Universidade de São Paulo
Escola de Engenharia de São Carlos
Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo
Memorial de Qualificação
pesquisa de mestrado:
como nasce um modelo: o projeto de apartamentos na cidade de São Paulo
bolsista FAPESP– Felipe Anitelli
orientador – Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano
2
Memorial apresentado ao Programa de
Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo da Escola de Engenharia de
São Carlos da Universidade de São
Paulo, como parte dos requisitos do
exame de Qualificação
_____________________________________________________________
mestrando: Felipe Anitelli orientador: Prof. Assoc. Marcelo Tramontano
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Sumário
1 – Apresentação
2 - Resumo do projeto de pesquisa:
2.1 - Resumo;
2.2 - Objetivos – geral e específicos;
3 - Atividades e produtos:
3.1 - Disciplinas:
3.1.1 - Disciplina SAP 5842-3 - "A cidade no século dezenove – representações e projetos", ministrada pela Profa.
Dra. Telma Correa;
3.1.2 - Disciplina SAP 5824-5 - "O espaço da cidade I – gênese e formação do urbanismo moderno", ministrada
pelo Prof. Dr. Carlos Andrade;
3.1.3 - Disciplina SAP 5825-4 - "Arquitetura e cidade na poética das vanguardas", ministrada pelo Prof. Dr. Carlos
Martins;
3.1.4 - Disciplina SAP 5879-1 – tópicos especiais: "Avaliação pós ocupação no contexto da gestão do processo de
projeto", ministrada pelos Profs. Drs. Sheila Ornstein, Marcelo Tramontano e Márcio Fabrício;
3.1.5 - Disciplina SAP 5892-6 - "Metodologia e pesquisa bibliográfica", ministrada pela Profa. Dra. Lauralice de
Campos Franceschini Canale;
3.2 - Atividades de pesquisa:
3.2.1 - Discussões no nomads.usp:
3.2.1.1 - Grupo de estudos Espaços de Morar;
3.2.1.2 - Seminário Flash;
3.2.2 – Artigos em eventos:
3.2.2.1 - SBQP - 1° Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído - São Carlos –
2009
3.2.3 - Construção de site;
3.3 - Outras atividades:
3.3.1 - Atividades no nomads.usp:
3.3.1.1 - Encontro com pesquisadores e profissionais de outros grupos:
3.3.1.1.1 - Profa. Dra. Nadia Somekh
3.3.1.2 - doc.nomads;
3.3.2 - Bancas assistidas no Programa de Pós-Graduação em AU da EESC-USP:
3.3.2.1 - Bancas de mestrado:
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3.3.2.1.1 - Fulvio Teixeira de Barros Pereira
3.3.2.1.2 - Cícero Ferraz Cruz
3.3.2.1.3 - Fábio Abreu de Queiroz
3.3.2.1.4 – Rodrigo Kamimura
3.3.2.1.5 – Marília Solfa
4 - Atividades realizadas, não previstas inicialmente no plano:
4.1 - Visitas técnicas a edifícios residenciais em São Paulo:
4.1.1 - Visita técnica 1: edifícios modernistas;
4.1.2 - Visita técnica 2: projetos anteriores a 1942;
4.1.3 - Visita técnica 3: Santa Ifigênia, Santa Cecília, Campos Elíseos;
4.1.4 - Visita técnica 4: Higienópolis;
4.2 - PAE – Programa de Aperfeiçoamento do Ensino: monitoria na disciplina SAP 617 – "Projeto III", do curso de Arquitetura
e Urbanismo da EESC, ministrada pelos Profs. Drs. Renato Anelli e Marcelo Tramontano.
5 - Participação em eventos
5.1 - Palestras:
5.1.1 - Palestra prof. Dr. Nabil Bonduki
5.1.2 - Palestra profa. Dra. Raquel Rolnik
5.1.3 - Palestra urbanista doutorando Mathieu Perrin
5.1.4 - Palestra prof. Dr. João Sette Withaker Ferreira
5.2 - Café com Pesquisa:
5.2.1 - Café com Pesquisa – Maristela Janjulio
5.3 - Seminários:
5.3.1 - Seminário TIC ARQ URB
6 – Dissertação:
6.1 – capítulo 1 (apresentado ao exame de Qualificação): Negócios imobiliários – a produção de apartamentos na primeira
metade do século:
6.1.1 – Introdução
6.1.2 - O desenvolvimento do café e a modernização na cidade de São Paulo
6.1.3 – Os primórdios da incorporação imobiliária e a profissionalização do mercado
5
6.1.4 - Diálogos entre arquitetura, legislação, construtores e cidade
6.1.5 - Referências
6.2 – capítulo 2 (resumo): Os arquitetos e suas reivindicações - da incipiente organização profissional ao conturbado
ambiente dos anos 1960 e 1970
6.3 – capítulo 3 (resumo): A consolidação de um modelo produtivo - o BNH e suas condições
7 – Anexos
7.1 – Ficha do aluno
7.2 – Visitas a edifícios de apartamentos em São Paulo
7.2.1 – Mapa
7.2.2 – Ficha
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1 - Apresentação
Este é o Memorial de Qualificação de Felipe Anitelli, aluno regular do Programa de Pós-Graduação
do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da
Universidade de São Paulo (USP), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (FAPESP). A pesquisa “Como nasce um modelo: o projeto de apartamentos na cidade de São Paulo”
é desenvolvida no Nomads.usp – Núcleo de Estudo de Habitares Interativos – sob a orientação do Prof.
Assoc. Dr. Marcelo Tramontano. Além da descrição das atividades acadêmicas e de pesquisa realizadas
pelo mestrando desde março de 2008, quando se deu o ingresso no programa de pós-graduação, o
relatório descreve aqui outros estudos sobre habitação realizados no PPG da EESC-USP desde o início de
2007.
O mestrando começou seus estudos sobre projeto de habitação antes do seu ingresso no Programa
de Pós Graduação. No Trabalho Final de Graduação foram analisados projetos de habitações de interesse
social e as possibilidades de flexibilidade e adaptação do ambiente doméstico às novas demandas sociais
surgidas com a diversidade de arranjos familiares. Este trabalho foi orientado pela arquiteta Dra. Simone
Barbosa Villa na Universidade Barão de Mauá em Ribeirão Preto. A professora Simone realizou seu
mestrado sobre apartamentos no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo sob orientação
do prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano, e foi através dela que o mestrando teve contato com esse grupo.
No ano de 2007, o mestrando participou de duas disciplinas como aluno especial no Programa: SAP
5846 - "Habitação, metrópole e modos de vida", do Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano; e SAP 5831 -
"Habitação social – contextualização histórica e perspectivas de intervenção", do Prof. Assoc. Dr. Miguel
Buzzar. A primeira mostra as transformações ocorridas no espaço doméstico desde o fim da Idade Média,
sua evolução nos séculos XVII e XVIII, com o surgimento de conceitos como o de intimidade, privacidade,
conforto; e a consolidação de um modelo habitacional no século XIX, no bojo das transformações ocorridas
na cidade de Paris realizadas pelo Barão Haussmann. Mostra também a importação desde modelo para as
cidades brasileiras, a evolução do projeto de habitação até os dias de hoje, e as transformações sofridas no
seu desenho. Já a segunda disciplina cursada mostra a evolução da habitação social no século XX, em
países europeus e também no Brasil. Também enfoca políticas públicas tomadas pelo governo brasileiro
durante o século, como a produção dos IAPs ou os financiamentos do BNH. As duas disciplinas foram
importantes porque contextualizaram historicamente o produto e a produção de habitações.
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Também no ano de 2007, o mestrando participou de um estágio no Nomads.usp sob a supervisão
do arquiteto Fábio Queiroz, doutorando, e que desde o início de seu mestrado pesquisa o tema
apartamento - também sob orientação do coordenador do grupo, professor Marcelo Tramontano. O estágio
se realizou durante dois meses e tinha como objetivo entender a espacialidade dos apartamentos a partir de
um levantamento de informações e peças gráficas de edifícios residenciais produzidos nas décadas de
1990 e 2000 na cidade de São Paulo. O trabalho consistia em procurar em livros, periódicos, campanhas
publicitárias em jornais e em websites das empresas as plantas, perspectivas, fotos, ilustrações; mas
também dados, como o número de pavimentos, a metragem das unidades, os equipamentos e usos
externos à unidade habitacional oferecidos, o autor do projeto, o construtor, etc. O trabalho de levantamento
foi realizado com a ajuda de um pesquisador em iniciação científica, e serviu para atualizar o banco de
dados sobre apartamentos do Nomads.usp. Esta foi a primeira experiência do mestrando com métodos e
pesquisas acadêmicas: a forma de coleta das informações, as seleções e recortes das amostras, o
armazenamento e a organização dos dados, e posteriormente as leituras e análise. Conforme se cumpria as
etapas de trabalho, eram realizadas reuniões com os pesquisadores. Nestas reuniões técnicas foram
analisados os resultados e a configuração espacial dos apartamentos vistos.
No mês de janeiro de 2008, o mestrando participou do Treinamento.Nomads para graduandos.
Anualmente, o grupo recebe estudantes de graduação de outras universidades do país para participar do
seu cotidiano de pesquisa por uma semana. Nesse período, os estagiários realizam atividades referentes a
alguma etapa dos projetos de pesquisa em andamento. Pretendeu-se, com esse treinamento, aproximar os
alunos das atividades relacionadas à pesquisa acadêmica.
figura 1 - estagiários do treinamento.Nomads de 2008
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Entre os grupos de trabalho havia o de apartamentos, também supervisionado pelo doutorando
Fábio Queiroz. O objetivo do grupo foi analisar as soluções espaciais dos apartamentos. Para tanto, foram
coletados dados de apartamentos em diversas cidades, comparando os projetos de cada uma. O
levantamento foi dividido em alguns módulos: exemplares na cidade de São Paulo; em outras cidades
brasileiras; em cidades da América Latina; e em cidades européias. O mestrando participou da coleta e
análise dos apartamentos, e também ajudou na monitoria deste grupo. Foi mais uma oportunidade para
contato com produção de pesquisas científicas, mas também com os métodos de trabalho do Nomads.usp.
A análise das plantas destes apartamentos mostrou que elas obedecem aos mesmos princípios de
agenciamento dos espaços, baseados na planta da habitação burguesa do século XIX. Independentemente
da cidade onde ela se localiza ou de quem o produziu ou mesmo em quais circunstâncias, na amostra
estudada as plantas apresentam, em geral, essas características. Como no exemplo a seguir, de um edifício
residencial em Curitiba, no Paraná. A planta apresenta os mesmos dispositivos espaciais que foram
verificadas também nas demais: a hierarquia dos espaços, o uso dos ambientes sempre associados à
existência de cômodos mono-funcionais, a tripartição da moradia em três zonas estanques – social, íntima e
de serviços, etc. No treinamento, foram feitas discussões diárias para análise dos resultados obtidos em
todos os grupos de trabalho – Design Paramétrico, E-Pesquisa Nomads, Modos de Vida, Projeto Pix e
Projeto Pacto Digital. As opiniões dos diversos graduandos e pesquisadores permitiram conclusões mais
amplas e plurais para o estudo.
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figura 2 - edifício Spazio Chateaubriant, incorporado pela empresa MRV em 2008 na cidade de Curitiba – levantamento realizado no
Treinamento.nomads 2008 e que hoje faz parte do banco de dados sobre apartamentos.
Nestas duas oportunidades de estudo sobre o tema apartamentos – o estágio no segundo semestre
de 2007 e o treinamento em janeiro de 2008 – o mestrando também teve o primeiro contato com o banco de
dados de apartamentos do Nomads.usp. Foi possível fazer uma leitura da evolução desta modalidade
habitacional a partir das peças gráficas do banco, entendendo as características das plantas, as suas
influências e mudanças ao longo do tempo. Auxiliado por uma bibliografia indicada pelo professor Marcelo
Tramontano, observou-se alguns motivos destas transformações. As pesquisas sobre apartamentos já
realizadas pelo Núcleo deram suporte teórico para as leituras.
O estudo dos espaços dos apartamentos continuou durante os anos de 2008, 2009 e 2010 no
ambiente das discussões do grupo Espaços de Morar (item 3.2.1.1), que propôs atividades acadêmicas
como as Visitas técnicas a edifícios residenciais em São Paulo (item 4.1). Foi também através do
Espaços de Morar que o mestrando teve contato com pesquisadores e temas co-relacionados, ajudando na
construção de visões mais plurais e críticas sobre a pesquisa, como por exemplo a palestra de Mathieu
Perrin (item 5.1.3) e seus estudos sobre condomínios.
Ainda nas atividades do Nomads.usp, o mestrando participou de dois Seminários Flash! (item
3.2.1.2), um como ouvinte, e outro apresentando a sua pesquisa. O Flash é um evento em formato de
congresso em que os pesquisadores do grupo expõem seus estudos para discussão em blocos temáticos.
Outro seminário organizado pelo Nomads com participação do mestrando foi o TIC ARQ URB (item 5.3.1),
em que grupos que tem pesquisas relacionadas com a inserção de tecnologias de informação e
comunicação na arquitetura expõem seus estudos. Os eventos e pesquisas sobre estas tecnologias
mostram proposições realizadas atualmente em ambiente acadêmico para a habitação contemporânea.
Outra atividade dentro do grupo foi a organização do acervo documental do Nomads (item 3.3.1.2), com
a catalogação eletrônica e sua disponibilização para consulta.
Também foram coletados dados através de fontes primárias, numa reunião sobre verticalização
(item 3.3.1.1.1) com a Profa. da FAU-Mackenzie Dra. Nadia Somekh, ou em palestras sobre políticas
públicas para habitação, como as do Prof. Dr. Nabil Bonduki (item 5.1.1).
Este relatório mostra também um resumo do projeto de pesquisa (item 2), com a descrição da
proposta e seus objetivos; as disciplinas (item 3.1) cursadas e as aproximações dos seminários e
10
monografias com a pesquisa; e um estágio em monitoria do PAE (item 4.2) na disciplina de Projeto III, do
curso de Arquitetura e Urbanismo da EESC-USP.
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2 - Resumo do projeto de pesquisa
2.1 - Resumo
Especialmente nas décadas de 1950, 1960 e 1970, pesquisas do Nomads.usp – Núcleo de Estudos
de Habitares Interativos, da Universidade de São Paulo, têm notado no mercado imobiliário paulistano de
apartamentos um processo de padronização das soluções espaciais, com a introdução e consolidação de
projetos com plantas-tipo e mesmo edifícios-tipo. A pesquisa tem como objetivo investigar os fatores que
influenciaram a padronização acontecida neste período, estudando o contexto em que ocorreu o processo
de verticalização e a produção dos edifícios, bem como os elementos constitutivos de sua espacialidade,
buscando construir um olhar sobre os princípios adotados na concepção dos edifícios. Pretende-se
contribuir para o entendimento da história e evolução dessa modalidade habitacional, dando continuidade e
ampliando um trabalho que já vem sendo desenvolvido há onze anos sobre o assunto, por vários
pesquisadores do Nomads.usp, sempre contando com financiamento de agências de fomento à pesquisa.
2.2 - Objetivos
Objetivo geral
Investigar os fatores envolvidos no processo de padronização de soluções espaciais na produção
de apartamentos na cidade de São Paulo entre as décadas de 1950 e 1970.
Objetivos específicos
● Estudar o contexto em que se desenvolveu o processo de verticalização da cidade de São Paulo na
primeira metade do século XX, assim como da modalidade habitacional apartamento;
● Estudar as conjunturas política, econômica, construtiva, legislativa, entre outras, que possam ter
contribuído para a uniformização dos projetos de apartamentos efetivada pelos agentes imobiliários;
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● Analisar a produção de edifícios de apartamentos nas décadas de 1950, 1960, 1970 na cidade de
São Paulo, assim como os elementos constitutivos de sua espacialidade;
● Estabelecer um breve histórico dos princípios adotados na concepção desses edifícios de
apartamentos;
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3 - Atividades e produtos
3.1 - Disciplinas
Para complementar a pesquisa, procurou-se, sempre que possível, escolher disciplinas e realizar
monografias que remetessem ao objeto de estudo. Assim, os trabalhos e atividades, com base nas
questões e nas bibliografias específicas de cada uma delas, permitiram abordar o tema da pesquisa sob
diferentes enfoques. As disciplinas auxiliaram na revisão bibliográfica: tanto a produção de monografias
quanto a preparação dos seminários, foram essenciais na construção do quadro teórico desta pesquisa.
Apresenta-se a seguir, a descrição das disciplinas cursadas pelo mestrando, com as respectivas
bibliografias, tema e resumo das monografias e seminários apresentados, totais de créditos e conceitos
alcançados:
3.1.1 - Disciplina: SAP 5842-3 - "A cidade no século XIX – representações e projetos"
Docente responsável: Profa. Dra. Telma Correia
Número de créditos: 12
Conteúdo da disciplina:
As cidades européias do século XIX sofreram transformações por causa dos desdobramentos do
advento da indústria. Foram mudanças significativas, como as provocadas pelo êxodo rural e o crescimento
populacional urbano, e o conseqüente alojamento destas pessoas em condições precárias. É neste
contexto que a disciplina se desenvolve: sobre a evolução das cidades e as interferências no seu espaço
físico e no modo de vida de seus habitantes. Também mostra as propostas de melhoramentos e
intervenções, numa época em que o urbanismo ainda se formava enquanto disciplina. Avança, estudando
os ideais modernistas das primeiras décadas do século XX.
Nestes ideais reformadores, a disciplina priorizou uma análise seguindo principalmente: a cidade
como questão sanitária, econômica e social. Uma das primeiras questões abordadas foi a de saúde pública,
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feita pelos médicos sanitaristas. O habitat precário dos operários das fábricas foi alvo de rigorosas normas
que, por vezes, chegavam a desapropriação e a derrubada da casa. A questão sanitária também ajudava
na ação de alguns empresários do setor fundiário para a viabilização de seus empreendimentos na cidade.
Outro problema é que a conformação espacial da cidade medieval não era mais válida para os interesses
capitalistas. Algumas reformas foram feitas com o objetivo de aumentar o fluxo de pessoas, veículos e
mercadorias. Por fim, o espaço da cidade como forma de segregação social, numa luta de classes que se
acentuava cada vez mais.
Foram realizadas aulas expositivas e seminários, apresentados pelos alunos. Os temas abordados
foram: as representações da cidade - a cidade como questão sanitária e moral; a cidade como questão
social e econômica; a construção do modelo de habitat moderno - novos requisitos de higiene, conforto e
privacidade; economia e velocidade. As reformas urbanas e os modelos alternativos de cidade - as utopias
urbanas do século XIX (os modelos teóricos e as experiências); os núcleos fabris e cidades mineiras; as
cidades-jardim; os projetos de expansão urbana e reforma de áreas centrais; Movimento Moderno e Cidade
- as vanguardas modernistas na arquitetura e urbanismo: rupturas e continuidades com o século XIX; a
cidade moderna e aceleração.
Bibliografia:
AYMONINO, C. La vivienda racional. Ponencias de los congressos CIAM 1929-1930. Barcelona, Gustavo Gili, 1973.
BEGUIN, F. As Máquinas Inglesas do Conforto. Espaço & Debates, São Paulo, N.34: 39-54, 1991.
BENEVOLO, L. As Origens da Urbanística Moderna. 2 ed. Lisboa, Editorial Presença, 1987.
BENJAMIN, W. Paris, capital do século XIX. In: Sociologia. Ática, São Paulo, 1985.
BRESCIANI, M. S. Metrópolis: as faces do monstro urbano (as cidades do século XIX). Revista Brasileira de História, São Paulo,
N. 8 e 9:35-68, 1985.
BURKE, E. Uma investigação filosófica sobre a origem de nossas idéias do sublime e do belo. Campinas, Papirus, Ed. da
UNICAMP, 1993. CIUCCI, Giorgio et alli. La Ciudad Americana. De la guerra civil al New Deal. Barcelona, Gustavo Gili, 1975.
CHOAY, F. O Urbanismo: Utopias e Realidades - uma Antologia. São Paulo, Perspectiva, 1979.
CONSIDÉRANT, V. L’architectonique du phalanstère. in: RONCAYOLO, Marcel. Villes & Civilisation Urbaine. Paris, Larousse, 1992.
CORBIN, A. O Território do Vazio: a praia e o imaginário ocidental. São Paulo, Cia. das Letras, 1989.
ENGELS, F. A Situação da classe trabalhadora na Inglaterra. Coleção Bases, N. 47. 2 ed. São Paulo, Global, 1985.
FOURIER, C. Le Phalanstère. in: RONCAYOLO, Marcel. Villes & Civilisation Urbaine. Paris, Larousse, 1992.
15
GROPIUS, W. Bauhaus: Novarquitetura. São Paulo, Perspectiva, 1977. HALL, Peter. Cidades do Amanhã. São Paulo, Perspectiva,
1995.
LE CORBUSIER. A Carta de Atenas. São Paulo, Edusp-Hucitec, 1993.
OWEN, R. Plan d’un village industriel. in: RONCAYOLO, Marcel. Villes & Civilisation Urbaine. Paris, Larousse, 1992.
SCHORSKE, C. Viena Fin-de-Siècle. São Paulo, Companhia das Letras, 1988.
SITTE, C. A construção das cidades segundo seus princípios artísticos. São Paulo, Ática, 1992.
URGERS, L. Comunas em el Nuevo Mundo: 1740-1971. Barcelona, Gustavo Gili, 1978.
Trabalhos desenvolvidos:
● seminário - análise do texto “Maneiras de Morar“, de Michele Perrot
● monografia - “O processo de verticalização em São Paulo - origens“
Conceito: B
Foram realizados dois trabalhos para a disciplina, uma apresentação de seminário e uma
monografia. O seminário fez uma análise do artigo "Maneiras de morar" de Michele Perrot, integrante da
coleção História da Vida Privada. Através da compreensão do modo de vida burguês, o texto ajudou a
pesquisa de mestrado a contextualizar historicamente as origens de um modelo de agenciamento da
habitação, que se consolidou posteriormente nos projetos de apartamentos brasileiros.
“A ordem dos ritos e lugares apropriados compartimenta o espaço e o tempo“, diz a autora. Através
dessa descrição, nota-se como a classe dominante vivia em suas casas. O desenho da planta previa uma
atividade específica para cada cômodo, originando uma hierarquia entre eles. Os ambientes eram
agrupados conforme os usos, demarcando zonas estanques. Os empregados foram cuidadosamente
retirados das vistas dos moradores e visitantes, que tem agora, acessos e circulações particulares.
Encontram-se similaridades entre esta configuração e as plantas da maioria dos apartamentos paulistanos
estudados nesta pesquisa. A apresentação deste seminário mostrou as origens de um modelo que o
mercado imobiliário sempre teve como base nos seus empreendimentos, num processo que levou a uma
padronização espacial.
Outros autores mostram como esse modelo de planta tripartida foi importada e adaptada em
projetos realizados no Brasil. Nos apartamentos da década de 1910 – projetos que compõem o banco de
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dados de apartamentos do Nomads.usp – é possível notar que no início era feito um desenho com
características da planta colonial brasileira, e que somente depois de algum tempo é que foi introduzido a
solução francesa. Carlos Lemos (1976) afirma que desde o começo existia um esforço para aproximar o
espaço dos apartamentos com os palacetes da classe abastada. Ele descreve alguns elementos notados
nos apartamentos brasileiros, que percebe-se também através do texto de Michele Perrot sobre a burguesia
francesa. A distinção das circulações, a existência de cômodos com usos determinados, e a predominância
de certo "gosto francês":
"Os edifícios deveriam ter `entradas nobres´ e entradas de serviço (...) Deveriam ter
pelo menos duas salas, inclusive a de visitas (...) Os estilos arquitetônicos, variados,
com a predominância do `gosto francês´ (...) Precisava-se alardear que o
apartamento era coisa de família; casa de respeito. Moradia completa, com copa e
cozinha, salas de jantar e de visitas, e com acomodações para criadagem,
principalmente." (Lemos, 1976)
Sobre os palacetes construídos em São Paulo, Maria Cecília Naclério Homem (1996) afirma que
reproduziam-se aqui as mesmas soluções encontradas na casa francesa, como a circulação feita a partir do
vestíbulo: "Aparecia quase sempre a mesma série de dependências e de funções designadas pela mesma
nomenclatura." Apesar disso, a autora diz que nestas moradias de elite também havia reminiscências da
casa colonial, como o gabinete e um quarto de hóspedes na parte fronteira do térreo. Ela ainda dá uma
idéia de como era a relação da elite cafeeira paulista com a cidade de Paris, que acabou virando referência
cultural para os brasileiros: ”Ia-se para lá a negócios, estudos, lazer, tratamentos médicos, e mesmo para
morar. Era em Paris, a grande meca, que o fazendeiro passava longas temporadas. Acompanhado da
família e de criados, alugava apartamentos e andares inteiros de hotéis.” (Homem, 1996) As viagens para a
Europa se acentuaram a partir das primeiras décadas do século XX por causa dos progressos no transporte
marítimo (Durand, 1989).
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figura 3 - edifício de apartamentos projetado por Samuel das Neves em 1914, na rua Florêncio de Abreu esquina rua Senador Queiroz
– duas unidades por andar, duas propostas de plantas diferentes. Transição da planta colonial para a planta burguesa: na opção da
direita, os quartos estão no centro, com um gabinete e uma sala na frente, e jantar (varanda) e cozinha nos fundos; na opção da
esquerda, já existe uma indicação de outra forma de agrupamento, como sala de jantar-copa-cozinha (fonte da imagem: banco de
dados de apartamentos Nomads.usp)
Queiroz (2008) mostra que as plantas dos apartamentos construídos nos boulevares parisienses a
partir de 1853 – sob o comando do Barão Georges Haussman, no Império de Napoleão III – se constituíram
num modelo difundido e adotado ”em diversos lugares no mundo, inclusive no Brasil.”
As análises feitas com o seminário apresentado na disciplina, somado a revisão bibliográfica sobre
a história da habitação brasileira (Durand, 1989; Homem, 1996; Lemos, 1976 e 1985; Reidy, 1987; Reis
Filho, 1970; Souza, 1978), mais a reflexão teórica realizada pelo Nomads sobre esse tema em mais de dez
anos de pesquisa, ajudaram a entender a origem deste modelo de apartamento, que é tão difundido até os
dias de hoje. Todas estas informações deram suporte teórico para a leitura do banco de dados de
apartamentos.
