DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO OESTE PARANAENSE A PARTIR DO
CAPITAL SOCIAL
Moacir Piffer Doutorando em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC).
Professor assistente do Colegiado de Economia na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)/Campus de Toledo. Pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Agronegócio e
Desenvolvimento Regional (GEPEC). Email: [email protected]
Lucir Reinaldo Alves Economista pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)/Campus Toledo.
Mestrando do Programa de Pósgraduação em Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Bolsista da CAPES. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em
Agronegócio e Desenvolvimento Regional (GEPEC). Email: [email protected]
Jandir Ferrera de Lima Ph.D. em Desenvolvimento Regional pela Université du Québec à Chicoutimi (UQAC) Canadá.
Professor adjunto do Colegiado de Economia na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)/Campus de Toledo. Pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Agronegócio e
Desenvolvimento Regional (GEPEC). Pesquisador Associado do GRIRUQAC. Email: [email protected]
Maria Eloísa Cavalheiro Doutoranda em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Mestre
em História pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Email: [email protected]
Marizete Gonçalves da Silva Acadêmica do Curso de Biologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR)/Campus
Toledo. Email: [email protected]
Sessão/Área Temática: 3) Territórios revitalizados: Sinergia e Capital Social
ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO OESTE PARANAENSE A
PARTIR DO CAPITAL SOCIAL
Resumo: O objetivo desse artigo é demonstrar os municípios da região Oeste do Paraná que de desenvolveram a partir do capital social e aqueles que demonstram um desenvolvimento mais exógeno. Essa região concentra 50 municípios e três microrregiões definidas pelo IBGE (Toledo, Cascavel e Foz do Iguaçu) e apresenta um desenvolvimento econômico baseado, no geral, em forças externas, ou seja, da alteridade em sua totalidade espacial. Assim, utilizarseá como metodologia uma análise bibliográfica sobre o conceito de capital social e alguns dados empíricos a partir do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, do Instituto Brasileiro de Geografia Econômica, e dos coeficientes de análise regional, especialmente o Quociente Locacional que demonstra o “peso” dos setores econômicos em cada um dos municípios. Neste contexto, o capital social e o capital humano serão tratados
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como fatores fundamentais no desenvolvimento econômico e social dos municípios na região Oeste do Paraná. Um exemplo atual de desenvolvimento econômico a partir de iniciativas locais é o município de Terra Roxa. Nesse município, de base agrária, o poder público, os empresários e a sociedade civil implantaram a partir de 1994 os chamados Arranjos Produtivos LocaisAPLs na cadeia produtiva têxtil, no segmento de tecidos para bordados. A partir dessa iniciativa esse município está apresentando melhoras significativas nos índices econômicos municipais e de qualidade de vida da população (IDH). Além desse município, o capital social possui uma matriz intensa de análise na região Oeste do Paraná e esse artigo explorará esse fato de forma mais detalhada. Todavia, ressaltase a necessidade em despertar, ou melhor, educar, para mobilizar a comunidade civil e as instituições da importância do associativismo horizontal, da confiança, da solidariedade e das relações de cooperação entre os cidadãos dos municípios. A partir destas constatações, é importante valorizar, sobretudo a cultura cívica, o civismo, a cultura política, as tradições, a cooperação, pois são fatores fundamentais para a existência do capital social na região.
1. Introdução
O desenvolvimento econômico do Estado do Paraná, mais especificamente
da região Oeste do Paraná tem produzido um crescimento baseado, no geral, em
forças externas, ou seja, da sua base de exportação e da alteridade em sua
totalidade espacial (PIFFER, 1999).
Esta situação é percebida quando se analisam os coeficientes locacionais
nos ramos de atividades das regiões do Estado do Paraná. Nessas análises,
percebese que as atividades são mais fortes em algumas regiões ou municípios
que possuem maiores influências no espaço de competição. Por vezes, as causas
dessa dinâmica não são explicadas nas análises econômicas tradicionais,
aparecendo algumas insinuações sobre outras variáveis, como por exemplo, o
social, cultura cívica, o civismo, socioeconômico, cultura política e ambiental.
Embora seja uma região rica em recursos naturais (terras férteis, água), o
Oeste Paranaense tem seus contrastes internos na capacidade de estabelecer laços
de confiança e redes de cooperação intermunicipal. É neste sentido que a
microrregião de Foz de Iguaçu, mesmo sendo detentora de capital social, capital
humano, conhecimento, pesquisa e desenvolvimento, além de ter uma das maiores
indústrias de geração de energia hidroelétrica do mundo (ITAIPU), apresenta
coeficientes locacionais acima da economia brasileira no ramo de atividade da
indústria e do comércio (PIACENTI et al, 2002). No entanto, ela não apresenta bons
indicadores de desenvolvimento sócioeconômico, tanto que continua com
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problemas internos ligados ao narcotráfico, contrabando, violência e miséria, que se
alastra cada vez mais na sua periferia urbana.
