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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
O RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA
Por: Miriam Gouvêa de Barros
Orientador
Prof. Maria Esther de araújo oliveira
Espírito Santo
2009
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3
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
O RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Psicomotricidade.
Por: Miriam Gouvêa de Barros
5
Dedico este trabalho a todas as doces
crianças que tornaram este projeto uma
preciosa realidade.
RESUMO
6
O presente trabalho refere-se à descrição de uma experiência em Educação
Física na Educação Física Infantil, e pretende apontar indícios que aproximem
uma concepção de Educação Física voltada para o desenvolvimento integral
da criança pequena, onde a Psicomotricidade encontra-se como aliada na
busca de uma educação de qualidade, que atenda as necessidades e
interesses da criança pequena. O objetivo principal é relatar e contextualizar a
importância da Psicomotricidade nas aulas de Educação Física a partir do
projeto “Diversidade de movimentos na pluralidade infantil” desenvolvido nos
anos de 2007 e 2008, no Centro de Municipal de Educação Infantil “Maria
Goretti Coutinho Cosme”, pertencente à Prefeitura Municipal de Vitória / ES.
METODOLOGIA
7
Este trabalho constitui uma pesquisa-ação, pois o pesquisador é um dos
pesquisados e os dados relatados já estavam prontos, anterior ao controle do
pesquisador. Sua natureza metodológica é descritiva, pois seu objetivo
principal tem por finalidade descrever um fato ou fenômeno.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
8
CAPÍTULO I - Educação 10
CAPÍTULO II - Educação Física: Movimento 12
CAPÍTULO III – Educação Infantil 17
COAPÍTULO IV – Educação Física
na Educação Infantil 24
CAPÍTULO V – O Projeto 35
CONCLUSÃO 51
BIBLIOGRAFIA 52
ANEXOS 54
FOLHA DE AVALIAÇÃO 80
INTRODUÇÃO
O presente trabalho constitui um estudo articulado com a realidade
cotidiana de um Centro Municipal de Educação Infantil do Município de
9
Vitoria/ES, onde as dificuldades e limitações, num primeiro momento, poderiam
sugerir o fracasso do projeto.
Contudo, os desdobramentos e superações fizeram da experiência aqui
relatada mais que uma intervenção pedagógica: uma experiência rica para o
professor e, fundamentalmente, para os alunos.
Este projeto é constituído pelo relato de uma experiência em Educação
Física na Educação Infantil, e pretende apontar indícios que aproximem uma
concepção de Educação Física voltada para o desenvolvimento integral da
criança pequena, onde a Psicomotricidade encontra-se como aliada na busca
de uma educação física de qualidade, que atenda as necessidades e
interesses da criança pequena.
O objetivo principal é relatar e contextualizar a importância da
Psicomotricidade nas aulas de Educação Física a partir do projeto “Diversidade
de movimentos na pluralidade infantil” desenvolvido nos anos de 2007 e 2008,
no Centro de Municipal de Educação Infantil “Maria Goretti Coutinho Cosme”,
pertencente à Prefeitura Municipal de Vitória / ES.
A principal relevância deste estudo encontra-se justamente no fato de
constituir-se a partir de intervenções práticas, realizadas no “chão” da escola, o
que possibilitou a ressignificação dos conteúdos teóricos de uma maneira muito
especial, enriquecedora e integrada à realidade da comunidade onde o projeto
foi realizado.
Outra relevância deste estudo, não menos importante, justifica-se pela
oportunidade de pontuar a importância da Psicomotricidade na Educação
Física infantil, numa concepção que busca livrar-se de preconceitos e
reducionismos pedagógicos.
10
CAPÍTULO I
EDUCAÇÃO
Nas comunidades indígenas, a própria vida constituía-se em situações
de educação. As crianças aprendiam com os mais experientes, vendo,
11
entendendo, imitando. A educação existia misturada com a própria vida em
momentos de rituais, trabalho, lazer, amor. O ensinar era misturado com o
cotidiano, o dia-a-dia, o aprender-ensinar era a educação vinda da convivência
de pessoas.
A educação formal, da maneira como a temos hoje, surge a partir do
momento em que começam a aparecer hierarquias sociais: separou-se aquele
que “faz” daquele que “sabe como se faz”. Surge então a divisão social do
saber.
Hoje, institucionalizada, a educação é prática específica das escolas. Foi
completamente apartada das práticas cotidianas, do dia-a-dia da vida, para ser
compartimentalizada em salas de aulas.
Ao pensar a educação como algo que antes existia misturada com a
própria vida, e que hoje, concentra-se nos bancos escolares, constatamos a
necessidade de superar uma concepção educacional que desvincula o
“contexto” do “saber”. A partir desta tentativa de superação, podemos afirmar
que uma educação eficiente precisa estar vinculada à realidade e às
especificidades históricas, culturais e sociais da comunidade onde está
inserida. Deve aproximar o saber “da escola” do saber “da prática”.
O processo de ensino-aprendisagem deve estimular a expressão e o
diálogo, situando o educando como personagem ativo de seu próprio
desenvolvimento, e não como mero expectador.
A relação professor-aluno deve ser dialógica, rompendo os esquemas
verticais da educação, que Paulo Freire define como “educação bancária” –
onde o aluno assume o papel de depositante de todo o conhecimento que
possui o professor a partir de uma mera transferência de conhecimento. Educar
para a cidadania pressupõe diálogo, bilateralidade, respeito às diferenças e
atenção à pluralidade cultural.
13
CAPÍTULO II
EDUCAÇÃO FÍSICA: MOVIMENTO
Uma concepção de Educação Física depende dos pressupostos
pedagógicos que cada professor constrói a partir de seus estudos, vivências e
práticas, pois assim como afirma João Batista Freire (1997):
“Mil cozinheiros com a mesma receita na mão farão mil pratos diferentes.”
A concepção de Educação Física que permeia este trabalho não tem o
objetivo de constituir verdade absoluta, mas apontar um caminho que está
sendo percorrido na busca de uma identidade profissional que satisfaça a
anseios pedagógicos, tanto práticos quanto teóricos.
O homem primitivo tinha em sua rotina a prática de atividades físicas,
pois precisava fazer esforço em diversos movimentos como subir em árvores,
pular, saltar, lutar com animais, nadar, para conseguir sobreviver, proteger-se,
alimentar-se. Sua vida dependia da atividade física regular. Tinha que fazer
longas caminhadas e viagens para se transportar de um lugar a outro, quando
o local em que habitavam perdia a fonte de água e de alimento.
Deslocava-se de um lugar para outro a procura de alimentos,
marchando, trepando, nadando, saltando e lançando as suas diferentes armas
de arremesso. Pela repetição contínua desses exercícios, na luta pela
sobrevivência, aperfeiçoava as funções, educando-as gradativa e
inconscientemente.
Só bem mais tarde o homem aprendeu a plantar e colher seus próprios
alimentos, o que ainda significava um esforço muito maior do que temos hoje,
com a comodidade da vida moderna.
14
Com a chegada do mundo civilizado, temos o surgimento de atividades
físicas com finalidade guerreira, terapêutica, esportiva e educacional, e ainda, a
origem dos jogos olímpicos, os famosos Jogos Gregos.
Ao relacionarmos a pré-história com a era moderna contemporânea,
percebemos que o movimento teve diferentes significados e objetivos. Na
atualidade, a Educação Física pretende contribuir com a formação integral do
ser humano, a partir do que ela tem de mais peculiar e específico: o
movimento.
A Educação Física é componente curricular obrigatório do Ensino
Básico, segundo art. 26 da LDB, e a partir de nova redação feita em dezembro
de 2003, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2004, ficou com o seguinte
texto:
“A educação física, integrada à proposta
pedagógica da escola, é componente curricular
obrigatório da educação básica, sendo sua prática
facultativa apenas ao aluno: que cumpra jornada
de trabalho igual ou superior a seis horas; maior
de trinta anos de idade; que estiver prestando
serviço militar inicial ou que, em situação similar,
estiver obrigado à prática da educação física;
amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de
outubro de 1969; que tenha prole.”
(LDB, Art. 26, parágrafo 3º)
Sua prática deve possibilitar a vivência de atividades físicas que
privilegiem a diversidade de movimentos e estímulos motores, em suas mais
variadas manifestações, tais como: dança, ginástica, desporto, cantigas de
roda, brinquedos cantados, brinquedos populares, folclore, atletismo, entre
outras. Quanto mais variados e diversificados forem os estímulos motores,
melhor será seu desenvolvimento integral.
15
Mesmo com o foco predominantemente voltado para a motricidade
humana, a Educação Física não deixa de lado os aspectos sócio-relacionais,
afetivo-emocionais, culturais e históricos. Muito pelo contrário: trata do
desenvolvimento do ser humano a partir da potencialização de sua
corporeidade, pois o indivíduo que se movimenta também pensa, sente, se
relaciona, se emociona, produz cultura e é produzido por ela.
A cooperação
O jogo com caráter competitivo, que é uma cópia do esporte de alto
rendimento, em que o que vale não é a participação, mas sim a aptidão física
para vencer, serve para selecionar pessoas, formar equipes de competição e,
em resumo, para excluir.
Felizmente, a Educação Física militar, discriminatória e excludente, que
as pessoas conheceram e valorizaram no passado, não tem mais como existir
dentro da escola, que agora deve ser para todos. Quando o professor de
Educação Física tira do jogo uma criança, está negando a ela o direito a uma
prática pedagógica, que é fundamental para a formação do ser humano
integral.
A Educação Física, de certa forma, vem colaborando para a manutenção
de valores de uma determinada classe social que prega a valorização do
individualismo, levando em conta apenas as habilidades motoras e
selecionando pessoas como aptas e não-aptas.
Buscando superar uma Educação Física constituída por um modelo
conservador e militarista, em que a competição e a exclusão são valorizadas,
neste projeto, a proposta é valorizar a relação professor-aluno, investindo em
ações cooperativas dentro das aulas. É importante que a Educação Física seja
um espaço onde todas as diferenças possam conviver e aprender umas com
as outras, em harmonia, sendo respeitadas e, mais que isto, valorizadas.
Educação Física deve ser um espaço para todos, sem exceção.
Precisam participar das aulas de Educação Física o gordinho, o
magrinho, a menina, o menos hábil, o mais hábil, o portador de necessidades
16
especiais, enfim todos os que, por uma razão ou outra, ainda se encontram
excluídos.
O esporte educacional prega a participação de todos. O menino jogando
junto com a menina, e não contra ela, valorizando a cooperação, num processo
de co-educação, onde a Educação Física poder formar um ser humano mais
cooperativo, honesto, crítico, independente e feliz.
O professor de Língua Portuguesa não pede para a criança que não
sabe nada sobre verbo ficar de fora de suas aulas. Pelo contrário, insiste em
que ela aprenda. Saindo precocemente do jogo ou da aula de Língua
Portuguesa, ela ficará privada de aprender. O professor não deve ser apenas
treinador de habilidades, e sim um despertador de habilidades, pois trabalhar
com as habilidades é fácil, difícil é propiciar habilidades, dar a chance a quem
não tem.
Muitos acham que a graça do jogo está na competição, constituindo o
principal do jogo, alguns acreditam ser o jogo sinônimo de competição. Para a
criança o importante é o prazer de jogar, a alegria e descontração que o jogo
pode proporcionar, seja ele cooperativo ou competitivo.
Aquela criança que fica fora das aulas de Educação Física, é quem na
realidade mais precisa delas. O modelo competitivo deve ser questionado e
revisto. Não podemos insistir na prática de jogos escolares com o formato
excludente, em que só os melhores têm vez.
17
CAPÍTULO III
EDUCAÇÃO INFANTIL
Inicialmente, a escola de educação infantil tinha uma conotação
assistencial, onde as crianças passavam o dia todo para que seus pais
pudessem trabalhar. As monitoras passavam os dias olhando as crianças
brincarem e era o professor quem ficava com o desenvolvimento intelectual
planejado.
Durante muito tempo, as instituições infantis, incluindo as brasileiras,
organizavam seu espaço e sua rotina diária em função de idéias de
assistência, de custódia e de higiene da criança.
18
A década de 1980 passou por um momento de ampliação do debate a
respeito das funções das instituições infantis para a sociedade moderna, que
teve início com os movimentos populares dos anos 1970.
