UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO. DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
MESTRADO EM GESTÃO ECONÔMICA DO MEIO AMBIENTE MÉTODO CUSTO DE VIAGEM NA VALORAÇÃO DO
PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA
Arlete de Freitas Botêlho
Orientador: Prof. Dr. Jorge Madeira Nogueira
Brasília – DF Setembro/2005
ii
ARLETE DE FREITAS BOTÊLHO
“MÉTODO CUSTO DE VIAGEM NA VALORAÇÃO DO PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA”
Folha de Aprovação
Dissertação aprovada como requisito para a obtenção do título de Mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente do Programa de Pós-Graduação em
Economia – Departamento de Economia da Universidade de Brasília, por intermédio
do Núcleo de Estudos e de Políticas de Desenvolvimento Agrícola e de Meio
Ambiente. Comissão Examinadora formada pelos professores:
____________________________________________
Dr. Jorge Madeira Nogueira Departamento de Economia – UnB
____________________________________________
Dra. Denise Inbroisi Departamento de Química – UnB
____________________________________________
Dr. Ricardo Coelho de Farias Departamento de Economia – UCB
Brasília, 30 de setembro de 2005.
iii
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO. DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
MÉTODO CUSTO DE VIAGEM NA VALORAÇÃO DO
PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA
Arlete de Freitas Botêlho
Dissertação apresentada ao Departamento de Economia da Universidade de Brasília como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente.
Orientador: Prof. Dr. Jorge Madeira Nogueira
Brasília – DF Setembro/2005
Botêlho, Arlete de Freitas
Método Custo de Viagem na Valoração do Parque Municipal do Itiquira / Arlete de Freitas Botelho. – Brasília: Universidade de Brasília, Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação, 2005. 109 p. il
Dissertação de Mestrado em Gestão Econômica do Meio Ambiente. Nogueira, Jorge Madeira. Orientador 1. Método Custo de Viagem. 2. Valoração Ambiental. 3. Áreas de Recreação. 4. Demanda Turística. I. Título
CDU 330.132.6
iv
Agradecimentos
A Deus
“Que nos deu o dom da vida,
Nos presenteou com a liberdade,
Nos abençoou com a inteligência,
Nos deu a graça de lutarmos para a conquista das nossas realizações.
A ele cabe o louvor e a glória. A nós só cabe agradecer.”
Rui Barbosa
v
Agradeço ainda
A todos, mestres, colegas, amigos, que de maneira muito
especial participaram dessa minha conquista.
Aos que amo, pais, esposo, filhas e netos, que me
induziram a alcançar o mais sublime dos objetivos que é
a minha capacitação, com humildade e dignidade, o meu
muito obrigada.
vi
SUMÁRIO
SUMÁRIO .......................................................................................... vi
LISTA DE SIGLAS.............................................................................. viii LISTA DE GRÁFICOS........................................................................ ix LISTA DE TABELAS........................................................................... x LISTA DE QUADROS......................................................................... xi LISTA DE FIGURAS E FOTOS ......................................................... xii RESUMO ........................................................................................... xiii ABSTRACT ........................................................................................ xiv
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 1 2. VALORAÇÃO E ÁREA DE INTERESSE TURÍSTICO
2.1. A Valoração econômica: aspectos gerais......................................... 3 2.2. Métodos de Valoração dos Recursos Naturais ................................ 5 2.3. Método Custo de Viagem ................................................................. 8
2.3.1. Características gerais.............................................................. 8 2.3.2. O método Custo de Viagem e suas limitações........................ 12 2.3.3. Algumas experiências de MCV ............................................... 15
3. PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA E SUAS RIQUEZAS NATURAIS
3.1. Breve histórico da cidade de Formosa .............................................. 20 3.2. Caracterização do Parque Municipal do Itiquira................................ 21
3.2.1. Características naturais .......................................................... 23 3.2.2. O parque e seus atrativos turísticos ....................................... 25
4. O MÉTODO CUSTO VIAGEM NO ESTUDO DE CASO PMI E SEUS DETALHAMENTOS
4.1. Aplicação do MCV no Parque Municipal do Itiquira.......................... 28 4.2. Análise do Parque Municipal do Itiquira frente aos resultados do
MCV ..................................................................................................
31 4.2.1. Percepção ambiental como fator de importância em áreas de
lazer ............................................................................................
32 4.2.2. Objetivos da visita como fator determinante no deslocamento
do recreacionista.........................................................................
34 4.2.3. Perfil do recreacionista sob a ótica socioeconômica .............. 36 4.2.4. Custos de viagem que retratam a disposição a pagar ............ 40
vii
5. O VALOR DO USO RECREATIVO DO PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA
5.1. Modelos conceitual básico................................................................. 47 5.2. Modelos com o uso da variável dependente GT................................ 50 5.3. Discussão dos resultados com base nos modelos com GT.............. 52 5.4. Modelos com o uso da variável dependente GTI.............................. 54 5.5. Comentários sobre os resultados da seção Análises de Regressão 55 5.6. Escolha do melhor modelo para um resultado positivo de
valoração do PMI............................................................................. 56
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 58 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 60 8. APÊNDICES
A. Questionário aplicado.......................................................................... 65 B. Modelos utilizados nas Análises de Regressão.................................. 68 C. Tabelas demonstrativas aos resultados obtidos através do
questionário aplicado............................................................................
74 D. Fotos ilustrativas do Parque Municipal do Itiquira e Estância do
Itiquira...................................................................................................
78 10. ANEXOS
A. Lei nº 05-J de 14/04/1973 – Autoriza o Prefeito Municipal a efetuar desapropriação por utilidade pública, de área que menciona. 86
B. Decreto nº 26-J de 18/05/1973 – Declara de utilidade pública, para fins de desapropriação, uma área de terreno destinada à construção do Parque Municipal do Itiquira.
87
C. Decreto nº 132-S de 16/09/1981- Faz a criação do Parque Municipal do Itiquira. 89
D. Contrato de concessão para exploração do Parque Municipal do Itiquira. 91
E. Mapa com as coordenadas geográficas do Parque Municipal do Itiquira. 95
viii
LISTA DE SIGLAS
DAC Disposição a Receber Compensação
DAP Disposição a Pagar
GT Gasto total
GTI Gasto total Informado
MCE Método de Custos Evitados
MCV Método Custo de Viagem
ML Maximum Linkelhood
MPH Método de Preços Hedônicos
MVC Método de Valoração Contingente
OLS Ordinary Least Square
PMI Parque Municipal do Itiquira
RIDE Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno do Distrito Federal
VIpop Visitações por zona de origem
VE Valor de Existência
VPA Visitações por indivíduo
VO Valor de Opção
VU Valor de Uso
VUD Valor de Uso Direto
VUI Valor de Uso Indireto
ix
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Fator de importância na escolha de um local de recreação ....................................................................
33
Gráfico 2. Outra atividade caso não estivesse no Itiquira ............
34
Gráfico 3. Critério de escolha do Itiquira como local de lazer..............................................................................
35
Gráfico 4. Faixa etária dos visitantes do Itiquira............................
38
Gráfico 5. Renda Mensal dos visitantes........................................
40
Gráfico 6. Tempo de permanência................................................
41
Gráfico 7. Tipo de transporte utilizado para a visita ao Itiquira......
42
Gráfico 8. Tipo de combustível dos meios de transportes.............
43
Gráfico 9. Distância em Km, percorrida pelo visitante para chegar ao PMI...............................................................
44
Gráfico 10. Tempo gasto com a viagem até o Itiquira.....................
45
Gráfico 11. Gasto total na visita ao Itiquira......................................
45
Gráfico 12. Número de pessoas no grupo de visitantes.................
46
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Quadro demonstrativo do número de visitantes do Parque Municipal Itiquira .................................................................
30
Tabela 2. Objetivos da viagem ............................................................ 34
Tabela 3. Tempo de permanência no Itiquira...................................... 36
Tabela 4. Visitas anuais ao Parque..................................................... 36
Tabela 5. Procedência dos visitantes.................................................. 37
Tabela 6. Grau de escolaridade dos freqüentadores do itiquira.......... 38
Tabela 7. Ocupação atual dos visitantes............................................. 39
Tabela 8 Gastos realizados com permanência no Itiquira.................. 42
Tabela 9. Preços do combustível no período da pesquisa.................. 43
Tabela 10. Resultados dos Modelos de Regressão.............................. 51
Tabela 11. Análise de regressão do modelo 1...................................... 68
Tabela 12. Análise de regressão do modelo 2...................................... 69
Tabela 13. Análise de regressão do modelo 3...................................... 70
Tabela 14. Análise de regressão do modelo 4...................................... 71
Tabela 15. Análise de regressão do modelo 5...................................... 72
Tabela 16. Análise de regressão do modelo 6...................................... 73
Tabela 17. Fator de importância na escolha do PMI como local de recreação.............................................................................
74
Tabela 18. Outra atividade caso não estivesse no itiquira..................... 74
Tabela 19. Critério de escolha como local de lazer............................... 74
Tabela 20. Faixa etária dos freqüentadores do PMI.............................. 75
Tabela 21. Renda Mensal...................................................................... 75
Tabela 22. Tempo de permanência (em dias) dos visitantes do PMI.... 75
Tabela 23. Transporte utilizado.............................................................. 76
xi
Tabela 24. Tipo de combustível............................................................. 76
Tabela 25. Distribuição das distâncias, em Km, percorridas pelo visitante para chegar ao PMI...............................................
76
Tabela 26. Tempo gasto com a viagem................................................. 76
Tabela 27. Gasto total na visita ao Itiquira............................................. 77
Tabela 28. Número de pessoas no grupo.............................................. 77
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Variáveis escolhidas para a estimativa de gastos...................................................................................
48
xii
LISTA DE FIGURAS E FOTOGRAFIAS
Figura 1. Roteiro para se chegar ao Parque Municipal do Itiquira partindo de Brasília – DF..................................
21
Figura 2. Formato do Parque Municipal do Itiquira a partir das coordenadas obtidas....................................................
22
Foto 1. Placa de Fundação do Parque Municipal do Itiquira... 78
Foto 2. Entrada do Parque Municipal do Itiquira...................... 78
Foto 3. Trilha de acesso ao Salto, com placas educativas, indicativas e mureta de proteção.................................
79
Foto 4. Estrato arbóreo que forma a mata ciliar com vista da cachoeira ao fundo.......................................................
79
Foto 5. Matas do Parque e trilhas que dão acesso à cachoeira......................................................................
80
Foto 6. Percursos do Rio Itiquira com relevo acidentado......... 80
Foto 7. Piscinas naturais formadas pelo Rio Itiquira................ 81
Foto 8. Ponte construída na trilha que dá acesso ao Salto..... 81
Foto 9. Vista do Salto do Itiquira.............................................. 82
Foto 10. Placa de divulgação dos atrativos da Estância Itiquira, localizada a 500 m do Parque Municipal ........
83
Foto 11. Entrada da Estância do Itiquira (área de camping), localizada nas proximidades do PMI............................
83
Foto 12. Local de circulação da área de camping da Estância Itiquira...........................................................................
84
Foto 13. Ponte de acesso à área de chalés............................... 84
Foto 14. Vista dos chalés........................................................... 85
Foto 15. Área de piscinas artificiais............................................ 85
xiii
RESUMO
Este estudo avalia a aplicação do Método Custo de Viagem no Parque Municipal do Itiquira, localizado no município de Formosa (GO). A análise utilizou as variáveis de maior significância como: renda, distância do ponto de origem e tempo de estadia dos visitantes daquele atrativo turístico, dentre outras variáveis independentes expressa no modelo tais como: faixa etária, escolaridade, quantidade de visitas ao parque. Com o objetivo de conhecer o perfil daqueles usuários daquela área de lazer foram inseridas ao survey as questões: importância do local para visitas, objetivo da viagem, critério de escolha do parque, procedência, ocupação atual e transporte utilizado. Para obtenção dos dados foram aplicados 816 questionários aos visitantes. Analisando a demanda turística do Parque Municipal do Itiquira pode-se constatar que a distância percorrida pelos seus visitantes é pouca, o que tende a subestimar a valoração do bem ambiental, mas que ao mesmo tempo tende a favorecer a quantidade de visitas sem tanta interferência da questão dos preços ou custos, desfavorecendo a formação de uma curva de demanda bem comportada. Considerando os modelos aplicados, o gasto total parametrizado (GT) do visitante como o valor do bem ambiental é o mais adequado levando em consideração a renda (Y), quantidade anual de visitas (QI), suas faixas etárias (I1, I2, I3, I4) seus níveis de escolaridade (ESC) e o tempo de estadia no Parque (D1, D2, D3). Vale ressaltar que a análise não se esgota, dadas as inúmeras variáveis que possam surgir diante das especificidades de cada bem ambiental, recomendando-se o aprofundamento dos estudos relativos à valoração econômica.
Palavras-Chaves: Método Custo de Viagem; Valoração ambiental; Áreas de Recreação; Demanda Turística
xiv
ABSTRACT
This study evaluates the application of the Cost Method travel in the Municipal Park Itiquira, located in the municipal district of Formosa (GO). The analysis used the larger significances variables as: income, distance from stay origin and time point of the visitors of that tourist attractiveness, among other independent variables expresses in the model such as: of age band, education, visits quantity to the park. With the goal of knowing the profile of those users of that leisure area were inserted to survey the matters: importance of the location for visits, goal of the travel, choice criterion of the park, provenance, current occupation and used transportation. For obtainment of the data were applied 816 questionnaires to the visitors. Analyzing the tourist demand of the Municipal Park Itiquira can verify that the distance runninged through by your visitors is little what tends to underestimate for value of the very environmental, but that at the same time tends to favor the visits quantity without so much interference of the matter of the prices or costs, disfavoring the formation of a curve of very behaved demand. Considering the applied models, the total expense parameterized (GT) of the visitor as the value of the very environmental is the most adequate carrying in consideration the income (Y), annual quantity of visits (QI), their of age bands (I1, I2, I3, I4). Their I education levels (ESC) and time of stay in the Park (D1, D2, D3). Is worth stress that the analysis does not exhaust, given the countless variables that can arise in front of specific of each very environmental, recommending itself the deepening of the relative studies to valued economic.
Words-keys: Cost method travel; Value environmental; Recreation areas; Tourist demand
INTRODUÇÃO
Avaliar bens não transacionados em mercados tem se tornado uma prática
na avaliação de bens de recreação ou lazer, via aplicação do Método Custo de
Viagem (MCV). Originado através da carta do economista Harold Hotelling ao diretor
dos serviços de parques dos EUA, em 1947, o MCV foi introduzido na literatura por
outros economistas, entre eles Wood e Trice (1958) e Clawson e Knetsch (1966). No
Brasil, percebe-se que as referências de sua aplicação ainda são bem restritas.
A literatura consultada sobre a aplicação do Método Custo de Viagem
demonstra a sua importância em vários países, porém, no Brasil, são poucos os
estudos desenvolvidos. São conhecidos os estudos realizados no Parque Nacional
do Iguaçu (PR), Parque Nacional de Brasília (DF), Chapada dos Veadeiros (GO),
Bonito (MS), Cananéia e Bertioga (SP), porém em nenhuma área tão pequena
quanto o Parque Municipal do Itiquira.
O MCV busca imputar um valor aos bens ambientais não existentes no
mercado, usando o comportamento do consumidor, incluindo custos despendidos
durante uma viagem, considerando gastos do seu ponto de origem ao local de
recreação escolhido.
O Parque Municipal do Itiquira (PMI) é um dos principais atrativos turísticos
do nordeste goiano, o segundo maior salto de água do Brasil, com 168 metros de
queda livre, além de constituir-se em uma área com 48 hectares de preservação. Ali
estão localizadas 36 nascentes de água mineral, vegetação riquíssima em madeiras
nobres e uma enorme variedade de fauna de pequeno porte.
Por se tratar de um parque municipal com exploração terceirizada –
concedida pela Prefeitura Municipal de Formosa –, estudos de valoração podem
complementar os esforços da população em sua defesa e ao mesmo tempo
contribuir na sensibilização para a necessidade de investimento em suas
imediações, chamando dessa forma a atenção para as suas belezas naturais. É de
se considerar ainda que a região do parque apresenta condições extremamente
favoráveis para atividades de turismo.
2
Nesse contexto, o principal objetivo deste estudo é testar a aplicabilidade do
Método Custo de Viagem (MCV) ou Método de Demanda de Viagem, considerando-
se a distância percorrida e os gastos despendidos na viagem para estimar a curva
de demanda em um parque específico (AIACHE, 2003). A aplicação do MCV
permitirá também estimar o valor do uso recreativo do PMI por meio da análise
exclusiva dos gastos efetuados pelos seus visitantes.
“Cada visita ao lugar de recreação envolve uma transação implícita, na
qual o custo total de viajar a esse lugar é o preço que se paga para a
utilização dos serviços recreativos do parque” (ORTIZ et al., 2001).
Este estudo está dividido em Introdução (considerada como Capítulo 1),
quatro capítulos e Considerações Finais. O Capítulo 2 mostra, além das justificativas
que levam à aplicação do Método Custo de Viagem e toda a sua questão teórica
como nosso objeto de estudo, outros métodos de valoração ambiental, como o
Método de Valoração Contingente (MVC) e o Método de Preços Hedônicos (MPH).
Faz também uma rápida abordagem sobre algumas experiências de aplicação do
MCV desenvolvidas no Brasil.
O Capítulo 3 traz um breve histórico sobre a cidade de Formosa (GO),
município de localização do Parque Municipal do Itiquira, a sua caracterização
geográfica, riquezas naturais e seus atrativos como motivo principal para a demanda
turística.
O Capítulo 4 analisa a aplicação do MCV nos seus detalhamentos,
apresentando quadros que demonstram a percepção ambiental, os objetivos dos
visitantes e os custos para a realização das visitas. Faz ainda uma análise do perfil
socioeconômico do recreacionista que opta pelo PMI.
O Capítulo 5 demonstra a aplicação de seis modelos de Análise de
Regressão com a utilização do Método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO),
sendo três com variáveis dependentes, apresentando os gastos totais
parametrizados, e outros três com o uso das variáveis de gastos totais informados.
Finaliza com os resultados detectados, possibilitando a formação de uma equação
para valorar o Parque Municipal do Itiquira.
As considerações finais revelam algumas percepções da autora sobre a
aplicabilidade do método, tendo em vista os resultados obtidos.
3
CAPÍTULO II
VALORAÇÃO E ÁREA DE INTERESSE TURÍSTICO
2.1 A valoração econômica: aspectos gerais
O meio ambiente apresenta várias características úteis à sociedade, sendo a
base da sua sobrevivência, proporcionando insumos naturais para a produção (solos
férteis, fauna, flora, minerais). Oferece as chamadas “amenidades ambientais” nas
belas paisagens, bem como condições de absorção dos resíduos deixados pelo
homem, dispersando-os, diluindo-os ou reciclando-os.