No seminário tentou-se uma aproximação do texto de Perrot com os exemplares burgueses de
apartamentos, analisando os usos na unidade habitacional. Por outro lado, na monografia, procurou-se
compreender as origens da verticalização no Brasil. Como foram produzidos os primeiros edifícios, em que
contexto político e com que Capital. Como se organizaram os primeiros empresários da fase caracterizada
como rentista: o trabalho investiga a evolução do capital dos cafeicultores paulistas, e sua utilização na
modernização da cidade de São Paulo no início do século XX. Principalmente, no que contribuiu para a
origem do processo de verticalização urbana.
18
Referências do seminário:
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Paulo, julho/dezembro 1989
Durand, J. C. Arte, privilégio e distinção. Parte II – Importação do "Modernismo" (1890-1945). Capítulo 4,5 e 6. São Paulo:
Perspectiva / EDUSP, 1989
Homem, M. C. N. O palacete paulistano – e outras formas de morar da elite cafeeira – 1867-1918. São Paulo: Martins Fontes,
1996
Lemos, C. Alvenaria burguesa. São Paulo: Nobel, 1985
Lemos, C. Cozinhas, etc. – um estudo sobre as zonas de serviço da casa paulista. São Paulo: Perspectiva, 1976
Perrot, M. Maneiras de morar. In: História da Vida Privada volume 4: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra Mundial. São Paulo:
Companhia das Letras, 1991
Queiroz, F. A. de. Apartamento modelo – arquitetura, modos de morar e produção imobiliária na cidade de São Paulo.
Dissertação de mestrado. São Carlos: EESC-USP, 2008
Reidy, A. E.. Inquérito nacional de arquitetura. In: Xavier, Alberto (org). Arquitetura moderna brasileira – depoimento de uma
geração. São Paulo: ABEA / FVA / PINI, 1987
Reis Filho, N. G. Quadro da arquitetura no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1970
Souza, A. de. Arquitetura no Brasil – depoimentos. São Paulo: EDUSP/Diadorim, 1978
Referências da monografia:
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Dean, W. A industrialização de São Paulo. São Paulo: Difel, s. d.
Ficher, S. Edifícios altos no Brasil. In: Revista Espaços e Debates n. 37. São Paulo, 1994
Ficher, S. Os arquitetos da Poli – ensino e profissão em São Paulo. São Paulo: EDUSP, 2005
Foot, F.; Leonardi, V. História da indústria e do trabalho no Brasil. São Paulo: Global, 1982
Lemos, C. Cozinhas, etc. – um estudo sobre as zonas de serviço da Casa Paulista. São Paulo: Perspectiva, 1976
Pereira, J. C. Estrutura e Expansão da Indústria em São Paulo. São Paulo: Nacional, 1967
Segawa, H. Arquiteturas no Brasil – 1900-1990. São Paulo: EDUSP, 1997
Segawa, H. Prelúdio da metrópole – arquitetura e urbanismo na passagem do século XIX ao XX. São Paulo: Ateliê, 2000
Serapião, F. Quatro pecados louváveis. In: Arcoweb, artigos. 2006. Disponível em www.arcoweb.com.br/debate/debate87. Acesso
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19
Silva, L. O. da. A constituição das bases para a verticalização na cidade de São Paulo. In: Vitruvius, arquitextos. 2007. Disponível
em www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp399. Acesso em 1 de maio de 2008
Silva, S. Expansão cafeeira e origens da indústria no Brasil. São Paulo: Alfa-omega, 1976
Somekh, N. A cidade vertical e o urbanismo modernizador – São Paulo 1920-1939. São Paulo: EDUSP, Nobel, 1997
Souza, M. A. A. de. A identidade da metrópole – a verticalização em São Paulo. São Paulo: HUCITEC / EDUSP, 1994
Tramontano, M. Paris, São Paulo, Tókio – novos modos de vida, novos espaços de morar. Tese de doutorado. São Paulo: FAU-
USP, 1998
Wilheim, J. São Paulo metrópole 65. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1965
3.1.2 - Disciplina:
SAP 5824-5 - "O espaço da cidade I – gênese e formação do urbanismo moderno"
Docente responsável: Prof. Dr. Carlos Andrade
Número de créditos: 12
Conteúdo da disciplina:
A disciplina estuda as teorias e proposições urbanísticas aparecidas na Europa desde o
Renascimento, passando pelo Barroco e pelo Iluminismo, até as utopias formuladas no século XIX. O
objetivo foi o entendimento das propostas da vanguarda arquitetônica dos anos 1920 a partir de um
referencial que se construiu ao longo destes séculos. Teve o seguinte conteúdo programático: ●
formulações pioneiras do urbanismo moderno: planos de cidades ideais e principescas do Renascimento e
Barroco; as reformas do Papa Sixto V em Roma (1585-90); os planos de Wren e Evelyn para Londres
(1666); o plano de Léblond para São Petersburgo (1717); o plano de Patte para Paris (1748); o plano de
reconstrução de Lisboa por Pombal (1755); antecipações da idéia de cidade jardim nas propostas
setecentistas de John Sinclair e John Claudius Loudon; o plano de Ledoux para as Salinas de Chaux
(1780); o plano de L‟Enfant para Washington (1791) ● As reformas haussmannianas em Paris ● a “Teoria
General de la Urbanización” de Ildefonso Cerdá e seu plano de expansão para Barcelona. ● os planos de
Weinbrenner para a expansão de Karlsruhe (1859) e de Hobrecht para o desenvolvimento de Berlim (1862).
A tratadística germânica: Baumeister e Stübben ● expansão e reforma da cidade de Viena: o projeto da
Ringstrasse e as concepções de Camillo Sitte ● o urbanismo norte-americano: planos de Frederick Law
20
Olmsted e do Movimento “City Beautiful”. ● o urbanismo sanitarista e a atuação dos engenheiros na
construção e reforma das cidades: os planos de Aarão Reis para Belo Horizonte (1894), de Pereira Passos
para o Rio de Janeiro (1902) e de Saturnino de Brito para Santos (1904).
Bibliografia
Ashworth. The Genesis of Modern British Town Planning, Londres, Routledge and Kegan Paul, 1972
Aymonino. Orígenes y Desarrollo de la Ciudad Moderna, Barcelona, G.Gili, 1970
Bassols, M. et alli (eds.). Atlas Histórico de Ciudades Europeas, Barcelona,Salvat, 1996
Bergeron (ed.). Paris. Génèse d‟une Paysage. Paris, Picard, 1989
Calabi e Folin. Eugène Hénard. Alle origini dell'urbanistica. La costruzione della metropoli, Padova, Marsilia, 1972
Cerda. Las Cinco Bases de la Teoria General de la Urbanización, Barcelona, Electa, 1996
Choay. The Modern City: planning in the 19th century, New York, 1970
Duby (ed.). Histoire de la France Urbaine 4. La ville de l’âge industriel : le cycle haussmannien, Paris, Du Seuil, 1983
Giedion. Space, Time and Architecture. The growth of a new tradition, Cambridge, Harvard University Press, 1954
Dupuy. Urbanisme et Technique, ParisCentre de Recherche d'Urbanisme, 1979
Hegemann e Peets. The American Vitruvius: an architect's handbook of civic art. Nova Iorque, Princeton Architectural Press, 1989
Mancuso. Las Experiencias del Zoning, Barcelona, Gustavo Gili, 198O
Manieri Elia et alli. La Ciudad Americana. De la Guerra Civil al New Deal, Barcelona, Gustavo Gili, 1975
Munford. The Culture of Cities, New York. ________ (1961). The City in History, New York, 1938
Olsen. The City as a Work of Art: London, Paris, Viena, Yale Univ. Press, 1966
Quilici. Ciudad Rusa y Ciudad Sovietica, Barcelona, Gustavo Gili, 1978
Piccinato, La Costruzione dell'Urbanistica. Germania 1871?1914, Roma, Officina, 1977
Pinon. Les Traversées de Paris : deux siècles de révolutions dans la ville, Paris, Moniteur, 1989
Pinkney. Napoleon III and the Rebuilding of Paris, Princeton, New Jersey, Univ. Press, 1972
Reps. Urban Planning, 1794-1918: an International Anthology of Articles, Conference Papers and Reports,
http://www.library.cornell.edu/Reps/, 2001
Roncayolo e Paquot. Villes et Civilisation Urbaine XVIIIe – XXe siècle, Paris, Larousse, 1992
Salgueiro. Engenheiro Aarão Reis : o progresso como missão, Belo Horizonte, Fundação João Pinheiro, 1997
Sica. Historia del Urbanismo. El Siglo XIX, 2 vols, Madri, IEAL. ________ (1982). Historia del Urbanismo. El Siglo XVIII, Madri, IEAL,
1981
21
Sitte. A Construção das Cidades segundo seus Princípios Artísticos, São Paulo, Ática, 1992
Sutcliffe (ed.). The Rise of Modern Urban Planning, 1800-1914. Londres, Mansell, 1980
Sutton. Civilizing American Cities. A selection of Frederick Law Olmsted's writings on city landscapes. Cambridge,
Massachusetts, The MIT Press, 1971
Vercelloni. Atlante Storico dell’Idea Europea della Città Ideale. Milão, Jaca Book, 1994
Wieczoreck. Camillo Sitte et les Débuts de l'Urbanisme, Bruxelas, Pierre Mardaga, 1981
Wilson. The City Beautiful Movement. Baltimore e Londres, The John Hopkins University Press, 1994
Zuconni. Camillo Sitte e i suoi Interpreti, Milão, Franco Angeli, 1992
Trabalhos desenvolvidos:
● seminário - análise do plano de Atilio Correa Lima e Armando Godoy para a cidade de Goiânia
● monografia sobre Camillo Sitte
Conceito: B
Os seminários foram realizados em grupos de 3 alunos e tinham a proposta de análise de cidades
projetadas entre meados do século XIX e os anos 30 do século XX. O docente indicou a cidade que o grupo
do mestrando deveria analisar: Goiânia, e os planos iniciais de Atilio Correa Lima e Armando Godoy. No
seminário priorizou-se o contexto de mudança da capital do Estado; o projeto e suas influências; e a sua
implantação. O estudo da mudança de capital no Estado de Goiás evidenciou algumas transformações
políticas e sociais da época. Entendeu-se as opções que o governo Vargas tomou para o desenvolvimento
do país. Este trabalho também mostrou as relações do governo com a produção imobiliária privada, e
questões como a especulação fundiária e as restrições para a construção na nova cidade. Foi importante
perceber a projeto da cidade inserido num contexto político, legislativo, econômico e social.
22
figura 4 - plano de Atílio Correa Lima para a cidade de Goiânia, que previa inicialmente uma população de 50.000 habitantes
O tema da monografia da disciplina também foi indicado pelo docente: estudo das idéias de Camillo
Sitte através de sua principal obra, "A construção das cidades segundo seus princípios artísticos". O estudo
procurou mostrar as principais características da teoria formulada por Sitte, inserindo-a num contexto de
mudanças nas cidades européias, adaptando-as ao desenvolvimento industrial. A monografia desta
disciplina foi a primeira desenvolvida pelo bolsista, e contribuiu também do ponto de vista metodológico. A
procura de uma bibliografia adequada para o tema, a sistematização, a leitura e análise dos dados, a
reflexão teórica, as discussões em classe e a produção da monografia ajudaram na compreensão de
procedimentos metodológicos de uma pesquisa científica.
Referências da monografia:
Ananian, P.; Silva, B. F. C.. Das passagens cobertas aos calçadão comercial – uma busca pela humanização do espaço público.
In: Anais do I Congresso Internacional de história Urbana. Agudos, 2004
Andrade, C. R. M. de. Ressonâncias sitteanas no urbanismo brasileiro. In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana.
Agudos, 2004
23
Benevolo, L. As origens da urbanística moderna. Lisboa: Presença, 1987
Bittencourt, L. C. Regularidades desejadas. In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Bresciani, M. S. M.. Camillo Sitte entre a estética romântica e a eficiência moderna . In: Anais do I Congresso Internacional de
História Urbana. Agudos, 2004
Calabi, D. Camillo Sitte. In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Choay, F. A regra e o modelo – sobre a teoria da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 1985
Choay, F. Urbanismo – utopias e realidades. São Paulo: Perspectiva, 1979
Costa, L. A. M. De Immanuel Kant a camillo Sitte – as noções de história, estética e projeto em "A construção das cidades
segundo seus princípios artísticos". In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Enokibara, M. Joseph Antoine Bouvard e o debate das propostas elaboradas para a cidade de São Paulo no início do século
XX. In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Homem, M. C. N. O palacete paulistano – e outras formas urbanas de morar da elite cafeeira. São Paulo: Martins Fontes, 1996
Le Corbusier. A Carta de Atenas. São Palo: EDUSP, 1993
Le Corbusier. Precisões de um estado presente da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Cosac Naify, 2004
Leme, M. C. da S. Princípios da composição dos conjuntos arquitetônicos nas cidades brasileiras. In: Anais do I Congresso
Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Paoli, P. de. Camillo Sitte e Frederick Law Olmsted – duas utopias do espaço público. In: Anais do I Congresso Internacional de
História Urbana. Agudos, 2004
Perrot, M. (org). História da vida privada – da revolução francesa a primeira guerra. V. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1990
Retto Junior, A. da S. Victor da Silva Freire e Camillo Sitte: o debate urbano da ENCP a São Paulo. In: Anais do I Congresso
Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Rodrigues, A. A. V.. Campinas Fin-de-siècle. In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Rossi, A. A arquitetra da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1998
Rybczynski, W. Casa – pequena história de uma idéia. Rio de Janeiro: Record, 2002
Salgado, I. Uma leitura sobre a concepção estética de Camillo Sitte – a construção do espaço perspectivo. In: Anais do I
Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Sitte, C. A construção das cidades segundo seus princípios artísticos. São Paulo: Ática, 1992
Schorske, K. Viena-fin-de-siècle – política e cultura. São Paulo: Schwarcz, 1990
24
Referências do seminário:
ACKEL, L. G. M. Attílio Corrêa Lima: um urbanista brasileiro (1930-1943). Dissertação (Mestrado). Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo, 1996.
BRUAND, Y. Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Editora Perspectiva, 1999.
CHAVEIRO, E. F. Goiânia: uma metrópole em travessia. Tese (Doutorado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2001.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Goiânia. Rio de Janeiro: Serviço Gráfico do Instituto, 1942.
LEME, M. C. S. (org). Urbanismo no Brasil, 1895-1965. São Paulo: FUPAM, Studio Nobel, 1999.
MANSO, C. F. A. Goiânia: uma concepção urbana, moderna e contemporânea – Um certo olhar. Goiânia: edição do autor, 2001.
MORAES, L. M. A segregação planejada: Goiânia, Brasília e Palmas. 7- Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 2003.
MOTA, J. C. Planos diretores de Goiânia, década de 60: A inserção dos arquitetos Luís Saia e Jorge Wilheim no campo do
planejamento urbano. Dissertação (Mestrado). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos, 2004.
PIAZZALUNGA, R. Tempo e cidades: o tempo como condição fundamental ao desenvolvimento das cidades contemporâneas.
Dissertação (Mestrado). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos, 1998.
RIBEIRO, M. E. J. Goiânia: os planos, a cidade e o sistema de áreas verdes. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 2004.
SABINO JUNIOR, O. (org). Goiânia Documentada. São Paulo: Edigraf, 1960.
UNES, W.. Identidade Art Déco em Goiânia. São Paulo: Ateliê Editorial; Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2003.
3.1.3 - Disciplina: SAP 5825-4 - "Arquitetura e cidade na poética das vanguardas"
Docente responsável: Prof. Dr. Carlos Martins
Número de créditos: 12
Conteúdo da disciplina:
A proposta da disciplina foi mostrar as idéias das diferentes correntes de pensamento das
vanguardas européias das primeiras décadas do século XX, como o Futurismo, o neo-Plasticismo e o
Purismo, percebendo seus pontos de contato e sua heterogeneidade. Para tanto, a análise foi feita a partir
de artigos e livros escritos pelos protagonistas do Movimento Modernista. O programa da disciplina previu o
estudo: ● metrópole como espaço da abstração; ● o Futurismo e a cidade como lócus da velocidade; ● Neo-
plasticismo e a dissolução da arquitetura na cidade; ● o urbanismo Expressionista e a Kronenstadt; ●
25
urbanismo Alemão de entre-guerras e as Siedlungen; ● Hilberseimmer, a Nova Objetividade e a Grosstadt;
● Le Corbusier: cidade, paisagem e território; ● Construtivismo e Cidade: Urbanismo e desurbanismo na
União Soviética; ● leituras e Críticas da Carta de Atenas.
Bibliografia:
Azevedo, R. M.. Metrópole: Abstração. São Paulo, Perspectiva, 2005
Banhan, R. Teoria e Projeto na Primeira Era da Máquina. São Paulo, Perspectiva, 1975
Colquhoun, A. La Arquitectura Moderna. Una historia desapasionada. Barcelona, Gili, 2005.
DebenedettiI, M. e Pracacchi, A. Antologia dell'architettura moderna. Testi, manifesti e utopie, Bologna, Zanichelli, 1988.
Droste, M. Bauhaus 1919-1993, Berlim, Taschen, 1991
Fabris, A. Futurismo: uma poética da Modernidade, S. Paulo, Perspectiva /EDUSP, 1987
Fishmann, R. L'Utopie Urbaine au XX e Siécle: Ebenezer Howard, F.L. Howard, Le Corbusier, Bruxelas, Pierre Mardaga, 1979
Fiz, S. M. (org) La arquitectura del Siglo XX. Madrid, Alberto Corazón. (Comunicación V. 21), 1974
Hulten, P.; Celant, G.; Faucherau, Serge; G. (orgs) Futurismo & Futurismi. Milan: Bompiani, 1986
Hall, P. Cities of Tomorrow: an intellectual history of urban planning and design in the XXth century, Oxford: Blackwel, 1988
Hilberseimer, L. La Arquitectura de la Gran Ciudad. Barcelona, Gili, 1979. Ed. orig.: Suttgart: Julius Hoffmann, 1929.
Hitchcock, H. R. Arquitectura de los Siglos XIX y XX. Barcelona: Cátedra, 1998.
Humblet, C. Le Bauhaus, Lausanne, Ed, L'Age d'Homme, 1980
Le Corbusier. Por uma Arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 19??
Le Corbusier. Urbanismo. São Paulo: Martins Fontes, 200?
Le Corbusier. Precisões sobre um estado presente da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
Le Corbusier e Ozenfant, A. Depois do Cubismo. São Paulo: Cosac Naify
Martins, C. A. F. Razón, Ciudad y Naturaleza: La génesis de los conceptos en el urbanismo de Le Corbusier, (Tese de
Doutorado), Madrid, 1992
ETSAM Universidad Politécnica de Madrid. Memoria del Futuro: Arte italiano desde las primeras vanguardias e la posguerra ,
(CELANT, Germano; Gianelli, Ida, Orgs.), Milano/Madrid, Bompiani, 1990.
Mumford, E. The CIAM Discourse on Urbanism, 1928-1960. Cambridge, Mass: MIT Press, 2000
Ockman, J. Architecture Culture 1943-1968. A documentary anthology. New York, Columbia / Rizzoli, 1993
Pehnt, W. Arquitectura Expresionista, Barcelona, Gili, 1975
Sica, P. Historia del Urbanismo. El Siglo XX, Madrid Instituto de Estudios de Administración Municipal, 1984
26
Sert, J. L. Can our cities survive? An abc of urban problems, their analysis; their solutions, based on the proposal formulated .
Cambridge: Harvard Univ. Press, 1944
Tafuri, M. e Dalco, F. Modern Architecture, Londres, Academy Editions. (2 vols), 1980
TafuriI, M. e outros. De la Vanguardia a la Metrópoli, Barcelona, Gili, 1973
Tournikiotis, P. The Historiography of Modern Architecture. Cambridge, Londres, MIT Press, 1999
VV.AA., Constructivismo, Madrid, Alberto Corazón Ed. (Comunicación 19), 1973.
VV.AA., Socialismo, Ciudad, Arquitectura URSS 1917-1937, Madrid, Alberto Corazón Ed. (Comunicación 23) 1973.
Worringer, W. Naturaleza y Abstracción. México: Fondo de Cultura. 1996.
Trabalho desenvolvido:
● monografia - “Algumas referências modernistas em São Paulo“
Conceito: B
O objetivo da monografia foi identificar algumas influências de arquitetos modernistas que
projetaram edifícios residenciais na cidade de São Paulo nas décadas de 1930, 1940 e 1950. A
identificação das referências acadêmicas, mais suas experiências profissionais iniciais auxiliaram na
construção de uma matriz comparativa através da qual se pôde entender melhor sua produção.
Dentre os arquitetos modernos com produção expressiva de edifícios de apartamentos, quis-se
comparar alguns domiciliados profissionalmente em São Paulo com outros que tiveram anteriormente
atuação marcante na cidade do Rio de Janeiro, onde a modalidade apartamentos era mais difundida e mais
antiga. Comparou-se, ainda, a produção de profissionais formados em instituições de ensino nacionais e
estrangeiras. Dessa forma, o trabalho abordou a produção de Rino Levi e Gregori Warchavchik; e também
Álvaro Vital Brazil, os irmãos Roberto e Oscar Niemeyer.
O estudo evidencia que os caminhos trilhados por esses profissionais às vezes se encontraram,
mas nota também que, apesar de coincidências na formação, a obra de cada um apresentava
particularidades. Os arquitetos formados no Rio, por exemplo, foram autores de obras modernas desde o
início de suas carreiras, apesar da formação acadêmica clássica que receberam na ENBA. Eles tiveram
contato com personalidades importantes, como Le Corbusier e Lucio Costa, mas também tiveram
27
experiências de viagens, numa época em que a profissão de arquiteto e a sua atribuição legal ainda se
prenunciava.
Uma análise da evolução dos espaços dos apartamentos mostra que o projeto foi perdendo
qualidade na mesma época em que estes arquitetos modernos deixaram de atuar profissionalmente. Foi
justamente a partir dos anos 1960 que a produção de um edifício residencial deixou de ser um problema de
arquitetura. O estudo do processo de projeto, as relações que estes profissionais tinham com o mercado
imobiliário, suas referências acadêmicas e seus primeiros trabalhos, ajudaram a entender a qualidade dos
apartamentos projetados por eles.
Referência do trabalho
Anelli, R. L. S. Arquitetura e cidade na obra de Rino Levi. Tese de doutorado. São Paulo: FAU-USP, 1995
Atique, F.. Memória Moderna – a trajetória do Edifício Esther. São Carlos: Rima / FAPESP, 2004
Batista, A. J. de S. Os irmãos Roberto – por uma arquitetura constituída de padronização e singularidade. Dissertação de
mestrado. Rio de Janeiro: PUC, 2006
Bruand, Y. Arquitetura contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1981
Conduru, R. Vital Brazil. São Paulo: Cosac & Naify, 2000
Dahier, L. C. O Edifício Esther e a estética do modernismo. In: Revista Projeto. n. 31, julho 1981
Drebes, F J. O Edifício residencial e a arquitetura brasileira (1945-1955). Disponível em: www.docomomo.org.br/seminario 5
Acesso em: 6 nov 2008
Farias, A. A. C. Arquitetura eclipsada – notas sobre história e arquitetura a propósito da obra de Gregori Warchavchik,
introdutor da arquitetura moderna no Brasil. v. 2. Dissertação de mestrado. Campinas: IFCH-UNICAMP, 1990
Izaga, F. G. de. Os Irmãos Roberto – poética urbana da forma e virtuosismo do elemento. Dispónivel em:
<www.docomomo.org.br/seminario6> Acesso em: 12 nov 2008
Leal, D. V. Oscar Niemeyer e o mercado imobiliário de São Paulo na década de 1950 – o escritório satélite sob a direção do
arquiteto Carlos Lemos e os edifícios encomendados pelo Banco Nacional Imobiliário. Disponível em
<www.docomomo.org.br/seminario5> Acesso em: 13 nov 2008
Le Corbusier. Precisões de um estado presente da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Cosac & Naify, 2004
Lira, J. T. C. de. Ruptura e construção – Gregori Warchavchik, 1917-1927. Disponível em: <www.sielo.br/scielo.php?pid=s101-
330020070002000138script=sci_arttext&tlng=en> Acesso em: 28 out 2008
Pereira, M. A. Arquitetura, texto e contexto – o discurso de Oscar Niemeyer. Brasília: Universidade de Brasília, 1997
PROJETO DESIGN. Pioneiros do moderno. In: Revista Projeto. n. 298, dezembro de 2004
28
Santos, P. Marcelo Roberto. In: Revista Arquitetura. n. 36. Rio de Janeiro: IAB, junho 1965
Villa, S. Apartamento metropolitano. Dissertação de mestrado. São Carlos: EESC-USP, 2002
Underwood, D. Oscar Niemeyer e o modernismo de formas livres no Brasil. São Paulo: Cosas Naify, 2002
Warchavchik, G. Arquitetura do século XX e outros escritos – Gregori Warchavchik. São Paulo: Cosac Naify, 2006
3.1.4 - Disciplina:
SAP 5879-1 - "tópicos especiais – avaliação pós ocupação no contexto da gestão do processo de projeto"
Docente responsável: Profs. Drs. Marcelo Tramontano, Márcio Fabrício, Sheila Ornstein
Número de créditos: 12
Conteúdo da disciplina:
A disciplina analisou o conceito da APO desde suas origens, sua metodologia e suas aplicações.
Tem como pressuposto que as edificações devem ser sistematicamente avaliadas depois de construídas,
do ponto de vista estrutural, espacial, de usos, etc. Conferir eventuais falhas e aferir virtudes projetuais, com
o objetivo de melhorar o processo de projeto. Além dos Profs. Drs. Marcelo Tramontano e Márcio Fabrício
do Departamento de Arquitetura da EESC-USP, as aulas tiveram a participação da Profa. Dra. Sheila
Ornstein, que tem pesquisas em APO realizadas no Departamento de Tecnologia do Programa de Pós-
Graduação em Arquitetura da FAU-USP desde 1984. A professora trouxe, além de seus estudos
acadêmicos, alguns projetos de APO com sua participação em escritórios e edifícios de habitações de
interesse social. O conteúdo da disciplina previa: gestão do processo de projeto e a qualidade do ambiente
construído; Avaliação Pós-Ocupação na gestão do processo de projeto - conceitos; procedimentos
metodológicos; estudos de caso: habitação e escola.
