O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
Produção Didático-Pedagógica 2007
Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
MATERIAL DIDÁTICO DO CURSO PDE
OAC: OBJETO DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA
1 - Identificação:
Autora: Lúcia Maria Siqueira de Oliveira
Estabelecimento: Colégio Estadual Júlia Wanderley - EFM
Ensino: Médio
Disciplina: História
Conteúdo Estruturante: Relações de Poder
Conteúdo Específico: O Plano Cruzado visto através das Charges
1 – RECURSO DE EXPRESSÃO
1.1 Problematização do Conteúdo
O estudo do Plano Cruzado realizado através da leitura das charges.
TÍTULO: Ensino de História X imagens.
TEXTO:
O grande desafio para o professor de História é deixar claro a razão de ser de
sua disciplina, buscando atender aos anseios de jovens que astuciosamente
fazem perguntas aparentemente inocentes como “Por que estudar história”?
“Por que estudar o passado, se o importante é o presente”?
De fato, ainda sentimos a dificuldade em selecionar conteúdos
significativos para os alunos que vivenciam com intensidade, o presente
marcado pelos ritmos acelerados das tecnologias. Diante dessa constatação para
muitos alunos a História é vista como “decoreba”, “cópia do livro”.
Esta situação, para os educadores, é realmente um problema, porque
nega uma concepção democrática da História e a sua finalidade que é a de
socializar o conhecimento científico acumulado e dotar o aluno de instrumentos
para a compreensão e intervenção da realidade.
Esta situação de ineficácia das aulas de História nos leva a questionar a
prática pedagógica e a tentar encontrar soluções no sentido de aprimorar nosso
trabalho.
Certamente existem razões mais profundas para o distanciamento aluno-
História e não podemos simplesmente dizer que o aluno não aprende porque não
quer.
Sabemos que á utilização de imagens no ensino de História é favorável
no sentido de gerar uma aula mais agradável, interessante e principalmente
dando ao aluno a possibilidade de inferir no processo ensino-aprendizagem.
Segundo Paulo Freire, uma educação que procura desenvolver a tomada
de consciência e a atitude crítica graças á qual o homem escolhe e decide,
liberta-o em lugar de submetê-lo, de domesticá-lo, de adaptá-lo (1980, p.35).
A metodologia da problematização é um procedimento fundamental para
a educação histórica. Na prática de sala de aula, a problemática acerca de um
tema de estudo pode ser construídas a partir de questões colocadas pelo
professor ou das que fazem parte das representações dos alunos, dando
significado ao conteúdo que aprendem.
Segundo as Diretrizes Curriculares para o Ensino de História, o trabalho
com documento em aula proporciona a produção de conhecimento histórico
quando usado como fonte em que se buscam respostas para as
problematizações formuladas. Assim, os documentos permitem a criação de
conceitos sobre o passado e o questionamento dos conceitos já construídos. As
imagens, são documentos que podem ser transformados em materiais didáticos
de grande valia na constituição do conhecimento histórico.
De acordo com a professora Maria Auxiliadora Schimidt, o professor de
História pode ensinar o aluno a adquirir as ferramentas de trabalho necessárias;
o saber-fazer, o saber-fazer-bem, lançar os germes do histórico. Ele é o
responsável por ensinar o aluno a capacitar e a valorizar a diversidade dos
pontos de vista. Ao professor cabe ensinar o aluno a levantar problemas e a
reintegrá-los num conjunto mais vasto de outros problemas, procurando
transformar, em cada aula de História, temas em problemáticas.
Este trabalho pretende propiciar ao aluno o desenvolvimento de um novo
olhar sobre as imagens...um olhar de quem realmente consegue ver e entender
o seu significado. Pois, mais do que meras ilustrações as imagens permitem a
realização de leitura e interpretações muito ricas que vão além do senso comum
que as tratam como material decorativo ou simplesmente como um passatempo.
Tendo esses objetivos será especificamente nas leituras de charges sobre
o Plano Cruzado que se desenvolverá este trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITTENCOURT, Circe (org). O Saber Histórico na Sala de Aula. 10.ed.São
Paulo: Contexto, 2005.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. [...]. Ensinar História. 1.ed.
