6
Em especial a
minha filha Thaís,
a primeira personagem Filó e a Suzel que
acabou com vários carros que teve ao levar e
trazer nossos cenários.
13
Metade do elenco reunido no camarim depois da apresentação.
Personagens da peça: No país dos Prequetés.
27
Dani caipira para festa do Grupo Vital.
Lívia e Tamires vestidas de caipira na festa do Grupo Vital.
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SINOPSE
Um bairro na periferia onde a fofoca
corre solta...
Filó, moradora mais antiga, fala mal
de todos no bairro.
Ela só não fala de sua filha
Dominique, que vive cabulando aula e
saindo com todos os rapazes do
vilarejo.
Salú, marido de Filó, passa o dia no
bar do seu Miguel, tomando todas as
cachaças e contando causos
duvidosos, imaginados em um tempo
que vivia na roça.
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PERSONAGENS
FILOMENA (FILÓ) – Fofoqueira do bairro, mãe
de Dominique;
SALUSTRIANO (SALÚ) – Pinguço, marido da
Filó, pai de Dominique;
DOMINIQUE – Namoradeira filha de Filó e
Salú;
ALESSANDRA (XANDRINHA) – Esnobe filha
de Mirtes e Euclides, irmã de Super;
PIERRE (SUPER) – Esnobe filho de Mirtes e
Euclides, irmão de Xandrinha;
MIRTES – Esnobe falida filha de Henriqueta,
mulher de Euclides, mãe de Xandrinha e Super;
EURIDES – Mulher simples esposa de Walmor e
mãe de Dorival;
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WALMOR – Namorador safado marido de
Eurides, pai de Dorival;
SEU MIGUEL – Amigo dos cachaceiros só recebe
calote em seu bar;
HENRIQUETA – Fofoqueira amiga de Filó é mãe
de Mirtes, avó de Xandrinha e Super;
PÉRIS – Garoto engraxate, amigo de Dorival e
Dominique;
EUCLIDES – Homem falido e cachaceiro marido
de Mirtes, pai de Xandrinha e Super;
DORIVAL – Apaixonado por Dominique filho de
Walmor e Eurides;
GABRIEL – bêbado louco ama de paixão Filomena.
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Gabriel vem com uma garrafa de bebida na
mão, xinga algo e vai até o muro de filó, que quando
o vê se benze e entra. Ele é apaixonado por ela,
ninguém se importa porque sabem que Gabriel não
bate bem das idéias, até Salú marido de filó, brinca
com Gabriel, ele fala que o dia que filó aceita-lo,
Gabriel poderá levá-la de mão beijada. Filó vive
xingando Gabriel de figura do demo, mas ao mesmo
tempo fica envaidecido de um rapaz tão bonito ser
apaixonado por ela. Gabriel olha para o muro...
Suspira profundo e conversa com o público.
Gabriel - Espelho, espelho meu... Já viu um
amor mais lindo que o meu? Filomena Escatamata
Salustriano, eis seu nome... Não existe outro nome
mais lindo que esse. Um dia ela vai perceber que seu
verdadeiro amor... Sou eu, e viveremos para sempre
em um lindo castelo que construirei para ser nosso
ninho de amor... Filó... Filó meu amor saia no muro
para que eu possa ver seus lindos bobes e seu olhar
penetrante.
Ele começa a gritar até que filó aponta no muro,
ele se ajoelha, ela o olha com desdém.
Filó - Já dissi que num queru nem ocê e nem
aqueli trumbada no meu purtão, vá de reta satanás.
Ocê pensa qui num vi qui ocê, aquele trumbada do
Péris e agora inté us vagabundu desse tar grupu Vitar,
pincharu meu muru é seu fio di uma rapariga? Somi
36
daqui pesti!
Gabriel - Meu amor, agora que te vi já me
vou, o mundo pode até acabar.
Filó - Vai acabá pra tu, quandu eu rumá esse
pau na sua cabeça sai daqui seu doido... Ai meu pai,
quantu mais eu rezu, mais u cão aparece.
Gabriel sai jogando beijinhos para Filó que vira o
rosto para o outro lado, Carmelita moça simples e
educada está passando na rua. Filó a fofoqueira do
bairro que está como sempre no muro cuidando da
vida alheia, comenta.
Filó - Ara... Mais sará u biniditu? Lá vai a
Carmilita di novu, apostu qui já vai xibiuzá.
Chega o marido de Filó, seu Salustriano e ela
apressam-se em fofocar.
Filó - Corri Salú, vem vê a disavergunhada
sainu di novu.
Salú - O Filó... U fijão num tá queimanu não?
Mule pari di cuidá da vida alhea, cadê sua fia?
Filó - Duminiqui? Ara mais que preguntinha
mais besta sor, instudanu cuma sempri, minha fia é
intiligente, num vai se comu ocê seu salú, modi quê...
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Filó para de falar de repente quando nota
Dominique chegando, ela vem rebolando toda
faceira até notar a presença do pai e da mãe no
portão muda da água para o vinho e caminha como
uma mocinha de família.
Filó - Ai vem ela... Parece uma dutora...oi fia
tudo bem? Instudou dereito?
Dominique - Claro mãe, como sempre... Oi
pai...
