DANIELE DOS SANTOS FERREIRA DIAS
SISTEMAS INTELIGENTES NA EDUCAO
JOO PESSOA2008
2DANIELE DOS SANTOS FERREIRA DIAS
SISTEMAS INTELIGENTES NA EDUCAO
ORIENTADORA: PROF. DOUTORA EDNA GUSMO DE GES BRENNAND
JOO PESSOA2008
TRABALHO APRESENTADO AO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM EDUCAO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA, COMO REQUISITO PARA TITULAO DE MESTRE EM EDUCAO NA LINHA ESTUDOS CULTURAIS E TECNOLOGIAS DA INFORMAO E COMUNICAO.
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3SISTEMAS INTELIGENTES NA EDUCAO
Aprovada em: 06 de maro de 2008.
COMISSO EXAMINADORA:
_____________________________________________Prof Dr Edna Gusmo de Ges Brennand - Orientadora
Universidade Federal da Paraba
_____________________________________________Prof Dr Eldio Jos de Ges Brennand
Universidade Estadual da Paraba
_____________________________________________Prof Dr Charliton Jos dos Santos Machado
Universidade Federal da Paraba
_____________________________________________Prof Dr Jean Carlo de Carvalho Costa
Universidade Federal da Paraba
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4Ao meu maior modelo de garra: minha me e amiga, Juara Santos,e a minha to dedicada e amada irm, Priscila,
que acreditaram, desde o incio, que eu conseguiria o ttulo de Mestre;
sem as quais eu nada seria!
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5AGRADECIMENTOS
A Deus, que me deu fora e coragem durante esse trajeto;
Ao meu av, Jorge Thephilo, que sempre incentivou o meu percurso de estudos desde os tempos da infncia;
Aos familiares, que vibram positivamente;
Aos professores do Curso de Pedagogia da UFPB, que cultivaram minhas asas, possibilitando que eu voasse at aqui. Em particular, Professora e amiga Marizete Fernandes;
to especial Professora Dr Edna Brennand, que acreditou em meu potencial, e cuja orientao me direcionou para a concretizao deste trabalho;
Professora Dr Adelaide Alves Dias, coordenadora do Programa de Ps-graduao em Educao da UFPB e toda sua equipe;
Aos amigos, que muito me incentivaram durante essa caminhada e esto presentes em todas as entrelinhas dos meus estudos.
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6"Proponho, juntamente com outros, aproveitar esse momento raro em que se anuncia uma cultura nova para orientar deliberadamente a evoluo em curso. Raciocinar em termos de impacto condenar-se a padecer. De novo, a tcnica prope, mas o homem dispe. Cessemos de diabolizar o virtual (como se fosse contrrio do real!). A escolha no entre a nostalgia de um real datado e um virtual ameaador ou excitante, mas entre diferentes concepes do virtual. A alternativa simples. Ou o ciberespao reproduzir o meditico, o espetacular, o consumo de informao mercantil e a excluso numa escala ainda mais gigantesca que hoje. Esta , grosso modo, a tendncia natural das 'supervias da informao' ou da 'televiso interativa'. Ou acompanhamos as tendncias mais positivas da evoluo em curso e criamos um projeto de civilizao centrado sobre os coletivos inteligentes."
(Pierre Lvy, 1995).
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7RESUMO
A incluso da Informtica na Educao crescente, em virtude da demanda da Sociedade do Conhecimento. As necessidades sociais se modificam e, assim, a urgncia em globalizar o mundo propicia a existncia de novos espaos de ampliao cognitiva: o ciberespao um deles. Uma nova linguagem surge como resultado da rpida comunicao nesse espao virtual de dimenses infindas, uma linguagem baseada em imagens e sons. Cresce velozmente a produo de contedos que transitam na rede mundial de comunicao a Internet - redimensionando a Inteligncia Coletiva, fazendo crescerem as preocupaes referentes s concepes existentes nesses que a circulam. A Inteligncia Artificial, alm de permitir uma melhor compreenso de como se d a inteligncia humana, tambm busca a concretizao de instrumentos que visam apoiar tal inteligncia. Portanto, a Educao acompanha esse movimento. Os Sistemas Inteligentes na Educao so assim produzidos com a finalidade de facilitar o processo cognitivo. No Brasil, existem diversos programas governamentais preocupados em transformar a internet em espao de incluso. Por essa razo, o objetivo do presente trabalho foi analisar as concepes pedaggicas dos Sistemas Inteligentes voltados a aplicaes em Educao. Essa anlise foi feita com base em materiais bibliogrficos focados na temtica. A pesquisa volta-se, ainda, para a compreenso do conceito de Educao na Sociedade do Conhecimento, a identificao dos processos educativos no ciberespao e como so incorporadas as idias pedaggicas de aprendizagem na concepo de sistemas inteligentes. Os resultados mostraram que urgente que os pedagogos compreendam as concepes pedaggicas presentes nos Sistemas Inteligentes e participem, como especialistas, da construo desses aparatos tecnolgicos favorecedores da aprendizagem no ciberespao.
Palavras-chave: Informtica na Educao. Sociedade do Conhecimento. Sistemas Inteligentes. Ciberespao. Inteligncia Artificial.
DIAS, Daniele S. F. Sistemas Inteligentes na Educao. Dissertao (Mestrado). Universidade Federal da Paraba, Programa de Ps-Graduao em Educao, Mestrado em Educao, 2007.
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8ABSTRACT
The inclusion of IT in Education is increasing, in view of the demand of the Society of Knowledge. The social needs modify and therefore the urgency in globalizing the world enhances the existence of new opportunities of cognitive growth: the cyberspace is one of them. A new language appears as a result of the fast communication in this virtual space of infinite dimensions, a language based on images and sounds. The production of contents that move through the world wide network of communication grows quickly -redefining the Collective Intelligence, increasing the worries referring the existent conceptions of this material. The Artificial Intelligence, besides allowing a better comprehension of how human intelligence is conceived, also searches for the materialization of the instruments that aim on supporting such intelligence. Therefore, the Education accompanies this movement. The Intelligent Systems in Education are produced this way with the purpose of facilitating the cognitive process. In Brazil, many existing governmental programs focus on transforming the internet in opportunities of inclusion. Therefore, the goal of the present work was to analyze the pedagogical conceptions of the Intelligent Systems who are aiming at its applications to Education. This analysis was based on bibliographical resources, focused on the theme. The research addresses the comprehension of Education in the Society of Knowledge; the identification of the educational processes in cyberspace and the way the pedagogical ideas of learning in the conception of intelligent systems are incorporated. The outcome shows the urgency of the comprehension of the present pedagogical conceptions in the Intelligent Systems by pedagogues and their participation, as specialists, in the construction of these technological elements which benefit learning in cyberspace.
Key words: Computer science in Education, Society of Knowledge, Intelligent Systems, Cyberspace, Artificial Intelligence.
DIAS, Daniele S. F. Intelligent Systems in Education. Mster Dissertation. Universidade Federal da Paraba, After Graduation Center in Education, Master Degree in Education, 2007.
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9LISTA DE ILUSTRAES
Figura 01: Comparativo de conectividade....................................................................... 18
Figura 02: Mapa conceitual da Interatividade segundo Lvy.......................................... 38
Figura 03: Campanha Publicitria Havaianas 2007........................................................ 43
Figura 04: Sistemas de Signos ...................................................................................... 45
Figura 05: Inteligncia Coletiva ...................................................................................... 48
Figura 6: Interface do software Avaliao ..................................................................... 77
Figura 07: Informativo da Rede Municipal de Ipatinga. Ano I.Edio 1 Maro 2007 Usina do Saber............................................................................................................... 93
Figura 08: Interface do PalaceChat ............................................................................... 94
Figura 09: Interface de criao de quadrinhos do Toondoo .......................................... 95
Figura 10: Mapa Conceitual - Aprendizagem Significativa ............................................ 96
Figura 11: Jogo da Imitao de Turing - Ilustrao de Ann Witbrock in Copeland ............... 104
Figura 12: Arquitetura tradicional do STI ....................................................................... 111
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Perodos do processo evolutivo humano segundo Piaget............................ 92
Tabela 02: Autor X Formao ........................................................................................ 121
Tabela 03: Concepo e Tendncias ............................................................................ 128
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SUMRIO
INTRODUO .................................................................................................... 13
CAPTULO 1 - CONSIDERAES METODOLGICAS ................................... 16
1.1 Problemtica.................................................................................................. 161.2 Objetivos........................................................................................................ 24 1.2.1 Objetivo Geral..................................................................................... 24 1.2.2 Objetivos Especficos.......................................................................... 241.3 Tipo da Pesquisa............................................................................................ 241.4 Universo da Pesquisa.................................................................................... 30
CAPTULO 2 - A EDUCAO NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO .......... 32
2.1 A linguagem na Sociedade do Conhecimento .............................................. 392.2 Os saberes e a inteligncia coletiva .............................................................. 46
CAPTULO 3 - PROCESSOS EDUCATIVOS E O CIBERESPAO ................. 51
3.1 O ciberespao ............................................................................................... 553.2 Educao e ciberespao................................................................................ 573.3 Tendncias pedaggicas no ciberespao ..................................................... 62 3.3.1 TendnciaTradicional ........................................................................... 63 3.3.2 Tendncia Escola-novismo................................................................... 66 3.3.3 Tendncia tecnicista.............................................................................. 68 3.3.4 Tendncia Libertadora.......................................................................... 70 3.3.5 Tendncia critco-social dos contedos................................................ 73 3.3.6 Tendncia Instrucionista....................................................................... 75 3.3.7 Tendncia Construcionista.................................................................... 79
CAPTULO 4 - OS SISTEMAS INTELIGENTES NA EDUCAO .................... 83
4.1 Inteligncia e cognio humana .................................................................... 85 4.1.1 A inteligncia, segundo Gardner .......................................................... 86 4.1.2 A inteligncia, segundo Piaget.............................................................. 90 4.1.3 A aprendizagem, segundo Ausubel...................................................... 964.2 A Inteligncia Artificial ................................................................................... 100
x
11
4.3 O processo educativo e os Sistemas Inteligentes ........................................ 1064.4 As concepes de aprendizagem.................................................................. 114 4.4.1 Concepo Empirista ........................................................................... 115 4.4.2 Concepo Racionalista ....................................................................... 116 4.4.3 Concepo Interacionista ..................................................................... 117
CAPTULO 5 ANLISANDO AS CONCEPES DE APRENDIZAGEM 119
5.1 Perfil dos Autores .......................................................................................... 1205.2 Categoria: Adequao do produto aos objetivos pedaggicos ..................... 1235.3 Categoria: Tipo de competncia exigida do usurio ..................................... 1245.4 Categoria: Aspectos Motivacionais ............................................................... 1255.5 Categoria: Resultados pretendidos em termos de aprendizagem ................ 128 5.5.1 Concepo Racionalista impressa nos Artigos .................................... 128 5.5.2 Concepo Empirista impressa nos Artigos ......................................... 129 5.5.3 Concepo Interacionista impressa nos Artigos .................................. 130
CONSIDERAES FINAIS ................................................................................ 135
REFERNCIAS.................................................................................................... 140
ANEXOS............................................................................................................... 147
Anexo 01: Currculo da Autora Ana Paula Costa e Silva ................................... 148
Anexo 02: Currculo da Autora Eliane Pozzebon ................................................ 149
Anexo 03: Currculo do Autor Guilherme Bittencourt .......................................... 150
Anexo 04: Currculo do Autor Jorge Juan Zavaleta Gavidia ............................... 151
Anexo 05: Currculo do Autor Jorge Muniz Barreto ............................................ 152
Anexo 06: Currculo da Autora Neli da Silveira Almeida Prado .......................... 153
Anexo 07: Currculo da Autora Lucia Maria Martins Giraffa ................................ 154
Anexo 08: Currculo da Autora Marta Costa Rosatelli ......................................... 155
Anexo 09: Currculo do Autor Fernando Mendes de Azevedo ............................ 156
Anexo 10: Currculo da Autora Gloria Millaray Julia Curilem Saldas ................. 157
xi
12
INTRODUO
A maior conquista da humanidade no a revoluo da tecnologia, a evoluo da criatividade.