A preocupação com a degradação do meio ambiente vem de longas épocas,
tendo surgido especialistas atentos ao problema. Porém na visão do economista não
havia espaço para valorar algo que não fosse diretamente consumido, sendo esta
mais uma controvérsia entre as muitas que permeiam a ciência econômica, que
atribui valores aos bens e serviços produzidos pelo homem e transacionados no
mercado. Nogueira et al. (2000, p. 20) afirmam que a “ausência de preços para os
recursos ambientais (e os serviços por eles prestados) traz um sério problema: uso
excessivo dos recursos”. Por sua vez, Jacobs (1995) diz que se descobre o valor de
alguma coisa ao colocá-la no mercado, igualando seu valor com o preço gerado pela
interação da oferta e da demanda.
A necessidade de valoração econômica dos espaços naturais tem levado
pesquisadores à busca de métodos que possam subsidiar a solução de problemas
voltados às questões ambientais.
Na valoração do recurso ambiental, as dificuldades afloram ao se tentar
mensurar a estética ambiental, a vida humana e os benefícios ecológicos (FIELD,
1995). Para os gestores de recursos ambientais, a valoração ajuda a indicar
prioridades, além de permitir o controle e gestão da sua demanda (ORTIZ et al.,
2001). Já no começo da década de 50 surgiram preocupações iniciais com a
sinalização da escassez relativa aos recursos naturais, passando-se a tratar a
natureza enquanto fornecedora de amenidades ambientais e fossa de resíduos
(FAUCHEAUX, 1997).
4
Nogueira et al. (1998) desenvolveram estudos aprofundados sobre a
valoração econômica do meio ambiente. Nesse trabalho, destacam-se esforços na
tentativa de estimar preços para os recursos naturais. Em seus textos, eles apontam
autores – como Motta (1998), Hanley e Spash (1993), Marques e Comune (1995),
Pearce (1993), entre outros – que se pautaram nas bases da teoria econômica
neoclássica, a economia do bem-estar. Inserem-se aí os conceitos de excedentes
do consumidor e produtor, custo de oportunidade, disposição a pagar (DAP) e
disposição a receber compensação (DAC), além da noção de eficiência econômica
das teorias do equilíbrio geral (MUELLER, 2001). O assunto é abordado por Pearce
(1995) como um estado embrionário, embora o autor reconheça o grande progresso
que está havendo nessa área. Na sua visão, a falta de uma curva de demanda e de
um preço de mercado para os bens ambientais é que tem levado ao
desenvolvimento de vários métodos para estimar valores de bens ausentes no
mercado.
Tanto Motta (1998) quanto Nogueira et al. (1998) fazem uma abordagem
sobre o que valorar, deixando clara a dificuldade em valorar aquilo que não tem
preço de mercado. Destacam o Valor de Uso (VU), referindo-se ao que as pessoas
usufruem no ambiente de risco, que pode ser subdividido em:
Valor de Uso Direto (VUD) – Utilização de um recurso pelo
indivíduo na forma de extração, visitação ou outra atividade de produção ou
consumo direto. Trata-se de valor real do uso, a exemplo do ornitólogo,
pescador, caçador e outros profissionais ou estudiosos.
Valor de Uso Indireto (VUI) – Função ecossistêmica do benefício
atual do recurso, a exemplo da proteção do solo e da estabilidade climática
decorrente da preservação das florestas.
Valor de Opção (VO) – Opção para uso no futuro, feita por
pessoas que não fazem uso no presente, ou valor atribuído pelo indivíduo
em uso direto e indireto (DAP)1.
Valor de Existência (VE)2 – Valor de não-uso ou valor passivo,
dissociado do uso. Representa consumo ambiental e deriva-se de uma
1 Disposição a pagar pela preservação ou conservação frente a uma ameaça de perda futura (DAP). 2 Definidos também como valores intrínsecos.
5
posição moral, cultural, ética ou altruística em relação aos direitos de
existência de espécies não humanas ou de preservação de outras riquezas
naturais, mesmo que estas não representem uso atual ou futuro para o
indivíduo.
Pearce (1995) define o Valor de Existência como um valor que reside em algo
não relacionado em absoluto com os seres humanos. Independentemente da
existência dos seres humanos, o meio ambiente tem o seu valor. Por outro lado,
surge o valor dado pelas pessoas a partir das suas preferências em forma de Valor
de Uso, sendo que na visão de Mota (2000) a DAP expressa a preferência subjetiva
do indivíduo, com base em um prévio orçamento com combinação de bens e
serviços conscientes em função da utilidade máxima. Porém, na concepção de
Pearce (1995), falta clareza quanto às definições dos valores de opção e de
existência, necessitando-se ainda de investigação sobre o assunto.
Nogueira et al. (2000, p. 86) acrescentam o Valor de Quase-Opção, como
“valor de reter as opções de uso do futuro do recurso, dada uma hipótese de
crescente conhecimento científico, técnico, econômico ou social, sobre as
possibilidades futuras do recurso ambiental sob investigação”, destacando como um
valor relevante as discussões sobre conservação da biodiversidade. Estes seriam os
valores abordados como componentes do Valor Econômico Total (VET), em
referência ao benefício de preservação (MUELLER, 2001).
2.2 Métodos de valoração dos recursos naturais
Na visão de Motta (1998), não existe um método único para mensurar
externalidades3 ambientais. Baseando-se nos estudos de Hanley e Spash (1995),
Nogueira et al. (2000) detalham os principais métodos de valoração dos bens e
serviços ambientais. Dentre eles merecem destaque três muito utilizados na
valoração de atividades de lazer e recreação:
Método de Valoração Contingente (MVC) – Aplicável quando
não existem dados de mercado disponíveis, situação em que o indivíduo
3 Custos ou benefícios que não se encontram refletidos no preço de mercado (PINDYCK, 1999).
6
expressará sua preferência baseando-se em escolhas hipotéticas, relacionando
o aspecto econômico e a recreação. A DAP4 (disposição a pagar pela
conservação de bens e serviços ambientais) refere-se a avaliações para uma
melhoria no meio ambiente, enquanto que a DAC5 estipula valores que as
pessoas estariam dispostas a receber como recompensa por danos causados
a esses bens ou serviços. A idéia básica do método é mostrar as diferentes
preferências dos indivíduos por bens e serviços (NOGUEIRA et al., 2000). Na
preferência hipotética, as pessoas respondem a questionamentos que
demonstram quanto elas estariam dispostas a pagar para assegurar uma
melhoria ambiental, tomando-se o valor mais alto da disposição a pagar como
oferta. Trata-se de uma estruturação empírica dos valores de existência e de
opção (PEARCE, 1995)6.
Método dos Preços Hedônicos (MPH) – As características
locacionais e ambientais são consideradas na escolha do consumidor. Ao
demonstrar a sua escolha, considerando a percepção das características
ambientais evidentes para o seu bem-estar, o indivíduo está valorando as
particularidades do imóvel levando em conta praças, comércio, escolas e
outros pontos que estejam localizados nas proximidades (NOGUEIRA et al.,
2000). Caracterizado como “Método de Preferência Revelada”7 por Jacobs
(1995), tem sido amplamente usado para medir o valor da contaminação do ar,
o nível do ruído e ainda a beleza cênica dos locais de moradia. Logo, esses
locais são valorados também por esses fatores8.
Método Custo de Viagem (MCV) – Relaciona economia e
recreação, expressando o valor total gasto pelas famílias a fim de se
deslocarem para determinado lugar. Este será o ponto-chave no
desenvolvimento deste estudo, sendo detalhado em subtítulo específico. Embora vários autores abordem a importância da valoração econômica do
meio ambiente, Nogueira et al. (2000) evidenciam a precaução que se deve ter ao
tratar o assunto, destacando dois pontos que devem ser levados em conta: primeiro,
4 DAP (WTP = Willingnes to pay). 5 DAC (WTA = Willingnes to accept). 6 Para o leitor interessado em MVC, sugiro o trabalho de Aiache (2003). 7 Mota (s/d) indica a escolha feita pelo consumidor quando ocorrem variações de preços e de renda. 8 Para o leitor interessado em MPH, sugiro o trabalho de Batalhone (2000).
7
que valoração econômica é o último passo da análise; segundo, que se deve atentar
para a questão da imperfeição de imputar valores monetários a bens e serviços não
transacionados em mercado com métodos empíricos e conceitos disponíveis.
Alertam ainda para a atenção que se deve ter com a fundamentação teórica dos
instrumentos de medidas dos métodos de valoração econômica ambiental. Dentre os
problemas de valoração monetária dos recursos naturais, Jacobs (1995) aborda
aqueles de aspectos técnicos que são considerados como dificultadores para a
obtenção de resultados precisos, destacando: as características particulares do bem
em questão; a identificação de todas as características possíveis; e a consideração
conjunta das variáveis.
Os críticos chamam a atenção para o fato de os métodos gerarem resultados
positivos. Porém, com a mesma facilidade, os métodos podem subestimar o que os
conservacionistas vêem como ativos ambientais importantes, desvirtuando os
resultados de uma análise de custo-benefício, ou superestimar quanto à resposta
sobre a disposição a pagar, uma vez que na realidade as pessoas questionadas
sobre a importância de se conservar o meio ambiente não serão solicitadas para tal.
Outra hipótese é as pessoas questionadas demonstrarem à sociedade sua
preocupação com o meio ambiente, simulando uma alta disposição de pagar pela
sua conservação (JACOBS, 1995). Outro fator considerado entre os críticos é a
amostra, que, se não for representativa, poderá conduzir a resultados irrelevantes.
Segundo Jacobs (1995), uma das formas de garantir a precisão dos métodos
é a verificação por meio da comparação dos valores gerados em aplicações através
do método de preferência revelada e de preferência hipotética. Essas comparações
mostrarão resultados razoáveis, porém não uniformes. O termo “precisão” dentro da
visão economista registra alguns interrogatórios quanto à confiabilidade dos
resultados da preferência revelada, ao serem estes comparados com os hipotéticos
e sua utilidade. Dessa forma podem-se descobrir valores – incluindo-se os de opção
e de existência – dos bens ambientais que não apresentam preferência revelada, a
exemplo de animais selvagens ou locais de difícil acesso ou perigosos, que não
apresentam valor para a aplicação do método. De maneira geral são reveladas
maiores objeções em relação ao método hipotético.
Mesmo diante das críticas, os métodos permitem avaliar os bens e serviços
ambientais de forma bastante sensível, possibilitando à sociedade tomar decisões
8
mediante a análise de custo-benefício no que diz respeito a valores monetários.
Percebem-se críticas em relação a vantagens e deficiências dos métodos,
demonstrando-se dessa forma a impossibilidade de rigor no tratamento teórico dos
mesmos, porém o sucesso na aplicação deles dependerá muito da perspicácia do
responsável pela sua aplicação, principalmente considerando-se as limitações que
cada um apresenta – embora os métodos sejam tidos como ferramentas
indispensáveis nas decisões políticas públicas.
2.3 Método Custo de Viagem
2.3.1 Características gerais
Entre os métodos de valoração está o Método Custo de Viagem. Segundo
Hanley & Spash (1995), essa pode ser a técnica mais antiga de valoração de um
bem não disponível em mercado. Introduzido nas literaturas econômicas em 1958
pelos economistas Wood e Trice e em 1966 por Clawson e Knetsch, é utilizado
predominantemente na valoração de locais de recreação e/ou espaços ao ar livre.
Embora não se observe de forma direta que as pessoas comprem qualidade
ambiental, elas se deslocam para locais de lazer a fim de desfrutar dessa qualidade,
gastando tempo e recursos financeiros. Trata-se de um método de preferência
revelada, desenvolvido para valorar locais de recreação, já que visitar essas áreas
exige gastos monetários e tempo, o que torna possível inferir o seu valor. De acordo
com Jacobs,
Estos métodos de preferencia revelada pueden usarse cuando los
consumidores estén tomando decisiones reales sobre bienes o servicios
associados com características ambientales cuyos valores se estén
cuestionando, pero son de poca ayuda cuando no puede observarse el valor
real (JACOBS, 1995, p. 387).
E nas palavras de Benakouche, o Método Custo de Viagem
consiste em determinar o valor econômico dos serviços oferecidos pelos
bens naturais (parques recreativos, sítios ecológicos, áreas de conservação,
9
etc...) e em compará-los com os benefícios econômicos que poderiam ser
obtidos se esses bens tivessem um outro uso (BENAKOUCHE, 1994, in
MOTA, 1997).
Segundo Freeman (1993), no modelo de escolha do consumidor em que
viagens para lugares de recreação são tratadas como um bem ordinário, a demanda
por recreação é obtida a partir da solução de um problema de maximização, no
sentido de que as pessoas, quando fazem opção por uma área de lazer, maximizam
o seu grau de satisfação de acordo com os limites orçamentários de que dispõem –
sendo a recreação um item da cesta de bens consumidos pelo indivíduo.
Motta, Ortiz e Ferraz (2001) definem o MCV como uma forma de estimar o
valor de uso recreativo de um lugar específico de recreação por meio da análise dos
gastos efetuados pelos visitantes. Cada visita envolve uma transação implícita na
qual o custo total da viagem é o preço que se paga para a utilização dos serviços
recreativos do local. Assim, pode-se calcular tudo que é valorado pelo usuário de
acordo com a utilidade dos bens e serviços.
Na busca da valoração do lazer proporcionado por parques, áreas verdes,
paisagens, o MCV utiliza o comportamento de consumo do mercado através dos
gastos relacionados com a viagem, tais como: combustível para deslocamento,
despesas com alimentação, ingressos e todo o capital necessário para o consumo
durante o período (HANLEY & SPASH, 1995). Além desses gastos, são analisadas
variáveis cujas características socioeconômicas podem interferir no resultado final,
como renda, nível de educação, idade, zona de moradia e outros itens pertinentes.
Segundo Motta (2001), o princípio básico do modelo toma a quantidade de
visitas feitas por recreacionistas à área escolhida em função dos gastos, variáveis
socioeconômicas e atitudinais. O modelo assume a função Vi = f (Pi, Ri, Ki), onde:
• Vi = densidade de viagem por zona,
• Pi = custo da viagem, computando-se todos os gastos feitos
para o deslocamento,
• Ri = renda média dos visitantes,
• Ki = variável que reflete as atitudes dos recreacionistas em
relação ao local de visita.
10
Pearce (1995) descreve o Método Custo de Viagem como uma extensão da
teoria da demanda do consumidor em que se atribui valor inclusive ao tempo. O ser
humano em determinado período pode optar entre ir a um parque de recreação que
está a duas horas de distância, passando o dia ali, ou ir trabalhar. Se fizer a opção
de ir ao parque, poderá estar deixando de ganhar com o trabalho e estará gastando
com a viagem. As informações das variáveis que envolvem esse processo9
transformadas em valores determinarão a estimação da disposição a pagar de uma
unidade familiar por um determinado número de visitas. Logo, esse método estima a
demanda por um determinado local com base na demanda de atividades
recreacionais associadas complementarmente ao uso do mesmo.
O método não contempla custos de opção e de existência, pelo fato de captar
somente os valores de uso direto e indireto associados à visita ao parque. Dessa
forma, indivíduos que não visitam o local, mas representam valor de opção ou de
existência, não são considerados. Essa percepção é confirmada por Hanley e Spash
(1995).
A distância, determinada de acordo com a zona de origem das visitas, é ponto
fundamental na identificação e consistência dos resultados. Os custos altos
indicarão poucas visitas, por razões socioeconômicas, pela distância, ou pelo alto
percentual de visitas em razão das viagens curtas, conforme os agrupamentos das
zonas. Essa variável não poderá levar a uma subvaloração, a menos que o local não
ofereça atrativos aos visitantes ou existam locais substitutos.
Observa-se que, quanto mais longe dos visitantes estiver a localização do
parque, menos uso desses visitantes será esperado, devido ao aumento do custo de
viagem para a visitação. Logo, aqueles que residem mais perto tendem a usá-lo
mais, na medida em que o preço implícito para visitá-lo é menor. Nesse contexto, o
Método Custo de Viagem busca estimar o excedente do consumidor associado ao
usufruto desses serviços, sendo que esse valor depende da condição de que a
oferta de serviços ambientais no parque não se altere.
Determinados os pontos que indicam a quantidade de visitas e os custos de
cada uma a partir do ângulo que os dados obtidos formaram, tem-se a curva de
demanda que o local oferece. Podem então ser calculados os benefícios, tomando-
9 Gastos realizados com combustível, alimentação, entradas, souvenirs, etc.
11
se a área abaixo da curva para obter o excedente do consumidor. Somando os
excedentes do consumidor para as distintas categorias e lugares, obter-se-á o
benefício global do lugar (PEARCE, 1995). O excedente do consumidor, no caso,
será a diferença entre o valor que ele está disposto a pagar e o que realmente está
pagando para o seu bem-estar ao freqüentar o local de visita (PINDYCK e
RUBINFELD, 1999). Ou seja, o excedente dos usuários será determinado a partir do
valor dos benefícios monetários auferidos (atribuídos, porém não pagos) pelos
freqüentadores do local de recreação. A disposição a pagar dentro do método pode
ser definida a partir de uma melhoria ambiental a ser oferecida, o que determina uma
segunda curva de demanda.
Dentre as variáveis existentes, o tempo gasto é outro aspecto a ser
considerado, quando visto como custo de oportunidade, referindo-se ao período
usado a partir do deslocamento até o retorno, considerando-se que esse tempo
poderia estar sendo utilizado em outras atividades, como um lazer com menor custo,
ou até mesmo no trabalho (MOTA, 1997). O custo de oportunidade na função dos
estimadores é o fator mais complexo, uma vez que estes se associam às
oportunidades que são deixadas de lado. Na aplicação do Método Custo de Viagem,
a opção de maior escolha foi o lazer, em detrimento de outros afazeres que
poderiam estar sendo realizados (PINDYCK e RUBINFELD, 1999). A omissão desse
dado enviesa os estimadores do modelo para cima, e conseqüentemente ocorre a
estimação do excedente do usuário para baixo (BOCKSTAEL, 1996, in MOTTA,
2001).
Percebe-se na literatura o quanto a valoração do tempo no Método Custo de
Viagem é abstrata. O tempo gasto com a visita é uma variável de extrema
importância, considerando-se que outras atividades poderiam estar sendo
desenvolvidas no mesmo período. Na troca de trabalho por lazer, a taxa salarial
referente àquele período pode significar o custo de oportunidade, porém existe a
opção de comparabilidade com outras opções de lazer com menor custo e não com
a hora trabalhada, o que pode dificultar sensivelmente a valoração. Smith (1975)
chama atenção para a variável “zona de origem” (local de moradia do visitante), pois,
ao se avaliar a distância percorrida até a área de lazer, não podem ser desprezadas
as características econômicas e demográficas, pressupondo-se aproximação no
12
tempo gasto para o cálculo do custo de oportunidade (valor monetário de cada hora
de descanso do visitante de acordo com a sua renda).
