Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 8 • nº2064
Julho/2014
Jovens utilizam a arte como ferramenta de transformação.
Q u a n d o o G r u p o d e J o v e n s
Transformadores e Solidários surgiu
e m 2 0 0 9 , n a c o m u n i d a d e
Caat ingueir inha, distante 11
quilômetros de Potiretama, tinha
como perspectiva trazer lazer e
cultura para a juventude. Eram
a p e n a s 1 0 j o v e n s q u e
perceberam a necessidade de
promover atividades que os
tirasse do ócio, criando
oportunidades de formação. “A gente tinha dificuldade de nos envolver com as coisas da comunidade. A juventude nunca é valorizada. Quando as instituições que
trabalham com as cisternas de placas começaram a vir pra cá, as coisas começaram a mudar”, disse Antonio Deimy, que está no grupo desde a sua criação. “A gente foi pesquisar os problemas da comunidade, como a falta de emprego, de escolas, o alcoolismo, as drogas... A partir daí a gente começou a pensar em atividades que a juventude pudesse se interessar e chamar mais pessoas” – completou o rapaz.
Renascer no sertão
A questão do lazer foi prioridade, a partir das quadrilhas juninas que já existiam na comunidade e na região. “Foi um acordar para a tradição, e nós conseguimos realizar um festival, apresentando a nossa quadrilha Renascer no Sertão”, afirmou Deimy. O nome advém da casa de sementes da comunidade, que é fonte de inspiração da galera. “Íamos para a casa de sementes para ver como funcionava. Com o conhecimento que a gente tinha recebido em confecção de mamulengos, nós passamos a usar os bonecos para divulgar a casa. E aí a gente não parou mais.”
Potiretama
Antonio Deimy
Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará
Daí, a junção com jovens de outras sete comunidades da região
(Riacho Seco, Barro Vermelho, Baixinha, Baracha, Bom Futuro,
Caatinga Grande e Lapa) fortaleceu o grupo: hoje são 50 jovens. Como o grupo ainda não tem sede própria, as reuniões ocorrem na casa de sementes ou na pracinha da igreja. Mas há também outro espaço em que o pessoal se reúne: um pereiro centenário, que a comunidade zela e tem várias histórias para contar: “O meu bisavô cuidou dele a vida inteira. Toda a água benta que sobrava das missas, ele ia lá e jogava na raiz”, comenta Adriana Oliveira. “Se o pereiro f l o r a r d o l a d o
nascente, o inverno será bom”, complementa.
Botando boneco e promovendo cidadania
O grupo passou por capacitações em teatro e
confecção de bonecos mamulengos,
intercâmbios e movimentos de juventude e
formações políticas.
Valéria Silva, de 16 anos, que faz parte da
coordenação, disse: “Hoje nós confeccionamos
e comercializamos os bonecos, criando uma
identidade local. Nós montamos vários
esquetes e apresentamos nos encontros,
como na Romaria da Água de Potiretama. As
instituições enviam material de estudo para
que o grupo monte os espetáculos”.
Além do aspecto cultural, a turma é bastante
engajada nos problemas que afligem a
comunidade, como o acesso a terra e os
problemas causados pelo agronegócio.
O grupo hoje batalha por mais um sonho: a construção de um galpão, que servirá para as
reuniões e também para trabalhar com reciclagem.“Mas a gente corre atrás. O terreno foi
doado pela associação e algumas instituições tem dado apoio. Até um pedreiro a gente
conseguiu de graça. Nada é fácil, né?” Falou Barbara Aline, jovem atuante do grupo. Se você quiser contribuir com o Grupo de Jovens Transformadores e Solidários, entre em contato pelo facebook: www.facebook.com/jovenstransformadores.solidarios
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Adriana Oliveira
Valéria Silva
Realização Apoio
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