Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust foi um importante escritor e poeta francês (1871-1922).
Marcel Proust nasceu numa família rica ( pai médico e mãe família de banqueiros)
Marcel Proust
Obras
Publicou várias traduções do crítico de arte inglesa John Ruskin (1819-1900).
Paralelamente a artigos que relatam a vida mundana publicados nos grandes jornais (entre os quais Le Figaro), escreveu “Jean Santeuil”, uma
grande novela deixada incompleta, e publicou “Os Prazeres e os Dias”
(Les Plaisirs et les Jours), uma reunião de contos e poemas.
Em busca do tempo perdido é a obra prima de Proust
“O Caminho de Swann”( 1913) é o primeiro de 7 volumes que compõem
a obra de Proust :
Este volume teve publicação custeada por Proust e é dividido
em três partes:
- Combray
- Um Amor de Swann
-Nomes de Lugares: o Nome
Demais volumes:
2-À sombra das moças em flor-1919 (Prêmio Goncourt)
3-O caminho de Guermantesem -1920 e 1921
4-Sodoma e Gomorra-1921-1922
5-A prisioneira-1923
6-A fugitiva- 1927 Publicados postumamente.
7-O tempo recuperado- 1927
No volume 1 o narrador introduz o leitor no seu
universo literário a partir de rememorações da infância e da
história de amor e ciúme de Swann por Odette.
Por que o nome “No caminho de Swann”?
Tendo como ponto de partida a cidade de Combray nos deparamos com dois caminhos opostos: o Caminho de
Swann e o Caminho de Guermantes.
“... Pois havia na vizinhança de Combray dois “lados” para os passeios, e tão opostos que não saíamos com
efeito pelo mesmo portão quando queríamos ir para um lado ou para o outro: o lado de Méséglise-la-Vineuse
também chamado do lado de Swann, porque passava pela propriedade do Sr. Swann quando íamos para aquelas bandas, e o lado de Guermantes...”(p.68)
Estes caminhos não são somente opostos no sentido geográfico, mas também no tocante aos
personagens que os habitam. Os Guermantes são os nobres da região e com
costumes muito diferentes dos demais, já os Swanntêm uma maior importância na vida do
protagonista.
Na primeira parte: CombrayEle nos apresenta memórias de
lugares, pessoas e fatos que fizeram parte de sua vida durante a infância e
no começo de sua adolescência.
Maison de Tante Léonie - Musée Marcel Proust
Ele nos descreve a cidade de Combray (uma região da França), onde passava as férias, seus familiares e pessoas que pertenciam ao convívio social da família na época.
Também é evidente o apego (dependência) que ele tinha em relação a sua mãe.
O personagem principal é o próprio Marcel Proust que começa a recordar a sua infância, o tempo em que ele
passava as férias na casa de sua avó e de outros parentes em Combray.
As recordações começam através de um episódio interessante:
Neste episódio ele narra que ao tomar chá com “madelaine” (bolinho francês), e ao molhar o bolinho
na xícara vêm a sua mente vários lembranças da infância, principalmente quando sua tia fazia o mesmo
gesto.
É neste instante que começa a jornada do protagonista
“Em Busca do Tempo Perdido”, seu tempo perdido.
Durante a narrativa percebemos o autor em diálogo com o leitor. É um texto em primeira pessoa, o que nos reserva uma
visão unilateral da história.
Apesar da unilateralidade, a forma como Marcel Proust descreve coisas comuns é singular. Ele consegue colocar poesia
em situações e objetos tão comuns que passam desapercebido no dia-a-dia.
“... A imobilidade das coisas que nos cercam talvez lhes seja imposta pornossa certeza de que essas coisas são elas mesmas e não outras, pelaimobilidade de nossos pensamento perante elas...”(p.10)
“...passava um ramo florido pela janela entreaberta. Destinada a um uso maisespecial e mais vulgar, aquela peça, de onde se tinha vista, até o terreão deRoussainvile-le-Pin, serviu-me, muito tempo de refúgio, sem dúvida por ser aúnica que me era permitido fechar à chave, para todas as minhas ocupações quedemandavam uma inviolável solidão: a leitura, a cisma, as lágrimas e avoluptuosidade.”(p.15)
“De súbito a lembrança me apareceu. Aquele gosto era dopedaço de madeleine que aos domingos de manhã em Combray(pois nos domingos eu não saía antes da hora da missa) minhatia Léonie me oferecia, depois de ter mergulhado em seu chá daÍndia ou da Tília, quando ia cumprimentá-la em seuquarto.”(p.28)
A memória involuntária de Proust
Trata-se da memória que se apossa do indivíduo arbitrariamente e que permite um processo de reconstrução do passado no presente
O passado é sempre uma elaboração do presente.