São Paulo: Scipione, 2004. (Pensamento e Ação no Magistério).
PARANÁ. Superintendência de Educação. Diretrizes Curriculares de História
para o Ensino Médio. Curitiba. SEED,2006.
2 – RECURSO DE INVESTIGAÇÃO
2.1 – Investigação Disciplinar
TITULO: O Plano Cruzado.
TEXTO:
Síntese conjuntural dos aspectos sociais, políticos e econômicos
brasileiros que ensejaram a criação do Plano Cruzado, sua ascensão e
decadência.
Entender o Plano Cruzado e os aspectos que o motivaram, através das
charges é o objetivo deste trabalho. As charges aqui analisadas são as que
compõem os livros:
- Plano Cruzado Tem Que Dar Certo – vários autores.
- Brasileiros & Brasileiras – IQUE.
Focaremos nosso trabalho nas charges publicadas nos anos 1985 e 1986,
no período em que José Sarney assume a presidência até o fim do Plano Cruzado
I.
Os períodos enfocados tratam de momentos de grandes mudanças na
história do poder político e econômico do país, pois o vice-presidente assume a
presidência da República mesmo sem o candidato eleito pelo voto indireto tomar
posse pelo fato de ter falecido antes da mesma e pelo lançamento do Plano
Cruzado que pretendia liquidar com a inflação do país.
Governo José Sarney
Presidente José Sarney (1985 – 1989) primeiro governante civil depois do
Regime Militar de 1964. José Sarney é eleito vice-presidente pelo Colégio
Eleitoral da Chapa encabeçada por Tancredo Neves que morre sem ter sido
empossado.
Sarney assume a Presidência em 15 de março de 1985 e fica até 15 de
março de 1990.
Ao início de 1986, vários fatores contribuíram para a configuração de um
ambiente nacional tenso, entre os quais destacam-se os seguintes: a) a partir de
novembro de 1985, a inflação alcançou índices alarmantes atingindo 17,8% em
janeiro e 22,4% em fevereiro (tabela I); b) o governo não indicava possuir
resposta ao recrudescimento inflacionário; c) sucessivas greves vinham
eclodindo, em uma freqüência à qual a população não estava mais acostumada.
Por outro lado, a expansão econômica não vinha dissipando o sentimento
desfavorável em relação ao futuro imediato, pairando o temor de o crescimento
vir a ser abatido pela inflação.
Sob esse complexo cenário, foi anunciado, em 28 de fevereiro de 1986, o
conjunto de medidas conhecido como Plano Cruzado. Inflação zero passa a ser a
meta. O plano baseava-se na neutralização do fator inercial de inflação
(desequilíbrio monetário que leva a alta geral de preços e a redução do poder
aquisitivo do dinheiro), associada ao congelamento de preços e salários.
Nova moeda foi instituída, o cruzado, cuja diferença em relação à antiga
não seria apenas o fato de equivaler a 1000 cruzeiros, mas também o de
personificar uma economia estável onde a moeda não se deterioraria.
TABELA I
INFLAÇÃO NO BRASIL
ÍNDICE GERAL DE PREÇO - IGPPERÍODO VARIAÇÃO
%
PERÍODO VARIAÇÃO
1985 1986
Jan 12,6 Jan 17,8
Fev 10,2 Fev 22,4
Mar 12,7 Mar 5,5
Abr 7,2 Abr -0,6
Mai 7,8 Mai 0,3
Jun 7,8 Jun 0,5
Jul 8,9 Jul 0,6
Ago 14,0 Ago 1,3
Set 9,1 Set 1,1
Out 9,1 Out 1,4
Nov 15,0 Nov 2,5
Dez 13,2 Dez 7,6
Instantaneamente o Plano Cruzado rendeu dividendos políticos
suculentos, encantou a nação e recondicionou a imagem do governo. A sensação
de ausência de resposta à avalanche inflacionária foi substituída pela descoberta
de um deslumbrante trabalho de equipe, secretamente desenvolvido nos
gabinetes oficiais. A propensão de certos segmentos políticos a se esquivarem
do palácio do planalto foi sucedida por uma verdadeira disputa pelo posto de
aliado fraterno.
