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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
ALESSANDRA SILVA DE ASSIS
CARACTERIZAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO DO CAMARÃO REGIONAL-DA-
AMAZÔNIA (Macrobrachium amazonicum, Heller, 1862) NAS FEIRAS DA REGIÃO
METROPOLITANA DE BELÉM PARÁ-BRASIL
BELÉM
2019
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ALESSANDRA SILVA DE ASSIS
CARACTERIZAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO DO CAMARÃO REGIONAL-DA-
AMAZÔNIA (Macrobrachium amazonicum, Heller, 1862) NAS FEIRAS DA REGIÃO
METROPOLITANA DE BELÉM PARÁ-BRASIL
Monografia apresentada a comissão de Trabalho de
Conclusão e Estagio Supervisionado (CTES) do
curso de Engenharia de Pesca da Universidade
Federal Rural da Amazônia (UFRA) como requisito
necessário para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia de Pesca.
Área de concentração: Economia Pesqueira
Orientador: Prof. Dr. Ivan Furtado Junior
BELÉM
2019
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Edvaldo Wellington - Bibliotecário Documentalista - CRB2 / 1398
Assis, Alessandra Silva de
Caracterização da comercialização do Camarão Regional-da-
Amazônia (macrobrachium amazonicum, heller, 1862) nas feiras da
Região Metropolitana de Belém Pará-Brasil / Alessandra Silva de
Assis. – Belém, 2019.
47 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de
Pesca) – Universidade Federal Rural da Amazônia, 2019.
Orientador: Prof. Dr. Ivan Furtado Junior.
1. Camarão Regional da Amazônia (Macrobrachium
amazonicum, Heller, 1862) - Comercialização. 2. Feiras Livres –
Belém - Pa. 3. Camarão Regional da Amazônia - Pesca. 4.
Carcinicultura. I. Furtado Junior, Ivan (orient.) II. Título.
CDD – 639.688
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ALESSANDRA SILVA DE ASSIS
CARACTERIZAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO DO CAMARÃO REGIONAL-DA-
AMAZÔNIA (Macrobrachium amazonicum, Heller, 1862) NAS FEIRAS DA REGIÃO
METROPOLITANA DE BELÉM PARÁ-BRASIL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia de Pesca da Universidade
Federal Rural da Amazônia (UFRA) como requisito para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia de Pesca. Área de concentração: Economia Pesqueira
14 de fevereiro de 2019
Data de aprovação
BANCA EXAMINADORA
Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA
Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA
Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA
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Dedico
A minha Mãe Carmen Lucia de Assis ao
meu Pai Domingos de Assis e a Alessandra
de Assis.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me dado força, coragem e sabedoria para vencer todas as
etapas. Por ter me concedido a minha família. E por sempre me conceder/presentear com
pessoas maravilhosas e importantes na minha vida.
Aos meus pais, Carmen Lucia de Assis e Domingos de Assis pelo incentivo e grande
exemplo que são, onde posso me espelhar. Que me deram os puxões de orelha necessário. Por
me mostrar que na simplicidade da vida é que estão as melhores essências. Obrigada pela
educação e exemplo que vocês me deram. Isso foi essencial para que eu chegasse até aqui e ser
a pessoa que sou. E é claro ao meu irmãozinho Diego de Assis. Eu amo vocês!
A tia Rosy Assis que sempre me incentivou nos estudos e nas viagens. E que sempre
posso contar todos os dias.
Em especial as quatro pessoas que pude ter a honra de conhecer nessa minha caminhada
que se iniciou em 2013 e que estão comigo em todos os momentos, foram pessoas que dividi
momentos únicos, momentos esses que serão sempre lembrados e contados como histórias.
Histórias divertidas, alegres, felizes, e alguns momentos um pouco tristonhos, mas que
terminam com risadas da Pamela Silva, Kassia Salimos, Francisca Brenda e Ana Luiza, pois
nessa vida “... Precisa-se de amigo (s) para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo
e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade...” Obrigado pela
amizade meninas. Eu amo vocês.
A minha amiga, Kassia Salimos parceira de viagem, a minha primeira viagem de avião
daqui (norte) até o Sul foi com ela. Essa pessoa que tem um grande coração, coração de ouro,
de senso de justiça, companheira e que fala à beça. Não mede palavras para dizer quando estou
errada. E que sempre está presente no meu dia a dia. Que me brigar, que tenta me deixar
estressada, mas não consegue, sei que posso contar com ela sempre, sempre mesmo. Obrigada
por tudo mana Kassia!
Taiana Passos uma grande amiga, uma pessoa par que com seu jeito meigo, extrovertido,
risonho, e sempre com um largo sorriso, uma alegria que contagia, uma energia única. Aprendi
contigo diversas coisas e uma delas é a qual mais marca a tua personalidade, foi que
independente da tempestade, por mais árdua que seja sempre tenha um sorriso no rosto, que
para conseguimos nossos objetivos devemos luta com garra.
As amigas Conceição Oliveira e Jessica Ventura, pelo companheirismo, amizade e por
todos os momentos que tivemos durante essa jornada.
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Aos meus amigos Conceição Oliveira, Jessica Ventura, Izabella Penha, Kelvyn Santos,
Karlenna Monteiro, Alessandra Muniz, Andreone Almeida, Renê Pinheiro, Phelipe Benoliel ...
com os quais aprendi, que sempre há espaço para mais um, que independente das diferenças de
opinião, e de pessoa, podemos nos unir por um bem maior.
Aos membros do grupo de pesquisa Ecologia Bentônica Tropical Rafael Anaisce, Mara
Barros, Valdo Senna, Wagner, e ao Professor Dr. Marko Hermmann com os quais puder
aprender e ter vivência na área de pesquisa que gosto.
A Professora Msc. Danielle Campinas, pela plena disposição em ajudar, pelos
conhecimentos transmitidos, além da paciência e amizade.
Ao meu orientador professor Dr. Ivan Furtado Junior pelo acolhimento, pela
compreensão e pelo apoio.
A toda equipe do LAPEP- Laboratório de Prospecção e Estatística Pesqueira.
Agradeço aos professores de todas as disciplinas da graduação, deixo aqui o meu muito
obrigado a todos, por tudo.
Agradeço à Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA campus Belém, pela
oportunidade de realizar este curso.
E a todos que contribuíram de forma direta ou indiretamente nessa minha caminhada.
Aos que deixei de agradecer...não foi ingratidão, perdoem-me e se sintam reconhecidos,
muito obrigada!!
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“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”.
Cora Coralina
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RESUMO
Caracterizar e fazer o levantamento de mercado do camarão regional-da-Amazônia M.
amazonicum comercializado na região metropolitana de Belém. Foram realizadas as aplicações
de questionários, no qual fez-se levantamento de dados sobre o comercio de camarão com
feirantes, nos principais polos de venda de Belém e Ananindeua, no período de julho a
dezembro/2018, por meio de entrevistas informais aos vendedores que comercializam M.
amazonicum e outros tipos de camarão. Os dados foram analisados usando como ferramenta a
estatística descritiva, basicamente pelo cálculo de média aritmética, valores máximos e
mínimos, desvio padrão e coeficiente de variação das variáveis contínuas, e frequências
relativas e absolutas das variáveis discretas. Foram aplicados 162 questionários, durante 6
meses (julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro). Os dados obtidos com as
entrevistas realizadas junto aos vendedores de camarão regional-da-Amazônia nas feiras livre
de Belém e Ananindeua/PA. A comercialização em geral é realizada pelo período da manhã,
com o desembarque e acondicionamento em caixas isotérmicas. A maior parte dos camarões
que abastecem a região metropolitana de Belém é comercializada em seis feiras livres. Os
mesmos são vendidos in natura, cozidos e salgados na salmoura e descascado. Os preços médios
de venda dos camarões praticados nas feiras livres de Belém e Ananindeua variam de acordo
com o tipo de processamento e época do ano. No qual o camarão fresco é o que tem preço
relativamente mais baixo que os demais. E nos meses de outubro a dezembro em todas as feiras
livres os preços mostram-se mais altos no período de safra, independentemente de ser in natura
ou ter passado por um processamento (cozido na salmoura ou descascado), isso devido as datas
comemorativas que ocorrem na região metropolitana. Outubro é o mês do círio de Nossa
Senhora de Nazaré, no qual temos comidas típicas (carurú, vatapá, tacacá), sendo o camarão a
principal proteína. Verificou-se que o mercado do Ver-o-Peso é o principal polo de
abastecimento da cidade, cujo fornecedores vem de Icoaraci e Maranhão. Que as demais feiras,
como Cidade Nova, PAAR, Mercado de Ananindeua, da 25 e do Entroncamento os camarões
são provenientes do Ver-o-Peso. E que o produto é vendido misturado, ou seja, não há seleção
de tamanho pequeno, médio e grande. Um ponto fundamental para avaliar a produção e a
especificidade econômica da pesca do camarão regional-da-Amazônia é a discussão sobre os
principais gastos com os quais os pescadores devem arcar para realizar essa atividade produtiva.
