DESIGN, EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO
Bibiana Silveira Horn
UMA ANÁLISE DA PESQUISA EM DESIGN DE MODA NO BRASIL A PARTIR DE PERIÓDICOS DA ÁREA
Porto Alegre 2014
BIBIANA SILVEIRA HORN
UMA ANÁLISE DA PESQUISA EM DESIGN DE MODA NO BRASIL A PARTIR DE PERIÓDICOS DA ÁREA
Dissertação submetida, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Design pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu – Mestrado Acadêmico em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis.
Orientador: Prof. Dr. Vinicius Gadis Ribeiro
Porto Alegre 2014
BIBIANA SILVEIRA HORN
UMA ANÁLISE DA PESQUISA EM DESIGN DE MODA NO BRASIL APARTIR DE PERIÓDICOS DA ÁREA
Dissertação de Mestrado defendida e aprovada como requisito parcial a obtenção do título de Mestre em Design, pela banca examinadora constituída por:
_____________________________________ Prof. Dr. Vinicius Gadis Ribeiro (Orientador) – UNIRITTER
_____________________________________ Prof.ª. Drª. Daiane Plestch Heinrich – UNIRITTER
_____________________________________ Prof. Dr. Júlio Carlos de Souza van der Linden - UFRGS
Porto Alegre 2014
Este trabalho é dedicado ao meu marido, Carlos Augusto Morelli pelo constante incentivo, apoio e dedicação incondicional; e à minha madrinha Drª. Rosana Beatriz Silveira, minha inspiração para seguir pesquisando.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a CAPES pelo financiamento deste mestrado, e apoio para
realização de todas as outras pesquisas que realizei no ano de 2013. Quero
agradecer também ao Centro Universitário Ritter dos Reis, onde realizei a minha
graduação e venho agora concluir o mestrado.
Ao meu orientador, professor Dr. Vinicius Gadis Ribeiro, por me receber
semanalmente sempre me incentivando a pesquisar mais e mais. Ao professor Dr.
Guilherme Corrêa Meyer, que orientou inicialmente meu trabalho e sempre me
estimulou para publicações. Ao professor Dr. Wilson Gavião pelo auxílio na
utilização do software. À minha família e amigos por compreenderem muitas vezes a
minha ausência nos períodos de maior dedicação aos estudos.
A todos as pessoas que de alguma forma contribuíram para realização deste
trabalho, seja respondendo e-mails, enviado informações solicitadas e tirando
algumas dúvidas. Neste grupo, incluo Katia Castilho, Maria Lourdes Puls e Mara
Rúbia Sant Anna.
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo identificar o panorama geral acadêmico da Moda
no Brasil - em especial, em métodos de pesquisa -, a partir de periódicos brasileiros
da área de moda.Considerou-se relevante caracterizar academicamente o campo do
design de moda, como também obter outras informações sobre temáticas
pesquisadas, instituições de ensino de maior produção, entre outros. A pesquisa
utilizou como unidade de análise os artigos completos publicados em periódicos
acadêmicos de design de moda do intervalo de outubro de 2007 até julho de 2013,
considerando-se apenas periódicos em circulação cadastrados na WebQualis da
CAPES - na área de Arquitetura e Urbanismo. Metodologicamente, tratou-se do
emprego de recursos de mineração de dados para realização de análise sistemática,
uma pesquisa quantitativa de caráter descritivo. Para coleta de dados dos artigos foi
utilizada a técnica de categorização, e posteriormente algumas técnicas de
mineração de dados para obtenção dos resultados. Ao final, foram obtidas
informações que apresentam um panorama geral do resultado das pesquisas em
design de moda publicadas em periódicos brasileiros nessa área.
Palavras-Chave: Epistemologia do Design de Moda. Análise Sistemática.
Mineração de Dados.
ABSTRACT
This study aimed to identify the general academic panorama of Fashion in Brazil -
especially in research methods - from Brazilian journals in the field of fashion.
Considered academically relevant to characterize the field of fashion design , as well
as other information on topics researched , educational institutions of higher
production , among others . The research used as the unit of analysis the full articles
published in academic journals fashion design range from October 2007 until July
2013 , considering only journals in circulation , registered in WebQualis CAPES - in
the area of Architecture and Urbanism . Methodologically , treated the employment of
data mining resources for conducting systematic analysis , a quantitative descriptive
research . For data collection of items to categorization technique , and then some
techniques of data mining to obtain the results was used . Finally, information
presenting an overview of the results of research in fashion design published in
Brazilian journals in this area were obtained.
Keywords: Epistemology of Fashion Design. Systematic Analysis. Data Mining
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Algumas definições de Moda ..................................................................... 16
Figura 2: Etapas do KDD........................................................................................... 29
Figura 3: Relação entre mineração de dados e KDD ................................................ 30
Figura 4: Fluxo de método científico ......................................................................... 32
Figura 5: Processo de KDD e Mineração de Dados .................................................. 33
Figura 6: Software, escolhendo tarefa e técnica ....................................................... 46
Figura 7: Dados no software usando cluesterização ................................................. 47
Figura 8: Exemplo de gráfico, periódicos .................................................................. 48
Figura 9: Exemplo de gráfico, métodos de pesquisa ................................................. 49
Figura 10: Exemplo de gráfico, abordagem científica ............................................... 49
Figura 11: Regras por associação utilizando software .............................................. 50
Figura 12: Gráfico gerado por regras de associações no software ........................... 51
Figura 13: Planilha análise de regras ........................................................................ 51
Figura 14: Desenho de Pesquisa .............................................................................. 53
Figura 15: Regras gerais de todos os periódicos ...................................................... 67
Figura 16: Regras na IARA associando caráter e abordagem de metodologia ......... 73
Figura 17: Regras revista dobras .............................................................................. 80
Figura 18: Regras na revista IARA ............................................................................ 81
Figura 19: Regras na revista Modapalavra ............................................................... 82
Figura 20: Regras de categorias da Revista Dobras ................................................. 85
Figura 21: Regra de caráter e categoria revista Dobras ............................................ 86
Figura 22: Regras de categorias da Revista IARA .................................................... 87
Figura 23: Regras de categorias da Revista Modapalavra ........................................ 89
Figura 24: Perfil acadêmico das revistas ................................................................. 100
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Artigos de moda e áreas correlatas .......................................................... 55
Gráfico 2: Artigos de moda por revista ...................................................................... 56
Gráfico 3: Abordagem de metodologia científica ....................................................... 57
Gráfico 4: Métodos de pesquisa ................................................................................ 58
Gráfico 5: Categorias mais pesquisadas ................................................................... 59
Gráfico 6: Métodos de pesquisa por ano ................................................................... 60
Gráfico 7: Publicações em relação ao tempo ............................................................ 61
Gráfico 8: Instituições de ensino que mais publicaram ............................................. 62
Gráfico 9: Instituições que mais publicaram em cada revista .................................... 63
Gráfico 10: Métodos de coletas mais utilizados ........................................................ 64
Gráfico 11: Métodos de pesquisa e coleta ................................................................ 65
Gráfico 12: Caráter das pesquisas ............................................................................ 66
Gráfico 13: Métodos de Pesquisa Dobras ................................................................. 68
Gráfico 14: Métodos de Pesquisa IARA .................................................................... 69
Gráfico 15: Métodos de Pesquisa Modapalavra ........................................................ 69
Gráfico 16: Abordagem de metodologia e métodos de pesquisa Dobras ................. 70
Gráfico 17: Abordagem de metodologia e métodos de pesquisa IARA ..................... 71
Gráfico 18: Abordagem de metodologia e métodos de pesquisa Modapalavra ........ 72
Gráfico 19: IES que mais publicaram na DOBRAS ................................................... 73
Gráfico 20: IES que mais publicaram na IARA .......................................................... 74
Gráfico 21: IES que mais publicaram na Modapalavra ............................................. 74
Gráfico 22: Abordagem científica das IE na Dobras .................................................. 75
Gráfico 23: Abordagem científica das IE na IARA ..................................................... 76
Gráfico 24: Abordagem científica das IE na Modapalavra ........................................ 77
Gráfico 25: Coleta de dados Dobras ......................................................................... 78
Gráfico 26: Coleta de dados IARA ............................................................................ 79
Gráfico 27: Coleta de dados Modapalavra ................................................................ 79
Gráfico 28: Categorias mais pesquisadas na Dobras ............................................... 83
Gráfico 29: Categorias mais pesquisadas na IARA ................................................... 83
Gráfico 30: Categorias mais pesquisadas na Modapalavra ...................................... 84
Gráfico 31: Categorias mais pesquisadas a partir das regras na Revista Dobras..... 86
Gráfico 32: Categorias mais pesquisadas a partir das regras na Revista IARA ........ 88
Gráfico 33: Categorias mais pesquisadas a partir das regras na Revista Modapalavra .............................................................................................................. 90
Gráfico 34: IE e categorias temáticas na Dobras ...................................................... 92
Gráfico 35: IE e categorias temáticas na IARA ......................................................... 93
Gráfico 36: IE e categorias temáticas na Modapalavra ............................................. 94
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Estrato CAPES ......................................................................................... 42
Quadro 2: Quantidades de artigos ............................................................................ 43
Quadro 3: Perfil Dobras ............................................................................................. 97
Quadro 4: Perfil IARA ................................................................................................ 98
Quadro 5: Perfil Modapalavra .................................................................................... 99
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
2 DESIGN DE MODA ................................................................................................ 14
2.1 SURGIMENTO DOS ESTUDOS ACADÊMICOS E ESCOLAS DE MODA NO BRASIL ..................................................................................................................... 17
2.2 A RELAÇÃO MODA E DESIGN .......................................................................... 20
2.3 DESIGN DE MODA E PÓS-GRADUAÇÃO ......................................................... 23
2.4 PESQUISA DE MODA NO MEIO ACADÊMICO E DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTO ..................................................................................................... 25
3 DESCOBERTA DE CONHECIMENTO EM BASES DE DADOS .... ...................... 29
3.1 O QUE É DESCOBERTA DE CONHECIMENTO EM BASE DE DADOS? ......... 29
3.2 SURGIMENTO E BASES DO KDD E MINERAÇÃO DE DADOS ....................... 34
3.3 ALGUMAS TAREFAS E TÉCNICAS DE MINERAÇÃO DE DADOS ................... 35
3.3.1 Tarefas de Mineração de Dados ............... ..................................................... 35
3.3.2 Técnicas/algoritmos básicos de mineração de d ados ................................ 38
4 METODOLOGIA DE PESQUISA ......................... .................................................. 41
4.1 RECORTE DE PESQUISA .................................................................................. 41
4.2 PERIÓDICOS DEFINIDOS ................................................................................. 42
4.3 FERRAMENTAS E PROCESSOS ...................................................................... 44
4.3.1 Pré-processamento ........................... ............................................................. 44
4.3.2 Mineração de dados, utilizando RapidMiner ... ............................................. 46
4.3.3 Pós-processamento ........................... ............................................................ 52
4.3.4 Desenho de pesquisa ......................... ............................................................ 52
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............. ...................................... 54
5.1 ANÁLISES DE ARTIGOS GERAIS ..................................................................... 54
5.2 ANÁLISES POR PERIÓDICOS ........................................................................... 68
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................ ....................................................... 96
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 102
APÊNDICES ........................................................................................................... 104
ANEXOS ................................................................................................................. 116
10
INTRODUÇÃO
Com base em autores como Caldas (2006) e Pires (2002), é possível afirmar
que a produção científica em design de moda no Brasil, enquanto área de pesquisa
e disseminação de conhecimento, é recente. A maioria dos cursos de nível superior
são relativamente novos - porém houve uma rápida difusão de cursos de design de
moda no país. Isso se deve a vários fatores (demanda de empresas por profissionais
capacitados, altos valores econômicos gerados pelo mercado de moda, relação
empresa e universidade, são alguns exemplos), e, conseqüentemente desencadeia
a necessidade de profissionais docentes para atuarem nestes cursos.
Estes profissionais buscam aperfeiçoamento e qualificação através dos
cursos de pós-graduação, contribuindo para o desenvolvimento de pesquisa na
área. No entanto, iniciar e fortalecer uma área de pesquisa não é algo que acontece
de forma rápida e fácil. A área de design de moda ainda não tem o mesmo
reconhecimento de outras áreas que estão desenvolvidas e fortalecidas há mais
tempo, e se encontra em desenvolvimento no que diz respeito à pesquisa com base
e rigor científicos. Mas segue modificando visões limitadas, que relacionam a moda
somente à estética e à futilidade; assim amplia e mostra a abrangência e influência
da moda em diversos campos.
Caldas (2006) afirma que mesmo na França este processo foi difícil, e,
somente a partir das décadas de 1970 e 1980, a moda atingiu legitimidade
acadêmica. Isso ocorreu através de publicações das reflexões de Jean Baudrillard,
Pierre Bourdieu e Gilles Lipovestsky.
“A moda não é mais um enfeite estético, um acessório decorativo da vida coletiva; é sua pedra angular. A moda terminou estruturalmente seu curso histórico, chegou ao topo de seu poder, conseguiu remodelar a sociedade inteira à sua imagem; era periférica, agora é homogênica.” (LOPOVETSKY, 2010, p.13)
A moda é relacionada a questões sociais, econômicas, políticas,
antropológicas e está presente diariamente na vida das pessoas. Atividades
cotidianas são influenciadas por ela, muitas vezes sem serem percebidas.
11
“Moda é um assunto de interesse vital. Nos centros urbanos do mundo todo, a importância da moda é enorme, especialmente entre os jovens. As roupas e os hábitos de compras se tornaram um fenômeno social, cultural e econômico tão fascinante e digno de estudo quanto á literatura, o teatro e as belas-artes.” (JONES, 2005, p.6)
No Brasil, o desenvolvimento do Design de Moda como campo de pesquisa
científica deve-se em grande parte a trabalhos de dissertações e teses, eventos e
um número ainda significativamente pequeno de periódicos. Com base na pesquisa
recente realizada por Andrade Neto (2012), pode-se perceber um aumento no
número de publicações da área de moda em eventos de design.
Tabela 1: Número de publicações de Design de Moda p or ano dos eventos avaliados.
Fonte: ANDRADE NETO, 2012, p.7
Neste caso, o autor analisou somente publicações de artigos relacionados à
moda em eventos. No caso, cinco edições do P&D (Congresso Brasileiro de
Pesquisa em Design) e quatro edições do CIPED (Congresso Internacional de
Pesquisa em Design).
Outra pesquisa que aborda a moda como área de disseminação de
conhecimento foi realizada por Bonadio (2010), trata de verificar teses e
dissertações de moda.
Esta pesquisa se difere da pesquisa realizada pelo autor citado anteriormente,
porém são complementares para o estudo da área. O presente trabalho está voltado
para periódicos nacionais específicos de moda, e utiliza o método de análise
sistemática empregando algumas das técnicas de Mineração de Dados.
Levando-se em consideração que a moda se distanciou de conotações
puramente estéticas e interfere em diversas áreas (social, econômica, política e
antropológica); o rápido aumento do número de cursos de Design de Moda; e a
necessidade do Design de Moda ser reconhecido como importante área acadêmica;
12
o problema central desta pesquisa é identificar o panorama geral acadêmico da
Moda no Brasil - em especial, em métodos de pesquisa -, a partir de periódicos
brasileiros da área de moda.
O objetivo principal deste trabalho é obter o panorama geral das pesquisas
acadêmicas em design de moda em periódicos brasileiros da área desde 2007 até
junho de 2013. Entende-se aqui que os resultados de tais processos investigatórios
se fazem presentes em periódicos. Os objetivos secundários consistem em: (i)
identificar a produção acadêmica de moda, mais especificamente no Brasil; (ii)
verificar tendências para pesquisa, no que diz respeito a temática, identificando os
temas mais explorados nos periódicos; (iii) investigar quais são as instituições de
maior produção de conhecimento, apontando suas regiões; (ix) identificar a
aplicação de metodologias de pesquisa em cada um dos periódicos
O foco do estudo concentrou-se na análise de três periódicos acadêmicos de
moda. Trata-se de uma pesquisa quantitativa, a partir da categorização de dados.
