Cuidado de Enfermagem
ao Cliente com Síndrome
de Fournier
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAUDE
Disciplina: Tópicos Especiais em Enfermagem na Abordagem Clínica
ênfase: O Cuidar de Pessoas com Alterações Tissulares
Docentes: Fernanda Souza e Michlle Xavier
Discentes: Eliete Almeida e Márcia Perucci
Santo Antônio de Jesus-2018 2
• A Síndrome de Fournier, ou também conhecida como Gangrena de Fournier, é
uma patologia infecciosa grave, rara, de rápida progressão, que acomete a região
genital e áreas adjacentes, caracterizada por uma intensa destruição tissular,
envolvendo o tecido subcutâneo e a fáscia.
(LAPA, et al, 2004 apud FIGUEREDO, 1997)
DEFINIÇÃO
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Fournier, doença
do sexo masculino
ou feminino?
4
• Predominante no sexo masculino. Mas, também pode acontecer no sexofeminino (10:1).
(AZEVEDO, et al, 2016)
• A taxa de mortalidade varia entre 40% a 67%.
• Pode ocorrer em qualquer faixa etária, porém os casos já descritos naliteratura variam entre 30 a 50 anos.
EPIDEMIOLOGIA
• A taxa de incidência é de 1 em 7.500 em homens e mulheres de todas asidades. (LAPA et al 2004 apud SANTORA, 2004)
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Representação gráfica da prevalência da Grangrena de Fournier conforme o gênero
(CARDOSO, FÉRES, 2007) 6
(AZEVEDO, et al, 2016)
Focos no trato digestório
ETIOLOGIA
Abscessos perianais,
Carcinomas do cólon e do reto,
Apendicites e diverticulites agudas,
Doença de Crohn,
Hérnias encarceradas,
Perfuração do reto por corpoestranho,
Infecção anorretal.
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(AZEVEDO, et al, 2016)
Focos no trato urogenital
Estenoses uretrais,
Sondagem vesical de demora,
Abscesso escrotal,
Abscesso renal,
Cálculos uretrais,
Cálculos vesicais,
Câncer vesical,
Câncer de pênis,
Orquites,
Epididimites.
ETIOLOGIA
Cateterização uretral traumática,
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• Presença de pelo menos 4 microrganismos por pacientes.
ETIOLOGIA
• É identificável em quase 100% dos casos.
(AZEVEDO, et al, 2016) 9
• Staphylococcus Aureus, o StaphylococcusEpidermidis, Streptococcus viridans e oStreptococcus fecalis
Gram positivos aeróbios
• Escherichia Coli, Klebsiella Pneumoniae,Pseudomonas Aeruginosa e ProteusMirabilis
Gram negativos aeróbios
• Bacteróides Fragilis, BacteróidesMelaninogenicus e Clostridium Species
Anaeróbios
(AZEVEDO, et al, 2016)
AGENTES ETIOLÓGICOS
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Instalação da doença
Baixa imunidade
Ambiente favorável
Virulência
Variedade dos microrganismos
FISIOPATOLOGIA
(LAPA, et al, 2004) 11
FISIOPATOLOGIA
• Seu principal mecanismo é a oclusão vascular por meio da agregação
plaquetária que é facilitada pela ação de bactérias aeróbicas, pela
produção de heparinase por bactérias anaeróbias e pela ação
trombogênica da endotoxina de bactérias Gram negativas.
(AZEVEDO, et al, 2016) 12
Mas, por quê a preferência pela pele das regiões
perianal, perineal e genital?
R: A falta de higiene, a evaporação menor de suor, aspregas de pele que alojam em ninhos as bactérias quepenetram após pequenos traumas; as rugas da peleimpedem uma circulação livre com baixa resistência àinfecção; o tecido celular subcutâneo muito frouxofacilitando a disseminação; o edema em trauma ouinfecção menores, interferindo na vascularização corretada região; as tromboses de vasos subcutâneos de maneiraextensa.
(LAPA, et al, 2004) 13
• Febre alta,
• Calafrios,
• Náuseas,
• Vômitos,
• Prostração em poucas horas.
SINAIS E SINTOMAS: sistêmico
• Taquicardia,• Taquipnéia,• Hipotensão,• Alterações no sensório,• Coma.
Forma leve
Forma grave
(LAPA, et al, 2004) 14
• Desconforto escrotal,
• Leve edema sem lesão evidente (inflamação),
• Pontos de endurecimento da derme,
• Eritema,
• Formação de bolhas ,
• Necrose.