Salú - Cuma sempri né fia?
Filó - Qui é salú? Tu bebes suas cachaças e
adispois fica priturbando ela é? Entra fia, Vá janta qui
ocê deve di ta muito cansada.
Salú ri e fala em tom irônico:
Salú - É fia ocê devi di ta muito cansada, e ocê
mule, sai du muru que já etá inté gastu, sua línga é qui
diviia di gastá.
Filó - Salú... vái vê si to drumindu vái...ara qui
sacu.
Salú entra resmungando, Filó avista dona Eurides.
Filó- Oi dona óridis, cumá vai seu fio,
instudanu? Bão moçu eli.
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Eurides - O Dorival já chegou da escola, acho
que está no bar do seu Miguel com o pai... E sua
família, todos bem?
Filó - Bem cuma sempri, quer dize...tiranu a
cachaça du veio. Duminiqui vai passá di Anu, minha
fia só tira deiz...deiz pruque é u máximu, senão tirava
muitu maizes.
Eurides - Claro dona Filomena claro, bem
tenho que ir, da licença lembranças a todos até mais
ver...
Filó - Inté... Mande lembrança a sua famía
tumbém, boa vizinha, boa mãe... Boa dona di casa...
Eurides se afasta e filó muda, começa a falar
sozinha.
Filó - Tenho inté pena dessa ai, esse fio dela
num vali nada, pioro u maridu, num Podem ve um
rabo di saia qui onhão, si eu num fossi uma mule di
respeitu, essi tar di Seu Warmo já ia quere ibilzá cum
eu, pensa qui num notu u oiar di pexe mortu deli preu
é? Oceis num sabe é di nada...
Dorival se aproxima do muro e cumprimenta
Filomena.
Dorival - E ai dona Filomena tudo bem, a
Dominique está?
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Filó - Oi Dorival ela está sim, Dominique o
Dorival está te chamando... Sua mãe cabo di passá
cumas compra... qui será qui ela tanto comprô nhem?
Tava inda gorinha memo pensando em ocê, como ocê
é inducado, bom filho, estudioso.
Dorival - Obrigada dona Filomena.
Filó. Qui nada bão moçu...é di coração.
Chega Dominique toda faceira.
Dominique - Oi Dodô, tudo jóia? Mãe o pai
está te chamando.
Filó que estava curiosa para saber o que Dorival
queria com Dominique, bate as Mãos no muro e
resmunga.
Filó - Ora mais justo agora aquele velho me
chama? Licença Dorival, vou ver o que o Velho quer.
Ela finge que vai, mas Dorival a percebe ouvindo
atrás do muro.
Dorival - Toda dona Filomena, ....pode ir.
Filó - Eu já ia... É qui u bobi inroscô aqui nu
muru...
Resmunga baixinho (f.d.p...). Assim que
Dorival percebe que Filó se afastou fala com
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Dominique.
Dorival - Mais uma vez a senhorita cabulou
aula né? Hoje teve prova sabia?
Dominique- Eee Dodô... Fala baixo que a
minha mãe Pode estar ouvindo, você Até parece meu
pai falando, tive um encontro Com o super, que não é
tão super assim... Mas valeu.
Dominique sabe que Dorival sente uma forte
atração por ela e vive o provocando passa a mão em
seu peito ele tira.
Dorival - pare com isso Dominique, o seu
Super pode ver, só falo isso porque tenho Pena do seu
pai e até da bruxa da sua mãe, sair por ai pra se
divertir tudo bem, mas tem que ser na hora da
escola?
Chega o garoto Péris, feliz com sua caixa de
engraxate cantarolando sua musica predileta de
Caetano Veloso.
Péris - “Caminhando contra o vento, sem lenço e
sem documento eu voooou”... Oi Domi, oi Dori que
milagre a bruxa não está ai... Viu até rimou.
Eles caem na risada sem notar que Filó já se
encontrava no muro. Péris é o primeiro a perceber,
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ele para de rir e muda rapidamente de assunto.
Péris - É... Vocês viram o Euclides por ai? E o
meu celular? Acho que perdi ele...
Filó - Cilularis... Só si robo da pratéia...pessuar
du pubricu.. Óia si esse ai num robo suas cartera. Ja
dissi qui num queru trumbadinha nu meu purtão,
circulanu vamu, circulanu....
Se existe alguém que tira Péris do sério, esse
alguém é filó, ele sai gritando e xingando deixando
filó uma fera.
Péris - Trombadinha é a senhora, aliás,
trombada fatal se trombar em alguém esmaga com
toda essa banha, gorda bruxa linguaruda boi zebu.
Péris se retira, Dorival e Dominique riem
escondidos de Filó.
Filó - Mais qui pesti ainda tei arrebentu, seu
osado, lutrido, sem termu.
Dominique - Mãe quero só ver o dia que a
senhora vai parar de implicar com o Péris, ele não é
trombadinha, fica na rua direto mais é trabalhando
mãe, vive engraxando sapatos fazendo carretos, todos
gostam dele, só a senhora que não.
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Filó - Qui nada fia é trumbada memo, ocê qui é
boa dimais e não precebe as coisa.
De repente parece que filó até esqueceu e toda
curiosa ela pergunta para Dominique.