Quanto aos objetivos, a pesquisa é descritiva, pois busca familiarizar-se com o
assunto, investiga e descreve fenômenos submetidos a análises. A técnica utilizada
foi mineração de dados.
A decisão por analisar periódicos deve-se ao acesso às informações, e visto
que já há uma pesquisa que analisou artigos publicados em eventos de design
(Andrade Neto, 2012) e uma pesquisa que verificou teses e dissertações de moda
(Bonadio,2010). Ainda não foram feitas análises em periódicos acadêmicos
específicos de moda.
Supostamente não são artigos de qualidade duvidosa, pois são periódicos
cadastrados no sistema Qualis da CAPES. Moura (2013), aponta os três periódicos
escolhidos para este trabalho, como os periódicos brasileiros da área de moda.
Este trabalho pretende contribuir para amadurecimento da área da moda,
visto que é uma área recente, de forma complementar com outras pesquisas já
realizadas. Estimulando outras pesquisas e mostrando de uma forma geral como a
moda está sendo estudada no Brasil. Por quem são realizadas as pesquisas e qual
o seu nível de estudo como ciência.
13
O trabalho está estruturado da seguinte forma: capítulo 2 contempla conceitos
gerais do design de moda e posteriormente aborda o surgimento dos estudos e das
primeiras escolas de moda no Brasil. O capítulo 3 apresenta a metodologia que
será utilizada, assim como as definições do recorte da pesquisa. Feito isso,
apresenta os periódicos definidos para análises, as ferramentas que serão utilizadas
e o processo pelo qual passarão os dados. Um referencial sobre Descoberta de
Conhecimento e Mineração de Dados, o que é, tarefas e técnicas são apresentados
no capítulo 4. O capítulo 5 traz a análise dos resultados obtidos, e o 6 apresenta as
considerações finais, as contribuições da pesquisa realizada e relevância dos
resultados esperados.
14
2 DESIGN DE MODA
Há varias percepções e pontos de vista sobre a moda. Pode-se verificar, por
exemplo, a moda a partir de fatores mercadológicos, sociológicos e culturais. A
moda passou de algo visto como superficial, para algo que causa impacto e interfere
na sociedade de várias maneiras. Sabino (2007) define a moda, como algo cíclico,
que marca o modo de vestir e o comportamento em determinado período, que está
diretamente ligado à beleza, consumo, poder, vaidade, distinções e ao desejo
constante de renovação.
Conti (2008) apresenta uma definição etimológica de moda. Originada do
latim Modus, em um significado mais abrangente denota mecanismo de escolhas
realizadas, que se utiliza como base critérios de gosto. O autor ainda descreve que
podemos percebê-la como “um processo de regulamentação social no qual o gosto
individual se ajusta ao social, que dita regras, as quais se deve fazer referimento;
essas determinam periodicamente o que, em cada época, está na moda”. (CONTI,
2008, p.223)
A definição de Treptow (2003), abrange as questões atuais relacionadas à
moda de forma simplificada. A autora define a moda como fenômeno social,
caracterizado pela temporalidade, descrevendo aceitação e disseminação de algo,
como padrão ou estilo, pelo mercado consumidor. Isso ocorre até a massificação
deste padrão ou estilo, e então consequentemente acontece à obsolescência do
mesmo, como um fator diferenciador social.
Svendsen (2010) trata da dificuldade de uma definição para moda. Afirma
que, apesar de já ter lido muitos estudos sobre moda, ainda não conseguiu
identificar uma definição convincente, expressão utilizada pelo autor. Propõe a
possibilidade de uma definição provisória: “alguma coisa é moda somente se
funcionar de maneira socialmente característica e fizer parte de um sistema que
substituiu de modo relativamente rápido por algo novo.” Porém, o autor acredita que
esta definição não acrescenta nada relevante à compreensão, e não indica as
condições necessárias. Por exemplo uma jaqueta de couro velha, que não é um
objeto novo nem socialmente característico, mas poderá se tornar um objeto de
15
desejo. Por outro lado uma medalha comemorativa, recém-feita, é um objeto novo e
socialmente característico; no entanto, não é um objeto de moda.
Matharu (2011) propõe uma abordagem da moda mais relacionada com a
arte:
“A era moderna testemunhou a aproximação de designers e artistas com a ideia de que a moda é mais que simplesmente vestuário e aparência. As fronteiras que podem um dia ter havido entre arte e moda hoje são difusas. O entendimento da arte e de suas características permitiu que os designers explorassem e retratassem momentos altamente carregados de emoção, sexualidade, gênero, política, modernismo e romantismo, e projetassem uma variedade de mensagens semióticas e subversivas, transformando a pessoa que veste a roupa em uma tela em movimento.” (MATHARU, 2011 p.11)
Apesar de muitas vezes, temas relacionados à moda ainda serem vistos de
uma forma preconceituosa por falta de informação, esta percepção poderá ser
modificada através do estudo e da pesquisa. Para ser aceita como assunto de
grande impacto e influência, a moda teve que mostrar a sua importância econômica.
Fiorini (2008) comenta que muitas vezes, o desenho de produto de moda é
visto como parte de um mundo superficial, ligado ao transitório e ao efêmero.
Poucas vezes é entendido como prática projetual de grande impacto na cultura e
sociedade. Da mesma forma, Svendesn (2010) afirma que muitas vezes ao qualificar
algo como de moda, pode soar como algo sem substância ou seriedade. Já Calanca
(2008) aborda a questão financeira e de geração de riquezas que a moda
proporciona hoje.
“A moda atual não é mais utilizada para desenvolver o mundo da contemporaneidade artística e estética, mas sim, para expandir um sistema comercial e financeiro; ao produzir arte e cultura ela, ao mesmo tempo, produz mercado e riqueza. O que significa que a moda não se delineia apenas como domínio do estilista e do designer, mas também, e sobre tudo, de grandes financistas e agentes da bolsa.” (CALANCA, 2008, p. 130)
Moda é sim uma questão muito complexa, e que envolve conteúdos muito
distintos. Pode considerar questões efêmeras e de superficialidade, questões sociais
e culturais, históricas e econômicas - e, talvez por isso, venha a ser um vasto e
interessante campo de pesquisa.
“E se, em vez de limitarmos nosso olhar á esfera das roupas, consideramos que esse fenômeno invade os limites de todas as outras áreas do consumo e pensarmos que sua lógica também penetra a arte, a política e a ciência,
16
fica claro que estamos falando sobre algo que reside praticamente no centro do mundo moderno.” (SVENDSEN, 2010, p.10)
Conti (2008) não limita a moda a termos de intuição e recepção de um
conceito puramente estético e estilístico. O autor acredita que deve se pensar o
produto de moda inserido em uma série de fenômenos, culturais, produtivos,
midiáticos e consumistas, e que estes permitem a criação e a afirmação da moda de
fato.
Calanca (2008) faz um estudo social da moda, e afirma que na maioria dos
estudos teóricos e históricos na área da moda o vestuário e considerado ponto
central, pois se percebe traços significativos ao tema. Ela afirma que realmente a
indumentária é um fenômeno completo como objeto de pesquisa, visto que oferece
um discurso histórico, econômico, tecnológico e etnológico, além da importância do
seu sistema de signos na comunicação e linguagem.
Entretanto, a moda vai muito além do vestir. Moura (2008) afirma que a moda
também está relacionada com a maneira como as pessoas escolhem e fazem uso
de seus produtos industrializados, ou seja, a forma como organizam e compõe o seu
estilo de vida. Como por exemplo, sua casa, lugares que frequentam, objetos e
produtos utilizados, as opções culturais adotadas, compondo assim sua vida e seus
referenciais.
Figura 1: Algumas definições de Moda
Fonte: Elaborado pela autora
17
Lipovetsky (2009) relaciona a moda com as “teorias de distinção”, e para ele a
moda é muito mais do que um fator diferenciador de classes. A moda para ele é “em
primeiro lugar um dispositivo social caracterizado por sua temporalidade
particularmente breve.” (LIPOVETSKY, 2009, p.25)
O autor percebe a moda como o culto ao novo, diretamente relacionada á
individualidade, algo que trouxe à sociedade a valorização das escolhas individuais,
libertando as pessoas de antigos costumes.
Com base no autor, é possível afirmar que a moda também está inserida em
setores como mobiliário, objetos, linguagens e maneira, porém o vestuário é a maior
referência para a problemática da moda. Durante muito tempo o domínio da
aparência teve o seu lugar de destaque na história da moda. “Mas até os séculos
XIX e XX foi o vestuário, sem dúvida alguma, que encarnou mais ostensivamente o
processo de moda.” (LIPOVETSKY, 2009, p.25)
Com base nos autores estudados, este trabalho terá o referencial de moda
como fenômeno social relacionado à temporalidade, que em determinada época da
história pode ter sido percebido como diferenciador de classes, mas que antes de
qualquer coisa é um fator de individualidade diretamente relacionado ás aparências
e também ligado a questões culturais, sociais, políticas, antropológicas e
econômicas.
Na seção seguinte, é apresentado breve apanhado sobre o surgimento dos
primeiros estudos e das primeiras escolas de moda no Brasil.
2.1 SURGIMENTO DOS ESTUDOS ACADÊMICOS E ESCOLAS DE MODA NO
BRASIL
O design de moda, como um campo de pesquisa e geração de conhecimento
em nosso país está em um desenvolvimento inicial. Para chegar à atual situação,
tanto no ensino, quanto na pesquisa, a moda passou por vários processos até
conseguir mostrar a sua importância econômica, social, cultural e política.
Pires (2002) afirma que, antes da década de oitenta não havia instituições
que ofertassem cursos superiores na área de moda. Desse modo, os brasileiros
18
interessados por está área eram obrigados a buscar aprendizado e aperfeiçoamento
fora do país. Complementando esta ideia, Bonadio (2010) comenta que a prática na
área do vestuário era passada tradicionalmente de geração para geração. Mas
quem desejasse um efetivo estudo no campo da moda ou um aperfeiçoamento
deveria buscá-lo na Europa, mais precisamente na França, como por exemplo fez o
costureiro gaúcho Ruy Spohr1.
O surgimento das escolas e cursos de moda no Brasil se devem a vários
fatores. Neste caso, Puls (2010) aponta como fator preponderante a percepção
mercadológica das universidades, de que havia necessidade de profissionalizar
pessoas nesta área. A autora destaca o fator econômico, que contribuiu para
aumento das ofertas de cursos no ensino privado e também a relação das
universidades e empresas. Reforçando este ponto de vista, Pires (2002) com base
na análise de coleta de dados históricos das escolas, percebeu claramente que a
demanda de mercado foi o principal fator para estabilidade dos cursos de design de
moda no país. Verifica-se que as primeiras escolas, e muitas que surgiram depois se
encontram em áreas de indústrias têxteis e de confecção, além de que este
fenômeno do surgimento dos cursos de moda esteve ligado ao aquecimento da
economia. Por volta dos anos 90 surgiram novas indústrias de fiação, confecção e
têxteis, e em seguida, e houve a política de abertura de mercado. No entanto a
autora apresenta mais um fator:
“Porém, sabemos que outras questões como a crescente cultura do corpo, da aparência, a segmentação de mercado e de consumidor, passaram a exigir uma nova metodologia projetual, e com isto, um profissional com perfil muito diferente do que a indústria via adotando até então.” (PIRES, 2002, p.8)
Caldas (2006) aponta o crescimento sem precedentes das universidades
privadas no Brasil, como fator que contribuiu para o rápido aumento das ofertas de
curso de Moda.
“[...], em 1980, havia 65 universidades em atividade no país, das quais vinte eram privadas, ou 30,7% do total; em 1998, são 153 universidades, o número de particulares tendo se elevado para 76, praticamente 50% do total. Há números mais fortes: em 1998, as instituições privadas já respondiam por 62,1% das matrículas totais no Brasil, 75,1% das matrículas apenas na Região Sudeste”. (CALDAS, 2006, p. 175 e 176)
1 Rui Spohr foi para Europa aos 22 anos, estudar na Chambre Syndicale de la Couture Parisienne em 1952.
19
O autor ainda observa outro fator que causou grande procura pelos cursos.
Ele afirma que o universo da moda no imaginário do brasileiro, passou de campo
excêntrico, para objeto de desejo da juventude. Juventude essa, que segundo o
autor, ávida por “pertencer” ou pelo menos ter esta ilusão; efeito da cultura da fama
– busca novas opções de carreiras profissionais (visto que as tradicionais já estão
mais saturadas). Desta forma acabam suprindo estes anseios através das carreiras
vinculadas à moda.
Puls (2010) aponta a pesquisa de Vera Lígia Pieruccini Gilbert realizada em
1990, como o trabalho que revelou a primeira pessoa a se preocupar com a criação
no ensino na área acadêmica de moda no Brasil, que foi Eugéne Jeanne Villien.
Eugéne introduziu o desenho de moda no currículo de Licenciatura em Desenho e
Plástica na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo. E que provavelmente fez um
curso de moda na década de 1960.
No início da década de oitenta em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas
Gerais, são criados os primeiros cursos profissionalizantes de moda. Pires (2002)
destaca que estes cursos foram realizados através da iniciativa do setor e apoio de
algumas instituições de ensino. E então em 1988, surge em São Paulo o primeiro
curso superior de moda no Brasil. Segundo Puls (2010), a Faculdade Santa
Marcelina é mais uma vez pioneira, ao instituir o primeiro curso de graduação,
autorizado pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC. Segundo a autora,
atualmente o curso é um dos mais conceituados e é voltado para formação de
criadores de moda.
Pires (2002) recorda que algumas iniciativas de incentivo ao design e da
comunidade industrial reconhecem a necessidade de designers habilitados para
atuação na indústria de confecção. O PBD, Programa Brasileiro de Design, criado
em 1995, pelo Ministério da Indústria do Comércio e Turismo desenvolve ações
governamentais como incentivo, promoção e proteção à inovação.
“Como resultado desse incentivo, a CNI, Confederação nacional da Indústria; o Senac – Departamento Nacional; o Cetiqt, Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil, com sede no Rio de Janeiro, em parceria com a empresa francesa Lectra Systems e, em consonância com o Programa Brasileiro de Design, em março de 1998, iniciaram as atividades do Instituto de Design, ID, com o Curso de Gestão de Design Têxtil e do vestuário. A
20
instituição busca promover pesquisa na área têxtil e de confecção, e de estimular a integração e o fortalecimento da infra-estrutura de ensino, pesquisa e desenvolvimento e serviços de design.” (PIRES, 2002, p.7)
Outro acontecimento importante mencionado por Pires (2002) foi o 1º
Encontro Nacional de Estudiosos em Moda, realizado em outubro de 1998, pela
Universidade Estadual de Santa Catarina, coordenado pela professora Mara Rúbia
Sant´Anna.
“No evento, discutiu-se o projeto inicial do estatuto preliminar da Sociedade Brasileira de Estudos em Moda (Sbem). Como sociedade científica, congrega professores, estudiosos e pesquisadores de moda, busca aperfeiçoar o ensino de moda em seus diversos níveis e promove o estudo e a divulgação de assuntos relacionados ao ensino, à pesquisa e à produção de Moda. Durante a gestão 2001-2002 a Sbem tem sua sede na Universidade de Caxias do Sul, RS”. (PIRES, 2002, p.8)
Os critérios para avaliação dos cursos de moda seguem os padrões
estabelecidos para área do design, assim como para autorização e reconhecimento
de cursos. Segundo Pires (2002) isto ocorre desde o ano 2000, por orientação do
MEC, assim como a adoção da nomenclatura.
