VERA LUCIA MESSIAS FIALHO CAPELLINI
OLGA MARIA PIAZENTIN ROLIM RODRIGUES
Organizadoras
VIVÊNCIAS DO CURSO DE PRATICAS EDUCACIONAIS
INCLUSIVAS NA MODALIDADE EAD:
RELATOS DOS CURSISTAS
UNESP/FC
BAURU
2012
@ 2012 - Faculdade de Ciências. Bauru/UNESP – ISBN 978-85-99703-66-3
www.fc.unesp.br
Av . Eng. Luiz Edmundo C. Coube, 14 -01
17033-360 - Bauru-SP-Brasil
Telef. (14) 3103 6000
Permitido a reprodução desde que citada a fonte
UNESP – Universidade Estadual Paulista
Vice-reitor no exercício da Reitoria – Prof. Dr. Julio Cezar Durigan
Campus de Bauru
Faculdade de Ciências – FC
Diretor: Prof. Dr. Olavo Speranza de Arruda
Vice Diretor: Profª Adj. Dagmar Aparecida Cynthia França Hunger
Programa de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem
Coordenadora: Profª. Drª. Tânia Gracy Martins do Valle
Vice-Coordenadora: Profª Drª Ana Cláudia Bortolozzi Maia
Curso de Aperfeiçoamento em “Práticas Educacionais Inclusivas na área de
Deficiência Intelectual” na modalidade EaD
Coordenadora: Vera Lucia Messias Fialho Capellini
Revisora de Língua Portuguesa
Vera Lucia Spezi Pereira
Design gráfico
Ana Laura Rolim Rodrigues
Editoração e Normalização Técnica
Glória Georges Feres
Dados para catalogação
371.9 Vivências do curso de praticas educacionais inclusivas na modalidade EaD: relatos
dos cursistas. / Vera Lucia Messias Fialho Capellini e Olga Maria Piazentin Rolim
Rodrigues, organizadoras.-- Bauru: UNESP/FC, 2012.
237 p.
ISBN 978-85-99703-66-3
1. Práticas educacionais inclusivas. 2. Deficiência intelectual. 3. Relatos de
experiências.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
Vera Lucia Messias Fialho Capellini
7
PREFÁCIO
Leda Maria Borges da Cunha Rodrigues
13
PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS NA ÁREA DA DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL
Irení Aparecida Basso
16
DUAS BOAS NOVIDADES: CURSO EAD É MUITO BOM E A INCLUSÃO PODE SER
UMA REALIDADE PARA TODOS
Lívia Maria e Silva Galvão
17
MEUS CAMINHOS PELA INCLUSÃO
Marina Rossi Melo
21
APERFEIÇOANDO A MINHA PRÁTICA INCLUSIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Alcides Pereira da Silva Junior
28
PRÁTICA INCLUSIVA: O APRENDIZADO GERANDO MUDANÇAS
Amanda Nolasco de Oliveira Santos
32
PRÁTICAS INCLUSIVAS: UM DIREITO DOS ALUNOS
Ana Paula Souza Báfica
35
PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS – DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Mirian Coelho de Oliveira
38
ENTENDENDO A INCLUSÃO PARA GARANTIR E RESPEITAR OS DIREITOS DOS
ALUNOS COM DEFICIÊNCIA
Josiani Aparecida Julio de Oliveira
43
ERA O QUE FALTAVA: INFORMAÇÃO PARA O EDUCADOR
Hélvia Garcia Casadore Alberganti
45
INCLUSÃO: DISCUSSÃO ANTIGA – CONHECIMENTO NOVO
Adriana Costa Ferreira
46
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: AMPLIANDO HORIZONTES E POSSIBILIDADES
Adriana Lemos de Carvalho Soares
48
PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS E A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Ana Paula Radó Donnini
51
UM NOVO OLHAR PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA INCLUSIVA
Andreza Patrícia Balbino Cezário
53
NENHUMA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E TÃO GRAVE AO PONTO DE IMPEDI-
LO A TER AMIGOS
Elaine Marques Santo Urbano
56
TECER UM NOVO OLHAR ATRAVÉS DE NOSSAS EXPERIÊNCIAS
Maria Cristina de Andrade Silva
57
INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALUNO COM
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: A CONTRIBUIÇÃO DE VIGOTSKI
Maria das Graças Estanislau de Mendonça Mello de Pinho
61
O PROCESSO EDUCACIONAL INCLUSIVO EM SALA DE AULA
Débia Régia Silva Guimarães Borges
65
EDUCAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL: NOSSO PAPEL COMO EDUCADOR
Deize Mara Cecconi
68
A INFLUÊNCIA DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
AFETANDO NOSSOS HÁBITOS, MODOS DE TRABALHAR E DE APRENDER
Leila Paim de Souza
71
MINHA EXPERIÊNCIA COM O CURSO EAD
Liliane Mendonça da Silva Nascimento
75
IMPORTÂNCIA DO CURSO E SEGURANÇA PROFISSIONAL
Eliane de Almeida de Souza Valadão
80
APRENDER E APAIXONAR-SE FAZ TODA DIFERENÇA NA EDUCAÇÃO
INCLUSIVA
Ivone Maria de Moura
84
MUDANÇA NA FUNÇÃO PEDAGÓGICA DE PROFESSOR DE EDUCAÇÃO
ESPECIAL: UMA REFLEXÃO
Mariza Conceição Viana
88
O DESAFIO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Claudete Beatris Romani¹
92
REFLEXÕES, DÚVIDAS E CERTEZAS
Ana Mara Galasso Romera
96
INCLUSÃO: UMA LIÇÃO DE AMOR
Michele Vieira Ribeiro Doneda
98
SUPERANDO DESAFIOS EM CURSOS A DISTÂNCIA
Rosana de Cássia Aparecida Rodrigues Moura
102
APRENDENDO SEMPRE PARA AGIR COERENTEMENTE
Vanessa Aparecida Domingues Moreira
105
INTEGRAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA EM SALA REGULAR
Maria Valéria Polla Rodrigues
107
SOMOS TODOS IGUAIS NA DIFERENÇA
Cristiane Covolan Luvisotto
110
REFLETINDO SOBRE NOSSA PRÁTICA NA DIVERSIDADE DA EDUCAÇÃO
Keila Maria Bordignon
114
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA MUDANÇA DA VISÃO DO SISTEMA
EDUCACIONAL PARA SUPRIR UMA CARÊNCIA EDUCACIONAL
Kátia Regina Silva Silveira.
117
UMA BOA AVALIAÇÃO COMO SENDO PONTO DE PARTIDA PARA UM
PLANEJAMENTO MAIS EFETIVO
Ana Paula Souza da Silva Sichetti
120
DESAFIOS
Lúcia Helena Rodrigues Soquetti
122
PALAVRA DE ORDEM: ADMINISTRAR E CONFIAR QUE O ALUNO É CAPAZ DE
TUDO QUE QUISER
Grasieli Zampieri Laudissi
124
A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA
Liseti Menezes Sottovia
127
INCLUSÃO QUALIDADE DE ENSINO PARA TODOS
Jussara Ester da Costa Rossi
130
REFLEXÕES SOBRE CONHECIMENTOS NA ÁREA DA DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL
Regina Novaes Silva
134
UMA VISÃO DO CURSO E DA INCLUSÃO FORA DA SALA DE AULA
Tereza Maria do Amaral
136
CRESCER E APRENDER SOBRE OS SERES HUMANOS, SUAS SINGULARIDADES E
INCAPACIDADES: REFLEXÕES SOBRE AS PRÁTICAS QUE RESPEITAM A
TODOS.
Thais Helena Neves de Mello
138
APENAS A INSERÇÃO DAS CRIANÇAS COM ALGUMA DEFICIÊNCIA NO
AMBIENTE ESCOLAR NÃO PODE–SE CHAMAR DE INCLUSÃO
Isabel Cristina Lemos
140
MINHA EXPERIÊNCIA NO EaD
Maria Antonia de Toledo Barros Carvalho
144
A PRÁTICA PEDAGÓGICA COM O DEFICIENTE INTELECTUAL: REFLETINDO
SOBRE A IMPORTANCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA
Ana Paula Gonçalves de Araujo Mortimer
147
A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES NA SUA
PRÁTICA PEDAGÓGICA NA ESCOLA INCLUSIVA
Rose Lapa
150
PERCURSOS NA CONSTRUÇÃO DA APRENDIZAGEM EM AMBIENTE VIRTUAL
Rosalynn Davies Conrado Veiga
154
NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE A INCLUSÃO NAS ESCOLAS E O QUANTO ELA
SE FAZ NECESSÁRIA
Edvaldo Ribeiro Filho
160
CORAGEM: PRÉ-REQUISITO PARA UMA TRAJETÓRIA DE ACERTOS
Elaine Sueli Ferreira dos Santos
161
EAD: UMA FERRAMENTA PARA A INCLUSÃO.
Sônia Aparecida de Angeles Cerqueira Costa
165
EDUCAÇAO INCLUSIVA: UM TEMA PARA REFLEXÃO NO CURSO EAD
Gisele Coito Ermacara
167
RELATO SOBRE MINHA EXPERIÊNCIA COM PRÁTICAS EDUCACIONAIS
INCLUSIVAS
Natália Aparecida Perez Toma
170
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: ÊNFASE EM EXEMPLIFICAÇÕES,
SUGESTÕES DE TRABALHO E TEXTOS DE APOIO.
Patrícia Bento de Souza Campos
173
DIFÍCIL SIM! IMPOSSÍVEL NÃO: APRENDI A APRENDER VIVENCIANDO OS
ENSINAMENTOS DAS PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS
Patrícia Helena Martins
174
RENOVAÇÃO: PRÁTICA ANUAL PARA UMA EDUCAÇÃO QUE ACREDITA NO
VALOR DOS ALUNOS
Valéria Regina Giambroni Neves Monaco Perin
178
ESCOLA INCLUSIVA: PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UM ESPAÇO DE
CONVIVÊNCIA FLEXIVEL E SAUDÁVEL COM O APOIO DA FAMÍLIA E
EDUCADORES
Patrícia Aparecida Porto
182
TEORIA E PRÁTICA
Marcleida Lima Gomes
184
A IMPORTÂNCIA DE UM OLHAR DIFERENCIADO AO SISTEMA EDUCACIONAL
BRASILEIRO
Luciana Aparecida Camilo Hidalgo
187
PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO DA EDUCAÇÃO PARA TODOS
Fabiana Marcuzo de Caíres
192
MINHA EXPERIÊNCIA E GANHOS COM O CURSO EAD
Norma Carvalho Pereira
195
EXPERIÊNCIAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS
Vana Beatriz Soares do Amaral
197
RECONHECER AS DIFERENÇAS É ESSENCIAL NO CAMINHO DA INTEGRAÇÃO
Valéria Luiza Marques Campos
203
O QUE QUEREMOS EM NOSSAS SALAS DE AULA? ALUNOS TODOS IGUAIS? QUE
SE DESENVOLVAM DE MANEIRA IGUAL? QUE SE COMPORTEM IGUAIS?
João Paulo Silva de Oliveira
207
VALORIZANDO A FORMAÇÃO INTEGRAL DOS ALUNOS PORTADORES DE
DEFICIÊNCIA, ATRAVÉS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA, DO DIREITO E DA
IMPORTÂNCIA DA INCLUSÃO ESCOLAR NA REDE REGULAR DE ENSINO E NA
SOCIEDADE
Elisangela Maria de Lima Gonçalves
210
COMO IDENTIFICAR O ALUNO DEFICIENTE INTELECTUAL, QUANDO ESSA
DEFICIÊNCIA NÃO É VISÍVEL OU QUANDO AINDA NÃO É DIAGNOSTICADA?
Mariane Della Coletta Savioli Garzotti
213
PRATICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS - DEFICIÊNCIAS INTELECTUAL: UM
OLHAR REFLEXIVO
Romanilta Julia da Rocha
216
O PROCESSO DE INCLUSÃO É LENTO E ENVOLVE MUITOS FATORES
Vanuza Batista Gomes
219
EXPERIÊNCIAS A PARTIR DE UM CURSO EM AMBIENTE VIRTUAL
Cibelle Aparecida Vieira de Oliveira Pereira
224
PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS E A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Viviane Lauter Balbé
227
REFERÊNCIAS 229
ÍNDICE DE ESCOLAS 232
ÍNDICE DE AUTORES 235
7
APRESENTAÇÃO
O livro Vivências do curso de praticas educacionais inclusivas na modalidade
EaD: relatos dos cursistas, foi idealizado para constituir em um veículo de disseminação
e divulgação das experiências de professores da Educação Básica de escolas públicas
(municipal ou estadual) que atuam buscando a construção de escolas mais inclusivas.
Esses professores participaram do curso de Aperfeiçoamento em Práticas Educacionais
Inclusivas, promovido pela Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” - Campus de Bauru, sob minha coordenação. Contei com o
apoio de diversos professores do Programa de Pós-graduação em Psicologia do
Desenvolvimento e da Aprendizagem, sobretudo, da Professora Olga Maria Rolim
Piazentin Rodrigues, numa parceria com o Ministério da Educação, por intermédio em
2007 da Secretaria de Educação Especial, incorporada à nova Secretaria SECADI em
2011, que desenvolve em parceria com o programa Universidade Aberta do Brasil -
UAB o Programa de Formação Continuada de Professores na Educação Especial, cujo
objetivo é formar professores dos sistemas estaduais e municipais de ensino, por meio
da constituição de uma rede nacional de instituições públicas de educação superior que
ofertem cursos de formação continuada de professores na modalidade a distância.
Como concepção idealizadora deste livro de Relatos a temática geral constitui “o
amplo campo da educação”, para se tornar porta-voz de experiências concretas e
vivenciadas pelos professores-cursistas, como contribuição a solução de questões
imediatas ou de curto prazo relacionadas às práticas educativas como podemos observar
no relato da professora-cursista quando diz:
Como concepção idealizadora deste livro de Relatos a temática geral constitui “o
amplo campo da educação”, para se tornar porta-voz de experiências concretas e
vivenciadas pelos professores-cursistas, como contribuição a solução de questões
imediatas ou de curto prazo relacionadas às práticas educativas como podemos observar
no relato da professora-cursista quando diz:
“Interessante observar que fomos nos construindo enquanto grupo, criando laços,
apesar da distância, típica de um curso que a modalidade EaD nos impõe. Não sei
se o mesmo ocorreu com outros grupos, com outros tutores e formadores, mas no
caso de nossa turma, a turma 38, ficou claro que as participantes, tutora e
formadora, apresentaram, desde o início, grande afinidade. O carinho nos emails
8
trocados era palpável, se é que tal coisa possa existir em termos de comunicação
virtual.”
É grande satisfação e orgulho poder reunir aqui, relatos vindos de terras
longínquas. Queremos que nossos leitores participem dessas contribuições que vêm de
longe, mas que dizem respeito muito de perto à dignidade do ser humano em toda a face
da terra e, portanto, têm a ver de modo imediato com a tarefa educativa. Realçamos com
esses Relatos que a tarefa da educação é humana por excelência, esmerando-se, muitas
vezes, em seu aspecto científico, porém, sem nunca perder de vista o humano que
orienta a prática que devemos, quotidianamente, exercer.
A professora-cursista em seu relato abaixo demonstra, claramente, nosso
objetivo de oferecer aos leitores desse livro uma variada gama de experiências e de
sugestões de aprofundamento na compreensão da educação enquanto prática social. Seu
depoimento diz:
“No segundo módulo, começamos a ter contato com a especificidade da
educação inclusiva, sua trajetória ao longo da história”. Nesse ponto, que
sempre se levanta questionamentos sem fim, ficou visível o quanto já
progredimos quando falamos em inclusão, educação e sociedade. Em nossos
debates, nos maravilhosos bate-papos agendados, percebemos que ainda há
muito a se evoluir sim, sempre. Uma das características da humanidade é a
constante busca e necessidade de evolução é isso o que nos torna diferentes
dos demais animais, o que nos confere a racionalidade como diferencial.
Sendo assim, ainda precisamos e iremos sempre precisar evoluir. Porém,
quando olhamos para a história dos deficientes, em geral, é fato que grandes
e largos passos já foram dados até o presente momento.
Do total abandono, em lares especializados, passando pela época em que
divertiam o povo sendo usados como bobos da corte, vagando pelas vielas da
exclusão, transitando levemente pelo movimento da integração, quando
obtiveram um olhar diferenciado, até o momento inclusivo em que vivemos
hoje, o trajeto foi longo. Foi tortuoso, dolorido, muitas vezes, exaustivo para
os familiares, porém bem sucedido.
Nos capítulos dois e três, do módulo dois, discutimos ética e direitos dos
deficientes. Foram dois capítulos bem intensos e com discussões bem
acaloradas, diria eu. O assunto abordado levantou o tapete de nossas vidas,
de nossa sociedade e de nossas escolas, mostrando que, muitas vezes, a lei é
deixada de lado sim e todos nós fazemos vista grossa. E o fazer vista grossa
sinaliza uma forma de negligência, pois embora, na maioria dos casos, não
dependa única e exclusivamente de nós professores, quando nos calamos ao
perceber um erro legal, estamos contribuindo para a perpetuação desse erro.
“Finalizamos esse momento, percebendo nosso papel político na instituição
escola, junto aos nossos alunos da educação especial e da educação regular
que estejam incluídos”.
9
Neste livro, vamos encontrar Relatos que abordam questões filosóficas,
metodológicas e práticas que nos instigam, nos deixam incomodados e, muitas vezes,
numa situação instigante impulsionando o Educador a buscar respostas em cursos de
aperfeiçoamento como este, em Relatos e vivências de outros professores, em salas de
bate-papo onde nossos cursistas se reuniram, semanalmente, para discutir e trocar
experiências que deram certo. O Relato da professora abaixo mostra o quão importante
foi para ela a experiência de um curso EaD
“E chegamos ao final do curso”[...] Um curso que irá deixar muita saudade.
Quando optamos por um curso na modalidade EaD, invariavelmente, é por
falta de tempo para a realização do mesmo em modalidade presencial. Não
que o curso EaD não seja trabalhoso, pelo contrário, exige muito mais
disciplina. Quando não nos organizamos nas leituras e realizações das
atividades, dar prosseguimento parece impossível.
Meu olhar de educadora inclusiva saiu fortalecido desse curso. Através dos
textos, dos debates, dos emails trocados, fomos nos alimentando de
informação, de conhecimento, de experiências diversas, de ideias! A cada
dia, a cada ingresso na plataforma, uma nova e importante descoberta.
Minha prática... Passei a avaliar constantemente o meu fazer cotidiano. Para
cada dia, atribuo-me uma nota como educadora, percebo meus pontos
falhos, onde preciso melhorar, o que posso fazer nesse processo de
engrandecimento profissional.
Ser professor... Uma missão! Não somente uma profissão, pois não se exerce
tal função nas 8 horas em que se está frente à classe. Quando se é professor,
se é... 24 horas por dia, 7 dias por semana. As crianças do mundo parecem
estar sob sua responsabilidade, é como me sinto.
Ontem, 15 de outubro, dia do professor! Quero dividir um relato... Um relato
bobo talvez, mas que me fez encontrar, no dia de ontem, motivos suficientes
para acreditar que estou no caminho... Na véspera, 14 de outubro,
realizamos a festa do dia das crianças na escola onde leciono pela manhã.
Alugamos um pula-pula grande, pois nossos alunos são adolescentes e
adultos, é uma escola especial. Um dos meus alunos é cadeirante e assistia a
brincadeira dos demais alunos de sua cadeira de rodas. No meio de tantas
coisas para fazer, não me dei conta de imediato de sua solidão. Não sei
precisar o momento em que bati os olhos nele. Fui até lá e perguntei se ele
gostaria de ir no pula- pula. Ele disse que não. Eu insisti, disse que o
colocaria lá. Ele disse que sim. Não precisei de ajuda para tirá-lo da cadeira
e colocá-lo no brinquedo. E como ele não conseguia sustentar o corpo
sentado, coloquei-o deitado mesmo, no centro da cama elástica. Solicitei a
outro aluno que pulasse bem devagar ao lado do meu cadeirante. Com o
vibrar da cama elástica, seu corpo saltava também. E ele ria, gargalhava
alto, como eu nunca havia visto antes. Não fui a única a me emocionar ali. O
monitor do brinquedo olhou para mim e disse que nunca havia visto cena tão
linda antes. Acabados os 3 minutos que lhe eram de direito, coloquei-o de
volta em sua cadeira, e a festa continuou normalmente para todos nós.
Ontem à noite recebi uma ligação do aluno em questão. Era para me desejar
feliz dia dos mestres, dizer, com sua fala um pouco enrolada, que sou muito
importante para ele e que ele me ama. Emoção maior veio depois, quando
sua mãe veio ao telefone me falar que o brilho nos olhos de seu filho, ao
chegar em casa, relatando que havia pulado na cama elástica e que eu o
havia colocado lá, não tinha preço. A cada dia, na educação especial ou
regular, vivemos situações de vida com nossos alunos que podem realmente
10
fazer aquele dia valer a pena em nossas vidas. Enquanto professores,
munidos de um olhar que talvez nenhum outro profissional tenha, podemos
fazer total diferença.
E cursos como o que estamos encerrando, contribuem e muito para a
aquisição desse olhar. Um olhar não de piedade, de compaixão, de estar
fazendo isto ou aquilo porque Deus pregava. Um olhar humano que batalha
constantemente pelo humano. Um olhar que vê, que enxerga através e além...
Um olhar que não se traduz, um olhar mais que especial!”
Observamos, claramente, mediante os Relatos publicados neste livro que o
trabalho com a família merece um olhar especial. Que uma das funções da escola para
com essas famílias é a acolhida é o prestar esclarecimentos, o orientar. Muitas dessas
famílias são de origem bem humilde e desconhecem por completo seus direitos.
Percebe-se, aqui, a escola enquanto força política nas vidas dessas pessoas e os
professores, tornando-se a ponte que, certamente, ligará essa família a uma forma mais
confortável de viver.
Esses Relatos também se constituíram em subsídios valiosos para reflexão de
muitos paradigmas. Percebemos, nitidamente, quando a professora diz que
“O módulo cinco, veio colaborar para a desconstrução de paradigmas. Já
no primeiro capítulo a bomba: SEXO! Sim, nossos alunos se interessam por
sexo! Não, sinto muito, o deficiente não é uma samambaia! O vídeo
abordando o tema, com depoimentos de deficientes intelectuais, foi fabuloso.
Algumas colegas mostraram-se receosas, até chocadas. Mas, abrir os olhos
para a sexualidade de nossos alunos é imprescindível na construção de um
ser humano completo, integral, pleno. E precisamos ter em mente que, se
para os pais de crianças ditas normais, lidar com esse assunto é um tabu,
imagine para os pais de alunos deficientes. Nas escolas de modo geral ainda
não se trabalha com projetos que abordem a sexualidade efetivamente. Ficou
a deixa para pensarmos e avaliarmos nosso papel em mais essa
empreitada”.
Apresentamos, assim, aos nossos leitores diferentes experiências de educadores
que se debruçaram e refletiram sobre o processo de ensino e aprendizagem, oferecendo
uma variada gama de experiências fundamentais para a compreensão da educação
enquanto prática social como relata a professora cursista:
“E chegamos ao final do curso... Um curso que irá deixar muita saudade.
Quando optamos por um curso na modalidade EaD, invariavelmente, é por
falta de tempo para a realização do mesmo em modalidade presencial. Não
11
que o curso EaD não seja trabalhoso, pelo contrário, exige muito mais
disciplina. Quando não nos organizamos nas leituras e realizações das
atividades, dar prosseguimento parece impossível.
Meu olhar de educadora inclusiva saiu fortalecido desse curso. Através dos
textos, dos debates, dos emails trocados, fomos nos alimentando de
informação, de conhecimento, de experiências diversas, de ideias! A cada
dia, a cada ingresso na plataforma, uma nova e importante descoberta.
Minha prática... Passei a avaliar constantemente o meu fazer cotidiano.
“Para cada dia, atribuo-me uma nota como educadora, percebo meus pontos
falhos, onde preciso melhorar, o que posso fazer nesse processo de
engrandecimento profissiona”.
Os Relatos foram solicitados aos cursistas de forma colaborativa e estão
organizados na sequencia das turmas e dos cursistas que espontaneamente escreveram
os relatos. Em nota de rodapé, apresenta-se o nome da escola, a cidade e estado do
cursista. Ao final do livro há um índice remissivo organizado por Estado, em seguida
pelo nome do município e depois o nome da escola do professor participante do curso,
Considera-se essa informação relevante para que se possa avaliar a dimensão e
grandiosidade deste tipo de aprendizagem ao longo da vida em formato EaD. Adotou-se
também, para efeito didático de apresentação dessa obra, o critério de retirar dos relatos,
os agradecimentos especiais e carinhosos direcionados a coordenação, aos formadores e
tutores, mas sintam-se todos homenageados.
Temos, ainda, a satisfação de finalizar essa apresentação com o poema elaborado
pela professora cursista Abadia Suassuna Patativa do Assaré:
12
CORDEL DA PLATAFORMA FREIRE
Certo dia na escola
Num desses tarde HTPCs
A coordenadora disse:
— Hoje vou falá proceis
Da Plataforma Freire
Que dá curso de treis meis
Foi um tar de se espremê
Virá o zóio e torcê o nariz
Porque ninguém sabe direito
O que fazê com os aprendiz
Que não querem estudá
E nem iscuitá o que a gente
diz.
Na hora nem bola
Não prestei muita atenção
Mas no dia seguinte
Me baixo a inquietação
Corri pro computadô
E diz a minha inscrição
Foram dias de espera
Até que a resposta veio
Entre tantos escoidos
Eu também tava no meio
Deu frio na barriga
E até um certo receio.
Mas depois conheci a Lívia
De nossa turma a tutora
Minina linda de morrê
Parece inté uma dotora
Que além de tanto estudo
É também fina cantora.
Devagá foi ajeitando
E a turma 15 ela formô
Turma de muié valente
Que numa classe faz suadô
E pra elas o deficiente
É um ser de muito valô.
Nesses meses de estudo
Aprendemos sobre deficiença
Foram muitas as lição
Que fala dessas doença
Temos muito que aprendê
Pra aceitá as diferença.
Somos filhos de Deus
E todos somo irmão
Se existe palavra abençoada
Essa palavra é INCLUSÃO
Que dá a oportunidade
Do deficiente sê cidadão.
O trabaio é grande,
Duro e dicultoso
Porém, muitas veis
É por demais prazeroso
Você vê minino cego
Fazendo trabaio honroso.
Oxalá que no Brasil
A Educação inclusiva
Se torne uma realidade
De norte a sul seja viva
E se torne a bandeira
Dos professô da ativa.
É aqui no teleduc
Que as coisa acontece
Através de muito estudo
Que nóis cresce e aparece
E cada um pode espaiá
O que aqui nos oferece.
Tem gente do Rio de Janero,
De Duque de Caxias, Bauru
De Jundiaí, Cordeirópolis
E eu de Monte Azu
Que aqui se conheceu
E se gosta pra chuchu.
Todos dia de bate-papo
Só se vê lamentação
É a sardade chegando
Apertando o coração
Pois o curso ta caminhando
Para sua finalização.
Quero então deixá a todas
Um abraço apertado
Deixo também o endereço
Pra sê sempre lembrado
E o que oceis precisá
É só fazê o comunicado.
Abadia Suassuna
Patativa do Assaré
Vera Lucia Messias Fialho Capellini
Coordenadora do Curso
13
PREFÁCIO
IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PARA FORMAÇÃO
CONTINUADA DE PROFESSORES
A proposta do curso Práticas Educacionais Inclusivas envolveu um grande
número de professores das cinco regiões do nosso país, compartilhando do mesmo
objetivo, buscar conhecimento a cerca do tema inclusão da pessoa com deficiência.
Os professores das redes publica: municipais e estaduais, se inscreveram pela
Plataforma Paulo Freire (MEC) a fim de terem a oportunidade de formação continuada
gratuita e de qualidade, com propósito de conhecer estratégias para trabalhar com a
pessoa com deficiência.
Nosso grande desafio formar professores destas diferentes regiões, atendendo
seus anseios e desejo de novos conhecimentos sobre como promover a inclusão da
pessoa com deficiência, e para nossos professores, com papel de cursistas, um outro
desafio, utilizar os recursos da tecnologia para sua formação.
As tecnologias da informática associadas às telecomunicações veem provocando
mudanças radicais na sociedade por conta do processo de digitalização. Uma nova
revolução emerge a revolução digital (SANTOS, 2003).
E neste cenário digital, o curso foi oferecido para aproximadamente 1.200
profesores/cursistas, com carga horária de 180horas, onde utilizamos um Ambiente
Virtual de Aprendizagem, para mediação do formador/tutor com os cursistas.
Entende-se por AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem:
Ambiente – por ambientes podemos entender tudo aquilo que envolve pessoas,
natureza ou coisas, objetos técnicos (SANTOS, 2003).
Virtual - vem do latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus, força,
potência (SANTOS, 2003). Lévy (1996) em seu livro O que é o virtual? Nos esclarece
que o virtual não se opõe ao real e sim ao atual. Virtual é o que existe em potência e não
em ato. Citando o exemplo da árvore e da semente, Lévy explica que toda semente é
potencialmente uma árvore, ou seja, não existe em ato, mas existe em potência, mas,
caso um pássaro à coma a mesma jamais poderá vir a ser uma árvore. (LEVY, 1996;
SANTOS, 2003). Muitas vezes a expressão virtual é empregada como alguma coisa que
14
não existe, algo fora da realidade, o que se opõem ao real. Mas, fundamentado por Levy
(1996) virtual não se opõe ao real.
Ambiente virtual é um espaço fecundo de significação onde seres humanos e
objetos técnicos interagem potencializando assim, a construção de conhecimentos, logo
a Aprendizagem (SANTOS, 2003).
É possível atualizar e, sobretudo virtualizar saberes e conhecimentos sem
necessariamente estarmos utilizando mediações tecnológicas seja presencialmente, seja
à distância. Entretanto essas tecnologias digitais podem potencializar e estruturar novas
sociabilidades e consequentemente novas aprendizagens (SANTOS, 2003).
A modalidade de EaD ganha, a cada dia, mais espaço com o reflexo dos
benefícios do uso da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) na educação e as
mudanças significativas nas estratégias de ensino-aprendizagem; vivencia-se, assim, o
momento de expansão da EaD, efetivando-se como modalidade de ensino para
formação de grande número de pessoas em todo o mundo.
Segundo Barros et al. (2008, p. 6),
[...] para entender a Educação a Distância (EaD) é necessário compreender a
educação online que engloba todos os elementos que se referem ao virtual e
às formas metodológicas atuais organizadas para a aprendizagem. Quando
falamos em educação online estamos nos referindo à educação não presencial
mediada por tecnologias digitais. Isso engloba vários elementos como a EaD,
os E. B. M. learning(s), entre outros. Pode ser entendida como um conjunto
de ações de ensino e aprendizagem que são desenvolvidas através de meios
telemáticos como a Internet, a videoconferência e a teleconferência. A
educação online nos traz questões pedagógicas específicas com desafios
novos para a EaD e a presencial. Para o uso da educação online um dos
maiores desafios está na compreensão da diferença do paradigma virtual e do
presencial na utilização das interfaces da tecnologia disponíveis para a aula.
No Brasil, nos dias atuais, o número de oferta de cursos cresceu
significativamente, visando atender à formação continuada do professor em exercício e
às transformações na educação. Segundo Moran (2002, p. 13),
[...] educação contínua ou continuada, se dá no processo de formação
constante, de aprender sempre, de aprender em serviço, juntando teoria e
prática, refletindo sobre a própria experiência, ampliando-a com novas
informações e relações.
15
Este conceito caracteriza a educação continuada do professor, como uma prática
que favorece o repensar de sua atuação, e o coloca numa condição de aprendizagem
para as mudanças atuais no contexto educacional.
Neste contexto está claro que a educação por meio de novas mídias conectadas é
uma realidade cada vez mais presente e os relatos dos Professores, retratam a eficiência
e eficácia de se aprender online.
Leda Maria Borges da Cunha Rodrigues
Articuladora de Tutoria e Professora Colaboradora Programa de Formação Continuada
de Professores na Educação Especial
16
PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS NA ÁREA DA DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL
Irení Aparecida Basso1
Minha experiência com o curso EaD foi e será única, visto que, mesmo tendo
feito pós-graduação em Psicopedagogia Educacional e Clínica, a educação inclusiva e
as deficiências intelectuais, auditivas, visuais, físicas e outras, nunca foram tão
esmiuçadas, exploradas e questionadas como foram nesses encontros virtuais que
tivemos nesse curso.
Minha prática em sala de aula sofreu grandes alterações após a leitura e o estudo
de diversos textos e os questionamentos das nossas queridas Formadora-Colaboradora
Telma Maria Ribeiro e Tutora-Colaboradora Fernanda Ribeiro Mattar Barbaresco. Nós
todos ganhamos muito, mas, os alunos inclusos, com certeza, ganharão mais.
Nada ficou sem resposta. Posso dizer que os objetivos propostos pelo curso
sobre Práticas Educacionais Inclusivas na Área de Deficiência Intelectual foram
plenamente alcançados. Tudo foi mencionado para que pudéssemos entender que a
inclusão requer parcerias com todo pessoal da Unidade Escolar, família e comunidade;
que o educador deve propiciar ao aluno condições e oportunidades de explorar seu
potencial intelectual nas diferentes áreas do conhecimento, realizando sucessivas ações
e reflexões, utilizando diversas ferramentas com a finalidade de proporcionar maior
independência e autonomia à pessoa com deficiência ou dificuldade de aprendizagem.
Fui muito auxiliada no meu saber fazer e posso dizer com certeza que meu olhar
em relação aos meus alunos, minha prática educativa e metodologia sofreram
transformações visíveis. Conheci pessoas maravilhosas, pude trocar ideias e vou sentir
muitas saudades de tudo e de todos.
1 EMEIF “Professora Dinah de Mello Campos” - Ibitinga - SP
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DUAS BOAS NOVIDADES: CURSO EAD É MUITO BOM E A INCLUSÃO
PODE SER UMA REALIDADE PARA TODOS
Lívia Maria e Silva Galvão2
Essa foi minha primeira experiência num curso a distância. Confesso que nutria
certo preconceito em relação aos cursos não presenciais, Acreditava que não seria
possível manter uma qualidade acadêmica, utilizando-se, apenas, da internet como
veículo de comunicação. Ainda sou dos velhos tempos e acho que comunicação implica
contato visual, físico.
Bom, se eu pensava assim, devem estar se perguntando por que resolvi me
inscrever num curso a distância. É que apesar do preconceito, sou o tipo de pessoa que
não gosta de julgar o que não conhece e, aliada a essa minha característica, tinha uma
imensa vontade de voltar a estudar, algo que gosto imensamente e que, neste meu
momento de vida, só o ensino a distância poderia proporcionar.
Inscrevi-me na Plataforma Freire com a ajuda de uma colega, foi muito difícil
por problemas de conexão. Tinha a intenção de fazer um curso voltado para educação
de crianças com altas habilidades. Como não estava disponível, escolhi esse, que é um
tema atual e tem gerado muitas polêmicas entre os educadores.
Passado algum tempo, quando já tinha perdido a esperança de que o curso aconteceria,
recebi a mensagem com as instruções para participar do curso. Foi uma grande surpresa,
em todos os aspectos.
Superadas as dificuldades iniciais em lidar com as ferramentas, fui me
encantando e descobrindo que esse negócio de curso a distância é o “maior barato”. É
incrível como podemos nos sentir acolhidos por pessoas que não vemos ou escutamos a
voz. Foi uma grande descoberta e uma grande realização. Se me perguntarem hoje o que
penso do ensino a distância, minha postura será totalmente diferente, aconselho a todos
que experimentem porque realmente funciona.
O curso superou minhas expectativas em muitos aspectos, principalmente se
levarmos em conta que, inicialmente, não era o curso que queria fazer.
Foi um curso sério, onde os conteúdos são muito bem organizados, o suporte que
recebemos é melhor do que em um curso presencial onde, muitas vezes, as turmas são
2 EMEI “Teresa Hendrica Antonisse” – Ribeirão Preto - SP
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muito cheias e os formadores não conseguem dispensar atenção adequada a todos.
Apesar de estarmos em grupo, sentia-me, por vezes, como uma aluna particular, pois o
acompanhamento é próximo e individualizado, em que cada um tem seu tempo e todos
recebem atenção e orientação. É fantástico. A gente consegue até desenvolver
sentimento de carinho por pessoas que só vimos por fotografia... Meus paradigmas estão
todos de pernas para o ar...
O curso me proporcionou rever e ampliar minha visão em relação à inclusão,
possibilitando reflexões e me trazendo conteúdos muito ricos. Durante o curso, me dei
conta do quão grande era minha ignorância sobre o assunto e do quanto se tem a fazer
para que a implementação da inclusão ocorra efetivamente nas escolas da rede pública
de todo o país.
Por meio do curso pude confrontar meus preconceitos e meu ceticismo em
relação à eficácia do processo de inclusão. É claro que ainda acho que existem muitos
obstáculos a serem superados, mas hoje, de posse de todo este novo conhecimento, de
tantas informações preciosas, estou bem mais otimista.
Acredito que este curso deveria ser obrigatório para todos os professores das
redes públicas e particulares, pois, só através do conhecimento e da sensibilização dos
profissionais, seremos capazes de garantir um processo de inclusão eficiente, onde tanto
alunos incluídos como os não incluídos possam receber uma educação de qualidade.
A inclusão é uma realidade, no entanto, o conhecimento que os professores e
profissionais de educação, de um modo geral, possuem sobre ela é muito precário, o que
gera muitas críticas e posturas inadequadas que dificultam o processo de inclusão. A
escola enquanto instituição, não foi preparada, nem do ponto de vista humano nem do
físico, para a inclusão.
É comum a crença de que o “problema” do aluno incluído diz respeito apenas ao
professor responsável pela turma, a comunidade escolar não abraçou ainda a inclusão
como algo de responsabilidade de todos.
A maioria dos profissionais de educação desconhece os recursos e as tecnologias
assistivas disponíveis para auxiliarem no desenvolvimento das habilidades dos alunos
de inclusão. Quando se tratam de alunos com deficiência auditiva ou visual ainda existe
uma maior difusão e conhecimento de recursos, no entanto, as deficiências múltiplas e
intelectuais, bem como as físicas, ainda representam uma dificuldade a mais e,
consequentemente, assustam muito os profissionais que se sentem despreparados para
lidarem com elas.
19
É um reflexo natural do ser humano de reagir ao desconhecido de forma
defensiva, o que explica, em parte, a grande resistência por parte dos educadores em
relação à inclusão. Resistência esta que, acredito, só poderá ser vencida através do
conhecimento, da familiarização com o tema e com as estratégias e recursos
disponíveis, pela troca de experiências que resultará na ampliação dos conhecimentos e
no desenvolvimento de novas técnicas mais aperfeiçoadas e diversificadas para
atendermos os alunos especiais.
Em contrapartida, os órgãos responsáveis pelo desenvolvimento da educação no
país, também, têm sua parcela de responsabilidade na medida em que falham no
cumprimento das leis, na fiscalização em relação ao cumprimento destas leis e na falta
de divulgação destas mesmas leis. Também, não tem criado mecanismos competentes
para prepararem os profissionais e as instituições de ensino para a inclusão.
Eu mesma, antes de fazer esse curso, tinha muitas dúvidas e críticas em relação à
inclusão. Realmente duvidava que fosse possível, achava injusto com as crianças
incluídas uma vez que necessitavam de atenção especial que eu julgava difícil de ser
dada pelo professor, em sala, sozinho. Desconhecia por completo que a criança com
múltiplas deficiências tem direito a um tutor para auxiliar o professor na atenção às suas
necessidades, e que o deficiente auditivo tinha direito a um tradutor, que existiam
programas de computador para auxiliar o deficiente visual... São tantas as coisas que eu
desconhecia e que tenho certeza que outros tantos professores, como eu, ainda
desconhecem e que são fundamentais para que o aluno e o professor possam realmente
desenvolver um trabalho competente. Desse modo, volto a afirmar que todos os
professores deveriam fazer esse curso.
Vivenciei uma grande oportunidade de aprendizagem sobre a inclusão e troquei
experiências com profissionais de cidades e estados diferentes do nosso. Esse é um
outro aspecto do ensino a distância que contribui para torná-lo tão interessante.
Podemos ter uma visão do processo não só na nossa localidade como podemos fazer
comparações e receber sugestões de ações realizadas em outras unidades da federação
que deram certo. Estamos trabalhando com profissionais que estão atuando com
educação em diferentes séries, com diferentes abordagens, em diferentes realidades.
Essa troca de experiências proporcionada, sobretudo durante os fóruns de debate, foi
muito rica.
Saí do curso com excelentes sugestões de atividades e ações, inclusive uma
ação, envolvendo toda a comunidade escolar que foi socializada por uma colega e a
20
direção da minha escola, pediu-me que ajudasse a pôr em prática no ano que vem, em
nossa unidade escolar.
Essa experiência também me levou a buscar e me inteirar mais sobre como está
sendo gerenciado o processo de inclusão em meu município. Despertou em mim o
interesse em pesquisar como a Secretaria Municipal de Educação organiza o suporte aos
professores, de que recursos dispõem, quem são os profissionais responsáveis por dar
assistência aos professores, se temos profissionais na rede aptos a funcionarem como
tutores ou intérpretes, que tipo de recursos materiais dispomos e como poderemos
adquirir os matérias necessários, como se sentem os professores que possuem alunos
incluídos em suas salas, quantos alunos incluídos possuímos oficialmente na rede... São
muitas questões para as quais quero buscar respostas, com o objetivo de sensibilizar os
profissionais envolvidos e tentar mobilizá-los para que avancemos no processo de
inclusão em nosso município.
Enfim, para quem iniciou de forma um tanto cética, cheia de preconceitos, num
curso que não era a princípio o de sua primeira escolha, termino o mesmo imensamente
satisfeita e feliz, aguardando ansiosamente a próxima oportunidade de participar de um
curso de formação a distância, fazendo planos inclusive de me inscrever num curso de
pedagogia a distância, uma vez que minha formação é no magistério(nível secundário) e
em Psicologia(nível superior).
Agradeço muito a oportunidade e parabenizo a competência, não só dos
formadores e tutores, como de todos os envolvidos responsáveis pelo sucesso de nosso
curso, desde o planejamento até a execução final. Que muitos outros cursos como estes
possam ser disponibilizados para nós e para todos os professores que, como eu, buscam
aperfeiçoar sua prática profissional, mantendo-se atualizados, com o objetivo de
oferecer sempre uma educação de qualidade aos nossos alunos.
21
MEUS CAMINHOS PELA INCLUSÃO
Marina Rossi Melo3
Lembro-me como se tivesse ocorrido hoje, dia em que o Colégio recebeu
funcionárias da Subsecretaria Regional de Educação de Ceres – GO para triar os alunos
das salas exclusivas e encaminhá-los às salas inclusivas.
O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a
garantia de: III – atendimento educacional especializado gratuito aos
educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de
ensino; (LDB Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – art. 4º)
Cheguei naquela tarde para trabalhar. O acesso à biblioteca se dava pela sala de
vídeo onde aquelas senhoras estavam conversando e, fazendo um singular diagnóstico
de cada aluno das duas salas exclusivas que tínhamos em nosso Colégio. Ao passar por
elas, notei a calma que demonstravam e muita autoridade no assunto, inclusão. As
professoras traziam um a um e durante a conversa com eles, registravam suas
observações sobre as potencialidades intelectuais.
Daquela data em diante, ouvi muitos comentários, a favor e contra a inclusão.
Eu, sem compreender plenamente a implicação de toda aquela ação, resolvi não tirar
nenhuma conclusão precipitada. Na ocasião, ficou decidido que tais alunos deveriam
realizar suas transferências para a Escola Estadual.
A mãe de uma aluna com Síndrome de Down se revoltou e disse que não tiraria
sua filha daquele Colégio. Realmente, não precisaria. Bastava incluí-la numa sala ali
mesmo, como de fato aconteceu. A adolescente foi inclusa numa sala de alfabetização
cujos alunos iniciaram o processo de convivência com a diversidade.
Na lida com pessoas com deficiência, se não acreditarmos nas suas
potencialidades ensinaremos menos coisas e reforçaremos sua dependência.
Por outro lado, a crença nas suas capacidades e nas nossas de ensiná-los,
pode auxiliar na promoção do seu desenvolvimento, tornando-as pessoas
autônomas e produtivas (RODRIGUES; LEITE, 2010, p. 12)
Durante os estudos realizados a respeito dos “Fundamentos” - Módulo 2,
observei que a “educação inclusiva, ...é um processo em que se amplia a participação de
3 Colégio Estadual “Zeca Batista” - Anápolis - GO
22
todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regula” (RODRIGUES;
MARANHE, 2010, p.20).
Um sentimento de inclusão e aceitação do outro com suas limitações e
deficiências, não nasceu agora em meu coração. Penso que meus pais foram grandes
responsáveis e influenciadores para fortalecer este amor que tenho pelas pessoas com
deficiência. Em nossa família, conheci alguns parentes com deficiência: um tio com
Síndrome de Down e um primo com hemiplegia e dificuldade na fala. Mas a sensação
que tinha era de que havia muitos assim. Talvez pela humanidade com que todos
lidavam com a situação, haja vista na Declaração Universal dos Direitos Humanos:
“Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Contudo nem todas as famílias se preocupam
com esta formação para seus filhos.
Além de princípios familiares, os atuais educadores necessitam de formação
ética para lidar com todas as situações no ambiente escolar.
Um bom exercício profissional significa não apenas competência teórico
técnica, mas a capacidade de respeitar e ajudar a construir a dignidade, a
cidadania e o bem-estar daqueles com os quais nos relacionamos e que
dependem de nossa ação. Portanto, a ética [...] deve ser aplicada a cada uma e
a todas as atividades profissionais. (NEME, 2010, p. 04)
Meu primeiro contato com alunos especiais aconteceu aos 13 anos, quando
cursava o Ciclo 2, do Ensino Fundamental em São Paulo, na Escola Estadual de
Primeiro e Segundo Graus Cidade de Hiroshima.
A sala onde estudava, ficava em frente às classes especiais. Eu não sabia se nela
só havia alunos com deficiência, mas já tinha idade o suficiente para entender que
aquela sala era diferente. Sempre que podia, procurava observar aqueles alunos e não
havia, nessa época, uma política de inclusão. Ninguém se preocupava em promover
interação entre nós, mas eu tinha necessidade de interagir. Sentia uma força dentro de
mim que me impulsionava a buscar aqueles alunos. “A convivência com pares da
mesma idade, estimula o desenvolvimento cognitivo e social do aluno com deficiência
[...]” (RODRIGUES; MARANHE, 2010, p. 20).
É compromisso da escola inclusiva promover mudanças de atitudes
discriminatórias – a escola deverá trabalhar com quebra de tabus, estigmas,
desinformação, ignorância – que levam as pessoas a terem atitudes negativas
em relação aos seus alunos com deficiência (RODRIGUES; MARANHE,
2010, p. 20).
23
No ônibus, preocupava-me se os surdos não seriam enganados e de longe
observava tudo, mas não podia conversar com eles, pois não sabia a língua de sinais.
Os anos foram avançando e parece que houve um silêncio em meu coração. Não
tenho lembranças de ter visto outros especiais pelo meu caminho. Exceto na igreja onde
estagiei durante o tempo em que cursei Educação Religiosa, em 1986.
Morava em Anápolis onde estudava, mas estagiava em Brasília – DF, numa
igreja na Asa Norte. Ao chegar lá, fui incumbida de trabalhar com os ensinamentos da
Bíblia às crianças enquanto os pais ouviam o sermão, durante a cerimônia religiosa que
acontecia aos domingos.
Nessa turma, um garoto de nove anos era surdo. Como eu faria para ensiná-lo se
não conhecia a língua de sinais? Eu não sabia onde procurar formação, também
ninguém me orientou a respeito, embora Brasília tivesse um trabalho já avançado com
surdos.
O professor precisa ser criativo
A criatividade é qualidade que todo ser humano pode desenvolver em todos
os seus fazeres. O mundo não precisa mudar para sermos criativos, mas,
precisamos mudar nossa maneira de ver o mundo! (CAPELLINI; VALLE;
GIRALDI, 2010, p. 02).
Segundo Capellini; Valle; Giraldi (2010) podemos surpreender nossos alunos e a
nós mesmos fazendo algo diferente, experimentando novas possibilidades, novas
estratégias. Procurei pôr em prática estes ensinamentos embora não os conhecesse pelos
autores supracitados e, sim, pelas experiências de vida familiar, social e religiosa. Eu
ainda não havia feito um curso na área de inclusão ou qualquer outra capacitação para
lidar com crianças com deficiência, contudo, sabia que “não é o aluno que se ajusta,
adapta-se às condições de ensino, mas o movimento se dá de forma contrária [...]”
(LEITE; MARTINS, 2010, p. 04). Então, procurava ensinar as histórias bíblicas me
servindo de mímicas, teatro e desenhos para que ele também fosse contemplado com o
conteúdo das aulas.
Vinte anos depois, sem nunca mais tê-lo visto, reencontrei-o. Participamos
juntos em Goiânia – GO de uma formação para instrutores de LIBRAS, ministrada pela
FENEIS, promovida pela Secretaria Estadual de Educação de Goiás. Ele já estava
casado com uma surda. Juntos relembramos as histórias vivenciadas em sua infância,
24
daquele tempo em que fui sua professora. Hoje, ele trabalha com a educação de surdos,
em cursos de Informática, na capital goiana.
Retomando os acontecimentos daquela época, conforme mencionei no início do
texto, procurava sempre que possível levar alguma peça teatral, brincadeiras e presentes
àqueles alunos das classes especiais. Na ocasião, eu cursava o Magistério e preparava
diversas atividades teatrais. Numa destas apresentações, na Páscoa, estávamos no palco,
eu e meu filho com seis anos na ocasião, contando história. Ele trajado de coelhinho,
fazendo as peripécias que eu havia ensinado.
Nessa apresentação, avistei uma menina, conhecida por mim, em meio às
ciranças com deficiência. Foi um susto muito grande! Eu sabia que ela não era
deficiente mental, então por que estava entre os alunos especiais? Recompus-me,
continuei a apresentação e, no dia seguinte, procurei ajuda. Fui à Subsecretaria Regional
de Educação, na época já inaugurada em Itapaci – GO, não mais necessitando do
acompanhamento da Subsecretaria Regional de Educação de Ceres – GO. Lá conversei
com a coordenadora do “Projeto Acelera”, pois me sentia segura com essa coordenadora
que demonstrava compromisso com a educação.
Após explicar o ocorrido e minhas percepções sobre a situação, ela me convidou
a, junto com a família, buscarmos uma mudança de vida para aquela menina que, na
ocasião, já estava com 11 anos e ainda era analfabeta. Eram questões decisivas que
implicavam em “acertar” ou “errar” na escolha.
É importante, registrar aqui que, no final do ano anterior, essa criança havia me
falado assim: “Tia Marina, me ajude, repeti de novo”.
Aquelas palavras ecoavam em minha mente e coração. Como podemos ajudar
alguém quando não sabemos o que fazer? A literatura nos subsidia, dizendo que “O
sucesso acadêmico do educando depende da parceria forte entre a família e a escola:
juntos, com o mesmo objetivo” (MELCHIORI, RODRIGUES; PEREZ, 2010, p. 01).
Busquei a família, explicando que levar a garota da 3ª Série para a Alfabetização
não seria um retroceder, mas um avanço para que, alfabetizada no final do ano, a
menina pudesse prosseguir na 4ª série, normalmente. Seus pais acreditaram em mim e
eu acreditei na coordenadora do “Projeto Acelera”. Juntos então, família, escola e
comunidade investimos e, ao final do ano, de fato a menina já estava alfabetizada.
Recebi uma carta escrita por ela, com expressões de amor e gratidão. Sua dificuldade foi
superada.
25
É importante ressaltar que a criança pode apresentar avanços lentos, mas não
se pode aceitar que chegou ao seu ponto máximo por causa disso. O fato de
apresentar atrasos, quando comparada aos seus colegas..., não significa que
deixará de ter avanços. É importante o professor pensar em estratégias de
ensino diferenciadas que possibilitem aprendizagens significativas
(MELCHIORI; RODRIGUES; PEREZ, 2010, p. 18).
Com esta experiência aprendi muito. Contudo, quero dizer que, o Projeta
“Acelera” não é, necessariamente, a única estratégia, afinal, eu nem possuía habilidades
para articular estas situações com a deficiência intelectual. Como cidadã busquei ajuda
em prol de uma criança que estava à mercê do sistema educacional, esperando,
simplesmente, aprender a ler e a escrever.
Em 2002 o Governo Estadual enviou um instrutor de LIBRAS à Itapaci – GO
para iniciar um curso de linguagem de sinais. Na época, eu já havia sido aprovada em
concurso público e exercia uma função administrativa em um Colégio Estadual. As
vagas para o curso eram destinadas aos professores, mas lutei muito por uma delas.
Geralmente sobram vagas para estes cursos no interior do Estado. Que experiência
maravilhosa! Foram 40 horas preciosas para mim.
Após aquelas 40 horas (Módulo I), aguardei, incessantemente, a vinda dos
demais Módulos para concluir o curso de 160 horas. mas somente em 2005, outra
instrutora retornou para ministrar o Módulo II.
Percebia que os surdos daquela cidade conheciam muito pouco de LIBRAS e
não tinham intérprete em sala de aula, exceto um aluno que recebeu uma intérprete,
após esta capacitação inacabada. Os surdos precisavam estudar. Tanto os adultos quanto
os jovens e crianças estavam lá, aguardando oportunidades. Tendo estudado somente os
conteúdos dos dois Módulos, organizei um grupo de estudo de LIBRAS, convidei várias
pessoas da cidade, inclusive os surdos. Dentre eles, alguns eram analfabetos e não
conheciam nada de LIBRAS.
Naquele ano, viajei 500 quilômetros (entre ida e volta), todos os sábados, para
concretizar meu sonho: concluir o curso de LIBRAS. A cidade onde eu morava
distanciava da capital, quase 250 quilômetros e, somente lá havia uma escola que
ministrava tal curso. Todos os sábados, eu sofria de dores de cabeça devido às noites
mal dormidas, pois, acordava as 03h30min para conseguir chegar à escola às oito horas.
Contei para isso com vários patrocinadores, afinal, o curso e as passagens estavam além
de minhas possibilidades financeiras.
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Hoje, com o curso “Práticas educacionais inclusivas na área da deficiência
intelectual” através da EaD, pude me formar com qualificação e muito conforto, sem
custos e sem sofrimentos.
No início de 2006, lutei muito para organizar uma sala de alfabetização para
aqueles surdos que não sabiam ler, escrever, contar, usar sua própria língua materna.
Deparei-me com muitos obstáculos. Por fim, a subsecretária me autorizou usar uma
sala, duas ou três noites por semana. Organizei aulas de no máximo 2 horas, afinal, eles
chegavam cansados do trabalho diário. A faixa etária era de 35 a 55 anos. Lembro-me
da alegria de uma das senhoras surdas, nos momentos de interação e aprendizado. Ela
era a única que conhecia um pouco da linguagem de sinais, pois havia morado um
tempo em Brasília e lá havia aprendido.
Disseram-me que eu não poderia organizar aquela sala, pois, os surdos deveriam
ser inclusos na rede regular. Nessa época, não havia EJA, muito menos intérprete na
cidade.
O trabalho de educação com aqueles surdos adultos só durou meio ano, tive que
me mudar para Anápolis – GO. Deixei algumas pessoas com um conhecimento básico
em LIBRAS e diversas com conhecimento superficial, mas não houve continuidade esse
trabalho.
Ao chegar a Anápolis, fui a Subsecretaria para definir em que escola seria
modulada, permitiram-me escolher o local, então, optei por uma escola inclusiva, onde
estou desde julho de 2006.
Quando tomei conhecimento da Plataforma Freire, imaginei que poderia tentar
uma vaga em um curso de Pós Graduação. A princípio pensei que não teria direito pelo
fato de não estar atuando como professora, embora me sinta como docente. A
propaganda na T.V. dizia que era para professores e, mesmo assim, resolvi tentar.
Como não foi possível Pós Graduação, notei que as Formações Continuadas
estavam com as inscrições abertas, efetuei a inscrição. Fiquei muito interessada em
formação na área de deficiência, por isso me inscrevi para este curso. Procurei ser
sincera e não omiti a função que exerço, mesmo que para isso corresse o risco de perder
a vaga. Aproximadamente quatro meses depois, recebi um comunicado que meu pedido
fora aceito. Fiquei muito feliz.
Iniciei o curso! Tive algumas dificuldades no ambiente virtual, mas isso foi
normal para quem pela primeira vez participa de um curso EaD. Aos poucos, fui
aprendendo. Vi colegas desejando desistir, encorajei-as a continuar.
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Todo o material que recebia foi impresso e realmente estudei-os com dedicação.
A cada leitura, eu aprofundava meus conhecimentos sobre inclusão. Sempre partilhava
com outros professores as novidades e, lhes disponibilizava os materiais que seriam
necessários para a melhoria de seu trabalho. Agi como agente de transformação pela
inclusão. Agora tenho uma riqueza em mãos.
Estudar através da EaD é bem melhor! Posso administrar meu tempo e meus
dias. Realizo as atividades no dia e no horário que bem desejar. É claro, obedeço a data
da postagem, contudo esta flexibilização de horário é adequada às pessoas que estão
engajadas em um acelerado ritmo de vida com estudos, trabalho, família, educação dos
filhos, responsabilidades com a casa, enfim, adultos que, talvez, jamais poderiam
frequentar uma Universidade com aulas presenciais. Também, é necessário muita
responsabilidade, afinal, o aluno é quem administra o desenvolvimento das atividades.
Tutor, coordenadores, formadores, técnicos no ambiente virtual desempenham
um papel importantíssimo, subsidiando nosso aprendizado. Todas as dúvidas são
reportadas a eles e o feedback é certo. O aluno precisa ser sério e ético, assumindo suas
responsabilidades com o curso. Se não for centrado e objetivo com seus propósitos,
dificilmente, chegará ao final. Venci.
Agora é aguardar que haja flexibilidade também no sistema burocrático, a fim de
que eu possa de fato desempenhar minha verdadeira vocação, a docência. Enquanto
aprovada em concurso público para funções administrativas, não me permitem assumir
uma sala de aula. Quem sabe, um dia...
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APERFEIÇOANDO A MINHA PRÁTICA INCLUSIVA: RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Alcides Pereira da Silva Júnior4
Nesse relato pretendo mostrar minha satisfação ao concluir o curso “Práticas
Educacionais Inclusivas”. Na oportunidade, pude perceber e esclarecer muitas dúvidas
que, na prática, ainda, fazem parte do cotidiano de muitos professores que estão na rede
pública de ensino. Curso como esse deveria ser implantado por todos os órgãos
responsáveis por uma educação de qualidade, não apenas sob a responsabilidade do
MEC (Ministério da Educação) que, muitas vezes, não consegue alcançar a maioria do
público alvo esperado.
Durante muito tempo, vivemos numa sociedade excludente, achando que o
correto era ver as coisas “daquele modo”. Mudar essa condição é um trabalho árduo.
Falar em concepção ainda é tabu, acreditar que de fato podemos conviver em harmonia
com a diversidade e que ela é importante para o aprendizado em geral, faz com que os
teóricos da área pesquisem, cada vez mais, situações reais que tornem a inclusão um
fato real.
A cada módulo estudado no curso, pude compreender a importância de se
trabalhar a inclusão, falamos sobre a história da inclusão social e educacional da pessoa
com deficiência, o desenvolvimento humano e a aprendizagem, avaliação e conceitos
relacionados a entender melhor como se desenvolve o ser humano dentro de uma visão
inclusiva.
Portando, neste texto, a pretensão é demonstrar o que é possível e o que é real
perante a inclusão através dos conhecimentos adquiridos pelo curso que sem dúvida
trouxe conceitos importantes para a melhor compreensão na área, estruturando
conceitos e estabelecendo relações possíveis para a inclusão.