Bibliografia
ADAPTIVE Environments Center. .. FEDERAL FACILITIES COUNCIL. Learning from Our Buildings - a state of the practice
summary of post-occupancy evaluation. Washington, DC: National Academy Press, 2001 (Federal Facilities Council Technical
Report n.º 145).
Fabricio, M. Projeto Simultâneo de Edifícios. Tese (doutorado) EP-USP, São Paulo, 2002.
Grandjean, E. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre : Artes Médicas Sul, 1998.
29
Grosbois, L. P. Handicap et construction. Conception et réalisation: espaces urbains, bâtiments publics, habitations
équipements et matériels adaptés. Paris : Le Moniteur, 1996.
Jong, T.M. de; Voordt, D.J.M V. D. (editores). Ways to Study and Research. Urban, Architectural and Technical Design. Delft,
Holanda: Delft University Press, 2002.
Kernohan, D. et al. User Participation in Building Design and Management. Oxford, England: Butterworth-Heinemann Ltd., 1996.
Mace, R. Definitions: Accessible, Adaptable, and Universal Design. Carolina do Sul : The Center for Universal Design, 1990.
Disponível em NAOUM, Shamil G. Dissertation Research and Writing for Construction Students. Oxford, MA, USA: Butterworth
Heinemann, 2003.
Ono, R. The Social and cultural influences on human behavior in fires and in fire prevention in Japan. Kyoto, Japan: The Japan
Foundation Fellowship Program; Disaster Prevention Research Institute, 1999.
Ono, R.; Tatebe, K. A study on school children's attitude towards fire safety and evacuation behavior in Brazil and the
comparison with data from Japanese children. In: Proceedings of the 3rd Human Behavior in Fire Symposium, Belfast, 2004.
Preiser, W. F.E. Health Center Post-Occupancy Evaluation. Toward Community-wide Quality Standards. In: NUTAU´98 -
Arquitetura e Urbanismo: Tecnologias para o Século XXI. São Paulo: NUTAU- Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo (Anais em CD-ROM), 1998.
Preiser, W. F. E..; OSTROFF, Eliane (editors). Universal Design Handbook. New York: Mc. Graw Hill, 2001.
Trabalho desenvolvido:
● monografia e seminário – "APO no Conjunto Habitacional da CDHU Waldomiro Lobbe Sobrinho"
Conceito: B
Foi realizado um trabalho no Conjunto Habitacional da CDHU "Waldomiro Lobbe Sobrinho" em São
Carlos, com o objetivo de avaliar a adequação ao uso nas unidades através de métodos de APO. Os
resultados se tornaram importante instrumento para o entendimento das deficiências do projeto do
apartamento. O levantamento de dados foi realizado através de visitas feitas no Conjunto pelos três
integrantes da equipe. Foram abordadas questões referentes ao uso dos ambientes através da percepção
do entrevistado. A documentação se deu através de registro fotográfico, entrevista com os moradores e
medição do layout do mobiliário.
30
figura 5 - Conjunto Habitacional Waldomiro Lobe Sobrinho – São Carlos/SP – foto agosto 2008
A análise das informações colhidas em campo mostrou as dificuldades de uso e improvisações
feitas pelas famílias. Existe uma grande quantidade de equipamentos – computadores, video games,
televisores, DVDs players, impressoras – que supõem usos diversos, mas que apesar disso situam-se em
cômodos mono-funcionais. A própria mobília tem dimensões desproporcionais ao tamanho do ambiente. Na
entrevista, uma das questões levantadas foi Onde costuma comprar seus móveis? A grande maioria dos
entrevistados disse que compra seus móveis em grandes lojas populares que tem linhas de crédito para
financiamento, como Casas Bahia e Magazine Luiza. Pelo levantamento do layout do mobiliário, pode-se
notar que a maioria das salas, por exemplo, tem os mesmos móveis e que eles se localizam nos mesmos
lugares: sofá 2 lugares + sofá 3 lugares + estante com TV.
figura 6 - sala de apartamento do Conjunto Habitacional Waldomiro Lobe Sobrinho, São Carlos – sobreposição de funções e improviso
nos usos: mesa para refeições, computador e sofá.
31
Nota-se que a falta de qualidade no projeto e a padronização das plantas também são comuns em
outros apartamentos para classes de baixa renda produzidos pela CDHU – o website da companhia mostra
que existem algumas variações de um mesmo modelo de planta. O estudo destas unidades reforça o
problema inicial da pesquisa de mestrado: de que o projeto é padrão e que existe uma incompatibilidade
das demandas dos moradores com o produto que lhes é oferecido.
Referência do trabalho
Barros, R. P. de et. al. O nível do salário mínimo no Brasil frente à evidência internacional
http://www.ipea.gov.br/pub/bcmt/mt_006h.pdf ‐ acessado em 01/12/2008
BondukiI, N. Origens da Habitação Social no Brasil Arquitetura Moderna, Lei do Inquilinato e Difusão da Casa Própria, 3ª Ed.,
São Paulo, Estação Liberdade, Fapesp, 1998.
Bonduki, N. (Organizador)‐ Habitat As práticas bem Sucedidas em Habitação, Meio Ambiente e Gestão Urbana nas Cidades
Brasileiras, Ed. Studio Nobel, 2ª Ed., São Paulo, 1997
CDHU. Manual técnico de projetos. Disponível em: www.habitacao.sp.gov.br. Acesso em: 26 nov 2008
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. CESTA BÁSICA NACIONAL METODOLOGIA – DIEESE/ 1993
– http://www.dieese.org.br/rel/rac/metodologia.pdf ‐ acessado em 30/11/2008
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Villa, S. Apartamento Metropolitano: Habitações e Modos de Vida na cidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado. São Carlos:
EESC‐USP, 2002.
43.1.5 - Disciplina: SAP 5892-6 - "metodologia e pesquisa bibliográfica"
Docente responsável: Profa. Dra. Lauralice de Campos Franceschini Canale
Número de créditos: 6
33
Conteúdo da disciplina:
Mostrou princípios básicos para a elaboração de uma pesquisa científica. Desde o plano e os seus
objetivos, justificativas e métodos; o levantamento de documentos na biblioteca de Engenharia da EESC
através de interfaces gráficas computacionais; coleta e sistematização de dados; e análise e apresentação
dos resultados. Também foram vistas regras para resumos de trabalhos. Conteúdo da disciplina: ●
discussão do método científico, sua natureza, conceitos e tipos. Como transmitir o conhecimento. ● acesso,
analise e avaliação do conhecimento em engenharia: situação brasileira e internacional; tipos de
instituições, atividades e programas de atendimento: bibliotecas, serviços de documentação e informação,
bases e bancos de dados no Brasil e no exterior. ● estruturas e tipos de informação documentais,
numéricas e cadastrais em sistemas de informações (bases e bancos de dados); análise e avaliação do
conhecimento formal – documentado, organização de sua estrutura e síntese (resumos, tabelas, quadros,
folhas cadastrais); métodos de acesso e busca; categorias e tipos de documentos especializados. ●
delimitação temática da pesquisa, mediante determinação de terminologia; descritores, palavras-chaves,
sub-áreas e área de assunto: planejamento e organização de sistemas específicos de informações
especializadas; glossários, “thesaurus” e indexação coordenada. ● normalização da documentação;
instituições normalizadoras; apresentação de artigos de periódicos, trabalhos de congresso, referenciação
bibliográfica e documental; redação de sinopses, resumos e resenhadas. ● revisão da literatura e relatórios
de estado-da-arte; avaliação e análise de documentos destes tipos, orientador para organização e redação;
organização de citações e notas. ● estrutura e redação da dissertação e tese: apresentação, partes do
corpo e complemento desses documentos; análise e avaliação de exemplares destes tipos e documentos
elaborados no Brasil e no exterior.
Bibliografia
Associação Brasileira de Normas e Técnicas. Normas sobre documentação: coletânea de normas. Rio de Janeiro, ABNT, 1989.
Barras, R. Os cientistas precisam escrever: guia de redação para cientistas, engenheiros e estudantes, 2a ed. São Paulo, T. A.
Queiroz, 1986.
Barros, A. J. P. & Lehfel, N. A. de S. Fundamentos de Metodologia: um guia para a iniciação científica . São Paulo, McGraw-Hill,
1986.
Brunetti, I. S. Proposta de uma metodologia para integrar os programas de educação do usuário. Campinas, 1983.
Cervo, A. L. Metodologia Científica, 4a edição, Makron Book, 1996.
34
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, USP. Normas para a elaboração de dissertações e teses. Piracicaba, ESALQ,
1987.
Hamar, A. A. A bibliografia universitária brasileira e sua missão de memória agilizada. São Paulo, 1983.
Lakatos, E. M. & Marconi, M. de A. Fundamentos da Metodologia Científica, Editora Atlas, 1991.
Lakatos, E. M. & Marconi, M. de A. Metodologia do trabalho cientifico. 4a ed., São Paulo, Editora Atlas, 1992.
Mesquita, L. S. Pesquisas bibliográficas em tecnologia. São José dos Campos, ITA, 1970.
Mildren, K. V. Use of engineering literature. London, Butter-worths, 1982.
Moretti Filho, J. Redação de dissertações e teses. Piracicaba, FEALQ, 1982.
Rey, L. Como redigir trabalhos científicos. São Paulo. E. Blucer, 1978.
Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Serviço de Bibliotecas. Diretrizes para apresentação de dissertações e teses. S.
Paulo, Escola Politécnica, USP, 1991.
Vieire, S. Como escrever uma tese. São Paulo, Livraria Pioneira, 1991. Vários textos do tipo “state-of-the-art”.
Trabalhos desenvolvidos:
● análise e resumo de artigos;
● apresentação da pesquisa em seminário.
Conceito: A
Para todas as aulas foi feita uma análise prévia de algum artigo referente ao seu conteúdo. As
análises eram documentadas em resumos, feitos seguindo as normas técnicas. Isso ajudou na
compreensão da importância da organização e sistematização de dados analisados. A disciplina também
previu a apresentação da pesquisa um em seminário. Para isso, o mestrando aprendeu técnicas de
apresentação: de organização das informações para a apresentação, de postura e linguagem adequada,
etc.
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3.2 - Atividades de pesquisa
3.2.1 - Discussões no nomads.usp
3.2.1.1 - Grupo de estudos Espaços de Morar
O Nomads.usp – Núcleo de Estudos de Habitares Interativos – contém vários grupos de pesquisa,
entre eles o Espaços de Morar, que faz estudos sobre projetos de habitações. Supervisionado pelo Prof.
Assoc. Dr. Marcelo Tramontano, conta com a participação de pesquisadores em iniciação científica,
mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos.
Em 2008, foi desenvolvido um estudo sobre condomínios residenciais e loteamentos fechados na
cidade de São Carlos. O objetivo do trabalho foi entender como as famílias vivem nestes espaços e saber
os motivos que as levaram a esse tipo de moradia. Foi feito um levantamento dos condomínios construídos
em São Carlos até o ano de 2008. O responsável pelas visitas em alguns dos residenciais foi o urbanista
doutorando Mathieu Perrin, do Instituto de Urbanismo de Grenoble, da Universidade Pierre Mendes-France,
na França, que esteve em intercâmbio acadêmico no Nomads.usp. Foram realizadas entrevistas com os
moradores, através de um questionário. O trabalho gerou um banco de dados sobre condomínios, mais
relatórios em pesquisas individuais em iniciação científica e de doutorado. A participação do mestrando
neste estudo se deu na concepção da pesquisa e também no desenvolvimento da sua metodologia: nas
discussões sobre a forma de abordagem dos moradores, nos tipos de perguntas levantadas, e no conteúdo
das entrevistas. E posteriormente na análise dos dados.
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figura 7 - planta do condomínio residencial Mont Serrat
figura 8 - planta e foto de residência no loteamento fechado Bosque de São Carlos
Desde o começo de 2008, existem pesquisadores em iniciação científica no grupo levantando dados
sobre apartamentos na cidade de São Paulo. A orientação destes estudos é do coordenador do
Nomads.usp, prof. Marcelo Tramontano, e o mestrando tem participação na orientação. Os dados são
inseridos num banco de dados sobre apartamentos que é continuamente atualizado. Este Banco traz peças
gráficas, como fotos, perspectivas, plantas e cortes, e também informações relativas ao incorporador, ao
proprietário, ao número de pavimentos, etc. Em um destes levantamentos foram colhidas informações sobre
edifícios produzidos atualmente e que trazem alguma inovação espacial em suas plantas. Foram
considerados espaços inovadores os projetos que traziam alterações em pelo menos um destes aspectos,
encontrados desde os apartamentos burgueses da Belle Epoque francesa na segunda metade do século
XIX - e que foram sistematizados pelo doutorando Fábio Queiroz em sua pesquisa de mestrado:
■ a divisão da planta em cômodos, como estratégia de organização de usos;
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■ a estanqueidade funcional de espaços, com a vinculação de atividades a cômodos determinados;
■ a existência de uma relação de hierarquia entre os espaços;
■ a tripartição com o agrupamento de cômodos em zonas Social, Íntima, e de Serviços;
■ a articulação dos cômodos por meio de corredores e dispositivos de circulação;
■ a existência de uma relação de hierarquia também entre circulações, separadas para o uso de patrões e
empregados, inclusive no âmbito coletivo do edifício.
figura 9 - opção de planta do edifício Aimbere – notar que os quartos estão posicionados nas extremidades do apartamento, tirando a
hierarquia dos ambientes. Não existe um corredor íntimo que leva a uma zona íntima (fonte: banco de dados sobre apartamentos
Nomads.sp)
figura 10 - opção de planta do edifício Combinatto – notar a existência de um ambiente de trabalho com entrada independente (fonte:
banco de dados sobre apartamentos Nomads.sp)
Atualmente, está em processo de aprovação em agência de fomento à pesquisa uma outra
pesquisa em iniciação científica, desta vez focando no levantamento de edifícios residenciais produzidos
nos anos 1940 e 50, e que foram publicados na revista Acrópole. Tanto no estudo sobre apartamentos
quanto no de condomínios foram periodicamente realizadas reuniões em que os pesquisadores diretamente
envolvidos apresentavam os seus resultados e os relatórios produzidos.
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Todos os documentos produzidos por pesquisadores do Espaços de Morar, como apresentações,
relatórios, planos, artigos, dissertações ou teses são discutidas e revisadas por todos. O procedimento de
análises conjunta constitui uma prática consolidada no Nomads.usp, reunindo pesquisadores de iniciação
científica, mestrandos e doutorandos e pós-doutorandos. Tal postura proporciona a oportunidade de
desenvolver um olhar ampliado sobre o objeto de estudo, tendo como resultado, leituras mais críticas e
plurais. O mestrando também submeteu sua pesquisa em algumas oportunidades às reuniões do grupo,
quando produziu estudos para as disciplinas.
No mês de maio de 2009 o Grupo participou de uma reunião em São Paulo, na Universidade
Mackenzie, com o grupo de pesquisa da profa. Dra. Nadia Somekh (item 3.3.1.1.1). Organizou-se também
algumas visitas a edifícios residenciais em São Paulo. Os detalhes, bem como a metodologia usada, e os
edifícios escolhidos estão descritos neste relatório no item 4.1.
3.2.1.2 - Flash! seminário Nomads.usp de pesquisas em curso
O Flash! é um seminário realizado uma vez no ano pelo Nomads.usp sobre as pesquisas em curso
no núcleo, com o objetivo de criar um espaço para discussão coletiva.
No dia 1 de junho de 2009 o mestrando participou do Flash! 03 apresentando um trabalho. Como a
pesquisa está voltada para a produção dos apartamentos, foi mostrado como ela se deu ao longo dos anos:
desde a introdução da modalidade na cidade de São Paulo na década de 1910 até o fim da década de
1970, quando termina o recorte cronológico da pesquisa. Foram identificadas três grandes fases: até 1942,
caracterizado pelo período rentista, com edifícios produzidos com o objetivo de renda; de 1942 até 1964,
com o surgimento da figura do incorporador e o início de uma produção para a venda; e a partir de 1964,
sob a influência do BNH:
- 1° período: como o capital cafeeiro se diversificou e foi investido na cidade, nos setores bancário,
industrial, comercial, e diretamente na construção civil;
- 2° período: o surgimento da incorporação imobiliária, e o processo de metropolização da cidade na década
de 1950;
- 3° período: a incorporação segue as diretrizes determinadas pelo BNH, numa época em que a produção
de edifícios residenciais passa cada vez mais ser uma questão quantitativa.
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O flash deu oportunidade para o mestrando discutir sua pesquisa com outros integrantes do
Nomads.usp, alunos e professores do departamento – o seminário foi aberto ao público. Depois da
apresentação, houve um tempo reservado para discussões sobre a pesquisa. Para a apresentação, o
mestrando teve que produzir um artigo sobre o tema abordado.
figura 11 - capa apresentação da pesquisa para o seminário Flash – junho 2008
3.2.2 – Artigos em eventos
3.2.2.1 - "Avaliação da qualidade do espaço interno em unidades habitacionais de interesse social", artigo
publicado no SBQP - 1° Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído - São Carlos
– 2009
Resumo: Proposta - avaliar a qualidade do espaço interno das unidades habitacionais do condomínio
número 1 do Conjunto Habitacional Waldomiro Lobbe Sobrinho da CDHU, em São Carlos. Método de
pesquisa/Abordagens - foram utilizados métodos e técnicas da Avaliação Pós-Ocupação (APO). O campo
da pesquisa é composto por 128 unidades, e a amostra da pesquisa conta com 51 apartamentos. Como
instrumentos de pesquisa foram aplicados questionário, captadas imagens fotográficas e levantamento de
medidas e disposições do mobiliário. Resultados - há uma incompatibilidade entre usos e ocupação dos
espaços. Verificou-se uma sobreposição de funções nos diversos ambientes. Os grupos familiares se
apresentam de forma diversificada, com modos de vida diferentes que são pouco considerados no projeto
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do conjunto. Contribuições/Originalidade - há uma quantidade significativa de unidades com internet e a
presença desse meio de informação não está relacionada com a renda familiar.
3.2.3 - Construção de site
Etapa prevista no plano de pesquisa, foi produzida uma página na internet para registrar e também
divulgar informações sobre o andamento da pesquisa. A página contém as disciplinas cursadas e as
respectivas monografias produzidas, e o projeto de pesquisa proposto. A intenção desta etapa de trabalho
foi a aprendizagem da construção de um website. A divulgação dos resultados sobre a pesquisa na internet
é uma possibilidade de interlocução com pesquisadores de outros centros de pesquisa, uma troca de
conhecimento muito bem vinda no meio acadêmico. A página foi feita usando ferramentas do programa
Dream Weaver. Encontra-se no endereço:
http://www.nomads.usp.br/pesquisas/espacos_morar_modos_vida/concretos/como_nasce_um_modelo
3.3 - Outras atividades
3.3.1 - Atividades no nomads.usp
3.3.1.1 - Encontro com pesquisadores e profissionais de outros grupos
3.3.1.1.1 - Profa. Dra. Nadia Somekh
Reunião realizada na cidade de São Paulo na Universidade Makenzie no dia 4 de maio de 2009.
Contou com a participação de alunos do grupo de pesquisa coordenado pela professora Dra. Nadia
Somekh: Lina Galhardo, que estuda o processo de verticalização no bairro de Interlagos; e Elida Zufo, que
estuda o processo de verticalização no bairro de Higienópolis. Com o docente Antonio Cláudio, que ministra
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aulas no Makenzie e também participa de atividades do grupo da professora Nadia. Com o pesquisador da
FAU-USP Lourenço Gimenez, que tem seus estudos acadêmicos centrados no transporte público, mas
também realiza projetos arquitetônicos de edifícios residenciais através de escritório próprio. E também com
pesquisadores do grupo Nomads.usp da EESC-USP: o seu coordenador, Professor Assoc. Dr. Marcelo
Tramontano, a Professora Dra. Varlete Benedente, e o doutorando Fábio Queiroz. A reunião foi proposta
pela professora Nadia, que entre outras publicações, escreveu o livro A cidade vertical e o urbanismo
modernizador.
O objetivo da reunião foi o planejamento de um trabalho sobre verticalização que será desenvolvido
em parceria pelos grupos dos professores Marcelo e Nadia. A proposta é a formação de uma equipe
multidisciplinar, formada por engenheiros, arquitetos e administradores; com pesquisadores envolvidos com
o tema da verticalização, mas também por profissionais do mercado imobiliários: projetistas, corretores,
construtores, empresários e representantes de entidades, como IAB e SECOVI.
Chegou-se a conclusão de que o projeto arquitetônico destes apartamentos piorou ao longo dos
anos e que o produto que é oferecido nos dias de hoje é incompatível com as expectativas dos moradores.
As possibilidades de pesquisa que se abrem sobre este problema, e que farão parte dos trabalhos desta
parceria foram determinadas a partir de 4 grandes temas já trabalhados inicialmente em uma oficina sobre
verticalização realizada no ano passado, no Mackenzie – legislação, estudo de casos, história, modo de
vida.
■ por que o projeto de arquitetura destes prédios piorou ao longo do tempo?
■ por que os arquitetos perderam espaço e diálogo no processo de produção com relação aos outros
agentes envolvidos?
■ por que a produção de um edifício de apartamento deixou de ser um problema de arquitetura?
A equipe pretende, a partir destas constatações, construir instrumentos que possam dar diretrizes
aos promotores imobiliários, ajudando a melhorar o projeto da habitação.
O trabalho que será desenvolvido nesta parceria é importante para esta pesquisa de mestrado
porque trata exatamente do objetivo central do estudo: motivos que teriam levado a uma padronização dos
projetos de apartamentos em São Paulo. O contato com pesquisadores de outras instituições também trará
referências e pontos de vista diferentes sobre a questão. Já a participação de representantes do mercado
imobiliário paulistano evidenciará como acontece na prática o empreendimento.
42
3.3.1.2 - doc.nomads
O mestrando administra o acervo documental do núcleo desde o início de 2008. O Nomads.usp
mantém um ambiente com vários tipos de documentos. São amostras de materiais de construção, catálogos
técnicos, relatórios de pesquisa, monografias, artigos, dissertações, teses, livros, revistas, CDs, DVDs, etc.
Os pesquisadores do Núcleo doam uma cópia do material acadêmico individual produzido para essa
Documentação. Isso soma-se à um grande acervo para pesquisa: são cerca de 500 livros e 1000 revistas.
No ano passado os documentos foram liberados para uso externo ao Nomads, para alunos da
EESC-USP. Para isso, foi realizada uma catalogação eletrônica dos documentos em uma base de dados,
que contém informações como título da obra, autor, assunto, etc. Qualquer aluno da Escola de Engenharia
de São Carlos pode acessar o endereço do site na internet, fazer sua pesquisa, escolher o material,
reserva-lo e trocar e-mails com o administrador da doc.nomads. Pode-se acessar a interface de busca a
partir de um link no website do Nomads (http://www.nomads.usp.br/site/documentacao/formulario.php).
Nesta interface existem algumas informações sobre a documentação e o procedimento para a retirada do
material. O site foi desenvolvido junto com uma pesquisadora em iniciação científica do curso de Ciências
da Computação utilizando recursos do software Dream Weaver.
A digitalização dos dados e sua inserção numa base fazem parte de uma reorganização maior feita
pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da EESC. O mesmo procedimento de
catalogação foi realizado por outros grupos de pesquisa do Programa, e a estes foi acrescentado todo o
acervo do Centro de Documentação (CEDOC) do Departamento, formando um grande e único acervo geral.
Outro trabalho realizado pelo bolsista foi a encadernação de alguns documentos. Em alguns casos
as folhas estavam soltas, em outros grampeadas, e na maioria das vezes encadernada com espiral. Isso
dificultava a visualização do material na prateleira. Em todas as fotocópias foram feitas encadernações
padronizadas com canaleta plástica. Cada tipo de material tem uma cor diferente. Por exemplo, azul para as
teses ou vermelha para as dissertações. O próximo trabalho será a colocação de etiquetas nos exemplares
com o código. Além disso, está previsto para os próximos meses um trabalho de divulgação da nomads.doc
no campus. A documentação possui uma grande diversidade de temas em seu acervo, e pode ser de
grande interesse para os pesquisadores da Escola.