Filó- Ocê i u Dorivar já cunversaru?
Dominique acotovela e pisca para Dorival.
Dominique - Já... Já sim mãe... Ele só queria
que eu explicasse uma matéria que vai cair na prova
não é mesmo Dodô?
Dorival fica triste e com raiva de Dominique ao
mesmo tempo, porém gosta dela e concorda.
Dorival - É foi isso... Bem está ficando tarde
obrigado por me explicar a matéria tchau, passar bem
dona Filomena.
Filó - Inté, bão moçu inducadu instudiosu...bão
amigu di minha fia...é di coração viu?
Dorival já está saindo quando Salú aparece no
portão e o chama.
Salú - Dorivar ondi tá seu pai?
Dorival - Oi seu Salú... Acho que no bar do
seu Miguel quando vim para cá ele estava lá ainda...
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Tchau seu Salú.
Salú - Inté vo inté lá proziá cum meu amigu...
Filó - Amigu du copu né veio...já vai di novu
tuma cachaça?
Salú - Mió qui fala mar da vida alhea, sua
língua é qui divia di gasta, cuma u muru já gasto.
Filó - Vai veio pinguçou!
Salú - Vai véia lingaruda!
Salú vai para o bar, Dorival vai embora.
Dominique vai entrando e Filó a acompanha
reclamando.
Filó - Mais mudanu di assuntu fia, num achu
certu ocê si mata di instuda pra fica ajudanu o
vagabundu du Dorivar, ocê é boa dimais entra fia, em
discansá...
Salú chega ao bar ele cumprimenta todos e
vai conversar com Walmor, seu melhor amigo.
Walmor - Que cara é essa seu Salú, brigando
com a mulher novamente.
Salú - Aquilo lá num é mule, aquilo é um
jornar véiu...mais dexa a bruxa di ladu qui eu queru
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mesmo é terminá di conta aqueli casu pru sinhô...
Walmor - É mesmo seu Salú, o senhor não
terminou de contar sobre as fazendas...
Salú - Cumu eu ia dizenu, eu tinha umas trinta
fazenda... Trinta não... achu qui umas cinqüenta
fazenda, cada uma tinha umas dez mir...não...achu qui
oitenta mir cabeça di Gadu. Rapaiz deu uma duença...
achu qui essa tar da vaca doida, e essa tar di febre
disfeitosa...num sobro nenhumazinha siqué pra cunta
a históra.
Walmor tem uma crise de tosse de tanto rir
Filó não perde tempo.
Filó - Vai cumprá charopi tuberculoso, invéis
de cachaça.
Walmor - Foi mesmo seu Salú? E as fazendas?
Salú - Bão ocê mi cunheci...apariceu lá um
pessoal sem terra e dei tudu prus Miserávi aí intão
vim mora aqui. Tem qui ve Warmo, as criança todas
cum fomi, uns mir quilu di lumbriga nas barriga, us
véiu i as véia tudu sem denti qui dó... Não Warmo,
ficu cum pena e já vo logu danu inté a ropa du corpu,
a Filó não, se dé pra inganá us Miserávis i tirar us
trapinho delis, ela tira, eu não tenhu curage.
Walmor - Bonito seu gesto seu Salú, vamos
sentar que pago seu drinque.
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Salú não entende o que é drinque e acompanhando
o amigo até a mesa fala intrigado.
Salú - Num carece di paga essi tar
nigóço...basta paga minha cachaça qui tá bão Dimais,
queru mesmo é contá otru casu pra ocê...dus mir carru
qui eu tinha...mir não, Achu qui sete mir. Era bug,
poche, eu guiava qui nem o chumaqui.
Filó - Qui carru u quê véiu mintiroso, ocê na
roça andava era na cacunda dum jegui.
A conversa continua animadíssima na mesa do
bar, chega Euclides, terno impecável Jornais na
mão, homem de tradicional família, porém falido,
mora no bairro há pouco tempo, marido de Mirtes e
pai de Pierre (Super) e Alessandra (Xandrinha) Ele
já deve uma fortuna a seu Miguel que o cobra em
vão.
Euclides - Olá pessoal, viram o Péris?
Seu Miguel responde com tom irônico.
Miguel - Passou quase agora procurando vossa
majestade para engraxar vossos sapatos.
Euclides - Foi seu Miguel? Daqui a pouco ele
deve voltar... Obrigado e, por favor, a de sempre.
Ele vai se sentar e ler seu jornal, seu Miguel
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finge não entender o que ele quer e leva um rolo que
é sua conta, desenrola em sua frente, Euclides pega
e sem graça também finge não entender.
Euclides - O senhor não entendeu, eu pedi a de
sempre.
Miguel - Entendi sim senhor... A de sempre é
essa sua conta que eu sempre trago e o senhor sempre
não me paga.
Euclides assume um ar de preocupação abre
o jornal e fala.
Euclides - É a crise de nosso país seu Miguel...
Veja aqui no jornal, fome, desemprego, violência,
seqüestro, corrupção, miséria e mais miséria e etc.,
etc., etc., prometo que assim que reaver minha
fortuna, aquela que o presidente confiscou, pago o
dobro para o senhor, enquanto isso me sirva um
drinque que essa conversa toda me deixou revoltado
com nossos governantes.