A microrregião de Cascavel e Toledo, apesar de possuírem um estoque
representativo de capital social, não conseguem interagir por motivos de
desconfiança e de competição. Isso não traz benefícios para a população. Nas
palavras de Schmidt (2003) a expansão do capital social torna o perfil do
desenvolvimento capitalista mais social. Nesse caso, o processo de
desenvolvimento não é feito exclusivamente para o mercado, mas para a população
e suas comunidades. Por isso, na situação das cidades de Toledo e Cascavel, a
falta de interação entre seu capital social não é boa para ambas as cidades, pois
tentam transgredir ou delatar a cooperação que pode ocorrer entre elas. Com isso,
ambas saem perdendo, como foi no caso recente do projeto para a implantação do
aeroporto regional do Oeste do Paraná. A situação no extremo oeste da região,
onde se localizam os municípios lindeiros ao lago da hidroelétrica, não é muito
diferente por receberem royalties (compensação financeira pela parte alagada de suas terras para a formação do reservatório de ITAIPU), apresentase como uma
unidade territorial independente do restante da região Oeste. Essa subregião
recebeu em torno de US$ 1,8 bilhões entre 1991 e 2004. Desse montante 75% ficou
com o governo do Paraná e o restante para os municípios lindeiros. Percebese
claramente que esta renda representa uma variável exógena e que sua aplicação
baseiase nos interesses dos governos locais (ITAIPU, 2004). Embora possuam um
estoque de capital social, eles não estão mobilizando relações sociais e redes de
cooperação nem internas (relações entre os lindeiros) e nem externas (relações com
outros municípios do Oeste). A Associação dos Municípios do Oeste do Paraná
AMOP, Câmara de Comércio e Indústria do Oeste do Paraná CACIOPAR e a
Associação da Câmara de Vereadores do Oeste do Paraná ACAMOP, estão
trabalhando na tentativa de estabelecer uma relação mais interativa com o espaço
territorial do Oeste do Paraná. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é traçar
elementos que auxiliem na compreensão do desenvolvimento regional, a partir de
elementos do capital social, como é o caso do Oeste do Paraná, que concentra 50
municípios e três microrregiões (Toledo, Cascavel e Foz do Iguaçu) (Mapa 1).
Mapa 1 Região Oeste do Paraná e seus municípios 2000
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Fonte: Alves (2005)
Frente à problemática da concentração do desenvolvimento regional no
Oeste paranaense fazse necessário estudos sobre o capital social e o avanço
dessa região. Essa necessidade é reforçada pelos estudos de Moraes (2003), que
aponta que o atual modelo de crescimento econômico apenas aumentou as
disparidades. Ele não se irradia de forma homogênea pelo espaço regional,
demandando novas alternativas que congreguem a comunidade para diminuir a
pobreza. Assim, o desenvolvimento é um processo endógeno alavancado pelo
capital social e suas interações.
2. Desenvolvimento Regional e Produção de Identidade Para o Capital Social.
O desenvolvimento regional de uma região ou local passa necessariamente
pela análise das questões suscitadas pelas narrativas identitárias regionais e suas
implicações com a chamada identidade cultural, naturalização da identidade frente à
globalização. A região é o último recurso de estabilidade e de reconhecimento no
desenvolvimento regional. Por isso, é importante a discussão e a análise da
0 43,30 km
Lago de Itaipu
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identidade regional sob a ótica da diferença, da alteridade (outro) o estranho em um
mundo globalizado e marcado pela ordem hegemônica.
A formação de uma região iniciase pela produção da identidade e da
diferença. Em geral, o chamado multiculturalismo, segundo Silva (2000): “apóiase em um vago e benevolente apelo à tolerância e ao respeito para a diversidade e a diferença. (...) Na perspectiva da diversidade, a diferença e a identidade tendem a ser naturalizadas, cristalizadas, essencializadas”. Ele aponta também que a causa da estranheza nessas discussões é a ausência de uma teoria da identidade e da
diferença. No entanto, ele tenta discutir na perspectiva que tenta desenvolver,
identidade e diferença são vistas como mutuamente determinadas.
Silva (2000), argumenta que a identidade e a diferença são resultados de um
processo de produção simbólica e discursiva. E que a afirmação da identidade e a
enunciação da diferença traduzem o desejo dos diferentes grupos sociais,
assimetricamente situados, de garantir o acesso privilegiado aos bens sociais. Para
ele a identidade e a diferença estão, pois, em estreita conexão com relações de
poder. Também o autor diz que são outras tantas marcas da presença do poder:
incluir/excluir (estes pertencem, aqueles não); demarcar fronteiras (nós e eles);
classificar (bons e maus; puros e impuros; desenvolvidos e primitivos; racionais e
irracionais); normalizar (nós somos normais; eles são anormais). Assim, segundo ele
a afirmação da identidade e a marcação da diferença implicam, sempre, as
operações de incluir e de excluir. É nesta perspectiva que este ensaio parte do
capital social como mediador para a integração e cooperação das comunidades
municipais em prol da região Oeste do Paraná.
Neste sentido, a idéia de ordem e de fronteira nos move, e ao mesmo tempo
dá idéia de lugar, ou seja, as coisas no lugar e os estranhos são produzidos neste
lugar, regional ou local. E, por último remetese à idéia de comunidade. A
comunidade é altamente definitiva, invisibilidade na “exorcização” do outro. A
naturalização da identidade, de toda comunidade híbrida é ver o outro diferenciado.
O “estranho” está caracterizado principalmente como o consumidor ou investidor
pioneiro na região ou local. Para Bauman (1998) a liberdade depende de quem é
mais forte, na distribuição das habilidades e recursos materiais requeridos pela ação
eficiente. Os “estranhos” se tornam normais ou são expulsos para fora da
comunidade, na forma de imigração ou migração.