Walsh et al. (1995) referem-se à taxa de renda como uma medida de custo de
oportunidade em relação ao tempo. Porém, há de se considerar que estudantes,
desempregados e aposentados não fazem a troca de tempo por renda. Reforçando
suas idéias, esses autores expõem o pensamento de McConnel e Strand (1981),
que, na sua análise da renda, fazem uma suposição de valor explícito do tempo de
oportunidade – que se manifestará conforme a renda –, e enfatizam a
proporcionalidade entre ambas as variáveis, no sentido de que renda elevada gera
custo de oportunidade elevado; se reduzida, suavizará esse custo. Walsh et al.
(1995) abordam também a visão de Bockstael, Strand e Hanemann (1987), que
prevêem um modelo alternativo no qual o tempo e a renda não são substituídos, o
que permite a colocação de um provável desequilíbrio para viagens de longa
duração. O modelo apresenta renda e custos de tempo como variáveis de preço
separadas na função de demanda. Isso porque nas longas viagens o custo de
oportunidade será afetado pelo alto custo.
Uma outra abordagem feita nesse estudo refere-se ao ajuste para o possível
efeito de restrições de tempo ou renda no custo de oportunidade através da
desagregação das visitas em grupos, de acordo com a sua ocupação/alternativa de
atividades, sendo: a) estudantes, desempregados ou aposentados; b) profissionais
liberais sem formação; c) profissionais especializados; d) administradores.
Distorções no mercado de trabalho sugerem que as taxas salariais podem
superavaliar o custo do lazer. Chevas et al. (1989), in Hanley & Spash (1995),
fornecem estimativas do valor do tempo, separando-o em dois momentos: durante a
viagem e durante o período de permanência no local. Dessa forma, percebe-se que
a substituição de tempo por renda é uma opinião bastante diversificada entre os
autores que já aplicaram o método para valoração de áreas de recreação.
2.3.2 O Método Custo de Viagem e suas limitações
Os fundamentos teóricos encontrados na literatura não trazem um consenso
quanto à melhor variável dependente, embora o Método Custo de Viagem aponte
13
para duas opções básicas. Estudos apresentados por Aiache (2003) mostram que as
visitações podem ser determinadas:
• Por zonas de origem (V/pop) – Variante que segrega o
território de origem dos visitantes em um determinado número de
zonas (por circuitos concêntricos).
• Por indivíduo (VPA) – Variante individual, definida como o
número de visitas feitas por cada visitante durante um dado período a
determinado local.
A opção é sempre implementada por uma coleta de dados sobre visitações
per annum para cada responsável (VPA). Segundo Hanley e Spash (1995), Brown
et al. (1983) defendem análise por zonas de origem (V/pop), enquanto Common
(1988) defende análises por indivíduo (VPA). Fletcher et al. (1990) apontam vários
problemas com V/pop, afirmando que essa medida é teoricamente improvável e
inconsistente com a teoria do consumidor.
As viagens de múltiplo uso são grandes dificultadoras das análises. O múltiplo
uso da viagem10 é uma característica a ser considerada em relação ao custo do
tempo e pode superestimar o custo de oportunidade. Esse viés poderá ser
eliminado, considerando-se frações do tempo em relação a cada local visitado. São
consideradas no método as visitas propositadas e as imprevistas, sendo as
propositadas aquelas cujos objetivos são únicos em relação aos locais escolhidos e
suas variáveis são contribuidoras para a valoração. Já as visitas imprevistas não
valoram o local da mesma forma que as visitas propositadas. Apresentam variáveis
que deverão ser excluídas, por não levarem ao verdadeiro valor do local a ser
considerado como único objeto de estudo na aplicação do método. Segundo Ortiz et
al. (2001), viagens com destinos múltiplos possibilitam a existência de soluções de
canto11.
O cálculo do custo da distância é uma variável que em um primeiro momento
parece demonstrar um valor concreto, como o cálculo do valor do combustível gasto.
Porém, ao se considerar a depreciação do veículo para incluí-la nos gastos, indaga-
se que valor poderia ser embutido. Trata-se de um questionamento deixado pelos
estudiosos do método. Um outro fator a ser observado é a viagem de curta distância. 10 Visita a dois ou mais lugares em uma mesma viagem. 11 O visitante maximiza sua satisfação visitando apenas um dos locais de recreação (dentre vários próximos).
14
Esta apresenta custos diferentes, que devem ser considerados em separado, visto
se constituírem também um viés. Em relação à subestimação, dever-se-á atentar
para os visitantes residentes nas proximidades do local de lazer.
Ao se verificar a validade dos estudos quanto à sua credibilidade, constata-se
que os resultados na repetibilidade sofrerão alterações, por serem incomparáveis,
pois as características do local e dos visitadores envolvidos são diferentes. Trata-se
de um método limitado a situações de local específico. Estima-se uma função de
viagem com sinais de coeficiente que são consistentes com a teoria do MCV, sendo
que o consumidor está disposto a pagar pelo seu lazer, estando o princípio de
disposição a pagar associado a um modelo econométrico de demanda no qual o
número de visitas é uma função do custo total da viagem, da renda familiar do
visitante e de variáveis educacionais.
Em se tratando de problemas estatísticos, surge uma grande preocupação
quanto às situações que levam às análises. Na visão de Hanley e Spash (1995), as
variáveis utilizadas no método são censuradas e truncadas. Truncadas pelo fato de
serem considerados somente visitantes do local escolhido, não se permitindo a
avaliação por bens substitutos, nem se levando em consideração a decisão para se
chegar à visita. Por outro lado, são consideradas apenas as visitas ocorridas no
período da amostra, o que pode levar a um quadro avaliativo incorreto, pois os
visitantes inquiridos não podem responder pelas preferências dos visitantes de
outras épocas do ano. Em relação à censura, os autores a atribuem ao fato de que
menos de uma visita não pode ser observada e isso pode levar a uma estimativa de
parâmetros de demanda inclinada. Smith e Desvouges (1986) mostram como as
estimativas de parâmetros e excedente do consumidor variam de acordo com as
rotinas de estimação de OLS (Ordinary Least Square) ou ML (Maximum
Linkelihood).
Um outro aspecto de extrema importância para a aplicabilidade do MCV é a
escolha de formas funcionais que produzam estimativas reais no excedente do
consumidor de um determinado local. As formas mais populares são quatro – linear,
quadrática, semilog e log-log –, tendo sido verificado que, na maioria das
experiências de aplicação do método, a melhor adequação está na função semilog,
embora a teoria econômica não seja clara quanto à melhor escolha da forma
funcional a ser aplicada. Em conseqüência, fica evidente que a transformação das
15
variáveis é um procedimento poderoso para a sua escolha, já que, se não for
adequada, a forma escolhida pode acarretar implicações que afetam os resultados
(SMITH, 1995).
Tratando-se de validade, a comparação dos Métodos Custo de Viagem e
Valoração Contingente revela que ambos convergem para um mesmo ponto, sendo
que o segundo mostra a disposição a pagar em uma oportunidade recreativa e o
primeiro apresenta o valor gasto. Quando aplicado adequadamente, o MCV auxilia o
gestor ambiental na formulação e implementação de políticas públicas direcionadas
ao gerenciamento e ao acesso da sociedade aos bens de uso coletivo, o que lhe
possibilita realizar o aprimoramento de suas ações de gestão e prever variações de
custos e impactos no fluxo de visitas e na geração de receitas (MOTTA, 2001).
2.3.3 Algumas experiências com o MCV
A aplicação do Método Custo de Viagem é referenciada por estudos de caso
sob vários aspectos. Percebe-se um grande desenvolvimento na aplicação dos
métodos de valoração em áreas internacionais, com diversos estudos empíricos nos
mais diversificados locais que podem ser caracterizados pelo lazer.
• Kramer et al. (1995) aplicaram o método em Madagascar, tendo
florestas como objeto de estudo, estimando os benefícios ambientais (turismo,
desmatamento, valor de existência, etc.).
• Willis & Garrod (1991) tentaram avaliar a magnitude dos benefícios
recreacionais das florestas, comparando as estimativas dos excedentes dos
consumidores zonais e observações de visitantes individuais. Junto ao
Método Custo de Viagem, em alguns casos foi desenvolvido ainda o Método
de Valoração Contingente.
• Hanley & Ruffel (1993) fizeram uma avaliação das características das
matas, com o objetivo de explicar a variação no excedente dos consumidores
para diferentes tipos de florestas. Utilizaram os Métodos Custo de Viagem e
Valoração Contingente em diversas formas de estimação, entre elas: mínimos
quadrados ordinários e máxima verossimilhança.
16
• Englin & Mendelsohn (1991) fizeram análise hedônica de custo de
viagem para avaliação de múltiplos componentes da qualidade de um sítio,
observando o valor recreativo do gerenciamento de florestas. Desenvolveram
um modelo que pudesse ser usado para estimar o valor dos sítios naturais. O
seu interesse empírico foi a acomodação de diversas mudanças simultâneas
nas características do sítio natural com aplicação de mudanças marginais e
não marginais.
• Smith & Kaoru (1986) desenvolveram estudo aplicando o modelo em
um único local na Bacia do Rio Monogahela, empregando uma estrutura
aleatória de utilidade, e compararam as estimativas do benefício hicksiano
encontradas com a estrutura utilizada e com o modelo do Método Custo de
Viagem convencional.
• Parsons & Wilson (1997) analisaram o consumo incidental no modelo
de demanda por atividade recreativa também para um único sítio. No seu
interesse empírico, mostraram que o consumo incidental pode ser tratado
como um bem complementar e ser analisado com a teoria convencional,
discutindo o surgimento de possíveis vieses associados com tal tipo de
consumo. Esse trabalho foi publicado no Agricultural and Resource
Economics Review.
• Walsh et al. (1995) demonstraram preocupação com o custo de
oportunidade e utilizaram modelos de McConnel e Strand (1981), fazendo a
suposição de que o valor explícito do tempo de oportunidade sobe
proporcionalmente com a renda. Basearam-se também no modelo de
Bockstael, Strand e Hanemann – B-S-H (1987) –, que é um modelo
alternativo, no qual o tempo e a renda não são substitutos na margem.
Aplicaram o MCV levando em consideração o limite de até 14 horas para a
distância de viagem e também acima de 20 horas, comprovando a
divergência de resultados. A amostra utilizada foi de 200 pescadores de truta
e salmão em regiões a 250 milhas a sudoeste de Denver, no Colorado,
Estados Unidos. Nesse estudo, os autores mostraram a análise de Ward
(1983), que desvinculou custo de tempo de oportunidade e renda.
17
Strong (1983) utilizou como ponto principal a existência de populações
desiguais para a demanda de recreação no Canyon Westwater. A forma linear
foi evidenciada nos estudos realizados por Ziemer, Musser e Hill (1980), que
aplicaram o método de observação individual ao invés de zonas.
• Smith (1975) aplicou o método em área de deserto na Califórnia.
Paralelamente às especificações de características populares, foram
observadas as formas de funções mais adequadas a cada situação. Smith
concluiu que a falta de substitutos na demanda por recreação no deserto
pode levar a um preço não elástico, embora não haja comprovação com
evidência empírica o suficiente para documentar essa observação. As suas
conclusões deixaram claro que o Método Custo de Viagem apresenta
facilidades, por permitir adequações aos padrões de comportamento dos
recreacionistas.
• Calkins, Bishop e Browes (1986) consideraram o aspecto de qualidade
do local e bens de substituição. Aplicaram o método na tentativa de analisar o
fator “tomada de decisão” para a escolha de um determinado local, tendo por
base a doutrina de B-S-H (Bockstael, Strand e Hanemann, 1987). Sua
pesquisa foi desenvolvida no Lago de Wisconsin, inspecionada por um
laboratório de pesquisas. Consideraram uma diversidade de variáveis, tais
como: quantidade de visitas anuais, local de residência, número de pessoas
da mesma residência, outros acompanhantes, renda salarial, renda familiar,
tempo de viagem, idade, escolaridade, tipo e tempo de residência, ocupação.
Concluíram que as características do local são determinantes para a sua
escolha, considerando inclusive as belezas cênicas, e alertando para os
cuidados que se deve ter ao interpretar os resultados empíricos. Nessa
pesquisa aplicaram o modelo logit multinomial.
• Kling (1997) fez uma avaliação crítica quanto aos vieses que podem
surgir na aplicação do método. Utilizou os Métodos Custo de Viagem e
Valoração Contingente, buscando melhorias na precisão e exclusão de vieses
nas medidas de bem-estar, através da análise de diversas formas de
perguntas (single-bounded e doublé-bounded). Mesmo diante das críticas
direcionadas aos métodos abordados, estes permitiram avaliar os bens e
serviços ambientais de forma bastante sensível, possibilitando à sociedade
18
tomar decisões mediante a análise de custo-benefício no que diz respeito a
valores monetários.
Destacam-se a seguir as aplicações desenvolvidas no Brasil:
• Mota (1997) – “Travel Cost Method: uma alternativa de análise da
demanda por atrativos ambientais”. O estudo teve como objetivo testar a
ajustabilidade do método a um conjunto de dados coletados por meio de um
survey aplicado aos freqüentadores do Parque Nacional de Brasília – “Água
Mineral”. Estabeleceu o modelo de demanda, determinando a estimativa do
excedente do consumidor por Região Administrativa do Distrito Federal.
• Aguiar (1998) (mimeo) – O estudo de valoração do Parque Nacional de
Brasília apresentou a estimação do valor do benefício associado ao uso direto
(atividade recreacional e de turismo), uso indireto (preservação de nascentes
e córregos que abastecem de água o Distrito Federal) e valores de opção e
de existência (espécies animais e plantas do cerrado) do parque.
• Motta et al. (2001) aplicaram o MCV no Parque Nacional do Iguaçu
(PNI), um dos principais atrativos turísticos do mundo, com significativo fluxo
anual de visitantes. O caso analisado apresentou especificidades que
obrigaram a um desenvolvimento metodológico abrangente e complexo. Teve
como principal objetivo estimar o valor de uso recreativo do PNI por meio de
análise dos gastos efetuados pelos turistas visitantes da cidade de Foz do
Iguaçu e do Parque Nacional, entre outubro de 1999 e fevereiro de 2000. O
parque apresenta uma característica peculiar: os turistas, em sua maioria, o
visitam poucas vezes, senão uma única vez durante o ano, razão que levou
os pesquisadores a abordarem o custo de viagens por zonas, criando ainda
uma zona de origem “Foz do Iguaçu” para aqueles turistas levados até o local
não pelo turismo, mas por outras razões. Houve uma preocupação com os
vieses, considerando-se que são diversos em razão das características do
local. Esse estudo apresentou especificidades que obrigaram a um
desenvolvimento metodológico abrangente e complexo.
• Silva (2001) utilizou o método no Balneário Municipal de Bonito, MS.
Aplicou-o dando ênfase às variáveis socioeconômicas que permitiram a
avaliação da demanda turística do balneário.
19
• Grasso et al. (1995) desenvolveram estudos aplicando os dois
métodos, MCV e MVC (Valoração Contingente), nas áreas de manguezal com
pesca desportiva, nas regiões de Cananéia e Bertioga. Serviram de base
teórico-prática às avaliações da área benefícios como: proteção da bacia de
drenagem (controle de erosão, regulagem dos fluxos de corrente e redução
do fluxo local), processos ecológicos (formação de solos, fixação e ciclagem
de nutrientes, suporte para a vida global e circulação e limpeza do ar e da
água), biodiversidade (recurso genético, proteção de espécies, processos
evolucionários e diversidade do ecossistema), benefícios de consumo,
benefícios sem consumo (recreação e turismo, benefício espiritual, cultural,
histórico e valor de existência), educação e pesquisa. Os dados obtidos
permitiram a estimação de gastos totais diários dos visitantes, incluindo-se
ainda a avaliação dos benefícios dos recursos dos manguezais.
Segundo Nogueira et al. (2000), no Brasil o uso dos métodos de valoração
ainda é limitado, impedindo avanços nas oportunidades das aplicações com o
objetivo de se avaliar a relevância das vantagens e deficiências apresentadas.
Economistas afirmam que é necessário prosseguir o debate teórico e dar início a
aplicações práticas dos métodos de valoração, objetivando repor os vinte anos de
atraso nessa área. Se reconhecidos como ferramenta útil na gestão dos recursos
naturais, os métodos de valoração não devem ser deixados de lado, podendo as
suas aplicações se tornarem rotina nas políticas públicas.
O conhecimento das pesquisas desenvolvidas nos diversos pontos com
certeza contribuirá de maneira expressiva para estudos futuros sobre a avaliação
dos recursos ambientais brasileiros, e também da biodiversidade ecológica nacional,
que se expressa hoje como uma das maiores riquezas mundiais.
20
CAPÍTULO III
O PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA E SUAS RIQUEZAS NATURAIS
3.1 Breve histórico da cidade de Formosa
Formosa (GO), município de localização do Parque Municipal do Itiquira,
objeto deste estudo, está situada no Planalto Central Brasileiro, na Região Centro-
Oeste. Está próxima a um platô de onde nascem as águas que formam as grandes
bacias hidrográficas brasileiras do Prata, São Francisco e Amazonas. Dispõe de
muitas belezas naturais, como grutas, rios, córregos, cachoeiras, lagos e lagoas.
Antigo Arraial dos Couros, a cidade nasceu de entrepostos de tropas de
mulas que cruzavam a região, transportando o ouro das minas do norte e do sul do
estado. O caminho por essa região era o preferido, porque possibilitava a fuga dos
impostos cobrados dos comerciantes que se dirigiam para a província de São Paulo.
O fluxo era garantido também pelo transporte do gado proveniente de campos
baianos, que abasteciam Minas Gerais (CODEPLAN, 1992).
Seu surgimento deu-se em meados do século XVIII, quando recebeu o nome
de Arraial Santo Antônio, situado abaixo da embocadura do Rio Itiquira com o
Paranã. Segundo historiadores, devido a um surto de febre amarela, os
sobreviventes se deslocaram 32 km do seu ponto original, procurando as
proximidades da Lagoa Feia, que passou a ser local de descanso para as tropas. Ali
levantaram as primeiras choupanas, cobertas com couro de boi, o que originou o
primeiro nome da nova localidade, Arraial dos Couros, no período entre 1736 e
1750. A cidade passou por mudanças em sua denominação, sendo Vila Formosa da
Imperatriz, Formosa da Imperatriz e apenas Formosa, a partir de 1º de agosto de
1843, com a emancipação política do município de Luziânia (IBGE, 1958).
Formosa tem como principal atividade econômica a pecuária, seguida pela
agricultura, indústria, comércio e prestação de serviços. Apesar de as suas fontes
turísticas serem imensas, o turismo ainda não pode ser considerado como fonte
geradora de riquezas para o município, que pertence à RIDE – Região Integrada de
21
Desenvolvimento do Entorno de Brasília –, com uma população aproximada de
78.000 habitantes, distribuídos em 7.854 km2, o que perfaz uma média de 9,93
habitantes por km2. O município de Formosa é considerado o maior da Microrregião
do Planalto Goiano12.