No início do curso, propuseram um questionário sobre as questões levantadas
em relação aos conhecimentos sobre inclusão. As questões estavam pautadas na relação
que havia entre aluno-professor, aluno-aluno, professor-professor, escola-comunidade.
As experiências que tínhamos com alunos deficientes foram levadas em conta. A partir
4 EMEI “Profa. Magda Contart dos Santos” – Pontal - SP
29
daí, foi possível compreender melhor os conteúdos que seriam propostos no decorrer do
curso.
Assim que terminei o curso para professor em 1989 denominado Magistério,
curso técnico para formação de professores para o ensino nas séries iniciais do Ensino
Fundamental, fui convidado a participar da criação da instituição APAE do meu
município, Pontal/SP. Na ocasião, tive a oportunidade de realizar um curso de
Especialização para trabalhar com deficientes, oferecido pela APAE de Jaboticabal/SP,
com duração de 180 horas. Em seguida fui para o Estado trabalhar com as Classes
Especiais, salas com crianças que tinham sido testadas por psicólogos e que eram
encaminhadas para a alfabetização. Trabalhei até 1998, quando então as classes
especiais foram substituídas pelas salas de recurso.
Durante minha atuação com os alunos encaminhados para a Classe Especial,
meu foco de trabalho era a inclusão, minha preocupação maior estava na denominação
da sala e onde estava localizada, geralmente era uma sala pequena, embaixo da escada,
no fundo do corredor ou até mesmo um antigo depósito.
Procurava sempre fazer algumas parcerias com os outros professores da escola.
Caso na escola tivesse dois primeiros anos, A e B, por exemplo, minha sala era o
primeiro ano C. Para a continuidade de estudos, meus alunos eram encaminhados para
uma turma que havia um professor com um perfil diferenciado, esse cuidado tinha por
finalidade dar aos alunos, ao chegar na turma nova, maior acolhimento, não sendo
discriminados por terem passados pela CLASSE ESPECIAL.
Participei de vários cursos sobre inclusão, problemas de aprendizagem,
deficiências de aprendizagem e outros assuntos que eram pertinentes a minha atuação.
Tinha muitas dúvidas em relação aquele tipo de inclusão, que, na verdade, nada mais
era que uma exclusão. Compreender de fato que a inclusão acontece nas escolas ainda é
difícil, pois depende muito da concepção de aprendizagem que cada um possui.
O curso Práticas Educacionais Inclusivas na sua dinâmica propõe “a veiculação
de informações sobre deficiência intelectual e seus desdobramentos para prestação de
serviços, via educação, à pessoas com deficiência intelectual”. Foram trabalhados temas
como: aspectos etiológicos, conceituais, históricos e legais da Educação Especial,
desenvolvimento infantil, postura ética frente à deficiência, relação família escola e
aspectos da sexualidade.
A elaboração e execução de avaliações diagnósticas deram subsídios para a
implementação de práticas educativas voltadas para o ensino efetivo de pessoas com
30
deficiência, como, por exemplo, o ensino colaborativo, o planejamento individualizado,
além da utilização de recursos lúdicos e jogos. “A informática é hoje, ferramenta
indispensável para o trabalho pedagógico.”
Minha expectativa estava ligada aos conhecimentos que ainda não faziam parte
de nossas práticas em sala de aula. Novos conhecimentos vão sendo adquiridos a partir
do momento que ocorrem mudanças. A mudança de comportamento é sinal que houve
aprendizagem. Dar importância a uma nova aprendizagem conduz a novos
conhecimentos. Esse movimento pode ser percebido quando é possível respeitar o ritmo
que cada um tem para aprender. Esse ritmo só será respeitado no processo de
conhecimento das capacidades de cada um. Cada um traz uma história de vida que
determina formas diferenciadas de comportar-se diante de uma situação. A todo
momento o contexto de interação torna-se diferenciado e diversificado fazendo todos,
da equipe escolar, procurar novos conhecimentos.
Daí a importância da formação continuada, adquirindo novos conhecimentos,
buscando aumentar a capacidade de compreensão em relação às dúvidas de qualquer
conteúdo. Compreender melhor como ocorre a aprendizagem, respeitando o ritmo, os
conhecimentos, as condições, as causas, os aspectos conceituais, históricos pode
garantir o aprendizado dos alunos. Isso envolve o trabalho de toda a escola e da
sociedade. O resultado é uma sociedade mais justa, solidária e igualitária para todos.
Pensando que o movimento pela inclusão está atrelado à construção de uma
sociedade democrática, aprendemos como eram os deficientes durante a história da
humanidade. Saber que na Antiguidade estava atrelado a alguma maldição ou até
mesmo a castigos, na Idade Moderna eram banidos da sociedade por ter
comportamentos que não condiziam com a época, faz-nos refletir a respeito da condição
social e educacional de cada época para a construção da história. É importante saber o
porquê dessas condições e das ações que levaram às extremas covardias que hoje é
possível perceber.
O que difere a sociedade atual das sociedades antigas? Para refletir a respeito
dessas questões é preciso atentar para a relação que temos com as pessoas. Convivemos
com as diferenças, apesar de ainda convivermos numa sociedade individualista.
Dar a oportunidade de inclusão social e educacional, propondo uma condição
melhor para a convivência é função da escola. A participação de todos para a construção
de uma sociedade inclusiva é fundamental. A participação da família é o começo. É
nesse seio que se inicia o convívio natural das pessoas. Importar-se com o
31
desenvolvimento do indivíduo, como está relacionando-se com os outros, faz com que a
família perceba suas necessidades.
Na escola, podemos perceber o quanto é importante a participação da família na
construção de cidadania. É na escola também que podemos perceber o quanto é
necessário essa participação. Em se tratando de inclusão a falta de informação da
família pode mudar o rumo de muitos excluídos. Como, então, colocar essa instituição,
que tem um papel fundamental no desenvolvimento do indivíduo, numa participação
mais ativa e efetiva? Ações conjuntas, parcerias, formação e acompanhamento são
condições necessárias para uma escola que pensa na inclusão.
Ter conhecimento de como ocorrem os fatores que desencadeiam a exclusão,
torna a escola uma instituição que apresentará para toda a sociedade uma tarefa de
facilitadora na busca de novas oportunidades para cada um. No mercado de trabalho, na
continuidade da carreira acadêmica ou, simplesmente, conviver em sociedade, só terá
oportunidade de escolha aquele que tiver condições de conhecimento e isso é papel de
uma escola inclusiva.
Entender conceitos como sexualidade, flexibilização de ensino, ensino
colaborativo, criatividade, habilidades sociais, tecnologia assistida proporcionou a nós,
cursistas, um aprendizado concreto, articulando o currículo prescrito com o currículo
real nas escolas, quando se tem um conhecimento teórico a respeito de um conteúdo a
ser trabalho é possível colocar em prática de maneira mais efetiva.
O curso trouxe conhecimentos que proporcionarão muita reflexão sobre nossa
prática em sala de aula. O ir e vir no desenvolvimento de atividades que atendem as
expectativas de aprendizagem, a avaliação dos conhecimentos, a nova reflexão sobre o
que aprendeu e o que precisa avançar contribuirá no aprendizado dos alunos. Fazer da
inclusão uma ação que vai ocorrer de fato, está na Legislação, agora ter essa ação como
prática, é fundamental para se ter uma sociedade justa, solidária e igualitária.
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PRÁTICA INCLUSIVA: O APRENDIZADO GERANDO MUDANÇAS
Amanda Nolasco de Oliveira Santos5
Percebe-se que a maioria dos professores está comprometido com a prática
docente e se preocupam em fazer a diferença nas buscas constantes do saber para
melhor atender seus alunos.
O professor só consegue usar, em seu trabalho, as tecnologias disponíveis, se
conhecê-las. Fica evidente a necessidade de se pensar estratégias de promoção e
valorização das escolas A escola é um importante espaço difusor de cultura e
informação, tornando-se o lugar ideal para se desenvolver, junto ao aluno, a elevação de
sua autoestima e, consequentemente, seu papel de cidadão na sociedade.
É necessário um vínculo afetivo para que se possa compreender as necessidades
e o comportamento dos alunos, bem como suas limitações. Com isso, há a valorização
dos alunos, das ideias divergentes, é incentivado o surgimento de liderança criando um
ambiente favorável ao aprendizado com soluções criativas para os diversos problemas,
do cotidiano escolar.
As crianças que frequentam as escolas, muitas delas com dificuldades de
aprendizagem não são crianças incapazes, apenas apresentam alguma dificuldade para
aprender. Já um aluno com desordem neurológica seguramente terá mais dificuldades
para aprender e, consequentemente, necessitará de intervenções pedagógicas pontuais e
sistemáticas.
Segundo Vigotski (1991) todo auxílio prestado à criança em suas atividades de
aprendizagem é válido, pois, aquilo que a criança faz hoje com o auxílio de um adulto
ou de outra criança maior, amanhã estará realizando sozinha. Desta forma, o autor
enfatiza o valor da interação e das relações sociais no processo de aprendizagem.
Para enfrentar essa maratona de alunos com dificuldades ou deficiências nas
escolas, os professores têm que procurar ajuda e, muitas vezes, as escolas não possuem.
Elaborar aulas levando em conta os estilos de aprendizagem e criar atividades
diferenciadas dá trabalho, implica na busca de auxílio com outros colegas ou cursos
que, são oferecidos pela secretaria de educação da cidade em que reside ou em cursos
do MEC. Professores se inscreveram e foram selecionados para realizar esse curso por
intermédio do TelEduc.
5 Escola “João Alcindo Vieira” - Rua Jose Bonifacio n. 487 - Guarei –SP
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Foi através desse curso maravilhoso que eu e muitos outros professores
conseguimos mudar nossa prática pedagógica e ajudar os alunos com dificuldades de
aprender e os que nem conseguiam entender o que é aprender, ou seja, crianças com
ritmos, interesses e jeitos diferentes de aprender. Quando a aprendizagem não ocorre
tanto o aluno quanto o professor sentem-se frustrados e desmotivados, o que acaba
gerando uma carga emocional negativa com todo o grupo. Por esse motivo sentimos,
muitas vezes, incapazes de ensinar, mas com a ajuda desse curso, pudemos diferenciar
nossas atividades, criando, flexibilizando e, ainda, contando com o trabalho
colaborativo do professor especializado, o que foi muito legal.
Sou professora na Escola João Alcindo Vieira e minha sala é um 3º ano, com 28
alunos, sendo um aluno deficiente auditivo, uma aluna com atraso no Desenvolvimento
Neuropsicomotor (DNPM) e oito com dificuldades de aprendizagem.
Num primeiro diagnóstico pude observar que os alunos tinham:
Falta de concentração;
Sintomas de hiperatividade;
Leitura escassa;
Dificuldades em relacionar números e quantidades;
Dificuldades ortográficas;
Desinteresse pela aprendizagem.
Quando me deparei com todas essas dificuldades na sala, percebi que deveria
buscar auxílio, mas não tinha ideia de onde ou quem procurar. Estava no início do curso
de Práticas Educacionais Inclusivas. Este curso me deu a segurança que procurava para
seguir adiante.
Através da interação com os colegas do curso, da diversidade de textos
oferecidos e das várias atividades propostas pude, com confiança, mudar minha prática
pedagógica para, então, chegar até esses alunos, compreendendo-os melhor e, aí, ajudá-
los. As atividades aplicadas na sala foram adaptadas às necessidade de cada um. Todos
participaram, questionaram, refletiram e realizaram atividades em grupos e
individualmente, de acordo com as exigências das mesmas. Os agrupamentos eram
feitos de acordo com as hipóteses de aprendizagem de cada um, sendo possível fazer as
intervenções necessárias. A minha interação com a sala, no início, foi dificultoso, mas a
sala possuía uma energia muito boa e contagiou todo ambiente. Pudemos juntos
aprender. Particularmente, posso afirmar que, com as atividades desenvolvidas,
34
conseguimos uma maior integração dos alunos. Percebi que eles se sentiram mais
valorizados e motivados toda a vez que conseguiam realizar o proposto.
Com a diferenciação pedagógica conseguida através do curso Práticas
Inclusivas, respeitando os diferentes estilos de aprendizagem dos alunos, as aulas
transcorreram de modo mais vibrante, em constante movimento de trabalho e alegria.
Afinal, desta forma, todos se veem como capazes e inteligentes. Ainda foi
necessário continuar dando uma atenção especial aos alunos com dificuldades, mas a
cada dia que passa, percebem-se seus avanços, mesmo que apresentem defasagens em
relação ao grupo. Mas, o mais importante disso tudo foi ter resgatado a autoestima dos
alunos. Com atividades bem planejadas e intervenções adequadas eles estão
acompanhando o grupo com sucesso.
O curso Práticas Inclusivas foi muito importante para o meu aprendizado e o de
meus alunos. O aprendizado extraído desse curso trouxe todo um contexto de
conhecimentos que estava faltando para meu trabalho em sala de aula. Ele não só
contribuiu para a minha carreira profissional, mas me fez dar um passo enorme para
tentar ajudar meus colegas e melhorar o nosso trabalho em sala de aula.
Um ano especial, com um grupo especial! Está sendo muito bom trabalhar com
as crianças do 3° ano, depois do curso, pois com o desenvolvimento de cada um ao
realizar suas atividades estão se tornando crianças mais interessadas e participativas,
dispostas com desejo de aprender.
Muitas dificuldades de aprendizagem são decorrentes de metodologia
inadequada, de professores desmotivados e cansados e, ”presos” em trabalhar dentro de
um único estilo, o professor acaba favorecendo o aparecimento dos problemas de
aprendizagem. É importante, no momento em que surja problemas com algum aluno,
que haja uma mobilização por parte da escola, a fim de que solucionem a possível
dificuldade. A recusa em aprender é um ato de defesa diante de seu fracasso e
frustração. Com o estudo, pudemos perceber que a escola tem muito ainda o que fazer
para ajudar seus alunos. A escola deve esforçar-se para a aprendizagem ser significativa
para o aluno. Com isso todos têm a ganhar, a escola, a família e, principalmente, a
criança que será mais flexível, mais motivada e mais interessada em aprender. A criança
que possui dificuldades de aprendizagem necessita adquirir confiança em si mesma e
acreditar que é capaz. Para dar conta disso as pessoas envolvidas devem se dedicar
profundamente para que essa dificuldade seja trabalhada e sanada. A afetividade é o
ponto “x” para garantir o sucesso e o aprendizado dos alunos.
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PRÁTICAS INCLUSIVAS: UM DIREITO DOS ALUNOS
Ana Paula Souza Báfica6
Atualmente, o tema inclusão está em evidência no Brasil e no mundo. Urge a
necessidade de se pensar em uma sociedade menos desigual, onde todos tenham acesso
aos bens e direitos que a vida, a natureza e a história prepararam. Nesse sentido, o
debate gira em torno das acessibilidades, do acesso a uma educação de qualidade e igual
para todos, acesso aos locais e espaços de convívio social em geral.
Nesse sentido, ciente dos princípios, políticas e práticas educativas atuais que se
direcionam para uma escola inclusiva, que tenha estrutura educativa como suporte
social, que abrigue a todos, independente de suas particularidades e diferenças, faz-se
necessário, uma retrospectiva histórica da inclusão social, destacando que em tempos
passados, os sujeitos com deficiências eram tratados como uma ameaça à sociedade.
Compreende-se que a proposta de inclusão implica em alguns princípios básicos:
a aceitação das diferenças e valorização de cada ser como único, rico a sua maneira; que
a aprendizagem se constrói convivendo com a diversidade e a cooperação; as
dificuldades de aprendizagem têm causas e desenvolvimentos múltiplos, exigindo
pesquisas em diversos campos de origens: genética, orgânica, intelectual, cognitiva,
emocional (incluído aí, a estrutura familiar/relacional) e, que influências externas
podem minimizar ou maximizar os desdobramentos das diferenças.
O recorte dessa discussão se evidenciará em relatar aprendizagens construídas
durante o decorrer do curso de Práticas Inclusivas e Déficit Intelectual. Primeiro, por
compreender ser um tema pertinente para uma sociedade que tanto tem falado em
inclusão social e que precisa continuar dando sinais reais de que ela é possível.
Segundo, porque quando falamos em Educação e Educação Inclusiva, falamos de um
processo que visa o indivíduo integral e sua inclusão em todas as esferas da sociedade.
Um dos maiores desafios das escolas regulares atualmente é promover a inclusão
dos alunos com deficiência. Primeiro por sabermos que as pessoas com deficiência não
necessitam de piedade ou compaixão, nem tão pouco de atitudes paternalistas no sentido
de poupá-las das atividades imprescindíveis à sua sobrevivência. Segundo, por ter a
certeza que elas precisam serem incluídas na sociedade. Para isso devem ser oferecidas
oportunidades educacionais e profissionais, bastando, para tanto, a compreensão dos
6 Escola “Raio de Sol-APAE” - Canaviereiras – BA
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que estão a sua volta, a fim de que lhes respeitem e que as deixem levar uma vida dentro
da normalidade. O melhor caminho a se trilhar em busca da inclusão de pessoas com
deficiência, dentro do espaço escolar e, por conseguinte, dentro da sala de aula, é a
formação do professor.
Destarte, o curso de Práticas Inclusivas em Deficiência Intelectual veio para
contribuir para a melhoria dessa prática, nos possibilitando lançar um novo olhar ao
aluno com deficiências, sejam elas físicas ou intelectuais. Como consequência (positiva)
desta formação continuada, podemos, hodiernamente, incluir esses sujeitos e orientá-los
para a autonomia e para o sucesso acadêmico.
O variado conteúdo desenvolvido no curso auxiliou, sobremaneira, a lida no
cotidiano escolar e, em especial: aspectos legais, a ênfase na família, a postura da
escola, a ética profissional, as habilidades sociais, a flexibilização do ensino, o ensino
colaborativo e a tecnologia assistiva. O resultado de tudo isso, foi a oportunidade de
crescimento, a modificação da prática (para melhor) e o alcance de resultados positivos
no que se refere ao relacionamento com os discentes.
É sempre bom destacar que Mantoan (2007) defende a escola inclusiva para
todos. Ressaltando que este modelo escolar que aí está posto, precisa ser modificado.
No entanto, enfatiza que a escola integradora é muito mais cômoda e quebrar estes
padrões, é tarefa difícil. Para a autora, inclusão é mais que integração. Todos têm o
direito de frequentar a escola regular, pois é responsabilidade da escola comum a
escolaridade do aluno, tenha ele deficiências, dificuldades ou altas habilidades.
No entanto, os alunos com deficiências não têm tido seus direitos assegurados
pelas escolas. Elas ainda estão longe de se tornarem inclusivas, desenvolvendo projetos
parciais de inclusão, os quais não visam mudanças de paradigmas e continuam a atender
os alunos com deficiências em espaços segregados (classes especiais, escolas especiais).
As escolas que não estão atendendo os alunos com deficiências em suas turmas,
justificam-se não terem professores preparados para este fim, ou não acreditam que esta
inclusão possa trazer benefícios (MANTOAN, 1997).
Após a conclusão desse curso, pode-se perceber o quanto podemos crescer
enquanto profissionais e quantos recursos de acessibilidades têm sido disponibilizados
para facilitar o processo de inclusão de pessoas com deficiências. Nesse sentido, afirmar
que o processo de inclusão das pessoas com deficiências é consequência de uma escola
de qualidade que seja capaz de perceber um mistério a ser desvendado e ser vivenciado,
é um fato real. A ideia de inclusão escolar desloca a centralidade do processo de apenas
37
o sujeito se adequar à escola, mas ter o direito incondicional à escolarização, estando
todos no mesmo espaço educativo.
Este direito trará à escola um significativo referencial teórico da inclusão das
diferenças, permitindo organizadamente o conhecimento e a prática desses educadores
no alcance de novos patamares de qualidade no decorrer do processo de inclusão.
Sendo assim, a evolução do processo inclusivo torna-se mais evidente e
significativo à medida que os professores tomam posse dos seus conhecimentos,
sentindo-se capazes de trabalhar com os limites individuais de cada criança. Para isso é
indispensável uma relação dialética entre família e escola para que as necessidades dos
alunos sejam atendidas favoravelmente, pois a família subsidia o trabalho da escola.
Nesse sentido, pode-se compreender que a pior forma de segregação é aquela
que marginaliza a pessoa em qualquer ambiente, dificultando a aproximação e o contato
natural com a interação social. Essa interação passa a ser estabelecida a partir da
convivência em grupos e são reguladas por estereótipos, preconceitos e ideias
preconcebidas.
As pessoas com deficiências são capazes de exercer diferentes atividades, desde
que sejam feitas adaptações para o seu tipo de deficiência. Alguns deficientes, inclusive,
deixam claro que a questão principal não está na inclusão e, sim, nas condições de
sobrevivência que lhes são dadas. Percebe-se que passos precisam ser dados e mudanças
mais significativas precisam ocorrer, porém não se pode descartar os avanços históricos
existentes, haja vista a própria lei que já se configura em uma conquista.
Se conseguirmos vencer tais implicações, principalmente no espaço educacional,
a deficiência será aceita, assimilada com mais naturalidade e, certamente, os deficientes
terão assegurados os seus direitos a igualdade e à diferença. Para isso, a conscientização
é o primeiro passo e esta ação vai além de adaptar rampas de acesso nas escolas.
A verdadeira inclusão escolar, só passará a ser uma realidade quando todos
entenderem que incluir não é, apenas, uma obrigação. Ela não só se efetiva se
assegurada por lei. Incluir deve ser um ato “normal”, pois estamos lidando com seres
humanos, ainda que com algumas limitações.
Porém, enquanto este ápice de consciência não for unânime, conta-se com as leis
que asseguram os direitos aos sujeitos com deficiências e continua a esperança de que
este objetivo seja alcançado. No entanto, fazer a nossa parte já é um começo. Ou seja,
buscando nos especializar, ampliar nossas visões e nos tornando capazes de contribuir,
de alguma forma, para a inclusão, seja ela na escola ou em outros espaços.
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PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS – DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Mirian Coelho de Oliveira7
A educação inclusiva eficaz é o anseio de toda a sociedade. Temos nos
confrontado com situações em que pessoas consideradas “inaptas” por serem deficientes
são relegadas ao abandono e ao descaso. Fruto dessa visão errônea da comunidade em
que vivemos é que se acredita ainda que, pessoas com anomalias físicas e , considerados
diferentes dos estereótipos preconizados pela sociedade, os tornam incapazes de
relacionamentos ou aprendizados em condições de igualdade com os demais aprendizes.
Baseados nos preceitos de que cada individuo possui sua própria peculiaridade e
característica singular e, portanto, devem usufruir do bem comum, intensificou-se na
sociedade a discussão sobre a necessidade de encontrar mecanismos que permitam a
inclusão social, como forma para construção de uma nova sociedade. Esta, agora,
democrática, garantindo que todos possam ser considerados cidadãos capazes e que
possam conviver em igualdade de condições, respeitando as diversidades e promovendo
garantias de direitos e acessos a todas as oportunidades, independentes de sua condição
física ou psicológica.
As novas políticas públicas têm investido em um novo modelo educacional,
visando à promoção de acessibilidade e apoio à inclusão escolar dos alunos em escolas
públicas de ensino regular. Em eventos como o “Programa Escola Acessível”, o
governo investiu na qualificação dos profissionais da educação, promoveu a adequação
das salas de aulas, ampliou as escolas regulares, preparando-as para atender aos alunos
ditos “especiais”. Garantiu recursos especiais para atender as necessidades dos
portadores de deficiência. Esta adequação perfaz desde a arquitetura e estrutura do
espaço físico, até a criação de dispositivos legais que dão apoio técnico e financeiro aos
sistemas públicos de ensino, valorizando e incentivando os profissionais à qualificação
para melhor atender a demanda da rede pública regular.
A qualificação profissional, entretanto, demanda tempo, pois requer a busca de
novos conhecimentos, técnicas e desenvolvimento de competências e habilidades que
permitam ao professor realizar atividades que facilitem e contribuam para o aprendizado
do aluno deficiente em salas regulares onde terão que conviver com situações diferentes
7 - Barra do Bugres – MT.
39
daquelas a que estão acostumados, precisando adaptar-se a esta nova realidade. Para que
essa adaptação ocorra, é preciso que escola e professores estejam imbuídos num único
propósito de promover a inclusão, quebrando barreiras ao desenvolvimento das
competências e habilidades úteis às práticas educacionais dentro e fora da sala de aula.
Como poderia o professor manter-se atualizado em meio a tantas atividades em
que o exercício de sua função exige? Pensando nestas dificuldades do profissional e
buscando a melhor forma de expandir o aprendizado para melhor atender o aluno com
deficiência em suas necessidades, surge a possibilidade de qualificação através de
cursos de formação continuada a distância que, com suas ferramentas e metodologias,
possibilita ao professor ampliar seus conhecimentos, trocar experiências com outros
profissionais e desenvolver atividades que irão enriquecer suas atividades práticas no
exercício da docência.
Sem dúvida o curso “Práticas Educacionais Inclusivas – Deficiência
Intelectual” foi de grande valia. Proporcionou-nos a possibilidade de um aprendizado
ímpar que nos permitiu a reflexão sobre a importância da escola e seu papel enquanto
mediadora no processo inclusivo.
Contribuiu, também, para a formação do professor como profissional ético,
competente, humano em suas relações com as diversidades presentes na sociedade. O
professor é um elemento-chave para que os princípios de igualdade e oportunidades,
tolerância, justiça e liberdade possam fazer-se presentes nessa comunidade, saindo da
teoria para a prática, da abstração para a ação concreta.
Permitiu-nos, também, refletir sobre as práticas desenvolvidas em sala de aula
pelo professor e sobre a necessidade de um trabalho de conscientização e
esclarecimento tanto aos profissionais da educação, professores, alunos e da família.
A compreensão do papel da família no processo educacional inclusivo é um
fator de extrema relevância, pois, ela deve ser parte deste processo como parceira da
escola. À família cabe o primeiro espaço do aprendizado de valores e conhecimentos
acerca do mundo que o ser humano tem a oportunidade de usufruir, enquanto à escola
compete a tarefa de fornecer os meios de acesso ao conhecimento formal e diferentes
alternativas de desenvolvimento do potencial do aluno e de suas habilidades. A escola e
a família juntas constituem o instrumento de construção do cidadão capaz e crítico, em
condições de interação na sociedade.
O material disponibilizado para nosso estudo foi muito rico. Proporcionou-nos
compreensão de teorias que dão suporte e embasamentos ao processo de inclusão.
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Esclareceu fatos relevantes de práticas diárias em sala de aula, produzindo experiências
reflexivas e orientação para as atividades práticas.
Ter claros os conceitos sobre deficiência intelectual e deficiência mental também
nos auxiliou na compreensão da complexa situação que enfrentamos em nosso dia a dia,
em sala de aula. Desta forma, conhecer nossos alunos, suas dificuldades e necessidades
possibilitaram-nos melhor desempenho no âmbito educacional, além de facilitar o nosso
planejamento de acordo com as necessidades evidenciadas.
Outro fator importante relaciona-se à base teórica que nos forneceu
conhecimento e orientação para planejar as atividades, levando em conta as
necessidades do aluno, promovendo a interação entre grupos, ajudando-os a lidar e
conviver com as diferenças, trabalhando a autoestima, incentivando-o em seu processo
de desenvolvimento cognitivo como sujeito da construção do seu próprio saber, como
retrata Piaget em suas obras, nas quais abordam os variados usos da linguagem, noções
de espaço, tempo e objetos, noções de matemática, biologia e substancialidades,
desenvolvimento da inteligência, de atitudes e de valores relacionados à moral.
O professor também deve estar preparado para trabalhar com seus alunos sobre
questões como a sexualidade do aluno com deficiência. Este aluno também tem
sentimentos, sonhos, desejos e prazer assim como os outros. O desconhecimento de seu
próprio corpo e suas necessidades, muitas vezes, torna-os alvo fácil de abusos e
exploração sexual. Cabe ao professor e a família a tarefa de orientação, para isso é
preciso estar preparados e munidos de material que os ajude na tarefa de explicação,
exemplificação, possibilitando maior compreensão e assimilação dos fatos. Desenvolver
atividades de conscientização faz parte do papel educacional da escola. A educação
sexual é um processo amplo, social e cultural e deve ser trabalhado de maneira que os
alunos possam se autoconhecer para lidar com suas emoções e necessidades,
adequadamente. A orientação, além de prepará-los para a vivência de sua sexualidade,
poderá preveni-los contra possíveis abusos ou explorações.
Mais que mediar o aprendizado do aluno é preciso saber avaliar, pois a avaliação
deve contemplar todas as áreas do conhecimento construído, abrangendo o seu
desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, bem como as demonstrações de como lidar
com as novas situações. Deve-se observar, também, as formas de expressão de seus
sentimentos, se demonstram prazer ou não e como se processa o relacionamento em
grupo.
41
Observar o caráter evolutivo tanto no âmbito individual quanto no coletivo. O
aprender inclusivo deve atender a todas as áreas citadas que fazem do aluno sujeito de
seu próprio aprendizado. Cabe ao professor atentar para os aspectos cognitivos,
atitudinais e sócio afetivo para avaliar se houve avanços ou não, se há necessidades de
outras formas de intervenção, buscando atender ao aluno em todas as suas necessidades.
A flexibilização dos conteúdos é necessária para atender aos alunos,
fortalecendo as relações para que eles sintam-se integrantes da turma e possam
desenvolver as atividades em pleno uso de suas habilidades. O professor poderá planejar
suas aulas adequando as atividades ao aluno às suas possibilidades. Para isso as escolas
devem estar preparadas física e estruturalmente à realidade do aluno.
A utilização de atividades que promovam a socialização e estabeleçam a
integração da turma e cooperação mútua é essencial para a formação humana. O aluno
com deficiência deve sentir-se parte da turma, ter liberdade para expressar-se com
naturalidade e, ao mesmo tempo, desfrutar do respeito e compreensão dos outros
colegas. A sua participação efetiva nas atividades deve estimulá-lo ao desenvolvimento
de suas habilidades de comunicação, socialização e colaboração, pois ele é tão capaz
quanto os outros e deve ser valorizado pelo seu potencial.
As experiências vivenciadas com alunos portadores de deficiência, em sala de
aula regular, mostraram-nos o quanto é difícil o convívio com as diferenças. Conciliar
os alunos ditos “normais” com os portadores de deficiência não é fácil, principalmente,
quando nos deparamos com escolas que ainda não estão totalmente adequadas para esta
realidade.
Embora existam tantos mecanismos legais e disponibilização de recursos, a
prática ainda é muito precária. O que existe de fato é a vontade de fazer a diferença e
vencer as diferenças, fazer a inclusão quando tudo a nossa volta aponta para a exclusão.
Contudo, esse curso mostrou-nos, também, que essa convivência é possível. Com
determinação, compreensão, carinho e muito amor, pode-se construir um aprendizado
de qualidade e os resultados ainda que lentos, são gratificantes. Confrontando essas
experiências com as vivenciadas no centro de atendimento a alunos com deficiência,
percebemos que não é muito diferente do ensino oferecido pelas escolas regulares, pois
as necessidades são as mesmas e a forma de trabalhar exige a mesma dedicação e amor,
qualificação e disposição para vencer os desafios defrontados. A realidade destes alunos
e as dificuldades enfrentadas pelas instituições que os recebem, mostrou-nos que ainda
42
há muito que fazer para que o processo educacional inclusivo possa ser realidade em
nossas escolas e em nosso país.
Pudemos, entretanto, perceber que é possível ter esperança e sonhar com um
mundo melhor em que não haverá acepção de pessoas, seja por quais quer que sejam
suas limitações. Esperamos que em um futuro próximo tenhamos uma sociedade mais
humana, consciente de suas obrigações e responsabilidades inclusivas que saia de sua
teoria e tome atitudes concretas e que tenhamos professores conscientes de seu papel de
formador e parte integrante desse processo de construção do cidadão por meio da
educação inclusiva.
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ENTENDENDO A INCLUSÃO PARA GARANTIR E RESPEITAR OS
DIREITOS DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA
Josiani Aparecida Julio de Oliveira8
Certo dia, abri meu e-mail e estava lá: SELEÇÃO PARA CURSO – UNESP.
Num primeiro momento, fiquei muito feliz, mas, ao mesmo tempo, apreensiva. Inclusão
é algo que busco entender no meu dia a dia e luto para garantir que os direitos desses
alunos sejam realmente respeitados.
A inclusão é algo muito amplo que requer muita dedicação e responsabilidade
de todos os envolvidos para garantir uma aprendizagem eficaz. Muitos de nós,
professores, estamos em fase de entendimento e, por isso, não estamos totalmente
seguros para atender aos alunos que precisam de atendimento especializado.
Às vezes, fico muito preocupada e triste ao conversar com algumas colegas e
perceber a rejeição que algumas têm quando o assunto é inclusão. Percebo que essa
rejeição aflora pelo fato de estarem mal informadas. Algumas professoras fazem com
que o aluno incluso seja excluído e, até mesmo, os pais mal informados acabam
excluindo seu próprio filho.
Não quero ser mais uma professora. O objetivo maior é fazer a diferença em
seu próprio meio.
Observo que alguns alunos estão inseridos em suas salas, mas o tratamento
dado a eles é como se ele fosse diferente dos demais. Inclusão não é apenas inserir o
aluno com deficiência no ensino regular e “abandoná-lo”; não é deixar que ele seja mais
um aluno na sala. Para mim, inclusão é tratá-lo de forma igual, é respeitar suas
limitações, é interagir e integrá-lo na sala, na escola e na sociedade, garantindo e
adaptando suas atividades. Essas eram minhas pré-concepções até o momento de iniciar
do curso.
Felizmente, o curso tem início. São enviados os primeiros textos e as
atividades. Chega o momento de total dedicação, reflexão e indagações.
Fui me apaixonando cada vez mais pelo processo de inclusão e aquele
momento de desespero, insegurança, apreensão foi sendo amenizado no decorrer do
curso e o interesse em aprender mais foi aumentando dia após dia.
8 CEPE “Conceição Colombo Mota” - Santa Adélia – SP
44
Os relatos das colegas, a observação do aluno incluso junto a professora da
sala, os bate-papos, os fóruns de interação, a troca de experiência foi muito gratificante.
Acrescentaram muito em minha prática pedagógica.
Não tenho aluno com deficiência em minha sala da aula, mas isso não é
motivo para eu não buscar informações. Procuro, sempre que possível, conversar com
as minhas colegas que trabalham com aluno com deficiência. Observo seus medos, suas
dificuldades e suas conquistas, também.
Acredito que com o conhecimento que o curso me proporcionou, com as
informações que sempre estou buscando, estarei preparada para atendê-lo ou pelo
menos integrada a cada dificuldade que ele possa ter, garantindo a ele possíveis
conquistas de aprendizagem.
Esse curso foi e está sendo de grande valia para o meu crescimento enquanto
educadora. Leciono há seis anos. Estou sempre em busca de novos desafios.
A inclusão é um desafio e nesse desafio somos instigados a novas informações
para conduzi-lo com progresso e sucesso. Surgem novas discussões e questionamentos
que nos fazem caminhar em busca de novos conhecimentos.
Seria importante que as pessoas ligadas à educação tivessem acesso a cursos
desse nível. Só assim mudariam o pensamento e a visão dessas pessoas em relação a
inclusão.
A inclusão está do nosso lado, portanto, não podemos fechar os olhos e fingir
que o problema não é nosso. Inclusão envolve toda a sociedade. Vamos dar as mãos,
abraçar essa causa e lutar juntos para garantir o tão sonhado DIREITO PARA TODOS.
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ERA O QUE FALTAVA: INFORMAÇÃO PARA O EDUCADOR
Hélvia Garcia Casadore Alberganti9
Minha experiência como aluna do curso EaD foi gratificante. O material
utilizado foi muito bem elaborado pelos organizadores do curso e a atuação dos tutores
foi fundamental para que os objetivos fossem alcançados.
Por meio desse curso, tive a oportunidade de conhecer mais sobre os recursos
disponíveis para facilitar a vida daqueles que, por serem diferentes, sofrem com o
descaso de muitos educadores que, pela falta de conhecimento sobre suas necessidades,
acabam prejudicando seu desenvolvimento.
O desafio é grande, mas possível ser vencido. Cabe a cada educador buscar
informações e soluções sobre as necessidades de seus alunos, sejam elas físicas ou
intelectuais.
Muitos alegam que a escola regular não está preparada para atender aos alunos
incluídos, mas falta preparo daqueles que são responsáveis pelo desenvolvimento dos
alunos É necessário que toda a equipe escolar assuma um compromisso em facilitar o
acesso e permanência desses alunos no ambiente escolar.
Espero que outra oportunidade como esta seja oferecida para que possamos
auxiliar nossos alunos a serem amados e respeitados por todos, desfrutando dos seus
direitos assegurados pela nossa Constituição.
9 EMEF “Prof. Dircília de Carvalho Pereira Gutierrez” - Ariranha – SP
46
INCLUSÃO: DISCUSSÃO ANTIGA, CONHECIMENTO NOVO
Adriana Costa Ferreira10
Inclusão não é uma discussão recente. Há décadas se debate essa questão, no
entanto, na prática essa ideia só agora torna-se realidade.
A constituição determina que a educação é direito de todos. A LDB (Lei de
Diretrizes e Bases da educação) também deixa claro que os alunos com deficiência
devem ser atendidos, preferencialmente, na rede regular de ensino, juntamente com os
demais alunos.
A tarefa de conduzir todos os alunos ao conhecimento, independente das
limitações ou potencialidades de cada um, não é uma tarefa simples. É necessário
estudo, materiais adequados, estrutura física e muito comprometimento do professor. A
plataforma Paulo Freire contribuiu muito no que diz respeito ao estudo, ao
conhecimento e a troca de experiências.
Ao longo do curso, tivemos acesso a textos riquíssimos. Sempre traziam algo
novo para nos acrescentar, mesmo quando tratavam de assuntos já vistos anteriormente.
É necessário capacitar os professores, principalmente os da rede pública, pela
responsabilidade que têm em relação ao trabalho desenvolvido com a maioria dessas
crianças e adolescentes em idade escolar.
Abordaram-se questões voltadas para o melhor convívio e atendimento aos
alunos com deficiência, principalmente, aqueles com deficiência intelectual, no que diz
respeito aos seus processos de aprendizagens e necessidades adaptativas.
Mostrou-nos a importância da escola estar engajada, desenvolvendo um projeto
político pedagógico que envolva os alunos de forma geral, contendo material didático
adaptado e, consequentemente, o esclarecimento sobre as necessidades educacionais de
cada aluno, no propósito de atender bem a todos que nela ingressar. Deve existir
parceria entre a escola e a família, imprescindível para o sucesso escolar de toda
criança, especialmente aquela com deficiência.
O oferecimento do curso Práticas Educacionais Inclusivas mostra uma evolução
no que diz respeito à educação especial, pois nos coloca frente a uma realidade atual,
inevitável, encorajando-nos, porque através das atividades realizadas e das trocas de
10
EMEI “Profª Anizia Zancanella de Figueiredo” - Santa Fé do Sul – SP.
47
experiências que aconteceram, podemos perceber que a inclusão é necessária e
absolutamente possível.
No decorrer de todo o curso, tivemos experiências diversas que, com certeza
auxiliará cada aluno que teve a grata satisfação dele participar. Ao final do curso ficou o
fascínio pela profissão, o desejo de fazer sempre o melhor e cumprir a meta de educar.
Educar é viajar no mundo do outro, sem nunca penetrar nele. É usar o que
pensamos para nos transformar no que somos. O melhor educador não é o
que controla, mas o que liberta. Não é o que aponta erros, mas o que os
previne. Não é o que corrige comportamentos, mas o que ensina a refletir.
Não é o que enxerga apenas o tangível aos olhos, mas o que vê o invisível.
Não é o que desiste facilmente, mas o que estima sempre a começar de novo.
O excelente educador abraça quando todos rejeitam; anima quando todos
condenam; aplaude os que jamais subiram no pódio, vibra com a coragem de
disputar dos que ficaram nos últimos lugares. Não procura o seu próprio
brilho, mas se faz pequeno para tornar seus filhos, alunos e colegas de
trabalho grandes.
Augusto Cury
48
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: AMPLIANDO HORIZONTES E POSSIBILIDADES
Adriana Lemos de Carvalho Soares11
Nos dias atuais, nunca se falou tanto em inclusão nas escolas e na sociedade.
Percebe-se, hoje, um grande movimento na comunidade escolar para conhecer,
compreender e aprender para receber e lidar com os alunos com deficiência nas salas de
aulas. Mais do que nunca, as políticas públicas e a legislação vêm garantir,
efetivamente, os direitos de todos os alunos.
Isso demanda do professor, uma busca constante de novos conhecimentos
teóricos e metodológicos que o auxilie na sua prática, de modo a garantir que seu
trabalho pedagógico seja efetivo junto à diversidade existente na sala de aula. Assim, o
curso: “Práticas Educacionais Inclusivas – Deficiência Intelectual” pôde nos
proporcionar um aprofundamento teórico e metodológico, visando garantir a igualdade
de direitos e oportunidades ao aluno deficiente intelectual bem como sua integração
social.
Ao longo do curso, desenvolvido totalmente em ambiente virtual, à medida que
os temas iam sendo apresentados, divididos em módulos, pude ir construindo uma nova
visão sobre a inclusão.
Essa não foi minha primeira experiência com EaD, mas a primeira a distância
em se tratando de formação continuada em docência. Destaco o ambiente virtual de fácil
acesso às ferramentas e com opção de acesso ao portfólio próprio e dos demais colegas.
A disposição das atividades a serem desenvolvidas, dos textos para leitura e dos
materiais de apoio facilitaram a organização dos estudos pelos cursistas.
Vale ressaltar, que apesar de não termos nenhum encontro presencial, a
frequente atuação dos tutores e formadores contribuiu para nos aproximar, deixando
mais aconchegante e familiar o ambiente virtual.
Da formação à educação continuada, sempre tive muita dificuldade em aceitar o
aluno com deficiência na sala de aula, por despreparo, sentimento de impotência e,
também, por medo de errar.
Durante minha formação acadêmica, em pedagogia, há onze anos, pouco foi
falado e estudado sobre o tema inclusão. Como sempre trabalhei em escolas da rede
11
Escola Municipal- Belo Horizonte – MG.
49
privada, em turmas de educação infantil que, em sua grande maioria, não aceitavam
crianças com deficiências, por isso acreditava que não havia necessidade de buscar mais
informações e formação sobre o assunto.
Somente quando ingressei na rede pública de ensino é que me dei conta de que a
inclusão, vista por mim, na época, como sendo um equívoco, era inevitável, um
caminho sem volta (para o bem). Desde então passei a ler artigos, conversar com outros
profissionais, buscar informações, conhecer a legislação e ouvir experiências que me
auxiliassem na prática.
Sentia-me frustrada porque pouco aprendi sobre como é realmente o dia a dia na
sala de aula, sobre como ensinar o aluno com deficiência, até que me deparei com
alunos com deficiências múltiplas. Fiquei ainda mais perdida e tive que recorrer às
equipes de atendimento desses alunos, aos acompanhantes de inclusão do município, às
famílias, mas ainda sem respostas que atendessem, satisfatoriamente, as minhas
inquietações.
Tive que continuar buscando aprender mais sobre educação inclusiva, pois
quando me deparei com alunos de EJA, vi que muitos apresentavam deficiência
intelectual e de aprendizagem. Isso despertou em mim um sentimento de que precisava
ir além, que precisava fazer mais por estes alunos. Eles tinham sede de conhecimento.
O professor necessita compreender como ocorre a aquisição dos conhecimentos
para então poder realizar as intervenções necessárias que auxiliem no desenvolvimento
das competências e habilidades dos alunos. Nessa busca constante, o curso veio
exatamente ao encontro das minhas necessidades. A cada módulo, minhas dúvidas eram
elucidadas, meus conhecimentos prévios se aprofundavam e outros eram agregados e
apreendidos.
Os textos apresentados foram de pertinência ímpar, numa sequência lógica que
dá embasamento teórico consistente, bem como aprofundamento sobre o assunto. Para
somar a esta aprendizagem tivemos os fóruns de discussão onde as trocas de
experiências e vivências permitiam uma sensibilização e reflexão sobre as variadas
práticas desenvolvidas em outros municípios.
Percebo o quanto minha mente se abriu para a visão de que há um horizonte
ainda maior, no campo educativo, e que há uma infinidade de possibilidades de atuação
e de trabalho efetivo junto às diferenças. Como diz Mantoan, na escola inclusiva,
professores e alunos aprendem uma lição que a vida dificilmente ensina: respeitar as
diferenças. Esse é o primeiro passo para construir uma sociedade mais justa.
50
De toda a trajetória do curso, ficou um aprendizado: o de que é preciso ir além e
buscar novas possibilidades educativas que contemplem as necessidades de todos os
alunos que, apesar de diferentes entre si, carregam sua individualidade que deve ser
respeitada.
Ao professor cabe reconhecer as diferenças e limitações dos alunos e propor
situações desafiadoras e estimulantes que promovam seu desenvolvimento, buscando na
formação continuada subsídios para a sua prática.
51
PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS E A DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL
Ana Paula Radó Donnini12
Quando comecei o curso, eu só trabalhava com sala de aula regular do Ensino
Fundamental. No começo deste ano, fui chamada, através de um concurso em que fui
aprovada, para assumir uma sala de recursos multifuncionais. Então, acumulei uma sala
regular com uma sala de recursos até o mês de abril quando fiz uma troca da sala
regular por outra sala de recurso.
No momento estou com duas salas de recursos multifuncionais onde os alunos
que frequentam, em sua maioria, têm laudo de deficiência intelectual, em níveis
diferentes. Para mim, é tudo novidade. Estou meio ansiosa com os alunos novos, com
essa nova forma de trabalhar e esse curso abrange situações que vivemos no dia a dia.
A cada módulo proposto para estudo, novas portas se abriam, pois através das
leituras e muitas informações novas que vão chegando até nós, nos fazem pensar, querer
conversar, trocar ideias com outras pessoas e através do fórum de discussão e do bate-
papo conseguimos resolver essas questões.
Entre as experiências do cotidiano que o curso me ajudou está a construção do
Projeto Político Pedagógico da nossa escola. É comum pensarmos no aluno padrão e
não no aluno com deficiência. Quando esse assunto foi abordado, ajudou muito a
opinarmos e colocar uma interrogação nos gestores e professores de nossas escolas.
Disciplina é outro assunto que todos precisam pensar e agir de acordo com a
realidade do seu dia a dia. De repente, percebemos que nós, professores queremos exigir
dos alunos algo que, às vezes, para nós é difícil. Nós mesmos não sabemos como
administrar nosso tempo e, também, precisamos de disciplina no nosso serviço.
Flexibilização foi um assunto muito importante pra mim, pois precisamos
aprender como fazer acontecer a flexibilização quando temos alunos nas nossas salas
que precisam ser incluídos. A flexibilização possibilita adaptar atividades, recursos e a
aprendizagem flui melhor.
O Ensino Colaborativo pra mim foi uma novidade, pois estamos acostumados a
trabalhar sozinhos com nossos alunos. O outro professor faz o trabalho dele sozinho
12
EMEIF “Pref. Zoroastro Alves” - Avaré – SP.
52
também e isso não traz benefício nenhum para os alunos. Depois que li sobre o ensino
colaborativo, mudei totalmente o meu comportamento. Agora vou na sala de aula
regular, converso com o professor, vejo o que posso fazer para ajudar o aluno que está
nos dois ambientes. Isso ajudou muito.
Sexualidade pra mim foi um ponto difícil, pois trabalho com alunos menores e
quando vi tudo que dá pra ser feito, fiquei um pouco paralisada, pois o que faço é tornar
as coisas mais normais possíveis para não tornar o assunto chamativo e tentar esclarecer
de forma verdadeira as dúvidas que surgem para que as crianças não sofram por
ignorância.
Com a tecnologia assistiva, percebemos que não é porque a criança tem algum
tipo de deficiência que ela não poderá aprender porque a tecnologia assistiva está aí para
ajudar e muitos dos nossos alunos já estão até usando alguma coisa de comunicação
alternativa. Achei maravilhoso, principalmente, para alunos que têm dificuldade para se
comunicar.
Quanto à avaliação percebemos que é um instrumento importante que está
presente no cotidiano e sabemos que podemos (e devemos) avaliar os alunos,
diariamente, e de diversas formas e para elaborarmos o planejamento, necessitamos de
uma avaliação bem feita, pois é a partir dela que tudo começa.
A inclusão digital é um ponto importantíssimo, pois a maioria dos professores é,
totalmente, analfabeto digital. E como podemos querer que os alunos dominem se nós,
professores, não sabemos também? Esse ponto foi muito importante, pois precisamos
estudar e nos familiarizar com as novidades que aparecem para poder ajudar nossos
alunos.
Experiências no decorrer do curso eu tive muitas e foram citadas nas atividades
propostas. O que nos falta é tempo para registrá-las e poder contribuir com vocês que
nos ofereceram esse trabalho tão enriquecedor.
53
UM NOVO OLHAR PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA
INCLUSIVA
Andreza Patrícia Balbino Cezário13
Atualmente, a escola vem cada vez mais buscando esforços na construção de
uma educação inclusiva. Com a valorização das habilidades individuais dos alunos e um
olhar mais atento para as diferenças presentes em sala de aula, aliado às práticas
educacionais inclusivas, reconhecemos a importância da capacitação continuada dos
professores.
Neste sentido, o curso: “Práticas Educacionais Inclusivas – Deficiência
Intelectual”, nos proporcionou o aprofundamento de conhecimentos teóricos e
metodológicos que visam garantir a igualdade de direitos e oportunidades ao aluno
deficiente intelectual e sua efetiva integração social.
Um novo olhar foi sendo tecido ao longo do curso Práticas Educacionais
Inclusiva em Deficiência Intelectual, cujo objetivo foi aprofundar conhecimentos sobre
a mesma e proporcionar o aprimoramento de ações pedagógicas a serem desenvolvidas
em sala de aula.
Inicialmente, tivemos que desenvolver novos conhecimentos de informática e
Internet para realizar as atividades no ambiente virtual, oferecido com muita qualidade
pela Plataforma do TelEduc. Essa trajetória oportunizou-nos muitos conhecimentos
sobre o aluno com deficiência intelectual e seu desenvolvimento cognitivo e social.
A troca de experiência vivenciada entre os professores, sempre focada no
objetivo maior, de garantir a implantação e a operacionalização dos direitos de
igualdade de oportunidades educacionais ao aluno deficiente intelectual, subsidiou, de
maneira ímpar, o desenvolvimento dos conteúdos.
O percurso foi todo realizado, partindo da sensibilização, reflexão e o
reconhecimento da valorização das diferenças em sala de aula e suas inúmeras
contribuições para o coletivo escolar. Desse modo, assumindo as práticas educacionais
inclusivas aliadas às sociais, vemos o desenvolvimento integral do aluno com
deficiência intelectual aumentar sua capacidade de relacionar-se com o meio cultural,
social e familiar, no verdadeiro exercício da cidadania.
13
E.E. “João Pedro Fernandes” - Bauru – SP.
54
Levando este contexto, para a sala de aula, verificamos a importância dos
registros das atividades do aluno deficiente intelectual. Através da confecção de
portfólios, é possível realizar um contínuo acompanhamento do desempenho dos alunos,
respeitando seu ritmo de desenvolvimento, possibilitando, desse modo, realizar
intervenções necessárias que fortalecem sua integração social.
No primeiro Módulo, iniciamos nossas primeiras atividades práticas em um
ambiente virtual, através da familiarização e ambientação no TelEduc o que, no
princípio, considerávamos de difícil entendimento, passou a ser mais uma ferramenta
pedagógica eficaz e de fácil manuseio.
Já a sensibilização em relação ao deficiente intelectual, iniciou-se no segundo
Módulo com os fundamentos teóricos estudados na leitura do texto “Direitos
fundamentais à proteção e integração social da deficiência à luz do texto constitucional”
de Carlo José Napolitano. A legislação contemplada nos textos assegura o direito de
todos as pessoas com deficiência à educação. Nós, professores, gestores e famílias
contribuímos quando colocamos em prática o texto da lei. Assim, estamos colaborando
para construir uma sociedade mais justa.
O professor, enquanto mediador, necessita ter a compreensão de como ocorre a
aquisição de conhecimentos por parte dos alunos, para poder realizar as intervenções
necessárias que auxiliem no desenvolvimento das competências e habilidades dos
mesmos.
Finalmente, o curso proporcionou um desvendar de novos horizontes, com a
soma de novas e reais possibilidades: o que era desconhecido ou aplicado ao aluno
deficiente intelectual de uma forma empobrecida, passou a ser compreendido e
assimilado através de práticas pedagógicas eficazes em sala de aula. De acordo com
Jacques Delors (2003), a educação deve organizar-se em torno de quatro pilares de
aprendizagens fundamentais: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver
juntos e aprender a ser.
Trabalhamos temas como – Sexualidade, Flexibilização Curricular, Habilidades
Sociais e o Ensino Colaborativo e Criatividade. Vislumbramos que a união gera a força,
como os ventos movem os moinhos. Assim também ocorre em sala de aula, quando
reconhecemos estratégias de ensino colaborativo, através do lúdico, de jogos de
colaboração onde cada um contribui, integrando-se ao grupo, Esse movimento, em sala
de aula, gera conhecimento, cidadania e melhoria das relações interpessoais.
55
Os resultados alcançados no curso, iniciaram-se quando aceitamos fazer parte do
mesmo e assumir o compromisso de termos uma escola mais justa e solidária, incluindo
todos na igualdade de oportunidades educacionais.
Temos a certeza de que as melhorias ocorrem a longo prazo, mas já estamos
constatando desde que se iniciou o curso, quando começamos a levar para sala de aula e
para toda a comunidade escolar, as primeiras propostas de atividades práticas com o
aluno deficiente intelectual. Começamos, assim, a perceber os primeiros resultados
satisfatórios.
Considerar bons resultados significa também considerar as conquistas. Nesse
sentido, conseguimos, também, adquirir conhecimentos em informática, descobrimos a
possibilidade de utilização de diferentes subsídios que facilitam o desenvolvimento dos
alunos deficientes, a troca de experiências entre os professores, os hábitos diários de
estudo e pesquisa.
Assumir um trabalho pedagógico que garanta ao aluno êxito em sala de aula,
requer de nós, professores, um compromisso com a capacitação continuada. O professor
tendo maior acessibilidade aos cursos de capacitação, consequentemente, o atendimento
ao aluno deficiente mental é melhor.
Somar esforços para estabelecer práticas educacionais inclusivas, é levar para a
sala de aula a construção de saberes humanos, o respeito à diversidade, com estratégias
de ensino que propiciam a participação de todos os alunos.
56
NENHUMA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL É TÃO GRAVE AO PONTO DE
IMPEDI-LO A TER AMIGOS
Elaine Marques Santo Urbano14
Na minha experiência, o que mais me marcou foi a frase “nenhuma deficiência
intelectual é tão grave ao ponto de impedi-lo a ter amigos”. A partir daí, fiquei
observando os alunos e constatei que eles próprios e seus familiares se sentem
discriminados e diferentes no que diz respeito a amizade.
Comecei, então, a fazer um trabalho de inclusão com os alunos onde o principal
objetivo era se tornar acessível uns aos outros. Trabalhando em duplas, grupos, falando
em primeiro lugar sobre o respeito mútuo entre todos, usando as diferenças em
benefício de todos, buscando o equilíbrio, preparando as aulas pensando em todos os
alunos para aproveitar e potencializar suas capacidades. Tudo isto precisava partir de
mim, pois, eu sou o exemplo e o professor respeitando e incluindo... os alunos fazem o
mesmo.
Antes de conhecer o conteúdo do curso, posso dizer que não tinha esse olhar
cuidadoso que hoje tenho e nem pensava que poderia ajustar o currículo em favor de
alguns, mas agora compreendo a necessidade de um currículo pautado na ideia da
diferença.
Há pouco tempo, recebi um aluno com deficiência motora nas pernas e braços.
No início, confesso que fiquei um tanto preocupada, pois, ele cai com muita facilidade,
sua letra não é tão legível... Depois de alguns dias, percebi uma mudança no
comportamento dos colegas. Posso dizer que veio fechar com chave de ouro o curso que
realizei com a tutora e formadora Vera e Norma, pois, pude constatar o quanto uma
criança dessa, na sala regular, não atrapalha e, sim, ajuda. Hoje, este aluno não tem
apenas o meu apoio, mas da maioria dos colegas. Eles se revezam em quem vai dar
segurança a ele. Tem sempre um colega da sala pronto a ajudá-lo a caminhar, a ir ao
banheiro, levar sua bolsa, etc. E digo mais, essa sensibilidade, esse respeito à
dificuldade do outro fez com que a sala, em geral, melhorasse no comportamento e na
convivência, sem que eu pedisse, a classe compartilhou comigo a responsabilidade de
tornar acessível mais uma vida em sala de aula, afinal “Quem ensina também aprende”
(PAULO FREIRE).
14
EMEB- “Prof. José Barreto Coelho” - São José do Rio Pardo – SP.
57
TECER UM NOVO OLHAR ATRAVÉS DE NOSSAS EXPERIÊNCIAS
Maria Cristina de Andrade Silva15
Nesse capítulo, relatarei as experiências conquistadas no Curso Práticas
Educacionais Inclusivas na área da Deficiência Intelectual oferecido pela
UNESP/SEESP/MEC cujo objetivo foi promover a formação continuada de professores,
através da EaD, na área de deficiência intelectual, com enfoque nas práticas
educacionais inclusivas. O curso ocorreu entre maio a outubro de 2010, propiciando aos
professores possibilidade de discutir sua formação e a inclusão dos alunos.
Esse relato pretende descrever algumas etapas de estudos em que o curso
favoreceu o enriquecimento de nossa prática em sala de aula e muitas reflexões sobre
apoio educacional para alunos com deficiência. Esse apoio só tem sentido para que os
alunos possam aprender e ultrapassar as barreiras que lhes são impostas pela
deficiência.
Estamos envolvidos em discursos sobre a qualidade educacional que prioriza
escola para todos. Muito se fala e se discute sobre a inclusão, mas, as práticas
continuam a desejar. Somente a partir de 90, as propostas inclusivas para alunos com
deficiências passaram a ser discutidas na Política Nacional da Educação. Essas
propostas inclusivas, primeiramente, dependem de mudanças na maneira de pensar e
agir da sociedade.
Nesse curso, conhecemos muitas leis e tivemos oportunidade de discutir
diferentes opiniões sobre a inclusão sob o olhar dos docentes que tem um contato direto
com essa situação.
Vivenciamos experiências de diferentes escolas do estado e sentimos na pele
como é difícil trabalhar sem recursos e instrumentos didáticos.
O profissionalismo não permite o descaso e valoriza cada momento de
descoberta de um aluno especial. Aprendemos, sempre, com pequenos detalhes, com
um simples olhar, um gesto. Para isso, basta que tenhamos compromisso com a
educação de qualidade e a inclusão faz parte dessa qualidade.
O curso elencou temas importantes que propiciaram muitas reflexões sobre os
fundamentos da Educação Inclusiva, sobre práticas educacionais, ética, sexualidade,
15
CEJA – Parque Viaduto - Bauru – SP.
58
criatividade, ensino colaborativo, habilidades sociais, tecnologia assistida. Enfim, abriu-
se um novo olhar sobre o processo ensino-aprendizagem para os nossos alunos com
necessidades educacionais.
Muitas atividades do curso instigaram investigação em nossas salas, priorizando
o trabalho e o envolvimento entre professor e aluno. Ressaltou-se muito o papel do
professor como mediador, preenchendo as lacunas e facilitando o aprendizado.
As nossas tutora e formadora tiveram um grande desafio, pois elaborar materiais
de apoio e socializar com professores com práticas diferenciadas é um árduo caminho
para integrar todas as opiniões. É lógico que perceberam que os professores possuíam
experiências riquíssimas e atentaram, carinhosamente, para as situações diversificadas
que elevaram as discussões sobre as habilidades didáticas e a autonomia em sala de
aula.
