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FATORES DETERMINANTES PARA O CRESCIMENTO DO VALOR BRUTO DA
PRODUÇÃO DE MILHO NO BRASIL DE 1995 A 2013
DETERMINANT FACTORS FOR GROWTH OF THE GROSS VALEU OF
PRODUCTION OF MAIZE IN BRAZIL FROM 1995 TO 2013
LUIZ HENRIQUE PALOSCHI TOMÉ; THATIELE VIEGAS MOREIRA;
FLÁVIA HACHMANN; DAIANE MARANI GOTARDO
FACULDADE CIDADE VERDE – FCV
[email protected]; [email protected]
Grupo de Pesquisa: Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais.
Resumo O presente artigo analisou os determinantes do crescimento do Valor Bruto da Produção
(VBP) de milho no Brasil no período de 1995-2013 e subperíodos 1995-2003 e 2003-2013.
Para o estudo utilizou-se o método quantitativo shift-share, que descreve basicamente o
crescimento econômico por meio da análise de sua estrutura produtiva, considerando três
variáveis: efeito preço, efeito área e efeito rendimento. Os resultados apresentados mostram
que no período 1995-2013 e subperíodos (1995-2003 e 2003-2013) o efeito que teve maior
representatividade foi o efeito rendimento, sendo o principal determinante para o crescimento
do VBP de milho no Brasil, a uma taxa de 4,74% a.a. De 1995 a 2013, o efeito preço teve
contribuição negativa para o crescimento do VBP, com uma taxa de -2,07% a.a., o efeito área
foi positivo, mas teve uma representatividade baixa, a uma taxa de 0,41% a.a. No subperíodo
1995-2003, o efeito rendimento foi de 4,08% a.a., o efeito preço de 2,59% a.a. e o efeito área
teve influência negativa, com uma taxa de -0,71% a.a. No subperíodo 2003-2013 o efeito
rendimento foi de 4,65% a.a., o efeito área 1,72% a.a. e o efeito preço influenciou
negativamente e de forma significativa, a uma taxa de -5,53% a.a.
Palavras-chave: Milho. Shifit-share. Valor Bruto da Produção.
Abstract This paper analyzed the determinants of growth of the Gross Value of Production (GVP) of
maize in Brazil from 1995-2013 and sub-periods 1995-2003 and 2003-2013. For the study,
we used the quantitative method shift-share, which basically describes the economic growth
through the analysis of its production structure based on three variables: price effect, area
effect and yield effect. The results show that in the period 1995-2013 and sub-periods (1995-
2003 and 2003-2013), the effect it had greater representation was the yield effect, it is the
main determinant for the growth of the GVP of maize in Brazil at a rate of 4.74% per year.
From 1995 to 2013, the price effect had a negative contribution to growth of the GVP, with a
rate of -2.07% per year, the effect area was positive, but had a low representation at a rate of
0.41% per year. In sub-period 1995-2003, the yield effect was 4.08% per year, the price effect
of 2.59% per year and the area effect had negative influence, with a rate of -0.71% per year.
In sub-period 2003-2013 the yield effect was 4.65% per year, the effect area 1.72% per year
and the price effect influenced negatively and significantly, at a rate of -5.53% per year.
Key words: Maize. Shift-share. Gross Value of Production.
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1. Introdução
O presente trabalho tem como objetivo geral analisar os determinantes do
crescimento do Valor Bruto da Produção (VBP) de milho para o Brasil no período 1995 à
2013 e subperíodos 1995-2003 e 2003-2013. Utilizou-se do método quantitativo de análise
shift-share, considerando seus três efeitos: efeito área (EA), efeito rendimento (ER) e efeito
preço (EP).
A escolha do VBP do milho como objeto de análise se deu pela importância que os
grãos têm para o agronegócio brasileiro e por ser o cereal mais produzido no mundo. Segundo
dados da Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO (2015) a produção
mundial de 1995 à 2013 aumentou em 51,0%, passando de um total de 517 milhões de
toneladas em 1995, para pouco mais de 1 bilhão de toneladas em 2013. Neste cenário, Brasil
é, historicamente, o terceiro maior produtor mundial de milho, ficando atrás dos Estado
Unidos (maior produtor) e China (segundo maior produtor).
Além disso, as exportações brasileiras do grão vêm aumentando e, segundo dados do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (2013), no ano de 2013, houve
um recorde nas exportações de milho, atingindo a marca de 26 milhões de toneladas enviadas
ao exterior. Em comparação com 2012, houve um aumento de 16,1%, o que caracterizou um
recorde tanto em quantidade embarcada, quanto no valor recebido pelo milho exportado,
evidenciando o crescimento da relevância do milho para a balança comercial brasileiro e a
inserção do país no mercado internacional.