(LAPA, et al, 2004)
SINAIS E SINTOMAS: específicos do escroto
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ATENÇÃO À DOR
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• Ocorre uma infecção necrotizante do períneo, vulva e virilha, secundária aabscesso das glândulas de Bartolin, episiotomia, endometrites por aborto,histerectomia ou bloqueios cervicais.
FOURNIER EM MULHERES
(LAPA, et al, 2004)
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COMPLICAÇÕES
Infecção em outros órgãos
Falência múltipla de
órgãos
SepticemiaAmputações
Óbito
(AZEVEDO, et al, 2016) 18
Diabetes mellitus
Alcoolismo Tabagismo Hipertensão
arterial sistêmica
Obesidade Baixa
imunidade Idade
FATORES DE RISCO
(AZEVEDO, et al, 2016) 19
(AZOLAS, 2011; BATISTA, et al, 2010)
Representação gráfica dos fatores de risco para a Gangrena de Fournier
20
DIAGNÓSTICO
• História clínica completa: incluindo fatores predisponentes, tais como ascondições de imunossupressão, sintomatologia colorretal;
• Exame físico: identificando as manifestações clínicas;
• E exames complementares (hemograma completo, HGT, creatinina, RX, TC).
(LAPA, et al, 2004) 21
TRATAMENTO
1. Controle hemodinâmico e metabólico,
2. Antibioticoterapia de amplo espectro,
3. Desbridamento cirúrgico,
4. Suporte nutricional, psicológico e social,
5. Curativos diários,
6. Avaliação constante do local lesionado,
7. Avaliar a necessidade da realização de citostomia, colostomia, e sondagemvesical e em casos mais graves, a orquiectomia ou a penectomia.
(LAPA, et al, 2004)
Equipe multidisciplinar
22
• Para o tratamento tópico as gazes não aderentes e os ácidos graxosessenciais (AGE) podem ser bastante eficazes.
TRATAMENTO
(LAPA, et al, 2004)
23
TRATAMENTO
Opção terapêutica recomendada:
• Oxigenoterapia hiperbárica
• Curativo a vácuo
(LAPA, et al, 2004) 24
Mas, como prevenir a Fournier?
• Prevenindo-se dos fatores de risco,• Manutenção dos bons hábitos higiênicos,• Evitar exposição a eventos traumáticos,• Inspeção rotineira da região íntima e áreas adjacentes,• Valorizar as queixas e procurar ajuda médica.
(LAPA, et al, 2004) 25
Caso Clínico
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J. B. S.
62 anos
Sexo masculino
Pardo
Casado
Agricultor
Portador de diabetes mellitus tipo II
Identificação do paciente
(HOFFMANN, IGLESIAS, ROTHBARTH, 2009) 27
Iniciou com quadro de dor perianal com evolução de sete dias ondecomeçou a apresentar um abaulamento com hiperemia e edema comqueda do estado geral. No momento da internação apresentava-selúcido, hipocorado e eupnéico, febril, prostrado ehemodinamicamente estável.
História Clínica
(HOFFMANN, IGLESIAS, ROTHBARTH, 2009) 28
Ao exame físico nota-se área de necrose, com secreção purulenta, edema e eritemajá atingindo escroto, região perianal e perineal. Ao exame laboratorial apresentou38.000 leucócitos e 58% de bastões. No primeiro dia foi realizado desbridamentocirúrgico extenso do tecido necrótico e enviado para cultura, realizou-se colostomiaem alça para desvio de trânsito intestinal, iniciado sulbactam sódico 3g/dia eampicilina sódica 6g/dia associado a metronidazol 500mg/dia durante 25 dias,sendo interrompido por melhora clínica e laboratorial.
História Clínica Atual
(HOFFMANN, IGLESIAS, ROTHBARTH, 2009) 29
A cultura da secreção mostrou crescimento de Pseudomonas Aeruginosa. Foiusada insulina regular subcutânea no início da internação para controle dodiabetes, a qual foi substituída por hipoglicemiantes orais até a altahospitalar. Concomitantemente, foram feitos curativos com soro fisiológico edersani, com desbridamento quando necessário. No vigésimo quarto dia deinternação foi submetido à enxertia de pele parcial obtida das coxas alta apóso trigésimo oitavo dia de internação. O paciente encontra-se em excelenteestado clínico, em acompanhamento ambulatorial.