Os fóruns com temas atuais e críticos proporcionaram um debate saudável e
muitas descobertas interessantes, caminhos desconhecidos que achávamos estreitos e
sem valor. Enfrentamos e conseguimos encontrar respostas, até então, indecifráveis.
Como poderíamos saber? Participando das discussões e atividades presentes no
curso, elencando dúvidas para ampliar o caminho do conhecimento e apagando todas as
incertezas diante da inclusão.
Aceitar os desafios, bater de frente com as implicações de temas polêmicos
como a sexualidade para nossos alunos com necessidades educacionais; buscar
interação familiar, outro tema trabalhado no curso. Difícil, mas não impossível. Querer
implica derrubar barreiras que as famílias criam para não participar das atividades
escolares.
Trabalho com um público bem heterogêneo composto de jovens e adultos
excluídos da sociedade. Uma visão distorcida marca, profundamente, a aprendizagem
desses educandos. A educação de jovens e adultos vai além da leitura e escrita. Trata-se
de um processo no qual as pessoas envolvidas são agentes e não depósitos de
informações. Assim, primeiramente, trabalhamos a autoestima que, aos poucos,
ajudamos a construir um cidadão mais estruturado e confiante em si mesmo.
Assim, atentei que o curso poderia trazer novas ideias e conceitos para ampliar
meu trabalho em sala de aula. Percebi as influências positivas que o curso trouxe para o
meu trabalho, principalmente, para os alunos com dificuldades de aprendizagens. As
atividades propostas foram bem vindas, propiciou socialização e compreensão de muitas
dinâmicas elaboradas no decorrer do curso.
59
Refletimos muito sobre nossa prática pedagógica. Qualquer deslize trará feridas
incuráveis, principalmente para os nossos alunos excluídos por uma sociedade
ignorante. Enfim, é preciso estudar, investigar, compreender e transformar a realidade.
As formadoras sempre persistentes nas atitudes ofereciam respostas competentes
para evitar algumas distorções nas leituras, sempre favorecendo o conhecimento e as
experiências de todos, ou seja, sempre articulando as necessidades e demandas da
turma.
É preciso buscar novos conhecimentos. O curso tentou abranger o máximo de
vertentes com o objetivo de ampliar nossos horizontes, apagando as dúvidas que
apareciam no decorrer de cada módulo. Sempre nos incentivaram a procurar
informações e mobilizar o programa educativo, inserindo nossos alunos com deficiência
na sala comum, pois, este aluno tende a ficar isolado diante das riquezas de
conhecimento que há na sala de aula comum. A má interpretação dos conceitos da
inclusão persiste e nega, muitas vezes, uma educação de qualidade.
O curso permitiu-nos registrar valiosas informações e avaliar cada momento em
um portfólio compartilhado com os participantes do curso. Muitos comentários
enriqueceram os trabalhos dos professores e questionaram as leituras, ponto crucial para
alavancar a temática e os questionamentos presentes nos módulos.
São nesses momentos de troca que aprendemos mais e percebemos que
precisamos utilizar, em sala de aula, mais estratégias contextualizadas abrangendo todos
os alunos, envolvendo-os em todas as atividades.
Após cinco meses de estudos, percebi que as questões mais relevantes vêm do
próprio ser. A confiança é elo do crescimento do profissional. O apoio de um professor
especializado seria ótimo, que a nossa realidade política permite. Mas, também,
devemos confiar em nós, em cursos oferecidos por entidades sérias que se preocupam
com o saber e excluir o pensamento negativo. O envolvimento favorece o debate da
questão da inclusão em nossa sociedade e permite a veiculação de ideias, contribuindo,
desse modo, para que todos possam conquistar um espaço digno entre o poder e o saber.
Portanto, a inclusão é um motivo para que a escola se modernize e os
professores aperfeiçoem suas práticas. A inclusão escolar de pessoas com deficiência
torna-se uma consequência natural de todo um esforço de atualização e de
reestruturação das condições atuais do ensino básico. Devemos estar cientes das novas
mudanças e respeitar a legislação vigente para cumprir as normas com consciência e
competência.
60
O importante é ressaltar que o curso levou-nos a refletir e questionar sobre
nossos velhos conceitos sobre a inclusão. E, também, elevar a nossa autoestima diante
das dificuldades que perpassam nossos desejos de mudanças, além de acrescentar novas
visões modernas e inserir novos desafios para sermos um professor facilitador no
processo de ensino-aprendizagem com criticidade e autonomia.
É fascinante perceber que, em cinco meses, aprendemos muito e conseguimos
avaliar nossas práticas: olhar para nossos alunos e dizer que não estamos sós diante das
dificuldades. Almejamos que os discursos não fiquem soltos no ar, mas concretizados
em nossas escolas, firmando nossos compromissos diante de uma realidade cruel e
injusta nas escolas estaduais e municipais.
O aprendizado é constante em diversas situações diárias, como preenchendo
formulários, passando receitas médicas e cheques, tomando notas de recados, lendo
jornais, revistas, cartas bulas de remédio, anúncio de publicitários e principalmente nas
urnas eleitorais.
Mas, como esses conhecimentos não são suficientes, precisamos ampliar nossas
reflexões. O educando deve ter consciência da diversidade textual e ampliar seu
repertório.
O professor necessita organizar um plano diferenciado para os alunos portadores
de deficiência e sempre procurar novas estratégias e estudar caminhos adequados para
resolver os problemas em sala de aula.
O curso valorizou as experiências dos professores, redimensionando o papel do
educador, indicando-o como capaz. Mostrou aspectos relevantes diante das situações
problemas e tentou direcionar para resolução dos mesmos. Enfim, é preciso que cada
educador seja consciente que precisamos de esforços para identificar os problemas e as
soluções no dia-a-dia.
61
INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO
ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: A CONTRIBUIÇÃO DE
VIGOTSKI
Maria das Graças Estanislau de Mendonça Mello de Pinho16
Vigotski (1995) criticou o modo de se tratar a Educação Especial, pois julgava
que não é na facilitação ao aluno que se provê a aprendizagem e o desenvolvimento,
mas, justamente, na promoção de desafios é que se encontra a fonte de possibilidades de
desenvolvimento. Complementa, ainda que a escola deve ser um local para a educação
e, assim, privilegiar o abstrato ao concreto e o desenvolvimento das funções mentais
superiores e cognitivas, ao invés da ênfase às funções sensoriais e motoras. É no
contexto de sala de aula, ambiente cultural por excelência que, entre as muitas
interações e vozes em ação, criação e transformação, subsidiam-se a emergência das
Zonas de Desenvolvimento Proximal.
Vigotski (1995) distingue dois tipos de deficiência, sendo uma primária,
compreendida como biológica, tais como lesões orgânicas, cerebrais, malformações, e
alterações cromossômicas, e as secundárias, do tipo social, com base nas interações
sociais. Ele opõe-se as explicações, exclusivamente, biológicas para o desenvolvimento
dos sujeitos com deficiência, uma vez que defende uma concepção que se orienta do
plano social para o plano individual. “[...] é importante conhecer não só o defeito que
tem a criança, mas a criança que tem tal defeito” (VIGOTSKI apud GARCIA, 1999, p.
44).
Vigotski (1995) considera que as aprendizagens e as não-aprendizagens na
escola devem ser atribuídas às formas de ensino, organizadas entre os professores e
alunos, considerando suas histórias de aprendizagens anteriores. Descarta, uma visão
organicista e individualista na qual o fracasso estaria relacionado, exclusivamente, ao
aluno. Para ele a sociedade preocupa-se com aquilo que a criança não é, e com aquilo
que ela não faz, dentro de um padrão de normalidade, quando o que é necessário é
caracterizar seu desenvolvimento e não medi-lo.
Vigotski (1988) julga que, de modo equivocado, a escola propõe às crianças
tarefas apenas em seu nível real, que conseguem realizar sozinha, não explorando as
16
E.M. “Jardim Escola Norberto Marques” - Natividade – RJ.
62
promissoras possibilidades da zona de desenvolvimento proximal. Focaliza,
principalmente, o aprendizado emergente, totalmente dependente do que será
viabilizado socialmente, sendo considerado o bom ensino aquele que se adiantar ao
desenvolvimento já conquistado. Um indivíduo, a partir da ajuda de outro, será capaz de
realizar tarefas que não seria capaz, individualmente.
O diagnóstico é um dos fatores que o educador deve observar, mas não é o ponto
central definidor de toda a sua ação. Outros fatores devem ser incluídos, como as
condições sociais e econômicas da criança, as pessoas com as quais convive, a
qualidade das interações e as situações de aprendizagens anteriores. “Algum diagnóstico
de deficiência seria, no seu entender, decorrente da ausência de uma educação
adequada” (VIGOTSKI apud GARCIA, 1999, p. 43).
Vigotski (1995) orienta-nos que o que conduz a limitação, a debilidade, a
diminuição do desenvolvimento, opostamente estimula o movimento através de uma
tentativa de compensação, por meios alternativos de eliminação das dificuldades
impostas pela deficiência. Onde há a impossibilidade do desenvolvimento orgânico, ali
está aberta de forma ilimitada uma compensação social. O autor destaca a importância
da escola, enquanto local privilegiado de interação no contexto, principalmente, da sala
de aula tanto entre professor e alunos, como alunos/alunos, na produção de sentidos,
propondo reflexão, não apenas na sua característica em poder sistematizar o saber, mas
ter legitimado os mecanismos pedagógicos de aprendizagem e ensino, de avaliações de
desempenho, mas também classificatórias dos graus e séries, definindo, socialmente, a
trajetória curricular e acadêmica dos indivíduos na sociedade.
Julga-se necessário maior atenção às intervenções sistemáticas exploratórias de
nível perceptivo e de atenção, em especial aquelas que destaquem e evidenciem
atributos e características dos objetos e conceitos de aprendizagem. Para tanto, cabe aos
educadores investir na pesquisa de estratégias instrumentais e simbólicas, especificas,
ricas e suficientes, a serem empreendidas. Segundo Fierro (apud COLL, 2004, p. 207)
A instrução mais completa que as pessoas com deficiência necessitam é
obtida, entre outros meios graças a ampla utilização de redundância: ensinar
de diferentes formas, com variados exemplos, por meio de canais sensoriais e
de ações distintas, introduzindo também variações nas consecuções das
tarefas.
As crianças apropriam-se nas suas interações sociais tanto dos conhecimentos
específicos mediados, como das estratégias do mediador, o que descreve teoricamente o
processo de internalização de estratégias (VIGOSTSKI apud SMOLKA, 1991). Fierro
63
ratifica tal ideia e sugere alguns princípios e regras para aplicação com pessoas com
deficiência intelectual. Com isso, propõe que a ênfase na intervenção deva ser na
instauração de estratégias mais funcionais de processar e aprender tentando, sempre,
conscientizar o aluno de seu processo cognitivo (FIERRO apud COLL, 2004). Para
tanto, foca a atenção em estratégias específicas que serão necessárias, assim como quais
serão as adaptações curriculares, passando das dificuldades dos alunos às dificuldades
de ensino. O autor ainda destaca que os déficits dos alunos com deficiência intelectual
podem requerer também recursos especializados da tecnologia, de código, de
comunicação. A perspectiva educacional contrapõe-se a, meramente, classificatória e
luta contra as piores previsões. Este educador trabalha para que o diagnóstico de
deficiência grave em uma criança, revele-se errôneo, e que, graças a educação, não
pareça tão grave, mas apenas moderado, que o diagnóstico de uma deficiência
moderada, mostre-se apenas leve e que a deficiência leve manifeste simplesmente como
dificuldade generalizada de aprendizagem.
Quando Vigotski (1991) considera prospectivas as potencialidades do indivíduo,
ele baseia-se não apenas no aspecto quantitativo, mas nos qualitativos, no sentido de se
compreender o desenvolvimento em todos os seus sentidos, inclusive quanto ao
autoconceito, a constituição da consciência e da subjetividade.
Goés (2000), baseado em conceitos de Pierre Janet (1929) destaca a importância
da história social, pelo papel regulador da linguagem na formação da personalidade e
nos processos de individuação que, segundo este autor, mesmo que se esteja isolado da
sociedade, a influência do social permanece.
Para a promoção da permanência e sucesso na carreira escolar do aluno com
deficiência é necessário a implantação de adaptações curriculares que podem ser de
grande porte quando se referem à adaptação de objetivos, organizados pela equipe da
escola, da mesma forma que os conteúdos, o sistema, a metodologia de avaliação e a
temporalidade de acordo com a especificidade de cada aluno e, de pequeno porte, as que
se referem às adaptações organizativas, de objetivos de ensino, conteúdo, avaliação,
método de ensino, temporalidade, cabendo responsabilidade ao professor, sempre
precedidas de rigorosa avaliação do aluno em todos os seus aspectos físico, cognitivo,
linguístico, gráfico, comportamental, social, afetivo.
Destaco aqui, o conceito de currículo funcional que se apoia em princípios
teóricos e metodológicos que irão auxiliar o professor na organização de atividades
funcionais, valorizando a independência e autonomia, mesmo que possibilitadas pela
64
observação ou imitação de outros colegas ou modelos. Acrescente-se que devem ser
adequadas a idade cronológica do aluno. Para tanto, leva-se em conta o grau de
complexidade, da menor para a maior complexidade; as avaliações do processo pelo
aluno, bem como a avaliação final dos objetivos alcançados.
A escola deve prever e prover adaptações. Reconhecido o grande
desenvolvimento da criança, principalmente, na faixa etária compreendida como
período crítico de zero a três anos, sabe-se, que se algumas conexões neurais não forem
desenvolvidas podem determinar sérios prejuízos à criança.
A grande dificuldade para se libertar das amarras das disciplinas acadêmicas
para uma compreensão mais ampla de que o currículo é para a vida do cidadão, é um
dos entraves na Educação Inclusiva. Revela-se, ainda, complexo a incoerência entre o
sistema educativo com sua organização em classificação de séries ou níveis e a
matrícula por parte do aluno com necessidades educativas especiais, já que há exigência
dos mesmos critérios e as mesmas classificações.
É necessário que haja preocupação não só com as intervenções convencionais,
mas também com aquelas que a partir de uma efetiva e eficaz identificação do nível de
desempenho do aluno, ou de sua Zona de Desenvolvimento Real, sejam diversificadas
para o desenvolvimento de competências e habilidades sensoriais, motoras, linguísticas,
lógicas, cognitivas, curriculares, comportamentais, sociais e emocionais do Deficiente
Intelectual que, calcadas em adaptações, revelam-se necessárias e possíveis.
65
O PROCESSO EDUCACIONAL INCLUSIVO EM SALA DE AULA
Débia Régia Silva Guimarães Borges17
A formação de profissionais da educação requer um ensino de qualidade, e
voltado para a diversidade para que se atenda às diferenças.
Nessa perspectiva o Curso Práticas Educacionais Inclusivas – Deficiência
Intelectual proporcionou mudanças no que tange a quebra de barreiras ideológicas, com
uma nova postura crítica no processo de ensinagem.
O curso teve como objetivo capacitar os profissionais da educação, subsidiando
o trabalho com alunos com deficiência, especificadamente, a intelectual, favorecendo a
troca de conhecimentos.
Iniciamos as atividades com leituras e troca de experiências entre os cursistas e
tutores, tendo alguns diagnósticos avaliativos que nos oportunizou um melhor
aprendizado e conhecimento sobre o assunto abordado em questão, principalmente,
sobre estratégias e intervenções para o trabalho com alunos com déficit intelectual.
Diante desse aprendizado, foram percebidos muitos resultados, pois
gradualmente, os alunos foram tendo melhor entendimento e já se posicionavam como
entendedores básicos do assunto. Vimos que, antes de iniciar o curso, muitos não
tinham conhecimento do que era trabalhar com a diversidade.
Esse curso foi primordial e extremamente válido para a consolidação e
efetivação de conhecimentos necessários para a formação profissional de todos os
participantes. Constatamos que o Curso Práticas Educacionais Inclusivas- Deficiência
Intelectual possibilitou-nos quebra de barreiras ideológicas e muitos conhecimentos
para se trabalhar com o aluno com déficit intelectual, tendo embasamento para fazer
com que o aluno se insira no contexto, não somente educacional, mas também, social,
por meio de estratégias, flexibilizações e intervenções para este ter sua própria
autonomia de inserção social.
A experiência inclusiva em sala de aula, posteriormente, à capacitação
promovida pelo Curso Praticas Educacionais - Deficiência Intelectual, favoreceu
avanços significativos, elevando minha prática pedagógica. Mesmo já vivenciando a
Educação Inclusiva em Goiás, pude melhor trabalhar com esses alunos, pois implantei
17
Col. Est. “Previsto de Morais” - Caiapônia – GO.
66
uma nova proposta educacional com base nos princípios de inclusão, assimilados por
meio das trocas de experiências com os colegas, as leituras direcionadas, as avaliações
diagnósticas e outros subsídios dos tutores.
Comecei, portanto, adotando o paradigma da inclusão que consiste no processo
de adequação da realidade das escolas e do alunado que, por sua vez, representa a
diversidade na escola. É notório que esse processo é gradativo. Sabemos que ainda há
muitas relutâncias contra ele, mas faz-se necessário a conscientização e sensibilização
constante, pois a educação inclusiva e o trabalho com os alunos com deficiência é um
desafio.
Entretanto, quando se fala em garantia de direitos à essas pessoas especiais,
percebe-se que há muito a se fazer. O modo de vida da sociedade precisa ser mudado. A
cultura de que as pessoas que têm limitações é um ser inválido, precisa sair dos
pensamentos humanos. Na Unidade em que trabalho, a conscientização foi feita em
reuniões pedagógicas, onde pudemos formar grupos de estudos, utilizando as leituras
proporcionadas pelo curso, onde todos puderam ter acesso, também, às várias
informações veiculadas no curso. E, em sala de aula, passamos a fazer a flexibilização
dos conteúdos, adaptando o que se faz necessário e utilizando intervenções e estratégias
pedagógicas voltadas para os alunos com déficit intelectual.
Mas quando me coloco a pensar o antes e o depois, vejo que, mesmo lentamente,
os professores da unidade escolar passaram a ter uma nova visão e com isso pude
perceber o desenvolvimento profissional e pessoal que proporcionou esse curso, em
minha vida.
Na sala multifuncional (A.E.E.), aproveitei várias informações para trabalhar
com o atendimento educacional especializado, principalmente, quando se trata de
estratégias de trabalho com os alunos com deficiência intelectual. Atualmente, temos
uma equipe que dá suporte à escola para orientar os professores com o trabalho para a
diversidade.
Muitos outros benefícios eu poderia mencionar, mas o que me deixa mais
confiante e otimista, é que por meio dessa capacitação, pude transformar o meio em que
trabalho, com momentos de estudos subsidiados pelas leituras do curso e pude perceber
o ambiente modificado e as atitudes em relação aos alunos com necessidades
educacionais especiais. A indiferença promove a distinção das relações sociais e leva a
estupidez, e o que precisamos é restaurar a sensibilidade do ser humano uns com os
67
outros. É sabido que aprendemos com as diferenças e que cada ser tem sua limitação,
mas, também, tem suas habilidades.
Segundo Guimarães Rosa, “o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as
pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre
mudando”. Assim é o processo de Educação Inclusiva e o trabalho de conscientização
de aceitação às diferenças.
Salientamos que várias políticas públicas estão, de fato, comprometidas a mudar
o cenário atual da educação no que se diz respeito a “Educação para a Diversidade” e
este é um grande desafio que instiga o professor a se capacitar e os cursos de extensão
como estes de Educação a Distância oferecido pela UNESP/BAURU fazem com que
tenhamos embasamento para o nosso trabalho, oportunizando ricas intervenções
pedagógicas para nosso trabalho, tornando o ambiente escolar acolhedor, enfim, uma
escola para todos, propiciando aprendizagem de todos.
Ressalto, entretanto, que há um caminho longo a se percorrer, já que na prática
nos deparamos ainda com profissionais desqualificados que necessitam se capacitar para
trabalhar com as diferenças. Sabe-se, também, que temos escolas que ainda não
oferecem estruturas adequadas para atender as necessidades dos alunos e suporte aos
professores, mas vejo que estamos no caminho e esse é um deles, participar de cursos
preparatórios de extensão que qualificam, não somente mudam maneiras de se trabalhar,
mas também a concepção ideológica, pois para transformar a educação, precisamos
mudar a concepção. É isso que esse curso nos proporcionou.
Conclui-se que há vários desafios para melhorar o processo de ensinagem com
os alunos com necessidades educacionais especiais. Os temas propostos no curso foram
repassados através de grupos de estudos na unidade escolar, portanto, abriram espaços
para outros se qualificarem meio da educação a distância. Pudemos, assim, ter maior
compreensão do assunto, não somente entre professores, mas no contexto escolar que
extravasa fronteiras para a comunidade em geral.
68
EDUCAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL: NOSSO PAPEL COMO EDUCADOR
Deize Mara Cecconi18
Após a conclusão desse curso, posso garantir que todos que participaram de uma
forma ou de outra, mudaram sua forma de pensar e sua postura de educador. Eu mesma,
como educadora que sou, há 23 anos mais ou menos, sempre tive uma postura
diferenciada de alguns profissionais que convivi nesses anos todos.
Sempre me preocupei com o bem estar dos meus alunos e o que poderia causar
na sua formação tanto para o positivo quanto para o negativo, mas percebia que nem
todos pensavam como eu. Presenciei muitas cenas de injustiças e violência psicológica
com crianças e adolescentes.
O curso “Práticas Educacionais Inclusivas - Deficiência Intelectual” só veio a
acrescentar e a aprimorar meus conceitos sobre Inclusão. Muitos temas não conhecia,
muitas sugestões foram interessantíssimas, documentários maravilhosos, reflexões
importantes sobre nossa postura como educadores, textos valiosos para nossa formação,
atividades práticas que oportunizaram uma observação mais detalhada de alguns casos
de Inclusão que temos nas nossas escolas, a flexibilização do currículo na educação
inclusiva, enfim, uma oportunidade única que tivemos o privilégio de participar.
Sempre fui muito observadora com relação ao comportamento dos alunos, os
que apresentam dificuldades tanto de comportamento, como de aprendizagem ou
apresentam alguma deficiência são os que mais necessitam de apoio de toda a equipe
educacional e multidisciplinar. Estes alunos são vítimas da própria sorte, são crianças e
adolescentes que necessitam de carinho, atenção, afetividade e orientação para que se
desenvolvam e sejam felizes. Este é nosso papel como educador. Difícil missão, sim,
sem dúvida, mas não impossível.
Cabe a nós, gestores, orientar, capacitar e disponibilizar recursos para que a
Inclusão realmente aconteça nas nossas escolas. Tenho participado de reuniões
intersetoriais aqui no meu município e pude perceber, após ter concluído este curso que
estou muito mais preparada, informada e integrada neste assunto tão polêmico, que é a
Inclusão. Consigo perceber com mais clareza a falta de conhecimento e até de
18
EMEF "Chrisostimo Redigolo” – Cedral – SP.
69
humanidade de alguns profissionais da educação. E fico indignada com a postura de
profissionais que se dizem educadores e cidadãos.
Acredito que o nosso país esteja com certo atraso neste quesito “Educação e
Inclusão social”. As pessoas ainda não entenderam o objetivo da inclusão. As escolas
não querem alunos que exigem uma atenção maior, um atendimento individualizado ou
diferenciado ou que o professor tenha que se preparar melhor e planejar suas aulas,
tornando-a mais agradável e prazerosa. Elas querem que o aluno se adapte a ela e não a
escola ao aluno. São profissionais preparados?
Sabemos que na prática não é tão simples. Há, sim, casos muito difíceis de lidar,
casos que nos tiram o sono e não achamos caminhos e soluções. Mas, não podemos e
não devemos desistir. A arte de educar é uma tarefa bastante complexa, mas é para
profissionais que têm paixão pela sua profissão e abraçam a causa com persistência,
serenidade, comprometimento e muita responsabilidade.
A história da Inclusão Social e educacional tratada nos primeiros capítulos foi de
suma importância para que eu abraçasse ainda mais a causa (Inclusão Social). A
Educação Inclusiva, fundamentada em princípios filosóficos, políticos e legais dos
direitos humanos, compreende a mudança de concepção pedagógica, de formação
docente e de gestão educacional para a efetivação do direito de todos à educação.
Portanto, é imprescindível que os profissionais da educação, saúde, assistência
social e conselhos tutelares conheçam e façam uso das legislações que embasam a
“Educação Inclusiva”.
Tivemos momentos significativos de trocas de experiências com os colegas e
com as tutoras que muito colaboraram com a nossa formação. Fico muito feliz em ter
sido contemplada para fazer esse curso que me possibilitou muitos conhecimentos.
Agora, estarei disseminando tudo que aprendi para toda a equipe que coordeno e para
todos os casos que tiver ao meu alcance como cidadã que sou.
O Ensino Colaborativo, um dos temas abordados no curso, é um sonho de
muitos profissionais que atuam na educação. Um trabalho em equipe, com apoio,
compartilhando nossas angústias e incertezas. Essas trocas enriquecem nosso trabalho,
nos dão confiança e, principalmente, condição de sermos atores de nossa própria
prática.
O conhecimento das teorias do desenvolvimento humano é também fundamental
para lidarmos com a questão da inclusão social no nosso meio. Enfim a Inclusão escolar
está inserida em um movimento mundial denominado Inclusão Social que tem como
70
objetivo efetivar a equiparação de oportunidades para todos, inclusive para os
indivíduos que, devido às condições econômicas, culturais, raciais, físicas ou
intelectuais, foram excluídos da sociedade, como sugere a música “Inclassificáveis” de
Arnaldo Antunes, interpretada por Ney Mato Grosso, onde a Exclusão Social, o
preconceito e a Diversidade Cultural toma conta de muitos espaços na nossa sociedade.
Parabenizo e agradeço a todos que participaram deste estudo e destas reflexões acerca
da Inclusão Social.
71
A INFLUÊNCIA DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
AFETANDO NOSSOS HÁBITOS, MODOS DE TRABALHAR E DE
APRENDER
Leila Paim de Souza19
É inegável a influência das Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs
em nossas vidas, uma vez que fazem parte de um novo cenário sócio-cultural, afetando
e modificando nossos hábitos, modos de trabalhar e de aprender. Além de introduzir
novas necessidades e desafios relacionados à sua utilização, estão cada vez mais
presentes no cotidiano de todos e parece impossível imaginar a vida sem essas novas
ferramentas tecnológicas.
Elas devem servir de suporte para o desenvolvimento de habilidades no processo
ensino-aprendizagem, auxiliando o trabalho do professor e o futuro profissional do
educando. É necessário lembrar que, especialmente o computador, embora não seja a
resolução de todos os problemas de aprendizagem, é, sem dúvida, importante recurso
para ampliar as possibilidades de conhecimento devido ao seu poder motivador e
ferramenta de acessibilidade que permite adequá-lo às necessidades de cada um.
Diante dessas novas exigências, precisamos refletir sobre nosso aperfeiçoamento
profissional e a nossa prática pedagógica, ainda mesclada de conceitos tradicionais
vivenciados enquanto alunos. Neste cenário, os cursos de Educação a Distância – EaD
apresentam-se como opção ativa e atual para o nosso aperfeiçoamento e as novas
tecnologias, ferramentas complementares e eficazes no ensino-aprendizagem.
Na perspectiva atual, pensamos em Educação Inclusiva como um processo que
se amplia com a participação de todos. Ela requer mudanças significativas na estrutura e
no funcionamento das escolas, na formação e postura do professor e nas relações
família-escola, de forma a promover uma aprendizagem significativa e o
desenvolvimento pessoal de todos. Assim, as TICs apresentam-se como recursos
ímpares tanto na formação profissional como na prática pedagógica.
Participar do Curso Práticas Educacionais Inclusivas – Deficiência Intelectual,
promovido, em parceria com o MEC/SEESP/UNESP, foi uma experiência única para
meu crescimento pessoal e profissional.
19
Escola Municipal “DEP. Wilson da Paixão” – Catalão – GO.
72
Foi a primeira experiência com essa modalidade de ensino e, confesso-me
surpresa pela eficácia e funcionamento desse curso, pois já era sabido que essa
modalidade sofre críticas por parte de alguns céticos. Porém, não posso deixar de
registrar meu contentamento com a metodologia, o conteúdo, os professores
formadores, enfim, com toda equipe envolvida e, tenho certeza, contribuiu,
enormemente, para esse sucesso.
Pelo ambiente TelEduc foi possível trabalhar de forma objetiva e dinâmica por
sua eficiente estrutura organizacional. Todas as ferramentas foram exploradas pelos
professores formadores e pelos alunos. Gostaria, todavia, de destacar a sala de bate-
papo e o correio que foram espaços ímpares onde trocamos informações, opiniões e
tiramos dúvidas e, ainda nos relacionamos de forma muito cordial. Também o conteúdo
escolhido foi bastante oportuno e bem selecionado, servindo como base para novos
conhecimentos e suporte para as atividades desenvolvidas.
Nos Fóruns de Discussão, tivemos a possibilidade de emitir opinião, trocar
ideias e refletir sobre a inclusão e outros assuntos relativos a nossa profissão.
No portfólio, não só arquivamos nossos trabalhos individuais e em grupo,
trocamos comentários de atividades com os colegas, tutores e formadores como também
tivemos acesso à ferramenta perfil que nos permitiu conhecer melhor cada colega, tutor
e formadores.
Quero ressaltar que mesmo sendo Educação a distância esse processo de ensino-
aprendizagem, mediado por tecnologias, com professores e alunos separados
espacialmente, não perdem em nada para os presenciais. Sua essência e qualidade e as
relações desenvolvidas são iguais a dos cursos presenciais. Temos ainda a flexibilidade
de escolher o horário mais adequado para realizar nossas leituras e atividades e ainda
estamos ligados por laços de interesses comuns, afinidades e empatia, desenvolvidos ao
longo do curso.
Por apresentar tantos benefícios, os cursos de educação a distância devem ser
mantidos e ampliados para o acesso de um maior número de alunos-professores porque
são opções eficazes para aqueles que não dispõem de tempo ou acesso a cursos
presenciais, que é o meu caso e de muitos outros profissionais.
O Curso Práticas Educacionais Inclusivas – Deficiência Intelectual apresentou-
se como opção acessível no município de Catalão para quem quer se aperfeiçoar na área
de inclusão, visto que os mesmos só estão disponíveis em Uberlândia-MG ou Goiânia-
Go, locais mais próximos. Portanto, na impossibilidade de me deslocar para outro
73
município, esse curso a distância me proporcionou a oportunidade de aperfeiçoamento e
preparo para ampliar minha prática pedagógica.
Tenho 20 anos de prática Educacional e, nesta caminhada, tenho buscado aliar a
teoria apreendida nos cursos de especialização e de aperfeiçoamento à prática
pedagógica, porém, atualmente um assunto tem me inquietado diante da
responsabilidade de professor e tem me levado a buscas constantes e a vários
questionamentos. Minha escola está preparada? Eu estou no caminho certo? Onde
buscar soluções? O que fazer? Tenho vivido os dois lados da moeda: o de professor e o
de mãe na luta pela inclusão e nem sempre encontramos respostas para nossas
perguntas.
Diante de tal situação, por mais adversa que seja, não podemos fechar os olhos e
deixar de trilhar caminhos para abrir novos horizontes no processo de inclusão.
Pensando assim, idealizamos na Escola onde trabalho o Projeto “Entrelaçando Saberes -
Informática Educativa e Educação Inclusiva”, cuja iniciativa conta com outros
professores parceiros e apresenta-se como vanguarda desse processo . Ele propõe
resgatar um ensino que realmente seja inclusivo, buscando desenvolver práticas
educacionais para alunos com deficiência intelectual, acrescentando ao trabalho de sala
de aula, técnicas e abordagens diferenciadas de conteúdo que permitam a esse aluno as
mesmas oportunidades, democratizando, assim, o processo de ensino-aprendizagem.
O Projeto “Entrelaçando Saberes – Informática Educativa e Educação Inclusiva”
atende aos alunos em suas dificuldades elementares, uma vez que busca superar essas
deficiências para que o aluno sinta-se inserido no processo de ensino aprendizagem e
desenvolva suas habilidades, respeitando as possibilidades de cada um.
Desta forma, o Curso Práticas Educacionais Inclusivas – Deficiência Intelectual
me auxiliou na ampliação de conhecimentos importantes na área de inclusão,
esclarecendo muitas questões sobre a Legislação vigente e fornecendo conceitos que
serviram de apoio ao meu trabalho. Ainda, trouxe sugestões objetivas e criativas,
particularmente na área de Tecnologia Assistiva (T.A). Portanto, foi um curso que
realmente entrelaçou teoria à prática de sala de aula e abriu horizontes para a busca de
parcerias e conscientização de todos os envolvidos: escola, família, administradores e
outros.
Esse curso abriu as “portas” para incluir a diversidade, criando oportunidades
reais para mobilizar as potencialidades humanas de todas as crianças e dar realmente as
mesmas oportunidades a todos que almejam uma escola inclusiva.
74
Sabe-se que a discussão sobre inclusão vem de longa data e prevista em
Legislação Federal desde 1988. Em 2008, houve uma reformulação tornando-a
obrigatória na rede regular de ensino. Entretanto, a sociedade não se vê preparada para
assumir uma postura inclusiva e sequer percebe-se disposição de mudança neste
aspecto. Talvez isso se dê porque, culturalmente, as pessoas ainda têm arraigadas em si
preconceitos advindos de longa data e influências diversas.
Diante dessas perspectivas e constatações, precisamos refletir sobre o papel da
Escola, ambiente no qual as reações diante dessa diversidade é conflituosa e confusa,
ainda. Então, é preciso buscar caminhos que amenizem essas relações e estabeleçam
direcionamento seguro e eficaz da prática pedagógica.
Diante do exposto se faz necessário pensar como, verdadeiramente, efetivaremos
a escola inclusiva? O que cada um pode fazer? O que precisamos mudar?
A resposta para todas essas perguntas está naqueles que buscam desenvolver
sentimentos e habilidades para dar oportunidades aos que não as têm, seja
disponibilizando cursos, seja realizando-os, seja criando acessibilidades ou afagando as
ansiedades, diminuindo assim as dificuldades dos que possuem algum tipo de
deficiência.
E, por fim, a título de reflexão, deixo um pensamento que entendo ter tudo a ver
com nossa profissão, “embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”. E nunca esqueçamos que
somos os frutos de nossas escolhas.
75
MINHA EXPERIÊNCIA COM CURSO EAD
Liliane Mendonça da Silva Nascimento20
O presente texto apresenta um breve relato da minha experiência com o curso a
distância (EaD) que acabei de fazer sobre Práticas Educacionais Inclusivas - Deficiência
Intelectual, oferecido pela UNESP, cidade de Bauru/SP. Serão relatadas também
algumas reflexões da minha prática educativa, enquanto professora e da minha prática
com a inclusão.
Desde 2008, faço um curso EaD em Língua Espanhola e esse ano tive a
oportunidade de fazer outro curso a distância, na área da inclusão.
Na minha concepção, essa modalidade de curso seria mais fácil, mais tranquila,
ou seja, seria um curso que não teria muitas atividades para fazer, seria em menor
quantidade do que em uma universidade com curso presencial. Pensava também em
como seria o trabalho dos professores com os alunos. Nossa! Quanto me enganei!!
Sempre tive tantas informações, tantos textos para ler, muitas atividades interessantes a
fazer que pensei que elas não seriam possíveis de se realizar a distância.
Também não posso me esquecer de falar dos mestres que muito me ensinaram,
tanto dando explicações como respondendo aos fóruns. No início do curso, é muito
difícil saber como “manobrar” as ferramentas que nos são dadas nos sites para
podermos acessar os links e conseguirmos salvar textos para ler, resolver exercícios,
participar de fóruns (olha ele aí de novo!!) para trocarmos nossas experiências. Mas
com o tempo, a gente aprende a lidar com estas ferramentas e trabalhar e estudar de
forma mais tranquila.
Sou formada em Letras, trabalho em escola pública desde 1997, mas até em
2008, não havia trabalhado com inclusão. A partir de 2009, o Estado me colocou para
trabalhar com um aluno de inclusão, cuja condição, a princípio, era Autismo. Tive muita
resistência no início, pois nunca havia feito nenhum curso nessa área, nem havia me
interessado pelo trabalho de inclusão e não sabia como agir. Aos poucos, fui lendo sobre
o assunto. Lia muitos livros indicados pela minha coordenadora, lia sobre o assunto pela
internet, perguntava aos médicos quando eu, meu marido ou nossos filhos iam
consultar. Segui trabalhando, mas meu aluno não apresentava características de pessoa
20
Colégio Estadual “João Netto de Campos” – Catalão - GO
76
autista. Então comecei a questionar minha coordenadora sobre a provável condição
dele.
Chamei a mãe para conversarmos sobre o problema do filho e ela me disse que
ele tinha Síndrome de Asperger. Novamente fui buscar fontes de conhecimentos para
me inteirar do assunto e poder trabalhar com ele da melhor maneira possível. Contudo,
ao estudar sobre essa síndrome, percebi novamente que o aluno não apresentava
características dessa síndrome e retornei para a coordenadora sobre o problema desse
aluno. Por fim, pedimos à mãe que nos mandasse um laudo médico atualizado do filho
para que pudéssemos arquivar na escola. Quando o laudo chegou, dizia que ele tinha
Esquizofrenia Paranóide Progressiva. Mais uma vez busquei sobre o assunto e, enfim,
constatei que as características de comportamento que ele apresentava coincidiam com
o seu laudo. Pude, então, trabalhar com ele com mais segurança.
Uma das atitudes das pessoas que mais achei interessante era quando me
perguntavam sobre a doença do aluno. Ao responder a esses questionamentos, muitas
pessoas me perguntavam se eu não tinha medo de trabalhar com ele. Outras falaram
para eu desistir de ficar com ele e outras, ainda, diziam para eu ter cuidado com o que
ele poderia fazer, pois, para quem ainda não sabe, esquizofrenia é popularmente
conhecida como a loucura.
Na verdade, nunca tive medo dele. Sempre procurei ser firme mantendo sempre
a educação. Ensinei-o a manusear o corretivo, a esperar a vez de falar e muitas coisas
que pensava “não dar conta”. Essa doença é muito ingrata, pois, por ser progressiva,
com o passar do tempo, ele irá perder aquilo que já aprendeu. Neste ano, ele começou a
estudar novamente, mas, a sua doença agravou e acabou desistindo de frequentar a
escola. Então, colocaram-me para trabalhar com uma aluna que possui déficit cognitivo
leve a moderado e imaturidade associado a transtorno do déficit de atenção. “Nossa,
quanta coisa que ela tem...”, pensei. Bem, lá fui eu novamente procurar informações
sobre o diagnóstico. Desta vez, pude ir aos especialistas que cuidam dela, pois a mãe
leva-a numa neuropediatra, de dois em dois meses e a uma psicóloga, uma vez por
semana. Claro que não deixei de conversar com a mãe, pois é ela quem toma a iniciativa
de fazer o tratamento na filha.
Em primeiro lugar fui à neuropediatra. Conversamos muito a respeito do laudo e
ela me esclareceu várias dúvidas. Também contei a ela como eu estava trabalhando com
a aluna e ela me disse para continuar neste caminho, pois estava indo bem. Saí do
77
consultório mais aliviada, pois, como já disse, ainda não tinha nenhum conhecimento
maior sobre inclusão ou qualquer outro assunto relacionado.
Num outro dia, fui ter com a psicóloga uma conversa mais detalhada sobre a
aluna. Foi muito bom esse papo, pois ela me orientou em como agir com a aluna,
elogiou o que eu estava fazendo certo e corrigiu o que precisava fazer diferente.
Também disse que essa deficiência da aluna é hereditária, pois o pai tem este déficit, só
que em grau maior do que o dela. Sinceramente, saí mais leve do que entrei. Percebi que
estava começando a dar um primeiro, mas importante, passo no trabalho com alunos
especiais. E o mais importante de tudo veio logo em seguida: foi iniciar outro curso a
distância na área de deficiência intelectual.
Este curso foi tão importante para mim (e creio também para as minhas colegas)
que fica muito difícil a gente não elogiar. No entanto, no começo não foi fácil. A
princípio, não sabia como seriam tratados os conteúdos, como seriam os trabalhos, as
leituras e outras atividades, pois nunca havia feito nenhum tipo de curso nessa área.
Outra expectativa era saber o que eu iria aprender e como poderia aplicar estes
conhecimentos.
Como disse, anteriormente, este curso foi muito bom para o meu crescimento
enquanto profissional e enquanto pessoa. Trouxe-me reflexões, conhecimentos que eu
nem sabia que existiam. Se mudou a minha prática? É claro que mudou, mas não
somente a prática como também o meu modo de pensar e enxergar a inclusão e as
pessoas que fazem parte dela. Quantos foram os vídeos interessantes!! Assisti a um
vídeo com o Projeto Pipa e até hoje não deixo de refletir sobre como há preconceitos.
Pensava que os alunos não conseguiam aprender ou se aprendiam era depois de muitos
anos na escola. Hoje sei que alguns são assim, mas há os “diferentes” entre os
deficientes.
Nesse curso, aprendi a fazer trabalho em grupo a distância e é muito
interessante. Acreditava ser impossível. Li tantos textos que trouxeram informações,
esclarecimentos e reflexões sobre a inclusão, sobre os direitos destas pessoas, a ética, a
avaliação, o trabalho dos professores, sobre também as habilidades sociais...difícil é
lembrar de tudo. A cada texto discutíamos nos fóruns, fazíamos atividades relacionadas,
trocávamos experiências através do correio e, com isso, íamos caminhando rumo ao
conhecimento sobre alunos especiais.
Outra coisa que me chamou a atenção nesse curso é que aprendi não apenas
sobre a deficiência intelectual, mas, também, sobre algumas outras agregadas. Entendi
78
que a especialidade está associada a vários tipos e, com isso, somamos outras
informações, mas é claro que sem perder o foco central do curso que é a deficiência
intelectual.
São tantos momentos que ficarão registrados em minha memória que fica difícil
não citá-los e, ao mesmo tempo, não conseguirei citar todos, mas um que me fez muito
feliz, foi a troca de experiências com as novas colegas que nos foi dado de presente.
Presente sim, pois conversávamos sobre o curso, as atividades, fazíamos comentários
construtivos e trocávamos experiências o que me fez crescer, pensar e, muitas vezes,
mudar de atitude em relação a minha vivência como professora de ensino especial.
Ah, tem também o bate-papo... Lógico que depois dos textos lidos e atividades
feitas ou ainda por fazer, o bate papo foi, se posso dizer assim, “campeão de audiência!”
Os primeiros foram focados nos textos, nas dúvidas que tínhamos, pois não
conhecíamos ainda ninguém, nem mesmo a tutora e a formadora quem nos
acompanhava. No entanto, com o passar das semanas, já sabendo como funcionavam as
ferramentas do site, e sendo as atividades postadas para que todos pudessem ler,
comecei a dar uns “pitacos” para as minhas colegas.
No início, fiquei apreensiva, pois pensei que alguém poderia não querer ou não
gostar destes comentários que eu fazia. Ora, ora!! Como me enganei!! (Graças a Deus!!)
Minhas colegas começaram a responder sobre os comentários que eu fazia, elogiavam e
também passaram a dar também os “pitacos” nos meus trabalhos. Olha, como aprendi
com elas!! Quem está de fora consegue ver melhor, isto serve para tudo, inclusive para
as respostas dos trabalhos. Quantas vezes, ao receber os comentários, mudei a resposta,
ou acrescentei. A partir daí, os bate-papos foram ficando cada vez mais esperados, pois
além de tirarmos dúvidas, conversávamos sobre as atividades, agradecíamos os
comentários feitos pelas nossas colegas. Ficávamos tristes ao saber que esta ou aquela
pessoa estava passando uns dias difíceis e assim por diante.
E, como não poderia faltar, são os elogios (e penso que todas as minhas colegas
concordarão) à tutora e à formadora que muito nos ajudaram a crescer neste processo de
aprendizagem. A atuação desta dupla (como Batman e Robin) em se preocupar com o
nosso aprendizado, em elogiar todas (sim, todas!) as nossas atividades, sempre com uma
palavra amiga. Caso não fizéssemos da forma como fora pedido, por não conseguirmos
de alguma forma, sabíamos que sempre podíamos contar com elas. E, pensem, quantos
alunos, quantas dúvidas e quantos trabalhos para corrigir, fazer comentários e tudo
mais, no prazo de uma semana! Não foi fácil não! E sabemos disso. Contudo estavam
79
sempre com um entusiasmo contagiante que nem pensei em desistir. Sempre podíamos
contar com orientações preciosas e importantes sobre cada assunto dos módulos, com
explicações, com exemplos claros que faziam a gente entender melhor o que o autor
queria dizer em seu texto.
Depois de passar por este processo todo, pergunto: como não mudar de atitude?
Fica quase impossível não haver crescimento pessoal e profissional com um curso que
me acrescentou tanto! E, em se tratando de curso EaD, fico satisfeita de saber que pude
participar com um grupo tão bom quanto este, conviver com pessoas que me ajudaram a
caminhar neste processo de construção do conhecimento.
Enfim, aprendi que para trabalhar com pessoas com deficiência temos que ter
criatividade, trabalhar mais o lúdico do que o abstrato; temos que ser flexíveis para
entender que podemos mudar de tática ao percebermos que a forma que usamos para
ensinar não alcançou nosso objetivo; temos que ter profissionais especializados que
possam colaborar para o crescimento do ensino-aprendizagem deste aluno; temos que
ter ética acima de tudo; temos que trabalhar, concomitantemente, com a família deste
aluno e trazê-la para dentro da escola, pois, a família é esteio de tudo e, por fim, temos
de ser habilidosos suficientes para trabalhar com os problemas de comportamento.
80
IMPORTÂNCIA DO CURSO PARA A SEGURANÇA PROFISSIONAL
Eliane de Almeida de Souza Valadão21
Fazer o Curso da Plantaforma Paulo Freire – Deficiência Intelectual trouxe-me
uma bagagem surpreendente de entendimento e, acima de tudo, melhor compreensão do
caminho em que estou pisando. Sei que não foi ainda o suficiente para sentir-me
preparada para este desafio, que é o de ensinar, com sucesso, o aluno em suas
limitações, mas sei que posso fazer um diagnóstico melhor e optar por caminhos mais
seguros para me estruturar diante do planejamento quanto ao aluno com deficiência.
Percebo que não há em um ser humano possibilidades do não aprender e que há
vários caminhos a ser tomado para que possamos nos amparar na busca do ensinar, do
reconhecer, do acreditar, do amor, do aceitar e, acima de tudo, ser realmente um
professor, acreditando na capacidade que tem o ser humano, buscando força em Deus,
depois em você mesma. E, prova disso é o resultado que temos em nossas unidades de
ensino onde limitações são superadas e ainda aspiram para crescimentos maiores.
Tenho, aproximadamente, 15 anos de docência. Trabalhava, no início, com
turmas de 30 alunos. Para o meu desafio, lembro–me de que não havia nenhum
deficiente na época. As dificuldades encontradas eram simplesmente pela falta de
acompanhamento dos pais, os alunos eram obedientes, até então e, na sua grande
maioria, interessados em aprender.
As deficiências, agora percebo não existiam, estavam escondidas por seus
familiares em escolas especializadas ou centros de tratamento, mas em sua grande
maioria, ainda dentro de quartos ignorados e desacreditados. Hoje, sim, nos deparamos
com a realidade do que é a deficiência e suas limitações e estamos no convívio com as
mesmas.
Ao me encontrar como docente de uma escola nova em que permitia a inclusão
e, em contrapartida, ter alunos com deficiências que jamais imaginava poder aprender
como as outras crianças ficavam encabuladas com a inclusão e seu propósito, não sabia
como começar, nem mesmo como agir, tocava a vida na caminhada de ensinar, sem me
dar conta de que aquela criança necessitava de maior atenção e compreensão.
21
Dependência Administrativa: x Estadual – Rubiataba – GO.
81
Ministrava aulas tentando repassar para aqueles meninos o mesmo conteúdo,
sem a mínima oportunidade de aprendizado para os deficientes. Preocupava-me com os
demais, aquela situação do aluno com deficiência era ignorada.
Com o passar do tempo e o convívio com os alunos deficientes me fez perceber
que eles eram seres humanos capazes de aprender. O carinho que me passavam, era um
carinho puro de ternura e com necessidade de aprender algo. Estavam eles lá, naquela
sala, juntamente com os demais que tentavam superar seus limites com a mínima ajuda.
Resolvi mudar e me vi um pouco perdida e curiosa em saber como trabalhar aquelas
dificuldades para que houvesse aprendizado. Observava as mães que, de uma certa
forma, confiavam na capacidade de seus filhos e acreditavam em mudanças, já outras
não reconheciam e nem acreditavam nas possibilidades de aprendizagem, simplesmente
deixavam seus filhos na escola por ser uma escola inclusiva que permitia de uma certa
forma um descanso para si.
Hoje, ainda vejo pais frustrados em perceber que seu filho não conseguiu ler,
nem escrever, mas compreendem a progressão diante da vida social. Minha aflição
continuava. Ao me deparar com este desafio, de uma sala inclusiva, preocupada com o
aprendizado, acreditando em mudanças, conduzi-me a cursos variados na área da
inclusão. Fiz vários cursos oferecidos pela Subsecretaria. Leio muito a respeito. Hoje
posso dizer que temos vários recursos disponíveis para o aprendizado do aluno com
deficiência. O curso me oportunizou conhecer mais materiais que vieram ao encontro de
várias das dificuldades dos alunos. Basta saber como lidar com o mesmo.
Quando tomei conhecimento das limitações de um aluno com deficiência
auditiva, pude perceber o quanto sou pequena, o quanto ainda tenho que aprender, o
quanto tenho que agradecer a Deus e o quanto eu posso contribuir, como professora. O
mais importante é o quanto a sociedade está se mobilizando para buscar um mundo
melhor e igualitário. Antes, sociedade e família desacreditavam no aprendizado dos
alunos com deficiência, hoje, já vejo respeito e carinho na escola.
Lembro-me de um fato que aconteceu comigo em uma escola distante da que eu
lecionava. Estava fazendo uma substituição de uma colega de trabalho que se
encontrava doente e a escola não tinha ninguém para estas aulas. Prontifiquei-me a
ajudar. Era uma escola no final da cidade, quase na roça. Os alunos na grande maioria
morava em fazendas e tinham um comportamento surpreendente.
Isso aconteceu por volta do ano de 2002. Estava eu lá, ministrando minhas aulas
e fazia no momento uma leitura em que a cada parágrafo mudava de pessoa, fila por
82
fila, todos já sabiam minha forma de agir, não havia nenhuma dificuldade em estar
parando para fazer as leituras, era automático, quando chegava a vez do aluno, ele
levantava-se e se posicionava em frente a turma e fazia sua leitura. Adoravam fazer isto.
Havia uma aluna com deficiência auditiva na sala e eu, automaticamente, iria passar por
ela ignorando-a, ação automática, não havia sequer pensado na possibilidade de a aluna
participar daquele momento, mas o mais surpreendente é que quando chegou na sua
vez, ela se levantou, pegou seu livro e foi para frente, posicionou-se diante da turma e
iniciou sua leitura, “balbuciando” como se todos estivessem entendendo. Aquilo para
mim foi mágico, fiquei quieta por um instante. Até hoje me lembro desse dia. Foi ali,
naquele momento, é que acordei para a inclusão. O mais interessante é que os alunos
trataram-na como se estivessem entendendo tudo. Foi lindo este momento. Percebi que
naquele lugar era eu que tinha que me adequar àquela criança. Colegas da menina já
conheciam seus limites e tentavam da melhor forma conduzi-la a um aprendizado
prazeroso e de igualdade. Hoje, esta menina terminou o Ensino Médio, está casada e
com filho. Olha pra mim e me vê como sua professora. E eu, quando a vejo, meu olhar é
de agradecimento. Ela não sabe até hoje, que ela, sim, foi minha professora, meu
despertar para inclusão, meu acreditar em mudanças, meu respeitar as diferenças,
entender que eles são seres humanos como qualquer um de nós.
Os cursos na área da Inclusão proporcionam-me aprendizado para que eu possa
adequar-me, da melhor forma, em termos de aprendizado para o aluno deficiente e esta
adequação vem ao encontro do acreditar, respeitar os limites e entender que, para cada
limitação, há um aprendizado a ser alcançado. Mas para isso tenho que ter um apoio
fundamental da família e de meus companheiros do trabalho.
Frederico é um aluno que acompanhei no curso, não deixando de lado os demais.
Afinal, temos vários professores de apoio que contribuem para um melhor aprendizado.
Os conhecimentos por mim adquiridos não foram em vão, procurava da melhor forma
multiplicar para os professores as novidades que aprendia.
Os alunos da escola progrediram bastante. É surpreendente quando percebo
como Frederico chegou nesta unidade de ensino. Tímido, cabisbaixo, não conversava,
não havia brilho em seu olhar, agora, quer participar de tudo, é comunicativo, até
demais. César, um outro menino que, mesmo com suas limitações, quer ser escritor,
confecciona livros em casa, e leva suas redações para que possamos contemplá-la.
Ah!... e quer ser locutor, adora falar na rádio da escola. Natiele melhorou,
significativamente na higiene. Seu convívio social melhorou bastante, conversa e
83
participa dos eventos da escola. João Paulo e Jaqueline já melhoraram no
comportamento, nas atitudes e limites, pois não havia nenhum.
Enfim, todos na escola contribuem com o aprendizado dos alunos, por ser uma
escola pequena e de poucos alunos. Temos oportunidade de estarmos mais envolvidos e
ter mais contato com os pais. Percebe-se uma significativa mudança quanto a inclusão
em nossas escolas, mas ainda há muito o que fazer....
84
APRENDER E APAIXONAR-SE FAZ TODA DIFERENÇA NA EDUCAÇÃO
INCLUSIVA
Ivone Maria de Moura22
A Educação Inclusiva vista como mudança de concepção busca, a cada dia,
sensibilizar os que almejam a efetivação do direito de todos à educação. Nessa
perspectiva, aprimorei meus conhecimentos por meio do curso Práticas Educacionais
Inclusivas. na área da deficiência intelectual, que embasou minha prática, oferecendo
um material excepcional, com troca de experiências e um acompanhamento ímpar.
Através destes conhecimentos, atendi na Sala de recursos da Escola Municipal
Presidente Costa e Silva, no município de Equador/RN. Acredito que fiz a diferença, e
doei-me na tarefa de dar a esperança do aprender àqueles que já são desacreditados por
si só e por muitos, dentro do próprio convívio escolar.
Compartilho, neste momento, o trabalho realizado com crianças e adolescentes,
que me deu a oportunidade de contribuir no resgate da vontade de aprender através do
afeto e do acreditar e, assim, poder realizar sonhos antes impossíveis.
A temática oferecida pelo curso foi de extrema relevância, com material
apaixonante, dando-nos vontade de ler e envolver-se. Apesar de nosso tempo
comprometido com o trabalho diário, fazia-nos debruçar no seu conteúdo nas
madrugadas ou no tempo livre, até do domingo. O curso a distância proporcionou-me
novos conhecimentos. Os fóruns foram bastante proveitosos, cheio de trocas de
experiências e novas amizades. O trabalho em grupo virtual me fez enxergar que não
existe o impossível quando se almeja algo. A equipe de especialistas merece todo nosso
apreço e reconhecimento, pela linguagem tão acessível, clara e compreensiva, tornando
o trabalho prazeroso. Fiquei encantada. Hoje, com certeza, sou uma profissional ainda
mais sensível com a causa da inclusão social da pessoa com deficiência intelectual.
Na abordagem histórica, tive a oportunidade de conhecer, desde o Séc. XVI,
como estudiosos e especialistas contribuíram nesta temática, mas, necessitamos ainda de
muito estudo e discussão para podermos fazer valer o direito de todos.
Muitos desejam uma receita pronta e acabada, mas se faz necessário muito
conhecimento para facilitar a aprendizagem de todos. Porém, é preciso pôr a "mão na
22
Escola Municipal “Presidente Costa e Silva” - Município de Equador - RN.
85
massa" e não ferirmos o "princípio de igualdade" como afirma Bandeira de Mello
(1999, p. 12): "dispensar tratamentos desiguais". Pode ocorrer um tratamento
diferenciado, por exemplo, "para a mulher, se comparada aos homens", "para a criança e
para o idoso se comparados aos adultos" e, também, com "a pessoa com deficiência
com a que não a tem", Então, podemos dar tratamento “igualitário aos iguais" e
"tratamento diferenciado aos diferentes". É nesse tratamento diferenciado que há a falta
de escolas adaptadas, de formação adequada de professores, de profissionais
especializado para auxiliar etc.
Dos trechos importantíssimos que me chamaram a atenção, destaco: “A ética
profissional começa com a reflexão e deve ser iniciada antes da prática profissional”.
Refletir sua prática, aprender a agir sem prejudicar os outros, fazer alguém feliz, dar
oportunidade a alguém de ver o mundo de forma diferente, isso é ser ético. Precisamos
rever nossos conceitos, sermos realmente formadores de opiniões, darmos bons
exemplos. Não adianta dizer faça o que digo, se o meu comportamento não é coerente,
Faz-se necessário focar nos valores. As correntes teóricas nos proporcionaram
informações sobre o processo de desenvolvimento pelo qual passam crianças e
adolescentes e, como não há receitas, nem modelos, devemos adotar um ou outro
referencial, dependendo da real necessidade de conhecermos nosso educando e,
posteriormente, as decisões, os encaminhamentos para um trabalho diante do processo
de ensino-aprendizagem.
Com relação a criatividade, concordo plenamente quando diz que é preciso
conhecer para ser criativo, Nós, professores, precisamos estar antenado e informado,
pois nossos alunos estão cada vez mais exigentes e desmotivados para o tradicional. A
criatividade pode mudar essa história, pois há muito material disponível, principalmente
em multimídia e os profissionais da educação, muitas vezes, não usam, pois não sabem
operar.
Segundo Mantoan (2006, p121), a inclusão causa uma mudança na perspectiva
educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades
na escola, mas apoia a todos: professores, alunos, pessoal administrativo para que se
obtenham sucesso na corrente educativa geral. Por meio do Plano Político Pedagógico
que a escola inclusiva poderá efetivar o direito de todos aprenderem, criando
infraestrutura adequada ao desenvolvimento de todos, seja com flexibilização curricular,
ensino colaborativo ou tecnologia assistiva.
86
Com esse material dei início a efetivação e atendimento da Sala de Recursos da
Escola Municipal Presidente Costa e Silva. Iniciei, procurando na secretaria da escola,
informações sobre alunos deficientes com laudo, matriculados na escola. Em seguida,
elaborei um Plano de Trabalho que teve início com as visitas domiciliares para
conhecermos todo o histórico dos alunos. Num primeiro momento fiz um diagnóstico
para organizar o plano de trabalho de cada criança. Os atendimentos são realizados duas
vezes por semana. Essas crianças ainda não são alfabetizadas. Optei por trabalhar com o
alfabeto, usando uma variedade de recursos. O uso do computador chamou a atenção de
todos que por ali passavam e vi aqueles olhinhos brilharem de alegria ao usar o
equipamento, era mais um atrativo em nossas aulas. Segundo um pai, seu filho tinha
voltado a se interessar mais pela escola, É o primeiro a chegar no horário de
atendimento da sala de recurso e, dois dias pra ele é pouco. Infelizmente, precisei deixar
o atendimento e passar pra outra colega, mas fico feliz com o carinho que eles sentem
por mim e a declaração que um deles sempre que me vê, faz. “Tia, eu amo muito você”.
E sempre me abraça. O outro com Síndrome de Down me surpreendeu ao voltarmos de
uma caminhada com um abraço e um sorriso no rosto. Quando iniciamos nossos
trabalhos, ele era muito tímido e com pouca expressão. Hoje já é um rapazinho e
mantemos uma grande afetividade graças a esse trabalho iniciado. Com o embasamento
teórico que obtive durante o curso, pude mudar minha concepção de trabalho inclusivo e
tentei repassar para os professores da sala regular de meus alunos esse novo jeito de
trabalhar com essas crianças.
