UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
Escola
Superior
Politécnica
do Namibe
DEI Contabilidade e
Gestão
Namibe
2015
Empreendedorismo como
Motivação para o Ingresso em
Contabilidade e Gestão na ESPtN
Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em
Contabilidade e Gestão
José Cambinda Dala
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
UNIVERSIDADE MANDUME YA
NDEMUFAYO
ESCOLA SUPERIOR POLITÉCNICA DO
NAMIBE Departamento de Contabilidade e Gestão
Empreendedorismo como Motivação para
o Ingresso em Contabilidade e Gestão na
ESPtN
Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em
Contabilidade e Gestão
José Cambinda Dala, aluno nº. 2014184045
Trabalho orientado por:
Doutoranda Teresa Almeida Patatas
Namibe
2015
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
À minha esposa e meus filhos
(Arlete, Armistício e Kalissa)
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
AGRADECIMENTOS
Esta obra é o resultado de um pensamento que tive e que foi sendo lapidado
graças ao apoio de algumas pessoas a quem deixo, aqui, registado o meu
agradecimento:
À professora Teresa Patatas, que depois de ser indicada como minha tutora,
ouviu o meu pensamento, iluminou-o sugerindo o tema e arregaçou as mangas
dando corpo ao mesmo;
À professora Alice Cañedo, que me apoiou nos primeiros passos do
anteprojecto e nos últimos passos da monografia;
Aos meus professores, por tudo que aprendi com eles;
Ao colega Armando – companheiro de luta, por me permitir consultar alguns
livros e pela força e coragem na caminhada;
À direcção do BUE1/Namibe, do INEFOP e BPC/Namibe, pelos dados
estatísticos que me forneceram para sustentar esse trabalho;
À minha mãe, irmãos, família e amigos que perceberam os motivos das
minhas faltas;
À minha esposa, pelo amor e paciência. E, pelo perdão dos meus filhos que
um dia irão perceber a “distância” que algumas vezes mantive deles.
A todos deixo o seguinte poema Dalangola, como forma de agradecimento:
Não é em vão que os professores ensinam,
Nem é em vão que os alunos estudam,
Nisto as sociedades ganham;
Nota não basta para aprovar,
Nunca deixe de aprender e aplicar.
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RESUMO
Angola, na sua reconstrução, procura minimizar o desemprego. Com este
propósito incentiva-se alternativas, sendo uma destas o empreendedorismo,
principalmente através dos órgãos de comunicação social. O empreendedorismo é
considerado pelo poder político como uma base para o desenvolvimento económico
e social do país e por isso é apoiado pelo Governo. Neste trabalho questiona-se se o
empreendedorismo é uma motivação para o ingresso no Ensino Superior,
colocando-se como problema investigativo: Será que os estudantes que ingressaram
em 2015 no curso de Contabilidade e Gestão, na ESPtN, têm como uma das
motivações o empreendedorismo? Trata-se, portanto, de um estudo de caso que
revela as motivações que levaram os estudantes a escolher esse curso, e se o
empreendedorismo consta destas. Esta monografia é uma pesquisa bibliográfica e
documental, na qual a recolha de dados empíricos ocorreu por aplicação de
questionários a uma amostra aleatória estratificada de estudantes do curso. Os
resultados advindos da investigação mostram a realidade estudantil na área
motivacional no início dos estudos do Ensino Superior neste curso em particular e
poderão ser aplicados em várias áreas pela instituição e pelos interessados nesta
temática.
Palavras-chave: Empreendedorismo; Motivação; Estudante; Ensino Superior.
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ABSTRACT
Angola, in its reconstruction, tries to minimize the unemployment. With this
purpose it motivates alternatives, being one of these the entrepreneurship, mainly
through the social means of communication. The entrepreneurship is considered by
the political power as a base for the economic and social development of the country
and for that it is supported for the Government. In this work the entrepreneurship is
questioned if it is a motivation for the ingress in the Higher Education, being the
research problem: Do the students, which entered in 2015 in the course of
Accounting and Management, in ESPtN, have the entrepreneurship as one of their
motivations? It is treated, therefore, of a case study that reveals the motivations that
move the students to choose that course, and if the entrepreneurship consists of
these ones. This monograph is a bibliographical and documental research; the part
of collecting empirical data was by the application of questionnaires to a stratified
aleatory sample of students of the course. The results from the investigation show
the student reality in the motivational area in the beginning of the studies of the
Higher Education in this course and they can be applied /used in several areas by
the institution and by the interested ones in this thematic.
Key Words: Entrepreneurship; Motivation; Student; Higher Education.
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LISTA DE ACRÓNIMOS
APTSS - Administração Pública, Trabalho e Segurança Social.
BUE – Balcão Único do Empreendedor.
BPC - Banco de Poupança e Crédito.
CLESE - Centro Local de Empreendedorismo e Serviços de Emprego.
EGU - Escola de Estudos Gerais Universitários.
ERG – Existence, Relatedness and Growth.
ESPtN – Escola Superior Politécnica do Namibe.
FAJE - Fórum Angolano de Jovens Empreendedores.
FAS - Fundo de Apoio Social.
IES – Instituição de Ensino Superior.
IFE – Instituto de Fomento Empresarial.
INAPEM – Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e Médias Empresas.
INEFOP - Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional.
INIDE – Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento da Educação.
ISEP - Instituto para o Sector Empresarial Público.
MPDTA - Ministério do Planeamento e do Desenvolvimento Territorial de Angola.
ONG - Organizações Não Governamentais.
PND - Plano Nacional de Desenvolvimento.
PNFQ – Plano Nacional de Formação de Quadros.
PROAPEN - Programa de Apoio ao Pequeno Negócio.
SWOT – Strenghts, Weaknesses, Opportunities and Threats.
TCCE – Ter Conhecimento para poder criar uma empresa.
UAN - Universidade Agostinho Neto.
UMN - Universidade Mandume Ya Ndemofayo.
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LISTAS DE FIGURAS
Figura
1.1– Pirâmide das necessidades de Maslow.
2.1 – População beneficiária de crédito por década de nascimento e sexo (BUE1).
2.2 – População beneficiária de crédito por ramo de negócio e sexo (BUE1)..19
2.3 – Formandos Controlados pelo INEFOP/Namibe.
2.4 – Bacharéis Formados.
2.5 – População e Amostra do Estudo.
2.6 – Relação dos estudantes com a ocupação.
2.7 – Taxa de Respostas do primeiro bloco de questões do questionário.
2.8 – Pontuação obtida nas questões/motivação.
2.9 – Resultado das três motivações consideradas mais importantes.
2.10 – Resultado das três motivações consideradas menos importantes.
2.11 – Resultados sobre a capacidade de criar uma empresa.
2.12 – Resultado dos dois aspectos considerados mais difíceis.
2.13 – Resultado dos dois aspectos considerados menos difíceis.
2.14 – Resultados da TCCE.
2.15 – Resposta dos estudantes sobre se consideram-se capaz de criar uma
………empresa face a motivação TCCE.
2.16 – Relação TCCE / Planear.
2.17 – Relação TCCE / Pôr em prática/executar.
2.18 – Relação TCCE / Informação de como fazer.
2.19 – Relação TCCE / Formação específica na área.
2.20 – Relação TCCE / Empréstimo bancário.
2.21 – Relação TCCE / Empréstimo não bancário.
2.22 – Relação TCCE / Apoio familiar.
2.23 – Relação TCCE / Espaço/lugar.
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LISTAS DE QUADROS
Quadro
2.1 - População residente por município, segundo o sexo e o índice de
…….masculinidade.
2.2 – Resultados sobre o sexo da amostra.
2.3 – Resultados sobre a idade da população inquerida.
2.4 – Resultados sobre os motivos de entrada da população na ESPtN.
2.5 – Resultados sobre dificuldades na criação duma empresa.
2.6 – Resultados sobre empreendedorismo.
2.7 – Resultados sobre definição de Empreendedorismo.
2.8 – Correlação da TCCE com o primeiro bloco de questões.
2.9 – Correlação da TCCE com a capacidade de criar empresa.
2.10 – Matriz SWOT.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
I. MARCO TEÓRICO .................................................................................................... 13
1.1. EMPREENDEDORISMO ............................................................................. 13
1.1.1. Empreendedor ....................................................................................... 14
1.1.2. Empreendedorismo em Angola ............................................................. 16
1.2. MOTIVAÇÃO ................................................................................................ 21
1.2.1. Teorias Ligadas à Motivação ................................................................. 22
1.3. ENSINO SUPERIOR em angola .................................................................. 24
II. APLICAÇÃO EMPÍRICA: ESPtN ........................................................................ 26
2.1. CONTEXTO LOCAL ..................................................................................... 26
2.1.1. Província do Namibe ............................................................................. 26
2.1.2. Empreendedorismo no Namibe ............................................................. 27
2.2. ESTUDO DE CASO: ESPtN ........................................................................ 31
2.2.1. Percurso Histórico da instituição ............................................................ 32
2.2.2. Perfil da instituição ................................................................................. 32
2.2.3. Curso de Contabilidade e Gestão .......................................................... 33
2.2.4. Recolha de Dados ................................................................................. 34
2.2.5. Análise e Resultados dos Dados ........................................................... 36
CONCLUSÃO .............................................................................................................. 59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 61
APÊNDICES ................................................................... Erro! Marcador não definido.
ANEXOS ........................................................................ Erro! Marcador não definido.
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INTRODUÇÃO
Em Angola o Empreendedorismo tem sido muito debatido, divulgado e
incentivado, especialmente, pelos meios de comunicação social como um meio de
colmatar o desemprego nacional e promover outro meio de sustentabilidade familiar.
Ultimamente é leccionado, em projectos-piloto, em algumas escolas em vários níveis
de ensino para uma melhor preparação da camada jovem nesta área. O Estado
angolano intervém de vários modos, como por exemplo, definindo políticas que
visam promover o Empreendedorismo.
Na província do Namibe, o empreendedorismo é também apoiado e
incentivado. Mas questiona-se se é uma motivação para o ingresso no Ensino
Superior local. A primeira Instituição de Ensino Superior na Província foi a Escola
Superior Politécnica (ESPtN) e o curso com mais alunos, o de Contabilidade e
Gestão. Assim coloca-se o seguinte problema investigativo: Será que os estudantes
que ingressaram em 2015 no curso de Contabilidade e Gestão, na ESPtN, têm como
uma das motivações o empreendedorismo?
O que leva a hipótese: os estudantes que ingressaram em 2015 no curso de
Contabilidade e Gestão, na ESPtN, têm como uma das motivações o
empreendedorismo.
O presente trabalho, realiza-se entre Março e Outubro de 2015 e tem como
objectivo geral: Constatar se o empreendedorismo faz parte das motivações dos
estudantes para o ingresso no curso de Contabilidade e Gestão na Escola Superior
Politécnica do Namibe (ESPtN).
Os objectivos específicos são:
1. Indagar as teorias sobre a importância das motivações dos
estudantes.
2. Demonstrar se o Empreendedorismo é uma das motivações dos
estudantes do primeiro ano do curso de Contabilidade e Gestão na
ESPtN em 2015.
A pesquisa é pertinente pela actualidade do tema e pela necessidade de
conhecer as motivações dos recém-chegados à instituição, pois este conhecimento
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poderá trazer alterações benéficas na inserção académica, no currículo do curso e
no modo da ESPtN percepcionar o novo estudante, de modo a ir de encontro ao
expectado por estes.
Este trabalho baseia-se numa pesquisa bibliográfica e documental,
complementada com uma entrevista estruturada exploratória. É um estudo de caso,
em que a população é constituída pelos estudantes recém-ingressados no citado
curso e a amostra é estratificada aleatória, composta por estudantes regulares e
pós-laborais. Sobre esta faz-se a recolha de dados através de questionários.
A monografia está dividida em dois capítulos: no primeiro encontra-se o
marco teórico onde aborda-se conceitos sobre empreendedorismo e também
focando o empreendedor e o empreendedorismo em Angola. Segue-se a motivação
e as teorias ligadas àquelas que podem ser aplicadas neste caso. Depois apresenta-
se sumariamente o Ensino Superior em Angola. O segundo capítulo é a aplicação
empírica: começa com a contextualização da província do Namibe; seguindo-se o
empreendedorismo no Namibe; depois estreita-se para o estudo de caso: ESPtN.
Aqui fala-se do percurso histórico e o perfil da instituição; depois foca-se no curso de
Contabilidade e Gestão; seguidamente aparece a recolha de dados, a sua análise e
os respectivos resultados. Estes resultados poderão ser uma mais-valia para a
compreensão desta realidade estudantil e uma base para uma futura intervenção
institucional nessa área.
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I. MARCO TEÓRICO
O marco teórico tem como alvo ser uma fundamentação para a investigação
através da pesquisa bibliográfica sobre vários autores conceituados e busca
documental sobre o tema.