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Neste contexto, Hall (2003) discutiu a questão do que se pensa e faz, que
para ele é multiculturalismo, que é doutrina política. O multicultural é um termo
qualificativo, que por definição é plural. O multiculturalismo comercial pressupõe que
a diversidade de comunidades distintas deve ser reconhecida. O multiculturalismo
coorporativo é administrar as diferenças culturais, visando os interesses das regiões
mais desenvolvidas. Nesta visão, podese argumentar que a região é definida por
contrastes e que é formada por intercomunidades, que estabelecem um discurso
homogêneo de fronteira, espaço de organização, mantêm uma rede simbólica de
ordem e diferença. A comunidade não pode existir sem diferenças. A condição da
identidade é manter a diferença. Assim a identidade, a diferença e a alteridade
formam a região. E a narrativa se situa no valor trabalho da região.
A partir destas discussões feitas pelos autores acima, é possível estruturar e
analisar o desenvolvimento regional do Oeste do Paraná como resultado da
identidade regional e a diferença como marca predominante da alteridade (“o
estranho”) sob a ótica da imigração e migração populacional, ou seja, pela ação dos
elementos que formam seu capital social e o movimento do capital humano. O
resultado desse processo refletese no perfil da localização das atividades
produtivas (quociente locacional) e o montante de capital humano em valores
monetários.
Para Putnam (1996) o capital social são formas de cooperação e
associatividades nas comunidades locais, ou seja, os padrões de organização
sociocultural do desenvolvimento regional. Esses padrões estão assentados na
confiança, normas e sistemas, que contribuem para aumentar a eficiência da
sociedade, facilitando as ações coordenadas. Diferente de Putnam (1996), Boisier
(1999) prefere chamálo de capital sinergético. Indiferente à forma que for
chamando, na concepção de Becker (2003) o envolvimento social dá movimento
político ao desenvolvimento regional, porque ele tem como tarefa pôr em marcha os
desafios das massas, ou seja, fazer ver melhor, fazer desejar, envolvendo todos
num processo de interação/integração regional. Monastério (2003) classifica capital
social como as normas e relações que facilitam a ação coletiva. Assim, o capital
social surge como uma alternativa a ser trabalhada pelo desenvolvimento. Ele é o
elo que forma as sinergias locais. Nessa linha, Milani (2004) chama a atenção que
as sinergias locais pelo desenvolvimento não se regulam pelo sistema de mercado,
mas, ao contrário, elas ensejam o desenvolvimento intracomunidade.
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3. O Perfil do Desenvolvimento Regional no Oeste do Paraná: Implicações com
o Capital Social.
No Oeste do Paraná, a formação socioeconômica foi construída pelos
movimentos migratórios e colonizadores do Sul do Brasil, após a segunda metade
da década de 1940, incentivada por companhias colonizadoras, estruturadas com
base na pequena propriedade familiar Assim, a forma ordenada de colonização fez
com que nesta a predominância étnica fosse européia, ou seja, descendentes de
ítalogermânicos vindos do Sul do Brasil. A ocupação territorial baseouse
inicialmente nas pequenas propriedades voltadas para a produção de subsistência e
seqüencialmente na produção mercantil a partir dos anos 1950. A partir da década
de 1960 houve intensa imigração populacional de outras regiões do País em busca
de terras, produção agrária, comércio, entre outros para a região Oeste do Paraná
(PIFFER, 1999). Nesse sentido, marca a presença do estranho que, possibilitou a
formação socioeconômica desigual no interior dessa região.
Nos anos 1970, com a utilização de insumos modernos e técnicas avançadas
de plantio e cultivo, a região passou a sofrer alterações em seu perfil produtivo,
voltandose para a produção de culturas de exportação (soja, milho e trigo). De uma
economia agrícola tradicional passou, a partir dos anos setenta, por uma
transformação industrial no meio urbano e uma acelerada industrialização do campo
impulsionada por tecnologias avançadas A formação da renda agrária possibilitou, a
partir dos anos 80, a formação, organização e estruturação do setor urbano, mais
especificamente as atividades econômicas e sociais de urbanização, com destaque
para as cidades de Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo, Medianeira e Marechal
Cândido Rondon. A partir da década de 1990, a região difundiu e diversificou sua
base econômica (agricultura, indústria e serviços). Todavia, o que mais tem se
destacado foi a indústria, comércio e serviços. A região possui uma estrutura muito
forte com a indústria agroalimentar com grande influência das cooperativas
(PIFFER, 1999 e RIPPEL e LIMA, 1999).
3.1 O Atual Perfil Locacional das Atividades Produtivas no Oeste Paranaense.
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Ao analisar o quociente locacional podese perceber o deslocamento de
pessoas de um setor ou atividade para outro de modo dinâmico e induzindo novas
atividades. Neste sentido, percebese também que o signo do estranho e da
diferença influenciou a formação regional. Esta situação pode ser verificada quando
se analisa o quociente locacional (QL) do período de 1970 a 2000, conforme mostra
a Tabela 1.
