Geotecnologias nas atividades de planejamento da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento de São Paulo
Antoniane Arantes de Oliveira Roque1
Mario Ivo Drugowich1
1 Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI
Centro de Informações Agropecuárias - Ciagro
Av. Brasil, 2340 - Caixa Postal 960
13070-178 - Campinas - SP, Brasil
{antoniane, drugo}@cati.sp.gov.br Abstract. The currently available geotechnologies result in inputs of expressive quality to the actors involved
with land management and planning of physical space. In this article, we intend to present some results of
practical applications for the use of geotechnologies in this institution. Viewed the need for the state to provide
resources and public policies to people who really need, the tools of GIS, combined with a consistent database,
provide better reliability and dynamism of the decisions taken. The methodology adopted is the presentation of
different maps and results obtained on demand at the institution, using Oracle database and software QGIS 1.8,
SPRING 5.2 and ArcGIS 9.3 for vector and matrix manipulation. The results obtained underlie maps and
discussion of the application of such tools in different cases and objectives. It is hoped that the experiences
presented here as a basis to demonstrate the wealth of information that is possible to achieve with the use of the
techniques in question, and the use that is being given to them in case of implementation of public policies in
state of São Paulo/Brazil. The use of geotechnology is an important factor for proper resource allocation,
knowing the demands, difficulties and potentials of each region and presenting himself as the guiding planning
activities with assertiveness of final actions.
Palavras-chave: government, public policy, GIS, census LUPA, governo, políticas públicas, SIG, LUPA.
1. Introdução
O estado de São Paulo responde atualmente por cerca de 1/3 do PIB agroindustrial
brasileiro, despontando entre os principais produtores nacionais e mundiais de diversos
produtos, de diferentes cadeias produtivas, tais como laranja, café, soja e cana-de-açúcar.
Segundo dados do LUPA 07/08 (Levantamento censitário das Unidades de Produção
Agropecuárias) a área no estado, destinada a produção agrícola é de aproximadamente 17,28
milhões de hectares, distribuídos pelo território paulista de acordo com os eixos de produção.
Para uma correta e efetiva gestão do espaço agrícola, visto sua extensão e setorização,
torna-se fundamental o conhecimento da geoespacialização das diferentes temáticas ligadas
ao setor, fazendo-se uso de ferramentas de SIG (Sistemas de Informação Geográfica) na
manipulação de dados coletados por meio de geotecnologias.
As geotecnologias são o conjunto de tecnologias para coleta, processamento, análise e
oferta de informação com referência geográfica (Rosa, 2005), permitindo assim conhecer a
temática, quantificá-la e saber onde esta ocorre.
Os encarregados de tomada de decisões em um órgão público, sendo estes usuários de um
SIG acabam se defrontando, ao longo de seu trabalho, com a questão da decisão correta a ser
tomada, visto que o processo decisório é de fundamental importância para quem faz uso de
tais sistemas (Roque et al, 2009). Ressalta-se, portanto o seu emprego no dia-a-dia das
empresas públicas como suporte à tomada de decisão.
Segundo Lucchese (2004) as políticas públicas podem ser definidas como o conjunto de
disposições, medidas e procedimentos que traduzem a orientação política do Estado e regulam
as atividades governamentais relacionadas às tarefas de interesse público.
O estado de São Paulo, através da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA/SP),
vem investindo em ferramentas e dados que permitam uma efetiva utilização de tais técnicas
de gestão e planejamento com vistas à realização de um investimento do dinheiro público de
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maneira controlada e focada aos problemas e demandas onde estes realmente ocorrem. Dentre
estes, destaca-se o Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agropecuárias, mais
conhecido por Projeto LUPA, responsável pela obtenção da base de dados geoespacializada
da agricultura paulista.
Os SIG, neste contexto, vêm emergindo como uma poderosa tecnologia, porque permitem
aos profissionais da área integrar seus dados e métodos de maneira que apoiem as formas
tradicionais de análise geográfica, tais como análises por sobreposição de mapas bem como
novos tipos de análises e modelagem que vão além da capacidade de métodos manuais. Com
o SIG é possível elaborar mapas, modelar, fazer buscas e analisar uma grande quantidade de
dados, todos mantidos em um único banco de dados (Foote e Lynch, 2007).
As exigências atuais por respostas rápidas e eficazes, e a necessidade do estado em prover
recursos e políticas públicas à população que realmente precisa, evidenciam a necessidade do
uso de SIG e de bancos de dados para um melhor dinamismo e confiabilidade das decisões
tomadas. Espera-se que as experiências aqui apresentadas sirvam de base para demonstrar a
riqueza de informações que são possíveis de se obter com a utilização das técnicas em
questão.