Outra conquista foi procurar a Secretária de Saúde para levá-los ao
fonoaudiólogo. Já conseguimos uma primeira consulta, graças ao empenho da assistente
social que está atendendo em nossa escola e, também, da parceria com a Prefeitura
Municipal que autorizou o transporte para levá-los a APAE do município vizinho.
Realizei um dia de estudo sobre avaliação usando o material do curso e foi muito
produtivo. Fiz uma oficina e apliquei o questionário de habilidades sociais educativas e
todos os professores tiveram a oportunidade de refletir sobre sua prática. Pretendo
realizar outros encontros onde vou trabalhar esse rico material.
Concluindo, deixo meus agradecimentos ao apoio e dedicação da minha querida
tutora e a nossa colaboradora que nos oportunizou esses novos conhecimentos na área
de educação inclusiva. Fica o desejo de aprender muito mais, para oportunizar o direito
de aprender a essas crianças que se sentem desacreditadas e esses pais que esperam que
seu filho ou filha sejam iguais aos demais. Como me disse uma mãe “que ficava triste
87
em comprar o material da filha todo ano, com tanta vontade de vê-la, utilizando-o e não
obtinha o desejo alcançado”. Essa é a nossa missão de educador, acreditar que podemos
sempre fazer muito mais. O meu desejo é poder fazer com que essas crianças sejam
alfabetizadas e que os educadores que as receberem, acreditem que irão fazer delas
crianças e adolescentes iguais a todos e que possam exercer a sua cidadania, seja através
de um sorriso, um aperto de mão, uma troca de olhares e até uma declaração de amor.
Sejamos sensíveis a essa causa, vamos juntos fazer a diferença, eu sou mais uma nessa
caminhada. Preciso te conquistar para juntos formarmos uma corrente do bem para
alfabetizarmos mais um. Posso contar com você?
88
MUDANÇA NA FUNÇÃO PEDAGÓGICA DE PROFESSOR DE EDUCAÇÃO
ESPECIAL: UMA REFLEXÃO
Mariza Conceição Viana23
Durante o Curso Práticas Inclusivas na área da Deficiência Intelectual, da
UNESP, de Bauru/SP, realizado, no período de 10/10/2010 a 10/04/2011, não passou
despercebido de que é necessário o aperfeiçoamento dos profissionais da área
educacional, embora isso já tenha sido mencionado e comprovado por diversos autores
e pesquisadores da educação.
Nós nos encontramos numa situação de significativa mudança na função
pedagógica de professor de educação especial. Isso poderá representar uma mudança do
conceito de uma educação especial fixa, estabelecida fisicamente em espaços
circunscritos, basicamente nas escolas especiais, para o conceito de uma educação
especial móvel, dinâmica que se desloca para atender os alunos nas escolas do ensino
regular (BEYER, 2006).
É importante iniciar esse relato, explorando a questão da leitura. Sabe-se que o
professor que tem o hábito da leitura e é comprometido com o processo ensino e
aprendizagem desenvolve suas experiências de aprendizagem, possibilitando novos
recursos ao educando para que o mesmo possa desenvolver suas potencialidades físicas,
morais e intelectuais. Isso se confirma através das leituras de textos enviados pela
equipe do TelEduc. É bom salientar aqui que está acontecendo um envolvimento
também dos professores do ensino regular a dar uma assistência mais abrangente aos
alunos da Educação Inclusiva.
A leitura do material enviado pela equipe TELEDUC possibilitou-nos mais
reflexão sobre a importância de nos organizarmos e multiplicarmos para nossos colegas
da educação e ao educando o quanto a leitura é significativa. O estudo do texto de
Eduardo O. C. Chaves “Administrar o tempo é planejar a vida” nos levou a repensar
sobre a importância da organização para realização de nossas atividades com sucesso. Já
o pesquisador Carlo José Napolitano procura reforçar sobre a garantia ao atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede
regular de Ensino (artigo 208, III).
23
E.E “Francisco de Oliveira Faraco” - São Manuel e E.M. “Odynir Maganha” - Igaraçu do Tiete - SP
89
No módulo V, ficou claro a necessidade de repensamos as nossas ações: como
organizar coletivamente um currículo que valorize o educando; como reorganizar as
práticas escolares para o atendimento aos alunos; quais alterações deverão ser feitas na
unidade escolar na qual atuamos, entre outras possibilidades.
Em relação ao tema Sexualidade ficou explícito a importância da escola ter um
projeto no sentido de esclarecer e prevenir os adolescentes e seus familiares.
Ao abranger o tema Criatividade, no fórum de discussão, a tutora Marilu fez
uma colocação interessante quando disse que “Criatividade não é só inata, mas deve ser
exercitada. Quanto mais tempo nos dedicamos para preparar, planejar, ler e pensar sobre
nossas ações, mais criativos seremos.
É notório que a Flexibilização se faz necessária em nosso cotidiano, pois cada
aluno aprende em ritmo diferente e quando flexibilizamos, acontecem surpresas valiosas
que beneficiarão todos nossos alunos.
Em “Tecnologia Assistiva” quanta riqueza de material! É preciso acelerar neste
aspecto para que todos os alunos da Escola inclusiva tenham a sua disposição essas
ferramentas, que muito contribuirão para elevar sua autoestima.
Faz-se necessário salientar que aulas proporcionadas pelo Ambiente TelEduc são
enriquecedoras. Trabalhamos de forma interativa, junto à equipe de formadores, com
leituras, apresentação do perfil, enquetes, fóruns de discussão, bate-papo, correio,
portfólio, tudo voltado a Educação Inclusiva. O objetivo é ampliar nossas práticas
educativas, favorecendo, de maneira geral, o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de
todos que atuam no campo da educação.
Todos esses fatos abordados me faz relembrar que entretidos ao ouvir o canto
dos pássaros, observamos seus movimentos e, a partir dessas observações, nossas ideias
expandem-se, alargam-se trazendo novos conhecimentos, emoções e reflexões. Nesse
contexto fazemos uma leitura indescritível da natureza, procurando novos horizontes,
principalmente quando somos envolvidos com a educação.
Isso confirma que houve leitura, estudos científicos, experimentos necessários
para que haja novas evoluções, tanto técnicas como culturais, pois foi através de
projetos e planejamentos. Hoje vivemos a época do mundo virtual, da inclusão digital
que facilita o acesso às informações, ao mundo da comunicação e do trabalho.
Tanta tecnologia leva-nos a refletir sobre nossas práticas educativas em sala de
aula. Trilhando um novo olhar ao que queremos almejar, em meio a tantas habilidades e
90
competências é fundamental o aperfeiçoamento de nossas experiências no ambiente de
trabalho educativo.
Por que nós educadores não levamos experiências significativas que envolvam e
mexam com a emoção e a criatividade de nosso educando?
É interessante destacar que toda vez que a leitura entra na sala, há curiosidade e
há instigação para o aprender. Tem um extremo significado o aprender fazer e ao
término da aula de “Comunicação e Expressão” no coletivo, vivem dizendo - Ah! Já
acabou? – Deixa apresentar meu trabalho na próxima aula professora? A ponto de
enviar trabalhos produzidos por eles através de e-mail. Nessa sala que leciono Língua
Portuguesa há uma aluna que já frequentou APAE que apresentava uma dificuldade
imensa de se expressar, tinha vergonha de ler por não conhecer todas as palavras, e ao
envolvê-la socialmente através de debate, valorizando a norma de convivência, trabalho
em grupo com alunos monitores, enfatizando a importância da leitura de mundo e o
papel da escola, essa garota, como outros alunos com dificuldades de aprendizagem
tornaram-se mais participativos, sem medo de errar, pois há o respeito da classe.
Fica evidente que as pesquisas e o curso de Práticas Educacionais Inclusivas têm
chamado a atenção para um olhar mais plural no sentido de propor uma aula mais
significativa, favorecendo ao educando seu crescimento como aprendiz para que ele se
sinta mais seguro e capaz de superar-se sempre.
Pensando nisso, procurei trabalhar a música, interagindo-os com o gênero
musical que faz mexer com a emoção, também, com o intuito de que apreciassem uma
boa música. Como eu estava trabalhando classes de palavras, substantivos, adjetivos,
trouxe para sala de aula a música Aquarela do Toquinho, músico da MPB que muito
mexeu com a sensibilidade dos alunos. Passei a letra para todos. Cantamos, analisamos,
refletimos acerca do futuro, houve a compreensão da linguagem. Uma aluna tocava
violão e teve a ideia de tirar a letra para tocar para a sala, pois era uma música que ainda
não havia tocado. Em casa, ensaiou. Depois de várias tentativas, conseguiu. O dia
esperado chegou, ela tocou e a classe acompanhou cantando de uma maneira agradável
e surpreendente.
Já num outro grupo, uma aluna que toca flauta, estudou a letra e trouxe para sala
suas habilidades com a música. O vice-diretor ao passar pelo corredor e ouvir, parou
entrou, participou e fez questão de fotografá-los. O trabalho foi um sucesso. Apostei em
outra sala, onde leciono Produção de texto, lá há também uma portadora de necessidade
Especial (Visual). Esse trabalho deu tão certo que contagiou a escola, chamando a
91
atenção de outras salas. Mães foram cobrar da direção esse trabalho para que seus filhos
participassem também. Agora todos querem participar do desenvolvimento do Projeto
Flauta na escola. A aceitação foi excelente. Elaboramos um painel. Um grupo irá
desenvolver a coreografia e vamos apresentar para a escola. A professora de arte vai
participar junto ao projeto que está em andamento, A sala melhorou em seu
comportamento e os alunos estão se sentindo valorizados... o que era grupo tornou-se
coletivo. Isso leva a crer que vale a pena experimentar aproveitando as habilidades dos
alunos.
Outros trabalhos foram organizados relacionados à linguagem e gramática,
envolvendo leitura e produção de textos desenvolvidos em sala de aula no sexto ano D.
Um deles, após a leitura do poema do escritor Carlos Drummond de Andrade “Família”,
e do escritor Elias José ”O grilo grilado” instigou toda a classe a uma disputa saudável:
elaborar belas produções de textos, com apresentação e dramatização na sala.
Trabalhamos ritmo e entonação.
A aprendizagem e o processo de construção de conhecimento são indispensáveis
ao educando. Envolver o aprendiz com atividades significativas é nosso dever. Mas, fica
mais fácil quando há uma política educacional que procura inovar o conhecimento do
corpo docente e quando há uma equipe gestora que participa, incentivando-nos a trilhar
novos caminhos em busca de novas descobertas através de práticas educacionais. Nos
fazem perceber que, dentro de nós, há um Leonardo da Vinci que acreditou em suas
vivências e experiências, em sua criatividade, dando os primeiros passos no campo da
aviação que foi aperfeiçoado, com o tempo, por outros, mas ainda é reconhecido,
mundialmente.
92
O DESAFIO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Claudete Beatris Romani24
A educação inclusiva assume espaço central no debate acerca da sociedade
contemporânea e do papel da escola na superação da exclusão. Nesse contexto, repensar
a organização didático pedagógica das escolas, implica uma mudança estrutural e
cultural da escola para que todos os alunos tenham suas especificidades atendidas e
condições plenas de desenvolvimento de suas capacidades. Tais mudanças devem estar
voltadas à concepção de direitos humanos onde seja possível a união entre igualdade e
diferença e concebidos como valores indissociáveis, tanto na escola quanto na
sociedade.
Vivemos um momento de muitas dúvidas e incertezas acerca da educação e da
forma como está se desenvolvendo o trabalho pedagógico nas escolas. Entre tantas
preocupações, deparamo-nos com a inclusão. Aparentemente, parece fácil quando
pensado que, para incluir basta apenas colocar o aluno dentro de uma sala de aula
comum e pronto. Mas, as coisas não se efetivam dessa forma. Primeiro por que se trata
de seres humanos e, portanto, merecem respeito. Segundo, se há respeito, então há que
se pensar em adequação do currículo escolar para que todos possam ter o sucesso
educacional merecido. A escola precisa conceber todos os alunos que chegam nela
como seres em potencial, com capacidades e habilidades a serem desenvolvidas, cada
qual em sua individualidade, respeitando-se os limites de cada um.
O desafio da inclusão vai além da simples integração. Percebe-se que muitos
acreditam que incluir é integrar, o que não é verdade. O aluno com deficiência precisa
sim ser integrado à escola e à sociedade, porém, com condições de usufruir seus direitos
e, também, exercer seus deveres. Portanto, a inclusão em sala de aula é bem mais que
apenas integrar.
A inclusão tornou-se um desafio permanente e contínuo das escolas. Não dá
mais para tapar os olhos frente diante dessa realidade, porém, é necessário a oferta de
condições para a inclusão. Tais condições passam pela acessibilidade, tanto
arquitetônica, quanto de aceitação do outro diferente, fazendo parte do mundo e
convivendo com outros ainda mais diferentes. Ninguém é igual a ninguém, mesmo sem
24
Escolas: Municipal e Estadual - Ronda Alta - RS
93
uma deficiência diagnosticada. Cada aluno tem um ritmo e um tempo próprio de
aprender que, necessariamente, não deve ser o diferencial principal da aprendizagem.
Um aluno nunca é igual a outro no desenvolvimento de capacidades e habilidades. Cada
um tem uma forma ímpar de ser e estar no mundo e de, assim, conceber o mundo a sua
volta e aprender. Perceber o potencial de cada aluno é uma meta importante de cada
educador no planejamento de suas atividades pedagógicas e do sucesso da aula.
A escola, primeiro, deve ter condições para que possa, não apenas acolher, mas
incluir, fazendo com que os alunos com deficiência possam se apropriar do
conhecimento e evoluir no conteúdo educacional oferecido. Não basta apenas elaborar
uma lei perfeita sobre inclusão, sem a oferta de condições para que ela se efetive na
prática. A verdadeira inclusão somente acontecerá quando o número de alunos em cada
sala de aula for condizente com uma proposta de trabalho que inclua a todos. Salas de
aulas numerosas, sobrecarga do trabalho docente jamais serão propícias à oferta da
inclusão efetiva.
A acessibilidade vai além da superação das barreiras arquitetônicas de nossas
escolas e sociedade. Acessibilidade é garantir a flexibilização do currículo escolar.
Como flexibilização de currículo escolar entende-se a adequação, a forma de ministrar o
conteúdo e as atividades. Um conteúdo com diversas formas de expressão e de
compreensão, com recursos diversos que permitam ao aluno a aquisição do mesmo
conforme suas capacidades.
As flexibilizações não se restringem ao empobrecimento, à minimização dos
conteúdos indispensáveis à formação humana e aos objetivos escolares, mas
concernem a um redimensionamento das práticas pedagógicas e das formas
de convivência, compreendendo que cada um pode desenvolver-se como
sujeito do processo, de maneira que não cabe aos profissionais da educação,
nas suas certezas teóricas, estipular a priori quem deve ou não avançar.
(PASTOR; TORRES, 1998).
Muitas vezes, a flexibilização do conteúdo não vem sozinha. Dependendo da
deficiência, há que eliminar alguns objetivos e fixar o trabalho mais em outros que
requerem mais tempo para que se possa alcançar um nível satisfatório de aprendizagem.
É preciso aprender novas formas de ensinar. Para isso, também é necessário
dispor de espaços e tempos pedagógicos para formação continuada em serviço,
discussão com colegas e, o que é fundamental, a unidade de ação entre todos,
envolvendo pais, alunos, professores, gestores e até mesmo, funcionários. Onde há
unidade de ação, há trabalho cooperativo e há inclusão. A articulação entre os diversos
94
contextos sociais coloca pais e professores na estratégia de mediadores no processo de
aprendizagem dos alunos e na formação de sua cidadania. Daí a importância da
presença da família na escola.
O ensino colaborativo é uma estratégia comum entre os indivíduos que
interagem uns com os outros. Assim, o professor especializado, juntamente com o
professor da sala de aula comum, devem buscar estratégias e condições de
aprendizagem do aluno com deficiência, um complementando o trabalho do outro, cada
um com estratégias de aprendizagem diferenciadas.
Conforme as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica: “O atendimento educacional especializado tem como função identificar,
elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras
para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas”.
(MEC/SEEP, 2001).
Há uma diferenciação entre as atividades educacionais especiais ministradas na
sala de aula comum, daquelas ministradas pelo atendimento educacional especializado.
Esse atendimento vem ao encontro da complementação e/ou suplementação da
formação dos alunos, com objetivo de servir de suporte pedagógico aos alunos com
deficiência para que tenham sucesso escolar e possibilitem o desenvolvimento de
habilidades e competências, respeitando suas potencialidades.
Estudar no ensino regular possibilita ao aluno com deficiência acesso aos
elementos necessários para construir um significado de mundo que lhe permita
desenvolver-se com autonomia e participação. Porém, só o ensino regular não basta. É
preciso o atendimento paralelo e especializado, trabalhando junto para que o
desenvolvimento da criança tenha êxito. A socialização das experiências de vida e de
aprendizagem encoraja o outro a continuar se esforçando e a perceber que não se está só
e que a superação das barreiras colocadas a cada um se torna possível com o
encorajamento dado por aqueles que também possuem dificuldades semelhantes.
Portanto, momentos de aprendizagem juntamente com seus pares e com
acompanhamento de professor especializado, continuam sendo indispensáveis no
desenvolvimento intelectual e social do indivíduo com deficiência. Assim como os
momentos junto aos demais, no ensino regular, possibilitam a aceitação, o crescimento
da autoestima e a valorização do respeito às diferenças.
Há que se ter presente a necessidade de investimento pesado por parte dos
governos em recursos humanos, didático e pedagógico para a efetiva aprendizagem dos
95
alunos com deficiência. O professor da sala de aula regular, sozinho não consegue
desenvolver um trabalho satisfatório nem com os alunos com deficiência, nem com os
alunos ditos normais, pois a exigência de prestar um atendimento mais individualizado é
grande junto aos alunos com deficiência ou com dificuldade de aprendizagem. Daí a
importância de haver monitores junto às salas regulares com alunos incluídos, na função
de assessoria pedagógica ao trabalho individualizado do professor titular da turma.
Existem, também, muitos recursos de tecnologia assistiva para auxiliar o aluno com
deficiência e o trabalho pedagógico, porém, tais recursos são, na grande maioria,
desconhecidos dos professores e não chegam às escolas o que compromete o trabalho
inclusivo.
Outro grande desafio no que se refere à inclusão dos alunos com deficiência é a
garantia de aprendizagem. Respeitar o tempo e o espaço da criança é estar promovendo
garantias de que possa aprender. De nada adianta avançar uma criança com deficiência
para outra série, sem que ela tenha aprendido o conteúdo básico, principalmente no
período de alfabetização. Sabe-se que a criança com deficiência tem um ritmo próprio
de aprendizagem que necessita de mais tempo do que os demais para aprender. Dessa
forma, a retenção do aluno na alfabetização ainda é válida quando percebido que a
criança está conseguindo desenvolver e avançar na leitura e na escrita, mas, ainda não
alcançou o grau de aprendizagem de que é capaz. No entanto, deve se basear tal
situação em diálogo permanente com a família e avaliações conjuntas com os
especialistas. Dessa forma muitas crianças têm a chance de aproveitar melhor a
escolarização.
Assegurar o direito à diferença é ensinar a incluir e, se a escola não tomar para si
essa tarefa, a sociedade continuará perpetuando a exclusão em suas formas mais sutis e
mais selvagens. Não basta apenas acolher e promover a integração dos alunos com
deficiência, é preciso garantir a aprendizagem. Aprender é uma ação humana, criativa,
individual, heterogênea e regulada pelo sujeito da aprendizagem, independente de sua
condição intelectual ser mais ou menos privilegiada.
96
REFLEXÕES, DÚVIDAS E CERTEZAS
Ana Mara Galasso Romera25
Minha primeira experiência com cursos a distância, não foi muito boa. Fiz um
curso de complementação de 15 meses com um encontro mensal, porém, no meio do
curso, fiquei grávida e quando meu filho nasceu, estávamos na reta final, concluindo
estágio e fazendo monografia. Ficou muito complicado, mas consegui terminar tudo,
mesmo não podendo me dedicar o quanto queria.
Quando me inscrevi na Plataforma Freire, minha intenção era fazer algum curso
relacionado com alfabetização, mas recebi, com surpresa, o convite para esse curso de
Práticas Educacionais Inclusivas. Então me veio a pergunta: por que fazer esse curso, se
minha “necessidade” maior era entender o processo de alfabetização, pois acabara de
ingressar na rede municipal numa classe de 2º ano?
Então, conversando com algumas colegas, percebi que deveria fazer o curso
ainda mais trabalhando com uma aluna com diagnóstico de deficiência múltipla. Os
comentários que ouvia me deixavam intrigada, como por exemplo: “faça que a sua
pontuação vai aumentar”; “muita gente tentou, mas não foi selecionada”; “é a distância?
Deve ser moleza!”, entre outros. Ouvindo isso fiquei muito curiosa e ansiosa por poder
pôr à prova essas afirmações da forma mais real possível.
Acessando o ambiente TelEduc, tive a primeira resposta. Não era um curso
qualquer e não poderia ser feito só para ganhar pontos, em nenhum momento, haveria
facilidades se não organizasse meu tempo para poder me dedicar integralmente na
realização das atividades, na leitura dos textos e na participação nos bate-papos.
Tudo era novidade, mas a seriedade e o envolvimento das formadoras fizeram
com que o curso se tornasse uma importante ferramenta de informação e aprendizagem.
Muitos assuntos trabalhados foram de um aproveitamento profundo, como o
capítulo Fundamentos, falando sobre a história da inclusão social e educacional da
pessoa com deficiência, deixando claros os seus direitos e abrindo uma discussão entre
o que é lei e o que acontece na realidade. O capítulo Ética, nos chamou a atenção a
questão da formação docente, e quando falamos sobre a família e sua participação na
escola, já sabia que não me arrependeria de ter iniciado o curso.
25
EM. “Luiz Gonzaga Fernandes” - Bragança Paulista - SP.
97
Entrar nos temas diretamente educacionais, de aprendizagem, planejamento e
avaliação, embasados nos estudos de Jean Piaget e Emília Ferrero, foi de uma
importância e significados muito relevantes para entender todo o processo de inclusão.
Mas nenhum tema me chamou mais a atenção quanto o da Sexualidade,
conhecendo o projeto PIPAS e percebendo como um tema tão delicado e cheio de tabus
pode e deve ser levado em consideração, com alunos deficientes ou não.
Aprender novas formas de organizar o ensino, usando a criatividade, a
colaboração, as habilidades sociais e entendendo a importância das tecnologias
assistivas transformou esse curso num dos mais importantes para mim onde aprendi que
nenhuma teoria está afastada da prática, nem deve ser fechada e acabada, que cada uma,
a seu tempo, tentou fazer o seu melhor dentro de suas possibilidades e que ainda falta
muito para se chegar ao ideal.
Faltam, ainda: o aprimoramento e o cumprimento das leis; o aperfeiçoamento e
maior dedicação dos profissionais; o apoio à família e sua participação mais efetiva na
escola; bem como o entendimento da sociedade de que todas as pessoas deficientes ou
não, têm suas limitações e que devem ser respeitadas, aceitas e incluídas em todas as
esferas sociais.
São cursos como esse que permitem que uma parcela desses desafios seja
cumprida e determinados obstáculos sejam transpostos, que estudos possam ser feitos e
mais profissionais sejam movidos pelo sentimento de cumprir o seu dever, pensando em
seu aluno como um ser que está apto a aprender, conviver, relacionar-se, viver e ser
feliz.
98
INCLUSÃO: UMA LIÇÃO DE AMOR
Michele Vieira Ribeiro Doneda26
“É só o amor que conhece o que é verdade...”
Renato Russo
Ser professor não é uma tarefa fácil, exige dedicação, estudo, inovação,
aprimoramento. Tudo isso só alcançamos se fizermos o que realmente desejamos,
gostamos, amamos.
Lidamos com pessoas diferentes, com gostos, vivências e religiões diferentes.
Devemos unir tudo isso e interagir com aprendizagens distintas, pois cada um aprende
do seu jeito, uns com mais rapidez, outros um pouquinho mais devagar e, mais, outros
que têm uma dificuldade imensa em aprender algo que foi estabelecido por um currículo
pré determinado.
Todos os dias nos deparamos com barreiras que devem ser eliminadas, até
mesmo do nosso coração ou pensamento e a inclusão é uma delas... Aceitar é uma tarefa
muito difícil e começa desde o nascimento da criança com deficiência, passando pelo
seu dia a dia e por toda a sua vida. Pode gerar uma certa discriminação por parte de
pessoas que não possuem esse “olhar”, o “olhar do coração” que aceita e respeita as
diversidades.
Estamos em um período de reestruturação do ambiente escolar, as salas de
recursos e o aperfeiçoamento do professor, oferecido pelo MEC por intermédio da
UNESP, são o ponto de partida para se atender a todos sem distinção.
Iniciei o magistério com 15 anos em uma escola de período integral (CEFAM) e
aos 16 anos comecei a ter um “novo olhar”. Fui monitora (recreação) de um Festival na
Semana da Criança em 1996 e acho que o destino me uniu ao diferente. Trabalhei como
monitora de uma sala especial numa escola da rede estadual. A professora era uma
pessoa adorável, meiga, com voz doce e serena que já tinha mais de 60 anos e esperava
a aposentadoria automática aos 70 anos. Tudo isso por causa do seu amor à profissão e
aos seus alunos. Amava-os como seus próprios filhos, ela já trabalhava com essa classe
há mais de 20 anos.
26
EM. “Prof. Paulo Nunes” - Poá – SP.
99
Conheci uma aluna com síndrome de Down, que aos 27 anos foi incluída na 2ª.
série da escola regular porque aprendeu a ler e outro com 34 anos que estava
aprendendo as letras. A sala era composta com mais de 20 alunos, com diversos tipos de
deficiências. Aquele dia foi tão bom, já se passaram 14 anos e até hoje não me esqueci
daqueles sorrisos, daquela alegria que mesmo impossibilitados de realizar certas
atividades, estavam felizes, muito felizes...
Daquele dia em diante o meu “olhar mudou” e o meu coração mudou, também ...
e me fez uma pessoa melhor que acredita, luta e respeita a diversidade... nada é mais
gratificante do que uma criança com deficiência ou não, gostar da sua companhia... de
transmitir carinho... penso que devo fazer a diferença, quero ser lembrada por algo que
fiz de bom... sempre transmitindo e recebendo carinho... amor.
Sei que o mundo está diferente, violento, incompreensível... mas temos um
grande poder em nossas mãos... formar cidadãos conscientes e porque não, cidadãos que
transmitem o amor, o carinho, o respeito...
Atualmente, vivemos em um período de reestruturação, com os alunos com
deficiências sendo acolhidos no ensino regular, na classe comum e isso exige
preparação, estudos e muita dedicação. Precisamos mudar a nossa maneira de pensar e
agir e o Curso de Deficiência Intelectual, promovido pelo MEC em parceria com a
UNESP de Bauru é só um ponta pé inicial.
Aprendi, refleti e li muitas coisas de grande valia para o meu enriquecimento
pessoal, diminuiu a minha ansiedade, em achar que os progressos devem ser rápidos.
Percebi que, com o aluno com deficiência, tudo deve ser bem devagar e com
tranquilidade que, mesmo com os pequenos avanços, já são grandes vitórias.
Desde o ano passado, trabalho com a mesma turminha e tive o prazer de
conviver com seus erros e acertos. Dentre eles há um menino que está prestes a
completar nove anos. Ele não falava, saía de sua boca poucos balbucios quase
incompreensíveis. Encantei-me por aquele menininho tímido e carinhoso.
A princípio, me preocupei com a alfabetização. Trabalhava com vogais,
números... sempre conversando, levantando questionamentos para que ele começasse a
se expressar oralmente. Confesso que ficava meio frustrada e com sentimento de
incapacidade por ele não conseguir reconhecer nem as letras do próprio nome. Logo, ele
começou a falar baixinho... meio tímido e resolvi continuar o trabalho em 2010 com a
mesma turma, em especial por causa daquela criança.
100
Iniciou o ano letivo, percebi que a memória do meu aluno começava a melhorar,
ele já conseguia identificar algumas letras... hoje essa criança ainda não sabe ler, mas já
é capaz de interpretar um texto oralmente, realiza cruzadinha com um banco de
palavras, faz pequenas somas, utilizando material de contagem, ou seja, teve “pequenos
grandes” avanços, que só foi possível por sua determinação.
Tenho dois alunos com deficiência intelectual e por meio do curso pude inovar a
minha prática diária, sempre valorizando e respeitando-os. Valorizei tanto e os encorajei
muito que os dois participaram da quadrilha da Festa Junina. Fiquei tão feliz e satisfeita
que parecia que havia ganhado na “megasena”.
A informação é sem dúvida essencial para o aprimoramento do ser humano.
Nesse período, através das leituras sobre deficiência intelectual havia um quesito
chamado altas habilidades/superdotação que me chamou a atenção, principalmente, para
o meu filho João Vitor que já sofreu muito na escola, por causa da sua agitação e
também pelo “olhar” do professor que, por falta de conhecimento, acaba cometendo
erros. Realizou testes e foi confirmado que ele possui inteligência muito superior a sua
faixa etária, ou seja, ele tem altas habilidades/superdotação e depois que começou a
realizar atividades extracurriculares está mais calmo. A sua agitação, segundo a
neuropsicóloga, era “sede de aprender”.
Segundo, CIASCA (2003), é necessário se especializar, ampliar seus horizontes,
estar em constante busca, procurar o novo na tentativa de cada vez mais estar atualizado
e se tornar capaz. Por isso que defendo a busca pela informação, o aprimoramento para
que possamos atender e compreender o outro sem cometer erros.
Aprendi que flexibilizar o currículo, é adaptar os conteúdos para o aluno com
deficiência. É uma maneira de essa criança fazer parte da sala e participar da aula
efetivamente. Deve-se utilizar da colaboração tanto dos amigos de sala ou do professor
para que se alcance a aprendizagem. O lúdico e o diálogo devem estar sempre presentes.
Devemos acreditar no potencial do aluno e respeitar sua particularidade.
Para que a inclusão se efetive se faz necessário o apoio constante de todos os
funcionários da escola. O aluno não é só do professor, e sim, de todos envolvidos na
educação, tanto os profissionais, como a família da criança.
O poder público deve se encarregar de oferecer recursos e acessibilidade; o AEE
(atendimento especializado), de orientar e organizar o sistema escolar, o professor e os
funcionários da escola promoverem o acolhimento do aluno com deficiência.
101
Devemos dizer sim a inclusão da pessoa com deficiência para que tenhamos um
futuro mais compreensível com as diferenças. Um futuro cheio de respeito e amor ao
próximo. A escola é fundamental para que isso aconteça e o professor é peça importante
nesse processo.
Com a Constituição Federal de 1988, começa a se oportunizar o conceito de
igualdade, preocupando-se com o bem estar das pessoas, tendo a educação como um
direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa. Em seguida, veio o
Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, a Declaração Mundial de Educação para
Todos (1990), a Declaração de Salamanca (1994) [...] sempre se preocupando com o
pleno desenvolvimento humano e o conceito de igualdade e respeito à diversidade,
conscientizando a população de que todos devem ser acolhidos e não marginalizados,
discriminados e excluídos do meio social como acontecia antigamente. Era a escola
especial que acolhia todos àqueles que, de certa maneira, eram tidos como anormais e
somente através das leis que tais paradigmas foram suprimidos.
Diante disto se dá a abertura para o aluno deficiente ir para a escola regular, para
se lutar por igualdade de condições. Os objetivos da educação inclusiva são propiciar
condições igualitárias aos indivíduos independentes de suas diferenças e acabar com as
discriminações sociais, dar condições de aprendizagens. A escola é o ponto inicial para
que o meio social aceite e respeite as diferenças.
Um novo olhar ao diferente está dando a oportunidade, através das leis, para
aceitarmos, respeitarmos e vivermos em sociedade, em igualdade!!! E o resultado é o
aumento de matrículas de alunos com deficiências na rede regular de ensino.
Acabar com a discriminação é uma tarefa árdua, mas, conscientizando os nossos
pequenos alunos, num futuro bem próximo, estes, com certeza, serão adultos
conscientes e aplicarão os princípios de igualdade e respeito entre as pessoas, aceitando
de coração as diferenças.
“Sem amor eu nada seria...” (Renato Russo)
102
SUPERANDO DESAFIOS EM CURSOS A DISTÂNCIA
Rosana de Cássia Aparecida Rodrigues Moura27
Essa foi a primeira vez que fiz um curso a distância (EaD). Confesso que tive
muito medo, pois o novo sempre nos deixa apreensiva e por ser tão ansiosa, fiquei
muito apavorada.
Fiz a inscrição no primeiro semestre desse ano, quando estava fazendo a
matrícula de outro curso pela plataforma Paulo Freire, mas não acreditava que seria
escolhida para tal. Ao receber o e-mail da tutora achei que não deveria fazer, pois nunca
tinha participado de cursos a distância e, com certeza, não iria conseguir, mas conversei
com minha família e todos me apoiaram. Fiz minha inscrição e comecei.
Esse tema é muito importante e creio que “todos os professores” devam fazer
esse curso, pois, depois que participamos, aprendemos a ver a criança com deficiência
com outros olhos.
Também conheci sobre as leis e recursos existentes, o que me fez refletir de
quanto atrasados estamos, como se ainda vivêssemos na idade da pedra.
Quando estudei a parte teórica, em que pesquisadores refletem sobre o
comportamento de pessoas com deficiência, e como deveríamos agir em relação as suas
conquistas, refleti muito porque, muitas vezes, essas deficiências nos parecem
impossíveis de serem sanadas, ou então, que somos incapazes de conseguir qualquer
resultado positivo, principalmente, se falarmos de aprendizagem seja alfabetizando ou
no relacionamento com outras pessoas.
Como já relatei no início, sou muito ansiosa e quero resultados rápidos,
evoluções, melhoras, enfim, muitas vezes, esqueço que cada um tem seu limite, e é
muito importante respeitá-lo.
Eu nunca trabalhei com alunos portadores de deficiências físicas, porém no ano
passado tive uma sala diferenciada onde muitos dos meus alunos tinham que passar por
psicóloga, psicopedagoga e fonoaudióloga. Foi um ano bem difícil, pois eu não sabia
nada a respeito e trabalhei, primeiramente, com a socialização deles. Fui ganhando a
confiança e depois investi na alfabetização. No fim do período letivo, tive muitos
avanços.
27
Escola - Bragança Paulista - SP
103
Eu tenho vinte e um anos de sala de aula, porém aprendi a ser professora
somente depois que passei pela sala do ano passado. Vi o quanto é importante termos
relatório dos alunos do ano anterior e, também, dos alunos que já passaram por pessoas
habilitadas, pois, além de nos ajudar, permite-nos saber até onde é possível ir, ou seja,
respeitar os limites.
Este ano, quando precisei fazer as atividades do curso, fiz com alunos de outras
salas, já que não tive nenhum caso de deficiências na minha sala. Busquei crianças com
diferentes deficiências em determinadas atividades. Desenvolvi atividades, também com
uma aluna da minha sala de aula por ter dificuldades de aprendizado, porém sem
relatório e encaminhamento dela, pois é uma criança faltosa e que os pais não são
presentes, ou melhor, o pai trabalha e a mãe tem problemas mentais e não teria quem a
acompanhasse, Essa criança está sendo observada e acompanhada pelo conselho tutelar,
pois a mãe já perdeu a guarda de seus quatro filhos, inclusive o bebê que nasceu este
ano.
Outro ponto importante que foi mostrado nesse curso, é que necessitamos da
ajuda de profissionais especializados para nos orientar, não dá para sermos sós, além de
não sermos habilitadas, se não tivermos essa ajuda, fica muito difícil, perdemos o foco.
Quanto aos recursos, foi mais uma novidade, são materiais que nem imaginava
que existissem, mas aí vem novamente aquela história: do que adianta ter se não
sabemos usar? Ficou muito claro que é essencial a inclusão, mas, nós, professores temos
que ser preparados para receber esses alunos, não é simplesmente depositar essas
crianças numa escola e falar, ”pronto, aqui já estamos trabalhando com inclusão”.
Estaremos recebendo em nossas mãos, sob nossa responsabilidade, crianças,
como todas, mas, por outro lado, crianças cujos direitos vão além de uma vaga naquela
escola. Temos que estar prontos para recebê-la, começando pelo espaço físico
adequado, pelos materiais didáticos e acompanhamento diário de alguém que sabe das
suas potencialidades.
A criança tem o direito de viver em sociedade, de fazer parte do mundo e de “ser
alguém”, como sempre falamos. Nós somos responsáveis por isso, temos que fazer a
diferença na vida delas.
Cabe ao município colaborar, fazendo sua parte, promovendo formação
continuada e especializações para os professores, melhorando o espaço físico das
escolas, mandando materiais necessários solicitados e disponibilizando ajuda de
profissionais habilitados.
104
Por que não pensar lá na frente e criar cursos profissionalizantes para esses
alunos? Podemos aproveitar suas habilidades, seja em arte, música, ou qualquer outra
área. Acredito que dessa forma estaremos tornando uma escola mais atrativa, para todos
os alunos, motivando-os e ajudando a apreciar mais a escola.
Finalmente posso dizer que dei meu primeiro passo. Não me acomodei, quero
estar apta para receber as crianças, mas ainda é muito pouco, preciso aprender muito,
muito mais. É necessário que esse seja o início, mas que não pare por aí, que tenha uma
continuidade. Necessitamos de especializações em todas as áreas porque, com certeza,
não vou ter só um tipo de deficiência em minha sala, talvez tenha dois ou mais casos. A
criança não tem que ser a prejudicada, ela tem direitos e cabe a nós fazer valê-los, de
forma correta, ajudando – os e tornando sua convivência melhor, possibilitando
evoluções e muitas conquistas.
Gostaria que esse curso pudesse continuar. Tenho ainda muito a aprender e sei
que eles tem muito a me oferecer. Existem tantos assuntos ainda para serem estudados,
experiências para serem trocadas, relatos que, com certeza, servirão de exemplos para
melhorar nossa prática educacional.
Com relação a cursos a distância, posso dizer que foi uma ótima invenção, pois
tenho duas filhas: uma de sete anos e outra de três anos e poder fazer esse curso em
casa, nos meus horários, foi importantíssimo. Posso cuidar da minha família sem deixar
de lado meu compromisso com a profissão e melhorar cada vez mais minha prática em
sala de aula. Adorei, quero, com certeza, buscar mais, participar de muitos outros.
105
APRENDENDO SEMPRE PARA AGIR COERENTEMENTE.
Vanessa Aparecida Domingues Moreira28
É com satisfação que concluo mais esse curso a distância. É a minha segunda
experiência em EaD pela UNESP. Gostaria de manifestar minha alegria em concluir
esse curso que tanto me proporcionou reflexões sobre práticas educativas inclusivas.
Mais uma vez a UNESP, junto à Plataforma Freire, mostra a seriedade e o
comprometimento dos envolvidos nesta formação.
Em meus nove anos de magistério, na rede municipal de Educação de Bragança
Paulista, não tive a rica oportunidade de trabalhar com alunos com deficiência
comprovadas, mas bem sei que são muitas e diferenciadas as necessidades das crianças
que frequentam nossas escolas... Estudar sobre este tema tão novo e ao mesmo tempo
tão antigo, necessário e presente no contexto escolar, abriu novas possibilidades de ação
e a busca de conhecimento junto a outros colegas com experiências nessas abordagens.
O curso ofereceu uma visão abrangente sobre a educação inclusiva, o que tornou
possível estudar sobre outros temas que interferem seriamente no contexto escolar. Os
textos oferecidos foram de qualidade, bem como o apoio das formadoras e dos colegas.
A troca de experiência virtual foi muito motivadora.
A forma com que o curso foi promovido e organizado muito favoreceu a
aprendizagem: os bate-papos com os colegas, as devolutivas da tutora e da formadora,
as nossas opiniões que foram seriamente acatadas, permitiram um novo ritmo ao
trabalho, enfim, a parceria firmada entre todos que participaram.
Ler, comentar e trocar experiências com os colegas sobre as diferentes
configurações de família, ensino colaborativo, avaliação e planejamento escolar,
desenvolvimento humano e aprendizagem, história da inclusão, tecnologias assistivas e
habilidades sociais do professor, entre outros, foi de grande valia para minha formação.
Muitos desses assuntos ainda não eram de meu conhecimento e surpreenderam-me,
fazendo-me entender a complexidade que o espaço escolar representa e o quanto se faz
necessário entendê-lo para agir, coerentemente, sobre ele.
28
“Rede municipal de Educação” - Bragança Paulista – SP.
106
Cursos a distância nos ajudam a crescer muito. Vejo que, sobretudo, a disciplina,
a que somos incentivados a ter, nos faz crescer como profissionais. É uma experiência
interessante, pois o estudo individual permite o crescimento coletivo.
Acredito ter sido complexa a tarefa deste estudo. Primeiro, porque é difícil
estudar algo que está um tanto distante de nossa realidade no dia a dia (como a minha,
por exemplo, em que são poucos os alunos com deficiência física ou intelectual da
escola, além destes estarem em suas salas de aula, sem que lhes tenhamos muito
acesso). Segundo, porque os embasamentos teóricos são ricos, porém complexos se a
prática está distante de nós. Mesmo assim, pude enxergar as necessidades específicas de
crianças que estão na sala de aula, mas que se divergem quanto ao ritmo de
aprendizagem. Pude trabalhar com elas para realizar as atividades e dessa forma,
enxergar o quanto precisam de nosso investimento, da nossa alegria, das nossas
parcerias... Que riqueza é isto!
Encerro o curso com muitas dúvidas sanadas, mas, principalmente, com ainda
muitas outras proporcionadas pela reflexão que ele propiciou, e com imensa vontade de
prosseguir com esses estudos. Fica, assim, claro para mim que será preciso, ainda, muito
estudo para que possamos oferecer uma educação verdadeiramente compromissada com
a necessidade de todos, com suas características particulares e especiais. Que novos
estudos venham!
O que de mais valioso ficou neste estudo foi a importância de um novo olhar
sobre a criança que está nos bancos escolares de nossas salas. Fica a certeza de que é
preciso ousadia, vontade e desafio na tarefa de educar alunos com necessidades
especiais visíveis ou não. Ora, muitas delas estão escondidas esperando e pedindo que
nós as busquemos, as procuremos. É preciso, então, olhar a criança para enxergá-la,
estudá-la e ofertá-la o nosso melhor, aquilo que uma boa formação, como a desse curso,
é capaz de suscitar em nós. Foi um prazer!
107
INTEGRAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA EM SALA REGULAR
Maria Valéria Polla Rodrigues29
Ao longo da minha carreira, deparei com situações como essas, várias vezes, e é
necessário ter muita vontade e compromisso para desenvolver um trabalho eficaz.
Durante o curso Práticas Educacionais Inclusivas - Deficiência Intelectual, pude obter
muitos conhecimentos sobre esta prática e atualizá-los, também.
Atualmente, leciono em uma sala regular da rede municipal, com um número
elevado de alunos e uma aluna que apresenta deficiência intelectual moderada e
dificuldade na coordenação motora fina. O trabalho realizado com essa aluna é bem
direcionado às necessidades imediatas de aprendizagem.
Nada mais eficaz para refletir a realidade da educação no Brasil que a sala de
aula. Nas salas de aula, encontramos crianças com seu jeito próprio, com seu
conhecimento, com o seu modo de ver o mundo. Pressupõe-se que todas as crianças são
iguais, que as origens são as mesmas e que por isso o ponto de partida deve ser o
mesmo para todas.
A história de vida da criança não interessa aos conteúdos pré-estabelecidos pela
escola? É, nesse contexto, que aparecem os alunos com deficiência. Essas crianças
trazem consigo uma história própria. São pais que superprotegem e acham que seus
filhos realmente são “especiais” e por isso não sabem e não podem fazer nada, não é
permitido a essas crianças fazerem tentativas de acertar ou errar. Ou ainda, são pais que
rejeitam e abandonam as crianças, passando a não aceitá-las, rejeitando-as ou
reprovando-as. Essas crianças estão pedindo apenas uma oportunidade para mostrar que
são capazes.
A educação especial tem duas contradições: segrega ou deixa de lado, em nome
de uma educação baseada numa pseudo-integração. Será que precisamos escolher entre
integração e educação? Se a integração/segregação estão sendo dicotomizadas é porque
o fundamento teórico de tais práticas ainda é frágil, por isso, é necessário apontar novos
caminhos com uma postura teórica sólida.
Enfatizamos a importância dos aspectos sociais da educação das crianças com
deficiência e, é exatamente, para esse papel social que Vigotski nos chama a atenção
29
EMEF “Dr. Francisco Monlevade” - Campo Limpo Paulista – SP.
108
quando diz que “Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes:
primeiro, no nível social e, depois, no interior da criança (intrapsicológica). Isso se
aplica igualmente para atenção voluntária, para a memória lógica e para a formação de
conceitos. Todas as funções superiores originam-se das relações reais entre indivíduos
humanos” (VIGOTSKI, 1989, p. 64). Ele se refere à gênese de todo e qualquer
conhecimento nas relações entre pessoas. O indivíduo começa a aprender com o outro e
nesse processo internaliza esse conhecimento, fazendo-o seu.
Com relação à integração, podemos verificar alguns estudos feitos em 1977 por
Cook que mostram bem essa realidade. Segundo o autor a simples colocação de
indivíduos normais e especiais no mesmo ambiente não é o suficiente para que ocorra
interação entre si. São necessários programas especiais. As crianças parecem preferir
interagir socialmente com crianças que tenham níveis de desenvolvimento semelhantes.
E, a interação é positiva em situações que incentivam a cooperação entre os
participantes e é negativa em situações que incentivam a competição ou o trabalho
individual.
Analisando esse estudo, podemos dizer que a escola deve trabalhar para que
ocorra a quebra de tabus, estigmas, desinformação e ignorância que fazem com que as
pessoas tenham atitudes negativas em relação à criança especial. A individualização do
ensino, o trabalho diversificado, a avaliação permanente e, predominantemente,
qualitativa são os fatores essenciais nesse processo.
Durante o curso, pude realizar muitas leituras e observações sobre os problemas
apresentados pelas crianças inseridas no contexto escolar, então comecei a interagir com
cada criança, dando orientação individual e, por várias vezes, proporcionando-lhes uma
melhor compreensão sobre os conteúdos trabalhados.
Juntando o conhecimento teórico aos diversificados problemas apresentados
com o conhecimento de cada aluno, foi possível ter uma melhor interação,
estabelecendo laços de amizade, cooperatividade e incentivo, mostrando que eram
capazes de fazer, de resolver e questionar, participar e perguntar como os demais
alunos.
Com o passar do tempo, os próprios colegas ofereciam apoio e auxílio para as
questões que houvesse dificuldade. Aqui, percebemos e verificamos o que Vigotski diz
sobre a necessidade do outro intervir no processo.
Logicamente que para a realização desse trabalho foram necessários muitos
momentos de conscientização de todas as crianças para que acreditassem que seu colega
109
era capaz e que precisava da presença de outras pessoas, intervindo com ela para atingir
o objetivo.
Ser diferente e único é uma característica de todo ser humano. Para facilitar a
compreensão do desenvolvimento e comportamento humano, podemos normatizar e
agrupar características semelhantes.
Tarefa difícil é descobrir e valorizar as dificuldades de cada um. Entretanto,
todos necessitam desse conhecimento para aprender e saber onde estão seus limites,
onde precisam de ajuda, onde precisam de complementaridade dos demais, até caminhar
sozinha. A percepção e valorização de sua realidade total, com altos e baixos,
facilidades e dificuldades, é essencial para que o ser humano cresça e se desenvolva
plenamente. Assim, aprendemos a respeitar a individualidade de cada um, sabendo
compreender e acreditar na capacidade da criança especial, relevando o seu ritmo, seus
conhecimentos e maneiras que são adquiridos.
Nesse relato, a criança aqui mencionada apresentava deficiência intelectual
moderada e dificuldade na coordenação motora fina. Só o convívio direto, pode
favorecer o desenvolvimento de amizade entre os alunos, proporcionando uma
variedade de desafios, estímulos e inúmeras oportunidades para a criança especial.
Enfim, a integração, ou seja, a inclusão de todas as crianças com deficiência na
sociedade constitui um dos objetivos principais da educação especial. Nesse processo
global, todos os alunos da classe tornam-se agentes diretos do desenvolvimento de cada
um deles e favorecem a construção de personalidades únicas e originais. A integração
das crianças com deficiência na classe regular não pode ser imposta por decreto, ela só é
possível se mudarmos nossas atitudes. Essa mudança modifica nossos conceitos e o
modo de compreender nosso papel enquanto educador.
110
SOMOS TODOS IGUAIS NA DIFERENÇA
Cristiane Covolan Luvisotto30
Sou professora de educação infantil pelo município. Estou na área da educação
há 10 anos. O meu primeiro contato com criança foi na creche como auxiliar de
desenvolvimento infantil, na faixa etária de 0 a 5 anos.
No início, surgiram dúvidas em como trabalhar, principalmente, com as crianças
que apresentavam deficiência ou dificuldades de aprendizagem. Aos poucos, fui
adquirindo experiência. Conforme surgiam dúvidas, pesquisava na biblioteca, comprava
livros (pois na época não tinha acesso à internet) para que pudesse desenvolver um bom
trabalho com essas crianças, percebia que necessitavam de um trabalho diferenciado.
Após cinco anos, surgiu uma nova oportunidade, fiz um concurso para
professora de educação infantil. Fui chamada para dar aula em uma nova escola. No
decorrer do segundo ano, recebi um aluno com deficiência, com paralisia cerebral. No
primeiro momento, toda equipe escolar ficou apreensiva em como trabalhar com esse
aluno. Surgiram muitas dúvidas, mas fomos aos poucos adaptando materiais e tentando
ajudá-lo a se desenvolver da melhor forma possível
Nesse período, senti falta de um curso de aperfeiçoamento sobre educação
inclusiva para que pudesse sentir maior segurança no trabalho que vinha sendo
realizado.
No ano de 2009, surgiu a oportunidade em realizar inscrição para o curso do
programa de formação continuada de professor - Plataforma Freire (MEC) sendo um
curso a distância. Não tive dúvidas, optei pelo curso Práticas Educacionais Inclusivas na
área da deficiência intelectual. Sentia necessidade de uma capacitação nessa área. Fiquei
muito feliz e senti iluminada por Deus ao receber o e-mail da equipe da UNESP, de
Bauru. Tinha sido selecionada entre muitas pessoas para iniciar o curso. Este curso veio
ao encontro do que eu mais precisava no momento: uma orientação, maior
conhecimento, pois este ano recebi um aluno com deficiência intelectual, apresentando
muitas dificuldades e agressividade constante. Durante esses dez anos de profissão, este
aluno está sendo meu maior desafio.
30
EMEFEI “Profa. Cecília Salto de Almeida” - Laranjal Paulista – SP
111
Educação a distância é uma modalidade educativa, uma alternativa pedagógica
que não vem para substituir a educação presencial. É fruto de uma série de
determinações presentes no atual estágio de desenvolvimento científico-tecnológico e
econômico das complexas forças produtivas, pois não é um “fast-food” em que o aluno
se serve de algo pronto. É uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e
habilidades individuais e as do grupo. Nessa perspectiva, é possível avançar
rapidamente, trocar experiências e esclarecer dúvidas.
A maioria das pessoas, muitas vezes, não tem acesso a esses recursos
tecnológicos que democratizam o acesso à informatização. Por isso, é de maior
relevância possibilitar a todos o acesso às tecnologias, a informação significativa e à
mediação de profissionais efetivamente preparados para a sua utilização inovadora.
O curso Práticas Educacionais Inclusivas, totalmente a distância, foi um curso
muito bem organizado por toda a equipe, abrindo novas perspectivas no que diz respeito
ao processo de ensino-aprendizagem. Esta foi minha primeira experiência com EaD. No
inicio, fiquei um pouco apreensiva por ser algo novo e, principalmente, por estar em
contato com pessoas de diferentes localidades.
No decorrer do curso, fiquei totalmente envolvida, em um ambiente rico de
aprendizagem. Sua organização por ícones contribuiu para a mudança de uma tela para
a outra, facilitando o trabalho, assim como a divisão por módulos, estipulando datas,
onde pudemos organizar nossos estudos. O estudo pela internet proporciona
flexibilidade, mas exige a mesma dedicação do estudo presencial ou, às vezes, até mais.
Os materiais diversificados e ricos em conteúdos nos envolveram ativamente,
trazendo contribuições significativas por meio dos bate-papos e das contribuições
temáticas em fóruns de discussão, colocando-nos em contato com pessoas de
localidades e realidades diferentes, ideias interessantes, desenvolvendo trabalhos em
grupos e muita troca de experiências.
Podemos dizer que um bom curso não é apenas ler os textos e ter acesso aos
conteúdos, mas sim, ter a possibilidade de se comunicar, fazer perguntas, interagir com
a equipe do curso, alunos e trocar experiências.
Mesmo o curso sendo a distância, sentia estar participando de forma ativamente
presencial. A tutora e a professora formadora desenvolveram uma verdadeira mediação,
estimulando o aprendizado, respeitando a autonomia de aprendizagem de cada aluno,
constantemente orientando, dirigindo, tirando dúvidas e supervisionando o processo de
aprendizagem dos cursistas.
112
Através de temas atuais como: A história da inclusão social e educacional da
pessoa com deficiência; Direito fundamental a proteção e a integração social da pessoa
com deficiência à luz do texto constitucional; Ética; Família; Desenvolvimento humano
e aprendizagem através das contribuições da psicologia histórico-cultural; Avaliação e
planejamento; Sexualidade; Flexibilização(ensino fundamental de nove anos); Ensino
colaborativo e criatividade; Habilidades sociais e Tecnologia assistiva adquiri
conhecimentos e apliquei atividades com orientações das fichas que refletiram sobre
minha prática.
Compartilhar experiências é fundamental para a formação continuada em
educação, pois os conhecimentos teóricos somente não bastam, é necessário a
participação nas mudanças sociais, como agente de formação e não apenas transmissor
de conhecimentos.
A formação do professor deve ser contínua, diferenciada e vista como uma ação
para ampliar as competências a fim de desenvolver as potencialidades do profissional
em todas as dimensões.
Nos últimos anos, tivemos um avanço na questão da inclusão, mas ainda temos
muito que fazer para melhorar essa história. Precisamos cada vez mais de profissionais
capacitados, conscientes, para trabalhar com alunos que apresentam alguma deficiência.
A inclusão se concilia como uma educação de qualidade para todos, mas é
necessário enfrentar um desafio maior que recai sobre o fator humano. Não basta apenas
incluir os alunos portadores de deficiência para ser cumprida a lei, é preciso trabalhar
para realmente incluí-los.
A tarefa da escola inclusiva é ofertar e buscar sempre melhores condições de
ensino e recursos pedagógicos para que todos os alunos desenvolvam suas
potencialidades, respeitando suas limitações, favorecendo a diversidade.
Pensar em uma escola acolhedora, que trabalhe com a diversidade observável em sala
de aula, significa levar em consideração uma concepção de currículo através da
flexibilidade para que este ofereça respostas educativas às necessidades educacionais de
todos os alunos.
Mudanças no contexto escolar e social possibilitam que a equipe escolar possa
exercitar refletir e compartilhar ideias, interagindo com os colegas, estudando juntos,
abertos à colaboração, elaborando o projeto PPP com autonomia, cooperação e de forma
participativa, diagnosticando a demanda dos alunos, estabelecendo parcerias com
profissionais especializados, trabalhando em conjunto com as famílias, percebendo que
113
as crianças podem aprender juntas, embora tenham objetivos e processos diferentes,
favorecendo as diferenças para que os alunos consigam progressos significativos,
estaremos assim contribuindo para uma verdadeira educação inclusiva.
Os preconceitos em relação à inclusão poderão ser eliminados, ou pelo menos
reduzidos por meio de ações de sensibilização da sociedade.
Esse curso contribuiu muito para melhorar minha prática, pois ao olhar um
aluno, não devemos apenas ver as dificuldades, mas sim, verificar as habilidades e as
formas que ele usa essas habilidades para vencer desafios. Percebo isso hoje no meu
aluno O avanço que ele obteve, claro que de forma mais lenta. Está conseguindo
permanecer por mais tempo sentado, concentrar um pouco mais durante as atividades,
expressar seus sentimentos, controlar com mais frequência a agressividade. Ele também
vem realizando atendimento com profissionais especializados e a família que antes não
participava, hoje a mãe já está aceitando ajuda, dialogando e procurando em parceria
com a escola contribuir no desenvolvimento do filho. Foi um trabalho que necessitou de
muita persistência, pois muitas vezes, quase desanimei diante dos vários obstáculos
apresentados e hoje percebo que, graças ao curso, senti mais segurança e um maior
conhecimento para desenvolver o meu trabalho.
Agradeço a toda a equipe do curso Práticas Educacionais Inclusivas na área da
deficiência intelectual em ter contribuído com a minha capacitação e também as alunas
do curso que proporcionaram momentos de trocas de experiências enriquecedoras.
Quando surgirem dúvidas sei que adquiri conhecimentos e materiais que irão me ajudar
a criar diferentes estratégias, com o compromisso de fazer o ensino inclusivo acontecer,
com espontaneidade e coragem de assumir os riscos, trabalhando em equipe através de
parcerias, desenvolvendo novas habilidades e promovendo uma educação de qualidade
a todos os alunos, favorecendo a diversidade.
Finalizo o meu relato do curso com uma frase de Paulo Freire: “Não há saber
mais ou saber menos: há saberes diferentes”.
114
REFLETINDO SOBRE NOSSA PRÁTICA NA DIVERSIDADE DA EDUCAÇÃO
Keila Maria Bordignon31
Foi com muita alegria e surpresa que recebi o convite para fazer parte desse
curso. No início, ficamos apreensivos, pois o novo nos traz insegurança, a incerteza de
talvez não conseguir realizar tudo o que está por vir, principalmente por se tratar de um
tema polêmico e pouco trabalhado até o momento entre nós, nas classes comuns. Mas,
ao mesmo tempo nos mostra que os desafios estão presentes e são a partir deles que
conseguimos atingir nosso principal objetivo: o de ensinar e de aprender.
O curso Práticas educacionais inclusivas na área da deficiência intelectual foi
dividido em MÓDULO 1 – EaD e Ambientação no TelEduc; MÓDULO 2 –
Fundamentos: Capítulo 1: A história da inclusão social e educacional da pessoa com
deficiência, Capítulo 2: Direito fundamental a proteção e a integração social da pessoa
com deficiência a luz do texto constitucional, Capitulo 3: Ética e Capítulo 4: Família
MÓDULO 3 – Desenvolvimento humano e Aprendizagem; MÓDULO 4 – Avaliação e
Planejamento e MÓDULO 5 - Práticas Educacionais Inclusivas.
A disposição do ambiente TelEduc estava de fácil acesso, os ícones bem
dispostos e separados de forma organizada. O fórum representou um momento de
interação ímpar, pois pudemos compartilhar com todos os cursistas as realidades,
dificuldades e experiências que cada uma possui.
Os materiais de apoio foram escolhidos de forma atingir nossa realidade e levar
a uma profunda reflexão sobre as práticas inclusivas. As atividades sempre detalhadas e
de fácil compreensão, para realizá-las, tive poucas dúvidas.
Em relação ao trabalho em grupo, tivemos um pouco mais de dificuldade para
realizá-lo, pois não consegui entrar em contato com duas participantes de outra cidade,
por motivos particulares que depois vieram explicar, por isso realizamos o trabalho em
duplas e assim concluímos o módulo.
Outro item importante foi à divisão e organização do tempo para realização das
atividades, que foi suficiente para concluí-las. O bate-papo foi outro ponto importante
na socialização e compartilhamento, com os cursistas, de momentos alegres e tristes. Os
conselhos, os sentimentos sobre o que cada uma estava vivenciando, durante a semana e
31
EM. “João Salto” - Laranjal Paulista – São Paulo
115
nas respectivas escolas, as experiências que deram certo, pontos que poderíamos mudar
em determinados momentos e a reflexão sobre os temas propostos nos bate-papos
relacionados aos módulos da semana, sempre nortearam boas discussões para as
possíveis ações.
