldades de aprendizagem de outra forma incentivando uma nova proposta de ensino que

busca transformações na maneira tradicional de se entender tais dificuldades, centradas quase

sempre nas limitações ou deficits apenas dos alunos, para uma nova prática que entende as

necessidades específicas de aprendizagem de uma forma ampla e global (GLAT; FONTES;

PLETSCH, 2006 apud OLIVEIRA, 2012).

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Neste ponto do estudo cabe ainda ressaltar que grande parte das dificuldades existentes no

processo de aquisição do conhecimento possuem caráter provisório, geralmente relacionado às

inadequações no processo de ensino-aprendizagem, o que se difere imensamente das dificuldades

geradas por um quadro clínico de alterações orgânicas (OLIVEIRA;NATAL, 2011;

MARCHIORI,1997 apud OLIVEIRA, 2012).

É fundamental ter ciência dos possíveis fatores que venham a dificultar o desempenho escolar dos

alunos. Desta forma, faz-se necessário verificar se os docentes têm ciência dos problemas que os

alunos possuem para que tais fatores sejam levados em consideração para o desenvolvimento de

uma didática adequada.

A sexta pergunta questionou aos alunos se um profissional já havia diagnosticado alguma

dificuldade de aprendizagem dentre as opções fornecidas. Os mesmos apontaram possuir

disgrafia, discalculia, dislalia, e TDAH ( 1 caso de cada dificuldade de aprendizagem) . Já os

professores quando questionados se têm ciência de que na turma possua algum aluno

diagnosticado com dificuldade de aprendizagem apontaram casos de dislexia, dislalia e TDAH ( 1

caso de cada dificuldade de aprendizagem). Aqui é pertinente fazer uma observação. Ao aluno foi

solicitado informar se já havia sido diagnosticado com alguma dificuldade de aprendizagem. Ao

professor também foi questionado da ciência de algum diagnóstico de dificuldade de

aprendizagem. Cabe ressaltar que no ano de 2013 nenhum diagnóstico de dificuldade de

aprendizagem com laudo de profissional pertinente foi entregue a Divisão de Apoio Pedagógico (

DIAPE) da turma 1AADMINT , fato este que desencadeia algumas hipóteses a cerca deste

pequeno grupo dos alunos que se auto declaram portadores de dificuldades de aprendizagem e

sobre os professores que apontaram saber de casos de alunos que possuem dificuldades de

aprendizagem: 1- os alunos apenas acreditam ter tais dificuldades de aprendizagens, 2- os alunos

realmente foram diagnosticados com dificuldades de aprendizagem porém não apresentaram

laudo, 3- os professores apenas acreditam que os alunos tem tais dificuldades, 4- os alunos foram

diagnosticados por profissional pertinente e informaram a dificuldade de aprendizagem apenas ao

professor porém não entregaram o laudo médico a DIAPE. Esse trabalho não se propõe a testar

tais hipóteses, porém cabe levá-las em consideração. Vale ainda destacar a importância da

comunicação entre responsável e Divisão de Apoio Pedagógico e da entrega de documentos que

comprovem a existência de fatores que dificultem a aprendizagem.

A sétima pergunta visava saber se os alunos tinham alguma necessidade especial de educação. Os

alunos apenas relataram baixa visão e a necessidade do uso de óculos e os professores disseram

não ter ciência de nenhum caso específico nesta turma.

Já a penúltima questão (pergunta oito) era sobre a existência de algum problema de saúde que

comprometa o desempenho escolar. Nenhum problema foi indicado pelos alunos e nenhum

professor afirmou ter ciência de caso que comprometa o desempenho escolar dos seus alunos.

E por fim, a questão nove se tratava da existência de problemas familiares dos discentes que

comprometa o bom andamento dos estudos. Os alunos apontaram morte na família, separação dos

pais e um aluno ainda afirmou ter problema familiar, porém não quis entrar em detalhes. Apenas

um professor apontou ter ciência de um caso de separação dos pais que comprometeu o

desempenho escolar. Cabe ressaltar que esta pergunta pode não apresentar um resultado realista na

medida em que os alunos podem não se sentir a vontade para tratar de assuntos tão íntimos em

uma pesquisa acadêmica.