Palavras-chave: Feirantes, Polos, Comercialização, Abastecimento, Produção.
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ABSTRACT
To characterize and survey the market of regional Amazonian shrimp M. amazonicum
commercialized in the metropolitan area of Belém. The applications of questionnaires were
carried out, in which data were collected on the trade of shrimp with markets in the main poles
of sales of Belém and Ananindeua, from July to December / 2018, through informal interviews
with vendors selling M. amazonicum and other types of shrimp. Data were analyzed using
descriptive statistics as a tool, basically by calculation of arithmetic mean, maximum and
minimum values, standard deviation and coefficient of variation of continuous variables, and
relative and absolute frequencies of the discrete variables. A total of 162 questionnaires were
applied for 6 months (July, August, September, October, November and December). The data
obtained from interviews with regional shrimp vendors from the Amazon region at the free
trade shows in Belém and Ananindeua/PA. The commercialization is generally carried out in
the morning, with the landing and packaging in isothermal boxes. Most of the shrimp that
supply the metropolitan region of Belém is marketed in six free markets. They are sold in natura,
cooked and salted in brine and peeled. The average selling prices of the prawns practiced at the
free markets of Belém and Ananindeua vary according to the type of processing and season of
the year. In which fresh shrimp is priced relatively lower than the others. And in the months of
October to December in all the free fairs prices are higher in the harvest period, regardless of
being in natura or having undergone a processing (cooked in brine or peeled), this is due to the
commemorative dates that occur in the metropolitan region. October is the month of Our Lady
of Nazaré, where we have typical foods (carurú, vatapá, tacacá), with shrimp being the main
protein. It was verified that the Ver-o-Peso market is the main source of supply of the city,
whose suppliers come from Icoaraci and Maranhão. That the other fairs, such as Cidade Nova,
PAAR, Mercado de Ananindeua, 25 and Entroncamento, the shrimp come from Ver-o-Peso.
And that product is sold mixed, meaning there is no small, medium and large size selection. A
fundamental point to evaluate the production and the economic specificity of regional shrimp
fisheries is the discussion about the main expenditures that fishermen must afford to carry out
this productive activity.
Keywords: Farmers, Poles, Marketing, Supply, Production.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – A espécie Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862). ....................................... 16
Figura 2 – Mapati apetrecho utilizado na pesca artesanal do camarão regional-da-Amazônia
(M. amazonicum). Vista externa (A) e interna (B)................................................................... 21
Figura 3 – Localização da área de estudo. ............................................................................... 26
Figura 4 – Camarões cozidos e salgados na salmoura (A), descascado (B) e in natura (C) nas
feiras livres de Belém e Ananindeua. ....................................................................................... 29
Figura 5 – Os preços médios de venda dos camarões praticados nas feiras livres de Belém
(Entroncamento, Feira da 25 e Ver-o-Peso) (A) e Ananindeua (PAAR, Cidade nova e Mercado
de Ananindeua) (B). ................................................................................................................. 30
Figura 6 – Cadeia produtiva do camarão regional-da-Amazônia (M. amazonicum) nas feiras
da região metropolitana de Belém e Ananindeua. .................................................................... 31
Figura 7 – Abastecimento do camarão das feiras do PAAR, Cidade nova, mercado de
Ananindeua, Ver-o-Peso, feira da 25 e feira do Entroncamento. ............................................. 32
Figura 8 – Época de maior demanda do camarão nas feiras da região metropolitana de Belém.
.................................................................................................................................................. 34
Figura 9 – Dificuldades para obter os camarões (A); a demanda nos locais de vendar na região
metropolitana de Belém (B). .................................................................................................... 35
Figura 10 – Principais compradores do camarão regional-da-Amazônia nas feiras da região
metropolitana de Belém. ........................................................................................................... 36
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 15
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................. 15
2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................ 15
3 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 16
3.1 Sistemática e Biologia de Macrobrachium amazonicum .................................................. 16
3.2 Ecologia ............................................................................................................................. 17
3.3 Reprodução ....................................................................................................................... 18
3.4 Pesca ................................................................................................................................... 20
3.5 Carcinicultura ................................................................................................................... 22
4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 26
4.1 Área de Estudo .................................................................................................................. 26
4.2 Obtenção de dados ............................................................................................................ 26
4.3 Análise de dados ............................................................................................................... 27
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 28
5.1 Comercialização ................................................................................................................ 28
5.2 Estrutura e dinâmica da cadeia produtiva do camarão regional-da-Amazônia em
Belém/PA ................................................................................................................................. 31
6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 37
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 38
APENDICE ............................................................................................................................. 46
12
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos a produção mundial de organismos aquáticos cresceu
aproximadamente 38%. Dentre os organismos de cultivo os camarões de água doce se destacam
(FAO, 2007). Segundo os dados da FAO (2007), foram produzidas cerca de 240.000 t de
camarões de água doce no ano de 2000 e 410.000 t no ano de 2005, aumento de
aproximadamente 70%. No entanto, a produção de camarões marinhos ainda é superior a
produção de camarões de água doce, devido a grande área produtiva e a elevada produtividade.
Segundo New (2000), ainda que os camarões de água doce ocupem posição inferior aos
camarões marinhos nos mercados mundiais, os mesmos apresentam várias vantagens tais como:
maior resistência a doenças, maturação e larvicultura simples, independentes da água salgada
na fase de crescimento final, sistema de produção compatível com pequenas propriedades e de
menor impacto ambiental.
A maior parte dos camarões de água doce pertence ao gênero Macrobrachium (Bate,
1868), com 210 espécies catalogadas ocorrem nas regiões tropicais e subtropicais do planeta
(SHORT, 2004). Com amplo sucesso de colonização de ambientes estuarinos e água doce
(VALENCIA; CAMPOS, 2007).
No Brasil, apresentam 19 espécies do gênero Macrobrachium (PORTO, 1998). Na
região Amazônica o Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862) é a espécie que tem destaque
por apresentar interesse comercial pela pesca (PINHEIRO; HEBLING, 1998) e por ser fonte de
proteína e renda para as populações ribeirinhas e locais (SILVA; FRÉDOU; ROSA-FILHO,
2007). Segundo Lima e Santos (2014), nos estados do Amapá e Pará, embora seja considerada
uma atividade de pesca artesanal, M. amazonicum possui importância econômica e social, em
razão do envolvimento significativo de famílias ribeirinhas em todos os elos da cadeia
produtiva.
