BIBIANA SAGRILLO GINDRI - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp135150.pdf · BIBIANA...
Transcript of BIBIANA SAGRILLO GINDRI - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp135150.pdf · BIBIANA...
-
BIBIANA SAGRILLO GINDRI
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO CITOGENÉTICO EM LORICARIINAE (Siluriformes, Loricariidae) DA REGIÃO DO ALTO TAQUARI
MARINGÁ PARANÁ – BRASIL FEVEREIRO – 2009
-
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
-
BIBIANA SAGRILLO GINDRI
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO CITOGENÉTICO EM LORICARIINAE
(Siluriformes, Loricariidae) DA REGIÃO DO ALTO TAQUARI
Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Maringá, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento, para obtenção do título de Mestre.
MARINGÁ
PARANÁ – BRASIL FEVEREIRO – 2009
-
ii
-
iii
À minha mãe.
Ao Pedro.
Ao Marcos.
Ao João Itsuo.
Com carinho, dedico.
-
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, fonte inesgotável de força para enfrentar as dificuldades e, acima
de tudo, de saúde para seguir em frente.
Ao Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento - PGM,
pelo auxílio na realização deste curso.
À Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul – Unidade de Coxim, por
disponibilizar o laboratório para o processamento dos peixes, material em estudo
desta Dissertação.
À minha orientadora, professora doutora Isabel Cristina, que me ensinou a
ser crítica e a ter confiança em minhas decisões. Por você tenho um carinho todo
especial. Obrigada Isabel! Se não fosse você, com certeza, não chegaria aqui.
À professora doutora Ana Luisa de Brito Portela, que contribuiu com meu
trabalho, sempre disposta a ajudar nas fotos e interessada no andamento das
pesquisas.
À professora doutora Luciana Borin, espelho para os novos
pesquisadores, sempre feliz e de bem com a vida.
À minha mãe, Terezinha Inez Sagrillo, que nunca mediu esforços para
que meus sonhos se realizassem.
Ao meu filho, João Itsuo Gindi Sonohata, que, mesmo pequenino,
conseguiu compreender os motivos da minha ausência.
Ao meu grande amor, Marcos Mitsuo, que sempre teve a capacidade de
incentivar, dar forças, compreender meus choros e minha ausência.
Ao senhor Itsuo Sonohata, dona Maria Madalena Baldin Sonohata,
Maritsa Missae Sonohata e Roberto Itsuo Sonohata que, com muito carinho,
cuidaram do meu filho e sempre torceram pela minha vitória.
À tia Maria Gorete Sagrillo Machado, que abandonou tudo para que eu
pudesse crescer.
Aos colegas do Núcleo de Estudos de Citogenética de Peixes -
Nuclescipe da Universidade Estadual do mato Grosso do Sul – Unidade de
Coxim, Elis Aparecida Morita Melo, Greicy Ellen de Brito Ferreira, Josimar Lara da
Silva e Aline Motta, que sempre estiveram disponíveis no processamento dos
peixes e, principalmente, nas divertidas coletas.
-
v
Ao técnico de laboratório, Márcio Tomaz, que sempre esteve disposto a
colaborar com o trabalho.
Ao Manoel Gaspar Manso Perez e à Ângela Manso Perez, que
gentilmente disponibilizaram o local de coleta.
À família Vinas Vieira, pela acolhida e ajuda nos momentos difíceis em
Maringá.
À Maria José Barros, exemplo de pessoa, garra e força, sempre cuidando
de mim, dividindo alegrias e tristezas.
Ao Leonardo Garcia Mommensohn, que incansavelmente e gentilmente
foi prestativo em todas as minhas necessidades no laboratório.
À Suzana Paiva, que me mostrou como as pessoas são diferentes e o
quanto precisamos aprendê-las e amá-las como são. Obrigada por me mostrar o
outro lado das coisas e aprender como é gratificante aprender a respeitar a forma
de pensar de cada um.
Ao Paulo Emilio Botura, que me fazia rir no laboratório, sempre me
ensinando a ter paciência para fazer Banda C.
Ao Renan Okawara, por ter me ensinado que a humildade é uma das
maiores virtudes do ser humano.
À Fernanda Errero Porto, pela paciência em me ensinar, por saber me
ouvir e por chorar tantas vezes comigo. Obrigada Fer! Você é uma grande amiga!
Existem pessoas que hoje são parte da minha vida e com as quais eu
descobri, tanto profissionalmente como pessoalmente, que não existem palavras
capazes de expressar o significado delas para mim. Aos céus eu faço uma prece
de agradecimento a Deus por tantas pessoas valiosas que passaram pela minha
vida.
-
vi
BIOGRAFIA
Bibiana Sagrillo Gindri, filha de Carlos Gilberto Gindri e Terezinha Inez
Sagrillo, nascida no dia 25 de abril de mil novecentos e oitenta e dois, na cidade
de Campo Grande - MS.
Concluiu o Ensino Fundamental, no ano de 1996, no Colégio Estadual
Medianeira, em Santiago – RS, e o Ensino Médio, em dezembro de 1999, na
Escola Estadual de Ensino Médio Carlos Kluwe, em Bagé - RS.
Ingressou, em 2001, no curso de Ciências Biológicas da Universidade
Estadual de Mato Grosso do Sul, concluindo o curso em 2005. Durante a
graduação, participou, dentre outras atividades, de estágios, projetos de pesquisa
e projetos de extensão.
Em março de 2008, matriculou-se no curso de Mestrado do Programa de
Pós-Graduação em Genética e Melhoramento da Universidade Estadual de
Maringá.
-
vii
ÍNDICE
RESUMO ............................................................................................................ VIII ABSTRACT ........................................................................................................... X 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1 2. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 4 2.1. A bacia do Alto Taquari ................................................................................. 4
2.2.1. Família Loricariidae ................................................................................... 7
2.2.2. Subfamília Loricariinae .............................................................................. 8
3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 11 3.1. Material .......................................................................................................... 11 3.2. Métodos ........................................................................................................ 12
3.2.1. Análises citogenéticas ............................................................................. 12
3.2.1.1. Preparação de cromossomos mitóticos ............................................ 12
3.2.1.1.1. Estimulação de metáfases.......................................................... 12
3.2.1.1.2. Técnica air drying ....................................................................... 12
3.2. Bandamentos cromossômicos ................................................................... 13 3.2.1. Estudo da região organizadora do nucléolo ............................................ 13
3.2.1.1. Técnica de nitrato de prata (AgNOR) ................................................ 13
3.2.2.2. Cromomicina a3 e mitramicina a (GC-específicos) ............................ 14
3.2.3. Estudo da heterocromatina constitutiva ................................................... 15
3.2.3.1. Bandamento C .................................................................................. 15
3.2.4. Medidas cromossômicas ......................................................................... 15
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 19 5. CONCLUSÕES ................................................................................................. 33 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 34
-
viii
RESUMO
GINDRI, Bibiana Sagrillo M.Sc. Universidade Estadual de Maringá, fevereiro de 2009. Contribuição ao estudo citogenético em Loricariinae (Siluriformes, Loricariidae) da região do Alto Taquari. Orientadora: Profª. Drª. Isabel Cristina Martins dos Santos. Conselheiros: Profª. Drª. Margarida Maria de Rossi Vieira e Profª. Drª. Ana Luisa de Brito Portela Castro. A família Loricariidae constitui uma das maiores famílias da ictiofauna mundial
distribuídas na região neotropical. Na família Loricariidae, encontra-se a
subfamília Loricariinae e, dentro dessa, os gêneros: Farlowella, Sturisoma,
Loricaria e Pyxiloricaria. Estudos citogenéticos foram realizados em exemplares
de Farlowella amazona, por meio da técnicas de coloração usual com Giemsa e
de bandamentos NOR e C. A análise do cariótipo de Farlowella amazona revelou
a presença de 2n=58 cromossomos, fórmula cariotípica 18m+20sm+12st+8a e
NF=96, sem diferenças entre os sexos. A análise pela coloração usual por
Giemsa revelou a presença de uma constrição secundária, polimórfica em
tamanho, coincidente com a região organizadora do nucléolo (NOR). Esta região
foi detectada pela técnica de coloração com nitrato de prata, em posição
subterminal do braço longo do par número 26. Além deste par, o rDNA esteve
presente no braço curto de outro par de acrocêntrico, provavelmente o 27. O
padrão de banda C mostrou presença de heterocromatina centromérica na
maioria dos cromossomos e seis pares marcadores com bandas intersticiais e/ou
proximal ao centrômero, presentes no braço longo dos pares 11, 12, 20, 23, 25 e
26. A análise de exemplares de Sturisoma robustum mostrou 2n= 66
cromossomos, fórmula cariotípica 18m+22sm+10st+16a, NF = 116 e também não
houve diferenças quanto ao sexo. A coloração pela prata mostrou marcação no
braço curto do par 21, evidenciando um sistema de NOR simples. O padrão de
bandamento C revelou a presença de marcação na região pericentromérica de
alguns pares cromossômicos e a região da NOR apresentou-se BC positiva.
Loricaria sp. mostrou a presença de 2n=64 cromossomos, fórmula cariotípica
12m+ 8sm+2st+42a e NF=84. A técnica pelo nitrato de prata mostrou marcação
intersticial evidente no braço longo do par 13, um dos maiores cromossomos
acrocêntricos. O padrão de bandeamento C apresentou marcação evidente na
região da NOR e pericentromérica em alguns cromossomos. A análise
-
ix
citogenética de Pyxiloricaria menesezi revelou 2n=68 cromossomos, fórmula
cariotípica 8m+6sm+4st+50a, NF=86. A região organizadora do nucléolo (NOR)
revelou marcação na região terminal do braço curto do par 9. O bandamento C
mostrou marcações centroméricas e pericentroméricas na maioria dos
cromossomos e no braço curto do par 9, portanto, NOR banda C positiva. A
coloração por cromomicina foi aplicada para os gêneros Pyxiloricaria, Loricaria e
Sturisoma e marcou a região coincidente com a região da NOR. Os resultados
deste estudo foram discutidos e corroboraram a proposição de filogenia proposta
para a subfamília, quando analisados o alto número de cromossomos do tipo
meta/submetacêntricos observados em Farlowella amazona e a pouca ocorrência
desses tipos cromossômicos observado em Pyxiloricaria menezesi e Loricaria sp.
Palavras-chave: Citogenética de peixes, Loricariidae, evolução.
-
x
ABSTRACT
GINDRI, Bibiana Sagrillo M. Sc. Universidade Estadual de Maringá, february, 2009. Contribution to the cytogenetic study in Loricariinae (Siluriformes, Loricariidae) in the region of Alto Taquari. Supervisor: Profª. Drª. Isabel Cristina Martins dos Santos. Assistant professors: Profª. Drª. Margarida Maria de Rossi Vieira and Profª. Drª. Ana Luisa de Brito Portela Castro.
The Loricariidae family constitutes one of the major ichtyophauna families
distributed from neotropical region. Among the Loricariidae there are the
Farlowella, Sturisoma, Loricaria e Pyxiloricaria genus. Cytogenetic studies were
made in Farlowella amazona, by Giemsa techniques and banding NOR and C.