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Tabela 1 Quociente Locacional Setorial dos Municípios da Região Oeste do Paraná 1970/2000 1
Agricultura e agropecuária Atividades industriais Comércio Serviços Trnasporte e Comunicação Atividades Sociais Administração pública Outras atividades Municípios 1970 1980 1991 2000 1970 1980 1991 2000 1970 1980 1991 2000 1970 1980 1991 2000 1970 1980 1991 2000 1970 1980 1991 2000 1970 1980 1991 2000 1970 1980 1991 2000
Anahy 2,63 0,42 0,57 0,87 0,13 0,20 1,55 0,74 Assis Chateaubriand 1,36 1,38 1,53 1,46 0,34 0,43 0,47 0,66 0,60 1,08 1,11 0,98 0,36 0,76 0,90 0,82 0,40 0,76 0,82 0,68 0,27 0,87 0,86 0,80 0,23 0,63 0,63 1,10 0,44 1,05 0,81 1,39 Boa Vista da Aparecida 2,65 2,49 0,16 0,54 0,33 0,52 0,39 0,55 0,19 0,63 0,63 0,31 0,51 1,13 0,19 1,16 Braganey 2,39 2,62 0,28 0,32 0,49 0,48 0,48 0,60 0,41 0,47 0,48 0,47 0,85 0,80 0,24 1,60 Cafelândia 1,05 1,16 0,94 0,94 1,51 1,06 0,72 0,69 1,47 1,14 0,82 0,59 1,03 1,03 0,25 1,27 Campo Bonito 2,50 3,24 0,36 0,17 0,34 0,42 0,23 0,22 0,54 0,08 0,49 0,22 1,28 2,09 0,22 0,96 Capitão Leônidas Marques 1,47 1,72 2,15 1,56 0,13 0,38 0,41 1,11 0,29 0,67 0,41 0,80 0,16 0,45 0,71 0,59 0,24 0,84 0,61 0,56 0,25 0,54 0,56 0,87 0,17 0,25 0,76 0,75 0,19 0,29 0,20 0,95 Cascavel 0,89 0,60 0,33 0,38 1,38 1,09 1,01 0,94 1,25 1,76 1,78 1,33 1,29 1,41 1,33 1,02 0,97 1,33 1,25 1,22 0,66 0,93 1,10 1,17 0,81 1,01 1,05 1,05 1,33 1,44 1,32 1,48 Catanduvas 1,40 1,89 2,01 2,35 0,55 0,46 0,42 0,45 0,33 0,36 0,42 0,68 0,14 0,29 0,63 0,67 0,33 0,16 0,38 0,75 0,26 0,43 1,22 0,60 0,28 0,22 0,82 0,41 0,08 0,28 0,64 1,26 Céu Azul 1,37 1,52 1,49 1,35 0,54 0,71 0,74 0,89 0,33 0,61 0,68 0,79 0,30 0,63 0,84 0,54 0,30 0,62 1,29 1,83 0,21 0,61 0,94 0,74 0,22 0,31 0,73 1,67 0,32 0,42 0,51 0,97 Corbélia 1,29 1,50 1,74 1,37 0,57 0,60 0,52 0,89 0,50 0,68 0,85 0,96 0,48 0,64 0,78 0,66 0,75 0,63 0,70 1,02 0,45 0,64 0,79 0,59 0,14 0,53 0,66 1,24 0,42 0,84 0,53 1,17 Diamante do Sul 3,77 0,24 0,31 0,36 0,22 0,10 1,34 0,02 Diamante D'Oeste 2,73 2,40 0,18 0,34 0,27 0,65 0,29 0,45 0,10 0,28 0,68 0,45 0,57 2,55 0,11 1,07 Entre Rios do Oeste 1,79 1,17 0,54 0,59 0,46 0,32 1,57 0,91 Formosa do Oeste 1,39 1,92 2,19 2,30 0,22 0,14 0,23 0,65 0,50 0,52 0,65 0,64 0,35 0,39 0,48 0,48 0,29 0,39 0,39 0,19 0,32 0,34 1,02 0,53 0,52 0,55 0,99 1,65 0,30 0,42 0,36 0,93 Foz do Iguaçu 0,73 0,18 0,10 0,11 1,07 1,97 1,07 0,68 1,53 1,52 1,87 1,79 1,84 1,73 1,75 0,90 1,28 1,41 1,12 2,25 0,86 0,92 0,82 1,19 3,09 1,04 0,93 1,13 1,43 0,93 1,09 1,18 Guairá 1,17 0,75 0,98 1,16 0,56 0,93 0,77 0,82 0,68 1,33 1,03 1,02 0,66 1,29 1,31 0,86 0,71 1,56 0,87 0,73 0,57 0,84 1,00 0,89 1,47 1,90 1,26 1,67 0,97 1,14 0,39 1,12 Guaraniaçu 1,33 1,84 2,42 2,55 0,50 0,34 0,28 0,47 0,37 0,48 0,40 0,73 0,28 0,38 0,49 0,62 0,38 0,45 0,38 0,54 0,66 0,42 0,66 0,33 0,33 0,49 0,47 1,13 0,57 0,24 0,41 0,66 Ibema 1,44 1,34 1,18 1,54 0,60 0,67 0,72 0,55 0,34 0,62 0,96 0,38 0,61 0,86 0,44 1,00 Iguatu 3,19 0,23 0,45 0,39 0,47 0,36 1,19 0,75 Iracema do Oeste 2,65 0,46 0,66 0,42 0,22 0,27 1,24 1,03 Itaipulândia 1,61 1,11 0,66 0,75 0,59 0,48 1,10 1,02 Jesuítas 2,38 