Os preços foram congelados ao nível em que se encontravam em 27 de
fevereiro, aplicando-se aos salários aumento correspondente à manutenção de
seu valor médio real dos últimos seis meses, acrescido do abono de 8%.
CRUZEIRO / CRUZADO – 1986
•Legislação: Lei 2.283, de 27 de fevereiro de 1986 e Resolução 1.100, do
Conselho Monetário Nacional, de 28 de fevereiro de 1986.
•A moeda nacional passa a denominar-se Cruzado, correspondendo seu
valor a um mil cruzeiros.
•Exemplo:
CR$ 4.000,00 (quatro mil cruzeiros) passam a ser expressados: CZ$ 4,00
(quatro cruzados).
O presidente José Sarney convocou a população, em seu discurso, a
ajudá-lo na execução de uma das medidas de reforma que é, no fundo o fator de
êxito ou fracasso de tudo: o congelamento de preços. “O sucesso desse
Programa não reside num decreto” alertou Sarney. Todos estaremos mobilizados
nesta luta. Cada brasileiro ou brasileira seria um fiscal dos preços – um fiscal do
presidente, para a execução fiel do Programa em todos os cantos do Brasil.
O poder de compra dos assalariados, principalmente os de baixa renda
aumentou. Deixou de "sobrar mês" no final do salário de muita gente e os efeitos
disso foram visíveis no crescimento do consumo de alimentos e na influência aos
supermercados e ao comércio em geral.
E mesmo depois que o Cruzado sofreu os primeiros abalos na sua
credibilidade, provocado pela escassez de produtos nas prateleiras do comércio
e pela febre da cobrança de ágios (diferença a mais cobrada sobre preço
tabelado), essa parcela de beneficiados pelo plano continuou dando sinais
efetivos de melhoria de sua qualidade de vida.
Mas o fato é que em julho a pesquisa já detectava a ação do poder
corrosivo da inflação. O Plano Cruzado padecia da própria voracidade com que o
consumidor ganhou as ruas. A produção nas fábricas e no campo não crescia na
mesma velocidade com que as operavam as caixas registradoras. Assim, no dia
23 de julho, o governo anunciou um novo conjunto de medidas chamado pacote
de julho, que pretendia arrebanhar dinheiro para os investimentos públicos e
apagar o incêndio do consumismo. Parcos foram os resultados obtidos.
Logo após o pleito de 15 de novembro, onde o PMDB (partido governista)
teve vitória avassaladora foram anunciadas mudanças conhecidas como Cruzado
II. Os preços subiram e os salários começaram a desvalorizar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AVERBURG, Marcelo. Plano Cruzado: Crônica de uma experiência. São
Paulo: Revista do BNDES, 2005. Disponível em:
<www.ie.ufry.br/aparte/pdfs/planocruzado.pdf>. Acesso em: 07 mai. 2007.
Isto É. São Paulo:Três Pontos, n.522, 24 dezembro. 1986. p.62-64.
PAIVA, Paulo. et al. [...] Plano Cruzado: Ataque e Defesa. 1.ed. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 1987.
Veja. São Paulo: Abril, n. 915, 19 março. 1986. p.23.
Veja. São Paulo: Abril, n. 913, 5 março. 1986. p.23.
2.2 Perspectiva Interdisciplinar
TÍTULO: O uso das charges no ensino de História.
TEXTO:
Atualmente, a preocupação com a importância do conhecimento histórico
na formação intelectual do aluno faz com que um dos objetivos fundamentais do
ensino seja o de desenvolver a compreensão histórica da realidade social. Assim,
compreender a história com base nos procedimentos históricos tornou-se um dos
principais desafios enfrentados pelo professor no cotidiano de sala de aula. Esse
desafio é um passo interessante na construção de uma prática de ensino
reflexiva e dinâmica, podendo-se afirmar que ensinar História é fazer o aluno
compreender e explicar, historicamente, a realidade em que vive.
Esse ensino da história pressupõe, fundamentalmente, que se tome a
experiência do aluno como ponto de partida para o trabalho com os conteúdos,
pois é importante que também o aluno se identifique como sujeito da História e
da produção do conhecimento histórico. (SCHIMIDT & CAINELLI, 2005, p. 49-50).