Chega Péris cantarolando para tirá-lo daquele
embaraço.
Péris - “Eu tomo uma coca cola, ela pensa em
casamento, uma canção me consola eu voooou”... Oi
Euclides, onde se meteu te procurei no bairro inteiro?
Euclides - Estava por ai vendo como farei para
reaver meus bens, é a esposa no meu pé meus filhos e
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agora até o seu Miguel, a Xandrinha e o Super vivem
dizendo “Papai queremos dinheiro para ir ao clube” a
Mirtes diz “Querido preciso ir ao cabeleireiro” minha
sogra gasta um absurdo com médicos, minha vida está
de ponta cabeça... Mas engraxe meus sapatos Péris
está um horror.
Péris - É isso ai Euclides, o importante é não
desanimar... Mudando de assunto, você acredita que a
dona Filomena me xingou de trombadinha
novamente? Um dia ainda a faço engolir essa escova
aqui, ou melhor, a caixa de engraxate.
Euclides - E você deve ter xingado ela de
todos os nomes feios que está acostumado a xingá-la
não foi Péris? ...deixa garoto o dia que ela perceber a
filha que tem, não terá tempo de falar dos outros.
Péris - Nisso você tem razão, gosto demais da
Dominique só que ela anda dando umas mancadas
violentas, o Dorival disse que ela cabulou aula essa
semana quase toda e teve provas importantes.
Chegam à Praça Alessandra (Xandrinha) e
Pierre (super) sentam em um Banco e olham em
volta com desdém.
Alessandra - Ai super, não suporto mais o
tédio desse lugarzinho, sempre as mesmas caras...
Não sei que idéia foi essa da mamãe e do papai de
vender nossa mansão nos Jardins para morar-mos
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nesse vilarejo.
Pierre - Que ninguém nos ouça Xandrinha
querida, é que nós falimos... E demais até que gosto
daqui eles me olham com inveja. Veja lá aquele
pobretão do Péris, vive me admirando, e tem também
a gostosona da Dominique.
Alessandra fica furiosa, ela não suporta nem ouvir
o nome de Dominique.
Alessandra - Não sei o que você vê naquela
leviana, vive saindo com todos os garotos, só você e a
mãe dela não percebem, ou melhor, fingem.
Pierre - Já vai começar Xandrinha? Fala isso
porque o Dorival nosso priminho pobre gosta dela,
mas é claro que ela prefere eu o Super.
Ele fala e sai rindo Alessandra vai atrás.
Alessandra - Volta aqui seu... Super chifrudo,
e o que tenho com o lixo do Dorival? Volta aqui que
eu vou contar tudo para a mamãe.
Chega dona Henriqueta e Mirtes, elas vão em
direção do bar, Henriqueta toda tremula com sua
bengala anda com dificuldade segurando no braço
da elegante, Mirtes avista Walmor vai ao seu
encontro, quando elas se aproximam, Salú que não
as suporta se despede de Walmor e vai para o
balcão, fica conversando com Péris e Euclides.
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Mirtes- Como vai Walmor, viu o Pierre e a
Alessandra por ai? Eu fui levar a mamãe no médico e
quando cheguei não encontrei ninguém em casa.
Walmor - Estavam na praça agorinha mesmo...
Saíram que nem percebi, e a senhora Dona Henriqueta
está bem?
Henriqueta - Que nada meu filho... Dói tudo,
acho que chegou a minha hora...
Mirtes - Mamãe desde que me entendo por
gente, que ouço à senhora dizer isso, Walmor os
médicos disseram que ela está melhor que nós.
Henriqueta - Disseram isso para não te assustar
minha filha, sinto que não viverei muito.
Mirtes olha para Walmor e pisca balançando a
cabeça, nesse momento Henriqueta vê Filó no muro
e muda rapidamente ela que está trêmula e curvada
fica ereta e a tremedeira desaparece como que por
milagre.
Henriqueta - Olha lá! A minha amiga Filó!
vou conversar com ela saber e contar as novidades,
até qualquer hora para todos.
Ela vai saindo toda apressada quando passa por
Salú que vira as costas ignorando-a, ela faz o que
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adora... Provoca ele.
Henriqueta - Ai né velho, tomando suas
cachaças, um dia você cai duro e deixa minha amiga
Filó livre de suas bebedeiras.
Salú encosta o rosto no dela e fala calmamente.
Salú - É veia... Uns toma cachaça... otros sai
pra módi xibilzá, otros cuma ocê, toma reméido sem
carecê...i anssim vai...
Mirtes vem na defesa da mãe.
Mirtes - Viu mamãe? Fica dando liberdade
para essa gentinha... Seu Salú faz o favor de respeitar
minha mamãe.
Salú fica furioso bate a mão no balcão assustando
as duas.
Salú - Intão oce fala pra essa veia lingaruda, qui vivi finginu qui vai morre, qui vevi nu muru cum
a Filó falanu mar du povu, pra num mi enche u sacu,
seu Miguer, toca aquela musga qui fala di toda as
duença qui essa veia fingi qui tem!
Miguel toca a musica PULSO (do grupo musical
Titãs) todo o elenco dança em volta de Henriqueta,
ela passa a mão nas pessoas e como se tivesse uma
doença contagiosa vão caindo um por um, por
ultimo Henriqueta desmaia em cima de todos.