O M. amazonicum é considerada endêmica da América do Sul, possui distribuição no
Equador, Venezuela à Argentina, ocorrendo nos estuários e regiões interiores. E estados
brasileiros Amapá, Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Mato grosso, Paraná, Acre, Goiás e Mato Grosso do Sul (SILVA; SOUZA;
CINTRA, 2002). Espécie capaz de completar o ciclo de vida em água doce, entretanto
apresentam de 10 a 11 estágios larvais, possuem ovos maiores e em menor número (GAMBA,
1984; MAGALHÃES, 1985). No entanto, Guest (1979), Barreto e Soares (1982) e Pérez (1984)
verificaram que o camarão regional-da-Amazônia habita corpos d’água que drenam para a
Costa Atlântica dependentes da água salobra na fase larval.
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O camarão da Amazônia capturado pela pesca extrativa marinha do Brasil em 2011, foi
de 10.331,2 toneladas (MPA, 2011). A ampla exploração pesqueira, deve-se ao volume de
camarões encontrados e à aceitação no mercado consumidor (ROCHA, 2010). Macrobrachium
amazonicum é a espécie brasileira com grande potencial para o cultivo comercial (KUTTY;
HERMAN; LEMENN, 2000; VALENTI, 2003).
O litoral paraense é constituído de ricos ambientes estuarinos, cujo a predominância das
margens são as florestas de mangue, que cobrem mais de 270.000 hectares, a qual corresponde
a 19 % do total brasileiro (SENNA, 1995). A exportação de material orgânico em decomposição
deste local para as águas do mar mantém um constante fluxo de nutrientes, que são
transportados pela dinâmica das marés (DITTMAR, 1999). Com isso, são regiões consideradas
ricas em produção, assim permitindo a estrutura de uma cadeia alimentar complexa e
influenciando a atividade pesqueira (WOLFF; KOCH; ISAAC, 2000).
Paiva (1996), afirma que a frota atuante nas pescarias da região Norte é classificada
tradicionalmente como artesanal ou industrial devido a fatores como o nível tecnológico
utilizado na atividade de captura, a área de atuação, o tipo de propulsão e a capacidade do motor
e de transporte das embarcações. A produção da pesca artesanal destaca-se como de maior
importância relativa na região norte, diferente do litoral sul do país, onde predominam as
categorias de pesca consideradas industriais.
Devido sua grande abundância, distribuição geográfica e importante potencial
biológico, o camarão da Amazônia é a espécie nativa mais consumida pelos ribeirinhos e de
atividade tradicionalmente explorada comercialmente pela pesca artesanal (BENTES et al.,
2011). E sendo sua comercialização relevante na renda familiar paraense, como as que residem
na mesorregião do Marajó. Localizada ao norte do estado do Pará, ao final da foz do rio
Amazonas, essa ilha é a maior do Brasil e a maior ilha flúvio-marítima do mundo.
No estado do Pará é conhecido como “camarão cascudo” ou” camarão regional-da-
Amazônia ” (SILVA; FRÉDOU; ROSA-FILHO, 2007), e na cadeia produtiva desta espécie, o
destino da produção inclui diversos pontos de desembarque no estado do Pará e Amapá, no qual
os camarões são distribuídos por intermediários em bares, restaurantes, supermercados,
mercados e feiras livres e aos consumidores finais de ambos estados (LIMA; SANTOS, 2014).
O camarão regional-da-Amazônia apresenta uma carne de textura firme e sabor mais
marcante que a do camarão gigante da Malásia (Macrobrachium rosenbergii, De Man, 1879),
comercializado no Brasil. De comercialização in natura ou beneficiado. Visto que é bem
apreciado para a preparação da culinária regional, e de uso frequente da população da região
14
dos estuários amazônicos, de diversas classes sociais. E por ser um alimento rico em proteína,
indicado para uma alimentação saudável.
Tendo em vista que a comercialização do camarão regional-da-Amazônia
(Macrobrachium amazonicum) nas feiras livres são apontadas como um dos principais espaços
de comércio varejista dos pescados, devido à variedade de apresentação de produto
disponibilizado para venda, que inclui o camarão, condição preferencial pela maioria dos
consumidores da região metropolitana de Belém. Portanto, é de suma importância o presente
estudo sobre a respeito da comercialização do camarão em feiras referente a origem, venda,
consumo e a cadeia produtiva do produto.
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2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Caracterizar e fazer o levantamento de mercado do camarão regional-da-Amazônia M.
amazonicum comercializado na região metropolitana de Belém.
2.2 Objetivos Específicos
• Identificar os principais polos de comercialização do camarão amazônico na região
metropolitana de Belém;
• Fazer uma descrição física dos polos de vendar do camarão amazônico na região
metropolitana de Belém;
• Verificar a origem e procedência do camarão amazônico in natura e processado e
• Fazer um levantamento do volume de venda nos polos selecionados.
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3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Sistemática e Biologia de Macrobrachium amazonicum
Reino Animalia
Sub-reino Bilateria
Filo Artropodes
Subfilo Crustaceos Brünnich, 1772
Classe Malacostraca Latreille, 1802
Subclasse Eumalacostraca Grobben, 1892
Superordem Eucarida Calman, 1904
Ordem Decapoda Latreille, 1802
Subordem Pleocyemata Burkenroad, 1963
Infra-ordem Caridea Dana, 1852
Superfamília Palaemonoidea Rafinesque, 1815
Família Palaemonidae Rafinesque, 1815
Subfamília Palaemoninae Rafinesque, 1815
Gênero Macrobrachium Bate, 1868
Espécies Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862)
Figura 1 – A espécie Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862).
Fonte: A autora
17
O gênero de ampla representatividade da família Palaemonidae é Macrobrachium,
(Bate, 1868) sendo nativo em quase todos os continentes, com exceção na Europa e Antártida
(HOLTHUIS, 2000). Grave e Fransen (2011) afirmam que existem aproximadamente cerca de
243 espécies desse gênero descritas.
Dentre as espécies nativas do Brasil, M. amazonicum é a espécie que há mais ocorrência
de estudo sobre viabilidade de cultivos, por ter rápido crescimento e simples manutenção em
cativeiro. Embora tenha crescimento menor que outras espécies do gênero, atingindo cerca de
10 cm e 10 g de comprimento e peso médios, respectivamente, e não tendo característica
agressividade como as espécies M. acanthurus e M. carcinus, além de ser resistente a doenças
e predadores (LOBÃO; ROJAS, 1991). O camarão regional-da-Amazônia apresenta grande
potencialidade na aquicultura, tendo em vista que sua carne tem textura mais firme e sabor
marcante, visto que é muito bem aceita pelos consumidores (MORAES-RIODADES;
VALENTI, 2001).
M. amazonicum caracteriza-se por apresentar rostrum longo e delgado com margem
superior provida de nove a doze dentes, margem inferior com oito a dez dentes
distribuídos irregularmente. Carapaça e abdômen lisos e transparentes e telson
terminando em uma extremidade aguda com dois pares de espinhos na margem
posterior. A segunda pata no adulto é a mais forte. Machos adultos com mero, carpo
e pleópodes cobertos por espínulos curtos, nas fêmeas estes estão ausentes (MELO,
2003).
Entre os camarões nativos, M. amazonicum é conhecida como camarão regional-da-
Amazônia ou camarão cascudo no estado do Pará (SILVA; FRÉDOU; ROSA-FILHO, 2007),
camarão canela e camarão sossego em outras regiões do Brasil (VALENTI, 1985) e,
atualmente, vem sendo chamada de camarão regional-da-Amazônia.
3.2 Ecologia
Os camarões do gênero Macrobrachium, caracterizam-se por uma ampla distribuição
mundial nas águas doces e salobras. Numerosas espécies apresentam grande interesse
comercial, tanto pelo cultivo, como o camarão da Malásia, M. rosenbergii, quanto
pela exploração de estoques naturais, como os pitus do Nordeste, M. carcinus e M.
acanthurus (ODINETZ-COLLART, 1993).