Ainda, o sistema agroindustrial (SAG) do milho tem extrema importância para o
agronegócio brasileiro, pois somente com a produção primaria o grão é responsável por 37%
do total de grãos produzidos no Brasil. A demanda vem aumentando tanto em âmbito interno
como externo, provando o potencial que o setor tem. Esse potencial é devido ao fato de que o
milho e a soja são insumos básicos para a suinocultura e avicultura, mercados que possuem
competitividade elevada e que vêm gerando significativa receita para o Brasil
(CALDARELLI; BACCHI, 2012).
No Brasil a produção de milho é feita em duas fases (safras). A primeira safra ocorre
entre os meses de agosto a novembro, devido ao clima favorável à produção, e a segunda fase
é conhecida como “safrinha”, na qual o milho é sequeiro, ou seja, sem adição de água por
irrigação, cultivado entre os meses de janeiro e abril, em que o clima é quente e desfavorável
para a produção. No entanto, com o tempo a segunda safra vem elevando os rendimentos do
cultivo, como no estado do Mato Grosso onde a produção maior de milho ocorre nesse
período (EMBRAPA, 2011).
O milho no Brasil tem uma importância significativa, devido sua produção, que
acontece tanto para a subsistência como também em grandes proporções que abastecem o
mercado interno e aos poucos o mercado internacional. Tal importância deriva-se da
quantidade utilizada na ração animal que atualmente é a atividade que mais consome o grão
(PAVÃO; FILHO, 2011).
De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE
(2015), a produção brasileira de milho está concentrada nas regiões Centro-Oeste (44,7%),
Sul (32,5%), e Sudeste (14,9%) que juntas são responsáveis por 92,0% da produção total do
país. No geral, em termos de produção, o estado do Paraná é historicamente o maior produtor
de milho, no entanto em 2013 o responsável pela maior produção foi o Mato Grosso tendo
25,1% na participação total da produção, seguido por Paraná (21,6%) Goiás (9,6%), Mato
Grosso do Sul (9,4%) e Minas Gerais (9,3%), esses estados juntos em 2013 produziram
75,0% da produção total brasileira.
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Os avanços tecnológicos vêm fazendo com que a importância do milho cresça, tal
qual sua participação no PIB do agronegócio brasileiro. É importante ressaltar que no ano de
2013 o setor de cerais ficou com a quinta posição no ranking de exportações agropecuárias,
com uma exportação no valor de US$ 684,81 milhões, e o milho foi responsável por 88,7%
dessas exportações, segundo informações do MAPA (2013).
Por fim, além dessa introdução, este artigo está dividido em mais quatro seções. Na
segunda seção constam as principais informações sobre a caracterização do sistema
agroindustrial do milho no Brasil e os dados dos principais estados produtores do grão. Na
terceira seção encontra-se a metodologia escolhida para elaboração do artigo. A quarta seção
expõe os resultados e discussões do trabalho. Finaliza-se o trabalho com as conclusões, na
quinta seção.
2. Caracterização do Sistema Agroindustrial do Milho
O milho é um importante insumo para produção de inúmeros produtos, nos sistemas
agroindustriais de suínos e de aves é consumido em média 70,0% de todo o milho produzido
no mundo. Nos Estados Unidos, em média, 50,0% é destinado para esse fim e no Brasil, em
torno de 70,0% e 80,0% da produção de milho também é utilizado para tal finalidade
(CHIODI, 2006).
O SAG do milho é considerado um dos segmentos econômicos mais importantes do
agronegócio brasileiro. Levando em consideração a sua produção primária, o milho
corresponde a cerca de 37,0% da produção nacional de grãos. O milho é um insumo básico
para a avicultura e suinocultura, setores que são altamente competitivos em níveis
internacionais e grandes geradores de receitas via exportação (PINAZZA, 2007)
A produção brasileira de milho vem apresentando tendência de crescimento desde o
fim da década de 1980. Fatores microeconômicos, como a rentabilidade maior, juntamente
com um aumento no preço cobrado pelo produtor, relacionados a fatores macroeconômicos,
como a menor intervenção estatal e a retirada de tarifas sobre produtos importados pelo
Tratado de Assunção, trouxe para a produção nacional de grãos uma real competitividade
(CALDARELLI; BACCHI, 2012).
Segundo Caldarelli e Bachi (2012), historicamente o sistema agroindustrial do milho
possui uma pequena parcela de participação no mercado externo, porém esse cenário vem se
modificando. Em 2013 o Brasil foi segundo maior exportador de milho. Segundo CEPEA
(2015), a produção no Brasil possui uma tendência voltada para o mercado doméstico, os
preços do referido grão divergem entre as regiões brasileiras durante as épocas do ano, sendo
assim para formação de preços é considerado fatores domésticos e externos tendo impactos
distintos entre as mesmas, o mercado do milho possui instabilidade histórica na formação de
preços.