E difícil de explicar o carinho e a preocupação que sentimos pelas pessoas sem
ao menos conhecê-las pessoalmente. Nossa ligação na educação é muito forte, um laço
que estreita qualquer distância e fronteira.
A postagem das atividades também estava sempre bem explicada na plataforma,
o correio foi bem utilizado sendo uma ferramenta essencial para as dúvidas, marcações
de encontro no bate-papo, troca de experiência e informações da tutora e coordenação
do curso entre outros.
Outro ponto que merece destaque são os registros dos comentários tanto das
formadoras, quanto das colegas, momento imprescindível de crescimento profissional.
Gostaria de acrescentar também meu agradecimento ao carinho e dedicação da
tutora e formadora, que sempre estiveram presentes nas dificuldades e conquistas,
sempre incentivando e sendo o alicerce para que esse trabalho fosse concluído, pois
precisamos de muita determinação e estímulo para vencer os desafios, mostraram assim
que são verdadeiras educadoras comprometidas com a educação e fazem a diferença no
processo do ensino e aprendizagem.
A planilha do curso também foi outra ferramenta importante para verificarmos
nossas atividades e nossa participação no curso, delineando nosso trabalho.
O conteúdo trabalhado foi de extrema importância para refletirmos sobre nossa
prática na diversidade da educação e, principalmente, confirmar que devemos trabalhar
em equipe com comprometimento, desprendimento e responsabilidade para o bem
comum do todo.
O curso representa, em particular, um grande crescimento e abertura na minha
visão sobre as práticas educacionais inclusivas, principalmente, reportando para minha
realidade escolar, percebo que precisamos de uma preparação maior e um suporte de
profissionais especialistas e recursos para auxiliar no desenvolvimento desses alunos.
Aprendi sobre deficiência intelectual muita coisas das quais tinha dúvidas e
consigo ter uma abertura maior em relação a esse aluno para poder acolhê-lo,
respeitando mais seus limites e aprendizagem, mesmo, muitas vezes, sem um
diagnóstico concreto. Mas, por outro lado, não vou deixar de lutar por um suporte mais
116
efetivo que possa auxiliar da melhor maneira o meu trabalho, minha aprendizagem e a
do meu aluno.
A escola na qual trabalho não possui muitos alunos de inclusão com diagnóstico
preciso em deficiência intelectual, por isso não temos tanto recursos para trabalhar essas
diversidades.
Os professores, de maneira geral, questionam as dificuldades no aprendizado por
parte de alguns alunos por falta de um maior suporte pedagógico e especializado para
entendermos melhor esse aluno e incluí-lo na classe comum.
A flexibilização curricular, a organização do ensino para os alunos deficientes, a
ética profissional, a família, a avaliação, o planejamento e os diversos assuntos que
permeiam a educação inclusiva, norteiam grandes avanços e conquistas e muitos ainda
estão por vir para que realmente ocorra a efetivação do processo. Assim, a inclusão
escolar começa a partir de pessoas e instituições dispostas a gerar mudanças como esses
cursos, as parcerias entre as instituições e o poder público entre outros.
Esse curso pressupõe, na nossa prática, significativas transformações
administrativas e pedagógicas, no âmbito da organização do sistema do ensino. Como
exemplo, podemos citar a construção coletiva do projeto político pedagógico, a parceria
dos profissionais especialistas, os recursos e a flexibilização curricular para alunos com
deficiência e o trabalho com os professores na orientação e suporte nessa diversidade.
É importante ressaltar o espaço que a educação a distância vem alcançando e a
seriedade com que está sendo trabalhada. É o meu segundo curso a distância e me sinto
cada vez mais comprometida com essa nova forma de aprendizagem que requer mais
disciplina, organização e responsabilidade na ordenação do seu tempo e estudo diário.
Posso dizer, com convicção, que são poucos os que conseguem ter uma autodisciplina
para estudar, aprender, colocar em prática o que se aprende e saber compartilhar esse
aprendizado, ensinando ao mesmo tempo.
Entretanto posso afirmar que esse curso foi um momento de movimentação e
rompimento de paradigmas na minha prática e das pessoas com as quais convivo,
destacando a importância da inclusão para uma sociedade mais democrática, na qual
exista respeito à diversidade e todos possam exercer sua cidadania.
Deixo a seguinte reflexão para avançarmos nas mudanças necessárias para nossa
educação na diversidade “Não temos um novo caminho, o que temos de novo é a forma
de caminhar”.
117
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA MUDANÇA DA VISÃO DO SISTEMA
EDUCACIONAL PARA SUPRIR UMA CARÊNCIA EDUCACIONAL
Kátia Regina Silva Silveira32
Falar em Educação a distância, no Brasil, é falar na mudança da visão do sistema
educacional, ou seja, a quebra do paradigma da educação formal. Quando penso no
EaD, enxergo a ruptura da educação na sociedade elitista, pois a realidade educacional
no Brasil, é de que poucos conseguem se quer concluir o Ensino Fundamental, minoria
ainda, consegue chegar às Universidades, já os que conseguem, poucos concluem o
Ensino Superior.
Segundo Gadotti, falar em perspectiva é falar de esperança no futuro. Nesse
aspecto, a educação a distância vem ao encontro para suprir uma carência educacional,
presente em nosso país, pois tem como objetivo democratizar o acesso à educação;
propiciar uma aprendizagem autônoma; promover um ensino inovador e de qualidade,
uma educação permanente. Programas educacionais a distância foram criados com
objetivos comuns, visando diminuir cada vez mais a exclusão de cidadãos ao
conhecimento, incluí-los no mercado de trabalho, oferecer ensino gratuito aos mais
diversos pontos territoriais no país.
A educação do futuro chegou. Temos pela frente o desafio de encararmos os
avanços tecnológicos e uma nova postura, diante de um novo sistema de ensino que aos
nossos olhos, parece novo, porém, há séculos vem buscando seu espaço, vem se
aprimorando, cabendo a nós, qualificá-la e aplicá-la.
Para muitos, o ensino a distância, transmite a ideia de uma educação informal,
muito distante, porém, o que posso afirmar com convicção é que o curso de Práticas
Educacionais Inclusivas na Área de deficiência Intelectual, ofereceu um estudo
profundo, proporcionando um contato direto entre os formadores e alunos, numa
dinâmica constante, diária, que a sensação é de nos conhecermos há algum tempo, pois,
durante o curso, construímos um laço de afetividade/amizade, fazendo-nos esquecer da
distância e efetivarmos trocas de experiências, conhecimentos, fundamental e essencial
à mudança de olhar nas relações educacionais que possuíamos até o momento.
32
EM. “Profa. Lea Eady Alonso Saliba” - Sorocaba – SP.
118
O curso foi organizado de modo que pudéssemos realizar uma análise crítica
construtiva da nossa prática educacional enquanto educadores, enquanto cidadãos, em
busca de uma educação mais humana, democrática, autônoma, construtiva e,
principalmente, inclusiva.
Durante o curso, realizamos um estudo da história da inclusão, no aspecto social,
onde pudemos conhecer o aspecto histórico da pessoa com deficiência, séculos de luta,
na inclusão social. Oportunizamos também momentos de trocas com amigos/colegas no
que diz respeito ao processo de inclusão nas escolas, como mais acessibilidades,
materiais de recursos, entre outros...
Conseguimos analisar e embasar nossos estudos na Constituição Brasileira que
garante uma educação igualitária, humana, em recursos e oportunidades, em direitos, ou
seja, na Lei, todos os direitos são garantidos para que a educação inclusiva seja eficiente
e desenvolvida integralmente.
Refletimos sobre a conduta ética profissional, essencial para se manter uma
relação de democracia, cidadania, preservando valores de humanidade e dignidade,
remetendo-nos ao aspecto da educação inclusiva, na prática e na relação que mantemos
com nossos alunos e colegas em geral. Enfim se quisermos sobreviver numa sociedade
democrática, humana, digna e igualitária, temos de assumir nosso compromisso social e
ético.
Um dos compromissos fundamentais e primordiais à instituição escolar é
convencer e conquistar a família para um trabalho em equipe com a escola. A
participação familiar é essencial no desenvolvimento afetivo/cognitivo/emocional do
aluno. Nesse sentido, a escola deve estar permanentemente de portas abertas à sua
comunidade, criando estratégias e ações essenciais a essa participação colaborativa, ao
desenvolvimento, no trabalho pedagógico realizado na escola.
Conhecer as contribuições de estudiosos na área da deficiência intelectual traz-
nos momentos de reflexão à prática educacional realizada na escola, pois através dos
estudos mostrados, podemos realizar experimentos de ações pedagógicas, criando novos
a partir da necessidade, adaptando-se aos recursos disponibilizados na unidade escolar.
Durante o curso, ainda tivemos momentos de estudos de projetos realizados com
pessoas com deficiência, conhecemos a importância do trabalho colaborativo e flexível
na prática educacional. Tivemos, também, a oportunidade de criar e aplicar uma ação
pedagógica com o auxílio de parcerias e ver o quanto é possível ampliar uma ação
pedagógica de modo eficiente e eficaz.
119
Conhecemos o Projeto Pipa, lindo, que realiza um trabalho maravilhoso, com
naturalidade, na questão da sexualidade do aluno com deficiência. Um assunto que para
muitos é delicado, constrangedor, porém para nós educadores, serviu como um sinal de
alerta na necessidade de realizar um projeto que aborde o tema da sexualidade, abrindo
um leque na participação familiar e parcerias com profissionais da área, médicos,
psicólogos, desenvolvendo um trabalho colaborativo de grande valia para a comunidade
escolar como um todo, pois o tema não precisa estar restrito simplesmente ao aluno,
esse é um momento importante para trazer a comunidade para dentro da escola sendo
mais uma parceria fundamental na ação coletiva educacional.
Enfim, o curso Práticas Educacionais Inclusivas, na área de deficiência
intelectual proporcionou momentos de reflexão a minha prática profissional, voltando-
se para a importância de realizar um trabalho pedagógico dinâmico, com ações criativas,
flexíveis e colaborativas. Mudou minha visão, no sentido de que não estou só na luta
por uma educação humana, moral, digna, igualitária, justa, democrática, autônoma e
INCLUSIVA!
Finalizo meu relato, com a convicção de que minha luta não finalizou. Ela está
apenas iniciando...
120
UMA BOA AVALIAÇÃO COMO SENDO PONTO DE PARTIDA PARA UM
PLANEJAMENTO MAIS EFETIVO.
Ana Paula Souza da Silva Sichetti33
Esse foi meu primeiro curso a distância e garanto que não será o único. Foi uma
experiência enriquecedora e gratificante. Pude relembrar teorias já estudadas e conhecer
novas perspectivas de pensamento e ação. Com isso, tive a oportunidade aprimorar
minha prática.
Sou professora desde 1997, na rede municipal de Juiz de Fora, MG. Desses 13
anos de magistério, trabalho há, no mínimo seis anos com alunos incluídos, atendendo a
deficiência visual (visão reduzida), intelectual e, também, transtorno global de
desenvolvimento (síndrome de Asperger).
Esse tempo foi marcado por muita busca. Foram muitas conversas com a família
da criança, com professores que já trabalharam ou trabalham com ela e, ainda, com
profissionais que atendem essa criança. Participei de alguns cursos e, atualmente, faço
parte de um grupo de professores que se preparam para assumir as salas de recursos
multifuncionais do Atendimento Educacional Especializado (AEE) que estão sendo
instaladas em algumas escolas do município.
Gostei da dinâmica e tópicos desenvolvidos no curso. Aprender a usar o
ambiente TelEduc foi muito importante, assim como relembrar a histórica da inclusão
na sociedade e na educação, a legislação, envolvendo as questões da inclusão, a
dimensão ética e características das famílias contemporâneas.
Destaco como embasamento teórico as ideias de autores como Piaget e Vigotski
para pensar o desenvolvimento e a aprendizagem. Considero muito importante uma boa
avaliação como sendo ponto de partida para um planejamento mais efetivo. Por isso,
muito me acrescentou o módulo 4 que trouxe muitas inovações para minha prática.
Com o questionário de habilidades sociais para professores pude pensar de
forma mais sistematizada as minhas concepções e práticas. Com o inventário de
comportamentos pró-sociais, descobri a possibilidade de analisar e planejar com metas
mais claras e objetivas e utilizar as habilidades sociais para construir uma convivência
mais harmônica, significativa e justa na sala de aula. Entendo com mais consistência
33
CAIC – “Escola Municipal Professor Helyon de Oliveira” - Juiz de Fora – MG.
121
como pode ser realizado um trabalho educativo baseado em criatividade, ensino
colaborativo e flexibilização de currículo. Pude aprender um pouco sobre tecnologia
assistiva e isso me estimulou muito a buscar recursos para serem utilizados pelos alunos
especiais, sendo esses recursos algo já pronto, ou até mesmo aqueles recursos que
podemos construir com materiais de sucata.
Enfim, posso dizer que muito aprendi com esse curso. Pude, como mais
marcante dessa experiência, trocar vivências e sentimentos com minhas colegas e
formadoras do curso. Guardo todas comigo como fonte de inspiração e motivação
diária. Tenho a certeza que muito ainda pode ser feito por uma educação que inclua a
diversidade em todas as suas dimensões. Vou sentir saudades de acessar diariamente o
correio e para finalizar agradeço o empenho dos profissionais envolvidos. Destaco a
presença organizada da tutora e os comentários ternos da formadora como sendo marcas
da qualidade do curso. Pena que acabou...
122
DESAFIOS
Lúcia Helena Rodrigues Soquetti34
Participar do EAD me proporcionou momentos de aprendizagem, reflexão e
troca de experiências. Conheci novos profissionais de diferentes localidades e vivi
momentos de alegria.
Os momentos de aprendizagem foram muito importantes, pois, embora a
educação inclusiva venha acontecendo há anos em nossas salas de aula, recentemente,
em maior número, tem causado muitas discussões entre os profissionais da Educação e,
ao mesmo tempo, angústia por não haver preparo desses profissionais por não saberem
como lidar com as diferentes deficiências e até mesmo o desconhecimento dos recursos
a serem utilizados.
As discussões compartilhadas nos fóruns e nas salas de bate-papo
proporcionaram reflexões às quais mexeram de forma significativa na maneira de ver a
educação inclusiva como algo necessário ao ser humano, com o intuito de dar-lhes a
oportunidade de participarem de forma igualitária de nossa sociedade, onde todos têm
seu direito como cidadão, independente ser deficientes ou não.
Ter o contato com outros profissionais foi importante para troca de experiência,
pois sempre há algo novo a aprender com o outro. Faz-se necessário que saibamos da
importância desse contato com outras pessoas, com elas temos muito a aprender e o que
aprendemos não deve ficar guardado em nossa memória, mas sim, passado para outros:
isso é crescimento profissional.
Quando nos deparamos com profissionais da Educação de outras localidades,
percebemos que nossas dúvidas e angústias são muito parecidas e, quando nos unimos,
nos tornamos mais fortes para enfrentar novos desafios. É disso que vive diariamente o
bom professor, enfrentando novos desafios, e se fortalecendo à medida que consegue
vencê-los.
Este contato, as trocas de experiências, um novo olhar à inclusão, trouxeram
também alegria. Deram-nos a certeza de que o caminho que estamos trilhando é o
correto. Dar às pessoas a oportunidade de serem aceitas em uma sociedade que se
34
E.M.E.F.E.I. “Vereador José Luíz Gomes da Silva-Zelo” - Santa Bárbara d’Oeste – SP.
123
mostra tão excludente, é gratificante, pois a escola é o local ideal para modificar essa
realidade.
Professores de salas comuns precisam conhecer e saber trabalhar com os
recursos disponíveis aos alunos de inclusão. Não é possível que nossas escolas recebam,
por pouco que sejam, materiais que não se sabe como se manipula.
O ensino colaborativo proporcionado pelo EaD nos remete a reflexão da
importância da interação dos professores de salas comuns e professores de salas de
recursos. Se queremos uma escola inclusiva, por que somos tão excludentes com nossos
pares? Como queremos que professores de salas comuns atendam com dignidade os
alunos com deficiência se não os capacitamos para isso? Por que as salas de recursos
são tão fechadas aos professores de salas comuns?
Para que possamos ter uma escola verdadeiramente inclusiva, não basta as portas
das escolas se abrirem para os alunos portadores de deficiência. Faz-se necessário que
órgãos governamentais e profissionais da Educação se unam para dar a esses alunos as
condições necessárias para que a aprendizagem aconteça. Não pode haver duas escolas
dentro de uma, como vem acontecendo. Não há que pensarmos em sala de recursos x
sala comum, mas sim, pensarmos que os recursos materiais e os saberes que recebemos
nas escolas devem ser compartilhados com todos, sem distinção de funções. A questão
é: não sermos professores de sala de recursos, nem de classe comum, mas sim,
Profissionais da Educação.
124
PALAVRA DE ORDEM: ADMINISTRAR E CONFIAR QUE O ALUNO É
CAPAZ DE TUDO QUE QUISER
Grasieli Zampieri Laudissi35
Ao me inscrever nesse curso, não tinha a mínima noção de como funcionava um
curso a distância. Realizado através do computador, sem poder olhar nos olhos das
colegas, sem poder “tagarelar” entre as mesmas trocando informações, buscando auxílio
para sanar dúvidas. Confesso que a priori eu estranhei, mas possuo uma facilidade em
adaptar-me, portanto, rapidamente me sentia amiga de todas e sentia-me em sala de
aula, discutindo, conversando, oferecendo e recebendo informações que atendiam as
minhas necessidades como professora de AEE que ansiava por novos conhecimentos e
trocas de experiências com pessoas da mesma área e que entendessem um pouco mais
sobre o funcionamento da inclusão baseada nas leis e de pessoas preocupadas em
realizar isso com destreza e comprometimento consigo mesmo, mas, acima de tudo com
os alunos que são os principais autores dessa história.
Durante todo o curso, o que sempre me recordava, era do primeiro texto a nós
enviado sobre como ADMINISTRAR nosso tempo que, desde o início, nos preparava
para o compromisso e assiduidade com relação ao curso, para que o levássemos a sério,
visto que o conhecimento se dá individualmente. As informações, a aprendizagem
foram a todas fornecidas, mas o que cada uma das cursistas adquiriu de conhecimento
se dá devido ao quanto cada um se dedicou para que esse conhecimento passasse a ser
significativo.
O que sempre favoreceu o aprendizado foi a prontidão da tutora e da formadora
em solucionar nossas dúvidas, proporcionando e despertando em mim um grande
interesse por aprender e querer mais... por querer dividir com todas o que eu já sabia,
dividir para que depois pudéssemos somar. A relevância e qualidade do material
disponível deixavam-me, em cada módulo, mais interessada e desejosa do
conhecimento.
Assim que descobriram as possibilidades infinitas das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC's), nosso mundo tornou-se mais próximo, não há mais
limites, as barreiras foram ultrapassadas, todo e qualquer distanciamento já não existe
35
EMEFEI “Vereador José Luiz Gomes da Silva – ZELO” - Santa Bárbara d’Oeste – SP.
125
em se tratando de tecnologia e o melhor é poder fazer uso desse recurso, poder usá-lo a
nosso favor para que assim, nossa prática, nosso conhecimento seja cada vez mais
aprimorado em benefício de nossa profissionalização, em benefício de nossas aulas, em
benefício, sobretudo de nossos alunos.
Refleti muito sobre como e o que poderia descrever sobre o curso. Afinal foram
tantos os aprendizados e benefícios adquiridos através do mesmo, tais como: a) repensar
a prática inclusiva, o papel da escola, da família, da comunidade e do professor diante
dessa prática; b) identificar quais os procedimentos que devem ser utilizados para
melhor atender os alunos e quais as possibilidades e sugestões possíveis para melhor
atender aos nossos alunos inclusos no ensino regular; c) conhecer as leis que amparam e
garantem o ensino de qualidade também ao aluno com necessidades educacionais
especiais; d) utilizar os caminhos para que se possa planejar, avaliar e adequar melhor
as atividades propostas aos mesmos; e) investigar os meios possíveis de interação, as
tecnologias que beneficiam o aluno como as Tecnologias Assistivas e, f) conhecer as
habilidades que cada qual possui. Dominar as melhores formas de nos organizar e
proceder enquanto professor pode garantir a todos os alunos um ensino de qualidade e
benéfico a todos, sem recusas, sem medos, sem negar, mas, acima de tudo, respeitando
os alunos como cidadãos e merecedores do que temos de melhor para lhes oferecer.
De acordo com Rubem Alves: “Educar é um exercício de imortalidade”. De
alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver a mundo pela
magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais... Entendo assim a tarefa
primeira do educador: “Dar aos alunos a razão para viver... ” Essas palavras mostram
como o papel de professor é fundamental, pois, muitas vezes, somos nós, os únicos que
acreditamos que nosso aluno tem valor, que ele é capaz de tudo que quiser, basta
confiarmos neles, tenham eles deficiência ou não!!! Nossa responsabilidade diante
dessas vidas é relevante. Somos peças fundamentais no processo de escolarização dos
mesmos.
Ressalto que, não havia noção da dimensão de um curso a distância e do quanto
seria proveitoso poder aprender com pessoas de outras cidades, outros estados e além de
aprender, poder usar todo conhecimento adquirido em prol de uma classe desvalorizada,
ainda pela sociedade, que são a dos alunos com deficiência. Posso afirmar que hoje
tenho um olhar diferenciado, um olhar mais apurado com as informações absorvidas no
decorrer do curso. E encerro minhas palavras com as de Paulo Freire:
126
"Sou professor a favor da decência contra o despudor,
a favor da liberdade contra o autoritarismo,
da autoridade contra a licenciosidade,
da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda.
Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação,
contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais.
Sou professor contra a ordem capitalista vigente que
inventou esta aberração: a miséria na fartura.
Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo.
Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza.
Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática,
boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar,
se não brigo por este saber,
se não luto pelas condições materiais necessárias
sem as quais meu corpo, descuidado, corre o risco de se amofinar
e de já não
ser testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa, mas não desiste."
127
A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA
Liseti Menezes Sottovia36
Para as pessoas da minha geração, o diploma universitário em si, já era o
bastante para alterar substancialmente a vida das pessoas. Com o passar do tempo, esse
conceito foi sendo alterado e, aos poucos, fomos chegando ao que é hoje, quando o
enorme volume de informações colocadas à disposição nos obriga a estar
permanentemente em processo de formação.
Foi com esse espírito que fiz minha pós e desde então tenho feito cursos,
constantemente, na tentativa de me manter a mais atualizada possível. Os cursos on line
são uma ferramenta poderosa para a atualização de profissionais já com formação e
experiência em suas áreas. Participando do Curso EaD Práticas Educacionais Inclusivas
- Deficiência Intelectual - pude reafirmar a importância da Formação Continuada para
mim como professora do AEE.
Destinar um tempo exclusivo para aprimorar os conhecimentos e as práticas
pedagógicas é uma ação importante para a melhoria do ensino. A formação continuada é
o único caminho para dar o salto de qualidade. Pensar em estratégia, liderança,
orientação, diálogo, tempo, prática, conhecimento, organização, tato pedagógico, são
capacidades tão importantes como saber ouvir, se comunicar e se relacionar, com
confiança e respeito.
A formação continuada a distância não é para qualquer pessoa. O perfil do
estudante é um dos fatores que interferem no desempenho dessa modalidade de ensino,
ela destina-se a quem consegue estudar sozinho e organizar o próprio tempo.
O processo pedagógico transforma as relações sociais em um projeto de
libertação do homem por meio da formação acadêmica, porém, uma formação de
amplitude humanística. O ensino deve ser uma arma de resistência à indústria cultural
na medida em que contribui para a formação da consciência crítica e permite que o
indivíduo desvende as contradições da coletividade. Um processo educacional capaz de
criar e manter uma sociedade baseada na dignidade e no respeito às diferenças.
A educação a distância tem papel importante na implementação de políticas de
democratização e interiorização da oferta de cursos. Vivemos numa era em que o
36
E.M.E.F. “Sala de recursos João Florencio” – Tatui – SP
128
conhecimento – no sentido de informação - é constantemente oferecido em tempo real,
mas ainda assim, falta-nos a habilidade elementar de interpretar todo conteúdo.
De acordo com Platão “... a ignorância é a raiz de todo o mal. O oposto da
ignorância é o conhecimento ... o conhecimento é a crença verdadeira, justificada”.
Para conhecer alguma coisa, a ideia em questão precisa ser verdadeira, precisamos
acreditar nela, afinal, se não acreditarmos em algo verdadeiro, não podemos afirmar
conhecê-lo
A arte do pensamento crítico, tão necessária em nossa sociedade moderna,
quando somos inundados por informações vindas de computadores, smartphones,
tablets eletrônicos e livros digitais que não temos as habilidades necessárias para
lidarmos. Esses equipamentos nos tornam massas de ignorantes, encharcadas de
informação.
Para o professor é de fundamental importância, o pensamento crítico,
principalmente na era da internet. O acesso à informação não é problema e, sim, a
capacidade de processar e interpretá-la.
Cabe ao professor, ensinar seu aluno a pensar, a refletir e promover a ética,
vivendo coerentemente com uma linha de conduta, aproximando o que se pensa daquilo
que se faz, buscando o beneficio e qualidade de vida de todos, orientando a pratica.
A vida e a qualidade de vida não vão melhorar apenas por meio do
desenvolvimento científico e tecnológico, mas pelo debate e pelo comportamento ético
dentro da família, da escola e da comunidade. O professor e a equipe escolar, são
elementos chaves nos princípios de igualdade de oportunidades, tolerância, justiça,
liberdade e confiança, passando da reflexão à ação.
É por meio da compreensão do mundo, dos outros e de nós mesmos, além das
interações entre todos, que nos tornamos preparados para o incerto e aprendemos a
intervir e estabelecer o alicerce para cidadania, ação profissional que requer
competência e eficiência, atitudes e condutas éticas. A educação promove a
socialização, novos tipos de trocas simbólicas entre os indivíduos, acesso a bens
culturais e facilidades oferecidas, que impulsionam o exercício pleno e consciente da
cidadania e do desenvolvimento da sociedade como um todo.
A formação continuada é uma atividade que desenvolve uma boa relação com as
pessoas participantes e compartilham com competência os conhecimentos, habilidades
fundamentais ao bom formador. É só através do conhecimento, da educação que nós
teremos competência e criatividade.
129
A educação é uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento, é preciso
colocar o conhecimento a serviço do que realmente importa, isto é, fazer com que os
professores transformem a prática para ir ao encontro das necessidades dos alunos.
Incorporar a formação continuada à rotina do professor é tão importante quanto a
relação direta com seus alunos. Só através de conhecimentos prévios de teorias e novas
didáticas é que poderemos fazer as intervenções e mudanças necessárias nas práticas
educacionais.
O que foi descrito acima podemos chamar de cenário ideal ou otimista, pois tudo
cairá por terra se as pessoas não se sentirem necessitadas de participar de novos cursos e
se não os fizerem com a dedicação necessária. As políticas públicas deverão ser sempre
no sentido de valorizar os mais capazes e mais interessados em seu próprio
aprimoramento profissional deixando de lado as práticas comuns que vemos em muitos
lugares de se dar sempre valor a apadrinhados pouco competentes em detrimento dos
compromissados.
130
INCLUSÃO QUALIDADE DE ENSINO PARA TODOS
Jussara Ester da Costa Rossi37
É oportuno mencionar que a bagagem de conhecimentos que obtive com este
curso sobre Deficiência Intelectual, com enfoque nas práticas educacionais inclusivas,
me fez ampliar conceitos, rever atitudes e valores, analisar, avaliar, renovar, inserindo
em meu contexto familiar, social e profissional, saberes e práticas educativas inclusivas.
Busco agora promover as “pessoas”, com as quais convivo, respeitando suas
singularidades, diversidades, oportunizando momentos de integração, participação,
socialização e trocas de experiências e saberes construído de maneira recíproca e
colaborativa.
Diante das diversas teorias analisadas e estudadas, informações atualizadas e,
principalmente, a prática desse universo educacional, hoje, posso me considerar uma
educadora com uma visão inclusiva e holística de mundo. Discorrendo um pouco sobre
a trajetória do Curso, posso declarar que no início fiquei muito confusa, ansiosa, pois
ainda não tinha participado de nenhum curso a distância. Esse foi o meu maior desafio,
pois não tinha habilidades desenvolvidas para lidar com o sistema, além de não ter
contato, pessoalmente, com as formadoras e demais participantes do curso.
Estava pensando em desistir, pois além de não ter tais as habilidades expostas
acima, o fator adequação de tempo, com outras atividades particulares, também,
estavam contribuindo para a minha desistência. Um dia enviei um e-mail para minha
tutora, dizendo que não estava conseguindo realizar minhas atividades, acessar o
sistema. Ela, com paciência, orientou-me a não desistir, pois eu estava como todos, em
processo de adaptação e a curto prazo eu me adaptaria ao ambiente, enfim a toda a
dinâmica do curso. E assim prossegui e não me arrependi. Aproveito também essa
oportunidade para agradecê-la, enfatizando que é de educadores assim que a educação
carece. Um educador que motiva o aluno a prosseguir dando-lhe credibilidade,
impulsionando-o a busca pelo sucesso e superação.
Todos os temas abordados enriqueceram e aprimoraram meus conhecimentos,
ofereceram-me fundamentos para atuar com mais competência e eficiência em minhas
ações profissionais. Destacarei alguns temas inseridos em alguns módulos que me
37
Emei Jaci Americana - Santa Bárbara d’Oeste -SP
131
possibilitaram refletir sobre minhas ações educativas, bem como notar aspectos
relevantes apontados para um trabalho de qualidade e oportunidades igual a todos que já
permeavam o meu universo de atuação como educadora. Esse curso me fez reconhecer
as ações e práticas educativas inclusivas aplicadas.
O tema Ética abordou aspectos primordiais para a atuação profissional e, em
especial, ao educador que sabe da importância do agir com ética, educando para a
cidadania e para a preservação de valores como igualdade, tolerância e dignidade.
Também aponta a Escola como uma das mais importantes via de acesso à cidadania e a
oportunidade educacional para todos. Na leitura desse texto, recordei-me de uma aluna
deficiente física inserida em minha sala de aula, no ano de 2009, na educação infantil,
nível –I, 4 anos. Ela veio transferida para a minha sala em junho. Quando fui notificada
pela coordenadora da unidade que receberia tal criança, fiquei apreensiva, porém, era
preciso agir com ética.
Conversei com meu grupo de alunos, preparei um ambiente bastante acolhedor
para receber a mais nova integrante do grupo. Foi emocionante observar o carinho e
afeto demonstrado por todos, no primeiro dia de aula dessa criança. No momento da
roda da conversa ela se apresentou, demonstrando timidez.
A partir desse dia, comecei a observar quais eram as necessidades dessa criança.
Notei que precisava de auxilio para suas necessidades fisiológicas, como para
locomover-se nos espaços escolares. Então solicitei a ajuda do grupo, sempre que ela
precisasse.
Para garantir uma educação de qualidade a esta criança que promovesse o
desenvolvimento de suas capacidades pessoais, contribuindo para o seu bem estar e
inserção social, entrevistei primeiro a mãe, para obter detalhes sobre sua deficiência e
saber se recebia tratamento especializado. Após fazer o levantamento de dados com a
família, em parceria com a coordenadora pedagógica, agendamos um dia para uma
conversa colaborativa com a equipe Especializada da APAE, em nossa unidade escolar
para orientações sobre os cuidados e adequação necessárias ao currículo para
contemplar o desenvolvimento de habilidades, em especial, as motoras, devido ao seu
comprometimento por ter hemiplegia nos membros superiores e inferiores direitos.
A partir daí, iniciei meu trabalho. Confeccionei um apoio para os pés da aluna
com lista telefônica, fixava as folhas de atividades na mesa com fita adesiva, elaborei
atividades que estimulavam sua coordenação motora, recortes, modelagens, perfuração,
dobraduras. Durante a roda de conversa, procurava incentivá-la a participar, sempre
132
instigando-a a comentar algo de seu cotidiano ou recontar alguma história. Nas
atividades de movimento sempre procurei oportunizar, e motivar sua participação,
enfatizando suas conquistas.
No parque, percebia certa insegurança, porém, ao mesmo tempo notava um olhar
de desejo em usufruir do mesmo prazer dos amigos. Resolvi auxiliá-la, encorajando-a a
subir as escadas do escorregador e apoiando-a para que pudesse escorregar. Dias depois,
observei que já tentava brincar nesses brinquedos sozinha e, a cada dia, que passava
percebia a felicidade estampada no rosto dessa criança por sentir-se integrada ao grupo.
Muitos foram os avanços obtidos no desenvolvimento da aprendizagem dessa
criança. A transformação foi surpreendente e acredito que se não tivesse lançado um
“Olhar Ético”, criando condições para que as barreiras fossem superadas e
ultrapassadas, eliminando preconceitos e discriminações, promovendo o seu
desenvolvimento integral, essa aluna não teria desenvolvido potencialidades de maneira
eficaz e satisfatória.
Essa experiência foi muito enriquecedora. Possibilitou a inserção de práticas
educacionais inclusivas em minha ação profissional, beneficiando não somente a aluna
inclusiva, mas todo o grupo. Diante do exposto, posso hoje avaliar, nessa experiência, a
presença de aspectos relacionados aos temas estudados nesse curso, como a
Flexibilização, a criatividade, o desenvolvimento de habilidades sociais, a inclusão
social, o ensino colaborativo, a família, a ética e o professor.
Aproveito para destacar também os momentos inesquecíveis de trocas de
experiências compartilhados pelas atividades propostas pelos módulos e socializadas
nos fóruns de discussão com comentários das formadoras e companheiros de curso.
As sessões de bate-papos, que saudades! Possibilitaram a criação de laços
afetivos a distância, bem como a construção de novas amizades em diversos estados do
nosso Brasil, partilhando nossas angústias, conquistas, superação e esperanças como
educadoras, apaixonadas pelo ato de educar apesar de todo cenário em que se encontra a
atual educação brasileira.
Acredito que somos um diferencial, hoje, em quaisquer lugar por onde atuarmos,
pois podemos dizer que somos educadores inclusivos, em escolas inclusivas, lutando
para que nossa sociedade seja plenamente inclusiva. Todo este suporte e embasamento
foi possível adquirir com a formação proporcionada por esse curso.
Parabenizo toda a equipe da UNESP/Bauru pela organização e pela dinâmica do
curso, assim como pela preocupação com a qualidade de ensino para todos e com um
133
ambiente educativo em constante ampliação, oferecendo e oportunizando por
intermédio deste curso o aprimoramento dos educadores; ampliando suas competências
e habilidades. A Educação do século XXI necessita desta formação de diversidades de
talentos e de personalidades e, mais ainda, de profissionais atuando com excelência,
inovação, tanto social, cultural como econômica que saibam trabalhar em equipe e de
maneira criativa e colaborativa.
Temos muito que aprender com as crianças com deficiência, principalmente a
intelectual... Concluo meu relato com a fala de uma aluna portadora de Síndrome de
Down que tive o privilégio de acompanhá-la em sua escolarização com
acompanhamento em aulas particulares ao cursar o ensino fundamental:
“Professora, você sabia que desde que nasci eu sou uma pessoa feliz?”
134
REFLEXÕES SOBRE CONHECIMENTOS NA ÁREA DA DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL
Regina Novaes Silva38
Para muitas pessoas a Inclusão é vista como um “monstro” ou um grande
problema de difícil solução. Isso acontece devido a maneira como foi introduzido e
realizado esse processo nas escolas, geralmente, sem eficácia devido à falta de
experiência.
A questão da inclusão deve ser fundamental na escola, principalmente no que diz
respeito ao desenvolvimento de projetos educacionais. Tais projetos devem possuir
meios de oportunizar a participação e possuir preceitos de negação à discriminação.
É necessário orientar o grupo, mostrando as diferenças e necessidades que as
pessoas com deficiência possuem, conscientizando-os do respeito e valorização dos
direitos que possuem como indivíduos na sociedade.
Dessa forma, precisamos inserir essa criança ao grupo. Não se trata apenas da
matrícula, mas da capacitação da escola e seu espaço físico, bem como da elaboração de
uma proposta pedagógica que atenda as necessidades dessas crianças.
Infelizmente, as pessoas valorizam aquilo que acreditam ser o normal. Por
exemplo, tenho uma aluna cadeirante que, inúmeras vezes, sofre com o preconceito das
próprias crianças em não ficarem juntas, não serem parceiras na brincadeira e, também,
por parte do próprio sistema que não está preparado, nem estruturado para receber e
apropriar o espaço para a sociabilidade dessa criança.
A discriminação existe não somente na escola, mas em todos os setores públicos.
É um tema sempre trabalhado com professores e equipe escolar: o pouco preparo dos
educadores e a falta de auxílio que acarretam inúmeros danos ao trabalho pedagógico.
Deste modo, é indispensável instrumentalizar os professores, não somente na formação
inicial, mas, oferecendo-lhes uma formação continuada.
Acredito que a aprendizagem desses alunos tenha uma nova característica,
desenvolvida através de atividades lúdicas e experiências variadas, envolvendo o
cotidiano e a realidade das crianças que estão nesse processo, que necessitam ser
38
EMEB Selma Maria Mesquito Godoi Martinho – Cabreúva - SP
135
entendidas. É uma oportunidade para que a criança descubra-se como habitante do
mundo.
Por meio desse trabalho, nota-se a importância das atividades significativas e
prazerosas no aprendizado, pois propiciam ao aluno condições para construir e
reinventar conceitos, permitindo o ato de pensar, explorar, descobrir e construir seu
conhecimento.
Para se atingir os resultados e objetivos almejados, é necessário que toda a
equipe escolar elabore uma proposta pedagógica de acordo com a realidade desses
alunos e, se preciso for, modifique as ações em relação à criança e o seu pensamento,
motivando e incentivando-a na aquisição de conhecimentos por meio de ações que
funcionem, efetivamente.
Diante disso, faz-se necessário a tomada de consciência e, consequentemente, de
posição diante da necessidade de se conhecer e valorizar as semelhanças e diferenças
como parte importante em qualquer projeto educativo e social que se pretenda
democrático. Busca-se, então, a formação de educadores políticos, críticos,
responsáveis, teoricamente competentes, para fazer uma educação que sirva como
instrumento social de inclusão que forme cidadãos aptos a agir criticamente na
sociedade, conhecedores e atores de sua cultura.
Dessa forma o EaD permitiu repensar a prática, introduziu novas estratégias e
socializou experiências anteriores que realmente funcionaram. Nesse curso, pude
aprofundar e acrescentar mais intensamente os conceitos inclusivos à minha prática
pedagógica. Cada um dos módulos e conteúdos desenvolvidos beneficiou e aprimorou
minha prática pedagógica, proporcionando maior embasamento para o processo de
ensino aprendizagem dos alunos especiais, bem como de todos os demais.
136
UMA VISÃO DO CURSO E DA INCLUSÃO FORA DA SALA DE AULA
Tereza Maria do Amaral39
Sobre minha vivência em relação à aprendizagem acerca do curso sobre Práticas
Inclusivas, posso dizer que não sou atuante no momento. Estou afastada da sala de aula,
trabalhando junto a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte do município de Iperó,
fazendo parte da equipe técnica, implantando o sistema SESI de Ensino, os programas
Ler e Escrever e São Paulo faz Escola. Em relação a minha vida e ao fato de ter me
conscientizado de que todos nós, seres humanos, temos nossas deficiências, nossas
dificuldades, ficou muito claro, óbvio até... não que eu já não tivesse essa consciência,
mas, com certeza, ela foi potencializada.
Hoje, percebo e aceito com mais naturalidade as pessoas como são, ou melhor,
como estão no seu momento, na sua trajetória, na sua aprendizagem, já que somos todos
aprendizes. A cada dia a vida nos proporciona novas experiências, novos cenários de
atuação e novas oportunidades, bastando que haja aproveitamento pleno e estejamos
embasados na teoria e dispostos à prática.
O curso foi excelente, os textos maravilhosos, os vídeos e as atividades
pertinentes; as colegas virtuais e algumas amigas reais que também fizeram o curso e
com quem troquei muitas ideias, foram ótimas e a formadora e a tutora, fantásticas,
pacientes, ‘presentes’ e sempre motivadas, incentivando toda a turma 28 da qual,
orgulhosamente, fiz parte. Portanto, mediante tantos adjetivos positivos, qualquer
pessoa percebe que ADOREI!!!
Minha maior problemática foi não estar atuando dentro de uma escola e sentir
dificuldades em aplicar as atividades, mas a equipe do AEE que, na ocasião trabalhava
no mesmo prédio, me ajudou muito e pude cumprir minhas tarefas. Hoje, o AEE possui
prédio próprio, junto a uma das quatro CEIs do município e continua fazendo um
excelente trabalho. Com minha participação neste curso, adquiri maior capacidade de
avaliar, tendo mais propriedade ao dizer com certeza que o trabalho é muito bom, possui
qualidade e tem resultados positivos, pois cinco jovens atendidos estão atuando dentro
do mercado de trabalho, em uma parceria entre a Secretaria da Educação e as empresas
locais.
39
E.M “Dra. Neide Fogaça de Lima” - Iperó – SP.
137
Nos dias 26 e 27 de maio, uma representante do AEE, o coordenador de Inglês
que implantou o ensino da língua no Fundamental I e eu como professora de História
fizemos uma capacitação no Museu da Energia de Itu com a visitação do público
especial a museus, com palestra, oficinas e outras atividades que enriqueceram ainda
mais os conhecimentos adquiridos com o curso de Inclusão. Na ocasião, tive a
oportunidade de socializar com todos, os conhecimentos adquiridos no curso sobre
Inclusão. A lista de filmes sobre deficiências agradou a todos, inclusive ao capacitador.
Bem, só tenho a agradecer a oportunidade de ter podido participar deste novo olhar que
foi proposto neste curso sobre Inclusão, sobre oportunidades e, principalmente, sobre
respeito que nós, como seres humanos, precisamos ter em relação à vida e a nossos
semelhantes, sejam eles de inclusão ou não.
138
CRESCER E APRENDER SOBRE OS SERES HUMANOS, SUAS
SINGULARIDADES E CAPACIDADES: REFLEXÃO SOBRE AS PRÁTICAS
QUE RESPEITEM A TODOS.
Thaís Helena Neves de Mello40
Sou orientadora pedagógica da rede municipal de ensino de Sorocaba. Atuo na
Educação Infantil, com muito orgulho e, com a certeza, de que são as crianças que
poderão mudar nossa realidade. Sou formada, primeiramente em História (1996) e,
concomitantemente com essa faculdade, cursei Direito, me formando em 1998.
Advoguei por alguns anos, mas a educação sempre esteve no meu caminho. Fui
eventual e efetivei na rede estadual como PEB II. Tive alguns contratos pela Prefeitura
de Sorocaba, também como PEB II. Já dei aulas de 5ª a 8ª séries (hoje anos) do Ensino
Fundamental e da 1ª. a 3ª séries do Ensino Médio.
Convivi com diversas realidades, situações, alunos, vidas...enfim, com pessoas
com as mais variadas realidades, diferenças e deficiências!!! E é muito triste ver que
ainda hoje existem preconceitos!
Adoro e valorizo as oportunidades para construir novos saberes e obter novos
olhares. Tenho ciência de que a capacitação para os profissionais da Educação deve ser
contínua e de qualidade, de que os educadores devem ter formações que os façam
refletir e ampliar conhecimentos sempre, pois este é um direito deles e, principalmente,
das nossas crianças e adolescentes, de nossos alunos.
A inclusão ainda é um conceito desconhecido e uma realidade nova para a
maioria das pessoas. Precisamos de esclarecimentos, estudos, reflexões, apontamentos,
experiências para que este seja um processo possível, real e significativo.
Precisamos saber como trabalhar com as pessoas com deficiência que estão nas
nossas escolas, nas nossas salas de aula. Como trabalhar dignamente, com foco, para
atingirmos resultados. Os educadores estão cansados. Queremos respostas às nossas
dúvidas e angústias. Queremos dar o máximo, uma educação de qualidade para todos.
Atualmente, uma das maiores expectativas dos professores, senão a maior, é
atender às crianças e adolescentes que já estão inseridas na nossa realidade, com
40
Ensino municipal - Sorocaba - SP
139
qualidade. É exatamente isso que encontrei nesse curso. Uma oportunidade de crescer e
aprender ainda mais sobre os seres humanos, suas singularidades e capacidades.
Esse curso EaD é uma iniciativa louvável do MEC, pois proporciona a
ampliação dos horizontes sobre a Educação Inclusiva, seus objetivos, sua
funcionalidade, recursos e o enriquecimento das pessoas envolvidas no processo
educativo das pessoas com deficiência.
Para mim, pessoalmente, trouxe todos estes benefícios, além de uma mudança de
postura e um novo olhar para a inclusão. Novas ideias foram construídas, novas
possibilidades[...]. Aprendi e reforcei que a criatividade é uma grande aliada e que nossa
sensibilidade é fator essencial nesse processo.
Com toda certeza, todos os educadores deveriam ter a chance de fazer o curso,
pois precisamos de profissionais esclarecidos, que saibam trabalhar a inclusão de
maneira efetiva e que sejam, principalmente, sensíveis à causa.
Agradeço muito por ter participado e aprendido ainda mais sobre meus
semelhantes e nossas diferenças.
140
APENAS A INSERÇÃO DAS CRIANÇAS COM ALGUMA DEFICIÊNCIA NO
AMBIENTE ESCOLAR NÃO PODE SER CHAMADA DE INCLUSÃO.
Isabel Cristina Lemos41
O discurso acerca da inclusão das crianças com alguma deficiência no ambiente
escolar tem sido debatido por todos os profissionais da educação. Discutindo o processo
de como a educação inclusiva acontece, percebemos que somente a inserção das
crianças com alguma deficiência no ambiente escolar, não pode ser chamada de
inclusão. Ainda vivemos a realidade onde muitas crianças com alguma deficiência
frequentam as salas de aulas do ensino regular, apenas marcando a presença, ocupando
um espaço, sem que as práticas pedagógicas da educação inclusiva aconteçam.
As políticas públicas de atenção a esse segmento, geralmente, estão circunscritas
ao tripé: educação, capacitação dos educadores e estrutura física adequada. Porém, estão
sendo esquecidos os aspectos básicos que são: a capacitação dos educadores e o
ambiente escolar realmente preparado com materiais pedagógicos e estrutura física da
escola adequada para receber a criança com alguma deficiência. Esses aspectos são
necessários para que a educação inclusiva realmente aconteça dentro da escola pública.
Mas, estão sendo negligenciados.
Os educadores do ensino regular ressaltam, entre outros fatores, a dura realidade
das condições de trabalho, os limites da formação profissional, o número elevado de
alunos por turma, a rede física inadequada, o despreparo para ensinar alunos com
deficiência ou, apenas, diferentes. Também não se sentem preparados para trabalhar
com a diversidade desse alunado, com a complexidade e amplitude dos processos de
ensino e aprendizagem.
O que realmente precisa acontecer é a formação dos educadores, voltada para a
qualificação ou habilitação específicas, obtidas por meio de cursos ou de outras
alternativas de formação agenciadas por instituições especializadas. Nesses cursos,
estágios ou capacitação profissional, os educadores aprendem a lidar com métodos,
técnicas, diagnósticos e outras questões centradas na especificidade das diferentes
deficiências.
41
Centro Municipal de Educação Infantil Município de Jauru - Mato Grosso.
141
Essa realidade está presente em muitas escolas públicas. No ano letivo de 2009,
o Centro Municipal de Educação Infantil, Maria Soares de Souza Lima, localizado em
Jauru – MT recebeu oito crianças de quatro anos de idade com alguma deficiência. O
Centro Infantil cumpriu o seu primeiro papel para a educação inclusiva: receber essas
crianças. Mas houve um desespero da equipe pedagógica. A coordenadora, a diretora e
os professores não sabiam como realizar o processo pedagógico inclusivo dentro da sala
de aula.
O Centro Municipal não tem materiais para dar suporte às crianças com alguma
deficiência e os educadores não possuem conhecimento para trabalhar pedagogicamente
a individualidade dessas crianças. Tentamos buscar apoio na Secretaria Municipal de
Educação para capacitarmos os educadores numa sala de recursos. A resposta foi que
teríamos que esperar os cursos da Plataforma Freire e sala de recurso para educação
infantil.
Nesse caminho, ficamos com essas crianças, dois anos letivos e,
pedagogicamente, as necessidades educativas dessas crianças não foram atendidas,
suficientemente, para desenvolver as habilidades necessárias de acordo com os critérios
da educação inclusiva. Podemos dizer que essas crianças com deficiência frequentaram
os dois anos da educação infantil, indo para o primeiro ano do ensino fundamental sem
ter sido trabalhado dentro dos princípios da educação inclusiva.
Somente no final de 2010 que a Plataforma ofereceu o curso de educação
especial. Fui contemplada com o curso. Quando comecei a fazer, passei a conhecer os
caminhos necessários para o atendimento da educação inclusiva. Relembrando das
crianças com deficiência que passaram pela nossa escola por dois anos letivos, podemos
avaliar que não realizamos o processo de inclusão e que as crianças foram prejudicadas
no processo mais importante de sua vida escolar que é a primeira etapa da educação
básica - a educação infantil.
A situação vivida pelos educadores do Centro Municipal de Educação Infantil
Maria Soares de Souza Lima, no ano letivo de 2009 e 2010, configurou-se como um
problema pedagógico de inclusão, de crianças com deficiência que necessitavam de
ações pedagógicas especiais dentro da sala de aula.
No ano letivo de 2011 recebemos outras crianças com alguma deficiência. Com
os conhecimentos sobre educação inclusiva nos aspectos administrativos, legais,
pedagógicos e metodológicos, dando suporte à prática pedagógica dentro da sala de
aula, fizemos um trabalho diferenciado Esses conhecimentos foram oferecidos no curso
142
Práticas Educacionais Inclusivas na Área da Deficiência Intelectual, através da
Plataforma Freire (MEC).
É uma realidade a formação continuada dos educadores no ambiente escolar, no
Estado de Mato Grosso. O projeto é montado pela escola, de acordo com seu Projeto
Político Pedagógico. O tema de estudo é debatido no coletivo com todos que fazem
parte do ambiente escolar, ou seja, professores, técnicos, administrativos, funcionários
de apoio, coordenadora pedagógica, direção escolar e conselho escolar. O encontro é
semanal, com todos os educadores do Centro Infantil, com objetivos que venham
intervir na queixa apresentada pela escola, construindo, assim, uma ação de intervenção
que venha contribuir para o processo de ensino e aprendizagem no ambiente escolar.
O Projeto Sala do Educador em 2011 está voltado para a socialização do curso
oferecido pelo MEC, TelEduc/UNESP/Bauru: Práticas Educacionais Inclusivas na Área
da Deficiência Intelectual. Construímos o projeto com os mesmos objetivos oferecidos
pelo ambiente, veiculando informações sobre deficiência intelectual e seus
desdobramentos para prestação de serviços via educação às crianças com deficiência
intelectual.
São trabalhados temas como os aspectos etiológicos, conceituais, históricos e
legais da Educação Especial, desenvolvimento infantil, postura ética frente à
deficiência, relação família escola e aspectos da sexualidade. O estudo desses temas
vêm contemplar a necessidade de estarmos construindo nossa prática pedagógica
inclusiva para as crianças com alguma deficiência, subsidiando, assim, a implementação
do processo de aprendizagem de forma que atenda aos critérios do ensino colaborativo
flexibilizado, contribuindo para interação das crianças com deficiência na sala de aula.
O material do curso explora, também, conhecimento de um planejamento
individualizado e, ao mesmo tempo, não perdendo a oportunidade de contemplar o
coletivo, utilizando os recursos lúdicos e jogos onde o educador passa a planejar suas
aulas, partindo da criança com necessidades especial para as demais crianças.
Descobrimos porquê que toda ação pedagógica construída para a educação
inclusiva que acontece dentro da sala de aula não dava certo, pois, ao planejar suas aulas
o professor planejava para todas as crianças, somente, depois que iam ver como
trabalhar os conteúdos e metodologias com as crianças com deficiência.
A metodologia utilizada sempre era “sentar e explicar”, individualmente, para a
criança com deficiência. Após os estudos do curso, na sala do educador, os professores
começaram a desenvolver novas metodologias para ministrar suas aulas às crianças da
143
educação infantil com deficiência. Hoje, os educadores têm posturas diferentes,
principalmente, nos aspectos metodológicos buscando novos caminhos que vão ao
encontro dessas crianças especiais, fazendo com que, no ambiente da sala de aula, a
interação, a colaboração, flexibilização do ensino e da aprendizagem construam a
inclusão de forma lúdica e criativa, garantindo a essa criança, com alguma necessidade
especial, participação na construção de sua aprendizagem.
O curso Práticas Educacionais Inclusivas na Área da Deficiência Intelectual
realizado no ambiente TelEduc veio contribuir para que realizemos, com sucesso, o
processo pedagógico de inclusão das crianças com necessidades especiais. Os
educadores passaram a ter mais conhecimentos sobre os direitos da aplicação dos
recursos e de materiais que poderão ser trabalhados com as crianças com deficiência.
O conhecimento sobre questões metodológicas foi o aspecto que mais ajudou a
visualizar a educação inclusiva e fazer com que ela, realmente, se efetive na prática
pedagógica dentro da sala de aula. Ao socializar esse curso para todos da escola, na sala
do educador, estamos contribuindo para que as crianças, com alguma necessidade
especial, tenham seus direitos de cidadã respeitados para que possamos construir uma
sociedade inclusiva.
144
MINHA EXPERIÊNCIA NO EaD
Maria Antonia de Toledo Barros Carvalho42
A educação a distância no Brasil tem crescido de forma vertiginosa na última
década. Ainda existe resistência à aplicação das novas tecnologias de comunicação na
educação do país, por uma parcela da academia de educadores brasileiros e da elite que
temem a perda da qualidade e do controle do processo educacional. Porém, a
necessidade de ampliação de conhecimentos em um país com enorme dimensão
continental, carente de recursos econômicos e sociais, juntamente com o barateamento
das novas tecnologias de comunicação e a “sede por saber” de uma grande parcela da
população trabalhadora, tem contribuído para o fenômeno da massificação e ampliação
da educação a distância no Brasil.
Nesse processo, estão ocorrendo várias experiências ricas em inclusão digital,
educacional e, principalmente, social, como é o caso dessa experiência realizada nesse
curso que acabo de concluir: Práticas Educacionais Inclusivas na Área da Deficiência
Intelectual.
Com base em uma política equivocada de igualdade e respeito ao ser humano, é
constante o surgimento de cartilhas que apontam "vilões" e "heróis" da Inclusão. Os
"vilões" são aqueles tidos como dificultadores do processo de Inclusão, pessoas
preconceituosas e mal esclarecidas que representam uma barreira às nobres iniciativas
governamentais de desenvolvimento humano, pessoas que por conhecerem mais a fundo
a realidade das escolas públicas, que por estarem inseridas dentro dela, ousam
questionar as demagogias patrocinadas pelas políticas públicas. Os "heróis" são os
ilustres defensores dos "direitos", da "igualdade" e do "respeito" aos fracos e oprimidos,
famigerados pesquisadores que, por dedicarem todo o seu tempo ao estudo da Educação
Pública, sequer precisam conhecer a realidade, pois estão altamente capacitados a criar a
sua própria realidade.
É importante ter em mente que Inclusão significa dar as devidas condições para
que cada ser humano, dentro das suas dificuldades e potencialidades, possa se
desenvolver. Nessa perspectiva, torna-se desumano defender uma Inclusão que garante
42
CEMEI- “TIA BELA”- Mineiros do Tietê – SP.
145
o direito ao acesso, a matrícula, a inserção, mas não oferece a infraestrutura necessária
ao desenvolvimento individual e coletivo.
Políticas equivocadas que submetem as pessoas a uma realidade tosca, que apenas
inserem o indivíduo no convívio social, mas não lhe dá as devidas condições de
crescimento, estão mais pra “covardia social” do que Inclusão Social. A Inclusão
Escolar, como forma de se promover a integração de todos na vida em sociedade, é algo
maravilhoso, mas que precisa ser tratado com responsabilidade, honestidade,
sinceridade, respeito e conhecimento de causa e efeito. Não é honesto ludibriar as
pessoas por meio da promoção de propagandas politicamente bem elaboradas que
vendem uma falsa realidade escolar e criam falsas expectativas.
A possibilidade de dar continuidade a minha formação contribuiu muito para meu
aprimoramento cultural e profissional, portanto o EaD me possibilitou uma experiência
única e de grande valia. Nos dias de hoje, como andamos atarefados e com a agenda
lotada de compromissos, um curso a distância nos favorece muito. No EaD tive a
oportunidade de conhecer diversas pessoas, trocar experiências e aprimorar os meus
conhecimentos. Os textos fornecidos no material de apoio foram ricos e as atividades
nos fizeram refletir sobre nossa prática pedagógica: aquilo que está certo, o que está
errado, o que deve ser repensado e as técnicas que devem ser reformuladas.
Os tutores e formadores estavam sempre a nossa disposição, tirando dúvidas e nos
orientando, sempre com o caráter de mediar e conduzir o nosso estudo. Isso possibilitou
muito o meu crescimento e minha capacidade de reflexão. Hoje, diante das minhas
atitudes, penso, diferentemente. Antes de realizar o curso, eu não tinha esse olhar.
Aprendi muito sobre a educação inclusiva. A estrutura física do curso e os apoios
escritos foram de suma importância. Aprendi, também, que a inclusão escolar de um
aluno com deficiência intelectual que necessite de apoio extensivo deve ser amparada na
premissa que a diferença faz parte da natureza humana e que a todos os membros de
uma sociedade devem ser fornecidas oportunidades iguais para a participação em
atividades comuns àquelas partilhadas por grupos de idades equivalentes.
A comunidade escolar deverá providenciar todo tipo de suporte (apoio):
pessoais, físicos, materiais, equipamentos, acessibilidade, etc. E o currículo
deverá ser baseado na crença de que através da nossa aquisição de
informações e da convivência com o outro, as pessoas com deficiência
mental podem aprender e que nós podemos ensiná-las e também aprender
com elas, alterando nosso comportamento diante dos fenômenos da vida, que
146
é um processo dinâmico. Esse currículo deverá fazer parte do projeto
pedagógico e político da escola.
Fizemos atividades que utilizei e continuo utilizando em sala de aula, como
elaborar atividades para um aluno com deficiência intelectual, ou mesmo alunos com
dificuldades de leitura e escrita. Aprendemos a fazer uma avaliação da fase em que ele
se encontra e traçar estratégias adequadas que possam auxiliar na produção da escrita.
O que considero mais valioso desse curso, é que tudo o que trabalhamos na
teoria, trabalhamos também na prática e alcançamos exatamente o resultado positivo
que procuramos. Conhecemos novos conceitos, novas práticas, como por exemplo, no
módulo Tecnologia Assistiva, conheci algumas adaptações de materiais que
desconhecia e já coloquei algumas em prática, fazendo assim, com que um aluno que
não possuía muita autonomia para se alimentar sozinho, com a colher adaptada que
conheci através do curso, esse aluno já passa a se alimentar sozinho.
Enfim, aqui estão algumas das muitas vitórias que iremos e já estamos
(professores e alunos) alcançando, após um estudo adequado e de boa qualidade.
Foi uma experiência valiosa e muito gratificante.
147
A PRÁTICA PEDAGÓGICA COM O DEFICIENTE INTELECTUAL:
REFLETINDO SOBRE A IMPORTANCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA
Ana Paula Gonçalves de Araújo Mortimer43
Esse texto pretende conjecturar sobre aprendizagens adquiridas no Curso
“Práticas Educacionais Inclusivas na área da deficiência intelectual” escalonadas como
mais contributivas para a formação da postura profissional de sua autora.
Tais aprendizagens suscitam reflexões sobre: o relacionamento entre o professor
e os alunos com deficiência, o papel do professor no balizamento dos demais
relacionamentos entre os alunos da classe de inclusão; objetivos do relacionamento do
professor com os pais do aluno deficiente; a importância da observação e planejamento
de atividades a serem desenvolvidas com o aluno com deficiência.