43
figura 12 - interface de busca dos documentos do Nomads.usp
3.3.2 - Bancas assistidas no Programa de Pós-Graduação em AU da
EESC-USP
3.3.2.1 - Bancas de mestrado:
3.3.2.1.1 - Fulvio Teixeira de Barros Pereira – realizada no dia 8 de abril de 2008, a banca
examinadora teve a participação de prof. Titular Dr. Renato Luiz Sobral Anelli (orientador), prof. Dr. Carlos
Roberto Monteiro de Andrade (EESC-USP) e prof. Dr. José Tavares Correa de Lira (FAU-USP). Pesquisa
com o título "Difusão da arquitetura moderna na cidade de João Pessoa – 1956-1974"
3.3.2.1.2 - Cícero Ferraz Cruz – realizada no dia 26 de setembro de 2008, a banca examinadora teve
a participação de profa. Dra. Maria Ângela Bortolucci (orientadora), prof. Associada Dra. Akemi Ino (EESC-
USP) e prof. Titular Carlos Alberto Cerqueira Lemos (FAU-USP). Pesquisa com o título "Fazendas do sul de
Minas – arquitetura rural nos séculos XVIII e XIX"
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3.3.2.1.3 - Fábio Abreu de Queiroz – realizada no dia 1 de outbro de 2008, a banca examinadora
teve a participação de prof. Associado Dr. Marcelo Tramontano (orientador), prof. Dr. Márcio Minto Fabrício
(EESC-USP) e profa. Dra. Nádia Somekh (Mackenzie). Pesquisa com o título "Apartamento modelo –
arquitetura, modos de morar e produção imobiliária na cidade de São Paulo"
3.3.2.1.4 – Rodrigo Kamimura – realizada no dia 6 de abril de 2010, a banca examinadora teve a
participação de prof. Dr. Luis Antonio Recaman Barros (orientador), prof. Dr. Miguel Buzzar (EESC-USP) e
profa. Dra. Cláudia Piantá Costa Cabral (UFRGS). Pesquisa com o título "Tecnologia, emancipação e
consumo na arquitetura dos anos sessenta: Constant, Archigram, Archizoom e Superstudio"
3.3.2.1.5 – Marília Solfa – realizada no dia 28 de abril de 2010, a banca examinadora teve a
participação de prof. Dr. Fábio Lopes de Souza Santos (orientador), prof. Dr. David Sperling (EESC-USP) e
do prof. Dr. Celso Fernando Favaretto (FEUSP). Pesquisa com o título “Interlocuções entre arte e
arquitetura como práticas críticas. A teoria arquitetônica de Bernard Tschumi e a cena artística dos anos
1970”
45
4 - Atividades realizadas,
não previstas inicialmente no plano
4.1 - Visitas técnicas a edifícios de apartamentos na cidade de São
Paulo
Foram realizadas 4 visitas técnicas a edifícios residenciais na cidade de São Paulo: a primeira
em Dezembro de 2008, a segunda em Fevereiro de 2009,a terceira em Abril de 2009 e a quarta e Maio de
2009. Elas tiveram grande contribuição para a compreensão destes projetos. Os objetivos das visitas foram:
• contribuir para a complementação do banco de dados sobre apartamentos na cidade de São Paulo, feito e
atualizado continuamente por pesquisadores do Nomads.usp. Informações de edifícios que foram
previamente selecionados, e de outros que eventualmente foram encontrados, e que tinham algum
interesse arquitetônico;
• verificar as informações contidas no banco. O banco de dados contém peças gráficas dos edifícios, como
plantas, perspectivas e fotos; mais dados referentes ao projeto, como número de pavimentos, áreas, autor
do projeto e proprietário. Notou-se que em alguns casos o empreendimento nem chegou a ser realizado,
como no caso de um projeto de Gregori Warchavchik na Rua Araujo. Mas também de outros que mantém
seus aspectos formais originais, como no projeto de Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, com a
mesma cobertura de entrada;
• auxiliar na compreensão dos projetos. Em alguns edifícios, o mestrando teve a oportunidade de entrar nas
unidades e conversar com moradores, usuários e funcionários. Notou-se alguns detalhes, que por vezes
não aparecem nos projetos, como o duto de lixo do edifício projetado por Palanti, a abertura dos caixilhos
do edifício Esther, ou a pré-fabricação dos elementos de fechamento de um edifício projetado por Rino Levi
na avenida Visconde do Rio Branco;
• entender o processo de verticalização em São Paulo e as transformações da paisagem da cidade ao longo
do século XX. Percebeu-se a predominância de prédios em determinadas regiões em cada década; e
mudanças no uso do solo, no traçado viário, nos transportes, no porte das edificações, que influenciam na
degradação ou valorização das áreas;
46
• notar que em alguns projetos, principalmente os projetados nas décadas de 1940 e 1950 por arquitetos
modernistas, existem qualidades que se perderam com o tempo, como a relação do edifício com o entorno,
com o térreo aberto para trânsito de pedestres e moradores; ou a diversidade dos usos, que previam além
do residencial, comercial ou serviços, etc.
Para cada edifício escolhido foi feito uma ficha (anexo 8.2.2), com informações básicas sobre o
empreendimento, como nome do edifício, ano de projeto, autor da obra, endereço, etc. Junto a estes dados,
peças gráficas, como plantas, perspectivas, fotos de época; e mais um mapa (anexo 8.2.1) da região onde o
edifício se insere. O objetivo da ficha é a comparação de conteúdo do empreendimento idealizado com a
obra construída.
Em cada visita realizada, as informações foram documentadas através de anotações nas fichas
e também com registro fotográfico: de detalhes do saguão de entrada, da sacada, ou dos interiores das
unidades; do edifício e suas áreas externas; e do entorno. Posteriormente, todos os dados foram
organizados e analisados para uso desta pesquisa, mas também inseridos no banco de dados,
complementando-o.
4.1.1 - Visita técnica 1: projetos modernistas
Nas duas primeiras visitas o mestrando percorreu o roteiro pré-definido sozinho. Na primeira
visita, realizada no dia 23 de dezembro de 2008 foram selecionados alguns exemplares de edifícios
construídos nas décadas de 1930, 40 e 50 de arquitetos modernos. E outros que surgiram no caminho e
que não estavam previamente selecionados, mas que faziam parte do banco de dados do Nomads.usp.
Foram visitados:
- edifício Esther (1935), avenida Ipiranga esquina rua Sete de Setembro - projeto de Álvaro Vital Brazil e
Adhemar Marinho;
- edifício Porchat (1940), avenida São João Esquina rua Apa - projeto de Rino Levi;
- edifício Prudência (1944), avenida Higienópolis 265 - projeto de Rino Levi;
- edifício Louveira (1946), rua Piauí em frente praça VillaBoim - projeto de Vilanova Artigas;
- edifício na rua Conselheiro Nébias 1057 (1946) - projeto de Rino Levi (não construído);
- edifício na rua Araújo 130 (1947) - projeto de Gregori Warchavchik (não construído);
- edifício Lausanne (1953), avenida Higienópolis 101 - projeto de Franz Heep;
- edifício Guatemala (1955), avenida Nove de Julho esquina rua Barata Ribeiro - projeto de Francisco Beck;
- edifício Racy (1955), avenida São João esquina rua Helvetia - projeto de Aron Kogan.
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4.1.2 - Visita técnica 2: projetos anteriores a 1942
A segunda visita foi realizada dia 26 de fevereiro de 2009, e selecionou alguns edifícios
projetados até o ano de 1942. Entende-se que a lei do Inquilinato instituída neste ano – e reeditada várias
vezes na década – obrigou o mercado imobiliário a reestruturar a sua forma de produção, com prováveis
influências no produto resultante. O objetivo foi perceber diferenças que existem entre os projetados antes
de 1942, e outros, construídos posteriormente. Foram visitados:
- palacete Riachuelo (1925), rua Dr. Falcão Filho esquina rua José Bonifácio - projeto de Luis Asson;
- palacete Carrera (década de 1930), praça Júlio de Mesquita 90;
- prédio 7 de Setembro (década de 1930), largo Sete de Setembro esquina rua da Gloria;
- hotel Urca (década de 1930) alameda Barão de Limeira esquina rua Vitória;
- edifício Paissandu (1935), largo do Paissandu 100 - projeto de Jacques Pilon;
- edifício na rua Barão de Limeira 1003 (1938) - projeto de Gregori Warchavchik;
- edifício São Luis (1940), praça da República esquina avenida Ipiranga - projeto de Jacques Pilon;
- edifício Serpe (1940), rua Sebastião Pereira 41 - projeto de Jacques Pilon;
- edifício Goytacaz (1942), avenida Nove de Julho 254 - projeto de Jacques Pilon.
4.1.3 - Visita técnica 3: Santa Ifigênia, Santa Cecília, Campos Elíseos
Na terceira e quarta ida pra São Paulo, as visitas técnicas foram acompanhadas por integrantes
do grupo de estudos Espaços de Morar do Nomads.usp: pesquisadores em iniciação, mestrandos e
doutourandos. Todos sob a supervisão do Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano. A presença de
pesquisadores envolvidos com o tema da habitação contribuiu para uma leitura mais ampla dos edifícios.
Na terceira visita, realizada em 3 abril de 2009, foram escolhidos principalmente edifícios nos
bairros de Santa Ifigênia, Santa Cecília e Campos Elíseos. Quase todos entre as décadas de 1930 e 50.
São eles:
- edifício Angel (1927), avenida Angélica - projeto de Julio de Abreu;
- palacete Carrera (década de 1930), praça Júlio de Mesquita 90;
- hotel Urca (década de 1930) alameda Barão de Limeira esquina rua Vitória;
- edifício Esther (1935), avenida Ipiranga esquina rua Sete de Setembro - projeto de Álvaro Vital Brazil e
Adhemar Marinho;
- edifício na rua Barão de Limeira 1003 (1938) - projeto de Gregori Warchavchik;
48
- edifício Porchat (1940), avenida São João Esquina rua Apa - projeto de Rino Levi;
- edifício Copan (1951), Avenida Ipiranga esquina rua Araújo - projeto de Oscar Niemeyer;
- edifício Vila Normanda (1953), avenida São Luis - projeto de Antonio José Capote Valente;
- edifício Lili (1953) - rua Barão de Tatuí - projeto de Giancarlo Palanti;
- edifício Racy (1955), avenida São João esquina rua Helvetia - projeto de Aron Kogan;
- edifício na rua Bento de Freitas esquina rua General Jardim (1955) - projeto de Eduardo Kneese de Mello;
4.1.4 - Visita técnica 4: Higienópolis
A quarta visita aconteceu no dia 30 de Maio de 2009. Foram escolhidos prédios na região de
Higienópolis, principalmente os projetados até a década de 1960:
- edifício Higienópolis (1935), rua Conselheiro Brotero 1092 – projeto de Rino Levi;
- edifício Prudência (1944), avenida Higienópolis 265 - projeto de Rino Levi;
- edifício Louveira (1946), rua Piauí em frente praça VilaBoim - projeto de Vilanova Artigas;
- edifício Lausanne (1953), avenida Higienópolis 101 - projeto de Franz Heep;
- edifício na avenida Higienópolis (1962) – projeto de Franz Heep;
- edifício Itacolomi (1964), rua Itacolomi – projeto de Victor Reif;
- edifício na rua Bahia esquina rua Maranhão (1964), projeto de Francisco Beck;
- edifício na rua Dr. Albuquerque Lins (1964) – projeto de Pedro Paulo de Melo Saraiva;
- edifício Dora Cunha Bueno (1971), rua Maranhão 829;
- edifício Colina (1973), praça Vilaboim 52;
- edifício Ilha de Nassau (1985), rua Veiga Filho 259 – projeto de Danilo Penna;
49
figura 13 - projeto de edifício de apartamentos de Gregori Warchavicchik na Rua Araújo, de 1947 (não construído): foto – visita Abril-
2009
figura 14 - projeto de edifício de apartamentos de Gregori Warchavicchik na Rua Araújo, de 1947 (não construído): perspectiva –
banco de dados Nomads.usp
50
figura 15 - edifício de apartamentos de Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, de 1953: foto – visita Abril-2009
figura 16- edifício de apartamentos de Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, de 1953: foto – banco de dados Nomads.usp
figura 17 - foto – interior de apartamento - edifício projetado por Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, de 1953 - visita Abril-2009
figura 18 - foto – interior de apartamento - edifício Esther, de 1935 - visita Dezembro-2009
51
figura 19 - edifício Porchat, de Rino Levi, Rua São João, de 1940 – elevado cruzando a frente do edifício – visita Dezembro-2008
figura 20 - edifício Angel, de Julio de Abreu, Rua Angélica, de 1927 – mudança de uso: agora, uma loja de móveis – visita Abril-2008
52
figura 21 - edifício Vila Normanda, de Antonio José Capote Valente, Rua São Luis, de 1953 – galeria comercial situada no térreo do
edifício (diversidade de usos e transito de pedestres pelo interior do lote) – visita Abril-2009
figura 22 - edifício Prudência, de Rino Levi, Avenida Higienópolis 265, de 1944 – outro exemplo de térreo aberto e integrado com a rua
(hoje fechado com grades) – visita Dezembro-2009
figura 23 - outros prédios em Higienópolis e proximidades que mantém essa relação do objeto arquitetônico com o entorno imediato
(prédios que o banco de dados ainda não possui plantas nem autoria de projeto) – visita Maio-2009
4.2 - PAE
O mestrando participou de um estágio supervisionado em docência no PAE – Programa de
Aperfeiçoamento do Ensino – no primeiro semestre de 2009 na disciplina SAP 617 - Projeto III do curso de
Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, ministrada
pelos professores Titular Dr. Renato Anelli e Assoc. Dr. Marcelo Tramontano. O objetivo do estágio é
permitir que alunos da pós-graduação entrem em contato com as atividades de docência dos cursos de
graduação.
A proposta de exercício para os alunos se desenvolveu em torno de uma linha de VLT – veículo
leve sobre trilhos – para a cidade de São Carlos. Neste primeiro semestre, o trabalho foi dividido em três
etapas: a definição do roteiro da linha e suas paradas; o projeto das estações; e o projeto de uma escola
para o entorno. O tema exigiu que o pesquisador se informasse sobre este tipo de transporte urbano, suas
características, os benefícios, a implantação, alguns exemplos, e mais a leitura de textos sobre o assunto.
Os professores apresentaram em aula projetos de VLT que foram implantados em outros países, como
Itália, França e Estados Unidos. A compreensão destes exemplos mais a revisão bibliográfica sobre o tema
– sugerida pelos professores e disponibilizada no site da disciplina – deram subsídios para o entendimento
do problema e da importância de alternativas para o transporte público das cidades. Meios de locomoção
que poluam menos o meio ambiente e que causem menos congestionamento.
As atividades começaram antes do início das aulas com o desenvolvimento de um website, onde
ficavam todas as informações referentes ao conteúdo da disciplina, como objetivos, métodos e avaliações.
53
Todo o material produzido pelos alunos nos exercícios programados, mais as referências bibliográficas
indicadas pelos professores foram continuamente postadas. A criação e atualização do site foram feitas
usando ferramentas do software – o Dream Weaver.
figura 24 - website da disciplina que o mestrando desenvolveu e atualizou
Também houve o levantamento de alguns dados na prefeitura de São Carlos. Os pontos escolhidos
onde se localizavam as três grandes estações são: o mercado municipal, a rodoviária, e o hospital escola.
Os mapas do traçado viário, do loteamento e da topografia foram conseguidos na Secretaria de Habitação.
Eles também foram disponibilizados no site para uso dos alunos.
Para a etapa do projeto da escola, os alunos tiveram que seguir as diretrizes determinadas pela
FDE – Fundação para o Desenvolvimento do Ensino. Por causa disso, foi programada para o mês de maio
uma visita a quatro escolas da FDE construídas em Campinas. O objetivo foi mostrar algumas
possibilidades técnicas e plásticas conseguidas pelos arquitetos que projetaram estas escolas, e que ao
mesmo tempo seguiram todas as normas indicativas de espaços e restrições da FDE. No mesmo dia, além
das escolas de Campinas, foi prevista a visita ao CEU-Butantã em São Paulo. O mestrando entrou em
contato com a direção de cada uma das escolas de Campinas para a autorização das visitas e o
agendamento dos horários. Também foram atualizados os dados das escolas, como o nome, complemento
de endereço, contato, telefones, etc., já que as visitas são realizadas todos os anos. No caso do CEU o
contato foi feito diretamente com a Secretaria Municipal de Educação. O pesquisador organizou todo o
agendamento das escolas e participou das visitas.
54
Além disso, nas aulas práticas, o pesquisador auxiliou os professores no atendimento a cada uma
das equipes para o desenvolvimento dos trabalhos.
figura 25 - EE Roberto Marinho, projeto de Andrade e Moretini;
figura 26 - EE prefeito José Roberto Magalhães Teixeira, projeto de MMBB
figura 27 - EE Maria de Lurdes, projeto de Veiner e Polielo;
figura 28 - EE Telêmaco Paioli Melges, projeto de UNA
55
figura 29 - CEU Butantã – São Paulo
56
5 - Participação em eventos
5.1 - Palestras
5.1.1 - Palestra prof. Dr. Nabil Bonduki
Palestra realizada na Escola de Engenharia de São Carlos no auditório Jorge Caron no dia 6 de
maio de 2009. Teve como tema a atual política habitacional do governo federal.
Inicialmente o palestrante contextualizou historicamente a produção habitacional destinada a
classes de renda inferiores. Com a diversificação do capital cafeeiro e o desenvolvimento da cidade de São
Paulo, tem-se o primeiro período exposto. Os empresários ligados ao ramo do café investiam os excedentes
obtidos com a exportação na cidade e, uma das atividades econômicas escolhidas foi a construção civil.
Para os mais pobres eles construíam casas e vilas operárias, mas começaram a surgir também habitações
insalubres e cortiços. Esta é uma época em que o poder público não intervêm na produção.
A seguir, chega-se numa fase em que o governo começa a participar, com as Caixas dos Institutos
de Aposentadoria e Pensões (IAPs), que construíam para os seus associados; e posteriormente com a
Fundação da Casa Popular (FCP), que foi o primeiro órgão criado especificamente para produzir habitações
de interesse social. É no governo de Getúlio Vargas que se começa a popularizar a opção de compra da
casa. Em parte, influenciado pela lei do Inquilinato, que congelou os preços dos alugueis e desestimulou a
construção de casas para esse fim.
Já nas décadas de 1960 e 70, novamente em um regime autoritário, o governo cria o Banco
Nacional de Habitação (BNH). Apesar de algumas críticas, como a falta de participação popular nos
processos decisórios e a falta de qualidade arquitetônica dos conjuntos, os militares conseguiram viabilizar
a produção de um número significativo de habitações. Com a desestruturação do Banco na década de
1980, chega ao fim um modelo de financiamento, que tinha como grande fonte o Fundo de Garantia de
Tempo de Serviço (FGTS). Os financiamentos habitacionais do governo foram redimensionados e
direcionados para a Caixa Econômica Federal (CEF).
57
Ele também mostrou detalhes sobre o novo programa habitacional do governo federal: "Minha casa,
Minha vida". Antes do lançamento do programa, o projeto foi longamente debatido através de interlocuções
realizadas pelo Ministério das Cidades, com a participação da sociedade civil organizada, representantes do
setor da construção civil, etc. Ele mostrou as dificuldades geradas para a finalização do projeto por causa
da reestruturação sofrida neste ministério a partir de 2005.
O programa prevê o atendimento a várias faixas de renda, tendo subsídios para as de renda mais
baixa. Outras questões levantadas foram a construção de habitações para a população residente na zona
rural; a pesquisa sobre inovações nos métodos construtivos; a localização que estas habitações teriam na
cidade e a questão fundiária; a utilização de planos diretores como instrumento de restrições a especulação
fundiária, etc.
Esta apresentação do professor Dr. Nabil Bonduki se inseriu num ciclo de palestras sobre políticas
públicas para a habitação que o Programa de Pós-Graduação de em Arquitetura e Urbanismo da EESC-
USP organizou. A outra palestra foi a de Raquel Rolnik.
5.1.2 - Palestra profa. Dra. Raquel Rolnik
Dentro do ciclo de palestras sobre políticas públicas atuais para habitação, realizou-se na EESC a
palestra com a professora Dra. Raquel Rolnik no dia 3 de junho de 2009. Ela expôs detalhes da concepção
e desenvolvimento do programa Minha casa, Minha vida do governo federal, comparando com exemplos de
programas realizados em outros países, como México e Chile.
Mostrou também a influência que grandes empresários do ramo imobiliário tem sobre o governo e a
priorização do programa para a dinamização do capital da indústria da construção civil. Apenas 200
empresas no Brasil são "gericadas", ou seja, tem experiência em gestão de capital de risco e aptas a
empreender casas dentro do programa. Os próprios números evidenciam esta inversão: 1 bilhão de reais
destinado ao fundo para a produção de habitação de interesse social, e 34 bilhões para o programa Minha
Casa, Minha Vida. Por outro lado, descreveu algumas regras que os municípios teriam que adotar para
conseguirem verbas do programa: promover desonerações tributárias, doação de terrenos em áreas
consolidadas, implementar os mecanismo do estatuto da cidade, etc.
58
5.1.3 - Palestra urbanista doutorando Mathieu Perrin
Apresentação do doutorando Mathieu Perrin do Institut d´Urbanisme de Grenoble da Université
Grenoble II Pierre Mendès France. O pesquisador fez intercâmbio no ano de 2008 no Nomads.usp e no mês
de novembro deu uma palestra para o departamento de Arquitetura.
Apresentou o problema dos condomínios fechados como um fenômeno mundial – a sua pesquisa
caracteriza alguns exemplares destas moradias em três países: Estados Unidos, África do Sul e Brasil.
Evidencia a origem e as especificidades no processo de formação dos condomínios em cada um destes
lugares, inserindo-os num contexto de forte evolução das relações sociais e de poder. Essa análise integra-
se a uma reflexão mais ampla sobre as mudanças dos modelos sócio-espaciais e de morar desde o fim do
século XIX.
Ele mostrou que na construção de condomínios há uma territorialização do habitar, e que isso
acaba institucionalizando o ambiente: uma forma de defesa de interesses particulares. Mathieu, citando
Lagroye, diz que a instituição é "um conjunto de práticas, de tarefas particulares, de ritos e regras de
conduta entre pessoas. Mas a instituição é também o conjunto das crenças ou das representações
relacionadas a essas práticas, que definem sua significação e que tem tendência a justificar sua existência."
Mathieu também definiu a territorialização do habitar como "a delimitação de um espaço que a vizinhança
considera importante de preservar para evitar que esse mesmo perca a sua qualidade original." Além disso,
expôs algumas definições sobre o habitar, como a de Heidegger: "construir, habitar, pensar", e outras sobre
o espaço habitável, como a de Chalas: "área de ritos, dos costumes, das mobilidades, das práticas, das
sociabilidades." Além de algumas referências sobre o crescimento da individualidade: "A democracia na
América" de Tocqueville, e "A democracia contra ela mesma" de Gauchet.
O pesquisador também mostrou alguns resultados preliminares do trabalho desenvolvido na cidade
de São Carlos. Foram feitas visitas a vários condomínios fechados e entrevistas com alguns moradores (ver
detalhes no Espaços de Morar, item 3.2.1.1).
5.1.4 - Palestra prof. Dr. João Sette Withaker Ferreira
Palestra realizada na Escola de Engenharia de São Carlos no auditório Jorge Caron em março de
2008. Teve como tema central a cidade global. Houve também o lançamento do livro "O mito da cidade
global", que é um desdobramento de sua tese de doutorado.
59
Segundo o autor, o objetivo é "contribuir para a desmistificação de um conceito amplamente
divulgado no meio urbanístico brasileiro e internacional: o de que as cidades de hoje, para conseguirem
sobreviver ao ambiente competitivo e globalizado da economia atual, devem seguir um receituário
específico, de forte perfil neoliberal, cuja implementação deve ser feita através de "novas" técnicas de
urbanismo como o Planejamento Estratégico. A esse padrão urbano foi dado o nome de "cidade-global".
Além do conceito de cidade global, mostrou também a sua possível incompatibilidade com São
Paulo, e como os critérios para a sua utilização não se aplicam para ela.
5.2 - Café com Pesquisa
O Café com pesquisa é um evento organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo da EESC-USP com o objetivo de permitir aos seus alunos apresentar suas pesquisas. Também
é uma oportunidade para os pós-graduandos debateram seus estudos com outros pesquisadores. O
mestrando participou como ouvinte em uma edição, descrita a seguir.
5.2.1 - Café com Pesquisa - Maristela Janjulio
Realizada dia 25 de junho de 2008 no auditório Paulo de Camargo no Departamento de Arquitetura
e Urbanismo da EESC-USP, estava inserida no ciclo de palestras do programa "Café com Pesquisa". A
arquiteta Maristela Janjulio - mestranda do Programa - analisou o tema "Ressonâncias arts and crafts na
arquitetura residencial paulistana nos anos 1920/30".
O movimento arts and crafts surgiu na Inglaterra no fim do século XIX valorizando o ato do trabalho,
e não somente o produto final. Era uma reação contra o processo de industrialização ocorrido na Europa e a
divisão do trabalho. Segundo a autora, "na arquitetura, esta reação à divisão do trabalho transparece no
conceito da unidade do desenho e da obra de arte total." Mostrou as ressonâncias do movimento no Brasil,
especialmente em São Paulo no pós Primeira Guerra.
60
5.3 - Seminários
5.3.1 - Seminário TIC_ARQ_URB - 5
O seminário TIC_ARQ_URB acontece periodicamente desde 2004 e reúne dois grupos de pesquisa
do Programa de Pós-Gradação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos que
trabalham a inserção das tecnologias de informação e comunicação na arquitetura: O e-Urb – Urbanização
Virtual e Serviços Urbanos Telemáticos - e o Nomads.usp – Núcleo de Estudos de Habitares Interativos.
A edição de 2008 contou com a participação do Prof. Dr. José dos Santos Cabral Filho do LAGEAR
da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. Ele mostrou trabalhos por ele proposto na disciplina de
Projeto, com instalações feitas pelos alunos na universidade usando tecnologias de informação. Foram
discutidas também metodologias de pesquisa de cada grupo, procurando fazer aproximações com os
objetos de estudo.
61
6 - Dissertação
6.1 - capítulo 1 (apresentado ao exame de Qualificação):
negócios imobiliários – a produção de apartamentos na primeira metade do século
fonte: (Lemos, 1979)
62
sumário
6.1.1 - introdução
6.1.2 - o desenvolvimento do café e a modernização na cidade de São Paulo
6.1.3 – os primórdios da incorporação imobiliária e a profissionalização do mercado
6.1.4 - diálogos entre arquitetura, legislação, construtores e cidade
63
6.1.1 - introdução
A pesquisa utilizou-se de 3 recortes para o estudo da temática da verticalização, em função do seu
objetivo geral. As informações foram organizadas em forma de três aspectos: 1. o desenvolvimento
histórico-político-econômico, 2. os produtores imobiliários e suas formas de atuação, 3. o produto
imobiliário. O presente capítulo trabalha principalmente os aspectos 2 e 3, porque até 1964 não existiam
mecanismos eficientes para o financiamento público de habitações produzidas pela iniciativa privada para
as classes médias. Eram os próprios produtores que de diversas maneiras se auto-financiavam, ou com
recursos próprios ou com o aporte financeiro dos compradores dos imóveis. Depois de 1964, o BNH passou
a gerenciar todo o sistema habitacional de financiamento, centralizando-o. Além disso, quando a
compreensão do projeto do edifício (produto) for necessária, será feita.
Apresentam-se, a seguir, a descrição dos 3 aspectos abordados pela pesquisa:
1 – em quais circunstâncias o país, e especificamente a cidade de São Paulo, se desenvolveu numa
determinada época. Entendimento dos condicionantes históricos, políticos e econômicos fundamentais. Vaz
(2002) diz que há uma correspondência entre as transformações que acontecem nas formações
econômicas e sociais e as mudanças nas habitações, na maneira de produzi-las, de usá-las e de pensá-las.
Já Somekh (1997), fazendo uma periodização sobre o crescimento vertical, afirma que ela ”coincidiu com os
grandes períodos do desenvolvimento econômico, sendo enfatizada sua relação com a ação do Estado.”