1.1. EMPREENDEDORISMO
Sobre as origens do empreendedorismo Pina e Ferreira (2014), afirmam que
“foi precisamente para responder ao problema do desemprego que o tema do
empreendedorismo apareceu, a partir dos últimos anos do século passado, como
um tópico central da agenda económica de vários países.” (p. 10).
A palavra Empreendedorismo, de acordo com Zengo1 (Prefácio de Santos,
2014) tem origem no termo empreender e “significa realizar, fazer ou executar.” (p.
20). Alguns autores explicam empreendedorismo: Chiavenato (2012) afirma que
este “reflete a prática de criar novos negócios ou revitalizar negócios já existentes”
(p. 5). De modo complementar, Silva e Monteiro (2013) mostram-no como a criação
de um negócio/emprego próprio tendo em conta um risco calculado. Para Zengo (id.)
“é o estudo voltado para o desenvolvimento de competências e habilidades
relacionadas com a criação, estruturação e execução de projectos com o objetivo de
alcançar resultados necessários à realização de um propósito […] de interesse
individual ou colectivo.” (p.20).
O Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento da Educação (INIDE)
(2012) definiu empreendedorismo como “a capacidade de identificar uma
oportunidade de negócio, iniciá-la e geri-la com sucesso.” (p. 31). Pode-se assim
asseverar que o empreendedorismo envolve a criação, revitalização e gestão de um
negócio/emprego próprio tendo como base a identificação de oportunidades de
negócio. Negócio, segundo Chiavenato (2012), “é uma actividade baseada no
esforço organizado de determinadas pessoas para produzir bens e serviços a fim de
1 Reitor do Instituto Superior Politécnico Metropolitano de Angola, autor do Prefácio da obra de
Santos, L. A. A. (2014). Arte do Empreendedorismo: o caminho da competência e riqueza. Lisboa: Escolar Editora.
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vendê-los em um determinado mercado e alcançar recompensa financeira pelo seu
esforço. Obviamente a realização pessoal está por trás disso.” (p. 32).
Actualmente o empreendedorismo é visto como “uma noção que tem vindo a
conquistar um lugar de crescente relevo no debate público sobre o futuro das
políticas económicas para a competitividade, no contexto global da economia do
conhecimento e da sociedade da informação.” (Pina & Ferreira, 2014, p. 14). Por
exemplo, hoje em Angola, fala-se e incentiva-se muito a população a serem
empreendedores, pois, o empreendedorismo é notado como uma base para a
diversificação da economia e para a resolução de vários problemas relacionados
com a falta de emprego e aumento da receita local.
1.1.1. Empreendedor
Não é novo a procura para se compreender quem é o empreendedor
(Dornelas, 2007). Segundo Zengo2 (Prefácio de Santos, 2014) “A palavra
empreendedor (entrepreneur) surgiu em França, por volta dos séculos XVII e XVIII, e
designava as pessoas ousadas que estimulavam o progresso económico mediante
novas e melhores formas de agir” (p.20). Portugal (2013) acrescenta que também no
século XVIII, Adam Smith, em 1776, referiu que “os empreendedores são pessoas
que reagem às alterações das economias, funcionando como agentes económicos
que convertem a procura em oferta.” (p. 133).
Say (citado por Portugal, id), considerado o pai do empreendedorismo,
considerou o empreendedor responsável pelo progresso e desenvolvimento
económico, como um indivíduo que age de forma inovadora, criativa, enfim aquele
que provoca mudanças.
Com isso, fica evidente que o empreendedor sempre foi visto como um
agente de negócio, alguém com capacidade de sondar um mercado, de modo a
conseguir uma oportunidade de fazer parte deste, com a oferta de um produto ou
serviço.
Portanto, o empreendedor é um indivíduo que presta atenção especial à
economia local, e o contexto desta, com necessidade de realizar os seus projectos
profissionais. Para isso, exige-se ao empreendedor: uma dedicação e empenho
2 Idem.
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contínuo, confiar nos seus próprios esforços, capacidades inovadoras e criativas,
acreditar no produto/serviço que vai colocar no mercado e ter sempre objectivos
possíveis de se concretizar, desafiantes e específicos.
Segundo Fachada (2012):
A especificidade do objetivo permite concentrar a atenção do indivíduo,
reduzindo a sua dispersão e variedade de interesses, de modo a conduzi-lo a
níveis elevados de desempenho na tarefa. E, os objetivos que mais desafiam o
indivíduo são os difíceis de se atingir, isto é os que exigem mais empenho e
concentração. (p. 321).
No mundo dos negócios o INIDE (2012) considera como empreendedor a
pessoa que se dedica às actividades empreendedoras como organização,
administração e execução dos projectos, com vontade inovadora. Chiavenato (2012)
considera que “os empreendedores são heróis populares do mundo dos negócios.
Fornecem empregos, introduzem inovações e incentivam o crescimento econômico
da região […] [são] poderosas fontes de energia, que assumem riscos inerentes em
uma economia em mudança, transformação e crescimento.” (p. 4). Portanto, espera-
se do empreendedor acções, reacções e soluções para problemas sociais, pois
sobre ele aguarda-se o desenvolvimento da sociedade. O “governo espera que o
empreendedor produza emprego para a sociedade; as famílias esperam que,
através do empreendedorismo, se possa superar a condição de desemprego.”
(Santos, 2014, p. 23).
Esperança e Matias (2010) aludiram o empreendedor como aquela pessoa
motivada, criativa, ambiciosa, que deve reunir competências pessoais e de gestão e
com capacidade para identificar uma ocasião de negócio e concretizá-la com a
criação de uma empresa exitosa. Uma das definições de empresa encontra-se em
Chiavenato (2012) como “um conjunto de pessoas que trabalham juntas, no sentido
de alcançar objectivos por meio da gestão de recursos humanos, materiais e
financeiros.” (p. 54).
Fachada (2012) refere que quando um indivíduo conduz a sua acção com
base num alvo ele busca estratégias que o ajudam na sua realização. Logo, o
empreendedor deve ser um homem envolto pelo mundo dos negócios, e, atendendo
a complexidade desse mundo, deve manter-se vigilante às alterações dos factores
económicos e não se acomodar com os bons resultados já alcançados. Apesar de
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ter alcançado alguns objectivos a curto prazo deve pretender sempre mais -
inovando, actualizando, ou restruturando o que faz - para aumentar o seu negócio,
vendo a concretização de um objectivo o ponto de partida para se atingir outros a
longo prazo. Isto é, gerir o presente, mas preocupar-se com o futuro, obtendo
continuamente novas competências. McClelland (citado por Fachada, 2012)
considera que quanto mais sucessos e êxitos nas tarefas a pessoa obtiver, mais
tendência tem para confiar nas suas capacidades e, consequentemente, para obter
novos sucessos.
Santos (2014) diz que actualmente “ser empreendedor é estar disposto a
correr riscos, ainda que calculados.” (p. 29). Odílio Silva3, empresário do Namibe,
questionado, em entrevista, sobre o que é ser empreendedor, comenta: “[…]
Empreendedor é aquela pessoa que não está estática, que é inovadora, que está
atenta para acompanhar as mudanças e a concorrência.” O mesmo empresário
acrescentou depois que “devemos ser empreendedores até à morte”, pois ele
acredita que o empreendedorismo é estar constantemente a criar.
Algumas competências para ser empreendedor podem ser conseguidas pelo
próprio, desde que este esteja motivado para as adquirir. Ou, podem ser ensinadas
e/ou promovidas através de politicas do Estado/Governo a nível da educação e
formação profissional. (Esperança & Matias, 2010).
1.1.2. Empreendedorismo em Angola
Em Angola, segundo Marques (2011), cresce a convicção de que é
necessário olhar para a história do país e verificar factos e pessoas cuja acção pode
ter criado a génese do espírito empreendedor. O autor acrescenta ainda que, neste
país, nascem, cada vez mais, iniciativas de promoção de novos empreendedores
locais, com a criação de instituições profissionalizantes e leis para facilitar a criação
de pequenas e médias empresas e promoção de micro-finanças nos bancos
comerciais locais.
3 Entrevista estruturada, no dia 27 de Abril, ao empresário Odílio Silva sobre o Empreendedorismo no
Namibe. Odílio Silva é o empreendedor proprietário das empresas Angosal e Nonkhakus Lda, e sócio noutras empresas.
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O Estado
No país o empreendedorismo é incentivado pelos diversos meios de
comunicação, mostrando que o seu desenvolvimento (do empreendedorismo) é uma
das preocupações governamentais, tal como é comprovado pelo Decreto
Presidencial nº 40/12 de 13 de Março4:
O plano integrado de Desenvolvimento do Comércio e Empreendedorismo tem
como objectivo fundamental impulsionar o crescimento económico sustentável,
visando a redução da pobreza; […] Tendo em conta que a produção de bens
permite criar oportunidades para novos empreendedores e novas empresas a
nível local (p. 1143).
Em Angola, o empreendedorismo é visto pelo Estado, como um factor
importante para o desenvolvimento do País, pois é um contributo para o crescimento
económico e, consequentemente para a diminuição da pobreza e para o
melhoramento da qualidade de vida das famílias.
O Estado angolano possui dentro do seu “Plano Nacional de
Desenvolvimento 2013-2017” (PND) - que tem o enquadramento estratégico de
longo prazo estabelecido pela Estratégia Nacional Angola 2025 - várias políticas
nacionais e planos. Para esse estudo, importa referenciar a Promoção e
Diversificação da Estrutura Económica Nacional, a Política Integrada para a
Juventude e o Plano Nacional de Formação de Quadros, seguidamente
apresentadas:
a) Promoção e Diversificação da Estrutura Económica Nacional
A República de Angola reconhece que a diversificação da sua economia é um
processo que só será viável com um forte desenvolvimento do seu sector privado e
empresarial, por isso, o PND 2013-2017 consagra a “Promoção do
Empreendedorismo e do Desenvolvimento do Sector Privado Nacional”.5 Para
promover o investimento privado, o desenvolvimento das micro, pequenas e médias
empresas e o empreendedorismo, Angola possui legislação: Lei do Investimento
Privado (Lei 20/11, de 20 de Maio) e o Regulamento da Lei 30/11 de 13 de
Setembro sobre as Micro, Pequenas e Médias Empresas. Existe, também nesta
4 Fonte: Diário da República, I Série- nº49.
5 Fonte: Ministério do Planeamento e do Desenvolvimento Territorial de Angola (2012). Plano
Nacional de Desenvolvimento 2013-2017. (p. 14).
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vertente, o Programa de Apoio ao Pequeno Negócio (PROAPEN) ou a
implementação do Balcão Único do Empreendedor (BUE). Todos, dentre as suas
finalidades, visam “Apoiar o empreendedorismo e a formalização de actividades
económicas” (p. 70).
O “Programa de promoção do empreendedorismo” tem como objectivo
“Apoiar o esforço dos agentes económicos na criação de valor para a economia,
através da criação de novas empresas ou do desenvolvimento de novas
oportunidades de negócio”. (p. 71). E, como Medidas de Política:
i) Implementar um Programa de Apoio aos Empreendedores6; ii) Estruturar e apoiar a entrada em funcionamento da Escola do Empreendedor; iii) […] iv) Introduzir conteúdos de empreendedorismo nos programas curriculares dos
diversos níveis de ensino; v) Implementar um Programa de Reconversão da Economia Informal7 (id.).
Marques (2011) considera que a introdução do micro-crédito na constituição
de novos negócios motiva cada vez mais empreendedores locais a contribuírem
para a diversificação da economia e da criação de empregos. E o INIDE (2013)
afirma que a colocação do empreendedorismo como disciplina curricular no Ensino
Secundário, de Formação de Professores e da Formação Média Técnica, oferece
uma oportunidade para a melhoria do futuro dos estudantes e da sociedade
angolana.
De acordo com o PND 2013-2017 para promover e diversificar a estrutura da
economia Nacional, Angola tem Programas de Acção Fundamentais como o
PROGRAMA ANGOLA INVESTE. Este visa “Combater a pobreza, através de
criação de emprego e de auto-emprego (micro-empresas); e Estimular a
formalização das actividades económicas em Angola. E para tal, consta no seu
leque de medidas de política o ‘Suporte ao empreendedor’ (Formação, consultoria e
redes de incubadoras) ”. (p. 65).
6 “Envolvendo a criação da ‘rede incubadora do Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e Médias
Empresas (INAPEM) ‘, bem como a expansão do Balcão Único do Empreendedor a todo o território.” (p.71). 7 “Incluindo o Programa de Apoio ao Pequeno Negócio e reforço do micro crédito”. (p. 71).