A prática pedagógica com o deficiente intelectual requer o entendimento do
sujeito-aluno na sua condição de pessoa diferente. Entendimento esse, que não se
vincula a um processo de aceitação da diferença do aluno, mas se relaciona com as
ações a serem desenvolvidas pelo educador para estabelecer comunicação com o
deficiente intelectual, com fins de promover sua inclusão e desenvolvimento
(RODRIGUES; MARANHE, 2010, p. 11). A promoção dessas ações, entretanto,
influencia a condição ética das relações a serem estabelecidas pelo aluno com
deficiência com o educador e com os demais colegas ao se atentar para o fato de que:
É no convívio escolar que crianças e jovens podem ter importantes
experiências dignificantes e construtivas de sua personalidade e cidadania,
mas é também na escola que podem experienciar situações significativas de
fracasso e de exclusão social precocemente. O preconceito e a discriminação,
o desrespeito e a humilhação são sérios obstáculos ao bem-estar e à conquista
da cidadania, demonstrando a brutal intolerância à diferença que ainda existe
em nossa sociedade (NEME, 2010).
Cabe ao educador, em face dessas circunstâncias, trabalhar no sentido, não
apenas da promoção de aprendizagens de conteúdos, mas, precipuamente, no
agenciamento da convivência salutar, pautada no respeito e solidariedade, entre todos os
partícipes da vida escolar. Nesse sentido, cabe ao educador trabalhar valores, num
processo contínuo, enfocando a amizade e o companheirismo entre os educandos.
43
Estava sem aulas na época - Curvelo – MG.
148
A inclusão está para além da aceitação da diferença do outro. A inclusão
acontece na medida em que o educador busca se comunicar com o aluno a fim de
ensiná-lo por meios atitudinais e pedagógicos, atentando para as potencialidades e
dificuldades dele. A inclusão envolve a dimensão da ação.
Por outro lado, o ingresso do aluno com deficiência, na escola, implica no
atendimento aos pais desses alunos. No entanto, podem surgir questões sobre:
[…] como tratar os pais das crianças com deficiências em relação aos demais
pais. As reuniões à parte ajudariam no processo? Eles participariam das
reuniões ordinárias com os pais das outras crianças? As reuniões à parte
ajudam muito nesse processo, mas eles também devem participar das
reuniões gerais, junto com todos os outros pais. Se necessário, conversar
sobre a participação da criança com deficiência na sua sala de aula, na
presença de todos os pais, inclusive com os da criança deficiente.
(MELCHIORI; RODRIGUES; PEREZ, 2010).
A postura dos autores supracitados, em face do atendimento aos pais, é inclusiva
na medida em que convida à discussão participativa, junto aos demais, sem deixar de
abrir espaço para atendimentos em separado, importante fator de flexibilidade, pois
pode haver especificidades do diálogo que não interessam a todos ou apresentam caráter
particular. A inclusão diz respeito não apenas ao aluno com deficiência, mas se
relaciona também com a inclusão dos pais do aluno com deficiência no círculo dos
outros pais, num trabalho conjunto onde haja espaço para a discussão aberta e coletiva
do trabalho pedagógico desenvolvido com o deficiente intelectual, assim como de seu
relacionamento e forma de interação com os demais colegas.
Em outro sentido, aluno com deficiência intelectual pode ainda apresentar outros
comprometimentos ou doenças e, inclusive, outras deficiências. Nestes casos, a ajuda
dos pais é especialmente importante para o conhecimento pelo professor de cuidados
específicos, assim como das medidas a serem tomadas em função das necessidades do
educando. O conhecimento a priori e o planejamento de possíveis ações em situações
de crise representa medida cautelar importante que o professor pode agenciar desde o
primeiro encontro com os pais.
Será, também, nesses primeiros encontros quando se deverá comunicar aos pais
sobre o funcionamento da instituição e estabelecer formas de contato para ambas as
partes. Sendo que, após um período inicial de observação para avaliação das
potencialidades e necessidades do aluno deficiente, o professor - tendo observado o
planejamento para a série - poderá apresentar objetivos de trabalho pedagógico aos pais
149
do aluno com deficiência, discutindo com eles parcerias nas diferentes atividades.
Também, nesses momentos iniciais, haverá possibilidade de se agenciar reuniões
periódicas para se discutir sobre progressos e dificuldades do aluno, quando poderão ser
planejadas novas estratégias. (MELCHIORI; RODRIGUES; PEREZ, 2010).
O contato inicial com os pais do aluno com deficiência é, portanto, fundamental.
Há muito trabalho e questões importantes a serem aclaradas desde os primeiros
encontros, fazendo-se papel precípuo do professor agenciar para que os pais sintam-se
acolhidos e compreendam o trabalho pedagógico a ser desenvolvido com seu filho,
convidando-os a se tornarem partícipes nesse trabalho.
É por meio de suas ações, nas dimensões atitudinais e da prática pedagógica que
o professor promove a inclusão do aluno com deficiência intelectual, assumindo o papel
veiculador de valores e atitudes solidárias junto aos colegas e demais pais da classe.
O trabalho com os pais é intenso desde os contatos iniciais, devendo ser
realizado em coletivo com os outros pais, com permissão para reuniões particulares,
caso se faça necessário.
A avaliação diagnóstica de caráter pedagógico a ser desenvolvida no princípio
do ano pelo professor com o aluno com deficiência intelectual e servirá de
embasamento para a construção de um planejamento, tendo em vista a proposta de
trabalho com toda a classe, deve ser transmitida aos pais, convidando-os a participarem
das atividades de forma a se tornarem fomentadores do trabalho de seu filho.
Por meio do contato com os pais, o professor conhece melhor seu aluno
deficiente e com isso se prepara para agir em situações de crise. Pode, também, planejar
atividades de acordo com as condições de relacionamentos, psíquicas, pedagógicas e
orgânicas do educando.
150
A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES NA
SUA PRÁTICA PEDAGÓGICA E NA ESCOLA INCLUSIVA
Rose Lapa44
Não é no silêncio que os homens se fazem,
mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão
Paulo Freire
A formação continuada permite ao professor refletir sobre a sua ação docente de
maneira crítica (PIMENTA, 2005). É nesse momento que avaliamos e reavaliamos as
metodologias, os pressupostos, as teorias e ações que fundamentam o nosso fazer
pedagógico. Para tal, os estudos realizados em diversas áreas do conhecimento como a
sociologia, a psicologia, a antropologia e outras têm contribuído muito. Por isso, pensar
minha atuação como professora sempre foi uma questão central enquanto profissional
que deseja aprimorar a sua ação pedagógica de forma crítica e contribuir, efetivamente,
para melhoria do ensino-aprendizagem dos meus alunos. Como afirma Paulo Freire “O
professor que não leva a sério a sua formação, que não estuda, que não se esforça para
estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua
classe” (1996, p 92).
Essa formação pode ocorrer de diversas maneiras, no local de trabalho, cursos
oferecidos por órgãos gestores, convênios com universidades, dentre outras. No entanto,
nas últimas décadas, com a invenção do computador, da internet e o avanço de novas
formas de comunicação, a EaD ( educação a distância) tem se colocado como mais um
instrumento a serviço da melhoria da nossa atuação enquanto professores.
Vale ressaltar que não se trata aqui da substituição de uma formação presencial
por outra realizada a distância, ou mesmo, pensar a formação através do EaD com o
objetivo único de certificação, pois isso significaria exatamente o inverso do que
almejamos, que é uma formação que garanta interlocução com os pares, que permita
melhorar nossa prática em sala de aula e, acima de tudo, que não seja uma alternativa
que traga mais uma sobrecarga no dia a dia do professor que, notoriamente, já tem uma
carga de trabalho exaustiva para além do espaço escolar.
44
E.M. “Regina Celi da Silva Cerdeira” Centro de Referência - Duque de Caxias – RJ.
151
Há também o fato de ser uma modalidade nova o que gera uma desconfiança
quanto à legalidade e à qualidade dos conteúdos dos cursos. Em pesquisa, no site do
MEC observa-se, quanto à base legal e aos referenciais de qualidade:
Decreto N.º 5.773, de 09 de maio de 2006, dispõe sobre o exercício das funções de
regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos
superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino.
Decreto N.º 6.303, de 12 de dezembro de 2007, altera dispositivos dos Decretos nos
5.622, de 19 de dezembro de 2005, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, e 5.773, de 9 de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das funções de
regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos
superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino.
Fazendo todas essas reflexões, realizei minha inscrição no Curso de Extensão
on-line Práticas Educacionais Inclusivas - Deficiência Intelectual- UNESP – Bauru.
Trabalho em unidade escolar que representa muito bem o processo histórico da
educação especial no Brasil. Seu prédio começou como um orfanato/asilo que abrigava
pessoas com deficiência, principalmente, a intelectual e a múltipla deficiência.
Com o passar dos anos, tornou-se uma Escola Especial e, na sua mais recente
mudança, deixa de ter apenas turmas de classe especial, formando, a partir de então,
turmas regulares com alunos com deficiência, tornando-se centro de referência onde se
propõe uma educação inclusiva. Digo “propõe-se” porque não se trata apenas de
mudança de nomenclatura ou proposta pedagógica, mas numa nova lógica de ensino,
teórica e prática, no qual o professor e sua formação são elementos-chave. E, também,
toda a escola deve perseguir o êxito de uma verdadeira e efetiva inclusão escolar.
Através do curso pude caracterizar a escola não apenas dentro de um juízo de
valor que leva em conta somente o estágio atual da educação das pessoas com
deficiência intelectual, mas situa a inclusão dentro do processo histórico da sociedade
brasileira.
Embora já tivesse alguns conhecimentos por ter atuado na educação especial, o
curso auxiliou-me a pensar questões que permeiam o cotidiano escolar:
Como trabalhar esse aluno com deficiência intelectual no ensino regular, num
outro contexto, com outras interações?
Agora que ele é “nosso aluno” (sala de recursos & turma regular), que ações
implementar junto à professora da turma de maneira a não fragmentar e/ou criar
um currículo paralelo?
152
De que forma ela pode auxiliar no meu trabalho desenvolvido com o aluno na
sala de recursos e vice-versa?
Que estratégias utilizar para que verdadeiramente o aluno com deficiência faça
parte do grupo no qual está inserido, sem que ele seja mais um aluno a dar
trabalho, mas, sobre o qual recaia um olhar preocupado com sua aprendizagem
tanto quanto todos os outros?
A experiência que me impulsionou a sintetizar essas indagações foi uma aluna
que tem sete anos, com Síndrome de Down que frequenta a sala de 1º ano. Era aluna da
escola desde a educação infantil. Apresentava uma defasagem na fala embora
conseguisse expressar suas ideias, emoções e desejos com expressão corporal/facial,
gestos e algumas oralizações. Na sua rotina escolar, a aluna demonstrava grande
dificuldade em permanecer em sala de aula e, quando estava presente, ficava à parte da
rotina estabelecida para a turma, brincando, vendo revistas, completamente alheia ao
que acontecia ao redor.
Dificuldades apresentadas pela professora: a) falta de interação com o grupo; b)
dispersão nas atividades coletivas e rotina da turma e, c) dificuldades na elaboração de
objetivos e atividades para aluna.
O trabalho realizado buscou base nos pressupostos do ensino colaborativo entre
o atendimento educacional especializado45
, professora regente e equipe técnico-
pedagógica e família. É importante citar que todos os envolvidos têm a clareza das suas
funções. O trabalho em parceria prevê a participação de todos, a existência de um
objetivo comum, o compartilhamento de responsabilidade e recursos, a equivalência dos
participantes e o voluntarismo.
Estratégias elaboradas a partir do planejamento coletivo.
Definição de tipo e número de atendimento da aluna: Aluna teria sua aula no
AEE no contra turno. Ficou definido que pelo menos duas vezes por semana eu
acompanharia a sua rotina na turma, já que o horário do AEE educacional
especializado era de dois dias integrais de 8h às 17h e um dia de 8 às 12h.
Nesses dias seriam desenvolvidas atividades com ela e toda a turma para
estreitarem-se os laços, também era o momento em que eu a auxiliava para
45
Resolução nº4, 2 de outubro de 2009. Institui diretrizes operacionais para o atendimento educacional
especializado na educação básica, modalidade educação especial. Determina entre outras as atribuições
do professor do Atendimento Educacional Especializado.
153
desenvolver a sua atenção, trazendo-a para as atividades como leitura
compartilhada, distribuição de crachás e, também, auxiliar na volta para sala de
aula quando a mesma se retirava.
No planejamento coletivo, elaborar, juntamente com a professora regente, as
atividades que estivessem no nível de desenvolvimento da aluna referenciada no
ano de escolaridade da turma.
Foi definido com a professora que, a cada semana, nós desenvolveríamos uma
atividade individual e outra coletiva com os alunos.
A partir destas estratégias, já no fim do primeiro bimestre, algumas
considerações puderam ser feitas.
A frequência com que a aluna saía de sala diminuiu:
Ela demonstrou mais atenção voluntária para realizar as atividades propostas;
A professora demonstrou mais segurança para pensar as atividades para a aluna;
A partir da fala das crianças e iniciativa em auxiliar a aluna, percebemos que ela
estava realmente começando a fazer parte daquele grupo de alunos.
O relato sucinto de algumas ações que ocorreram a partir das diretrizes traçadas
neste curso não dão conta de capturar toda a riqueza dessa experiência. O trabalho na
escola com os colegas das turmas regulares e as novas práticas escolares que
privilegiam a diversidade humana ao invés do ensino pautado na unicidade de proposta
pedagógica e homogeneização dos alunos têm mostrado a urgência e necessidade da
formação continuada para Educação Inclusiva, aliado, é claro, com políticas maiores de
acessibilidade, pois este é um projeto que diz respeito a toda a sociedade dentro e fora
da escola.
154
PERCURSOS NA CONSTRUÇÃO DA APRENDIZAGEM EM AMBIENTE
VIRTUAL
Rosalynn Davies Conrado Veiga46
Práticas Educacionais Inclusivas em Deficiência Intelectual, esse era o nome do
curso. E lá estava eu, realizando minha pré-inscrição na Plataforma Freire. Fiquei muito
feliz quando recebi o email da tutora comunicando que eu havia sido selecionada.
Trabalho, há quatro anos com Educação Especial, acredito na inclusão e busco sempre
informações para fomentar meu discurso e batalhar por esse direito junto aos colegas
das classes regulares que não acolhem a temática com a mesma paixão que eu.
Passado o trâmite burocrático, teve início o curso, propriamente dito.
Interessante observar que fomos nos construindo enquanto grupo, criando laços, apesar
da distância que um curso na modalidade EaD nos impõe. Não sei se o mesmo ocorreu
com outros grupos, com outros tutores e formadores, mas no caso de nossa turma, ficou
claro que as participantes, tutora e formadora, apresentaram, desde o início, grande
afinidade. O carinho nos emails trocados era palpável, se é que tal coisa possa existir em
termos de comunicação virtual.
Percebo que um módulo inicial de ambientação, na plataforma do curso, é
fundamental. Algumas pessoas apresentaram certa dificuldade no manejo da internet e,
é necessário, que se tenha paciência e clareza na comunicação do passo a passo, do
como se fazer realmente.
No segundo módulo, começamos a ter contato com a especificidade da educação
inclusiva, sua trajetória ao longo da história. Nesse ponto, que sempre se levanta
questionamentos sem fim, ficou visível o quanto já progredimos quando falamos em
inclusão, educação e sociedade. Em nossos debates, nos maravilhosos bate-papos
agendados, percebemos que ainda há muito a se evoluir sim, sempre. Uma das
características da humanidade é a constante busca e necessidade de evolução é isso o
que nos torna diferentes dos demais animais, o que nos confere a racionalidade como
diferencial. Sendo assim, ainda precisamos e iremos sempre precisar evoluir. Porém,
quando olhamos para a história dos deficientes, em geral, é fato que grandes e largos
passos já foram dados até o presente momento. Do total abandono, em lares
46
E.M. Professor Marcos Gil - Estrada Feliciano Sodré 2315, Mesquita – RJ, e E. M. Motorista Paschoal
André - Pavuna – RJ.
155
especializados, passando pela época em que divertiam o povo sendo usados como bobos
da corte, vagando pelas vielas da exclusão, transitando levemente pelo movimento da
integração, quando obtiveram um olhar diferenciado, até o momento inclusivo em que
vivemos hoje, o trajeto foi longo. Foi tortuoso, dolorido, muita vezes, exaustivo para os
familiares, porém bem sucedido.
Nos capítulos dois e três do módulo dois, discutimos ética e direitos dos
deficientes. Foram dois capítulos bem intensos e com discussões bem acaloradas, diria
eu. O assunto abordado levantou o tapete de nossas vidas, de nossa sociedade e de
nossas escolas, mostrando que, muitas vezes, a lei é deixada de lado sim e todos nós
fazemos vista grossa. O fazer vista grossa sinaliza uma forma de negligência, pois
embora, na maioria dos casos, não dependa única e exclusivamente de nós professores,
quando nos calamos ao perceber um erro legal, estamos contribuindo para a perpetuação
desse erro. Finalizamos esse momento, percebendo nosso papel político na instituição
escola, junto aos nossos alunos da educação especial e da educação regular que estejam
incluídos.
No capítulo 4, abordamos família. Esse tema é importantíssimo quando falamos
de aluno. O aluno é aluno sempre, tenha ele deficiência ou não. A instituição familiar é
válvula do processo educacional, tão fundamental quanto o professor. O trabalho
realizado com um aluno não apresentará resultados sem o apoio da família. Raros são os
alunos que foram bem sucedidos apenas com o apoio da escola. Quando falamos em
alunos incluídos ou da educação especial, percebemos que a família encontra-se, muitas
vezes, cansada e desgastada da caminhada árdua. Muitas portas já se fecharam... Muitos
olhares já condenaram... Encontramos mães abandonadas por seus maridos por terem
produzidos um filho “com defeito”. Mães cujas vidas são seus filhos, pois pararam de
viver suas trajetórias para cuidar daquela semente.
Fica claro que o trabalho com a família merece um olhar especial... Que uma das
funções da escola para com essas famílias é a acolhida, é o prestar esclarecimentos, o
orientar. Muitas dessas famílias são de origem bem humilde e desconhecem por
completo seus direitos. Aqui, entra a escola enquanto força política nas vidas dessas
pessoas. E nós, professores, nos tornamos a ponte que, certamente, ligará essa família a
uma forma mais confortável de viver.
Interessante que ser professor parecia algo tão diferente... Com o abrir de nossas
cabeças e a aquisição de novas informações vamos nos apercebendo do quão complexa,
156
realmente, é a nossa função. E o quão prazeroso é cumprir com louvor, a cada dia, nossa
missão.
No módulo 3, iniciamos a parte mais técnica da deficiência intelectual, suas
implicações na vida do indivíduo, em seu desenvolvimento e em sua aprendizagem.
Parece bem monótono, é verdade. Para quem já tem graduação com habilitação
específica na educação especial, dois cursos de pós graduação na área, sempre fica
aquela sensação de que nada novo irá aparecer ali. Ledo engano... Quando vamos
esmiuçando a teoria, vamos nos dando conta de que muitas das nossas atitudes e ações
possuem embasamento teórico, embora não soubéssemos. Vamos lendo com um olhar
diferente um mesmo texto que, provavelmente, já foi lido em outro momento de nossa
vida acadêmica.
As teorias perpassam nossas práticas que fundamentam e são fundamentadas por
elas. Por mais monótonas que possam parecer, as teorias são fundamentais para dar
caráter científico ao que estamos fazendo. Do contrário se torna senso comum, e na
educação, especialmente quando falamos em inclusão, senso comum não ajuda em
muito na efetivação da prática.
No módulo 4, avaliação e planejamento, teve início nosso momento prático.
Como atuo em turma de educação especial, busquei auxílio em uma turma vizinha, com
alunos incluídos. Foi enriquecedora demais a experiência de observação de outra
prática. A abertura da colega, sua disposição em contribuir, terminaram por me revelar
uma grande educadora em um figura até então vista como ordinária, sem grandes
atrativos. Percebo o quão importante é, em nossa prática profissional, poder observar e
ser observado. Você ganha, o outro ganha, os alunos ganham também. É como poder
dar e receber uma lufada de ar fresco em momentos onde o cheiro de mofo tentava
impregnar o ar. Sim, com o passar dos meses, dentro do ano letivo, vamos nos deixando
mofar um pouco. Embora tenhamos a natural tendência de buscar sempre crescer e
melhorar, por vezes, deixamos que situações e personagens se cristalizem em nossas
práticas. Aí reside a beleza e importância da observação.
O módulo cinco veio colaborar para a desconstrução de paradigmas. Já no
primeiro capítulo a bomba: SEXO! Sim, nossos alunos se interessam por sexo! Não,
sinto muito, o deficiente não é uma samambaia! O vídeo abordando o tema, com
depoimentos de deficientes intelectuais, foi fabuloso. Algumas colegas mostraram-se
receosas, até chocadas. Mas, abrir os olhos para a sexualidade de nossos alunos é
imprescindível na construção de um ser humano completo, integral, pleno. Precisamos
157
ter em mente que, se para os pais de crianças ditas normais, lidar com esse assunto é um
tabu, imagine para os pais de alunos deficientes. Nas escolas de modo geral ainda não se
trabalha com projetos que abordem a sexualidade efetivamente. Ficou a deixa para
pensarmos e avaliarmos nosso papel em mais essa empreitada.
A flexibilização foi trabalhada no segundo capítulo do referido módulo. Quando
falamos em inclusão, pensar na flexibilização do ensino é uma das chaves do sucesso.
Ficou claro que flexibilizar não é trazer para a sala de aula folhas com trabalhos
totalmente diferentes, muitas vezes, de conteúdo infantil por demais, contendo apenas
figuras para pintura e entreter o aluno incluído com aquilo, enquanto se dá os conteúdos
normalmente para os demais alunos.
No processo de flexibilização todos os alunos saem ganhando, pois os conteúdos
são passados de forma mais dinâmica, algumas vezes lúdica, tornando sua aquisição
mais fácil para os educandos.
No terceiro capítulo, trabalhamos o ensino colaborativo e a criatividade. O
material utilizado foi maravilhoso. Os textos, de fácil compreensão e bem escritos
proporcionaram-nos muitas discussões e mudanças de atitude frente ao aluno. Quando
se fala em equipe, dentro de uma escola, devemos pensar essa equipe como atuante no
processo de aprendizagem dos alunos. Por isso é fundamental que tenhamos uma equipe
realmente trabalhando junta, em prol daquele aluno.
Também é interessante pensarmos que os alunos podem sim aprender e ensinar
mutuamente, tendo o professor como mediador do processo. Dividir a turma em grupos,
mesclar os diferentes níveis de desenvolvimento, promovendo a interação e a troca de
saberes, esse tipo de atividade traz a construção de conhecimento.
Em termos de criatividade, podemos trazer também a flexibilização e agregar a
temática. Um professor criativo propicia flexibilização do currículo, tornando as aulas
mais interessantes a todos. A geração do “cuspe/giz” já foi. As crianças contidas e
extremamente reprimidas de outrora não estão mais em nossas escolas. Hoje contamos
com uma clientela espontânea que vive na era da internet, onde a velocidade das
informações é um fato. Essa geração precisa de professores que acreditem que o
conhecimento se constrói independente de quadros abarrotados de cópias, sem o menor
sentido. Em alguns momentos precisamos ainda lançar mão da decoreba sim, por várias
questões, dentre elas as avaliações e vestibulares da vida. Porém, em alguns momentos,
apenas, nos demais momentos, as aulas devem se dar de forma dinâmica, garantindo
que aquelas crianças irão assimilar o conteúdo por perceberem relação prática na teoria.
158
Fechando o módulo falamos de Tecnologia Assistiva e Habilidades Sociais.
Quando ainda estávamos em curso, participei de um congresso na área de TA.
Impressionante a quantidade de recursos que dispomos atualmente. Porém, esses
recursos ainda são de alto curso e nossa clientela nem sempre dispõe de verba para isso.
As possibilidades de adaptação são inúmeras e contamos, novamente, com a
criatividade de nossos professores, bem como com seu olhar especial na busca por
auxílio para que a aprendizagem de seus alunos aconteça de forma plena.
O texto de habilidades sociais educativas do professor e sua relação com o
repertório comportamental das crianças foi um dos mais marcantes ao longo do curso.
Por meio dele percebemos o quanto o nosso comportamento influencia diretamente o
comportamento de nossos alunos. Estimulamos comportamentos positivos, exibindo-os.
Fale o que eu digo e não o que eu faço, não acontece em sala de aula. Somos espelho,
nossos alunos são nosso reflexo. Quando a turma como um todo vai mal, é hora de olhar
para a prática do professor que rege aquela turma.
E chegamos ao final do curso... Um curso que irá deixar muita saudade. Quando
optamos por um curso na modalidade EaD, invariavelmente, é por falta de tempo para a
realização do mesmo em modalidade presencial. Não que o curso EaD não seja
trabalhoso, pelo contrário, exige muito mais disciplina. Quando não nos organizamos
nas leituras e realizações das atividades, dar prosseguimento parece impossível.
Meu olhar de educadora inclusiva saiu fortalecido desse curso. Através dos
textos, dos debates, dos emails trocados, fomos nos alimentando de informação, de
conhecimento, de experiências diversas, de ideias! A cada dia, a cada ingresso na
plataforma, uma nova e importante descoberta.
Minha prática... Passei a avaliar constantemente o meu fazer cotidiano. Para
cada dia, atribuo-me uma nota como educadora, percebo meus pontos falhos, onde
preciso melhorar, o que posso fazer nesse processo de engrandecimento profissional.
Ser professor... Uma missão! Não somente uma profissão, pois não se exerce tal
função nas 8 horas em que se está frente à classe. Quando se é professor, se é... 24 horas
por dia, 7 dias por semana. As crianças do mundo parecem estar sob sua
responsabilidade, é como me sinto.
Ontem, 15 de outubro, dia do professor! Quero dividir um relato... Um relato
bobo talvez, mas que me fez encontrar, no dia de ontem, motivos suficientes para
acreditar que estou no caminho... Na véspera, 14 de outubro, realizamos a festa do dia
das crianças na escola onde leciono pela manhã. Alugamos um pula-pula grande, pois
159
nossos alunos são adolescentes e adultos, é uma escola especial. Um dos meus alunos é
cadeirante e assistia a brincadeira dos demais alunos de sua cadeira de rodas. No meio
de tantas coisas para fazer, não me dei conta de imediato de sua solidão. Não sei
precisar o momento em que bati os olhos nele. Fui até lá e perguntei se ele gostaria de ir
no pula- pula. Ele disse que não. Eu insisti, disse que o colocaria lá. Ele disse que sim.
Não precisei de ajuda para tirá-lo da cadeira e colocá-lo no brinquedo. E como ele não
conseguia sustentar o corpo sentado, coloquei-o deitado mesmo, no centro da cama
elástica. Solicitei a outro aluno que pulasse bem devagar ao lado do aluno. Com o vibrar
da cama elástica, seu corpo saltava também. E ele ria, gargalhava alto, como eu nunca
havia visto antes. Não fui a única a me emocionar ali. O monitor do brinquedo olhou
para mim e disse que nunca havia visto cena tão linda antes. Acabados os três minutos
que lhe eram de direito, coloquei-o de volta em sua cadeira, e a festa continuou
normalmente para todos nós.
Ontem à noite recebi uma ligação do aluno em questão. Era para me desejar feliz
dia dos mestres, dizer, com sua fala um pouco enrolada, que sou muito importante para
ele e que ele me ama. Emoção maior veio depois, quando sua mãe veio ao telefone me
falar que o brilho nos olhos de seu filho, ao chegar em casa, relatando que havia pulado
na cama elástica e que eu o havia colocado lá, não tinha preço. A cada dia, na educação
especial ou regular, vivemos situações de vida com nossos alunos que podem realmente
fazer aquele dia valer a pena em nossas vidas. Enquanto professores, munidos de um
olhar que talvez nenhum outro profissional tenha, podemos fazer total diferença.
E cursos como o que estamos encerrando, contribuem e muito para a aquisição
desse olhar. Um olhar não de piedade, de compaixão, de estar fazendo isto ou aquilo
porque Deus pregava. Um olhar humano que batalha constantemente pelo humano. Um
olhar que vê, que enxerga através e além... Um olhar que não se traduz, um olhar mais
que especial!
160
NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE A INCLUSÃO NAS ESCOLAS E O QUANTO
ELA SE FAZ NECESSÁRIA.
Edvaldo Ribeiro Filho47
Como aluno de EaD, tive algumas experiências não muito gratificantes, posso
até dizer frustrantes. Inscrevi-me, em outros cursos, com muita expectativa positiva,
mas, no final, não foi o que eu esperava. Desde então tinha algumas restrições sobre
esse tipo de curso.
Quando meus colegas me falaram da Plataforma Freire e da possibilidade de
fazer uma especialização, por intermédio da mesma, acessei o site e procurei cursos que
realmente me interessassem. Não queria fazer só mais um curso, queria algo que
realmente fosse somar aos meus conhecimentos e que eu pudesse aplicar na minha sala
de aula.
Foi assim que entrei em contato com o curso de Educação Inclusiva. Algo que
me incomodava muito era ter alunos com deficiência e não ter confiança ou achar que
não era capaz de atendê-los dentro de uma sala para alunos sem deficiência. Queria ter
condições de ensiná-los sem tratar os mesmos como coitadinhos. Esse curso me deu
conhecimentos e abriu-me as portas para uma nova perspectiva sobre a inclusão nas
escolas e o quanto ela se faz necessária.
Adorei a metodologia do curso, principalmente, a interação através da sala de
bate-papo, onde tive oportunidade de interagir com pessoas de várias regiões do país.
No fórum de discussão, tive a possibilidade de conhecer o que os colegas
pensam sobre determinado assunto e colocar a minha opinião sobre o mesmo. Acredito
que os conhecimentos conquistados, através das trocas de experiências, possibilitadas
por intermédio do curso, serão de grade valia e já tem influenciado muito a minha práxis
pedagógica. Tenho olhado a minha sala com outros olhos, com o olhar da inclusão, com
a certeza de que todos têm condições de aprender, mas cada um tem seu tempo.
E nós, enquanto educadores, temos que respeitar e procurar ajudá-los no
aprendizado, adequando os conteúdos às necessidades de cada um. Essa visão de mundo
que já tinha, alargou-se infinitamente após o curso. Como aluno de EaD, sinto-me
atendido em todos as minhas necessidades. Gostei muito de ter participado desse curso
EaD e, ao terminá-lo, dizer que valeu a pena.
47
Escola Estadual “Oliveira Britto” - Salvador – BA.
161
CORAGEM: PRÉ-REQUISITO PARA UMA TRAJETÓRIA DE ACERTOS
Elaine Sueli Ferreira dos Santos48
Quando iniciei minha trajetória em Educação Especial, fui trabalhar na APAE,
como secretária de Eventos para ajudar na organização de leilão. Havia me separado do
meu marido com dois filhos pequenos para criar.
Depois de algum tempo, ofereceram-me o cargo de professora com o objetivo de
me ajudar, por questões financeiras. Colocaram-me condições: aquele cargo só seria por
cinco meses, pois a professora da sala havia pedido demissão e por questões de
convênio não poderiam contratar outra professora antes do término do ano. Estava no
primeiro ano de pedagogia, depois de ter feito o magistério há mais ou menos 17 anos e
não tinha nenhuma formação para Educação Especial.
Aceitei o desafio: era uma classe com alunos com Deficiência Mental Severa,
com faixa etária de 30 anos. Os problemas eram muitos!!! Mas, acredito que Deus,
como escolhe as mães das crianças excepcionais, escolhe a dedo as pessoas para lidar
com elas. Eu me sinto uma pessoa privilegiada por ter iniciado meu trabalho com esses
alunos. Pude então perceber que os problemas que temos não são nada, pois apesar das
dificuldades que esses alunos encontram, sempre têm um sorriso no olhar e um gesto de
carinho para nos dar.
No final do ano, na reunião de encerramento e avaliação do ano letivo, a diretora
me chamou para ler a oração do dia. Depois que terminei a oração, a diretora disse a
todos, o que havia me dito quando iniciei meu trabalho...mas, que naquele momento
estava voltando atrás no que tinha dito porque havia me saído muito bem naqueles
meses e superado as professoras habilitadas, com mais de 20 anos de experiência na
área. Concluiu que, a partir daquele momento, a sala era efetivamente minha, pois além
dos progressos visíveis dos alunos, ainda tinham recebido muitos elogios dos pais, sobre
o meu trabalho.
A partir daí, fui em busca de capacitação na área. Nas próximas férias, passei
realizando o Curso de Formação de 180h e quando iniciei o ano letivo já havia
concluído, não me sentindo mais como se tivesse caído de paraquedas ou protegida da
diretora.
48
EMEB “Prof. José M. Neto” - Araçatuba – SP.
162
Concluí minha Pedagogia em 2002 e iniciei minha primeira Pós Graduação em
Bauru, no ano de 2003, na área de Deficiência Mental e, a partir daí, não parei mais...
respiro Educação Especial. Sei que é um trabalho que me realiza plenamente e todos os
esforços que faço para realizar cursos, valem a pena, pois só acrescentam à minha
prática profissional e, consequentemente, quem ganha são meus alunos que sempre
fazem a diferença.
Hoje sou professora do Atendimento Educacional Especializado. Ao iniciar meu
trabalho em 2009, na prefeitura de minha cidade, precisei sair da APAE, pois o horário
de trabalho é integral. Sei que posso ajudar muito os “meus alunos” incluídos no ensino
regular.
Passei por muitas dificuldades, pois quando iniciei, minhas coordenadoras
falavam que o trabalho do AEE não tinha nada a ver com o trabalho que fazíamos na
APAE e que só aprenderíamos a trabalhar, depois que fizéssemos o curso do AEE só
que esse nunca começava.
No meu primeiro ano de trabalho com o AEE, atendia em 03 escolas, mais de 50
alunos na área de Deficiência Intelectual. Para chegar a esse número de atendimento,
avaliei mais de 100 alunos. Corríamos de uma escola para outra, com intervalos de 15
minutos. Não tínhamos tempo para orientar os professores, adequadamente, ou
acompanhar os alunos em sala de aula. Não tínhamos materiais para desenvolver o
trabalho. Todo o meu tempo, em minha casa, era para confeccionar os materiais
utilizados no atendimento, pois na escola não tinha tempo para isso, devido ao número
excessivo de atendimentos. Ainda assim encontrava tempo para realizar cursos e
estudos, pois sabia que precisava realizar meu trabalho da melhor maneira possível.
Como sou muito ansiosa e queria ter certeza que estava fazendo um bom
trabalho, entrei em contato com o MEC e expus minha situação. Pediram meu currículo
que foi aprovado. Iniciei, então, o AEE pela UFSM. Concluí em julho desse ano com a
nota máxima em todas as disciplinas, inclusive projeto, o que me levou a confirmar que
estava no caminho certo. Antes de terminar, iniciei esse curso de Práticas Educacionais
Inclusivas na Área da Deficiência Intelectual através da UNESP de BAURU. A
conclusão que chego é que tudo vale a pena, todos os esforços, dificuldades são
esquecidas quando vemos os progressos ou um resultado positivo de nossos alunos em
sua sala de aula regular, principalmente quando isto é reconhecido pelo professor da
sala.
163
Sabemos que a Inclusão era para acontecer gradativamente há vários anos, mas
só está acontecendo agora, quando estamos no prazo final para isto acontecer, apesar do
MEC ter disponibilizado vários Seminários sobre o assunto por intermédios das
Secretarias Municipais.
Na prática, as professoras, infelizmente, em sua maioria, não faziam,
procuravam outros temas, pois não acreditavam que a Inclusão se tornaria realidade,
porém, quando começaram a receber os alunos em salas de aula, muitas entraram em
desespero por não saber como lidar com esses alunos, mas foram poucas as que se
interessaram em procurar estudar sobre o assunto, pois ainda não viam aquilo como algo
que fosse vingar, infelizmente.
No início, não aceitavam o trabalho do AEE, criticavam o fato de não
alfabetizarmos e demoraram muito para compreender o real objetivo do nosso trabalho.
Nesse ano, as nossas condições de trabalho melhoraram muito: atendo a 03
escolas, mas como só uma tem a sala de recursos montada, os alunos das demais escolas
é que vão até a escola. Atendo a todas as áreas de deficiências, tenho 32 alunos para
atendimento e 41 para novas avaliações. As condições de trabalho melhoraram muito,
tenho materiais para utilizar e na escola tem alguns materiais também, além do que já há
verba para isto também, não necessitando gastar com a confecção de tantos materiais.
Claro que sempre quero novidades e, dificilmente, utilizo os materiais do ano passado,
apesar dos meus alunos serem outros. Ainda tenho um número grande de alunos,
dificultando meu trabalho, para atender professores em sala de aula ou acompanhar
meus alunos em sala. Na maioria das vezes, faço isto no meu horário de almoço. Meus
alunos, em sua maioria, são atendidos em grupo, devido ao número excessivo de
atendimentos programados.
Os professores hoje, na escola em que trabalho já são verdadeiros parceiros,
reconhecem o meu trabalho e o progresso dos alunos depois que iniciaram o
atendimento. Procuro dar todo suporte a eles e aos alunos em sala de aula, além de estar
sempre em contato com os pais para orientações.
Sei que tudo isto que tenho realizado, só tem acontecido graças a tudo que
aprendo nas formações que realizo. Nesse curso aprendi muito. As trocas são
fundamentais, hoje já iniciei outro curso através da UNESP de Marília, o AEE como
Pós Graduação, pois o conhecimento se inova a cada momento, portanto, temos que
estar nos atualizando, constantemente.
164
A sugestão que faço seria que outros professores do ensino regular, fizessem
esse curso.
Antigamente havia muito preconceito com relação a Educação a Distância,
comparando os mesmos com diplomas comprados, mas considero esses comentários
desagradáveis, fofoca de quem nunca realizou um, pois quem faz, sabe que o curso tem
o mesmo comprometimento que os presenciais e, em alguns casos, as cobranças ainda
são maiores. Temos a possibilidade de aprender mais rapidamente e muito mais porque
aproveitamos o fato de estarmos conectados na Internet para realizar pesquisas sobre os
assuntos que nos criam dúvidas. Logo, as mesmas são sanadas, imediatamente.
Agradeço aos professores formadores, tutores e coordenação do curso que
estiveram sempre presentes para nos auxiliar em tudo que precisávamos, sempre
facilitando o nosso desempenho durante o curso, aos colegas que nos possibilitaram
iniciar novas amizades e trocas de conhecimentos constantes. Gostaria de ter a
oportunidade de realizar novos cursos, pois todo o esforço que faço resulta em uma
melhor qualidade de vida e aprendizagem dos meus alunos, e é isto que importa.
165
EAD: UMA FERRAMENTA PARA A INCLUSÃO.
Sônia Aparecida de Angeles Cerqueira Costa49
No século XXI, com a “Era do Conhecimento”, com o avanço da tecnologia,
Informação e Conhecimento, com os estudos e a dedicação dos especialistas no campo
da Educação Especial, está, cada vez mais presente, a Educação Inclusiva que, ao
longo de muitos esforços, tem conseguido implementar o princípio da igualdade para
garantir às pessoas com deficiência o seu direito de igualdade, contribuindo, assim, para
a melhoria da qualidade do ensino em geral
No cotidiano do contexto escolar, a pessoa com deficiência matriculada na
escola em classes regular comum, integrando-se nas atividades propostas sente-se parte
do grupo, sente-se pertencendo a classe, ao processo ensino aprendizagem, interagindo,
participando, vivenciando conteúdos significativos para a sua vida cidadã.
Além disso, desenvolve-se entre os pares o espírito de solidariedade e
cooperação. O sentimento de empatia que se faz presente nos alunos sem deficiência,
muda o seu olhar diante da educação inclusiva, aceitando, colaborando e, até mesmo,
buscando ficar em contato direto com o aluno com deficiência, em atividades de grupo.
Se o professor monitora os trabalhos e explora as potencialidades desses alunos com
deficiência eles participam efetivamente contribuindo para o seu aprendizado, sendo
protagonistas do saber.
Não podemos perder de vista a criança enquanto foco do processo. Para Lima
(2003, p.26):
O desenvolvimento da criança está diretamente relacionado com a
diversidade e qualidade de experiências que ela tem a oportunidade de
vivenciar. Essas experiências dependem da constituição do contexto em que a
criança vive, principalmente, do que lhe é tornado acessível pela ação
mediadora dos adultos que dela se ocupam. Em outra perspectiva, dependem,
também, do conceito de criança presente em cada cultura, pois ela determina
os limites à ação da criança. Os adultos estabelecem limites e oferecem
possibilidades de ação para as crianças, de acordo com o que elas acham que
ela pode fazer.
Portanto, cabe ao professor que é o mediador da informação, transformada em
conhecimento, ter autonomia curricular e capacidade de tomar as decisões, ao longo do
processo de desenvolvimento curricular, no que diz respeito às adaptações às
necessidades dos alunos e às especificidades de cada um, para que se efetive o
49
EMEB “Profa. Leda Aparecida Martins” - Araçatuba – SP.
166
aprendizado a todos os envolvidos – Educação Inclusiva - levando-os ao sucesso
escolar e, consequentemente, à qualidade de ensino.
Isso só é possível porque nos são proporcionados cursos que nos oferecem
oportunidades de participar de temas tão importantes como a Educação Inclusiva. O
material de apoio foi de excelente qualidade. As leituras e estudos nos nortearam e nos
levaram a refletir sobre cada caso existente no contexto da sala de aula.
O Correio, ferramenta que nos transmitia informações para o entendimento e a
execução das tarefas de cada módulo. Também era usado para sanar as dúvidas, para
efetivação das atividades propostas.
As atividades dos Módulos a serem publicadas no Portfólio Individual,
levaram-nos a dedicar às leituras e estudos com muita compromisso, pois são atividades
merecedoras de atenção especial. O assunto é envolvente e estamos diante do “novo” –
situações novas que vivenciamos em nossa prática educativa, sendo necessário o
aprofundamento de estudos para sanar ao máximo as nossas dúvidas e anseios,
objetivando uma prática pedagógica que atenda as necessidades de nossa clientela
escolar na educação inclusiva.
A participação no Fórum de Discussão foi uma ferramenta que nos fez crescer
com a troca de experiência e o acompanhamento pela equipe formadora. Não podemos
deixar de mencionar o carinho por ela dispensado, sempre nos orientando com seus
comentários e acompanhando, passo a passo, nossas atividades, tanto as publicadas no
Portfólio como as do Fórum. Isso nos fortaleceu e propiciou que a Educação Inclusiva
deixasse de ser um desafio e passasse a ser parte integrante do processo ensino
aprendizagem. Sem falar no Bate-Papo que nos proporcionou um contato mais próximo
e maior afinidade com os pares. O conhecimento direto e a interação aguçou ainda mais
a troca de experiências e de materiais para enriquecimento da nossa prática pedagógica.
A UNESP está de parabéns pelo Curso, pelo desempenho, pela qualificação da
Equipe competente que soube a todo o momento estar presente para nos dar suporte e
sanar nossas dificuldades para que pudéssemos nos fortalecer e adquirir a confiança e o
conhecimento que viemos buscar ao nos inscrever nesse curso. Superou todas as minhas
expectativas elevando o conceito mais uma vez dessa conceituada Instituição de Ensino
Superior.
167
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM TEMA PARA REFLEXÃO NO CURSO EaD
Gisele Coito Ermacara 50
A Educação Inclusiva é um tema polêmico que vem fazendo parte das
discussões atuais em todas as esferas da sociedade, principalmente, no campo
educacional. É um tema que merece atenção de todos os profissionais envolvidos com a
Educação, por isso há necessidade de um maior entendimento e reflexão.
Foi por meio do curso EaD intitulado “Práticas Educacionais Inclusivas na área
de Deficiência Intelectual” que pude obter conhecimento, refletir sobre minha prática e
trocar experiências sobre os conceitos, práticas, atitudes, materiais que permeiam as
atividades e discussões referentes à Educação Inclusiva e, especificamente, a
Deficiência Intelectual.
Sabemos que as deficiências sempre existiram e que, ao longo do tempo, elas
foram caracterizadas e conceituadas a partir da influência dos costumes e crenças de
cada povo, do conhecimento disponível em cada época e da legislação vigente que
explicam as diferentes formas de ver as pessoas com deficiência.
Na sociedade contemporânea, as pessoas com deficiência ganham um novo
olhar. Com a inclusão, a situação atual da educação aponta um grande avanço no
sentido de não focalizar a deficiência na pessoa, e sim, buscar formas e condições de
aprendizagem para que o aluno se desenvolva. Assim, buscamos uma nova escola,
aquela que deve ajustar-se à diversidade dos seus alunos.
Por meio do conhecimento sobre a legislação vigente, percebi que a escola tem o
dever e obrigação de atender a todas as crianças, independente de suas diferenças,
porém, faltam efetivar diversas ações para que a inclusão se concretize.
Frente a essa situação, os professores sentem-se despreparados para lidar com
classes numerosas e sentem a falta de apoio pedagógico especializado para suprir suas
deficiências diante do trabalho individualizado com diferentes alunos. Diante das
dificuldades cabe-nos, como professor, buscar informações e estratégias presentes em
cursos de capacitação que nos levem a entender, valorizar e a trabalhar com as
diferenças, na sala de aula. É importante conhecer nossos alunos, descobrir e valorizar
suas potencialidades para assim, poder explorar e levar o aluno a se desenvolver. Nesse
50
Ensino Fundamental - Ibaté – SP
168
sentido, o curso em questão me possibilitou um maior entendimento e reflexão sobre o
assunto. Com as informações sobre diferentes estratégias de ensino ao aluno com
deficiência houve uma ampliação da minha visão sobre o processo de ensino e
aprendizagem dos indivíduos que estão na sala de aula.
Percebi que uma atitude ética nos leva a superar preconceitos e ver nossos
alunos com outros olhos. A partir do ponto de vista ético, é necessário promover
atitudes respeitosas e de acolhimento aos seres humanos que apresentam deficiências,
demonstrando nas relações com seus alunos, o que significa tolerância e cidadania. Fui
incentivada assim, a refletir sobre o meu comportamento como professora na sala de
aula, buscando valorizar o bem coletivo.
Para nos livrarmos de preconceitos e garantirmos a todos os alunos o direito à
educação precisamos, além dos educadores, mobilizar a sociedade em geral. Nesse
sentido, cabe-nos ressaltar o papel da família e da escola, como duas instituições
promotoras do desenvolvimento das crianças. Essa duas instâncias devem trabalhar
juntas para o bem estar das crianças. A escola deve buscar conhecer seus alunos através
de um contato maior com sua família, mas para isso, é necessário criar condições de
participação da família nas atividades escolares que acontecem, atualmente, somente a
partir de reuniões bimestrais. O contato com os pais deve ser ampliado a partir de
situações de participação e conhecimento sobre a aprendizagem e desenvolvimento de
seu filho.
A escola regular tem o dever de realizar a matrícula das pessoas com deficiência
e, nós, educadores, diante das diferenças, devemos reconhecer as potencialidades de
cada aluno e nos esforçar para que o aluno com deficiência consiga se beneficiar do
ensino regular. Devemos criar condições para que o aluno participe das atividades em
sala. Podemos fazer as adaptações e as modificações no currículo, no uso de materiais
didáticos e nos recursos pedagógicos a fim de que o aluno consiga se desenvolver.
Durante o curso pude conhecer e discutir assuntos relacionados ao tema e
concluir que a inclusão não pode acontecer se não houver mobilização e mudança nos
paradigmas da escola. É necessária uma reestruturação da cultura, das práticas e das
políticas vivenciadas na escola. Por isso, podemos dizer que a escola é inclusiva quando
todos da equipe escolar participam ativamente desse projeto.
Para que a inclusão de alunos com deficiência ocorra é necessário uma atenção
especial tanto do ponto de vista pedagógico, quanto político e administrativo. Alguns
procedimentos diferenciados precisam ser garantidos para receber e manter todos os
169
alunos na escola. A sala de aula deve ser um espaço em que as diferentes estratégias
sejam utilizadas para garantir a aprendizagem. Isso pode ocorrer através da
flexibilização e de um ensino colaborativo, com o trabalho conjunto entre diferentes
profissionais.
O êxito da pedagogia inclusiva dependerá de mudanças nas propostas
educacionais, mesmo no interior das salas de aula. Nós, professores, devemos fazer a
nossa parte, realizando um trabalho sério e comprometido com o nosso aluno incluído.
Podemos mudar a visão de uma sociedade preconceituosa, buscando construir uma
sociedade mais justa, na qual o deficiente tenha oportunidades de se desenvolver e
participar da vida social.
Foi com a participação e realização do curso que pude ampliar e refletir sobre
questões que até então não faziam parte do meu conhecimento. Com o apoio do tutor,
do formador e das colegas pude conhecer a realidade da inclusão e compreender sobre
conceitos, leis, atitudes, práticas e materiais que existem para que a inclusão torne-se
real. Foi uma grande oportunidade para modificar, o meu olhar e a minha prática
pedagógica referente à educação inclusiva.
170
RELATO SOBRE MINHA EXPERIÊNCIA COM PRÁTICAS EDUCACIONAIS
INCLUSIVAS
Natália Aparecida Perez Toma51
O trabalho aqui, brevemente realizado, trata-se de um relato sobre minha
experiência em um curso de educação a distância, voltado para a formação de
professores em Práticas Educacionais Inclusivas na Área da Deficiência Intelectual.
Apesar de a educação a distância proporcionar maior autonomia e flexibilidade
nos estudos, requer muita dedicação e disciplina nos estudos, elementos, muitas vezes,
difíceis de conciliar com as responsabilidades do emprego. Contudo, com o auxílio e
compreensão das tutoras, foi possível aproveitar ao máximo as aprendizagens, trocas de
experiências e diálogos, essencial para as reflexões de meu cotidiano de sala de aula.
Muitas vezes, o pensar a prática esbarra na falta de tempo e nas frustrações
diárias. Ter um espaço para que isso fosse possível, e mais, poder contar com
colaborações de outras profissionais que vivem situações similares, foi muito
importante para continuar seguindo e perceber que outros caminhos são possíveis e,
muitas vezes, necessários.
Necessário é compreender que estamos em uma sociedade democrática e que,
para tanto, precisa ser inclusiva, dar condições e oportunidades para todos. Na escola
não é diferente, ou, não poderia ser.
Falar em inclusão escolar tornou-se lugar comum, todavia sabemos que é preciso
muito mais do que isso. É preciso dar condições para o professor trabalhar com uma
criança com necessidades especiais e não somente matriculá-la na escola e exigir que o
educador “se vire”. Uma equipe multidisciplinar não pode ser um privilégio nas escolas,
mas um direito e um dever. Trata-se de uma condição mínima para atender a todos os
alunos com necessidades educacionais especiais, dando o suporte para o professor e as
famílias envolvidas. Sem isso, torna-se discurso vazio e pura demagogia daqueles que,
efetivamente, não frequentam o cotidiano de uma escola pública brasileira.
Os alunos não podem ser tratados como seres homogêneos, mas como crianças
que possuem características diferenciadas, distintos graus de interesse pelos mesmos
assuntos e diferentes formas de aprendizagem, atentando para o fato de que o
51
EMEB Angelina Dagnone de Melo – São Carlos - SP
171
aprendizado vai muito além dos espaços escolares e que a todo o momento estamos nos
educando e aprendendo, a partir das experiências com o outro.
Cada vez fica mais evidente a necessidade de buscar o desenvolvimento de
práticas político-educativas transformadoras através do ato dialógico com o aluno que
também se constrói como ser crítico e engajado, indo além das questões de sala de aula
ao se inserir em seu contexto social, observando os princípios educativos nas relações
de raça, gênero, classe, faixa etária, em espaços de trabalho, lazer, academias,
associações, sindicatos, indo sempre em busca de uma educação permanente e de
instrumentos que possibilitem a articulação da construção do conhecimento e do sujeito
crítico, consciente da diversidade e do direito de todos se expressarem.
É preciso estar sempre buscando um ensino de qualidade que vise o pleno
desenvolvimento e inclusão da criança nas esferas participativas, sócio-culturais,
políticas, com visão crítica e de abertura ao diferente, planejando e refletindo sobre as
práticas político-pedagógicas e educando-se sempre, como diria Paulo Freire.
Nesse curso, discutimos sobre a Constituição Federal Brasileira de 1988, que
garante a proteção jurídica e a integração social das pessoas com deficiência,
beneficiando-as com direitos e ressaltando a importância da inclusão na escola regular.
Como já ressaltei, esse processo não é simples e tem que ser compreendido enquanto
inclusão e não mera integração do aluno com deficiência, tendo que ser abraçado por
todos: aluno, família, escola e comunidade para que possa progredir e garantir o sucesso
do desenvolvimento do aluno.
Para tanto, o professor tem o direito e o dever de buscar formação adequada a
fim de melhor atender o aluno, promovendo assim as adaptações pedagógicas
necessárias e, realmente, permitir o processo de inclusão e socialização da pessoa com
deficiência. Esses conhecimentos também favorecem ao professor e dão-lhe mais
segurança com os outros alunos, permitindo que todos aprendam a viver juntos, na
diferença.
A formação do professor também acaba sendo primordial na medida em que
pode ser a única fonte de informação das famílias e da comunidade, esclarecendo-os
sobre os direitos da pessoa com deficiência que, muitas vezes, ‘contentam-se’ somente
com o fato de estar na escola regular, pois é comum ouvir que “antigamente nem isso”.
Precisam ter em mente que possuem direito a atendimento educacional especializado,
acessos a serviços, recursos sociais em geral, etc.
172
Na medida em que conseguimos garantir uma boa orientação aos pais sobre as
necessidades educacionais específicas do aluno, favorecemos o desenvolvimento de
suas habilidades, aprendizagens e, principalmente, sua autonomia, cada qual tendo suas
limitações respeitadas. Contudo, a formação do professor é elemento-chave, com
respaldo e suportes necessários dos gestores e responsáveis pela educação especial.
Cursos como esse possibilitam uma formação e, principalmente, informação aos
professores. Torna-se um espaço de diálogo, interação e, muitas vezes, de desabafo, mas
que nos leva a refletir sobre nosso papel que antes de tudo é político. Inclusão não é
somente em relação ao espaço escolar, mas acerca do conhecimento.
O módulo sobre Sexualidade me fez perceber o quanto ainda preciso aprender
para melhorar minha prática. Responder ao questionário me levou a pensar sobre minha
formação enquanto ser individual e coletivo, na família e na escola, o quanto ainda
tenho de preconceitos e tabus que dificultam meu trabalho. Fez-me perceber que nunca
tratei sobre o tema com meus alunos e das dificuldades que tenho.
Também foi importante discutirmos sobre a adaptação curricular e as
tecnologias assistivas, inerentes para um bom trabalho com crianças com necessidades
especiais, mostrando-nos como ainda estamos longe de uma efetiva inclusão, mas no
caminho.
Sabemos que não é uma caminhada fácil, mas necessária para a construção de
uma sociedade em que todos possam ter seus direitos respeitados, valorizados em sua
singularidade e possam ter oportunidades de se transformar e transformar o ambiente
em que vive.
173
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: ÊNFASE EM EXEMPLIFICAÇÕES,
SUGESTÕES DE TRABALHO E TEXTOS DE APOIO.
Patrícia Bento de Souza Campos52
O curso Educação Inclusiva foi de fundamental importância para minha
formação profissional. Embora já tenha trabalhado com alunos com deficiência mental e
realizado cursos e oficinas sobre a educação inclusiva, só agora pude me apropriar de
teorias que, não só apontam as deficiências ou as dificuldades em relação à inclusão,
mas exemplificam situações, apontam sugestões de trabalhos e materiais a serem
utilizados.
Ao realizar o questionário sobre Tecnologia Assistiva, percebi o quanto sou
ignorante em relação ao assunto. Quantos materiais riquíssimos e quantos colegas de
profissão, assim como eu desconhecem esses instrumentos. A ignorância e o
desconhecimento nos paralisam e nos impedem de exigir do Estado materiais e recursos
para educação inclusiva. Na minha escola, já tivemos alunos com deficiência que
passaram por lá e não tiveram suas necessidades atendidas por falta de recursos e
desconhecimento teóricos dos professores que se viram impotentes diante de algumas
situações.
Agora entendo que, para os alunos avançarem e desenvolverem comportamentos
habilidosos, o professor também deve apresentar esses comportamentos. Tendo em
vista, posturas tomadas em reuniões pedagógicas, muitas vezes, vazias de teoria e
repletas de práticas descontextualizadas, percebemos que muitas habilidades sociais
ainda nos faltam.
Sou a favor da inclusão. Porém, sou a favor de grupos de estudos, debates e
sugestões sobre este tema na escola; do trabalho coletivo; do aluno incluso, não como
“propriedade daquele professor” que se sente cansado diante do trabalho solitário, mas,
como aluno da escola que precisa ter suas necessidades educacionais atendidas e, para
isso, toda a comunidade escolar se articula e trabalha.
52
Escola Municipal - São Gonçalo – RJ.
174
DIFÍCIL SIM! IMPOSSÍVEL NÃO: APRENDI A APRENDER VIVENCIANDO
OS ENSINAMENTOS DAS PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS
Patrícia Helena Martins53
Quando penso no curso Práticas Educacionais Inclusivas em Deficiência
Intelectual lembro-me da minha primeira gestação. Queria muito ficar grávida, queria
muito fazer e quando chegou a comprovação de ambas, fiquei perdida. Que caminhos
tomar, quais as medidas necessárias, o que fazer primeiro? Depois de tanta ansiedade, as
coisas foram se acalmando e o caminho a ser traçado foi se delineando.
Depois desse primeiro passo, muitas coisas aconteceram: enxoval, pré-natal,
enjôos, tonturas, mal estar, alegrias, dúvidas, medos... No TelEduc: muitos textos, datas
de entrega, entrevistas, vídeos, ansiedade, medo de não dar contar, observações,
relatórios e dificuldade em participar de alguns bate-papos.
Muitas alegrias vieram, também: o primeiro chute, a batimento do coração, o
ultrassom. No TelEduc: o bate-papo muito proveitoso, a atenção da tutora e a troca de
experiências com o demais integrantes do grupo. Durante os noves meses muito
aprendizado... E, durante os cinco meses do TelEduc muito mais.
No relatório Elasi, consegui refletir e repensar na Inclusão em vários aspectos
que antes não pensava. Na entrevista feita com uma professora, perceber o quanto é
difícil, no dia a dia, lidar com crianças com deficiência.
No Módulo 2 estudamos o direito fundamental à proteção e a integração social
da pessoa com deficiência à luz do texto constitucional. Ficou claro que o primeiro
passo é ter conhecimento de todo o processo e, diante disso, ter uma participação com
engajamento, ter ética, equidade, solidariedade e comprometimento com a inclusão. Ser
responsável pelos sucessos e fracassos, buscando refletir sobre a ação e ter reflexão
sobre a reflexão.
A Ética é fundamental em todos os momentos de nossa vida. Nesse caso, para
que o professor desempenhe seu relevante papel social na promoção de uma sociedade
ética, é necessário que assuma compromissos profissionais básicos consigo mesmo, com
a prática profissional, com seus colegas de profissão, com seus alunos, pais,
comunidade e sociedade. Outro tema discutido foi a família. A importância do
53
EMEI “Creche Primavera” - MARILIA – SP.
175
relacionamento entre família e escola como promotoras do desenvolvimento das
crianças e, entre elas, crianças com deficiência intelectual.
No módulo 3 tratamos muitos conceitos que nos subsidiam, na decisão sobre
qual o caminho a se tomar, quais os fundamentos teóricos, quais os preceitos. A teoria é
necessária, mas o melhor momento foi a atuação, a observação das crianças, o estudo de
possibilidades de trabalho.
No módulo 4, o Questionário de habilidades sociais educativas para professores,
considerei um momento muito esclarecedor, no decorrer do curso. Muitas vezes, não
nos atentamos aos acontecimentos em sala de aula, na escola em relação à inclusão.
No módulo 5, a sexualidade foi o tema mais difícil para mim, mas hoje posso
dizer que vejo com outros olhos e até entendo muitas atitudes.Na atividade criatividade,
novamente foi possível estudar, pesquisar , aplicar conhecimentos e ver resultados.