O seu mapa ecoturístico apresenta pontos como a Lagoa Feia13, Gruta das
Andorinhas14, Buraco das Araras15, Pedreira Toca da Onça16, Sítios
Arqueológicos17, Lajedo18, Mata da Bica19, Cachoeira Bandeirinha20, Cachoeira da
Capetinga21 e Salto do Itiquira – nome de origem do parque municipal objeto deste
estudo –, além de outros.
3.2 Caracterização do Parque Municipal do Itiquira
Pa rque Municipal do Itiquira
Formosa
PlanaltinaSobradinho
Brasília
O acesso a ele se dá partindo da Capital Federal
(Brasília) pela BR-020, num percurso de 72 km
asfaltados, com 70% desse trajeto em pista dupla, até a
cidade de Formosa. Atravessando a cidade no sentido
sul-norte, toma-se a GO-116 por mais 32 km até o
Parque Municipal do Itiquira, estrada com pavimentação
em bom estado de conservação, o que facilita a
intensidade turística no local, onde se localiza o
Complexo Turístico Itiquira, que dá todo apoio ao turista
(Figura 1).
Figura 1. Roteiro para se chegar ao Parque Municipal do Itiquira. O complexo turístico foi criado por força da Lei nº
12 Localiza-se entre os paralelos 14º30’ e 16º de latitude sul e os meridianos 46º e 48º de longitude oeste, com altitude média de 918 metros. Considerado um centro sub-regional, tem abrangência em torno de 53.428 km2 (CODEPLAN,1980). 13 Lagoa distante 5 km do centro da cidade, com 15.000 m2 de extensão e 10 m de profundidade, com grande parte cercada de mata ciliar. 14 Depressão no alto de uma montanha, criada pelo desmoronamento de pedras calcárias, formando uma caverna cercada por vegetação. 15 Grande cratera com vegetação densa e rio subterrâneo, de difícil acesso, comum à prática de rapel. 16 Grutas com 50 m de altura, com inscrições rupestres e várias estalactites. 17 Sítios com inscrições gravadas em grandes pedras, indicando mapas e roteiros da região, habitações e animais. 18 500 m2 de formação rochosa (magmáticas), parecida com uma obra humana, sendo coberta pelo leito de um rio, terminando num poço com 02 m de profundidade. 19 Parque ecológico localizado no centro da cidade, com 25,68 hectares de mata nativa. 20 Quedas de água abaixo da captação de água para Formosa. A 3 km do centro da cidade. 21 Cachoeira com 130 m de queda em desnível e um mirante natural. A 43 km de Formosa.
22
05-J, de 14 de abril de 1973 (Anexo A), que autorizou a desapropriação de 10
alqueires (48 ha) – (Figura 2), onde se localiza o Salto do Itiquira, cachoeira
caracterizada por beleza exuberante, com 168 metros de arremesso livre de água.
A referida lei foi assinada pelo então prefeito municipal, Sr. José Saad. Ainda em 18
de maio de 1973, foi assinado o Decreto nº 26-J (Anexo B), para desapropriação da
área, que foi declarada de utilidade pública, tendo a seguinte localização e limites:
A área permaneceu sem exploração por
um período de oito anos. Reconhecendo a importância do lazer na vida das pessoas
e o início da exploração da área por sua beleza sui generis – o que se caracterizava
como um nascente processo de atração turística –, o então prefeito municipal, Dr.
Severiano Batista Filho, assinou em 16 de setembro de 1981 o Decreto nº 136-S
(Anexo C), que criou o Parque Municipal do Itiquira, destinado ao lazer. (Foto 1)
Vendo-se impossibilitado de administrar o local, devido às dificuldades
financeiras do município, o mesmo prefeito assinou com a empresa A. C.
Empreendimentos Turísticos S/A, em 23 de agosto de 1982, um contrato de
concessão para exploração do Parque Municipal do Itiquira pelo prazo de trinta anos
(Anexo D). A empresa assumiu o compromisso de explorar o turismo racionalmente,
destinando a área única e exclusivamente à visitação pública, dotando-a de infra-
estrutura capaz de atender as necessidades turísticas. À época, apesar das belezas
naturais do local, o seu acesso era limitado pelas dificuldades apresentadas na
região. A falta de estradas possibilitava o lazer apenas àqueles que se aventuravam
em um passeio ecológico com vários riscos.
COORDENADAS DE LOCALIZAÇÃO E FORMATO DO PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA (Anexo E)
Formato do Parque de acordo com as coordenadas obtidas.
Localizado na Serra Geral do Paranã, à direita do Salto do Itiquira, Marco 0; daí em reta, rumo 81o30’, NE, com uma distância de 300,00 m à estação 1, Marco 1; daí em reta, rumo 58º30’, NE, com uma distância de 500,00 m à estação 2, Marco 2; daí em reta, rumo 78º00’, NE, com uma distância de 350,00 m à estação 3, Marco 3; daí em reta, rumo 51º00’, NE, com uma distância de 250,00 m à estação 4, Marco 4; daí em reta, rumo 63º00’, NW, com uma distância de 665,00 m à estação 5, Marco 5; daí em reta, rumo 52º00’, SW, com uma distância de 250,00 m, à estação 6, Marco 6; daí em reta, rumo 45º00, W, com uma distância de 765,00 m à estação 7, Marco 7; daí em reta, rumo 29º30’, SE, com uma distância de 150,00 m à estação 0, Marco 0, ponto de partida desses limites.
Figura 2. Formato do parque de acordo com as coordenadas obtidas. Laboratório de Cartografia e Geoproces-samento – UEG – Formosa/2003.
23
Das exigências constantes do contrato de exploração, a grande maioria foi
realizada. O parque conta hoje com infra-estrutura capaz de atender grande número
de pessoas através do complexo turístico ali construído (Foto 2).
3.2.1 Características naturais
O parque é cortado pelo Rio Itiquira (Foto 6), principal recurso turístico da
região. Forma, em toda a sua extensão, inúmeras piscinas naturais, com amplos
bosques, apresentando uma exótica paisagem com 36 nascentes de águas
minerais, sendo a proteção dos seus mananciais de fundamental importância para a
manutenção da qualidade e quantidade dos cursos-d’água ali existentes. O Rio
Itiquira nasce de várias vertentes da Serra Geral do Paranã, correndo no sentido
sudeste-nordeste até desaguar no Rio Paranã, afluente do Rio Tocantins. Corre em
grande parte sobre pedras, formando uma sucessão de quedas-d’água. Ao se
entalhar na Serra Geral do Paranã, apresenta-se encaixado, com declividade
acentuada, formando o Salto do Itiquira, que tem 168 metros de queda livre (Foto 9).
Do alto da cachoeira se descortina ampla vista sobre o Rio Maranhão (Bacia
Amazônica), no município de São Gabriel de Goiás.
Na parte superior da serra, onde está localizado o parque, existem quatro
cachoeiras (do Túnel, da Pedra Grande, do Poço Grande e do Funil), uma
corredeira, três cascatas (de Lourdes, do Grotão e da Esmeralda), três saltos (da
Felicidade, da Amizade e o mais famoso, o do Itiquira), três poços (da Tranqüilidade,
do Apolo e dos Cascalhos), um mirante e um canyon.
A fauna da região apresenta uma grande diversidade, entre aves e animais
silvestres, sendo a caça e a pesca proibidas e monitoradas pela empresa
exploradora desde a criação do parque. Nos meses de agosto, setembro e outubro,
segundo estudos realizados por equipe técnica responsável pela implantação do
Complexo Turístico Itiquira22, podem ser encontradas mais de 120 espécies de aves,
por ser essa a época tanto de reprodução quanto de passagem das espécies
migratórias, que se concentram dentro das matas, as quais são seguidas pelo
cerrado. Levantamentos sistemáticos sobre as espécies de aves da região datam do 22 Empresa que detém a concessão de exploração da área.
24
início do século XX, quando Snethlage (in NOVAES, 1994), em 1928, realizou
coletas, permanecendo, contudo, o local inexplorado pelas dificuldades de acesso.
Em 1956, nova expedição passou pela região, fazendo novas coletas (NOVAES,
1994). Na primavera, as migrações para o cerrado presumivelmente estão
relacionadas à floração e frutificação das plantas da época e ao aumento de insetos,
o que oferece alimento farto.
O PMI está localizado em região típica de cerrados. A região dos cerrados
detém em seu interior importantes tipos de vegetação, tais como: florestas
mesofíticas de interflúvio, brejos ou veredas e as matas ciliares. Esta última
vegetação é a predominante no PMI e se estende pela encosta da Serra Geral do
Paranã.
Trata-se de uma vegetação também conhecida por mata galeria, que ocorre
ao longo dos rios, córregos e outros cursos-d’água bem definidos e com leitos
profundos, o que contribui para dar completa drenagem ao terreno. A vegetação é
sempre verde (Foto 4). Os recursos naturais nas matas de galerias dão suporte a
diversas atividades econômicas, a exemplo do extrativismo da madeira, atividade
que deu origem ao Código Florestal, que regulamenta a região como área de
proteção permanente, respaldado pela Lei 7.511, de 07/07/1986, a qual estabelece
um sistema de preservação de acordo com a largura dos rios (RIBEIRO, 1998).
A exploração econômica pode ser feita de forma direta, englobando o
extrativismo em pequena escala de madeiras e de produtos com potenciais
farmacêuticos e alimentares, e de forma indireta, vinculada à utilização de recursos
hídricos para fins de consumo urbano, industrial e agrícola (RIBEIRO, 1998). As
matas galerias existentes dentro do Parque Municipal do Itiquira possuem um estrato
arbóreo superior, que alcança cerca de 25m de altura (Foto 5), composto de árvores
de fuste reto; um estrato inferior de 6 a 15 m; outro arbustivo com até 3 m; e estrato
rasteiro constituído de plantas herbáceas. Em grande parte, o estrato arbóreo é
identificado com placas, o que possibilita ao turista o reconhecimento da flora local.
A flora da região apresenta aspectos inerentes às ricas áreas do cerrado.
Várias espécies são utilizadas em maior ou menor escala como alimento, remédios,
plantas ornamentais, forragem para gado, etc. Algumas espécies chegam a
constituir fonte de renda para a população rural, a exemplo do pequi e do caju
(Novaes, 1994), com exceção das localizadas dentro do parque. Percebe-se a
25
permanência das plantas lenhosas em locais mais afastados do salto, enquanto as
plantas herbáceas aparecem somente no período de chuvas. Assim, a flora da
região é rica e bastante diversificada.
O solo possui muita matéria orgânica em diferentes graus de decomposição,
com predominância das classes dos latossolos amarelo, vermelho e roxo. A região
do parque não é aproveitada para a agricultura, devido à grande necessidade de uso
de corretivos, como adubação e calagem, além de se tratar de uma área de solos
muito drenados e argilosos, com ou sem cascalhos, apresentando ou não fase
rochosa em declive forte.
A umidade do ambiente é intensa, gerada principalmente pela queda-d’água
que favorece, pela natureza da mata fechada, a proliferação de diversas espécies. O
clima predominante na região é tropical, quente e semi-úmido, com temperaturas
médias anuais entre 22º e 24º C, com pluviosidade média em torno de 1.500 mm
anuais. As estações variam pouco, permitindo a alta taxa de visitação durante quase
todo o ano, embora ocorram variações de temperatura bruscas e rápidas, tanto de
aquecimento quanto de resfriamento, ultrapassando 25º C no verão e atingindo a
temperatura mínima abaixo de 18º C no inverno (NOVAES,1994). O período
chuvoso garante a existência dos lençóis freáticos, que subsistem mesmo durante a
seca.
As águas que correm pelo parque através do Rio Itiquira e do Rio das
Brancas apresentam durante todo o ano uma temperatura baixa. Possuem um
percurso bastante acidentado, com fortes correntezas em alguns locais, porém
correndo mansamente em outros.
3.2.2 O parque e seus atrativos turísticos
O PMI tem como apoio o Complexo Turístico do Itiquira (Fotos 10 – 11), que
oferece aos usuários do local certo conforto para estadias. A sua infra-estrutura para
hospedagem ainda é incipiente, contando com a existência de apenas 25 chalés,
não dispondo de hotéis. Com relação aos recursos turísticos naturais existentes, o
PMI tem como maiores concorrentes as águas termais de Caldas Novas, cidade
localizada a 470 km de distância; a Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso,
26
distante apenas 190 km do PMI; e a cidade de Pirenópolis, a 240 km. São locais
para onde a população do Distrito Federal e entorno se desloca em finais de semana
ou feriados prolongados.
A estrutura turística do local está distribuída em três áreas. Na primeira
encontra-se infra-estrutura que permite lazer e certo conforto aos visitantes, como o
uso de piscinas naturais formadas pelo rio (Foto 7), o uso de churrasqueiras
improvisadas com rochas existentes no local ou com utensílios domésticos, além de
lanchonete e restaurante. Na área do salto, há controle dos visitantes, não se
permitindo a entrada de alimentos em embalagens descartáveis. Na maior parte o rio
forma quedas-d’água, oferecendo grandes riscos aos visitantes. Observam-se
placas de sinalização por todo o trajeto calçado com pedras, o que permite aos
usuários transitarem com maior segurança num percurso de aproximadamente 500
metros – extensão de uma via da entrada do parque até a chegada ao salto. Essa
via transitável tem laterais protegidas com uma mureta de 50 cm de altura.
Acompanhando toda essa área de circulação, há, pelo lado de fora da mureta, uma
vegetação natural intensa intercalada com jardinagem, que confere grande beleza
ao local. A permanência dos visitantes dentro do parque é permitida diariamente no
horário entre 8 e 17h, sendo a visitação monitorada com extremo rigor (Foto 5 – 8).
Em uma segunda área são encontrados diversos locais para camping,
churrasqueiras de alvenaria, piscinas artificiais de água corrente, restaurante,
lanchonete, banheiros, saunas, duchas, estacionamento amplo, jardins e bosques
(Foto 12). O Rio Itiquira atravessa toda essa área e oferece aos banhistas as suas
piscinas naturais.
Em uma terceira parte, dentro da estância, está localizada a área de maior
conforto, com 25 chalés com capacidade para 4 e 5 pessoas, em estilo cabana de
madeira (Foto 14). São oferecidos serviços de bar e restaurante de excelente
qualidade, piscinas de água corrente, saunas, área de jogos, televisão (Foto 15).
Essa área é atravessada pelo Rio das Brancas, que nasce dentro do parque,
juntando-se mais embaixo ao Rio Itiquira, com água atrativa aos banhistas. Essa
estrutura é disponibilizada aos hóspedes que vão permanecer maior período, sendo
oferecida ainda, como lazer noturno, às sextas-feiras, música ao vivo, acompanhada
de jantar especial à beira do rio, com fogueira acesa para aquecimento, por se tratar
27
de um local bastante frio à noite. Durante as manhãs são proporcionadas
caminhadas ecológicas por todo o parque.
Percebe-se, como linha básica de ação dos administradores locais, o grande
cuidado para não se causar impacto no meio ambiente, oportunizando-se aos seus
visitantes o descanso, a diversão e a interação com a natureza (Foto 3).
28
CAPÍTULO IV
O MÉTODO CUSTO DE VIAGEM NO ESTUDO DE CASO PMI E SEUS DETALHAMENTOS
4.1 Aplicação do MCV no Parque Municipal do Itiquira
A partir dos estudos feitos sobre o Método Custo de Viagem, e com base no
comportamento observado do consumidor, foram adotados alguns procedimentos
para a realização de um survey, a fim de se avaliarem os gastos que o visitante faz
para usufruir o atrativo turístico do Parque Municipal do Itiquira. Os resultados
levarão ao valor econômico do bem ambiental.
Considerando os instrumentos de coleta de dados existentes, chega-se à
conclusão de que o instrumento “questionário” é o mais utilizado para a busca de
informações, cumprindo pelo menos duas funções: descrever características e medir
determinadas variáveis de um grupo. Portanto, na realização desta pesquisa, optou-
se pela aplicação de um questionário aos visitantes do PMI. O instrumento proposto
visa atender às necessidades básicas para respostas ao método definido com
perguntas fechadas (Apêndice A). Tem como primeiro enfoque a percepção
ambiental no que diz respeito ao fator de importância para a escolha de um local de
lazer e outras possibilidades de atividades que não existam no local.
O segundo enfoque – objetivo da visita – traz à tona o critério de escolha,
bem como a freqüência anual de cada visitante. Busca de forma direta, com
respostas dicotômicas, eliminar possíveis vieses, pois o propósito de múltiplo uso ou
destinos múltiplos pode levar a interpretação diferente da que se espera, ou seja,
uma curva inversa. Ainda dentro dessa ótica, pretende-se conhecer o tempo de
permanência no parque, bem como o tempo gasto com o percurso da viagem,
fatores que, associados à renda salarial, proporcionarão condições de se trabalhar o
cálculo do custo de oportunidade de tempo, aspecto fundamental no modelo
escolhido.
29
O terceiro enfoque – aspectos socioeconômicos e custos da viagem – visa em
primeira instância conhecer o perfil do visitante do parque, inserindo as variáveis:
faixa etária, grau de escolaridade e ocupação atual.
Os gastos monetários que os dados expressam, associados ao tempo
despendido, serão trabalhados de maneira direta para que se estime a curva de
demanda pelo uso do parque, que é utilizado exclusivamente com o propósito
recreacional, dadas as suas características e localização.
Em relação às despesas efetuadas para a visitação, o instrumento busca
informações para a variável renda salarial, distância, tipo de veículo utilizado e
combustível consumido, além dos gastos com permanência, ingressos e
alimentação. O número de acompanhantes que compõem cada grupo de turistas
será também levado em conta, visto que as despesas geradas foram declaradas
individualmente, nos casos de grandes grupos.
Nesta seção será apresentada uma análise descritiva dos dados coletados no
questionário aplicado (Apêndice A). Além da distribuição de freqüências de todas as
questões do questionário, serão mostradas algumas estatísticas das variáveis
quantitativas. Uma vez que o agrupamento dos dados para a grande maioria das
variáveis quantitativas foi feito em classes e a última classe é sempre aberta, sem
limite superior, o cálculo de média aritmética, e conseqüentemente do desvio
padrão, é inviável. Assim, a estatística que melhor sintetiza o ponto central para a
distribuição dos dados será a mediana. A mediana representa o valor que está no
centro da distribuição da variável. Tem-se então pelo menos 50% dos dados com
valores menores ou iguais à mediana e pelo menos 50% dos dados com valores
maiores ou iguais à mediana. Para variáveis cujos valores são agrupados em
classes, o cálculo dessa estatística é dado por23:
(1)
,2~ hF
Fn
lXmd
∑−+=
23 Akaike (1974) e Barbetta (2001).
30
onde l é o limite inferior da classe mediana, ∑ f é a soma das freqüências das
classes anteriores à classe mediana, h é a amplitude da classe mediana e Fmd é a
freqüência da classe mediana.