M. amazonicum pertence ao grupo de espécies continentais de desenvolvimento larval
completo. Esta espécie é amplamente distribuída na América do Sul, desde a Venezuela, da
bacia do Orenoco, do São Francisco, passando pelo Rio Amazonas, até a bacia do Rio Paraguai,
rios do Nordeste e do Centro-Oeste (HOLTHUIS, 1952; DAVANT, 1963; BIALETZKI et al.,
1997). A espécie M. amazonicum vem sendo largamente explorada pela pesca artesanal na
18
região Nordeste (GURGEL, MATOS, 1984) e nos Estados do Pará e Amapá (ODINETZ-
COLLART, 1988; ODINETZ-COLLART, MOREIRA, 1993).
3.3 Reprodução
A fisiologia reprodutiva dos crustáceos é na maioria das vezes influenciada por um
contínuo crescimento somático, assim permitindo mudas periódicas nos adultos. A evidência
dos resultados entre muda e reprodução é mais perceptível nas fêmeas. Tanto a vitelogênese
quanto a secreção de uma nova cutícula durante a muda, sendo assim afetando a fisiologia do
organismo gerando competitividade na utilização do material de reserva estocado no
hepatopâncreas (SUBRAMONIAM, 2000).
Lobão et al., (1986); Branco e Avilar, (1992) afirmam que a fecundidade dos crustáceos,
de uma forma geral é referida como o número de ovos produzidos em cada ciclo reprodutivo e
mostra grande variação, refletindo estratégias reprodutivas e ecológicas diferenciadas entre as
espécies. A fecundidade gera um importante subsídio para se avaliar o potencial reprodutivo,
fornecendo informações para o cultivo de espécies de importância comercial.
As populações de M. amazonicum apresentam atividade reprodutiva contínua, na qual
as fêmeas são encontradas em diferentes estágios de maturação gonadal todo os meses do ano
(BIALETZKI et al., 1997; SAMPAIO et al., 2007), sendo que a intensidade nos períodos
chuvosos (BENTES et al., 2011; SILVA et al., 2005). Sampaio et al. (2007) diz que as fêmeas
do camarão regional-da-Amazônia atingem a primeira maturação sexual com comprimento
total variando entre 4,5 e 5,5 cm.
A maturação gonadal do macho está ligada aos morfotipos, enquanto as fêmeas passam
por um processo cíclico de maturação. Foram definidos cinco estádios, o ovário na fase I, é
muito pequeno e transparente enquanto na fase II é esbranquiçado e na fase III é esverdeado.
No estádio IV, o ovário é verde, na fase V, com o ovário já maduro, este se encontra na
coloração verde escuro e ocupa quase toda a cavidade celomática do cefalotórax. Todos os
estádios gonadais femininos podem ser facilmente reconhecidos pela transparência da carapaça
e todos os ovócitos produzidos em cada ciclo são liberados em uma única desova. Um novo
ciclo ovariano pode começar logo após a desova. O ciclo reprodutivo feminino depende da ação
antagônica existente entre ovários e hepatopâncreas (CHAVES; MAGALHÃES, 1993;
RIBEIRO, 2006; PAPA, 2007).
As características no meio ambiente podem interferir no padrão de reprodução de M.
amazonicum, uma vez que esta pode variar de acordo com a temperatura, precipitação e
características hidrológicas. De uma forma geral, M. amazonicum tem reprodução contínua com
19
um pico de reprodução durante a estação chuvosa na Bacia do Orinoco, Amazônia Central
(ODINETZ-COLLART, 1988; 1993), Leste (SILVA; SOUZA; CINTRA, 2002; SILVA;
CINTRA; MUNIZ, 2005; SILVA; FREDÓU; ROSA-FILHO, 2007), Nordeste da América do
Sul (BRAGAGNOLI; GROTA, 1995; SILVA; SAMPAIO; SANTOS, 2004; SAMPAIO et al.,
2007), Centro-Oeste do Brasil (PORTO, 1998), e Sul do Brasil (BIALETZKI et al., 1997).
Segundo Bezerra et al. (1999), M. amazonicum tem preferência por áreas estuarinas ou
interioranas para concluir seu processo reprodutivo.
Variáveis como comprimento e peso do animal tem relação positiva com fecundidade
e fertilidade, ou seja, fecundidade e a fertilidade aumentam com o comprimento e o
peso. A variação desses parâmetros permite selecionar reprodutores mais adequados
a projetos de larvicultura (LOBÃO et al., 1986).
Membros da família Palaemonidae, além de muitas espécies de decápodes, apresentam
ovos grandes e produzidos em grande de quantidade, o que torna possível o acompanhamento
da embriogênese através do período de incubação (MÜLLER et al., 1996; ODINETZ-
COLLART; RABELO, 1996; SANDEMAN; SANDEMAN, 1991). Pode-se destacar, também,
que uma característica que garante o sucesso reprodutivo dos crustáceos está ligada diretamente
ao fato de que muitas espécies transportam seus ovos até a eclosão, resultando numa elevada
taxa de sobrevivência dos embriões (COTTON; PAYEN; GINSBURGER-VOGEL, 1992;
FELGENHAUER; ABELE, 1983; GIESE; PEARSE, 1974; SANDEMAN; SANDEMAN,
1990). No caso das fêmeas da família Palaemonidae, estas mantêm os ovos unidos aos
pleópodos em um grupo compacto até a eclosão (MÜLLER, NAZARI, AMMAR, 2004).
De acordo com Fioroni (1992); Anderson, 1982; Müller; Nazari; Simões-Costa, 2003,
de uma forma geral, as espécies que apresentam cuidado parental produzem ovos centrolécitos
com clivagem meroblástica superficial. Isto determina um desenvolvimento mais lento e o
náuplio estará presente durante a embriogênese, ocorrendo à divisão celular intra vitelínica,
formação do blastoderma, da área blastoporal, do disco germinal, da papila caudal, surgimento
do pós-náuplio e incorporação do vitelo pelo intestino médio.
Vários estudos foram realizados para avaliar a embriogênese de várias espécies do
gênero Macrobrachium (BRESSAN; MÜLLER, 1997; LAVARIAS et al., 2002; MÜLLER,
1984; MÜLLER et al., 1999; MÜLLER et al., 2007; NAZARI; MÜLLER; AMMAR, 2000;
YAO et al., 2006; ZHAO et al., 1998).
Foram descritos os diferentes estádios do desenvolvimento embrionário de M.
amazonicum, sendo constatado que em temperatura de 26 ± 0,5 ºC leva-se 14 dias
para o completo desenvolvimento embrionário, organizado em oito estádios de
20
maturação: I – Ovo fertilizado; II – Clivagem; III – Blástula – Gástrula; IV – Disco
germinativo; V Náuplio embrionizado; VI – Pós-nauplio; VII – Protozoea e VIII –
Zoea (VIGOYA, 2012).
3.4 Pesca
A cadeia produtiva a partir da pesca a produção dependente fatores ambientais, como a
alternância das estações do ano, fenômenos meteorológicos ou oceanográficos e a
disponibilidade temporária de algumas espécies de pescado, em função de seu ciclo biológico
(MOREIRA-JÚNIOR, 2010).
A pesca de arrasto do camarão tem uma taxa de descarte que corresponde
quantitativamente a 27% do total de descartes estimados de toda a pesca marinha
mundial. Muitas das práticas de manejo visam minimizar esse problema, cujo
principal agravante é a falta de identificação dos animais mortos e rejeitados, inclusive
espécies com potencial de extinção. As consequências da falta de identificação são a
ausência de um manejo adequado das espécies e o favorecimento a depleção, ou
extinção dos animais do ecossistema. Além disso, por ser uma pesca direcionada, afeta
toda a estrutura das espécies tropicais e seus habitats. Outra questão é de natureza
ética, já que o descarte de animais mortos implica o desperdício da produção natural
(FAO, 2008).
Há duas modalidades de pesca: a artesanal e a industrial. Na artesanal, o pescador é o
dono do pescado e, ainda que disponha de poucos recursos materiais para a captura, transporte,
armazenamento e comércio, ainda sim o mesmo tem autonomia para decidir o futuro de sua
produção (MOREIRA JÚNIOR, 2010).