Aprendi demais com os textos Tecnologia Assistida, não imaginava tantos recursos para
se trabalhar com crianças incluídas, em diversas dimensões.
Dentre tantas coisas, ter a possibilidade de atuar foi fundamental, pois teoria e
prática andaram juntas, fizemos uma reflexão sobre a prática e muita reflexão sobre a
reflexão. Conhecer, entender e refletir sobre as teorias do desenvolvimento auxilia no
entendimento do papel da didática para a formação do professor e seu papel nas
atividades de ensinar a aprender. Percebemos assim, quais os pressupostos implícitos ou
explícitos que fundamentam a ação docente em situações de ensino-aprendizagem. É
preciso saber o que está fazendo, o porquê e como deve ser feito. A fundamentação
anda junto à prática.
Outro fato que se assemelha... A sala de espera do consultório: cada gestante
conta o que está acontecendo, encontra-se em períodos de gestação diferentes e mães
com bebês recém-nascidos. Cada uma com uma experiência e algo a acrescentar.
Vamos, agora, para a sala de bate-papo: pessoas de todos os lugares, com o
mesmo interesse, com experiências diferentes e todas, acrescentando conhecimentos,
todas querendo trocar ideias... São dois momentos ricos, com experiências diferentes.
Muitas noites, durante a gravidez, passamos acordadas pensando no futuro e
aqui, também, no curso pensando no texto, por exemplo, na questão da flexibilização
curricular, na sistematização de ajustes educacionais no âmbito da metodologia, da
avaliação pedagógica, da oferta dos objetivos de ensino e das expectativas de
aprendizagem que promovam o acesso ao currículo proposto pela escola.
176
Nas observações que faço em sala de aula, percebo o empenho para que esta
definição aconteça, sempre haverá algo que poderá ser feito que poderá ser repensado.
Na educação infantil, a minha vivência mostra professoras preocupadas com
avaliação, com resultados. Isto, porém, está mudando. Estamos começando a ver a
criança com outro olhar, outras expectativas, principalmente, em relação à criança
incluída. Na minha escola posso dizer que as crianças incluídas são felizes e sentem
prazer em estar na escola. E isso é muito bom.
O final da gestação chegando e o final do curso também. Sentia um friozinho na
barriga. Estava acostumada, todos os dias com os chutes, com o jeito incômodo para
dormir, a dor nas costas, a fome, entrar na Internet e ver novidades no TelEduc, ler o
fórum de discussão, comentar a atividade dos amigos, esperar o bate-papo.
Chega o grande dia do nascimento, o grande dia do final do curso.
Muitos sentimentos misturados: satisfação, alegria, tristeza, medo, felicidade,
outras angústias... O que fazer agora???
Levar este filho para o melhor caminho. Levar este curso para o resto da vida, ter
uma postura diferente, agir diferente, fazer a diferença na vida de quem precisa.
A educação inclusiva requer, num primeiro momento, mudanças de consciência
e de atitudes; é preciso admitir que todos somos diferentes, é necessário aceitar que, de
alguma maneira, essas diferenças podem se diluir na sociedade. Na realidade escolar, as
diferenças saltam aos olhos porque os alunos são colocados em grupos; portanto,
registra-se a imensa importância do professor, no sentido de valorizar essas diferenças
de forma inclusiva, ultrapassando barreiras e criando novos caminhos. A nova era da
educação traz consigo a necessidade de incluir todos, a diversidade, inclusive, o que se
consolida como fator positivo e fonte de estimulação. Só a partir de então,
desenvolvem-se nos alunos competências capazes de tornar os indivíduos flexíveis, pois
ser inflexível é quase sinônimo da prática da exclusão.
Um aspecto que não posso deixar de mencionar relaciona-se ao conhecimento
adquirido no texto sobre Tecnologia Assistida. Esse conhecimento era muito reduzido
sobre as possibilidades de trabalho e hoje está totalmente reformulado, contribuindo de
modo positivo para:
1. Auxílio para vida diária e vida prática.
2. Comunicação suplementar e aumentativa.
3. Recursos de acessibilidade ao computador.
4. Sistema de controle do ambiente.
177
5. Projetos arquitetônicos para acessibilidade.
6. Órteses e Próteses.
7. Adequação Postural.
8. Auxílio de mobilidade.
9. Auxílios para cegos ou para pessoas com visão subnormal.
10. Auxílios para pessoas com surdez ou com déficit auditivo.
11. Adaptações em veículos.
Sassaki (1999), fala da “inclusão social” como um novo paradigma, “o caminho
ideal para se construir uma sociedade para todos e que por ele lutam para que possamos
– juntos na diversidade humana – cumprir nossos deveres de cidadania e nos beneficiar
dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e de desenvolvimento”.
A inclusão implica na reformulação de políticas educacionais e de
implementação de projetos educacionais do sentido excludente ao sentido inclusivo.
Nenhum começo é fácil, tudo que é novo nos traz inseguranças, mas não
podemos desistir nunca.
178
RENOVAÇÃO: PRÁTICA PARA UMA EDUCAÇÃO QUE ACREDITA NO
VALOR DOS ALUNOS
Valéria Regina Giambroni Neves Monaco Perin54
A cada novo ano deparo-me com o desafio de pensar e refletir sobre o melhor
caminho a seguir com meus alunos. Todo ano se inicia como uma folha em branco.
Penso nos conteúdos, métodos, avaliações, adaptações e, comprometida com a
educação, olho atenta para meus alunos e estabeleço metas a cumprir, durante o
decorrer do ano.
E, assim, com ousadia, tento construir uma fórmula para elaborar atividades,
adaptações, renovar o que já foi feito no ano anterior. Afinal, a cada momento, o
conteúdo da vida e do mundo se renova e não há como fechar questão em se tratando de
educação. Acredito no valor de meus alunos, no potencial escondido dentro de cada um,
suas histórias de vida, suas individualidades, suas emoções envolvidas e que nem
sempre são vistas com tanta facilidade.
Sou, atualmente, professora de Sala de Recursos Multifuncional que possui
materiais pedagógicos e de acessibilidade para a prática do Atendimento Educacional
Especializado, complementar ou suplementar à escolarização. A finalidade dessa sala é
apoiar e atender os alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades/ superdotação, matriculados nas classes comuns do ensino regular. A
Secretaria de Educação Especial oferece equipamentos, mobiliários e materiais didático-
pedagógicos e de acessibilidade para a formação das salas de recursos multifuncionais
de acordo com as necessidades apresentadas.
Estou atuando no Ensino Especial há vinte anos. Lecionei por 13 anos como
professora de Classe Especial com crianças com deficiência mental. Muitas dessas
crianças eram “jogadas” nas classes especiais por apresentarem problemas de
comportamento, aprendizagem e outros comprometimentos, mas nem sempre eram
realmente deficientes. Nessa ocasião, acreditava que esse atendimento era o melhor para
esses alunos, uma vez que no ensino regular não eram aceitos e valorizados. Quando
esses estudantes estavam aptos a retornar ao ensino regular, sofriam muito preconceito e
acabavam abandonando a escola.
Passado esse período, as classes especiais foram fechadas e transformadas em
Salas de Recursos. Num primeiro momento fiquei indignada. Não aceitava, acreditava
54
E.M. Prof. “Sylvio de Araújo” - Rio Claro –SP.
179
que era uma injustiça os meus alunos inclusos na rede e não sendo tão bem aceitos.
Porém, como não havia outro jeito, continuei meu trabalho, aprendendo como atuar
nesse novo modelo de ensino. Tudo era muito novo. Sou professora efetiva da Rede
Estadual e trabalhava em uma cidade próxima a minha. Depois, fui transferida para
minha cidade que, pouco tempo depois, foi municipalizada. Tive algumas orientações,
por parte da Coordenação, como deveria atuar e iniciei o meu trabalho, procurando
sempre aprender um pouco mais.
O tempo, como sempre, foi meu aliado, mostrou que eu estava errada. Os alunos
aprendem melhor quando inseridos em classes comuns e tendo atendimento em período
oposto, em Salas de Recursos. Nessa época, minha clientela também mudou, comecei a
atender mais problemas de aprendizagem, crianças com dislexia, hiperatividade, déficit
de atenção e somente algumas, realmente com deficiência. Acredito que esse foi um
momento de “confusão”, pois não era muito claro quem realmente tinha direito a esse
tipo de atendimento. Somente em 2008, com a Política Nacional de Educação
Especial, na perspectiva da Educação Inclusiva, que pontuava quem era realmente o
público alvo do agora chamado Atendimento Educacional Especializado, nas Salas de
Recursos Multifuncionais, é que comecei a trabalhar com os alunos que realmente
tinham direito a esse atendimento e estavam sem recebê-lo.
Com o público alvo estabelecido, novos materiais chegando do MEC, recursos e
orientações afins, começaram outros problemas. Constatei que necessitava de novos
conhecimentos. O que veio ao meu encontro foi a possibilidade de participar de um
curso ministrado através da UNESP Bauru sobre Práticas Educacionais Inclusivas -
Deficiência Intelectual. Fiz minha inscrição e, para minha felicidade, fui chamada e
iniciei o curso.
Comecei o curso, já no início fui prontamente atendida quanto às dúvidas que
foram aparecendo. Minha maior dificuldade foi me ambientar na sala virtual e, também,
com relação a dinâmica do curso, pois eu ainda não conhecia. Porém, sempre fui muito
bem assessorada. Todas as dúvidas, logo de início, foram sanadas. Iniciei outra fase, a
de aproveitar o que o curso tinha de melhor. Estudar é muito bom e reflete em minha
prática diária, como professora. No início do curso, refletimos sobre a história da
Educação Especial.
Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti- la. Ernesto
Che Guevara.
180
Realmente, é muito importante conhecer e refletir sobre como os fatos
ocorreram, como as pessoas pensavam acerca dos “diferentes”, como eram suas ações.
Já havia estudado na Faculdade, mas vi com novo olhar, de quem já presenciou e,
infelizmente, presencia o preconceito. Além de estudar a história, pude discutir com os
colegas, utilizando a ferramenta “Fórum de Discussão” e, também, nos deliciosos
“Bate-papos”, previamente, agendados por nossa competente tutora.
Além da História, pude aprofundar meus conhecimentos, literalmente navegando
por temas de extrema importância como a ética e a educação inclusiva, a criatividade, a
profissionalização do docente, a avaliação, o material de tecnologia assistiva,
criatividade, ensino colaborativo, ensino de nove anos, família e escola, flexibilização,
habilidades sociais, ética, escola acessível, o jogo, sexualidade, dentre outros.
O decorrer do curso foi muito dinâmico, solicitou muita prática, muita reflexão
e, com isso, muita aprendizagem. Utilizei muito material para levar para minha escola e
pretendo levar e utilizar outros para transmitir e dividir o que aprendi com minhas
colegas professoras.
Um sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se
sonha junto é realidade... Raul Seixas.
A construção da inclusão está deixando de ser um sonho e começando a tornar-
se realidade. Juntos, muitos profissionais e pessoas afins, têm conseguido plantar o ideal
de ver os direitos de todos respeitados. A educação, como sempre, está saindo à frente
em defesa dessa causa, na medida em que tem procurado oferecer uma escola para todos
e de qualidade. Não é uma tarefa fácil, mas é possível de se concretizar. Uma escola
onde todos possam fazer parte sem barreiras, através de brincadeiras e estudos
aprenderem a grande lição da vida que é conviver com as diferenças, com a diversidade
e saber respeitá-la.
Essa reflexão que estou fazendo, nesse momento, sobre o curso que tive o
privilégio de poder participar, traz “um novo brilho” a toda a bagagem que acumulei
durante estes meses. Mais uma vez estou certa quanto ao respeito à diversidade, em
acreditar que podemos mudar o mundo através da educação, de posturas inclusivas,
mudar por que não a história e seu curso? Mudar olhares preconceituosos por olhares de
companheirismo e igualdade. Mostrar que sempre estamos aprendendo pois estou
aprendendo a cada dia. Aprendi muito nesse curso e espero ter a oportunidade de poder
181
participar de outros iguais a este que estou concluindo que, com certeza, já deixou
saudades.
Em tempo e para refletir sobre o futuro, baseada na ferramenta da inclusão, sei
que depararei muito com posições antagônicas a esta, que pessoas com preconceito
dificilmente mudarão de opinião, mas serei uma lutando pelo direito de muitos que até
então viviam enfadados à beira da sociedade, sem direito, sem lugar e, principalmente,
privados de conviver em sociedade e em uma escola regular.
Na minha prática, a todo dia, encontro uma pessoa colocando empecilhos sobre
o porquê desse aluno não está em uma instituição especializada... Ou, ainda, afirmando:
Aqui, não é o lugar dele! Mas, tenho muita paciência e também procuro recorrer a teoria
para respaldar minhas respostas e tentar facilitar e esclarecer o motivo ao qual o aluno
incluso tem todo o direito de estar onde está. Afinal, qual seria o melhor lugar para uma
criança estar se não na escola?
Como nada é absoluto e cada um pode reformular suas opiniões, espero ser
agente propulsora de novas atitudes e práticas quanto à inclusão. Todos são
beneficiados com a heterogeneidade. Vivemos em um país onde podemos nos orgulhar
de termos a diversidade em todos os sentidos, correndo em nossas veias, em nossas
matas, em nossa fauna e flora e por que não levarmos a diversidade para escola?
Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças. Maria Teresa E. Mantoan.
Viver com a experiência da diferença é um ganho de todos, principalmente das
escolas. Os estudantes que não tiveram este privilégio saem perdendo, não estão
preparados para uma sociedade mais justa, serão mais preconceituosos, com
dificuldades em se relacionar com pessoas diferentes, seja pela raça, posição social,
deficiências, ou qualquer outro motivo.
Todos têm direito à educação, ser valorizados como pessoa e nós, professores
temos que estar preparados para que esse processo ocorra da melhor forma possível,
sendo agente atuante nessa ação. Uma escola somente será inclusiva quando todos,
professores, diretores, serventes, merendeiras, coordenadores estiverem juntos e
conscientes de seu papel, tendo, também, a oportunidade de poder participar de cursos
iguais a este que estou aqui me despedindo. Somente tenho a agradecer por ter tido essa
oportunidade e que outros professores possam também poder gozar desta experiência.
Estar junto é se aglomerar com pessoas que não conhecemos. Inclusão é estar
com, é interagir com o outro" Maria Teresa E. Mantoan.
182
ESCOLA INCLUSIVA: PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UM ESPAÇO DE
CONVIVÊNCIA FLEXÍVEL E SAUDÁVEL COM O APOIO DA FAMÍLIA E
EDUCADORES
Patrícia Aparecida Porto55
O curso “Práticas Educacionais Inclusivas - Deficiência Intelectual” abordou um
tema que está sendo discutido, atualmente, na área da Educação, que é a Inclusão de
alunos com deficiência no ensino regular. Para alguns professores, isso ainda é
novidade, pois eles não têm nenhuma experiência e nem sabem como trabalhar com
esses alunos. Eles, também, têm dificuldades em relação ao planejamento, às atividades
e estratégias a serem utilizadas; por outro lado, mas já estão indo em busca de cursos
para se aperfeiçoar e trabalhar nessa nova área que está expandindo cada vez mais na
nossa sociedade.
A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis,
etapas e modalidades, pois realiza o atendimento educacional especializado,
disponibilizando os serviços e recursos próprios desse atendimento, orientando os
alunos quanto a sua utilização, nas turmas do ensino regular.
A criança com deficiência necessita de cuidados especiais para o
desenvolvimento afetivo, social e cognitivo. Para que isso ocorra, é necessário uma boa
relação entre a família e a escola. Entende-se que a família deve exercer o importante
papel de educar a criança. É por meio desta que a criança com deficiência interioriza a
alegria, satisfação, o carinho. O papel da escola é estar sempre em sintonia com a
família para aperfeiçoar e contribuir da melhor forma possível com o desenvolvimento
da criança.
A inclusão de deficientes é um árduo desafio para as escolas, educadores e
famílias. O professor tem um papel essencial como mediador dos processos de ensino-
aprendizagem. Na escola inclusiva, é ele que recebe o aluno com necessidades especiais
na sala de aula. Sua atitude perante a deficiência é determinante para orientar como esse
aluno, com suas diferenças, vai ser visto pelos colegas. O professor também organiza o
trabalho pedagógico e pensa estratégias para garantir que todos tenham possibilidades
de participar e aprender. No entanto, ele não é o único responsável pela educação do
aluno com deficiência. A escola também responde pela inclusão e cabe ao professor
promover uma mediação entre a família e a escola, solicitando suporte e
55
EMEI. “Maestro Vittorio Barbin” - Tambaú – SP.
183
acompanhamento da escola e da família, durante o ano letivo. Assim, vemos que a
mediação se dá, em vários níveis: no trabalho pedagógico, nas relações na sala de aula,
na escola e, também, nas relações com a família e a comunidade.
Para que ocorra a inclusão é fundamental que haja mudanças na escola, para que
seja vista como ambiente de construção do conhecimento, deixando de existir a
discriminação de idade e capacidade. Para isso, a educação dever ter um caráter amplo e
complexo, favorecendo essa construção ao longo da vida. Todo aluno, independente das
dificuldades, poderá beneficiar-se dos programas educacionais, desde que sejam dadas
as oportunidades adequadas para o desenvolvimento de suas potencialidades. Isso exige
do professor uma mudança de postura, além da redefinição de papeis que possa assim
favorecer o processo de inclusão. Assim, para que a inclusão seja uma realidade, será
necessário rever uma série de barreiras, incluindo a política, a das práticas pedagógicas
e dos processos de avaliação. É necessário conhecer o desenvolvimento humano e suas
relações com o processo de ensino e aprendizagem, levando em conta como se dá esse
processo para cada aluno. Devemos utilizar novas tecnologias e investir em capacitação,
atualização, sensibilização, envolvendo toda a comunidade escolar. Focar na formação
profissional do professor é relevante para aprofundar as discussões teóricas e práticas,
proporcionando subsídios à melhoria do processo de ensino aprendizagem. Assessorar o
professor para a resolução de problemas no cotidiano, na sala de aula, criando
alternativas que possam beneficiar todos os alunos. Utilizar currículos e metodologias
flexíveis, levando em conta a singularidade de cada aluno, respeitando seus interesses,
suas ideias e desafios para novas situações. Investir na proposta de diversificação de
conteúdos e práticas que possam melhorar as relações entre professor e aluno. Avaliar
de forma continuada e permanente, com ênfase na qualidade do conhecimento e não na
quantidade, oportunizando a criatividade, a cooperação e a participação.
Para o processo de inclusão escolar é preciso que haja uma transformação no
sistema de ensino, beneficiando toda e qualquer pessoa, levando em conta a
especificidade do sujeito e não mais as suas deficiências e limitações.
Podemos concluir que é primordial o apoio da família, auxiliado por
profissionais que acompanhem o processo de construção de um espaço de convivência
flexível e saudável para que esta pessoa com deficiência possa ter segurança para
encarar o mundo em que vive. Ainda encontramos na sociedade algumas dificuldades
para a integração, inclusão e participação social da pessoa portadora de deficiência
devido a tradição e padrões culturais ou simplesmente devido ao preconceito existente.
184
TEORIA E PRÁTICA
Marcleida Lima Gomes56
Na Constituição Federal, Art.59 trata que um ponto importante sobre a inclusão
social é percebemos que o fato de incluir, significa também que devemos capacitar as
pessoas, os professores, as empresas e até mesmo os alunos, pois a eles competem a
maior tarefa que é a de aceitação do grupo. Claro é que essa capacitação não é de uma
hora para outra, mas aos poucos, isso é relevante e dará muitos resultados. Quando
dizemos inclusão não é somente para alunos com deficiência, é para todos que de
alguma forma sentem-se excluídos em alguma situação. Geralmente são os pobres,
negros e pardos, crianças e idosos, mulheres, homossexuais entre outros.
O preconceito e a discriminação dos indivíduos diferentes, principalmente
aqueles com deficiência, podem ser observados no decorrer de toda história da
humanidade. Nas sociedades primitivas, as pessoas com deficiência eram condenadas à
morte. Na Europa medieval, ora eram considerados enviados do divino, ora como obras
do demônio. Já no fim da Idade Média, foram livrados do assassinato, mas se tornaram
culpados pela própria deficiência. Na era cristã, eram considerados como “coisas” e não
como pessoas, sendo negligenciados, maltratados e até eliminados.
Para a inclusão de crianças com deficiência em creches e pré-escolas, há
necessidade de professores empenhados na interação, acolhimento e escuta dessas
crianças; interessados em compreender suas necessidades e desejos, disponíveis para
interpretar suas formas de expressão e comunicação que, muitas vezes, diferenciam-se
das demais crianças da mesma faixa etária. E, principalmente, professores desejosos de
querer ajudá-los. A proposta pedagógica, numa visão construtivista do conhecimento, tem
no aluno e nas suas possibilidades, o centro da ação educativa.
Assim, o processo pedagógico é construído a partir das possibilidades, das
potencialidades, daquilo que o aluno já dá conta de fazer. É isto que o motiva a trabalhar,
a continuar se envolvendo nas atividades escolares, garantindo, assim, o sucesso do aluno
e sua aprendizagem. Já é sabido que o conteúdo e as atividades devem levar em conta o
princípio da aprendizagem significativa, atividades essas que partam de experiências
56
Creche “Criança Feliz” - Tarauacá - PA
185
positivas para os alunos, dos interesses, dos significados e sentidos atribuídos pelos
mesmos.
Para isso, há necessidade de cooperação e troca com a família que informa sobre
os gostos, preferências, rejeições, vivências e informações que o aluno possui. Agora vejo
que o educador precisa compreender que a criança com deficiência pode ser mais lenta
para agir e dar respostas, por isso, é preciso dar mais tempo para que ela se expresse e
realize as atividades.
Dessa maneira, devem-se buscar formas positivas de interação e trocas
comunicativas com a criança, tais como: toque, olhar, gestos, posturas, palavras
adequadas ou símbolos que expressem a situação. Proporcionar atividades variadas, como
fazer e construir coisas, brincadeiras com o corpo, objetos, jogos, histórias, teatro,
música, modelagem, desenho que permitam adquirir as noções de tempo, espaço,
causalidade. Também formar conceitos de classe, série, número, por meio de atividades
de construção e reconstrução, de forma lúdica e prazerosa. Para isto, as atividades devem
ter começo, meio e fim e serem adaptadas à possibilidade de comunicação, compreensão
e ação da criança.
Para que a criança participe dessas atividades pedagógicas, ela necessita de um
professor disponível para dialogar e efetuar a mediação, tanto em termos de
comunicação, como de ajuda física, na realização das brincadeiras e tarefas. Daí, a
necessidade de os grupos, na Educação Infantil, serem pequenos;,na creche (até 10
crianças) e na pré-escola (no máximo, vinte) para que haja a inclusão da criança com
deficiência.
É fundamental que se entenda que as necessidades especiais não decorrem,
linearmente, das condições individuais, tomadas isoladamente, mas se apresentam
concreta e objetivamente na relação entre a pessoa e as situações de vida. Enquanto
papeis sociais e atores culturais, em suas relações recíprocas surgem necessidades e
respostas condicionadas pelo contorno dinâmico e atuante de seu meio ambiente. Esta
faceta que parece óbvia tem sido reiteradamente ignorada nas discussões e
encaminhamentos desse tema, particularmente no que se referem à educandos com algum
tipo de deficiência.
A realidade é que a sociedade quer enxergar somente aquilo que deseja o que
torna os obstáculos ainda mais difíceis. Mas, podemos mudar esse quadro, com um
trabalho árduo de sociabilidade, respeito e cidadania A troca de conhecimentos adquirido
186
através da inclusão social é vantajosa para todos, tanto para aqueles que ensinam como
também para aqueles que aprendem.
A sociedade diz “aceitar” as crianças com deficiência, mas no fundo as
discriminam e as rotulam. Eu, como educadora nunca tive experiência com nenhuma
criança com deficiência, mas ao fazer uma pesquisa com colegas professores (a) que
vivem essa experiência, diariamente, em sala de aula, percebi que não há como trabalhar
sem suporte educacional adequado. Não tem como o professor ensinar se não for
capacitado e aperfeiçoado para o trabalho com crianças com deficiência, principalmente,
em nosso Município onde não existe nenhuma escola adequada para aceitação dos
mesmos. A meu ver, é preciso mudar a escola e, mais precisamente, o ensino nela
ministrado.
A escola aberta para todos é a grande meta e, ao mesmo tempo, o grande
problema da educação na virada do século, pois, mudar a escola é enfrentar uma tarefa
que exige trabalho em muitas frentes.
Desse modo, a cada um de nós compete a responsabilidade social de mudarmos
esse quadro em nosso país, buscando soluções para situações diversas. A inclusão social e
a escola para todos, certamente, é o caminho certo para mudarmos a imagem do nosso
Município e do nosso País.
187
A IMPORTÂNCIA DE UM OLHAR DIFERENCIADO AO SISTEMA
EDUCACIONAL BRASILEIRO
Luciana Aparecida Camilo Hidalgo57
A educação é um direito de todos, assegurado pela Constituição Federal. De
acordo com esse pressuposto, todos estão incluídos no Sistema Educacional Brasileiro.
As unidades escolares e suas respectivas redes de ensino devem adequar suas estruturas
físicas, recursos materiais e humanos, bem como metodologia para garantir o
aprendizado de qualidade para todos.
Esse direito passou despercebido, durante muito tempo, apesar de já estar
garantida na Constituição. A partir deste momento novas leis começaram a surgir,
detalhando as obrigatoriedades e ressaltando a importância da socialização do indivíduo
na comunidade escolar, para, depois, ser extensivo para a vida em sociedade, num
sentido mais amplo. As escolas e seus profissionais tiveram que se preparar para atender
toda essa demanda de indivíduos com deficiência.
A capacitação inicial do professor deixa a desejar quanto a preparação dos
profissionais para relacionar teoria e prática para atuar de forma segura e eficiente no
processo ensino aprendizagem. Quando o professor inicia sua carreira na escola, vai,
tateando até encontrar seu caminho e, com isso, desenvolver sua própria didática.
Considerando a educação inclusiva, a questão torna-se mais crítica ainda. Os
professores que têm uma formação antiga, sequer ouviram falar sobre educação
inclusiva nas faculdades.
Como um avião consertado em pleno voo, os profissionais da educação junto aos
seus gestores, na formação continuada, precisam buscar alternativas para suprir as
necessidades e as carências para lidar com a educação para todos. O curso de Práticas
Educacionais Inclusiva na Área de Deficiências Intelectuais veio colaborar muito, nesse
sentido, por ter oferecido bases teóricas por meio de vídeos, textos, bate-papos,
intervenção de tutores e colegas, contemplando diversos conteúdos. A legislação
pertinente e metodologias estimularam a reflexão e a verificação desses aspectos na
prática do professor. Esse movimento de mão dupla entre teoria e prática, com
momentos de ação-reflexão-ação, trouxe contribuições a medida que estimulou
57
Escola Municipal “Dr Paulo Birolli Neto” - Uchoa – SP.
188
transformações, articulando antigos com novos conhecimentos, o que resultou em
superação.
Como forma de reforçar esse compromisso com o processo educacional, esse
curso teve como finalidade, a meu ver, desenvolver o apreço pela pluralidade cultural
que contribui para a melhoria da qualidade da educação pública, fomentando o
desenvolvimento social de alunos com defasagens de desenvolvimento e com
deficiência.
A estratégia de atuação desse processo baseia-se em dois pilares: o primeiro
centrado na educação em que o objetivo principal é a garantia do direito à educação de
qualidade para crianças e adolescentes e, o segundo, embasado no desenvolvimento
social que visa a contribuição para a melhoria das relações sociais dentro e fora da
escola.
No pilar da educação, a principal iniciativa desse processo de formação docente
é o desenvolvimento integral do discente como, por exemplo, o acesso à tecnologia,
habilidades sociais, processo ensino-aprendizagem colaborativo, flexibilização nas
práticas diárias, administração das próprias aprendizagens, bem como o respeito às
etapas que têm como perspectiva romper muros e ampliar o diálogo entre a escola e a
realidade que o cerca.
Gostaria de explicitar, nesse pressuposto, que estou convicta de que só teremos
uma educação inclusiva se respeitarmos a pluralidade cultural e suas nuances, ou seja,
implementar nas escolas públicas projetos de formação integral da criança e do
adolescente, como foi bem frisado no curso. É necessário, portanto, comprometer-se
com as novas formas de ensinar e aprender, uma ferramenta de interação entre
professores e alunos. Nesse processo é preciso salientar que o diálogo e o vínculo
afetivo com as crianças com deficiência é mola propulsora para um trabalho de
qualidade.
Em se tratando de formação continuada, esse tema bem aprofundado mudou
minha concepção de que ensinar para um grupo homogêneo é sinônimo de
aprendizagem efetiva. Contudo, esse curso veio ao encontro das minhas indagações
como profissional da educação. “Por que nem todos aprendem da mesma maneira?
Como diversificar minha prática pedagógica para que todos aprendam? Como interagir
com crianças com deficiência com o restante do grupo sem discriminá-las?” Foi a partir
desses questionamentos que passei a repensar a elaboração das minhas aulas e comecei
a ler mais sobre o assunto. Troquei experiências com os colegas de trabalho que
189
passavam pelos mesmos anseios e mudei minha visão simplista, precária e até mesmo
retardatária da questão da inclusão. Esse repensar serve para questionar não só a práxis,
como também, implodir na prática cotidiana os valores sociais.
Do ponto de vista pedagógico, estar comprometido com o processo ensino
aprendizagem e suas estratégias diferenciadas trazem benefícios diários não só para o
professor, como também, para a própria gestão educativa, já que incluirá no seu plano
de trabalho a troca de experiência entre os pares. Do ponto de vista social, estar presente
nessas mudanças traz benefícios tanto para o professor como para o aluno que se sentirá
respeitado em suas etapas de aprendizagem.
Na verdade, se constrói uma educação de qualidade da mesma forma como se
constrói uma casa. Antes dos tijolos, do cimento, dos ferros, das telhas, é preciso que
haja um projeto, mas não se pode morar em uma casa sonhada; já que “Os sonhos
sozinhos são fracos”, como diz com muita propriedade Rubem Alves e, acrescenta ainda
que esta é uma das missões da educação: “formar um povo”. Ou seja, ajudar as pessoas
a sonhar sonhos comuns para que, juntas, possam construir.
As escolas devem ser o espaço onde alunos e professores sonham e
compartilham seus sonhos porque sem sonhos comuns não há povo, e não havendo um
povo, não se pode construir um país. Assim, é possível repensar nossas atitudes como
formadoras a partir desse fragmento de Rubem Alves “precisamos sonhar,
coletivamente”, visto que este é um sonho inteligente que beneficiará aluno, escola e
sociedade.
A reflexão conjunta sobre inclusão de alunos com deficiência na rede regular de
ensino só será efetiva se houver um mesmo compromisso com as possibilidades de
transformação desse espaço educacional para o ensino na diversidade. Na realidade, a
inclusão está posta em todos os dispositivos legais em nosso país, em função da
tendência histórica de exclusão das pessoas com deficiência tanto na escola como na
sociedade. Pensando nisso, o currículo deve ser adaptado às novas realidades,
reabilitando os educadores ou revendo a escola, não somente o indivíduo.
Algumas condições são essenciais para que a nossa escola tenha essa visão de
currículo embasado nos temas transversais e nas políticas inclusivas. Uma delas é uma
nova postura frente à educação contemporânea de todos os alunos, partindo do princípio
de que não é só o estabelecimento de marcos legal ou propostas políticas que garantem
o processo inclusivo nas escolas, mas sim, o compromisso e o envolvimento da equipe
de formadores com a efetivação do currículo como espaço de cultura.
190
Para que não fique só no papel, é necessário um clima favorável para as
adequações dentro da escola e na sala de aula. Critérios e procedimentos flexíveis de
avaliação e promoção, recursos que auxiliem a práxis docente e apoiem os educadores
nessa empreitada cultural e, essencialmente, a formação continuada. Em todas as
instâncias nas quais educadores reúnem-se para discutir sobre educação inclusiva,
parece haver um consenso de que a educação básica deveria visar, fundamentalmente, a
preparação para o exercício de cidadania, cabendo à escola formar o aluno em
conhecimentos, habilidades, valores, atitudes e formas de pensar e atuar na sociedade
através de uma aprendizagem significativa. É comum, portanto, que os currículos
escolares sejam organizados em torno de um conjunto de necessidades, o que exige que
seja, antes de tudo, visto como a compreensão de significados da prática inclusiva,
relacionando experiências anteriores e vivências pessoais de alunos com deficiência
para que os mesmos avancem no processo.
Ensinar, aprender e incluir com significado implica interação, caminhos
diversos, percepção das diferenças, uma busca constante de todos os envolvidos na ação
de conhecer. Quando há busca pela integridade entre o discurso da escola inclusiva e as
ações que podem favorecê-la junto aos educandos, mais do que repetir procedimentos, é
preciso que nós, formadores, possamos refletir sobre todas as mudanças que se fazem
necessárias para que passemos da intenção à ação de tornar a escola mais humana, mais
justa e mais acolhedora das diferenças sociais, com o objetivo primordial de buscar
além das informações escolares, a formação cidadã.
Em suma, uma visão pluralista da mente e do social reconhece facetas diversas
e, também, a importância do EaD para nós, educadores, envolvidos nesse processo,
como espaço de interação dos professores através das multimídias que tanto auxiliam o
trabalho docente.
Assim a função da escola, nesse contexto de inclusão, de valorização da prática
educativa, passa a ser a de propiciar o desenvolvimento harmônico dos diferentes
potenciais dos alunos para fazer com que eles construam o conhecimento e,
consequentemente, aprendam de maneira utilitária e significativa, respeitando etapas e
necessidades educacionais, como foi discutido desde o início do curso, durante os bate-
papos, trocas contínuas de experiências entre os pares e todos os materiais utilizados na
teoria e na prática. Por isso, essa oportunidade de crescimento profissional e pessoal que
esse curso nos proporcionou deveria ser estendida para todas as instâncias públicas e
191
privada, visto que capacitar em serviço é meta de todo profissional reflexivo e
preocupado com as mudanças vigentes.
Na verdade, as aulas tornaram-se fóruns de debate sobre as questões cruciais da
educação. Algumas concepções e representações da realidade, um espaço de
conhecimento compartilhado no qual nós, alunos e aprendizes, fomos vistos como
indivíduos capazes de construir, modificar práticas pedagógicas enraizadas durante
anos, integrar ideias, tendo a oportunidade de interagir com outras pessoas, com objetos
e situações que exigiam envolvimento e disponibilidade para aprender e, acima de tudo,
aceitar mudanças, dispondo de tempo para pensar e refletir acerca dos procedimentos,
aprendizagens, dos problemas que buscavam superação.
Em razão disso, o curso contribuiu muito para o processo contínuo de ação-
reflexão-ação, não como único instrumento, nem restrito às atividades diárias, ou a
única forma de possibilitar canais adequados para a manifestação de múltiplas
competências, mas, principalmente, para construir redes de significado sobre a
construção de uma escola inclusiva e de qualidade, fornecendo condições para que o
professor analise, provoque, acione, raciocine, emocione-se e tome decisões e
providências concretas junto a cada aluno regular ou com deficiência.
192
PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO DA EDUCAÇÃO PARA TODOS
Fabiana Marcuzo de Caires58
Todos nós sabemos a dificuldade das pessoas em lidar com questões que se
caracterizam como fora da normalidade, ou seja, do “padrão da normalidade”. A
sociedade de um modo geral cada vez mais se apresenta capitalista e seletiva, cheia de
preconceitos, reproduzindo um modelo excludente daqueles que não se enquadram
como visto acima no “padrão da normalidade”. Desse modo, apenas os “perfeitos” é que
se enquadram no processo e se beneficiam com isso. As pessoas são selecionadas pela
etnia, religião, gênero, cultura e condições físicas e mentais. A quem não se enquadra no
modelo da normalidade são negados seus direitos básicos como as condições para o seu
desenvolvimento.
A pessoa com deficiência sempre teve sua imagem associada à limitação.
Baseado no preceito de que cada indivíduo, com sua singularidade, deve usufruir do
bem comum, intensifica-se, na sociedade atual, o novo conceito, denominado inclusão,
definido por Mader (1997) como um paradigma que considera a diferença como algo
inerente na relação entre os seres humanos.
O princípio democrático da educação para todos só se evidencia nos sistemas
educacionais que se especializam em todos os alunos, não apenas em alguns deles,
como os alunos com deficiência.
De acordo com a declaração de Salamanca (1994) onde se reforça que:
toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade
de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem;
toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de
aprendizagem que são únicas;
os sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais
deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade
de tais características e necessidades;
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola
regular, com uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer suas
necessidades;
58
Escola Municipal “Dr Paulo Birolli Neto” - Uchoa – SP.
193
as escolas regulares com tal orientação inclusiva constituem-se em meios mais
eficazes de combater atitudes discriminatórias, criando-se comunidades
acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para
todos. Além disso, tais escolas oferecem uma educação efetiva à maioria das
crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de
todo o sistema educacional.
A inclusão, como consequência de um ensino de qualidade para todos os alunos
provoca e exige da escola brasileira, novos posicionamentos. É um motivo a mais para
que o ensino se reformule e modernize para que os professores aperfeiçoem as suas
práticas. É uma inovação que implica num esforço de atualização e reestruturação das
condições atuais da maioria de nossas escolas de nível básico.
Como está relatada na lei de diretrizes e bases da educação nacional (LDB) no
capítulo V da educação especial temos:
No Art. 59 que os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos,
para atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e
aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para
atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a
integração desses educandos nas classes comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida
em sociedade. Condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção
no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como
para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou
psicomotora;
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares
disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
O sucesso da educação inclusiva em nível escolar se dá num ambiente em que se
tenha autonomia e, de forma relevante, elaborar-se um projeto político pedagógico
voltado para a preocupação das pessoas com deficiência. A partir daí, podemos
194
enumerar todas as contribuições para uma aprendizagem significativa dessas pessoas a
começar pela formação docente, que é um dos pontos mais importantes nesse processo.
Não se tem uma educação de qualidade se não tivermos profissionais da
educação preparados. É fundamental hoje, que as universidades e faculdades que
preparam esses profissionais tenham em seu projeto político pedagógico uma educação
voltada para a educação inclusiva. E não para por aí, como bem sabemos, a formação
docente não gira em torno da universidade e ou da faculdade, é na prática que ela se
estabelece, desafiando barreiras, encontrando formas diversificadas de se desenvolver a
construção do conhecimento desses alunos.
O docente que não se capacitar e desafiar práticas pedagógicas já estabelecidas
não conseguirá desenvolver e propiciar a construção do conhecimento, seja ele com os
alunos “ditos normais” e com os alunos com deficiência.
Não podemos deixar de pensar que cada um, em especial, tem uma necessidade
especial diferenciada. Em busca desse processo, nós, professores temos que procurar o
que é melhor para cada um, independente da formação universitária. Cada vez mais nós,
docentes, encontramos momentos desafiadores na área da educação.
A prática pedagógica é de extrema relevância nesse momento. Para o docente é
importantíssimo que essa prática permeie sua carreira. Pensando nos cursos de
capacitação, é necessário que eles priorizem sempre, uma educação de qualidade e que
enfoque a educação inclusiva.
Estou muito satisfeita com as informações recebidas e a troca de experiências no
curso EaD - Práticas educacionais inclusivas na área da deficiência intelectual. Aprendi
bastante com os textos lidos, as atividades aplicadas em sala de aula, a observação diária
dessas atividades, a troca de experiências no momento dos relatos, nos fóruns e,
também, no bate- papo. Estou ciente que devo aplicar o conhecimento recebido no
cotidiano escolar.
O curso me fez ter um olhar diferenciado para com os alunos. É importante
salientar que, mesmo com pesquisas realizadas e reflexões feitas, não podemos deixar
de opinar e buscar sempre formas diversificadas de se ensinar, pois com essas atitudes
estamos gerando ações transformadoras.
195
MINHA EXPERIÊNCIA E GANHOS COM O CURSO EAD
Norma Carvalho Pereira59
O desejo de participar da construção de escolas mais inclusivas em nosso país é
o que me move na constante busca de novos conhecimentos para que se instrumentalize
essa prática, efetivamente. E, nessa busca, pude encontrar Universidades que primam
pela qualidade de ensino nas modalidades que oferecem, em especial a Educação a
Distância.
Assim como a inclusão, o ensino a distância tem ganhado espaço na sociedade
atual. Este já é o terceiro curso EaD que faço, todos voltados para a educação inclusiva.
Confesso que minha visão sobre essa modalidade de ensino mudou muito. A princípio,
olhava com desconfiança, mas a seriedade, a responsabilidade e o comprometimento
das pessoas envolvidas na formação dos discentes, quebraram as barreiras existentes.
O curso “Práticas Educacionais Inclusivas - Deficiência Intelectual” através da
UNESP- Bauru contribuiu muito para minha prática educativa, visto que trabalho com
muitas pessoas com deficiência intelectual e ansiava por conhecer melhor esse público.
Adquirir novos conhecimentos a respeito da educação inclusiva, rever de maneira mais
aprofundada, contextualizada e reflexiva conhecimentos já adquiridos, anteriormente,
sob a ótica da inclusão, torna tudo novo e diferente.
Os temas abordados, no decorrer do curso, tal como a história da inclusão social
e educacional das pessoas com deficiência intelectual, a legislação vigente, a ética
profissional, a família de hoje, o desenvolvimento e a aprendizagem das pessoas com
deficiência intelectual, como avaliar e planejar para esse público, conhecer sobre a
sexualidade dos deficientes intelectuais, sobre habilidades sociais, criatividade, ensino
colaborativo, a flexibilização curricular e as tecnologias assistivas foram, extremamente
enriquecedores.
As atividades propiciaram interações entre todos envolvidos na construção desse
conhecimento urgente, o que é a educação inclusiva. Com certeza, as transformações na
minha prática pedagógica caminharam paralelamente ao curso e continuarão a ocorrer,
pois precisamos sempre nos atualizar para termos uma prática contextualizada e
eficiente com todos os alunos que recebemos no decorrer de nossa vida profissional.
59
EMEI “Roosevelt” - Uberlândia – MG
196
Espero ter e manifestar publicamente muitos comportamentos habilidosos a
favor de uma sociedade mais inclusiva, que eu consiga através do meu exemplo,
contagiar os demais profissionais e que, juntamente com as famílias, busquemos os
direitos das pessoas com deficiência. Que todos possam viver na diversidade,
exercitando sempre a alteridade.
A educação inclusiva só ocorrerá se todos acreditarem nela! Para isso
precisamos rever nossos conceitos, nossas posturas, nossas falas e ações e o principal:
não ter medo de mudar, de buscar o novo, o diferente.
Parabéns a toda equipe do curso “Práticas Educacionais Inclusivas - Deficiência
Intelectual” da UNESP- Bauru. Aprendi muito.
197
EXPERIÊNCIAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS
Vana Beatriz Soares do Amaral60
A apresentação da experiência educacional inclusiva, associando prática e teoria,
antes e pós-capacitação em práticas educacionais inclusivas é especial e, ao mesmo
tempo, efetiva o movimento de inclusão social, mostrando um novo horizonte de
diversidade. É especial, pois se trata de um processo de transformação de profissionais
da educação e de área afins que se propuseram a conhecer uma área complexa e
desafiadora – Educação Especial, buscando a valorização das diferenças.
Historicamente, a deficiência era considerada fator de discriminação que
limitava o indivíduo a exercer atividades essenciais, provocada pela rejeição do meio
familiar, social, cultural e econômico, levando-o ao processo de exclusão social.
Com a Constituição Federal/1988, os direitos fundamentais das pessoas com
deficiências foram garantidos em seus artigos:
Art. 23 Cap. II: É competência comum da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e
garantia das pessoas portadoras de deficiência.” Art. 208 Cap. II
“atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino.” Art. 227 “É dever da família,
da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
(C.F/1988)
Outros instrumentos legais, também, têm regulamentado direitos constitucionais
como as Leis: 7853/89; 10.048/00; 10.098/00, Decreto 3.298/99 e Declaração de
Salamanca/1994. Com todo esse aparato jurídico, as pessoas com deficiência vem
assegurando direitos, oportunidades iguais, garantindo a cidadania e abrindo novos
caminhos para a prática da inclusão social.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8069/90 também veio legitimar a
proteção, respeito e direito em seu Art. 5º: “Nenhuma criança ou adolescente será objeto
de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus
direitos fundamentais.” Assim como assegurar a educação no Art. 54: “É dever do
60
Secretaria Municipal de Educação - Itumbiara - GO
198
Estado assegurar à criança e ao adolescente: atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”.
Em 1996 a LDBEN classificou a Educação Especial como uma modalidade de
ensino no artigo:
Art. 58: Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular
de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. 1º§ Haverá,
quando necessário, serviços de apoio especificado, na escola regular, para
atender as peculiaridades da clientela de educação especial. 2§ O atendimento
educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre
que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua
integração nas classes comuns de ensino regular (LDBEN/1996).
Segundo Batista (2007), a Educação Especial, durante um período, sustentou as
mesmas particularidades do ensino regular, mas sem o desenvolvimento pedagógico de
práticas adaptativas.
A Educação Especial, durante décadas manteve as mesmas características do
ensino regular desenvolvido nas escolas tradicionais, como descrevemos
anteriormente e sempre adotando práticas adaptativas. Num primeiro
momento, para fundamentar / organizar o trabalho educacional especializado,
essas escolas limitaram-se unicamente a treinar seus alunos, subdivididos nas
categorias educacionais: treináveis e educáveis; limítrofes e dependentes.
Esse treinamento era desenvolvido visando à inserção familiar e social.
Muitas vezes, o treino se resumia às atividades de vida diária: estereotipadas,
repetitivas e descontextualizadas (BATISTA, 2007, p.16).
Hoje, o atendimento educacional especializado garante a inclusão de alunos com
deficiência, o que se torna um grande desafio para a escola e professores. A formação
continuada e especializada é uma estratégia primordial para construção de saber
pedagógico. É a busca pela melhoria da qualidade do atendimento, pois oferece
oportunidade de desenvolvimento, propiciando uma visão diferenciada e profunda, da
complexidade desse processo. O conhecimento teórico e prático vai contribuir para que
o desenvolvimento humano seja compreendido como troca recíproca, de interação com
o mundo, onde ele pode produzir e reproduzir conhecimento.
É importante ressaltar que a diferença social sempre existiu e, há muitos anos,
grupos sociais vêm trabalhando por meio de movimentos e lutas para reconhecimento e
direito à diversidade na área educacional, econômica e social, para promover a
igualdade, ou seja, a luta para colocar essas pessoas consideradas desiguais, em situação
de igualdade.
199
Com a nova visão da Educação Especial, amplamente sustentada pela
Constituição Federal /88 e pela LDBEN, a educação se organiza com a finalidade de
atender alunos especiais em escola regular para que os mesmos sejam introduzidos no
meio educacional e se interagir ao mundo social, cultural e científico.
A educação inclusiva vem sendo discutida desde a década de 90. A partir daí, as
escolas vêm procurando ampliar sua prática no campo da educação, transformando-se
pedagogicamente e se adaptando de forma ampla e contínua com equipamentos,
estrutura física, materiais pedagógicos e professores especializados para que possa
construir uma sociedade democrática e oportunizar aos alunos cidadania e respeito por
meio do Programa de Educação Inclusiva.
A educação inclusiva é uma proposta de aplicação prática ao campo da
educação de um movimento mundial, denominado de inclusão social, o qual
é proposto como um novo paradigma e implica a construção de um processo
bilateral no qual as pessoas excluídas e a sociedade buscam, em parceria,
efetivar a equiparação de oportunidades para todos. O movimento pela
inclusão está atrelado à construção de uma sociedade democrática, na qual
todos conquistam sua cidadania e na qual a diversidade é respeitada e há
aceitação e reconhecimento político das diferenças (MENDES, 2002, p.24).
A discussão existe em várias partes do país, o que não difere do município de
Itumbiara. É normal o profissional apresentar medo, angústia e frustração diante do
novo e do desconhecido. As dificuldades existem, mas quando o professor começa a
trabalhar, a interagir e a conhecer o desconhecido, ele começa a buscar como fazer e
mediante isto procura, incessantemente, conhecimento com embasamento científico.
Diante disso, tudo se torna normal e gratificante, pois a experiência é fantástica.
O ser humano busca em seu desenvolvimento sócio-histórico através do
ambiente, do trabalho, a transformação da natureza, apropriando-se de experiência,
ideias, cultura assimilada e sustentada pela mediação com outro indivíduo por meio da
comunicação e convivência social. Isto proporcionará o desenvolvimento de outras
habilidades, de novos saberes, constituindo aprendizagem.
Mesmo que haja limitações diante de situações que o tornam incapaz de
transmitir conhecimento, o professor procura incorporar informação, buscando ser
criativo diante da situação, pois ela engloba um conhecimento amplamente
diversificado, têm em sala de aula diferentes alunos que o levam a buscar novos meios
de ensinar e de se interagir. A criatividade é um aspecto relevante do desenvolvimento
humano e na escola é de suma importância para o professor para que possibilite a
200
aprendizagem. É, também, uma maneira de estimular a criatividade dos alunos. A
iniciativa do professor de mudar a forma de levar conhecimento para os alunos, fugindo
do modo tradicional, é essencial e motivador, é levar novos modos de ensinar.
Muito se discute sobre o despreparo do professor, sugerindo que as escolas
especiais é que estão habilitadas para o atendimento às crianças, adolescentes e adultos
e que as escolas regulares não têm condições de recebê-los. Na escola especial,
realmente, deve estar preparada para o atendimento ao aluno com deficiência específica
e espera-se que seus profissionais se aperfeiçoem e se qualificarem para atender essa
demanda. Na escola regular, ocorre de forma diferenciada, a dedicação é para diversas
deficiências. O professor pode ter em sala de aula alunos com diferentes tipos de
deficiência: visual, auditiva, mental, física e múltipla, sendo necessário um preparo
diferenciado, capacitação para atendimento aos diversos tipos de deficiências.
O homem como ser histórico é produto das relações sociais que são instrumentos
de transformação interna e essa transformação se dá por meio da aprendizagem, da
análise que gera desenvolvimento. Porém, o que se depara é que, mesmo diante das
limitações, o aluno apresenta habilidades que podem ser trabalhadas de forma
diversificada, contribuindo para a interação e diminuição da agressividade.
É possível que comportamentos socialmente habilidosos possam promover o
desenvolvimento e prevenir o surgimento de problemas comportamentais, à
medida que possibilitem às crianças interagirem mais positivamente com
colegas, professores e familiares, aumentando a chance de obterem elogios e
atenção, além de conseguirem resolver problemas, sem contudo, utilizarem,
por exemplo, a agressividade (BOLSONI-SILVA, 2010).
Sabe-se que o conhecimento ocorre na experiência pessoal e no senso comum e
se aprimora na produção e reprodução do conhecimento científico, adquirido pelo
aluno/ professor, numa visão crítica e contextualizada para a compreensão do saber.
O município de Itumbiara (GO) e a Secretaria Municipal da Educação têm se
preocupado com a formação continuada dos professores, com a prática pedagógica com
a finalidade de reestruturar a prática educacional que deverá estar voltada para a
convivência e o respeito com a diversidade.
Na rede municipal de Itumbiara, a Educação Especial tem desenvolvido muitas
ações para que esse atendimento da valorização à diversidade seja respeitado,
proporcionando ao aluno a construção do sujeito autônomo. Várias escolas já possuem
acessibilidades e materiais pedagógicos básicos para o atendimento. Existem 10 escolas
201
com salas de recursos multifuncionais para o atendimento educacional especializado
(AEE), com materiais pedagógicos específicos e tecnologia assistiva, organizada em
parceria com a SEESP/MEC.
Neste ano foram matriculados 165 alunos com deficiência, sendo atendidos em
19 escolas municipais, concentrando suas ações no atendimento na Educação Infantil,
Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos. A grade curricular desenvolvida
com os alunos com deficiência é a mesma proposta pelos níveis, resguardando as
possibilidades de flexibilização, justificada pela plasticidade do aluno para aprender.
Preocupada com o estereótipo de que a escola não está preparada para atender
esses alunos com deficiência, a Secretaria Municipal da Educação vem desenvolvendo
desde o ano de 2004, em parceria com a SEESP/MEC, capacitação para os professores
através de seminários, cursos com carga horária de 40 horas, oficinas pedagógicas que
facilitam a intervenção do professor em sala de aula para que possam promover a
aprendizagem, respeitando o desenvolvimento de habilidades e potencialidades de cada
um.
O serviço social, na perspectiva da educação inclusiva, vem desenvolvendo
ações que buscam o resgate da cidadania, da equidade, dos direitos sociais e da
igualdade de oportunidades a fim de garantir a inclusão, o respeito e qualidade de vida,
assim como o combate às atitudes preconceituosas.
O assistente social, diante do cenário de exclusão, para desenvolver sua prática
necessita compreender a realidade e o cotidiano do aluno com deficiência, deve buscar
conhecimento teórico-metodológico, fundamentado, cientificamente, para compreender
as habilidades, as competências para a ação profissional, buscando assegurar a
dignidade humana e a equidade. Conhecer as correntes teóricas é de suma importância
para o profissional, pois por meio delas ele vai direcionar sua prática, proporcionando a
si mesmo, reflexão da sua intervenção social e adequação à realidade, cultura e
desenvolvimento dos alunos.
Outro ponto importante para uma educação bem sucedida é a participação da
família no processo educacional, assim como o trabalho em parceria com a comunidade,
Ministério Público, organizações não governamentais e, principalmente, com a
Secretaria Municipal de Saúde. A integração dos pais com a comunidade escolar
favorece a integração do aluno à escola, aprimora sua educação, assim como favorece
sua inserção na sociedade.
202
A trajetória da Educação Especial no município de Itumbiara vem ocorrendo
desde o ano de 1996, ano que se iniciou o trabalho na rede regular de ensino.
Anteriormente só ocorria em escolas especiais.
O que se propõe é uma escola inclusiva que possa proporcionar uma educação
com qualidade, de forma acolhedora, promovendo a socialização, a interação,
modificando atitudes discriminatórias e preconceituosas, propiciando uma comunidade
escolar inclusiva, respeitando ritmo, habilidades, potencialidades e processo de
aprendizagem.
O professor deve ter um posicionamento crítico e político - pedagógico que
mostre o caminho de forma flexível, com habilidade e cientificidade para que promova
o desenvolvimento de aprendizagem, a transmissão de cultura e a interação. Ele deverá
conduzir o aluno a construir suas ações de acordo com suas particularidades e
autonomia, ou seja, transmissão-apropriação de ensino/aprendizagem de forma
contínua.
O trabalho de inclusão educacional implica saberes, capacitação e
estabelecimento de estruturas administrativas voltadas para uma gestão colaborativa. O
conhecimento e a busca pelas teorias vão contribuir para que o desenvolvimento
humano seja compreendido como troca recíproca, de interação com o mundo, onde ele
pode produzir e reproduzir conhecimento.
Para que haja uma educação inclusiva de qualidade é necessário: desenvolver
uma rede de apoio integral ao aluno com o objetivo de ampliar a atenção às
necessidades educacionais; orientar e acompanhar as famílias de alunos com
deficiência, ampliando sua participação no processo educacional; articular com serviços
especializados existentes na rede de educação e saúde para atendimento das
necessidades específicas dos alunos e, estabelecer parceria com equipe multidisciplinar,
possibilitando interação de profissionais da saúde, escola, família, com o objetivo de
planejar e trabalhar suas habilidades e dificuldades.
O professor, com sua experiência, deverá oferecer um ensino de qualidade a
todos os alunos, procurando intervir na relação com o aluno, sendo o mediador do
processo aprendizagem, contribuindo para a transmissão cultural, respeitando as
diferenças. O ser humano, dentro de suas limitações, consegue ser participativo e
aprender. Sabe-se que a intervenção é inovadora, mas se abre a um universo de
possibilidades para o ser humano, onde se constroem e reconstroem espaços,
conhecimento, interação e direitos humanos.
203
RECONHECER AS DIFERENÇAS É ESSENCIAL NO CAMINHO DA
INTEGRAÇÃO
Valéria Luiza Marques Campos61
Foi através de muitas lutas pelos direitos das pessoas portadoras de deficiência,
na década de 80 que a prática da integração social torna-se mais presente, nos dias
atuais. Porém, foram os novos conhecimentos da comunidade científica que estamparam
a integração insuficiente nesse contexto inclusivo, pontuando que essa população não
participava de maneira plena e igual aos demais.
A inclusão social, portanto, é um processo que contribui para a construção de um
novo tipo de sociedade através de transformações, pequenas e grandes, nos ambientes
físicos (espaços interno e externo, equipamentos, aparelho e utensílio mobiliário e
meios de transporte) e na mentalidade das pessoas, inclusive, daquela com deficiência.
A escola, como uma instituição mediadora na construção do conhecimento,
tendo como objetivo levar cultura para um número cada vez maior de pessoas traz para
si uma gama de responsabilidade muito grande. Nosso desafio, como profissional da
educação, será o de trabalhar por uma escola inclusiva, com qualidade de ensino, pois se
sabe da importância da educação básica.
A educação básica é a mola mestra do desenvolvimento econômico e social de
um país. É claro que ela não está só nesse desafio. Necessitamos de uma justiça que
funcione, de uma saúde que abrigue a todos e de uma política comprometida com o
cidadão.
O Estatuto da Criança e do Adolescente recomenda em seu Art. 15 que "A
criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como seres
humanos em processo de desenvolvimento...” e continua no Art. 53, dizendo que "A
criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de
sua pessoa[...] assegurando-se-lhes igualdade de condições para o acesso e permanência
na escola". Porém, refletir sobre o direito que assiste a todo ser humano, decidir qual a
melhor maneira de viver e de conviver com o outro, sem que para isso se tenha que ser
igual ao outro, é direito e deveria ser respeitado por todos sem exceção. A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9394/96, em seu Capítulo V, da Educação
61
E.M.E.I.E.F.S. Antonieta Bim Sto - Murutinga do Sul - SP
204
Especial, no Art. 58, específica que “Entende-se por educação especial, para os efeitos
desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educando portadores de necessidades especiais”. A questão
abordada nessa legislação está no tratamento dado ao “eu em relação ao outro”.
O problema não é ele, mas, sim, a ideia que formulamos a partir de nossos
conceitos que são estabelecidos num dado momento sócio-histórico cultural em que
esses interferem em nossos pensamentos e ações com relação à pessoa com deficiência.
Reconhecer as diferenças é essencial no caminho da integração e, principalmente, da
inclusão, onde se espera que o professor não faça da turma uma homogeneidade,
trabalhando como se todos tivessem a mesma capacidade na construção do
conhecimento.
Com acesso no processo de inclusão digital, utilizei o recurso de modo a
promover e desenvolver competências que possam resultar na melhoria da qualidade de
minha vida e de todos que estão a minha volta. As trocas de experiências com os
colegas de grupo foram essenciais, durante o período do curso. Torna-se importante
para o processo de profissionalização docente, oportunizar momentos de trocas e
compartilhamento dos saberes e das experiências, pois através da elevação do seu grau
de competência, o professor pode adquirir maior autonomia.
A proposta de Nóvoa (1997) focada na valorização de pessoas e grupos, é
mesclada com outras tendências como a reflexão na ação, método clínico e
investigativo. Dessa forma, sua proposta não é fechada em termos palpáveis e práticos,
porém, deixa a certeza de que o investimento em pessoas e grupos requer um
envolvimento da instituição e de seus dirigentes e, também, uma equipe pedagógica
mobilizadora e bem preparada.
Carvalho explana que à luz de sua fundamentação axiológica, a educação
inclusiva pode ser considerada como um processo que permite colocar valores em
prática, sem pieguismos, caridade ou filantropia. Ela está alicerçada em princípios que
conferem igualdade de valor a todas as pessoas, envolvendo a escola, como um todo,
através de discussões, levando o conhecimento da legislação que trata da inclusão,
levando interpretações, pontos de vista, reflexões, buscando transformar a escola, no
que diz respeito ao currículo, à avaliação, às atitudes, estimulando os interesses dos
professores em desenvolver estudos relacionados ao entendimento ao aluno com
deficiência, socializando experiências pedagógicas.