Também serão calculados os valores modais das variáveis para identificar os
valores mais freqüentes nas respostas obtidas. Para dados agrupados em intervalos,
temos a fórmula da moda de Czuber, dada por:
(2)
,21
1 hlMoΔ+Δ
Δ+=
onde l é o limite inferior da classe modal, 1Δ é a diferença entre a freqüência da
classe modal e a freqüência da classe imediatamente anterior, é a diferença
entre a freqüência da classe modal e da classe imediatamente posterior e h é a
amplitude da classe modal.
2Δ
Para determinação da amostra de maneira adequada, foram buscados junto à
administração do parque – Complexo Turístico Itiquira – os dados referentes à
freqüência de visitas mensais do período 1997/2002, conforme tabela abaixo.
Tabela 1. Quadro demonstrativo do número de visitantes do Parque Municipal
do Itiquira. MESES/ANOS 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Janeiro 4169 8143 7422 3755 6789 4119 Fevereiro 12.229 9465 6937 2010 7060 3422
Março 2336 4349 1645 3678 1774 Abril 2708 6657 3949 3634 3682 Maio 2725 4564 1608 2174 2506 Junho 1347 1980 1918 1916 1902 Julho 5204 4617 4113 3655 4036
Agosto 4501 4547 2419 2290 1810 Setembro 3693 7271 3910 2385 3452 Outubro 4348 4957 3208 5243 1998
Novembro 3397 1678 1898 1507 1735 Dezembro 4030 2246 1682 2282 1671
Fonte: Secretaria do Complexo Turístico Itiquira. Abril/2002.
Tomando por base uma média de 4.000 (quatro mil) visitações (público
pagante), foi utilizado o critério da amostra aleatória extratificada simples, com uma
31
margem de erro de 3,5% (três e meio), e através da fórmula abaixo se chegou ao
seu tamanho.
1 N. n0 n0 = = 816,3 N= = 678
E02 N+ n0
Onde: n0 = aproximação para o tamanho da amostra
E02 = erro máximo tolerável - (0,035)2
N = tamanho da população (BARBETTA, 2001)
Levando em conta que o menor número obtido corresponde a 17% da
população, podendo não ser significativo, optou-se pelo maior, ou seja, 816
(oitocentas e dezesseis) entrevistas com perguntas fechadas.
O pré-teste foi realizado no mês de outubro/2002 pela própria autora do
trabalho, juntamente com um professor da área de estatística, para análise da
validade do instrumento, correspondente a 1,23% do total da amostra. Foi detectada
de imediato uma questão que não previa resposta de todos os inquiridos, sendo a
mesma excluída após a análise. Dessa forma definiu-se o primeiro bloco
(Percepção ambiental), com 02 (duas) perguntas; o segundo bloco (Objetivo das
visitas), com 04 (quatro) questões; e o terceiro bloco (Aspectos socioeconômicos e
despesas com a viagem), com 13 (treze) questões – totalizando 19 (dezenove)
questionamentos aos inquiridos. Após o teste-piloto, percebeu-se a praticidade do
instrumento, que tomava no máximo 8 minutos para as respostas de cada
abordagem. Isso porque vários dos inquiridos sentiam-se envolvidos pelos
questionamentos, fazendo inclusive referências a outros aspectos fora do objetivo da
entrevista – aspectos, porém, de extrema relevância para a avaliação do local,
principalmente aqueles de teor negativo, a exemplo do preço do ingresso.
4.2 Análise do Parque Municipal do Itiquira frente aos resultados do MCV
Para aplicação dos questionários foi selecionado um grupo de dez
entrevistadores, que passaram por um treinamento, com o objetivo de conhecerem o
32
instrumento a ser utilizado e ainda de passarem por simulações de possíveis
situações que pudessem surgir. O pré-teste foi favorável, possibilitando dessa forma
verificar-se a confiabilidade do material.
Após o treinamento, foram definidos os meses de janeiro e fevereiro de 2003
para aplicação de 816 questionários, amostra significativa se comparada com a
média de visitantes, sendo este um período com garantia de público expressivo.
Ressalta-se que o survey aconteceu apenas aos sábados e domingos,
considerando-se a escassa visitação durante a semana.
Feita a triagem do material coletado, foram descartados seis questionários da
amostra, por demonstrarem incoerência, apresentando respostas em branco ou
respostas de caráter pejorativo. Assim sendo, o banco de dados foi montado com
810 questionários, montante significativo, com a utilização da ferramenta de análise
estatística SPSS (Statistical Package for the Social Science), versão 10 para
Windows, que responde aos objetivos da pesquisa.
As respostas obtidas na aplicação dos questionários fornecem elementos
básicos para a avaliação da disposição a pagar do visitante, a fim de usufruir um
bem ambiental como área de lazer. As próximas seções trazem resultados de todos
os questionamentos feitos e demonstram através de gráficos ou tabelas os dados
obtidos, no intuito de oferecer maior percepção daquilo que foi coletado. Para melhor
organização, o material analisado foi distribuído em quatro grupos:
1. Percepção ambiental,
2. Objetivos da visita,
3. Aspectos socioeconômicos,
4. Custos da viagem.
4.2.1 Percepção ambiental como fator de importância em áreas de lazer
A percepção ambiental revela os fatores de importância que determinam o
comportamento do consumidor nas preferências quanto à escolha de um local de
lazer. Dentro dessa ótica, dois questionamentos foram feitos. O primeiro buscou
33
conhecer o fator mais importante para a escolha de um local de recreação, o
segundo buscou a descoberta de outra opção – senão a visita ao parque.
A beleza natural tomou destaque relevante na escolha de 72,8% dos
inquiridos, que declararam buscar a contemplação e um maior contato com a
natureza. Em segundo lugar apareceu o conforto do local, com 15,8% das opções.
A distância é o que menos importa para o visitante, sendo que apenas 4,4%
declararam levar em conta a distância na escolha do local de lazer – o que
corresponde, no grupo pesquisado, a 36 excursionistas. Dessa forma, pode-se
afirmar que a beleza cênica é o atrativo primordial do parque. O Gráfico 1 mostra a
distribuição das respostas sobre o principal motivo que influencia na escolha do PMI
como local de lazer.
Gráfico 1. Fator de importância na escolha do PMI como local de recreação.
0
100
200
300
400
500
600
Conforto do Local
Distância
Beleza Natural
Outros
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003. (Tabela 17)
Da análise dos dados, depreendeu-se que, quanto à escolha (gráfico 2),
houve aparente equilíbrio entre a alternativa que indica descanso em casa ou um
lazer mais próximo. Quase a metade dos entrevistados manifestou opção pelo
descanso em casa, enquanto que número muito próximo (42,3%) declarou que
estaria em um lazer qualquer mais próximo de casa. Isso sugere que, pelo menos
naquela ocasião, para 46,2% dos visitantes do Itiquira, o parque era a fonte
exclusiva de recreação (Tabela 18).
A opção pelo trabalho ao invés daquele dia de descanso aparece apenas em
6,5% dos inquiridos, o que demonstra a importância de um dia de lazer para o bem-
estar das pessoas. Com 4,9% vem a última alternativa, referente a outras opções,
que poderiam ser uma visita a amigos, um shopping, um cinema, etc. A opção “um
34
lazer mais próximo de casa” contradiz a alternativa “distância” (Gráfico 1), que
aparece como última colocada em relação à importância para a escolha do local de
recreação.
Gráfico 2. Outra atividade caso não estivesse no Itiquira.
050
100150200250300350400 Descansando em
Casa
Trabalhando
Um lazerqualquer, maispróximo de casaOutros
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 18).
4.2.2 Objetivos da visita como fator determinante no deslocamento do
Dentre os inquiridos, 92,6% afirmaram que o seu afastamento da residência
visava
exclusivamente o Itiquira?
recreacionista
exclusivamente ao lazer no Itiquira, e apenas 7,4% disseram não ser esse o
único objetivo (Tabela 2). A possibilidade de múltiplo uso da viagem, que pode gerar
viés nos resultados esperados, foi eliminada ao se considerar como ponto de partida
a cidade de Formosa, tendo como base a declaração de despesas efetuadas pelos
visitantes. Trata-se de pessoas de outras localidades que foram até a cidade para
outros fins, aproveitando a oportunidade para conhecer o PMI. Nesse aspecto, ou
seja, tomando-se o ponto de origem, pode-se considerar que a grande maioria teve
o PMI como objetivo único da viagem.
Tabela 2. O objetivo da viagem éVariáveis Freqüência Percentuais Percentual cumulativo
SIM 750 ,692 92,6 NÃO 60 7,4 100,0 Total 810 100,0
Fonte isa primária de a autora. J .
questão seguinte revela o motivo da escolha do Itiquira como local de lazer,
o que
: Pesqu dados pel an/2003
A
mais uma vez confirma a preferência do consumidor pelas áreas que
envolvem a natureza. Dos inquiridos, 66% procuram os bosques, cachoeiras e rios
35
como motivo principal na escolha do Itiquira. O fácil acesso ao local tem a
preferência de 11,7%, Percentual concentrado em visitantes moradores de
Planaltina-DF, Planaltina (GO) e Formosa, que dista apenas 32 km do local.
A infra-estrutura conduz 5,3% dos visitantes ao local, sendo o valor do
ingres
motivos que levam os
recrea
cal de lazer.
so citado em apenas 0,6%. Por ocasião dos levantamentos, os preços
cobrados para a entrada no parque eram de R$ 7,00 (sete reais) por pessoa adulta e
R$ 3,50 (três reais e cinqüenta centavos) por crianças até nove anos de idade. Sob
o título de “outros motivos“, está o Percentual de 16,3%.
Nesta variável, considerou-se o conjunto dos
cionistas a escolherem o Itiquira como local de lazer. O quadro abaixo
(Gráfico 3) avalia e confirma a importância atribuída à beleza natural do Salto do
Itiquira (Gráfico 1), revelada também pelo Gráfico 2, segundo o qual grande número
dos inquiridos estaria em casa como segunda opção.
Gráfico 3. Critério de escolha do Itiquira como lo
0
100
200
300
400
500
600
Valor do ingresso
Fácil acesso ao local
Infraestrutura do local
Bosques cachoeira e rios
Outros
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 19).
apena
tempo de permanência apresenta dados muito próximos entre os que vãoO
s conhecer o local, retornando em seguida à sua origem, e os que passam o
dia ali. A maior permanência no local limita-se a cinco dias, com número
inexpressivo de visitantes. Considerando-se a área de camping e os chalés, os
Percentuais ficam distribuídos entre 11,9%, que permanecem por dois dias; 6,8%
por três dias; 4,3% por quatro dias; e 0,2% por cinco ou mais dias (Tabela 3). Pelo
número de visitação ao PMI, o tempo de permanência poderia ser bem mais
prolongado se o local oferecesse aos turistas melhores condições, como
restaurantes com opções variadas e hotéis com segurança e conforto.
36
Tabela 3. Tempo de permanência no Itiquira.
Variáveis Freqüência Percentuais
Percentuais cumulativos
4 horas 329 40,6 40,6 8 horas 293 36,2 76,8 2 dias 96 11,9 88,6 3 dias 55 6,8 95,4 4 dias 35 4,3 99,8 5 dias 2 0,2 100,0 Total 8 1 10 00,0
Fonte: a primária de s pela au /2003.
Outro dado interessante refere-se ao número de visitas anuais, distribuídas
entre
Conforme declaração dos administradores, existe investimento em
publici
Tabela 4. Visitas anuais ao Itiquira.
Variáveis Freqüência Percentuais Percentuais
Pesquis dado tora. Jan
a primeira vez e quatro ou mais vezes. O Percentual de 32,7%, referente à
primeira vez (Tabela 4), mostra que se trata de um local com tendência ao
crescimento quanto ao número de visitações, desde que melhoradas as condições
de infra-estrutura, considerando-se que o local é um atrativo para descanso e lazer.
dade, com apoio da administração pública local, que tem interesse na
implementação do turismo no município. Esse fato justifica o alto índice de visitantes
que estavam no parque pela primeira vez, se comparado aos números de visitas
registradas com retorno em duas ou mais vezes por ano.
acumulados Uma vez por ano 218 26,9 26,9
2 a 3 vezes por ano 184 22,7 49,6 4 ou mais vezes por ano 143 17,7 67,3
Primeira vez 265 32,7 100,0 Total 810 100,0
Fonte: Pesqui a de dados pela autora. Jan/2003
4.2.3 Perfil do recreacionista sob a ótica socioeconômica
O instrumento aplicado buscou, neste item, informações sobre a origem da
demanda turística, a faixa etária, o grau de escolaridade, a ocupação atual e a renda
mensal, com o objetivo de conhecer o perfil dos recreacionistas do PMI.
sa primári .
37
Em relação à procedência, o Distrito Federal apresentou um Percentual de
71,6% de visitantes. A cidade de Formosa, apesar da proximidade (32 km),
apresentou apenas 14,1% de visitantes, sendo o segundo ponto de origem que mais
procur
idade é
muito
Percentuais cumulativos
a o PMI. O item “outras satélites“ mostrou que o Percentual de 1,9% dos
visitantes é de outros países, tendo as embaixadas localizadas no Plano Piloto
(Brasília) como ponto de origem. O item “outras cidades” mostrou que 9,1% dos
visitantes são de cidades diversas do interior de outros estados brasileiros.
Com base nos resultados obtidos (Tabela 5), é possível constatar que a
demanda turística é basicamente regional. Embora Goiânia seja, além de Brasília, a
capital mais próxima do parque, a freqüência de visitantes daquela local
pequena, representando somente 1,11% dos resultados.
Tabela 5. Distribuição de freqüências da procedência (local de origem) dos visitantes.
Variáveis Freqüência Percentuais
Taguatinga-DF 58 7,2 7,2 Ceilândia-DF 20 2,5 9,6 Brasília-DF 367 45,3 54,9 Planaltina-DF 38 4,7 59,6 Rio de Janeiro-RJ 1 0,1 59,8 Goiânia-GO 9 1,1 60,9 Formosa-GO 1 1 74,9 14 4,1 Gama-DF 10 1,2 76,2 Guará-DF 19 2,3 78,5 N. Bandeirante-DF 7 0,9 79,4 Sobradinho-DF 34 4,2 83,6 Planaltina-GO 26 3,2 86,8 Samambaia-DF 11 1,4 88,1 Outras satélites 15 1,9 90,0 Outras cidades 74 9,1 99,1 Anápolis-GO 7 0,9 100,0
Total 8 1 10 00,0 F ária de dados p utora. Jan/2003
A faixa etária predominante re
35 anos. Esse item representa 36,2 seguido da fa entre 36 e 4 , que
corresponde a 26,9% dos vis entre 18 e 25 nos, fica
com 2
onte: Pesquisa prim ela a .
gistrada é do recreacionista que tem entre 26 e
%, ixa 5 anos
itantes. O público mais jovem, a
4,8% do total (Gráfico 4). Esses números demonstram que a preferência pelo
lazer no PMI está concentrada na faixa etária entre 15 e 45 anos, visto que apenas
12,1% dos visitantes estão na faixa acima de 45 anos. Essa preferência pode ser
38
justificada pelas características do local, como o relevo acidentado, considerando-se
que é um lugar muito procurado para a prática dos chamados “esportes radicais”
(rapel, asa delta, trilha, etc.). O percurso no interior do parque não permite
locomoção de veículos. Os locais de circulação para pedestres apresentam
calçamentos e segurança, porém percebe-se a inexistência de infra-estrutura que
ofereça conforto para pessoas mais idosas.
Gráfico 4. Faixa etária dos freqüentadores do PMI
0
50
100
150
200
250
300
15 a 25 anos26 a 35 anos36 a 45 anos46 a 55 anosmais de 55 anos
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 20).
O grau de escolaridade dos inquiridos (Tabela 6) tem a maior freqüência no 3º
grau, com 47,8%. O nível médio vem em segundo lugar, com 35,9%; o visitante pós-
gradua a taxa de apenas
5,8%.
do comparece com 10,5%; e o ensino fundamental tem
A concentração condiz com a faixa etária predominante, o que demonstra um
bom nível cultural. Certamente esse fator vem contribuir para a conservação do meio
ambiente, verificada no local, bem como para a importância de investimento na
busca de melhorias, principalmente no sentido de conforto para o visitante. Supõe-
se que quanto maior é a formação cultural do indivíduo, mais consciente ele se torna
no aspecto da conservação dos recursos naturais.
Tabela 6. Distribuição de freqüências relacionada ao grau de escolaridade.
Variáveis Freqüência Percentuais Percentuais cumulativos Fundamental 47 5,8 5,8
Médio 291 35,9 41,7 3º grau 387 47,8 89,5
Pós-graduação 85 10,5 100,0 Total 810 100,0
Fonte: primária de s pela auto /2003. Pesquisa dado ra. Jan
39
Sobre o perfil sociocultural dos entre os, pode-se obse a Tabela 7
que a m de ionários p s, característica predominante dos
morad ,5%. Em seguida, vêm os
comerciantes, com 18,9%. Os autônomo
estudantes por 11,9%; e outras atividades
cumulativos
vistad rvar n
aior freqüência é func úblico
ores do Distrito Federal (IBGE, 2000), com 30
s são representados por 12,6%; os
somam o total de 26,2%. Mais uma vez se
percebe que quanto mais idosas são as pessoas, menor é o tempo a que se
dispõem para procurar locais com características naturais, como parques ecológicos
ou locais com pouco conforto.
Tabela 7. Distribuição de freqüências relacionada à ocupação atual.
Variáveis Freqüência Percentuais Percentuais
Comércio 153 18,9 18,9 Indústria 30 3,7 22,6
Funcionário Público 247 30,5 53,1 Autônomo 102 12,6 65,7 Estudante 96 11,9 77,5
Desempregado 20 2,5 80,0 Aposentado 17 2,1 82,1
Outras 145 17,9 100,0 Total 810 100,0
Fonte: P ia de dados pela autora. Jan/2003.
A renda m é um aspecto ssante no quadro apresentado (Gráfico
5). É lariais, destacando-se como
mais baixa a variável que demonstra menos de um (1) salário mínimo (s.m.),
representada por 9,3% – que corresponde a um Percentual de estudantes, em cuja
esquisa primár
ensal intere
verificado um certo equilíbrio entre as faixas sa
situação financeira a tendência é a “mesada”, e também aos desempregados que
sobrevivem por meio de “bicos”. Nas demais variáveis, mesmo havendo um certo
equilíbrio, percebe-se o alto Percentual de renda entre um e cinco (1 a 5) s. m.
(31%), com predominância também entre estudantes e comerciantes. Com 25,7%
registrou-se a faixa salarial de cinco a dez (5 a 10) s. m.; com 15,1%, a faixa de 10 a
15 s. m. e com um Percentual de 19%, a faixa acima de 15 s.m. Chega-se daí a uma
renda mediana de 6,9 salários mínimos, sendo a renda mensal modal igual a 4,21
salários mínimos.
40
Gráfico 5. Renda mensal.
0
50
100
150
200
300
250 Menos de 1 s.m.
1 a 5 s.m
5 a 10 s. m
10 a 15 s.m.