13
INTRODUO
O trabalho ora apresentado volta-se no apenas a questo de como utilizar os
software no mbito educacional. Suscita reflexes a cerca do desenvolvimento destes
recursos pedaggicos como facilitadores do processo de ensino e construo de
aprendizagens.
Em termos estruturais, o trabalho perpassa pela contextualizao dos avanos
da comunicao indo utilizao das tecnologias na Educao, em especial, trata da
utilizao de Sistemas Inteligentes.
Quanto estrutura da pesquisa, tem-se na organizao metodolgica, que
compe o contedo do captulo 1, detalhamento e caracterizao do universo e
amostra, assim como procedimentos adotados na coleta dos dados.
O captulo 2 traz uma discusso sobre o sistema educativo na Sociedade do
Conhecimento, perpassando pela aquisio de uma nova linguagem utilizada em
virtude do processo de crescimento das tecnologias informticas e da globalizao,
numa ao de construo da Inteligncia Coletiva.
14
No captulo 3, tecemos algumas consideraes a respeito do ciberespao,
enquanto local propulsor de crescimentos do campo educacional, e da evoluo das
tendncias pedaggicas e sua presena no espao virtual da Internet.
O captulo 4 pauta-se nos captulos anteriores para abordar os Sistemas
Inteligentes na Educao. Para isso, foi efetivada reflexo a cerca da inteligncia e
cognio humana apoiando-se principalmente nos pressupostos da Inteligncia Mltipla
de Gardner, na teoria da aprendizagem de Piaget e na aprendizagem significativa de
Ausubel. Abordou-se ainda a evoluo da Inteligncia Artificial, para viabilizar a
compreenso do processo educativo com a utilizao dos Sistemas Inteligentes. As
concepes de aprendizagem foram esmiuadas subsidiando a anlise do captulo
posterior.
O captulo 5 voltou-se a anlise propriamente dita. Onde os perfis dos autores
foram apresentados, e as categorias de anlise exploradas a partir das concepes
pedaggicas de aprendizagem encontradas nas idias expressas por tecnlogos
quando mencionam a construo dos sistemas enfatizados.
Para fenecer, as consideraes finais do trabalho, onde foram expressas as
limitaes e tendncias do software em foco.
A metodologia da ao pedaggica no deve estar descontextualizada das
mudanas ocorridas na sociedade. Mudanas estas que caracterizam um tempo de
aprendizagens crescentes e coletivizadas. Para a vivncia do educador da atualidade,
15
no concebvel afastar a prtica cotidiana dos aprendentes dos objetivos almejados
no processo educativo. Afinal, a cada dia mais se emerge um espao sem limites e sem
fronteiras que j no pode deixar de ser levado em considerao: A INTERNET.
Aproveitemos seu potencial pedaggico.
16
CAPTULO I
CONSIDERAES METODOLGICAS
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1 CONSIDERAES METODOLGICAS
1.1 Problemtica
De acordo com Casteleira (2001. p.2), a Comunicao teve grande impulso com
a abertura da Internet sociedade. A Internet rede de comunicao mundial, outrora
Arphanet (utilizada em meio militar nos tempos da Guerra Fria), foi disponibilizada para
cientistas que, mais tarde, cederam-na s Universidades e aos Centros de Estudos.
Com o surgimento da Word Wide Web WWW - esse meio foi enriquecido. Afinal, o
novo sistema de localizao de arquivos permitiu que todas as informaes tivessem
seu endereo particular, podendo ser encontradas por qualquer usurio da rede. O
contedo mais atraente possibilitou a incorporao de imagens e de sons.Lvy (1998,
p.17) afirma que
A tela do computador um meio capaz de suportar ao mesmo tempo a imagem animada, a interao e a abstrao. Pela primeira vez na histria, a informtica contempornea autoriza a concepo de uma escrita dinmica, cujos smbolos sero portadores de memria e capacidade de reao autnomas. Os caracteres dessa escrita no significaro apenas por uma forma ou disposio, mas tambm por seus movimentos e metamorfoses.
Esse processo de transformao e evoluo permitiu o surgimento de uma nova
forma de ler o mundo e de se comunicar com ele, possibilitando que a produo de
informaes tomasse medidas imensurveis. Os pensamentos passaram a ser
compartilhados em alta velocidade, e as idias, aperfeioadas e enriquecidas numa
escala infinita. Contudo, as evolues sociais no tiveram a mesma velocidade das
tecnolgicas e, assim, a questo de acesso a essa nova forma de produzir e
compartilhar informaes se faz presente nas discusses gestoras. Um dado que
confirma a rapidez da disseminao da Internet o da evoluo da conectividade
internacional no perodo de 1991 a 1998, como mostram as figuras comparativas a
seguir:
18
As tecnologias vm modificando as estruturas sociais assim como os modelos de
produo, comercializao e consumo, de cooperao e competio entre os agentes.
Vm modificando, conseqentemente, a cadeia de gerao de valor e, em funo das
condies de acesso informao, o processo de incluso digital emergente. Como
Figura 01: Comparativo de conectividade.
19
afirma Lemos (2002, p.27), estamos obrigados a mudar o nosso olhar e buscar novas
ferramentas para compreender o fenmeno tcnico-cientfico contemporneo.
No Brasil, na dcada de 90, as polticas pblicas voltam-se s questes da
incluso digital como um meio para a incluso social, seguindo caracterstica dos
pases desenvolvidos e em desenvolvimento. Essas polticas adotam iniciativas
voltadas ao desenvolvimento da Sociedade da Informao.
Em 2000, teve incio o perodo em que o Programa Sociedade da Informao
foi formulado pelo Ministrio de Cincia e Tecnologia MCT sendo implantado na
comunidade cientfica, seguindo para o setor privado. Esse programa contempla um
conjunto de aes para impulsionar a Sociedade da Informao no Brasil em todos os
seus aspectos: ampliao do acesso, meios de conectividade, formao de recursos
humanos, incentivo pesquisa e ao desenvolvimento, comrcio eletrnico e
desenvolvimento de novas aplicaes.
A Internet caracterizada como uma plataforma de expanso. A privatizao de
todo o sistema de telecomunicaes e a criao da Agncia Nacional de
Telecomunicaes Anatel - permitem o crescimento de acesso aos meios de
comunicao. Alm da base tecnolgica e de infra-estrutura adequadas, requer-se um
conjunto de condies e inovaes nas estruturas produtivas e organizacionais, no
sistema educacional e de governo, em geral.
O impacto positivo que o avano da comunicao pode gerar para o pas
depende da participao do maior nmero possvel de pessoas e de organizaes
como usurias ativas das redes avanadas de informao.
Assim, o Programa Sociedade da Informao, no Brasil, teve como prioridades:
O comrcio eletrnico: a pedra de toque da nova economia; As pequenas e mdias empresas: oportunidades na nova dinmica;
20
O empreendedorismo: inovao e capital intelectual como base nos novos negcios;
Oportunidades de trabalho para todos: mais e melhores empregos; A universalizao do acesso: combatendo desigualdades e promovendo a
cidadania;
Educao e aprendizado ao longo da vida: desenvolvendo competncias; Valorizao de contedos e identidade cultural; Administrao transparente e centrada no cidado: governo ao alcance de todos; Quadro regulatrio: diminuindo riscos e incertezas do mundo virtual; Pesquisa e desenvolvimento: o conhecimento a riqueza das naes; Desenvolvimento sustentvel: a preservao do futuro; Desenvolvimento e integrao: valorizando vocaes e potencialidades
regionais;
Desenvolvendo a infra-estrutura: a via da integrao; Integrao e cooperao latino-americana.
O cenrio de necessidade da incluso digital, ento desenhado, teve solues
sugeridas no Livro Verde1. A Universalizao de Servios para a Cidadania foi discutida
e planejada quando se pde perceber a necessidade de aumentar drasticamente o
nmero de pessoas com acesso direto ou indireto Internet, no Brasil, assim como a
capilarizao do acesso, a necessidade de produzir e disponibilizar dispositivos de
baixo custo e a implantao de servios de acesso pblico Internet.