A inserção do milho brasileiro no mercado internacional aconteceu principalmente
por alterações na política macroeconômica adotada pelo Brasil. No entanto o fato de que o
Brasil consome a maior parte do milho que produz, e, considerando também a falta de
coordenação do SAG do milho, o baixo credito destinado ao setor, a dependência de políticas
públicas e os preços que são formados pelo mercado interno, não há muita competitividade do
milho brasileiro no mercado internacional, quando comparado com outros países exportadores
(PINAZZA, 2007)
Considerando os dados da balança comercial, fornecidos pelo MAPA (2013), nota-se
que a exportação brasileira de milho ainda apresenta instabilidade. No ano de 2013 foi
exportado 26.610 milhões de toneladas de milho, já no ano seguinte (2014) houve uma queda
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na quantidade exportada sendo enviado 20.639 milhões de toneladas, no entanto o cenário
vem sofrendo mudanças pois nos dados apresentados de janeiro à setembro de 2015 a
exportação brasileira apresentou um aumento de 11,3% quando comparado ao mesmo período
do ano anterior.
O Gráfico 1 apresenta os dados dos maiores produtores mundiais de milho de acordo
com dados da FAO (2015), de 1995 a 2013. A produção dos EUA cresceu 188,17%, da China
194,57%, do Brasil apresentou um crescimento de 221,34%, da Argentina 281,65% e da
Ucrânia 912,48%, com o maior crescimento do período. Observa-se que a produção nos cinco
países analisados alavancou a partir de 2003. Em 2013 os maiores produtores foram Estados
Unidos, responsável por 34,7% da produção mundial de milho, China com 21,5%, Brasil com
7,9%, Argentina com 3,2% e Ucrânia com 3,0%, juntos os cinco países produziram 70,3% de
todo o milho do mundo.
Gráfico 1 – Maiores produtores mundiais de milho – 1995 a 2013 (em milhões de toneladas)
Fonte: autor com base em dados da FAO (2015).
De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA (2013)
os países que mais consomem milho são os Estados Unidos da América (EUA) e a China, que
juntos consomem 53% de toda a produção mundial, em seguida vêm a União Europeia e o
Brasil, que são responsáveis pelo consumo de aproximadamente 19%, em média.
Considerando os dados de importação, o principal importador mundial de milho é o Japão que
importou cerca de 15,98 milhões de toneladas em 2010, em seguida vem a Coreia do Sul
importando 8,46 milhões de toneladas no mesmo ano e o México com 8,3 milhões de
toneladas. Analisando o período foco desse artigo, por meio dos dados, verifica-se que o
cenário de importações pouco se modificou no intervalo de tempo de 1995 à 2013.
A Tabela 1 contém os dados, de 1995 a 2013, referentes a área colhida (em hectares),
a quantidade produzida (em toneladas), o rendimento médio (em toneladas por hectare) ou
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produtividade, o valor bruto da produção (em R$) e o preço médio por tonelada pago ao
produtor (em R$). Os respectivos dados, obtidos junto ao IBGE (2015), demonstram uma
elevação em todas as variáveis, exceto no preço médio, que apesar de algumas oscilações, está
em queda desde 1995. Destaque deve ser dado ao rendimento médio, que teve uma elevação
bem significativa, passando de 2,60 toneladas por hectare (t/ha) em 1995 para 5,25 t/ha em
2013, mais do que dobrando a produtividade.
Tabela 1 – Área colhida (ha), quantidade produzida (t), rendimento médio (t/ha), valor bruto da
produção (R$) e preço (R$/t) de milho no Brasil – 1995 à 2013
Ano Área Colhida
(ha)
Quantidade
Produzida (t)
Rendimento Médio
(t/ha) Valor Bruto R$¹ Preço R$¹
1995 13,946,320 36,266,951 2.60 17,044,310,487 469.97
1996 11,975,811 29,652,791 2.48 16,314,503,299 550.18
1997 12,562,130 32,948,044 2.62 15,120,949,214 458.93
1998 10,585,498 29,601,753 2.80 15,328,670,164 517.83
1999 11,611,483 32,239,479 2.78 15,898,786,393 493.15
2000 11,890,376 32,321,000 2.72 18,186,222,001 562.68
2001 12,335,175 41,962,475 3.40 17,264,727,794 411.43
2002 11,760,965 35,940,832 3.06 19,089,970,646 531.15
2003 12,965,678 48,327,323 3.73 27,068,712,414 560.11
2004 12,410,677 41,787,558 3.37 20,746,908,348 496.49
2005 11,549,425 35,113,312 3.04 16,687,338,395 475.24
2006 12,613,094 42,661,677 3.38 16,945,513,700 397.21
2007 13,767,431 52,112,217 3.79 24,569,063,771 471.46
2008 14,444,582 58,933,347 4.08 30,063,246,936 510.12
2009 13,654,715 50,719,822 3.71 21,990,333,045 433.56
2010 12,678,875 55,364,271 4.37 19,956,307,123 360.45
2011 13,218,892 55,660,235 4.21 27,924,465,664 501.70
2012 14,198,496 71,072,810 5.01 31,172,087,189 438.59
2013 15,279,652 80,273,172 5.25 29,415,740,972 366.45
Fonte: autor com base em dados de IBGE (2015).