Com o desenvolvimento e a expansão de novas linguagens culturais,
como a fotografia, o cinema, a televisão e a informática os professores tiveram
que se adequar as novas linguagens e incorporá-las em seu dia em sala de aula.
No ensino de História o uso de imagens, tornou-se parte do cotidiano escolar.
Os textos dos livros, muitas vezes considerados pouco motivadores para
os alunos que cada vez mais se informam por imagens da mídia, podem
referenciar uma outra relação entre texto e imagem. A imagem não pode ser
utilizada como uma simples ilustração do conteúdo ou reforçar um texto escrito
ou a fala do professor. É necessário também, levar em consideração que a
natureza do documento imagético é diferente da do documento escrito. São
informações de natureza diferente, assim como são diferentes os processos
cognitivos colocados em jogo nos dois casos. A imagem quer seja ela móvel ou
imóvel, não é um documento mais concreto que um texto escrito. O que o aluno
aprende e como ele aprende através do documento audiovisual implica levar em
consideração três dados: aquilo que trata o documento; o que o aluno domina e
o que ele representa no contexto didático. (JACQUINOT, 1992, p. 72). Fazer os
alunos refletirem sobre as imagens que lhes são postas diante dos olhos é uma
das tarefas da escola e cabe ao professor criar essas oportunidades. A
multiplicação das tecnologias de produção e distribuição de imagens fez com
que as representações visuais adquirissem enorme visibilidade e importância na
sociedade contemporânea. As imagens são usadas como processos de
representação e mediação entre o homem e o mundo, sendo utilizadas para a
formação de opinião pública, como comprovação de fatos e para difusão
ideológica.
Segundo as Diretrizes Curriculares para o ensino de História na Educação
Básica, as imagens, livros, jornais, história em quadrinhos fotografias, pinturas,
gravuras, museus, filmes, música são documentos que podem ser transformados
em materiais didáticos de grande valia na constituição do conhecimento
histórico. Tendo como referencial teórico as correntes Nova História Cultural e
Nova Esquerda Inglesa, objetiva-se propiciar aos alunos a formação da
consciência histórica.
Segundo o historiador Jörn Rüsen, a consciência histórica é a constituição
do sentido da experiência no tempo pela narrativa histórica,isto é, [...] a
narrativa histórica torna presente o passado, sempre em uma consciência de
tempo no qual o passado, presente e futuro formam uma unidade integrada,
mediante a qual, justamente, constitui-se a consciência histórica (Rüsen, 2001).
Os conteúdos estruturantes para o Ensino Médio, relações de trabalho,
relações de poder e relações culturais organizam a investigação do
conhecimento histórico e dão seqüência às dimensões política, econômico-social
e cultural, trabalhadas no Ensino Fundamental.
No Ensino Médio, os conteúdos estruturantes deverão estar articulados à
fundamentação teórica e à seleção de temas, ambos em sintonia com o Projeto
Político Pedagógico da escola.
O uso da imagem como documento histórico com os alunos da Educação
Básica é um importante recurso para a organização dos conceitos históricos, o
que facilita o processo ensino-aprendizagem, pois os textos visuais chama a
atenção e desperta a curiosidade nos alunos e a charge faz parte desse universo
visual que os rodeia. Portanto, cabe ao professor fazer essa ponte de ligação
entre o visual, o verbal e o não verbal na construção de sentidos.
Textos verbais e não verbais
Quando se fala em texto ou linguagem, normalmente se pensa em texto
e linguagens verbais, ou seja, naquela capacidade humana ligada ao
pensamento que se concretiza numa determinada língua e se manifesta por
palavras. A língua é um código. O código é um conjunto de sinais utilizados para
a transmissão de mensagens. O código pode ser verbal quando utilizamos a
palavra escrita ou falada e não-verbal quando não usamos a palavra, mas
gestos, imagens, etc. Tanto a linguagem verbal quanto as linguagens não-
verbais expressam sentidos e, para isso, utilizam-se de signos, com a diferença
de que, na primeira, os signos são constituídos dos sons da língua (desenho,
homem, balão), ao passo que nas outras exploram-se outros signos,como as
formas, gestos, sons,etc. O texto não-verbal não é uma cópia fiel da realidade, O
produtor do texto não-verbal, recria e transforma a realidade segundo sua
própria concepção. Considerando que os signos estejam presentes em textos
verbais e não verbais, o processo de análise semiótica é igual para as charges e
os textos verbais. Precisamos ver e ler muito além do que salta aos nossos olhos.