O relatrio de Gesto do Ministrio da Cincia e Tecnologia, referente ao perodo
de janeiro de 2003 a dezembro de 2006, afirma:
A ateno diretriz do Governo Federal, de que no h desenvolvimento sem incluso social, levou o MCT a lanar e apoiar programas e projetos que tm como objetivo comum utilizao da cincia, da tecnologia e da inovao como portas de acesso da populao mais pobre do Pas aos benefcios do progresso.
1 O Livro Verde contm as metas de implementao do Programa Sociedade da Informao e constitui uma smula consolidada de possveis aplicaes de Tecnologias da Informao.
21
Em justificativa a esta pesquisa, tem-se a presena das Tecnologias da
Informao e Comunicao, redimensionando a forma de pensar e de agir da
contemporaneidade. A cada dia, diminui a passividade nas relaes comunicacionais, e
as formas retilneas de construo de saberes passaram a dar espao a novos modelos
problematizados de forma hipertextual2. Esse fenmeno se apresenta pelo
desenvolvimento mental dos seres humanos, que se transformam ao se deparar com os
diversos aparatos tecnolgicos que permeiam seu amadurecimento.
O Ministrio da Educao e Cultura MEC - tem sua participao no processo
de incluso digital, quando entende o uso da Informtica educativa como parte da
universalizao.
A incluso da Informtica no processo educativo brasileiro teve seu incio nos
anos 70, entretanto a implantao do seu programa ocorreu com o primeiro e o
segundo Seminrio Nacional de Informtica em Educao, realizados respectivamente
na Universidade de Braslia, em 1981, e na Universidade Federal da Bahia, em 1982.
Esses seminrios estabeleceram um programa de atuao que originou, em 1993, o
EDUCOM e uma sistemtica de trabalho diferente de quaisquer outros programas
educacionais iniciados pelo MEC.
No ano 1996, foi criada a Secretaria de Educao a Distncia (Decreto n 1.917,
27/05/96), apresentando como suas primeiras aes, nesse mesmo ano, a estria do
Canal TV Escola e o documento bsico Programa de Informtica na Educao, na III
Reunio Extraordinria do Conselho Nacional de Educao CONSED. Alm disso,
realizou o primeiro Workshop MEC/SEED: informtica na educao, para apresentar,
analisar e discutir as diretrizes iniciais do Programa Nacional de Informtica na
Educao Proinfo. Em 1997, foi lanado oficialmente o Proinfo, base da SEED e, at
ento, um dos principais programas da Secretaria, que instalou laboratrios de
informtica em todo o pas, e cujas pontas de trabalho so: Polticas em Educao a
2 Lvy (1993, p.29) tem hipertexto quando uma vez estabelecida a conexo, cada vez que determinado item fosse visualizado, todos os outros que tivessem sido ligados a ele poderiam ser instantaneamente recuperados, atravs de um simples toque em um boto.
22
Distncia DPEAD; Produes e Capacitao DPCEAD e Infra-Estrutura Tecnolgica
DITEC. A SEED trabalha em parceria com outros rgos e secretarias, visando
garantir aos educadores, aos alunos das escolas e ao pblico em geral a
democratizao do domnio das novas linguagens de informao e comunicao e o
acesso a elas, fomentando e implementando polticas de incluso digital, em torno de
vrios programas3.
A atualidade nos apresenta a necessidade da utilizao da informtica na
Educao. E desta forma a reflexo sobre as concepes pedaggicas existentes na
criao de softwares4 destinados a construo de aprendizagens deve estar presente
no cotidiano dos pedagogos. Exatamente a isto se prope o estudo em foco.
Minha experincia profissional como educadora da rede pblica de Ensino dos
Municpios de Bayeux/PB e Joo Pessoa/PB e, ainda, como professora mediadora a
distncia de cursos na rea de Educao, como o de Pedagogia da UFPB/UAB5, pude
observar um nmero significativo de educadores e suas dificuldades no que tange
utilizao da Informtica na Educao. As dificuldades por mim reconhecidas devem
ser impressas na:
falta de compreenso necessria articulao das ferramentas tecnolgicas com o processo pedaggico;
3 Alguns programas sob responsabilidade da SEED: TV Escola, e-ProInfo, ProInfo, Pr-formao, Pr-infantil, Pr-letratramento, Pr-licenciatura, Paped, Mdia Escola, Mdias na Educao, Formao pela Escola, Portal Domnio Pblico, Rived e Universidade Aberta do Brasil.4 O termo surgiu como gria no contexto da informtica. J que os equipamentos (computadores e perifricos) ganharam o apelido de ferragens (hardware), os programas que rodam dentro das mquinas chegaram a ser chamados de software (jogo de palavras: hard/soft = duro/mole). Na educao, e especialmente em EAD, os dois termos foram adotados para distinguir os meios de comunicao e as mensagens por eles transmitidos (medium; message). Nos ltimos anos, com o crescente uso da informtica na educao, houve muita confuso entre os dois sentidos da palavra software. Como resultado, surgiram novos termos, como software educativo e courseware. 5 O Ministrio da Educao, a partir da parceria entre a Universidade Aberta do Brasil e a Universidade Federal da Paraba, oferece o Curso de Pedagogia na Modalidade a Distncia.
23
falta de conhecimentos tcnicos mnimos necessrios, dentro das instituies de ensino, por parte dos professores e equipe pedaggica,
para a utilizao de equipamentos tecnolgicos como recursos
facilitadores da aquisio de aprendizagens;
ausncia de tempo dedicado ao planejamento pedaggico que envolva autilizao dos recursos tecnolgicos;
ausncia de momentos de estudos, onde toda a equipe pedaggica, possa dialogar sobre as tendncias atuais da educao no que tange as
tecnologias;
insuficincia de participao na construo de softwares voltados ao processo de ensino e aprendizagens, para a educao pblica e/ou
privada.
E deste modo, questiono:
Quais as concepes pedaggicas subjacentes na construo de softwares
educativos?
Como so abordadas as concepes pedaggicas de aprendizagem nos
Sistemas Inteligentes?
Quem tem realizado as concepes destes sistemas?
A maior motivao para desenvolvimento desta pesquisa esteve no desejo de
oferecer aos educadores, em especial, aos pedagogos, subsdios que permitam
compreender a necessidade da utilizao da informtica na educao contextualizando-
a nas mudanas sociais que se vivencia, assim como estimul-los para a participao
na construo de softwares voltados ao processo de ensino e aprendizagens.
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1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral:
Analisar as concepes pedaggicas dos Sistemas Inteligentes voltados a aplicaes em Educao.
1.2.2 Objetivos Especficos:
Compreender como a educao discutida na Sociedade do Conhecimento; Identificar como os processos educativos so pensados no ciberespao; Verificar como, na concepo de sistemas inteligentes, as idias pedaggicas
de aprendizagem so incorporadas.
1.3 Tipo da Pesquisa
A fim de atingir os objetivos pretendidos, esta pesquisa foi realizada a partir dos
pressupostos de uma investigao exploratria. Para Richardson (1989, p.281), a
pesquisa exploratria busca conhecer as caractersticas de um fenmeno para procurar
explicaes das causas e conseqncias de dito fenmeno. Complementando esta
compreenso Sampieri et al (1991, p.23) asseveram que
os estudos exploratrios servem para aumentar o grau de familiaridade com fenmenos relativamente desconhecidos, obter informaes sobre a possibilidade de levar adiante uma investigao mais completa sobre um contexto particular da vida real e estabelecer prioridades para investigaes posteriores.
25
Desta forma o carter exploratrio do estudo que ora realizamos, teve como
tcnica de pesquisa a anlise de contedo de natureza qualitativa. Minayo (2003, p. 74)
enfatiza que a anlise de contedo visa verificar hipteses e ou descobrir o que est
por trs de cada contedo manifesto. (...) o que est escrito, falado, mapeado,
figurativamente desenhado e/ou simbolicamente explicitado sempre ser o ponto de
partida para a identificao do contedo manifesto (seja ele explcito e/ou latente).
A anlise de contedo uma metodologia empregada predominantemente pelas
cincias sociais.
Pelo fato deste estudo ter seguido uma linha de pesquisa exploratria, esta opo
metodolgica residiu no fato da necessidade de interpretao dos dados contidos nos
artigos pesquisados, que serviram de base para a comprovao e reconhecimento das
concepes pedaggicas subjacentes aos software educativos.
Desta forma, a anlise do material teve como procedimento inicial a elaborao de
fichas-resumo que consistiu numa classificao quanto as principais concepes
pedaggicas existentes. Essas fichas-resumo, associadas s reflexes tericas,
subsidiaram a formulao de indicadores e a conseqente definio das categorias de
anlise.
A preocupao com a anlise de contedo no uma questo recente,
remontando hermenutica dos textos bblicos, onde os intrpretes da Sagrada
Escritura tinham a capacidade de ler as entrelinhas dos textos. No entanto, sua
formalizao deu-se somente no sculo XIX, a partir do terico francs Bourbom (1888-
1892), tendo-se desenvolvido atravs de processos mais sistemticos aps a Segunda
Guerra Mundial.
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A anlise de contedo se mostra envolta em muitas polmicas, principalmente no
que concerne a limites entre esta tcnica e a lingstica. Buscando uma diferenciao
satisfatria, pode-se afirmar que o objeto da lingstica a lngua, quer dizer, o aspecto
coletivo da linguagem, enquanto que o da anlise de contedo a palavra, isto , o
aspecto individual e atual da linguagem. Assim, a lingstica procura entender o
funcionamento da lngua, enquanto que, a anlise de contedo busca os significados
implcitos nas palavras.
Quanto utilizao da anlise de contedo, Franco (2003) dispe uma srie de
sete usos que dizem da relevncia deste recurso:
- uso crescente da utilizao da anlise de contedo nas cincias humanas;
- uso crescente para testar hipteses em oposio a pesquisas meramente
descritas;
- maior diversidade no que se refere aos materiais a serem estudados;
- uso em conexo com outras tcnicas de pesquisa;
- utilizao de computadores para anlise de contedo, principalmente mediante
o recurso a programas computacionais;
- aplicao da anlise de contedo a um espectro mais amplo de problemas,
especialmente queles relativos aos antecedentes e efeitos da comunicao,
das mensagens e dos discursos;
- crescente interesse por questes tericas e metodolgicas.