A autora afirma que apesar de tudo isso, reconhecimento de cursos,
necessidade de profissionais especializados, existe uma polêmica entre pessoas
que consideram indispensável a existência dos cursos superiores de moda, e que
aqueles que questionam a qualidade e necessidade dos mesmos. Ainda se discute
prática e teoria, assim como conhecimento e talento. No Brasil, a falta de informação
acaba gerando um preconceito da parte de educadores e coordenadores de cursos
de design.
Na seção 2.2 será abordada a relação entre moda e design, suas
similaridades e o processo de aceitação da moda como área do design.
2.2 A RELAÇÃO MODA E DESIGN
Hoje no Brasil, a Moda e Design estão mais alinhados em relação á tempos
passados. Vivem uma relação de troca, e até mesmo de complementação (apesar
de que por parte de alguns acadêmicos, ainda exista um pré-conceito quando
abordada a temática de moda.) Mas nem sempre foi assim, o Design negou a moda
como área por um determinado período de tempo.
21
“Na Academia, a moda passou a ser acolhida pelo design somente no início do século XXI. Durante todo século anterior, a moda foi negada como uma habilitação do design e recusada até mesmo como tema de projeto nos cursos de design de produto. Assim, entre 1988 e 2000, a Academia ofertou cursos para formar profissionais que se ocupavam da concepção de produtos de moda; no entanto, isso ocorria na perspectiva do estilismo e não do design.” (PIRES, 2008, p.13)
Christo (2008) lembra que fora do Brasil, o uso da palavra design em relação
à moda, é comum há muito tempo. “Um estilista poderia ser facilmente reconhecido
como um fashion designer.” (CHRISTO, 2008, p.29)
Calanca (2008), afirma que devido a estratégias de marketing, a moda nos
anos 1980 se tornou um sucesso mundial. Ela destaca o executivo Beppe
Modenese, como principal protagonista da aproximação do design à indústria têxtil
no exterior. Ele foi o organizador do primeiro desfile de moda na Feira de Milão em
1979.
“Moda e design tomam caminhos paralelos, estabelecem um intercâmbio pelo qual se, de um lado, os estilistas entram em outros setores da produção industrial, como a decoração, o projeto de objetos, as cerâmicas, os tecidos e as roupas para casa, de outro, os arquitetos desenham roupas, estampas para seda das gravatas.” (CALANCA, 2008 p. 209 e 210)
Esta combinação moda-design firmou-se em várias mostras, como a de maio
de 1982 no Massachusetts Institute of Technology, e em 1983 no PAC de Milão, e
também foi o centro do debate promovido pelo Congresso Icsid (International
Council of Societies of Industrial Design). A relação de colaboração formada entre
design e moda permitiu ao estilista sair do papel de costureiro, e profissionalizar-se
oficialmente como designer de produtos de vestuário.
“A partir daquele momento se verifica uma sucessão de “alianças”, como aquela que se estabelece entre Armani e o Grupo Financeiro Têxtil, ou entre Ferre, o arquiteto estilista, e a casa Dior, cuja direção artística ele assume em 1989.” (CALANCA, 2008, p.210)
Christo (2008) salienta que o design no Brasil foi fortemente influenciado pela
tradição do modernismo, o que contribuiu para este distanciamento. O design foi
afastado da arte e de conceitos de moda, e foi diretamente relacionado ao
racionalismo e funcionalismo.
“Basta observar que o trabalho de designers como Raymond Loewy e Henry Dreyfuss foi, durante muito tempo, criticado no Brasil, como se a sua construção tivesse apenas a preocupação com a forma e o senso estético,
22
deixando de lado a “função”, que era entendida como a produção industrial do objeto.” (CHRISTO, 2008, p.28 e 29)
A autora afirma, que antes de estes designers trabalharem com design de
produto ou design gráfico, eles atuaram direta ou indiretamente na indústria da
moda. Loewy2 trabalhou como vitrinista e ilustrador de moda, e Dreyfuss3 trabalhou
desenhando figurinos para teatros.
Pires (2007) acompanha esta relação do design com a moda há mais de vinte
anos, e autora afirma que essa aproximação é inédita - principalmente, do ponto de
vista formal. Mas destaca que esta resistência e tensão entre as duas partes, é
substituída por iniciativas conjuntas e pontencializadoras de uma visão social. Ela
ressalta os interesses que moda passou a representar além da questão estética.
“Como agente do processo de transformação, a partir da década de 1990, por meio do qual a moda passou a representar objeto de interesse social, acadêmico e científico, posso afirmar que o design tem despertado particular interesse, sobretudo nos setores ligados á indústria, não mais apenas como técnica ou estética, mas como cultura de projeto.” (PIRES, 2008 p.13)
Puls (2010) aponta a interdisciplinaridade do design como fator de
aproximação entre moda e design. Cruzamento entre conhecimentos teóricos e
prática profissional de naturezas diferentes. A autora também afirma que este fator
contribui para a expansão dos cursos de design de moda e também indica o design
como importante elemento competitivo utilizado por setores produtivos.
Complementando a ideia de Puls, Pires (2007) afirma que o design e moda sempre
compartilharam ideias de urbanidade e civilização, assim como a motivação pelo
progresso e inovação. Conti (2008) vê a relação da moda e design através de
projeto:
“Realizar um projeto dedicado ao vestuário e ao sistema que é gerado em seu entorno deve ser pensado de forma transversal. Ocupar-se de moda, de fato, não significa pensar em uma coleção de trajes, mas analisar os processos projetuais que geram a intenção de criação.” (CONTI, 2008, p.219)
2 Raymond Loewy - Designer francês, porém passou parte de sua carreira nos Estados Unidos. Conhecido como
um dos pioneiros do estilo aerodinâmico americano, responsável por projetos de identidade corporativa de
empresas como Coca-Cola, Exxon e Shell, entre outras. Também redesenhou o avião Air Force One, para John
F. Kennedy e do Skylab na Nasa, em 1969-1972. (PULS,2010) 3 Henry Dreyfuss - Designer americano, seus projetos tinham características aerodinâmicas. Podendo citar
projetos realizados para American Airlines e Polaroid, também projetou tratores e até linhas férreas.
(PULS,2010)
23
Atualmente, abordar a temática de design e moda, para Conti (2008) soa
como redundância. Para ele, moda e design são pertencentes à ampla cultura
projetual industrial, e qualquer atividade que faça parte desta cultura opera para
desenvolvimento de produtos. Produtos físicos ou intangíveis, mas que dizem
respeito ao novo. “Assim como o Sistema Design, também o Sistema Moda, na sua
natureza industrial é composto por uma complexa articulação profissional e
produtiva.” (CONTI, 2008, p.227)
Pires (2008), afirma que estamos cada vez mais distantes do histórico
preconceituoso acadêmico do design em relação à moda como sendo especialidade
da área. Ela justifica isso através de exemplos, entre os quais podemos citar alguns.
A moda está no relatório de revisão da tabela de áreas do conhecimento sob a ótica
do design, elaborado pelo comitê do design do CNPQ, para obter sugestões de
melhorias na tabela de áreas do conhecimento. No segundo Encontro de
Planejamento Estratégico do Programa Brasileiro de Design, debateu-se sobre
planejamento estratégico na indústria brasileira para o período de 2007 a 2012. “O
documento utilizado durante os trabalhos, intitulado Demanda de estratégias do
design no setor produtivo brasileiro, apontava a moda em primeiro lugar entre os
sete segmentos priorizados.” (PIRES, 2008, p.14)
Na seção 2.3, é apresentado de forma resumida os primeiros trabalhos de
moda na Pós Graduação Stricto Sensu.
2.3 DESIGN DE MODA E PÓS-GRADUAÇÃO
Com o aumento da oferta de cursos de Design Moda, consequentemente
surgiu a necessidade de professores, mestres e doutores qualificados. Bonadio
(2010) comenta que provavelmente, esse aumento dos cursos superiores de Design
de moda ampliou as pesquisas realizadas sobre o tema na pós-graduação Stricto
Sensu - especialmente em programas dedicados ao Design. E este fato também
estaria ligado à decisão do MEC de 2000, que coloca a moda como uma área do
design, neste período que a produção se intensifica.
A autora afirma que anterior a isso, entre 1980 e 2000, teses e dissertações
sobre moda eram defendidas em programas de áreas como comunicação, ciências
24
humanas, artes, engenharia de produção e administração. Bonadio (2010) afirma
que pesquisas indicam o trabalho de Gilda de Mello e Souza4 como sendo o estudo
de moda mais antigo desenvolvido no país5.
Ainda sobre a tese de Gilda de Mello e Souza, Bonadio (2010) destaca que o
trabalho foi orientado por Roger Bastide, aceitando orientação de um tema, que na
época, era muito controverso. Caldas (2008) aponta o trabalho de Gilda como
“precedente notável” para legitimação da moda como área acadêmica. “Só nos anos
1980 publicado para o grande público, a obra é uma espécie de marco inicial dos
estudos sobre moda produzidos pela academia brasileira” (CALDAS, 2008, p.178).
Sobre esta questão do tema, Svendsen (2010) afirma que até a década de
1980, estudos “sérios” (grifo do autor) sobre a temática da moda geravam uma
condenação moral e até desprezo pelo objeto de estudo.
Segundo Bonadio (2010), o primeiro mestrado defendido em um programa da
área foi em 1995, realizado por Hilda Quialheiro Abreu, na UNESP (campus de
Bauru). O trabalho tratava do tema de modelagem, e foi intitulado: Do traçado ao
molde: evolução e representação gráfica da modelagem do vestuário.
Autora afirma que o design está em terceiro lugar como área que produz
dissertações e teses sobre moda, a sua frente estão somente comunicação e
administração. O crescimento de mestrados sobre moda, dentro dos programas de
design aumentou a partir de 2008. Quando foram defendidas as primeiras
dissertações do mestrado em Design da Anhembi Morumbi, com a linha de pesquisa
“Design, arte e moda: inter-relações”.
Pode-se concluir que trabalhos relacionados à moda, apresentados em
programas de pós-graduação de outras áreas, contribuíram para o início do estudo
de moda. Com a oferta de pós-graduação de Senso Estrito na área do design as
pesquisas se intensificam e se aprofundam.
4 A moda do século XIX, uma tese de doutorado defendida em 1940, na Faculdade de Sociologia da USP.
5 Bonadio (2010) localizou, um trabalho de 1926 classificado como tese. O trabalho foi produzido por Virgilio
Mauricio da Rocha5, em uma escola de Medicina, intitulado: Da mulher - Proporções, beleza deformação,
hysiene e moda, hygiene e Sport . Não há muitas informações disponíveis sobre o autor, mas mais informações
podem ser obtidas BONADIO, Maria Claudia. A produção acadêmica sobre moda na pós-graduação Stricto
Sensu no Brasil. Iara – Revista de Moda, Cultura e Arte. São Paulo, V.3 Nº3 dez. 2010.
25
2.4 PESQUISA DE MODA NO MEIO ACADÊMICO E DISSEMINAÇÃO DE
CONHECIMENTO
O design de moda é uma área de estudos nova, se comparado com outras
áreas já bem fundamentadas no meio acadêmico. Isso implica em um
desenvolvimento inicial de geração de conhecimento bem dificultoso. Puls (2010)
afirma que o conhecimento é o produto gerado pela práxis científica, e que se busca
este conhecimento na área do design de moda. Entretanto, Pires (2008) recorda que
a busca por este conhecimento é um desafio, visto que há uma carência de
docentes capacitados e escassez de referências teóricas e publicações. Pires (2007)
destaca que as publicações que existem não tratam o design como um aspecto
característico.
“Há no Brasil, atualmente, um grande número de profissionais e acadêmicos ocupados em pensar o design, que teorizam a sua prática e constroem conceitos de design de moda. Entretanto, a pesquisa e as publicações na área tem ainda, de fato, pouca expressividade.” (PIRES, 2008, p.12)
Apesar das dificuldades para o desenvolvimento na área de pesquisa, é
importante destacar que desde 2009, existe a Associação Brasileira de Estudos e
Pesquisas em Moda (ABEPEM), a qual tem objetivo de:
“Promover estudos e pesquisas por meio de eventos, congressos, seminários e parcerias acadêmicas ou institucionais, podendo contar com adesão de escolas, alunos, professores, pesquisadores, profissionais que tenham interesse nas questões relacionadas à missão proposta”. (ABEPEM, 2013)
Para isso, atualmente a associação possui três eventos anuais e um bienal.
Os eventos anuais são: Fórum das escolas de moda, Seminário Internacional de
Estudos e Pesquisas em Consumo, e o Colóquio de moda, o qual já está na nona
edição. No país a área da moda, também conta com periódicos acadêmicos
reconhecidos pela CAPES, Revista dObra[s], IARA: Revista de moda, cultura e arte
e o periódico eletrônico Moda Palavra, lembrando que estes não são os únicos,
porém estão cadastrado na área de Arquitetura e Urbanismo, área na qual está
inserido o design.
Svendsen (2010) afirma que, como objeto de estudo a moda não é
tradicionalmente considerada, e que não tem o mesmo reconhecimento por
26
exemplo, que as artes visuais e a arquitetura. Porém, nos últimos anos começou a
haver uma mudança nesta posição com as publicações acadêmicas de moda. O
autor acredita que uma verdadeira crítica de moda consistente, auxilia no
fortalecimento e desenvolvimento da área.
“Precisamos de artigos de crítica de moda porque eles nos ajudam a reconhecer os méritos e as debilidades de estilistas e tendências, mas precisamos de ensaios mais longos em que os críticos possam desenvolver ideias em maior profundidade e se alongar sobre o papel da moda em nossas vidas. Nesse sentido, a crítica de moda se moverá na direção da filosofia da moda. Ela se torna uma questão de pensar a moda.” (SVENDSEN, 2010, p.195)
Caldas (2006) cita como um dos problemas que afeta tanto as universidades
privadas no Brasil como o universo empresarial – e não deixa de afetar o
desenvolvimento do design de moda como área acadêmica, sendo a falta de
investimento nas pesquisas de base, dada a incompreensão do papel deste tipo de
pesquisa. Para o autor, o espaço na mídia tornou-se mais importante do que a
pesquisa de base, devido á lógica de mercado que vem atingido diretamente o
ensino. Neste caso, a universidade é uma empresa, os cursos são produtos, o aluno
é cliente e o professor fornecedor. Desta forma, é cada vez mais necessária a
atuação da universidade pública, que é tradicionalmente ligada a pesquisa.
“O afã de oferecer novos produtos no mercado de cursos contrasta com a inexistência, até o presente momento, nas principais escolas de moda do país, de um centro de pesquisa e de publicações que venha de encontro dos reais interesses dos públicos docentes e discente e da sociedade como um todo” (CALDAS, 2006, p.191).
Para Fornasier, Martins e Demarchi (2008), os problemas já se encontram
nos cursos de graduação de Design de Moda. Muitos não privilegiam o design, mas
sim o estilo sem compromisso com pesquisa e necessidades humanas. E, nos
cursos que praticam o design, muitas vezes não fazem com que o aluno raciocine de
forma científica ao final de seus projetos, finalizando o trabalho na etapa de
prototipagem.
“Dificilmente encontram-se trabalhos acadêmicos que possuem conclusão formalizada na área do design de moda. Alguns cursos só requerem este item nos trabalhos de conclusão de curso e, muitos nem isso. As irregularidades dessas exigências fazem com que os alunos se acostumem a realizar os protótipos e considerar o trabalho finalizado, desperdiçando a chance de realmente aprender com o processo.” (FORNASIER, MARTINS & DEMARCHI, 2008 p.128)
27
Segundo os autores, outra problemática é que disciplinas e parte das
bibliografias utilizadas nos cursos de graduação dificultam a formação do
pensamento sistêmico da atividade de futuros designers, pois fragmentam os
conteúdos, segmentando o conhecimento.