O trabalho com o não verbal que se propõe neste estudo, tem a preocupação de
auxiliar na prática docente e discente de produção e incentivo a formação de
leitores críticos. Sabemos que a leitura da charge em sala de aula, trará
benefícios e incentivará no aluno o hábito de ler/escrever, além de desenvolver o
senso crítico em relação ao mundo que o cerca.
Humor, sátira e metáfora
A charge é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar, por
meio de uma caricatura, algum acontecimento atual com uma ou mais
personagens envolvidas. A palavra é de origem francesa e significa carga, ou
seja, exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-lo burlesco.
Caricatura: desenho que exagera propositadamente as características
marcantes de um indivíduo.
O texto histórico precisa ser um recurso que desperte a curiosidade no
aluno. Algo em que ele encontre sentidos, que chame a sua atenção. A charge,
pode cumprir essa função. Pois, mais do que um simples desenho, a charge é
uma crítica político-social onde o artista expressa graficamente sua visão sobre
determinadas situações cotidianas através do humor e da sátira.
Humor do latim humore é uma forma de entretenimento e de
comunicação humana, para fazer com que as pessoas riam e se sintam felizes.
As origens da palavra humor assentam-se na medicina humoral dos antigos
gregos, que é uma mistura de fluídos, ou humores, controlados pela saúde e
emoção humanos. O significado vem do termo grego eutimia, que significa
equilíbrio do humor (eu = normal e timo = humor).
Sátira é uma técnica literária ou artística que ridiculariza um determinado
tema (indivíduos, organizações, estados), geralmente como forma de
intervenção política ou outra, com o objetivo de provocar ou evitar mudança.
Uma das características da sátira é a irreverência. O que caracteriza a
irreverência satírica é o seu caráter denunciador e moralizador. De fato, o
objetivo da sátira é atacar os males da sociedade, o que deu origem à expressão
latina “castigar os costumes pelo riso”. A sátira ri de assuntos e pessoas sérias,
para denunciar o que há de podre por trás da fachada nobre impingida à
sociedade.
Sendo o riso satírico em geral extremamente sarcástico, o grotesco é um
dos procedimentos favoritos do satirista, que costuma mostrar a deformação
grotesca do corpo do personagem satirizado como uma alegoria dos seus
defeitos morais.
Para entender uma charge não precisa ser necessariamente uma pessoa
culta, basta estar por dentro do que acontece ao seu redor. As imagens, em
especial a charge, devem ser analisadas como documentos históricos portadores
de significados sociais. A leitura adequada da imagem por professores e alunos,
permite conhecer elementos implícitos e explícitos relacionando-os ao conteúdo
estudado.
A Metáfora é um elemento constitutivo da charge. Metáfora é uma figura
de estilo, que consiste em uma comparação entre dois elementos por meio de
seus significados imagísticos, causando o efeito de atribuição inesperada ou
improvável de significados de um termo a outro. (Wikipédia – acesso em 10 de
out. 2007).
Análise das Charges Selecionadas
O livro "Plano Cruzado Tem que Dar Certo" retrata através de charges o
início do Plano e toda movimentação político, social e econômica em relação ao
mesmo. O que vemos é uma proposta divertida que torce para que o Plano
Econômico dê certo. Nas palavras de Zuenir Ventura o humor não tem que ser
necessariamente corrosivo, obrigatoriamente perverso. A alegria também pode
ser engraçada. O riso que sai das páginas desse livro não é o que propõe a
corrosão, mas a correção. Ri-se do e com o Plano Cruzado; não sistematicamente
contra. Salientamos que as charges que compõem este livro são as que foram
criadas no início do Plano Cruzado, onde torcia-se para que o mesmo desse certo
e que até um determinado momento isso ocorreu.
VENTURA, prefácio de: Zuenir; et al. [...]. Plano Cruzado: Tem que dar certo. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1986. p.6.