Pode-se destacar este ltimo uso como tendo uma relao intrnseca com o
propsito deste estudo, que parte da identificao das idias expressas pelos tericos
em foco, a fim de melhor esclarecer as idias pedaggicas impressos.
27
Para a aplicao da anlise de contedo seguiu-se um conjunto de procedimentos
orientados por Franco (2003), descritos a seguir:
a) Definio dos objetivos da pesquisa, delineamento do referencial terico e
reconhecimento do tipo de material a ser analisado;
b) Definio das unidades de anlise, que podem ser:
- Unidades de registro: palavra, tema, personagem, item;
Para possibilitar anlises e interpretaes mais amplas acerca dos sentidos e
significados implcitos no material pesquisado, fez-se uso inter-relacionado das
unidades de registro tema (sistemas inteligentes) e item (concepes pedaggicas).
Segundo Franco (2003) o tema considerado a mais til unidade de registro em
anlises de contedo. Por acreditar que os artigos publicados na internet exprimem as
tendncias mais atualizadas dos estudos nas mais diversas reas, o tema foi uma das
unidades de registro primordiais neste estudo.
O item utilizado quando um documento caracterizado a partir de alguns
elementos definidores como: que assunto privilegiado? do que se trata?.
- Unidades de contexto: pano de fundo que imprime significado s
unidades de registro.
de suma importncia fazer referncia ao contexto em que est inserida a
unidade a registrar, visto que, as mensagens podem variar segundo as diferentes e
diversificadas dimenses de uma unidade de contexto.
28
c) Pr-anlise: consiste na escolha dos documentos a serem a analisados;
na formulao das hipteses e/ou objetivos e na elaborao de
indicadores que embasem a interpretao final;
Quanto elaborao dos indicadores, esta foi realizada a partir de uma anlise da
freqncia temtica que a meno explcita, ou subjacente, de um tema em uma
mensagem. Ao definir-se os indicadores, teve-se a mesma preocupao de Franco
(2003, p.49) ao afirmar:
Da mesma forma do que ocorre com o contedo latente, podem existir temas no explicitamente mencionados, mas subjacentes s mensagens, passveis de observao por parte do investigador e cuja freqncia de ocorrncia passa a ser, tambm, um elemento indispensvel para que se possa efetuar uma anlise mais consistente e uma interpretao mais significativa.
Assim realizou-se uma quantificao das concepes pedaggicas subjacentes.
Chegando-se aos seguintes indicadores:
Concepo Racionalista
Concepo Empirista
Concepo Construtivista
d) Definio das categorias de anlise de contedo: consiste numa
operao de classificao de elementos constitutivos de um conjunto, por
diferenciao seguida de um reagrupamento baseado em analogias, a
partir de critrios definidos (FRANCO, 2003: 51).
Para definio das categorias de anlise, foi necessrio efetivar recorte de
contedos a partir de um modelo aberto que Laville (1999) concebe quando o
pesquisador conhece pouco a rea de estudo e sente necessidade de aperfeioar seu
29
conhecimento a respeito de uma situao ou de um fenmeno a fim de enunciar
hipteses.
Neste estudo as categorias no surgiram a priori, mas foram delineadas
paralelamente anlise dos documentos escolhidos, a partir da sua emergncia no
contedo e de sua conseqente interpretao luz das teorias explicativas. A definio
de categorias de suma importncia para qualquer estudo. Neste estudo foram
determinadas as seguintes categorias:
Adequao do produto aos objetivos pedaggicos;
O tipo de competncia exigida do usurio;
Os aspectos motivacionais;
Os resultados pretendidos em termos de aprendizagem. As concepes sobre aprender foram agrupadas nos trs indicadores delineados, atravs das
concepes racionalista, empirista e interacionista.
Na anlise foi utilizado o mtodo dedutivo caracterizado por Laville (1999) como
aquele que parte de um enunciado geral em direo a fatos particulares. O raciocnio
dedutivo permite ampliar conhecimentos j disponveis a outros fatos.
O mtodo dedutivo foi proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz
que pressupe que s a razo capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O
raciocnio dedutivo tem o objetivo de explicar o contedo das premissas. Por intermdio
de uma cadeia de raciocnio em ordem descendente, de anlise do geral para o
particular, chega a uma concluso. Usa o silogismo, construo lgica para, a partir de
duas premissas, retirar uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras,
denominada de concluso (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993).
30
1.4 Universo e Amostra
O Universo e Amostra foram determinados a partir de amostra no-probabilistica
tpica, que Laville (1999, p.170) considera aquela onde a amostra tida a partir das
necessidades do estudo do pesquisador, onde so selecionados casos julgados
exemplares dentro do universo enfatizado. Assim foram buscados artigos publicados na
internet atravs de palavras-chaves delimitadas em funo do recorte do estudo a
saber: ciberespao, sistemas inteligentes, inteligncia, ensino-aprendizagem e
sociedade do conhecimento.
Os artigos foram buscados aleatoriamente, a partir das palavras-chaves. Cerca
de 20 (vinte) artigos dos quais foram selecionados 08 (oito), em funo do critrio de
pertinncia, isto , relacionados em funo dos objetivos propostos. Os artigos
buscados no perodo de novembro de 2006 a setembro de 2007 foram:
1 - SILVA, Ana P. C. Aplicaes de Sistemas Tutores Inteligentes na Educao a Distncia: possibilidades e limites. Relatrio de Pesquisa. Braslia: UCB, 2006.Disponvel em: Acesso em:abr.2007
2 - BITTENCOURT. G. et. al. O papel dos agentes inteligentes nos Sistemas Tutores Inteligentes. Word Congresso n Engineering and Tecchnology Education. So Paulo, 2004. Disponvel em: < http://www.inf.ufsc.br/~l3c/artigos/frigo04a.pdf> Acesso em: abr.2007
3 - GAVIDIA, J.J.Z. et. al. Sistemas Tutores Inteligentes. Rio de Janeiro: COPPE, 2003. Disponvel em: Acesso em: abr.2007
31
4 - BARRETO, J.M. et al. Inteligncia Artificial no Ensino com Tutores Inteligentes.Disponvel em: Acesso em: nov. 2006
5 - PRADO, N.R.S. O uso de agentes inteligentes em uma arquitetura para ambientes de ensino-aprendizagem. Ribeiro Preto:UNIP, 2005. Disponvel em: Acesso em: mai.2007
6 - GIRAFFA, L.M. et. al. Estudo comparativo sobre Sistemas Tutores Inteligentes Multiagentes Web. Rio Grande do Sul: Faculdade de Informtica PUCRS, 2002.Disponvel em: Acesso em: mai.2007
7 - ROSATELLI, M.C. Um Sistema Tutor Inteligente para um Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem.Disponvel em: Acesso em: nov. 2006
8 - AZEVEDO, F.M. et al. Ergonomia Didtica na Interface de Sistemas Tutores Inteligentes. Disponvel em: Acesso em: set. 2007
32
CAPTULO 2
A EDUCAO NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO
"Computao no se relaciona mais a computadores. Relaciona-se a viver." (Nicholas Negroponte)
33
2 A EDUCAO NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO
O avano dos aparatos analgicos para os digitais e as mudanas na forma da
produo e da leitura de textos, de sons e de imagens transformaram o mundo a partir
da segunda metade do Sculo XX. O impacto provocado na sociedade pelas
tecnologias da informao e comunicao e os contedos que esto associados a elas
levaram a uma evoluo social, econmica e cultural de todas as naes. As mudanas
operadas provocaram na humanidade uma transformao nos seus mtodos de
trabalho, nas relaes sociais e no acesso informao e ao conhecimento.
A revoluo industrial baseava-se na descoberta e na disseminao de novas
fontes de energia, e o paradigma informacional marcado pela inveno de novas
tecnologias para processar e transmitir informaes. Logo, a introduo de novas
tecnologias aumenta a possibilidade de invent-las, promovendo, quase que
imediatamente, um crescimento exponencial e sem fronteiras. Sendo a informao a
base dessa conjuntura mundial, essa nova forma passa por todas as atividades
humanas, afetando desde o pensamento at as aes cotidianas. Gates (1995, p.35)
afirma:
A principal diferena que veremos surgir na informao do futuro que quase toda ela ser digital. Bibliotecas inteiras j esto sendo varridas e armazenadas em discos ou CD-ROMs, sob o formato de dados eletrnicos. Jornais e revistas, hoje em dia, so muitas vezes compostos inteiramente em formato eletrnico e impressos em papel por convenincia de distribuio. A informao eletrnica e armazenada permanentemente ou por tanto tempo quanto se deseje em bancos de dados computadorizados, gigantescos bancos de dados jornalsticos acessveis por meio de servios on-line. Fotografias, filmes e vdeos esto sendo convertidos em informao digital. A cada ano, criam-se mtodos melhores de quantificar e destilar a informao em quatrilhes de pacotes de dados isolados. Uma vez armazenada, qualquer pessoa autorizada que disponha de um microcomputador pode chamar, comparar e alterar instantaneamente a informao digital.
34
Portanto, as formas de manipulao, de armazenamento e de distribuio da
informao so, nessa sociedade ps-capitalista6, os diferenciais que permitem uma
nova concepo do mundo. E essa sociedade no se desfaz do capitalismo, as
instituies capitalistas sobrevivem. Entretanto inevitvel que adquiram nova forma de
desempenhar seus papis. Afinal, o recurso econmico bsico no est focado no
capital, nem nos recursos naturais, tampouco na mo de obra. Ele o conhecimento.
Desse modo, o valor criado pela produtividade e pela inovao, como aplicaes do
conhecimento ao trabalho. Os principais grupos dessa sociedade esto se
apresentando como trabalhadores do conhecimento, ou seja, executivos que sabem
como alocar conhecimento para usos produtivos, assim como os capitalistas sabiam
como alocar capital voltado a esse fim. Muda-se, ento, a relao do ser humano com o
trabalho, porque o primeiro tem consigo a sua matria-prima, levando-a a qualquer
espao por onde transite.