15 ou mais s.m
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 21).
4.3.4 Custos de viagem que retratam a disposição a pagar
Para o conhecimento dos custos de viagem do visitante do Parque Municipal
do orrida, o tipo de
transporte utilizado, o tipo de combustível consumido, o tempo de permanência, os
gastos
sendo que 78% permanecem menos de um (1) dia no local. Verifica-se
que q
Itiquira, foram buscadas informações sobre a distância perc
com diárias, o gasto total e o número de pessoas que compõem o grupo de
visitantes.
Conforme os resultados obtidos, percebe-se uma relação entre a procedência
dos recreacionistas, a proximidade do PMI (Tabela 5) e a permanência no parque
(Tabela 3),
uanto menor é a distância percorrida, menor também é a permanência no
parque. Um fator que pode contribuir para essa passagem rápida pelo parque é a
inexistência de hotéis. Os que se dispõem a permanecer mais de um dia, que no
caso correspondem a 22% dos visitantes, utilizam principalmente as áreas de
camping ou chalés, o que não atende à demanda de visitação. A permanência de
um a dois dias foi demonstrada em 10,2% dos inquiridos; de três a quatro dias, em
6,9%; e apenas 4,6% têm permanência de cinco dias ou mais (Gráfico 6). Atribuem-
se esses números à pouca infra-estrutura oferecida no atrativo turístico, o que leva a
uma estada rápida (Tabela 3).
41
Gráfico 6. Tempo de permanência (em dias) dos visitantes do PMI.
0
100200
300400
500600
700
Menos de um dia
1 a 2 dias3 a 4 dias
5 ou mais dias
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 22).
O alto índice de visitantes que ficam no parque um dia ou menos acarreta
uma redução nos gastos
gastos, visto haver um alto Percentual de sócios com direito às áreas de camping,
piscinas naturais, piscinas artificiais e saunas. É importante ressaltar que os sócios
não fic
r da área de camping, sendo-lhes cobrada uma taxa de
R$ 20,00 (vinte reais) a cada pernoite, por pessoa, havendo gratuidade para os
sócios
apresentados com permanência ou até mesmo falta de
am isentos de taxas dentro da área de preservação que limita o Salto do
Itiquira. São permitidas apenas visitas rápidas, com cobrança de ingressos, e não se
admite entrada com alimentação nem com água em embalagens descartáveis. Os
sócios, quando não querem assumir gastos excedentes, limitam-se à área que lhes
é permitida (camping), o que justifica o Percentual de 49,1% de “sócios ou sem
gastos com permanência”.
Os gastos com estadia (Tabela 8) limitam-se aos visitantes que vão
permanecer por mais de um dia no local. Não sendo sócios, e desde que sejam
convidados, poderão usufrui
. A área de chalés é permitida a não-sócios, independentemente de convite,
estando a diária fixada em R$ 144,00 (cento e quarenta e quatro reais) para os
sócios e R$ 267,00 (duzentos e sessenta e sete reais) para os não-sócios, por casal
(março/2003). Em ambas as opções estão incluídos café da manhã, almoço e
passeio ecológico com guia turístico, além de uma programação especial nas noites
de finais de semana. A tabela abaixo apresenta os gastos com permanência
declarados pelos visitantes do PMI.
42
Tabela 8. Distribuição de freqüências em gastos com permanência no PMI.
Variáveis Freqüência Percentuais Percentuais cumulativos
Menos de R$ 200,00 312 38,5 38,5 R$ 200,00 a R$ 400,00 64 7,9 46,4 R$ 400,00 a R$ 600,00 18 2,2 48,6
Mais de R$ 600,00 18 2,2 50,9 Sócio - sem gastos 398 49,1 100,0
Total 810 100,0 Fon os pela autora. Jan/2003.
O fato de não existir uma linha de ônibus regular a cidade de ormosa
ao par ículos próprios (Gráfico 7). A
utilizaç o de ônibus limita-se aos turistas que saem da sua origem com destino
definido para tal fim, em grupos, em ônibus-turismo especiais. O uso de outros
meios
te: Pesquisa primária de dad
ligando F
que faz com que 95,2% dos visitantes utilizem ve
ã
de transporte, como bicicletas (que não geram consumo de combustível) e
motos, corresponde a 2,7% e 2,1%, respectivamente.
Gráfico 7. Transporte utilizado.
0100200300400500
800
600700
Ônibus turismoVeículo particular
Outros
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003
(Tabela 23).
Em relação ao gasto com combustível, é bem evidente a
desproporc entre a gasolina e outros combustíveis. Foram detectados
entre os inquiridos apenas três visitantes que foram ao local utilizando bicicletas
(0,4%). Os veículos movidos a álcool ficaram com 8,4%; os movidos a diesel com
10,1%; e em 81,1% estão os veícul
ionalidade
os que usam gasolina (Gráfico 8).
43
Gráfico 8. Tipo de combustível.
0100200300400500600700
Gasolina
Álcool
Diesel
sem combustível
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 24).
Por ocasião da coleta de dados, os preços de combustível apresentavam-se
da seguinte forma:
Tabela 9. Preços do combustível. Período Litro Gasolina Litro Álcool Litro Diesel Out/02 R$ 1,76 R$ 1,20 R$ 1,04 Jan/03 R$ 2,21 R$ 1,66 R$ 1,52
Fonte: Posto Itiquira – Formosa (GO). Março/2003.
Co ndo-se qu ove Distrito
Federa a percorrida em 64,4% dos casos
está na faixa de 80 a 140 km. Dos inquiridos, 18,6% estão na faixa compreendida
entre 3
o do Itiquira, sua zona de origem foi considerada também na faixa de
80 a 1
nsidera e a maior zona de visitação é pr niente do
l (Tabela 5), conseqüentemente a distânci
0 e 80 km, que corresponde à zona de Formosa, Planaltina-DF e Planaltina-
GO. Na faixa entre 140 e 250 km estão 12,5% dos inquiridos e acima de 250 km
apenas 4,4%.
Ressalta-se que, quanto aos visitantes de outras regiões que tinham como
objetivo principal uma viagem a Brasília e aproveitaram a oportunidade para
conhecer o Salt
40 km, que corresponde ao Plano Piloto. Nesse grupo foram enquadrados
visitantes do exterior que tiveram como ponto de origem as suas embaixadas
(Gráfico 9). Mais uma vez se confirma que a demanda turística do PMI é
regionalizada.
44
Gráfico 9. Distribuição das distâncias, em km, percorridas pelo visitante
para chegar ao Parque Municipal do Itiquira.
0
100
200
300
400
500
600
30 a 80 km
80 a 140 km
140 a 250 km
mais de 250 km
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 25).
A relação entre procedência, quilometragem e tempo gasto aparece nos
gráficos com total coerência, visto que 68% gastam de uma a duas horas para
desloc nientes do Distrito
Federal (Tabela 5). Dos inquiridos, 19,9% gastam menos de uma hora, o que
corres
iagem é de 1,44/hora,
ou sej
tempo de trabalho a fim de visitar um determinado
local.
amento até o PMI, sendo na sua maioria turistas prove
ponde aos visitantes moradores da cidade de Formosa e Planaltina-GO. Os
demais Percentuais são 6,7%, que gastam de duas a três horas; 1,1%, que gasta de
três a quatro horas; e 3,6%, que levam mais de quatro horas.
Como se pode perceber, a maior freqüência se encontra no intervalo de 80 a
140 km. A média da distância percorrida é igual a 109,20 km, e a distância mais
freqüente é igual a 108,11 km. Conseqüentemente, conforme dados exibidos no
Gráfico 10, pode-se calcular que o tempo médio e modal da v
a, uma hora e 26 minutos.
O tempo gasto com viagem, adicionado ao tempo de permanência no parque,
irá proporcionar condições de cálculo do custo de oportunidade, que, segundo
Hanley e Spash (1995), é medido com referência ao valor salarial, considerando-se
que o indivíduo está desistindo do
45
Gráfico 10. Tempo gasto com viagem.
0
100
300
400
500
600
Menos de 1 hora
1 a 2 horas
2 a 3 horas2003 a 4 horas
mais de 4 horas
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 26).
A distância do local em relação ao anel mais expressivo de visitantes (Distrito
Federal) e o alto Percentual que permanece apenas de quatro a oito horas no local
(Tabela 3) mostram o gasto total relativamente baixo, por indivíduo, em 75% dos
turistas. O segundo maior gasto está concentrado em 16,8% dos usuários do
parque, que são aqueles que permanecem de dois a três dias, normalmente grupos
maiores, que ficam na área de camping, ou casais que se hospedam nos chalés. Na
seqüência, as próximas duas maiores faixas de gastos representam,
respectivamente, 3,3% e 4,1%. Essas duas últimas taxas referem-se aos visitantes
que permanecem por período mais prolongado e utilizam os chalés localizados na
parte mais restrita do Complexo Turístico do Itiquira.
Gráfico 11. Gasto total na visita ao Itiquira.
0100
200300400500600
700Menos de R$ 200,00
R$ 200,00 a R$00400,
R$ 400,00 a R$600,00Mais de R$ 600,00
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 27).
46
Em relação ao agrupamento de visitantes (Gráfico 12), verificou-se que 39%
dirigem-se ao local em grupos de até três pessoas. Os grupos de quatro a sete
pessoas foram registrados em 38,8%. Os grupos maiores, na faixa de oito a dez
pessoas, representam 7,7% dos excursionistas. As viagens de turistas sem
acompanhantes são raras entre o público que ali comparece, considerando-se que
apenas 3,7% estão enquadrados nesse caso. Resumindo, observa-se que
geralmente o visitante do Parque Itiquira não vai só. O número médio de pessoas
que acompanham o visitante é de 3,86.
Gráfico 12. Número de pessoas no grupo.
050
100
150200
250300
350
Nenhuma1 a 3 pessoas4 a 7 pessoas
8 a 10 pessoasMais de 10 pessoas
003 (Tabela 28). Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2
47
CAPÍTULO V
O VALOR DO USO RECREATIVO DO PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA
5.1 O modelo conceitual básico
Como já exposto, a presente dissertação estima o valor do uso recreativo de
um patrimônio ambiental: o Parque Municipal do Itiquira. Para a consecução desse
objetivo escolheu-se o Método Custo de Viagem (MCV), cujas principais
características foram apresentadas no Capítulo II. Tais características formam a
moldura conceitual essencial para uma adequada escolha dos procedimentos
empíricos de estimativa do referido valor. O instrumento estatístico escolhido para a
manipulação das informações obtidas foi a regressão linear multivariada. Essa
técnica permite relacionar os gastos totais dos visitantes do Parque Municipal do
Itiquira (a DAP pelo uso recreativo do PMI) com outras variáveis do estudo.
O modelo estatístico geral de uma regressão linear múltipla para a variável
dependente Y com k variáveis independentes é dado por:
jkjkjjj uXXXCY +++++= βββ Κ2211 .,,1 nj Κ=
Em notação matricial, o modelo é dado por:
uXY += β
onde
⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
=
nY
YY
YΜ
2
1
, , e .
⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
=
knnn
k
k
XXX
XXXXXX
X
ΚΜΜΜΜ
ΚΚ
21
22212
12111
1
11
⎥⎥⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
=
k
C
β
ββ
βΜ
2
1
⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
=
ku
uu
uΜ
2
1
Sobre o modelo especificado acima, devem ser válidas as seguintes
suposições:
48
I. a variável dependente (Y ) é função linear das variáveis independentes
( k ); iX i ,,1, Κ=
II. os valores das variáveis independentes são fixos;
III. o valor esperado do vetor u, )(uE , é igual a 0, onde 0 representa um vetor
de zeros;
IV. os erros são homocedásticos, ou seja, apresentam variância constante;
V. os erros são não-correlacionados, isto é, 0)( =hjuuE para hj ≠ ;
VI. os erros são normalmente distribuídos;
VII. o número de observações deve ser maior que o número de parâmetros a
serem estimados 1k + ;
VIII. a matriz XX ' deve ser não-singular, ou seja, sua característica deve ser
igual a 1k + . ( 'X é a transposta de X)
O método utilizado neste trabalho para a estimação do vetor β de parâmetros
é o usual Método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). Os estimadores de
MQO são lineares, não tendenciosos, de variâncias mínimas, e vêm implementados
na maioria dos pacotes e programas de análise estatística.
As variáveis escolhidas para a presente estimativa são:
Variável Dependente
Detalhamento
GT Gasto total parametrizado
GTI
Gasto total informado (gasto total informado na pesquisa + custo de oportunidade do tempo)
Valor total dos gastos realizados em função do deslocamento da residência até o local de lazer. A amostra utilizada foi de 810 inquiridos.
Variáveis Independentes
Detalhamento
QI Quantidade de visitas anuais ao parque
Média das visitas ao parque no período de jan/1997 a fev/2002. O sinal esperado para essa variável é positivo, considerando-se que quanto maior é a quantidade de visitas maiores são os gastos realizados naquele local.
Q Q1 - uma vez por ano Q2 - 2 a 3 vezes por ano
Variável dummy para a quantidade de visitas anuais ao parque. O sinal
49
Q3 - 4 ou mais vezes/ano Categoria de referência –primeira vez
esperado para essa variável nos modelos econométricos é negativo, pois quanto menor é o número de visitas menores são os gastos realizados.
Y Renda dos visitantes
Considerada a renda média dos visitantes do parque. Espera-se que o sinal dessa variável se apresente positivo, tendo em vista que quanto maior é a renda maiores são os gastos a serem realizados no lazer.
I
I1 - 15 a 25 anos I2 - 26 a 35 anos I3 - 36 a 45 anos I4 - 46 a 55 anos Categoria de referência –mais de 55 anos
Variável dummy para a idade dos visitantes. O sinal esperado para essa variável é negativo, considerando-se que a idade não tem significância para os gastos realizados em função do lazer.
ESC Escolaridade
Escolaridade em anos de estudo. Da mesma forma que a variável anterior, espera-se que os anos de estudo nãointerfiram nos gastos a serem realizados em um local de lazer.
E
E1 - nível fundamental E2 - nível médio E3 - 3º grau Categoria de referência –pós-graduado
Variável dummy para a escolaridade. Embora utilizadas essas variáveis, espera-se sinal negativo, indicando a sua insignificância para a realização de gastos.
DIST Distância percorrida
A partir do ponto de origem, quanto maior é a distância, maiores são os gastos com o deslocamento, esperando-se um sinal positivo para essa variável.
D
D1 - menos de um dia D2 - 1 a 2 dias D3 - 3 a 4 dias Categoria de referência: mais de 4 dias
Variável dummy para o tempo de permanência. Espera-se sinal positivo para todas as categorias, considerando-se que o tempo de permanência é fator relevante para o aumento de gastos a serem realizados.
Um dos problemas cruciais da análise de regressão multivariada é determinar
quais variáveis independentes devem ser consideradas no modelo. Segundo
Hoffman e Vieira (1987), quando se inclui uma variável desnecessária, as
estimativas dos coeficientes permanecem não-tendenciosas, diferentemente do que
ocorre quando se deixa de incluir uma das variáveis importantes. Em outras
palavras, é preferível incluir uma variável desnecessária a deixar de incluir uma
variável relevante. Entretanto, a inclusão de variáveis desnecessárias também é
prejudicial, pois, em geral, essa inclusão faz com que aumente a variância dos
50
estimadores. Enfim, um cuidado especial deve ser dispensado à especificação do
modelo.
A estatística dispõe de métodos baseados na análise de variância para
determinar quais variáveis independentes devem ser consideradas. Neste trabalho
foi utilizada a metodologia Passo a Passo – Step Wise (Souza, 1998).
Foram estimados parâmetros para modelos de regressão linear em que a
variável dependente é o Gasto Total Parametrizado (GT) e modelos de regressão
linear nos quais a variável dependente é o Gasto Total Informado (GTI). Os
resultados das estimações e testes feitos pelo programa SPSS e discussão dos
resultados relevantes estão apresentados nas seções 5.2 e 5.3, a seguir.
5.2 Modelos com o uso da variável dependente GT
Os modelos especificados pelo uso da variável dependente GT (Gasto Total
Parametrizado) são modelos lineares de regressão múltipla cujas equações seguem
a formulação descrita na equação do Modelo 1.
Esse tipo de modelo, que considera como variável dependente o Gasto Total
Parametrizado (GT), tem como variáveis independentes as dummies da quantidade
de visitas anuais ao parque (Q1, Q2, Q3), a renda (Y), as dummies da idade (l1, l2,
l3, l4), a escolaridade em anos de estudo (ESC), a distância percorrida (DIST) e as
dummies do tempo de permanência (D1, D2, D3). A diferença entre os Modelos 1 e
2 é o uso, no Modelo 2, da variável QI, o número médio de visitas anuais ao Parque
Municipal do Itiquira, ao invés das dummies da quantidade de visitas anuais ao
parque (Q1, Q2, Q3). A diferença entre os Modelos 1 e 3 é o uso, no modelo 3, das
dummies da escolaridade dos visitantes (E1, E2, E3), ao invés da variável
escolaridade em anos de estudo (ESC).
A seguir, a Tabela 10 apresenta, de forma resumida, os resultados dos seis
modelos expostos neste estudo (as tabelas detalhadas de cada um dos seis
modelos vêm ao final, em forma de apêndice).