“O processo de desenvolvimento de produto em design de moda é um sistema de gestão do conhecimento. O sistema ocorre por meio de inter-relação dos processos cognitivos, criativo e projetual já utilizados para realização de projetos, unindo-se a eles a metodologia científica. Esta união faz com que o aluno racionalize as partes do processo e obtenha conclusões ao final do projeto, aumentando sua experiência cognitiva.” (FORNASIER, MARTINS e& DEMARCHI, 2008 p.128)
Para estes autores, o processo cognitivo, criativo, de metodologia científica e
processo de metodologias projetuais são dependentes entre si, formando assim um
sistema de gestão do conhecimento para desenvolver projetos. E quando o aluno
entender esta interdependência, ele conseguirá organizar o projeto a ser
desenvolvido, e será capaz de eleger os métodos e técnicas mais adequadas para
resolução do problema.
Ainda a respeito de fatores que prejudicam o crescimento da pesquisa no
design de moda, podem-se citar os exemplos observados por Caldas (2006), que
também aborda problemas presentes já nos cursos de graduação. A separação
entre criação e mercado, banalizando referências como cursos mais voltados para o
mercado ou cursos mais voltados para criação. Desta forma, ignora-se que um bom
criador deve dominar também conhecimento sobre uma cultura específica e
ferramentas técnicas de produção de mercado; sendo que é exigido cada vez mais
pelo mercado, profissionais com perfil generalista, desempenhando um número
maior de funções. Ele também aponta os currículos em vigor nos cursos de moda
como outro problema. Estes dão pouco, ou nenhum espaço aos estudos
psicossociais, os quais fazem da moda um fenômeno coletivo.
Puls (2010) afirma que o papel da universidade no atual contexto de
mudanças aceleradas - principalmente no que diz respeito à formação profissional e
a produção e recepção de conhecimento na primeira década do século XXI - passou
a exigir reestruturação. Neste novo contexto, o conhecimento gerado é de extrema
importância para o país no que diz respeito ao desenvolvimento econômico tornado
mais estreita a relação entre empresa e universidade.
28
“O reconhecimento desses cursos como geradores e disseminadores de conhecimento científico e técnico tornou-se um elo importante do setor empresarial. A produção de conhecimento do sistema educacional pelas pesquisas e conteúdos teórico-práticos ministrados, mostrou-se fator primordial para o desenvolvimento de novas tecnologias, inserção competitiva e crescimento econômico do setor produtivo têxtil e de confecção.” (PULS, 2010, p.6)
Caldas (2006) destaca que as empresas perceberam que é necessário
investir na pesquisa estratégica e na formação de seus empregados. Deste modo,
elas asseguram o domínio da informação e reconhecem que o capital humano é o
principal recurso das empresas preocupadas com o futuro. É uma realidade que
supera ideias ultrapassadas, no que diz respeito ao meio empresarial e acadêmico,
entre reflexão, pesquisa e mercado.
“O movimento que recoloca o conhecimento em seu devido lugar faz com que empresas dos mais variados perfis passem a encarar o intelectual como fonte de alimentação, não como um antagonista. Compreendem que é preciso investir na originalidade e no risco, que só o pensamento crítico pode trazer. A reflexão gera a dúvida e a incerteza, categorias valiosíssimas de uma nova forma de se posicionar diante do mundo, com as quais devemos aprender a trabalhar.” (CALDAS, 2006, p.102)
Com base nos autores citados neste capítulo, conclui-se que as empresas já
compreendem a importância do profissional do design de moda, porém para o
crescimento do design de moda como área acadêmica e de pesquisa científica, tem
a necessidade de ajustes já nos cursos de graduação. E em nível da pós-graduação
é necessário um maior investimento de pesquisa de base e conseqüentemente
valorização do professor-pesquisador.
29
3 DESCOBERTA DE CONHECIMENTO EM BASES DE DADOS
Neste capítulo é apresentado o conceito de Descoberta de Conhecimento em
Bases de Dados, como ela surgiu e alguns conceitos e definições básicas. Este
projeto utilizará a Descoberta de Conhecimento em Bases de Dados como
metodologia, e daremos ênfase à Mineração de Dados, que é uma de suas etapas.
3.1 O QUE É DESCOBERTA DE CONHECIMENTO EM BASE DE DADOS?
A Descoberta do Conhecimento em Bases de Dados também chamada de
Knowledge Discovery in Data Bases (KDD) é um processo composto por três fases,
Pré-processamento, Mineração de Dados e Pós Processamento. Foi utilizada esta
divisão com base em Goldschimidt e Passos (2005). Os autores afirmam que esta
área vem despertando o interesse das comunidades científica e industrial. Eles
destacam que a Mineração de dados é mais popular, e muitas vezes alguns autores
podem se referir à KDD e Mineração de Dados como sinônimos; porém, para os
autores em questão, a Mineração de Dados está inserida dentro da KKD, sendo uma
de suas etapas.
Figura 2: Etapas do KDD
Figura Fonte: Goldschimidt e Passos (2005, p.3)
Amaral (2001) define o processo de KKD como um processo que utiliza
métodos de mineração de dados para extração de conhecimentos. “KDD é a
descoberta de novos conhecimentos, seja padrões, tendências, associações,
probabilidades ou fatos, que não são óbvios ou de fácil identificação.” (AMARAL,
2001, p.13).
Nisbet, Elder e Miner (2009) apresentam o KDD conforme a figura a seguir.
Trata-se de todo processo, que engloba o acesso, exploração e preparação dos
dados, depois a modelagem, implementação e monitoramento do modelo. E dentro
deste processo ocorrem atividades de mineração de dados.
30
Figura 3: Relação entre mineração de dados e KDD
Fonte: Nisbet, Elder e Miner (2009, p.17)
A primeira etapa da descoberta de conhecimento, segundo Goldschimidt e
Passos (2005), é o Pré-processamento, onde acontece a captação, organização e o
tratamento de dados. Essa etapa é muito importante no processo de KDD, estão
incluídas atividades de correção de dados errados até o ajuste de formatos dos
dados para mineração de dados.
Segunda etapa é a fase da mineração de dados, esta é a principal etapa do
KDD e envolve a aplicação de algoritmos sobre os dados em busca de
conhecimento implícitos e úteis. A forma como este conhecimento será
representado, em um modelo-que será o resultado de todo processo- depende
diretamente do(s) algoritmo(s) que serão utilizados na mineração de dados.
A fase de Pós-processamento engloba o tratamento do conhecimento obtido
na mineração de dados; as principais funções são elaboração e organização,
também podendo incluir simplificação de gráficos, diagramas, ou relatórios
demonstrativos.
31
Goldschimidt e Passos (2005) apresentam três elementos que compõe o
Desenvolvimento de Conhecimento nas Bases de dados (KDD): o problema em que
será aplicado o processo, os recursos disponíveis e os resultados obtidos. O
problema é composto por três elementos: conjuntos de dados, o especialista de
domínio da aplicação e os objetivos da aplicação. Os dados devem ser organizados
em uma única estrutura tabular bidimensional contendo casos e características do
que será analisado. O especialista pode ser uma pessoa ou grupo que conhece o
assunto e o ambiente em que será aplicado o KDD. Os recursos disponíveis são: o
especialista em KDD, as ferramentas de KDD e a plataforma computacional. Os
resultados obtidos compreendem os modelos de conhecimentos descobertos e o
histórico das ações.
Para Nisbet, Elder e Miner (2009) a Mineração de dados está inserida dentro
do processo de Descoberta de Conhecimento em Base de dados.
“Mineração de Dados: O uso de algoritmos de aprendizado de máquina para encontrar padrões fracos de relação entre os elementos de dados em grandes conjuntos de dados, barulhento e confuso, o que pode levar a ações para aumentar benefício de alguma forma (diagnóstico, o lucro, a detecção, etc.)” (NISBET, ELDER & MINER, 2009, p.17).
Esses autores afirmam que o método utilizado na mineração de dados é uma
abordagem mista entre métodos matemáticos e científicos. Consideram o método
dedutivo e indutivo. A abordagem dedutiva inicia com algumas hipóteses simples de
como o mundo funciona. Essa abordagem atua eficientemente em Matemática, mas
ela não se aplica para descrever como o mundo natural funciona.
Nisbet,Elder e Miner (2009) equiparam a mineração de dados ao método
científico, por mais que ele seja baseado no raciocínio dedutivo, os produtos finais
originam-se através do raciocínio indutivo. O fluxo da figura apresenta os passos
seguidos no método científco com base nos autores. Os cinco primeiro passos
envolvem dedução, e os quatro último indução:
32
Figura 4: Fluxo de método científico
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em Nisbet, Elder e Miner (2009)
No caso da mineração de dados, os algoritmos de aprendizagem de máquina
utililizados são projetados para imitar o que acontece na nossa mente. “Mineração
de dados usa a matemática, mas os resultados não são determinados
matematicamente.” (NISBET, ELDER & MINER, 2009, p.16). Isso pode parecer uma
contradição, mas eles propõe uma comparação com cerébro humano, onde muitos
processos podem ser descritos através de relações matemáticas, mas os resultados
dos seres humanos vão muito além das descrições matématicas. Sabedoria de mãe,
intuição de mulher por exemplo, em grande parte se baseiam em dados empíricos,
entretanto a mente humana extrapola além destes dados para formar conclusões
depois de passar por um processo de raciocínio somente indutivo.
33
Com base nos autores referenciados até o momento, pode-se verificar que o
processo de Desenvolvimento de Conhecimento em Bases de Dados se divide em
três etapas, sendo a mais importante a de mineração de dados. A partir dos
conceitos e definições verificados anteriormente somados as divisões propostas por
Dias (2001) foi elaborado este mapa para melhor compreender o processo de KDD.
Figura 5: Processo de KDD e Mineração de Dados
Fonte: Elaborado pela autora
Podemos visualizar as três etapas citadas anteriormente, em seguida as
tarefas de mineração de dados, e depois algumas técnicas ou algoritmos básicos de
mineração de dados. Lembrando que as tarefas e técnicas presentes no mapa, não
englobam todas as funções da mineração de dados, como veremos na seção 3.3.
Na seção a seguir veremos uma breve contextualização histórica do processo de
Desenvolvimento de Conhecimento em Base de Dados.
34
3.2 SURGIMENTO E BASES DO KDD E MINERAÇÃO DE DADOS
Esta forma de encontrar conhecimento em base de dados, enfatizando os
métodos de mineração de dados, é um procedimento novo. Amaral (2001) comenta
que esse processo surgiu em 1989, e tem recebido diversas nomenclaturas, como:
conhecimento em base de dados (KDD), extração de conhecimento de informações,
arqueologia de dados, colheita de informação e etc.
Goldschimidt e Passos (2005) citam algumas áreas que deram origem ao
KDD. Entre elas estão, estatística, inteligência computacional e aprendizado
máquina, reconhecimento de padrões e bancos de dados.
Em se tratando de história, Goldschimidt e Passos (2005) dividem em quatro
fases, ou gerações, a Mineração de Dados utilizada para Descoberta de
Conhecimento. A primeira surgiu nos anos 1980, e eram ferramentas de análise
para uma única tarefa; a segunda apareceu em 1995, com ferramentas chamadas
suítes (estas permitiam ao usuário concretizar diversas tarefas e eram capazes de
suportar a transformação de dados). No final dos anos 90, surgiu a terceira geração,
voltada para a resolução de um problema específico dentro da empresa. E na quarta
geração estão as ferramentas que auxiliam o homem no processo de KDD.
Nisbet, Elder e Miner (2009) apontam a análise estatística como uma
disciplina relativamente antiga, e também colocam a mineração de dados como um
campo mais novo que foi se desenvolvendo na década de 1990. Ela apresenta uma
confluência de vários campos, como análise estatística tradicional, inteligência
artificial, aprendizagem de máquina e desenvolvimento de grandes bases de dados.
A análise estatística tem sido utilizada há muito tempo, porém surgiu uma
necessidade de trabalhar com um número cada vez maior de conjuntos de dados, o
que originou a mineração de dados.
“Durante os últimos 50 anos, o comércio, a indústria e a sociedade têm acumulado uma enorme quantidade de dados. Estima-se que mais de 90% do total conhecimento que temos agora tem sido aprendido desde 1950” (NISBET, ELDER & MINER, 2009, p.75).
Os autores fazem uma comparação de mineração de dados com estudos
estatísticos tradicionais. Estes são muitas vezes retrospectivas e utilizam
35
informações passadas, e a mineração de dados trabalha como uma espécie de
previsão do futuro. Ela também utiliza informações passadas. Entretanto, para
construir padrões baseados não apenas nos dados, mas também sobre as
conseqüências lógicas desses dados.
Um elemento faltante na estatística tradicional e presente na mineração de
dados é a capacidade de fornecer uma expressão ordenada do que pode ser no
futuro em relação com o que era no passado.
“Em resumo, a mineração de dados pode (1) fornecer uma compreensão mais completa dos dados por encontrar padrões previamente não vistos e (2) fazer modelos que prevêem, permitindo assim que as pessoas tomem melhores decisões, antes de agir, e, portanto, moldar eventos futuros” (NISBET, ELDER & MINER, 2009, p.19).
Sobre a utilização de mineração de dados em conjuntos de dados menores,
os mesmos autores afirmam que foi feita aplicação em conjunto de dados
relativamente pequeno, e que seu desempenho com precisão de previsão foi igual
ou superior dos que as técnicas de estatística.
Pode-se verificar que processo de KDD e as categorias de mineração de
dados são ferramentas relativamente novas, e foram desenvolvidas a partir da
necessidade de se trabalhar com grandes conjuntos de dados.
3.3 ALGUMAS TAREFAS E TÉCNICAS DE MINERAÇÃO DE DADOS
Conforme o mapa de KDD, figura 2, a mineração de dados é a etapa central
do processo de Desenvolvimento de Conhecimento nas Bases de Dados. Nela são
trabalhados os conjuntos de dados, para posterior interpretação e análise dos
resultados. Veremos algumas tarefas e técnicas/ algoritmos da mineração de dados.
A classificação está baseada em quadros desenvolvidos por Dias (2001), que
abordam alguns conceitos e definições de maneira mais simples e de fácil
compreensão.
3.3.1 Tarefas de Mineração de Dados
Uma unidade que pode ser empregada em mineração de dados é variável.
Pode-se definir variável como: “Os tipos de dados indicam a forma em que eles
estão armazenados. Os tipos de variáveis expressam a natureza com que a
36
informação deve ser interpretada” (GOLDSCHIMITD & PASSOS, 2005, p.24). Os
autores classificam as variáveis em três tipos.
Variáveis nominais ou categóricas, utilizadas para nomear objetos. Podem
pertencer a um conjunto finito e pequeno de estados possíveis. Como exemplo,
podemos citar estado civil de uma pessoa. Neste tipo de variável, não existe
ordenamento de valores, e eles, podem ser representados por tipos de dados
alfanuméricos. Neste caso, não se pode dizer que viúvo, por exemplo, é menor ou
maior do que casado. As variáveis discretas são semelhante ás nominais, porém os
seus valores, podem possuir ordenamento, e este terá algum significado. Os dias da
semana são um exemplo, onde a terça feira, vem depois da segunda e antes da
quarta. Já as variáveis contínuas, são quantitativas e seus valores possuem uma
relação de ordem. Neste caso o conjunto de valores pode ser finito ou infinito, e
normalmente os valores são representados por algum tipo de dado numérico, por
exemplo idade ou renda.