O processo de Globalizao, que integra os conceitos sociais, polticos e
econmicos da Sociedade do Conhecimento, emerge da reestruturao do capitalismo
juntamente com a revoluo tecnolgica. possvel que uma enorme rede conecte e
desconecte pessoas e/ou lugares. A segregao pode, portanto, apresentar-se como
mazela desse processo de exploso tecnolgica. A Internet ou, ainda, a TV por
assinatura, possibilitam a explorao de informaes inacessveis para grande parte da
populao mundial. Essa dubiedade entre o avano e a estagnao s pode ser
reduzida mediante iniciativas transformadoras, iniciativas polticas, que tendam a
favorecer aos menos privilegiados socialmente. Esse movimento se torna uma corrida a
favor de igualdades, sendo a Educao um dos campos mais preocupados com esse
afastamento de acesso. Como expresso no Livro Verde, organizado por Takahashi
(2000, p.7),
No novo paradigma gerado pela sociedade da informao, a universalizao dos servios de informao e comunicao condio fundamental, ainda que no exclusiva, para a insero dos indivduos como cidados, para se construir uma sociedade da informao para
6 Peter Drucker (1993) caracteriza a sociedade ps-capitalista como a que utiliza o livre mercado como mecanismo comprovado de integrao econmica.
35
todos. urgente trabalhar no sentido da busca de solues efetivas para que as pessoas dos diferentes segmentos sociais e regies tenham amplo acesso Internet, evitando assim que se crie uma classe de info-excludos.
A Educao, preocupada com a expanso dessa nova classe de info-excludos,
volta-se universalizao, um processo em que a inquietao no est apenas em
tornar disponveis os meios de acesso, mas, sobretudo, em permitir que as pessoas
atuem como provedores ativos dos contedos que circulam na rede. Nesse sentido,
imprescindvel promover uma alfabetizao digital que proporcione a aquisio de
habilidades bsicas para o uso de computadores e da Internet e que capacite as
pessoas para a utilizao dessas mdias em favor dos interesses e das necessidades
individuais e comunitrias, com responsabilidade e senso de cidadania.
Fica, ento, expresso que o ato de fazer Educao vem passando por mudanas
significativas decorrentes das novas demandas sociais, ocasionadas pelo avano das
tecnologias e pelo processo de globalizao. Hoje se entende que o papel da Educao
no apenas o de transmitir informaes aglutinadas num currculo, muitas vezes, sem
sentido para o aprendente, mas, sobretudo, o de estimular a autoria de novas
informaes, permitindo que a conquista de aprendizagens ocorra no percurso das
descobertas. A exigncia, atualmente, de que se busque a formao para a
integralidade, e disponibilizar espaos de estmulo s Inteligncias7 faz parte da ao
educativa nessa sociedade onde o conhecimento no tem donos.
Compreender, por conseguinte, que vivenciamos a Sociedade do Conhecimento
perceber que as relaes sociais e inter-pessoais se modificaram com o tempo.
Outrora, vivamos um mundo fragmentado, onde os conhecimentos produzidos no
eram facilmente disponibilizados. O acesso informao era ainda mais restrito e,
portanto, o crescimento, em todas as reas, acontecia de forma mais lenta.
7 Baseado na concepo de Inteligncias Mltiplas de Gardner.
36
As perspectivas da Educao na atualidade so decorrentes das mudanas no
campo scio-econmico, poltico, cultural, cientfico e tecnolgico, e so frutos da
globalizao capitalista da economia das comunicaes e da cultura. Esse movimento
permite que algumas prticas desapaream e surjam outras perspectivas tericas.
Alguns conceitos, no campo das cincias da educao e das metodologias de ensino,
so aquisies definitivas, como o conceito de aprender fazendo, de Dewey8, e as
tcnicas de Freinet9. Contudo o trao mais original da educao na atualidade a
transformao do enfoque do individual para o coletivo.
A evoluo das tecnologias centradas na comunicao de massa e na difuso do
conhecimento caracteriza-se como a grande novidade educacional neste novo milnio.
A Educao ultrapassa as operaes baseadas na linguagem escrita e caminha ao
encontro de operaes que se apresentam na cultura atual, a mide, passa a operar
tambm uma nova linguagem, a das mdias.
A cultura digital surge como uma nova cultura: a da Sociedade do
Conhecimento. Uma cultura voltada para a formao holstica, em que so valorizadas
a integralidade dos sujeitos e a ao participativa na construo dessa nova sociedade.
Como afirma Gadotti (2001, p.18),
(...) Apontando s possibilidades da Educao, a teoria educacional visa formao do homem integral, ao desenvolvimento de suas possibilidades, para torna-lo sujeito de sua prpria histria e no objeto dela. Alm disso, mostra os instrumentos que podem criar uma outra sociedade. (...) A partir dessas diretrizes, a teoria da educao tem por misso essencial subsidiar a prtica.
8John Dewey reconhecido como um dos fundadores da escola filosfica de Pragmatismo (juntamente com Charles Sanders Peirce e William James), um pioneiro em psicologia funcional e representante principal do movimento da educao progressiva norte-americana durante a primeira metade do Sculo XX. ( pt.wikipedia.org.)9Celestin Freinet (15 de outubro de 1896- outubro de 1966) foi um pedagogo francs, importante reformador da Pedagogia de sua poca, cujas propostas continuam uma grande referncia para a Educao nos dias atuais. (pt.wikipedia.org.)
37
Os paradigmas holonmicos10 voltam-se, assim, para a totalidade do sujeito,
valorizando a iniciativa, a criatividade, o micro, a complexidade, a convergncia e a
complexidade.
A relao que essa nova sociedade mantm com a informao uma relao
crtica e transformadora. A reconstruo das idias acontece velozmente, e a
publicao dessas novas idias ganha domnio pblico mundial em questo de
segundos. Essa velocidade devida, principalmente, facilidade que a Internet oferece
na manipulao e exposio da informao, assim como a difuso de dados. Essa
possibilidade oriunda das tecnologias que guardam o conhecimento, de forma simples
e acessvel, em imensurveis volumes de informaes, armazenados inteligentemente,
dotando a pesquisa de objetividade amigvel e flexvel, em que o usurio extrapola a
sua ao de receptor e faz-se tambm emissor, sendo capaz de dialogar com o meio.
Como afirma Lvy (1994, p.53), ...o digital autoriza a fabricao de mensagens, sua
modificao e mesmo a interao com elas, tomos de informao por tomo de
informao, bit por bit.
A presena das tecnologias, em especial, a internet, amplia os espaos
educativos. A ao educativa, outrora existente apenas no lcus da escola, expande-se
para as empresas, para o espao domiciliar e para o espao social. Cada dia, mais
pessoas se favorecem da utilizao da Internet, buscando formao e aprendizagens.
As novas metodologias, como o caso da Educao a Distncia, ganham propores
onde acontece a democratizao da informao e do conhecimento. Contudo,
imprescindvel reconhecer que a tecnologia, por si s, no trar transformaes
favorveis, e a participao da sociedade nessas transformaes deve ser intensa e
organizada. Afinal, o acesso informao um direito primrio de todos, pois, sem ele,
inexiste acesso a outros direitos. De acordo com Castells (1996, p.327),
10 Moacir Gadotti (2001) caracteriza paradigmas holonmicos como as tendncias pedaggicas que se voltam para a formao holstica do ser, tendo como caractersticas a valorizao do conhecimento em torno do ser humano, valorizando seu cotidiano, o seu vivido, o pessoal, a singularidade, o entorno, o acaso e categorias como: deciso, projeto, rudo, ambigidade, finitude, escolha, sntese, vnculo e totalidade.
38
La emergencia de un nuevo sistema de comunicacin electrnica caracterizado por su alcance mundial, su integracin de todos los medios de comunicacin y su interactividad potencial est cambiando y cambiar para siempre nuestra cultura.
Essa cultura no permite que se viva aqum dos novos instrumentos e das
formas de comunicao.
A Internet, principal meio de comunicao dessa nova Sociedade, tem como
caractersticas a conectividade, o favorecimento do intercmbio, consultas entre
instituies e pessoas, articulao, contatos e vnculos, interatividade. Esta ltima se
apresenta de forma diferenciada quanto mdia e ao dispositivo de comunicao que
utiliza. O seguinte mapa conceitual expressa essa afirmao com base em Lvy (1999,
p.83):
39
Sabemos que a Sociedade do Conhecimento exige da Educao novas
estratgias, que Delors (1998 p.90), no Relatrio para a Unesco da Comisso
Internacional Sobre Educao para o Sculo XXI, entende como decorrente da
necessidade de uma aprendizagem ao longo da vida, fundada em quatro pilares, de
conhecimento e formao continuada, orientando os rumos que a Educao vem
tomando. So eles: Aprender a conhecer; Aprender a fazer; Aprender a viver juntos e
Aprender a ser, e as novas palavras de ordem para a execuo desses pilares so
planetaridade, sustentabildiade, virtualidade, globalizao, transdiciplinaridade e
dialogicidade.
As mencionadas palavras de ordem levam-nos necessidade de refletir acerca
da nova linguagem adotada nessa sociedade, para que se possam formar cidados
capazes de transpor as barreiras do novo contexto social. Em decorrncia disso, no
prximo item, faremos uma abordagem sobre a linguagem na Sociedade do
Conhecimento.
2.1A linguagem na Sociedade do Conhecimento
Para que ocorra a comunicao, inevitvel o desejo de transmisso da
mensagem. Contudo, como se vive numa sociedade onde as informaes so
dinmicas e virtualizadas, inevitvel refletir sobre o papel que elas exercem no
contexto atual.
Em seu sentido mais amplo, compreende-se que necessrio interao entre
aquele que transmite a mensagem e o que a recebe, desde o incio da comunicao
entre os seres humanos. Essa interao o pressuposto bsico para que a informao
se transforme em conhecimento, ocorrendo naquele que a recebe o amadurecimento,
que o far crescer. importante tambm colocar que interao, aqui, no se refere a
troca, mas est focada na inteno de um dilogo assncrono, cuja resposta pode ser
dada num instante posterior, em formato de nova mensagem. Seria um exemplo disso a
40
interao entre a TV e o telespectador. A Sociedade do Conhecimento pressupe a
linguagem centrada na imagem, contudo uma imagem diferenciada daquela expressa
nos ambientes de baixa interatividade. Volta-se, nesse local da histria, s interaes
sncronas, quando as mensagens recebem formato particular, e o movimento de
recepo e de transmisso to rpido que no se tem condies de medi-lo.