The karyotype analysis revealed the presence of 2n = 58 chromosomes,
karyotypic formula 16m+26sm+8st+8a e NF = 96, without differences between
female and male sex. The analysis by Giemsa revealed the presence of a very
evident secondary constriction, polymorphic in size, coincident with the nucleolus
organizing region (NOR). This region was detected by silver nitrate technique in
terminal region of the long arm of the pair 26. Besides this pair the rDNA had been
present in the short arm of another pair of acrocentric, probably the number 27.
The standard of C band showed the presence of centromeric heterochromatin in
the majority of the chromosomes and six marker pair with interstitial bands and/or
proximal to the centromere in the long arm of the pairs 11, 12, 20, 23, 25, 26. The
analysis of exemplaries of Sturisoma robustum, revealed the presence of 2n=66
chromosomes, with karyotypic formula of 18m+22sm+10st+16a, NF = 116 and
also there weren’t differences between male and female sex. The staining by silver
showed marking in the short arm of the pair number 21, evidencing a system of
simple NOR. The standard of C banding revealed the presence of few blocks of
constitutive heterochromatin with marking at the pericentromeric region of some
chromosome pairs and NOR positive C-banding. Loricaria sp. showed the
presence of 2n=64 chromosomes, karyotypic formula 12m+8sm+2st+42a, NF =
84. The silver nitrate technique revealed an evident interstitial marking at the long
arm of the pair number 6, one of the biggest acrocentric chromosome. The
standard of C banding presented evident marking at the same region of NOR and
pericentromeric of some chromosome. The cytogenetic analysis of the
-
xi
Pyxiloricaria menesezi revealed 2n=68 chromosome, karyotypic formula
8m+6sm+4st+50a, NF=86. The NOR revealed marking in the terminal region of
the short arm of the par 9. The C-banding showed marking some centromeric and
pericentromeric marking in a great of the chromosomes and at the short arm of the
pair 9, being this, band C positive NOR. The coloring by CMA3 in Pyxiloricaria,
Loricaria and Sturisoma marked the coincident region with the NOR region. The
results of this study were discussed and corroborate the position of phylogeny
propose a for the subfamily, when analyzed the high chromosomes number of the
meta / submetacentric type observed in Farlowella amazona and low occurrence
of these chromosomal types observed in Pyxiloricaria menezei and Loricaria sp.
Key words: Fishes cytogenetic, Loricariidae, Evolution.
-
1
1. INTRODUÇÃO
O Pantanal é uma planície sedimentar com superfície de 147.574 km2
(Brasil, 2004). Está inserido na bacia do Alto Paraguai (BAP), que se localiza no
oeste do Brasil. A BAP, em território nacional, possui uma superfície de
362.376km2 (Brasil, 2004). A bacia do Alto Taquari – BAT, com área aproximada
de 28.000 km2, é uma das principais áreas da rede de drenagem da bacia do Alto
Paraguai (BAP). A maior parte da superfície da BAT está localizada no estado de
Mato Grosso do Sul (86,5%) e o restante no Mato Grosso (13,5%) (Galdino et al.,
2006). Essa bacia exerce grande influência sobre os ecossistemas aquáticos da
planície do rio Taquari no Pantanal.
Os peixes constituem cerca de metade do grupo dos vertebrados, daí
ocuparem uma posição básica na filogenia do grupo (Nelson, 1994). A última
revisão sobre a ictiofauna neotropical de água doce (Reis et al., 2003) revelou-se
ser bastante rica, incluindo 71 famílias e 4475 espécies reconhecidamente
válidas. Este número poderia chegar a 8000 espécies de peixes de água doce
neotropicais, o que corresponderia a 25% de todas as espécies de peixes e toda
esta diversidade estaria presente em menos de 0,003% da água doce do planeta
(Vari e Malabarba, 1998).
A superordem Ostariophysi engloba peixes ósseos, que constituem em
torno de 3/4 dos peixes de água doce do mundo todo, sendo, portanto, foco de
muitos estudos devido a sua enorme diversidade ecológica e evolucionária (de
Pinna, 1998; Britto, 2003). Dentro dessa superordem está a ordem Siluriforme que
compreende um grupo de peixes extremamente grande, diverso e amplamente
distribuído nas regiões tropicais de todo o mundo (Burges, 1989; Ferraris, 1998),
por esse motivo são peixes com grande complexidade taxonômica. Na ordem
Siluriforme está inclusa a família Loricariidae que, em função da morfologia
altamente especializada, foram reconhecidos como um grupo monofilético na
classificação recente dos Siluriformes (Schaefer, 1987; Armbruster, 2004).
A família Loricariidae apresenta cerca de 690 espécies e estava até então
dividida em seis subfamílias (Reis et al., 2003). Armbruster (2004) incluiu
Ancistrinae dentro de Hypostominae, totalizando então 5 subfamílias dentro da
família Loricariidae, sendo a nova subfamília Hypostominae a ser composta por
-
2
cinco tribos: Hypostomini, Pterygoplichithini, Corymbophanini, Ancistrini e
Rhinelepini. Recentemente, Reis et al. (2006), com análises de Delturus e
Hemipsilichthys, descreveu uma nova subfamília, Delturinae, passando então a
família Loricariidade voltar a possuir seis subfamílias: Hypoptomatinae,
Loricariinae, Hypostominae, Neoplescotominae, Lithogeninae e Delturinae.
Nessas seis subfamílias, duas exibem baixo número de espécies e sua
distribuição é restrita: Lithogeneinae (2 spp.) e Delturinae (7 ssp.); uma contendo
um moderado número de espécies: Neoplecostominse (33 ssp.); e três são ricas
em espécies bem distribuídas (mais que 60 spp.): Hypoptopomatinae, Loricariinae
e Hypostominae (Chiachio et al. 2008). Covain e Fisch-Muller (2007) dividem esta
subfamília em duas tribos: tribo Hartiini, onde podem ser encontrados os gêneros
Farlowella e Sturissoma, e tribo Loricariini, que inclui os gêneros Pyxiloricaria e
Loricaria.
Farlowella e Sturisoma são peixes que possuem adaptações especiais
para se alimentarem de detritos, apresentando importante papel na cadeia
alimentar e no processo de remineralização em águas tropicais. Três são as
peculiaridades que chamam a atenção nos gêneros em questão. Primeiro,
constituem peixes que apresentam requisitos alimentares especiais, são de
distribuição gregária e são extremamente sensíveis a alterações da
disponibilidade de algas, servindo como bons bioindicadores. A presença destas
espécies, bem como aspectos de seu comportamento alimentar, reprodutivo e
social constitui indicadores do estado de conservação ambiental. Segundo, não
existe dados citogenéticos no gênero Farlowella descritos na literatura até o
momento e apenas uma das 15 espécies válidas de Sturisoma tem o seu cariótipo
descrito. Terceiro, são peixes que possivelmente estão em vias de extinção
devido à extrema sensibilidade ao meio ambiente e como se trata de espécies
dóceis, que possuem o hábito de ficarem horas paradas, imóveis e aparência
exótica são capturados excessivamente para aquariofilia.
O gênero Loricaria apresenta cauda achatada com fortes quilhas laterais
e, frequentemente, um entalhe na parte posterior da órbita, sendo constituída por
11 espécies restritas à América do Sul. Caracteriza-se por apresentar o abdômen
revestido de placas pequenas ou ser parcialmente nu, pela presença de
filamentos no lábio inferior e os dentes da maxila superior ter o dobro do tamanho
dos dentes da mandíbula (Isbrucker, 1981).
-
3
O gênero Pyxiloricaria é considerado um gênero monotípico: Pyxiloricaria
menezesi. Esta espécie caracteriza-se por apresentar as bordas da cabeça retas,
formando um ângulo de aproximadamente 80 graus, olho com entalhe orbital raso
e muito pequeno e raio mais superior da caudal prolongado em longo filamento.
O presente trabalho tem por objetivo analisar citogeneticamente as
espécies Farlowella amazona, Sturisoma robustum, Loricaria sp. e Pyxiloricaria
menezesi, estabelecendo os principais mecanismos de rearranjos cromossômicos
envolvidos durante a diversificação dos diferentes grupos, bem como discutir as
relações de proximidade evolutiva entre eles.
-
4
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. A bacia do Alto Taquari
O rio Taquari, com seus 801 km de extensão total, possui suas nascentes
nas terras altas entre a Serra da Saudade e a Serra de Maracaju, no estado de
Mato Grosso (Brasil, 1974). Após percorrer aproximadamente 34 km no estado de
Mato Grosso e 134 km como divisor deste estado com o de Mato Grosso do Sul,
o rio Taquari entra em território sul mato-grossense (Galdino et al., 2006).
Próximo à cidade de Coxim, o rio Taquari recebe as águas do seu
principal tributário, o rio Coxim, e logo adentra o Pantanal, seguindo uma direção
Leste- Oeste (Galdino et al., 2006).
A bacia do Alto Taquari (BAT), com superfície aproximada de 28.000 km,
compreende a área do planalto drenado pelo rio Taquari e seus afluentes até a
escarpa cuestiforme da bacia sedimentar do Paraná, próxima à cidade de Coxim.
(SEMAC, 1992; Santos e Crepani, 1993). A maior parte da superfície da bacia do
Alto Taquari está localizada no estado de Mato Grosso do Sul (86,5%) e o
restante em Mato Grosso (Galdino et. al., 2006).
Esta bacia é conhecida pela grande quantidade de peixes existentes em
seus cursos d’água. Este fato se deve ao fenômeno da subida de cardumes
migratórios que usam parte da bacia como área de reprodução (Resende et al.,
1995). Entretanto, dados recentes mostram acentuada queda da produção
pesqueira nessa bacia, pois o aumento do aporte de material em suspensão nos
corpos d’água, fato amplamente documentado na bacia, é prejudicial à qualidade
da água e às comunidades aquáticas em dois aspectos: por assorear o leito do
rio, o que influi na mobilidade e dinâmica do fundo do seu leito, e, principalmente,
por alterar as características físicas e químicas da água.
A bacia hidrográfica do rio Taquari (BHT), pela sua extensão territorial (84
mil km), posição geográfica estratégica em relação à planície, características
geológicas, pedológicas, edafo-climáticas e socioeconômicas, exerce grande
influência na conservação do Pantanal (Brasil, 1997b). Isso a caracteriza como
uma das mais importantes bacias hidrográficas da bacia do Alto Paraguai-BAP.
-
5
Devido à pesca esportiva e comercial, a ictiofauna possui grande
importância socioeconômica para o estado do Mato Grosso do Sul (MS),
principalmente dentro da BAP (Resende, 1988). No Pantanal, foram identificadas
mais de 260 espécies de peixes (Britski et al., 1999). A maioria dessas espécies
certamente ocorre na BAT, dada a sua dimensão e falta de barreiras que
impeçam a livre dispersão.