A primeira tarefa que veremos é a Classificação. É definida por Goldschimitd
e Passos (2005) como umas das técnicas de KDD mais importantes e mais
populares. Pode-se dizer que é a busca por uma função que possibilita associar de
forma correta cada registro de um banco de dados, a um único rótulo categórico,
chamado classe. Quando identificada essa função pode ser aplicada a novos
registros, podendo assim prever a classe em que os registros se enquadram. Em
outras palavras, podemos dizer que é a criação de uma modelo para classificar
objetos desconhecidos. A classificação trabalha com variáveis discretas. Identificar
um tipo de tratamento ao qual o paciente pode responder mais facilmente é um
exemplo de classificação citado por Dias (2001).
Nisbet, Elder e Miner (2009), apresentam a Regressão, que também pode ser
chamada de Estimativa, como uma tarefa similar a Classificação. Ela seria a busca
por funções, lineares ou não, que mapeiam registros de um banco de dados em
valores reais, e ela é restrita apenas a atributos numéricos. Diferente da
classificação, ela trabalha com variáveis contínuas. Resumindo, pode –se dizer que
a regressão define um valor para alguma variável contínua desconhecida. Um
37
exemplo de aplicação, segundo Dias (2001) pode ser estimar a renda de uma
família.
Já Associação é a relação de itens que ocorram com freqüência em conjuntos
de dados. Goldschimitd e Passos (2005) definem da seguinte maneira:
“Intuitivamente essa tarefa consiste em encontrar conjuntos de itens que ocorram
simultaneamente e de forma freqüente em um banco de dados” (GOLDSCHIMUTD e
PASSOS, 2005, p. 59). Para Nisbet, Elder e Miner (2009) esta técnica permite que
os pesquisadores descubram padrões ocultos em grandes conjuntos de dados. Um
exemplo clássico citado por Dias (2001) são as compras, produtos que são
colocados juntos no carrinho de supermercado. Para Tan, Steinbach e Kumar
(2005), a força de uma regra de associação pode ser medida em termos do seu
suporte e confiança. Suporte determina a freqüência com que uma regra é aplicável
a um determinado conjunto de dados, enquanto confiança determina a freqüência
com que os itens em Y aparecem em transações que contêm X. Um suporte alto é
importante: se ele for baixo, a regra pode ocorrer apenas por acaso. Da mesma
forma, a confiança também, quanto maior melhor, pois ela mede a confiabilidade da
interferência feita por uma regra.
Nisbet, Elder e Miner (2009) definem a Clusterização/Agrupamento, como a
detecção de subgrupos semelhantes entre uma grande variedade de casos e atribuir
essas observações aos seus subgrupos ou clusters. “Tão importante quanto
identificar tais grupos é a necessidade de determinar como esses grupos são
diferentes” (NISBET, ELDER & MINER, 2009, p. 147). Dias (2001) define a
clusterização ou segmentação como a divisão de um grupo heterogêneo em
subgrupos ou grupos mais homogêneos, e cita como exemplo agrupar clientes por
região do país ou por similaridade de comportamento de compra.
Sumarização é definida por Dias(2002) como tarefa que: “Envolve métodos
para encontrar uma descrição compacta para um subconjunto de dados” (DIAS,
2002, p. (1717). Como exemplo cita tabulação de significado e desvios padrão para
os itens dos dados.
38
Estas tarefas podem ser realizadas através de técnicas/algoritmos. Veremos
a seguir algoritmos classificados como básicos por Nisbet, Elder e Miner (2009).
3.3.2 Técnicas/algoritmos básicos de mineração de d ados
Um algoritmo é uma sequência lógica, finita e definida de instruções que
devem ser seguidas para resolver um problema ou executar uma tarefa.
No caso da mineração de dados, existe uma infinidade de algoritmos, seria
impossível descrevê-los todos aqui, e também não é o objetivo desta pesquisa. Eles
não são “estáticos”, a partir de uma combinação de algoritmos já existentes pode-se
desenvolver um novo algoritmo. Para Nisbet, Elder e Miner (2009) não se pode
apontar os últimos algoritmos existente como os melhores ou mais eficientes, pois a
mente dos seres humanos, das pessoas que desenvolvem algoritmos, continuarão
gerando novos métodos cada vez mais elaborados e sofisticados.
Árvore de Decisões é definida por Dias, como: “Hierarquização dos dados,
baseada em estágios de decisão (nós) e na separação de classes e subconjuntos”
(DIAS, 2001, p.1717). São utilizadas em tarefas de classificação e regressão.
Exemplos de algoritmos citados por Nisbet, Elder e Miner (2009), são: CART, que
está estruturado com uma sequência de perguntas simples, que forma uma estrutura
similar a uma árvore, os autores comentam que uma característica de CART é que
seu uso é fácil. Já CHAID é rápido, e constrói árvores mais amplas, é muito utilizado
em pesquisa de mercados.
Para estes autores, a Regra de Associação é uma técnica que permite aos
pesquisadores descobrir padrões ocultos em grandes conjuntos de dados. Como já
nos remete o nome, é utilizada na tarefa de associação. Os autores citam o
algoritmo a priori como exemplo, este utiliza valores predefinidos para detecção de
associações e apontam as regras de associação como uma boa técnica para
trabalhar com grandes conjuntos de dados.
As redes neurais foram inspiradas no cérebro humano. São normalmente
utilizadas em tarefas de classificação e agrupamento/segmentação. Nisbet, Elder e
Miner (2009), explicam que nossas células neuronais recebem impulsos elétricos de
39
células vizinhas, e acumulam esses impulsos até que o limite seja ultrapassado.
Então elas dão um impulso para uma célula próxima. A diferença é que, a
capacidade da célula de armazenar impulsos elétricos e o limite são controlados por
processos bioquímicos em nosso cérebro, e nas redes neurais essa variação ocorre
numericamente. Algumas vantagens das redes neurais são: elas podem lidar com
problemas com muitos parâmetros, podem ser usados em problemas de previsão
numérica, são muito boas em encontrar relações não lineares. No entanto, as redes
neurais podem ser um pouco lentas, além de que é difícil de determinar como a rede
está fazendo sua decisão e a modelagem por rede neural pode ser um pouco difícil
para “mineiros de dados” iniciantes.
“Devido à natureza artística da modelagem de rede neural, é difícil para os mineiros de dados novatos utilizarem muitas implementações de redes neurais com sucesso. Mas há algumas implementações que são altamente automatizado, permitindo que até mesmo os mineiros de dados novatos possam usá-los de forma eficaz.” (NISBET, ELDER & MINER, 2009, p.19).
Redes lineares é um algoritmo pertecente a Redes Neurais. Nisbet, Elder e
Miner (2009) afirmam que elas não lidam bem com complexidade, mas podem ser
considerados como modelo de base. Já as chamadas Redes Baysianas podem ser
utilizadas para o controle de complexidade de um modelo e para encontrar
automaticamente as variáveis mais importantes.
Nisbet, Elder e Miner (2009) citam Kohonen como uma rede neural, utilizada
para classificar, ás vezes pode ser chamado também de auto-organizador. É um
modo simples de agrupar dados, caso o número de casos ou categorias não seja
muito grande. Outro algoritmo citado é o RBF (Rede de funções básicas radiais),
uma de suas características é que pode modelar qualquer função não linear com
facilidade.
K-Means (também chamado de K-Médias) e EM (Maximização da
expectativa), são dois exemplos de algoritmos usados na tarefa de
agrupamento/clusterização mencionados por Nisbet, Elder e Miner (2009). K-Means
fornece uma classificação automática, baseada em análise e comparações entre os
valores numéricos dos dados. Para Tatiraju e Metha (20--), o algoritmo EM
(Maximização da expectativa), tem como objetivo encontrar as estimativas de
máxima verossimilhança dos parâmetros quando o modelo de dados depende de
40
certas variáveis latentes. Nisbet, Elder e Miner (2009), comentam que esta técnica,
baseia-se em uma teoria estatística chamada mistura finitas, que é um conjunto de
probabilidades.
Estes são apenas alguns dos algoritmos existentes, há uma infinidade de
outros algorítmos. Nisbet, Elder e Miner (2009), afirmam que utilização de vários
algoritmos é melhor do que uso de apenas um.
“Construir vários tipos de modelos: Usando um tipo de algoritmo para modelar um conjunto de dados é bom, mas usando vários algoritmos é muito melhor. Um algoritmo dá uma "perspectiva" sobre o padrão de informação em seu conjunto de dados, como olhar para o mundo com um olho. Mas vários algoritmos lhe darão várias perspectivas em seus padrões de informação.” (NISBET, ELDER & MINER, 2009, p. 43)
41
4 METODOLOGIA DE PESQUISA
Trata-se de uma pesquisa quantitativa, de caráter descritivo. Com base em
Collado, Lucio e Sampieri (1997), a pesquisa descritiva tem o propósito de investigar
e descrever situações, como são e como se manifestam determinados fenômenos,
os quais são submetidos à análise.
O método de pesquisa é análise sistemática, tendo como diferencial o
emprego de algumas técnicas de mineração de dados com auxílio de software. No
entanto, primeiramente os dados passaram por um processo de categorização. O
foco da pesquisa foi direcionado para publicações acadêmicas na área de design de
moda e esta foi realizada a partir dos seguintes recortes: local, tipo de publicação e
periódicos selecionados. Serão analisados artigos publicados em três periódicos
acadêmicos brasileiros de moda.
4.1 RECORTE DE PESQUISA
Definiram-se publicações brasileiras, visto que a moda como área acadêmica
no Brasil, é relativamente nova, e desta forma poderá se contribuir com o
fortalecimento da área. Obtendo o panorama geral das pesquisas acadêmicas em
design de moda em periódicos brasileiros da área desde 2007 até junho de 2013,
que é o objetivo da pesquisa. O objeto de pesquisa foi definido como artigos de
periódicos acadêmicos - não sendo incluídos artigos de congressos e eventos.
Para escolha dos periódicos, buscou-se indicação através da ANPEDesign
(Associação Nacional de pesquisa em Design) e da ABEPEM (Associação Brasileira
de Estudos e Pesquisas em Moda), de quais são considerados relevantes na área
de moda. A ANPEDesign (Associação Nacional de pesquisa em Design), através de
contato via e-mail, indicou os anais de congresso do P&D e CIPED como fonte de
pesquisa; porém, o foco de pesquisa são periódicos especificamente de moda.
Quando questionada, a associação afirmou não possuir nenhum projeto voltado para
o segmento de moda. Com isso, definiu-se mais um recorte: periódicos, cadastrado
no portal CAPES na área 29 – que compreeende as áreas de Arquitetura,Urbanismo
e Design. Dessa forma, aumentou-se o nível do grau de exigência dos artigos. Não
42
serão selecionados por estrato, já que há poucas revistas específicas na área de
design de moda.
Em contato com a ABEPEM (Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas
em Moda) foram indicadas duas revistas: Dobras6 da editora Estação das Letras e
Cores; e IARA: Revista de moda, arte e cultura7, do SENAC8. Conforme verificação
feita em julho de 2013, estes dois periódicos possuem cadastro na área de
arquitetura e urbanismo, assim como outro periódico eletrônico também encontrado,
Modapalavra9, que pertence a UDESC.
Quadro 1: Estrato CAPES
Fonte: Webqualis
Os três periódicos estão classificados em pelo menos sete áreas, sendo o
estrato mais alto B4; todos possuem, no mínimo, uma classificação com B5.
4.2 PERIÓDICOS DEFINIDOS
Dentro da proposta, foram definidos três periódicos sendo um impresso e dois
eletrônicos. Apesar de apresentarem outros conteúdos além dos artigos, o presente
trabalho levou em consideração somente o que estiver classificado como artigo
pelos próprios periódicos, e serão consideradas publicações até junho de 2013.
6 http://www.estacaoletras.com.br/revista_dobras.php
7 http://www.iararevista.sp.senac.br/
8 Estas informações foram enviadas por Kathia Castilho, atual presidente da associação e pesquisadora na área
de moda já há bastante tempo. 9 http://www.ceart.udesc.br/modapalavra/edicao11/
43
O primeiro periódico analisado foi a revista Dobras, da editora Estação das
Letras e Cores, que teve a sua primeira publicação em 200710. Em 2008 ela recebeu
o prêmio de primeiro lugar na categoria, Trabalhos Escritos no 22º Prêmio Design do
Museu da Casa Brasileira. Em 2011, não houve publicações, e a partir de 2012 a
revista passou a ser semestral.
A Revista “Iara: revista de moda, cultura e arte” pertence ao SENAC. Existe
desde 2008, sendo a sua publicação semestral.
A Modapalavra pertence ao departamento de moda da UDESC. Iniciou como
livro em 2002, e a partir de 2008 começou a ser publicada como revista eletrônica.
Iremos considerar somente o período em que foi publicada como revista
Quadro 2: Quantidades de artigos
Fonte: Acervo da Autora
Através deste quadro, pode-se identificar a quantidade de edições publicadas
por cada periódico e o número de artigos presentes em cada edição até julho de
2013. O periódico Dobras possui oitenta e três artigos, Modapalavra possui cento e
dez, e Iara oitenta e três. No total, somam duzentos e setenta e seis artigos.
Lembrando que foram considerados somente os artigos que apresentarem algum
conteúdo diretamente relacionado à moda.
10
Eram publicadas três edições por ano.
44
4.3 FERRAMENTAS E PROCESSOS
Como já mencionado anteriormente, a pesquisa foi realizada através da
mineração de dados e, para isso, foi utilizado o software livre Rapidminer11, que
possibilita uma série de aplicações-além de uma grande variedade de ferramentas,
oferece uma série de representações gráficas.
4.3.1 Pré-processamento
Esta etapa iniciou com a coleta de dados. Foram totalizados duzentos e
setenta e seis artigos, todos foram lidos e tiveram seus dados coletados, porém
alguns não tinham uma relação direta com a moda, eram de áreas correlatas e foi
necessário criar categorias para fazer essa separação. E realizar posteriormente
uma análise mais profunda somente dos artigos de moda como foi a proposta do
início do trabalho.
Desenvolveu-se uma tabela para coleta de dados, onde primeiramente foram
inseridos os seguintes dados dos artigos, independente sendo artigos específicos de
moda ou não: periódico, volume, mês e ano de publicação, instituição de ensino,
título, tema (um resumo pessoal apenas para lembrar-se do que tratava cada
pesquisa), palavras chave e se o artigo era da área da moda ou de uma área
correlata. Desta forma todos os artigos entram para uma contagem e verificação
mais geral.
Com base nas leituras dos artigos e na definição de moda apresentada no
capítulo dois, foram criadas as seguintes categorias temáticas: História da Moda ,
História da Moda no Brasil, Moda e Comportamento, Moda e Sociedade, Filosofia da
Moda, Moda e Arte, Moda e Cultura, Moda e Literatura, Moda e Artesanato,
Semiótica na Moda, Relação corpo e moda, Consumo de moda, Moda e
Comunicação, Marketing de Moda, Mercado de Moda, Indústria da Moda, Ensino de
Moda, Projeto de Moda, Terminologias de Moda, Ergonomia na Moda, Moda e
design de superfície, Moda e Sustentabilidade, Calçados, Análise de artefatos de
11http://rapid-i.com/
45
Moda, Epistemologia do Design de Moda, Moda e Tecnologia, Acessórios de Moda,
Moda e Criatividade e Moda e Fetichismo.
Com a criação das categorias, foram descartados artigos que não se
enquadravam nas mesmas. Por exemplo, trabalhos de áreas correlatas como design
em geral, arquitetura, sociologia, arte entre outros, que não tratavam
especificamente de assuntos de moda, moda na definição desta pesquisa. Excluindo
estes artigos de uma análise mais profunda permaneceram duzentos e vinte e
quatro artigos, e destes foram coletados dados como o tipo de pesquisa, o tipo de
coleta de dados utilizados, se a pesquisa era de caráter qualitativo ou quantitativo, o
objeto de pesquisa e os autores.