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Walmor chega e desliga o som
Walmor - Parem de imitar a dona Henriqueta
pessoal, afinal somos todos amigos.
Henriqueta - Amigos! Só se for do cão.
Ela nota filó no muro e sai gritando.
Henriqueta - Amiga... Espere tenho um monte
de fofo... Quer dizer um monte de novidades para te
contar.
Mirtes - Notou Walmor como ela sara
rapidinho? Bom já vou... Não entendo como um
homem com sua classe, fica num barzinho desses com
esse tipo de gente, você e meu marido, aliás, aquele
parece que nasceu aqui, agora está ali conversando
com o engraxate e fingindo que nem me viu...até logo.
Mirtes passa pela mesa onde Euclides
conversa animadamente com os amigos, quando ele
a vê coloca o jornal no rosto disfarçando.
Mirtes - Será que o senhor poderia ir para a
casa comigo? Temos que conversar.
Euclides se despede dos amigos eles saem
discutindo Miguel revoltado.
Miguel - Barzinho é... Deixa pra lá, qualquer
dia dou uma resposta que essa metida vai ficar com os
52
cabelos em pé, os filhos falam mal a mãe também, a
Xandrinha vive falando que vai chamar a vigilância
sanitária, o Super também... Aliás, porque deram esse
apelido para ele mesmo?
Péris - Então o senhor já se esqueceu? ...desde
que eles vieram morar aqui, tudo do Pierre era
melhor, as roupas, os tênis, os cabelos, o colégio,
menti descaradamente... Um dia estávamos reunidos
na praça e ele estava fazendo o que mais gosta que é
contar vantagens, foi quando o Dorival falou...é...você
é mesmo um Super... Seu Miguel ele estufou o peito,
como se aquilo fosse um elogio. De lá pra cá todos
chamam ele assim... Se ele não fosse filho do
Euclides eu já teria dado uns safanões nele... Pessoal,
deixa eu ir tenho um monte de carreto para fazer falou
ai.
Henriqueta e filó ainda estão no muro.
Henriqueta - Filó olha quem vem vindo, a sem
vergonha da carmelita.
Carmelita - Dona Henriqueta tudo bem? Dona
filó como tem passado?
Filó - Oi querida... Tudo bom, você não morre
mais, estava ainda agorinha mesmo falando com a
Henriqueta né Henriqueta... A carmelita é uma
mucinha tão curta, Inducaaada
Henriqueta - Isso mesmo querida, e também
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estávamos comentando que você anda trabalhando
muito ultimamente... Pobrezinha.
Carmelita - Não é trabalho não senhoras.
Elas ficam espantadas e curiosas, as duas
perguntam ao mesmo tempo.
Filó e Henriqueta – Naaaaaaaaaão????
Carmelita - Não... É que a empresa que
trabalho está pagando uns cursos de aperfeiçoamento
para mim, por isso que mal paro em casa... É pena que
não posso ficar mais tempo conversando com vocês,
mais agradeço a preocupação, obrigado e até qualquer
dia.
Filó - Inté moça instudiosa, curta, inducada,
ei... Achu inté qui ocê ainda é dunzela, é di curação
viu?
Elas ficam acenando até carmelita virar a esquina.
Filó - Ela já foi? No meu tempo não carecia
fazer esses tar cursos, para ir xibilzá... E no seu
Henriqueta? Há há há gustô dessa riqueta?
Elas caem na risada e nem percebem que Salú
chegou a tempo de ouvir suas ultimas palavras.
Salú - Mais qui coisa mais feia sor, duas véia
falanu mar du povu, cuide di suas vida, xiii Filó sua
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línga dirreteu....véia riqueta a sinhora tá
inspumanu...corri pru doto corri.
Salú entra rindo deixando as duas
preocupadas.
Henriqueta - Viu Filó? Não disse que estou
muito doente.
Filó - Qui nada riqueta, issi é cunversa fiada du
véiu.
Henriqueta - Já vou amiga antes que morra na
rua sozinha.
Dorival vem ao seu encontro preocupado.
Dorival - Vovó estou te procurando faz o
maior tempo!
Henriqueta pega em seu braço.
Henriqueta - Ai... Ai... Seu Salú disse que
estou muito pálida, tremula gelada, disse também para
procurar um médico, até ele se preocupou comigo? É
porque chegou a minha hora ai...
Dorival - É vovó chegou a hora de a senhora
descansar um pouco, vamos que deixo a senhora na
casa da tia Mirtes, tenho que estudar, essa semana
inteira é de prova.
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Péris chega à praça cantarolando.
Péris - “Ela não sabe até pensei, em cantar na
televisão sol é tão bonito eu vou”...
Nessa ultima frase, Alessandra vem do outro lado
olhando para trás e Péris distraído tromba com nela,
ela grita louca da vida.
Alessandra - Você vai é para o hospital seu
trombada quando o super souber que me trombou...
Deixe-me ver se não roubou nada... Não é assim que
os trombadinhas fazem? Fingem que esbarram sem
querer e roubam tudo?