Por exemplo, nesse capítulo, no item 6.1.2 "O desenvolvimento do café e a modernização na cidade de São
Paulo", percebe-se que os agentes promotores do espaço tiveram sua ação condicionada a alguns
acontecimentos, que mudaram as relações capitalistas existentes: a transição da mão-de-obra escrava para
uma classe de trabalhadores assalariados e consumidores, a imigração européia e a conseqüente
qualificação dos operários da construção civil, o desenvolvimento de bancos e outros mecanismos de
acumulação e financiamento, etc.; Ou no item 6.1.3 "Os primórdios da incorporação imobiliária e a
profissionalização do mercado", com algumas decisões políticas tomadas pelo governo alterando as
relações comerciais consolidadas há décadas no ramo da construção civil, e a falta de mecanismos de
financiamento oficiais obrigando os empreendedores a auto-financiarem seus negócios. Enfim, na maioria
das vezes, as formas de produção imobiliária são conseqüência dessas macro-políticas econômicas. Nesse
64
capítulo, o desenvolvimento histórico, político ou econômico somente serão analisados na medida que
contribuírem para o entendimento da produção;
2 – entendimento de quem eram os agentes que promoviam os empreendimentos imobiliários,
focando na produção de edifícios residenciais. Compreensão de como eles agiam, em quais circunstâncias,
com que Capital, e como se estruturavam estas empresas. Notar, por exemplo, que no começo o dinheiro
investido nas transações imobiliárias vinham de outra atividade econômica; que a produção era focada num
mercado de renda, num lucrativo negócio de locação; Ou perceber que nos anos 1940 o ramo imobiliário se
profissionalizou, com o aparecimento de firmas especializadas, e o aumento de competitividade dessas
empresas com o aparecimento de estratégias de competição em um mercado que em pouco tempo se
tornaria um dos mais agressivos do país. Entende-se que a forma de atuação, de certo modo, condiciona o
produto imobiliário. Neste capítulo, a compreensão da produção é o principal objetivo. Por isso será vista
com mais detalhes. Souza (1992) elenca os agentes envolvidos na produção do espaço construído: os
proprietários fundiários e imobiliários, os produtores de materiais de construção, os produtores fundiários e
imobiliários (o construtor, ou seja, o `produtor´ propriamente dito), os incorporadores, os detentores do
Capital investido, o poder público e as instituições transnacionais. Aqui, interessa detalhar a ação do
incorporador imobiliário. Os outros agentes serão estudados quando influenciarem a ação do incorporador,
como no caso das dificuldades de importação de materiais de construção em períodos de guerra, e a
posterior reestruturação desse comércio, com o fortalecimento de um mercado interno. Leite (2006) afirma
que o estudo acadêmico dos incorporadores imobiliários e em especial “dos modelos de tomada de decisão
por esses agentes, é raro e quase inexistente em nosso meio.“ Em São Paulo, estudar a verticalização é
entender a iniciativa privada, porque diferentemente do Rio de Janeiro - que teve a construção dos
primeiros edifícios altos vinculada a importantes intervenções urbanísticas governamentais, como foi o caso
da avenida Central – na capital paulista tratou-se, de certa forma, de um fenômeno mais protagonizado pela
iniciativa privada (Silva, 2008)
3 – mostrar como o projeto dos apartamentos evoluiu ao longo do tempo também será tratado na
dissertação, mas isso será tema de outro capítulo. Procurar entender quais foram as influências e as
soluções espaciais das plantas dos edifícios; em que momento elas alteraram o agenciamento de suas
plantas; e mostrar através das peças gráficas, principalmente nos anos 1970, como se acentuou a
padronização das plantas, com a introdução de plantas e andares tipo.
65
Além dos aspectos acima mencionados o capítulo organiza-se segundo dois períodos dentro da
abrangência temporal da dissertação: do início da verticalização no começo do século XX até 1942, e deste
ano até 1964. Voltando na periodização feita por Somekh (1997), a autora coloca o período entre 1920 e
1939 como uma fase em que as unidades eram alugadas. E é justamente o que será visto no item 6.1.2 "O
desenvolvimento do café e a modernização na cidade de São Paulo": a fase denominada como rentista, em
que a promoção era realizada por fazendeiros do ramo do café. Foi considerado o ano de 1942 como o de
transição, por conseqüência da lei do Inquilinato. Essa medida tomada pelo governo mudou uma forma
consolidada de produção, forçando a profissionalização do mercado e a alteração do produto imobiliário,
que passou a ser vendido. É isso o que será visto no item 6.1.3 "Os primórdios da incorporação imobiliária e
a profissionalização do mercado." O estudo avança até os anos 1960, quando através da ação do BNH, o
mercado se reestrutura novamente. Esta última fase, de 1964 até o fim dos anos 1970, será vista com mais
detalhes no capítulo 3, item 6.3: "A consolidação de um modelo produtivo - o BNH e suas condições." No
presente capítulo serão, ainda, analisados alguns aspectos da legislação sobre verticalização,
principalmente leis municipais. Foram normas que apareceram nos principais trabalhos sobre o processo de
verticalização da cidade, e que aqui, foram sistematizadas no item 6.1.4 "Diálogos entre arquitetura,
legislação, construtores e cidade." Perceber como essas regras foram alteradas ao longo do tempo para
benefício dos interesses do produtor imobiliário, como no caso do prefeito Adhemar de Barros, que no
último dia de seu mandato alterou o coeficiente de aproveitamento dos terrenos, ampliando-o de quatro
para seis (Leite, 2006)
66
6.1.2 - o desenvolvimento do café e a modernização na cidade de São Paulo
Investiga-se aqui a diversificação de investimentos do capital cafeeiro e seus efeitos sobre a
modernização da cidade de São Paulo e, em particular, sobre o processo de sua verticalização, a partir da
década de 1920. Trata-se, como afirma a geógrafa Maria Adélia de Souza (1994), de um “processo (...)
extremamente complexo e [que] sugere inúmeros caminhos de investigação.” Um deles, indicado por ela, é
a verificação das grandes etapas do desenvolvimento brasileiro procurando sua projeção na configuração
da cidade. A arquiteta Sylvia Ficher (1994) confirma a possibilidade de uma análise macro-econômica e
histórica para a compreensão da verticalização: “Falar da história dos edifícios altos no Brasil é falar das
vastas transformações ocorridas de fins de século XIX em diante em duas cidades brasileiras – o Rio de
Janeiro e São Paulo.” A autora indica alguns fatos que contribuíram para o estímulo à produção de edifícios:
agricultura cafeeira de exportação, abolição da escravatura, atração de correntes migratórias externas e
importação de produtos industrializados. Estudam-se aqui, portanto, esses determinantes históricos para o
entendimento das origens do processo paulistano de verticalização da cidade.
No Brasil do início do século XIX, raros eram os traços de desenvolvimento industrial e o gosto da
aristocracia rural marcava a paisagem das cidades com certo provincianismo. Francisco Foot e Victor
Leonard (1982) expõem a insegurança dessa elite brasileira:
“O horror a tudo que parecia heresia no Brasil [universidades e imprensa,
por exemplo] era tão forte que até os primeiros anos do século XIX a língua
francesa era tida como suspeita, não só pelo temor que a Revolução de
1789 infundira às classes dominantes, como também por efeito da
pedagogia colonial dos jesuítas.”
Porém, no decorrer da primeira metade do século XIX, alguns acontecimentos – como a chegada da
família real portuguesa e a abertura dos portos, em 1808, e a independência política, em 1822 – são
considerados as cartas magnas da burguesia brasileira (Silva, 1976). Com o fim do monopólio comercial
português, um Brasil ainda colonial foi inserido no grande comércio internacional de importação e
exportação, e em particular de exportação de café. As cidades do interior do Estado de São Paulo foram
ligadas à capital e a partir dela ao porto de Santos por estradas de ferro. Para Marcelo Tramontano (1998),
o processo de modernização da capital paulista se fez a partir da “transformação da província de São Paulo
em um imenso cafezal sulcado por linhas de trem convergindo para a capital e de lá para o mar.” O país,
67
agora aberto à influência européia, submeteu-se principalmente aos ditames econômicos ingleses, tendo,
ainda, a França e Paris como referência cultural maior.
figura 30 - instalação dos trilhos dos bondes da Light – rua Direita esquina rua São Bento (Homem, 1996)
O desenvolvimento do próprio capitalismo dependia da integração das nações, com a tendência à
uniformização dos modos de vida e dos hábitos de consumo, como bem observa Karl Marx (apud Foot;
Leonardi, 1982): “à medida que a indústria, comércio, navegação e estradas de ferro se desenvolvem, a
burguesia crescia (sic), multiplicando seu Capital (...) Pela exploração do mercado mundial, a burguesia
conferiu um caráter cosmopolita à produção e ao consumo de todos os países.” Carlos Lemos (1976) reitera
que a construção das estradas de ferro passou a impulsionar mudanças na sociedade, e indica a que ligava
Jundiaí a Santos, passando por São Paulo, construída em 1867, como a precursora. Mostra também que
sua utilização – no princípio para escoamento e exportação de matéria-prima – serviu para a importação de
bens e para o transporte dos imigrantes europeus. Ele diz, ainda, que a mão-de-obra utilizada na
construção civil da cidade de São Paulo, naquele período, era basicamente imigrante. Esse
desenvolvimento nas cidades teria sido visível, antes de mais nada, nas casas urbanas (Lemos, 1976).
68
antes e depois - duas residências ocupadas pela burguesia paulistana :
figura 31 - casarão colonial do século XVIII onde morou Dona Veridiana e Martinho da Silva Prado, na rua Consolação ao lado da igreja
de mesmo nome;
figura 32 - palacete de Dona Maria Angélica Souza Queiroz Aguiar de Barros construído na última década do século XIX na avenida
Angélica esquina alameda Barros (Homem, 1996).
figura 33 - foto Casa Modernista - residência na rua Itápolis no bairro do Pacaembu, projeto de Gregori Warchavchik de 1928 (Branco,
1998) – notar paisagem ainda vazia e rural, com uma edificação colonial na paisagem ao fundo
Os próprios fazendeiros acabaram se distanciando da gestão direta de suas plantações, tornando-
se empresários. A rapidez no deslocamento físico proporcionada pelos trens possibilitou que eles
começassem a investir em outros setores da economia, inclusive urbanos, sem abandonar o controle das
safras de café. Melhores ligações com a capital geraram maior proximidade com o conforto material e
padrões de consumo talvez mais refinados, sem que se perdesse o contato com as fazendas (Lemos,
1976). A construção de ferrovias possibilitou um aumento significativo das exportações, chegando, em
69
1900, a 33,5 milhões de libras (Silva, 1976), cerca de 25% do PIB brasileiro na época, que era de cerca de
132 milhões de libras. Isso, sobretudo a partir de 1880, quando a produção média anual ultrapassa 5
milhões de sacas (chegou a 7,2 entre 1891 e 1890). Com a proclamação da República, em 1889, os
Estados ganharam autonomia. São Paulo era grande produtor do principal produto de exportação do país,
permitindo que seus governantes aumentassem significativamente a receita vinda dos impostos cobrados
sobre os produtos exportados (Dean, s. d.). Em 1921, por exemplo, em São Paulo, as receitas municipais
eram de “17 mil contos de réis, saltando para 80 mil em 1930.” (Silva, 2007)
Paralelamente à expansão do café, registra-se a transição da mão-de-obra escrava para o trabalho
livre e assalariado. Isso foi fundamental para a formação de um mercado de trabalho – base do
desenvolvimento capitalista – para a constituição de um mercado consumidor. Silva (1976) diz que a
manutenção do trabalho escravo constituía um obstáculo ao desenvolvimento do mercado. Grande potência
internacional da época, a Inglaterra “exigiu que o governo brasileiro interditasse esse tráfico [negreiro]"
(Silva, 1976). Por outro lado, o regime escravista contribuía para inibir desenvolvimentos técnicos, que
constituem a base impulsionadora da expansão industrial (Foot; Leonardi, 1982). O país viu-se inserido na
lógica comercial ocidental, tendo a uniformização dos hábitos de consumo e dos modos de vida como pré-
condições para a comercialização de bens industrializados. Marx (Foot; Leonardi, 1982) resume a questão:
“sob pena de morte, a burguesia força todas as nações a adotarem (sic) o modo burguês de produção,
força-as a introduzir, em seu interior a pretensa civilização, isto é, a se tornarem burguesas. Em uma
palavra, ela modela um mundo à sua imagem.” Apesar das várias restrições ao trabalho escravo
perceptíveis já na década de 1850, a abolição completa só ocorreu, como se sabe, em 1888. Esse marco
histórico originou uma imigração massiva de europeus, os quais ajudaram a conformar a grande massa de
trabalhadores do Brasil até o final da década de 1920, quando as migrações internas passam a intensificar-
se (Silva, 1976). Ainda no início do século XIX, e portanto antes da abolição, estima-se que um terço da
população brasileira era de escravos, ou seja, de não consumidores (Foot; Leonardi, 1982).
A inserção de estrangeiros no município de São Paulo aumentou significativamente em fins do
século XIX e começo do século XX. Em 1890, a cidade ainda provinciana contava 64.934 habitantes. Em
dez anos, a população da cidade quase quadruplica sua população, e em 1907 já contava 340.000
habitantes. No fim da década de 1910, a população passava dos 528 mil, e na década de 1930 a cidade já
alcançava seu primeiro milhão (Souza, 1994). Desses 528 mil habitantes, dois terços eram imigrantes
(Dean, s. d.) e quase 10% trabalhavam em indústrias. No restante do Estado, 40% dos operários que
trabalhavam em indústrias seriam estrangeiros (Silva, 1976). Ficher (1994) indica que, além do acelerado
70
incremento populacional, houve também um crescimento considerável no setor da construção civil, com a
“abertura de novos bairros e loteamentos, colocando novos terrenos no mercado imobiliário (...) a
construção de edificações”, e afirma que se vivia um “boom inédito na história urbana do país.”
A conformação de uma burguesia urbana, com negócios em ramos comerciais, industriais e
bancários teve, portanto, origem na aristocracia rural. De fato, os cafeicultores perceberam vantagens
econômicas em diversificar seu capital, investindo nas cidades o excedente gerado pelas safras, tornaram-
se empresários:
“O processo de transformação das plantações de café é também o processo
de formação da burguesia cafeeira. O desenvolvimento da economia
cafeeira é o desenvolvimento do capital cafeeiro. Mas a economia e o capital
cafeeiro ultrapassam largamente as plantações. A transformação das
plantações faz parte de um processo mais amplo e não pode ser
corretamente explicado isoladamente.” (Silva, 1976)
Exemplo de grande produtor de café que diversificou seus empreendimentos, Antonio da Silva
Prado, “era também o proprietário de um dos primeiros e um dos principais bancos de São Paulo e do
Brasil; um dos principais dirigentes do Ofício de Imigrantes; o mais importante acionista da Paulista
(companhia de estrada de ferro), onde exercia as funções de presidente.” (Silva, 1976). Prado participava,
indiretamente, portanto, da produção capitalista da casa: era o dono de um banco, quando estes
começaram a abrir linhas de crédito imobiliário; e como dirigente do Ofício de Imigrantes decidia, em última
instância, o destino da nova mão-de-obra. Ele também exerceu cargos públicos, como o de prefeito da
cidade de São Paulo de 1889 a 1910, numa época em que os fazendeiros “controlavam a máquina do
governo e usavam-na constante e eficazmente em favor de seus interesses (Dean, s. d.).”
71
figura 34 - chácara do Carvalho, propriedade de Antônio da Silva Prado. Endereço: rua Barão de Limeira (Homem, 1996) - Foram os
próprios empresários oriundos do café, que direta ou indiretamente, influenciaram no desenvolvimento das cidades. A mudança dos
“meios de produção não requer, necessariamente, mudança na composição da elite que controla e desfruta as novas fontes de
riquezas” (Dean, s. d.)
Com a intensificação das relações comerciais entre Brasil e Europa, o sistema comercial tornou-se
mais eficiente (Dean, s. d.), e uma importante peça nesse esquema eram as casas de importação e
exportação, criadas para a exportação de matérias-primas mas servindo também para a importação de
produtos industrializados. Também o setor bancário desenvolveu-se com a expansão da economia cafeeira:
no começo utilizado como fundo para transações a curto prazo com café, mas posteriormente, com o
desenvolvimento do setor, passando a financiar também indústrias e a construção civil. Por outro lado,
Dean (s. d.) diz que alguns destes agricultores também optaram em investir diretamente em atividades
imobiliárias.
As atividades comerciais de importação tiveram enorme influência sobre outros setores da
economia da época, em um país de pequena produção de bens duráveis. O empresário-importador tinha
vantagens sobre empresários de outros setores no que diz respeito às questões da gestão industrial porque
tinha acesso a informações fundamentais para o sucesso do empreendimento: tinha acesso aos bancos e,
portanto, ao crédito; tinha acesso aos canais de distribuição para as matérias-primas e para os produtos
acabados; e tinha conhecimento das oscilações dos direitos aduaneiros, nos momentos em que o governo
aumentava ou diminuía os impostos cobrados sobre as importações. Sabia, portanto, exatamente quais os
produtos cuja fabricação no Brasil se justificava e quais aqueles cuja importação seria mais vantajosa
(Dean, s. d.). O próprio comércio interno era, em grande parte, controlado pelos importadores (Pereira,
1976). Por essa experiência, muitos desses importadores se transformaram em fabricantes, aproveitando,
em parte, a necessidade de adaptar-se ao declínio da capacidade do café para custear as mercadorias
72
vindas do estrangeiro. Dean (s. d.) lembra que apenas uns poucos dentre os “primeiros empresários
industriais não iniciaram suas carreiras como empresários-importadores.” Alguns imigrantes que
enriqueceram aqui, como Francisco Matarazzo, Rodolfo Crespi, Ernesto Diederichsen e a família Klabin são
exemplos de empresários que começaram importando bens industrializados (Foot; Leonardi, 1982; Dean,
s.d.) antes de investir na criação de indústrias.
Apesar do investimento dos cafeicultores no setor industrial, até as últimas décadas do século XIX o
país ainda dependia de uma economia basicamente agrícola: “os estabelecimentos industriais existentes no
Brasil [eram] pouco numerosos e o seu conjunto inexpressivo." (Silva, 1976) Nas primeiras décadas do
século XX, o desenvolvimento da indústria local era insuficiente para suprir a demanda da construção civil
na capital paulista, que do ponto de vista material se desenvolvia e se modernizava. A indústria da
construção não acompanhava essa evolução, como afirma Gregori Warchavchik (apud Segawa, 1997), um
dos expoentes da arquitetura paulistana na década de 1920: “A indústria local, bem que em estado de
incessante progresso, ainda não fabricava as peças necessárias, estandardizadas (...) portas, janelas,
ferragens, aparelhos sanitários, etc. estamos sempre peiados pela obrigação de empregar material
importado, o que vem encarecer muito as construções.” Dentre os elementos de construção inventados
para apoiar e viabilizar a verticalização das edificações, os elevadores ainda eram importados e apenas
montados aqui até a década de 1920, apesar de usados desde a primeira década do século XX. (Somekh,
1997). Um exemplo de prédio de apartamentos com o uso de elevador é o edifício Mina Klabin, na alameda
Barão de Limeira, com projeto arquitetônico realizado por Warchavchik.
73
figura 35 - planta do 1° pavimento do edifício Mina Klabin, projetado por Gregori Warchavchik nos anos 1930. Endereço: Rua Barão de
Limeira (fonte: banco de dados APARTAMENTOS – Nomads.usp) - notar a presença de elevador. Ao lado, foto do mesmo edifício,
tirada pelo autor em Abril de 2009
Quando da construção de seus primeiros palacetes, a burguesia paulistana chamou “arquitetos de fora,
construtores afeitos a outras técnicas construtivas, mestres hábeis na decoração de estuques, decoradores
ecléticos e versáteis que sabiam manejar estilos os mais variados.” (Lemos, 1976) Através dessa descrição
de Lemos, um claro desprendimento da herança colonial portuguesa se evidencia: a contratação de
arquitetos estrangeiros radicados ou não em território nacional, ou de brasileiros que tinham feito seus
estudos no Exterior; construtores que, como já visto, eram basicamente imigrantes que traziam novas
técnicas construtivas, e uma predileção por estilos ecléticos. Na figura abaixo, o projeto de Samuel e
Cristiano das Neves, este último egresso da Escola de Arquitetura da Pensilvânia, EUA, contém elementos
da arquitetura acadêmica cujos componentes deveriam ser importados ou produzidos localmente por
74
artesãos treinados para o desenvolvimentos de similares.
figura 36: Planta e fachada do edifício de propriedade do Conde Prates, projetado em 1912 por Samuel e Cristiano das Neves na rua
Formosa, em São Paulo (fonte: banco de dados de Apartamentos – Nomads.usp)
A partir de 1870, a cidade vai conhecer uma enorme “ebulição na sua construção material.” (Souza,
1994) Maria Adélia de Souza diz que a mancha urbana crescia em extensão, com a abertura de novos
loteamentos, na implantação de equipamentos e de serviços, como de água e de energia, e na própria
arquitetura. Instituições de ensino técnico e superior nas áreas de tecnologia e construção foram abertas no
fim do século XIX, contribuindo para a formação e aperfeiçoamento profissional dos projetistas e
construtores que trabalhavam em São Paulo. Essas escolas, “construções expressivas e precursoras do
desenvolvimento da construção civil no Brasil, exerceram influência significativa na superação dos métodos
artesanais e de autoconstrução (Souza, 1994).” Ficher (2005) lista algumas delas: o Liceu de Artes e Ofícios
de São Paulo (1873), a Escola Politécnica de São Paulo (1894) e a Escola de Engenharia Mackenzie
(1896). A criação dessas escolas, mais os grandes avanços tecnológicos do setor da construção originários
da Europa a partir do início do século XX, sobrepõem-se ao momento histórico brasileiro (Souza, 1994).
Como lembra Segawa (1997) “São Paulo, na década de 1910, já se gabaritava como a grande metrópole
brasileira do século XX. Lugar onde a riqueza do café patrocinava um quadro de prosperidade material e
capacitação industrial num Brasil ainda dominantemente rural.”
A própria indústria da construção foi paulatinamente se expandindo pelas demandas do processo de
crescimento das cidades, com a abertura de empresas construtoras tanto por brasileiros como por
imigrantes (Foot; Leonardi, 1982). A verticalizaçao das construções, enquanto uma dessas demandas,
75
estimulou o desenvolvimento de técnicas e sistemas construtivos que, por sua vez, permitissem dotar a
cidade de símbolos de modernidade. Essa, talvez, teria sido, em última instância, a verdadeira demanda: a
verticalização capaz de tornar São Paulo mais parecida com as metrópoles norte-americanas, novo
referencial de modernidade em todo o planeta.
Apesar de já existirem alguns edifícios de apartamentos no centro de São Paulo na década de
1910, o processo de verticalização só se acentuou nos anos 1920, como afirma Somekh (1997). Segundo a
autora, do ponto de vista do investimento imobiliário, a produção de prédios constituía uma “inovação à
subdivisão do solo (loteamento), numa estratégia de valorização do capital”, que multiplica uma
determinada parcela do solo urbano, verticalizando-o. Souza (1994) reitera essa opinião: “o surto da
construção civil, nessa época [década de 1920], especificamente o surto de edifícios de mais de dez
andares destinados a escritórios e apartamentos no centro da cidade, vai refletir nitidamente (...) a
valorização do solo.” Ainda não existindo formalmente a incorporação imobiliária, como a conhecemos hoje,
o primeiro empreendedor na construção de edifícios foi o próprio fazendeiro de café, que aplicava seus
lucros na produção de apartamentos para aluguel, “ávido por aqui reproduzir o padrão de vida europeu”
(Somekh, 1997). Ele adquiria o terreno, recrutava a mão-de-obra e obtinha o financiamento para a
construção. Em outros casos, era o próprio financiador direto de suas construções, como afirmou Dean (s.
d.). Caracterizados pela fase comumente chamada de produção rentista, encontram-se “datados dessa
época, os edifícios com nomes de família que os construíram e que perpetuaram o cenário da metrópole.”
(Souza, 1994)
A produção de edifícios permitia ao fazendeiro participar de todas as etapas dos empreendimentos,
desde a escolha e compra do terreno até a definição dos acabamentos construtivos e a administração dos
imóveis, com o aluguel das unidades. Isso não acontecia com a administração das lavouras de café, devido
à participação de diversos agentes intermediários, como os processadores dos grãos, os transportadores,
os exportadores e, finalmente, os compradores e consumidores finais. Eles se tornaram, de fato,
empreendedores do novo negócio imobiliário e donos de todo o meio produtivo, com diferentes níveis de
investimento e de intervenção no espaço urbano: desde capitais construindo pequenos edifícios até
empresários com grande influência na rotina construtiva da cidade, como Antônio da Silva Prado, capazes
de controlar amplos setores envolvidos na produção de apartamentos.
76
6.1.3 – os primórdios da incorporação imobiliária e a profissionalização do mercado
Alguns dos empresários do setor imobiliário financiados pelo BNH começaram suas ações já na
década de 1940, reestruturando as formas existentes de produção. É o caso, por exemplo, da construtora
de Adolpho Lindenberg (1955), engenheiro civil formado no Mackenzie em 1949, da construtora de Luciano
Wertheim (1952), da empresa Sobloco Construtora, que foi fundada em 1958 pelos sócios Luiz Pereira de
Almeida e Mário Najm, ambos formados pela Escola Politécnica da USP em 1949, da Albuquerque &
Takaoka, fundada em 1951 por Renato Albuquerque e Jojiro Takaoka, também graduados na Poli em 1949,
da construtora de Alfredo Mathias (1950), formado engenheiro civil e arquiteto pela Escola Politécnica na
turma de 1929, de Romeu Chap Chap, que começou a empreender antes mesmo de se graduar engenheiro
civil pela Universidade Mackenzie em 1959, etc. (Leite, 2006) É importante entender como estes
incorporadores começaram suas ações, em que condições, e como os produtos imobiliários foram sendo
formatados. Foi a partir destas primeiras experiências que se estabeleceu um competitivo mercado.
Um modelo produtivo utilizado havia décadas perde força em função de algumas decisões políticas
tomadas pelo governo. A produção de casas e edifícios para aluguel era uma das rendas mais seguras até
a Segunda Guerra Mundial, e era fonte certa de investimentos para empresários do ramo do café. Como
visto acima, com o desenvolvimento da economia cafeeira, os investimentos começaram a ser feitos nas
cidades. As ferrovias permitiam que o cafeicultor passasse a morar na cidade, investindo nela seu capital:
no setor bancário, no ramo comercial, nos serviços, na indústria, e principalmente na construção civil. Foram
as famílias do setor cafeeiro que construíram os edifícios de apartamentos por décadas.