Essa comunicao rpida e diferenciada est presente, sobretudo, na Internet. A
comunicao, nesse sentido, mediada por computadores, necessita de tradues. Para
a mquina, no possvel a transmisso de intenes, de pensamentos e de imagens
subjetivas, razo por que necessria a existncia de novos smbolos ou, ainda, o
aniquilamento de smbolos j existentes. Para Lvy (1998), possvel a comunicao
sem smbolos a partir das realidades virtuais. Entretanto a linguagem no se reduz
condio de vetor da comunicao, servindo ao pensar. A comunicao perfeita ocorre
na linguagem absoluta, atravs de um meio que torne inexistente o rudo, um meio
capaz de transmitir idias, sentimentos ou imagens mentais de seu usurio, sem
inform-las ou deform-las de algum modo. Todavia, a existncia de uma linguagem
absoluta no defendida pelo autor visto que, em primeiro lugar, a vida mental , por si
s, uma vida de signos que munem a expresso e, secundariamente, pelo fato de a
linguagem absoluta fazer abstrao da dimenso interpretativa da comunicao.
Nesse sentido, a Educao precisa reconhecer as especificidades da linguagem
na Sociedade do Conhecimento, para fazer bom uso dela, explorando a potencialidade
dos novos espaos oriundos da transformao sofrida pelas tecnologias. A
comunicao passa por novas expresses, e a palavra escrita se torna no a mais
importante, mas apenas uma das inmeras formas de expresso da linguagem, em que
surgem novos cones, novas estruturas textuais, novas formas de organizar e transmitir
as mensagens. Por isso, o educador precisa estar voltado para as novas formas de
compreenso dessa linguagem, que pautada em imagens e sons da Sociedade do
Conhecimento.
41
Como afirma Moran (1992 apud SAMPAIO 1999, p.39), preciso perceber que
h uma nova cultura audiovisual, urbana, que se expressa de forma dinmica e
multifactica, que responde a uma nova sensibilidade e forma de perceber e de se
expressar. E assim, o fazer educativo destina-se a abrir horizontes nessa nova
linguagem, nessa nova cultura mundial. Com a ausncia de uma linguagem, a
educao inexiste. Afinal, a comunicao torna-se inviabilizada. A linguagem o
estabelecimento da comunicao que, por sua vez, permite uma determinada
mensagem, do ponto de vista da Lingstica.
Vanoye (2002) concebe que, num processo de comunicao, deve haver o
emissor ou destinador e o receptor ou destinatrio. O autor considera que a mensagem
o objeto que se interpe entre o emissor e o receptor, permitindo que vrias formas
de transmisso das mensagens sejam possveis. Entretanto, para que se efetive a
linguagem/comunicao, importante a identificao dos signos que ocorrem no
formato de cdigo. Vanoye (2002, p.3) assim descreve o processo de comunicao:
...um conjunto de signos e regras de combinao destes signos: o destinador lana mo dele para elaborar sua mensagem (operao de codificao). O destinatrio identifica este signo (operao de decodificao) se seu repertrio for comum ao do emissor...
O autor define o signo como a menor unidade dotada de sentido num cdigo
dado. Para que o processo de comunicao acontea, duas partes fundamentais so
necessrias: o significante: aquilo que perceptvel; e o significado: elemento
conceitual no perceptvel. Assim, ele considera que as lnguas seriam uma
particularizao de um fenmeno visto no seu todo, sendo estudadas pela Cincia da
Lingstica.
A linguagem uma das virtudes humanas que nos torna diferentes dos outros
animais por trs bsicos motivos: os seres humanos so capazes de fazer perguntas,
contar histrias permitindo a noo de tempo - e dialogar, num movimento de
reflexes contnuas e infinitas.
42
De acordo com Lvy (1994), a informao tem sofrido profundas transformaes
e, enquanto tcnica de controle das mensagens, pode ser classificada em trs grupos
distintos: somticas, miditicas e digitais. Lvy entende que as somticas implicam a
presena efetiva, o engajamento, a energia e a sensibilidade do corpo para a produo
de signo. As chamadas tecnologias miditicas, consideradas por ele como molares,
..fixam e reproduzem as mensagens a fim de assegurar-lhes maior alcance, melhor
difuso no tempo e no espao (p.51). E a respeito da informao digital, afirma:
...ele o absoluto da montagem, incidindo esta sobre os mais nfimos fragmentos da mensagem, uma disponibilidade indefinida e incessantemente reaberta combinao, mixagem, ao reordenamento dos signos...
Na Sociedade do Conhecimento, onde o foco est centrado no trnsito de
informaes, a linguagem ganha novas formas. Nesse contexto, a utilizao das
tecnologias na Educao pressupe a introduo de uma nova linguagem, a das
mdias, que o computador, em um movimento convergente, tem a possibilidade de unir
num nico recurso quando potencializado pela rede Internet.
O computador insere na sociedade uma escrita dinmica, capaz de apresentar
uma forma diferente da esttica oferecida pela mdia impressa. Como afirma Lvy
(1998, p.17),
A tela de computador um meio de comunicao capaz de suportar ao mesmo tempo a imagem animada, a interao e a abstrao. Pela primeira vez na histria, a informtica contempornea autoriza a concepo de uma escrita dinmica, cujos smbolos sero portadores de memria e capacidade de reao autnomas. Os caracteres dessa escrita no significaro apenas por sua forma ou disposio, mas tambm por seus movimentos e metamorfoses.
Na linguagem introduzida pelo mundo virtual, no h uma natureza encorpada.
Contudo, detm uma natureza repleta de smbolos que servem muito mais ao pensar
do que ao comunicar. A linguagem diferencia-se de outros sistemas de signos pela
43
possibilidade de grande abertura e capacidade expressiva como tambm um alto grau
de elaborao.
A percepo das imagens como fortes, na transmisso de informaes,
apresenta-se claramente na Internet. E o campo publicitrio se apropria com sucesso
desse potencial. Podemos perceber isso na campanha publicitria das Sandlias
Havaianas, feita pela Agncia AlmapBBDO, oferecendo uma nova ordem na escrita:
Em anlise, temos a seguinte leitura: inicialmente, percebemos a estrutura
geomtrica dos pincis, que se assemelham a ps, cujas unhas so pintadas de forma
colorida e alegre. As cores vermelho e azul das sandlias caracterizam o masculino e o
feminino, que se encontram em complementao. Concluso: se o consumidor usar as
sandlias havaianas, ficar com o astral elevado, o que o far ter sucesso nas relaes
inter-pessoais com o sexo oposto.
Entretanto, a linguagem, na Sociedade do Conhecimento, alm de se apropriar
da fora das imagens, apropria-se tambm da interao dessas imagens com o seu
receptor. A caracterizao desses dois tipos de lngua a fontica e a dos signos11 -
feita por Levy (1998), a fim de tratar da linguagem enquanto uma Ideografia Dinmica.
11 Pierre Lvy considera lngua dos surdos quela utilizada pelas comunidades de portadores de necessidades auditivas especiais.
Figura 03: Campanha Publicitria Havaianas
44
Esta, sendo uma escrita pura, no se prope a redobrar visualmente as lnguas
existentes e aponta, pelo contrrio, para uma lngua de imagem de tipo novo. , ainda,
caracterizada como a representao das idias, por meio de sinais que reproduzem
objetos concretos.
A escrita sempre foi utilizada sob a forma esttica e sobre um suporte fixo, desde
sua origem. Contudo, graas s possibilidades interativas, a informtica mostra formas
relativamente novas para que a expresso visual retrate o pensamento.
A Ideografia Dinmica no uma linguagem de programao, mas se mostra
como um novo tipo de interface, uma linguagem de imagens animadas para a
comunicao interativa. A ideografia dinmica est ajustada numa escrita baseada nos
suportes possveis da Sociedade do Conhecimento. De acordo com Lvy (1999, p.219),
A ideografia dinmica poder tornar-se ento uma imensa reserva de imagens interativas, de atores e modelos, reutilizveis e adaptveis por cada um em funo de seus projetos e podendo entrar na composio de uma infinidade de mensagens em forma de seqncias animadas.
Em busca de no reproduzir a linguagem fontica numa perspectiva visual, a
Ideografia Dinmica funciona segundo o princpio de uma representao figurativa e
animada por modelos mentais. Fazer da imagem animada uma tecnologia intelectual
autnoma contribuir para a inveno de uma cultura informtico-miditica crtica e
imaginativa. propor outra via diferente da proposta pela sociedade do espetculo,
apresentada pela televiso, diante da qual os espectadores se mantm em posio
passiva.
A fim de clarificar o seu Sistema de Signos, Lvy (1998) traa o esquema que
segue:
45
Figura 04: Sistemas de Signos
46
2.2Os saberes e a Inteligncia Coletiva
No tpico anterior, a linguagem voltada para as imagens e os sons foi explorada
como a nova forma de comunicao na Sociedade do Conhecimento. Entretanto, esse
novo paradigma, alm de oferecer a gama de especificidades ora mencionadas,
valoriza as questes coletivas da sociedade, onde a informao utilizada como um
meio capaz de potencializar as palavras de ordem (planetaridade, sustentabildiade,
virtualidade, globalizao, transdiciplinaridade e dialocidade).
A construo do conhecimento coletiva, assim como a sua busca. Os saberes
esto dissolvidos em grupos de interesses, e o dilogo no se priva nas relaes de
pessoas de um mesmo povo ou regio. A globalizao favorece a interao entre
diferentes realidades, ligadas por um mesmo estimulador. Favorece, ainda, o dilogo
entre as diferentes reas do conhecimento e, dessa forma, ocorre a
transdiciplinaridade, promovida por uma linguagem universal, a linguagem de sons
associados a imagens.