¹A preços de agosto/2015, atualizados pelo Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI).
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA
(2015), no que refere-se aos preços do milho no ano de 2013, verifica-se que houve uma
queda significativa causada principalmente pelo recorde nacional de produção e por
expectativas de recorde na safra dos EUA, que possui influência nas exportações brasileiras,
uma vez que é grande exportador. Outros fatores, como compradores retraídos aguardando
uma queda maior nos preços, e necessidade em fazer caixa, colaboraram para as quedas
expressivas, no entanto o principal fator foi o excesso de produção brasileira e norte
americana. Em outubro de 2013 a exportação de milho no Brasil foi recorde, o que fez com
que houvesse uma redução no excedente e assim possibilitou um equilíbrio entre oferta e
demanda, impedindo de que a queda nos preços fosse ainda maior.
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O Gráfico 2 demonstra a evolução da produção nacional de milho e da área colhida
com o referido grão com base nos dados do IBGE (2015), apresentados na Tabela 1. Verifica-
se que a produção vem aumentando desde 1995 (crescimento de 121,3% até 2013), com
destaque para a produção de 2005 à 2013, com um aumento de 128,6%. Observa-se também
que a produção aumentou muito quando comparada a área colhida, a taxa geométrica média
de crescimento da produção foi de 4,51% a.a. (significativa a 1%) de 1995 a 2013, enquanto a
taxa de crescimento médio da área colhida foi de apenas 0,51% a.a. (significativa a 1%),
indicando um aumento na produtividade. Confirmando os ganhos de produtividade
significativos do setor, o rendimento médio (toneladas/hectare) passou de 2,60 em 1995, para
5,25 em 2013, conforme dados da Tabela 1, com uma taxa de crescimento média de 3,99%
a.a. (significativa a 1%) no período.
Gráfico 2 – Evolução da produção e da área colhida de milho no Brasil – 1995 a 2013
Fonte: autor com base em dados de IBGE (2015).
Considerando os estados brasileiros, segundo dados do IBGE (2015), os maiores
produtores nacionais de milho são o Paraná, maior produtor nacional considerando dados
históricos de 1995 a 2012, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Em 2013
a produção nacional de milho este fortemente concentrada nesses cinco estados,
representando 75,0% de todo o milho produzido no Brasil. Essa concentração vem se
elevando, pois em 1995 os mesmos cinco estados concentravam 52,1% da produção nacional
de milho.
Destaque deve ser dado ao Mato Grosso, que em 2013 teve uma produção de 29,0%
superior à sua produção do ano anterior, superando a produção do Paraná e tornando-se o
maior produtor nacional. O estado teve um salto substancial na sua produção de milho de
2011 à 2013 (160,0%). Em 1995, o estado era o quinto maior produtor, com apenas 3,4% da
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produção brasileira. O Gráfico 3 demonstra a evolução da produção de milho para os cinco
estados que mais produziram o grão no Brasil, de 1995 a 2013.
Quando comparadas as taxas médias de crescimento da produção de milho por
estado, fica evidente a expansão da cultura para os estados do Centro-Oeste. Mato Grosso foi
o que mais elevou sua produção (16,8% a.a.), seguido por Mato Grosso do Sul (9,7% a.a.),
Goiás (4,5% a.a.), Minas Gerais (3,9% a.a.) e Paraná (3,7% a.a.) (todas as taxas significativas
a 1%). Os dados demonstram a importância do Centro-Oeste enquanto fronteira agrícola
nacional.
Gráfico 3 - Maiores produtores nacionais de milho – 1995 a 2013 (em milhões de toneladas)
Fonte: autor com base em dados do IBGE (2015).
Na presente seção foram apresentadas e analisadas brevemente as principais
informações e características do SAG do milho no Brasil e sua evolução de 1995 a 2013.
Dispondo de informações sobre a quantidade produzida, área colhida, rendimento e valor
bruto da produção, foi possível compreender a importância do setor e seu significativo
crescimento nos últimos anos. Nesse interim, analisar os determinantes desse crescimento se
mostra relevante. Dessa forma, na seção seguinte é apresentada a metodologia de pesquisa e o
modelo shift-share, utilizado para análise do crescimento do VBP de milho no Brasil.
3. Metodologia
A referência metodológica escolhida para realizar a análise dos determinantes de
desenvolvimento do crescimento do valor bruto da produção de milho para o Brasil foi o
modelo shift-share ou modelo quantitativo diferencial-estrutural, muito utilizado nos estudos
da agropecuária brasileira, os autores selecionados como base de estudo são: Igreja et al.
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(1983), Yokoyama (1990), Shikida e Alves (2001), Araújo e Campos (2001) e Filgueiras
(2002).