Entretanto, no dia 20 de fevereiro de 1942 o governo promulgou a lei do Inquilinato, reeditada várias
vezes nos anos seguintes, que propunha o congelamento nos valores dos aluguéis, que desestimulou a
construção para a renda. A lei do Inquilinato "foi um fator decisivo na alteração desse perfil, uma vez que
perseguia o locador, tornando a aplicação da renda em imóvel altamente desinteressante." (Souza, 1994)
Esta medida dificultou a forma de produção da casa na época: no começo da década, quase 70% dos
domicílios existentes na cidade de São Paulo eram alugados (Rossetto, 2002). Em função disso, pode-se
imaginar o clima de incertezas para os inquilinos, e também para os produtores. Somekh (1997) diz que
818.885 pessoas residiam em 178.645 moradias de aluguel, num total de “79,5% das unidades
habitacionais.“ Taschner (1991) nota que o percentual de casas alugadas no Brasil era de 48,95%. As taxas
de moradias para renda na capital paulistana eram, portanto, bem superiores do que a média do resto do
país. A autora ainda mostra outros fatores que ajudaram a diminuir a taxa de residenciais alugadas, que em
77
1984, chegou a 28,46% no país: a idéia de que só a casa própria daria segurança econômica e social,
representando uma espécie de seguro face às incertezas do futuro, num país onde a inflação costumava
ser alta e os ciclos de desemprego, freqüentes (Taschner, 1991).
Lemos (1990) diz que o número de construções de prédios de aluguel praticamente cai a zero
depois de 1942 e que isso resultou numa ”carência enorme de novas habitações destinadas à classe média,
a vítima maior daquela lei algo demagógica, porque o proletariado se arranjou como pôde com suas casas
auto-construídas e os ricos, como sempre, preocuparam-se foi com o bom destino de seus capitais em
outras obras, já que moravam bem.” O autor diz que as conseqüências da Segunda Guerra Mundial
contribuíram para piorar ainda mais a situação, em época que faltava até o ferro para o concreto armado
por causa das dificuldades de importação. Na época em que era prefeito de São Paulo, Prestes Maia listou
produtos em falta e mostrou dificuldades para acesso de materiais produzidos no Brasil (Sampaio, 2002):
"Houve falta de ferro perfilado e em barras, de canos, vidros, aparelhos,
elevadores, etc. Além disso houve a alta de materiais de construção: os
canos galvanizados duplicaram de preço (...) A falta de transporte por
caminhão agravou o preço do tijolo, da telha, da areia, do pedregulho, da
brita. Além do encarecimento próprio da produção ou do transporte, surgia
o encarecimento especulativo, devido à própria escassez da mercadoria. O
valor do ferro para concreto armado triplicou, substituído pelo nacional,
muito mais caro, por fabricação e por abuso (...) O cimento e o cal subiram
por falta de combustível e transporte, pelas requisições para obras
vultosas de guerra e ainda pelos lucros extraordinários."
78
figura 37 - planta do edifício projetado pelo Escritório Técnico Ramos de Azevedo e Severo & Villares em 1937 (fonte: banco de dados
APARTAMENTOS – Nomads.usp) Esse edifício foi construído antes da lei do Inquilinato entrar em vigor no ano de 1942. O edifício
pertencia a um proprietário que alugava as unidades
Além das dificuldades geradas pela Guerra, as constantes demolições de edificações nos bairros
centrais realizadas para a abertura de novas avenidas durante o Estado Novo agravaram mais a situação
(Villa, 2002). O Ato n. 792, de 8 de fevereiro de 1934, "declara de utilidade pública, para serem
desapropriados, diversos prédios e respectivos terrenos sitos na quadra compreendida entre a Praça das
Bandeiras, avenida Anhangabaú e ruas Santo Antônio e João Adolfo", ou o Decreto n. 263 de 20 de
novembro de 1941, que "dispõe sobre melhoramentos urbanísticos na avenida Nove de Julho, junto ao
Largo da Memória, e declara de utilidade pública os imóveis atingidos." (Bosetti, 2002)
A lei de Condomínios é de 1928, e prevê a alienação parcial do imóvel dividindo-o em partes ideais.
Esse mecanismo jurídico possibilita a venda de unidades habitacionais de um edifício de apartamentos para
pessoas diferentes. Lílian Vaz (2002), num estudo sobre as habitações coletivas no Rio de Janeiro, afirma
que naquela cidade o consumo de apartamentos passa de “quase exclusivamente aluguel a
predominantemente compra e venda das unidades“, no período de 1925 a 1937. A autora diz que no ano de
1934 já aparecem vários anúncios de venda de apartamentos por unidades “muitas vezes de apartamentos
na planta, ou seja, lançamentos imobiliários, com venda a prazo.“ (Vaz, 2002) Ela ainda mostra que um
motivo que teria levado a essa nova forma de produção seria a crise das construções no começo da década
de 1930 por falta do excesso de oferta. A venda destas unidades foi regulamentada juridicamente pela lei
do condomínio de 1928.
No caso de São Paulo, até 1940 a média anual de acréscimo de moradias no mercado de compra e
venda era em torno de 2 mil. Leite (2006) diz que reforçado por moradores que deixaram de ser atendidos
79
pelo mercado de locação, as vendas subiram para uma média de 14 mil por ano na década de 1940, para
28 mil por ano na década de 1950 e para 41 mil entre os anos 1960 e 1970. Souza (1994) afirma que o
primeiro grande boom imobiliário em São Paulo ocorreu somente depois da Segunda Guerra Mundial, e que
"depois de 1945, a curva da verticalização se apresenta em alta constante." Parece, portanto, que é uma
particularidade de São Paulo começarem a serem vendidos unidades residenciais em apartamentos só nos
anos 1940 por causa da lei do Inquilinato. A julgar pelas propagandas de venda mostradas no trabalho de
Vaz (2002), essa situação já era recorrente no Rio de Janeiro no começo dos anos 1930, independendo da
lei que congelou os aluguéis. Apesar de não fazer parte do escopo principal desse trabalho, algumas
questões chamaram a atenção e poderiam ser aprofundadas em pesquisas posteriores: a bibliografia
consultada indica que em São Paulo os apartamentos para a venda começaram a ser difundidos no final
dos anos 1940. Será que realmente não existiam experiências em décadas anteriores – 1920 e 1930 -, já
que este mecanismo estava previsto deste 1928? Se houve alguma experiência, quais as condições que
motivaram as vendas? E, se realmente não houve, por que em São Paulo a dinamização do mercado só
ocorreu quando veio a lei do Inquilinato, diferente do Rio de Janeiro?
Nessa nova operação imobiliária de construção de apartamentos objetivando a venda, o empresário
obtinha lucro quando o imóvel era vendido. Na impossibilidade de elevação dos preços dos aluguéis,
mesmo prédios construídos em períodos anteriores para locação foram transformados em condomínios e
vendidos (Souza, 1994). Com isso, cada unidade passou a ter donos diferentes – antes, o prédio todo
pertencia a um único proprietário, que tirava renda das unidades alugando-as.
Essa população era consumidora de um novo produto imobiliário: unidades residenciais vendidas
pelo sistema de condomínio. Lemos (1976) afirma que a construção de edifícios para a venda em sistema
de condomínios começou por volta de 1948. Rossetto (2002) diz que, no Estado de São Paulo,
possivelmente as primeiras experiências ocorreram na cidade de Santos e em outras do interior paulista por
iniciativa de Cipriano Marques Filho. Os empresários começaram a testar novas formas de gerir seus
negócios e, com isso, novas questões foram se colocando, como a venda do imóvel pelo sistema de uma
`quota-parte´ (Reis Filho, 1970).
Estabeleceram-se relações capitalistas de compra e venda do produto imobiliário, estimulando o
estabelecimento das primeiras empresas especializadas. Estas tinham no incorporador a figura central para
a viabilização do empreendimento, "maestro de toda a operação de prover imóveis para o mercado privado.
Ele planeja toda a ação, desde providenciar o terreno, o projeto, a fonte financiadora, a construtora e a
venda." (Maricato, 1983) É do incorporador imobiliário o papel de criar o espaço vertical, é ele quem fabrica
80
o solo e desmembra o terreno em frações ideais (Sampaio, 2002). Já Souza (1992) diz que é ele quem
compra o terreno, quem contrata o profissional para a elaboração do projeto, quem paga todas as taxas
previstas para a prefeitura e também no cartório. E ele também quem, no ato da comercialização, paga a
campanha de venda. Ele arca, "com o maior número de custos do processo de produção do edifício, mas
também realiza o maior lucro, exatamente na transação da venda do terreno embutida no preço do imóvel."
(Souza, 1992) Rossetto (2002) afirma que apesar de dominar o mercado a partir de então, a atividade de
incorporação só foi regulamentada na década de 1960, através da lei 4.591/64, que disciplinou uma
atividade que já ocorria havia quase vinte anos. O artigo 28 dessa lei considera "incorporação imobiliária a
atividade exercida com o intuito de promover e realizar a construção, para a alienação total ou parcial, de
edificações, ou de conjuntos de edificações compostas de unidades autônomas." Já o artigo 29, mostra o
incorporador como:
"Pessoa física ou jurídica, comerciante ou não, que, embora não
efetuando a construção, compromisse ou efetive a venda de frações ideais
de terreno objetivando a vinculação de tais frações a unidades autônomas,
em edificações a serem construídas ou em construção sob regime
condominial, ou que meramente aceita propostas para efetivação de tais
transações, coordenando e levando a termo a incorporação e
responsabilizando-se, conforme o caso, pela entrega a certo prazo, preço e
determinadas condições, das obras concluídas."
A autora mostra também que a sua atuação se inicia numa época em que os investimentos no setor
imobiliário eram cada vez maiores, exigindo a profissionalização do mercado. A construção dos edifícios
tornou-se um investimento de maior porte que exigia capital e fluxo constante de recursos para o
investimento se completar. Era necessário ”que a atividade imobiliária se tornasse empresarial e que
passasse a ser organizada pela ação de um agente.” (Rossetto, 2002). Se for considerada a renda interna
da construção como um todo, também percebe-se um salto no período. Ela evoluiu de Cr$ 574,3 milhões
em 1947, para Cr$ 1.379,1 milhões em 1968 (Coccaro, 2000). Isso representa um aumento de 6,4% por
ano. A atividade de incorporação se tornou muito complexa, conseqüência da ação de muitos especialistas
e fornecedores de recursos, “como agentes financeiros, arquitetos, construtores, engenheiros, planejadores
urbanos, vendedores, publicitários, artistas gráficos e advogados.“ (Leite, 2006) Segundo dados do ano de
1945 do Departamento Estadual de Estatística, citados por Porta (2004), já existiam 33 empresas no ramo
da construção civil com mais de 100 operários, entre elas algumas das mais importantes incorporadoras da
81
época, como a Lindenberg e Assunção com 731 empregados, Meinberg e Simberg com 129 empregados,
Oscar Americano com 717 empregados, Severo Villares & Cia. Ltda. com 382 empregados, Camargo
Correia & Cia. Ltda. com 285 empregados e a J. Cardoso de Almeida Sobrinho com 2.230 empregados.
A escala de produção por esses anos também já era outra, impulsionada entre outros fatores pelo
aumento populacional e pelo alto preço dos terrenos, que impõem soluções verticalizadas (Somekh, 1997).
O mercado se reorganizou e o que veio em seguida foi um grande incremento na produção de habitações
para uma demanda reprimida por causa das conseqüências da lei do Inquilinato e as conseqüências da
Segunda Grande Guerra.
Os primeiros apartamentos comercializados sob a forma de condomínio teriam somente um quarto
ou eram kitchenettes. Em seguida, nos anos 1950 e 1960, as ofertas teriam sido estendidas para unidades
com dois e três dormitórios (Villa, 2002). Apesar da imprecisão ou mesmo da falta de recenseamentos que
pudessem mostrar com maior clareza o perfil populacional na época, Leal (2005) sugere que essas
kitchenettes eram ocupadas principalmente por pessoas sozinhas ou jovens casais, que vinham para a
cidade atraídas pelas oportunidades que o crescimento econômico de São Paulo oferecia. Dessa maneira,
esses ocupantes procuravam se instalar em espaços mínimos de maneira provisória, mas que eram
financeiramente acessíveis e próximos ao centro, onde se concentravam serviços urbanos e maiores
chances de emprego.
figura 38 - planta do edifício Andorinhas, projetado Rino Levi em 1952. Endereço: avenida Visconde do Rio Branco (fonte: banco de
dados APARTAMENTOS – Nomads.usp)
82
O processo de industrialização insinuava-se com maior intensidade e diversificação de seus
produtos. Reis Filho (1976) afirma que as duas décadas entre os anos de 1940 e 1960 compreendem a fase
de mais intensa industrialização, e que ocorre no período um grande avanço técnico e econômico. Alterou-
se também o ritmo de vida urbana da antiga cidade moldada nas dinâmicas induzidas pela economia
cafeeira, apresentando agora um "renovado layout, pontilhado pelas chaminés." (Arruda, 2009) Houve
integração das atividades cafeeiras, da agricultura variada, da rede de transportes, da diversificação do
comércio varejista e atacadista, do sistema bancário e, sobretudo, do setor industrial, criando condições
favoráveis ao pleno desenvolvimento (Arruda, 2009). A cidade toda, nesse contexto, se desenvolvia do
ponto de vista material. Pietro Maria Bardi, ao voltar à cidade em 1946 depois de mais de dez anos de
ausência dá uma noção de como ela se movimentava:
"Pisei pela segunda vez na cidade em 46. Não a reconheci; tinha-a
visitado em 34, porém só de passagem (...) O arranha-céu baluarte do
Comendador Martinelli agora tinha outros companheiros, as ruas não se
apresentavam mais com a graça das fileiras de patéticos casebres,
fachadas adornadas com alguns parcimoniosos enfeites decorativos, uns
vidros coloridos, cortinas de crochê. A cidade mudara, evidenciando com
certa prepotência o clássico `deixa comigo´." (Bardi, 1979)
O Estado incentivava o desenvolvimento industrial direcionando os investimentos para o setor. Era o
que ocorria, por exemplo, no acesso de crédito aos empresários do ramo industrial, que tinham juros
menores do que aqueles impostos ao setor agrário. A produção cafeeira também foi desestimulada através
de aumentos de tributos. Essa nova fase do desenvolvimento industrial, calcada na produção de bens de
capital – máquinas, equipamentos, instalações industriais, etc – fez o Estado transformar a industrialização
num modo de produção hegemônico (Coccaro, 2000). Desenvolvimento tardio em relação a Europa, onde já
existiam, em fins de século XIX milhões de trabalhadores ocupados na indústria: 8,3 milhões na Inglaterra,
8,6 milhões na Alemanha e 7,8 milhões na França (Tramontano, 1993). Juscelino Kubischek, presidente do
Brasil nos anos 1950, exemplifica o ufanismo da classe política da época, empolgando-se com o
`espetáculo´ das chaminés (Passos, 1998): “a civilização (...) precisa renovar-se, oferecendo nas torres de
usinas elétricas, nas negras fitas de asfalto e nas chaminés empenachadas de fumo, o espetáculo
maravilhoso e novo do trabalho de um povo que caminha e sente nos seus nervos o indomável impulso do
progresso.”
83
O surto populacional da época também pode ter ajudado no aumento da quantidade de habitações
produzidas. As supostas oportunidades de empregos dadas por um dinâmico mercado de trabalho
incentivaram a vinda de migrantes de outros Estados, aumentando substancialmente a população
paulistana. Esse afluxo fez com que a população do município dobrasse em pouco mais de 15 anos
(Rossetto, 2002): a cidade, que em 1934 tinha cerca de 1 milhão de habitantes, tem sua população
aumentada em mais de 300 mil até 1940, chegando a quase 2.200.000 em 1950. Os recenseamentos
gerais do IBGE, citados por Ficher (1994) mostram que a população não parou de crescer nas próximas
décadas: cerca de 3.800.000 em 1960, quase 6 milhões em 1970 e mais de 8.400.000 em 1980. Entre 1941
e 1949, por exemplo, entraram no Estado de São Paulo mais de 431 mil brasileiros procedentes de outras
regiões do país e somente 45 mil estrangeiros (Arruda, 2009). Um motivo para a cessação da imigração
(Porta, 2004) foi a modificação na política imigratória oficial: "em 1928, o Estado de São Paulo deixou de
subsidiar a vinda de estrangeiros (...) Durante a Segunda Guerra, foi suspensa a concessão de vistos de
entrada no país e os países beligerantes impediram a saída de seus nacionais." (Porta, 2004)
O grande incremento populacional ocorrido nos anos 1950 em parte se deve "a implantação da
indústria automobilística em São Paulo e municípios adjacentes." (Levy, 1985) Essa produção realizada na
região da Grande São Paulo ao que tudo indica repercutiu na popularização e uso do automóvel no resto do
país. Durand (1989) afirma que a frota brasileira de veículos aumentou a partir dessa época, passando de
1,1 para 8,5 milhões de unidades entre 1960 e 1978, com o percentual de fabricação nacional subindo de
29 para 91%.
Estas pessoas vinham atrás dos postos de trabalho que haviam sido criados na cidade, já que um
terço de todos os estabelecimentos industriais do país estavam em São Paulo (Rolnik, 1997). Leite (2006)
diz que provavelmente, a demanda por residências criadas era maior que a oferta que o mercado podia
oferecer, ao se “comparar a taxa de crescimento da população com a taxa de aumento de moradias.“
Apesar disso, o número de habitações construídas foi significativo e não parou de aumentar. Durante as
décadas de 1930 e 1940 a média anual de novas moradias foi de 200 mil, enquanto que nos anos 1950
esse número sobe para 400 ou 500 mil anuais (Leite, 2006)
A cidade crescia e o mercado imobiliário nos anos 1950 aumentava significativamente sua
produção. Mendonça (1999) diz que o slogan `a cidade que mais cresce no mundo´, aparecia em diversos
meios de comunicação da época, como matérias jornalísticas e propagandas comerciais. Em campanhas
publicitárias de corretoras imobiliárias, como a Lion, também transparecia o sentimento ufanista do povo
paulista, trazendo histórias de luta e liberdade, como a Revolta de 1932 e os Bandeirantes. Em 1954, São
84
Paulo comemorou 400 anos de fundação, tendo incentivado "iniciativas capazes de contribuir com a
configuração de uma fisionomia metropolitana." (Mendonça, 1999) Durante a década de 1940, os bondes da
Light traziam estampados a expressão `São Paulo é a maior cidade industrial da América Latina´ (Rossetto,
2002). Iniciativas como essas traziam um sentimento, de certo exagerado, que se manteve até a década de
1960, de que a cidade era a Nova York dos trópicos. Souza (1994) expõe as fases de transformação da
paisagem paulistana. O oitavo período apontado por ela, que corresponde aos anos de 1945 até 1954, lista
alguns fatos que contribuíram para essa mudança: enorme crescimento urbano, em grande parte
desordenado; a consolidação da cidade como importante centro sócio-econômico brasileiro; a multiplicação
dos bancos; intensa atividade industrial; desenvolvimento dos meios de comunicação, como a televisão no
começo dos anos 1950; e o início do processo de incorporação imobiliária.
Exemplo de evento que visou mostrar os avanços paulistas no cenário econômico, tecnológico e
cultural foi a Feira Internacional das Indústrias, exposição que inaugurou o Parque do Ibirapuera
(Mendonça, 1999). A própria construção do parque fez parte dos planos para o festejo do quarto centenário
da cidade. Muitos hotéis também foram construídos nessa época - inclusive com incentivos e reduções
fiscais nas construções - em parte para pessoas que participariam dos festejos do quarto centenário, em
parte visando atender a demanda dos empresários que faziam negócios na cidade. E por fim, a
verticalização também se apresentava como símbolo de modernidade e ajudava a divulgar o progresso
(Rossetto, 2002). A cidade tinha um grande número de projetos realizados pela prefeitura desde o ano de
1951, que faziam parte do Plano de Melhoramentos Públicos aprovado pela Câmara Municipal através da
lei n. 4.104/51, que vinham “influenciando os ânimos dos empreendedores e do mercado imobiliário de uma
maneira geral.“ (Leal, 2005)
A valorização dos edifícios na época parecia inevitável:
- a lei do Inquilinato ajudou a mudar a relação comercial que se estabelecia com a produção da casa,
passando do aluguel para a venda. O produtor, que era dono do edifício, passou a vender cada unidade
para pessoas diferentes. Isso pode ter favorecido alguma melhora na qualidade construtiva e de
acabamentos no edifício;
- as migrações internas, possivelmente trouxeram também pessoas com poderio econômico mais alto, para
ocupar cargos técnicos e de gerência nas indústrias. Estes trabalhadores aumentariam os níveis de
exigência para uma boa habitação;
85
- além disso, esse contingente de trabalhadores precisavam sobretudo de lugar para morar, obrigando os
produtores a construírem muito mais unidades habitacionais;
- a ausência de mecanismos governamentais para o financiamento da produção da habitação feita pela
incorporação imobiliária destinada à classe média forçou os empreendedores a auto-financiarem seus
edifícios, com recursos próprios ou com o aporte financeiro do futuro morador. Esse mecanismo tinha
alguns limites, como o prazo para o pagamento, que normalmente ficava restringido ao tempo de obra.
Como as parcelas eram poucas, seu valor era bastante alto, podendo-se deduzir que os compradores
tinham relativo poder aquisitivo;
- como será visto ainda neste capítulo, a legislação municipal que ao longo do tempo procurou restringir os
limites dos edifícios através de alturas máximas, também propunha alturas mínimas. Esse mínimo muitas
vezes estava acima da altura média construída, aumentando a escala do edifício e consequentemente o
aporte financeiro de seu promotor.
Além destes e outros fatores, grandes arquitetos e artistas vieram participar de alguns projetos. Os
empresários começaram a ver vantagens em associar o nome de suas empresas e seus produtos a estes
grandes nomes. Eles achavam que "bons projetos, bons arquitetos (...) [poderiam] vende-los melhor."
(Souza, 1994) Oscar Niemeyer, por exemplo, montou um escritório em São Paulo durante alguns anos
entre o fim da década de 1940 e o início da década de 1950 para trabalhar junto a incorporação imobiliária,
projetando vários edifícios de apartamentos como o edifício Eiffel, o Montreal e o Copan. O escritório só foi
desativado com o início das atividades do arquiteto com o projeto de Brasília. Otávio Frias, que nos anos
1950 foi um dos principais incorporadores da cidade, em entrevista a Rossella Rossetto e Nabil Bonduki
(Rossetto, 2002) achava que "a assinatura do Oscar valia (...) [e que] uma obra de Portinari ajudava a
vender."
figura 39 - propaganda de venda do edifício Califórnia, projetado por Oscar Niemeyer para o Banco Nacional Imobiliário – evidência do
autor do projeto na divulgação do projeto (Leal, 2008)
86
Até a década de 1960, e com a intervenção do BNH, não existiam linhas de crédito do governo para
o financiamento da produção de habitações para a classe média. Tudo era realizado pelos empresários do
setor, pelos próprios compradores, ou por instituições privadas. Rolnik (1997) expõe alguns caminhos que
os empresários da época encontraram para financiar seus empreendimentos, como as companhias de
capitalização e as companhias de seguro. Segundo a autora, essas empresas – juntamente com os fundos
previdenciários e as caixas econômicas do governo – modificaram os circuitos financeiros, ampliando sem
precedentes a disponibilidade de crédito. A partir dos anos 1940, boa parte do investimento nacional privado
concentrou-se em atividades imobiliárias. O ministro do Trabalho de Getúlio Vargas, Agamenon Magalhães,
dizia que muitos capitais que estavam nos bancos na época foram investidos no ramo imobiliário: "os
capitais migraram para a capital e ficaram ociosos nos cofres dos bancos, ou foram arrastados na febre
imobiliária." (Rolnik, 1997) Em 1939 as novas construções respondiam por apenas 20% do investimento
nacional privado, em 1947 já era estimado em 47%.
Sampaio (2002) explica que o que impulsionou o crescimento imobiliário do segundo pós-guerra foi
o crescimento da oferta de crédito gerada pelos grandes superávits da balança comercial, por causa da
diminuição das importações. A propriedade imobiliária "se tornou campo favorito de investimento dos lucros
oriundos da indústria, do comércio ou da exportação agrícola." (Sampaio, 2002) Um bom exemplo é a CBN,
Companhia Seguradora Brasileira, que desde 1921 – com o nome de Ítalo-Brasileira de Seguros Gerais –
construía edifícios residenciais. A partir de 1935 passa a contar com sócios brasileiros e em 1961 faziam
parte da diretoria Olavo Setúbal e Antônio Ermínio de Morais.
87
figura 40 - maquete de edifício, projetado Rino Levi em 1948 (fonte: banco de dados APARTAMENTOS – Nomads.usp). Produzido pela
Companhia Seguradora Brasileira
Além de empresas de outros ramos que investiam parte de seus lucros no imobiliário – como as
companhias de seguros e de capitalização – existiam também empresas especializadas na área. A seguir
veremos a atuação de algumas delas, como o BNI e a Construtora Waldomiro Zarzur e Aron Kogan, e as
formas de viabilização dos empreendimentos numa época que ainda não existia incentivos do governo para
o financiamento privado de habitações realizadas em sistema de condomínio e destinadas a classe média.
Fundado em 1943, o Banco Nacional Imobiliário (BNI), manteve uma carteira especifica para o setor
da habitação até 1954, quando foi dissolvido com a intervenção do Bradesco. A carteira era a Companhia
Nacional Imobiliária (CNI). Otávio Frias era o diretor da carteira predial e Orozimbo Roxo Loureiro o
presidente do banco. Depois de alguns anos de atuação, suas ações foram limitadas por uma determinação
do Ministério da Fazenda do governo Café Filho, que defendia a estabilização econômica e um controle
inflacionário. Para isso “restringiu seriamente as reservas monetárias, aumentando o saldo de caixa mínimo
exigido pelos bancos comerciais.“ (Rossetto, 2002) O BNI não conseguiu aumentar seu saldo porque tinha
grande parte do capital imobilizado em muitos apartamentos em construção. O governo decretou então a
88
intervenção do banco colocando-o sob responsabilidade do Banco do Brasil. Posteriormente, ele foi leiloado
e sob nova direção, não investiu mais em imóveis.