Ela olha os anéis, o relógio e quando vai aos
brincos, Péris a agarra bem forte pela cintura. Ela o
empurra tentando se soltar ele segura mais forte e
sorri.
Péris - Sabe qual é seu problema Xandrinha?
Falta de xibiuzár, quer que eu resolva isso pra você?
Ele beija seu rosto, ela consegue se soltar, limpa o
local do beijo com nojo arruma os cabelos a roupa e
grita indo embora.
Alessandra - Seu nojento, você vai ver, vou
contar tudo para o super.
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Péris- Vá... Vá correndo contar para aquele...
Super bestão.
Quando ele vira as costas, Filó que assistia tudo do
muro fala.
Filó- Essa eu vi, ninguém mi cunto, quer dizê
qui alem di trumbada, u sinhô tumbém viro
instuprado... Ara mais é agora memu qui vo chama a
puliça.
Ela ia descendo do muro quando Péris a chama.
Péris- O cão das trevas, esse banquinho que
você usa para subir no muro e cuidar da vida alheia
ainda não quebrou com seu peso hein gorducha? Vê
se vai fazer banho de assento e me deixa figura do
demo.
Ele sai rindo, pois Filó ficou super irritada.
Filó - Bem feitu qui é mindigo, tumara qui seja
atrupiladu na linha du trem pelu mitrô, ti amu muito
viu? É di curação osadu... Mar inducadu. Trumbad...
Filó não termina a frase, despenca do muro.
Filó- Ai sor ui, apostu qui foi praga daqueli
marvadu...epa arguém serro u pé di meu banquinhu?
Só podi te sidu aqueli véiu pinguçu...a mais ele num
perde por inspera...cão sem arma .
57
Salú sai correndo de casa com um serrote na mão.
Salú- Ai seu Miguer, será qui a véia tá cum
raiva di eu?
Miguel- Imagine... Claro Salú, se eu fosse você
não durmiria nos próximos 1000 anos, a véia vai se
vingar.
Salú - Vo lá im casa toma um café i apruveitu i
veju comu qui a véia tá, iscondi essi serroti seu
Miguer.
Salú entra em casa. Passam na Rua Euclides
e Walmor, eles vão para o bar, de repente Walmor
para em frente à casa de Filó e comenta.
Walmor- Milagre Euclides, a velha Filó não
está no muro observando a hora que vamos para o bar,
será que adoeceu, ou a língua travou?
Euclides- Sei lá... Vamos logo antes que ela
apareça depois ela conta para a Henriqueta, que corre
contar para a Mirtes que fui para o bar ai sobra para
mim.
Salú volta eufórico ao bar.
Salú- Pessuar, oceis num vão acriditá fui lá im
casa enchi um copu di café i quando tava tumanu ovi
uns gemidu, fui oiá nu buracu da fechadura do meu
quartu i vi a véia gemenu... Assim, ai, ai, sor, ui, ui...
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Ela tava fazendu um curativu nu jueiu qui tá cum uma
fratura isposta desse tamanhu, há, há, há...nunca mi
diverti tantu. I pra cumemora, uiii, Avi Maria sor, ta
mi danu uma dor na barriga... Devi di se farta di
cachaça. Seu Miguer, Uma rodada pra todus... Mais
uma.
Eles estão comemorando quando Filó sai no
portão com o banquinho quebrado na mão, o joelho
com curativos. Todos riem muito. Salú se aproxima
debochando de Filó.
Salú - Ocê si machuco benhe?
Filó- Não véiu, issu aqui é uma visão di zótica!
Salú- A mais qui pena que ocê só machuco u
jueio véia, era pra na hora du tombu Ocê inrosca a
línga nu muru i perde uns mir metru dela... Eu disse
mir? Não... Era pra Ocê perde uns cinco mir metru
dela.
Filó - Aaa intão ocê cunfessa qui serro mesmu
u pé di meu banquinhu?...Num faiz mar Benhê... Ocê
tumô u cafézinhu que preparei cum amor di curação
pra ocê?
Salú- Tumei u buli todu sim, pruquê?
Filó- Pruque já to vingada, butei laxanti nu seu
café... Muiitu laxanti queru ve ocê fica nu ba hoji, vai
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é fica na privada.
Salú leva a mão na barriga sentindo algo, arranca
o banco de filó e joga longe.
Salú- Oia u qui façu cum seu banquinhu, por
issu qui to cum uma cagan...vo nu banheiru, i podi si
prepara que a guerra num acabo.
Filó- Amor, benhe..qué qui eu prepari um
chazinhu cum carinhu? É di curação ó.
Ele entra em casa voando, esbarra em Dominique
que estava saindo, ela olha para Filó e pergunta.
Dominique- Mais mãe que gritaria é essa? O
pai quase me derrubou... O que a senhora andou
aprontando agora hein mãe?
Filó com um olhar de inocente responde.
Filó- Sei não fia achu qui vamu te qui bota u
véiu nu hospitar dus arculiculizados Homônimos.
Dominique- Onde mãe?
Filó repete Dominique que ri a corrige.
Dominique- É alcoólatras anônimos mãe... E posso
saber como à senhora chegou a essa conclusão? E
onde machucou as pernas?