No Pará a pesca de camarões de água-doce é praticada exclusivamente por pescadores
artesanais. Além das embarcações utilizadas na pesca serem de pequeno porte, muitas não
possuem urnas de gelo, o que dificulta o transporte e conservação do pescado. As mulheres e
os jovens possuem papel fundamental na pesca do camarão-da-Amazônia, pois ajudam a
preparar os petrechos, iscas e a realizar as despescas. O petrecho de pesca mais utilizado na
região é a armadilha fixa, conhecida localmente como matapi (Figura 2), entretanto, redes de
arrasto, tarrafas e puçás também são utilizados na captura de camarões (LIMA; MONTAGNER,
2014).
Nesta região marajoara, a captura deste crustáceo é exclusivamente artesanal, e envolve
uma grande força de trabalho, geralmente de famílias que vivem ao longo dos rios. De acordo
com Vieira (2003) para atividade de captura são utilizados instrumentos simples como: canoas
movidas a remo ou vela (localmente conhecidas como montarias), armadilhas como os matapis
21
entre outros apetrechos de pesca, que muitas vezes são confeccionados artesanalmente pelos
próprios pescadores.
Devido sua grande abundância, ampla distribuição geográfica e importante potencial
biológico, o camarão da Amazônia é a espécie nativa mais consumida pelos ribeirinhos e a mais
explorada comercialmente pela pesca artesanal (BENTES et al., 2011). Dentro da cadeia
produtiva desta espécie, o destino da produção inclui diversos pontos de desembarque no estado
do Pará e Amapá, a partir dos quais os camarões são distribuídos por intermediários em bares,
restaurantes, supermercados, mercados e feiras livres e aos consumidores finais de ambos
estados (LIMA; SANTOS, 2014).
Figura 2 – Mapati apetrecho utilizado na pesca artesanal do camarão regional-da-Amazônia (M. amazonicum).
Vista externa (A) e interna (B).
Fonte: Lima; Montagner, (2014)
Na pesca industrial, o pescador perde a autonomia, participando somente da captura do
pescado. Nesse caso, existe uma grande tripulação, sendo as funções divididas e as tarefas mais
específicas; diferentemente da pesca artesanal, existe uma quantidade maior de recursos e uma
infraestrutura logística, as decisões relacionadas à produção ficam por conta da empresa,
22
instituição setorizada que se integra nas funções de captura, processamento e comercialização
(MOREIRA-JÚNIOR, 2010).
Do ponto de vista higiênico-sanitário, a qualidade da água e o manejo na captura e pós-
captura são fatores a serem discutidos não somente na pesca, mas também no cultivo.
Particularmente naquela se deve atentar à higiene do barco, aos equipamentos e tripulantes,
atributos igualmente influentes nesse aspecto (BARBOSA, 2013).
Pedraja (1970); Madrid (1998) afirma que antes mesmo de qualquer procedimento de
captura, a água do mar pode ser a fonte de contaminação, dependendo da distância em que os
camarões estão da costa e do nível de poluição nas áreas de pesca. Na pesca comercial, a captura
por meio do arrasto leva aproximadamente seis horas, condição determinante da morte por
asfixia de grande parte dos camarões içados ao convés da embarcação, devido ao estresse do
procedimento. O esforço intenso desses animais leva à produção de ácido láctico, o que
prejudica a qualidade da carne. Após a captura, eles ficam suscetíveis à contaminação por
microrganismos que se encontram no barco, nos equipamentos e pela tripulação.
Decomposição autolítica, decomposição por ação de bactérias e melanose. Esses
processos são acelerados quando o manuseio é demorado e o camarão fica exposto a
intempéries por longos períodos. Para atenuar tais ocorrências, o autor sugere que
sejam realizados arrastos de curta duração, seleção dos camarões ainda a bordo,
lavagem e tratamento com metabissulfito de sódio em solução a 1,25% (conservante),
congelamento e acondicionamento em câmaras frigoríficas, além da higiene adequada
das instalações e do pessoal envolvido na atividade (MACHADO, 1988).
3.5 Carcinicultura
A aquicultura é avaliada como um dos sistemas de produção de alimentos que mais
cresce no mundo e que poderá colaborar para suprir a demanda mundial de pescado (FAO,
2010).
A oferta per capita da aquicultura despontou de 0,7 kg em 1970 para 7,8 kg em 2008,
o que representa uma taxa média de crescimento anual de 6,6 %. Os mesmos dados
mostram que a contribuição da aquicultura para o total de produção da pesca continua
a crescer, passando de 34,5 % em 2006 para 39,9 % em 2008 (FAO, 2010).
Na aquicultura, de modo geral, existe um fluxo mais linear na cadeia de produção, no
entanto não se pode esquecer de que o sistema também está inserido num ambiente
organizacional e institucional onde há a influência de outros agentes, como os de fiscalização e
os de apoio. Dentre os insumos, a água de boa qualidade e a disponibilidade de espaço físico
23
são requisitos essenciais, mas os cuidados na aquisição de larvas, pós-larvas e da ração são de
suma importância no que diz respeito à produtividade (SEBRAE, 2008).
Entre os organismos cultivados, a criação de camarões de água doce é destaque pela
grande contribuição na expansão da aquicultura mundial em termos de volume de produção e
econômico (NEW et al., 2010). A produção mundial de camarões de água doce em 2008 atingiu
a marca de 413 mil toneladas, um crescimento de quase 90% se comparado a 2000, onde a
produção foi avaliada em 218 mil toneladas. Em termos financeiros, no ano de 2008, a
carcinicultura de água doce movimentou ao redor de dois bilhões de dólares (FAO, 2011).
As espécies marinhas de eleição para cultivo são a Penaeus vannamei (Boone, 1931),
amplamente submetida ao cultivo no continente americano, e Penaeus monodon, mais comum
no Oriente, que, juntas, representam 70% do volume ofertado no comércio internacional. Na
carcinicultura de água doce, predomina o cultivo do gênero Macrobrachium. No mundo, as
espécies mais cultivadas são M. rosenbergii e Macrobrachium nipponense (De Haan, 1849), e,
no Brasil, o M. rosenbergii também é a espécie mais cultivada, embora haja interesse comercial
em se explorarem espécies nativas, como o Macrobrachium acanthurus (Wiegmann, 1836), M.
amazonicum e Macrobrachium carcinus (Linnaeus, 1758) (CARLINI-JÚNIOR et al., 2005;
SEBRAE, 2008; PORTELLA, 2009).
O cultivo de espécies nativas do Brasil é apontado como uma saída para evitar tais
problemas. Entre essas espécies destaca-se o Macrobrachium amazonicum que possui uma
ampla distribuição na América do Sul (MACIEL; VALENTI, 2009), o que elimina os riscos
gerados pelo escape acidental dos viveiros de cultivo. Segundo Moraes-Valenti e Valenti (2010)
estudos mostram que é uma espécie rústica, resistente a doenças, além de suportar
intensificação e apresentar uma alta taxa de sobrevivência ao final do cultivo, demonstrando o
grande potencial para abastecer o mercado da aquicultura.
M. amazonicum apresenta grande potencial para a aquicultura. Embora seja um camarão
pequeno, que pode alcançar até 16 cm e 30 g (VALENTI, 2003), sua carne apresenta textura
mais firme e sabor mais acentuado em relação à carne de M. rosenbergii e, por isso, é melhor
aceita nos mercados consumidores (MORAES-RIODADES et al., 1999). É amplamente
consumido pelas populações de baixa, média e alta renda na região Amazônica (MORAES-
RIODADES; VALENTI, 2001) e população rural da região Nordeste (GURGEL; MATOS,
1984). Ocorre em quase todo o território nacional e, portanto, seu cultivo na maior parte do
país, não oferece riscos de introdução de espécies exóticas na natureza por escape de viveiros
de aquicultura.
