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11Quinta-feira, 21 de janeiro de 2010 CIDADESJornal de Brasília

T RATA M E N TO

Fábio também quer andar

SAIBA +Quem quiser ajudar oFábio, a conta é:

Banco do Brasil

Ag: 3596-3

Cc: 9411-0

Titular: Fábio H. F. Grando

Para conhecer um pouco maisda história dele, o endereço do

blog é: www.fabiogrando. b l o g s p ot . c o m / .

Para segui-lo no twitter, ésó procurar porfa b i o g ra n d o .

ANDRESSA ANHOLETE

Fábio ficou tetraplégico após mergulhar em uma piscina. A mãe, Solange, o apoia na campanha

l I n s p i ra d oem amiga, elearrecada fundospela internetpara ir aos EUA

! Caroline Rizzoc a ro l i n e . r i z zo @ j o r n a l d e b ra s i l i a . c o m . b r

O jovem jornalista Fábio Gran-do, de 25 anos, sempre gostoude planejar a vida a curto e

médio prazo. Porém, aos 22 anos teveseus planos interrompidos. Ele ficoutetraplégico após sofrer um graveacidente. Mas o jovem não deixou desonhar e esta semana lançou umacampanha pelas redes de relacio-namento disponíveis na internet, co-mo o Twitter, Gmail, MSN e Orkut,para tentar realizar seu objetivo: fazerum tratamento no maior centro derecuperação medular do mundo, ins-talado nos Estados Unidos, e voltar aandar. Esse sonho custa alto, nadamenos que US$ 55 mil, o equivalentehoje a aproximadamente R$ 100 mil.Por isso, ele espera contar com oauxílio de pessoas que possam doarqualquer quantia para ajudar a ban-car o tratamento.

O incentivo veio de uma amiga,Fernanda Fontenele, que ficou co-nhecida em Brasília por lançar cam-panha semelhante pela internet. Como Projeto Anda Fernanda espalhadopela rede mundial, ela conseguiureunir o montante suficiente em doa-ções para custear seu tratamento nosEstados Unidos, que teve início emsetembro do ano passado.

Segundo Luiza Guedes Pereira,de 23 anos, que visitou Fernandarecentemente nos EUA, ela teve evo-luções surpreendentes e já acreditaem alcançar sua meta. “Ela se equi-libra e move o quadril, coisa que nãofazia antes. Enquanto o dinheiro quearrecadou com as doações durar, vaicontinuar o tratamento”, revela.

Fábio sofreu o acidente no dia 18de junho de 2006, dia em que co-memorava, na casa de amigos, a vi-tória de 2 X 0 do Brasil contra aAustrália na Copa do Mundo. Ao darum mergulho de ponta, sua vidamudou. Fábio perdeu o controle nahora do salto e bateu a cabeça no fundoda piscina, fraturando a coluna.

No Hospital de Base, os médicosinformaram a seus pais que ele estavatetraplégico, ou seja, havia perdido osmovimentos do pescoço pra baixo.Seria necessário realizar uma cirurgiapara recolocar a vértebra no lugar ever o tamanho da lesão na medula.Um dos médicos chegou a dizer queele passaria a vida em uma cama.

O t i m i st as e m p re

O jovem foi transferido para ohospital Sarah Kubitschek para fazera cirurgia e começar um tratamento.Mas assim que chegou ao hospital,ainda na sala da enfermaria, outroacidente aconteceu, desta vez com suamãe, Solange Frizon Grando, hojecom 44 anos. Ela teve um infarto aolado do filho. “De repente, ela caiu nochão. Tentei gritar por ajuda mas nãotinha forças para isso. Por sorte, umaenfermeira que passava viu minhamãe caída e chamou os médicos."

Quando ficou sabendo da gra-vidade do problema da mãe, em vezde lamentar, o jovem ainda foi oti-mista, dizendo que foi o seu estadode saúde que salvara sua mãe. “Se eunão estivesse no hospital, ela nãoteria sobrevivido. Se tudo o que meaconteceu foi para salvar minha mãe,com certeza absoluta eu vou aceitar oocorrido. Entre andar e ter minhamãe viva, claro que escolho ela.”

Fábio foi operado em agosto.Logo depois, começou a fazer fi-sioterapia. Em pouco tempo con-seguiu ter algumas melhoras, comovirar o pescoço, levantar um pouco osbraços e mexer os punhos. “Na ver-dade, mesmo com evolução, a fichade estar tetraplégico caiu apenasquando me colocaram pela primeiravez na cadeira de rodas. Passei a ver otamanho das minhas limitações”, re-lata. A dependência é grande. Porisso, não pode trabalhar, apesar daspropostas que recebeu. Solange aban-donou o emprego na Câmara dosDeputados desde a época do acidentepara se dedicar ao filho.

Agora, o jovem deposita todassuas esperanças no Projeto Walk,localizado em San Diego, Califórnia.Os especialistas treinam pacientescom ferramentas inovadoras paraque eles desenvolvam as habilidadesnecessárias para caminhar novamen-te. Para Fábio, o simples fato devoltar a mexer os dedos e ter forçanos braços já o ajudaria a ter umavida melhor. “Eu não me iludo emvoltar a andar, porque sei que émuito difícil, mas só de ter maisautonomia já mudaria minha vida,poderia inclusive voltar a trabalhar”,desabafa o jornalista.

Ele espera poder começar o pro-grama em setembro. Até o momento,ele conseguiu R$ 100. Desde ter-ça-feira, quando lançou a campanha,seu blog já teve mais de mil vi-sualizações. Solange aproveita parareforçar os pedidos por doações. “Secada uma dessas mil pessoas quevisitaram o blog depositassem R$ 1 jáseria de grande ajuda”, reforça.