205
A partir do momento em que todos os professores, ou sua maioria, se permitirem
rever suas concepções e refletir sobre sua prática diante do aluno com deficiência, com
base em conhecimentos científicos e no entendimento contextualizado, haverá
condições para exigências do que se está garantido em lei, concretizar-se aos nossos
alunos, independente de suas características, uma escola de qualidade para todos.
Em primeiro lugar, deve-se estabelecer a matrícula nas classes comuns das
escolas regulares e é relevante a aceitação por parte do professor e da turma. É
importante iniciar essa inclusão na educação infantil. O aluno com deficiência
intelectual deverá ter a mesma ou pouca diferença de idade das demais crianças.
Acredito, sim, em uma mudança, mas a atual situação em que se encontram os sistemas
educacionais revelam ainda dificuldades para atender as necessidades especiais dos
alunos na escola regular que necessitam de apoio para a sua educação.
A flexibilidade e a dinamicidade do currículo regular podem não ser suficientes
para superar as restrições do sistema educacional ou compensar as limitações reais
desses alunos. Desse modo e nas atuais circunstancias, entende-se que as adequações
curriculares fazem-se, ainda, necessárias.
Tanto os profissionais quanto as instituições devem estar preparados,
adequadamente, para que haja a inclusão de que tanto se fala e pouco acontece.
Quanto aos apoios, devem começar pelo estímulo às amizades; orientação
familiar (para todas as famílias); trabalhar sempre com o concreto; repetir as atividades
para que ele possa acompanhar e compreender; elogiar sempre que se destacar;
disciplina e regras são importantes; não fazer diferença nas obrigações e nos direitos dos
alunos; realizar atividades em duplas ou grupos onde se garante a participação dos
alunos com deficiência.
Para isso, há de se (re) pensar com muita cautela sobre a estrutura escolar, a
avaliação, a interação com as famílias e os conhecimentos adquiridos pelos professores
para atender a este aluno. Tudo é uma caminhada, é uma construção elaborada em cima
de estudos e pesquisas que, através de um conhecimento mais amplo e aprofundado
traçam o caminho da sensibilidade. É na formação diferenciada do profissional da
educação que, hoje se faz necessária, que irá acontecer a inclusão dos alunos com
deficiência..
A escola traz consigo toda uma bagagem de cultura e de saberes que atendiam às
necessidades de uma determinada época e clientela. Se antes, o aluno com deficiência
era eliminado da sociedade, hoje, tem direitos adquiridos por leis, que o colocam como
206
um ser igual às outras crianças, vivendo como as outras e recebendo, dentro de um
estabelecimento de ensino, sua formação educacional. Um dos fatores principais dessa
formação está relacionado à capacidade do professor reconhecer e proporcionar o
desenvolvimento das potencialidades do aluno com deficiência.
As inovações que ocorrerão daqui para frente, dizem respeito à escola, ao aluno
com deficiência, à família, ao professor e a todas as pessoas que fazem parte deste
processo. Por isso, muito já se discutiu e muito há o que discutir, pois a sociedade, de
certa forma, custa a perceber as mudanças que estão ocorrendo e processar em sua
prática social. Apostar nessas inovações será o caminho mais seguro para a efetivação
da escola inclusiva.
Quando professores das mais variadas diversidades (re)descobrirem o valor de
ensinar através da troca, reconhecendo seus alunos como seres capazes de realizações,
interagindo com as famílias na busca por soluções de seus problemas familiares, os
quais interferem diretamente na sala de aula, procurando apoio em todos os setores da
escola na realização de tarefas conjuntas. Garantindo a participação dos alunos nas
decisões de sala de aula, estaremos construindo não apenas a escola que irá atender ao
aluno com deficiência, mas a escola que atenderá a todos, ou seja, a escola inclusiva.
Este desafio passa também pela compreensão de todos aqueles que entendem a
educação como um direito de todos. Não basta incluir este aluno no ambiente escolar, é
necessário, trabalhar em conjunto com toda sociedade com o desejo de oferecer uma
educação capaz de transformar sua realidade, construindo uma sociedade onde caibam
todos.
207
O QUE QUEREMOS EM NOSSAS SALAS DE AULA? ALUNOS TODOS
IGUAIS? QUE SE DESENVOLVAM DE MANEIRA IGUAL? QUE SE
COMPORTEM IGUAIS?
João Paulo Silva de Oliveira62
“E meus amigos parecem ter medo
De quem fala o que sentiu
De quem pensa diferente
Nos querem todos iguais
Assim é bem mais fácil nos controlar.”
(Legião Urbana)
E nos querem todos iguais. É com esse trecho da Legião Urbana que começo
meu desafio de redigir sobre minha experiência na educação inclusiva. Essa música foi
feita em outro contexto, mas traz reflexões bem próximas do contexto educacional. O
que queremos em nossas salas de aula? Alunos todos iguais? Que se desenvolvam de
maneira igual? Que se comportem iguais?
Esse relato tem a pretensão de provocar uma análise e reflexão a respeito do
verdadeiro sentido da inclusão escolar e apontar alguns desafios ainda existentes neste
processo.
Confesso que tenho pouca experiência na área de educação inclusiva, mas meu
interesse vem desde a minha formação, quando ainda na faculdade (Licenciatura em
Educação Física), escolhi fazer um dos estágios obrigatórios em uma instituição de
educação especial. Trabalhei o esporte (natação) com alunos portadores da síndrome de
Down. Experiência esta,, muito enriquecedora.
A notícia da minha seleção e inscrição no curso foi algo que trouxe muita
satisfação. Vi nessa oportunidade a possibilidade de complementar e subsidiar novos
estudos referentes à inclusão. Uma das contribuições marcantes que o curso me
ofereceu foi a percepção de minha função de multiplicador, da necessidade de rever e
aprender muitas coisas relacionadas à inclusão.
No município que trabalho, a inclusão vem caminhando a passos curtos e temos
muito ainda que avançar. A realidade das escolas é receber os alunos com deficiência
por determinação da lei, mas é fácil perceber que a inclusão não se efetiva,
verdadeiramente. Falta preparação profissional e estrutura básica nas escolas.
62
Escola Municipal “Solidariedade”- Teixeira de Freitas - BA
208
Aos poucos, sei que avançaremos. A participação nesse curso ofereceu-nos
argumentos necessários para uma mobilização, nem que seja nas nossas unidades
escolares. Exemplificando, relato uma das pautas do último conselho de classe da
escola, justamente o tratamento dado a um aluno com deficiência intelectual. Em outra
escola que trabalho, uma aluna, também com deficiência intelectual vem sofrendo muito
com o bullying cometido por alguns colegas de sala, sendo sempre ela o problema da
sala, segundo relato de alguns professores. Graças a muitas conversas, já estão revendo
isso.
Apesar de ser um curso de 180 horas, afirmo categoricamente que ofereceu uma
formação satisfatória, isso graças à estrutura do curso que aborda de maneira articulada
questões de Educação a Distância; estudo da deficiência ao longo da história da
humanidade, possibilitando a reflexão sobre o papel do nosso sistema escolar no
momento atual. A Legislação referente à pessoa com deficiência, além de questões
relacionadas à ética, família, desenvolvimento humano e aprendizagem, avaliação e
planejamento, sexualidade, flexibilização e outros conteúdos foram de suma
importância e comprometidos com uma formação de qualidade em prol da inclusão da
pessoa com deficiência.
As minhas experiências anteriores levaram-me a questionar o termo inclusão,
pois ele nos remete a algo que foi separado e que deve ser incluído. Hoje, atribui-se
outro sentido à palavra inclusão, entendo como a não segregação, ou seja, a aceitação da
diversidade. Devemos, como educadores, garantir a participação de todos,
independentemente das suas peculiaridades, mas de forma proporcional e consciente do
compromisso que envolve a inclusão. Se abrangermos a definição da concepção
inclusiva, será fácil perceber que se trata de solidariedade com o próximo, de repensar o
sentido atribuído à educação convencional, que transcende o campo quantitativo e
ressignifica algo muito maior, que é o desenvolvimento de um ser humano que tem
necessidades que se diferenciam das nossas.
A aceitação é fundamental para a inclusão efetiva, porém exige esforço de toda a
escola, além do auxílio da família e apoio do especialista. A escola para ser inclusiva,
em sua essência, deve ser construída com esse pensamento, deve ser estruturada para
possibilitar a construção de conhecimento e oferecer oportunidades de aprendizado
adequadas para o desenvolvimento potencial de todas as crianças que recebemos, isto é,
valorizar a heterogeneidade.
209
A educação inclusiva não depende apenas de uma ampla legislação, mas de
mudanças significativas na escola e na sociedade, exigindo a participação de todos os
agentes envolvidos na educação formal.
Ainda hoje, apesar de nossa legislação e do olhar do mundo para com a inclusão,
há profissionais da educação que têm posições controvertidas sobre o assunto, muitas
vezes por insegurança ou pela falta de apoio ao profissional que atende este aluno. Não
é sem razão tal sentimento, contudo, por meio dessa experiência, o profissional passa a
entender a sua real missão. Admito que é muito difícil, dentro do mesmo espaço, termos
demandas tão distintas e específicas e que, muitas vezes, nem entidades especiais
conseguem atender adequadamente às necessidades de alguns alunos.
Diante das nossas dificuldades, fico me questionando se são todas as crianças
com deficiência que devem ser inseridas no ambiente escolar comum, pela falta de
estrutura do ambiente escolar. Precisamos nos interrogar se podemos atender alunos
com qualquer deficiência dentro do ambiente escolar que temos.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/1996 determina que o direito à
escola é universal, promovendo a cidadania sem discriminações. Diz ainda que os
sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se
para o atendimento aos educandos com deficiência, assegurando as condições
necessárias para a educação de qualidade para todos. Como podemos verificar, a lei
recomenda a matrícula de todo e qualquer aluno com deficiência, e estabelece que a
unidade escolar organize-se para atendê-lo e que ainda, deve assegurar condições
adequadas e de qualidade. Como garantir essa qualidade sem condições físicas,
estruturais e financeiras para atender a todos os tipos de deficiência?
Para que este direito possa se tornar efetivo para a pessoa com deficiência torna-
se necessário um conjunto de fatores como a eliminação de barreiras arquitetônicas,
qualificação dos profissionais envolvidos no processo e conscientização da comunidade
escola.
A sociedade deverá pensar na diversidade e na coletividade, melhorando o
atendimento educacional de todos, independentemente das suas condições,
possibilitando que os direitos possam ser efetivados e permitam a inclusão de todos.
Para que haja a inclusão efetiva, é necessário, se pensar nessa criança em todos os seus
aspectos. Portanto, a inclusão da pessoa com deficiência é um processo complexo
que exige tempo, colaboração e comprometimento de todos os agentes envolvidos no
processo.
210
VALORIZANDO A FORMAÇÃO INTEGRAL DOS ALUNOS PORTADORES
DE DEFICIÊNCIA, ATRAVÉS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA, DO DIREITO E
DA IMPORTÂNCIA DA INCLUSÃO ESCOLAR NA REDE REGULAR DE
ENSINO E NA SOCIEDADE.
Elisangela Maria de Lima Gonçalves63
Meus sinceros votos de agradecimento a todos os responsáveis pelo sucesso do
curso e ao MEC. Gostaria de agradecer a oportunidade dessa capacitação profissional,
assim como elogiar a ótima qualidade dos cursos oferecidos pela Plataforma Freire.
Mesmo os professores que não possuem prática em informática, como eu, por
exemplo, puderam realizar o curso, através das orientações quanto ao uso do ambiente
virtual do TelEduc, organizado de maneira simples, clara e objetiva, portanto, de fácil
entendimento.
Pelo fato do curso ser EaD, os professores de várias regiões do Brasil puderam
participar e trocar experiências, assim como contarem com maior flexibilidade de tempo
e de ritmo para os estudos, reflexões e postagem de atividades. Foi ótima essa interação
para a aprendizagem, assim como a discussão sobre as diversas realidades educacionais.
Os conteúdos disponibilizados para a leitura foram excelentes, ofereceram
subsídios para a nossa atuação e conduta profissional diante da inclusão escolar.
Proporcionaram aprendizagens, articulação da teoria e prática pedagógica que
ministramos, considerando toda a diversidade educacional dos alunos, inclusive dos
portadores de deficiência intelectual ou qualquer outra deficiência.
As atividades propostas no decorrer de todo o curso foram de acordo com as
realidades vivenciadas em sala de aula e, ainda, oportunizaram novos conhecimentos,
estratégias educacionais direcionadas à oportunidade de aprender, a todos os alunos.
Em cada módulo desse curso, abordagens diferentes sobre a temática foram
estudadas, analisadas, refletidas e exercitadas para serem colocadas em prática, por nós
professores. Ofereceu ampla abordagem sobre a temática em questão, valorizando a
formação integral dos alunos com deficiência, através da prática pedagógica, do direito
e da importância da inclusão escolar na rede regular de ensino e na sociedade.
63
EMEF “Sra. Iracema de Moraes Marchezini” - Santa Adélia - SP
211
Resolvi fazer a inscrição nesse curso para prestar aos alunos com deficiência,
qualidade na oportunidade de inclusão escolar, preferencialmente, na rede regular de
ensino. O oferecimento do ensino de qualidade, só se torna possível por meio da
capacitação profissional docente e da equipe escolar.
A insegurança com a inclusão escolar ocorre, principalmente, pelo despreparo da
equipe escolar. Ao concretizar esse curso, sentimentos negativos como o medo e a
insegurança foram sendo substituídos por sentimentos e atitudes positivas. Quando
temos confiança no trabalho que realizamos, assim como quando confiamos no
potencial de cada aluno, com certeza, fica mais fácil obter o sucesso educacional.
A inclusão escolar envolve a oportunidade de todos os alunos terem direito à
educação, alunos com qualquer deficiência, ricos, pobres, independente de raça, religião
ou sexo. Pensando nisso, acredito que nós, docentes, devemos em nossa atuação
pedagógica, acolher, respeitar e potencializar a capacidade educacional de todos os
alunos e de cada um deles, em toda sua singularidade como pessoa e nas diferentes
maneiras de se aprender.
Nesse sentido, devemos estimular a segurança e a autoestima de todos os alunos,
principalmente, do aluno com deficiência intelectual, acreditando em suas
potencialidades e não em suas limitações, prestando apoio pedagógico para o avanço de
aprendizagens.
A inclusão escolar traz benefícios a todo o grupo. Os alunos com deficiência
demonstram crescente responsabilidade e melhor aprendizagem através da interação
com o grupo, entendem que são diferentes, mas não inferiores e os demais alunos
aprendem que as diferenças são enriquecedoras para o ser humano.
Se a inclusão escolar ocorrer somente no espaço físico de uma escola da rede
regular de ensino, de certa forma, essa instituição ainda se mantém atrelada ao descaso e
ao não comprometimento do ensino, da integração e do ambiente de convívio oferecido
ao aluno com deficiência. Na realidade, a inclusão escolar não se efetiva, pois este aluno
pode não receber atendimento educacional de qualidade, presenciando, ainda,
desconforto e humilhações. Na nossa prática favorável à inclusão, não podemos deixar
esse segregacionismo acontecer dentro das escolas e isto, só é possível, quando a
inclusão passar do conceito, para se tornar práticas interiorizadas através de ações.
É fundamental almejarmos e buscarmos capacitação profissional, assim como
condutas humanas em sala de aula por meio do respeito às diferenças, a cooperação, a
212
solidariedade, a fraternidade, a afetividade, ao senso de justiça, ao diálogo e a
compreensão em convívio estabelecido na sala de aula.
Pouco adianta o oferecimento de escolaridade para todos, se os alunos com
deficiência forem anulados pelo não comprometimento do docente e da equipe escolar.
Submeter esses alunos à formação de cidadãos passivos, apenas aumentará o descaso
com a educação. Não é isso que queremos ao formar cidadãos e, com certeza, estaremos
perseverantes e ativos para mudar essa situação, começando pelo nosso próprio local de
trabalho.
Pude perceber que a verdadeira inclusão escolar, começa pelas nossas próprias
atitudes quando trabalhamos a criatividade, a coletividade, a perseverança e a
democracia, no espaço que atuamos (o âmbito escolar), para buscar transformações
positivas, através de nossa conduta e do nosso trabalho educacional.
Por meio da capacitação desse curso, analisei que minha teoria e prática
pedagógica necessitam de uma postura reflexiva constante, para aprimorar o meu fazer
pedagógico, a maneira como organizo o meu trabalho, as estratégias que utilizo nas
diversas situações. É necessário realizar um trabalho com segurança, amor,
comprometimento e responsabilidade, através de condutas e práticas empenhadas na
formação integral de cada aluno e do grupo todo.
O trabalho de inclusão precisa estar disposto e se concretizar na gestão
democrática da escola, no Projeto Político Pedagógico e na atuação na sala de aula,
assumindo parceria com a comunidade e as famílias em todo o processo realizado e
conquistado. Portanto, considerei de grande importância a capacitação profissional
oferecida por esse curso, pois nós, professores, juntamente com toda equipe escolar,
precisamos aperfeiçoar nossas práticas educacionais, caminhando juntos na
reestruturação das condições de ensino.
Esse curso foi de grande importância para a minha prática pedagógica. Gostaria
de realizar outros cursos de capacitação profissional da Plataforma Freire. Foi
simplesmente enriquecedor este curso na articulação da minha teoria e prática
pedagógica.
213
COMO IDENTIFICAR O ALUNO DEFICIENTE INTELECTUAL, QUANDO
ESSA DEFICIÊNCIA NÃO É VISÍVEL OU QUANDO AINDA NÃO É
DIAGNOSTICADA?
Mariane Della Coletta Savioli Garzotti64
Desde o início desse curso, fiquei surpresa e, ao mesmo tempo, contente por ter
tido a oportunidade de realizá-lo. Atuo na área da Educação Especial, na perspectiva da
educação inclusiva. Sou professora de Atendimento Educacional Especializado em
todas as áreas de deficiências, desde o início de 2008.
Mesmo antes de trabalhar com a Educação Especial na rede municipal de ensino
de Araçatuba, enquanto professora de ensino fundamental e infantil, tendo atuado na
rede particular, municipal e SESI de minha cidade. Sempre tive um grande interesse em
trabalhar com os alunos com deficiência. Tive alunos incluídos em minha sala de aula
com várias deficiências e, assim, buscava sempre me informar sobre como trabalhar
sem qualquer medo ou preconceito com todos os meus alunos.
Quando surgiu a oportunidade de realizar uma especialização nas áreas de
deficiências auditiva, intelectual e múltipla, segui em frente e logo passei no concurso
para o Atendimento Educacional Especializado para realizar esse trabalho na
perspectiva da educação inclusiva. Fiz também o curso do A.E.E., que me capacitou
para atuar nessa área.
A nossa realidade exige que estejamos sempre atualizados que possamos trocar
muitas experiências. É necessário muito estudo e muito trabalho para realizarmos um
trabalho pedagógico de excelência com nossos alunos, sejam eles deficientes ou não.
Senti então, que haveria a necessidade de realizar um curso de capacitação, pois, sempre
encontramos novos desafios pela frente, e, portanto, precisamos sempre estudar e
pesquisar para driblar esses desafios.
Foi quando realizei a inscrição para esse curso da Plataforma Freire, grande e
excelente oportunidade para nós, professores da rede pública. Fui escolhida e recebi o e-
mail para participar do curso de Práticas Educacionais Inclusivas na Área de Deficiência
Intelectual pela UNESP de Bauru.
64
Escola “Profa. Egles Gabasde Carvalho” – Araçatuba – SP.
214
Como este não foi o primeiro curso a distância que fiz, não tive muita
dificuldade para acessar e trabalhar com o ambiente TelEduc.
Acredito muito na viabilidade e incentivo dos cursos à distância. Por meio deles
há a facilidade de desenvolver o curso nos horários que temos livre e, portanto, não
interfere nos horários de serviço. É possível também ler, estudar e elaborar pesquisas
sobre os temas e textos oferecidos por este, já que temos à disposição o computador
com internet.
Importante lembrar também que houve uma grande troca de experiências e
informações entre os alunos do curso e o constante monitoramento de
tutores/orientadores e coordenadores do curso. Dessa forma, pudemos conhecer o
trabalho e a vivência de pessoas de várias outras cidades e até mesmo de outros estados
do Brasil. Foi possível conhecer e saber como anda a educação especial e inclusiva em
outros lugares, em outras regiões. Foi possível trocar ideias, obter informações, aplicá-
las em nossa prática e em nosso dia a dia.
Houve textos claros e pertinentes que puderam ser lidos e discutidos nas HTPCs
na escola em que trabalho. Isso sempre com o apoio da Direção e coordenação.
Interessante que as discussões promovidas não pararam no âmbito da plataforma
do curso, pois, eu, minha diretora que estávamos no mesmo grupo, a coordenadora que
estava em outra turma e outra professora estivemos, ao longo destes últimos meses,
discutindo os textos, trocando ideias e nos ajudando durante as atividades, ou seja,
estivemos realmente envolvidas com o curso o que nos trouxe conhecimento e mais
informações.
Pude perceber novas posturas de toda a escola, pois como já disse os textos e
ideias do curso, eram lidos e discutidos nas HTPCs com os demais professores. Assim,
foi nítida a mudança de pensamento e postura por parte de muitos professores de sala
regular e de toda a escola onde trabalho.
Uma dessas mudanças relaciona-se a como trabalhar e avaliar esses alunos, não
os comparando com os demais, mas sim, de acordo com seu próprio desenvolvimento e
evolução na educação escolar e social.
Durante o curso relatei para minhas tutoras e formadora que, em minha cidade,
nós, professores de Atendimento Educacional Especializado, tínhamos um grande
impasse, uma dúvida que pudemos perceber que é de todos, sobre como identificar o
aluno deficiente intelectual, quando essa deficiência não é visível ou quando ainda não é
diagnosticada. É uma grande angústia de todos nós, professores, da educação especial.
215
As tutoras me pediram para aguardar que teríamos um módulo sobre avaliação e
identificação de posturas e características de alunos com deficiência intelectual.
Foi grande a minha surpresa, pois, logo na semana seguinte, a agenda
apresentava esse módulo com um texto claro e muito bem desenvolvido e com
atividades que acrescentaram muito em minha prática quanto a identificar os alunos
com deficiência intelectual e comportamentos característicos dos mesmos.
Acredito que o curso teve grande valia em minha prática profissional como
professora de Atendimento Educacional Especializado e também no desenvolvimento
da inclusão de alunos com deficiência na escola em que trabalho, pois, esta é uma luta
que começa a se desenvolver e ganhar espaço, pois, traz nela direitos e deveres de toda
uma comunidade escolar e de toda a nossa sociedade.
A inclusão de pessoas com deficiência vem para ficar, na escola e na sociedade,
mas agora depende de nós fazermos com que ela aconteça de maneira séria e
responsável.
216
PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS - DEFICIÊNCIA INTELECTUAL:
UM OLHAR REFLEXIVO
Romanilta Julia da Rocha65
A dicotomia inclusão x integração na rede regular de ensino é uma temática que
reflete um conflito histórico: o direito das pessoas com deficiência no bojo da exclusão
social. Partindo do pressuposto que a educação inclusiva é uma realidade não mais uma
proposta ou promessa vindoura, vale destacar a necessidade de uma melhor
reestruturação dos recursos no contexto escolar, cabendo à formação do docente, o
preponderante papel de favorecer efetivamente essa inclusão.
Daí a indagação: como facultar de forma equânime essa formação docente, de
sorte que venha atender a demanda num país continental como o Brasil? Ou, ainda,
diante da amplitude das características diferenciais dos alunos com deficiência como
propiciar uma formação docente adequada para desenvolver um trabalho proficiente
para e com esses alunos?
Como professora da rede regular de ensino do estado do Piauí, desde o distante
ano de 1993, posso afirmar que esses questionamentos sempre ressoaram na minha
prática profissional com a devida importância e pertinência, todavia, apenas, por ocasião
do meu ingresso na educação especial (há pouco mais de cinco anos) é que essas
indagações relativas aos alunos com quaisquer tipos de deficiência se vestiram da
urgência que o tema requer.
A capacitação dos professores se faz como suporte imprescindível à educação de
qualidade e esta, via EaD, se faz como um divisor de águas, pois, ela abarca
indistintamente desde os professores lotados nas capitais e grandes centros urbanos até
aqueles das mais distantes e inóspitas cidadelas desse imenso país, cumulando-os de
saber de forma igualitária.
Na minha trajetória profissional sempre fui ávida pelo saber, busquei as leituras,
o mais que pude, vi os filmes, ouvi músicas, pesquisei as manifestações da nossa
cultura, sempre com o intuito de acrescer aos meus conhecimentos e poder desempenhar
a contento o meu papel de educadora. Com o advento da Internet, vislumbrei o leque de
possibilidades que essa nova janela se traduzia, não obstante, apesar do exíguo tempo,
65
Escola Centro Integrado de Educação Especial - Teresina – PI
217
não economizei esforços para dispor dos conhecimentos que essa tecnologia me
dispunha, a fim de não ficar à margem e apenas perceber o bonde passar.
E hoje eis - me aqui, redigindo sobre a minha recente experiência de findar um
curso a distância (por sinal bastante profícuo e interessante) sobre Educação Inclusiva,
tema pelo qual tenho depositado, ultimamente, todo meu foco de interesse.
O que falar, então, dessa experiência? Dizer quão ela foi rica e valiosa, seria,
talvez, usar um lugar-comum, contudo, são exatamente esses dois adjetivos os mais
competentes para traduzir de fato essa experiência.
O curso Práticas Educacionais Inclusivas em Deficiência Intelectual colaborou
substancialmente para minha capacitação dentro desse contexto por diversos fatores,
principalmente, pelas razões abaixo elencadas:
A disponibilização de uma bibliografia vasta e atualizada, contemplando
de maneira bastante eficiente todos os temas que se propôs a explicitar.
Um acompanhamento de formadores interessados e competentes e que
não mediram esforços para sanar quaisquer dificuldades que ora aparecessem e
fossem motivos de empecilho para o bom andamento do curso.
O fato do ambiente do curso (ou seja, a maneira como o mesmo ocorria)
ser de fácil acepção, até para os cursistas com pouco conhecimento de internet.
O afinco em abordar uma temática tão complexa quanto a inclusão de
uma maneira compreensível até mesmo para os cursistas que dispunham de
poucas informações acerca desse tocante.
A agilidade, praticidade e desenvoltura com as quais as atividades
postadas eram verificadas para o posterior retorno ao cursista.
Os tópicos acima citados, dentre muitos outros que não cabem aqui mencionar,
foram os norteadores para que cursos dessa natureza se façam uma constante na vida
profissional de nós, professores.
É compreensível, dado a magnitude e amplitude do tema Inclusão, que falhas e
erros possam ter ocorrido, mas cabe ressaltar que esses possíveis erros, de forma
nenhuma, esmaeceu o brilho (no sentido metafórico) no qual o presente curso se
traduziu, conseguindo impingir em todos nós que conseguimos concluí-lo a contento, o
seu real objetivo, qual seja, entender a Deficiência Intelectual, sem estereótipos ou
preconceitos, mas balizados nas potencialidades que todos possuem.
Ratifico novamente que grande relevância desempenha o papel do professor ante
a inserção dos alunos com necessidades educacionais especiais na rede regular de
218
ensino, como se faz mister a sua compreensão dos parâmetros legais para tal. É
imprescindível que esse professor perceba que da sua prática interessada e desprovida
de quaisquer estigmas depende o sucesso e a autonomia daqueles indivíduos com algum
de tipo de deficiência.
Ressalto como condição sine qua non para o sucesso da inclusão, não só em
nível de escola, mas de oportunidades, que o professor perceba a sua prática como uma
ferramenta valiosa para construir um projeto político pedagógico pertinente e voltado
para todos que orbitam no universo da escola, ou seja, os profissionais, os alunos e sua
família.
Pelo fato de já ser do meu repertório os temas abarcados no presente curso,
posso afirmar que as atividades solicitadas foram relativamente de fácil compreensão e
execução, mas ainda que eu não dispusesse de conhecimento prévio acerca da temática,
não seria dificultoso acompanhar cada passo desse curso, uma vez que o mesmo foi
pautado na objetividade e simplicidade no âmbito do tema Inclusão.
E por falar em Inclusão, é importante reiterar a necessidade de que mudança
substancial na forma como a escola está pautada, aconteçam com a maior brevidade
possível.
Somente com um currículo flexibilizado, com uma proposta pedagógica que
tenha o aluno como sujeito e ainda com o comprometimento dos que fazem a educação,
num diálogo bilateral entre todo âmbito escolar, o aluno com deficiência e sua família é
que de fato a inclusão passa a ser uma realidade palpável em todas as escolas.
Pode-se acrescer, ainda, que cursos na modalidade EaD se fazem como um
recurso dos mais valiosos e eficientes que o professor dispõe na atualidade para se
inteirar do que de mais recente se produz acerca de um assunto como inclusão, que
requer do profissional docente constante atenção.
Sintetizando, ressalto a importância de novos modelos didáticos e a já propalada
sensibilidade, atenção e interesse dos professores, em relação aos anseios dos alunos
com necessidades educacionais especializadas como de suma importância para a
organização de um ambiente educacional de fato inclusivo.
Devemos partir do ideal para o real no aspecto formação de professores, a
procura constante, a autorreflexão do corpo docente, denotam soluções acerca desse
tópico, os curso no modo EaD oferecem novas possibilidades para que o professor
esteja apto a lidar com a diversidade em sala de aula e ser de fato mola propulsora para
um sistema educacional voltado para inclusão.
219
O PROCESSO DE INCLUSÃO É LENTO E ENVOLVE MUITOS FATORES
Vanuza Batista Gomes66
Quando se fala em educação especial ou em pessoas com deficiência especiais
vem logo à mente a ideia de uma pessoa com deficiência intelectual. Quando se fala em
acessibilidade, pensa-se na pessoa com deficiência física. Muitos pensam que a simples
construção de rampas já é acessibilidade e inclusão, o que não é verdade. O processo de
inclusão é lento e envolve muitos fatores. A rampa é apenas um detalhe diante de tantas
mudanças que se precisa efetuar e de tantas barreiras que se precisa ultrapassar. A
inclusão social exige muito mais que mudança arquitetônica, exige mudança de atitude
da sociedade como um todo e de cada um em particular. Este relatório tem como
objetivo relatar o que o curso Práticas Inclusivas em Deficiência Intelectual trouxe de
relevante para a minha prática docente.
Existe uma verdadeira confusão de conceitos em relação à deficiência
intelectual, uns chamam atraso mental, deficiência mental, outros conduta atrasada,
déficit intelectual, ou ainda, usam outros termos muito discriminatórios. Porém a
expressão recomendada pela Organização das Nações Unidas (ONU) é “deficiência
intelectual”.
A pessoa com deficiência intelectual tem a capacidade de se relacionar, pode ser
carinhosa e pode aprender uma profissão. No entanto, muitas pessoas com deficiência
intelectual ainda são muito descriminadas e ficam fora do convívio social. Muitas
escolas têm certa resistência em relação à inclusão de alunos com deficiência
intelectual. As empresas também apresentam certa resistência em contratar pessoas com
deficiência intelectual por não conhecerem o potencial que essas pessoas possuem.
Porém, aos poucos, o mercado de trabalho está abrindo as portas para pessoas com
deficiência, inclusive para aqueles com deficiência intelectual. Mas, afinal o que vem a
ser deficiência intelectual?
É a limitação em pelo menos duas das seguintes habilidades: comunicação,
auto comunidade, determinação, funções acadêmicas, lazer e trabalho. O
termo substituiu ‘deficiência mental’ em 2004, por recomendação da
Organização das Nações Unidas (ONU), para evitar confusões com ‘doença
mental’, que é um estado patológico de pessoas que têm o intelecto igual da
média, mas que, por algum problema, acabam temporariamente sem usá-lo
em sua capacidade plena (RODRIGUES, 2009, p. 93).
66
Escola Municipal de Ensino Fundamental “Emília Saturnino da Silva” - Tenório – PB.
220
Existem alunos com deficiência intelectual capazes de realizar atividades como:
ler, escrever, mesmo que seja com ajuda de outra pessoa. Nem sempre esses alunos são
rejeitados pelos colegas, eles são muito queridos pela maioria. No entanto, muitos
professores sentem dificuldade em lidar com alunos com deficiência intelectual por não
terem conhecimento do problema.
Se uma das limitações do aluno com deficiência intelectual é a falta de
concentração, então o professor deve procurar formas práticas de introduzir o aluno no
assunto a ser trabalhado para mantê-lo atento. O uso da tecnologia é uma ferramenta
que vem contribuindo para melhorar o aprendizado dessas pessoas.
O mercado hoje oferece muitos recursos que ajudam o professor na execução de
suas atividades, mas o professor pode começar com recursos simples como recorte e
colagem, por exemplo. O importante é não deixar o aluno com deficiência ficar isolado,
sem participar do assunto trabalhado com os demais alunos.
Durante muito tempo, as pessoas com deficiência sofreram preconceitos e
rejeição até pelos familiares e pessoas próximas. Os estudos na área da saúde e na área
da educação, bem como campanhas desenvolvidas em várias partes do mundo, têm
contribuído para amenizar toda essa problemática. No entanto, muito ainda precisa ser
feito.
Na Idade Antiga, houve até sacrifício de crianças com deficiência, em algumas
civilizações.
[...] a história assinala, desde a Idade Antiga, as políticas extremas de
exclusão de crianças deficientes. Em Esparta, na antiga Grécia, essas crianças
eram abandonadas nas montanhas, em Roma foram atiradas nos rios. Os
registros históricos comprovam que vem de longo tempo a resistência à
aceitação social das pessoas com deficiência e demonstram como as suas
vidas eram ameaçadas (CARDOSO, 2006:15).
Na Idade Média, a discriminação continuou.
Ao longo da Idade Média, nos países europeus, os ditos deficientes eram
associados à imagem do diabo e aos atos de feitiçaria, eram então
perseguidos e mortos, pois faziam parte de uma mesma categoria: a dos
excluídos. Então, deviam ser afastados do convívio social ou, mesmo,
sacrificados (CARDOSO, 2006, p. 16).
No entanto, com o avanço dos estudos na área da saúde e da educação, nos
últimos séculos, essas pessoas foram vistas com outros olhos. Hoje já podemos contar
com a inclusão escolar e social das pessoas com deficiência.
Foi justamente com o avanço dos estudos na área da saúde que surgiram as
escolas especiais, onde muitos educadores desenvolveram estudos e buscaram formas
221
de inclusão das pessoas com deficiência. Muitas Associações e ONGs desempenharam
um papel importantíssimo no acolhimento e inclusão social de pessoas com deficiência,
como, por exemplo, a Associação de Pais e Amigos Dos Excepcionais (APAE), as
Associações de Cegos, de Surdos, Associação das Mães dos Autistas (AMA), dentre
outras.
No final do século XX, iniciam-se, no mundo todo, campanhas pela inclusão
escolar das pessoas com deficiência. Foi justamente nesse período que houve uma
expansão da educação especial no Brasil, mas a escola comum não deu conta dessa
tarefa como nos relata Carneiro.
No Brasil, a expansão da educação especial, verificada principalmente na
segunda metade do século XX, embora inegavelmente tenha ampliado as
oportunidades educacionais a criança que não seriam absorvidas pela rede
regulares de ensino, incorporou uma população identificada como portadora
de déficit na aprendizagem, na sua grande maioria proveniente das classes
subalternas. Assim, tal expansão se constitui em mais um elemento no
processo de seletividade social promovido pele escola pública no Brasil. A
partir da década de 60, a exclusão maciça de alunos nas redes públicas já nas
séries iniciais, seja pela evasão ou pela ou pela reprovação, ou ainda pela
falta de oportunidade de acesso, encontrava mais do que nunca respaldo
técnico - científico, pois aqueles alunos que fracassavam na escola eram
vistos como portadores de algum tipo de problema que não competia mais à
escola comum resolver (CARNEIRO, 2006, p. 150).
Paralelo a tudo isso, as instituições específicas de educação especial continuaram
desempenhando seu papel de inclusão social. Em seguida, surgem leis e documentos
recomendando a inclusão escolar de pessoas com deficiência.
No Brasil, por exemplo, a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996, dedica um capítulo à Educação
Especial. É interessante lembrar que, em nenhum momento, esta lei diz ser obrigatório
matricular pessoas com deficiência em escola regular. Veja o que diz o artigo 58 e seus
parágrafos 1º e 2º:
Art. 58. Entende-se por educação especial, para efeito desta lei, a modalidade de
educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para
educandos portadores de necessidades especiais.
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola
regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
222
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for
possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.
Diante do exposto, podemos afirmar que tanto a inclusão escolar como a
inclusão social são necessárias e uma leva à outra ou ambas estão interligadas, mas para
isso torna-se urgente a preparação não só das escolas (questão arquitetônica), mas de
toda a comunidade escolar, desde o agente de portaria, passando pelo professor,
gestores e demais alunos e pais de alunos. Outro detalhe que não deve ser esquecido
quando se fala em inclusão escolar são as necessidades apresentadas pelos alunos.
Quando falamos de deficiência intelectual, a primeira impressão que temos é de
pessoas “anormais”, pessoas doentes. Mas não é bem assim, são pessoas com um
potencial a ser desenvolvido e que para isso precisam ser incluídas na escola e na
sociedade.
A escola inclusiva deve ser aquela que atenda à diversidade de pessoas,
independente de qualquer tipo de diferença existente. Ela precisa trabalhar integrada à
comunidade para que a sociedade abrace a causa como sua e não apenas da escola.
Alunos com deficiência intelectual têm dificuldades para desenvolver
comportamento relativo a si mesmo, como cuidar do seu próprio corpo. Por isso o
professor deve ser além de professor, um pesquisador, aquele que procura formas
alternativas de trabalho para não excluir ninguém das atividades desenvolvidas na sala
de aula.
O professor não deve se contentar com as aparências. Deve atualizar-se,
constantemente, procurando saber das novas descobertas, dos estudos desenvolvidos por
pesquisadores e das experiências adquiridas por outros professores.
Mesmo com as pesquisas apontando resultados favoráveis à aprendizagem de
alunos com deficiência intelectual, ainda existem muitos professores que duvidam da
possibilidade de escolarização desses alunos. O professor precisa saber como se dá o
desenvolvimento em seus aspectos cognitivo e sócio-afetivo para poder desenvolver um
bom trabalho e não temer ao lidar com manifestações comportamentais diferentes dos
demais alunos.
Não se trata de comparar o desenvolvimento desses alunos que possuem limites
marcados, biologicamente, com o de sujeitos que trazem as possibilidades orgânicas
integrais, sem comprometimento, dentro do padrão considerando normal.
223
Durante muito tempo, as pessoas com deficiência foram totalmente excluídas do
convívio social. Com o avanço dos estudos na área da medicina e da educação surgiram
as instituições que muito contribuíram para a socialização dessas pessoas. Porém, elas
ainda continuaram sendo marginalizadas. Após muitas lutas e campanhas em várias
partes do mundo, essa situação vem melhorando e hoje a inclusão escolar já está
garantida em lei no Brasil.
As pessoas com deficiência intelectual apresentam algumas limitações, mas com
uma metodologia adequada podem aprender muitas coisas, adquirir uma profissão e
inserir-se no mercado de trabalho e em outras atividades sociais como esporte e lazer,
por exemplo.
A inclusão do aluno com deficiência intelectual na escola regular contribui para
a sua inclusão social, porém, a escola precisa também preparar esse educando para a
vida profissional. Atualmente, temos que defender a inclusão escolar e social de todos
os alunos, independente de ser deficiente ou não.
Enfim, deixo nesse texto a soma de tudo o que aprendi, não só teoricamente,
durante o curso Práticas Inclusivas - Deficiência Intelectual, mas que trouxe para minha
prática educativa conhecimentos ímpares.
Destaco ainda que as ações educacionais através de políticas públicas que
valorizam e reconhecem o professor, assim como as conquistas efetivadas no âmbito do
processo educacional inclusivo são um estímulo e incentivo à continuidade do trabalho
educacional, bem como ao envolvimento e investimento do profissional da educação em
cursos como este.
Compreendemos, também, que a inclusão pode ser vista como uma realidade
possível no mundo contemporâneo, onde a sociedade busca adaptar-se ao indivíduo
tendo em vista ser efetivamente uma sociedade para todos, trazendo valores de um novo
modelo social, sendo em parte a resposta do sistema econômico à exclusão maciça dos
participantes em sua dinâmica, em parte o resultado de um movimento histórico de luta
pelos direitos humanos. Para que a inclusão aconteça de fato, é necessário ir muito além
do aluno com deficiência o que abarca - ou deveria abarcar - os alunos de diferentes
culturas, etnias, religiões e condições sociais.
224
EXPERIÊNCIAS A PARTIR DE UM CURSO EM AMBIENTE VIRTUAL
Cibelle Aparecida Vieira de Oliveira Pereira67
Desde o começo de minha carreira como educadora, defrontei-me com alunos
com deficiência (de todos os tipos). Meu primeiro emprego foi numa escola para
crianças especiais. Naquela época, antes mesmo da faculdade, as crianças com
deficiência eram educadas em centros especiais e não tinham sequer a oportunidade de
frequentar uma escola regular. Isso me chocava, pois tínhamos nessa instituição
particular um aluno “superdotado” que não apresentava nenhum distúrbio de
comportamento e convivia com crianças com deficiência intelectual severa. Com minha
pouca experiência, achava que ele teria melhor aproveitamento numa escola regular,
porém, devido às avaliações da psiquiatra da instituição, ele não poderia frequentar a
escola regular. Diante das várias práticas que vi dentro dessa instituição, resolvi sair,
pois não concordava com o tratamento dado às crianças.
Passei alguns anos na escola regular e não tive a oportunidade de lidar com
casos de inclusão, pois, simplesmente, as crianças nessa situação eram direcionadas às
instituições especializadas. Realizei trabalhos voluntários em várias instituições, mas
ainda assim isso não me preenchia, achava que diferenciar só prejudicava aquelas
crianças.
Infelizmente, devido a pouca valorização do magistério e a necessidade de ter
um emprego que me remunerasse melhor, fui trabalhar em empresas, na área de
comunicação. Nessa época, aprendi muito sobre estrutura organizacional, tratamento
igualitário, tolerância às diferenças, etc. Acho que todo educador deveria ter essa
experiência, pois acrescenta muito em educação. Fiquei longe da educação por 13 anos.
Retornei há cinco anos e de lá para cá tenho enfrentado muitos desafios, pois
tudo mudou nesse tempo e a inclusão foi uma grande novidade para mim. Apesar de ter
cursado uma excelente universidade (PUC-SP), na época nem se falava em inclusão. As
educadoras que queriam se dedicar a esse público, ou procuravam os cursos das APAEs,
ou escolhiam habilitações específicas para isso.
Diante desse desafio, comecei a me informar e procurar tudo que pudesse me
esclarecer sobre o assunto. Assisti palestras oferecidas pelas prefeituras que trabalho, lia
67
Professora de Educação Básica I - Águas de São Pedro- São Pedro – SP.
225
as matérias das revistas especializadas de educação sobre o tema, corri atrás, pois me
sentia “nua” para lidar com isso.
Quando surgiu a oportunidade, no ano passado, de realizar esse curso pela
Plataforma Freire, fiquei muito contente, porém insegura diante de tantas pessoas pelo
Brasil que queriam a mesma coisa. Será que seria escolhida?
Enfim, deu certo. Nem acreditei quando recebi o e-mail da tutora. Fiquei muito
feliz, pois além de tudo estaria fazendo o curso sendo orientada por profissionais da
UNESP, renomada universidade que, com certeza, viria ao encontro dos meus anseios.
E não deu outro resultado, sucesso!
Não fazia ideia do histórico da inclusão no Brasil e nem no mundo. Tinha uma
informação aqui, outra ali, enfim, nada que pudesse me ajudar. E sabendo dessa história
e tomando ciência da legislação, tenho muito mais segurança quando vou solicitar
auxílio ao diretor e ao secretário de educação. Minhas solicitações são mais
consistentes, baseadas na legislação e muito consciente dos direitos de meus alunos.
Antes tateava no escuro, sem ter certeza do que estava fazendo.
Depois, todas as informações passadas no curso, fizeram despertar meu olhar
mais atento para as crianças. Consegui descobrir, com a ajuda do que aprendi no curso,
porque um aluno só começou a falar aos 5 anos de idade, apesar de não ter nenhuma
deficiência intelectual ou física e, mais importante, como orientar os pais diante do
distúrbio de comportamento dele. Consegui auxiliar colegas com casos de inclusão
nítidos e não diagnosticados a como orientar os pais, como procurar ajuda para seus
filhos.
Na verdade, depois desse curso, desenvolvi uma sensibilidade maior, uma
observação mais cuidadosa, mais calma ao lidar com os problemas e, mesmo sem ter
alunos incluídos nesse ano, mudei a minha forma de trabalhar. Meus alunos são mais
participativos e a produtividade das salas aumentou. Tenho duas salas, uma de 1º ano e
uma de 5º ano e recebi, no meio do ano, um aluno do 5º ano vindo de outra escola do
município, com um rendimento abaixo da média, muito inseguro e com medo da
professora.
Trabalhei com ele sua autoestima que era muito baixa. Com o tempo, ele
começou a se comunicar com os colegas, a brincar na hora do intervalo, a participar das
atividades em grupo se socializando e estabelecendo amizades, e por fim, nas avaliações
bimestrais, seu rendimento dobrou. Fiquei extremamente feliz, pois sei que foi resultado
226
da minha mudança de postura, de não avaliar antes de observar, de ser mais cuidadosa
ao adotar qualquer atitude.
Esse curso abriu-me horizontes, me fez conhecer pessoas maravilhosas com
experiências incríveis e o que é mais importante hoje em dia, não precisei sair de casa
para que isso acontecesse. Esse formato EaD é uma das melhores ideias que surgiram.
Facilita a vida das pessoas, você ganha tempo e é muito mais tranquilo, pois não temos
que nos deslocar.
A qualidade do curso foi excelente, com tutora e formadora competentes e
dedicadas. Só tenho que agradecer pela oportunidade. Finalizando, acredito mesmo que
fiz jus ao dinheiro que o governo dispensou para minha formação. Com certeza, foi bem
empregado. Se possível gostaria ter a oportunidade de dar continuidade, aprofundando
mais ainda o tema ou direcionando para outro tipo de deficiência. Afinal de contas a
diversidade está aí e temos que nos preparar para ajudar nossos alunos no seu direito à
cidadania.
227
PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS E A DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL
Viviane Lauter Balbé68
Inicio o meu relato contando um pouco de minha história profissional. Atuo
como educadora aproximadamente há dezoito anos, no interior do Estado do Rio
Grande do Sul, mais precisamente ao Noroeste do Estado, no município de Santo
Antônio das Missões. Sou graduada em Pedagogia, com especialização em Pedagogia
Gestora: administração, orientação e supervisão escolar.
Uma turma de alunos me desafiou a buscar a aprender a trabalhar com eles. Foi
o que fiz. Realizei a inscrição na Plataforma Freire. Fui agraciada com o email
comunicando-me que poderia participar do curso: Práticas Educacionais Inclusivas –
Deficiência Intelectual UNESP Bauru.
Fiquei eufórica, entusiasmada e preenchi a ficha de inscrição. Quando o curso
começou, bateu o medo, a insegurança do novo, do desconhecido (ambiente TelEduc) e
daí pensei na minha rotina diária, trabalhando manhã, tarde e noite, mais a família.
Decididamente, não tenho tempo, escrevi para a tutora dizendo: “Boa noite, Ana. Peço
desculpas por ainda não ter entrado em contato com você, mas estou achando que vou
ter que desistir do curso, pois trabalho sessenta horas semanais e não está fácil ajustar os
meus horários. Veja bem, tenho aula manhã, tarde e noite, por isso é que ainda não
enviei os documentos. Somente, agora, quase 1hora da manhã, é o horário que estou
podendo escrever, mas pretendo fazer o possível para tentar. Dê- me um conselho. O
que devo fazer? Devo desistir?
E sua resposta foi a seguinte: “Olá, Viviane, como tutora, pela segunda vez, meu
conselho é para que não desista. Nesse final de ano, pode ficar meio tumultuado,
parecer complicado, mas tenho certeza de que você dará conta”.
Além deste conselho, o que mais me sacudiu, foi a mensagem que me enviou:
“Administrar o tempo é planejar a vida”. Eu também sou professora do Curso Técnico
em Administração. Parei. Refleti e decidi pela permanência.
Valeu a pena, cada módulo realizado, o material de apoio, portfólio, leituras,
comentários, fóruns, bate-papo, trabalho em grupo, correio, a atenção especial recebida
68
Colégio “E. Tolentina B. Gonçalves” e Escola “M. Deocleciano R. da Silva”- Santo Antonio das
Missões – Rs.
228
da tutora e da formadora, possibilitando a conclusão com êxito do curso e ter
conseguido realizar em tempo todas as atividades, digo: Achei, ou melhor, encontrei,
tive tempo. Basta querer e buscar. A partir do nosso livre arbítrio é que escolhemos o
caminho a ser trilhado. Nosso destino seria mais cômodo, ficando estagnada, seguindo a
rotina, deixar como estava, mas apesar da hesitação inicial são as nossas ações que vão
fazer a diferença nesse mundo diferente.
É impossível transcrever a importância deste curso, tanto pessoal como
profissional, pois me possibilitou ampliar horizontes e aprender a aprender. Alicia
Fernandez em “Inteligência Aprisionada” coloca que a maioria das crianças
diagnosticadas como deficientes mentais não são. Não nascemos inteligentes, nascemos
com possibilidades de sermos inteligentes e que a inteligência se constrói. A criança é
inserida em um contexto familiar e social que vem possibilitar e contribuir para o seu
desenvolvimento, positivamente, ou negativamente. Acho que a função social da escola
e o papel do professor transformador são fundamentais no fazer desabrochar saberes,
prover meios e condições para que o aluno se desenvolva cognitivamente e, apesar das
diferenças de nossas limitações, somos seres humanos únicos e na diferença somos
todos iguais!
229
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232
ÍNDICES
ESCOLAS PARTICIPANTES POR ESTADOS
BAHIA Escola “Raio de Sol-APAE” - Canaviereiras – BA 35
Escola Estadual “Oliveira Britto” - Salvador – BA. 160
Escola Municipal “Solidariedade” - Teixeira de Freitas - BA 207
GOIÁS Colégio Estadual “Zeca Batista” - Anápolis - GO 21
Colégio Estadual “Previsto de Morais” - Caiapônia – GO. 65
Dependência Administrativa: x Estadual – Rubiataba – GO. 80
Escola Municipal “DEP. Wilson da Paixão” – Catalão – GO. 71
Colégio Estadual “João Netto de Campos” – Catalão - GO 75
Secretaria Municipal de Educação - Itumbiara - GO 197
MATO
GROSSO
Centro Municipal de Educação Infantil - Jauru - Mato Grosso. 140
Escola Rua Centro América, q.8, n. 3. Barra do Bugres – MT. 38
MINAS
GERAIS
Escola Municipal - Belo Horizonte – MG. 48
Estava sem aulas na época - Curvelo – MG. 147
CAIC – Escola Municipal “Professor Helyon de Oliveira” -
Juiz de Fora – MG 120
EMEI “ROOSEVELT” - Uberlândia – MG 195
PARÁ Creche “Criança Feliz” - Tarauacá - PA 184
PARAIBA Escola Municipal de Ensino Fundamental “Emília Saturnino da
Silva” - Tenório – PB. 219
PIAUI Centro Integrado de Educação Especial - Teresina – PI 216
RIO DE
JANEIRO
E.M. “Jardim Escola Norberto Marques” - Natividade – RJ. 61
233
Escola Municipal - São Gonçalo – RJ. 173
E.M. “Professor Marcos Gil” - Estrada Feliciano Sodré, 2315 -
Mesquita – RJ. e E.M. “Motorista Paschoal André” - Praça
Soldado Rubens Galvão, s/n - Pavuna - RJ
154
E.M. “Regina Celi da Silva Cerdeira” Centro de Referência -
Duque de Caxias – RJ 150
RIO
GRANDE
DO SUL
Escolas: Municipal e Estadual - Ronda Alta - RS 92
Colégio “E. Tolentina B. Gonçalves” e Escola “M. Deocleciano
R. da Silva”- Santo Antonio das Missões – RS. 227
RIO
GRANDE
NO
NORTE
Escola Municipal “Presidente Costa e Silva” - Município de
Equador - RN 84
SÃO
PAULO
EMEIF “Professora Dinah de Mello Campos” - Ibitinga - SP 16
EMEI “Profª Anizia Zancanella de Figueiredo” - Santa Fé do
Sul – SP. 45
EMEI “Profa. Magda Contart dos Santos” – Pontal - SP 28
Escola “João Alcindo Vieira” - Rua Jose Bonifacio n. 487 -
Guarei –SP 32
E.M. “Prof. Luiz Gonzaga Fernandes” – Bragança Paulista - SP 96
EMEIF “Pref. Zoroastro Alves” - Avaré – SP. 51
E.E. “João Pedro Fernandes” - Bauru – SP. 53
Professora de Educação Básica I - Águas de São Pedro- São
Pedro – SP. 224
EMEFEI “Profa. Cecília Salto de Almeida” - Laranjal Paulista
– SP 110
EMEF "Chrisostimo Redigolo” – Cedral – SP. 68
EMEB- “Prof. José Barreto Coelho” - São José do Rio Pardo –
SP. 56
EMEB “Prof. José M. Neto” - Araçatuba – SP. 161
EMEF “Sra. Iracema de Moraes Marchezini” - Santa Adélia -
SP 210
Escola Municipal “Dr Paulo Birolli Neto” - Uchoa – SP. 192
Ensino Fundamental - Ibaté – SP 167
234
EMEFEI “Vereador José Luiz Gomes da Silva – ZELO” -
Santa Bárbara d’Oeste – SP 124
EMEF “Prof. Dircília de Carvalho Pereira Gutierrez” -
Ariranha – SP 45
CEPE “Conceição Colombo Mota” - Santa Adélia – SP 43
Emei Jaci Americana - Santa Bárbara d’Oeste -SP. 130
EM. “Profa. Lea Eady Alonso Saliba” - Sorocaba – SP. 117
EM. “João Salto” - Laranjal Paulista – São Paulo 114
E.M.E.F. “Sala de recursos João Florencio” – Tatui – SP 127
EMEI “Teresa Hendrica Antonisse” – Ribeirão Preto - SP 17
E.M.E.F.E.I. “Vereador José Luíz Gomes da Silva-Zelo” -
Santa Bárbara d’Oeste – SP. 122
Escola Municipal “Dr Paulo Birolli Neto” - Uchoa – SP. 192
CEMEI- “TIA BELA”- Mineiros do Tietê – SP. 144
CEJA – Parque Viaduto - Bauru – SP. 57
EMEF “Dr. Francisco Monlevade” - Campo Limpo Paulista –
SP 107
Escola “Profa. Egles Gabasde Carvalho” – Araçatuba – SP 213
E.E “Francisco de Oliveira Faraco” - São Manuel e E.M.
“Odynir Maganha” - Igaraçu do Tiete - SP 88
EM. “Prof. Paulo Nunes” - Poá – SP. 98
EMEB “Angelina Dagnone de Melo” – São Carlos - SP 170
EMEI. “Maestro Vittorio Barbin” - Tambaú – SP. 182
EMEI “Creche Primavera” - Marília – SP 174
EMEB Selma Maria Mesquito Godoi Martinho - Cabreúva- SP. 134
EMEB “Profa. Leda Aparecida Martins” - Araçatuba – SP. 165
E.M “Dra. Neide Fogaça de Lima” - Iperó – SP. 136
Ensino municipal - Sorocaba - SP 138
E.M.E.I.E.F.S. Antonieta Bim Sto - Rua Luiz Calestine n. 86-
Murutinga do Sul - SP 203
E.M. Prof. “Sylvio de Araújo” - Rio Claro –SP. 178
Rede municipal de Educação” - Bragança Paulista – SP. 105
235
INDICE DE AUTORES
Adriana Costa Ferreira.......................................................................... 46
Adriana Lemos de Carvalho Soares...................................................... 48
Alcides Pereira da Silva Junior............................................................. 28
Amanda Nolasco de Oliveira Santos..................................................... 32
Ana Mara Galasso Romera................................................................... 96
Ana Paula Gonçalves de Araujo Mortimer.......................................... 147
Ana Paula Radó Donnini...................................................................... 51
Ana Paula Souza Báfica........................................................................ 35
Ana Paula Souza da Silva Sichetti......................................................... 120
Andreza Patrícia Balbino Cezário........................................................ 53
Cibelle Aparecida Vieira de Oliveira Pereira....................................... 224
Claudete Beatris Romani...................................................................... 92
Cristiane Covolan Luvisotto.................................................................. 110
Débia Régia Silva Guimarães Borges.................................................. 65
Deize Mara Cecconi.............................................................................. 68
Edvaldo Ribeiro Filho........................................................................... 160
Elaine Marques Santo Urbano............................................................. 56
Elaine Sueli Ferreira dos Santos.......................................................... 161
Eliane de Almeida de Souza Valadão................................................... 80
Elisangela Maria de Lima Gonçalves.................................................. 210
Fabiana Marcuzo de Caíres.................................................................. 192
Gisele Coito Ermacara.......................................................................... 167
Grasieli Zampieri Laudissi................................................................... 124
Hélvia Garcia Casadore Alberganti..................................................... 45
Irení Aparecida Basso........................................................................... 16
Isabel Cristina Lemos........................................................................... 140
Ivone Maria de Moura.......................................................................... 84
João Paulo Silva de Oliveira................................................................. 207
Josiani Aparecida Julio de Oliveira..................................................... 43
Jussara Ester da Costa Rossi............................................................... 130
Kátia Regina Silva Silveira................................................................... 117
236
Keila Maria Bordignon........................................................................ 114
Leda Maria Borges da Cunha Rodrigues............................................ 13
Leila Paim de Souza.............................................................................. 71
Liliane Mendonça da Silva Nascimento.............................................. 75
Liseti Menezes Sottovia......................................................................... 127
Lívia Maria e Silva Galvão .................................................................. 17
Lúcia Helena Rodrigues Soquetti........................................................ 122
Luciana Aparecida Camilo Hidalgo..................................................... 187
Marcleida Lima Gomes......................................................................... 184
Maria Antonia de Toledo Barros Carvalho.......................................... 144
Maria Cristina de Andrade Silva.......................................................... 57
Maria das Graças Estanislau de Mendonça Mello de Pinho.............. 61
Maria Valéria Polla Rodrigues............................................................. 107
Mariane Della Coletta Savioli Garzotti................................................. 213
Marina Rossi Melo ............................................................................... 21
Mariza Conceição Viana ...................................................................... 88
Michele Vieira Ribeiro Doneda............................................................ 98
Mirian Coelho de Oliveira .................................................................... 38
Natália Aparecida Perez Toma............................................................ 170
Norma Carvalho Pereira...................................................................... 195
Patrícia Aparecida Porto...................................................................... 182
Patrícia Bento de Souza Campos.......................................................... 173
Patrícia Helena Martins........................................................................ 174
Regina Novaes Silva............................................................................. 134
Romanilta Julia da Rocha.................................................................... 216
Rosalynn Davies Conrado Veiga.......................................................... 154
Rosana de Cássia Aparecida Rodrigues Moura.................................. 102
Rose Lapa .............................................................................................. 150
Sônia Aparecida de Angeles Cerqueira Costa..................................... 165
Tereza Maria do Amaral...................................................................... 136
Thais Helena Neves de Mello............................................................... 138
Valéria Luiza Marques Campos........................................................... 203
Valéria Regina Giambroni Neves Monaco Perin................................ 178
237
Vana Beatriz Soares do Amaral........................................................... 197
Vanessa Aparecida Domingues Moreira.............................................. 105
Vanuza Batista Gomes.......................................................................... 219
Vera Lucia Messias Fialho Capellini................................................... 7
Viviane Lauter Balbé............................................................................. 227
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