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b) Política Integrada para a Juventude
Dentro da Política Integrada para a Juventude, o País tem o programa de
“inserção dos jovens na vida activa” que possui como umas das suas medidas de
política: Implementar um programa de promoção do emprego e do
empreendedorismo para jovens; Assegurar o acesso dos jovens ao crédito
bonificado para a criação de pequenos negócios; e Promover a criação de
incubadoras de negócios.
c) Plano Nacional de Formação de Quadros
Angola possui um Plano Nacional de Formação de Quadros (PNFQ), com o
lema “Formar com Qualidade. Formar para a Realidade”, cujo programa de acção n.º
6 é o “Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial”. Nesta área de
conhecimento afirma existir ofertas no nosso País, por exemplo: Como Iniciar a sua
Empresa; Como Administrar a sua Empresa; Contabilidade Básica e Iniciação de
Empreendedores.
As metas apresentadas no PNFQ neste campo até 2020 são: “80 Mil
potenciais empreendedores formados […]; 12,5 Mil jovens graduados a nível
superior em ‘Gestão de Empresas’ e ‘Gestão Financeira e Contabilidade’; […]; 40 Mil
jovens graduados a nível médio em ‘Gestão Financeira e Contabilidade’ e ‘Gestão
Comercial e Marketing’.”8
O PNFQ tem como órgão de tutela o Ministério da Economia e como
parceiros de implementação (do sector público): INAPEM – Instituto de Apoio às
Micro e Médias Empresas; ISEP – Instituto para o Sector Empresarial Público e IFE
– Instituto de Fomento Empresarial. E integram também Universidades [negrito
adicionado], Centros de Investigação, Escolas, Institutos, Agências, Empresas,
Ordens e Associações Profissionais.
Pode-se afirmar, então, que em Angola há políticas para estimular o
empreendedorismo.
8 Fonte: Comissão Inter-ministerial do Plano Nacional de Formação de Quadros, p. 10.
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Fórum Angolano de Jovens Empreendedores
Em Angola, o empreendedorismo também tem sido activado pelo Fórum
Angolano de Jovens Empreendedores (FAJE) - uma Associação Juvenil - que tem
como objectivos: incentivar o auto-emprego e empreendedorismo no seio dos jovens
angolanos; ser o canal de interlocução e defesa de políticas que visem a preparação
dos jovens para o primeiro negócio; ser uma fonte confiável de informações sobre as
experiências bem-sucedidas e os obstáculos enfrentados pelos jovens
empreendedores angolanos; influenciar na promoção e realização de eventos que
visem apoiar empreendedores e a importância de criação de negócios em todo
território nacional9.
A missão do FAJE é actuar como meio auxiliador e impulsionador de
iniciativas que permitam a partilha experiências entre as entidades públicas,
privadas, empresariais, jovens empreendedores, e as demais instituições
interessadas e o Executivo. Isto é, promover eventos que tendem apoiar jovens
empreendedores na sua caminhada pelo sucesso.
Guiché Único de Empresas
Marques (2011) diz que “a promoção do pequeno empreendedor ganhou
maior força com a criação do Guiché Único de Empresas, que permitiu a aceleração
do surgimento de pequenas e médias empresas, fruto, também, da introdução de
legislação progressiva.” (p. 71). Atendendo a globalização das nações, o país
precisa implementar ainda esforços para ter cada vez mais empreendedores, em
todos os sectores de actividade económica, uma vez que são importantes para o
crescimento e desenvolvimento económico-social do país.
A importância do empreendedorismo no desenvolvimento é revelada, por
exemplo, por Parreira, Pereira e Brito (2011):
Promover e valorizar o empreendedorismo e a ‘cultura empreendedora’ de
uma sociedade ou população é, atualmente, um imperativo no
desenvolvimento social, económico, tecnológico e organizacional. […] Para
fomentar e desenvolver a ‘cultura empreendedora’, um conhecimento prévio e
profundo do atual estado de arte, mais que necessário, é fundamental. (p.
19).
9 Fonte: http://faje.org/
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O empreendedor angolano tem liberdades e espaços diversificados de
nichos de mercado, embora as autoridades nacionais têm indicado oportunidades a
não desperdiçar nas áreas de agricultura; construção civil e serviços associados;
energia e água; hotelaria e turismo; indústria e mineração, pois constituem os
principais campos de investimentos com incentivos (Marques, id.).
1.2. MOTIVAÇÃO
A palavra motivação “deriva originariamente do verbo motivar, que significa
‘dar motivo a’. É a personificação de uma meta pela qual se luta, a busca de algo
considerado desejado e válido.” (Martinez, 200710). Para a jornalista Margot Cardoso
(citada por Duarte, 2007), “a palavra motivação significa ‘motivo para a ação’. E é
exactamente disso que o ser humano precisa. É disso que é feita a vida. Tudo aquilo
que fazemos – absolutamente tudo – depende de um motivo”. (p. 31). Chiavenato
(2005) defende:
Motivação é a pressão interna surgida de uma necessidade, também interna, que
excitando (via electroquímica) as estruturas nervosas, origina um estado
energizador que impulsiona o organismo à atividade, iniciando, guiando e
mantendo a conduta até que alguma meta (objetivo, incentivo) seja conseguida
ou a resposta seja bloqueada. (p. 242).
Duarte (2007) afirma que aquilo que nos entusiasma torna-se motivação e
pode se transformar em realidade. O autor diz ainda que “há poder (e muito) na
motivação!”. Para este a “motivação é o conjunto de fatores que impulsionam o
comportamento do ser humano ou de outros animais para a realização de um
objetivo” (p. 18-31). Segundo Fachada (2012), presentemente, os psicólogos são
unânimes em agrupar os diferentes tipos de motivos nas categorias: Impulsos
básicos (ou primários); Motivos sociais; Motivo para estimulação sensorial; Motivos
de crescimento; e Ideias como motivos.
10
Retirado da apresentação da obra de Duarte, N. (2007). O incrível poder da motivação. São Paulo: Editora Hagnos.
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Duarte (id) salienta que existem três motivos para agir: motivos biológicos
(os que têm a ver com a sobrevivência); motivos para o prazer (relacionados com
aquilo que proporciona alegria); e motivação intelectual sendo esta “responsável
pela capacidade de trabalhar, construir coisas, elaborar planos e projectos, estudar
etc.” (p. 32). Todavia, para se saber o que motiva a pessoa a agir de determinada
forma é importante falar das grandes teorias da motivação, pois são áreas
fundamentais dos teóricos behavioristas e/ou da Teoria das Relações Humanas.
1.2.1. Teorias Ligadas à Motivação
Segue-se uma abordagem resumida sobre as que suportam a área em
estudo: Teorias da motivação baseada nas necessidades e Teorias cognitivas da
motivação.
Teorias da Motivação Baseadas nas Necessidades
Santos (2008) afirma que as teorias da motivação baseadas nas
necessidades descrevem as causas, procurando contribuir para um melhor
entendimento da origem da motivação humana. E, nestas destacam-se:
Teoria da hierarquia das necessidades de Maslow – é a mais
conhecida e agrupa as necessidades humanas em duas categorias hierarquizadas
em função do grau de importância (ver abaixo a figura n.º 1.1.):
1.º Necessidades primárias
Necessidades fisiológicas – necessidades vitais para o indivíduo
(alimentação, sono, repouso, abrigo e sexo);
Necessidades de segurança – necessidade que a pessoa procura de
se sentir protegida e livre de perigo (saúde e segurança).
2.º Necessidades secundárias
Necessidades sociais ou de pertença – necessidades que o
indivíduo tem para associação, participação, amizade, afecto, amor e aceitação por
parte dos outros;
Necessidade de estima – necessidade de auto-apreciação, auto-
confiança, aprovação social, respeito, status, prestígio e de consideração;
Necessidades de realização – auto-realização ou realização pessoal.
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Figura nº 1.1. – Pirâmide das necessidades de Maslow.
Fonte: http://www.poliscreen.com.br/servico.php
De acordo com a teoria de Maslow, acima apresentada, quando uma
necessidade se encontra satisfeita, a necessidade imediatamente a seguir mobiliza
o comportamento. (Fachada, 2012, p. 310).
Teoria ERG11 de Clayton Alderfer – condensa as cinco necessidades
de Maslow em apenas três, abaixo descritas:
Necessidades existenciais (Existence): as ligadas às necessidades
fisiológicas e às necessidades materiais mais chegadas e relacionadas com o
trabalho;
Necessidades de relacionamento (Relatedness): as que se referem
às necessidades de aceitação, participação e exercício de influência sobre os
outros, nomeadamente em relação à família, amigos e colegas de trabalho;
Necessidades de crescimento (growth): as que se relacionam com
as necessidades de causar um impacto positivo no ambiente envolvente e que
levam, normalmente, a criatividade e a inovação.
Teorias Cognitivas da Motivação ou Teorias de Processos de Motivação
Fachada (2012) considera que “a abordagem cognitiva da motivação encara
o homem como um ser racional e pensante. Admite que o homem tem consciência
do seu comportamento e que é capaz de identificar e medir as consequências das
suas ações.” (p. 319). Destaca-se a Teoria da Expectativa, a Teoria da Equidade e a
Teoria da Fixação de Objectivos:
Teoria da Expectativa: defende que as pessoas, antes de
incrementarem um esforço para realizar uma tarefa avaliam a Valência, a
Instrumentalidade e a Expectativa (VIE).
11
ERG – Existence, Relatedness and Growth.
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A Valência - está relacionada com a importância (ou valor) que a
pessoa dá aos efeitos obtidos com o desempenho procurado. (Santos, 2008);
A Instrumentalidade - tem a ver com a relação causal entre o
resultado intermediário e o resultado final. (Fachada, 2012);
A Expectativa - está ligada com a convicção do indivíduo
relativamente ao aumento com que o seu esforço irá produzir. (Santos, 2008).
Teoria da Equidade: estuda a percepção que os indivíduos têm da
forma como estão a ser tratados, em termos de equilíbrio ou justiça (equidade), que
eles pensam existir (ou não), entre o seu desempenho e as recompensas que lhe
são atribuídas. (id).
Teoria da fixação de objectivos: trata-se de uma técnica motivacional
que Locke (citado por Fachada, 2012) define como “um dos mecanismos
desencadeadores da motivação para o trabalho, porque toda a ação racional
humana é orientada por objectivos. Estes, por sua vez são determinados pelos
valores e necessidades do indivíduo, enquanto ser social.” (p. 321).
Todas estas teorias supra resumidas podem ser aplicadas em vários
sectores, neste caso à motivação para o ingresso no Ensino Superior.
1.3. ENSINO SUPERIOR EM ANGOLA
Segundo Silva Neto (2014) o Ensino Superior, em Angola12, foi sugerido pelo
Plano Deslandes anunciado em 1962, criado pelo então Secretário Provincial da
Educação de Angola, Amadeu Castilho Soares, para dotar Angola de independência
intelectual. O referido plano visava a formação universitária de médicos,
engenheiros, professores para o ensino secundário e a actualização de técnicos de
agropecuária. Evitava que os descendentes portugueses brancos deixassem de
depender das universidades da Metrópole, que já não conseguiam fornecer pessoal
para o desenvolvimento económico e social do território angolano. Esse plano foi
aprovado pelo Governador de Angola, General Venâncio Deslandes, através do
Decreto-Lei nº 44530, de 1962. No mesmo ano é constituída, em Luanda, a Escola
de Estudos Gerais Universitários (EGU).
12
Então Província ultramarina de Portugal.
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A implementação em 1962 do sistema de ensino superior em Angola foi
resultado, por um lado, da luta armada dos nativos de Angola, e por outro lado,
pela estratégia do neocolonialismo […] Porém não se deu uma subida do nível
de instrução no período de ocupação. (Silva Neto, id., p. 174).
O EGU passou a designar-se Universidade de Angola e desde 1985 alterou
a denominação para Universidade Agostinho Neto (UAN). Estudavam no ensino
superior, até finais da era colonial, cerca de 4 mil alunos, dos quais apenas 10%
eram nativos de Angola e de outras origens não portuguesa.
No ano lectivo 2001/2002, a UAN, então única universidade pública, deixa
de ser o monopólio, com a criação e início de funções das três primeiras Instituições
de Ensino Superior privado em Angola que são: Universidade católica de Angola
(1999), Universidade Lusíada de Angola (1999) e Universidade Jean Piaget de
Angola (2000). Nesse ano lectivo a população estudantil geral do subsistema do
ensino superior era cerca de 11.129 estudantes.
Importa referenciar que os cursos de pós-graduação (mestrados)
começaram no ano lectivo 2004/2005. De acordo com Teta (s.d.) a investigação
científica é hoje um facto, seja através das teses de mestrado como dos projectos de
doutoramento assim como de projectos específicos de investigação aplicada.