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Desta forma, verificando que na turma não há a ocorrências significativas de alunos com

necessidades especiais de educação, DIAGNOSTICADOS com dificuldades de aprendizagens,

problema de saúde que comprometa o seu desempenho escolar ou problema familiar pode-se

depreender que o que ocasiona as dificuldades de aprendizagens está intimamente relacionado à

vivência socio-cultural do educando e ao processo de ensino e aprendizagem em si realizado ao

longo da vida escolar do indivíduo. Cabe ressaltar que este processo já vem delineando-se nos

nove anos de escolaridade anteriores dos educandos somando-se os possíveis estímulos realizados

nos anos da pré- escola. Com isso, os professores do CEFET- RJ apenas se inseriram neste

processo no ano de 2013 com o início das aulas desses alunos novos, estando com isso sua atuação

limitada e parcialmente condicionada aos estudos já realizados pelos alunos nos anos anteriores e

pelo curto tempo de trabalho de um ano com a turma em questão.

Após a leitura dos resultados tabulados do questionário respondido pelos alunos, o terceiro

questionário foi entregue aos professores.

A primeira pergunta do terceiro questionário indagou aos docentes em que medida conhecer

melhor o perfil do aluno foi útil para reorganização da didática em uma escala de 1 a 5. Em um

universo de 12 docentes que responderam ao terceiro questionário 67% marcaram os graus 4 ou 5,

demonstrando que ter acesso aos dados relativos ao perfil dos alunos contribuiu para a formulação

da didática da maioria dos professores.

A segunda questão consistiu em perguntar aos docentes se algum resultado os tinha surpreendido.

Como resposta 58% dos entrevistados afirmaram que sim. A questão 3 pedia que, em caso

afimativo de surpresa com as respostas dos alunos, os professores apontassem qual questão em

específico tinha o surpreendido e porque. Desta forma, três professores se surpreenderam com o

fato desta turma possuir hábito de leitura, dois docentes apontaram o fato de parte relevante da

turma frequentar à igreja e um último afirmou estar surpreso com a dificuldade dos alunos em

Geografia. Outros educadores apenas apontaram estar surpresos, porém não apontaram em que

aspecto especificamente. Estas respostas apontam que mesmo os educadores da turma

1AADMINT tenha um bom conhecimento a cerca dos seus alunos, algumas questões ainda se

mostraram surpreendente para eles.

Neste ponto da análise vale destacar a relevância da avaliação diagnóstica. Este tipo de avaliação é

um recurso pedagógico que vai além da prova clássica, cujo objetivo é contabilizar acertos e

erros. Com a avaliação diagnóstica, o professor deve ser capaz de chegar à matriz do erro ou do

acerto, interpretando a produção do aluno. De acordo com este tipo de avaliação, o professor

precisa localizar, num determinado momento, em que etapa do processo de construção do

conhecimento encontra-se o estudante e, em seguida, identificar as intervenções pedagógicas que

são necessárias para estimular o seu progresso. Esse diagnóstico, onde se avalia a qualidade do

erro ou do acerto, permite que o professor possa adequar suas estratégias de ensino às

necessidades de cada aluno ( MENEZES et al 2012).

Outro autor que discuti a avaliação diagnóstica é Libâneo (1994), o mesmo compreende que esta

avaliação permite identificar os progressos e as dificuldades dos alunos, determinada modificações

na forma de ensinar visando melhorias. Verifica as condições prévias dos alunos, ocorre no início

do processo de ensino aprendizagem ou durante o processo. Luckesi (2008, p. 81) esclarece: “a

avaliação não seria tão-somente um instrumento para a aprovação ou reprovação dos alunos, mas

sim um instrumento de diagnóstico de sua situação”. Isso significa que a partir dessa avaliação o

professor pode definir encaminhamentos adequados para a aprendizagem de seus alunos.

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A quarta questão perguntava se na opinião dos professores utilizar os dados deste

questionário no início do ano seria um instrumento de auxílio para organizar a sua prática.

Como resposta 92% dos entrevistados afirmou que SIM, a aplicação deste questionário seria

de grande ajuda para a construção da didática. Desta forma conclui-se que a utilização dos

resultados deste questionário como avaliação diagnóstica dos alunos ao início do ano poderia

servir de insumo para a construção de uma prática docente satisfatória.

E por último a quinta questão visava verificar se conhecer algum outro aspecto do perfil discente

que não foi contemplado neste questionário, ajudaria na formulação do ensino e 58% dos

professores afirmaram que SIM. Os professores que escolheram a afirmativa SIM citaram as

seguintes características como sendo interessantes ter ciência para formular a didática da matéria

que lecionam: a qualidade dos relacionamentos familiares, perfil socio-econômico, sugestões de

estratégias de ensino por parte dos alunos sinalizando como aprendem melhor, frequência que

estudam em casa, alunos que não se identifica com o curso e o diagnóstico psico-social. Alguns

professores embora tenham afirmado que conhecer outras características dos alunos seja

importante não especificaram quais características seriam essas.