24
Na carcinicultura, as modalidades de produção variam com relação ao tamanho da área
e ao tipo de cultivo empregado. De modo geral, são três fases de criação: a primeira se dá no
laboratório de larvicultura, onde as larvas recebem cuidados desde o nascimento até atingirem
o tamanho de pós-larva; numa segunda fase, as pós-larvas ficam em berçário intensivo,
ambiente onde se adaptam às características da fazenda; a terceira fase da criação se faz no
viveiro de engorda, onde os camarões permanecem até atingir o tamanho comercial desejado.
No caso Litopenaeus vannamei, em torno de 12 cm (SEBRAE, 2008).
Ao final do cultivo, é realizada a captura, ou despesca, e para isso se utilizam redes em
forma de bolsa (captura manual) ou máquinas (captura mecânica) colocadas embaixo das
comportas. Os camarões recém-capturados são abatidos por meio de choque-térmico, em
solução contendo água, gelo e metabissulfito de sódio. Após esse tratamento, o produto é
acondicionado em caixa com gelo e transportado por veículo isolante até uma planta de
processamento, ou embalado em caixas isolantes contendo gelo, para ser vendido fresco no
mercado local (GÓES et al., 2006; ROCHA, 2011).
A qualidade do camarão como alimento pode ser influenciada ainda antes da captura,
pela introdução de uma série de contaminantes durante o cultivo. Bhaskar et al. (1998)
estudaram a prevalência de algumas bactérias de importância em saúde pública, ao longo do
cultivo e na despesca de camarões. Foi detectada durante toda a fase de cultivo a presença de
coliformes totais, termotolerantes e E. coli em todas as amostras de camarão, sedimento e carne
de molusco (usado como alimento) e também em algumas amostras de água e ração. Salmonella
spp teve uma prevalência de 37,5%, ao longo da fase de cultivo, e 12,5% na despesca. Os
autores avaliaram que o adubo e as fontes de alimento do camarão seriam as principais fontes
de E. coli, enquanto que a Salmonella spp. Beneficiar-se-ia do sedimento, rico em matéria
orgânica, por causa do adubo e de alimentos, tendo condições ótimas para sua sobrevivência, o
que justificaria sua alta prevalência.
O manejo na captura e a temperatura são fatores decisivos na maneira como se dá o
rigor mortis e, portanto, na condição da carne do camarão posteriormente. Um rigor mortis de
longa duração é favorável, pois nessa fase as defesas naturais do camarão ainda estão intactas,
o pH é ligeiramente ácido e a musculatura está contraída, fechada, o que impede a disseminação
de enzimas e microrganismos, sendo o processo de deterioração adiado, nessas condições. O
inverso ocorre quando o rigor mortis se faz em um período curto, em consequência em
consequência do estresse, no momento da captura, ou da temperatura elevada. A produção na
carcinicultura apresenta desenvolvimento adequado com rápido crescimento e resistência
25
(VALENTI, 1985). As larvas apresentam índices alto de sobrevivência e passam por nove
estágios entre 20 e 25 dias (GUEST, 1979).
26
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Área de Estudo
A cidade de Belém, capital do Pará contém mais de 1.446.042 habitantes, e possui uma
área de 1.064,918 km², localiza-se no norte do Brasil, com a localização global de 01º27’21’’
latitude Sul e 48º30’14’’ Longitude Oeste (IBGE, 2017). A aplicação dos questionários foi
realizada nas seguintes feiras de Belém: Feira da 25 de novembro, Ver-o-Peso e feira do
Entroncamento.
Ananindeua é um município do estado do Pará na Região Metropolitana de Belém. É o
segundo município mais populoso do estado e o quarto da Região Norte do Brasil. Segundo
dados do IBGE (2017) a população estimada é de 516.057 habitantes, superada por Manaus,
Belém e Porto Velho. Ananindeua possui uma área aproximada de 176 km², estando localizado
entre as coordenadas geográficas 01º13' e 01º 27' de Latitude Sul e 48º 19' e 48º 26' de Longitude
Oeste (IBGE, 2017). As feiras que foram realizadas as aplicações de questionários em
Ananindeua são: Mercado Central de Ananindeua, feira da Cidade Nova e a feira do PAAR.
Figura 3 – Localização da área de estudo.
Fonte: A autora
4.2 Obtenção de dados
Foram aplicados 162 questionários, durante 6 meses (julho, agosto, setembro, outubro,
novembro e dezembro 2018). Os dados obtidos com as entrevistas realizadas junto aos
27
vendedores de camarão regional-da-Amazônia nas feiras livre de Belém (Feira da 25, Feira do
entroncamento e Ver-o-Peso) e Ananindeua (Feira da Cidade Nova, Feira do PAAR e Mercado
Central de Ananindeua) / PA. A comercialização geralmente era realizada pelo período da
manhã, com o desembarque e acondicionamento em caixas de isopor.
4.3 Análise de dados
Os dados foram analisados usando como ferramenta a estatística descritiva, basicamente
pelo cálculo de média aritmética, valores máximos e mínimos, desvio padrão e coeficiente de
variação das variáveis contínuas, e frequências relativas e absolutas das variáveis discretas. Foi
utilizada a representação tabular e gráfica para a organização e representação dos dados. Os
dados quantitativos e qualitativos foram tabulados, codificados e analisados usando o programa
estatístico Microsoft Excel®. Os dados de preços foram analisados por média ponderada e
variação de preço (valor máximo subtraído do valor mínimo).
28
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Comercialização
A maior parte dos camarões que abastecem a região metropolitana de Belém é
comercializada nas feiras livres (Ver-o-Peso, Feira da 25, Feira do Entroncamento, Feira da
Cidade Nova, Feira do PAAR e Mercado Central de Ananindeua). Os mesmos são vendidos in
natura, cozidos e salgados na salmoura e descascado (Figura 4). Na maioria das feiras livres
(Belém e Ananindeua), os comerciantes vendem o camarão sem fazer seleções, ou seja,
misturado. No entanto, alguns classificam o camarão em até três classes de tamanho: pequenos,
médios e grandes. Os camarões pequenos estão distribuídos entre 3 e 5 cm de comprimento, os
médios estão distribuídos entre 5 e 9 cm, enquanto os grandes apresentam tamanhos acima de
9 cm. Na maioria das feiras livres, em Belém e Ananindeua, os comerciantes mencionam o
período entre janeiro a junho (chuvoso) como o menos produtivo, enquanto o período de julho
a dezembro (menos chuvoso) é considerado o mais produtivo ou de safra.
A classificação do camarão "misturado" é aquele comercializado em diversos tamanhos,
pequeno, médio e grande. A categoria “inteiro” refere-se ao camarão sem nenhum tipo de
transformação. O camarão resfriado é gelado diretamente no gelo ou então em freezers ou
geladeiras. “Descascado" é o camarão que passou pelo processo de filetagem, quando são
removidas a casca e a cabeça. Por fim, o camarão cozido é aquele que passou apenas pelo
processo de cocção com água e sal (ALVARENGA; CARVALHO, 2018).
Silva et. al., (2017) observou que 60% dos comerciantes entrevistados classificam o
camarão em até três classes de tamanho: pequeno, médio e grande. Os pequenos possuem
tamanhos entre 2,0 cm a 5,0 cm, os classificados como médios possuem tamanhos entre 5,0 cm
e 8 cm e a partir deste são considerados como grades.
Os preços médios de venda dos camarões praticados nas feiras livres de Belém e
Ananindeua variam de acordo com o tipo de processamento e época do ano. No qual o camarão
fresco é o que tem preço relativamente mais baixo que os demais, na feira do Ver-o-Peso está
custando em média de 23,00 reais o quilo, na feira da 25 é 28,00 reais e entroncamento 30,00
reais o quilo.
No entanto, nas feiras PAAR e Cidade Nova o camarão fresco custa 30,00 reais o quilo
e no Mercado de a Ananindeua é 35,00 reais. Visto que quanto mais distante do desembarque,
mais caro tende a ficar o valor do camarão regional-da-Amazônia. E alguns dos entrevistados
corroboraram que o combustível e atravessadores fazem com que que o valor seja aumentado.