3,01 0,27 0,36 0,57 0,63 0,46 0,44 0,47 0,29 0,68 0,44 0,43 0,64 0,29 0,68 Lindoeste 2,55 3,08 0,31 0,51 0,42 0,40 0,33 0,51 0,05 0,38 0,53 0,30 0,82 0,91 0,16 0,50 Marechal Cândido Rondon 1,28 1,07 1,29 1,52 0,62 0,66 0,73 0,92 0,54 1,19 1,21 0,87 0,57 1,19 0,90 0,77 0,47 0,97 0,78 0,75 0,51 0,80 0,90 1,11 0,21 0,66 0,71 0,58 0,43 1,42 0,70 0,92 Maripá 2,54 0,60 0,53 0,62 0,83 0,51 0,76 0,71 Matelândia 1,38 1,68 1,61 1,30 0,42 0,50 0,52 1,02 0,20 0,58 0,97 1,01 0,36 0,51 0,94 0,71 0,54 0,56 0,92 1,09 0,34 0,50 0,72 0,75 0,15 0,44 0,51 1,10 0,39 0,31 0,33 0,71 Medianeira 1,33 1,26 1,04 0,61 0,50 0,84 0,98 1,26 0,69 1,15 1,00 1,22 0,39 0,73 1,10 0,78 0,47 0,84 1,18 1,32 0,32 0,63 0,82 0,95 0,09 0,44 0,73 0,85 0,24 0,71 0,67 0,93 Mercedes 3,41 0,50 0,29 0,20 0,84 0,23 0,70 0,34 Missal 2,01 2,42 0,47 0,52 0,54 0,54 0,60 0,49 0,98 1,12 0,76 0,73 0,62 0,75 0,55 1,01 Nova Aurora 1,43 1,65 1,94 2,07 0,19 0,24 0,33 0,58 0,42 0,91 1,05 0,89 0,30 0,54 0,60 0,62 0,37 0,66 0,60 0,62 0,15 0,74 0,80 0,61 0,13 0,51 0,69 1,07 0,26 0,51 0,38 0,88 Nova Santa Rosa 1,49 1,67 2,63 0,70 0,70 0,66 0,69 0,65 0,57 0,62 0,67 0,52 0,56 0,60 0,47 0,63 0,67 0,50 0,73 1,57 0,67 0,33 0,88 0,64 Ouro Verde do Oeste 2,20 2,28 0,30 0,70 0,57 0,64 0,68 0,58 0,27 0,46 0,68 0,44 0,49 0,81 0,49 1,08 Palotina 1,35 1,04 1,13 1,21 0,49 0,62 0,59 0,91 0,40 1,74 1,37 1,20 0,38 1,09 1,05 0,79 0,39 0,53 0,85 0,72 0,52 0,94 0,88 0,75 0,24 0,87 1,12 0,49 0,20 0,86 1,03 1,15 Pato Bragado 2,47 0,79 0,46 0,47 0,47 0,67 1,30 0,56 Quatro Pontes 2,50 0,74 0,65 0,30 0,59 0,51 0,58 0,81 Ramilândia 3,21 0,41 0,44 0,38 0,24 0,45 0,94 0,48 Santa Helena 1,42 1,76 2,00 1,74 0,28 0,26 0,52 0,84 0,30 0,56 0,65 0,74 0,32 0,42 0,66 0,87 0,31 0,58 0,38 0,76 0,31 0,51 0,65 0,85 0,14 0,63 0,67 1,02 0,11 1,05 0,47 0,73 Santa Lúcia 2,96 0,53 0,51 0,39 0,20 0,29 0,84 0,76 Santa Tereza do Oeste 1,69 1,09 0,68 1,09 0,64 1,11 0,98 0,61 0,65 0,77 0,52 0,50 0,49 1,11 0,44 1,26 Santa Terezinha de Itaipu 0,57 0,56 1,00 0,84 1,33 1,36 1,51 0,99 1,12 1,55 0,80 0,79 0,91 1,69 0,89 1,06 São José das Palmeiras 2,21 2,71 0,25 0,37 0,68 0,61 0,59 0,63 0,38 0,11 0,76 0,40 0,63 1,01 0,41 1,08 São Miguel do Iguaçu 1,36 1,63 1,50 1,37 0,47 0,53 0,75 0,87 0,39 0,60 0,67 0,89 0,29 0,55 0,84 0,86 0,25 0,51 0,99 1,05 0,51 0,62 1,06 0,76 0,24 0,37 0,81 0,92 0,40 0,46 0,41 1,12 São Pedro do Iguaçu 2,96 0,41 0,48 0,36 0,62 0,38 1,03 0,80 Serranópolis do Iguaçu 3,15 0,53 0,35 0,48 0,56 0,43 0,66 0,40 Terra Roxa 1,31 1,52 1,87 1,82 0,36 0,30 0,40 1,13 0,54 0,98 0,72 0,70 0,41 0,74 0,73 0,48 0,52 0,80 0,89 0,73 0,37 0,65 0,81 0,35 0,66 0,71 0,44 1,10 0,73 0,62 1,02 0,78 Toledo 1,11 1,06 0,85 0,80 1,00 1,07 1,16 1,30 0,79 1,11 1,15 1,03 0,73 0,90 1,03 0,90 0,66 0,81 1,02 0,90 0,78 0,78 0,99 0,96 0,41 0,59 0,88 0,63 0,88 0,86 0,63 1,02 Três Barras do Paraná 2,50 2,81 0,26 0,54 0,50 0,59 0,33 0,30 0,37 0,59 0,66 0,27 0,68 1,00 0,13 0,72 Tupãssi 1,79 1,87 0,29 0,51 0,64 0,64 0,75 0,94 0,63 1,36 1,12 0,86 1,87 0,74 0,44 1,24 Vera Cruz do Oeste 1,82 1,74 0,51 0,72 0,75 0,80 0,76 0,72 0,52 0,97 0,79 0,68 0,76 0,51 0,46 1,38 Fonte: Alves, 2005.