Desta forma depreende-se que este questionário deve ser alvo de constantes reavaliações, onde a

cada ano as possíveis demandas existentes possam delinear as indagações pertinentes a serem

feitas aos educandos. Este procedimento visa a construção de um processo de ensino-

aprendizagem dialógico onde as características fundamentais dos alunos sejam respeitadas e

levadas em consideração para a elaboração da prática pedagógica. Este aluno deve sempre ser

visto como um sujeito socio-histórico que é fruto da sua realidade socio-cultural, porém que

também é sujeito e protagonista da nova realidade que está sendo construída por ele a cada dia.

5- Conclusões

De acordo com os princípios da Nova Gestão Pública, as Empresas e Órgãos Estatais devem

buscar uma administração pautada na eficiência e na busca pela qualidade por meio de atingir

metas específicas, espelhados nos fundamentos gerenciais das empresas privadas.

O sistema de gestão das empresas privadas atualmente busca desenvolver o marketing focado em

conhecer o seu nicho de mercado visando criar produtos e serviços especializados para

determinado público alvo.

Deste mesmo modo, este trabalho buscou verificar como o CEFET- RJ pode desenvolver uma

educação de qualidade ao conhecer o perfil dos alunos, especificamente os aspectos que

influenciam diretamente na aprendizagem.

O problema deste estudo surgiu do questionamento se algumas práticas típicas da gestão

empresarial poderiam contribuir para o melhor desenvolvimento do processo de ensino e

aprendizagem do aluno do CEFET-RJ . Em específico, foi motivado pela necessidade de

verificar em que medida conhecer o perfil do aluno pode contribuir para a formulação de

práticas docentes satisfatórias.

A partir destas indagações surgiu o objetivo geral deste trabalho que consistiu em verificar em que

aspectos conhecer o perfil do aluno no início do ano pode contribuir para o desenvolvimento de

uma didática satisfatória gerando um ensino de qualidade.

Para atingir o objetivo geral e também os específicos inicialmente foi realizada pesquisa

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bibliográfica. Livros, sites e artigos da base de dados da própria LATEC foram consultados. Uma

bibliometria no site da CAPES buscos os artigos mais recentes visando entrar em contato com as

atuais pesquisas.

A pesquisa bibliográfica realizada com temáticas diversas foi satisfatória na medida em que deu

fundamentos para a comparação entre esses dois universos da empresa e da escola pública e

possibilitou o desenvolvimento do questionário de pesquisa.

A metodologia escolhida foi a triangulação de dados, que consistiu na comparação entre as

respostas fornecidades pelos alunos e pelos professores de um mesmo questionário sobre o perfil

da turma. Em um momento posterior os resultados puderam ser analisados pelos docentes que em

seguida responderam um terceiro questionário que buscava verificar a pertinência em se conhecer

o perfil dos alunos.

Esta metodologia se mostrou satisfatória pelo fato de possibilitar primeiramente a definição do

perfil da turma pelos próprios alunos e pelos docentes. Em seguida ao ter acesso ao perfil

delineado pelos discentes, os professores puderam verificar que caracteristicas já conheciam e o

que ainda faltava conhecer . Puderam também avaliar a relevância de ter ciência do perfil da

turma logo no início do ano.

Neste sentido, conclui-se que o objetivo geral deste trabalho foi atingido pelo fato de 92%

dos docentes afirmarem que SIM, a aplicação do questionário que define o perfil da turma

no início do ano seria de grande ajuda para a construção da didática. Desta forma conclui-

se que a utilização dos resultados deste questionário como avaliação diagnóstica dos alunos

ao início do ano poderia servir de insumo para a construção de uma prática docente

satisfatória.

O primeiro objetivo específico que consistia em verificar o atual funcionamento das empresas

privadas e públicas dentro dos princípios da Nova Gestão Pública foi atingido com a pesquisa

bibliográfica. Primeiramente foi possível ter acesso aos estudos desenvolvidos por Bresser-Pereira

(2000) que trata da busca dos órgãos públicos por uma gestão similar à da iniciativa privada

pautada por metas, eficiência e visando desenvolver serviços de qualidade para o cliente-cidadão.

Em seguida a pesquisa bibliográfica possibilitou ter acesso às atuais práticas da iniciativa privada

e foram abordados temas com Gestão do Conhecimento, Gestão da Mudança. Esse referencial

teórico possibilitou maior entendimento sobre os parâmetros de alguns aspectos da atual gestão da

iniciativa pública e privada.