De acordo com Patatas (2014) a paz nacional em 2002 trouxe a
possibilidade de crescer e expandir as Instituições de Ensino Superior. Em 2009,
Angola considera o Ensino Superior como:
Conjunto de órgãos, instituições, disposições e recursos que visam a
formação de quadros de alto nível para os diferentes ramos de actividade
económica e social do País, assegurando-lhes uma sólida preparação
científica, técnica, cultural e humana, bem como a promoção da
investigação científica e a prestação de serviços à comunidade" (Decreto
nº 90/09 de 15 de Dezembro, artigo 3º, p. 3952).
Segunda a mesma autora (id.) o número de Instituições de Ensino Superior
(IES) foi aumentando no país, mas ainda não é suficiente para a demanda. Em
2014, Angola tinha 62 IES (22 públicas e 40 privadas) constituindo 17 universidades,
e 214 cursos espalhados pelo território nacional.
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II. APLICAÇÃO EMPÍRICA: ESPtN
A Escola Superior e Politécnica do Namibe (ESPtN) é uma IES pública e é o
caso desta pesquisa. Para compreender esta realidade específica tem de se referir
primeiro ao contexto local da unidade pesquisada, falando da província em geral e
do empreendedorismo nesta localidade. Segue-se o desenvolvimento
pormenorizado do estudo da ESPTN.
2.1. CONTEXTO LOCAL
A ESPtN foi a primeira instituição do Ensino Superior na Província do
Namibe.
2.1.1. Província do Namibe
A província do Namibe está situada na região Sul de Angola.
Administrativamente é composta por 5 municípios e 14 comunas. A Província detém
como principais agentes de desenvolvimento local: o sector privado, o Fundo de
Apoio Social (FAS), o sector empresarial do Estado, as Organizações Não
Governamentais (ONG), as associações, as cooperativas, as Autoridades
Tradicionais e os órgãos locais do Estado.
A população residente da província, até 16 de Maio de 2015, segundo os
dados preliminares do Censo 201413, é estimada em 471.613 habitantes, sendo
227.653 (48,27 %) homens e 243.960 (51,72%) mulheres. Dos habitantes 309.168
(65,56%) residem na área urbana e 162.445 (34,44%) residem da área rural. No
quadro seguinte pode-se ver a distribuição pelos municípios:
13
Primeiro Censo desde a independência nacional. Fonte:http://censo.ine.gov.ao/xeo/attachfileu.jsp?look_parentBoui=19717201&att_display=n&att_download=y (pp. 111-115).
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Quadro 2.1 - População residente por município, segundo o sexo e o índice de
masculinidade14.
Município Total Homens Mulheres Índice de
Masculinidade Nº % Nº % Nº %
Namibe 282.056 59,81 136.863 29,02 145.193 30,79 94,26
Tômbwa 54.873 11,64 27.086 5,74 27.787 5,89 97,48
Virei 29.975 6,36 14.431 3,06 15.544 3,30 92,84
Bibala 55.399 11,75 25.850 5,48 29.549 6,27 87,48
Camucuio 49.310 10,46 23.423 4,97 25.887 5,49 90,48
Total 471.613 100,00 227.653 48,27 243.960 51,73 93,32 Fonte: Adaptado de Resultados Preliminares do Censo 2014.
Economicamente, a província do Namibe é forte em agricultura, pois possui
solos muito férteis e clima altamente favorável para horticultura e fruticultura. A
Província é ainda uma das zonas do país com maiores potencialidades para a
produção pecuária e pesca.
2.1.2. Empreendedorismo no Namibe
Segundo o empresário local Odílio Silva, falar sobre o empreendedorismo na
Província do Namibe é falar daquilo que é o seu verdadeiro potencial, sobretudo no
sector das pescas ou do turismo.
Na Província o empreendedorismo é uma das bases de sustentabilidade das
famílias e é encorajado pelo poder político e governamental assim como pelo
sistema bancário, que possibilita empréstimos apoiados pelo Estado com a
finalidade de combater a fome, a pobreza, a diversificação da economia e do sector
privado.
A Banca
No Namibe, as instituições bancárias têm apoiado o empreendedorismo com
micro-créditos à população. Por exemplo, o Banco de Poupança e Crédito (BPC)
através da sua Secção de Micro-finanças do Namibe de 2012 a 2014 apoiou muitos
empreendedores com financiamentos de projectos ligados a negócios.
14
Relação de masculinidade – Quociente entre os efectivos populacionais do sexo masculino e os do sexo feminino (habitualmente expresso por 100 mulheres). Fonte: http://www.prof2000.pt/users/elisabethm/geo10/conceitos1.htm. Neste caso o Índice de Masculinidade diz que existe 93 homens para cada 100 mulheres.
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O Balcão Único de Empreendedor na Província
O Balcão Único de Empreendedor (BUE) é um serviço público personalizado
de carácter inter-orgânico que concentra, num único local, delegações ou extensões
de diversos serviços administrativos públicos intervenientes no procedimento
especial de constituição e licenciamento das micro e pequenas empresas. Ou seja, é
um novo serviço público cuja finalidade é simplificar o processo de constituição,
licenciamento de empresas e do comerciante em nome individual, regularização de
empreendedores que se encontram no mercado informal e actos conexos.
Na província do Namibe, inagaurou-se o primeiro Balcão (BUE1), nos
anexos da Administração Municipal do Namibe, a 26 de Junho de 2012, que
concedeu crédito, através do Banco de Poupança e Crédito (BPC), a potenciais
micro-empreendedores no sentido de promover e gerar mais empregos diminuindo
assim o índice de pobreza nos munícipes. Para mostrar a dimensão deste modo de
apoio, afirma-se que em 2012 houve um total de 2.310 candidaturas para constituir
empresas e 280 créditos concedidos com esse fim.15 As figuras abaixo mostram
estatísticamente a população beneficiária deste crédito, primeiro a destribuição com
base nas idades e sexo e seguidamente pelas actividades económicas que os
candidatos se propuseram realizar conforme o sexo.
Figura nº 2.1 – População beneficiária de crédito por década de nascimento e sexo (BUE1). Fonte: Adaptado da estatística do BUE1.
15
Fonte: Relatório de 4 de Outubro de 2013 do BUE1. Ver em Apêndice V a estatística de financiamentos. O crédito foi mediante o pagamento de 100% das facturas pró-forma que os utentes apresentaram de valor menor ou igual a 679.000,00 Kzs, com a finalidade de desempenhar uma certa actividade económica.
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Da figura acima, percebe-se que a maioria da população que beneficiou de
financiamento no BUE1 nasceram na década de 80, isto é, os que têm entre 26 e 35
anos de idade. Sobre as actividades escolhidas por esta estão abaixo representadas
na figura 2.2.:
Figura nº 2.2. – População beneficiária de crédito por ramo de negócio e sexo (BUE1). Fonte: Adaptado da estatística do BUE1
Sobre as actividades ou os ramos de negócios percebe-se que a maioria
focou-se no ramo da prestação de serviço para os homens e no ramo da indústria
para as mulheres.
Administração Pública, Trabalho e Segurança Social na Província
O Sector da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (APTSS),
na província do Namibe16 tem também interesse no desenvolvimento do
empreendedorismo local, pois no seu leque de objectivos inclui: “Estimular e apoiar
as iniciativas inovadoras, conducentes a geração de emprego e renda junto dos
jovens empreendedores, bem como prestar suporte técnico e organizativo aos
empreendedores que apostem nos projectos empresariais” (p. 163).
Por outra, uma das medidas de políticas fundamentais da APTSS no
Namibe tem a ver com a imperatividade da construção, entre outros o Centro Local
de Empreendedorismo e Serviços de Emprego (CLESE).
16
Citado pelo Governo da Província do Namibe (2013). Plano de Desenvolvimento Económico e Social da Província do Namibe para o Período 2013-2017.
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Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional
O Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional (INEFOP) tutela
dois centros17 onde são ministrados cursos em várias áreas do saber com o fim de
estimular também o empreendedorismo na população namibense. A aderência da
população a esses cursos cresce de ano em ano, conforme demonstrado na figura
abaixo:
Figura nº 2.3 – Formandos Controlados pelo INEFOP/Namibe Fonte: Adaptado da estatística
18 do INEF
• Governo da Província
O Governo da Província do Namibe mostra o seu foco no empreendedorismo,
por exemplo, no seu plano directório, sobre Modelos de Desenvolvimento
fundamenta o seguinte:
No mundo actual o papel do Estado nos modelos institucionais e governativos
recai cada vez mais sobre a criação de condições e infraestruturas para o
desenvolvimento de redes de conhecimento, inovação e empreendedorismo
[negrito adicionado] […] A aposta na privatização de alguns serviços traz
vantagens ao […] empreendedorismo (p. 189).
E sobre formação nesse mesmo plano directório comenta que “as regiões que
investiram na formação da população ganharam […] no fomento de acções de
empreendedorismo [negrito adicionado] local que possibilitaram a estruturação de
uma rede de pequenas e médias empresas com impactos notáveis a médio e longo
prazo.” (p. 194).
17
O Centro de Formação Profissional de Construção Civil do Namibe e o Centro Integrado do Emprego e Formação Profissional do Tômbwa. 18
Fonte: INEFOP/Namibe, aos 23/06/205.
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Educação
Conforme anteriormente referido o INIDE (2013) afirma que a colocação do
empreendedorismo como disciplina curricular no Ensino Secundário, de Formação
de Professores e da Formação Média Técnica, dá oportunidade aos estudantes para
um futuro mais promissor e melhoria da sociedade em Angola.
A inclusão do empreendedorismo no sistema educacional no ensino
secundário (daí o negrito no parágrafo anterior) é uma oposta recente na província.
Segundo Herberth Binda, Coordenador Provincial da Disciplina de
Empreendedorismo no Namibe, na província o empreendedorismo começou como
disciplina escolar em 2014. Em 2015 é leccionada em 50 turmas19 de várias escolas
secundárias da província. Prevê-se no próximo ano abertura de novas turmas nas
classes em falta. 20
Quanto ao Ensino Superior na província, segundo o empresário local Odílio
Silva “aborda-se muito pouco sobre o empreendedorismo. Para inverter o quadro,
podia-se colocar uma cadeira não curricular e/ou mesmo apostar mais em debates e
seminários.”
2.2. ESTUDO DE CASO: ESPTN
Esta pesquisa é um estudo de caso. O método de estudo de casos
popularizou-se e consolidou-se na Harvard Business School, nos Estados Unidos da
América, que há décadas utiliza este modelo como base para a pesquisa académica
e a formação de novos profissionais. (Ferreira & Serra 2009, p. 13).
Yin (citado por Major e Vieira, 2009) define estudo de caso como “uma
investigação empírica que investiga um fenómeno no seu ambiente real, quando as
fronteiras entre o fenómeno e o seu contexto não são evidentes, e na qual se
utilizam múltiplas fontes de evidência”. (p. 143). E, Freixo define-o como uma
“exploração intensiva de uma simples unidade de estudo, de um caso (ex.: pessoa,
família, grupo, comunidade, cultura) ”. (p. 276). A unidade de estudo é a Escola
Superior Politécnica do Namibe (ESPtN).
19
24 turmas na 7ª classe, 4 turmas na 8ª classe, 16 turmas na 10ª classe e 6 turmas na 11ª classe. Fonte: Coordenador Provincial da Disciplina de Empreendedorismo no Namibe, em 27/09/2015. 20
Nas 9ª e 12ª classes. Fonte: id.
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2.2.1. Percurso Histórico da instituição
A ESPtN situa-se no Município do Namibe, na rua Amílcar Cabral.
Historicamente esta Instituição iniciou-se com a designação de Escola Superior de
Ciências e Tecnologias do Namibe, como parte da Universidade Agostinho Neto
(UAN), inaugurada a 11 de Novembro de 2004, por Sua Excelência Eng.º José
Eduardo dos Santos, Presidente da República de Angola. Começou a sua actividade
no ano lectivo 2004/2005.
Com a entrada em vigor do Decreto nº 5/09, de 7 de Abril (criação das
Regiões Académicas) e do Decreto nº 07/09, de 12 de Maio (redimensionamento da
UAN), assumiu a identidade de Escola Superior Politécnica do Namibe. Tornando-se
agora parte da Universidade Mandume Ya Ndemofayo (UMN)21 e uma unidade
orgânica da Região Académica VI. Para além disso, nesse mesmo ano (2009) teve
outro marco importante porquanto, com a aprovação do Decreto nº 90/09, de 15 de
Dezembro, pode consolidar a sua posição como organismo detentor de estatuto
próprio em termos de ofertas de formação, dentro da UMN.
Esta escola ministrou cursos com grau de bacharelato até 2011. Em 2012
foram reestruturados os cursos e expandidos aos graus de licenciaturas bietápicas22.
Em 2014 iniciou um novo curso: Engenharia Metalúrgica e Materiais, sendo este
apenas ao nível de licenciatura.