É importante destacar que algumas pesquisas não mencionavam a instituição
de ensino a qual pertenciam e foram classificadas como “outras”. Como veremos
mais a diante muitos artigos não apresentavam dados de metodologia de pesquisa
científica ou coleta de dados. Para que fosse possível completar os dados, foi
necessário através de leitura e interpretação dos artigos com base em Collado,
Lucio e Sampieri (1997) e Lakatos e Marconi (2009) definir os dados de metodologia
e coleta de dados. É importante ressaltar que esta interpretação aconteceu de forma
flexível, visto que área de moda é uma área nova.
Com estas interpretações criou-se um campo na tabela que classifica o nível
de informação no artigo sobre a metodologia. Em alguns casos o estudo não
mencionava nada sobre metodologia, em alguns casos abordava de forma
superficial apresentando um ou dois dados no resumo ou na introdução. Outros
abordavam a metodologia de forma mais detalhada, fornecendo mais dados sobre a
metodologia, um resumo mais completo e em alguns casos até apresentavam uma
seção de metodologia.
A etapa seguinte engloba a correção e o ajuste no formato dos dados. No
caso do software escolhido, foi necessário realizar codificações substituindo dados
por códigos numéricos, e em alguns casos por palavras. Estas substituições são
feitas conforme a tarefa e a técnica de mineração escolhidas dentro do software.
46
4.3.2 Mineração de dados, utilizando RapidMiner
Como já foi apresentado no capítulo sobre a Descoberta de Conhecimento
em Base de dados, há muitas tarefas de mineração de dados, e o número de
possibilidades de técnicas é praticamente infinito. Devido ao tempo para realizar a
pesquisa optou-se pelas tarefas e técnicas mais tradicionais.
Foram usadas a tarefa de Associação com a técnica de Regras de
Associação, e a tarefa de Clusterização com a técnica de K-Means, já apresentados
no capítulo três. Para iniciar ambas as opções de tarefas foram similares, os dados
foram salvos na extensão CSV, importados para o software RapidMiner. Seleciona-
se a tarefa, o leitor de dados e importa-se a planilha de dados.
Figura 6: Software, escolhendo tarefa e técnica
Fonte: Elaborado pela autora
No caso da Clusterização, utilizando K-Means, os dados devem apresentar-se
como inteiros, conforme figura a seguir.
47
Figura 7: Dados no software usando cluesterização
Fonte: Elaborado pela autora
A partir dos dados o programa gera uma opção de gráfico, neste caso
optamos pelo gráfico 3D colorido, e selecionamos um tipo de dado para cada eixo.
Neste caso os eixos x, y, z. No exemplo foram selecionados os periódicos para X, o
método de pesquisa utilizado para Y e abordagem de metodologia científica para Z.
E a cor foi selecionada para periódicos, no caso são três tipos.
48
Figura 8: Exemplo de gráfico, periódicos
Fonte: Elaborado pela autora
No gráficos a seguir, a cor foi marcada para método de pesquisa utilizado,
que foram onze encontrados nos artigos: Pesquisa Histórica, Pesquisa Bibliográfica,
Estudo de Caso, Pesquisa Reflexiva (neste caso artigos de Reflexão), Dissertação
Projeto, Estudo Comparativo, Revisão Sistemática, Pesquisa-ação, Survey, Pré-
experiemento e Estudo de Caso somado a pesquisa Histórica.
49
Figura 9: Exemplo de gráfico, métodos de pesquisa
Fonte: Elaborado pela autora
Neste caso, foi marcado cor para o nível de abordagem científica, que são
três: não aborda, aborda superficialmente e aborda detalhadamente.
Figura 10: Exemplo de gráfico, abordagem científica
Fonte: Elaborado pela autora
50
Já a utilização da Associação por Regras trabalha com dados binários. Neste
caso utilizamos 0 e 1 para codificar os dados. Foi necessário um novo tipo de
planilha de dados, na qual cada linha representa um tipo de transação. No caso
desta pesquisa cada linha representa uma publicação, e cada coluna um
item/atributo.
No caso das regras por associações foi utilizado um filtro, desta forma pode-
se analisar todas as revistas em conjunto ou se fazer análises individuais de cada
revista.
Figura 11: Regras por associação utilizando softwar e
Fonte: Elaborado pela autora
Neste tipo de análise há opção de gerar um gráfico e de se fazer leitura e
interpretação das regras. Foi descartada a opção do uso do gráfico gerado no
programa por resultar em um gráfico com muitas informações no caso destas
análises. A partir das leituras e interpretações das regras somadas as informações
obtidas através de estatística descritiva foram gerados outros gráficos em um
software gráfico.
51
Figura 12: Gráfico gerado por regras de associações no software
Fonte: Elaborado pela autora
As leituras das regras podem ser feitas através da tela de texto, ou da tela de
tabela. Foi utilizada a tela de tabela, pois ela fornece entre outras informações o
valor de suporte de confiança. Valores importantes para análise de regras por
associação como já foi mencionado no capítulo de mineração de dados.
Figura 13: Planilha análise de regras
Fonte: Elaborado pela autora
52
No caso um suporte e uma confiança com valores altos são bons, mas não
somente isso, o número de dados na premissa e na conclusão também deve ser
maior, caso contrário acaba gerando regras simples, até mesmo óbvias.
4.3.3 Pós-processamento
Nesta etapa optou-se por fazer a simplificação e redesenho de alguns
gráficos. Desta forma eles ficaram mais claros apresentando os dados com seus
nomes, não somente com dados numéricos. Também foi utilizada Estatística
Descritiva com auxílio do excell, gerando assim dados quantitativos para alguns
pontos que eram relevantes.
4.3.4 Desenho de pesquisa
Alguns pontos do pré-projeto, foram aprimorados com sugestões da banca de
qualificação. A etapa da coleta de dados foi bastante trabalhosa, onde despendeu
bastante tempo, assim como a categorização e codificação dos dados.
Foi necessário criar uma planilha principal de dados, a qual continha todos os
dados. Apartir desta criar novas planilhas, adapatando-as conforme o tipo de
análise, ferramenta ou técnica que seria utilizada na mineração de dados. As
estatísticas descritivas foram desenvolvidas com axílio de excell, e também se
utilizou uma planilha específica.
Quanto à metodologia de pesquisa utilizada neste trabalho, foi bastante
adequada, também poderia se usar outras técnicas diferentes da Mineração de
Dados, pois esta exige um volume muito grande de dados e neste caso foram
analisados 224 artigos com maior profundidade. No entanto percebeu-se que a
mineração de dados é uma técnica que pode ser empregada neste tipo de estudo, e
oferce uma variedade grande de ferramentas. Para futuros trabalhos pode-se sugerir
a aplicação de outras tarefas e técnicas presentes na mineração de dados. Neste
caso infelizmente, por questão de tempo não foi possível testar e utilizar outras.
53
Figura 14: Desenho de Pesquisa
Fonte: Elaborado pela autora
A seguir a análise e discussão dos dados com auxílio dos gráficos gerados.
54
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
As análises estão divididas entre três grupos: análise geral para contagem de
artigos, análise dos artigos de moda, onde foram analisados todos os artigos de
moda de todas as revistas juntas, e por fim, as análises por periódico.
5.1 ANÁLISES DE ARTIGOS GERAIS
No total foram verificados 275 artigos, somando os artigos de todos os
periódicos. Destes, 50 artigos eram de áreas correlatas, ou seja, não eram ligados
diretamente á moda. Um artigo foi desconsiderado, pois não estava no formato de
artigo científico.
A seguir, no primeiro gráfico podemos observar que os três periódicos estão
unidos pelo nó central que é a classificação de artigos de moda. É visível o grande
volume de artigos que se enquadram na área. Na parte superior, o nó de área
correlata liga um pequeno número de artigos ao periódico Modapalavra, este
publicado pela UDESC.
Em seguida o periódico Dobras publicado pela Estação das Letras e Cores, e
por fim podemos observar que o periódico IARA apresenta um maior número de
artigos de áreas correlatas. Este periódico é publicado pelo SENAC-SP, e o seu
nome completo é IARA – Revista de moda, cultura e arte. Em relação aos outros
periódicos ele é mais aberto a publicações de áreas correlatas.
55
Gráfico 1: Artigos de moda e áreas correlatas
Fonte: Elaborado pela autora
Todos os periódicos publicam artigos de áreas correlatas, sendo que a
Modapalavra tem um total de 7 artigos, a Dobras tem 20 e a IARA tem 23 artigos de
áreas correlatas.
Conforme proposta inicial do trabalho, foram analisados somente os artigos
de moda, que somaram 224 artigos divididos da seguinte forma:
56
Gráfico 2: Artigos de moda por revista
Fonte: Elaborado pela autora
Um dos pontos mais relevantes para esta pesquisa é a parte de metodologia
de pesquisa, por se tratar de uma trabalho voltado para epistemologia do design de
moda. Como já foi mencionado no capítulo da coleta de dados criou-se uma
classificação para abordagem científica, que resultou 167 artigos que não
mencionam metodologia, 30 que mencionam a metodologia, porém não dão
informações completas e 27 artigos que mencionam a metodologia detalhadamente.
O periódico que mais utilizou detalhadamente metodologias de pesquisa foi o
Modapalavra, na contagem da abordagem superficial este mesmo periódico também
se destacou, e na contagem dos que não abordavam metodologias os números
foram similares entre os três periódicos.
57
Gráfico 3: Abordagem de metodologia científica
Fonte: Elaborado pela autora
No gráfico 4, pode-se verificar os 11 métodos de pesquisas utilizados nos
artigos. Em uma análise geral os mais utilizados foram: Pesquisa Bibliográfica,
seguido de Pesquisa Histórica, Estudos de Caso e Dissertação Projeto
respectivamente. As análises por periódicos serão apresentadas após as análises
gerais. O periódico Modapalavra é o que possui mais tipos diferentes de métodos, 9,
seguido do Dobras com 8, e da Iara com 7.
58
Gráfico 4: Métodos de pesquisa
Fonte: Elaborado pela autora Em análise geral, as categorias mais pesquisadas nos periódicos foram:
História da Moda, Moda e Sociedade, Consumo de moda, Moda e arte, Ensino de
Moda e Marketing de Moda.
59
Gráfico 5: Categorias mais pesquisadas
Fonte: Elaborado pela autora No apêndice 1 pode-se verificar os métodos e as categorias, quais as
temáticas que são abordadas com o uso de determinados métodos de pesquisa.
Percebe-se que há menos temas de abordagem técnica, como modelagem ou
estamparia. Os temas técnicos aparecem, porém em número bem mais reduzido se
comparado à temas mais voltados para questões sociais ou de consumo por
exemplo.
Em análise de tempo e método de pesquisa, no gráfico a seguir, é possível
observar que nos métodos mais utilizados, Pesquisa Bibliográfica, Pesquisa
Histórica e Estudo de caso, há um crescimento brusco destes tipos de publicações,
chegam no seu âpice e começam a decrescer.
60
Gráfico 6: Métodos de pesquisa por ano
Fonte: Elaborado pela autora
61
Já no gráfico 7, se visualiza a relação de tempo e quantidade de artigos
publicados. A Revista que mais tem artigos publicados de moda é a Modapalavra,
no entanto não é a mais antiga. O periódicos mais antigo é o Dobras, porém não
houveram publicações no ano de 2011. Já o periódico IARA tem um número de
publicações em relação ao tempo similar ao Modapalavra, porém começa a reduzir
suas publicações a partir de 2010.
Gráfico 7: Publicações em relação ao tempo
Fonte: Elaborado pela autora
Sobre as Instituições de Ensino, no gráfico 8 pode-se verificar quais são as
que mais tem publicações. Muitas não tem a instituição identificada, mas no caso
das que estão identificadas UDESC, PUC-SP, UFSC e SENAC-SP são as que tem
maior número de publicações.
62
Gráfico 8: Instituições de ensino que mais publicar am
Fonte: Elaborado pela autora
No gráfico do gráficos 9, é possível visualizar as instituições que publicam em
cada revista, ou que publicam em mais de uma, ou até mesmo nas três como é o
caso da USP. A UDESC tem um grande número de publicações, porém está
somente na Modapalavra, periódico pertencente à instituição. Há um grande número
de instituições que se divide entre dois periódicos.
Senac-SP tem um número significativo de publicações na IARA, mas também
publicou na Modapalavra. Assim como a PUC-SP que tem um volume de artigos na
Dobras, e também publica na IARA.
63
Gráfico 9: Instituições que mais publicaram em cada revista
Fonte: Elaborado pela autora
Os métodos de coletas de dados mais utilizados conforme o gráfico 10, foram
Coleta bibliográfica, Análise de fotografia, Manufatura/Resultados (neste caso são
projetos de design que geram um produto, protótipo ou modelo ao final do trabalho),
Análise de conteúdo e Análise documental, Entrevistas e Observação.
Nestas análises podemos verificar um panorama geral dos três periódicos
unidos, no próximo sub capítulo teremos as análises individuais de cada revista,
podendo assim gerar uma comparação entre elas.
64
Gráfico 10: Métodos de coletas mais utilizados
Fonte: Elaborado pela autora
No gráfico 11 é possível visualizar os métodos de pesquisa e suas
respectivas coletas de dados. Como já era esperado, o grande número de
Pesquisas Bibliográficas utilizam na maioria da vezes a coleta puramente
bibliográfica. Em alguns casos também são utilizadas outros tipos de coletas, há um
número significativo de pesquisas Bibliográficas que utilizam Análise documental ou
Análise de conteúdo.
As análises fotográficas são utilizadas mais em Estudos de Caso e
Pesquisas Históricas. Já Manufatura/Resultados estão relacionadas com
Dissertação Projeto e Pesquisa-ação.
É possível notar neste gráfico também que o tipo de pesquisa Survey
encontra-se isolado, apresentando somente 3 casos de coletas de dados, sendo
elas: entrevistas fechadas, Análise de conteúdo combinada com Entrevistas semi-
estruturadas e Observação combinada com Entrevistas fechadas.
65
Gráfico 11: Métodos de pesquisa e coleta
Fonte: Elaborado pela autora
66
No gráfico 12 é visível a grande quantidade de artigos de caráter puramente
qualitativo dos três periódicos, porém percebe-se que além destes, a revista
Modapalavra possui quatro artigos de caráter qualitativo/quantitativo e dois
quantitativo, já a IARA possui dois quantitativos e um qualitativo/quantitativo e a
Dobras dois qualitativos/quantitativos.
Os trabalhos de caráter quantitativo pertenciam as seguintes categorias:
Epistemologia do design de moda, Ensino de moda e Indústria da moda em conjunto
com Ergonomia na moda.
Gráfico 12: Caráter das pesquisas
Fonte: Elaborado pela autora
67
Conforme figura 15 , pode se visualizar a regra na linha 455. Esta regra afirma
que 99,5 das pesquisas que não abordam metodologia de pesquisa, também são de
caráter qualitativo, e esta regra ocorre em 74% de todos artigos analisados. Neste
caso juntando todos os artigos de todas as revistas. Esta regra reforça a ideia do
gráfico 3 e 11.
Figura 15: Regras gerais de todos os periódicos
Fonte: Elaborado pela autora
E na linha 467, podemos verificar a regra mostra que 100% dos artigos que não
abordam metodologia e utilizam coleta bibliográfica são de caráter qualitativo, esta
regra aparece em 38% de todos artigos que estão na base de dados, estes somam
224 artigos.