51
Tabela 10
Resultados dos Modelos de Regressão Variáveis
Independentes Modelos Tipo I
Variável Dependente GT Modelos Tipo II
Variável Dependente GTI
Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6
C 1232.405*
(15.66726) 1203,647* (15,17562)
1234,318* (15,43644)
1235,392* (15,98356)
1223,498* (15,70747)
1221,977* (15,55502)
QI -- --
14,38346** (1,788104)
-- --
-- --
8,816963** (1,116102)
-- --
Q1 -21.68322**
(-0.948449) -- --
-25,73562**(-1,120823)
-4,851717**(-0,215981)
-- --
-8,611986**(-0,381763)
Q2 19.93556**
(0.816493) -- --
14,90222** (0,606658)
2,105133** (0,087747)
-- --
-2,587945**(-0,107235)
Q3 29.18620**
(29.18620) -- --
27,78632** (1,003910)
27,58340** (1,018637)
-- --
26,98548** (0,992388)
Y 0.137595 *
(13.17619) 0,137740* (13,19993)
0,138726* (0,010573)
0,134357* (13,09414)
0,134274* (13,10259)
0,135018* (12,99815)
I1 10.46485** (0,194812)
13,48651** (0,251613)
10,96180** (0,204180)
-19,14084**(-0,362637)
-18,60941** (-0,353526)
-18,20032**(-0,345062)
I2 -53.79547** (-1,027870)
-50,63472** (-0,969612)
-50,47055**(-0,963573)
-58,08048**(-1,129410)
-57,97395** (-1,130415)
-54,00309**(-1,049428)
I3 -57.44624** (-1,083146)
-53,55431** (-1,012853)
-53,38923**(-1,006564)
-36,93807**(-0,708808)
-36,64662** (-0,705735)
-32,53421**(-0,624332)
I4 -3.409263** (-0,058764)
-0,875351** (-0,015135)
2,263737** (0,038998)
21,04825** (0,369228)
22,77036** (0,400888)
27,04944** (0,474308)
ESC 2.573478**
(0,758105) 2,490167**
(0,737220) -- --
1,396970** (0,418818)
1,236202** (0,372661)
-- --
E1 -- --
-- --
7,637711** (0,160123)
-- --
-- --
25,90955** (0,552890)
E2 -- --
-- --
18,38915** (0,552579)
-- --
-- --
19,80417** (0,605727)
E3 -- --
-- --
47,87610** (1,557701)
-- --
-- --
48,80391** (1,616246)
DIST 0.882343* (4,561450)
0,904945* (4,710112)
0,868778* (4,489695)
0,950652* (5,001682)
0,951528* (5,042973)
0,935040* (4,918421)
D1 -1375.636* (-33,07764)
-1374,664* (-33,12358)
-1377,213* (-33,09646)
-1343,260* (-3287152)
-1342,165* (-32,93081)
-1345,469* (-32,911040)
D2 -954.0457* (-19,59923)
-955,5112* (-19,66509)
-958,2501* (-19,65033)
-988,7639* (-20,67243)
-987,6650* (-20,69786)
-993,8044* (-20,74337)
D3 -395.6705* (-7,642687)
-394,7818* (-7,631344)
-395,9303* (-7,654909)
-330,7732* (-6,502369)
-330,4478* (-6,504329)
-331,1697* (-6,517175)
R² R² Ajustado Nº de Observações Teste F
0,734169*** 0,729827
810 169,1063
0,733795*** 0,730125
810 199,9716
0,735359*** 0,730360
810 147,0862
0,739052***0,734790
810 173,4168
0,738958*** 0,735359
810 205,3613
0,740291*** 0,735384
810 150,8843
Notas: * Significativo próximo de 1% - regressores significantes ** Significativo acima de 10% - regressores insignificantes *** Valores próximos de 73% indicam boa capacidade explicativa dos modelos propostos
52
5.3 Discussão dos resultados com base nos modelos com GT
A partir dos resultados do p-valor referente ao Teste t de Student para os
coeficientes da regressão, exibidos como Prob nas tabelas constantes dos
apêndices, as variáveis renda (Y) e distância (DIST), as dummies para o tempo de
permanência (D1, D2, D3) e o intercepto (C) apresentam significância ao nível de 1%
nos três primeiros modelos. Por outro lado, os coeficientes estimados da variável
quantidade de visitas anuais (QI), das dummies para quantidade de visitas anuais
(Q1, Q2, Q3), das dummies da idade (I1, I2, I3, I4) e da escolaridade (E1, E2, E3)
apresentam p-valores muito altos, acima de 10%, deixando claro que, nos Modelos
1, 2 e 3, esses regressores são insignificantes para explicar os gastos ocorridos na
visita ao Parque do Itiquira.
O Teste F na análise de regressão testa a hipótese nula H0: 021 === Κββ ,
ou seja, testa a significância conjunta dos regressores. O p-valor do Teste F é
denotado por Prob (F-statistic) nas tabelas constantes dos Apêndices C. A partir dos
valores exibidos, 0,00 para os três modelos, conclui-se que todos os modelos
apresentam significância conjunta dos regressores. Em outras palavras, as
especificações desses modelos (GT) descrevem de forma estatisticamente
significativa os dados da amostra. Além disso, os valores de R2 e R-squared,
conforme a Tabela 10, encontram-se em torno de 73%, o que deixa evidente uma
boa capacidade explicativa dos modelos Tipo I.
O Teste de Durbin-Watson na análise de regressão verifica a existência de
autocorrelação nos resíduos, fato que violaria a suposição v nos modelos propostos.
A estatística de Durbin-Watson (Durbin-Watson stat) assume sempre valores no
intervalo 0,4. Um valor da estatística de Durbin-Watson perto de zero indica a
existência de autocorrelação positiva nos erros, e um valor da estatística de Durbin-
Watson perto de quatro indica que os erros estão negativamente
autocorrelacionados. Conseqüentemente, se a estatística de Durbin-Watson assumir
valores próximos de dois, não há autocorrelação nos erros. Nos seis modelos
apresentados, o valor dessa estatística, Durbin-Watson stat, encontra-se próximo de
dois, eliminando-se, portanto, o problema de rejeição dos estimadores por problema
de autocorrelação.
53
O Teste LM de Breusch e Godfrey é da classe de testes assintóticos
conhecidos como Testes dos Multiplicadores de Lagrange (LM). Foi proposto por
Breusch (1979) e Godfrey (1978) e investiga a presença de correlação serial nos
resíduos. A hipótese nula do Teste LM Breusch-Godfrey é de que não existe
correlação serial nos resíduos e utiliza a estatística Obs*R-squared como regra de
decisão. Observando o p-valor (Probability) desse teste nos resultados obtidos
(sempre maior que 10%), verifica-se que, nos Modelos 1, 2 e 3, não se pode rejeitar
a hipótese nula nos níveis usuais de significância. Esse resultado está em
consonância com as conclusões do Teste de Durbin-Watson, relatadas no parágrafo
anterior.
Os coeficientes da variável renda (Y) obtidos na regressão (aproximadamente
0,14 nos três modelos que utilizaram GT) indicam que um aumento de R$ 1,00 (um
real) na renda média dos visitantes do parque implica acréscimo médio aproximado
no gasto total de R$ 0,14 (quatorze centavos). A mesma interpretação pode ser feita
para os valores dos coeficientes obtidos para a variável distância (DIST). Assim, os
resultados indicam que o aumento de um quilômetro na distância percorrida pelo
visitante até o Salto do Itiquira acarreta um aumento médio no gasto total que varia
entre R$ 0,87 (oitenta e sete centavos) e R$ 0,90 (noventa centavos).
Na abordagem da questão do tempo de permanência, foram utilizadas como
referência as pessoas que ficam cinco ou mais dias no parque. Os resultados dos
coeficientes para a dummy D1 (-1375,64; -1374,66; -1377,21 nos Modelos 1, 2 e 3,
respectivamente) mostram que aqueles que permanecem menos de um dia no
parque (a grande maioria) gastam em média entre R$ 1.374,00 (mil trezentos e
setenta e quatro reais) e R$ 1.377,00 (mil trezentos e setenta e sete reais) a menos
do que aqueles que permanecem cinco ou mais dias. Assim, pelos valores dos
coeficientes da variável D2, verifica-se que os visitantes que ficam no parque de um
a dois dias gastam em média entre R$ 954,00 (novecentos e cinqüenta e quatro
reais) e R$ 958,00 (novecentos e cinqüenta e oito reais) a menos do que aqueles
que permanecem cinco ou mais dias. Finalmente, é previsível que os visitantes que
permanecem três a quatro dias gastam R$ 395,00 (trezentos e noventa e cinco
reais) a menos do que os visitantes que ficam cinco dias ou mais no parque, faixa de
referência da variável D3.
54
A tentativa de utilização de valores médios para a variável quantidade anual
de visitas (QI), ao invés da abordagem por variáveis dummies, é expressa no
Modelo 2. A variável QI só é capaz de explicar os gastos totais da visita ao parque
ao nível de significância de 10%, de forma que o crescimento do número anual de
visitas ao Parque Municipal do Itiquira em uma unidade impulsiona o gasto total em
aproximadamente R$ 14,50 (quatorze reais e cinqüenta centavos). Considerando-se
o gasto total como o preço do bem ambiental, a constatação de um sinal positivo
para a variável de quantidade aponta uma curva de demanda positivamente
inclinada, na qual, a cada acréscimo de unidade, o valor ambiental também
aumenta, acompanhando o crescimento. Por outro lado, a insignificância já
observada na utilização de variáveis binárias para analisar o impacto da quantidade
de visitas anuais no preço ou gasto no parque reforça a idéia de que, talvez, a
variável binária não seja tão adequada para valorar o Itiquira.
Diante do aspecto duvidoso que envolve a variável binária referente às visitas
ao parque, o regressor de maior impacto sobre os gastos parece ser a distância
percorrida no passeio – uma vez que a maior parte dos visitantes parece percorrer
pequeno trajeto para usufruir do bem ambiental. Isso sugere que o Método Custo de
Viagem tende a subestimar o valor econômico do parque. Por outro lado, a pequena
distância tende a favorecer a quantidade de visitas, sem tanta interferência da
questão dos preços ou custos, o que desfavorece a formação de uma curva de
demanda bem comportada.
5.4 Modelos com o uso da variável dependente GTI
Os modelos especificados neste estudo utilizando como variável dependente
o Gasto Total Informado (GTI) são modelos lineares de regressão múltipla, cujas
equações também seguem a formulação descrita na equação 1. O Modelo 4 é
equivalente ao Modelo 1 com a variável GT, o Modelo 5 é equivalente ao Modelo 2,
e o Modelo 6 é equivalente ao Modelo 3. Assim, o Modelo 4 considera como variável
dependente o Gasto Total Informado (GTI) e como variáveis independentes as
dummies da quantidade de visitas anuais ao parque (Q1, Q2, Q3), a renda (Y), as
dummies da idade (I1, I2, I3, I4), a escolaridade em anos de estudo (ESC), a
55
distância percorrida (DIST) e as dummies do tempo de permanência (D1, D2, D3).
A diferença entre os Modelos 4 e 5 é o uso, no Modelo 5, da variável QI, o número
médio de visitas anuais ao Parque Municipal do Itiquira, ao invés das dummies da
quantidade de visitas anuais ao parque (Q1, Q2, Q3). A diferença entre os Modelos
4 e 6 é o uso, no Modelo 6, das variáveis dummies das categorias da escolaridade
dos visitantes (E1, E2, E3), ao invés da variável escolaridade em anos de estudo
(ESC).
5.5 Comentários sobre os resultados da seção Análises de Regressão
De acordo com resultados expostos na seção de Análises de Regressão (que
vem como apêndice), o Modelo 2 tem alguns regressores (as variáveis QI, I1, I2, I3,
I4) que não são individualmente significantes, uma vez que as probabilidades
associadas às estatísticas t são maiores que 10,00%. Contudo, numa tentativa de
retirar essas variáveis, verificou-se que o novo modelo especificado (o modelo sem
essas variáveis) não satisfaz uma das suposições do modelo de regressão linear, já
que foi detectada a presença de correlação serial nos resíduos, dado o p-valor do
Teste LM de Breusch-Godfrey, conforme se depreende dos resultados expostos na
Tabela 10.
Mesmo que essas variáveis sejam irrelevantes no Modelo 2, a presença delas
não significa perda de qualidade no ajuste determinado por esse modelo, já que a
probabilidade Prob(F-statistic) associada ao Teste F garante alta significância
conjunta de todos os regressores, inclusive dos regressores QI, I1, I2, I3 e I4. O
Modelo 2 tem de fato regressores irrelevantes, mas não viola a suposição de erros
não correlacionados. Não violar as suposições do modelo de regressão é primordial
para garantir a qualidade do estimador de MQO.
Quanto às estimativas baseadas nos gastos totais informados, elas
apresentam resultados semelhantes ao método por gastos parametrizados.
Entretanto, o p-valor do Teste LM de Breusch-Godfrey (Probability), referente a
Obs*R-squared, para os Modelos 4, 5 e 6, é menor que 5%, e, ao nível de 5%, a
hipótese nula de que não haja correlação serial nos resíduos é rejeitada. Uma vez
56
detectado esse problema de correlação serial, as estimativas obtidas pelo Método
dos Mínimos Quadrados Ordinários são inválidas.
5.6 Escolha do melhor modelo para um resultado positivo de valoração do PMI
A discussão dos resultados da seção de Análises de Regressão (em
apêndice) descarta o uso da variável GTI como variável dependente, dada a
presença de autocorrelação serial nos resíduos. Assim, o melhor modelo deve ser
um dos constantes nos apêndices, modelos da seção 5.1 (sintetizados na Tabela
10), em que se utiliza o Gasto Total Parametrizado. A seção Análises de Regressão
refere-se a seis tabelas, que vêm completas e pormenorizadas como apêndices, e
das quais foram extraídos alguns dados, apresentados, em resumo, na Tabela 10
(seção 5.2).
A escolha do melhor modelo de regressão é feita por alguns critérios. A
literatura estatística, em geral, recomenda, no primeiro enfoque, utilizar os resultados
do Teste F para decidir qual é o modelo mais adequado; em segundo lugar, manda
utilizar o 2R ajustado por graus de liberdade, dado que essa estatística sempre
diminui quando uma variável incluída não for importante. Por fim, é recomendado
também utilizar os valores dos critérios de informação, escolhendo como modelo
mais adequado aquele que minimiza a medida proposta, conciliando qualidade do
ajustamento com especificação parcimoniosa. Os critérios calculados nesta análise
são o Akaike Information Criterion, proposto em Akaike (1974), e o Bayesian
Information Criterion AIC, proposto em Schwaz (1978).
Quanto ao p-valor do Teste F, Prob (F-statistic), não há como escolher o
melhor modelo, uma vez que todos são estatisticamente significativos ao nível de
1%, apresentando o mesmo p-valor 0,00. O 2R ajustado por graus de liberdade,
Adjusted R-squared, para os Modelos 1, 2 e 3, é igual a 0,730 nos três modelos,
com uma leve superioridade no Modelo 3. Quanto aos critérios AIC e BIC, denotados
nas tabelas por Akaike info criterion e Schwarz criterion, os menores valores
ocorrem para o Modelo 2. Além disso, o Modelo 2 é, dentre eles, o mais simples, por
ter o menor número de variáveis independentes, sendo mais adequado para a
previsão do Gasto Total Parametrizado. Em outras palavras, uma vez considerado o
57
Gasto Total Parametrizado (GT) do visitante como o valor do bem natural, pode-se
afirmar que o valor do Parque Municipal do Itiquira depende do número médio da
quantidade anual de visitas (QI), da renda dos visitantes (Y), das suas faixas etárias
(I1, I2, I3, I4), seus níveis de escolaridade (ESC) e do tempo de permanência no
parque (D1, D2, D3). A equação de previsão para o gasto, é dada por:
GT= C + φQI + αY + ǿI1 + ǿI2 + ǿI3 + ǿI4 + μEsc + βDist + ηD1 + ηD2 + ηD3
Tomando os valores médios das variáveis dependentes do Modelo 2, pode-se
prever o gasto total médio no parque a partir da equação de regressão obtida. De
acordo com a análise descritiva dos dados, os valores médios das variáveis são
descritos a seguir:
- QI = 2 visitas anuais - Y = 6,9 salários mínimos = R$1794,00 - Idade = 32,96 anos; I1=0, I2=1, I3=0, I4=0 - ESC = 16 anos - DIST =109,25 Km - Tempo de permanência = 0,64 dia; D1=1, D2=0, D3=0
Substituindo esses valores médios na equação do Modelo 2 tem-se:
GT=1203,65 +14,38QI + 0,14Y + 13,49I1 - 50,63I2 - 53,55I3 - ,087I4 + 2,49ESC +
0,90DIST - 1374,66D1 - 955,51D2 - 394,78D3
Apesar de toda a abstração que pode envolver o Método Custo de Viagem,
tomando por base o número médio de visitas anuais e o gasto médio total, este
estudo atribui, através do melhor modelo aplicado – que buscou a preferência
revelada do visitante –, o valor de R$ 785.760,00 (setecentos e oitenta e cinco mil
setecentos e sessenta reais) - ao bem natural Parque Municipal do Itiquira, valor
este que pode estar subestimado, considerando-se todos os fatores relatados no
Capítulo IV.
O instrumento estatístico escolhido para a manipulação das informações
obtidas foi a regressão linear multivariada, cuja técnica permite relacionar os gastos
totais dos visitantes do Parque Municipal do Itiquira (a DAP pelo uso recreativo do
PMI) com outras variáveis do estudo.
58
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta básica do Método Custo de Viagem é estimar uma curva de
demanda a partir de taxas obtidas em função dos custos e da disposição a pagar
dos visitantes (Mota, 1997). A partir desse conceito, conhecer o MCV e a sua
aplicabilidade em pequenas áreas de lazer implicou, neste trabalho, conhecer a sua
eficiência e a sua eficácia, ao tempo em que se tentou valorar o Parque Municipal do
Itiquira.
O tema se mostrou relevante na medida em que se pretende, a partir dos
resultados obtidos, conscientizar os gestores públicos quanto à importância da
preservação ambiental, o que vem incrementar os esforços atuais, embora
terceirizados, na manutenção e defesa do PMI, complementando-se ações já
existentes com maiores investimentos na sua infra-estrutura, a fim de que aquela se
torne uma área de lazer mais atrativa aos seus visitantes.
Este estudo foi a primeira tentativa de se valorar a área utilizando um método
de valoração. O caso aqui analisado apresentou algumas especificidades
fundamentais, como a origem dos visitantes, considerando-se como ponto de partida
tanto estados e municípios diversos quanto o próprio município – para visitantes de
outras cidades que estavam em Formosa por quaisquer motivos e aproveitaram a
oportunidade para ir ao PMI, o município de Formosa é tido como ponto de partida.
Um outro aspecto de relevância, tendo em vista a aplicação da teoria e os
resultados da pesquisa empírica, refere-se à adequação dos gastos totais para os
individuais, considerando-se que, na grande maioria, as visitas são feitas em grupos,
em viagens com várias pessoas em um mesmo veículo; no entanto foi considerado o
gasto por indivíduo e não pelo grupo.
Embora tenha havido a preocupação em eliminar os possíveis vieses,
percebeu-se que o valor pode estar subestimado pela inexistência de infra-estrutura
que ofereça conforto aos visitantes do parque. Certamente corrigido esse fator, os
gastos a serem realizados terão acréscimos expressivos, aumentando sobremaneira
o valor daquela área de lazer.
O fato de considerar que a área do Parque Municipal do Itiquira é pequena
em relação àquelas registradas na seção 2.3 não prejudicou a eficiência e a eficácia
59
do Método Custo de Viagem, levando-se em conta os resultados obtidos nos
modelos de Análise de Regressão Linear Multivariada. Fica claro que o valor do
parque dependerá de variáveis de ordem sociocultural, como faixas etárias e níveis
de escolaridade dos visitantes; de ordem econômica, como a renda; além de
atributos específicos, como tempo de permanência, número médio de quantidade
anual de visitas e distância a ser percorrida do ponto de origem até a localidade em
questão.
Mota (1997) afirma que os resultados inferidos com base em unidades
amostradas selecionadas somente nos finais de semana podem apresentar
características que diferem substancialmente, do ponto de vista sociológico e
estatístico, daqueles resultados pesquisados de segunda-feira a sexta-feira.
Levando em conta o pequeno número de visitantes no PMI durante a semana, a
coleta de dados deste estudo deu-se apenas aos sábados e domingos.
Sabe-se que a pesquisa não se esgota nos resultados encontrados, ficando a
possibilidade de nova aplicação do método após investimentos sugeridos para a
área, principalmente pelo fato de inexistirem outras formas de valoração de um bem
ambiental, sendo o método aqui exposto muito utilizado.