A metodologia shifit-share descreve-se basicamente do crescimento econômico
através de sua estrutura produtiva. O método é integrado por um grupo de identidades com
diferenciadas hipóteses de causalidade, que tem por objetivo identificar componentes de
crescimento através de análise da estrutura produtiva (SIMÕES, 2005).
Para efetuar a análise do crescimento do valor bruto da produção de milho do Brasil
foram selecionadas três variáveis: rendimento médio (produção), em toneladas por hectare
(t/ha); área colhida, em hectares (ha); e, preço médio, em Real pago por tonelada (R$/t). A
análise foi feita em três partes, em que a primeira analisa os anos 1995 à 2003, posteriormente
analisa-se os anos 2003 à 2013 e por fim os anos 1995 à 2013. Foi utilizado o método shift-
share para efetuar toda a análise.
O cálculo inicial do VBP do milho utiliza-se (0):
(1)
O cálculo para o período final (t):
(2)
Na qual: V = VBP de milho (R$1,00);
A = área colhida de milho (ha);
R = rendimento médio (t/ha); e,
P = preço médio pago ao produtor (R$/t).
Portanto, V é o VBP do milho (R$:1,00); A é a área colhida de milho em Hectare
(ha); R é o rendimento médio, produção de milho em toneladas por Hectares (t/ha); e P é o
preço médio pago no milho ao produtor em Reais por toneladas (R$/t), para variar a área
colhida (A) em determinado período e as demais manterem-se constantes, obtém:
(3)
Observando as variações para área colhida (A) e também para o rendimento médio
(R) no período, e mantendo como constante o preço médio pago para o produtor (P), obtém:
(4)
A variação total entre os períodos inicial (0) e final (t) se dá por umas das expressões
a seguir (5) ou (6):
(5)
(6)
Onde:
variação total do VBP do período inicial ao final. As variáveis explicativas
são refletidas por três efeitos exibidos através das expressões que formam a equação (6):
- variação total no VBP do período inicial (0) ao final (t) modificando
apenas a área colhida, é designado como efeito área (EA);
variação total no VBP do período inicial (0) ao final (t) modificando
somente o rendimento, é designado como efeito rendimento (ER); e,
variação total no VBP do período inicial (0) ao final (t) modificando
apenas o preço, é designado como efeito preço (EP).
O efeito área permite analisar a variação no VBP determinada por alterações na área
colhida no período em que se refere, tornando possível também estimar a influência de um
crescimento ou redução da área cultivada sobre o VBP. Com o efeito preço verifica-se as
alterações no VBP vindas da modificação do preço do milho, e com o efeito rendimento
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retrata-se as alterações do VBP quanto ao aumento ou queda da produtividade ligada ao fator
tecnologia.
Com o objetivo de obter os valores dos três efeitos em taxas anuais de crescimento
expondo em porcentagem a variação total do VBP, foi utilizado o processo apresentado por
Shikida e Alves (2001). Dividindo-se as duas partes da equação (6) por ( - ) e
multiplicando-as por:
(7)
O número de anos analisados no período é representado por t; e a taxa anual média
de variação no VBP do milho, representada por r, em porcentagem que resulta na expressão:
(8)
Na qual:
efeito área (EA).
efeito rendimento (ER).
efeito preço (EP).
Sendo assim, os efeitos área, preço e rendimento foram expostos em taxas de
crescimento anuais, que quando somadas representam a variação total do VBP. Para realizar
este estudo foi coletado dados de pesquisa de área colhida – em hectares (ha) – e o rendimento
médio – em toneladas por hectare (t/ha) através do Sistema IBGE de Recuperação Automática
(SIDRA). Contudo, o preço médio não é fornecido como variável separada pelo SIDRA.
Porém, o banco de dados informa a variável “valor da produção”, que de acordo com IBGE
(2002, p. 39) é a quantidade produzida multiplicada pelo preço médio ponderado. Dessa
forma, foi realizado o inverso da multiplicação para resultar no preço médio ponderado pago
ao produto em real por tonelada (R$/t).
Outrossim, houve a necessidade de deflacionar os valores monetários utilizados para
análise por meio do IGP-DI, o mesmo considera a variação dos preços que afetam diretamente
a atividade econômica realizada em território nacional. O índice é calculado pela Fundação
Getúlio Vargas (FGV) mensalmente, e foi atualizado para preços reais de setembro de 2015
(FGV, 2013).
4. Resultados e Discussão
A aplicação do modelo shift-share sobre o crescimento do valor bruto da produção
brasileira de milho se deu com o objetivo de analisar os determinantes desse crescimento.
Para tanto, considerou-se o crescimento do VBP do milho sob três efeitos: efeito área, efeito
rendimento e efeito preço. A análise abrange o período 1995 à 2013, divido em dois
subperíodos, 1995 à 2003 e 2003 à 2013. Esta seção é composta pelos resultados obtidos com
a aplicação do modelo e a discussão sobre os mesmos.