A ESPtN foi a primeira e única IES até 2011, ano em que abriu a Escola
Superior Pedagógica do Namibe, também pertencente à UMN. Actualmente a
província conta com três IES, as duas já citadas, que são públicas e o Instituto
Gregório Semedo do Namibe, a única instituição privada.
2.2.2. Perfil da instituição
A ESPtN é uma instituição do ensino público orientada para o prosseguimento
dos propósitos do ensino superior politécnico no âmbito das tecnologias, das
ciências económicas e empresariais, engenharias e áreas afins. Tem como missão
institucional “Promover a formação científico, técnica e profissional do cidadão e
21
Cuja reitoria se encontra no Lubango. 22
Bietápico: Bacharelato e Licenciatura.
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
oferecer-lhe condições de conhecer, desenvolver, difundir e aplicar as competências
na resolução de problemas que a sociedade enfrenta”23.
Esta Instituição liderada por uma direcção local conta, em 2015, no seu
quadro de pessoal com 125 elementos entre os quais 85 docentes24, que leccionam
1908 estudantes25 nos seus cursos: Biologia Marinha, Contabilidade e Gestão,
Engenharia do Ambiente, Engenharia Eléctrica, Engenharia Mecânica, e Engenharia
de Metalurgia e Materiais26. Este trabalho está focado no curso de Contabilidade e
Gestão.
2.2.3. Curso de Contabilidade e Gestão
O curso de Contabilidade e Gestão da ESPtN tem como objectivo “formar
quadros com capacidade de dar respostas às exigências do mercado”.27 Nesta área
a ESPtN formou, no período 2008-2013, um total de 528 bacharéis, repartidos por
ano conforme figura abaixo:
124
86
142
105
2447
73
0
50
100
150
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Bacharéis Formados
Bacharéis
Figura nº 2.4 – Bacharéis Formados.
Fonte: Adaptado de https://umn.ed.ao/umn/index.php/inicio-esptn e Departamento de Contabilidade e Gestão.
O curso, como já referido de carácter bietápico (3 anos + 1 ano), em 2014
terminaram 73 bacharéis e formou os primeiros 7 licenciados da província. No ano
lectivo de 2015, usufrui de 24 docentes28, entre nacionais e estrangeiros, e 727
alunos, dos quais 143 são os recém-ingressados no primeiro ano.
23
Fonte: https://umn.ed.ao/umn/index.php/inicio-esptn 24
Fonte: Recursos Humanos da ESPtN em 06/05/2015. 25
Fonte: Área Académica da ESPtN em 05/05/2015. 26
Dados extraídos do relatório da ESPtN do dia 06/06/2013. 27
Fonte: Plano de Actividade 2015. Departamento de Contabilidade e Gestão. 26-09-2015. 28
Fonte: Chefe de Departamento a 26/09/2015.
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
No plano curricular do curso o empreendedorismo não é uma área destacada
nem exercitada. Na entrevista estruturada29 feita a Odílio Silva, este comenta:
No curso de Contabilidade e Gestão, não se pode concentrar só em conteúdos
que só têm a ver com a Contabilidade e a Gestão [pois o estudante pode não ser
só um futuro contabilista], mas pode ser um empreendedor abrindo uma
empresa ou escritório de Contabilidade, uma vez que as empresas, hoje, não
precisam ter, necessariamente, um contabilista efectivo.
2.2.4. Recolha de Dados
A recolha de dados empíricos nesta pesquisa foi feita através de
questionários à uma amostra retirada da população.
População e amostra
Segundo Major e Vieira (2009) “o universo ou população representa a
totalidade da população que se quer analisar.” (p. 178). A população deste estudo é
composta pelos 143 estudantes recém-ingressados no primeiro ano do curso de
Contabilidade e Gestão em 2015, sendo 76 estudantes do regime regular e 67 do
regime pós-laboral.
Os mesmos autores definem amostra como “um subconjunto de indivíduos
pertencentes a uma população.” (p. 180). Dos tipos de amostra escolhe-se para este
estudo a amostra aleatória estratificada, pois estratificada é aquela em que “divide-
se a população em estratos ou grupos [neste caso ‘regular’ e ‘pós-laboral’] com
características idênticas e calcula-se a proporção de cada um desses grupos na
população.” (Major & Vieira, 2009, p. 192). E é aleatória porque os elementos são
escolhidos casualmente/aleatoriamente de cada um dos grupos constituídos, sem
variar a proporção.
Segundo o Princípio de Pareto, uma amostra de 20% diz o comportamento
dos outros 80%. Contudo, nesse caso, 20% seria um número de elementos muito
reduzido para o conhecimento da realidade em estudo, por isso optou-se por uma
29
Entrevista estruturada é aquela que tem uma série questões formuladas com antecedência e que não podem ser alteradas. esta técnica por esta permitir profundidade e objectividade no conhecimento, para além da “oportunidade de se obter dados relevantes e mais precisos sobre o objecto de estudo”. (Barros & Lehfeld, 2010, p. 109).
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amostra ligeiramente maior, de 30%, correspondendo a 43 alunos (23 regulares e 20
pós-laborais), conforme a figura seguinte:
Figura nº 2.5 – População e Amostra do Estudo.
Fonte: Criação própria.
Constituição e aplicação do questionário
No dia 09 de Maio do corrente ano foi realizado uma recolha de dados
empíricos através de grupos focais30 aos alunos do 1º ano da ESPtN para saber as
suas motivações e expectativas. Os resultados referentes às motivações dos
estudantes do 1º ano de Contabilidade e Gestão serviram de base para a
elaboração do questionário para este estudo.
O questionário é um “conjunto de enunciados ou de questões que permitem
avaliar as actitudes, as opiniões e o resultado dos sujeitos ou colher qualquer outra
informação junto dos sujeitos.” (Freixo, 2011, p. 282). E foi escolhido porque
possibilita maior abrangência de pessoas e informações em pouco tempo e facilita o
tratamento dos resultados.
Para analisar o interesse dos estudantes, cronometrar as respostas e corrigir
erros na interpretação das questões, fez-se um pré-teste do questionário a 5 alunos
e, depois de avaliadas as suas observações, fizeram-se algumas alterações na
estrutura do mesmo.
Foram distribuídos questionários aos elementos da amostra no dia 22 de Maio
de 2015 e recolhidos no próprio dia. Este contendo 35 perguntas fechadas e 3
abertas estava subdividido em 4 secções ou blocos:
30 Grupo focal “é um grupo de discussão informal e de tamanho reduzido, com o propósito
de obter informações de caracter qualitativo em profundidade [com o objectivo] de revelar as percepções dos participantes sobre os tópicos em discussão.” (Gomes & Barbosa, 1999, p. 1). Moderadora: Professora Teresa Patatas, tendo como um dos auxiliares José Dala.
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1.º- Dados Gerais: visando obter informações pessoais sobre o regime
(regular, pós-laboral), o sexo, a idade, o estado civil, a família, a morada e ocupação
dos estudantes.
2.º- Motivação: visando saber que motivações estiveram na base para a
decisão de entrada na ESPtN. Portanto, baseando-se nas respostas dadas pelos
alunos que participaram nos grupos focais, colocou-se catorze possíveis
motivações, os estudantes assinalaram o grau de importância 31 que a mesma
exerceu na decisão de entrada na ESPtN, para além de um campo aberto para uma
outra eventual motivação.
3.º Constituição de Empresa: aqui pretendeu-se saber se os estudantes
sentem-se ou não capazes de criar uma empresa. E qual o grau de dificuldade32 que
estes atribuiriam a uma série de oito questões necessárias na criação de uma
empresa.
4.º Conhecimento geral: Nesta parte interrogou-se aos estudantes se já
haviam ouvido falar sobre empreendedorismo, se sabem o que é, e se acham útil
estudá-lo na ESPtN.
2.2.5. Análise e Resultados dos Dados
Para analisar os dados, as respostas foram transportadas para uma base de
dados do Excel, através do Microsoft Office InfoPath33, donde foram exploradas,
quantificadas e comparadas, quer dizer, tratadas com base nos conhecimentos de
estatística e informática, num período de 4 semanas após a recolha dos
questionários.
Primeiro bloco de questões
O primeiro bloco é constituído por dez questões e começa inquerindo sobre o
regime. O resultado revelou que a amostra mostrou-se receptiva ao inquérito pois
31
Baseada na Escala de Likert. Esta é um tipo de escala de resposta psicométrica usada habitualmente em questionários, e é a escala mais usada em pesquisas de opinião. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_Likert 32
Segundo uma Escala de Likert. (id.). 33
Um aplicativo do Office que permite criar e preencher formulários electrónicos. Fonte: http://www.microsoft.com/portugal/educacao/suiteaprendizagem/msInfopath.html
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obteve uma taxa de resposta de 100%. Isto é, responderam os pré-estipulados 23
(53%) estudantes regulares e 20 (47%) do pós-laboral.
A segunda questão foi sobre o sexo e os resultados estão no quadro abaixo:
Quadro 2.2 – Resultados sobre o sexo da amostra.
Variável Sexo
Regime Masculino Feminino Em branco Total
Regular 11 11 1 23
Pós-Laboral
7 13 0 20
Total 18 24 1 43
Fonte: Criação própria.
Dos resultados pode-se aludir que neste curso não há diferença entre a
quantidade de estudantes homens e mulheres no regime regular, no entanto no pós-
laboral há mais estudantes mulheres do que homens.
A terceira questão foi sobre a idade (agrupada em intervalos) e o quadro 2.3
abaixo mostra os resultados:
Quadro 2.3 – Resultados sobre a idade da população inquerida.
Variável Idade (anos)
Resposta < 20 21 a 35 36 a 50 > 50 Em
branco Total
Frequência 9 27 4 1 2 43
Fonte: Criação própria.
A maioria dos questionados (13 regulares e 14 pós-laborais) possui idades de
21 a 35 anos e representam 63%; a seguir, 21% (7 regulares e 2 pós-laborais) têm
idade menor que 20 anos; e os restantes 11% têm mais de 35 anos. Pode-se assim
assinalar que os alunos da amostra têm maioritariamente idades inferiores a 36
anos, o que revela uma população adulta em início de vida activa.
A quarta questão é sobre o estado civil. Registou-se na amostra 86% solteiros
(21 regulares e 16 pós-laborais), 9% casados (2 regulares e 2 pós-laborais) e 5%
divorciados (2 pós-laborais). Apesar da maioria dos questionados ser solteiro,
podem já ter constituído família (ter filhos). O facto de se ter filho ou não pode
afectar a motivação, daí a razão da inclusão da pergunta seguinte sobre a questão
da família. Nesta procurou-se saber exactamente isso, como resultado: 70% não
têm filhos, e 28% têm. Isto revela que a maioria não tem a influência de filhos na sua
motivação, quer sejam alunos do regime regular quer do pós-laboral.
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Sarkar (2010) diz que existe uma afinidade entre empreendedorismo e a
motivação. O empreendedorismo e a motivação para ser empreendedor podem vir
da família ou da observação de familiares empreendedores, assim pretendeu-se
saber se na família directa os estudantes têm empresários. Apenas 33%, uma
minoria dos estudantes (7 regulares e 7 pós-laborais) possuem parentes directos
empresários.
Depois vem a questão sobre a morada, pois com quem se mora pode
influenciar a motivação do estudante. Nesta, os estudantes responderam com uma
taxa de respostas de 98%. E, importa considerar que a maioria dos estudantes, isto
é, 49% (equivalente a 14 regulares e 7 pós-laborais) mora com seus pais e só 28%
(3 regulares e 9 pós-laborais), vive em casa própria. Estes números demonstram
que são mais os regulares que vivem com seus pais, e faz sentido, uma vez que
estes são na maioria solteiros. São mais os pós-laborais que vivem em casa própria.
Para se conhecer se a ocupação dos elementos da amostra era apenas
estudante ou estudante-trabalhador, questionou-se esse facto. As respostas estão
graficamente abaixo apresentadas:
Figura nº 2.6 – Relação dos estudantes com a ocupação
Fonte: Criação própria
Pode-se assinalar que os estudantes do regular não trabalham/são
desempregados (com excepção de um). Os trabalhadores são metade da amostra
do pós-laboral. Ainda sobre a ocupação dos estudantes, questionou-se se tem
negócio próprio e, se sim, paga ou não imposto. Apenas 4 indivíduos têm negócio
próprio (2 regulares e 2 pós-laborais) equivalente a 9% da amostra. E, desses 4,
apenas os 2 pós-laborais pagam imposto. Isto revela uma taxa muito diminuta de
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empreendedores na amostra estudada, pois tanto os empregados como os
desempregados não viram, ainda, o empreendedorismo como uma via de emprego.