A Internet possibilita alta velocidade na construo das culturas, de saberes e na
ampliao de inteligncias. Ao mencionar esse cenrio cultural, no se pode deixar de
levar em considerao a rede mundial de comunicaes, a Internet. Esse espao, na
Sociedade do Conhecimento, valoriza os saberes individuais a fim de fortalecer os
saberes coletivos. Por ser tambm atravs dela que construda uma Inteligncia
Coletiva, valoriza-se o arcabouo cultural dos povos. Mas, como se d essa Inteligncia
Coletiva?
Durante a vida, o ser humano adquire informaes das mais variadas possveis,
que se originam de suas vivncias e percepes. Trata-se de uma gama de
informaes pessoais que se misturam no ciberespao, compondo uma Floresta de
Conhecimentos, em busca de clarificar o significado da Inteligncia Coletiva.
Chamamos Floresta, levando em considerao que cada ser pensante tem sua rvore
47
de Conhecimentos (LVY, 2000), que construda desde o seu nascimento e tem seus
galhos infinitamente ramificados. Tal rvore capaz de carregar dos saberes mais
simples aos mais complexos, e em cujo caule est a base para a construo de novos
saberes. Ousamos chamar de frutos das rvores de Conhecimentos os saberes que
so compartilhados ou compartilhveis. A partir dessa metfora, torna-se menos densa
a compreenso do significado de Inteligncia Coletiva, de forma que todo ser humano
apresente-se inserido em contextos que se afinam com suas identidades.
As rvores de Conhecimentos so tidas como gerenciadoras de informaes
relativas aquisio, s trocas e avaliao dos saberes de um determinado grupo.
Elas so capazes de retratar as competncias individuais, refletindo as mltiplas
competncias a partir dos brases germinados. Assim, possvel que cada indivduo
desenhe a trajetria de sua aprendizagem, na busca de novas competncias.
Os brases podem ser fixados nos nveis mais altos de suas rvores, tornando
autnoma a busca por crescimentos cognitivos. Em exemplo: ao se buscar uma carreira
mais especializada, podem-se observar os brases adquiridos ao longo de uma
trajetria profissional e, ento, planejar os brases a serem adquiridos focando a
especializao na profisso desejada.
Evidentemente, a conquista de brases, nesse caso, estar limitada a uma srie
de fatores intelectuais, motivacionais, materiais, financeiros e outros. Portanto, ter a
rvore de Conhecimentos como ponto de partida para a anlise de indivduos ou
instituies, permite-nos compreender as competncias exigidas pela sociedade ou,
ainda, o que ser mais comum, identificar os saberes exigidos pelas novas tecnologias
e cincias organizacionais. Dessa maneira, o acesso ao conhecimento mais justo,
afinal, levam-se em considerao bancos de informaes abertos ao pblico, onde
qualquer pessoa pode se informar sobre as fontes de saberes existentes na sociedade.
Vale lembrar que as rvores pertencentes a outras comunidades de
conhecimento tambm possuem brases e patentes, que podem ser adquiridos em
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trocas. Qualquer indivduo pode adquirir um braso com as sua patentes. Nessa
Floresta, todas as competncias so reconhecidas, inclusive as de pessoas sem
formao bancria. Mas o valor do braso s ser evidenciado se inserido no espao
do saber de uma comunidade. A partir dos brases adquiridos, desenhada a
verdadeira imagem da relao do ser com sua existncia, e a Inteligncia Coletiva est
ento representada pela Floresta cognitiva composta pelas rvores de Conhecimentos
de indivduos e instituies. Com base nesse raciocnio, ter-se-ia:
importante que faamos referncia raiz, composta por antecedentes
histricos que findam por estimular a busca por novos saberes, fortalecendo e fixando a
base, retirando o alimento do solo, alimentando seus brases e vivificando sua copa.
A Inteligncia Coletiva, para Lvy (1998, p.28), uma inteligncia distribuda por
toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em
uma mobilizao efetiva das competncias. Dessa forma, seria a copa resultante da
unio das simblicas folhas, chamadas por Lvy de brases, a essncia da
Caule = Base de todos os conhecimentos
Folhas / Brases = Conhecimentos adquiridos
Copa = Identidade
Raiz = antecedentes e estmulos
Inteligncia Coletiva
Frutos = saberes compartilhveis
Figura 05: Inteligncia Coletiva
49
individualidade do ser humano. A Inteligncia Coletiva pode, ainda, ser pensada como a
resultante das contribuies e interaes formais ou informaes, num espao de
conhecimento, que pode ser o ciberespao.
O grande desafio reconhecer o valor de cada folha, ou seja, saber em que
patamar da rvore de Conhecimentos o braso pode ser fixado, por obter valores
contextuais. E para desvendar tal feito, no se pode desejar ir alm do conhecimento
das bases. Ou seja, imprescindvel, por exemplo, um indivduo que tenha sua base
embriagada de saberes polticos fixar o seu braso de conhecimentos histricos num
local no privilegiado de sua rvore.
Assim, fica evidente que a localizao dos brases fortalece a identidade
particular. O valor do saber torna-se, desse modo, incomparvel e mesmo inestimvel.
Num caso mais rudimentar, seria transpor para uma criana da primeira srie do ensino
fundamental uma rvore de Conhecimentos repleta de subjetividades prprias da
quarta srie do ensino fundamental. Os brases podem ser comuns, mas a
profundidade de como cada braso ser demonstrado o que marca a diferena entre
as crianas. Em relao a esse aspecto, Lvy (2000, p.125) assevera que
Cada membro de uma comunidade pode fazer reconhecer a diversidade de suas competncias, mesmo aquelas que no so validadas por sistemas escolares e universidades clssicas. Crescendo a partir das auto-descries dos indivduos, uma rvore de conhecimentos torna visvel a multiplicidade organizada das competncias disponveis em uma comunidade.
Os brases podem e devem transitar pela rvore, a partir dos crescimentos
cognitivos que o sujeito aprendente vivenciar. A representao em rvore de
Conhecimentos permite determinar a posio ocupada por um determinado saber em
um dado momento da vida, assim como permite visualizar os caminhos percorridos
para a construo de determinada aprendizagem, em busca da construo de uma
competncia.
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coerente ressaltar que a Inteligncia Coletiva, na tica de Lvy, atrela-se
idia da rede de computadores Internet - como o espao ideal para
compartilhamentos, por se apresentar como espao isento de restries ideolgicas.
Afinal, esse espao impossibilita a monopolizao do saber. A Inteligncia Coletiva
apresenta ainda a caracterstica de desenvolver-se medida que a linguagem evolui,
podendo ser dividida em inteligncia tcnica, conceitual e emocional. A primeira est
atrelada ao mundo concreto e dos objetos; a inteligncia conceitual prende-se ao
conhecimento abstrato; e a terceira, a inteligncia emocional, volta-se para a relao
entre os homens. A base de nossa sociedade est, portanto, no casamento dos
pensamentos, no capital intelectual, que o centro de toda a inteligncia coletiva.
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CAPTULO 3
PROCESSOS EDUCATIVOS E O CIBERESPAO
"Conectar computadores um trabalho.Conectar pessoas uma arte.
(Eckart Wintzen)
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3 PROCESSOS EDUCATIVOS E O CIBERESPAO
Aps reflexes sobre a Educao na Sociedade do Conhecimento, seguem os
processos educativos possveis em virtude do espao virtual a Internet e uma
abordagem acerca do surgimento de uma nova forma de cultura - a Cibercultura - assim
como a contextualizao do ciberespao na Educao.
A cultura dos meios de comunicao mistura-se com as demais culturas sociais,
resultando no nascimento de uma nova cultura. O ser humano no pode ser visto de
forma fragmentada, como se existissem meios de caracteriz-lo - o ser pensamento e o
ser ao. Por isso no correto pensar que existe uma separao entre o mundo
material e as idias que favorecem a construo e a utilizao de objetos tcnicos.
Portanto convm afirmar que as imagens, as palavras e as construes de linguagem
se impregnam no ntimo dos seres humanos, propiciando meios e razes de vida.
Assim, as tecnologias devem ser entendidas no como resultantes do processo de
transformao de uma sociedade e de uma cultura, mas como parte da cultura gerada
pelo avano social. Lvy (1999, p.25) defende que
A emergncia do ciberespao acompanha, traduz e favorece uma evoluo geral da civilizao. Uma tcnica produzida dentro de uma cultura, e uma sociedade encontra-se condicionada por suas tcnicas. E digo, condicionada, no determinada.
Para conceber cibercultura, imprescindvel pensar na instaurao de uma
cultura cujos aparatos materiais permitem a integrao entre o universo da informao
digital e o mundo ordinrio. A cibercultura potencializa aquilo que prprio de toda
dinmica cultural - o saber, o compartilhamento, a distribuio, a cooperao e a
apropriao dos bens simblicos. No existe propriedade privada no campo da cultura,
j que esta se constitui por intercruzamentos e mtuas influncias.
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Assim, a cibercultura, ao instaurar uma cultura planetria da troca e da
cooperao, estaria resgatando o que h de mais rico na dinmica de qualquer cultura.
A identidade e a cultura de um determinado povo so especificidades que emergem de
mtuas influncias. A msica, a literatura, a culinria, o esporte, a economia, a cincia e
a tecnologia so exemplos concretos de expresses culturais que se nutrem de fontes
geogrficas, ideolgicas e sociais distintas. Como reflete Andr Lemos (2002, p.13), a
cada etapa da evoluo da linguagem, a cultura humana torna-se mais potente, mais
criativa, mais rpida.
A cibercultura potencializa-se a partir do surgimento de um espao ciberntico, o
qual permite o trnsito de informaes sob a forma binria (1 e 0), transmitidas por
condutores eletromagnticos. A vitalizao desse novo espao ocorre a partir da
interao e da comunicao como parte das vivncias humanas na Internet. Todas as
produes tidas a partir da Internet, e para ela, fortalecem o princpio bsico dessa
cultura nascente: a conexo, por meio da qual se evidencia a ligao de diversas
realidades atravs de redes virtuais.
A informao consumida em dimenses prticas, e a sociabilidade ganha
formato que jamais fora experimentado. O controle torna-se dificultoso, e j no
possvel privar os usurios dessa grande rede, como tambm impossvel privar
usurios de fazerem suas prprias escolhas em relao s informaes que lhes
convm.