Além da divisão geopolítica, a BAT também pode ser dividida em sub-
bacias. Galdino et al. (2006) dividiram a BAT em quatro sub-bacias: sub-bacia do
rio Taquari, compreendendo a área de drenagem do rio Taquari a montante da
confluência com o seu principal afluente, o rio Coxim; sub-bacia do rio Coxim,
com seção de controle a montante do seu mais importante tributário, o rio Jauru;
sub-bacias são as do rio Jauru e do Taquari-Mirim.
Os principais cursos de água que cortam o município de Coxim Mato no
Grosso do sul são os rios Taquari, Taquari-mirim e Jaurú, além dos córregos do
Onça, Sítio, Fortaleza e Criminoso. O córrego do Onça se situa ao norte do
estado de Mato Grosso do sul, no município de Coxim, no distrito de Silviolândia.
Trata-se de um dos afluentes da margem esquerda do rio Taquari, percorrendo
uma extensão de aproximadamente 35 km inteiramente no município, com sua
nascente próxima ao distrito de Jaurú, do lado direito da Cadeia de Serras de
Maracajú. O referido córrego, cuja largura não ultrapassa 11 metros desde sua
nascente até a foz, em toda a sua extensão, apresenta uma área plana e recebe
muitos sedimentos provenientes de trechos superiores formados por morros e
colinas de onde provêem seus poucos e pequenos tributários. Apresenta águas
ligeiramente turvas, mesmo na ausência de chuva, sendo que os sedimentos de
fundo variam entre rochoso, pedregoso, cascalho e arenoso com maior
predominância de areia. Não apresenta corredeiras intensas, alternando trechos
com velocidade de pouca intensidade e remansos com deposição de sedimentos
como matéria orgânica em decomposição em fundos lodosos, onde há menor teor
de oxigênio dissolvido (Galdino et al.,2006).
2.2. Peixes neotropicais: características gerais e citogenéticas
A fauna neotropical de peixes de água-doce é consideravelmente rica,
porém nenhum levantamento completo está ainda disponível para estudos
-
6
quantitativos. Os levantamentos ictiofaunísticos realizados na bacia do rio Paraná,
assim como nas outras bacias hidrográficas brasileiras, ainda estão incompletos
(Agostinho e Júlio Jr., 1999).
Os peixes, comparados aos demais grupos de vertebrados, apresentam
poucos dados sobre a sistemática, evolução, ecologia, fisiologia e genética
(Centofante, 2003). Uma das principais razões para essa carência é o elevado
número de espécies, que chega a cerca de 24.600 (Nelson, 1994), o que
equivale, aproximadamente, ao número de espécies dos demais vertebrados
juntos. Além disso, o habitat desses peixes dificulta seu estudo quando levado em
conta a captura, observação e determinação dos padrões biológicos (Bohlke et.
al, 1978). Por outro lado, os peixes constituem um grupo bastante favorável ao
estudo citogenético e evolutivo, uma vez que ocupam uma posição basal na
filogenia dos vertebrados (Nelson, 1994).
Estudos citogenéticos em peixes neotropicais iniciaram-se, na década de
60, por pesquisadores europeus e, no início da década de 70, por pesquisadores
brasileiros, com publicações para duas populações de Astyanax. (Jim e Toledo,
1975), seguido por Pimelodidae (Toledo; Ferrari, 1976), Cichlidae e Loricariidae
(Michele et al.,1977a, b) respectivamente (Artoni et al., 2000).
Na América do Sul, de acordo com Bolhke et al. (1978), existe cerca de
2500 a 3000 espécies de peixes de água doce, podendo chegar a 5000. Esta,
juntamente com a América Central, representam uma das mais diversificadas e
ricas ictiofaunas do mundo, englobando aproximadamente 8000 espécies
descritas, representando aproximadamente 25% de toda a diversidade de peixes.
Na região neotropical de água doce, as duas ordens mais representativas
em número de espécies conhecidas são os Characiformes e os Siluriformes
(Artoni et al., 2001), sendo que, estudos desenvolvidos em citogenética de peixes
brasileiros concentram-se basicamente nessas duas ordens. Estas análises têm
levado à caracterização do número cromossômico e do cariótipo de muitas
espécies, levantado uma considerável soma de informações relativas à presença
e distribuição da heterocromatina constitutiva e das regiões organizadoras de
nucléolo (Ag-NORs). Estes estudos constituem uma importante ferramenta na
abordagem de questões evolutivas, sistemáticas, além de estudos de
polimorfismo e poliploidia cromossômica (Araújo et al., 1998). A análise
citotaxonômica tem trazido uma grande contribuição ao estudo da evolução,
-
7
principalmente pelo fato de que os cromossomos constituem o próprio material
genético e, portanto, alterações desses parâmetros são quase sempre
significativas para o rumo evolutivo das espécies (Guerra, 1988).
Os dados sobre a estrutura cariotípica dos peixes neotropicais de águas
continentais foram revistos pela primeira vez por Almeida-Toledo (1978), que
listou o número cromossômico haplóide e/ou diplóide de 252 espécies de água
doce da América do Sul e Central. Oliveira et al. (1988) verificaram a presença de dados citogenéticos de 433 espécies. Uma revisão mais recente mostrou
números diplóides e/ou haplóides para 921 espécies distribuídos em 252 gêneros
e 44 famílias, com registro de grande diversidade cariotípica (Oliveira et al., 2000).
Nos últimos anos, devido basicamente à utilização de novas técnicas de
análises cromossômicas, a citogenética apresentou um razoável desenvolvimento
que possibilitou uma contribuição mais efetiva não só para os estudos
filogenéticos e taxonômicos, como, também, uma maior compreensão da
estrutura cromossômica dos peixes (Andreatta,1991).
2.2.1. Família Loricariidae
A família Loricariidae, pertencente à ordem Siluriformes, apresenta cerca
de 600 espécies, 70 gêneros, distribuídos em 7 subfamílias. (Isbrucker, 1980;
Burguess, 1989; Armbruster, 2004),
Os loricarídeos são popularmente conhecidos por "cascudos" devido à
couraça que recobrem seus corpos, sendo estas pequenas placas ósseas
adaptadas, em forma de escamas,0 que recobrem o corpo com várias fileiras (de
três a quatro), e lhes conferem aparência visual e sensação tátil de uma lixa. Essa
"armadura" geralmente recobre apenas a região dorsal deixando a região ventral
lisa (Britski, 2007).
Dentro da ordem Siluriforme, a superfamília Loricariodea é considerada
um grupo monofilético, cujo relacionamento é bem determinado, (de Pinna, 1998;
Britto, 2003) e estão incluídas as famílias: Loricariidae, Astroblepidae,
Scoloplacidae, Callichthyidae, Trichomycteridae e Nematogenyidae (Schaefer,
1991). A família Loricariidae apresenta cerca de 690 espécies e estava, até então,
dividida em seis subfamílias (Reis et al., 2003): Hypoptomatinae, Loricariinae Hypostominae, Ancistrinae, Neoplescotominae e Lithogeninae. Mais
-
8
recentemente, Armbruster (2004) incluiu os Ancistrinae dentro dos Hypostominae,
totalizando, então, cinco subfamílias dentro da família Loricariidae. A nova
subfamília Hypostominae passou a ser composta por cinco tribos: Hypostomini,
Pterygoplichithini, Corymbophanini, Ancistrini e Rhinelepini.
A família Loricariidae, embora componha uma das maiores famílias de
peixes do mundo, com aproximadamente 683 espécies distribuídas na região
neotropical (Reis et al., 2003) e com maior número de relatos citogenéticos, é
pouco estudada devido ao grande número de espécies que possui. Dentro desta
família, a subfamília Hypostominae é a mais estudada do ponto de vista
citogenético, com aproximadamente 53 espécies, seguida pela subfamília
Loricariinae, com aproximadamente 19 espécies (Alves et al., 2003).
Do ponto de vista citogenético, a família Loricariidae se caracteriza por
apresentar uma ampla variação no número diplóide, de 2n=36 cromossomos para
Rineloricaria latirostris (Giuliano-Caetano, 1998), chegando a 2n=96
cromossomos para Upsilodus sp. (Kavalco et al., 2005). A presença de
cromossomos sexuais do tipo XX/XY e ZZ/ZW, ocorrência de cromossomos B
(supranumerários) e grande diversidade cariotípica devido a rearranjos
cromossômicos (rearranjos Robertsonianos e inversões pericêntricas) fazem
desta família um material extremamente rico do ponto de vista citogenético
(Giuliano-Caetano, 1998).
Para a região do Pantanal, estudos citogenéticos na família Loricariidae
estão restritos ao gênero Otocinclus: Otocinclus vittatuso (rio Taquari, Coxim,
MS), Liposarcus anisitsi (rio Miranda, Mato Grosso do Sul) e no rio Araguaia, Mato
Grosso, onde foram analisados Hemiancistrus sp, Panaque cf. nigrilineatus,
Hypostomus emarginatus, Hypostomus sp G, Hypostomus sp, e Sturisoma cf.
nigrirostrum (Alves, 2005).
2.2.2. Subfamília Loricariinae
A principal característica dos loricariíneos é o achatamento do corpo. As
placas ao longo da linha lateral formam duas quilhas paralelas na porção anterior
do corpo que vão se aproximando progressivamente para trás, até se unirem
formando uma quilha única sobre o pedúnculo caudal.
-
9
Isbrücker (1979) listou 27 gêneros para Loricariinae, descrevendo oito
novos gêneros, com quatro tribos e oito subtribos, através de dados morfológicos,
sem interfaces filogenéticas. Estas incluem: 1) Loricariini, com seis subtribos
(Loricariina, Planiloricariina, Reganellina, Rineloricariina, Loricariichthyina e
Hemiodontichthyina), 2) Harttiini, incluindo duas subtribos (Harttiina e
Metaloricaria), 3) Farlowellini; e, finalmente, 4) Acestridiini.
De acordo com a base de dados on line Fish Base, o gênero Loricaria
passou por alterações quanto à classificação taxonômica de algumas espécies
inseridas nesse gênero. O número de 112 nomes científicos no grupo foi reduzido
para apenas 14 espécies validas. Assim, as espécies registradas como L.
carinata, L. parva, L. prolixa, L. macrodon passaram a ser denominadas de
Loricaria cataphracta, Loricaria cataphracta, Rineloricaria parva, Proloricaria
prolixa e Brochiloricaria macrodon, respectivamente.
Estudos citogenéticos têm sido relatados para os loricarideos com
informações nas subfamílias Loricariinae (Scavone e Júlio Jr., 1994; Giuliano-
Caetano, 1998; Artoni e Bertollo, 2001), Hypoptopomatinae (Andreata et al., 1992;
Andreata et al., 1993; Andreata et al., 1994), Hypostominae (Artoni et al., 1998;
Artoni et al., 1999; Artoni e Bertollo, 1996, 1999, 2001; Lara-Kamei e Júlio Jr.,
2002), Ancistrinae ( Lara, 1998; Artoni e Bertollo, 2001) e Neoplecostominae
(Alves, 2000; Kavalco, et al., 2005). Estes estudos têm mostrado uma ampla
variabilidade cariotípica em Hypostominae e Loricariinae, diferente de
Neoplecostominae e Hypoptomatinae, que apresentam, aparentemente, uma
estrutura mais conservada (Alves, 2005).