2. Objetivo
Apresentar os trabalhos desenvolvidos pelo Centro de Informações Agropecuárias
(CIAGRO) da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) da SAA/SP, no
gerenciamento e aplicação de políticas públicas voltadas à extensão rural e ao
desenvolvimento da agricultura paulista. Apresentar aplicações práticas do uso dos dados do
projeto LUPA e suas possibilidades de estudo com o uso de ferramentas de geotecnologias.
Demonstrar o uso de dados de sensores remotos no contexto de uma instituição pública, com
caráter prático.
3. Material e Métodos
Para a confecção das análises aqui apresentadas utilizaram-se os softwares: QuantumGIS
versão 1.8, ArcGIS versão 9.3, SPRING versão 5.2 e GRASS GIS versão 6.4 na análise e
manipulação de dados cadastrais alfanuméricos, de dados vetoriais e de dados de sensores
remotos e aerotransportados. O banco de dados é o Oracle versão 9i, utilizado visando a
otimização tanto das aplicações tradicionais de gerenciamento e consulta em banco de dados,
quanto daquelas voltadas para o ambiente Intranet/Internet, possibilitando ainda a inserção de
dados com posições espaciais associadas a eles.
A ferramenta para confecção do portal aqui apresentado é o ArcGIS Server, em ambiente
de servidor Windows 2003, com domínio específico para a funcionalidade.
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4. Resultados e Discussão
Uma opção com grande potencial para gerenciamento de áreas públicas reside na
utilização de imagens de sensores orbitais a bordos de satélites. Na Figura 1a apresenta-se um
mapa no qual utilizou-se a combinação de bandas 321 do sensor TM do satélite Landsat para
o mapeamento de feições produtivas de uma fazenda do estado. Na Figura 1b pode-se
observar uma fusão entre as bandas do sensor HRC e do sensor CCD (composição 342)
ambas do satélite CBERS para a mesma área, a qual serviu de base para a identificação de
problemas de fertilidade na área em estudo.
Figuras 1a e 1b – Mapas com uso de imagens dos satélites Landsat e CBERS
respectivamente.
Outra geotecnologia com grande potencial para identificação de problemas em áreas
rurais é a aerofotogrametria, possibilitando a visualização das feições a serem mapeadas de
acordo com a escala das fotos. Nas Figuras 2a e 2b pode-se observar o uso destas fotos para o
estudo de uma área com pressão antrópica, sendo utilizada na primeira, uma foto aérea do ano
de 2000 ortorretificada e na segunda uma foto aérea do ano de 1972 georreferenciada. Devido
a existência histórica de tais fotos, o comparativo temporal torna-se possível, permitindo-se
assim um acompanhamento das alterações ao longo do tempo.
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Figuras 2a e 2b – Mapas com uso de ortofoto e foto aérea respectivamente.
A gestão de deslocamentos no espaço, baseada em temáticas quantificáveis se torna
facilitada com o uso de um SIG, visto a possibilidade de se espacializar as quantidades a
serem coletadas e ou entregues e o seu cruzamento com os vetores de estradas e rodovias,
realizando-se assim uma análise de redes para se traçar os melhores percursos. Na Figura 3
observa-se um mapa confeccionado para servir de base ao estudo de logística de
deslocamento e coleta de recipientes de agrotóxicos.
Figura 3 – Mapa de suporte a logística de deslocamento.
Outra opção com o uso de sensores remotos orbitais na análise do espaço rural reside no
estudo das áreas setorizadas por bacias. Na Figura 4a observa-se um mapa no qual se fez uso
de imagem do modelo digital de elevação (MDE) do sensor ASTER GDEM a bordo do
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satélite TERRA (disponibilizados pelo METI e NASA), o qual serviu de base para a
delimitação automática de bacia hidrográfica com uso concomitante de vetores de outros
órgãos responsáveis pelo mapeamento sistemático terrestre, bem como pontos coletados a
campo. Na Figura 4b pode-se observar a bacia delimitada anteriormente, para comparativo
dos pontos coletados com imagem de satélite de cor verdadeira do satélite SPOT.
Figuras 4a e 4b – Mapas com uso de imagens dos satélites TERRA e SPOT respectivamente.
A opção pelo uso do MDE do sensor ASTER GDEM, depois de realizado o mosaico das
diferentes imagens que compõem toda a área em estudo, possibilita ainda o reconhecimento
das formas do relevo assimétrico presentes na área (após o fatiamento em faixas de elevação)
conforme pode ser observado na Figura 5.