História Clínica Atual
(HOFFMANN, IGLESIAS, ROTHBARTH, 2009) 30
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Processo de
Enfermagem
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DIAGNÓSTICO
• Dor relacionada a agentes lesivos
(biológicos e psicológicos)
PLANEJAMENTO PRESCRIÇÃO
Processo de enfermagem
Promover o alívioda dor
• Ministrar analgésicosprescritos nos horáriosaprazados;
• Incentivar e orientar arespiração diafragmática;
• Orientar ao repouso;• Promover ambiente
confortável e silencioso,reduzindo as fontes deestresse ambiental.
(SMELTZER, et al, 2012) 33
DIAGNÓSTICO
• Integridade tissular prejudicada relacionado à circulação alterada
PLANEJAMENTO PRESCRIÇÃO
Processo de enfermagem
Restabelecimentoda integridade dapele
• Realizar curativos diários;• Promover suporte
nutricional adequado;• Manter o paciente
hidratado.
(SMELTZER, et al, 2012) 34
DIAGNÓSTICO
• Distúrbio da imagemcorporal relacionadacom a alteração naaparência
PLANEJAMENTO PRESCRIÇÃO
Processo de enfermagem
Promoção daestabilidadepsíquico emocional
• Suporte junto aequipe de Psicologia;
• Oferecer apoio aopaciente e familiares;
• Ouvi-lo com atenção;• Respeitar suas
crenças e medos.
(SMELTZER, et al, 2012) 35
DIAGNÓSTICO
• Disfunção sexualrelacionada à estruturacorporal da funçãoalterada
PLANEJAMENTO PRESCRIÇÃO
Processo de enfermagem
Promoção daestabilidade sexual
• Orientar quanto asopções alternativaspara a satisfaçãosexual;
• Suporte junto aequipe de Psicologia;
• Oferecer apoio aopaciente e familiares;
• Ouvi-lo com atenção;• Respeitar suas crenças
e medos.
(SMELTZER, et al, 2012) 36
Como vimos, a Fournier se caracteriza em ser uma doença por vezesmutiladora, capaz de acarretar problemas na autoimagem dos indivíduos,resultando em sentimento de perda, medo e insegurança, então, é desuma importância que a equipe de enfermagem, por se encontrar maispróxima ao paciente e familiares, esteja aberta ao diálogo, a fim deesclarecer suas dúvidas dando-lhe um suporte necessário.
CONSIDERAÇÕES
No entanto, é imprescindível a atuação de uma equipe multidisciplinar,variando de acordo com as necessidades, as possibilidades e as condiçõesdo ambiente de trabalho. Portanto, difundir a importância do trabalho emequipe é propiciar o acesso as várias condutas de tratamento e é tambémum grande desafio.
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• AZEVEDO, C. C. S. F. Síndrome de Fournier: um artigo de revisão. Revista eletrônica do UNIVAG. ISSN 1980-7341. n.15. 2016. Disponível
em: <http://www.periodicos.univag.com.br/index.php/CONNECTIONLINE/article/download/347/576>. Acesso em 20/01/2018.
• AZOLAS M, Rodrigo. Factores de riesgo para mortalidad en gangrena de Fournier. Rev Chil Cir, Santiago, v. 63, n. 3, jun. 2011. Disponível
em: <http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718- 40262011000300006&lng=es&nrm=iso>. Acceso em 20/01/2018.
• BATISTA, Rodrigo Rocha et al . Síndrome de Fournier secundária a adenocarcinoma de próstata avançado: relato de caso. Rev bras.
colo-proctol., Rio de Janeiro , v. 30, n. 2, June 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
98802010000200016&lng=en&nrm=isso>. Acesso em 20/01/2018.
• CARDOSO, J. B.; FÉRES, Gangrena de Fournier; Revista da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, 40 (4), 493-9, out./dez. 2007.
Disponível em <http://revista.fmrp.usp.br/2007/vol40n4/1_gangrena%20de%20fournier.pdf.> Acesso em 20/01/2018.
• HOFFMANN, A. L. IGLESIAS, L. F. ROTHBARTH, W. W. Síndrome de Fournier: relato de caso. Arquivos Catarinenses de Medicina -Volume 38 - Suplemento 01-2009. Disponível em: <http://www.acm.org.br/revista/pdf/artigos/666.pdf>. Acesso em 21/01/2018.
• LAPA, C. R. F. et al. Síndrome de Fournier: cuidados de enfermagem. João Pessoa – PB, 2004.
• SMELTZER, S. C. et.al. Brunner &Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico cirúrgica. 12ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
REFERÊNCIAS
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Cuidado de Enfermagem
ao Cliente com Síndrome
de Fournier
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