Na subfamília Loricariinae, apenas exemplares dos gêneros Harttia,
Loricaria, Loricariichthys, Rineloricaria e Sturisoma foram analisados
citogeneticamente e não existem dados citogenéticos nem moleculares para a
maioria das espécies da subfamília (Artoni e Bertollo, 1996; Alves, 2005). Uma
ampla variação no número diplóide tem sido observada com 2n= 36 cromossomos
em Rineloricaria latirostris (Giuliano-Caetano, 1998) a 2n=74 cromossomos para
Sturisoma cf. nigrirostrum (Artoni, 2001). A variabilidade cariotípica observada na
subfamília tem sido atribuída a rearranjos cromossômicos do tipo fusões-fissões
cêntricas, bem como de inversões, os quais têm desempenhado importante papel
na evolução (Alves, 2005).
-
10
Com relação às regiões organizadoras de nucléolo, na maioria das
espécies da subfamília Loricariinae, estão localizadas na região terminal, exceto
para duas espécies de Harttia que apresentam NOR intersticial. Portanto, NOR
simples tem sido considerada como uma característica primitiva dentro do grupo
(Artoni e Bertollo, 2001; Alves et al., 2003). Enquanto esta região tem se mantido
mais conservada, estudos que evidenciam a heterocromatina constitutiva têm
indicado diferentes caminhos evolutivos, com gêneros onde se observa poucos
blocos heterocromáticos e outros com blocos mais conspícuos e distribuídos em
vários pares de cromossomos.
-
11
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Material
Os exemplares de Pyxiloricaria menezesi, Loricaria sp. e Sturisoma
robustum foram coletados no córrego do Onça, afluente do rio Taquari, localizado
no município de Coxim, MS. Os exemplares da espécie Farlowella amazona
foram coletados no córrego do Ribeirão, do rio Taquari. As espécies analisadas, de acordo com Britski, 2007, apresentam a
seguinte posição taxonômica:
Classe: Osteichthyes Ordem: Siluriformes Família: Loricariidade Subfamília: Loricariinae Gênero: Farlowella Espécie:Farlowella amazona
Classe: Osteichthyes Ordem: Siluriformes Família: Loricariidade Subfamília: Loricariinae Gênero: Pyxiloricaria Espécie: Pyxiloricaria menezes
Classe: Osteichthyes Ordem: Siluriformes Família: Loricariidade Subfamília: Loricariinae Gênero: Loricaria sp Espécie: Loricaria sp.
Classe: Osteichthyes Ordem: Siluriformes Família: Loricariidade Subfamília: Loricariinae Gênero: Sturisoma Espécie: Sturisoma robustum
-
12
3.2. Métodos
3.2.1. Análises citogenéticas
3.2.1.1. Preparação de cromossomos mitóticos
As preparações do material para análise dos cromossomos mitóticos foram
feitas utilizando-se a porção cefálica do rim, de acordo com a técnica “air drying”,
modificada para peixe por Bertollo et al. (1978).
3.2.1.1.1. Estimulação de metáfases
Para obtenção de maior número de mitoses, foi utilizada a técnica de
estimulação celular através da injeção de uma solução de fermento biológico,
descrita inicialmente por Cole e Leavens (1971) para anfíbios e répteis, utilizada
por Lee e Elder (1980) para pequenos mamíferos e, posteriormente, por Oliveira
et al. (1988) para peixes. O procedimento utilizado foi o seguinte:
1. Preparou-se uma solução de fermento biológico (Fleischmann) na seguinte
proporção: 0,5g de fermento, 0,5g de açúcar e 7ml de água destilada.
2. Incubou-se a solução em banho-maria (40°C) por cerca de 20 minutos.
3. Injetou-se a solução dorso-lateralmente no peixe na proporção de 1ml por 100g
de peso do animal.
4. Deixou-se o animal em aquário bem aerado por 48 ou 72horas.
3.2.1.1.2. Técnica air drying
Esta técnica desenvolvida por Bertollo et al. (1978) consiste em:
1. Injetar intraperitonialmente solução aquosa de colchicina (0,0025%) na
proporção de 1 ml/100g do peso do animal.
2. Deixar o peixe em aquário bem aerado por 30 a 60 minutos, sacrificando-o e
retirando os órgãos desejados.
3. Lavar rapidamente os fragmentos dos órgãos em solução hipotônica de KCl
(0,075), em uma cuba de vidro.
4. Transferir o material rapidamente para outra cuba de vidro, contendo 8 a 10 ml
de solução hipotônica (KCl a 0,075M).
-
13
5. Dissociar muito bem o material com o auxílio de pinças de dissecação e, em
seguida, com uma seringa hipodérmica desprovida de agulha, suspender o
material, por meio de movimentos suaves de aspiração e expiração.
6. Logo após, colocar a solução celular obtida em estufa à temperatura de 36-
37°C, por um período de 30 minutos.
7. Ressuspender o material com o auxílio de uma pipeta Pasteur e transferi-lo
para um tubo de centrífuga, descartando os pedaços de tecidos não desfeitos.
8. Centrifugar durante 10 minutos a 900 rpm.
9. Descartar o sobrenadante com pipeta Pasteur e adicionar, vagarosamente, 5 a
6 ml de fixador (3 partes de álcool metílico: 1 parte de ácido acético) recém
preparado.
10. Resuspender o material cuidadosamente com pipeta Pasteur.
11. Repetir os itens 8 a 10 por mais 2 vezes. Após a última centrifugação, eliminar
o sobrenadante e adicionar 1 ml de fixador, resuspender o material, guardando-o
em refrigerador por um período aproximado de um mês, acondicionando-os em
pequenos frascos tipo “Ependorff”. Caso seja guardado em freezer, a suspensão
terá uma durabilidade bem maior, desde que o fixador seja renovado a cada 60
dias em média, ou então pode ser trabalhado conforme segue:
12. Pingar 3 a 4 gotas da suspensão celular em regiões de uma lâmina
previamente limpa guardada em álcool etílico. Deixar secar diretamente ao ar.
13. Corar com Giemsa diluído a 5% em tampão fosfato pH 6,8, durante 5 minutos.
14. Lavar em água corrente e secar ao ar.
3.2. Bandamentos cromossômicos
3.2.1. Estudo da região organizadora do nucléolo
3.2.1.1. Técnica de nitrato de prata (AgNOR)
Esta técnica desenvolvida por Howell e Black (1980) consiste em:
1. De posse da lâmina já contendo o material para análise, hidrolisar por 3
minutos em HCl 1N a 60°C, em estufa.
2. Lavar em água corrente e secar ao ar.
-
14
3. Pingar uma gota de solução aquosa de gelatina em dois pontos distintos da
lâmina, sobre estas gotas adicionar uma gota de água deionizada.
4. Adicionar sobre as gotas anteriores, duas gotas de solução de nitrato de prata
(AgNO3), e cobrir a lâmina com lamínula.
5. Incubar em estufa a 60°C por um período de 3-5 minutos, ou até que a solução
adquira uma coloração caramelada.
6. Lavar em água corrente, secar ao ar e analisar em microscópio.
3.2.2.2. Cromomicina a3 e mitramicina a (GC-específicos)
Foi empregado o método descrito por Schweizer (1980) e modificado por Schmid (1980) e Galetti Jr. e Rasch (1993):
1. Sobre a lâmina, preparada segundo a técnica descrita para cromossomos
mitóticos, colocar 150µl de solução de distamicina A recém preparada, utilizando-
se uma micropipeta.
2. Cobrir com uma lamínula e deixar agindo por 15 minutos em temperatura
ambiente.
3. Lavar a lâmina com tampão McIlvaine (ou água corrente) de modo que a
lamínula deslize e saia da lâmina e deixar secar por poucos minutos.
4. Colocar sobre a lâmina 150 µl da solução de cromomicina A3 ou mitramicina
A, com o auxílio de uma micropipeta, sobre a lâmina. Cobri-la novamente com
uma lamínula e deixar corando por 60 minutos, no escuro, a temperatura
ambiente.
5. Repetir o item 3.
6. Montá-la com uma lamínula, utilizando duas gotas de solução de sacarose
saturada e previamente filtrada.
7. Estocar a lâmina à temperatura ambiente ou na geladeira, no escuro, por no
mínimo 30 dias antes de analisá-la (para prolongar o tempo de emissão de
fluorescência desses corantes).
8. Analisar em fotomicroscópio de fluorescência, com filtro de 450-490 nm (zona
de excitação do azul).
-
15
3.2.3. Estudo da heterocromatina constitutiva
3.2.3.1. Bandamento C
Esta técnica desenvolvida por Summer (1972) consiste em:
1. Tratar a lâmina já contendo as gotas do material para análise, com HCl em
temperatura ambiente em estufa, por 15 minutos.
2. Lavar a lâmina em água corrente e secar ao ar.
3. Incubar em solução salina de 2xSSC, a 60°C em banho-maria por 15 minutos.
4. Lavar em água corrente e secar ao ar.
5. Incubar a lâmina por 30 segundos em solução de hidróxido de bário (BaOH),em
banho-maria a 42°C, com o BaOH, sendo recém preparado e filtrado.
6. Lavar a lâmina rapidamente em solução de HCl e depois em água deionizável e
deixar secar ao ar.
7. Incubar a lâmina em solução salina de 2xSSC a 60°C por 1 hora.
8. Lavar em água corrente e secar ao ar.
9. Corar com Giemsa 5% durante 5-10 minutos.
10. Lavar em água corrente, secar ao ar e analisar a lâmina em microscópio.
3.2.4. Medidas cromossômicas
Os cromossomos tiveram sua morfologia estabelecida de acordo com a
relação de braços (RB), segundo as proporções propostas por Levan et al. (1964)
e classificados em: metacêntricos (RB de 1,00 a 1,70), submetacêntricos (RB de
1,71 a 3,00), subtelocêntrico (RB de 3,01 a 7,00) e acrocêntricos (RB maior que
7,00).
O método utilizado para realizar as medidas cromossômicas foi o seguinte:
1. Copiar todas as metáfases a serem analisadas na mesma escala.
2. Fazer uma fotocópia ampliada de cada metáfase, também na mesma escala.
3. Numerar os cromossomos na fotocópia.
4. Delimitar o centrômero e traçar uma linha mediana no interior de cada
cromátide.
-
16
5. Medir o comprimento de cada linha mediana com um paquímetro e calcular o
tamanho do braço maior e do braço menor, calcular o comprimento total e a
relação de braços de cada cromossomo.
6. Calcular o número de cromossomos metacêntricos, submetacêntricos,
subtelocêntrico e acrocêntrico de cada metáfase.
7. Repetir os itens de 3 a 6 até que o valor de cada tipo cromossômico (m, sm, st,
a) apresente um valor modal nítido.
8. Recortar os cromossomos das fotografias e numerá-los da mesma forma que
nas fotocópias.
9. Montar preliminarmente os cariótipos de acordo com as categorias
cromossômicas encontradas.
10. Quando padronizados todos os cariótipos, calcular os valores médios do braço
maior (BM), braço menor (Bm), comprimento total (CT), comprimento relativo
(CR), e relação de braços (RB), de cada par cromossômico.