1 Para maiores detalhes metodológicos ver Alves (2005) e Lima et. al. (2005).
10
Pela Tabela 1 notase que o setor da agricultura e agropecuária é significativo
(localização forte) para a maioria dos municípios da região Oeste Paranaense.
Somente Cascavel e Foz do Iguaçu não possuíam um QL significativo no ano de
1970. Os demais municípios tinham esse setor muito forte em suas economias. Nos
demais anos essa característica se manteve, mas outros municípios apresentam
decréscimo no QL, sendo eles: Guaíra em 1980, Toledo e Santa Terezinha de Itaipu
em 1991, e Medianeira em 2000. Vale lembrar que o município de Guaíra voltou a
apresentar QL forte no ano de 2000. Essa tabela mostra que, no geral, a região
ainda possui, em quase a totalidade dos municípios, o setor da agricultura e
agropecuária com forte localização. Dessa forma, constatase a grande afinidade
ainda exercida pelos municípios neste setor.
No entanto, notase que os municípios estão desenvolvendo os demais
setores e polarizandose no dinamismo dos mesmos. Contudo, está havendo uma
concentração das atividades nas atividades urbanas, principalmente a indústria e os
serviços, em poucos municípios. Especificamente, a tendência à concentração é
maior na cidade de Cascavel. Para Alves (2005), isso ocorre devido esta cidade ser
privilegiada pela localização central regional estratégica, e por estar no
entroncamento das principais rodovias da região – principalmente pela BR277 –
além da rede ferroviária que também passa pelo município. Os municípios que estão
no corredor da BR277 passaram a apresentar crescimento dos coeficientes do setor
de transporte e comunicação.
Quanto ao setor das atividades sociais até o ano de 1980 nenhum município
apresentava QL significativo, mas, mesmo assim, notouse uma evolução dos
coeficientes nesse período, ou seja, está havendo mais oferta de empregos nesta
atividade. Em 1991 houve um deslocamento do emprego para as atividades sociais,
o que tornou o QL significativo em alguns municípios.
Para o ano de 2000 apenas três municípios apresentam QL forte, sendo eles:
Cascavel, Foz do Iguaçu e Marechal Cândido Rondon. Dos demais, vários
apresentaram decréscimos em seus respectivos QL para o setor social. Parte da
explicação para essa diminuição dos QL está no desmembramento que ocorreu em
vários municípios para a emancipação de novas cidades entre o período de 1990 a
2000. Dessa forma, quando há um desmembramento, esse tipo de atividade estará
concentrado não no novo município, mas sim, mais concentrado no município mais
antigo. Dessa forma os novos municípios são criados com uma infraestrutura social
11
na fase de organização e construção. O setor da administração pública apresentou
uma evolução muito significativa para a maioria dos municípios da região Oeste
Paranaense. No ano de 1970, somente Foz do Iguaçu e Guaíra apresentavam
coeficientes fortes. Já no ano de 2000 a maioria dos municípios tinha esse setor
como representativo em suas economias.
O setor de outras atividades, que agrega as atividades não compreendidas
nos demais ramos (exemplos: inspetores/fiscais, domésticas, babás, trabalhadores
braçais, etc.), apresentou evolução do número de municípios com QL significativo.
Essa informação demonstra que esse tipo de atividade, muitas vezes informal, está
crescendo na região.
Em síntese observouse pela evolução do Quociente Locacional setorial dos
municípios da região do Oeste do Paraná que os mesmos ainda estão dependentes
do setor agrícola. Em alguns municípios este é o único setor forte da economia
municipal. Em outros casos este setor é representativo juntamente com o setor da
administração pública, sendo este último cada vez mais representativo nos
municípios. No entanto, outros dados foram significativos, principalmente o fato de
estar, cada vez mais, havendo uma concentração dos municípios do corredor da
BR277 em relação aos setores do comércio e serviços. Além disso, em alguns
casos, como do setor de serviços, o grande polarizador é a cidade de Cascavel, que
atingiu no ano de 2000 como o único município forte neste setor.
Toda essa análise feita pelo QL evidencia que a migração, deslocamento de
pessoas de uma atividade para outra, assim como a entrada de pessoas de outras
regiões, especializadas ou não, as quais são denominadas de estranhas (alteridade)
e que foram nomeadas como diferentes, foram quem desenvolveu os setores ou
atividades da região Oeste do Paraná. Por outro lado, também, a região ou a
comunidade não absorveu na sua fronteira as pessoas “estranhas”, quer no vínculo
social, comercial ou industrial, as quais tiveram que deslocarse para outras regiões
do Estado ou do País. Mas, mesmo na diferença, a cooperação não pode ser
negada intracomunidade, pois as instituições e pessoas procuram interagir para a
solução dos problemas locais, principalmente nos pequenos municípios da região,
onde os laços afetivos, de confiança e de parceria são inerentes às próprias
pessoas.
12
Neste sentido, o período de 1940 a 2000 foi marcado pela evolução
significativa no contingente populacional na região Oeste do Paraná, como se pode
evidenciar pelo Gráfico 1.
Gráfico 1 População Total da Região Oeste do Paraná 1940/2000.
7.645 16.421
135.036
752.432
960.775 1.016.481
1.078.584 1.138.582
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
População Total
1940 1950 1960 1970 1980 1990 1996 2000
Ano
Fonte: Rippel, 2005.