Esta charge é de 1985 e mostra a situação de miséria em que se
encontra o cidadão que está magro, abatido, desanimado, com a barba e o
cabelo por fazer, roupa esfarrapada. A casa está velha e em cima da mesa
vemos um garfo e faca mas não vemos comida.
O recenseador que está bem vestido e com boa aparência chega em sua
casa e fala que é uma pesquisa: O Sr. prefere debate na TV ou show na TV? O
cidadão diz: Eu prefiro comida na geladeira. O que deixa claro a situação de
miséria em que se encontrava grande parte da população brasileira.
VENTURA, prefácio de: Zuenir; et al. [...]. Plano Cruzado: Tem que dar certo. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1986. p.7.
A charge propõe uma metáfora entre o caminhão grande que representa
a inflação e um carro pequeno que representa o salário mínimo. Para que o leitor
entenda o sentido do texto foram colocadas as legendas "inflação" e "salário
mínimo". São elas que nos auxiliam na interpretação da mesma. A expressão no
rosto do motorista demonstra a irritação do trabalhador assalariado e a sua fala:
passa por cima! É a expressão cotidiana do povo brasileiro que tenta sobreviver
com o salário mínimo. A inflação passa por cima do salário mínimo.
VENTURA, prefácio de: Zuenir; et al. [...]. Plano Cruzado: Tem que dar certo. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1986. p.23.
Nesta charge a inflação é metaforicamente apresentada como um
dragão. O Plano Cruzado passa a ser apresentado como um "cruzado" o
cavaleiro andante que, durante a Idade Média, lutava em defesa das terras
santas. O ministro da fazenda Dilson Funaro metaforicamente é representado
como o próprio cavaleiro andante que lutava para combater os infiéis (turcos,
mouros).
Uma outra interpretação também pode ser feita e que está mais próxima
do senso comum. Funaro seria São Jorge, verdadeiro guerreiro da fé. São Jorge
venceu contra satanás terríveis batalhas, por isso sua imagem mais conhecida é
montado em um cavalo branco, vencendo um grande dragão.
VENTURA, prefácio de: Zuenir; et al. [...]. Plano Cruzado: Tem que dar certo. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1986. p.62.
O Plano Cruzado congela preços e salários é o que mostra esta charge
em que o presidente Sarney está fazendo muito esforço para trancar o mapa do
Brasil dentro da geladeira. Isto fica visível na expressão de seu rosto, na posição
do seu corpo e pelas gotas de suor que caem do seu rosto. Está é uma maneira
de congelar os preços e salários em todo o Brasil. O pingüim facilita a
interpretação da geladeira.
VENTURA, prefácio de: Zuenir; et al. [...]. Plano Cruzado: Tem que dar certo. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1986. p.38.
As donas-de-casa tiveram participação ativa no início do Plano cruzado.
Passaram a fiscalizar os preços e a cobrar dos estabelecimentos comerciais o
cumprimento da tabela de preços. Quando encontravam alguma irregularidade
denunciavam os infratores. É o que mostra esta charge em que foi usada uma
foto do presidente que está vestido tipicamente como uma dona-de-casa: lenço
na cabeça, uma caneta atrás da orelha para anotar os preços e carrega uma
sacola no braço onde tem uma tabela de preços dentro, traja vestido de
florzinhas com botões e chinelos. O bigode do presidente leva-nos a uma
identificação rápida do personagem.
VENTURA, prefácio de: Zuenir; et al. [...]. Plano Cruzado: Tem que dar certo. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1986. p.74.
O oscar é o mais famoso e cobiçado troféu do mundo do cinema que é
entregue aos que mais se destacaram durante o ano. Esse é o tema dessa
charge em que aparecem os 3 principais idealizadores do Plano Cruzado vestidos
com traje a rigor e com o troféu do Oscar em suas mãos. O ministro do
planejamento João Saad ganha na categoria de melhor roteiro - foi um dos
idealizadores do Plano. Na categoria de melhor ator o ministro da fazenda Dilson
Funaro ganha o troféu - coube a ele representar, interpretar o Plano. O
presidente Sarney ganha na categoria de melhor diretor - pois foi ele quem
dirigiu o Plano.