O BNI vendia os seus apartamentos ainda durante fase de projeto. Era o chamado `condomínio a
preço de custo´. Os compradores pagavam o custo da construção mais os gastos com a administração feita
pelo banco. O banco apresentava uma planilha de custos com a descrição de gastos com materiais e mão-
de-obra, somado à porcentagem de administração do negócio. O lucro obtido pelo banco com a futura
valorização do imóvel e as eventuais correções monetárias, apesar de embutidos, não eram apresentados
ao comprador. “Aparece como uma formula de viabilizar o empreendimento através da reunião de várias
pequenas frações de capital.” (Rossetto, 2002) Isso possibilitava ao incorporador não precisar de grandes
somas de capital para investimento, acabando sendo copiado por outros empresários da cidade e também
de outros locais. Antes da criação do Sistema Financeiro de Habitação, esse tipo de plano era o mais
utilizado pelos promotores imobiliários privados, sendo conhecido também como `sistema tradicional´
(Salgado 1982). Posteriormente, já nas décadas de 1960 e 1970, essa forma de financiamento começou a
mostrar suas imperfeições, porque o financiamento era quase todo pago durante a obra, gerando parcelas
com valores altos e, consequentemente, inadimplência (Leite, 2006).
Essa maneira de financiamento diferia, por exemplo, da adotada pelo Banco Lar Brasileiro, que
investia recursos próprios em empreendimentos imobiliários, com a venda coberta por garantia hipotecária.
Esse banco, fundado em 1925, foi um dos primeiros na concessão de crédito hipotecário de longo prazo no
país, destacando-se muito na oferta de habitações, principalmente depois da lei do Inquilinato e do segundo
pós-guerra (Sampaio, 2002). Quando da construção do conjunto Ana Rosa, o banco já tinha atendido cerca
de 20 mil clientes e contava com cerca de 80 mil depositantes. Pereira (1988) reflete sobre as
possibilidades abertas com o empréstimo hipotecário, existente desde os anos 1920:
“O empréstimo hipotecário viabilizava tanto a construção pelo proprietário
do terreno como a compra pelo consumidor, para morar. Isso criava uma
situação peculiar para o desenvolvimento da indústria da construção,
porque permitia, tanto ao proprietário do terreno financiar a construção para
uso próprio como ao empresário construtor ter acesso ao crédito para
construir e depois vender.”
89
figura 41 - perspectiva do conjunto Ana Rosa, projetado por Plínio Croce e Roberto Aflalo (fonte: banco de dados APARTAMENTOS –
Nomads.usp). Produzido pelo Banco Hipotecário Lar Brasileiro
Outra grande produtora foi a Construtora Zarzur & Kogan, formada em 1947 pelo engenheiro civil e
eletricista Waldomiro Zarzur e pelo arquiteto Aron Kogan, formados na Universidade Mackenzie. A
sociedade existiu até 1961, ano da morte de Kogan. Rossetto (2002) afirma que a empresa tinha sempre o
objetivo de baratear o custo das obras, tendo implantado soluções padronizadas para conseguir uma
produção em escala próxima à industrial. Também utilizavam elementos pré-fabricados, como painéis de
vedação. A autora ainda afirma que de uma forma geral, alguns aspectos como a padronização dos
componentes construtivos e a racionalização na distribuição dos espaços foram estratégias utilizadas por
estes agentes promotores do espaço como forma de baratear a construção, numa época em que a
competitividade na indústria da construção aumentava:
“A produção da habitação na escala e nas características exigidas pela
incorporação imobiliária não seria possível se não fossem empregados métodos como
padronização de componentes arquitetônicos, produção em série, racionalização da
distribuição dos espaços, entre outros princípios que permitiam que a moradia fosse
produzida de forma mais econômica (...) Constituíram métodos e elementos
construtivos largamente presentes na maioria dos casos estudados e tornaram-se
fundamentais para a construção de um padrão de competitividade da indústria da
construção.”
Rossella ainda diz que os arquitetos modernistas na Europa do primeiro pós-guerra viam na
produção maciça de moradias a solução para o problema da habitação. Ela diz que eles entendiam essa
produção como uma forma de reorganização da sociedade em bases menos individualistas. Defendiam a
homogeneização e a padronização dos espaços arquitetônicos como “parte de um método de projetação a
ser aplicado em qualquer contexto, fundamentados na premissa de que a maioria dos indivíduos tinha
90
necessidades análogas.“ (Rossetto, 2002) Tramontano (1993) afirma que no segundo pós-Guerra, surgiram
em toda a Europa extensas periferias, compostas por inúmeros grandes blocos idênticos, contendo
minúsculos apartamentos. Para ele, foi a consagração “do arquétipo „moderno‟ da „habitação-para-todos‟,
apontado hoje por grande partes dos estudiosos da habitação como a causa de todos os males por seu
“papel de inibidor de toda pesquisa posterior pelas extremas comodidades que sua fórmula oferece é
inegável.“
Ruth Verde Zein (Wolf, 1998), citando Oswaldo Bratke, diz que em São Paulo (ao contrário do Rio
de Janeiro) a Arquitetura Moderna não `pegou pela moda´. Foi somente quando provou ser a opção mais
barata: “ela vem, não podemos nos esquecer, de uma base politécnica, de construção.“ No caso paulistano,
as intervenções urbanas não contaram com interferências diretas da municipalidade, como no Rio (Villa,
2002). Já Passos (1998), mostrando a evolução dos apartamentos na cidade de Belo Horizonte no período
de 1939 a 1976, diz que o racionalismo modernista perdeu seu caráter inovador quando os objetivos globais
de transformação social foram abandonados. O que resta a partir dos anos 1960, segundo ele, é um
instrumento de otimização da produção industrial de edifícios.
O precursor artigo escrito por Rino Levi nos anos 1920 no jornal O Estado de São Paulo, quando ele
apresenta alguns conceitos da arquitetura moderna, traz alguns itens que posteriormente foram facilmente
incorporados pelos empresários, quando perceberam vantagens econômicas em introduzi-los: "praticidade
e economia, da arquitetura de volumes, linhas simples, poucos elementos decorativos." (Sampaio, 2002)
Somekh (1997) confirma estes motivos que levaram à adoção de alguns dos preceitos modernos, citando a
facilidade de reprodução do capital e o aproveitamento da desqualificação da mão-de-obra: "de modo geral,
a modernização na arquitetura acontece também muito mais por uma necessidade de o capital se
reproduzir mais rapidamente, por isso a perda dos ornamentos, e ainda por uma contingência: a mão-de-
obra especializada ou era cara ou estava desaparecendo." (Somekh, 1997) Eduardo Afonso Reidy (1987),
numa entrevista dada ao Jornal do Brasil em 1961, fala como era a planta das habitações da época a partir
das idéias de dois dos principais nomes do Movimento Moderno: Frank Loyd Wright e Le Corbusier. Ao se
fazer uma análise das plantas da época, através de peças gráficas que compõem o banco de dados sobre
apartamentos do Nomads.usp, nota-se justamente uma predominância do que estes arquitetos tentavam
evitar – ambientes confinados dentro de limites em compartimentos estanques:
“Duas correntes doutrinárias disputam presentemente a liderança da
arquitetura contemporânea, procurando influir nos seus destinos. Le
Corbusier e F. L. Wright são apontados como os expoentes máximos,
91
respectivamente, das correntes ditas funcionalista e orgânica. Ambas se
baseiam no tema do plano livre, isto é, aquele onde as paredes, libertadas
da sua antiga função estrutural de apoio, transformaram-se em simples
elementos de vedação, livremente dispostos. Placas, geralmente de pouca
espessura, planas, curvas ou onduladas, de materiais da mais variada
natureza, definem o espaço interior, dando-lhe um sentido dinâmico de
continuidade, em lugar de confina-lo dentro dos limites de compartimentos
estanques.” (Reidy, 1987)
O estudo de Villa (2002) confirma a hipótese de que os ambientes das unidades residenciais dos
apartamentos apresentam uma estanqueidade funcional, e indica que isso poderia ser uma estratégia para
garantir a aceitação do empreendimento. Foram mantidas nas habitações referências francesas
oitoscentistas, principalmente a setorização e compartimentação das áreas. “Um dos pontos básicos da
arquitetura moderna – a planta livre, na maioria dos casos, não saiu do papel.“ (Villa, 2002) Jacques Pilon é
exemplo de arquiteto que adotava em alguns projetos de edifícios de escritórios uma linha de simplicidade e
economia, que ”entusiasmava os proprietários que encontravam neste tipo de investimento um excelente
negócio.” (Branco, 1998). Eram obras que facilitavam a execução da estrutura do concreto armado com
conseqüente economia.
92
figura 42 - fotos do edifício Paissandu, projetado Jacques Pilon em 1935. Endereço: largo do Paissandu (fonte: banco de dados
APARTAMENTOS – Nomads.usp)
Numa fase em que o poder público não interferia nem financiava a produção de habitações além
das `demandas sociais´, o empresariado obtinha capital para suas obras através dos próprios
consumidores, no sistema a preço de custo ou com auto-financiamento. Depois de duas décadas de
empreendimentos auto-financiados aparece o BNH, que nos anos 1960 e 1970 influenciou na consolidação
do mercado. Antes do Banco Nacional de Habitação, questões estéticas - tanto edilícias quanto aspectos
que influenciavam a paisagem da cidade - eram colocadas com maior freqüência. Estas preocupações
apareciam na fase de desenvolvimento do projeto, seja com o empresário contratando algum `notável´ para
a elaboração do projeto, seja com o diálogo e a flexibilidade dos técnicos da prefeitura, permitindo situações
não previstas nos regulamentos municipais. Este foi o caso do edifício Montreal, que não previu recuo
escalonado de 2 metros a partir da cota 50. Segundo explicação do seu autor, o “projeto visa – antes de
tudo – dar à cidade de São Paulo um prédio que não a comprometa urbanisticamente, contribuindo ao
contrário, para seu engrandecimento arquitetônico.“ (Leal, 2005) O engenheiro Roberto de Barros, mesmo
sabendo de que se tratava de infração, encaminha o processo a Diretoria para deliberar sobre o assunto.
93
Esse exemplo esclarece duas questões. Primeiro, mostra que as leis eram burladas. Ora em
benefício da cidade como nesse caso, ora em favor de interesses privados não muito claros. Niemeyer
achou que aquele local ficaria mais bonito com a sua solução e os técnicos, mesmo percebendo que a
proposta não se enquadrava nos regulamentos, admitiram a proposta. Em segundo lugar, o longo tempo
para a aprovação, em função de divergências sobre a forma do edifício, por causa da proposta diferenciada
do projeto. A partir de 1964, o BNH estrutura um novo sistema de financiamento habitacional cujo principal
objetivo seria a produção de grande quantidade de unidades habitacionais. Além disso, ele cria normas
próprias que conduziam o processo de aprovação dos projetos. O Banco foi bastante rigoroso quanto ao
cumprimento das normas, talvez devido ao volume de solicitações, que aumentou substancialmente. No fim,
o empresário somente obtinha o Capital para seu empreendimento se seguisse exatamente o que as
normas pediam, e por causa disso, o tempo de aprovação e discussões sobre peculiaridades do projeto
diminuíam.
94
6.1.4 - diálogos entre arquitetura, legislação, construtores e cidade
São enfocadas leis que interferiam nos limites volumétricos do edifício e conseqüências da
instabilidade política municipal no Estado Novo. O objetivo é entender a legislação do tema e os seus
desdobramentos para a paisagem da cidade. As leis mencionadas aqui, são aquelas mais frequentemente
citadas no trabalho de pesquisadores expressivos do assunto (Dra. Raquel Rolnik, Dra. Maria Adélia
Aparecida de Souza, Dra. Nádia Somekh, Dra. Maria Ruth do Amaral Sampaio, Dra. Rossella Rossetto, Dra.
Sara Feldman, etc.). Foi a partir destas leituras que se pôde ter uma noção de como elas evoluíram.
Rolnik (1997), diz que a zona sudoeste foi a mais regulada do ponto de vista da legislação urbana.
Como é nesta área do centro que estão a maioria dos edifícios construídos na primeira metade do século
XX – como veremos a seguir – pode-se afirmar que essa verticalização inicial da cidade de São Paulo teve
um grande controle do governo municipal. Somekh (1997) afirma que no fim da década de 1920, a
construção de edifícios altos já extrapolava os limites do `triângulo histórico´ - formado pelas ruas Direita,
XV de Novembro e São Bento. A partir de seu antigo núcleo, seguiu em direção ao vale do Anhangabaú e à
praça da República. Essa produção fez aparecer alguns eixos em que a verticalização prevaleceu, como a
rua Barão de Itapetininga e a avenida São João. Em 1939, 30% dos prédios construídos já se localizavam
fora do triângulo histórico. Apesar disso, seguindo em direção ao centro novo, a predominância (65%) de
usos dos edifícios era terciária (Somekh, 1997). Feldman (1996) afirma que, nos anos 1940 intensifica-se a
produção em bairros próximos, insinuando-se também em bairros mais afastados e menos valorizados. O
programa comercial passa a ser menos freqüente em relação ao residencial.
A intervenção do governo municipal que começa no fim dos anos 1930, colocando em prática parte
do Plano de Avenidas de Prestes Maia, ajudou a valorizar essa área. As ruas que se localizavam no interior
do Perímetro de Irradiação proposto pelo plano tiveram uma ocupação "quase integral do solo e a
verticalização das construções de forma acentuada, criando paisagem bastante diferente na cidade."
(Bosetti, 2002) É nessas áreas que se encontra, portanto, a maior parte dos edifícios altos e da legislação
sobre o tema produzido até meados do século XX. O vetor sudoeste sempre foi o setor mais rico da cidade
(Villaça, 2001). Possivelmente por esse motivo, sempre teve um interesse maior por parte dos promotores
imobiliários, porque "a renda do solo urbano não advém das construções e das benfeitorias que sobre ele
incidem, mas de sua `localização´. Construções e infra-estrutura da mesma natureza, em terrenos com
localizações diferentes, apresentam preços diferentes." (Souza, 1994). Carlos Lemos dá uma idéia de como
95
era a relação entre os promotores e o poder público, mostrando que as leis sempre se alteravam em função
dos interesses daqueles:
“Certamente a cidade de São Paulo não teria a sua atual fisionomia se
aquelas antigas determinações do Código Sanitário de 1911 e de Código
de Obras da Prefeitura não tivessem sido revogadas e substituídas por
fórmulas elucubradas não sabemos como, talvez nos desvãos de algum
escritório de algum especulador imobiliário.“ (Lemos, 1985)
figura 43 - 1930 - esquema teórico plano de avenidas prestes maia - setor sudoeste (Bem, 2006)
Souza (1994) confirma esta hipótese, dizendo que o seu código de obras "sempre irá ser alterado
em benefício do incorporador." Diferentemente de outras capitais brasileiras, principalmente do Rio de
Janeiro, as intervenções urbanas paulistanas não contaram com interferências diretas da municipalidade
(Villa, 2002), permitindo uma intensa atividade de empreendedores particulares e gerando uma massa
edificada de grandes proporções. Rolnik (1997) nota que desde os anos 1930 existiam restrições na altura
dos edifícios, e que, a partir da grande produção imobiliária do pós-Guerra, o controle das áreas
verticalizadas gerava polêmica que dividia opiniões não somente entre políticos e construtores, mas
também de urbanistas. Um exemplo disso é o processo de aprovação do edifício CBI Esplanada, que
começou na década de 1930. Já no seu primeiro projeto, que não chegou a ser construído, desenvolvido
pelo arquiteto Elisiário Bahiana, nota-se a interferência política e a influência dos seus patrocinadores sobre
o corpo técnico da prefeitura. Falbel (2005) diz que isso ocorreu pela excepcionalidade do projeto e do seu
programa, mas também pelo fato de se tratar de um empreendimento realizado pela família Crespi, que
96
tinha forte influência nas decisões políticas e econômicas da cidade. A seguir, o parecer do engenheiro da
prefeitura, Carlos Alberto Gomes Cardim Filho:
“Um grande edifício destinado a hotel, tão necessário para estimular o
turismo e com grande salão de festas tão útil para a cidade que é pobre
nesse particular; e que finalmente é um prédio de grandes proporções que
só virá engrandecer a cidade, sendo de se elogiar a disposição de um
particular em inverter tão grande capital num prédio dessa proporção que
também irá equilibrar o conjunto dos prédios no local." (Falbel, 2005)
Este parecer oficial foi dado mesmo contrariando o disposto no ato 1.373/38, que previa alturas
máximas inferiores àquela proposta no projeto de 121,50 metros. Depois de algum tempo, foi realizado
outro projeto para a mesma área, desta vez desenvolvido pelo arquiteto Lucjan Korngold. Apesar disso, as
divergências continuaram, com o processo de aprovação se estendendo por anos. Por vezes, os próprios
arquitetos projetistas envolvidos em empreendimentos tentavam transgredir as recomendações do
município, justificando-se com razões plásticas. Um exemplo é a avenida Nove de Julho, que teve suas
Posturas Municipais contestadas por profissionais que queriam oferecer à cidade "um conjunto de edifícios
de melhor qualidade não só construtiva, mas também estética, fugindo-se das empenas cegas, dos vãos
estreitos e frios entre dois edifícios, da falta de integração entre as construções geminadas, etc." (Bosetti,
2002) Essa avenida previa que suas construções tivessem recuos laterais e frontais na medida que
aumentava a sua altura. Neste eixo viário existia outro problema que segundo Bosetti (2002), extrapolava os
limites dos lotes onde os edifícios eram implantados: foram poucos os edifícios residenciais que tiveram
preocupação com o espaço público. O autor mostra que constituem raríssimas exceções os projetos em
que os interesses mercadológicos não suplantaram o interesse público; e que os investidores é que davam,
"subjulgados à avaliação dos engenheiros da prefeitura, a palavra final sobre o projeto a ser executado."
As regras impostas pela legislação sobre a altura das edificações enunciavam não somente os
limites máximos, mas também as alturas mínimas. Nos anos 1910, provavelmente legislando para os
primeiros edifícios construídos na cidade, tais regras já existiam induzindo a construção de prédios de três
ou quatro andares no centro, e estimulando o adensamento populacional. Somekh (1997) em sua
periodização da verticalização em São Paulo, considera como marco inicial o ano de 1920, pois é nessa
data que foi promulgada a lei n. 2.332. A partir de 9 de novembro deste ano, e durante quase quatro
décadas, a altura de um edifício seria relacionada com a largura da rua. Quanto menor essa largura, menos
altura deveria ter o prédio. Além disso, não poderia ultrapassar três vezes a largura da rua quando esta
97
fosse maior do que 12 metros. Mais uma vez encontram-se casos em que a regra foi burlada. Não em
qualquer edifício, mas naquele que foi considerado – antes da construção do edifício Martinelli – o primeiro
arranha-céu da cidade: o edifício Sampaio Moreira. O Diretor de Obras da Prefeitura, Vitor da Silva Freire,
teria sido vencido pela insistência de seus promotores e do próprio arquiteto que o projetou, Christiano das
Neves, e aprovou o processo. Abriu-se então ”um precedente para a aprovação do Martinelli e, mais
adiante, para a modificação da legislação.” (Somekh, 1997)
figura 44 - edifício Sampaio Moreira, foto dos anos 1920 tirada do vale do Anhangabaú, tendo a frente os palacetes Prates – ao fundo,
o triângulo ainda predominantemente horizontal (fonte: http://www.piratininga.org/sampaio_moreira/sampaio_moreira.htm)
figura 45 - vista para o triângulo, foto tirada em 1954 – o Sampaio Moreira já aparece como um dos edifícios de menor altura do centro:
"O ritmo acelerado da verticalização fez com que o Martinelli fosse ofuscado em pouco tempo por novos arranha-céus." (Porta, 2004)
No fim da década de 1920, entrou em vigor o Código de Obras conhecido como Arthur Saboya, "a
primeira tentativa de normatizar a construção de edificações." (Souza, 1994). As disposições desse Código
eram as mesmas da lei n. 2.332: ele agrupava as ruas em três categorias, segundo sua largura: até 9
metros; de 9 a 12 metros; e maiores que 12 metros. Para cada uma delas, limites de altura diferentes: duas
vezes; duas vezes e meia; e três vezes, respectivamente. Tudo ”exatamente como na lei nº 2332, de 1920.”
(Somekh, 1997)
"O Código Arthur Saboya consolidou as Posturas Municipais em 1929,
reunindo toda a legislação sobre edificações e arruamentos existentes até
aquela data, apresentando avanços no que se refere à normatização,
desde as condições gerais até o projeto das edificações, como o
98
licenciamento e a fiscalização, e abordando a regulamentação quanto à
localização dos usos." (Bosetti, 2002)
A partir dessa época, o município começou a fazer concessões na altura dos edifícios através da
implantação de uma nova regra: os prédios seriam escalonados, com recuos laterais e frontais quanto maior
fosse sua altura. Esse é o caso do Ato Municipal n. 663 de 1934, que atualizou o Código Saboya (Silva,
2008). Uma típica avenida paulistana em que se verificam reflexos dessa legislação em boa parte de sua
extensão é a Nove de Julho. O Decreto lei n. 75, de 11 de fevereiro de 1941, legislava especificamente
sobre essa avenida, e estabelecia permissão para aumentos de altura mediante recuos escalonados (Silva,
2008). Além dos recuos em altura, a partir de 1937 com a lei n. 3571, estabeleceu-se a necessidade de que
construções verticalizadas localizadas em determinadas ruas residenciais estivessem recuadas das vias
públicas (Rolnik, 1997)
figura 46 - foto do edifício Lealdade, projetado por Francisco Beck em 1948. Endereço: avenida Nove de Julho (fonte: banco de dados
APARTAMENTOS – Nomads.usp)
figura 47 - foto do edifício Hubert, projetado por Oscar Souza Pinto e Erico Brann em 1949. Endereço: avenida Nove de Julho (fonte:
banco de dados APARTAMENTOS – Nomads.usp)
99
Outra importante avenida paulistana para a qual foram estipulados, nos anos 1940, limites mínimos
e máximos de altura de seus prédios com a previsão de escalonamento gradual foi a Ipiranga. O Decreto lei
n. 41 de 3 de agosto de 1940 exigia uma altura mínima de 39 metros, com possibilidade de 80 metros
mediante recuos e, em casos especiais, chegar até 115 ou 135 metros (Silva, 2008). Proprietários de
edifícios que não atingissem a medida mínima seriam penalizados com um acréscimo de 20% no valor de
seu imposto predial. A prefeitura, dessa forma, incentivava o crescimento vertical dessa região da cidade. O
parágrafo terceiro dessa lei explicava como deveriam ser os recuos: “Os corpos super-elevados, isto é, os
que subirem além de 39,00 ms (sic), deverão obedecer às seguintes determinações: 50% entre as cotas
39,00 e 52 ms (sic); 40% entre as cotas 52,00 e 75,00 ms (sic); 30% acima da cota 75,00 ms (sic).“ (Leal,
2005)
Outro problema era que as alturas máximas previstas em lei eram sempre muito maiores do que a
média construída na época, não significando, portanto, nenhuma restrição aos construtores. Na rua Barão
de Itapetininga ou na praça Ramos de Azevedo, por exemplo, a altura máxima, de acordo com o Ato 663 de
1934, era de 50 metros. Coccaro (2000) afirma que no centro, em oposição, foram restringidas construções
com mais de 10 pavimentos. Isso, segundo o autor, estimulou ”a construção de edifícios fora dessa área,
através da limitação do gabarito de altura em índices muito superiores àqueles construídos na época.” Isso
teve como conseqüência ”o lento abandono de setores edificados por novos centros em constante
construção.”
O Decreto lei n. 92, de 2 de maio de 1941, manteve a mesma forma de limitação da altura dos
edifícios, aumentando as alturas proporcionalmente à largura das ruas, que nessa década já era maior.
Essas medidas são válidas também para a região central: para as ruas de até 12 metros, prédios com no
máximo 40 metros de altura; em ruas com largura entre 12 e 18 metros, prédios com um limite de 60
metros; e em ruas com tamanho superiores a 18 metros, seria permitido construir até 80 metros (Somekh,
1997).
O ano de 1957 trouxe mudanças significativas para o processo de verticalização da cidade: mudou-
se a forma de restrição de altura, agora não mais em função da largura da rua mas levando-se em conta
uma ocupação máxima de acordo com o tamanho do terreno. Além disso, a idéia de uma cidade que
crescia “indefinidamente para cima e para os lados, personificada no lema ademarista dos anos 50 - `São
Paulo não pode parar´ - começa a ser questionada pela primeira vez por um grupo de engenheiros e
arquitetos liderados por Anhaia Melo.” (Rolnik, 2001). A proposta liderada por Anhaia Melo foi idealizada
100
dentro dos trabalhos desenvolvidos na Comissão do Plano Diretor, constituída pelo então prefeito Cristiano
Stockler das Neves (Rolnik, 1997):
"estudo [de 1954] de Anhaia Mello `Elementos básicos para o planejamento
regional de São Paulo´, conhecido como `Esquema Anhaia´. Continha,
pela primeira vez, a idéia do comprehensive planning e a defesa da tese de
conter a expansão urbana, tanto vertical como horizontal." (Rolnik, 1997)
O comprehensive planning era a idéia de que o plano abarcasse a totalidade dos aspectos que
compunham a cidade, inclusive aqueles que extrapolavam seu âmbito territorial. Até 1957, a média do
coeficiente de aproveitamento variava entre 8 e 10 vezes a área do terreno (Coccaro, 2000). Com a nova lei
n. 5.261, o coeficiente de aproveitamento passou a ser restringido a 4 vezes a área do terreno, no caso de
edifícios residenciais, e a 6 vezes, no caso de edifícios comerciais. Esta diferença entre os índices de
edifícios residenciais e comerciais gerou uma prática entre os empreendedores, que conseguiam burlar a lei
mediante alteração do uso depois da aprovação do projeto. Construíam-se "prédios para uso comercial, e
até hospitais, prevalecendo portanto o coeficiente de aproveitamento 6, e após a obtenção do habite-se eles
se tornavam prédios de apartamentos cujo coeficiente, para construção, seria quatro." (Souza, 1994) Rolnik
nota que essa lei limita a densidade residencial por hectare a 600 pessoas (Rolnik, 1997). Em 31 de
dezembro de 1961, no último dia de seu mandato, o prefeito Adhemar de Barros fez alterações na lei,
introduzindo mudanças que descaracterizaram alguns de seus mecanismos, como a fórmula para o cálculo
da densidade populacional em zonas residenciais, e o estabelecimento de critérios para aprovação de
edificações mistas. Esses expedientes "ampliavam a margem de manobra dos incorporadores." (Rolnik,
1997)
Uma particularidade brasileira que influenciou muito as capitais durante mais de duas décadas foi a
ausência de eleições diretas para governos municipais. O Brasil, a partir de 1930, não viveu um regime
democrático e até 1953 não elegeu prefeitos, que eram indicados pelo interventor federal no Estado. A
Câmara Municipal também não funcionou até 1947 (Rolnik, 2001). De 1945 até 1953, a cidade de São
Paulo teve 7 prefeitos diferentes: 1945-47: Abraão Ribeiro; 1947: Cristiano das Neves; 1947-48: Paulo
Lauto; 1948-49: Milton Improta; 1949-50: Asdúbral E. da Cunha; 1950-51: Lineu Prestes; 1951-53: Armando
de Arruda Pereira. Somente no ano de 1947 passaram pelo gabinete três prefeitos. Levy (1985) indica dois
101
fatores que contribuíram para este cenário: a falta de autonomia política no nível municipal e o fato de que
muitas crises surgidas eram resolvidas com a demissão do prefeito:
"Essa discrepância numérica [entre o número de governadores e o de
prefeitos no período] em parte revela conteúdos políticos diversos entre
esses dois níveis de governo. De um lado, o fato se explica pela falta de
autonomia política que tiveram as capitais até 1953: embora as câmaras
tenham sido reabertas em 1948 – depois de permanecerem fechadas sob o
Estado Novo – o prefeito era designado pelo governador, e muitas crises
políticas que surgiram foram solucionadas por intermédio da demissão de
prefeitos, já que o governador não podia se desgastar perante o eleitorado."