A antiga lei reguladora das questões relativas a menores de 18 anos, o
“Código de Menores”, tinha caráter repressivo e correcional. Instituído pela Lei
6.697, de 1979, saiu de vigor em 1990, quando foi substituído pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA). O Código de Menores se ocupava da
“proteção e vigilância aos menores em situação irregular”. Essa situação pode
ser resultado da própria conduta (infrações), da conduta familiar (maus-tratos)
ou da sociedade (abandono).
Devido ao Código de Menores, o termo “menor” se revestiu de um
sentido pejorativo para designar crianças e adolescentes a partir de suas
necessidades ou comportamento (menor infrator, menor carente, menor
abandonado), contribuindo para a perpetuação de uma idéia preconceituosa e
conservadora. O conceito atualmente é inapropriado e foi superado pela atual
legislação nacional e internacional em relação aos direitos da criança e do
adolescente. Os termos adequados são: criança, adolescente, menino, menina
ou jovem.
O Estatuto da Criança e do Adolescente introduz em 1990 mudanças
significativas em relação à legislação anterior (Código de Menores). Crianças e
adolescentes passam a ser considerados cidadãos, com direitos pessoais e
sociais garantidos, desafiando os governos municipais a implementarem
políticas públicas especialmente dirigidas a esse grupo.
A partir da promulgação da Constituição em 1988, do Estatuto da
Criança e do adolescente em 1990 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional em 1996, mudanças vem sendo introduzidas nas creches e pré-
escolas. As novas proposições legais enfatizam a integração das instituições
que atendem crianças de 0 a 6 anos aos sistemas educacionais. Apontam
também para a articulação com as famílias, além de exigir formação específica
dos profissionais e a integração do cuidar/educar no cotidiano escolar.
19
“A educação infantil, primeira etapa da
educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis
anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da
comunidade.” (LDB, artigo 29).
Atualmente, as instituições de educação infantil incorporam de maneira
integrada as funções de cuidar e educar, não mais diferenciando, nem
hierarquizando os profissionais e instituições que atuam com crianças
pequenas ou àqueles que trabalham com as de mais idade. As novas funções
da educação infantil surgem de concepções de desenvolvimento que
consideram as crianças nos seus contextos sociais, ambientais, culturais, e nas
interações e práticas sociais.
A criança é um ser social e histórico, que faz parte de uma organização
familiar inserida em uma sociedade caracterizada por uma determinada cultura.
É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas
também o marca. Tem na família, biológica ou não, um ponto de referência
fundamental. As crianças possuem uma natureza singular, que as caracterizam
como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio.
Através das interações que estabelecem com as pessoas e com o meio
que as circunda, as crianças revelam o seu esforço para compreender o mundo
em que vivem e por meio das brincadeiras revelam as condições de vida a que
estão submetidas, seus anseios e desejos. As crianças constroem o
conhecimento a partir das interações que estabelecem com as pessoas e o
meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia da realidade,
mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação.
O atendimento institucional à criança pequena, no Brasil e no mundo,
apresenta ao longo de sua história concepções bastante divergentes sobre sua
finalidade social.
20
No início, a concepção de Educação Infantil era marcada por
características assistencialistas, sem considerar as questões de cidadania
ligadas aos ideais de liberdade e igualdade. Modificar essa concepção de
educação assistencialista significa atentar para várias questões que vão muito
além dos aspectos legais. Envolve, principalmente, assumir as especificidades
da educação infantil e rever concepções sobre a infância, as relações entre
classes sociais, as responsabilidades da sociedade e o papel do Estado diante
das crianças pequenas.
Há práticas que privilegiam os cuidados físicos, partindo de concepções
que compreendem a criança pequena como carente, frágil, dependente a
passiva, e que levam à construção de procedimentos e rotinas rígidas,
dependentes todo o tempo da ação direta do adulto. Essas práticas tolhem a
possibilidade de independência e as oportunidades das crianças de
aprenderem sobre o cuidado de si, do outro e do ambiente.
Em concepções mais abrangentes os cuidados são compreendidos
como aqueles referentes à proteção, saúde e alimentação, incluindo as
necessidades de afeto, interação, estimulação, segurança e brincadeiras que
possibilitem a exploração e a descoberta.
A visão atual sobre infância retira as crianças do lugar de seres passivos
e apenas receptores de informações do seu meio cultural, como era a visão
que tínhamos anteriormente. A capacidade e o interesse das crianças
pequenas em aprender, descobrir, ampliar seus conhecimentos são
incontestáveis, multidimensionais e construídos a partir das trocas que elas
estabelecem com o meio e as interações com outras pessoas, tudo é fonte de
curiosidade e exploração.
De acordo com o documento norteador do município de Vitória “Um
outro olhar”, entendemos a educação infantil como espaço - tempo de
apropriação do conhecimento, que reconhece a criança como sujeito de
direitos, oferecendo-lhe múltiplas situações de aprendizagem, possibilitando a
21
representação, a expressão e a comunicação de experiências por meio de
diferentes linguagens, ampliando o seu universo cultural.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, em seu
artigo 29, define que “a educação infantil, primeira etapa da educação básica,
tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social(...)”.
Porém a lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, altera a redação dos
artigos 29, 30, 32 e 87 da LDB 9394/96, dispondo sobre a duração de 9 (nove)
anos para o Ensino Fundamental, com matrícula a partir dos 6 (seis) anos de
idade; a resolução nº 3 de 03/08/2005, determina que a faixa etária prevista
para a Educação Infantil é de até cinco anos. Sendo assim, a Educação Infantil
é a primeira etapa da educação básica para crianças de zero a cinco anos de
idade. E o Ensino Fundamental passa a receber os alunos a partir dos seis
anos completos de idade.
O trabalho pedagógico na educação infantil possui vários objetivos que
permeiam o cuidar e o educar, em especial a construção da sociabilidade, da
aprendizagem e da independência em prol do desenvolvimento e autonomia da
criança.
Para alcançarmos tais objetivos nosso cotidiano possui uma rotina
composta por atividades diversificadas. O dicionário Aurélio Buarque de
Holanda afirma que a rotina refere-se aos caminhos já percorridos e
conhecidos pelo sujeito que, em geral automaticamente, obedece a horários e
procedimentos já adquiridos e incorporados, sendo necessária uma
diferenciação entre dois tipos de rotina: a mecânica e a estruturante. A rotina
estruturante diferencia-se da mecânica por ter objetivos claros, por ser
planejada em sintonia com o tempo disponível, considerando o ritmo dos
participantes e alicerçada na concepção de criança, contemplando assim, a
subjetividade do grupo.
22
A rotina pedagógica possibilita à criança prever a seqüência de trabalho
como logo depois de chegar, sentar na roda para cantar as músicas de bom dia
ou boa tarde, nomear os colegas presentes, notar os ausentes, observar o
tempo, escolher o ajudante do dia, conversar sobre algum acontecimento na
escola ou fora dela e elencar as atividades do dia, ilustradas com cartazes da
rotina que podem ser elaborados junto com os alunos.
A partir dos horários da escola, como os tempos destinados a lanche,
almoço/jantar, duas aulas de Arte e duas de Educação Física por semana,
cada turma deverá organizar sua rotina estruturante, privilegiando dentre outros
aspectos, o desenvolvimento das múltiplas linguagens: oral, escrita,
matemática, corporal, visual, artística, musical e o aspecto sócio afetivo das
crianças. Diariamente são destinados 40 minutos para recreação dos alunos
nos pátios; cada pátio recebe duas turmas no mesmo horário; este tempo é
dividido entre as duas professoras das turmas que se revezam: enquanto uma
lancha a outra fica com os alunos.
Neste contexto da Educação Infantil, a Educação Física começa a
encontrar sua legitimidade a partir do momento em que os três níveis
educacionais (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) passam
a fazer parte da Educação Básica, pois sua obrigatoriedade legal estender-se-
ia para as crianças de 0 a 6 anos.
23
CAPÍTULO IV
EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A infância é o primeiro período do desenvolvimento, e especialmente
nesta fase, é essencial estimular a motricidade da criança, não apenas para o
que nos parece óbvio: ter melhor postura corporal, conhecer melhor o próprio
corpo, manusear objetos com maior facilidade, agir com maior desenvoltura e
equilíbrio.
Desenvolver a motricidade humana, bem mais que apresentar melhor
rendimento em determinadas habilidades, significa adquirir melhores recursos
para se relacionar com o mundo dos objetos e das pessoas, ainda estranhos
para a criança pequena.
24
O movimento está presente em todas as etapas do desenvolvimento
humano. Ele constitui um meio de adaptação, de transformação, de
relacionamento com o mundo.
A Educação Física na educação infantil é de fundamental importância na
medida em que representa espaço de expressão corporal, onde a criança pode
experimentar viver, sentir, provar sua corporeidade, suas capacidades e
limitações de movimentos, de fazer de novo, de fazer diferente.
Para além dos benefícios físicos (fortalecimento da musculatura, ossos,
tendões, estimulação da respiração e circulação nutrindo células e promovendo
a eliminação de detritos celulares, sono/descanso mais eficiente, entre
inúmeros outros...) a Educação Física contribui com a apropriação de uma
linguagem corporal mais elaborada, que lhe permite mais confiança e liberdade
de interação com o mundo, esquemas motores mais elaborados e uma
corporeidade mais consciente.
Psicomotricidade
A Psicomotricidade constitui-se em relacionar através da ação, como um
meio de tomada de consciência que une corpo (movimento), mente (cognitivo),
e sociedade (relações interpessoais). A Psicomotricidade está associada à
afetividade e à personalidade, porque o indivíduo utiliza seu corpo para
demonstrar o que sente.
Psicomotricidade é a ciência que
tem como objeto de estudo o
homem através do seu corpo em
movimento e em relação ao seu
mundo interno e externo.
(Sociedade Brasileira de
Psicomotricidade)
25
A área de atuação do Psicomotricista abrange a Educação, Clínica,
Consultoria, Supervisão, e Pesquisa.
Segundo HURTADO, "É a ciência da educação que enfoca a unidade
indivisível do homem (constituída pela soma e psique), educando o movimento
ao mesmo tempo em que põem em jogo as funções intelectuais." (1983, p.
103)
Com base nessa informação, PIAGET citado por ARCHER (1996, p.21),
a psicomotricidade é "Uma ciência que trata da relação entre o homem, seu
corpo, o meio físico e sócio cultural no qual convive”.
Podemos perceber então que a psicomotricidade é a educação através
dos movimentos, buscando a melhor utilização das capacidades psíquicas.
Como ciência da educação, procura educar ao mesmo tempo em que
desenvolve as funções da inteligência
Assim o objetivo da Psicomotricidade é desenvolver o aspecto
comunicativo do corpo, o que equivale dar ao indivíduo a possibilidade de
dominar seu corpo aperfeiçoando o equilíbrio, abordaremos alguns elementos
da psicomotricidade.
Coordenação
A coordenação motora é mais ou menos instintiva e ligada ao
desenvolvimento físico. Entendida como a união harmoniosa de movimentos, a
coordenação supõe integridade e maturação do sistema nervoso.
Subdividiremos a coordenação motora em coordenação dinâmica global
ou geral, visomanual ou fina e visual.
A coordenação dinâmica global envolve movimentos amplos com todo o
corpo (cabeça, ombros, braços, pernas, pés, tornozelos, quadris etc.) e desse
modo coloca grupos musculares diferentes em ação simultânea, com vistas à
execução de movimentos voluntários mais ou menos complexos.
26
A coordenação visomanual ou fina engloba movimentos dos pequenos
músculos em harmonia, na execução de atividades utilizando dedos, mãos e
pulsos.
A coordenação visual refere-se a movimentos específicos com os olhos
nas mais variadas direções.
As atividades psicomotoras propostas para a área de coordenação estão
subdivididas nas três áreas citadas anteriormente.
Orientação espaço-temporal
A orientação ou estruturação espacial/temporal é importante no
processo de adaptação do indivíduo ao ambiente, já que todo o corpo, animado
ou inanimado, ocupa necessariamente um espaço em um dado momento.