O Gráfico 1 mostra que a população total no ano de 1940 era de 7.645, que
por sinal nesta década já havia os “estranhos” na região. A partir de 1960 houve um
movimento intenso de pessoas em busca de novas alternativas econômicas e
sociais no espaço regional do Oeste do Paraná. Esta identidade regional baseada
na diferença e em sua alteridade impulsionou o multiculturalismo econômico e social
a partir de 1970, que formou e diversificou a região. Precisamente a partir de 1980
com a grande movimentação de pessoas que se deslocaram de uma atividade para
outra foram absorvidas ou não em outros ramos de atividades ditas urbanas como
mostra a Tabela 2.
Tabela 2 Evolução da Composição da População e Densidade Demográfica do Oeste Paraná. Por área urbana ou rural de residência de 1970 a 2000.
População Urbana População Rural População Total Ano doCenso
Total Urbano.
% no total Da Pop. Regional
Densidade Demográfica (hab/Km2)
Total Rural
% no total Da Pop. Regional
Densidade Demográfica (hab/Km2)
Total Geral
Densidade Demográfica (hab/Km2)
1970 149.516 19,87 6,53 602.916 80,13 26,32 752.432 32,85 1980 484.504 50,43 21,15 476.225 49,57 20,79 960.729 41,94 1991 728.126 71,67 31,78 287.803 28,33 12,56 1.015.929 44,35 1996 832.691 77,20 36,35 245.893 22,80 10,73 1.078.584 47,08 2000 929.092 81,60 40,56 209.490 18,40 9,14 1.138.582 49,70
Fonte: Rippel, 2005.
13
Pela Tabela 2 verificase que houve um deslocamento maior da população
para as áreas urbanas o que acarretou um crescimento significativo da densidade
demográfica urbana (hab/km 2 ) a partir dos anos 1980, passando de 6,53 hab/km 2 no
ano de 1970 para 40,56 hab/km 2 no ano de 2000. Ao contrário, a população rural
sofreu decréscimo do seu contingente populacional e conseqüentemente da
densidade demográfica, reduzindo de 26,32 hab/km 2 no ano de 1970 para 9,14
hab/km 2 no ano de 2000.
Esse perfil demográfico faz contraste com o capital humano. As cidades mais
populosas são aquelas que possuem ainda um melhor perfil em termos de salários e
remuneração por ano de estudo. Essa informação pode ser verificada na tabela 3. O
capital humano se refere ao valor esperado presente nos rendimentos anuais
(descontados a 10% a.a.) associados à escolaridade e experiência (idade) da
população em idade ativa (15 a 65 anos). O estoque de capital humano é calculado
pela diferença entre o rendimento obtido no mercado de trabalho e a estimativa
daquele obtido por um trabalhador sem escolaridade e experiência. Para se estimar
os rendimentos futuros esperados utilizamse os coeficientes de retorno à educação
e à experiência estimados pelos dados do Censo Demográfico.
Nesse caso, as cidades menores ainda têm uma remuneração em termos de
capital humano muito baixo. Essas cidades, além de sofrerem as forças de atração
dos grandes centros (Toledo, Cascavel, Foz do Iguaçu) não conseguem fazer uma
massa salarial que se reverta em consumo interno significativo (Tabela 3).
14
Tabela 3 Capital Humano em R$ (mil) de 2000 dos municípios da mesorregião Oeste do Paraná – 1980/2000 Valores deflacionados pelo IPCA.
Município 1980 1991 2000 Cascavel 2.897.889,55 5.004.877,09 9.148.325,52 Foz do Iguaçu 2.354.110,33 4.625.403,27 8.701.632,05 Toledo 1.301.627,12 2.298.548,13 3.551.016,96 Marechal Cândido Rondon 972.874,64 1.249.470,00 1.486.100,91 Medianeira 770.168,92 958.567,12 1.261.137,84 Assis Chateaubriand 777.252,20 893.497,94 1.086.391,25 Guaíra 454.526,48 635.107,50 928.293,35 Palotina 494.680,88 799.107,93 913.417,09 São Miguel do Iguaçu 434.687,66 512.706,94 719.377,54 Santa Helena 428.863,04 394.625,51 656.944,67 Santa Terezinha de Itaipu 294.183,59 565.592,51 Terra Roxa 340.741,81 433.831,19 470.457,47 Corbélia 469.289,49 462.552,56 441.432,12 Guaraniaçu 387.132,79 449.519,41 440.007,52 Matelândia 395.961,71 350.593,01 425.877,24 Nova Aurora 247.171,97 331.196,74 403.652,56 Capitão Leônidas Marques 467.253,92 319.507,57 398.178,42 Cafelândia 176.956,27 366.879,59 Missal 228.729,55 307.071,74 Céu Azul 328.952,03 221.866,29 304.585,58 Santa Tereza do Oeste 111.183,62 291.932,45 Jesuítas 283.801,06 277.663,82 Três Barras do Paraná 256.361,97 271.500,42 Catanduvas 382.711,00 166.791,84 266.340,76 Vera Cruz do Oeste 241.669,72 260.858,82 Formosa do Oeste 461.803,50 336.298,86 252.438,75 Tupãssi 202.080,21 237.113,41 Nova Santa Rosa 105.720,94 150.102,53 208.630,81 Itaipulândia 203.745,67 Boa Vista da Aparecida 165.543,33 191.553,14 Maripá 183.814,97 São Pedro do Iguaçu 176.716,05 Braganey 135.975,45 164.673,61 Lindoeste 112.435,90 155.132,17 Serranópolis do Iguaçu 144.382,59 Ouro Verde do Oeste 118.353,32 143.399,26 Ibema 106.862,02 128.109,55 Pato Bragado 123.003,90 Diamante D'Oeste 135.515,18 121.199,06 Quatro Pontes 119.747,97 Entre Rios do Oeste 113.192,21 Mercedes 113.125,04 Campo Bonito 83.616,63 108.776,98 São José das Palmeiras 100.814,78 102.972,68 Santa Lúcia 102.290,07 Anahy 88.270,90 Ramilândia 79.470,91 Iracema do Oeste 75.740,40 Diamante do Sul 68.495,99 Iguatu 55.810,35 Mesorregião Oeste/PR 14.473.419,98 23.348.254,03 37.406.474,64 Fonte: IPEADATA, 2005, Censo Demográficos para os anos 1980, 1991 e 2000 e da PNAD nos demais anos do período 198199.