E sendo que as vezes ocorrem a doença da mancha branca.
29
Figura 4 – Camarões cozidos e salgados na salmoura (A), descascado (B) e in natura (C) nas feiras livres de
Belém e Ananindeua.
Fonte: A autora
E nos meses de outubro a dezembro em todas as feiras livres os preços mostram-se mais
altos no período de safra, independentemente de ser in natura ou ter passado por um
processamento (cozido na salmoura ou descascado), isso devido as datas comemorativas que
ocorrem na região metropolitana. Outubro é o mês do círio de Nossa Senhora de Nazaré, no
qual temos comidas típicas (carurú, vatapá, tacacá), sendo o camarão a principal proteína
(Figura 5).
Lima e Montagner (2014) afirmam que no estado de Macapá, os preços no período de
safra variam de R$ 5,00 a R$ 18,00 reais em média, enquanto no período de entressafra os
preços médios aumentam bastante e variam de R$ 8,00 a R$ 25,00 reais. Apesar dos preços
relativamente elevados nas feiras livres de Macapá, entre 2010 e 2014 a renda média dos
pescadores mostrou-se abaixo de um salário mínimo (cerca de R$ 680,00 reais). O que indica
que o pescador é o elo menos favorecido na cadeia produtiva da pesca artesanal de camarões
de água-doce no Amapá.
Silva et. al., (2017) afirma que nas feiras livres de Breves o preço a ser vendido do M.
amazonicum variam de acordo com o tipo de processamento, tamanho e época do ano (período
seco e chuvoso). Em todos os locais de comercialização na feira os preços mostram-se mais
30
baixos nos períodos de seca, devido ao elevado volume de oferta. Os preços neste período
variam de R$ 10,00 a R$ 15,00 e R$ 15,00 a R$ 25,00 reais em média para os camarões médios
e grandes, respectivamente. Enquanto no período de cheia os preços médios aumentam bastante
e variam de R$ 15,00 a R$ 20,00 reais para camarões pequenos e R$ 20,00 a R$ 35,00 para
grandes.
Figura 5 – Os preços médios de venda dos camarões praticados nas feiras livres de Belém (Entroncamento, Feira
da 25 e Ver-o-Peso) (A) e Ananindeua (PAAR, Cidade nova e Mercado de Ananindeua) (B).
Fonte: A autora
31
5.2 Estrutura e dinâmica da cadeia produtiva do camarão regional-da-Amazônia em
Belém/PA
Em meio ao pescador e o consumidor final, há pelo menos dois, três ou mais de
atravessadores. Os atravessadores local estão representados por aquelas pessoas que compram
o camarão diretamente dos pescadores nas ilhas e revendem para o consumidor final, já os
atravessadores de fora compram o camarão do atravessador local nos portos de desembarque e
repassam para o consumidor final, enquanto os atravessadores de 3° nível são aquelas pessoas
que compram o camarão dos balanceiros e revendem nas feiras diretamente para o consumidor
final ou donos de bares, restaurantes e demais comerciantes locais (Figura 6).
Figura 6 – Cadeia produtiva do camarão regional-da-Amazônia (M. amazonicum) nas feiras da região
metropolitana de Belém e Ananindeua.
Fonte: A autora
Na comunidade de Curralinho a cadeia produtiva do camarão regional-da-Amazônia
conta com seis elos principais: 1) produção (pescadores individuais ou associados,
embarcações, apetrechos e mão de obra), 2) beneficiamento primário (atividades de
transformação do camarão in natura, e é operado por pescadores, feirantes, peixarias e
frigoríficos de pescado), 3) intermediação por atacadistas (intermediação do camarão in natura
ou beneficiado em grandes volumes, e é realizada por atravessadores), 4) intermediação por
varejistas (intermediação do camarão in natura ou beneficiado em pequenas porções para
consumidores finais como mercearias, feirantes, peixarias e supermercados), 5) beneficiamento
secundário(realiza uma segunda transformação dos produtos beneficiados, e é operado por
restaurantes, bares, lanchonetes e padarias) e 6) consumo (consumidores finais dos produtos da
32
cadeia, que se encontram tanto nas comunidades onde se pesca o camarão) (ALVARENGA;
CARVALHO, 2018).
Nas feiras de Belém e a Ananindeua foram perceptíveis que os camarões que são
comercializados no local, vêm das proximidades ou estados vizinhos. Como mostra a figura 7,
na qual é possível ver que o distrito de Icoaraci fornece 41% dos indivíduos, seguido do estado
do Maranhão que abastecer 26% do mercado. Sendo que, o abastecimento de camarão das feiras
do PAAR, Cidade nova e mercado de Ananindeua foram do Ver-o-Peso (22%). Dado que
corrobora com a dinâmica na cadeia produtiva que acontece em outros municípios também. Em
Breves a maior parte dos camarões que abastecem o município é proveniente do rio Ituquara,
Jacaré Grande, Boca de Breves, Bagre e Afuá. A região do Afuá é a principal responsável pelo
abastecimento nas feiras de Macapá e Santana (LIMA; SANTOS, 2014). Silva et al., (2017)
relata que os entrevistados compram o camarão diretamente dos pescadores nas ilhas e
revendem para o consumidor final. E vários comerciantes informaram que compram os
camarões de atravessadores, assim aumentando os custos na cadeia produtiva.
Figura 7 – Abastecimento do camarão das feiras do PAAR, Cidade nova, mercado de Ananindeua, Ver-o-Peso,
feira da 25 e feira do Entroncamento.
Fonte: A autora
A feira do Ver-o-Peso contém 38 boxes, sendo que 8 desses boxes estão localizadas no
mercado de peixe. Com relação as vendas cerca de 1050 kg/dia é comercializado e por mês
31.500 kg na feira do Ver-o-Peso. O Ver-o-Peso é considerado o maior polo de desembarque
de produtos pesqueiros da região metropolitana de Belém, fator esse que explicar a quantidade
41%
22%
26%
11%
Icoaraci Ver-o-Peso Maranhão Ceará
33
amostral demandada (Tabela 1). Visto que, as demais feiras livres vendem uma quantidade
menor. Pois as mesmas contêm menos boxes na comercialização do camarão regional-da-
Amazônia. Como a feira do PAAR que tem 6 boxes, porem apenas 2 boxes vendem o camarão
regional-da-Amazônia; Cidade Nova possui 15 boxes, sendo que apenas 2 boxes
comercializam; mercado de Ananindeua possui 20 boxes e apenas 4 boxes fornece. Os
vendedores das feiras livre do PAAR e Cidade Nova relataram que vendem o camarão por conta
dos clientes fixo. A feira do entroncamento conta com 5 boxes e a feira da 25 contém 6 boxes
na comercialização do camarão da Amazônia (Tabela 1).
Tabela 1 – Demanda da comercialização do camarão regional-da-Amazônia-da-Amazônia nas feiras de
Ananindeua e Belém, em kg por vendedor.
Feiras Por dia (kg) Mensalmente (kg)
PAAR 180 5.400
Cidade Nova 210 6.300
Mercado de Ananindeua 525 15.750
Entroncamento 438 13.140
Feira da 25 370 11.100
Ver-o-Peso 1050 31.500
Fonte: A autora
A forma de beneficiamento do camarão misturado descascado cozido é a mais comum
nas comunidades, com destaque para a produção em Santa Maria, que atinge uma cifra mensal
de 136 kg, no verão, e 120 kg, no inverno (ALVARENGA; CARVALHO, 2018).
Há grande demanda para o camarão de tamanho grande, descascado e fresco. O destaque
de produção é a sede de Curralinho, com cerca de 140 kg, no verão, e 17,5 kg mensais no
inverno. Além disso, é frequente a comercialização de camarão fresco inteiro fresco na sede de
Curralinho, com produção que chega a cerca de 76,27 kg, no verão, e 35 kg mensais no inverno.