A orientação espacial e temporal corresponde à organização intelectual
do meio e está ligada à consciência, à memória a as experiências vivenciadas
pelo indivíduo.
Conhecimento corporal e lateralidade
A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos.
Seu corpo ocupa um espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens,
recebe sons, sente cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade
corpo é centro, o referencial. A noção do corpo está no centro do sentido de
mais ou menos disponibilidade e adaptação que temos de nosso corpo e está
no centro da relação entre o vivido e o universo. É nosso afetivo-somático ante
uma imagem de nós mesmos, do outro e dos objetos.
O esquema corporal, da maneira como se constrói e se elabora no
decorrer da evolução da criança, não tem nada a ver com uma tomada de
consciência sucessiva de elementos distintos, os quais, como num quebra-
cabeça, iriam pouco a pouco se encaixando uns aos outros para compor um
corpo completo a partir de um corpo desmembrado.
27
O esquema corporal revela-se gradativamente à criança da mesma
forma que uma fotografia, onde revelada na câmara escura mostra-se pouco a
pouco para o observador, tomando contorno, forma e coloração cada vez mais
nítidas. A elaboração e o estabelecimento desse esquema parecem ocorrer
relativamente cedo, uma vez que a evolução está praticamente terminada por
volta dos quatro ou cinco anos. Isto é, ao lado da construção de um corpo
“objetivo”, estruturado e representado como um objeto físico, cujos limites
podem ser traçados a qualquer momento, existe uma experiência precoce,
global e inconsciente do esquema corporal, que vai pesar muito no
desenvolvimento ulterior da imagem e da representação de si.
Quando tratamos de conhecimento corporal, inserimos a lateralidade, já
que é a bússola de nosso corpo e assim possibilita nossa situação no
ambiente. A lateralidade diz respeito à percepção dos lados direito e esquerdo
e da atividade desigual de cada um desses lados visto que sua distinção será
manifestada ao lado do desenvolvimento da experiência.
Perceber que o corpo possui dois lados, e que um, é mais utilizado do
que o outro é o início da discriminação entre a esquerda e a direita. De início, a
criança não distingue os dois lados do corpo, embora ignore o que seja “direito”
e “esquerdo”. Aos cinco anos, aprende a diferenciar uma mão da outra e um pé
do outro. Em seguida, passa a distinguir um olho do outro. Aos seis anos, a
criança tem noção de suas extremidades direita e esquerda e noção dos
órgãos pares, apontando sua localização em cada lado de seu corpo (ouvidos,
sobrancelhas, mamilos, etc.). Aos sete anos, sabe-se com precisão quais são
as partes direita e esquerda de seu corpo.
As atividades psicomotoras auxiliam a criança a adquirir boa noção de
espaço e lateralidade e boa orientação com relação a seu corpo, aos objetos,
às pessoas e aos sinais gráficos.
A função motora, o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento
afetivo estão intimamente ligados na criança: a psicomotricidade quer
justamente destacar a o desenvolvimento da criança para que possa se
28
aproximar de seu mundo infantil, assim a relação existente entre a motricidade,
a mente e a afetividade é facilitar a abordagem global da criança por meio de
uma técnica.
É função da Educação Física trabalhar com a educação
psicomotora, mas para isso é necessário que o professor a conheça, mas
somente irá conhecê-la se for um profissional graduado, caso contrário não
saberá qual é a verdadeira função da Educação Física muito menos como a
criança terá esse desenvolvimento.
Através da psicomotricidade a criança chega a consciência de
seus limites e possibilidades, acaba conhecendo melhor o seu esquema
corporal, e consegue relacionar-se socialmente com outras crianças.
O professor de Educação Física deverá trabalhar as seguintes
áreas: esquema corporal, a motricidade e percepção, de forma que
desempenhe apenas o papel de facilitador do processo de interação da criança
e não o domínio sobre ela.
O Esquema corporal
O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a
formação da personalidade da criança. É a representação relativamente global,
científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo.
A criança se sentirá bem na medida em que seu corpo lhe oferece, em
que o conhece bem, em que pode utilizá-lo não somente para movimentar-se
mas também para agir.
Domínio Corporal
Uma criança corre durante o recreio e choca-se constantemente contra
seus companheiros. Em pouco tempo não se sentirá à vontade; não ousará
mais correr por não dominar bem seu corpo, as atividades de ocupação de
espaço devem ter lugar de destaque nos conteúdos, pois permitem que se
29
ampliem as possibilidades de se posicionar melhor e de compreender os
próprios deslocamentos, construindo representações mentais mais acuradas
do espaço. Também nesse espaço, a referência é o próprio corpo da criança e
os desafios devem leva em conta essa característica, apresentando situações
que possam ser resolvidas individualmente, mesmo em atividades em grupo.
Conhecimento corporal
Uma criança quer passar por baixo de um banco mas, esquecendo-se
de dobrar as pernas, acaba batendo as nádegas contra o banco, ou, ao
adentrar a sala de aula, esbarra o ombro contra a porta.
A criança não transfere líquidos de uma vasilha para outra para brincar,
mas entorna um copo de limonada para beber.
Uma criança que se sinta bem disposta em seu corpo e capaz de situar
seus membros uns em relação aos outros fará uma transposição de suas
descobertas: progressivamente localizara os objetos, as pessoas, os
acontecimentos em relação a si, depois entre eles.
A lateralidade
Durante o crescimento, naturalmente se define uma dominância lateral
na criança: será mais forte, mais ágil do lado direito ou do lado esquerdo. A
lateralidade corresponde a dados neurológicos, mas também é influenciada por
certos hábitos sociais. Nesse caso, entra o Profissional de Educação
Física,que estará atuando com estas crianças na escola, onde o mesmo fará
com que os alunos usem e desenvolvam os dois lados de seu corpo, aplicando
atividades de coordenação motora, fazendo com que o mesmo possa adquirir
habilidade nos dois lados de seu corpo.
Não devemos confundir lateralidade que é a dominância de um lado em
relação ao outro, no sentido da força e da precisão, e conhecimento "esquerdo
e direito" sendo o domínio dos termos "esquerdo" e "direito".
30
O conhecimento "esquerdo e direito" decorre da noção de dominância
lateral. É a generalização, da percepção do eixo corporal, a tudo que cerca a
criança; esse conhecimento será facilmente aprendido quanto mais acentuada
e homogênea for à lateralidade da criança. Com efeito, se a criança
naturalmente trabalha "com aquela mão", guardará sem dificuldade que
"aquela mão" é à esquerda ou à direita.
Estruturação espacial
É a orientação, a estruturação do mundo exterior referindo-se primeiro
ao eu referencial, depois a outros objetos ou pessoas em posição estática ou
em movimento. Ainda cabe ressaltar que essas explorações e experiências
devem ocorrer inclusive individualmente. Equivale dizer que é necessário que o
aluno tenha acesso aos objetos, como bolas, cordas, elásticos, bastões,
colchões, alvos, em situações não-competitivas, que garantem espaço e tempo
para o trabalho individual1. A inclusão de atividades em circuitos de
obstáculos é favorável ao desenvolvimento de capacidades e habilidades
individuais.
Lembremos que o esquema corporal é a tomada de consciência, pela
criança, de possibilidades motoras e de suas possibilidades de agir e de
expressar-se.
A estrutura espacial é:
A tomada de consciência da situação de seu próprio corpo em um meio
ambiente, isto é, do lugar e da orientação que pode ter em relação às pessoas
e coisas; A tomada de consciência da situação das coisas entre si:
A possibilidade, para o sujeito, de organizar-se perante o mundo que o cerca,
de organizar as coisas entre si, de colocá-las em um lugar, de movimentá-las.
Orientação espacial:
31
Quando a criança domina os diversos termos espaciais, ensinamos-lhe a
orientar-se, isto é, poder virar-se, ir para frente, para trás, para a direita, para a
esquerda, para o alto e assim por diante.
A estruturação temporal é a capacidade de situar-se em função da
sucessão dos acontecimentos: antes, após, durante; da duração dos
intervalos:
• noções de tempo longo, de tempo curto (uma hora, um minuto);
• noções de ritmo regular, de ritmo irregular (aceleração, freada);
• noções de cadência rápida, de cadência lenta (diferença entre a
corrida e o andar);
Da renovação cíclica de certos períodos: os dias da semana, os meses,
as estações;
Do caráter irreversível do tempo: “já passou... não se pode mais revivê-
lo”, “você tem cinco anos... vai indo para os seus seis anos... quatro anos, já
passaram!”, noção de envelhecimento (plantas, pessoas).
As noções temporais são muito abstratas, muitas vezes bem difíceis de
serem adquiridas por nossas crianças.
32
CAPÍTULO V
O PROJETO “DIVERSIDADE DE MOVIMENTOS
NA PLURALIDADE INFANTIL”
O Projeto “Diversidade de movimentos na pluralidade infantil” foi
realizado no ano de 2007, no Centro Municipal de Educação Infantil “Maria
Goretti Coutinho Cosme”, situado no município de Vitória no estado do Espírito
Santo.
Seu objetivo principal é promover aulas de Educação Física às 18
turmas de alunos, com a faixa etária entre 6 meses a 6 anos, a partir de
atividades físicas que privilegiam a diversidade de movimentos em suas mais
variadas manifestações, tais como: dança, ginástica, desporto, cantigas de
33
roda, brinquedos cantados, brinquedos populares, folclore, atletismo, entre
outras.
Para que se entenda com clareza a proposta do referido projeto, bem
como o caminho percorrido de seu início até seu encerramento, faz-se
necessário o esclarecimento do contexto em que a Educação Física se inseriu
na Educação Infantil na Rede Municipal de Ensino Básico do município de
Vitória / ES, no ano de 2004.
5.1 Educação Física na Educação Infantil da Prefeitura Municipal de Vitória
No segundo semestre de 2004, a organização curricular da Educação
Infantil do Município de Vitória passou a contar com as disciplinas de Educação
Física e Artes. A partir de um projeto piloto, realizado com a contratação
temporária de profissionais dessas duas áreas de conhecimento para atuarem
em 10 CMEIs (Centro Municipal de Educação Infantil) da rede, os alunos
desses centros infantis passaram a contar, de maneira experimental, com a
realização de aulas de Educação Física e Artes.
Como conseqüência desse projeto piloto, a PMV (Prefeitura Municipal de
Vitória) criou no ano de 2005 o denominado professor “Dinamizador” e abriu
concurso público objetivando a contratação de profissionais de ambas as áreas
de conhecimento – Educação Física e Artes - para atuarem no âmbito da
educação infantil. A partir daí, a iniciativa de projeto piloto se estenderia para
todos os 44 CMEIs da rede. O concurso público foi realizado em 2005/2, e as
atividades nos centros infantis iniciaram-se em Abril de 2006.
Esta chegada da Educação Física nos CMEIs foi marcada pela urgente
necessidade de adaptação de todos os envolvidos no processo, pois a
novidade significava adaptação tanto para a escola, quanto para novos
professores Dinamizadores, e também, é claro, para os alunos.
34
Iniciar-se-ia um grande conflito entre a Secretaria Municipal de
Educação (SEME) da Prefeitura Municipal de Vitória (PMV) e os novos
professores “Dinamizadores”.
Recém aprovados no concurso público e ansiosos para saberem de fato
quais as atribuições desse novo cargo que acabara de ser criado, o grupo de
professores viu-se em meio a um processo de estranhamento ao saberem que
o trabalho que deveria ser desenvolvido nos centros infantis tratava-se do que
a secretaria de educação chamaria de “arte e movimento”.
Sob a justificativa que o “movimento” não é exclusivo da área da
Educação Física, e que a “expressão artística” também não é exclusiva da área
de Artes, os professores desse grupo deveria assumir e executar conteúdos
que não pertenciam às suas áreas específicas. Um mesmo professor deveria
ministrar aulas de Artes e de também Educação Física, contemplando a
proposta de “arte e movimento”.
Os CMEIs estavam recebendo os profissionais. Era preciso conhecer a
proposta, adaptar os tempos e espaços, reconhecer e apropriar-se dessas
novas práticas pedagógicas, antes inexistentes.
Foi grande a dificuldade encontrada pelos professores de Educação
Física e Artes, pois os CMEIs não estavam preparados para a sua chegada,
tanto no que se refere à recursos materiais e humanos, quanto a espaço físico.