-
17
Figura 1 - Foto ilustrativa do córrego do Onça onde foram coletados os exemplares de Pyxiloricaria menezesi, Sturisoma robustum e Loricaria sp.
Figura 2 - Foto ilustrativa do córrego do Ribeirão de onde foram coletados os exemplares de Farlowella amazona.
-
18
Figura 3 - Mapa esquemático do córrego da Onça de onde foram coletados os exemplares de Sturisoma robustum, Loricaria sp. e Pyxiloricaria menezesi.
Figura 4 - Mapa esquemático do córrego do Ribeirão de onde foram coletados os exemplares de Farlowella amazona.
-
19
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No presente trabalho, foram citogeneticamente analisados exemplares de
quatro espécies pertencentes a quatro gêneros da subfamília Loricariinae:
Farlowella amazona, Sturisoma robustum, Pyxiloricaria menezese, e Loricaria sp. O Quadro 1 mostra dados citogenéticos de número diplóide, fórmula cariotípica,
número fundamental e bandamentos NOR, C e CMA3 para as espécies
analisadas, bem como de outras espécies da subfamília Loricariinae, indicando
uma variação de número diplóide com 2n=36 cromossomos em Rineloricaria
latirostris a 2n=74 cromossomos em Sturisoma nigrirostrum. Esta ampla variação
cariotípica é característica da família Loricariidae, uma das mais complexas da
ictiofauna neotropical (Artoni e Bertollo, 1996; Alves et al., 2003).
A análise cariotípica de oito exemplares de F. amazona, quatro
exemplares fêmeas e quatro machos, revelou a presença de número diplóide de
2n=58 cromossomos, fórmula cariotípica com 18m+20sm+12st+8a, número
fundamental (NF) igual a 96 (Figura 5) e ausência de mecanismo de
cromossomos sexual. A região subterminal do braço longo do par número 26
(acrocêntrico grande) apresentou uma constrição secundária bem evidente, com
heteromorfismo de tamanho entre os homólogos (Figura 5).
A análise das regiões organizadoras nucleolares (NORs) de F. amazona
pela técnica de nitrato de prata revelou a presença de marcação em dois pares de
cromossomos, evidenciando, portanto, um sistema de NOR múltipla (Figura 6a e
6c). O par 26, organizador nucleolar principal, com marcação coincidente com a
constrição secundária, e um cromossomo acrocêntrico, provavelmente o par 27,
com a AgNOR na região terminal do braço curto. Um polimorfismo de NOR
parece estar presente no par 26, no qual se observa AgNOR subterminal em um
dos homólogos e terminal no outro.
Para a maioria das espécies de Loricariinae, as NORs estão localizadas
em posição terminal em um único par de cromossomos. Portanto, a condição de
NOR múltipla e em região intersticial, observada em F. amazona, caracteriza uma
condição derivada na subfamília. Entre as espécies de Loricariinae, NOR múltipla
tem sido encontrada em F. amazona e em uma população de Rineloricaria
pentamaculata do córrego Tatupeba pertencente à bacia do rio Paraná (Quadro
-
20
1). NORs intersticiais foram observadas no gênero Harttia (H. kronei, H. carvalhoi
e Harttia sp).
A análise de onze exemplares de Sturisoma robustum (cinco fêmeas, seis
machos) revelou a presença de 2n=66 cromossomos, sendo a fórmula cariotípica
18m+22sm+10st+16a, NF=116 (Figura 7a). A coloração pela prata mostrou
marcação de um único par organizador nucleolar, com marcação em todo o braço
curto do par de número 21 (Figura 8a). Sturisoma cf. nigrirostrum do rio Araguaia,
Mato Grosso, Brasil, é a espécie com maior número diplóide dentro da família
(2n= 74 cromossomos (Artoni e Bertollo, 2001) e difere em relação número
diplóide de S. robustum. Esta diferença pode ser observada principalmente no
número de subtelo-acrocêntrico (36 e 26, respectivamente, conforme Quadro 1), o
que nos permite inferir que rearranjos do tipo fissões cêntricas estiveram
presentes durante o processo de diversificação das espécies do grupo.
Farlowella amazona e H. kronei apresentam o mesmo número diplóide
(2n=58) com muitos cromossomos meta e submetacêntricos. Contudo, diferem
em relação à constituição cariotípica, especialmente no que se refere ao número
de cromossomos st/a (Quadro 1). Para H. loricariformis foram observados dois
números diplóides diferentes (Quadro 1), sendo 2n=52 cromossomos para a
população do rio Grande (Alves, 2000) e 2n=56 para população do rio Paraíba do
Sul (Kavalco et al., 2004). Outros representantes de Loricariinae analisados
citogeneticamente apresentam um número grande de cromossomos subtelo-
acrocênticos, Loricaria, Pyxiloricaria, Proloricaria e Rineloricaria (Quadro 1), o
oposto de Farlowella e Harttia, que dentro da subfamília são os que apresentam
os menores números de subtelo-acrocêntricos (20 e 16, respectivamente).
Contudo, as espécies do gênero Sturisoma analisadas citogeneticamente
(Sturisoma cf nigrirostrum e S. robustum) apresentam número de cromossomos
acrocêntricos intermediários entre Farlowella e Harttia e os demais Loricariinae.
Portanto, o gênero Farlowella parece estar mais relacionado cariotipicamente aos
gêneros Harttia e Sturissoma dentro da subfamília, indicando estarem mais
próximos evolutivamente, constituindo a tribo Hartiini, como proposto por Covain e
Fisch-Muller (2007) em estudos morfológicos (Quadro 2).
Montoya-Burgos et al. (1998), por meio de dados moleculares,
demonstraram que Harttia é grupo irmão para dois clados, sendo o primeiro
consistindo de Farlowella e Sturisoma, dois representantes de Harttiini, e o
-
21
segundo incluindo os representantes dos Loricariini. Os dados citogenéticos de
número diplóide e de cromossomos subtelo-acrocêntricos corroboram esta
proposição, além de inferir que o gênero Loricaria pode estar mais próximo dos
representantes de Harttiini do que os demais integrantes da tribo Loricariini.
O padrão de banda C (Figura 6b e 6d) em Farlowella amazona mostrou
presença de heterocromatina centromérica na maioria dos cromossomos e seis
pares marcadores com bandas intersticiais e/ou proximal ao centrômero
presentes no braço longo dos pares 11, 12, 20, 23, 26 e proximal ao centrômero e
telomérica no braço longo do par 27. O gênero Harttia apresenta um baixo
conteúdo de heterocromatina constitutiva, sem regiões de bandas C conspícuas,
exceto para o braço longo do quarto par de metacêntrico em H. carvalhoi e na
região telomérica do braço longo dos pares 1 e 25 de H. loricariformis. Estes
dados comparados com o do presente estudo evidenciam que uma variabilidade
estrutural dos cromossomos nestes dois gêneros foi acompanhada pela
diversidade do padrão de heterocromatina nestes gêneros.
Em relação aos demais gêneros do grupo, estes resultados são
consistentes com a proposição de Artoni e Bertollo (2001) e apontam uma grande
diversidade em quantidade de heterocromatina entre os Loricaridae.
O padrão de bandamento C em Sturisoma robustum revelou a presença
de poucos blocos de heterocromatina constitutiva (Figura 8b), com marcação na
região pericentromérica de alguns pares cromossômicos e a região da NOR
apresentou Banda C positiva.
O gênero Loricaria tem sido revisado quanto à classificação taxonômica
de algumas espécies inseridas nesse gênero. O número de 112 nomes científicos
no grupo foi reduzido para apenas 14 espécies válidas (Fish base, 2008). Assim,
as espécies registradas como L. carinata, L. parva, L. prolixa, L. macrodon
passaram a ser denominadas de Loricaria cataphracta, Rineloricaria parva,
Proloricaria prolixa e Brochiloricaria macrodon, respectivamente. Desta forma,
poucas espécies foram estudadas citogeneticamente, com apenas L. cataphracta
(Roncati et al. 1999), espécie tipo, única espécie tipo válida analisada do ponto de
vista citogenético, com número diplóide definido (2n=64). Além desta, outras 2
espécies não denominadas de Loricarias sp. (Della-Rosa et al., 1980 e Oliveira et
al., 1998) tiveram número cromossômico, fórmula cariotípica, marcação AgNOR e
padrão de banda C determinados (Quadro 1). Loricaria sp. rio Jari e do rio
-
22
Solimões mostraram número diplóide diferente das demais (2n= 52 e 2n= 62,
respectivamente).
A análise de oito exemplares da espécie Loricaria sp. (cinco fêmeas, três
machos), revelou a presença de 2n=64 cromossomos, fórmula cariotípica 10m+
12sm+8st+2st+42a, NF= 84 e sem diferenças quanto ao sexo (Figura 9a). A NOR
revelou uma marcação intersticial no braço longo do par 11, bem evidente,
indicando assim um mecanismo de NOR simples (Figura 10a). O padrão de
bandamento C revelou a presença de pouca heterocromatina constitutiva com
marcação na região intersticial de um dos maiores cromossomos acrocêntricos
(Figura 10b), coincidente com a região da NOR e pericentromérica de alguns
cromossomos.
Loricaria sp. do rio Paraná, PR, e do córrego do Onça, MS, apresentaram
mesmo número diplóide, mas com fórmulas cariotípicas diferentes, mostrando um
grande número de cromossomos acrocêntricos (Quadro 1). Números de
cromossomos subtelo-acrocêntricos altos também podem ser observados entre
as espécies dos gêneros Pyxiloricaria, Proloricaria, Rineloricaria. Dadas estas
características, estes parecem constituir grupos derivados dentro da subfamília.
A análise de todas as espécies de Loricariidae cariotipadas até o presente
revela uma predominância de cromossomos do tipo acrocêntricos e número
diplóide alto, comum na referida família, principalmente nas espécies do gênero
Hypostomus, o gênero de maior variação em número diplóide (Alves, 2005). Outro
aspecto na família é o número diplóide inversamente proporcional ao número de
cromossomos metacêntricos (Artoni e Bertollo, 2001). A condição cariotípica de
número diplóide alto é considerada derivada nos representantes da ordem
Siluriformes, sendo então o gênero Hypostomus o mais derivado em termos
cariotípicos na família Loricariidae, seguido de Loricariinae (Oliveira e Gosztonyi,
2000).
Para a família, observou-se, ainda, a presença de cromossomos
supranumerários em Microlepdogaster leucofrenatus (Andreata et al., 1993),
polimorfismos cromossômicos numéricos em Rineloricaria latirostris (Giuliano-
Caetano, 1998) e presença de sistemas de determinação de sexo em
Microlepdogaster leucofrenatus (Andreata et al., 1993), Hypostomus sp. (Artoni et
al., 1998) e Harttia carvalhoi (Centofanti et al., 2006).
-
23
A análise de Pyxiloricaria menezesi (oito fêmeas e quatro machos)
revelou a presença de 2n=68 cromossomos, fórmula cariotípica com
8m+6sm+4st+50a, NF=86 e não houve diferenças quanto ao sexo (Figura 11a).