Sendo que essa produção mensal de camarão regional-da-Amazônia -da-Amazônia, em quilos
mensais por pescador, classificada pela variação do produto grande e por estação, agrupada por
comunidade (ALVARENGA; CARVALHO, 2018).
Para a produção de tamanho pequeno, o maior destaque foi o camarão pequeno inteiro
resfriado, que, na comunidade de Santa Cruz/Trapichinho, chega a cerca de 154 kg mensais no
verão. O camarão descascado cozido é mais comum na sede de Curralinho, com produção de
cerca de 140 kg mensais no verão (ALVARENGA; CARVALHO, 2018).
A demanda do camarão é maior nos meses outubro (25%), dezembro (25), seguindo dos
meses julho (22%), abril (20%) e maio (8%), citado pelos entrevistados (Figura 8). Com isso,
observou que são meses que há datas de eventos comemorativos, abril é o mês que tem a semana
34
santa, maio o dia das mães, julho há o período de férias onde temos turistas pela cidade, outubro
o mês que acontece o Círio de Nazaré que é considerada a data que mais tem turistas na cidade
e a procura pelas comidas típicas paraense aumenta, por ser uma culinária bastante apreciada,
tanto pelas pessoas que residem na região, quanto pelos turistas. Devido ter sabores, aromas,
cores e texturas marcantes. Pois as mesmas têm grande procura também por conta dos
ingredientes que muitos são encontrados praticamente aqui na região Norte. E o mês de
dezembro por ser Natal e ano novo.
Figura 8 – Época de maior demanda do camarão nas feiras da região metropolitana de Belém.
Fonte: A autora
Observou-se que 78% dos vendedores vendem o camarão regional-da-Amazônia e
camarão rosa, sendo que os entrevistados ressaltam que vendem o camarão regional-da-
Amazônia para manter os clientes, e por ser relativamente, mais barato que o camarão rosa. E
22% vendem somente o camarão regional-da-Amazônia. Vale ressalta que o camarão regional-
da-Amazônia é um produto tradicional e apreciado na região, porém, grande parte da população
é de baixa renda. Há grande interesse pelo consumo do camarão, porém, o consumo é limitado.
Devido há uma crescente concorrência com o camarão rosa (Penaeus subtilis, Pérez Farfante,
1967). O camarão rosa beneficiado é amplamente encontrado em supermercados, bares e
restaurantes de Belém. Pois são produtos beneficiados, com garantia de origem (possuem selos
de inspeção federal), são encontrados com regularidade e facilidade e possuem tamanho maior.
Geralmente, o camarão rosa é proveniente de criatórios da região nordeste do Brasil
(ALVARENGA; CARVALHO, 2018).
20%
8%
22%25%
25%
Abril Maio Julho Outubro Dezembro
35
Alvarenga e Carvalho (2018) ressaltaram que o preço pago ao pescador (o primeiro elo
da cadeia produtiva) pelo camarão é baixo e sofre grande variação entre as estações do inverno
e verão, podendo chegar a variações acima de 50% entre uma estação e outra. Os pescadores
estão inseridos em um mercado no qual há mais produtores e poucos compradores. Isto é, os
compradores competem pouco entre si. Isso se agrava com a pouca cooperação e associativismo
entre pescadores, tornando ainda mais baixo o seu poder de transação, sujeitando-os aos baixos
de preços de venda. Sendo que os pescadores são os que mais tem gastos do que lucro, pois há
o custo de aquisição de barcos, motores, redes é também alto para a atividade de pesca,
dificultando o acesso a equipamentos novos, mais econômicos e/ou inovadores, bem como a
melhores condições de produção e armazenamento.
E é possível ver que 39% dos entrevistados expõem que o produto chegar relativamente
com custos altos ao comprar dos fornecedores, isso sendo uma das dificuldades para obter e o
segundo ponto mais relevante é a distância, pois muitos não possuem veículos, assim o custo
alto de aquisição do produto, transporte e equipamentos e para a implementação de locais de
processamento e pontos de venda são também relevantes para os responsáveis pela
comercialização e beneficiadores (Figura 9 A).
56% dos vendedores avaliam que que a venda nos últimos anos está boa, e 33% como
ótima e os outros 11% como razoável. Dentre as maiores dificuldades relatadas, destacam-se a
falta de vigilância e infraestrutura adequada para a comercialização de alimentos. É necessário
cobrar das autoridades competentes a adequação (revitalização) do espaço da feira livre (Figura
9 B).
Figura 9 – Dificuldades para obter os camarões (A); a demanda nos locais de vendar na região metropolitana de
Belém (B).
Fonte: A autora
36
Dos 38% de camarão comercializado é para consumidor local, e 26% é para restaurantes
(Figura 10). Dados esses que corroboram com estudos de Alvarenga e Carvalho, 2018, cujo
camarão regional-da-Amazônia é um alimento típico da região, de grande expressão da cultura
local, mas que vem perdendo a preferência de consumidores para alimentos similares, como o
camarão rosa e outras fontes de proteína. Contrário a essa tendência há restaurantes e chefs que
vem buscando promover produtos tradicionais e saudáveis, como o Instituto Iacitatá em Belém-
Pa.
Figura 10 – Principais compradores do camarão regional-da-Amazônia nas feiras da região metropolitana de
Belém.
Fonte: A autora
37
6 CONCLUSÃO
Verificou-se que o mercado do Ver-o-Peso é o principal polo de abastecimento da
capital, cujo fornecedores vem de Icoaraci e Maranhão. Que as demais feiras, como a feira da
Cidade Nova, feira do Paar, Mercado de Ananindeua, feira da 25 e feira do entroncamento os
camarões são provenientes do Ver-o-Peso. E o produto é vendido misturado, ou seja, não há
seleção de tamanho pequeno, médio e grande. Cujo os principais mercados acessados são os
locais, formados pelas comunidades onde se pesca e pelas sedes dos municípios onde as
comunidades se localizam. Além disso, estendem-se aos grandes centros, formados
principalmente pela capital Belém. Esses mercados são formados por consumidores finais de
diferentes classes sociais, que tendem a preferir pelo camarão inteiro fresco e grande. Nos
grandes centros, além do tamanho grande e fresco, também há grande procura pelo camarão
descascado congelado ou cozido e salgado.
Portanto o polo de maior volume de camarão regional-da-Amazônia comercializado é a
feira do Ver-o-Peso.
Com relação a descrição dos polos de vendas do camarão regional-da-Amazônia foram
observados que há necessidade de treinamentos em Boas Práticas de Fabricação/Manipulação,
e segurança para os comerciantes da feira livre estudada.
Um ponto fundamental para avaliar a produção e a especificidade econômica da pesca
do camarão regional-da-Amazônia é a discussão sobre os principais gastos com os quais os
pescadores devem arcar para realizar essa atividade produtiva. Vale ressaltar que é necessário
realizar uma análise no custo de produção, uma vez que são dados que podem oferecer
indicadores essenciais para a gestão dos recursos pesqueiros, por exemplo, qual é o valor ou a
quantidade de captura mínima de camarão necessária para cobrir tais custos.
38
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46
APENDICE
47
PERFIL DE COMERCIALIZAÇÃO DO CAMARÃO
Localidade: _________________________ Feira: _________________________
Vendedor: _________________________ Idade: _________ sexo: ( ) M ( ) F
Data: _____________
Camarão Preço: Preço: Preço:
Pequeno (mm) Médio (mm) Grande (mm)
Fresco
Cozido na
salmoura
Descascado
De onde é?
R=
Como faz o processamento?
R=
Quantos quilos vende por dia?
R=
Quantos quilos vende mensalmente?
R=
Quais as dificuldades para obter os camarões?
R=
Como está a oferta nos últimos anos?
R=
Para onde comercializa?
R=
O que faria para melhorar esse setor?
R=
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