A partir de relatos dos próprios professores, era possível perceber
claramente que os espaços dos CMEIs não foram projetados e construídos
para abarcar as disciplinas de Educação Física e Artes. Os espaços livres são
restritos, inexistindo áreas específicas para as disciplinas, o que foi agravado
pela escassez de recursos materiais específicos básicos. Espaços adequados
para realização de Educação Física, composto por pátios e áreas amplas, que
permitiriam a movimentação segura e satisfatória, quando existem, são de uso
coletivo de todas as turmas, havendo sempre a presença de outras crianças
realizando atividades, o que iniciou uma relativa “disputa” por espaço.
35
A situação era delicada, a PMV de um lado, tentando convencer os
professores de Educação Física e Artes que um mesmo professor Dinamizador
deveria ministrar conteúdos de ambas as disciplinas - artes e educação física -
independente de sua especificidade profissional. Em contrapartida, os
professores de Educação Física e Artes questionando e questionando-se
acerca de suas especificidades: como poderia um professor de Artes ministrar
conteúdos referentes à Educação Física e vice-versa?
Iniciava-se uma grande discussão “exclusividade” versus
“especificidade”. Discussão esta que seria conflituosa e cansativa para todos
os profissionais envolvidos, mas que acarretaria num avanço na qualidade da
educação infantil do município de Vitória.
O ano de 2006, o primeiro ano após a chegada dos referidos
professores aos CMEIs, foi marcado por uma série de encontros entre os
professore Dinamizadores e a SEME, para debates e discussões com objetivo
de criar coletivamente um documento norteador que abarcasse uma concepção
de Educação Física e Artes coerente com as especificidades das práticas
pedagógicas de cada grupo.
A principal reivindicação das discussões e negociações realizadas junto
à SEME constituía-se pela necessidade dos professores terem o direito de
serem concebidos pela rede de ensino a partir de sua especificidade
pedagógica, referente ao curso superior que lhes conferiu a habilitação legal
para lecionarem os conteúdos pedagógicos específicos: ou Educação Física,
ou Artes.
No ano de 2007, os professores passaram a ser definidos a partir de
suas especificidades, e não mais como “Dinamizadores”, e sim como
“Professor Dinamizador de Educação Física” ou “Professor Dinamizador de
Artes”, e suas especificidades foram respeitadas na nomenclatura de
posteriores concursos públicos para o mesmo cargo.
36
Neste ano, as propostas pedagógicas passaram a contar com mais
recursos materias. A SEME enviou para os CMEIs materias diversos, como:
bambolês, módulos de espuma no formato de escada, rampa e túnel,
minhocão, bolas variadas, cordas, mini-cesta para basquete, mini-trave para
futebol, mini-rede de voleibol, entre outros materiais.
Aliada a chegada de mateirais pedagogicos, notou-se um relativo
avanço na negociação de espaços f´sicos para uso de atividades psicomotoras.
Aos poucos, o Corpo Ténico-administrativo (CTA), composto por pedagogas e
diretora, coeçava a entender a proposta que os professores Dinamizadores
traziam para os CMEIs. Alguns CMEIs abarcaram prontamente as propostas,
outros não compreendem até hoje a missão da Educação Física na educação
Infantil.
Existem muitos desencontros e estranhamentos entre professores e
pedagogas, no que se refere ao desenvolvimento dos projetos. Existe um
grupo de pedagogoas que não foram preparadas para a chegada da Educação
Física no Ensino Infantil, bem como seu entendimento enquanto proposta
pedagógica para crianças pequenas.
Compreendemos a sobrecarga de tarefas que sofrem as pedagogoas,
pois são muitas as questões que precisa administrar num CMEI. Os diversos
momentos das rotinas precisam ser organizados de modo que tcada uma das
turmas tenham garantidos seu momento de alimentação (desjejum, lanche e
almoço); higienização; recreios (de alunos e de professores); horário de pátio
de cada turma; demandas com pais de alunos; preparação de material
pedagogico solicitado pelos professores; horario de Educação Física e Artes;
horário de informática; organização dos eventos festivos... Um sem fim de
atribuições.
Em função desta relativa sobrecarga de atribuições, percebe-se uma
dificuldade em definir o que priorizar no momento da organização das rotinas
diárias do CMEI, pois as atividades não podem coincidir em seus horários,
cada turma precisa ter seu momento de desjejum, de higienização , etc, e
37
muitas vezes os horários e os espaços destinados a Educação Física ficam
desfavorecidos.
É comum os espaços físicos disponíveis estarem todos ocupados com
outros momentos da rotina diária, como por exemplo, o momento de pátio das
turmas, onde a professora leva as crianças para brincarem livremente no pátio,
com o objetivo de “descansar da sala de aula, pois as crianças precisam
extravasar”.
A Educação Física neste contexto é considerada como secundária numa
escala de prioridades. O professor de Educação Física é colocado numa
situação onde precisa “disputar” o espaço físico para poder realizar suas
atividades motoras. Surge, a partir daí, alguns conflitos, pois as aulas de
Educação Física ficam ao sabor do que é possível negociar com esta ou
aquela professora, no sentido de compartilhar o espaço físico. E nem todas as
professoras estão disponíveis todos os dias para essa negociação.
Algumas aulas podem ser realizadas na própria sala de aula, mesmo
com o espaço extremamente reduzido. Arredam-se as mesas e cadeiras, e
adaptam-se as atividades motoras. Mas não é possível – e nem pedagógico –
que todas as aulas de Educação Física sejam realizadas dentro da sala de
aula. Os espaços precisam ser variados, assim como os estímulos.
Apesar das dificuldades citadas, houve também muitos avanços.
Atualmente, as condições pedagógicas nos CMEIs melhoraram, aos poucos os
professores conquistam melhores condições de trabalho criando oportunidade
para o debate sobre a Educação Física na Educação Infantil, buscando a
reflexão junto aos demais professores, pedagogos, diretores, etc.
No final do ano de 2007, um grupo de professores Dinamizadores, em
parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Vitória, os Centros de
Educação Física e Desportos e de Artes da Universidade Federal do Espírito
Santo realizou, entre os dias 7 e 10 de novembro de 2007, nas dependências
38
do Centro de Educação Física e Desportos da UFES, o Seminário: Educação
Física e Artes Visuais nos CMEIs da SEME-PMV.
Esta iniciativa decorreu da necessidade sentida pelos professores de
Educação Física e Artes Visuais envolvidos em expor e discutir o trabalho
pedagógico que cotidianamente vem realizando nos Centros Municipais de
Educação Infantil do sistema de ensino público da cidade de Vitória (ES).
O principal objetivo desta iniciativa foi expor e discutir a experiência de
Educação Física e Artes Visuais que acontece dia-a-dia na modalidade da
Educação Infantil em Vitória, no sentido de reunir sugestões e orientações
visando o aprimoramento da prática pedagógica e das políticas públicas neste
âmbito específico de educação básica.
Um grupo de 40 professores apresentaram seus trabalhos em forma de
murais (8); pôsteres (7); portfólios (12); vídeos (4); comunicações orais (11);
oficinas (2). Representando 28 CMEIs dos 44 existentes no sistema de ensino
da SEME/PMV.
O presente projeto foi apresentado no formato “mural”, e segue em
anexo foto da apresentação e o texto a partir do qual foi realizada a inscrição
no Seminário.
5.2 O Projeto
O Projeto “Diversidade de movimentos na pluralidade infantil” foi
realizado nos anos de 2007 e 2008, no Centro Municipal de Educação Infantil
“Maria Goretti Coutinho Cosme”, situado no município de Vitória no Estado do
Espírito Santo.
Foi elaborado a partir de experiências realizadas no ano de 2006, que
como dito anteriormente, foi o primeiro ano de intervenção dos professores de
Educação Física nos CMEIs, onde algumas propostas tiveram êxito, outras
nem tanto, devido a fatores de diversas naturezas, tais como: espaço físico
39
inapropriado; falta de recursos materiais básicos; dificuldade em concordar e
executar a proposta “arte e movimento”, já mencionada anteriormente;
incompreensão por parte dos professores regentes e pedagogos acerca da real
função da Educação Física na Educação Infantil; adaptação à rotina diária e
aos tempos e espaços específicos da educação infantil; entre outros.
Em 2007, os CMEIs já mais receptivos às proposições dos professores
Dinamizadores, houve um grande avanço no que se refere à qualidade da
proposta pedagógica. Tornava-se possível conciliar os espaços físicos comuns
com as outras demandas existentes, ainda que parcialmente. Aos poucos,
alguns materiais básicos foram sendo adquiridos, a especificidade de cada
uma das duas áreas iniciava um processo de reconquista, enfim, após o
primeiro ano de “adaptações”, a Educação Física começa a ocupar seu espaço
na organização curricular dos CMEIs.
Atualmente, longe do ideal, mas com muitos avanços, a Educação Física
vem avançando e conquistando seu merecido e importante espaço na
educação infantil do município de Vitória.
O Projeto “Diversidade de movimentos na pluralidade infantil”, que tem
por objetivo principal a execução de aulas de Educação Física a partir de
atividades físicas que privilegiem a diversidade de movimentos em suas mais
variadas manifestações, procura oferecer aos alunos a vivência diversificada
de expressões de movimentos, dando ênfase justamente na diversidade de
possibilidades.
Quanto mais variados e diversificados forem os estímulos motores,
melhor a criança se apropriará de uma linguagem corporal mais elaborada, que
lhe permita mais confiança e liberdade de interação com o mundo, esquemas
motores mais elaborados e uma corporeidade mais consciente.
A proposta procura contribuir com o desenvolvimento psicomotor dos
alunos em todas as suas dimensões: física, motora, cognitiva, afetiva e social,
favorecendo a apropriação de uma linguagem corporal mais elaborada, que
40
permita à criança mais confiança e liberdade de interação com o mundo, a
partir de esquemas motores mais elaborados e uma corporeidade mais
consciente.
No que se refere à metodologia, as aulas são planejadas a partir de uma
investigação da aula anterior, mediante avaliação dos avanços, dificuldades e
necessidades das crianças no que se refere ao conteúdo que está sendo
desenvolvido.
A aula que acaba de ser realizada é refletida do ponto de vista
psicomotor e constitui o ponto de partida para o planejamento da próxima aula,
avançando ou recuando o conteúdo, mantendo ou revendo procedimentos
metodológicos, ou ainda reforçando ou mudando estratégias, se necessário,
mediante avaliação-diagnóstica.
O processo de ensino-aprendisagem deve estimular a expressão
pessoal/coletiva e o diálogo, situando o aluno como personagem ativo de seu
próprio desenvolvimento, e não como mero expectador.
A relação professor-aluno deve ser dialógica, rompendo os esquemas
verticais da educação, que Paulo Freire define como “educação bancária” –
onde o aluno assume o papel de depositante de todo o conhecimento que
possui o professor a partir de uma mera transferência de conhecimento.
Outra estratégia metodológica consiste em valorizar a relação professor-
aluno, investindo em ações cooperativas dentro das aulas, oportunizando
espaço onde todas as diferenças possam conviver e aprender umas com as
outras, em harmonia, sendo respeitadas e, mais que isto, valorizadas
A Educação Física Escolar, de certa forma, vem colaborando para a
manutenção de valores de uma determinada classe social que prega a
valorização do individualismo, levando em conta apenas as habilidades
motoras e selecionando pessoas como aptas e não-aptas.
41
Buscando superar uma Educação Física constituída por um modelo
conservador e militarista, em que a competição e a exclusão são valorizadas,
neste projeto a proposta valorizar a relação professor-aluno, investindo em
ações cooperativas dentro das aulas. É importante que a Educação Física seja
um espaço onde todas as diferenças possam conviver e aprender umas com
as outras, em harmonia, sendo respeitadas e, mais que isto, valorizadas.
Educação Física deve ser um espaço para todos, sem exceção.
Precisam participar das aulas de Educação Física o gordinho, o
magrinho, a menina, o menos hábil, o mais hábil, o portador de necessidades
especiais, enfim todos os que, por uma razão ou outra, ainda se encontram
excluídos.