Estes foram os resultados e análise dos dados recolhidos do primeiro bloco
de perguntas, onde pode-se notar que os estudantes que ingressaram no curso de
Contabilidade e Gestão, na ESPtN, em 2015, são na maioria: mulheres, solteiros, de
idades compreendida entre 21 e 35 anos, sem filhos, desempregados, sem negócio
próprio, estudantes no regime regular vivendo com os pais e sem parentes directos
empresários. A taxa de respostas pode-se ver na figura abaixo:
Figura nº 2.7 – Taxa de Respostas do primeiro bloco de questões do questionário.
Fonte: Criação própria
Segundo bloco de questões
Tendo alcançado os dados gerais sobre os estudantes, segue-se as questões
sobre motivação e o grau de importância que levaram os estudantes a escolherem a
ESPtN para a sua formação universitária. Recorda-se que saber essas motivações é
o principal objectivo deste estudo.
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Quadro 2.4 – Resultados sobre os motivos de entrada da população na ESPtN.
Variável
Resposta/Frequência
Foi muito importante
Foi importante
Foi menos importante
Não foi importante
Em branco
Total
Ter mais habilitações académicas
36 6 1 0 0 43
Dar continuidade ao curso feito no médio
20 5 10 5 3 43
Ter conhecimento para poder criar uma empresa
21 18 2 1 1 43
Ter um trabalho no Estado 22 8 7 4 2 43
Conseguir um bom emprego
24 11 5 2 1 43
Mudar de categoria no emprego
8 5 12 15 3 43
Conseguir um bom salário 19 11 6 5 2 43
Arranjar um emprego melhor
18 11 6 6 2 43
Agradar aos meus pais/familiares
20 10 5 7 1 43
Ter melhores condições familiares
23 10 7 1 2 43
Ser exemplo para os mais novos
34 4 3 2 0 43
Seguir os amigos que iam para o ensino superior
6 4 10 20 3 43
Ter mais reconhecimento social
24 9 4 6 0 43
Falta de outra ocupação 5 3 8 23 4 43
Fonte: Criação própria
As variáveis seleccionadas e a ordem utilizada no quadro acima respondem a
lógica das respostas dos grupos focais, mas, a importância de cada uma delas para
os questionados corresponde a outra hierarquia diferente, conforme a figura que se
segue:
Figura nº 2.8 – Pontuação obtida nas questões/motivação
34.
Fonte: Criação própria
34
Baseada numa escala de pontuação às respostas, que vai de 4 a 0, respectivamente à ordem das mesmas no quadro 2.4, por exemplo: 4 pontos para cada resposta “Muito importante” e 0 para cada resposta “Em branco”.
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Assim, a motivação mais importante que levou os estudantes questionados a
escolherem a ESPtN foi a ter mais habilitações académicas (84% dos estudantes =
20 regulares e 16 pós-laborais). Quer dizer que, na base das motivações dos
estudantes está a motivação intelectual referida por Duarte (2007) recordando que
esta é responsável pela competência de planear, projectar e estudar.
A segunda motivação mais importante foi ser exemplo para os mais novos
(79% dos estudantes = 17 regulares e 17 pós-laborais), aqui pode-se evidenciar a
grande importância social em Angola atribuída ao exemplo “do mais velho”. Neste
aspecto podemos ver espelhada a Teoria ERG de Clayton Alderfer, que refere que
há as necessidades de relacionamento (Relatedness) as que se referem às
necessidades, entre outras, de exercício de influência sobre os outros,
nomeadamente em relação à família, amigos e colegas de trabalho.
Segue-se ter conhecimento para poder criar uma empresa onde 49% da
amostra afirmam que essa variável representa uma motivação muito importante para
42% uma importante. A soma das percentagens, 91%, mostra o peso desta
motivação e assim é colocada como terceira na hierarquia. Este resultado é muito
revelante para esta pesquisa que pretende ver se o empreendedorismo é uma
motivação para o ingresso no Curso de Contabilidade e Gestão na ESPtN. Os dados
revelam que os estudantes querem ter conhecimento para poder criar uma empresa,
assim as vias para a concretização do empreendedorismo é uma das motivações
para o ingresso em 2015, dos estudantes no curso de Contabilidade e Gestão, na
ESPtN.
Figura nº 2.9 – Resultado das três motivações consideradas mais importantes. Fonte: Criação própria.
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No resto das variáveis a relevância é menor e os resultados estão
sequencialmente a seguir:
Nos resultados sobre a motivação Conseguir um bom emprego para
ingressarem na ESPtN, 82% dos questionados (18 regulares e 17 pós-laborais)
acharam muito importante e importante e 17% (5 regulares e 2 pós-laboral) acharam
menos importante e não importante. Importa correlacionar as variáveis ocupação e
esta motivação e dizer que dos 11 elementos que estão empregados, 7 destes
fazem parte dos que acharam muito importante. Esse resultado mostra a
importância dada a um bom emprego, e que os estudantes foram motivados para o
ingresso no curso de Contabilidade e Gestão para se situarem no segundo nível da
“Pirâmide de Maslow” que refere a necessidade de segurança do emprego35, entre
outras. Aqui pode-se relacionar também com a Teoria ERG (de Clayton Alderfer)
ligada às necessidades existenciais (Existence) que são as relacionadas com as
necessidades fisiológicas e materiais mais próximas e relacionadas com o trabalho.
A motivação de ter melhores condições familiares foi muito importante para
53% dos questionados e importante para 23% destes. Esta importância, que é
atribuída a esta motivação por 76% dos estudantes, reporta-nos novamente à
Pirâmide de Maslow36 e mostra a necessidade que os estudantes têm de ultrapassar
as necessidades fisiológicas e passarem para as de segurança, neste caso, da
família.
Segue-se os resultados sobre Ter mais reconhecimento social como
motivação de entrada na ESPtN: 77% da população (20 regulares e 13 pós-laborais)
afirmaram que foi muito importante e importante; 9% (4 pós-laborais) afirmaram que
foi menos importante e só 14% afirmaram que não foi importante. Isto mostra que os
estudantes de contabilidade e gestão, sobretudo os do regime regular, ingressaram
ao curso em referência porque também têm Necessidade de estima onde, segundo
a Pirâmide de Maslow, encontra-se a necessidade de auto-apreciação, auto-
confiança, aprovação social, respeito, status, prestígio e de consideração. Pode-se
aplicar aqui a Teoria da Equidade que estuda a percepção que os indivíduos têm da
forma como estão a ser tratados entre o seu desempenho e as recompensas que lhe
são atribuídas. (id). Pois os estudantes têm percepção de como estão a ser tratados
35
Ver Figura 1.1. 36
Idem.
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e sabem/percepcionam qual o tratamento que receberão durante e após o seu
desempenho escolar e as recompensas que lhe serão consequentemente
atribuídas.
Sobre Ter um trabalho no Estado como motivação de entrada, 51% dos
estudantes (13 regulares e 9 pós-laborais) consideraram muito importante e 19% (5
regulares e 3 pós-laborais) consideraram importante. Quer dizer que, os estudantes
ao escolher o curso tiveram como uma das motivações a expectativa de serem um
dia aceites como trabalhadores numa empresa/serviço estatal, e isso significa que
eles dão maior valência ao Estado e que se sentem mais seguros neste em relação
a outros empregadores.
Também houve quem entrou na Escola motivado pelo sentimento de Agradar
aos pais/familiares. Pois, questionados sobre isso, 47% dos estudantes
responderam que foi muito importante e 23% responderam que foi importante. Isto
demonstra que no jovem adulto angolano é ainda forte a influência dos pais na
decisão da escolha da carreira dos filhos.
Quanto ao motivo Conseguir um bom salário na base da entrada na ESPtN, a
maioria dos questionados (70%) respondeu foi muito importante e foi importante e
14% responderam foi menos importante. Significa dizer que eles reconhecem o valor
de um bom salário e estão consciente de que para conseguirem precisam aumentar
suas habilitações académicas. Na correlação desta motivação com a ocupação,
afere-se que dos estudantes empregados, 5 acharam muito importante essa
motivação.
Verificou-se, pelos resultados, que para o ingresso no curso, a motivação de
Arranjar um emprego melhor é valorizada por 68% da amostra (42% consideram-na
como muito importante e 26% como importante), inclusive 7 estudantes actualmente
empregados. Implica dizer que os estudantes não estão satisfeitos com nível das
necessidades em que se encontram e que para subirem em direcção ao topo da
“Pirâmide de Maslow” ingressaram no curso.
Sobre a questão Dar continuidade ao curso feito no médio só 59% dos
questionados acham esta variável como motivação importante. Quer dizer que estes
estudantes reconhecem a importância da continuidade, de aprofundar
conhecimentos e de se especializarem numa única área.
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A motivação seguinte Mudar de categoria no emprego é ponderada de baixa
importância pelos questionados, pois 63%, a maioria, (19 regulares e 8 pós-laborais)
classificaram-na de menos importante e não importante. Contudo este resultado
correlacionado com a ocupação é interessante, pois esta motivação é considerada
muito importante e importante para 8 estudantes dos 11 empregados. São os
empregados que desejam mudar de categoria e essa foi uma motivação para o
ingresso, revelando que mais habilitações ou habilitações específicas são um
requisito para mudança de categoria laboral.
Também é de baixa importância a motivação seguir os amigos que vão para o
Ensino Superior, porquanto 70% responderam menos importante e não importante.
Outra motivação apontada como de baixa importância foi a Falta de outra ocupação
porque 53% a consideraram que não foi importante e 19% que foi menos importante.
Segue-se na figura abaixo os resultados dessas três motivações classificadas como
menos importante:
Figura nº 2.10 – Resultado das três motivações consideradas menos importantes. Fonte: Criação própria.
Este segundo bloco, com taxa média de respostas de 92%, finaliza com uma
questão aberta para poder ser incluída outra possível motivação. Surgiram 13
respostas sendo as únicas repetidas “ser bom(a) contabilista” e “ter uma empresa no
futuro”.
Terceiro bloco de questões
Quanto a este bloco, começou-se por saber se os estudantes consideravam-
se capazes de criar uma empresa. Assim, 77% dos estudantes (17 do regime
regular e 16 do regime pós-laboral) responderam Sim e 14% (3 regulares e 3 pós-
laboral) responderam Não, conforme figura a seguir.
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Figura nº 2.11 – Resultados sobre a capacidade de criar uma empresa.
Fonte: Criação própria.
Este resultado revela uma boa auto-estima dos questionados, tanto
regulares como pós-laborais, em relação às suas capacidades como futuros
empreendedores. Pode-se evidenciar, aqui, a Teoria da Expectativa que defende
que as pessoas, antes de incrementarem um esforço para realizar uma tarefa
avaliam a Valência, a Instrumentalidade e a Expectativa (VIE) (Santos, 2008), na
medida em que os estudantes reconhecem a valência da capacidade de criar uma
empresa e o curso de contabilidade e gestão como instrumentalidade; a Expectativa
está ligada com a convicção do estudante sobre as suas capacidades de criar uma
empresa, e com o aumento destas vindas do seu esforço.
Como requisitos/aspectos para a criação de uma empresa, elegeu-se as
fases mais mencionadas pelos teóricos e questionou-se o grau de dificuldade que
cada um atribuiria aos mesmos. O quadro abaixo espelha as respostas obtidas,
sendo as células sombreadas em cinzento a opção mais respondida:
Quadro 2.5 – Resultados sobre dificuldades na criação duma empresa.
Variável
Resposta
Muito difícil
Difícil Nem difícil, nem fácil
Fácil Muito fácil
Em branco
Total
Planear 4 4 20 11 3 1 43
Pôr em prática/executar 12 17 7 5 1 1 43
Informação de como fazer 5 15 9 10 3 1 43
Formação específica da área 6 10 14 9 3 1 43
Empréstimo bancário 19 12 5 5 0 2 43
Empréstimo NÃO bancário 15 16 4 4 3 1 43
Apoio familiar 6 5 12 12 8 0 43
Espaço/lugar 13 18 7 4 1 0 43
Fonte: Criação própria
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O primeiro aspecto tem a ver com Planear e os resultados mostram uma
atribuição de dificuldade média ou fácil, pois: 47% dos estudantes acharam Nem
difícil, nem fácil; 33% acharam Fácil e Muito fácil, 18% consideraram Muito difícil e
Difícil.
Sobre o segundo aspecto, Pôr em prática/executar, 68% dos questionados
responderam que é Muito difícil e Difícil; 16% responderam Nem difícil, nem fácil;
12% (4 regulares e 1 pós-laboral), com destaque dos regulares, disseram que é
Fácil e apenas 2% (1 regular) disse que é Muito fácil. Aqui o grau de dificuldade é
considerado maior, pois só 30% acham mais ou menos fácil pôr em prática/executar.
As respostas dos estudantes na questão sobre o grau de dificuldade do
aspecto Informação de como fazer (para constituir empresa) mostram que menos da
metade, 47%, classifica a dificuldade desta variável como Difícil e Muito Difícil. Isto,
representa uma necessidade de terem acesso a mais informação de como constituir
uma empresa. Também quanto a Formação específica da área, 37% assinalaram
Muito difícil e Difícil; 33% (10 regulares e 4 pós-laborais) assinalaram Nem difícil,
nem fácil e só 28% assinalaram Fácil e Muito fácil.