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Filó- Pois é fia... O veiou indoido di veiz, ele
serro u pé di meu banquinhu, adispois dexo cumá si
tivessi interu, subi nele pra oiá a hora qui ocê chega
da inscola né fia... Ocê sabi a mamãe fica priucupada
quandu ocê demora e estabalafaqueime toda i óia u
que acunteceu, cuma si num bastassi, fui prigunta
cum todu carinhu i amoris que ocê Sabi né fia, si foi
eli qui serro...eli tumo di minha mão e jogo aculá,
agora tá inventanu qui invenenei ele só pruque tá cum
caganera, pode um trem dessi fia? Achu Qui a
cachaça tá mexenu cum u juízu d véiu fia, só podi.
Alessandra se aproxima.
Alessandra- Oi Dominique.
Filó não gosta de Alessandra acha que ela não
presta para ter amizade com Dominique.
Filó- Xi fia... Chego a vagabunda du bairru, vo
entrá fia pra módi cunsertá u Banquinhu, i ocê num
demora, num dá osadia pra esse tipo...óia u istilu qui
issu se Vesti...vagabunda, vo entrá fia i num dexa essi
tipu instragá a inducação qui a mamãe ti Deu viu fia?
Num demori.
Filó entra e as duas se olham com raiva.
Alessandra- Os professores estão perguntando
se você abandonou a escola, e se não vai mais, vá
falar com eles e deixe a vaga para quem quer
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realmente estudar.
Dominique quase engole.
Dominique- Porque não se mete com sua vida hein
invejosa?
Filó- Qui falatóro é essi ai fora hen fia?
Dominique- Não é nada não mãe, ela não se
conforma de gostar do Dorival e ele só ter olhos para
mim... Essa frustrada!
Alessandra- Claro não só ele como o bairro todo,
pois na hora da escola todos os garotos somem com
você, que deve dar aulas praticas só deus sabe do que
para eles.
Péris chega cantarolando e para de repente para
saber o que está acontecendo.
Péris - “Sem nome sem telefone no coração do
Brasil”... Mais que diabos está acontecendo aqui?
Chegam também Pierre e Mirtes, que não
acreditam que Alessandra está envolvida naquela
baixaria.
Péris- Família tradicional essa não? Olha como
a tradição da Xandrinha está manifestando nesse
exato momento.
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Pierre avança como louco para cima de Péris.
Pierre- Não se meta com a minha irmã não seu
mendigo esfarrapado
Péris empurra Pierre que quase cai, agarra-o pelo
colarinho.
Péris- Qualquer dia desses esqueço que você é
filho do Euclides e quebro a sua cara seu ...Super
almofadinha.
Filó- Todu mundu indoido aí foi fia?
Mirtes- Já para casa Alessandra, e você
também Pierre, onde já se viu... Até vocês fazendo
barraco como essa gentinha.
Alessandra- Dona Filomena, dona Filomena!
Filó- U qui é qui essa galinha amarela tá
cucurejanu aí fora fia?
Alessandra- Se não acredita em mim vá à
escola e pergunta aos professores quanto tempo essa
ai não vai à escola, e o Dorival vive acobertando ela.
Mirtes- Aquele é outro que não presta,
infelizmente é da família.
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Eurides chega a tempo de ouvir as ultimas
palavras de Mirtes.
Eurides- Pode retirar o que disse do meu filho,
quem não presta é sua filha que vive dando bola pra
ele, ela e a sem vergonha da Dominique, fora você
que pensa que não percebo suas investidas para cima
do meeeu marido o Walmor.
Dorival que estava de longe observando se
aproxima e pega no braço de Eurides.
Dorival- Mamãe vamos embora, se a vovó
chega e vai ser difícil tira-la daqui.
Eurides- Que nada filho, estou cansada de
agüentar os desaforos da Mirtes só aturei até hoje por
causa do seu tio Euclides e da sua vó Henriqueta, mas
tudo tem um limite!
Nesse momento já não da para entender nada,
todo mundo briga com todo mundo a rua está um
barraco só.
Péris- E o barraco tá formado, as línguas estão
engraxadìssimas!
Henriqueta chega correndo curiosa para
ouvir a briga.
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Henriqueta- Uma festança dessas e ninguém
me avisa!
Mirtes- Só me faltava à senhora né mamãe...
Já discuti até com a sua norinha Eurides... Ajude-me a
chamar as crianças e vamos para casa.
Henriqueta- Nem morta, essas crianças já
estão bem crescidinhas, não perco essa festa por nada
desse mundo!
Carmelita que já ficou sabendo o que estava
acontecendo vai falar com Filó
Carmelita- É dona Filomena fiquei sabendo faz
tempo, que a senhora e dona Henriqueta vive
falando mal de mim, agora é sua filha que está na
boca do povo, bem feito!
Filó- Vai sua rampera dus cursu di araqui, santinha
du pau ocu, essas vadia tão tudu é cum inveja di
minha fia, Saluuuuuuu, Saluuuuuuuuuu,venha difende
a honra da sua fia, presti pra arguma coisa véio.
Salú sai no portão arrumando as calças.
Salú- Tô ouvinu tudu atras du muru...si vira
ocê, sempri falu pari di cuida da vida du povu i di
minha cachaça i cuidi di sua fia...viu nu qui deu?