O segundo visava identificar conceitos fundamentais da educação para a definição do perfil do

aluno. Tais fatores foram conhecidos através da pesquisa bibliográfica que estabeleceu quatro

parâmetros para definir o perfil do educando que serviriam para embasar a didática do professor.

Esses parâmetros foram: aprendizagem significativa,didática, motivação e educação, dificuldade

de aprendizagem.

O terceiro objetivo específico era verificar se os professores tem acesso às informações

necessárias sobre os seus alunos para montar uma didática satisfatória foi atingido na medida em

que foi possível constatar pelo resultado do questionário que os professores desta turma possuem

um amplo conhecimento sobre às características dos seus alunos pois muitas das respostas

coincidiram. Com isso é possível concluir que possuem muitas informações conquistadas ao longo

de um ano de convivência que propiciam insumo para desenvolver uma didática satisfatória.

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Porém, no último questionário quando foram perguntados se alguma resposta dos alunos havia os

surpreendido, 58% dos entrevistados afirmaram que sim, possibilitando a conclusão de que

mesmo com a convivência de um ano com os discentes alguns aspectos ainda eram informações

novas que poderiam ter sido fornecidas no início do ano com o preenchimento de questionário que

define o perfil dos alunos.

O último objetivo consistiu em verificar em que sentido conhecer o perfil dos alunos propicia a

reorganização da didática do professor. Este objetivo foi atingido devido as respostas obtidas na

questão que indagou aos docentes em que medida conhecer melhor o perfil do aluno foi útil para

reorganização da sua didática, onde 67% marcaram os graus 4 ou 5, demonstrando que ter acesso

aos dados relativos ao perfil dos alunos contribuiria para a reformulação da didática da maioria

dos professores.

Com a elaboração desse estudo alguns aprendizados podem ser citados. Primeiramente a possível

contribuição de outras áreas para a solução de problemas de uma esfera em específico. Isto é, a

presente pesquisa utilizou de conhecimentos típicos da Gestão para analisar um problema da

educação é foi muito enriquecedor.

Outra constatação pertinente foi sobre o perfil dos adolescentes. Verificar que grande parte deles

possui o hábito de ler livros em um mundo cada vez mais dependente da leitura rápida típica da

Intenet, foi algo realmente surpreendente.

Com muitas respostas coincidindo, foi possível perceber que a convivência de um ano gerou um

grande conhecimento dos professores sobre as características da turma o que facilita o

desenvolvimento de estratégias pedagógicas.

E por último foi possível constatar que nesse tipo de trabalho realizado a comunicação entre as

partes envolvidas é fundamental.

Com os resultados desta pesquisa é possíveis sugerir as seguintes aplicações práticas:

1-Aplicação de um questionário no início do ano visando delimitar o perfil das turmas com o

objetivo de auxiliar o docente na elaboração da sua didática.

2-Criar mecanismos que visem ampliar continuamente a comunicação entre alunos, professores,

responsáveis, coordenação e setor pedagógico por meio de constantes reuniões e envio de

relatórios das partes envolvidas visando o diálogo ininterrupto.

3- Criação de projetos de extensão que incentive a prática cultural dos alunos que demonstrou ser

muito deficitária principalmente no que diz respeito à visita a museus, ida a teatros e ir a shows.

4- A pesquisa foi realizada na coordenação de Administração, porém a ferramenta de definição do

perfil do aluno pode ser aplicada em todos os cursos do CEFET.

A realização desta pesquisa foi muito enriquecedora. Ter a oportunidade de estudar os meandros

da sala de aula, o seu funcionamento e em que medida isto impacta o educando foi esclarecedor.

Do mesmo modo, poder delinear o perfil discente e entregar esses resultados aos professores

forneceu mais insumos para a elaboração da sua prática em sala de aula.

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Buscar possíveis caminhos em uma área diferente da educação, na administração, expandiu o

olhar sobre as práticas do ensino. O problema visto por um novo ângulo lançou luz sobre uma

nova perspectiva, trazendo a racionalidade administrativa para o campo educacional. Desta forma,

espera-se ter contribuído para lançar um novo olhar para este problema desde muito estabelecido:

a qualidade da educação.

Que os jovens do CEFET-RJ e das outras instituições de um modo geral, sejam cada vez mais

entendidos e estudados para que estratégias de ensino que venham propiciar a formação do

indivíduo crítico e do cidadão pleno sejam desenvolvidas.

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