VENTURA, prefácio de: Zuenir; et al. [...]. Plano Cruzado: Tem que dar certo. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1986. p.11.
Esta charge representa as vitórias brasileiras nos primeiros meses de
1986. O Pacote econômico que estava dando certo tendo nele o cifrão do
cruzado. A estatueta do oscar representando a vitória dos principais
idealizadores do Plano. A taça do GP do Brasil, realizada em Jacarepaguá onde o
piloto brasileiro Nelson Piquet da Willians-Honda foi o vencedor. O presidente
Sarney com punho cerrado e expressão incentivadora ao telefone diz: - Vamos
lá, Telê. Só falta você! Está legenda é necessária para que o leitor compreenda o
texto. Estava faltando a vitória da seleção brasileira no México para completar as
vitórias brasileiras e a taça da copa do mundo iria somar-se aos demais troféus.
A seleção brasileira voltou mais cedo para casa, eliminado , nos pênaltis, pela
França, nas quartas-de-final.
Contribuindo para o melhor entendimento do contexto histórico-social e
político do Plano Cruzado, agora iremos analisar 3 charges do livro BRASILEIRAS
& BRASILEIROS - autor IQUE, que faz uma retrospectiva de quatro anos de
história do país: 1985/1989. Neste trabalho analisaremos as charges
compreendidas entre os anos 1985 e 1986. A eleição de Tancredo que nos
deixou de herança o Sarney. E assim surgiram o bigode, o Plano
Cruzado...Segundo Ique este é um livro silencioso, que grita através das suas
imagens o que se passou nesses anos.
IQUE. Brasileiras & Brasileiros. Rio de Janeiro: Lumiar,1990. p.11.
Nesta charge aparece Tancredo Neves dominando o mundo. Está com a
faixa presidencial pois derrotou o candidato Paulo Maluf nas eleições
presidenciais de 1985. Foi o primeiro presidente eleito indiretamente após a
queda da ditadura militar. Trajando roupa de jogador de futebol , o mundo é uma
bola que cairá a seus pés. A expressão em seus olhos e sua boca é a de uma
pessoa que conseguiu o que pretendia. Está flutuando... os pés vestidos com
chuteiras tem os calcanhares levantados e o corpo está tombado para frente o
rosto está virado para o lado porque o mundo está flutuando na altura de seus
ombros.
IQUE. Brasileiras & Brasileiros. Rio de Janeiro: Lumiar,1990. p. 12.
Na charge publicada em 19 de março, Sarney está apoiando em suas
costas o enfermo Tancredo que segura o papel do discurso presidencial, está
vestido de branco, com touca com uma cruz o que evidencia que está em um
hospital a expressão é melancólica, já Sarney está usando terno e gravata,
sorrindo e com os óculos lê o discurso de posse.
IQUE. Brasileiras & Brasileiros. Rio de Janeiro: Lumiar,1990. p. 33.
Na charge que analisaremos agora, o Plano Cruzado já estava em crise,
os alimentos sumiram das prateleiras dos supermercados, faltavam remédios
nas farmácias, não existia carne nos açougues, entre outros. Os pecuaristas não
aceitavam o preço da carne que tinha sido combinado com o governo e
passaram a esconder o boi no pasto. Um presidente boiadeiro é o que vemos
nesta charge de 19 de setembro. O prolongado sumiço da carne dos pratos
brasileiros, acentua ainda mais a crise de abastecimento enfrentado pelo Plano
Cruzado. Montado em um cavalo preto, o presidente vai aos pastos pegar a laço
os bois que estão confinados nas fazendas.
REEFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITTENCOURT, Circe (org). O Saber Histórico na Sala de Aula. 10.ed.São
Paulo: Contexto, 2005.
BURKE, Peter (org). A Escrita da História: Novas Perspectivas. Tradução de
Magda Lopes. São Paulo: UNESP, 1992. 354p.
ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS DA IMAGEM, 1. 2007. Londrina. Caderno de
Resumos. Londrina: UEL,2007. 14 a 16 mai. 90p.
FREIRE, P. Conscientização: Teoria e Prática da Libertação. 3.ed. São Paulo:
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IQUE. Brasileiras & Brasileiros. Rio de Janeiro: Lumiar,1990.