Visualizando o gráfico do apêndice 3, somente dezenove instituições que
foram identificadas, abordam a metodologia de pesquisa científica de forma
detalhada. Sendo que destas dezenove, quatro são uniões de uma ou mais
instituições que publicaram trabalhos juntas. Quatro destas dezenove também
possuem trabalhos que não abordam metodologia de pesquisa, e outras cinco
também possuem trabalhos de abordagem superficial.
68
5.2 ANÁLISES POR PERIÓDICOS
Neste sub capítulo serão apresentados os resultados dos perfis de cada
periódico, discutindo suas similaridades e diferenças.
No quisito Métodos de pesquisa, como podemos observar nos gráficos 13, 14
e 15, os três periódicos são bem similares, trabalham mais com artigos de Pesquisa
Bibliográfica, Pesquisa Histórica e Estudo de Caso. Um ponto observado é que
diferente das outras duas revistas, a Modapalavra também trabalha com um número
significativo de Dissertações Projeto.
Gráfico 13: Métodos de Pesquisa Dobras
Fonte: Elaborado pela autora
69
Gráfico 14: Métodos de Pesquisa IARA
Fonte: Elaborado pela autora
Gráfico 15: Métodos de Pesquisa Modapalavra
Fonte: Elaborado pela autora
A respeito da abordagem científica detalhada, podemos verificar a partir dos
gráficos 16, 17 e 18 que a Dobras apresenta abordagem científica detalhada apenas
em um Estudo de Caso. Já a IARA apresenta em dois Estudos de Caso e duas
Pesquisas Bibliográficas. E por fim, a Modapalavra apresenta abordagem de
70
metodologia científica detalhada dividida em vinte e dois trabalhos, os quais se
enquadram nos seguintes métodos: Pesquisa Bibliográfica, Estudo de Caso, Estudo
comparativo, Pesquisa Reflexiva, Dissertação Projeto, Survey e Pré-Experimento.
Ou seja, o periódico Modapalavra varia mais tipos de métodos de pesquisa dentro
de artigos que detalham bem a metodologia, em relação aos outros dois periódicos.
Há três métodos que são explorados somente em uma revista, é o caso da
Revisão Sistemática que aparece somente na IARA, Survey e Pré-experimento que
aparecem somente na Modapalavra.
Gráfico 16: Abordagem de metodologia e métodos de p esquisa Dobras
Fonte: Elaborado pela autora
71
Gráfico 17: Abordagem de metodologia e métodos de p esquisa IARA
Fonte: Elaborado pela autora
72
Gráfico 18: Abordagem de metodologia e métodos de p esquisa Modapalavra
Fonte: Elaborado pela autora
Na figura 16 observam-se algumas regras presentes na revista IARA. Estas
regras são colocadas a partir dos valores de suporte e confiança, já citados no
capítulo de mineração de dados. Pode-se verificar que 97% dos artigos presentes na
revista IARA são de caráter qualitativo, e que 85% dos artigos publicados pela
revista não apresentam metodologia de pesquisa.
86% dos artigos qualitativos da revista Iara, implicam em artigos que não
abordam metodologia de pesquisa, esta regra ocorre em 83% dos artigos na base
de dados da revista IARA, que somam 60 artigos.
73
Figura 16: Regras na IARA associando caráter e abor dagem de metodologia
Fonte: Elaborado pela autora
Pode-se verificar no gráfico 19 as Instituições que mais publicaram artigos em
cada periódico. Desconsiderando as instituições que não foram possíveis de serem
identificadas a PUC-SP foi a que mais teve publicações na Dobras. O SENAC-SP foi
a que mais publicou na IARA e a UDESC tem o maior número de publicações da
Modapalavra. Fator que provavelmente ocasiona estes dois últimos resultados, é
que as revistas pertencem às respectivas instituições.
Gráfico 19: IES que mais publicaram na DOBRAS
Fonte: Elaborado pela autora
74
Gráfico 20: IES que mais publicaram na IARA
Fonte: Elaborado pela autora
Gráfico 21: IES que mais publicaram na Modapalavra
Fonte: Elaborado pela autora
Nos apêndices 4, 5 e 6 respectivamente, pode-se verificar que a PUC-SP,
instituição que mais tem artigos na Dobras, utilizou Pesquisa Bibliográfica, Pesquisa
História e Estudo de Caso. No caso do SENAC-SP que mais publicou na IARA,
foram utilizados métodos de Pesquisa Bibliográfica, Estudo de Caso, Estudo
Comparativo, Pesquisa Histórica e Revisão Sistemática. A UDESC, que publicou
75
mais na Modapalavra utilizou as seguintes pesquisas: Pesquisa Bibliográfica,
Pesquisa Histórica, Pesquisa Reflexiva, Estudo de Caso e Dissertação Projeto.
Nos três casos, as intituições que mais publicaram artigos tem em comum os
métodos de Pesquisa Bibliográfica, Pesquisa Histórica e Estudo de Caso.
No periódico Dobras somente uma instituição de ensino aborda
detalhadamento a metodologia de pesquisa, a FBV-PE. A UCS e a PUC-SP em
conjunto com a PUC-PR fazem uma abordagem superficial como podemos ver no
gráfico 21.
Gráfico 22: Abordagem científica das IE na Dobras
Fonte: Elaborado pela autora
76
Na revista IARA, são três as instituições que abordam detalhadamente a
metodologia de pesquisa, no caso são UFMT, USP e Universidade Católica do
Sagrado Coração. As instituições que abordam a metodologia superficialmente
neste periódico são UFG, UFRGS em conjunto com UniRitter, UnB em conjunto com
IFITEG, UFSC e SENAC-SP.
Gráfico 23: Abordagem científica das IE na IARA
Fonte: Elaborado pela autora
No periódico Modapalavra, há uma número maior de instituições quem fazem
uma abordagem detalhada da metodologia, são elas: Anhembi Morumbi, UFMA,
IDSC, Feevale, UDESC, UDESC em conjunto com a UFSC, Univali, Instituto Secoli,
Unochapecó, Unesp em conjunto com UFSC, Senai-SC em conjutnto com UFSC,
Udesc em conjunto com UFSC e PUC-RIO. Com abordagem superficial são:
77
Catolica-SC, USP, SENAC-SP, UNISUL, UTFPR, UFSM, UFRPE, UDESC,
UniRitter, SENAC em conjunto com FATEC e PUC-RIO em conjunto com UDESC.
Gráfico 24: Abordagem científica das IE na Modapala vra
Fonte: Elaborado pela autora
Destas instituições que apresentam uma abordagem detalhada ou superficial
de metodologia, não há nenhuma em comum entre as três revistas. Nestas
condições, somente nas revistas IARA e Modapalavra há duas instituições em
comum: SENAC-SP eu a UFRGS em conjunto com UniRItter. A UFSC também
78
aparece nestas duas revistas, porém ela está como instituição única na IARA, e na
Modapalavra ela aparece em conjunto com outras instituições.
Sobre a coleta de dados, a partir dos gráficos 25, 26 e 27 é possível afirmar
que a coleta bibliográfica e análise de fotografia estão entre os três tipos de coletas
mais utilizados nos três periódicos.
E a análise de conteúdo é um ponto em comum entre a Revista Dobras e a
Modapalavra.
Gráfico 25: Coleta de dados Dobras
Fonte: Elaborado pela autora
79
Gráfico 26: Coleta de dados IARA
Fonte: Elaborado pela autora
Gráfico 27: Coleta de dados Modapalavra
Fonte: Elaborado pela autora
Conforme apêndices 7, 8 e 9 pode-se observar que Manufatura/Resultados
aparece na Dobras somente em dissertação projeto, na Modapalavra aparece
também em casos de dissertação projeto e em pesquisa-ação.
80
Na figura 17 é possível verificar a seguinte regra com base no suporte e
confiança: 100% dos artigos que não abordam metodologia de pesquisa e utilizam
coleta bibliográfica, implicam em artigos de caráter qualitativo. Esta regra ocorre
53% das vezes no total de artigos analisados deste periódico, que são 62 artigos.
Figura 17: Regras revista dobras
Fonte: Elaborado pela autora
Na figura 18, observa-se algumas regras presentes na revista IARA. Pode-se
afirmar que 95,5% dos artigos que são de pesquisas bibliográficas e utilizam
somente coleta bibliográfica, implicam em artigos que não abordam metodologia de
pesquisa. Está regra acontece em 35% dos artigos cadastrados na base de dados
da IARA, somando 60 artigos.
Outra regra presente é que 31% dos artigos de caráter qualitativo implicam
em artigos que abordam a categoria Moda e sociedade, está regra ocorre em 30%
dos artigos da revista IARA.
81
Figura 18: Regras na revista IARA
Fonte: Elaborado pela autora
Na figura 19 verifica-se algumas regras a partir da revista Modapalavra. 21%
dos artigos não aborda metodologia de pesquisa, são pesquisas bibliográfica e
utilizam somente coleta bibliográfica.
100% dos artigos de História da moda, implicam em artigos qualitativos, esta
regra se aplica a 17,6% dos artigos na base de dados desta revista, que soma 102
artigos.
82
Figura 19: Regras na revista Modapalavra
Fonte: Elaborado pela autora
Analisando os gráficos 28, 29 e 30 pode se afirmar que as categorias que
fazem parte simultaneamente do perfil da Revista Dobras e da Modapalavra são:
História da moda, Consumo de moda e Moda e sociedade.
Já a revista IARA aborda artigos com categorias mescladas na maioria das
vezes, unindo assuntos. Ensino de moda e Moda e sustentabilidade são categorias
que estão entre as mais pesquisadas no periódico Modapalvra, no entanto não estão
entre os mais abordados nas outras duas revistas.
83
Gráfico 28: Categorias mais pesquisadas na Dobras
Fonte: Elaborado pela autora
Gráfico 29: Categorias mais pesquisadas na IARA
Fonte: Elaborado pela autora
84
Gráfico 30: Categorias mais pesquisadas na Modapala vra
Fonte: Elaborado pela autora
Neste caso as categorias combinadas formavam uma nova categoria,
pondendo haver vezes em que uma determinada categoria apareceria mais,
somando as vezes que aparece sozinha e acompanhada de outras categorias.
Diferente do que ocorre na análise a seguir, onde as categorias foram verificadas
isoladamente mesmo que ela apareça combinada com outras.
No periódico Dobras as categorias mais pesquisadas foram, História da
moda, Moda e Sociedade, Semiótica na Moda, Cosumo de moda, Moda e Arte e
História da moda no Brasil respectivamente. Foram consideradas categorias que
apareceram acima de 9%. Comparando com o gráfico 28 existe uma similaridade
entre as categorias, porém há uma mudança de ordem e aparecimento de outras
categorias que não estavam entre as quatro primeiras do gráfico 28. Isso ocorre,
pois nesta análise as categorias estão separadas, e na análise do gráfico 28, nos
casos de artigos que abordavam mais de uma categoria, as categorias estavam
agrupadas.
85
Figura 20: Regras de categorias da Revista Dobras
Fonte: Elaborado pela autora
Podemos observar a seguinte regra presente nesta figura 20 referente a
Dobras, 24, 33% dos artigos que são de Moda e Arte, também possuem a categoria
de História da moda. Está regra ocorre em 32% dos artigos presentes na revista
Dobras, que totalizam 62 artigos.
Outra regra com valores idênticos, porém categorias diferentes se encontra
na linha 32. 33% dos artigos de Moda e arte, também são de Semiótica na moda, e
esta regra acontece em 32% dos artigos cadastrados na Dobras.
No gráfico 31 pode-se visualizar as categorias mais pesquisadas no periódico
Dobras. O gráfico foi gerado apartir dos dados das regras da figura 19, de modo que
estão sendo analisadas as quantidades de vezes que cada uma aparece, seja
isolada ou agrupada. O que realmente conta neste caso é quanto ela aparece.
86
Gráfico 31: Categorias mais pesquisadas a partir da s regras na Revista Dobras
Fonte: Elaborado pela autora
Na figura 21, podemos ver uma regra deste mesmo periódico que associa
caráter e categoria das pesquisas. 100% dos artigos qualitativos e que abordam a
categoria história da moda, implicam em artigos que não apresentam metodologia
de pesquisa. Esta regra ocorre em 24% dos artigos cadastrados na base de dados
da revista Dobras, que somam 61 artigos.
Figura 21: Regra de caráter e categoria revista Dob ras
Fonte: Elaborado pela autora
87
Sobre o periódico IARA, podemos observar que as categorias mais
pesquisadas são Moda e sociedade, Moda e cultura, Moda e arte, Consumo de
moda e História da moda. Se comparado ao gráfico 29, as categorias são bem
similares, porém como este periódico trabalha com um número significativo de
categorias mescladas não se tinha uma ideia clara de quais realmente eram as que
apareceiam mais. Sejam elas sozinhas ou agrupadas. No gráfico 29, Moda e
sociedade apareceu três vezes, em cada uma destas vezes ela era uma categoria
diferente.
Tratando-se deste periódico que aborda artigos de moda, arte e cultura, estas
posições das categorias realmente fazem sentido.
Figura 22: Regras de categorias da Revista IARA
Fonte: Elaborado pela autora
Ainda dentro da revista Iara, verifica-se regras que mostram a ocorrência de
união entre categorias. Por exemplo, na linha 85, 54% do artigos que falam de
consumo de moda, também falam de moda e sociedade, e esta regra ocorre em
10% do total de artigos deste periódico, que são 60 artigos.
Na linha 116 há outra regra que confirma isso, 100% dos artigo desta revista
são de Moda e sociedada e Consumo de moda, e esta regra acontece em 10% dos
artigos cadastrados nesta revista.
88
Uma caso de regra onde a confiança é alta, mas o suporte baixo, é o caso da
linha 58. 45,5% dos artigos de Moda e arte, também são de Moda e Cultura nesta
revista, porém esta regra se aplica somente em 8,3% do total de artigos.
No gráfico 32 verifica-se as categorias mais pesquisadas no periódico Iara. O
gráfico foi gerado apartir dos dados das regras da figura 21, de modo que estão
sendo analisadas as quantidades de vezes que cada uma aparece, seja isolada ou
em conjunto, o que realmente conta neste caso é quantas vezes ela aparece.
Gráfico 32: Categorias mais pesquisadas a partir da s regras na Revista IARA
Fonte: Elaborado pela autora
Fazendo este mesmo tipo de análise para o periódico Modapalavra, as
categorias mais pesquisadas são: História da Moda, Ensino de Moda, Moda e
Sociedade, Marketing de moda, Projeto de Moda, Moda e Sustentabilidade e
Consumo de Moda. Comparando os resultado com o gráfico 30, as categorias são
bem similares, confirmando a análise feita no mesmo.
89
Figura 23: Regras de categorias da Revista Modapala vra
Fonte: Elaborado pela autora
Analisando algumas categorias que aprarecem unidas, pode-se observar a
regra na linha 53, que afirma que 54,5% dos artigos de Projeto de Moda, também
tratam de Ensino de moda. Esta regra acontece em 6% dos artigos cadastrados na
revista Modapalavra, que somam 102 artigos.
Na linha 37, 42% dos artigos que tratam Moda e sociedade, também tratam
de História da moda, e esta regra ocorre em 5% dos artigos cadastrados nesta
revista.
No gráfico 33 observa-se as categorias mais pesquisadas no periódico
Modapalvra. Este gráfico foi gerado apartir dos dados das regras da figura 22, assim
estão sendo analisadas as quantidades de vezes que cada categoria aparece, seja
isolada ou agrupada com outras, o que realmente conta neste caso é quanto ela
aparece.
90
Gráfico 33: Categorias mais pesquisadas a partir d as regras na Revista Modapalavra
Fonte: Elaborado pela autora
No apêndice 10 pode-se verificar que a Revista Dobras aborda
detalhadamente a metodologia de pesquisa somente em um artigo pertencente a
categoria Moda e consumo, e faz uma abordagems superficial de metodologia em
um trabalho que pertence a uma combinação entre Ensino de moda e Moda e
sustentabilidade.