O Esporte Educacional prega a participação de todos. O menino jogando
junto com a menina, e não contra ela, valorizando a cooperação, num processo
de co-educação, onde a Educação Física poder formar um ser humano mais
cooperativo, honesto, crítico, independente e feliz.
O jogo com caráter competitivo, que é uma cópia do esporte de alto
rendimento, em que o que vale não é a participação, mas sim a aptidão física
para vencer, serve para selecionar pessoas, formar equipes de competição e,
em resumo, para excluir.
Felizmente, a Educação Física militar, discriminatória e excludente, que
as pessoas conheceram e valorizaram no passado, não tem mais como existir
dentro da escola, que agora deve ser para todos. Quando o professor de
Educação Física tira do jogo uma criança, está negando a ela o direito a uma
prática pedagógica, que é fundamental para a formação do ser humano
integral.
42
O professor de Língua Portuguesa não pede para a criança que não
sabe nada sobre verbo ficar de fora de suas aulas. Pelo contrário, insiste em
que ela aprenda. Saindo precocemente do jogo ou da aula de Língua
Portuguesa, ela ficará privada de aprender. O professor não deve ser apenas
treinador de habilidades, e sim um despertador de habilidades, pois trabalhar
com as habilidades é fácil, difícil é propiciar habilidades, dar a chance a quem
não tem.
Muitos acham que a graça do jogo está na competição, constituindo o
principal do jogo, alguns acreditam ser o jogo sinônimo de competição. Para a
criança o importante é o prazer de jogar, a alegria e descontração que o jogo
pode proporcionar, seja ele cooperativo ou competitivo.
Aquela criança que fica fora das aulas de Educação Física, é quem na
realidade mais precisa delas. O modelo competitivo deve ser questionado e
revisto. Não podemos insistir na prática de jogos escolares com o formato
excludente, em que só os melhores têm vez.
Primeira infância - 6 meses a 3 anos
Nesse período, desenvolvemos as habilidades fundamentais à nossa
sobrevivência. Aprendemos a ficar em pé, a caminhar, a correr, a rastejar, a
saltar e a falar. Nos anos que se seguem as habilidades fundamentais são
aperfeiçoadas e adaptadas às necessidades de vida.
A ação educativa durante os primeiros anos da Educação Infantil dirige-
se à criança e emprega o conhecimento e controle de seu próprio corpo
descobrindo suas habilidades de maneiras distintas e em situações lúdicas da
Vidacotidiana.
Essa ação educativa permitirá que a criança descubra e conheça seu
corpo, a partir da exploração de diferentes atitudes e movimentos (desde
estudar mal posicionado até alcançar a posição correta), assim como suas
43
características, seus segmentos e elementos do corpo, mais destacados e
visíveis para elas (mãos, pés, cabeça, face, braços, pernas, etc.).
Com o auxílio do Professor, a criança começa a construir uma imagem
positiva de si mesma, mediante a exploração de diferentes movimentos e
posturas do corpo.
Os jogos têm um papel muito importante como atividade própria na
etapa da educação.
Por um lado, têm um forte caráter motivador, por outro lado, fornecem
possibilidades para que as crianças estabeleçam relações significativas de
caráter global, referidos sobre todos os procedimentos e experiências.
Para conseguir estas intenções educativas, precisa-se de uma
adequada utilização do ambiente, incluindo espaços, recursos materiais e
distribuição do tempo, assim como uma sucessão variada e estimulante de
objetos e materiais que a Escola deve oferecer.
Vygotsky afirma que é na presença do outro que o homem se constitui,
que forma o seu EU. Desenvolvemos essas capacidades à medida que nos
relacionamos com o mundo externo. Wallon também nos explica que os gestos
humanos adquirem significados quando percebidos e interpretados por outra
pessoa.
A criança pequena necessita de exercitar o tônus postural e o equilíbrio
estático e dinâmico, na medida em que está aprendendo a dominar
movimentos de pescoço, para posterior e consecutivamente: sentar, arrastar,
engatinhar, andar, saltitar, correr e pular.
A tonicidade, que indica o tônus muscular, tem um papel fundamental no
desenvolvimento motor, é ela que garante as atitudes, a postura, as mímicas,
as emoções, de onde emergem todas as atividades motoras humanas.
44
O equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) e
dinâmicas (com movimento), abrangendo o controle postural e o
desenvolvimento das aquisições de locomoção. O equilíbrio estático
caracteriza-se pelo tipo de equilíbrio conseguido em determinada posição, ou
de apresentar a capacidade de manter certa postura sobre uma base. O
equilíbrio dinâmico é aquele conseguido com o corpo em movimento,
determinando sucessivas alterações da base de sustentação.
Gallahue e Ozmun (2003) organizam as fases do movimento na
educação infantil da seguinte forma:
• Fase dos movimentos reflexos: caracterizada pela necessidade de um
estímulo para que o movimento se realize.
• Fase dos movimentos rudimentares: surgimento dos primeiros
movimentos voluntários. Esses movimentos ganham mais consistência a
partir da inibição dos reflexos e são classificados nos níveis de
equilíbrio, manipulativo e locomotor.
• Fase dos movimentos fundamentais: manifesta-se em torno de 2 anos,
quando a criança já se desloca em seu ambiente e desenvolve outros
movimentos naturais, com um nível de organização superior. Podem ser
caracterizados em três momentos: inicial, elementar e maduro.
Segunda infância – 3 a 6 anos
A fase pré-escolar é a época da aquisição de habilidades motoras
básicas, os movimentos fundamentais são considerados verdadeiros núcleos
cinéticos. Esta capacidade para mover-se cada vez de forma mais autônoma
está relacionada com diversos fatores: maturação neurológica que permite
movimentos mais completos; Crescimento corporal, que ao final deste período
vai permitir maior possibilidade de domínio corporal, facilitando o movimento e
disponibilidade em realizar atividades motoras, etc.
45
Para se chegar ao domínio de habilidades específicas, é necessário um
longo processo, onde as experiências com habilidades básicas (movimentos
fundamentais) são de fundamental importância. Na pré-escola, a criança de 4 a
6 anos de idade abrange a fase dos movimentos fundamentais, com o
surgimento de múltiplas formas (correr, saltar, arremessar, receber, quicar,
chutar) e suas combinações. As mudanças observadas nos estágios serão
estabelecidas em forma de um refinamento das habilidades básicas e, melhor
eficiência em sua combinação, o que irá marcar a passagem para a fase
seguinte, a dos movimentos relacionados ao desporto, ou especializados.
Nesta fase, os movimentos fundamentais vão servir de base para as
combinações em habilidades mais específicas, de modo que a aquisição dos
movimentos fundamentais reveste-se da maior importância.
A aquisição desses padrões fundamentais de movimento é de vital
importância para o domínio das habilidades motoras. A Educação Física
adquire papel importantíssimo na medida em que ela pode estruturar o
ambiente adequado para a criança, oferecendo experiências, resultando numa
grande auxiliar e promotora do desenvolvimento humano, em especial ao
desenvolvimento motor e garantir a aprendizagem de habilidades específicas
nos jogos, esportes, ginásticas e dança.
Para que estas habilidades sejam desenvolvidas é necessário que se dê
à criança oportunidades de desempenhá-las.
O movimentar-se é de grande importância biológica, psicológica, social e
cultural, pois, é através da execução dos movimentos que as pessoas
interagem com o meio ambiente, relacionando-se com os outros, apreendendo
sobre si, seus limites, capacidades e solucionando problemas.
Pois como é comum encontrar indivíduos que, não atingiram o padrão
maduro nas habilidades básicas, nas quais apresentam um nível inicial ou
elementar, o que prejudicará todo o desenvolvimento posterior, ressalta-se
assim, a preocupação que os profissionais de Educação Física deveriam ter
46
em relação ao conhecimento sobre a aquisição e desenvolvimento dos padrões
fundamentais de movimento, elegendo-o como foco principal para o
desenvolvimento da Educação Física pré -escolar e séries iniciais no ensino
fundamenta.
47
CONCLUSÃO
Há uma estreita relação entre Educação Física e Psicomotricidade. O
trabalho a partir do movimento humano deve proporcionar às crianças uma
gama ampla de possibilidades e vivências psicomotoras. Não se pode negar a
contribuição dessa importante área do conhecimento.
A partir de uma reflexão da experiência vivida a partir do projeto aqui
relatado, os resultados observados nos indicam que a Educação Psicomotora é
poderosa aliada no trabalho com os pequenos, e oferece valiosas ferramentas
para que este trabalho se realize de maneira satisfatória.
Enquanto área de conhecimento, a Psicomotricidade oferece
elementos fundamentais para o entendimento do real significado de infância e
desenvolviemento infantil, bem como seus aspectos motores, cognitivos,
afetivos e sociais.
A Educação Física constitui espaço privilegiado para a prática da
Educação Psicomotora a partir do momento em que dispõe para a criança
diferentes tipos de materiais e possibilidades exploratórias, e a convida para
conhecer seu corpo, usando-o como instrumento de expressão, seja a partir de
um circuito circuito, ou um jogo de pique-pega, uma dança, um movimento de
ginástica olímpica.
A Educação Física junto à Psicomotricdade deve propiciar situações de
aprendizagem desafiadoras, que gerem movimentos em busca do novo, e
nesse momento, é essencial a observação da forma como a criança utiliza os
materiais e criam situações diversas, significando e ressignificando a
brincadeira e o brincar.
A Psicomotricidade aliada à Educação Física facilita a construção da
ação motora carregada de sentimento e significado, e a partir dela, mais tarde,
favorecer a criação de movimentos especializados, como por exemplo, o
esporte.
48
BIBLIOGRAFIA
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Janeiro : WAK editora, 2004.
BASTOS FILHO, Audir. Psicomovimentar. Papirus Editora : 2001.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. - 12ª ed. – Editora
brasiliense : 1984.
FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro. Teoria e prática da
Educação Física. - 4ª ed. - Editora Scipione : 1997.
FRIEDMANN, Adriana. Brincar: crescer e aprender. O resgate do jogo
infantil. Editora Moderna
LAROSA, Marco Antônio; AYRES, Fernando Arduini. Como produzir uma
monografia passo a passo... siga o mapa da mina. – 5ª ed. – Rio de Janeiro
: WAK editora, 2005.
MELLO, Alexandre Moraes de. Psicomotricidade, educação física e jogos
infantis. São Paulo : IBRASA, 1989.
OLIVEIRA, Vítor Marinho. O que é Educação Física? São Paulo : Brasiliense,
1983.
SILVA, Elizabeth Nascimento. Atividades Recreativas na Primeira Infância.
Rio de Janeiro : Sprint, 2002.
SOLER, Reinaldo. Educação Física: uma abordagem cooperativa. Rio de
Janeiro : Sprint, 2006.
49
SOLER, Reinaldo. Jogos cooperativos para educação infantil. Rio de
Janeiro : Sprint, 2003.
UNESCO, Fundação Maurício Sobrinho; Banco Mundial, OMEP. Série Fundo
do Milênio para a primeira infância. Ano: 2005 - 4 volumes ISBN: 85-7652-
009-5.
ANEXOS
Índice de anexos
50
Anexo 1 Projeto Diversidade de Movimentos na Pluralidade Infantil Anexo 2 Trabalho apresentado no seminário: “Educação Física e Artes Visuais nos CMEIs da SEME-PMV” Anexo 3 Fotografias do Projeto “Diversidade de Movimentos na Pluralidade Infantil”
ANEXO 1
PROJETO “DIVERSIDADE DE MOVIMENTOS
NA PLURALIDADE INFANTIL”
51
IDENTIFICAÇÃO
Escola: Centro Municipal de Ensino Infantil “Maria Goretti Coutinho Cosme” Endereço: Rua Lisandro Nicoletti, Bairro Jucutuquara, Vitória / ES Professora: Miriam Gouvêa de Barros Cargo: Professora de Educação Física N o de turmas atendidas: 18 No de alunos: 450
APRESENTAÇÃO
Este é um projeto pedagógico elaborado a partir de experiências vividas no ano de 2006, onde algumas propostas tiveram êxito, outras nem tanto. Para 2007 e 2008, a proposta pedagógica foi sendo ressignificada a partir da própria prática, enriquecendo ainda mais o projeto. Contudo, o projeto está em constante transformação, na medida em que a prática transforma o currículo escrito, e o currículo escrito transforma a prática, num movimento constante de transformação e superação. A proposta se constrói e se re-constrói durante o próprio trabalho com as crianças, na medida em que novas questões sinalizam e conduzem para caminhos não previstos.