Em relação à subfamília, esta espécie mostrou alto número diplóide e de
cromossomos subtelo-acrocêntricos, portanto, mais próxima dos gêneros
Loricaria, Proloricaria e Rineloricaria. Schaefer (1987) e de Pinna (1998) têm
considerado a subfamília Loricariinae um grupo monofilético bem definido e
grupo-irmão das subfamílias Ancistrinae e Hypostominae. Pyxiloricaria é um
gênero monotípico (P. menezesi) e, na família, esta espécie é mais semelhante
aos Hypostominae, em especial ao gênero Hypostomus, por apresentar alto
número de cromossomos subtelo-acrocêntricos, bem como de número diplóide.
Entre os espécimes de Hypostomus analisados o número diplóide tem variado
entre 52 a 80 cromossomos e com variação de 26 a 62 de cromossomos do tipo
subtelo-acrocêntricos (Artoni e Bertollo, 2001).
Em Pyxiloricaria, o bandamento C mostrou marcações centroméricas e
pericentroméricas na maioria dos cromossomos e no braço curto do par de
número 9, sendo este também marcado pela prata (NOR banda C positiva)
(Figura 12a e 12b, respectivamente). Estes dados mostram uma quantidade de
heterocromatina semelhante ao observado em Farlowella analisada no presente
trabalho, bem como na maioria das espécies da subfamília.
A região organizadora do nucléolo (NOR) em Pyxiloricaria menezesi
mostrou marcação na região terminal do braço curto do par número nove (Figura
12a), coincidente com a contrição observada na análise de Giemsa deste par
(Figura 11a). Portanto, um sistema de NOR simples localizado na região terminal
do braço curto, como observado para a maioria das espécies da família. Segundo
Artoni (2001), esta é uma característica plesiomórfica entre os Loricarideos.
Pyxiloricaria e Loricaria apresentaram NOR simples, mas em Pyxiloricaria
esta se apresentou terminal e para Loricaria esta foi intersticial. Deve ser
ressaltada a semelhança entre os cariótipos de ambas as espécies, inclusive
apresentando mesmo NF, demonstrando assim serem próximas evolutivamente.
A maioria das espécies de Loricariinae analisados citogeneticamente até
o momento apresentou NOR simples na região terminal, mas NORs múltiplas já
foram encontradas para Rineloricaria pentamaculata (Errero-Porto, 2007) e NORs
simples e intersticiais foram encontradas em Harttia carvalhoi (Centofante et al.,
-
24
2006). No presente estudo foram encontradas NORs interesticiais e múltiplas no
gênero Farlowella (Quadro 1).
O gênero Farlowella, juntamente com o gênero Harttia, são
caracterizados por pouco número de cromossomos acrocêntricos (o menor em
Loricariinae), quatro pares somente e grande número de cromossomos meta e
submetacêntricos. Estes dados nos permite concluir a respeito de uma condição
mais conservada para o cariótipo de Farlowella, o que os aproxima da condição
basal dos Loricaridae. A bem da divergência de vários gêneros, a condição basal
do cariótipo de Farowella indica que o aumento do 2n e eventos de fissão
cêntricas, como proposto por Bertollo e Artoni (2001), devem ter desempenhado
um importante papel evolutivo entre os Loricariinae a exemplo do que ocorreu
com outros grupos de Loricaridae.
Uma possível estrutura cariotípica basal de Loricariidae tem sido sugerida
por Artoni e Bertollo (2001), analisando exemplares de Hypostomini, Ancistrinae,
Loricariinae e Hypoptopomatinae e por (Alves et al. (2003), pela análise de
exemplares de Neoplecostominae, propõem que o cariótipo seria composto por
2n=54 cromossomos, com NORs simples em posição subterminal e intersticial,
respectivamente, como sendo condição plesiomórfica para a família.
Portanto, a subfamília Loricariinae tem mostrado grande diversidade de
fórmula cariotípica caracterizando grupos de espécies de acordo com número de
cromossomos meta-submetacêntricos: a) aqueles com o maior destes
cromossomos (Farlowella e Harttia), b) outros nos quais estes tipos
cromossômicos são menores (Pyxiloricaria, Loricaria, Proloricaria, Rineloricaria e
Brochiloricaria), e c) aqueles com semelhança entre os cromossomos meta-
submetacêntricos e subtelo-acrocêntricos (Loricariichthys e Sturuisoma). Estes
dados, associados às diferenças de número diplóide, indicam tendências
evolutivas diferentes dentro desta subfamília e comprovam os dados do
dendograma proposto por Covain e Fish-Muller (2007), onde o primeiro grupo são
os mais basais, pertencentes à tribo Hartiini, e os dois últimos pertencentes à tribo
Loricariini, os quais são subdivididos em subgrupos morfológicos (Loricarichthys,
Rineloricaria, Loricaria e Pseudohemiodon). No dendograma, os Loricariichthys
são os mais basais dentro da tribo e, portanto, intermediários entre Hartiini e
Loricariini, indicando uma congruência entre os dados morfológicos e
citogenéticos (Quadro 2).
-
25
Alves (2005) resume que, possivelmente, podem ocorrer três tendências
evolutivas para o cariótipo basal de Loricariidae: uma levaria à manutenção das
condições basais, ou seja, 2n=54 cromossomos e Ag-NORs intersticiais (em
Neoplecostominae e Hypoptomatinae). Outra tendência levaria ao aumento do
número diplóide, seguido por um grande acréscimo de cromossomos
acrocêntricos, levando à evolução cariotípica por fissões cêntricas (Hypostominae
e Loricariinae), e finalmente, uma terceira tendência, que consideraria a
diminuição no número diplóide, com predominância de cromossomos meta e
submetacêntricos, sugerindo eventos de fusões cêntricas (também em
Hypostominae e Loricariinae). Com base nisso, durante sua evolução cariotípica
dos gêneros das subfamilia Loricariinae, os principais rearranjos foram os de
fusão e fissão. Os resultados obtidos no presente estudo indicam que
Pyxiloricaria, assim como Loricaria parecem constituir grupos derivados, pois
apresentam número diplóide alto e grande número de cromossomos
acrocêntricos.
A análise pela técnica do fluorocromo cromomicina CMA3 foi realizada
para as três espécies analisadas: Sturisoma robustum, Loricaria sp. e Pyxiloricaria
menezes. Mostrou marcação coincidente com a região da NOR, indicando ser
esta região rica em bases CG (Figura 8c, 10c, 12c respectivamente), enquanto os
demais blocos de banda C não mostraram marcação fluorescente, o que indica
uma constituição de bases diferentes entre a heterocromatina da região
organizadora do nucléolo e os de outras localidades. Em peixes NOR, CMA3 e
banda C positiva tem sido comum, com a maioria mostrando esta diferença na
composição de bases da banda C. Contudo isto não tem sido uma regra geral
(Artoni et al., 1996).
Estudos cariotípicos nos gênero Farlowella e Pyxiloricaria ainda não
haviam sido realizados até o presente trabalho e ainda são escassos os estudos
nos gêneros Loricaria e Sturisoma. No Pantanal, bioma de importância
indiscutível, onde os peixes desempenham papel fundamental no equilíbrio
ecológico do bioma, só há o relato de um trabalho na subfamília Loricariinae,
enfocando estudos citogenéticos, referente ao gênero Sturisoma da população do
rio Araguaia, estado de Mato Grosso.
-
26
Quadro 1 - Sumário, modificada de Alves (2005) da Subfamília Loricariinae. 2N = número, diplóide; m = metacêntrico; sm = submetacêntrico; st = subtelocêntrico; a = acrocêntrico, NF = número fundamental, NOR = Região organizadora do nucléolo, (NF# = M/SM= dois braços; ST/A = um braço)
ESPÉCIES LOCALIDADE 2N FÓRMULA CARIOTÍPICA
NF# NOR BANDA C REFERÊNCIAS
Brochiloricaria macrodon* - 58 18m+2sm+38ª,t 78 Michele, et al. (1977)
Farlowella amazona Córrego do Ribeirão, MS, Brasil 58 16m, 26sm, 8st, 8ª 90 2 C-CMA3 Presente trabalho
Harttia carvalhoi Rio Paraíba do Sul , SP, Brasil 52 53
18m,18sm,8st, 8a 19m, 18sm, 8st, 8a
88 90
1 C Centofante et al. 2006
H. kronei Rio Betari, SP, Brasil 58 40m/sm, 18st/a 98 1 - Alves et al. (2003)
H. loricariformis Rio Grande, SP, Brasil 52 32m/sm, 20st/a 84 - Alves et al. (2003)
H. loricariformis Rio Paraitinga , SP, Brasil 56 16m, 22sm, 10 st, 8a 94 - Kavalco et al. (2005)
Harttia sp. Rio Itabapoana, MG, Brasil 56 14sm, 42ª 70 Carneiro et al. (1998)
Loricaria cataphracta** Rio Paraná, Argentina 64 - - - - Roncati et al. (1999)
Loricaria sp. Rio Par aná, PR, Brasil 64 10m, 6sm, 4st, 44ª 80 1 C Scavone e Júlio Jr. (1995)
Loricaria sp. Rio Solimões, AM, Brasil 62 - - - - Della-Rosa et al. (1980)
Loricaria sp. Rio Jari, PA, Brasil 52 - - 1 C Oliveira et al. (1998)
Loricaria sp. Córrego da Onça, MS, Brasil 64 12m, 8sm, 2st, 42ª 84 1 C-CMA3 Presente trabalho
Loricariichthys sp. Rio Paraná, Argentina 54 6m, 26sm, 4st, 18ª 86 1 C Fenocchio (1993)
Loricariichthys sp. Rio Itabapoana, MG, Brasil 54 28m, 26ª 82 1 Carneiro et al. (1998)
L. platymetopom Rio Paraná, PR, Braszil 54 6m, 20sm, 4st, 24a 7m, 20sm, 4st, 23a
80 81
1 1
C C
Scavone e Júlio Jr. (1995)
L. platymetopom Rio Paraná, Posadas, Argentina 54 - - - - Roncati et al. (1999)
L. maculata
Rio Paraná, Posadas, Argentina 56 - - - - Roncati et al. (1999)
-
27
Quadro 1, Cont...