Sensorialidade: gatilho que aciona a memória.
“...as reminiscência são preservadas no olfato...”(Benjamin – p.48)
Walter Benjamim vê em Proust o maior escritor de sua época. O literato que conseguiu fazer do século XIX um século para os memorialistas
Fragmentação da memória
A linguagem é muito sutil e descritiva, como o autor narra suas lembranças, é uma visão subjetiva, não do real, mas a visão de uma memória do passado fragmentada, não uma
memória contínua. Pode-se dizer que é uma memória involuntária, por isso é descrita de forma fragmentada,
formando uma nova realidade.
A linguagem de Proust
A grande questão deste romance é a linguagem, a forma como Proust conta a história, quando lemos temos a sensação de estarmos
olhando para um quadro que nos transmite uma grande nostalgia, como dizia Renato Russo: “Saudades do que ainda não vi” e do
tempo que vivi.
“Sua sintaxe imita o ritmo de suas crises de asfixia.”(p.48)
“... Proust não descreveu e sua obra uma vida como ela de fato foi, e sim uma vida lembrada por quem a viveu...”(p.37)
“... O importante para o autor que rememora não é o que ele viveu, mas o tecido de sua rememoração, o trabalho de Penélope da reminiscência.” (p.37)
“... A lei do esquecimento...” (p.37)
A infância
Desejo de Felicidade
O mundo dos sonhos
“... as crianças não se cansam de transformar, com um só gesto, a bolsa e o que está dentro dela numa terceira coisa – a meia,...” (p.39)
Temas em Proust
Aristocracia
Preconceitos
Memória
Família
Fuga em direção ao passado
Ética sexual
O amor pelos livros
A observação como laboratório
A mãe
A homossexualidade
Reclusão
A doença
Tempo entrecruzado – “...seu verdadeiro interesse é consagrado ao fluxo do tempo sob sua forma mais real, e por isso mesmo mais entrecruzada, que se manifesta com clareza na reminiscência e no envelhecimento.” (p.45)
“... A tagarelice incomensuravelmente ruidosa e vazia que ecoa nos romances de Proust é o rugido com que a sociedade se precipita no
abismo dessa solidão.” (p.46)
Sempre presente e sempre atual
Manuscritos da biblioteca nacional da França
http://revistametafora.com.br/2012/02/02/um-proust-mais-original/
“Um Proust mais original”Reportagem sobre Proust, sua obra e o relançamento da obra EmBusca do tempo Perdido e um dicionário de leitura.
(dez/2002)
Proust fala do próprio estilo:
“O estilo não é de maneira alguma um enfeite como creem certas pessoas, não é sequer uma questão de técnica, é – como a cor para os pintores – uma qualidade
da visão, a revelação do universo particular que cada um de nós vê, e que não veemos outros. O prazer que nos dá um artista é de nos fazer conhecer um universo a
mais.”
(Entrevista com Marcel Proust publicada no jornal Le Temps,
em 14 de novembro de 1913)
André Gide fala sobre Proust
“Que livros curiosos! Penetramos neles como em uma floresta encantada; desde as primeiras páginas nos perdemos, e ficamos felizes de nos perder;
logo não sabemos mais por onde entramos nem a que distância nos encontramos da margem; em alguns momentos, parece que caminhamos sem avançar, e, em outros, que avançamos sem caminhar, vamos olhando tudo de passagem; não sabemos mais onde estamos, para onde vamos.”
(André Gide, À propos de Marcel Proust, in Incidences, Paris, Gallimard, 1948.)
Escritor francês, ganhador do Nobel de Literatura de 1947.
Frases de Proust
“Se sonhar um pouco é perigoso, a solução não é sonhar menos é sonhar mais.”
“Mais vale sonharmos a nossa vida do que vivê-la, embora vivê-la seja também sonhar.”
“A felicidade é salutar para o corpo, mas só a dor robustece o espírito.”
“Os dados reais da vida não têm valor para o artista, são unicamente um ensejo para manifestar o seu gênio.”
“A realidade apenas se forma na memória; as flores que hoje me mostram pela primeira vez não me parecem verdadeiras flores.”
“O que censuro aos jornais é fazer-nos prestar atenção todos os dias a coisas insignificantes, ao passo que nós lemos três ou quatro vezes na vida os livros em
que há coisas essenciais.”
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