A Internet se admite como um canal aberto, onde se recebe e se deposita uma
gama de dados que, ao ser concebidos, so capazes de modificar comportamentos. O
comportamento revolucionrio, presente nos idealizadores de um espao capaz de ser
usado em favor prprio, modifica a utilizao militar que outrora se fez da Internet e
assim so arraigadas as premissas voltadas para a liberdade de expresso e
privacidade. Lemos (2002, p.112) assevera que
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A democratizao dos computadores vai trazer tona a discusso sobre os desafios da informatizao das sociedades contemporneas j que estes no s devem servir como mquinas de calcular e de ordenar, mas tambm como ferramentas de criao, prazer e comunicao; como ferramenta de convvio.
O convvio mencionado por Lemos est associado comunicao a partir de
comunidades virtuais como espaos capazes de unir as pessoas a partir de seus
interesses. A tecnologia, na vida social, ganha volume e modifica as representaes da
sociedade. Uma dessas mudanas se faz no perfil do usurio da Internet, que deixa de
ser apenas o especialista e tem amplitude de usurio no especializado.
O especialista passa a exercer um novo papel e novas preocupaes vinculadas
a facilitar que um nmero maior de pessoas tenha domnio do uso dos recursos
informticos disponveis. A instituio escolar est nesse contexto, onde necessrio
desmistificar o perfil especialista para viabilizar a utilizao da Internet como um espao
de aprendizagens.
A cibercultura marca dois importantes adventos deste fim de sculo: um tcnico
e outro scio-cultural. De um lado, as tecnologias digitais e seu processo de
miniaturizao de componentes, acompanhado do aumento de memria e de
velocidade de processamento; de outro, a atitude revolucionria12 caracterizada por
uma guerrilha contra sistemas centralizadores. A respeito desse espao, povoado por
imagens associadas a sons, munido de um imenso banco de dados e responsvel por
modificar a relao de convvio dos seres humanos o ciberespao - trataremos no
prximo tpico.
12 A cibercultura nasce como resultado do movimento punk, originado na Inglaterra no final dos anos 70, marcada pela luta a favor da descentralizao e da posse da informao.
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3.1 O ciberespao
Para refletir sobre o ciberespao, traamos um caminho que comea pela
compreenso de hipertexto. Afinal, o ciberespao composto por uma estrutura digital,
onde a presena do hipertexto se faz latente. A Internet, percebida enquanto suporte
para informaes hipertextuais com possibilidades infinitas de interseo, demanda
uma linguagem prpria para sua compreenso, abordagens de leitura no-lineares e,
conseqentemente, apresenta uma textualidade especfica para sua apreenso.
Inmeros livros, enciclopdias e compndios apresentam uma leitura hipertextual
quando oferecem ao leitor caminhos no lineares. Uma enciclopdia, por exemplo, na
medida em que se apropria de dicionrios, explora o conceito de hipertexto, como
detentor de ns, que ampliam concepes restritas. De mesmo modo, essa presena
se faz nas notas de rodap, nas explicaes que aparecem entre parnteses e em
outras peculiaridades da linguagem escrita. Logo, fica perceptvel que o hipertexto no
uma caracterstica prpria do ciberespao. Ao contrrio, esse espao oferece tambm
textos que orientem para uma leitura linear.
O hipertexto torna-se ativo de acordo com a interao que o leitor assegura com
o material lido. Afinal, a atitude de ir a outras fontes, quando estimulado num texto
linear, j caracteriza o pensamento hipertextual. Assim, o hipertexto permite que o leitor
construa sua prpria geografia semntica, com a liberdade de ir e vir ao ciberespao,
de acordo com seu interesse momentneo. Esse momento pode durar segundos,
horas, dias ou meses. A mobilidade hipertextual permite a reformulao e a reescritura
do texto, o que enriquece a leitura. De acordo com Lvy ( 1996, p.25),
O hipertexto, hipermdia ou multimdia interativo levam adiante, um processo j antigo de artificializao da leitura. Se ler consiste em selecionar, em esquematizar, em construir uma rede de remisses internas ao texto, em associar a outros dados, em integrar as palavras e as imagens a uma memria pessoal em reconstruo permanente, ento os dispositivos hipertextuais constituem de fato uma espcie de
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objetivao, de exteriorizao, de virtualizao dos processos de leitura.
O hipertexto pode, portanto, apresentar ns com outros textos, imagens, sons ou
mesmo programas que busquem retratar ou reforar determinado assunto, e o grau de
interatividade a que esto submetidos pode variar de acordo com os interesses do autor
e ganhar novos formatos de acordo com o interesse dos leitores. assim que se
fortalece uma cultura coletivizada em torno de um tema.
O ciberespao potencializado por um poder hipertextual, detentor de um
universo de informaes interligadas que envolvem seus usurios em navegaes
longas e direcionadas. Lvy (1999, p.127) assevera que trs princpios orientam o
crescimento do ciberespao: a interconexo, a criao de comunidades virtuais e a
Inteligncia Coletiva. A interconexo pode ser considerada a base do ciberespao,
onde a conexo um bem em si, e o princpio da criao de comunidades virtuais est
intrinsecamente ligado ao primeiro, afinal, uma comunidade fixada por meio de
interesses comuns, projetos, numa interao de troca e cooperao. O terceiro princpio
seria seu fim ltimo: o da Inteligncia Coletiva.
Existem duas caractersticas que merecem destaque durante a navegao no
ciberespao: a caada e a pilhagem. A caada a procura de informaes precisas, as
quais so buscadas com determinada urgncia. A pilhagem a busca de uma
informao, em que a pouca clareza e objetividade concedem fuga da temtica em
foco. A mide, a pilhagem permite que a navegao leve o pesquisador a caminhos no
visionados.
Lvy (1999, p.85) compreende o ciberespao como o espao de comunicao
aberto pela interconexo mundial dos computadores e de suas memrias, abraado
pela virtualizao da informao. Esse espao favorece a metamorfose dos dados, de
modo que haja comunicao em suas interfaces atravs de dispositivos de criao,
gravao e de simulao. O potencial de transferncia de dados permite que memrias
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de vdeos, sons, imagens e textos sejam acessados e possam se movimentar na
Internet, transformando-a num gigante hipertexto, independente da localizao fsica
dos dados. como se a Internet encadeasse todos os bancos de dados nela
registrados.
Caracterizar o ciberespao como o Universal sem totalidade compreender que
esse espao cresce a cada segundo, em medidas imensurveis e, por isso, jamais
estar totalizado. Conforme cresce, contm assuntos de natureza diversificada,
descentralizado e desprovido de diretriz, funcionando como um labirinto.
A preocupao da Educao diante da universalidade desse espao singular,
uma vez que, ao mesmo tempo em que tem caractersticas favorveis, do ponto de
vista acadmico e cientfico, esse espao pode apresentar peculiaridades que levam os
navegantes a campos que oferecem baixo grau de qualidade. Em relao a esse
aspecto, o ciberespao oferece tambm riscos por disponibilizar uma srie de
contedos que podem ser considerados pobres e ainda expor seus usurios a
situaes de perigo (como no caso de infeces por vrus cibernticos). Assim, sua
utilizao necessita ser refletida, rigorosa e devidamente protegida, na Internet h muito
lixo, muita informao repetida, banalidades e muito marketing. Esse tem sido o alerta
dos educadores, pois, como no existe controle de qualidade, no h garantias quanto
procedncia das informaes.
Em seguida, a Educao e o Ciberespao sero tratados, relacionados ao
desenvolvimento da Sociedade do Conhecimento.
3.2 Educao e Ciberespao
Nos dias atuais, a sociedade tem sofrido grande influncia do desenvolvimento
informacional e tcnico, e tais modificaes no deixam o campo educacional aqum.
Ao contrrio, a educao funciona como aliada desse processo. Para que seja possvel
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visualizar os impactos que as tecnologias tm gerado na cultura contempornea,
inevitvel ter a educao como um processo complexo que est em constante
modificao e evoluo.
Os processos educacionais passam por uma crise de significados em que a
internet viabiliza um fluxo de informaes em diversos nveis. Essas informaes no se
enquadram apenas palavra escrita, mas representam uma grande diversidade. So
textos, hipertextos (textos que levam a outros textos), sons, imagens, arquivos etc.,
transformando a relao com o espao e o tempo, permitindo uma nova percepo do
mundo assim como com os saberes, desmistificando e reconstruindo idias e
habilidades.
A converso dessas informaes recebidas em conhecimentos adquire, pouco a
pouco, uma nova ordem, que caminha para o ciberespao caracterizado como a
capacidade das interconexes nas redes de computadores, principalmente na Internet.
Pode-se mencionar assim um espao eletrnico, onde as informaes so as principais
clulas, e o espao e o tempo necessitam de novos olhares. Esse meio tem o grande
poder de mesclar dispositivos de criao de informao, assim como de gravao,
comunicao e simulao. Como afirma Lvy (1999, p.93),
A perspectiva da digitalizao geral das informaes provavelmente tornar o ciberespao o principal canal de comunicao e suporte de memria da humanidade a partir do incio do prximo sculo.
O virtual torna-se a modalidade que desmaterializa as relaes sociais e
educacionais, transformando o que fora palpvel em imaterialidade, atravs de
impulsos eletrnicos. Ele possibilita a construo de relaes onde possvel
experimentar uma nova sociabilidade. As necessidades da educao contempornea
demonstram que os atuais paradigmas no atendem ao momento atual, diante da gama
de informaes e da velocidade com que so produzidas. Com a dinamicidade do
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conhecimento, apresenta-se a exigncia de novas conexes de fatos e informaes de
forma sistematizada. Isso demonstra a necessidade de um novo perfil do cidado, que
conviva na sociedade do conhecimento.
Vale ressaltar que to veloz quanto o surgimento de novas informaes deve ser
a capacidade de modificao dos conhecimentos assim como veloz deve ser a
capacidade de revis-los. O avano das tcnicas de comunicao aumentou
consideravelmente o alcance de conhecimentos que podem ser compartilhados.
Automaticamente, urge a necessidade de o ato pedaggico ser analisado e revisto de
forma estrutural e com abordagens didticas. Os suportes hipertextuais presentes nas
tecnologias questionam o modelo compartimentalizado da escola, assim como as
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