Frente ao perfil do capital humano exposto na Tabela 3 urge alternativas
para reverter essa situação. Nesse caso, ao invés do capital humano, o capital social
15
tornase uma referência fundamental de desenvolvimento regional, porque nas
comunidades menores há sinergia local entre os agentes econômicos e indivíduos,
são mais cooperativos, produzem mais ajuda mútua. Assim, para essas localidades,
as instituições locais situamse como atores da busca do desenvolvimento. A
solução do problema parte da própria comunidade para ela mesma promovendo a
interação entre as pessoas e as famílias.
4. Desenvolvimento Regional e Capital Social no Oeste Paranaense: À Guisa
de Conclusão.
Atualmente, no Oeste do Paraná, a coordenação de projetos da Hidroelétrica
Itaipu Binacional vem desenvolvendo em conjunto com as municipalidades locais
vários programas na área do meio ambiente, como exemplo: reflorestamento, matas
ciliares, água boa, coleta solidária do lixo, treinamento de jovens no parque
tecnológico de ITAIPU, parcerias com as universidades da região e mesmo com
outras instituições. Assim, percebese uma vontade de contribuir com o estoque de
capital social de toda a região. Mas ainda falta mais afinidade nas relações sociais
de cooperação e de solidariedade, traduzida em associações, grupos e redes sociais
que são em boa parte responsáveis pelo êxito da economia de mercado regional e a
do desenvolvimento dos municípios do Oeste, quando se aplicam aspectos não
econômicos, produzindo valores econômicos que beneficiam a comunidade regional.
Neste sentido, o desenvolvimento socioeconômico da região Oeste do
Paraná necessita que os atores e os agentes econômicos reconheçam a relevância
que um alto estoque de capital social possui para o sucesso econômico regional. As
instituições da região devem assimilar a importância deste capital social através da
sinergia das forças do poder público local, da comunidade civil, das instituições
democráticas, das Organizações não Governamentais, dos Sindicatos, das Igrejas,
entre outros que, possibilitam o desenvolvimento econômico socialmente integrado.
O capital social passa a ser o “fermento” de superação dos interesses econômicos
sobre os interesses humanos, da qualidade de vida. Podese dizer que há
possibilidades de superar o dilema do prisioneiro, apostar na cooperação dos
indivíduos para o desenvolvimento regional. Nesse caso, Paiva (2004) chama a
atenção que o capital social consegue alavancar a estrutura produtiva e supera as
16
saídas perversas, que na opinião do autor caracterizam a economia de mercado,
que ele denomina o dilema do prisioneiro.
Desta forma, as redes, as normas e os valores favorecem a cooperação e a
relação de confiança entre as pessoas com objetivos comuns. Pois, um elevado
grau de envolvimento da sociedade civil (associativismo horizontal), de voluntariado,
filantrópico, de compromisso cívico e da participação política dos cidadãos nas
decisões locais é entendido como um forte indicador de capital social que está
presente na região Oeste do Paraná.
Assim, o capital social e o capital humano são fatores fundamentais no
desenvolvimento econômico e social dos municípios na região Oeste do Paraná. Por
exemplo, no município de Terra Roxa, de base agrária, com uma população de
aproximadamente de 15 mil habitantes, o poder público, os empresários e a
sociedade civil implantaram a partir de 1994 os chamados Arranjos Produtivos
LocaisAPLs na cadeia produtiva têxtil, no segmento de bordados infantis. Ao
estudarse recentemente este caso, verificouse que os coeficientes locacionais
apontaram uma grande melhora no ramo de atividade industrial, bem como o ramo
de comércio local. No outro extremo, o município de São José das Palmeiras, de
base totalmente agrária, chama a atenção pela força de mobilização da comunidade
civil para tornarse de distrito para um município (FERRERA DE LIMA et. all., 2005).
Percebese então que o capital social possui uma matriz intensa de análise
na região Oeste do Paraná. Todavia é preciso despertar, ou melhor, educar, para
mobilizar a comunidade civil e as instituições da importância do associativismo
horizontal, da confiança, da solidariedade e das relações de cooperação entre os
cidadãos dos municípios. A partir destas constatações, é importante valorizar,
sobretudo, a cultura cívica, o civismo, a cultura política, as tradições, a cooperação,
pois são fatores fundamentais para a existência do capital social na região.
Assim, urge novas análises que sejam capazes de trabalhar com essas
variáveis indo além dos modelos econométricos e estáticos, tradicionais em alguns
ramos das ciências sociais e humanas.
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