Os critérios para escolha dos conteúdos e objetivos obedeceram aos pressupostos dos seguintes documentos:
• Plano anual de 2007 e 2008, elaborado pelos profissionais do CMEI
Maria Goretti Coutinho Cosme. • Proposta Curricular da Educação Infantil do município de Vitória “Um
outro olhar”, criado pela Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura Municipal de Vitória – PMV
• Lei 4747, que institui o sistema municipal de ensino do município de Vitória;
• Bibliografia específica citada em “Referências Bibliográficas” OBJETIVO PRINCIPAL
• Possibilitar aos alunos do CMEI Maria Goretti Coutinho Cosme a
vivência de atividades físicas que privilegiem a diversidade de movimentos em suas mais variadas manifestações, tais como: dança,
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ginástica, esportes, cantigas de roda, brinquedos cantados, brinquedos populares, folclore, atletismo, entre outras.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Contribuir com o desenvolvimento psicomotor dos alunos em todas as
suas dimensões: física, motora, cognitiva, afetiva e social;
• Favorecer a apropriação de uma linguagem corporal mais elaborada, que permita à criança mais confiança e liberdade de interação com o mundo, a partir de esquemas motores mais elaborados e uma corporeidade mais consciente;
• Valorizar a relação professor-aluno, investindo em ações cooperativas
dentro das aulas, oportunizando espaço onde todas as diferenças possam conviver e aprender umas com as outras, em harmonia, sendo respeitadas e, mais que isto, valorizadas
• Realizar intercâmbios culturais entre as turmas a partir de
apresentações culturais, possibilitando aos alunos socializarem os conteúdos desenvolvidos durante as aulas de Educação Física, com o objetivo de “desrotinizar a rotina”, ou seja, romper com a rotina do cotidiano escolar a partir de apresentações de danças, ginastica, teatro, brinquedos cantados, entre outras (Projeto Sexta-cultural)
JUSTIFICATIVA
O movimento está presente em todas as etapas do desenvolvimento humano. Ele constitui um meio de adaptação, de transformação, de relacionamento com o mundo.
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A infância é o primeiro período do desenvolvimento, e nesta fase, em especial, é preciso estimular a motricidade da criança, não apenas para o que nos parece óbvio: ter melhor postura corporal, conhecer melhor o próprio corpo, manusear objetos com maior facilidade, agir com maior desenvoltura e equilíbrio. Desenvolver a motricidade humana, bem mais que apresentar melhor rendimento em determinadas habilidades, significa adquirir melhores recursos para se relacionar com o mundo dos objetos e das pessoas, ainda estranhos para a criança pequena.
Quanto mais variados e diversificados forem os estímulos motores, melhor a criança se apropriará de uma linguagem corporal mais elaborada, que lhe permita mais confiança e liberdade de interação com o mundo, esquemas motores mais elaborados e uma corporeidade mais consciente.
Este projeto é importante à medida que possibilita aos alunos do CMEI Maria Goretti Coutinho Cosme a vivência de atividades físicas em suas mais variadas manifestações, de modo a valorizar a criança e respeitar seu direito a desenvolver sua própria identidade corporal, motora, cultural, racial, social e afetiva.
CONTEÚDOS
“Os conteúdos curriculares que deverão ser socializados na educação infantil deverão ser organizados com base no desenvolvimento da criança, na diversidade de seu contexto cultural, assegurando a base teórico-
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pedagógica de integração curricular com o ensino fundamental” (Lei 4747, art. 17) A seguir, alguns conteúdos selecionados para serem trabalhados neste projeto:
• Brinquedos Cantados • Ginástica Olímpica (Ginástica de solo) • Dança • Esportes • Atletismo • Brincadeiras e Jogos Populares • Movimentos, formas, imagens, e sons
A seguir, uma breve descrição dos conteúdos:
Brinquedos Cantados Em todas as partes do mundo, ao passarmos por uma rua, onde crianças brincam despreocupadamente, é comum ver-se, de maneira natural e espontânea, a utilização do brinquedo cantado, em qualquer das suas formas. Sua origem pode ser rebuscada nos restos de velhas cerimônias dos povos do passado, em caráter de jogos e folguedos, que, posteriormente, em formas de entretenimento das crianças. Hoje existem muitos brinquedos cantados criados na atualidade, tal como o trabalho realizado pelos palhaços “patati e patata”, que serão muito usados neste projeto, em função de seu conteúdo lúdico, divertido e extremamente pedagógico. No Brasil, esses brinquedos cantados sofreram a influência das músicas do elemento português e do africano, ameríndios e, em menor proporção, de outros povos. Considerando-se, entretanto, o fato inegável de que cada povo tem a sua índole própria, os brinquedos cantados, de origem tão diversificada, vêm sofrendo variações, deformações e transformações lentas, mas seguras, apresentando-se, em nossos dias, com um cunho eminentemente nacional. Exemplos: Procedência portuguesa: “Ciranda, cirandinha”, “A moda das tais anquinhas”, etc.
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Procedência francesa: “Eu sou pobre, pobre, pobre”, A mão direita tem uma roseira”, etc. Procedência espanhola: “Senhora Dona Sancha”, “Maria Cachucha”, etc. Procedência alemã e inglesa: “Já viram uma menina?” (melodia alemã e letra do inglês). Convém ainda ressaltar o fato de termos o nosso cancioneiro enriquecido pelo aproveitamento, transfigurado, de coisas que as crianças ouvem e assimilam. Exemplos: “Escravos de Jô” (proveniente de um jogo de mesa de bar) – assim, também, do romance “D. Jorge e D. Julinha”, resultou a roda cantada “Por que choras, Julieta?”. Chamamos de “Cancioneiro Folclórico Infantil”, ao conjunto das cantigas próprias da criança e por ela entoadas em seus brinquedos ou ouvidas dos adultos, quando pretendem adormecê-la, entretê-la ou instruí-la; são cantigas que vêm de geração a geração e que se perpetuam e se transmitem pela tradição oral. O Cancioneiro Folclórico Infantil abrange: - Acalantos ou cantigas de ninar: “Tutu Marambá”, “Dorme Nenê”, etc. - Cantigas avulsas (que as crianças entoam em qualquer de suas atividades, sem que com elas tenham uma correlação direta): “Mestre Domingos”, “Menina bonita”,etc. - Estribilhos musicais (que integram as histórias contadas e cantadas): “Minha mãezinha”, “Carpinteiro de meu pai”, etc. - Toadas (ou melodias para ensino da soletração e da tabuada já em desuso, mas ainda de valor, sob alguns aspectos): “B-a-bá, B-í-bí”, “Um e um, dois, um e dois, três”, etc. - Brinquedos cantados (de vários tipos, conforme classificação e divisão a seguir): Divisão dos brinquedos cantados: 1) Brinquedos de roda: “Ciranda, cirandinha”, etc. 2) Brinquedos de grupos opostos: “O pobre e o rico”, etc. 3) Brinquedos de fileira: “Passarás, não passarás”, etc. 4) Brinquedos de marcha: “Marcha, soldado”, etc. 5) Brinquedos de palmas: “Pirulito que bate, bate”, etc. 6) Brinquedos de pegar: “Vamos passear no bosque”, etc. 7) Brinquedos de esconder: “Senhora D. Sancha”, etc. 8) Brinquedos de cabra-cega: “A gatinha parda”, etc. 9) Chamadas para brinquedo: “Ajunta povo, para brincar”, etc. 10) Cantigas de escolha de jogadores: “Um no ni é de pó politana”, etc.
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De todos, entretanto, a roda é o tipo que oferece mais atração para a recreação infantil; assim sendo, daremos, agora, a sua classificação:
1) Quanto ao conteúdo da letra: a) Temas de vida social: “Ciranda, cirandinha”, etc. b) Temas da natureza: “A pombinha voou”, “Cachorrinha está latindo”, etc. c) Temas instrutivos: “As estações do ano”, “O bá-bé-bí-bó-bu”, etc. d) Temas do romanceiro: “Terezinha de Jesus”, “O cravo brigou com a rosa”, “Esta rua tem um bosque”, etc. 2) Quanto ao andamento:
a) Rodas lentas: “Terezinha de Jesus”, etc. b) Rodas moderadas: “Escravos de Jô”, “Sambalelê”, etc. c) Rodas vivas: “Pirolito que bate, bate”, etc. d) Rodas alternantes: “O cravo brigou com a rosa”, etc.
3) Quanto à execução musical:
a) Côro: “A canoa virou”, “Escravos de Jô”, etc.
b) Solo e côro: “Senhora viúva”, “Esta rua tem um bosque”, etc.
c) Forma mista (côro e parte falada ou declamada): “Ciranda, cirandinha”, etc. 4) Quanto à estrutura: a) Tipo aaa (em que todas as quadras são cantadas com a mesma melodia): “A moda das tais anquinhas”, etc. b) Tipo ab (que reúne duas melodias diferentes): “O cravo brigou com a rosa”, etc. c) Tipo abc (em que se sucedem três ou mais diferentes melodias): “Eu fui ao Tororó”, etc.
5) Quanto à formação:
a) Roda simples: “Ainda não comprei”, etc. b) Roda com um figurante no centro: “Ciranda”, etc.
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c) Roda com dois ou mais figurantes no centro: “O cravo brigou com a rosa”, etc.
d) Roda com um figurante fora: “A mão direita tem uma roseira”, etc. e) Roda com figurante fora e dentro: “A linda rosa juvenil”, etc. f) Roda assentada: “Escravos de Jô”, etc. g) Rodas concêntricas: “Onde está a margarida”, etc.
6) Quanto à movimentação:
a) Marcha simples: “Ai! – eu entrei na roda”, etc. b) Marcha na ponta dos pés: “Eu sou a borboleta”, etc. c) Saltitos: “Atirei um pau no gato”, etc. d) Roda em cadeia ou serpentina: “Havia um novo navio”, etc. e) Rodas que acentuam um determinado ritmo ou marcam os tempos fortes da melodia: “Ciranda, cirandinha”, Pirulito que bate, bate”, “Palma, palma, palma...”, etc. f) Rodas imitativas: “Carneirinho, carneirão”, etc. g) Misto de roda e dança: “Os quindô-le-lê...”, etc. h) Rodas dramatizadas: “O cravo brigou com a rosa”, etc.
Ginástica Olímpica (Gin. de solo)
O termo ginástica origina-se do grego gymnádzein, que significa treinar e, em sentido literal, "exercitar-se nu": a forma como os gregos praticavam os exercícios.
Ginástica é um esporte olímpico caracterizado pela prática sistemática de um conjunto de exercícios físicos em vários aparelhos ou no solo. Os movimentos dos ginastas devem ser elegantes e demonstrar força, agilidade, flexibilidade, coordenação, equilíbrio e controle do corpo.
A ginástica pressupõe atenção e disciplina, a medida em que cada colega precisa aguardar a sua vez de executar o movimento, apreciando e respeitando a demonstração do colega.
Os elementos a serem trabalhados com os alunos serão compostos pelas técnicas dos seguintes movimentos:
1. rolamento frontal (cambalhota para frente) 2. rolamento invertido (cambalhota para trás) 3. rolamento lateral
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4. estrelinha 5. avião 6. Ponte 7. Combinações entre elementos (sequências)
Dança
A dança é, sem dúvida, uma das maiores catalisadoras da manifestação e expressão do movimento humano. No âmbito educativo, ela é pedagógica e ensina tanto quanto os esportes, jogos e brincadeiras.
A dança pode (e deve) ser usada como meio de crítica social para o questionamento de valores preestabelecidos, padrões repetitivos e modismos, como, por exemplo, as coreografias com fortes apelos sexuais, que aparecem incessantemente em programas de TV.
Além disso, a dança, como processo performativo, está ligada à estética e à plástica, podendo trabalhar não apenas com o movimento, mas com sensações e sentimentos.