Filó- To vendu nada véiu
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Dominique aproveita a confusão e leva o Super para
sua casa.
Salú- I pur falá nissu cadê a sua fia?
Filó- Minha fia? Minha fia tava inda gorinha
aqui... Ara devi di tá instudanu cumá sempri
véiu...minha fia vai se dutora... dutora!
Péris que ouviu fala para Salú.
Péris- De doutora sua filha vai precisar daqui
uns nove meses seu Salú, aquelas doutoras que fazem
partos, se eu fosse fofoqueiro falaria pra o senhor que
a Dominique e o almofadinha estão lá em sua casa
providenciando um netinho nesse momento. Mas
como detesto fofocas não falarei.
Salú - Netinhu??? Ara mais é agora memu que
vo tumá o instudu dessa minina a tabuada i tudu mais!
Filó conversa animadamente com Henriqueta e
nem percebe Salú entrando feito um foguete em
casa. Não demora muito e uma gritaria da nada sai
da casa de Filó. Péris sai com as calças no joelho e
Salú atrás dele com um facão.
Salú - Vorta aqui seu fiu di um cabruncu, na
minha terra si resorvi isso é na pexera Vorta... Agora
vo catá a instudiosa que só tira déiz.
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Salú entra correndo e Dominique sai voando.
Dominique- Socorro mãezinha o pai tá mesmo
louco socorro...
Filó- Epaaaa a minha fia não pode para véiu
doidu a minha fia não!
Miguel vem discutindo com Euclides com o rolo de
conta desenrolando.
Miguel- Euclides de hoje não passa, você vai
ou não me pagar?
Filó por algum momento até esquece-se dos
problemas, se tratando de filó a vida, alheia é mais
interessante, ela se aproxima de Miguel arranca a
conta da mão dele e fala.
Filó- Esse caloteiro... Ele deve muito seu
Miguer?
Miguel pega a conta novamente e grita no ouvido
de Filó.
Miguel- Por quê? A senhora vai pagar?
Filó dá-lhe uma tapa e coça o ouvido. Todo
mundo ri de Filó e Euclides diz.
Euclides- Bem feito fofoqueira, vá cuidar da sua
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filha, não basta o que já estão falando dela?
Filó- Di minha fia... di seu fio... di sua mule
qui vivi si ingraçanu cum u Warmô, i assim Vai...
Chifrudu.
Salú - Filó ocê num tem jeitu mesmo... Vai lá
manda sua fia cala a boca. Senão do uma surra nela e
otra no oce.
Filó- Ocê pricisa te uns quatu pndurado aí pra
bate neu... É ruim viu véiu bater neu Fiaaa.. Pode saí
vem cum a mamãe.
Walmor- Pare pessoal... Seu Miguel vamos
que estou louco por um drinque, Euclides, Seu Salú
vamos cair fora... Péris engraxe meus sapatos?
Péris- Mais claro amigo... E a senhora dona
Filó... Não quer que eu engraxe sua língua? Está tão
calma hoje há há há!!!
Filó- Vai cão instuprado, ingraxado di araqui
tudo issu cumeço cum essa vadia falanu mar di minha
fia.
Mirtes- Eeepa vadia é sua filha... E quem fala
mal dos outros aqui é a senhora.
Salú que já estava acompanhando os amigos para
o bar, volta irritado.
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Salú- Eeepa, cuncordu i assinu imbaxu...só qui
é ela i a sinhora sua mãe, aquela véia duente di araqui.
Filó fica tão feliz que da um beijo em Salú.
Filó- Eeepa pensa qui meu véiu num mi
difendi? Eita véiu danadu.
Salú fica sem graça e surpreso com a atitude de
Filó.
Salú- Qui assanhamentu é essi filó? Quer que
agora nossu nomi fiqui tumbém na boca du povo é?
Filó- Vai véiu pinguçu!
Salú- Vai véia lingaruda i agora tumbém
assanhada lutrida, era só u qui fartava viu, a véia mi
bejanu na frenti desses fofoqueru!
Gabriel- Filó me beija, beija eu meu amor,
volte amor volta Filomena Escatamata Salustriano.
Filó- Sai daqui seu bichu feiu salúuuuu ele qué
mi instrupaaaa!
Salú - Vai Gabrier. i si ela quisé, podi levá ela
di mão bejada há há há
Gabriel- Um beijo de língua vem Julieta, sou
seu Romeu!
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Salú- Epaaa... beju di linga não.. Eu tenhu
minha véia ocê qui arruma a sua seu doidu ósadu!
Todos falam ao mesmo tempo, é um salvem-se
quem puder, Péris vai para frente do palco.
Péris - Eeeepa... É pessoal o barraco não tem
fim a nossa peça infelizmente sim, até a próxima.
Vamos pessoal vamos engraxar as línguas?
Pirilim Foto da peça santo capão
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Esse primeiro trabalho aproveitei para
homenagear esses atores maravilhosos do Grupo
Vital.
Espero que tenham gostado e não deixem de
ver as outras peças.
Wasty, o aniversario de Dominique, pedaços
de gesso, o canto do silencio, humanos, Pais, filhos e
fases, DR Secão e a grande revelação, o sapato
malhado e os recicláveis desprezados e muitos outros.