Foi o caso do governador Adhemar de Barros, que no período de seu governo - 1947 a 1950 –
indicou cinco prefeitos para a cidade. A maioria deles não terminou o mandato, como Cristiano das Neves
que, em 1947, foi demitido cinco meses depois de assumir a prefeitura por propor um aumento das tarifas
de transportes coletivos (Levy, 1985). Essa instabilidade política vivida na época pode ter contribuído para a
falta de um correto planejamento urbano, e para a falta de continuidade de políticas públicas voltadas ao
controle do crescimento urbano.
Um dos prefeitos não-eleitos indicado pra governar a cidade por esses tempos foi Prestes Maia.
Entre tantas reformas urbanas propostas por ele, foi instituído, no ano de 1939, um Concurso de Fachadas
entre arquitetos com o objetivo de escolher os edifícios mais bonitos da cidade (Branco, 1988). Aos
arquitetos e construtores eram dados prêmios que serviriam de estímulo, aos proprietários, vantagens
fiscais como a redução do imposto predial. Para a escolha dos vencedores foram estabelecidas três
categorias: residências individuais, edifícios de apartamentos e edifícios de escritórios. A pesquisa não
encontrou registros dos vencedores nos anos subseqüentes – principalmente na categoria de edifícios
residenciais -, apesar disso pode-se imaginar que a iniciativa pôde se transformar num incentivo para
profissionais da área e mesmo para os proprietários.
Toda a legislação, que durante meio século tentou disciplinar, orientar e regulamentar a construção
de prédios altos em São Paulo, sempre teve participação efetiva da iniciativa privada em sua concepção.
Esta tinha interesses próprios e específicos, com o objetivo de realizar o seu empreendimento gerando o
maior lucro possível. Quase nunca seus interesses correspondiam às recomendações técnicas de
arquitetos, urbanistas, ou mesmo da prefeitura. Portanto, muitas destas leis foram criadas para beneficiar
102
esses empresários e outras foram posteriormente alteradas visando a diminuição das restrições
construtivas. Os interesses individuais ou de determinados grupos econômicos com grande influência
política sempre se sobrepuseram aos interesses públicos.
Em outro capítulo (item 6.3) detalharemos algumas leis federais posteriores a 1964 que
influenciaram na verticalização. Com foco na normatização das relações capitalistas do setor imobiliário e a
intermediação do financiamento através de instituições criadas pelo governo. Além disso, também será
descrita a estrutura governamental que viabilizou a construção de milhões de habitações no período de
atuação do BNH.
103
6.1.5 - referências
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108
6.2 - Os arquitetos e suas reivindicações - da incipiente organização profissional ao
conturbado ambiente dos anos 1960 e 1970
Neste capítulo serão analisados debates sobre algumas reivindicações profissionais que os
arquitetos fizeram ao longo do tempo. Ele é dividido em dois períodos: antes e depois dos anos 1940, tendo
como principal marco divisor a fundação do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) em São Paulo em 1943. A
arquiteta Maria Lucia Bressan Pinheiro (1997) afirma que a partir desta data as ligações profissionais e de
classe se tornam mais constantes, se configurando uma nova etapa no desenvolvimento da arquitetura na
capital paulista. Antes desde grupo coeso e militante do modernismo brasileiro, segundo Eduardo Kneese
de Mello (Pinheiro, 1997), as reivindicações eram pontuais e feitas por "franco atiradores."
Até os anos 1940, o maior problema era o da própria auto-afirmação da profissão. O público em
geral mal sabia distinguir o trabalho de arquitetos, engenheiros e construtores. Arquitetos atuantes na
época, como Oswaldo Bratke (Thomaz, 1992), explicam a dificuldade na relação com os clientes e a
prioridade que se dava para a contratação de profissionais de obra, em oposição aos que trabalhavam com
projetos. Segundo Luiz Carlos Daher (Museu Lasar Segall, 1983) os arquitetos que mais tinham
oportunidades de trabalho eram os que se associavam a engenheiros e fundavam empresas construtoras.
As próprias escolas de arquitetura locais eram vinculadas a cursos de engenharia. As faculdades de
arquitetura da USP e do Mackenzie autônomas da engenharia só aparecerem, respectivamente, em 1947 e
1948. Nesse contexto de incipiente organização profissional, serão analisadas algumas propostas que
melhoraram o panorama profissional, como a reestruturação do escritório de Rino Levi, sendo o primeiro na
cidade a realizar só projetos (Pinheiro, 1997); ou a lei n. 23.569 de 1933, que além de criar o CREA e o
Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura, foi a primeira tentativa de regulamentação e atribuição de
funções para engenheiros civis e arquitetos (ABEA, 1977). Pelo pioneirismo que tiveram, Gregori
Warchavchik e Rino Levi terão suas ações vistas em detalhes: “praticamente até o começo da Segunda
Guerra Mundial, ele (Rino Levi), juntamente com seu colega de origem russa (Warchavchik) e mesma
formação romana, foi o único partidário decidido de uma renovação arquitetônica, fixado na capital paulista.”
(Bruand, 1981)
Depois dos anos 1940, como citado acima, muitas destas discussões passaram a acontecer no
agitado ambiente do IAB, através de encontros, seminários e congressos. Os debates se tornaram mais
sistemáticos, proporcionando aos arquitetos “meios de coordenar seus esforços na defesa da profissão e
[de seu] desenvolvimento“, dizia seu primeiro presidente, o arquiteto Eduardo Keneese de Mello (Lins,
109
2008). A partir dos anos 1950 o Instituto começou a posicionar-se em questões importantes, como a lei n.
5.261 de 1957, que mudou a fórmula de cálculo para os limites volumétricos dos edifícios residenciais e
comerciais, ou a transformação da Comissão do Plano Diretor em Conselho Municipal de Planejamento no
começo dos anos 1960. Através dessa instância de debates em torno do IAB, mas também em algumas
crônicas e artigos escritos por arquitetos como Eduardo Corona, Jorge Wilhein e Luis Saia em revistas
especializadas como a Acrópole, se terá uma idéia de quais eram alguns dos principais problemas
encontrados pelos profissionais. Dois assuntos apareceram com maior freqüência: o processo de
assalariamento do arquiteto, com a passagem de autônomo em escritório próprio para funcionário em
empresas incorporadoras ou construtoras; e também a desestabilização das discussões no meio
profissional e também no ambiente acadêmico depois do golpe de 1964. A intenção será dar voz aos que
efetivamente participaram desse processo de reorganização do mercado de trabalho, e que sentiram as
dificuldades de relacionamento com seu novo cliente-patrão.
Também serão analisadas algumas características e influências da arquitetura brutalista paulista.
Ela se encontra no limite cronológico da pesquisa e teve grande influência local. A arquiteta Ruth Zein
(2005), que faz uma periodização das `gerações´ de arquitetos modernos paulistas para precisar mais
circunstancialmente o panorama brasileiro, afirma que o período de 1955 a 1970 é caracterizado pelo
"protagonismo da escola paulista [Brutalista]." Esse movimento arquitetônico ganha força justamente na
época em que os arquitetos começam a ter dificuldades para a sua inserção num mercado imobiliário que
se tornava cada vez mais agressivo.
No geral – antes e depois dos anos 1940 e da organização profissional em bases mais sólidas – os
temas que serão debatidos no capítulo são: a afirmação profissional e a regulamentação das atribuições de
engenheiros, arquitetos e construtores; a distinção do ato de projetar do trabalho de obra; a reorganização
de alguns escritórios, que centralizavam os serviços prestados no desenvolvimento de projetos e não mais
no acompanhamento da construção; a inserção do arquiteto no mercado imobiliário quando do surgimento
de empresas capitalistas especializadas na produção de habitações em regime de incorporação; a
diminuição dos escritórios com profissionais liberais e autônomos; a contratação de arquitetos por
incorporadoras e construtoras, e o seu assalariamento; o intermédio do chefe da empresa entre o projetista
e o cliente; as dificuldades encontradas no meio profissional depois do golpe militar de 1964; o fechamento
de escolas de arquitetura e a aposentadoria compulsória ou o afastamento de professores; e o surgimento
do movimento brutalista. Além desses debates, o apartamento será caracterizado. Serão analisadas as
soluções espaciais dos edifícios residenciais. Desde a sua introdução nos anos 1910, com a utilização de
110
uma solução de planta parecida com as das antigas casas coloniais; posteriormente a adoção do modelo
burguês como opção; e por fim os projetos modernistas de meados do século. Para a análise, será utilizado
o banco de dados sobre o tema do Nomads.usp. Ele contém peças gráficas mais informações sobre o
edifício, como autor do projeto, construtor, localização, etc. No período de interesse da pesquisa – até os
anos 1970 – são cerca de 360 projetos.
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115
6.3 - A consolidação de um modelo produtivo - o BNH e suas condições
O BNH foi o grande financiador de habitação de sua época. No momento político em que um regime
autoritário centralizou todas as suas decisões na esfera federal, foi criado um Plano Nacional de Habitação,
cujo principal instrumento era o Banco Nacional de Habitação. Será analisado aqui o Banco e sua atuação:
a estrutura que viabilizou os financiamentos; as instituições que intermediavam o capital e os promotores; e
as intenções do governo, de certo modo condicionando a atuação da incorporação imobiliária, através de
normas. Entender, por fim, um produto que tem reconhecidamente baixa qualidade arquitetônica, através do
sistema de produção e financiamento no qual ele estava inserido.
O capítulo pretende detalhar o funcionamento de um banco que em pouco mais de duas décadas
conseguiu financiar 4,5 milhões de unidades habitacionais, numa época em que a própria população urbana
brasileira aumentou significativamente, passando de 30% em 1940 para 70% no fim dos anos 1970
(Azevedo, 1996). Hobsbawn (1997) diz que essa foi a mudança social mais impressionante da segunda
metade do século XX, e que com exceção da Grã-Bretanha, mesmo em países industrializados, a maioria
da população ainda vivia no campo antes disso. Com exemplos da América Latina, o autor coloca que até o
fim da Segunda Guerra Mundial, a maioria absoluta dos latinos americanos vivia no campo. Apesar disso,
em 1970 já não existia "fora dos mini-Estados da tripa de terra centro-americana e do Haiti um único país
em que os camponeses não fossem minoria." A população total brasileira também mais que quadruplicou
em três décadas, passando de 12,9 milhões em 1950 para 52,3 milhões em 1970 (Borges, 1973). Na
década de 1950, este incremento populacional chegou a 70%; na década de 1960 o índice ainda se
manteve alto, acima dos 60%.
Essa quantidade de pessoas morando em cidades - que não paravam de crescer - deram
prioridades ao Banco, explícitas no discurso dos governantes, como a geração de empregos pela
construção civil. No começo da década de 1960, um dos motivos alegados pelos militares para a
insegurança política e econômica era justamente a falta de empregos. Outro grave problema era o déficit
habitacional existente, estimado em crescimento de 3% ao ano (ABECIP; CBPE, 1977). O governo então
decide criar o BNH, para produzir habitações e gerar emprego para a grande massa de desempregados
(Trindade, 1971). O projeto arquitetônico passou a não ser muito valorizado, com a justificativa da
necessidade de assistência aos desabrigados e desempregados. Percebe-se este direcionamento da
política habitacional no discurso de Mário Trindade, presidente do BNH:
116
“A grande virtude do sistema foi a de nos fazer entender, de saída, que, no quadro do
desenvolvimento urbano brasileiro, o problema mais importante naquele momento não
era a casa, era a abertura de oportunidades de emprego para absorvermos as massas
de trabalhadores semi-especializados ou não especializados.” (Trindade, 1971)
Mauricio Schulman, outro presidente do Banco, numa palestra em Washington, reitera esta opção:
“ao BNH foi entregue a tarefa de acelerar a oferta de novas moradias e apoiar a indústria de construção civil
pelo importante papel que o setor desempenha em sua atividade geradora de renda e absorvedora de
significativo contingente de mão-de-obra” (ABECIP; CBPE, 1977). O também presidente Rubens Vaz da
Costa, num discurso em 1967, diz que desde 1964, com a criação do Plano Nacional da Habitação, o que
era importante era a criação de empregos (Maricato, 1983). Nota-se que em nenhum momento houve
preocupações com o projeto proposto, ou mesmo com os projetistas. Nem mesmo sobre os tipos de famílias
a quem se destinavam as habitações ou sua adequação ao espaço doméstico: "não fossem realizados tais
investimentos, suficientes para manter o mais alto nível de emprego da mão-de-obra [na construção civil],
quais seriam as alternativas? Provavelmente, a marginalização e o subemprego." (Borges, 1973) Questões
qualitativas e peculiaridades projetuais são gradativamente abandonadas, com a justificativa da
necessidade de construção de grande quantidade de habitações, para atender supostamente populações
menos favorecidas: "Logo apareceram [nos projetos das COHABs] também as primeiras críticas, relativas à
massificação arquitetônica. Contudo, foi possível a eliminação de várias favelas e mais de 300.000
habitações de baixo custo foram construídas através desse programa." (Borges, 1973)
"Em que pese uma série de distorções na atuação do SFH, orientando seus
investimentos para o atendimento das classes médias (...) e inúmeros questionamentos
quanto a qualidade das unidades produzidas no âmbito do sistema; o BNH tem uma
importante atuação na produção de habitações e no crescimento do setor de
construção nacional." (Fabrício, 1996)
Além da compreensão do funcionamento do sistema através da leitura de trabalhos acadêmicos
sobre políticas públicas habitacionais, foi realizado um estudo em documentos da Centralizadora de
Documentação e Informação (CEDIN), órgão da Caixa Econômica Federal em Brasília. São manuais,
diretrizes, estudos, relatórios, resoluções gerais, resoluções de conselho, resoluções de diretoria, instruções
gerais, instruções de diretoria, circulares e normas que indicavam os procedimentos a serem adotados em
financiamentos habitacionais. O estudo buscou compreender a dinâmica destas regras e as possíveis
repercussões que elas teriam nos projetos.
117
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RESOLUÇÃO - BNH: regulamenta a aplicação de penalidades às SCI e as APE. n. 51, 1980
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RESOLUÇÃO - BNH: dispõe sobre a fiscalização de obras no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação.
n. 131, 1981
RESOLUÇÃO - BNH: estabelece a obrigatoriedade de Visto Prévio do BNH para empreendimentos a serem
construídos com recursos do Banco. n. 131, 1982
RESOLUÇÃO - BNH: estabelece condições gerais para os financiamentos, refinanciamentos, empréstimos
e repasses concedidos pelas entidades pertencentes ao Sistema Financeiro da Habitação. n. 142, 1982
RESOLUÇÃO - BNH: estabelece critérios para aferição do desempenho técnico de empresas construtoras,
nas obras vinculadas ao SFH. n. 156, 1982
RESOLUÇÃO - BNH: estabelece normas para o caso de inclusão de incorporadores na relação de firmas e
pessoas impedidas de operar com os sistemas geridos pelo BNH. n. 164, 1982
RESOLUÇÃO - BNH: estabelece normas relativas à concessão de empréstimos a empresários, destinados
a produção de imóveis residenciais através do SBPE. n. 171, 1982
RESOLUÇÃO DO CONSELHO – BNH: modifica a instrução n. 7-66. n. 98, 1966
RESOLUÇÃO DO CONSELHO – BNH: obriga a utilização do regime de empreitada nas incorporações
imobiliárias financiadas pelo Sistema Financeiro de Habitação. n. 66, 1967
RESOLUÇÃO DO CONSELHO – BNH: estabelece normas sobre financiamentos a empresários e
levantamento do capital mutuário. n. 31, 1968
120
RESOLUÇÃO DO CONSELHO – BNH: estabelece as condições gerais a que deverão satisfazer as
aplicações do Sistema Financeiro da Habitação destinadas a financiar a aquisição e construção da casa
própria. n. 25, 1971
RESOLUÇÃO DO CONSELHO – BNH: estabelece normas gerais aplicáveis aos empréstimos concedidos
por entidades do SBPE destinados a produção de habitações em regime de incorporação. n. 29, 1976
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: aprova roteiro para apresentação de projetos para obtenção da
promessa de compra de hipotecas. n. 51, 1966
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: estabelece as formas de garantia e condições de empréstimo nos
contratos do BNH. n. 3, 1967
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: fixa normas e condições para a assistência financeira do BNH às
Sociedades de Crédito Imobiliário, Associações de Poupança e Empréstimo e Caixas Econômicas. n. 12,
1968
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: aprova disposições a serem adotadas no mercado de hipotecas. n.
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RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: recomenda prioridade na concessão de financiamento. n. 45, 1968
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: aprova cláusulas-padrão a serem incluídas nos contratos firmados
entre agentes financeiros e empresários. n. 12, 1969
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: determina que sejam adotados, na análise de projetos, no mercado
de hipotecas, os padrões de especificações da P-NB-140 da ABNT e os respectivos custos unitários de
construção. n. 49, 1969
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: baixa normas aplicáveis à comercialização de habitações
financiadas pelo SFH. n. 30, 1970
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: estabelece normas para a aquisição, a Iniciador, de créditos sob
garantia de segundas hipotecas, no programa Mercado de Hipotecas. n. 60, 1971
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: regula a venda de Cédulas Hipotecárias do BNH às entidades do
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RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: regula a concessão de créditos e desembolsos aos agentes e
mutuários do BNH. n. 74, 1971
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: dispõe sobre anúncios e promoção de venda de unidades
financiadas pelo Sistema Financeiro da Habitação. n. 25, 1972
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: regulamenta operações sobre hipotecas desenvolvidas na área de
programas habitacionais. n. 14, 1975
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: fixa as atribuições dos órgãos integrantes da estrutura da Assessoria
de Engenharia e dá outras providências. n. 21, 1976
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: estabelece condições gerais de operação das Carteiras Hipotecárias
das Caixas Econômicas. n. 40, 1976
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: regulamenta no âmbito do SBPE o Programa de Construção
Individual da Casa Própria (CICAP). n. 41, 1976
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: dispõe sobre as operações de crédito do BNH com seus agentes
financeiros. n. 15, 1977
INSTRUÇÃO – BNH: normas das Carteiras de Habitação das Caixas Econômicas para o financiamento da
incorporação de edifícios de apartamentos, vilas e conjuntos habitacionais em condomínio. n. 7, 1966
INSTRUÇÃO – BNH: instruções para pedidos de financiamentos às Caixas Econômicas. n. 8, 1966
INSTRUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: dispõe sobre o credenciamento de profissionais e a avaliação de
projetos vinculados a contratos de promessa de compra e venda de hipotecas. n. 2, 1967
INSTRUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: estabelece normas sobre o desenvolvimento das operações no
Mercado de Hipotecas conduzidas pela CHP (Carteira de Hipotecas). n. 1, 1972
INSTRUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: roteiro para elaboração de projetos e apresentação de pedidos de
empréstimos da Carteira de Operações de Natureza Social (COS). n. 2, 1976
122
INSTRUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: sobre reservas de recursos para operações de financiamento a
empresários da construção civil. n. 4, 1978
CIRCULAR DA SUPERINTENDÊNCIA DE AGENTES FINANCEIROS – BNH: dispõe sobre anúncios de
comercialização de unidades habitacionais. n. 37-5329, 1971
CIRCULAR DA SUPERINTENDÊNCIA DE AGENTES FINANCEIROS – BNH: sobre taxas e juros no
Mercado de Hipotecas. n. 46-4898, 1972
CIRCULAR DA SUPERINTENDÊNCIA DE AGENTES FINANCEIROS – BNH: sobre documentos
necessários para pedidos de financiamento no Mercado de Hipotecas. n. 41-4898, 1972
CIRCULAR DA SUPERINTENDÊNCIA DE AGENTES FINANCEIROS – BNH: sobre consulta prévia de
projeto realizadas na SAF. n. 46-5732, 1972
CIRCULAR DA SUPERINTENDÊNCIA DE AGENTES FINANCEIROS – BNH: normas para o Mercado de
Hipotecas. n. 4-267, 1973
CIRCULAR DA CARTEIRA DE OPERAÇÕES ESPECIAIS E DE HIPOTECA – BNH: especificações
mínimas para análise de projeto no Mercado de Hipoteca. n. 1, 1968
CIRCULAR DA CARTEIRA DE OPERAÇÕES ESPECIAIS E DE HIPOTECA – BNH: roteiro do processo de
compra e venda de hipotecas. n. 3, 1968
BNH. Diretrizes para o controle de obras pelo município. Departamento de Pesquisa
BNH. Manual de exame de projetos de empreendimentos habitacionais. Departamento de Engenharia
(DEGEN), 1983
BNH. Norma Brasileira (NB) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). n. 192: elaboração de
projetos de obras de engenharia e arquitetura.
BNH. Estudos Especiais do SINAPI – Sistema Nacional de Acompanhamento de Preço e Índices da
Construção Civil
BNH. Manual de Aplicações. Caixa Econômica Federal, 1986
123
BNH. Relatório do grupo de trabalho instituído para estudar e propor solução para os vícios de construção
no âmbito do SFH, 1986
124
7 - Anexos
7.1 - Ficha do aluno
- Sistema Administrativo da Pós-Graduação
Universidade de São Paulo
Escola de Engenharia de São Carlos
FICHA DO ALUNO
18142 - 5980876/2 - Felipe Anitelli
Email: [email protected]
Data de Nascimento: 30/01/1980
Cédula de Identidade: RG - 27.886.258-5 - SP
Local de Nascimento: Estado de São Paulo
Nacionalidade: Brasileira
Graduação: Arquiteto e Urbanista - Centro Universitário "Barão de Mauá" - São Paulo - Brasil - 2003
Curso: Mestrado
Programa: Arquitetura e Urbanismo
Área: Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo
Data de Matrícula: 03/03/2008
Início da Contagem de Prazo: 03/03/2008
Data Limite: 03/03/2011
Orientador: Prof(a). Dr(a). Marcelo Claudio Tramontano - 03/03/2008 até o presente. E.Mail: [email protected]
Proficiência em Línguas: Inglês, Reprovado em 12/12/2008 Inglês, Aprovado em 25/09/2009
Data de Aprovação no Exame de Qualificação:
Data do Depósito do Trabalho:
Título do Trabalho:
Data Máxima para Aprovação da Banca:
Data de Aprovação da Banca:
Data Máxima para Defesa:
Data da Defesa:
Resultado da Defesa:
Histórico de Ocorrências: Ingressou no Mestrado em 03/03/2008
Matrícula de Acompanhamento em 13/02/2010
Última ocorrência: Matrícula de Acompanhamento em 13/02/2010
125
Impresso em: 26/03/10 10:43:10
- Sistema Administrativo da Pós-Graduação
Universidade de São Paulo
Escola de Engenharia de São Carlos
Documento sem validade oficial
FICHA DO ALUNO
18142 - 5980876/2 - Felipe Anitelli
Sigla Nome da Disciplina Início Término Carga
Horária Cred. Freq. Conc. Exc. Situação
SAP5842-
3/1
A Cidade no Século XIX: Representações e
Projetos 04/03/2008 26/05/2008 180 12 100 B N Concluída
SAP5824-5/2
O Espaço da Cidade I: Gênese e Formação do Urbanismo Moderno
27/03/2008 18/06/2008 180 12 100 B N Concluída
SAP5825-
4/1
Arquitetura e Cidade na Poética das
Vanguardas 05/08/2008 17/11/2008 180 12 100 B N Concluída
SAP5879-
1/1
Tópicos Especiais: Avaliação Pós-Ocupação no
Contexto da Gestão do Processo de Projeto 05/08/2008 27/10/2008 180 12 83 B N Concluída
SEM5892-6/8
Metodologia e Pesquisa Bibliográfica 21/08/2008 03/12/2008 90 6 87 A N Concluída
Atividade
do
Programa
Participou da Etapa de Estágio Supervisionado
em Docência do Programa de Aperfeiçoamento de Ensino junto à Disciplina SAP0617 – Projeto
III, ministrada aos alunos de graduação, do
Curso de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de
São Paulo. (1)
01/02/2009 30/06/2009 - 6 0 - - -
Créditos mínimos exigidos Créditos obtidos
Para exame de qualificação Para depósito de dissertação
Disciplinas: 48
48
60
Atividades Programadas:
Seminários:
Estágios:
Disciplinas ou Atividades 12 12
Total: 60
60
60
Créditos Atribuídos à Dissertação: 60
126
7.2 - Visitas a edifícios de apartamentos na cidade em São Paulo
7.2.1 - Mapa
mapa usado na visita n. 3: Santa Ifigênia, Santa Cecília e Campos Elíseos – localização de cada edifício
127
7.2.2 - Ficha
edifício...
projeto: Giancarlo Palanti
ano: 1953
endereço: Rua Barão do Tatuí
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