Quem não se emociona ao acompanhar um espetáculo de dança? Seja clássica — como o balé —, popular — como a "dança de rua" — ou folclórica — como a chula, o fandango, o forró, o samba e o baião —, a dança é um forte estímulo de percepções sensoriais. Ritmo, sonoridade, visão e expressão são capacidades levadas ao extremo nessa prática corpórea.
Mas, afinal, como a dança pode ser inserida nos currículos de Educação Física do ensino infantil? A resposta é simples: ao contrário do que muitos professores acreditam, a última preocupação que se deve ter com relação à finalidade da dança diz respeito à ação performática.
Em outras palavras, o aluno não precisa demonstrar amplo domínio de estilos e técnicas de dança, mas, simplesmente, coragem para “quebrar” determinados preconceitos ligados a ela. Por meio da dança, serão trabalhados os seguintes conteúdos:
1) O domínio corporal e a ritmicidade — o dançarino tem um domínio lógico espaço/temporal bastante desenvolvido. Assim, dominar ritmos pode contribuir para as ações do cotidiano, auxiliando em atividades do dia-a-dia.
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2) A diferença entre gêneros — meninos e meninas têm comportamentos diferentes que podem ser facilmente notados e trabalhados por meio da dança.
3) A diversidade cultural e os variados estilos — de região para região, o estilo de dança varia bastante, pois na cultura brasileira existem várias culturas regionais que são formadas de acordo com o modo de vida de seus habitantes.
Esportes
Nesta proposta, as crianças terão seus primeiros contatos com alguns elementos dos esportes, tais como o futebol, o handebol, o voleibol e o basquetebol. A fase de iniciação esportiva corresponde da 1.ª à 4.ª séries do ensino fundamental, atendendo crianças com idades entre 7 e 10 anos. Contudo, na pré-escola, é possível um primeiro contato a partir de brincadeiras, onde a criança vivenciará alguns padrões motores típicos dos esportes coletivos, privilegiando o lúdico e a brincadeira. A seguir alguns exemplos de brincadeiras que podem ser direcionadas à iniciação esportiva:
1. baratinha (handebol) 2. chute a gol (futebol) 3. furingo (futebol) 4. bola na cesta (basquetebol) 5. Mini-vôleibol 6. queimada (handebol), entre outros.
Atletismo
O atletismo é um conjunto de corridas, saltos e arremessos. É a forma organizada mais antiga de esporte e vem-se praticando há mil anos. As primeiras reuniões organizadas da história foram os Jogos Olímpicos, que iniciaram os gregos no ano 776 a.C. Durante muitos anos, o principal evento olímpico foi o pentatlo, que compreendia lançamentos de disco, salto de longitude e luta livre. Junto à esse conteúdo, serão trabalhadas as estafetas, muito comuns em gincanas, tais como:
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1. corrida do ovo na colher 2. corrida do saco 3. corrida de três pés 4. corrida do copo com água 5. corrida com cordas (pulando) 6. corrida quicando a bola 7. corrida com obstáculos 8. Salto em distância 9. entre outros...
Brincadeiras e Jogos Populares
O jogo tradicional é aquele transmitido de forma expressiva de uma geração a outra, fora das instituições oficiais, nas ruas, nos parques, nas praças, sendo incorporado pelas crianças de forma espontânea.
É extraordinária a abrangência dos comportamentos solicitados pelas brincadeiras dos pequenos, pois reúnem tanto atividades físicas quanto mentais e mobilizam suas disposições cognitivas, sociais e emocionais.
O jogo tradicional faz parte do patrimonio lúdico-cultural infantil e traduz valores, costumes, formas de pensamento e ensinamentos. Seu valor é inestimável e constitui para cada indivíduo, cada grupo, cada geração, parte fundamental de sua historia de vida.
Os jogos populares são uma forma especial da cultura folclórica, oposta à cultura escrita, oficial e formal. É a produção do povo, acumulada por um longo periodo de tempo.
Seu grande valor está em apresentarem ricas possibilidades de estímulos para as crianças: fisicos, motores, sensoriais, afetivos, sociais, intelectuais, linguisticos, etc.
O resgate do jogo tradicional justifica-se em função da diminuição do espaço físico e temporal destinado ao jogo, provocada pelo aparecimento das instituições escolares, pelo incremento das indústrias de brinquedos e pela influencia da televisão e toda mídia eletrônica.
A seguir, alguns exemplos:
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• Amarelinha
• Telefone sem fio
• Cabra-cega
• Cara ou coroa
• Cinco marias
• Construção na areia
• Esconde-esconde
• Gato-mia
• Jogo da velha
• Jogo do mês
• Pedra, Papel, Tesoura
• Pega-pega
• Peteca
• Quebra-cabeça
• Stop!
• Queimada
• Pular corda
• Mamãe galinha
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Movimentos, formas, imagens e sons
Destinado especificamente aos alunos dos Berçários e Maternais, este projeto tem como ponto de partida movimentos, imagens, formas e sons que estimulam a curiosidade, e permitem um ambiente criativo e lúdico para a prática de movimentos corporais. O movimento deve fazer parte da rotina do berçário, ou seja, a criança deve ter espaço para rastejar, engatinhar, tocar os objetos e as pessoas com quem convive. O bebê precisa ser estimulado a ficar em posições que provoquem posturas corporais diferentes, como ficar de bruços para que erga a cabeça. Conforme vai desenvolvendo seu tônus, novas provocações devem ser feitas, como a estimulação para que busque algum objeto colorido ou sonoro, permitindo-se que a própria criança crie recursos para isso, rastejando, engatinhando, caminhando, correndo, fazendo uso de outro objeto intermediário para alcançar o que deseja, ficando de pé, estendendo-se, enfim, aumentando gradativamente as possibilidades do movimentar. É preciso oportunizar a experimentação dos espaços, o subir e descer, o degrau a ser explorado, o objeto a ser arrastado ou puxado. Tudo isso constitui a prática docente, faz parte do nosso dia-a-dia e deve ser feito com cuidado, para garantir a segurança do aluno, mas precisa ser vivenciado. Tocar o corpo da criança de maneira prazerosa e permitir que ela toque o corpo do educador também é extremamente importante. Isso deve acontecer não somente na hora da troca de fraldas, mas nos diferentes momentos da rotina diária. A criança puxa os cabelos, lambe, aperta e morde a educadora. Ela testa a consistência e a textura de seus corpos. Essas experiências farão com que ela, além de aumentar sua percepção de corpo, auxiliando, assim, na construção da imagem corporal, carregue consigo uma idéia positiva de si mesma. O uso do espelho pode auxiliar nesse processo exploratório. Esta é a intervenção do educador na construção do diálogo da criança com o mundo, do seu corpo, da percepção do movimento como forma de expressão. Conforme a criança vai crescendo, esses desafios vão sendo superados, e o educador deve sempre aumentar a complexidade das atividades. Ao dominar os movimentos de equilíbrio, apreensão e manipulação, novos jogos são construídos. Muitas vezes, estamos propondo uma atividade e percebemos que as crianças estão desenvolvendo uma brincadeira paralela, que acontece de maneira introspectiva e que pode passar despercebida a um olhar menos atento. Essa facilidade de “viajar” na imaginação auxilia o educador a desenvolver as
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atividades motoras. A escada do brinquedo passa a fazer parte do caminhão de bombeiros, os pneus se transformam em rios cheios de jacarés, os túneis de concreto são passagens secretas a algum lugar misterioso. Diferentes possibilidades de movimento integram o universo infantil. Nas atividades de circuito, várias estações podem permitir, através do jogo simbólico, que a criança crie situações de saltos, corridas, escaladas, equilíbrio, manipulações, rolamentos, rastejamentos, sem preocupação com movimentos pré-estabelecidos ou técnicas com parâmetros de certo ou errado. Quando as noções de regras começam a ser construídas, os jogos adquirem novas conotações. O professor pode explorar as capacidades físicas e intelectuais, assim como as valências motoras das crianças, através de brincadeiras que façam parte das culturas lúdicas nas quais a escola está inserida e que oportunizem às crianças brincar com as outras, interagindo e construindo estratégias coletivas para atingir objetivos comuns, como já é possível fazer nesse estágio de desenvolvimento humano. Novamente, caberá ao educador aumentar a complexidade das atividades, tendo sempre o cuidado de partir do conhecimento do aluno para novas situações. Brincadeiras com diferentes materiais associados, como bambolês, cordas, pinos, bolas de forma simultânea, desenvolvem várias estruturas ao mesmo tempo e tornam a brincadeira agradável e desafiadora à criança. O que era uma exploração inicial do material passa a ter significado cultural. A bola passa a ser ferramenta para o futebol, o voleibol ou o caçador. O bambolê, além de ser rodado como pneu, faz parte dos jogos de alvo como cesta ou goleira. Ou ainda pode ser rodado no corpo em atividade de controle corporal. Os dois elementos podem ser usados ao mesmo tempo, por exemplo, rodando o bambolê na cintura e quicando a bola, ou arremessando-a ao parceiro. A corda, que antes só era puxada ou amarrada a objetos, serve para brincadeiras de pular que são acrescidas de canções do universo infantil e suas propostas de interpretações. As problematizações feitas pelo professor devem levar as crianças à resolução dos impasses e contribuir para que a aprendizagem se dê de modo integral. As atividades corporais exploram noções de medida, de tempo e espaço, e constroem conceitos geográficos, matemáticos, sócio-históricos, entre outros. Saber quem chegou antes ou depois, quem é o primeiro ou o último, organizar, classificar, questionar os diferentes pontos de relevo percebidos pelas crianças durante as atividades, constatar as relações necessárias para a execução de certos roteiros de movimentos, observar distâncias percorridas, proporcionar momentos de relatos, verbalizações, interpretações e sugestões de atividades possibilitam que os momentos sejam permeados pela interdisciplinaridade.
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Para a criança, a brincadeira tem importância em si mesma e, por isso, deve ser valorizada. A nós, educadores, cabe ter conhecimento das inúmeras possibilidades que cada momento propicia e aproveitá-las o máximo possível, fazendo com que todas as atividades sejam pedagógicas e enriquecedoras e percebendo no brinquedo, no jogo, no movimento e nas atividades corporais momentos de aprendizagem tão importantes como aqueles em que o corpo está guardado e apenas o intelecto está trabalhando. BOLAS – arremessar, receber, jogar para o alto, quicar, jogar para o colega, chutar, por debaixo das pernas, por cima da cabeça, sentar-se e rolar sobre, etc... Variar as cores e os tamanhos das bolas: Pequenas, médias, grandes, várias cores, de borracha, balões de soprar, etc... MÚSICA – estimular as palmas em ritmos variados, ora devagar, ora rápido, ora alto, ora baixo DANÇA – a partir de cantigas de roda, estimular a dança junto ao canto e a representação corporal das letras das cantigas ENCAIXES E BLOCOS – estimular a coordenação motora fina a partir do ato de formar brinquedos com os encaixes e formar torres, com dois ou mais blocos, dependendo da fase do desenvolvimento motor da criança TÚNEL – atravessar o túnel de maneiras diversas: rastejando, engatinhando, em dupla, de costas, por dentro, por cima, etc... PONTE – atravessar a ponte de maneiras diversas: rastejando, engatinhando, em dupla, de costas, por dentro, por cima, etc... TRENZINHO OU COBRA – uma atrás das outras, em duplas, em trios, mãos nos ombros, de mãos dadas, etc... CHUVINHA – sentar em rodinha, rasgar papéis coloridos, jornal, revistas,,jogar para o alto, e repetir quantas vezes as crianças solicitarem. Pode ser feita com bolinhas coloridas, bolas de soprar, almofadas, etc... CIRCUITOS - Colchonetes, tatames ou tapetes de EVA e obstáculos, como bancos, cordas, túneis, rampas, etc...
METODOLOGIA
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As aulas são planejadas a partir de uma investigação da aula anterior, mediante avaliação dos avanços, dificuldades e necessidades das crianças no que se refere ao conteúdo que está sendo desenvolvido. A aula que acaba de ser realizada é refletida do ponto de vista psicomotor e constitui o ponto de partida para o planejamento da próxima aula, avançando ou recuando o conteúdo, mantendo ou revendo procedimentos metodológicos, ou ainda reforçando ou mudando estratégias, se necessário, mediante avaliação-diagnóstica.