Figura 5 – Mapa da divisão hipsométrica do estado de São Paulo.
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A gestão da aplicação de recursos públicos torna-se facilitada de acordo com as áreas de
envolvimento da instituição e priorização de acordo com parâmetros específicos de cada
projeto. Nas Figuras 6a e 6b pode-se verificar tal procedimento, sendo a primeira, um mapa
para a priorização de regiões para os planos regionais de desenvolvimento rural sustentável no
estado para a cadeia da fruticultura e a segunda para a cadeia da cafeicultura. Evidencia-se
portanto a facilidade na priorização de recursos de acordo com as características de cada
região.
Figuras 6a e 6b – Priorização de áreas para as cadeias produtivas de fruticultura e cafeicultura
respectivamente.
O uso das geotecnologias coletadas a campo, cruzadas com parâmetros pré-selecionados
em banco de dados, que neste caso é o banco do LUPA, permite ainda a seleção de áreas para
desenvolvimento de projetos, de acordo com as potencialidades de cada região. Como
exemplo apresenta-se o mapa da Figura 7, no qual se verificam áreas determinadas para a
aplicação de programa específico da pasta, para a cadeia da heveicultura.
Figura 7 – Seleção de regiões para aplicação de programa de reordenamento.
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As geotecnologias provêm aos órgãos e empresas diversas informações
georreferenciadas, possibilitando a confecção de banco de dados com extensa quantidade de
informações geográficas. Tais informações podem ser disponibilizadas ao público e ou
clientes por meio de portais na internet, facilitando assim a transparência de ações e
divulgação de resultados por diferentes instituições. Na Figura 8 apresenta-se a tela de
visualização do geoportal do setor de geoprocessamento e mapeamento da CATI, utilizado
para divulgação da espacialização das unidades de produção agropecuária do estado e
diferentes outros vetores ligados a área rural (disponível em http://mapas.cati.sp.gov.br/geo).
Figura 8 – Visualização do geoportal do setor de Geoprocessamento e Mapeamento da CATI.
Historicamente relacionada com o mapeamento, a arte gráfica também se apresenta como
uma excelente forma de se combinar vetores com a transmissão de informações.
Figura 9 – Mapa com arte gráfica das cadeias produtivas do estado de São Paulo.
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Na Figura 9, podem-se observar as diferentes cadeias produtivas de maior expressão
econômica no território paulista, setorizadas de acordo com as regiões produtivas e
demonstradas por meio de fotos. Tal possibilidade dos softwares de SIG, permite uma
transmissão de forma visual de informações e conceitos através de mapa, possibilidade esta
ainda de pouco uso em instituições ligadas ao mapeamento. Tal técnica permite uma
assimilação facilitada pelo público alvo, ajudando na fixação dos conteúdos apresentados.
5. Conclusão e Sugestões
As ferramentas de SIG, aliadas a dados de sensores remotos e dados coletados a campo,
permitem um conhecimento da realidade das diferentes regiões do território em gestão,
podendo-se correlacionar a ocupação do solo com características inerentes do solo.
A alocação de recursos do Estado ao setor agrícola necessita da análise de diferentes
parâmetros socioeconômicos, atrelados às condições de ocupação do espaço rural bem como
do conhecimento da distribuição da demanda no território que se está gerindo. Os SIG
apresentam-se como tendência irreversível de uso em órgãos estratégicos de planejamento e
gestão do espaço físico, pois possibilitam análises rápidas e com grande precisão de áreas
priorizáveis para aplicação de políticas públicas, com diversas ferramentas de análises
gráficas e espaciais.
A geoespacialização das informações permite a fácil visualização de análises, inferências
e distribuição espacial de quantidades, possibilitando uma clara apresentação dos objetivos e
das proporcionalidades de quantidades e estatísticas. O banco de dados cartográfico e
alfanumérico apresenta-se como a peça fundamental para trabalhos em rede e com
alimentação constante de informações.
Os dados de sensores remotos de média resolução disponibilizados pelo INPE (Instituto
Nacional de Pesquisa Espaciais) apresentam excelentes resultados quando aplicados na
análise do espaço rural.
Com a publicação deste trabalho, espera-se ter contribuído com os profissionais da área
para apresentar as atividades com uso de geotecnologias no estado de São Paulo e como tais
ações podem ser utilizadas por diferentes órgãos e empresas do setor.
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ROQUE, A. A. de O. et al. Uso de sistemas de informação geográficas no gerenciamento de políticas públicas: o
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