Sobre o Empréstimo bancário 72% da amostra responderam que é Muito
difícil e Difícil, isto é 15 regulares e 16 pós-laborais, revelando assim que esse grau
de dificuldade é visto para os estudantes de ambos os regimes. Dos questionados
12% (4 regulares e 1 pós-laboral) responderam Nem difícil, nem fácil; outros 12% (3
regulares e 2 pós-laborais) responderam Fácil e nenhum estudante regular ou pós-
laboral considerou Muito fácil. Estas respostas reflectem a necessidade de um
estudo mais profundo sobre as razões que levam os estudantes a considerarem o
crédito bancário como muito difícil, uma vez que, como afirmado acima, o poder
político e governamental através do sistema bancário possibilta empréstimos
apoiados pelo Estado.
No que concerne ao Empréstimo não bancário, 72% dos alunos
questionados (13 regulares e 18 pós-laborais) pensaram ser Muito difícil e Difícil, o
que quase coincide com os resultados do empréstimo bancário reafirmando-se
assim, também, a necessidades de aprofundar este aspecto em outros estudos.
Sobre o Apoio familiar na constituição duma empresa, 75% (19 regulares e
13 pós-laborais) responderam que é mais ou menos fácil. Isso mostra a tendência
dos estudantes em contar com o apoio da família para criar uma empresa. Só 26%
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
da população estudada (4 regulares e 7 pós-laborais) responderam Muito difícil e
Difícil de se conseguir. A diferença numérica neste aspecto entre os regimes revela
que é considerado mais difícil para os pós-laborais ter apoio familiar do que para os
regulares recordando aqui que estes últimos são a maioria que mora com os pais.
Por último, nessa secção de questões, temos os resultados quanto ao
aspecto Espaço/lugar: 30% dos estudantes questionados (5 regulares e 8 pós-
laborais) consideraram Muito difícil conseguir espaço/lugar para se constituir uma
empresa; 42% (11 regulares e 7 pós-laborais) consideraram que é Difícil; 16% (4
regulares e 3 pós-laborais) consideraram Nem difícil, nem fácil; 9% (3 regulares e 4
pós-laborais) consideraram Fácil e só 2% (1 pós-laboral) achou Muito fácil. Quer
dizer que a maioria (72%) acham que o grau de dificuldades sobre ter um
Espaço/lugar para a constituição de uma empresa é alto. Importa referir que não há
diferença significativa entre os regimes neste aspecto.
Em suma, para esse terceiro bloco de questões do questionário aplicado,
(com uma taxa média de respostas equivalente a 97%) pode-se deduzir que, de
modo geral, os estudantes consideram-se capazes de criar uma empresa. Pois,
planear a constituição de uma empresa, para eles, é considerado como não difícil,
nem fácil, assim como obter formação específica para tal. Embora, consideram difícil
pôr em prática ou executar a acção e conseguir informação sobre como fazer.
Mesmo com muita dificuldade de conseguirem um empréstimo bancário e/ou
dificuldade de se conseguir outras formas de empréstimos assim como um espaço
ou lugar para a constituição da empresa, eles acham mais fácil conseguir apoio
familiar para o efeito.
Segue-se abaixo duas figuras que sintetizam os resultados obtidos, nos dois
aspectos considerados mais difíceis (Empréstimo bancário e espaço/lugar) e nos
dois aspectos considerados menos difíceis (Apoio familiar e planear):
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
Figura nº 2.12 – Resultado dos dois aspectos considerados mais difíceis.
Fonte: Criação própria.
Figura nº 2.13 – Resultado dos dois aspectos considerados menos difíceis.
Fonte: Criação própria.
Quarto bloco de questões
Nesta secção, as questões têm a ver com o conhecimento geral sobre o
Empreendedorismo (conferir os dois quadros seguintes). Todos os estudantes em
estudo afirmaram que já ouviram a falar sobre o Empreendedorismo, isso revela a
eficácia da divulgação deste, especialmente pelos meios de comunicação. Embora
divulgado o termo 14% (4 regulares e 2 pós-laborais) responderam que não sabem o
que é, revelando a necessidade de esclarecer mais e complementar a informação
divulgada.
Dos 77% (16 regulares e 17 pós-laborais) que afirmaram que sabiam o que
é o Empreendedorismo e o definiram, pode-se conferir (atendendo as várias
definições que vários manuais trazem) 25 certas (12 regulares e 13 pós-laborais),
contudo 6 respostas estavam mais ou menos certas (4 regulares e 2 pós-laborais) e
5 respostas erradas (2 regulares e 3 pós-laborais), e, importa referir que destes, 3
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
estudantes não responderam à questão. Reforçando aqui a necessidade supra
mencionada de maior esclarecimento desta temática na informação divulgada.
Por fim, 91% dos estudantes (20 regulares e 19 pós-laborais) acharam útil
estudar Empreendedorismo na ESPtN e só 7% (3 regulares) não consideraram útil
estudar Empreendedorismo na ESPtN. Este resultado demonstra a necessidade de
incluir ou aprofundar o empreendedorismo neste curso. Os dados acima
comentados estão reflectidos nos 2 quadros seguintes:
Quadro 2.6 – Resultados sobre empreendedorismo.
Variável Resposta/Frequência
Sim Não Em branco Total
Já Ouviu a falar sobre Empreendedorismo? 43 0 0 43
Sabe o que é empreendedorismo? 33 6 4 43
Acha útil estudar empreendedorismo na ESPtN? 39 3 1 43
Fonte: Criação própria.
Quadro 2.7 – Resultados sobre definição de Empreendedorismo.
Definição de Empreendedorismo
Resposta Certa Mais ou menos certa Errada Em branco Total
Frequência 25 6 5 7 43
Fonte: Criação própria.
Para finalizar e responder ao problema investigativo que consiste em saber
se o Empreendedorismo fez ou não parte das motivações, ao ingresso no curso de
Contabilidade e Gestão da ESPtN, dos estudantes que entraram em 2015, faz-se
uma demonstração correlacional dos resultados da motivação considerada “chave”
para se comprovar a veracidade da hipótese, isto é, resultados sobre a
questão/motivação “Ter conhecimento para poder criar uma empresa” (TCCE). O
quadro a seguir mostra esses resultados correlacionados com os dados gerais dos
inqueridos:
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
Quadro 2.8 – Correlação da TCCE* com o primeiro bloco de questões
DADOS GERAIS
Variável Ter conhecimento para poder criar uma empresa
Resposta Foi muito
importante Foi
importante Foi menos importante
Não foi importante
Regime Regular 12 9 2 0
Pós-Laboral 9 9 0 1
Sexo Masculino 9 9 0 0
Feminino 12 8 2 1
Idade (anos)
Menos de 20 4 4 1 0
de 21 a 35 15 10 1 0
de 36 a 50 1 3 0 0
Mais de 50 0 0 0 1
Estado Civil
Solteiro(a) 17 18 2 0
Casado(a) 3 0 0 0
Divorciado(a) 1 0 0 1
União de facto 0 0 0 0
Viúvo(a) 0 0 0 0
Tem filho(a)s? Sim 5 5 0 1
Não 16 12 2 0
Tem empresário na família directa?
Sim 5 6 2 0
Não 16 10 0 1
Morada
Com os pais 10 10 1 0
Com outros familiares 5 3 1 0
Em casa própria 5 5 0 1
Outra 0 0 0 0
Ocupação Empregado 4 5 0 1
Desempregado 17 13 2 0
Tem negócio próprio?
Sim 1 2 0 0
Não 18 14 2 1
O negócio paga imposto?
Sim 0 1 0 0
Não 0 1 0 0
*TCCE = Ter conhecimento para poder criar uma empresa.
Fonte: Criação própria.
Portanto, pode-se verificar, através da amostra estudada, que quase todos
os estudantes tiveram como uma das motivações para estudar na ESPtN, ter
conhecimento para poder criar uma empresa, e isto significa, que a maioria dos
questionados tem um desejo empreendedor e que o conhecimento para esse fim é
uma motivação a ser levada muito em conta. A maior deles consideraram esta
motivação como muito importante, como se pode conferir na figura seguinte:
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
Figura nº 2.14 – Resultados da TCCE.
Fonte: Criação própria
Assim, o Empreendedorismo foi realmente uma das motivações dos
estudantes, aquando do ingresso em 2015 no curso de Contabilidade e Gestão da
ESPtN, principalmente daqueles com idades no intervalo de 21 a 35 anos (idades
importantes para a vida activa) que representam 56%, dos casados, 75%, dos que
não possuem filho. São 53% dos que não possuem parente empresário, 59% dos
desempregados e 53% dos que não têm um negócio próprio.
Não obstante ter-se comprovado a veracidade da hipótese da investigação,
importa analisar a seguir a correlação da mesma questão (motivação - Ter
conhecimento para poder criar uma empresa) com o terceiro bloco de questões do
mesmo questionário:
Para começar, dos 33 estudantes que consideraram-se capazes de criar uma
empresa, 16 (48%) consideraram a TCCE como muito importante, 15 (45%)
consideraram importante, 1 (3%) considerou menos importante e 1 (3%) não
respondeu àquela motivação chave, conforme a figura abaixo:
Figura nº 2.15 – Resposta dos estudantes sobre se consideram-se capaz de criar uma empresa face
a motivação TCCE. Fonte: Criação própria
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
Os 6 estudantes que responderam não serem capaz de criar uma empresa,
relacionados com a motivação em análise, importa dizer que 2 (33%) consideraram
muito importante a motivação, 3 (50%) consideraram importante e 1 (17%)
considerou menos importante (ver quadro abaixo).
Quadro 2.9 – Correlação da TCCE com a capacidade de criar empresa
Questões
Ter conhecimento para poder criar uma empresa
Respostas
Foi muito importante
Foi importante
Foi menos importante
Não foi importante
Em branco
Total
21 18 2 1 1 43
Considera-se capaz de criar uma empresa?
Sim 16 15 1 0 1 33
Não 2 3 1 0 0 6
Em branco 3 0 0 1 0 4
Fonte: Criação própria.
Constituir uma empresa não é fácil, por isso pensou-se, em questionar os
estudantes sobre o grau de dificuldade que atribuiriam em alguns aspectos
fundamentais na criação de empresa, como vimos acima. Agora, segue-se a
conferência dos resultados relacionados com a motivação chave.
Sobre o planear (ver figura abaixo), dos 4 estudantes que acharam muito
difícil, 2 (50%) consideraram muito importante e outros 2 (50%) consideraram
importante a motivação. Dos outros 4 estudantes que acharam difícil, 3 (75%)
tiveram como muito importante a motivação enquanto 1 (25%) teve como
importante. Dos 20 estudantes que consideraram nem difícil, nem fácil, 9 (45%)
acharam a motivação muito importante, 9 (45%) acharam a motivação importante, 1
(5%) achou menos importante e o outro 1 (5%) achou não importante. Dos 11
estudantes que consideraram fácil, 5 (45%) responderam à motivação em análise
com muito importante, 4 (36%) responderam com importante, 1 (9%) respondeu com
menos importante e 1 (9%) não respondeu. Dos 3 estudantes que consideraram
muito fácil, 2 (67%) achou a motivação muito importante, 1 (33%) achou importante.
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
Figura nº 2.16 – Relação TCCE / Planear.
Fonte: Criação própria.
Sobre pôr em prática/executar (figura a seguir), dos 12 estudantes que
consideraram muito difícil, 5 (42%) tiveram a motivação chave como muito
importante, 6 (50%) tiveram como importante e 1 (8%) teve como menos importante
a motivação chave. Dos 17 estudantes que consideraram difícil, 8 (47%) acharam a
motivação em análise como muito importante e 9 (53%) acharam a motivação como
importante. Dos 7 estudantes que consideraram nem difícil, nem fácil, 4 (57%)
acharam a motivação muito importante, 1 (14%) achou importante, 1 (14%) achou
não importante e 1 (14%) não respondeu. Dos 5 estudantes que consideraram fácil,
3 (60%) acharam a motivação como muito importante, 1 (20%) achou importante e o
outro 1 (20%) achou menos importante. O único estudante que considerou muito
fácil, achou a motivação em análise como muito importante.
Figura nº 2.17 – Relação TCCE / Pôr em prática/executar.