Verifica-se por meio da Tabela 2, que, no período 1995 à 2013 o VBP do milho para
o Brasil apresentou um crescimento médio de 3,08% ao ano. O efeito área teve um aumento
pouco significativo de 0,41% a.a. Com relação ao efeito preço, o mesmo teve
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representatividade negativa com uma taxa anual de -2,07%, o que significa que o preço
influenciou de maneira negativa o crescimento do VBP no período. Sendo assim é possível
verificar que o efeito rendimento é o que possui mais representatividade na evolução do VBP,
com uma taxa de crescimento de 4,74% a.a. Esses resultados reforçam a constatação, na seção
2, de que a produtividade tem contribuído de forma capital para o crescimento da produção
nacional de milho e, como os dados demonstram, para a elevação do seu VBP.
Tabela 2 – Taxa anual média de crescimento do VBP de milho para o Brasil no período analisado
Taxa de Crescimento do VBP
Período Crescimento VBP Decomposição
Efeito Área Efeito Rendimento Efeito Preço
1995/2013 3,0796 0,4054 4,7422 -2,0679
1995/2003 5,9537 -0,7116 4,0783 2,5869
2003/2013 0,8366 1,7185 4,6493 -5,5312
Fonte: elaboração própria a partir de dados da pesquisa.
Analisando os subperíodos, pôde-se constatar que o subperíodo 1995 à 2003 teve
uma taxa de crescimento médio anual maior, com 5,95% a.a., e no subperíodo 2003 à 2013 a
taxa de crescimento foi bem menor comparativamente, ficando em 0,84% a.a. Para o primeiro
subperíodo o efeito que foi determinante para o crescimento do VBP foi efeito rendimento
(4,08% a.a.) responsável por 68,50% da elevação no VBP. É importante ressaltar que
excepcionalmente nesse primeiro período o preço correspondeu positivamente, com uma taxa
de 2,59% a.a., sendo responsável por 43,45% do total do crescimento do VBP. Já o efeito área
foi negativo, com uma taxa de -0,71% a.a.
No segundo subperíodo (2003 à 2013), o efeito área contribuiu para a elevação do
VBP de milho, com uma taxa média de 1,72% a.a. Assim como no subperíodo anterior, o
efeito rendimento teve uma representatividade maior no crescimento do VBP, com uma taxa
média de 4,65% a.a. Neste subperíodo, o efeito preço teve uma contribuição negativa
considerável, com uma taxa anual de -5,53%, o referido efeito foi o responsável pela queda
significativa no desempenho do VBP em comparação ao primeiro subperíodo.
Com base nos dados, pode-se constatar que o efeito rendimento foi determinante com
relação ao crescimento do VBP de milho no Brasil no período 1995 à 2013. Nota-se que esse
efeito se mostrou pouco mais significativo nos anos mais recentes, uma vez que o mesmo
passou de 4,08% a.a. entre 1995 e 2003, para 4,64% a.a. entre 2003 e 2013. Esse resultado
demonstra que o Brasil vem ganhando em produtividade agrícola e isso tem contribuído para
elevação da produção sem a necessidade de crescimento da área cultivada.
O efeito área, que no primeiro subperíodo apresentou uma taxa de -0,71% a.a.,
impactando de maneira negativa o VBP, teve uma taxa de 1,72% a.a. entre 2003 e 2013,
contribuindo para o crescimento do VBP ao longo de todo o período analisado. Isso evidencia
uma elevação na área cultivada nesse último subperíodo. Essa elevação na área de cultivo
entre 2003 e 2013 está fortemente concentrada na região Centro-Oeste do Brasil, uma vez que
a mesma teve uma taxa de crescimento da área colhida de milho de 10,31% a.a. nesse
período, já a região Norte teve uma elevação de apenas 0,11% a.a., enquanto as outras regiões
tiveram queda na área. Ressalta-se ainda que de 1995 a 2003 a região Centro-Oeste foi a única
a elevar sua área colhida com milho, com uma taxa de crescimento de 3,22% a.a. Nota-se que
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a região Centro-Oeste foi a que mais contribuiu para o crescimento do VBP de milho em
termos de efeito área.
No entanto, o que impediu que houvesse uma maior evolução do VBP de milho no
Brasil foi o efeito preço, que influenciou negativamente o subperíodo 2003 à 2013, com uma
taxa de -5,53% a.a. Mesmo com uma influência positiva a uma taxa média de 2,59% a.a. no
primeiro subperíodo (1995 à 2003), a queda nos preços no segundo subperíodo, evidenciada
pelo efeito preço negativo, contribuiu para o baixo desempenho do VBP e para um efeito
preço negativo ao longo do período total analisado (1995 à 2013).