Pyxiloricaria menezesi Córrego da Onça, MS, Brasil 68 8m, 6sm, 4st, 50ª 82 1 C-CMA3 Presente trabalho
Proloricaria prolixa*** Rio Paraná, PR, Brasil 62 20m, 4sm, 38ª 86 1 C Scavone e Júlio Jr. (1995)
Rineloricaria. Cadeae Rio Guaíba, RS, Brasil 66 2m, 64 st /a 68 1 Alves et al. (2003)
R. kronei Rio Itapocu, SC, Brasil 64 6m/sm, 58st/a 70 1 Alves et al. (2003)
R. latirostris Rio Mogi-Guaçu, SP, Brasil 36-40 24m/sm,12st/a 20m/sm, 20st/a
- 1 C, CMA3, DAPI Giuliano-Caetano (1998)
R. latirostris Rio Três Bocas, PR, Brasil 43-48 17m,sm, 36st/a - 1 C, CMA3, DAPI Giuliano-Caetano (1998)
R. latirostris Rio Passa-Cinco, SP, Brasil 44-47 16m/sm, 28st,a 13m/sm, 34st,a
- 1 C, CMA3, DAPI Giuliano-Caetano (1998)
Rineloricaria parva**** - 48 - - - Gyldenholm e Schell (1971)
R. pentamaculata Rio Keller, PR, Brasil 56 8m/sm, 48st/a 64 1 C, Giuliano-Caetano (1998);
R. pentamaculata Rio Keller, PR Brasil, Rio Tatupeba, PR, Brasil Rio Tauá, PR, Brasil
56 56 56 56
8m/sm+48st/a 8m/sm+48st/a 8m/sm+48st/a 9m/sm+47st/a
64 64 64 65
1 2 1 1
C, CMA3 C, CMA3 C, CMA3 C, CMA3
Errero-Porto (2007)
Rineloricaria n. sp. Rio Betari, SP, Brasil 70 2sm, 68ª 1 - Alves et al. (2003)
Rineloricaria n. sp. Rio vermelho 50 10m,6sm,2st,32a - - - Alves (2005)
Sturisoma cf. nigrirostrum Rio Araguaia, MG, Brasil 74 20m, 18sm, 36st/ a - - Artoni e Bertollo (2001)
Sturisoma robustum Córrego da Onça, MS, Brasil 66 18m, 22sm,10st,16a 106 1 C-CMA3 Presente trabalho
* Citação Loricaria macrodon ** Citação Loricaria carinata *** Citação Loricaria prolixa **** Citação Loricaria parva
-
28
Quadro 2 - Dendograma, construído por Covain e Fisch-Muller (2007), por
meio da matriz de distância morfológica para o grupo Loricariinae
-
29
Figura 5 - Cariótipo de Farlowella amazona submetido à coloração com Giemsa.
Figura 6 - A) Metáfase somática, indicando as regiões organizadoras do nucléolo, com impregnação pelo nitrato de prata - AgNOR; B) Metáfase completa indicando os blocos de heterocromatina constitutiva pela técnica de banda C; C) Cromossomos marcados pelo nitrato de prata, indicando a região organizadora do nucléolo; D) Pares de cromossomos mostrando os blocos heterocromáticos.
-
30
Figura 7 - Cariótipo de Sturisoma robustum submetido à coloração com Giemsa.
Figura 8 - Metáfase somática de Sturisoma robustum, em a) Regiões organizadoras do nucléolo, com impregnação pelo nitrato de prata - AgNOR; b) Banda C e c) Coloração de CMA3.
-
31
Figura 9 - Cariótipo de Loricaria sp. submetido à coloração com Giemsa.
Figura 10 - Metáfase somática de Loricaria sp. em a) Regiões organizadoras do nucléolo com impregnação pelo nitrato de prata - AgNOR; b) Banda C e c) Coloração de CMA3.
-
32
Figura 11 - Cariótipo de Pyxiloricaria menezesi submetido à coloração com Giemsa.
Figura 12 - Metáfase somática de Pyxiloricaria menezesi em a) Regiões organizadoras do nucléolo com impregnação pelo nitrato de prata - AgNOR; b) Banda C e d) Coloração de CMA3.
-
33
5. CONCLUSÕES
a) A análise dos exemplares de Falorwella amazona, Pyxiloricaria menezesi, Sturisoma robustum e Loricaria sp., revelaram, como esperado, uma ampla
variação cariotípica variando de 2n=58 a 2n=68 cromossomos, como também
observado nas espécies já cariotipadas para a subfamília Loricariinae.
b) A fórmula cariotípica nas espécies analisadas mostrou muitos cromossomos
meta-submetacêntricos em Farlowella amazona e muitos cromossomos subtelo-
acrocêntricos em Loricaria sp. Em Pyxiloricaria menezesi e em Sturisoma
robustum, o número de meta-submetacêntrico e subtelo-acrocentrico mostrou-se
equilibrado, indicando diferenças em relação à ocorrência de mecanismos de
rearranjos cromossômicos durante os caminhos evolutivos dos diferentes grupos
em Loricariinae.
c) A análise das regiões organizadoras do nucléolo, detectadas pela impregnação
de nitrato de prata, indicaram marcações simples para a maioria das espécies já
analisadas, sendo esta considerada primitiva dentro da subfamília, exceto para
Farlowella amazona e Rineloricaria pentamaculata que apresentam marcação
múltipla na subfamília.
d) Observando as regiões ricas em heterocromatina constitutiva, por meio de
bandamento C, é possível concluir que as espécies analisadas, assim como as
demais espécies descritas na literatura na subfamília, apresentam variações que
permitem reconhecer marcadores espécie-específicos.
e) A técnica de coloração CMA3 mostrou regiões ricas em CG, coincidentes com a
região organizadora do nucléolo e detectadas pela impregnação da prata.
f) Farlowella e Sturisoma foram caracterizados por apresentar baixo número de
cromossomos subtelo-acrocêntricos, enquanto Loricaria e Pyxiloricaria
apresentam estes tipos de cromossomos em alto número, indicando ser esta uma
característica derivada.
-
34
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGOSTINHO, A.A.; JÚLIO JR., H.F. Peixes da bacia do alto rio Paraná. In: LOWE-McCoNNEL, R.H. (ed.). Estudos ecológicos de comunidades de peixes tropicais. São Paulo: EDUSP. 1999, 374-400p.
ALMEIDA-TOLEDO, L.F. Contribuição à citogenética de Gymnotoidei (Pisces, Osthariophysi). São Paulo: Universidade de São Paulo, 1978. 128p. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas).
ALVES, A.L. Análise da evolução dos gêneros da subfamília Hemipsilichthiinae (Ostariophysi, Siluriformes, Loricariidae) com base em caracteres cromossômicos e de DNA mitocondrial. São Paulo: Universidade Estadual Paulista, 2000. 129p. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas).
ALVES, A.L. Análise da evolução da família Loricariidae (Teleostei: Siluriformes) com base em caracteres cromossômicos e de seqüências de DNA. São Paulo: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2005. 149p. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas).
ALVES, A.L.; OLIVEIRA C.; FORESTI F. Karyotype variability in eight species of
the Subfamilies Loricariidae and Ancistrinae (Teleostei, Siluriforme, Loricariidae).
Caryologia, 56:57-63, 2003.
ANDREATTA, A.A. Estudos citogenéticos na subfamília Hemipsilichthiinae (Ostariophysis, Siluriformes, Loricariidae) com base em caracteres cromossômicos e de DNA mitocondrial. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1991. 122p. Dissertação (Mestrado em Genética).
ANDREATA, A.A.; ALMEIDA – TOLEDO, L.F.; OLIVEIRA, C.; TOLEDO-FILHO,
S.A. Chromosome Studies in Hypoptomatinae (Pisces, Siluriformes, Loricariidae):
I XX/XY. Sex chromosome Heteromorphism in Pseudotocinclus tietensis.
Cytologia, 57:369-372, 1992.
ANDREATA, A.A.; ALMEIDA – TOLEDO, L.F.; OLIVEIRA, C.; TOLEDO-FILHO,
S.A. Chromosome Studies in Hypoptomatinae (Pisces, Siluriformes, Loricariidae):
II ZZ/ZW. Sex. Chromosome system, B chromosomes, and constitutive
-
35
heterochromatin differentiation in Microlepidogaster leucofreatus. Cytogenetics and Cell Genetics, 63:215-220, 1993.
ANDREATTA, A.A.; ALMEIDA-TOLEDO, L. F.; OLIVEIRA, C.; TOLEDO-FILHO,
S.A. Chromosome studies in Hypoptopomatinae (Pisces, Siluriformes,
Loricariinae) III: Analysis of seven species. Caryologia, 47:27-37, 1994.
ARAÚJO, F.G.; CRUZ-FILHO, A.G.; AZEVEDO, M.C.C.; SANTOS, A.C.A.
Estrutura da Comunidade de Peixes demersais da Baía de Sepetiba, RJ. Revista Brasileira de Biologia, 58:417-430, 1998.
ARMBRUSTER, J.W. Phylogenetic relationships of the sucker mouth armoured
catfishes (Loricariidae) with emphasis on the Hypostominae and the Ancistrinae.
Biological Journal of the Linnean Society, 141:1-80, 2004.
ARTONI, R.F.; BERTOLLO, L.A.C. Cytogenetic studies on Hypostominae (Pisces,
Siluriformes, Loricariidae). Considerations on karyotype evolution in the genus
Hypostomus. Caryologia, 49:81-90, 1996.
ARTONI, R.F.; BERTOLLO, L.A.C. Trens in the karyotype evolution of
Loricariidade fish (Siluriformes). Hereditas, 134:201-210, 2001.
ARTONI , R.F.; VICARI, M.R.; BERTOLLO, L.A.C. Cytogenetics of the neotropical
fishes: methods, results and perspectives. Biology Health Science, 6:43-60, 2000.
BERTOLLO, L.A.C.; TAKAHASHI, C.S.; MOREIRA-FILHO, O. Cytotaxonomic
considerations on Hoplias lacerdae (Pisces, Erythrinidae). Revista Brasileira de Genetica, 2:103-120, 1978.
BÖHLKE, J.E.; WEITZMANN, S.H.; MENEZES, N.A. Estado atual da sistemática
dos peixes de água-doce da América do Sul. Acta Amazônica, 8:657-677, 1978.
BRASIL. Agência Nacional de Águas. Implementação de práticas de gerenciamento integrado de bacia hidrográfica para o Pantanal e bacia do Alto Paraguai: ANA/GEF/PNUMA/OEA- programa de ações estratégicas para o gerenciamento integrado do pantanal e bacia do Alto Paraguai: síntese executiva. Brasília: TODA Desenho & Arte Ltda, 2004. 63p.
-
36
BRASIL. Ministério do Interior - Departamento Nacional de Obras de Saneamento.
Estudos hidrológicos da bacia do Alto Paraguai. Rio de Janeiro: DNOS, 1974. 284p.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia
Legal. Plano de conservação da bacia do Alto Paraguai. (Pantanal) – PCBAP: diagnóstico dos meios físico e biótico. Brasília: MMA/PNMA, 1997b. 400p.
BRITSKI, H.A. Peixes do pantanal. Manual de identificação. Corumbá: Embrapa-CPAP, 1999. 184p.
BRITSKI, H.A. Peixes do pantanal. Manual de identificação. Corumbá: Embrapa-CPAP, 2007. 227p.
BRITTO, M.R. Análises filogenéticas da ordem Siluriforme com ênfase nas relações da superfamília Loricarioidea (Teleostei: Osrariophysi). São Paulo: Universidade de São Paulo, 2003. 512p.Tese. (Doutorado em Ciências
Biológicas).
BURGESS, W.E. An Atlas of Freshwater and Marine Catfishes. TFH Publications. 1989. 784p.
CARNEIRO, A.S.P.; PAULS, E.; OLIVEIRA, A.S.S.; SILVA, L.P.; VIEIRA, W.S.