Fonte: Criação própria
Quanto a informação de como fazer (ver figura abaixo), dos 5 estudantes
que consideraram muito difícil, 4 (80%) responderam à motivação em análise com
muito importante e 1 respondeu com importante. Dos 15 estudantes que
consideraram difícil, 5 (33%) achou a motivação muito importante, 9 (60%) achou a
motivação como importante e 1 (7%) achou não importante. Dos 9 estudantes que
consideraram nem difícil, nem fácil, 4 (44%) acharam a motivação como muito
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
importante, outros 4 (44%) acharam como importante e 1 (11%) achou como menos
importante. Dos 10 estudantes que consideram fácil, 7 (70%) acharam a motivação
em análise como muito importante, 2 (20%) acharam a motivação como importante e
1 (10%) considerou a motivação como menos importante. Dos 3 estudantes que
julgaram muito fácil, 1 (33%) considerou muito importante à motivação em causa e
os outros 2 (67%) como importante.
Figura nº 2.18 – Relação TCCE / Informação de como fazer.
Fonte: Criação própria.
Com relação a formação específica da área (ver figura seguinte), dos 6
estudantes que consideraram muito difícil, 2 (33%) acharam a motivação em causa
como muito importante, 3 (50%) acharam a mesma motivação como importante e 1
(17%) como não importante. Dos 10 estudantes que consideraram difícil, 4 (40%)
declararam a motivação como muito importante, 5 (50%) acharam importante e 1
(10%) menos importante. Dos 14 estudantes que consideraram nem difícil, nem fácil,
9 (64%) assinalaram a motivação em análise como muito importante e 5 (36%)
apontaram como importante. Dos 9 estudantes que consideraram fácil, 5 (56%)
indicaram a motivação como muito importante e 4 (44%) assinalaram como
importante. Dos 3 estudantes que consideraram muito fácil, 1 (33%) classificou a
motivação como importante, 1 (33%) notou a motivação como menos importante e 1
(33%) não respondeu.
Figura nº 2.19 – Relação TCCE / Formação específica na área.
Fonte: Criação própria
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
Em relação ao empréstimo bancário (ver figura que se segue), dos 19
estudantes que consideraram muito difícil, 7 (37%) tiveram a motivação em
referência com muito importante, 11 (58%) tiveram a motivação como importante e 1
(5%) não respondeu. Dos 12 estudantes que consideraram difícil, 7 (58%) tiveram a
motivação como muito importante, 3 (25%) tiveram como importante, 1 (8%) teve
como menos importante e 1 (8%) teve como não importante. Dos 5 estudantes que
consideraram nem difícil, nem fácil, 2 (40%) tiveram a motivação como muito
importante, outros 2 (40%) como importante e 1 (20%) como menos importante. Dos
5 estudantes que consideraram fácil, 4 (80%) tiveram a motivação como muito
importante e 1 (20%) teve como importante.
Figura nº 2.20 – Relação TCCE / Empréstimo bancário. Fonte: Criação própria.
Para o empréstimo não bancário (conforme a figura seguinte), dos 15
estudantes que consideraram muito difícil, 7 (47%) tiveram como muito importante a
motivação, outros 7 (47%) como importante e 1 (7%) como não importante. Dos 16
estudantes que consideraram difícil, 8 (50%) tiveram como muito importante a
motivação, 5 (31%) tiveram como importante a motivação, 2 (13%) tiveram como
menos importante a motivação e 1 (6%) não respondeu. Dos 4 estudantes que
consideraram nem difícil, nem fácil, 1 (25%) teve como muito importante a motivação
e 3 (75%) como importante. Dos 4 estudantes que responderam fácil, 3 (75%)
tiveram como muito importante a motivação e 1 (25%) teve como importante. Dos 3
estudantes que consideraram muito fácil, 1 (33%) teve como muito importante a
motivação e 2 (67%) como importante.
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Figura nº 2.21 – Relação TCCE / Empréstimo não bancário.
Fonte: Criação própria.
Em relação ao apoio familiar (conferir figura a seguir), dos 6 estudantes que
consideraram muito difícil, 3 (50%) tiveram a motivação como muito importante, 2
(33%) como importante e 1 (17%) não respondeu. Dos 5 estudantes que
consideraram difícil, 2 (40%) tiveram a motivação como muito importante e 3 (60%)
tiveram como importante. Dos 12 estudantes que consideraram nem difícil, nem fácil,
6 (50%) tiveram a motivação como muito importante, 5 (42%) como importante e 1
(8%) como menos importante. Dos 12 estudantes que responderam fácil, 6 (50%)
também tiveram a motivação como muito importante, 5 (42%) também como
importante e 1 (8%) como não importante. Dos 8 estudantes que consideraram
muito fácil, 4 (50%) tiveram a motivação como muito importante, 3 (38%) como
importante e 1 (13%) como menos importante.
Figura nº 2.22 – Relação TCCE / Apoio familiar.
Fonte: Criação própria.
Sobre o espaço/lugar (ver figura abaixo), dos 13 estudantes que
consideraram muito difícil, 6 (46%) assinalaram, para a motivação, muito importante,
4 (31%) assinalaram
Importante, 1 (8%) sinalizou menos importante, 1 (8%) assinalou não importante e 1
(8%) não respondeu. Dos 18 estudantes que consideraram difícil, 8 (44%)
destacaram muito importante na motivação, 9 (50%) assinalaram importante e 1
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
(6%) apontou menos importante. Dos 7 estudantes que consideraram nem difícil,
nem fácil, 4 (57%) indicaram muito importante na motivação e 3 (43%) assinalaram
importante. Dos 4 estudantes que consideraram fácil, 2 (50%) assinalaram muito
importante na motivação e outros 2 (50%) assinalaram importante. O único que
considerou muito fácil, também considerou muito importante a motivação (ver
quadro abaixo).
Figura nº 2.23 – Relação TCCE / Espaço/lugar
Fonte: Criação própria
Não há dúvida mesmo que “ter conhecimentos para poder criar uma empresa”
foi umas das motivações dos estudantes que ingressaram à ESPtN em 2015, pois
os dados acima analisados demonstraram tal facto. Mas, a par dessa motivação que
foi inserida no questionário como uma questão de controlo, encontrou-se mais duas
outras motivações (acrescida pelos alunos) que nos permitem aferir a possibilidade
de empreendedorismo constar na base das motivações do estudante. Isto é:
1. Ser bom Contabilista - motivação acrescida por dois estudantes, e
que ambos são de idades compreendidas de 21 a 35 anos, solteiros, não possuem
filho, 1 tem parente empresário e outro não respondeu, são desempregados e não
têm negócio próprio.
2. Ter empresa futuramente – motivação acrescida também por dois
estudantes, do sexo feminino com idades de 21 a 35 anos, solteiras, uma com filho e
outra sem filho, uma com empresário na família e outra não, todas desempregadas e
sem negócio próprio.
Análise SWOT
Como disse Duarte (2007), aquilo que nos entusiasma torna-se motivação e
pode se transformar em realidade. Então, para que o empreendedorismo possa ser
uma opção para os estudantes, este poderia ser uma área com maior destaque não
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
só teórica, mas também prática no curso. Tendo em conta as respostas aos
questionários sobre as motivações para a entrada na ESPtN e o conhecimento
sobre empreendedorismo, a seguir elabora-se uma análise SWOT sobre a Utilidade
de Estudar Empreendedorismo na ESPtN:
Quadro 2.10 – Matriz SWOT
Pontos Fortes Pontos Fracos
- Será uma continuidade dos estudos que já se praticam no ensino secundário e nos planos de formação de quadros. - Entre as motivações, para fazer os estudos na ESPtN, dos estudantes questionados que são alunos desta escola:
97,7% Responderam ter mais habilitações académicas;
90,7% Esperam ter conhecimento para poder criar uma empresa;
81,4% Querem conseguir um bom emprego.
Acham útil estudar empreendedorismo na ESPtN, 90,7% dos questionados.
- Rigidez dos programas de estudo.
- Currículos já pré-definidos e difíceis de alterar.
- Há poucos professores devidamente preparados para leccionar esta matéria a nível superior.
Oportunidades Ameaças
O empreendedorismo pode tornar mais atractivo, útil, actualizado e de interesse geral os estudos do Curso de Contabilidade e Gestão na ESPtN.
O Plano Nacional de Formação de Quadros (PNFQ), no seu programa de acção n.º 6 “Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial,” afirma haver áreas de conhecimentos e cursos que já têm ofertas para leccionar esta matéria o que coloca em desvantagem o Ensino Superior se não o contempla nos seus programas.
Fonte: Criação Própria
Esta análise revela que existem mais pontos fortes sobre a Utilidade de
Estudar Empreendedorismo na ESPtN, os pontos fracos depois de reconhecidos
pela instituição podem ser modificados para implementação, melhoria e
complementaridade desta temática no curso, daí a importância da transmissão
destes conhecimentos para serem levados em conta em futuras decisões
institucionais. Também o estudo do empreendedorismo pode tornar um incentivo à
realização do curso e uma vantagem competitiva. A sua inclusão iria cumprir com
uma das medidas de políticas do governo angolano, no “Programa de promoção do
empreendedorismo”, como referenciado no marco teórico, de “introduzir conteúdos
de empreendedorismo nos programas curriculares dos diversos níveis de ensino
[negrito adicionado]”. Assim como contribuir para o cumprimento do PNFQ sobre as
metas apresentadas neste campo até 2020 sobretudo nos 80 Mil potenciais
empreendedores formados.
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
CONCLUSÃO
Em Angola, o empreendedorismo é um tema actual, muito debatido na
agenda política e incentivado em várias vertentes como um meio de redução do
desemprego, aumento da receita familiar e diminuição da pobreza nacional. Na
província do Namibe existe vários apoios para aquele que deseja ser empreendedor.
Desde 2014, a nível experimental, passou a ser uma disciplina curricular do
secundário. No entanto, a nível do ensino superior o empreendedorismo não é
devidamente aprofundado.
A Escola Superior Politécnica do Namibe (ESPtN) é uma instituição de
Ensino Superior da UMN. Neste trabalho, realizado entre Março e Outubro de 2015,
fez-se um estudo de caso sobre esta instituição onde se procurou responder ao
problema investigativo: Será que os estudantes que ingressaram em 2015 no curso
de Contabilidade e Gestão, na ESPtN, têm como uma das motivações o
empreendedorismo?
Este trabalho cumpriu o seu objectivo geral ao constatar se o
empreendedorismo faz parte das motivações dos estudantes para o ingresso neste
curso. Alcançou os seus objectivos específicos, pois apresentou as fundamentações
teóricas para o estudo, especialmente as consideradas aplicáveis às motivações
estudantis. Sobre o segundo objectivo específico confirmou-se que o
Empreendedorismo faz parte das motivações dos estudantes.
Para o cumprimento dos objectivos fez-se uma pesquisa bibliográfica e
documental e uma entrevista estruturada exploratória sobre esta área de estudo
para uma fundamentação teórica; na parte empírica mostrou-se os resultados da
colecta de dados por questionário e como estes se podem relacionar com a teoria
exposta na primeira parte do trabalho.
Os resultados sobre as motivações dos estudantes para o ingresso foram
hierarquizadas e as três consideradas mais importantes foram: ter mais habilitações
académicas, ser exemplos para os mais novos; seguida de ter conhecimento para
poder criar uma empresa.
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
Estes resultados levam à confirmação da hipótese inicialmente colocada: os
estudantes que ingressaram em 2015 no curso de Contabilidade e Gestão, na
ESPtN, têm como uma das motivações o empreendedorismo. Os dados revelam que
estes querem ter conhecimento para poder criar uma empresa ou seja a
concretização do empreendedorismo.
O empreendedorismo, como já acima referido, não é aprofundado nos
programas do curso, porém os estudantes consideram útil o seu estudo. O
conhecimento da análise SWOT efectuada sobre a Utilidade de Estudar
Empreendedorismo na ESPtN mostra que a inserção desta matéria no programa do
curso traria várias vantagens recíprocas (estudantes/Instituição). Deste modo a
ESPtN cumpriria também com uma das medidas de políticas do governo angolano,
no Programa de promoção do empreendedorismo e contribuiria igualmente para o
cumprimento das metas apresentadas no PNFQ no campo da formação de
empreendedores até 2020.
Para que o empreendedorismo possa ser uma opção para os estudantes,
sugere-se alterações qualitativas no currículo/programa do curso. Como também
que seja uma área com maior destaque não só teórica, mas também prática no
curso, como:
Simulação de actividades de negócio ou actividades empreendedoras
reais em sala de aulas;
Interacção com a comunidade empresarial local e outras pessoas de
conhecimentos especializados na gestão de negócios.
Sugere-se ainda que os resultados sobre as motivações possam ser
analisados superiormente e levados em conta em futuras decisões institucionais que
envolvam os estudantes que ingressam nesse curso. Com base neste conhecimento
a ESPtN poderá trazer mudanças benéficas na inserção académica, de modo a ir de
encontro ao expectado pelos estudantes, mantendo-os continuamente motivados e
activos na busca de uma Angola melhor, com destaque ao espírito empreendedor da
população.
UMN: Escola Superior Politécnica do Namibe José Cambinda Dala
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