O efeito preço positivo no primeiro subperíodo analisado (1995 à 2003) pode ser
explicado pela elevação no consumo doméstico pelo segmento animal. A suinocultura e
avicultura consumiram juntas cerca de 75% de todo o milho produzido no país nesse primeiro
período. Ressalta-se ainda que em 2001 o Brasil se inseriu no mercado internacional
exportando milho, estimulado pela desvalorização do Real a partir de 1999, o que também
gerou uma pressão sobre os preços do grão, que passaram a ter influência do mercado
internacional (PINAZZA, 2007). Ainda, no ano de 2002, segundo CEPEA (2015), apesar da
desvalorização cambial, os preços no mercado externo tinham retomado o equilíbrio e houve
uma queda na produção brasileira, motivada pela menor rentabilidade que o grão propunha
quando comparado a outros cultivos, essa conjuntura manteve o preço do milho em alta.
A queda da área no subperíodo 1995 à 2003 foi causada por fatores
microeconômicos, e também às mudanças na política econômica do Brasil, que nesse período
praticou a liberação do comercio e a diminuição da intervenção do estado para o setor agrícola
(PINAZZA, 2007). Por meio das análises realizas, e segundo CEPEA (2015), no período em
questão o que determinou a queda da área foram as expectativas criadas pelos produtores com
relação ao preço de venda, quando as expectativas são de maior rentabilidade há uma
elevação na área plantada, no entanto quando as expectativas são de rentabilidade menor, há
uma queda na área destinada ao cultivo do milho. Considerando também que o grão faz
rotação de plantio com a soja, e além das expectativas, fatores climáticos impactaram na
redução de área. A área colhida de milho no Brasil nesse subperíodo teve uma taxa média
negativa de variação de 0,91% a.a., com queda em todas as regiões do país (Norte, -1,92%
a.a; Nordeste, -2,22% a.a.; Sudeste, -1,86% a.a.; e, Sul, -1,20% a.a.), com exceção do Centro
Oeste, que apresentou crescimento médio da área de 3,22% a.a.
As tecnologias adotas para melhoramento das sementes, novas técnicas de manejo, o
surgimento das sementes geneticamente modificadas e uma melhor preparação do solo
impulsionaram a produtividade do milho para subperíodo 1995 a 2003, elevando o
rendimento que possui uma participação expressiva, simultaneamente com o bom
desempenho do efeito preço no subperíodo para a evolução de 5,95% do VBP (EMBRAPA,
2014).
Para o segundo subperíodo, 2003 à 2013, o fator principal para o crescimento do
VBP foi claramente o efeito rendimento, uma vez que o efeito preço influenciou fortemente
de forma negativa. No entanto cabe relacionar que as expectativas e posteriormente grandes
produções, resultaram em estoque excessivo de milho influenciando a queda de preços. Por
meio de dados coletados no CEPEA (2015) o estoque final de 2004 colaborou para a queda
inicial dos preços que posteriormente, em 2006, apresentou uma queda ainda maior devido
aos focos de febre aftosa no Brasil e à gripe aviária em diversos países, que reduziram o
consumo do grão para ração animal, resultando em sobra nos estoques e preços abaixo da
média. No mais, o que influencia a queda nos preços é a incerteza e as oscilações, a produção
excessiva e a alta estocagem, tal qual como aconteceu em 2010, em que foi registrado o
menor preço pago aos produtores.
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O efeito rendimento positivo teve importância significativa que contribuiu para o
bom desempenho no resultado do VBP. No segundo subperíodo o avanço está ligado aos
ganhos em tecnologia que o setor obteve no período. Houve ganhos tecnológicos em termos
de sementes tal qual sementes que possuem tratamentos industriais para que o manejo e a
adaptação de clima e solo sejam eficientes na hora da colheita, a inovação da semente em que
são introduzidos genes que combatem as pragas do solo e afetam determinados insetos que
são vulneráveis a toxina, chamada de semente BT Bacillus thuringiensis, tem aumentado a
resistência do grão, evitando algumas perdas causadas pelos insetos (EMBRAPA, 2009).
Os ganhos tecnológicos em termos de maquinários também possibilitam que os
plantios sejam cada vez mais uniformes, o que, juntamente com os estudos realizados com o
solo, permitem que haja um maior aproveitamento e aumento de espaço e de produtividade.
Cabe ressaltar que houve ainda um aumento de tecnologia na genética dos híbridos. Fatores
climáticos favoráveis na maior parte do subperíodo analisado, interligado com as tecnologias
e avanços aplicados ao decorrer do subperíodo 2003 à 2013 explicam o aumento expressivo
da rentabilidade. Atualmente as sementes de milho dispõe de tecnologias que permitem a
adaptação nas regiões mais atípicas a ser cultivado. Além disso, o plantio é feito em dois
períodos, variando conforme a região, garantindo maior aproveitamento da área de cultivo
disponível em várias regiões do território nacional (PEIXOTO, 2011).