Projeto Managé: estudos citogenéticos de Harttia sp e Loricariichthys sp (Pisces,
Loricariidae) da bacia hidrográfica do rio Itabopoana (MG/ES/RJ0). In: VII SIMPÓSIO DE CITOGENÉTICA E GENÉTICA DE PEIXES. Londrina, 1998. Resumos... Londrina: UEL, 1998, p. 67-91p.
CENTOFANTE, L. Citogenética comparativa entre ictiofáunulas isoladas por um divisor de águas em regiões limítrofes de duas bacias hidrográficas na Serra da Mantiqueira. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2003, 164p. Tese (Doutorado em Genética e Evolução).
CENTOFANTE, L.; BERTOLLO, L.A.C.; MOREIRA-FILHO, O. Cytogenetic
characterization and description of an XX/XY1Y2 sex chromosome system in
catfish Harttia carvalhoi (Siluriformes, Loricariidae). Cytogenetic and Genome Research,112:320-324, 2006.
-
37
CHIACHIO, M.C.; OLIVEIRA, C.; MONTOYA-BURGOS, J.I. Molecular systematic
and historical biogeography of the armored neotropical catfishes
Hypoptopomatinae and Neoplecostominae (Siluriformes: Loricariidae). Molecular Phylogenetics and Evolution, 49:616-617, 2008.
COLE, C.J.; LEAVENS, C.R. Chromosome preparations of amphibians and
reptiles: improved technique. Herpetological Review, 3:102-102, 1971.
COVAIN, R.; FISCH-MULLER. The genera of the neotropical armored catfhish
subfamília Loricariinae (Siluriformes: Loricariidae): a pratical key and synopsis.
Zootaxa, 1462:1-40, 2007.
DE PINNA, M.C.C. Phylogenetic relationships of neotropical Siluriformes
(Teleostei: Ostariophysi): historical overview and synthesis of hypotheses. In: R.E.
Reis, R.P. Vari, Z.M.S. Lucena & C.A.S. (eds.). Phylogeny and classification of neotropical fishes, Porto Alegre: Ediprucrs, 1998, p. 279-330.
DELLA-ROSA, V.A.; BERTOLLO, L.A.C.; FERRARI, I.; TAKAHASHI, C.S.;
MOREIRA-FILHO, O.E.; FORESTI, F. Estudos citogenéticos em peixes da
Amazônia. II. Ordem Siluriformes. Ciência e cultura, 32:735, 1980.
ERRERO-PORTO, F. Análise citogenética em quatro populações do gênero Rineloricaria (Loricariidae, Siluriformes) da bacia do rio Paraná. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2007. 35p. Dissertação (Mestrado em
Ciências Biológicas).
FENOCHIO, A.S. Cromossomos supranumerários no gênero Rhamdia (Pisces). Caracterização cromossômica e considerações sobre a evolução cariotípica nos Siluriformes. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo, 1993. 122p. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas).
FERRARIS, C.J. Catfishes and knifefishes. In: Paxton, J.R.; W.N. Eschmeyer.
(eds.) Encyclopedia of fishes. San Diego: Academic Press, 1998. p.106-112.
FROESE, R.; PAULY, D. Fishbase. Disponível em: http://www.fishbase.org/ search.php. Acessado em: 26, janeiro, 2008.
-
38
GALDINO, S. Impactos ambientais e socioecoômicos na bacia do rio Taquari – Pantanal. Corumbá: Embrapa Pantanal, 2006. 356p.
GALETTI JR.; P.M.; RASCH, E.M. Chromosome studies in Poecilia latipunctata
(Teleostei: Poeciliidae). Ichthyological Exploration of Freshwaters, 4:269-277, 1993.
GIULIANO–CAETANO L. Polimorfismo cromossômico robertsoniano em populações de Rineloricaria latirostris (Pisces, Loricariinae). São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 1998. 78p. Tese. (Doutorado em Genética e
Evolução).
GUERRA, M. Introdução à citogenética geral. São Paulo: Guanabara, 1988, 142p.
GYLDENHOLM, A.O.; SCHELL, J.J. Chromosome number of fishes. Journal of Fish Biology , 3:479-486, 1971.
HOWELL, W.M.; BLACK, D.A. Controlled silver of Nucleolus Organizer Regions
with a protective colloidal developer: a 1-step method. Experientia, 36:1014-1015, 1980.
ISBRÜCKER, I.J.H. Descriptions preliminaires de nouveaux taxa de la famille des
Loricariidae. Revue fr. Aquariol, 5:86–116, 1979.
ISBRÜCKER, I.J.H. Classification and catalogue of the mailed Loricariidae
(Pisces, Siluriformes). Verslagen en Technische Gegevens, 22:1-181, 1980.
ISBRÜCKER, I.J.H.; NIJSSEN, H. Pyxiloricaria menezesi, a new genus and
species of mailed catfish from rio Miranda and rio Cuiabá, Brazil (Pisces,
siluriformes, Loricariidae). Bijdragen tot de dierkunde, 54:163-168, 1984.
JIM, S.M.; TOLEDO, V. Citogenética de Astyanax faciatus e Astyanax bimaculatus
(Characidae, Tetragonopterinae. Ciência e Cultura, 27:1122-1124, 1975.
JÚLIO JR.; H.F; SCAVONE, M.P.D. cytogenetics analysis and probable
supernumerary chromosomes of Loricaria prolixa and Loricaria sp., Revista Ictiologia, 2:41-47, 1994.
-
39
KAVALCO, K.F.; PAZZA, R.; BERTOLLO, L.A.C.; MOREIRA-FILHO, O. Gene mapping of 5S rDNA sites in eight fish species from the Paraíba do Sul river basin,
Brazil. Research Cytogenetic Genome, 106:107-110, 2004.
KAVALCO, K.F.; PAZZA, R.; BERTOLLO, L.A.C.; MOREIRA-FILHO, O.
Karyotypic diversity and evolution of Loricariidae (pisces, Siluriformes). Heredity, 94:180-186, 2005.
LARA, M.C.S. Aspectos citogeneticos de quatro espécies de peixes da subfamilia Ancistrinae (Siluriformes, Loricariidae) da bacia do rio Paraná. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 1998. 46p. Dissertação (Mestrado
em Biologia Celular.
LARA-KAMEI, M.C.S.; JÚLIO JR., H.F. Diversidade cromossômica em espécies
do gênero Hypostomus (Loricariidae, Hypostominae) de um riacho da bacia do rio
Paraná. In: IX SIMPÓSIO DE CITOGENÉTICA E GENÉTICA DE PEIXES,
Maringá, 2002. Anais... Maringá: UEM, 2002, p. 63.
LEE, M.R.; ELDER, F.F.B. Yeast stimulation of bone marrow mitosis for
cytogenetic investigations. Cytogenetics and Cell Genetics, 26:36-40, 1980.
LEVAN, A.; FREDGA, K.; SANDBERG, A.A. Nomenclature for centromeric
position on chromosomes. Hereditas, 52:201-220, 1964.
MICHELLE, J.L.; TAKAHASHI, C.S. Comparative cytology of Tilapia rendaele and
Geophagus brasiliensis (Cichlidae, Pisces). Cytologia, 42:539-546, 1977a.
MICHELLE, J.L.; TAKAHASHI, C.S.; FERRARI, I. Karyotype study of some of the
family Loricariidae (Pisces). Cytologia, 42:539-546, 1977b.
MONTOYA-BURGOS, J.I.; MULLER, S.; WEBER, C.; PAWLOWSKI, J.
Phylogenetic relationships of the Loricariidae (Siluriformes) based on
mitochondrial rRNA gene sequences. In: Malabarba, L.R., R.E. Reis, R.P., Vari, Z.M.S. (eds.). Phylogeny and classification of neotropical fhishes. Lucena: Edipucrs, 1998. p. 363-375.
NELSON, J.S. Fishes of the world. New York: John Wiley & Sons, 1994.
-
40
OLIVEIRA, C.; ALMEIDA-TOLEDO, L.F.; FORESTI, F.; BRITSKI, H.A.; TOLEDO-
FILHO, S. Chromosome formulae of neotropical freswater fishes. Revista Brasileira de Genética, 13:577-624, 1988.
OLIVEIRA, C.; GOSZTONYI, A.E. A cytogenetic study of Diplomystes
mesembrinus (Teleostei, Siluriformes, Diplomystidae) with a discussion of
chromosome evolution insoluriformes. Caryologia, 53:31-37, 2000.
OLIVEIRA, C.; TOLEDO, L.F.A.; FORESTI, F. Revisão dos estudos citogenéticos
em peixes neotropicais de águas continentais. In: VIII SIMPÓSIO DE
CITOGENÉTICA E GENÉTICA DE PEIXES, Manaus, 2000. Resumos... Manaus: instituto de Pesquisa da Amazônia, 2000, p. 24.
REIS, R.E.; KULLANDER, S.O.; FERRARIS JR. C.J. Check list of the freshwater fishes of South America. Porto Alegre: Edipucrs, 2003. 742p.
RESENDE, E.K. Recursos pesqueiros: diagnóstico e propostas de pesquisa. Corumbá: Embrapa-Cpap, 1988. 51 p.
RESENDE, E.K. Influência das atividades antrópicas sobre os peixes da bacia hidrográfica do rio Miranda, período de 1985 e 1987. Disponível em: . Acesso em: 18, jun., 2004.
RONCATI, H.A.; CORIO, C.; MALONE, G.; FENOCHIO, A.S.; PASTORI, M.C.
Relevamiento citogenetico em peces Del rio Paraná (Argentina). VII Subfamilias
Loricariinae e Hypostominae (Pices, Loricariidae). Genetics and Molecular Biology, 22:82-82, 1999.
SANTOS, A.T.; CREPANI, E. Contribuição do sensoriamento remoto aplicado à
geologia no estudo do assoreamento do rio Taquari, Pantanal Mato-Grossense.
In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO. Curitiba, 1993.
Resumos... Curitiba: INPE, 1993, p. 261-266.
SCAVONE, M.D.P.; H.F. JÚLIO JR. Cytogenetcs analysis and heterochromatin
distribution in ZZ/ZW. Sex chromosomes of the mailed catfish Loricariichthys
platymetopon (Loricariidae: Siluriformes). Revista Brasileira de Genética, 18:31- 35, 1995.
-
41
SCHAEFER, S.A. Osteology of Hypostomus plecostomus Linnaeus), whith a
phylogenetic analysis of the Loricariid subfamilies (Pisces, Silutoidei). Contr. Sci. Nat. Hist. Mus. Los Angeles County, 394:1-31, 1987.
SCHAEFER, S.A. Phylogenetic analysis of the loricariid subfamily
Hypoptopomatinae (Pisces: Siluroidei: Loricariidae), with comments on generic
dagnosis and geographic distribution. Zoological Journal of the Linnean Society, 102:1-41, 1991.
SCHMID, M. Chromosome banding in Amphibia. IV. Differentiation of GC- and AT-
rich chromosome regions in Anura. Chromosoma, 77:83-103, 1980.
SCHWEIZER, D. Simultaneous, fluorescent staining of R bands and
sp