O processo de ensino-aprendisagem deve estimular a expressão pessoal/coletiva e o diálogo, situando o aluno como personagem ativo de seu próprio desenvolvimento, e não como mero expectador. A relação professor-aluno deve ser dialógica, rompendo os esquemas verticais da educação, que Paulo Freire define como “educação bancária” – onde o aluno assume o papel de depositante de todo o conhecimento que possui o professor a partir de uma mera transferência de conhecimento.
Jogos cooperativos – uma abordagem metodológica
O jogo com caráter competitivo, que é uma cópia do esporte de alto rendimento, em que o que vale não é a participação, mas sim a aptidão física para vencer, serve para selecionar pessoas, formar equipes de competição e, em resumo, para excluir. Felizmente, a Educação Física militar, discriminatória e excludente, que as pessoas conheceram e valorizaram no passado, não tem mais como existir dentro da escola, que agora deve ser para todos. Quando o professor de Educação Física tira do jogo uma criança, está negando a ela o direito a uma prática pedagógica, que é fundamental para a formação do ser humano integral. A Educação Física Escolar, de certa forma, vem colaborando para a manutenção de valores de uma determinada classe social que prega a valorização do individualismo, levando em conta apenas as habilidades motoras e selecionando pessoas como aptas e não-aptas. Buscando superar uma Educação Física constituída por um modelo conservador e militarista, em que a competição e a exclusão são valorizadas, neste projeto a proposta valorizar a relação professor-aluno, investindo em ações cooperativas dentro das aulas. É importante que a Educação Física seja um espaço onde todas as diferenças possam conviver e aprender umas com as outras, em harmonia, sendo respeitadas e, mais que isto, valorizadas. Educação Física deve ser um espaço para todos, sem exceção.
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Precisam participar das aulas de Educação Física o gordinho, o magrinho, a menina, o menos hábil, o mais hábil, o portador de necessidades especiais, enfim todos os que, por uma razão ou outra, ainda se encontram excluídos. O Esporte Educacional prega a participação de todos. O menino jogando junto com a menina, e não contra ela, valorizando a cooperação, num processo de co-educação, onde a Educação Física poder formar um ser humano mais cooperativo, honesto, crítico, independente e feliz. O professor de Língua Portuguesa não pede para a criança que não sabe nada sobre verbo ficar de fora de suas aulas. Pelo contrário, insiste em que ela aprenda. Saindo precocemente do jogo ou da aula de Língua Portuguesa, ela ficará privada de aprender. O professor não deve ser apenas treinador de habilidades, e sim um despertador de habilidades, pois trabalhar com as habilidades é fácil, difícil é propiciar habilidades, dar a chance a quem não tem. Muitos acham que a graça do jogo está na competição, constituindo o principal do jogo, alguns acreditam ser o jogo sinônimo de competição. Para a criança o importante é o prazer de jogar, a alegria e descontração que o jogo pode proporcionar, seja ele cooperativo ou competitivo. Aquela criança que fica fora das aulas de Educação Física, é quem na realidade mais precisa delas. O modelo competitivo deve ser questionado e revisto. Não podemos insistir na prática de jogos escolares com o formato excludente, em que só os melhores têm vez. Primeira infância - 6 meses a 3 anos
Nesse período, desenvolvemos as habilidades fundamentais à nossa sobrevivência. Aprendemos a ficar de pé, a caminhar, a correr, a rastejar, a saltar e a falar. Nos anos que se seguem as habilidades fundamentais são aperfeiçoadas e adaptadas às necessidades de vida.
Vygotsky afirma que é na presença do outro que o homem se constitui, que forma o seu EU. Desenvolvemos essas capacidades à medida que nos relacionamos com o mundo externo. Wallon também nos explica que os gestos humanos adquirem significados quando percebidos e interpretados por outra pessoa.
A criança pequena necessita de exercitar o tônus postural e o equilíbrio estático e dinâmico, na medida em que está aprendendo a dominar movimentos de pescoço, para posterior e consecutivamente: sentar, arrastar, engatinhar, andar, saltitar, correr e pular. A tonicidade, que indica o tônus muscular, tem um papel fundamental no desenvolvimento motor, é ela que garante as atitudes, a postura, as mímicas, as emoções, de onde emergem todas as atividades motoras humanas. O equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) e dinâmicas (com movimento), abrangendo o controle postural e o desenvolvimento
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das aquisições de locomoção. O equilíbrio estático caracteriza-se pelo tipo de equilíbrio conseguido em determinada posição, ou de apresentar a capacidade de manter certa postura sobre uma base. O equilíbrio dinâmico é aquele conseguido com o corpo em movimento, determinando sucessivas alterações da base de sustentação. Gallahue e Ozmun (2003) organizam as fases do movimento na educação infantil da seguinte forma:
• Fase dos movimentos reflexos: caracterizada pela necessidade de um estímulo para que o movimento se realize.
• Fase dos movimentos rudimentares: surgimento dos primeiros movimentos
voluntários. Esses movimentos ganham mais consistência a partir da inibição dos reflexos e são classificados nos níveis de equilíbrio, manipulativo e locomotor.
• Fase dos movimentos fundamentais: manifesta-se em torno de 2 anos,
quando a criança já se desloca em seu ambiente e desenvolve outros movimentos naturais, com um nível de organização superior. Podem ser caracterizados em três momentos: inicial, elementar e maduro.
Segunda infância – 3 a 6 anos A fase pré-escolar é a época da aquisição de habilidades motoras básicas, os movimentos fundamentais são considerados verdadeiros núcleos cinéticos. Esta capacidade para mover-se cada vez de forma mais autônoma está relacionada com diversos fatores: maturação neurológica que permite movimentos mais completos; crescimento corporal, que ao final deste período vai permitir maior possibilidade de domínio corporal, facilitando o movimento e disponibilidade em realizar atividades motoras.
Para se chegar ao domínio de habilidades específicas, é necessário um longo processo, onde as experiências com habilidades básicas (movimentos fundamentais) são de fundamental importância. Na pré-escola, a criança de 4 a 6 anos de idade abrange a fase dos movimentos fundamentais, com o surgimento de múltiplas formas (correr, saltar, arremessar, receber, quicar, chutar) e suas combinações. As mudanças observadas nos estágios serão estabelecidas em forma de um refinamento das habilidades básicas e, melhor eficiência em sua combinação, o que irá marcar a passagem para a fase seguinte, a dos movimentos especializados. Nesta fase, os movimentos fundamentais vão servir de base para
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as combinações em habilidades especializadas, de modo que a aquisição dos movimentos fundamentais reveste-se da maior importância.
A aquisição desses padrões fundamentais de movimento é de vital importância para o domínio das habilidades motoras. A Educação Física adquire papel importantíssimo na medida em que pode estruturar o ambiente adequado para a criança, oferecendo experiências, resultando numa grande auxiliar e promotora do desenvolvimento humano, em especial ao desenvolvimento motor, e garantir a aprendizagem de habilidades específicas nos jogos, esportes, ginásticas e danças. Para que estas habilidades sejam desenvolvidas é necessário que se dê à criança oportunidades de desempenhá-las.
O movimentar-se é de grande importância biológica, psicológica, social e cultural, pois, é através da execução dos movimentos que as pessoas interagem com o meio ambiente, relacionando-se com os outros, aprendendo sobre si, seus limites, capacidades e solucionando problemas.
Uma das maiores preocupações do profissional de Educação Física refere-se a aquisição e desenvolvimento dos padrões fundamentais de movimento, foco principal para o desenvolvimento da Educação Física pré-escolar e séries iniciais no ensino fundamental.
AVALIAÇÃO
A rede municipal de ensino do município de Vitória, no que se refere ao ensino infantil, pauta seu processo de avaliação da aprendizagem no processo “relatório descritivo”, a partir do “acompanhamento e registro do desenvolvimento do aluno, sem o objetivo de promoção ou classificação”. (Lei 4747, art. 18) Neste projeto, a avaliação será realizada de maneira contínua, durante todos os meses, a partir da metodologia diagnostico – continuada, onde toda aula constitui momento de avaliação, tomada de decisão, re-definição de objetivos e identificação de resultados alcançados. Com base na Lei 4747, que institui o Sistema Municipal de Ensino do Município de Vitória, art. 18, serão construídos relatórios descritivos acerca do desenvolvimento dos alunos na disciplina Educação Física, relatório este que será realizado por turma, e em casos especiais, quando necessário, será descrito o aluno individualmente.
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RECURSOS MATERIAIS BÁSICOS
MATERIAL ESPECIFICAÇÃO 01 Trave Furingo 05 Damas ------------ 05 Dominós coloridos
15 Bolas grandes coloridas 15 Bolas médias Coloridas 15 Bolas pequenas coloridas Aparelho de som Com potencia para ambientes
abertos Aparelho DVD ------------ barbante ------------
Cds brinquedos cantados variados Colchonetes ------------
Cones médios Cordas 01 Grande e 25 pequenas Crepom coloridos
DVDs brinquedos cantados variados Folhas sulfite ------------ Giz de cêra coloridos
Massinha de modelar coloridas Palitos de churrasco ------------ Bolas de soprar coloridas
Tv ------------ Banco suéco 03 Bambolês 30 (coloridos) Trampolim ----------
Pneu de carro 05 Bola de soprar ----------
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ANEXO 2
TRABALHO APRESENTADO NO SEMINÁRIO “EDUCAÇÃO
FÍSICA E ARTES VISUAIS
NOS CMEIs DA SEME – PMV”
EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL:
RETRATOS DE UMA EXPERIÊNCIA
Professora Miriam Gouvêa de Barros CMEI Maria Goretti Coutinho Cosme
Rede Municipal de Ensino da Prefeitura de Vitória - ES
A fotografia constitui uma das mais belas formas de capturar momentos e transformá-
los em registros que podem durar para sempre. Ainda que não consiga exprimir a totalidade
da riqueza desses momentos, sem dúvida, revela boa parte de sua essência.
O objetivo principal desse trabalho consiste em documentar e expor para apreciação
fotografias que retratam o cotidiano da Educação Física nos anos de 2006 e 2007, nos Centros
Municipais de Educação Infantil “Cecília Meireles” e “Maria Goretti Coutinho Cosme”,
respectivamente.
Entendemos ser muito importante compartilhar nossa experiência pedagógico-
profissional com todos os interessados, envolvidos ou não numa intervenção prática no
âmbito da Educação Física Infantil, na medida em que essa partilha contribui com o debate
neste âmbito de atuação educacional, carente de bibliografia específica e registros de
intervenções práticas.
Atualmente desenvolvemos o projeto “Brinquedos Cantados na Diversidade de
Movimentos”, que tem por objetivo principal possibilitar aos alunos a vivência de atividades
físicas que privilegiem a diversidade de movimentos e a ludicidade, em suas mais variadas
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manifestações, tais como: dança, ginástica, brinquedos cantados, brincadeiras populares,
cantigas de roda, esportes, atletismo, entre outros.
O mural aqui proposto conta exclusivamente com fotografias de momentos das aulas
de Educação Física, e suas respectivas legendas, para adequada compreensão das atividades
retratadas, incluindo eventos, passeios, apresentações culturais, e outras atividades realizadas
a partir da referida disciplina.
O presente trabalho evidencia a riqueza e a qualidade da Educação Física na Educação
Infantil da Rede Municipal de Ensino da Prefeitura de Vitória – ES, ainda que: o espaço físico
seja inadequado para a prática de atividades físicas; os materiais sejam escassos; a carga
horária de trabalho seja extremamente desgastante na medida em que abarca os dois turnos da
escola; e, por fim, a incompreensão por parte de alguns colegas de trabalho acerca do papel e
da importância da Educação Física na Educação Infantil contribua negativamente para o
avanço das propostas pedagógicas, implicando no esgotamento do profissional.
FIG. 01 – Mural apresentado no Seminário
“Educação Física e Artes Visuais nos CMEIs da SEME-PMV”
ANEXO 3
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FOTOGRAFIAS DO PROJETO
“DIVERSIDADE DE MOVIMENTOS
NA PLURALIDADE INFANTIL”
FIG. 02 - Criando movimentos com as fitas
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FIG. 03 – Vencendo desafios – subir e descer – escada/rampa
FIG. 04 – Demonstração de afetividade – jogos com arcos
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