Gráfico 4 – Taxa anual média de crescimento do VBP de milho para o Brasil no período analisado
Fonte: autora com base em dados de IBGE (2015).
No Gráfico 4 visualiza-se os dados da análise conforme consta na Tabela 2 sobre o
comportamento do crescimento total do VBP de milho no período 1995 à 2013 e subperíodos
1995 à 2003 e 2003 à 2013, divididos entre os efeitos considerados (área, rendimento e
preço). É evidente que o preço de maneira geral não foi o fator que influenciou para o
crescimento obtido, contribuindo para a queda no desempenho do VBP do milho. O efeito que
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teve maior representatividade foi o efeito rendimento que foi superior ao efeito área e o efeito
preço nos dois subperíodos, que, conforme mencionado, foi devido aos avanços tecnológicos
conquistados pelo setor no decorrer do período estudado.
5. Conclusões
O objetivo geral do estudo realizado foi identificar os determinantes do crescimento
do VBP do milho para o Brasil, desse modo utilizou-se três efeitos, o efeito área, efeito preço
e efeito rendimento, analisando estes no período de 1995- 2013 e subperíodos 1995-2003 e
2003-2013. De maneira geral, observou-se com os resultados que o VBP de milho no Brasil
de 1995 a 2013 apresentou um crescimento médio de 3,08% a.a., sendo que o avanço foi
muito maior de 1995 à 2003, com uma taxa média de 5,95% a.a., impulsionado pelo preço e
pelo rendimento, do que de 2003 à 2013, com uma taxa de apenas 0,87% a.a.
A princípio acreditava-se que efeito rendimento havia elevado o VBP de milho no
Brasil, uma vez que a área aumentou em proporção menor quando comparada com a produção
no período e nos subperíodos em análise. Tal consideração pode ser comprovada pelos
resultados obtidos por meio da análise shift-share. Nesse contexto, para o período 1995 à
2013, o efeito rendimento (4,74% a.a.) se sobressaiu com relação ao efeito área (0,41% a.a.) e
feito preço (-2,07% a.a.). O efeito rendimento também foi o maior entre os demais para os
dois subperíodos, apresentando um crescimento de 4,08% a.a. de 1995 à 2003 e de 4,65% a.a.
de 2003 à 2013. Portanto, verifica-se que o efeito rendimento foi o fator determinante para o
aumento do VBP no Brasil nos dois subperíodos analisados, podendo ser justificado pelas
novas tecnologias implantadas, melhor aproveitamento de solo, sementes geneticamente
modificadas e cultivos em dois períodos em diversas regiões brasileiras.
Com referência aos subperíodos, no primeiro (1995-2003) destaca-se o efeito
rendimento (4,08% a.a.) juntamente com o efeito preço (2,59% a.a.) que tiveram participação
positiva cooperando com a elevação no VBP de milho. O efeito área teve influência negativa
(-0,71% a.a.) devido as expectativas criadas pelos produtores, causando uma queda na área
plantava e uma valorização do milho uma vez que a procura pelo grão aumentou resultado do
aumento do consumo doméstico e inserção no mercado internacional, o que também explica o
efeito preço positivo. No entanto analisando o segundo subperíodo (2003-2013), observa-se
que o preço não se manteve, e sofreu várias oscilações tendo uma representatividade negativa
significativa para o segundo subperíodo, de -5,53% a.a. enquanto o efeito rendimento
apresentou taxa de crescimento média de 4,65% a.a. e o efeito área de 1,72% a.a.
Destaca-se ainda que esse resultado positivo do efeito área no período total e no
segundo subperíodo se deve em grande medida a forte elevação na área colhida do Centro
Oeste. A região foi a única a elevar a área entre 1995 a 2003 (crescimento de 3,22% a.a.) e a
que mais teve expansão na área colhida de 2003 à 2013 (elevação de 10,31% a.a.). Isso se
projeta na produção, uma vez que a região também foi a que mais elevou a quantidade
produzida de 1995 à 2013 (aumento de 10,21% a.a.), demonstrando uma forte contribuição da
elevação da área para o crescimento do VBP de milho nessa região. Esse cenário reflete os
movimentos de fronteira agrícola em direção ao Centro Oeste brasileiro, principalmente na
produção de grãos.
Por fim, o presente estudo apresentou a importância que o milho brasileiro vem
conquistando em virtude de ganhos em produtividade, elevando sua eficiência e sua
participação na produção mundial e no mercado internacional, ainda que de forma tímida. Há
no setor um elevado potencial de expansão vinculado ao progresso tecnológico que eleve sua
produtividade. O mercado para o grão é extenso e com grande possibilidade da inserção
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nacional, uma vez que o milho é o principal insumo para a ração animal, setor que consome
em média 70% da produção mundial do grão. Sugere-se para pesquisas futuras, uma
comparação do crescimento do VBP de milho entre os estados brasileiros com maior
representatividade na referida cultura.
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