Com certeza, apesar de todas as dificuldades, a aplicação do Método Custo
de Viagem, além de ter sido bastante viável tanto do ponto de vista acadêmico
quanto operacional, gerou resultados importantes, que poderão subsidiar os
gestores municipais no planejamento turístico do município de Formosa e
principalmente auxiliar nas análises da viabilidade (ou não) da continuidade do
contrato de concessão para exploração do Parque Municipal do Itiquira.
60
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65
APÊNDICE A - Questionário – Lazer no Parque Municipal do Itiquira
1. PERCEPÇÃO AMBIENTAL
1.1. O que é mais importante na escolha de um local de recreação?
(1) Conforto do local (2) Distância (3) Beleza natural (4) Outros aspectos _____
1.2. Que outra atividade você estaria praticando caso não estivesse no Itiquira?
(1) Descanso em casa (2) Trabalho (3) Um lazer qualquer, mais próximo (4) Outras atividades ______
2. OBJETIVOS DA VISITA
2.1. O objetivo desta viagem é exclusivamente o lazer no Itiquira?
(1) Sim (2) Não
2.2. Por que você escolheu o Itiquira?
(1) Valor do ingresso (2) Fácil acesso ao local (3) Infra-estrutura do local (lanchonete,
churrasqueira, etc.) (4) Bosque, cachoeira e rio (5) Outras razões__________
2.3. Quantas horas você permanecerá/permane-ceu no Itiquira?
(1) 1 a 4 horas (2) 5 a 8 horas (3) 9 a 12 horas
2.4. Qual é o número de visitas anuais que você faz ao Itiquira?
(1) É minha primeira visita ao Itiquira (2) 1 vez por ano (3) 2 a 3 vezes por ano (4) 4 ou mais vezes por ano
66
3. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS (IDENTIFICAÇÃO) E CUSTOS DA VIAGEM
3.1. Procedência (especificar cidade e estado)
Cidade: __________________________ Estado: __________________________
3.2. Faixa etária (1) 15 a 25 anos (2) 26 a 35 anos (3) 36 a 45 anos
(4) 46 a 55 anos (5) Mais de 55 anos
3.3. Grau de escolaridade (1) Fundamental (2) Médio (3) 3º grau (4) Pós-graduação (5) Outros __________
3.4. Ocupação atual (situação no mercado de trabalho)
(1) Comerciante (2) Industrial (3) Funcionário público (4) Profissional autônomo (5) Estudante (6) Desempregado (7) Aposentado (8) Outras ocupações
3.5. Renda mensal
(em salário mínimo (s.m.) Especificar: R$__________________
(1) Menos de 1 (2) 1 a 5 s.m. (3) 5 a 10 s.m. (4) 10 a 15 s.m. (5) 15 ou mais s.m.
3.6. Tempo de permanência (1) Menos de 1 dia (2) 1 a 2 dias (3) 3 a 4 dias (4) 5 ou mais dias
3.7. Diária e/ou gastos com a visita
(1) Menos de R$ 200,00 (2) R$ 200,00 a R$ 400,00 (3) R$ 400,00 a R$ 600,00 (4) Mais de R$ 600,00
3.8. Transporte utilizado
(1) Ônibus de turismo (2) Veículo particular (3) Outros ________________
3.9. Tipo de combustível
(1) Gasolina (2) Álcool (3) Diesel
67
3.10. Distância percorrida (1) 30 a 80 km (2) 80 a 140 km (3) 140 a 250 km (4) Mais de 250 km
3.11. Tempo gasto com a viagem
(1) Menos de 1 hora (2) 1 a 2 horas (3) 2 a 3 horas (4) 3 a 4 horas (5) Mais de 4 horas
3.12. Qual foi o seu gasto total nesta visita ao Itiquira, incluindo combustível, ingresso, alimentação e outras compras?
(1) Menos de R$ 200,00 (2) R$ 200,00 a R$ 400,00 (3) R$ 400,00 a R$ 600,00 (4) Mais de R$ 600,00
3.13. Quantas pessoas acompanham você nesta viagem?
(1) Nenhuma (2) 1 a 3 pessoas (3) 4 a 7 pessoas (4) 8 a 10 pessoas (5) Mais de 10 pessoas
68
APÊNDICE B – Análises de Regressão
Tabela 11 - Análise de regressão - Modelo 1.
Dependent Variable: GT Method: Least Squares Date: 10/06/03 Time: 10:20 Sample: 1 810 Included observations: 810
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. C 1232.405 78.66118 15.66726 0.0000
Q1 -21.68322 22.86177 -0.948449 0.3432Q2 19.93556 24.41608 0.816493 0.4145Q3 29.18620 27.55861 1.059059 0.2899Y 0.137595 0.010443 13.17619 0.0000I1 10.46485 53.71780 0.194812 0.8456I2 -53.79547 52.33686 -1.027870 0.3043I3 -57.44624 53.03647 -1.083146 0.2791I4 -3.409263 58.01630 -0.058764 0.9532
ESC 2.573478 3.394617 0.758105 0.4486DIST 0.882343 0.193435 4.561450 0.0000D1 -1375.636 41.58810 -33.07764 0.0000D2 -954.0457 48.67771 -19.59923 0.0000D3 -395.6705 51.77113 -7.642687 0.0000
R-squared 0.734169 Mean dependent var 350.2047Adjusted R-squared 0.729827 S.D. dependent var 475.0714S.E. of regression 246.9332 Akaike info criterion 13.87325Sum squared resid 48536916 Schwarz criterion 13.95443Log likelihood -5604.665 F-statistic 169.1063Durbin-Watson stat 1.886131 Prob(F-statistic) 0.000000Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test: F-statistic 1.857061 Probability 0.156808Obs*R-squared 3.771325 Probability 0.151728
69
Tabela 12. Análise de regressão - Modelo 2.
Dependent Variable: GT Method: Least Squares Date: 10/06/03 Time: 10:16 Sample: 1 810 Included observations: 810
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. C 1203.647 79.31453 15.17562 0.0000QI 14.38346 8.043972 1.788104 0.0741Y 0.137740 0.010435 13.19993 0.0000I1 13.48651 53.60019 0.251613 0.8014I2 -50.63472 52.22166 -0.969612 0.3325I3 -53.55431 52.87472 -1.012853 0.3114I4 -0.875351 57.83653 -0.015135 0.9879
ESC 2.490167 3.377782 0.737220 0.4612DIST 0.904945 0.192128 4.710112 0.0000D1 -1374.664 41.50106 -33.12358 0.0000D2 -955.5112 48.58921 -19.66509 0.0000D3 -394.7818 51.73162 -7.631344 0.0000
R-squared 0.733795 Mean dependent var 350.2047Adjusted R-squared 0.730125 S.D. dependent var 475.0714S.E. of regression 246.7971 Akaike info criterion 13.86971Sum squared resid 48605210 Schwarz criterion 13.93930Log likelihood -5605.234 F-statistic 199.9716Durbin-Watson stat 1.883731 Prob(F-statistic) 0.000000Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test: F-statistic 1.934829 Probability 0.145128Obs*R-squared 3.918667 Probability 0.140952
70
Tabela 13 - Análise de regressão - Modelo 3.
Dependent Variable: GT Method: Least Squares Date: 10/06/03 Time: 10:16 Sample: 1 810 Included observations: 810
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. C 1234.318 79.96131 15.43644 0.0000
Q1 -25.73562 22.96135 -1.120823 0.2627Q2 14.90222 24.56447 0.606658 0.5443Q3 27.78632 27.67810 1.003910 0.3157Y 0.138726 0.010573 13.12080 0.0000I1 10.96180 53.68703 0.204180 0.8383I2 -50.47055 52.37854 -0.963573 0.3356I3 -53.38923 53.04106 -1.006564 0.3145I4 2.263737 58.04779 0.038998 0.9689E1 7.637711 47.69896 0.160123 0.8728E2 18.38915 33.27875 0.552579 0.5807E3 47.87610 30.73511 1.557701 0.1197
DIST 0.868778 0.193505 4.489695 0.0000D1 -1377.213 41.61208 -33.09646 0.0000D2 -958.2501 48.76509 -19.65033 0.0000D3 -395.9303 51.72240 -7.654909 0.0000
R-squared 0.735359 Mean dependent var 350.2047Adjusted R-squared 0.730360 S.D. dependent var 475.0714S.E. of regression 246.6898 Akaike info criterion 13.87370Sum squared resid 48319559 Schwarz criterion 13.96648Log likelihood -5602.847 F-statistic 147.0862Durbin-Watson stat 1.875331 Prob(F-statistic) 0.000000Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test: F-statistic 2.101122 Probability 0.123000Obs*R-squared 4.275067 Probability 0.117945
71
Tabela 14: Análise de regressão - Modelo 4.
Dependent Variable: GTI Method: Least Squares Date: 10/06/03 Time: 10:16 Sample: 1 810 Included observations: 810
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. C 1235.392 77.29146 15.98356 0.0000
Q1 -4.851717 22.46368 -0.215981 0.8291Q2 2.105133 23.99093 0.087747 0.9301Q3 27.58340 27.07874 1.018637 0.3087Y 0.134357 0.010261 13.09414 0.0000I1 -19.14084 52.78241 -0.362637 0.7170I2 -58.08048 51.42552 -1.129410 0.2591I3 -36.93807 52.11295 -0.708808 0.4787I4 21.04825 57.00607 0.369228 0.7121
ESC 1.396970 3.335507 0.418818 0.6755DIST 0.950652 0.190066 5.001682 0.0000D1 -1343.260 40.86393 -32.87152 0.0000D2 -988.7639 47.83009 -20.67243 0.0000D3 -330.7732 50.86964 -6.502369 0.0000
R-squared 0.739052 Mean dependent var 367.3307Adjusted R-squared 0.734790 S.D. dependent var 471.1465S.E. of regression 242.6334 Akaike info criterion 13.83811Sum squared resid 46861292 Schwarz criterion 13.91930Log likelihood -5590.436 F-statistic 173.4168Durbin-Watson stat 1.813136 Prob(F-statistic) 0.000000Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test: F-statistic 3.519962 Probability 0.030063Obs*R-squared 7.118670 Probability 0.028458
72
Tabela 15: Análise de regressão - Modelo 5.
Dependent Variable: GTI Method: Least Squares Date: 10/06/03 Time: 10:26 Sample: 1 810 Included observations: 810
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. C 1223.498 77.89277 15.70747 0.0000QI 8.816963 7.899779 1.116102 0.2647Y 0.134274 0.010248 13.10259 0.0000I1 -18.60941 52.63938 -0.353526 0.7238I2 -57.97395 51.28555 -1.130415 0.2586I3 -36.64662 51.92691 -0.705735 0.4806I4 22.77036 56.79978 0.400888 0.6886
ESC 1.236202 3.317234 0.372661 0.7095DIST 0.951528 0.188684 5.042973 0.0000D1 -1342.165 40.75713 -32.93081 0.0000D2 -987.6650 47.71822 -20.69786 0.0000D3 -330.4478 50.80430 -6.504329 0.0000
R-squared 0.738958 Mean dependent var 367.3307Adjusted R-squared 0.735359 S.D. dependent var 471.1465S.E. of regression 242.3731 Akaike info criterion 13.83354Sum squared resid 46878272 Schwarz criterion 13.90312Log likelihood -5590.583 F-statistic 205.3613Durbin-Watson stat 1.810558 Prob(F-statistic) 0.000000Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test: F-statistic 3.623143 Probability 0.027140Obs*R-squared 7.307214 Probability 0.025898
73
Tabela 16: Análise de regressão - Modelo 6.
Dependent Variable: GTI Method: Least Squares Date: 10/06/03 Time: 10:31 Sample: 1 810 Included observations: 810
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. C 1221.977 78.55836 15.55502 0.0000
Q1 -8.611986 22.55848 -0.381763 0.7027Q2 -2.587945 24.13347 -0.107235 0.9146Q3 26.98548 27.19248 0.992388 0.3213Y 0.135018 0.010387 12.99815 0.0000I1 -18.20032 52.74507 -0.345062 0.7301I2 -54.00309 51.45954 -1.049428 0.2943I3 -32.53421 52.11044 -0.624332 0.5326I4 27.04944 57.02932 0.474308 0.6354E1 25.90955 46.86206 0.552890 0.5805E2 19.80417 32.69486 0.605727 0.5449E3 48.80391 30.19585 1.616246 0.1064
DIST 0.935040 0.190110 4.918421 0.0000D1 -1345.469 40.88199 -32.91104 0.0000D2 -993.8044 47.90949 -20.74337 0.0000D3 -331.1697 50.81492 -6.517175 0.0000
R-squared 0.740291 Mean dependent var 367.3307Adjusted R-squared 0.735384 S.D. dependent var 471.1465S.E. of regression 242.3616 Akaike info criterion 13.83829Sum squared resid 46638868 Schwarz criterion 13.93107Log likelihood -5588.509 F-statistic 150.8843Durbin-Watson stat 1.809625 Prob(F-statistic) 0.000000Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test: F-statistic 3.657510 Probability 0.026233Obs*R-squared 7.412806 Probability 0.024566
74
APÊNDICE C – Tabelas demonstrativas dos resultados obtidos através do questionário aplicado.
1. PERCEPÇÃO AMBIENTAL TABELA 17. Fator de Importância para a escolha de um local de recreação
Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo
Conforto do Local 128 15,8 15,8 Distância 36 4,4 20,2
Beleza Natural 590 72,8 93,1 Outros 56 6,9 100,0
Total 810 100,0 Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 1) TABELA 18. Outra atividade caso não estivesse no Itiquira.
Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo
Descansando em Casa 374 46,2 46,2 Trabalhando 53 6,5 52,7
Um lazer qualquer, mais próximo de casa
343 42,3 95,1
Outros 40 4,9 100,0 Total 810 100,0
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 2)
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2. OBJETIVOS DA VISITA TABELA 19. Critério de escolha para o Itiquira.
Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo
Valor do ingresso 5 ,6 ,6 Fácil acesso ao local 95 11,7 12,3
Infraestrutura do local 43 5,3 17,7 Bosques cachoeira e rios 535 66,0 83,7
Outros 132 16,3 100,0 Total 810 100,0
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora - jan/2003 (Gráfico 3) 3. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS (IDENTIFICAÇÃO) E CUSTOS DE VIAGEM TABELA 20. Faixa Etária dos Freqüentadores do PMI Variáveis Freqüência Percentual Percentual
Cumulativo 15 a 25 anos 201 24,8 24,8 26 a 35 anos 293 36,2 61,0 36 a 45 anos 218 26,9 87,9 46 a 55 anos 73 9,0 96,9
mais de 55 anos 25 3,1 100,0 Total 810 100,0
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 4) TABELA 21. Renda Mensal
Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo
Menos de 1 s.m. 75 9,3 9,3 1 a 5 s.m 251 31,0 40,2
5 a 10 s. m 208 25,7 65,9 10 a 15 s.m. 122 15,1 81,0
15 ou mais s.m 154 19,0 100,0 Total 810 100,0
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 5)
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TABELA 22. Tempo de permanência (em dias) do visitante do PMI
Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo
Menos de um dia 632 78,0 78,0 1 a 2 dias 83 10,2 88,3 3 a 4 dias 56 6,9 95,2
5 ou mais dias 39 4,8 100,0 Total 810 100,0
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 6) TABELA 23. Transporte utilizado
Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo
Ônibus turismo 22 2,7 2,7 Veículo particular 771 95,2 97,9
Outros 17 2,1 100,0 Total 810 100,0
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 7) TABELA 24. Tipo de combustível
Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo
Gasolina 657 81,1 81,1 Álcool 68 8,4 89,5 Diesel 82 10,1 99,6
sem combustível 3 ,4 100,0 Total 810 100,0
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 8) TABELA 25. Distância Percorrida
Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo
30 a 80 km 151 18,6 18,6 80 a 140 km 522 64,4 83,1
140 a 250 km 101 12,5 95,6 mais de 250 km 36 4,4 100,0
Total 810 100,0 Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 9)
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TABELA 26. Tempo gasto com viagem
Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo
Menos de 1 hora 161 19,9 19,9 1 a 2 horas 557 68,8 88,6 2 a 3 horas 54 6,7 95,3 3 a 4 horas 9 1,1 96,4
mais de 4 horas 29 3,6 100,0 Total 810 100,0
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 10) TABELA 27. Gasto total na visita ao Itiquira
Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo
Menos de R$ 200,00 614 75,8 75,8 R$ 200,00 a R$ 400,00 136 16,8 92,6 R$ 400,00 a R$ 600,00 27 3,3 95,9
Mais de R$ 600,00 33 4,1 100,0 Total 810 100,0
Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 11) TABELA 28. Número de pessoas do grupo
Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo
Nenhuma 30 3,7 3,7 1 a 3 pessoas 320 39,5 43,2 4 a 7 pessoas 314 38,8 82,0
8 a 10 pessoas 62 7,7 89,6 Mais de 10 pessoas 84 10,4 100,0
Total 810 100,0 Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 12)
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APÊNDICE D – Fotos ilustrativas do Parque Municipal do Itiquira
Foto 1. Placa de Fundação do Parque Municipal Itiquira – Arquivo/2003
Foto 2. Entrada do Parque Municipal do Itiquira – Área de Preservação - Arquivo/2003
79
Foto 3. Trilha de acesso ao Salto com placas educativas, indicativas e mureta de proteção.
Arquivo/2003
Foto 4. Estrato arbóreo que forma a mata ciliar com vista da cachoeira ao fundo. Arquivo/2003
80
Foto 5. Matas do Parque e trilhas que dão acesso à cachoeira. Arquivo/2003
Foto 6. Percurso do Rio Itiquira com relevo acidentado. Arquivo/2003
81
Foto 7. Piscinas naturais formadas pelo Rio Itiquira, localizado dentro do Parque. Arquivo/2003
Foto 8. Ponte construída na trilha que dá acesso ao Salto (cachoeira) do Itiquira. Arquivo/2003
82
Foto 9. Vista do Salto do Itiquira com 168 metros de queda livre – Arquivo/2003
83
Foto 10. Placa de divulgação dos atrativos da Estância Itiquira, localizada a 500 m do Parque Municipal do Itiquira. Arquivo/2003
Foto 11. Entrada da Estância do Itiquira (área de camping), localizada nas proximidades do PMI. Arquivo/2003
84
Foto 12. Local de circulação localizada na área de camping da Estância Itiquira. Arquivo/2003
Foto 13. Trilha que dá acesso à área dos chalés, localizados na Estância próxima ao Parque Municipal do Itiquira. Arquivo/2003
85
Foto 14 . Vista dos chalés localizados na área de camping, nas proximidades do Parque Municipal do Itiquira. Arquivo/2003
Foto 15 . Área de piscinas dos chalés. Arquivo/2003
86
ANEXO A
87
ANEXO B –
88
89
ANEXO C –
90
91
ANEXO D –
92
93
94
95
ANEXO E –
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