Já no períodico IARA, no apêndice 11, observa-se que a revista traz quatro
combinações de categorias com abordagem detalhada de metodologia, duas
categorias e três combinações de categorias com abordagem superficil.
No gráfico do apêndice 12, o periódico Modapalavra traz oito categorias e 10
combinações de categorias com abordagem detalhada de metodologia de pesquisa.
E abordando superficialmente a metodologia de pesquisa apresenta treze categorias
e nove combinações de categoria.
Na análise a seguir, foram desconsiderados casos de instituições e categorias
temáticas que apareceiam somente uma vez, isoladamente de outras instituições ou
categorias. No gráfico 34, pode-se afirmar que a PUC-SP é a instituição que
abordou o maior número de categorias temáticas neste periódico, e que consumo de
91
moda foi a categorias abordada por um número maior de instituições diferentes.
Também pode-se observer que Anhembi Morumbi trabalhou com categorias
próximas, assim como a UERJ.
92
Gráfico 34: IE e categorias temáticas na Dobras
Fonte: Elaborado pela autora
93
No gráfico 35, verifica-se que no periódico IARA o Senac-SP foi a instituição
com maior número de categorias temtáticas abordadas, e a categoria mais abordada
foi a combinação entre Moda e sociedade e Consumo de moda. Percebe-se também
que UFMT trabalha com categorias próximas, assim como a UFC.
Gráfico 35: IE e categorias temáticas na IARA
Fonte: Elaborado pela autora
94
A revista Modapalavra, apresenta no gráfico 36 a UDESC como instituição
com maior número de categorias distintas. As categorias que foram abordadas por
um maior número de instituições diferentes foram Ensino de Moda e História da
Moda. Nota-se que a Unirriter trabalha com algumas categorias temáticas próximas,
como também a UFSC.
Gráfico 36: IE e categorias temáticas na Modapalavr a
Fonte: Elaborado pela autora
95
Verifica-se que não há uma predominância de categoria temática que tenha
sido pesquisada por um número maior de instituições em todas as revistas, mas é
possível fazer esta verificação de cada revista, individualmente. Nos caso em que
determinada instituição aborda categorias temáticas próximas há possibilidade de
trabalho de linha de pesquisa pela instituição.
96
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Retomando os objetivos iniciais desta pesquisa, pode-se considerar que
foram plenamente atigidos. Através dos dados verificados e de todos os resultados
gerados obteve-se um panorama geral da pesquisa do design de moda em
periódicos nacionais, específicos da área.
Obteve-se um grande número de categorias temáticas, porém há uma grande
concentração de pesquisas nos mesmo temas, Moda sociedade e História da Moda.
Apesar de estas serem categorias amplas, que podem abordar uma diversidade de
assuntos dentro destes temas. Nota-se que temas mais técnicos de moda não são
abordados com muita frequência no caso deste período e destes periódicos
analisados.
Sobre as intituições com maior número de publicações, a UDESC lidera as
instituições com mais artigos publicados, seguida da PUC-SP e da UFSC.
Lembrando que esta contagem é feita apartir de publicações somente de uma
determinada instituição, e não de instituições agrupadas a outras intituições.
Percebe-se que duas destas instituições são do mesmo estado, e que pertencem a
uma região de indústria têxtil muito forte. Reforçando a idéia de Pires(2002) no
capítulo 2, de que um dos motivos para o sugimento dos primeiros cursos de Moda
seria a necessidade de mão de obra qualificada. Com isso podemos ver, que há
uma possibilidade destas regiões não somente formarem profissionais para o
mercado e indústria, mas também resultar em pesquisadores.
A não abordagem de metodologia ficou evidente, existe um número muito
significativo de artigos que não abordam métodos de pesquisa e coleta de dados.
Quanto aos métodos, a maioria das pesquisas é predominantemente Pesquisa
Bibliográfica, tendo uma pequena variação para Estudo de Caso. A coleta também é
pouco variada pelo grande número de publicações, predomina a Coleta puramente
Bibliográfica e a Análise de fotografia também pode ser considerada recorrente.
Com essas informações, já se esperava um grande número de pesquisas de
caráter qualitativo, porém não se pode deixar de destacar que de fato há poucos
artigos que tratam dados quantitaivos.
97
As análises dos resultados foram bastante favoráveis, pois foram gerados
diversos gráficos e planilhas a partir dos dados coletados. E muitos destes gráficos e
resultados foram importantes para a pesquisa. Além do panorama geral da
espistemologia em design de moda, também foi possível construir um perfil de
tendência de cada periódico, através dos resultados obtidos.
Quadro 3: Perfil Dobras
Perfil Revista Dobras
Categorias mais pesquisadas: História da Moda, Moda e Sociedade e Semiótica na Moda
IE com mais publicações: PUC-SP e UFRJ
Métodos de pesquisa mais
utilizados:
Pesquisas Bibliográficas, Pesquisas Históricas e Estudos de
Caso
Coleta de dados mais
utilizadas:
Coletas Bibliográficas, Análise de Fotografias e Análise de
Conteúdo
Observações: Dos três periódicos analisados é a que menos aborda
metodologia de pesquisa. Possui um número muito pequeno de
pesquisas Qualitativas/Quantitativas, e não possui pesquisas
quantitativas
Fonte: Elaborado pela autora
No caso da revista Dobras, trata-se da revista mais antiga, dos três
periódicos, é o que menos aborda metodologia de pesquisa e apresenta
principalmente Pesquisas Bibliográficas, Pesquisas Históricas e Estudos de Caso.
As instituições que mais tem publicações neste periódico são PUC-SP e UFRJ.
Apresenta mais Coletas Bibliográficas, Análise de Fotografias e Análise de
Conteúdo. As categorias temáticas com maior ocorrência neste periódico são
História da Moda, Moda e Sociedade e Semiótica na Moda. A maioria das pesquisas
são de caráter puramente qualitatvo. Possui um número muito pequeno de
pesquisas Qualitativas/Quantitativas, e não possui pesquisas quantitativas
98
Quadro 4: Perfil IARA
Perfil Revista IARA: Revista de moda, cultura e art e
Categorias mais pesquisadas: Moda e Sociedade, Moda e Cultura e Moda e arte
IE com mais publicações: SENAC-SP e UFC
Métodos de pesquisa mais
utilizados:
Bibliográficas, Estudos de Caso e Pesquisas Históricas
Coleta de dados mais
utilizadas:
Coleta Bibliográfica, Análise doctumental e Análise de Fotografia
Observações: Possui alguns artigos mais isolados que abordam metodologia.
É o periódico com maior número de artigos de áreas correlatas,
visto que aborda os seguintes temas já em seu título: moda, arte
e cultura.
Fonte: Elaborado pela autora
A Revista IARA é o periódico com maior número de artigos de áreas
correlatas, visto que aborda os seguintes temas já em seu título: moda, arte e
cultura. Também tem uma grande quantidade de artigos que não abordam
metodologia de pesquisa, mas possui alguns artigos mais isolados que abordam.
Assim como periódico Dobras os métodos de pesquisas que mais aparecem na
IARA são Pesquisas Bibliográficas, Estudos de Caso e Pesquisas Históricas, nesta
ordem. Intituições com maior número de artigos publicados são SENAC-SP e UFC.
Já se esperava o aparecimento do SENAC-SP como uma das instituições que mais
publica, pois a revista pertence a instituição. As coletas mais utilizadas são Coleta
Bibliográfica, Análise doctumental e Análise de Fotografia. Categorias temáticas
mais pesquisadas foram Moda e Sociedade, Moda e Cultura e Moda e arte, o que
indica que as temáticas estão alinhadas ao que o periódico se propõe.
99
Quadro 5: Perfil Modapalavra
Perfil Revista Modapalavra
Categorias mais pesquisadas: História da Moda, Ensino de Moda e Moda e Sociedade
IE com mais publicações: UDESC e UFSC
Métodos de pesquisa mais
utilizados:
Pesquisa Bibliográfica, Pesquisa Histórica e Dissertação Projeto
Coleta de dados mais
utilizadas:
Coleta Bibliográfica, Análise de Fotografia e
Manufatura/Resultados.
Observações: Possui mais artigos com abordagem de metodologia de
pesquisa. Apesar da maioria das publicações serem de caráter
qualitativo. o periódico também traz pesquisas quantitativas e
qualitativas/quantitativas.
Fonte: Elaborado pela autora
No caso da Modapalavra, o perfil do periódico apresenta-se da seguinte
forma, é o que menos tem artigos de áreas correlatas e possui o maior número de
publicações relacionadas diretamente com a moda. Se comparado aos outros dois
periódicos é o que mais traz abordagem de metodologia de pesquisa. Apesar da
maioria das publicações serem de caráter qualitativo também traz pesquisas
quantitativas e qualitativas/quantitativas. Os métodos de pesquisa mais utilizados
são Pesquisa Bibliográfica, Pesquisa Histórica e Dissertação Projeto. UDESC e
UFSC são as isntituições que mais publicaram, devemos levar em consideração que
o periódico é publicado pela UDESC e as duas instituições se encontram na mesma
região. Na parte de coleta de dados a revista trabalha mais com Coleta Bibliográfica,
Análise de Fotografia e Manufatura/Resultados. Esta última está diretamente
relacionada a Dissertação Projeto. E nas categorias temática aborda mais História
da Moda, Ensino de Moda, o que a diferencia das outras duas, e Moda e Sociedade.
Se formos analisar sob um perfil acadêmico, pode-se dizer que a Revista
Modapalavra tem uma tendência maior a trabalhar com artigos que seguem mais
normas acadêmicas. Neste ponto de vista a revista IARA seria uma intermediária,
porém se vê que ela respeita muitos os temas a que se propõe abordar. E por fim a
100
revista que estaria menos enquadrada em um perfil acadêmico seria a Dobras, no
entanto a revista parece seguir o seu propósito que é: “uma revista de moda mas
não só, acadêmica mas nem tanto.”
Figura 24: Perfil acadêmico das revistas
Fonte: Elaborado pela autora
Ainda pode-se fazer uma reflexão a cerca das categorias temáticas
pesquisadas. Com base no capítulo dois percebe-se que a moda no Brasil, as
escolas de moda no Brasil surgiram da necessidade de proficionais capacitados
para atender o mercado e indústria. Teve origem na prática com um perfil tecnicista.
Porém o que se percebe hoje é a falta de bibliográfia e materiais científicos
confiáveis, com resultados obtidos. Isto é facilmente identificado através das
categorias mais pesquisadas nos periódicos analisados.
Com isso é possível levantar os seguintes questionamentos para futuros
trabalhos: porque uma área da prática e técnica resultou em pesquisas opostas à
esse perfil tecnicista? Moda é ciência? Poderia ser? A utilização de motodologia de
pesquisa científica, coleta e análise de dados, e pesquisas voltadas para questões
mais técnicas da moda iriam contribuir para consolidação da área como ciência?
Pesquisas mais técnicas podem aproximar o mercado e a indústria da academia?
Espera-se com este trabalho contribuir para o aprimoramento e evolução das
pesquisas e publicações na área de design de moda, e orientar pesquisadores
quanto ao perfil destes periódicos para envio de seus artigos. Estes com diferenças
101
e similaridades, cada um com seu perfil, porém sempre contribuindo para
fortalecimento desta área nova.
Em relação à metodologia utilizada, o presente estudo contribui para futuras
pesquisas que poderão vir utilizar este tipo de metodologia para trabalhos das mais
diversas áreas. Um dos trabalhos futuros se refere ao emprego de técnicas de
mineração de textos sobre os resumos desses trabalhos, esperando-se obter
informações mais ricas. Principalmente para definição de perfis de periódicos, desta
forma pesquisadores podem analisar periódicos e formar um banco de perfis de
periódicos para seus grupos de pesquisa.
102
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TREPTOW, Doris. Inventando Moda: Planejamento de Coleção. Brusque : Ed. do Autor, 2003
104
APÊNDICES
APÊNCICE 1 – Análise geral de artigos de moda, méto dos e categorias
105
APÊNCICE 2 – Análise geral de artigos de moda, ins tituição de ensino e caráter de pesquisa
106
APÊNCICE 3 – Análise geral de artigos de moda, ins tituição de ensino e abordagem de metodologia de pesquisa
107
APÊNCICE 4 – Análise Dobras, instituição de ensino e método de pesquisa
108
APÊNCICE 5 – Análise IARA, instituição de ensino e método de pesquisa
109
APÊNCICE 6 – Análise Modapalavra, instituição de e nsino e método de pesquisa
110
APÊNCICE 7 – Análise Dobras, método de pesquisa e coleta
111
APÊNCICE 8 – Análise IARA, método de pesquisa e co leta
112
APÊNCICE 9 – Análise Modapalavra, método de pesqui sa e coleta
113
APÊNCICE 10 – Análise Dobras, categoria e abordage m científica
114
APÊNCICE 11 – Análise IARA, categoria e abordagem científica
115
APÊNCICE 12 – Análise Modapalavra, categoria e abo rdagem científica
116
ANEXOS
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CETIQT Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil
FAAP Fundação Armando Álvares Penteado
FAPERJ Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
FATEC Faculdade de Tecnologia
FBV-PE Faculdade Boa Viagem
FESSC Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina
FFCLRP Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
FPI Universidade Federal do Piauí
HU-Berlin Humboldt-Universität zu Berlin
IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
IFITEG Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás
IFSC Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina
IPA-RS Rede Metodista de Educação do Sul
IPCB Instituto Politécnico de Castelo Branco (Portugal)
IUAV Università luav di Venezia
IUF L’Institut universitaire de France
PUC Pontifícia Universidade Católica
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
UAM Universidade Anhembi Morumbi
117
UB Universitat de Barcelona
UBA Universidad de Buenos Aires
UC Universidade de Coimbra
UCAM Universidade Cândido Mendes
UCS Universidade de Caxias do Sul
UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina
UEL Universidade Estadual de Londrina
UEM Universidade Estadual de Maringá
UERJ Universidade Estadual do Rio de Janeiro
UFBA Universidade Federal da Bahia
UFC Universidade Federal do Ceará
UFF Universidade Federal Fluminense
UFG Universidade Federal de Goiás
UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora
UFMA Universidade Federal do Maranhão
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFMT Universidade Federal de Mato Grosso
UFPA Universidade Federal do Pará
UFPR Universidade Federal do Paraná
UFRB Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco
118
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UFSM Universidade Federal de Santa Maria
ULISBOA Universidade de Lisboa
UMINHO Universidade do Minho
UNA-BH Centro Universitário Uma
UNAMA Universidade da Amazônia
Unasp Centro Universitário Adventista de São Paulo
UNAV Universidad de Navarra
UnB Universidade de Brasília
UNESP Universidade Estadual Paulista
UNIBAN Universidade Bandeirante de São Paulo
UNIBO Università di Bologna
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
UNICATT Università Cattolica del Sacro Cuore
UNIFAI CENTRO UNIVERSITÁRIO ASSUNÇÃO
UNIFIEO Centro Universitário FIEO
UNIFRA Centro Universitário Franciscano
UNINOVE Universidade Nove de Julho
UNIP Universidade Paulista
UNIPAR Universidade Paranaense
UNISUL Universidade do Sul de Santa Catarina
UNITO l'Università di Torino
Univali Universidade do Vale do Itajaí
119
UNOCHAPECO Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UP Universidad de Palermo
UPC Universitat Politècnica de Catalunya
UPE Universidade de Pernambuco
UPENN University of Pennsylvania
UPF Universidade de Passo Fundo
USP Universidade de São Paulo
UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná
UVA Universidade Veiga de Almeida
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