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<http://acd.ufrj.br/~pead/tema11/ponto16.html>.
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VASCONCELLOS, Maura Maria Morita. Ensino de História: Concepção e
prática no Ensino Médio. In. Berbel, Neusi Aparecida Navas (org). Metodologia
da Problematização: Fundamentos e Aplicações. Londrina: EDUEL, 1999. p.101-
150.
SILVEIRA, Jane Rita Caetano da. A Imagem: Interpretação e Comunicação.
2005. Disponível em
<www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0503/05.htm>
VENTURA, prefácio de: Zuenir; et al. [...]. Plano Cruzado: Tem que dar certo.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.
WIKIPEDIA. Enciclopédia Online Livre. <www.wikipedia.org> Acesso em: 04
abr. 2007.
2.3 – CONTEXTUALIZAÇÃO:
Erros do Cruzado Custaram 10 Anos Diz Bacha.
Em entrevista concedida a Folha On-line Edmar Bacha, que foi um dos
economistas com participação na elaboração do Plano Cruzado, diz que gatilho
salarial foi um dos fatores que acabou com o plano e que a lição mais importante
é que ele poderia ter dado certo. Além disso, faz uma análise do mesmo
passados 20 anos após o seu lançamento.
REFERÊNCIA:
<http://tools.folha.com.br/print?site=emcimadahora&url=http%3a%2f%2fwww1.
folha> – acesso em 15/08/2007.
3- RECURSOS DIDÁTICOS:
3.1 Sitios:
TÍTULO: 20 anos do Plano Cruzado.
ENDEREÇO: <http:www.notadez.com.br/content/noticias.asp?id=22344> –
acesso em 12/08/2007.
COMENTÁRIO: Essa noticia sobre o Plano Cruzado foi escrita após 20 anos de
sua inauguração e trás análises de como funcionou o plano num primeiro
momento onde conseguiu controlar a inflação e vai até a sua desconstrução.
TÍTULO: Inflação
ENDEREÇO:<http:/novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/162_maio03/html/deol
ho-edicao162> – acesso em 08/09/2007.
COMENTÁRIO: Esse site é muito interessante porque além de explicar o que é
inflação, mostra como calcular as variações de preços. Tem um plano de aula
que dá sugestões para trabalhar a inflação com turmas das séries finais do
Ensino Fundamental e das iniciais do Ensino Médio.
TÍTULO: A História do Plano Cruzado I e II, Plano Bresser, Plano Verão, e
Cruzado Novo.
ENDEREÇO:<http:/www.sociedadedigital.com.br/artigo.php?artigo=1127ITEM=4
> acesso em 02/05/2007.
COMENTÁRIO: Esse artigo faz uma breve análise de todos os Planos
Econômicos do governo Sarney, inclusive o Plano Cruzado.
3.2 – Sons e Áudio:
TÍTULO: Comida
INTÉRPRETE: Titãs
TÍTULO DO CD: Jesus não tem dentes no país dos banguelas.
NÚMERO DA FAIXA: 08
GRAVADORA: WEA
ANO: 1987
DISPONÍVEL: <http://letras.terra.com.br/titas/91453
TEXTO: A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte.
COMENTÁRIO: Nesta época estava-se diante de um novo ambiente político e
cultural: as transformações viriam por mudanças no cotidiano. Tanto no plano
individual , quanto no coletivo, a geração dos anos oitenta deseja liberdade
individual e política, desenvolvimento econômico, trabalho, acesso aos bens
culturais e um planeta saudável.
TÍTULO: A rasteira do presidente
INTÉRPRETE: Bezerra da Silva
TÍTULO DO CD: Alô malandragem, maloga o flagrante.
FAIXA: 06
GRAVADORA: RCA VIK.
ANO:1986.
DISPONÍVEL:
http://cliquemusic.uol.com.br/en/artists.asp?status=disco&nu_disco=561
TEXTO: Alô, alô, dona de casa,
Fiscais do presidente se liga
Tabela de preços na mão,
E vamos lutar contra a inflação.
COMENTÁRIO: No ano de 1986 foi lançado o Plano Cruzado, sem uma consulta
prévia junto à sociedade, no sentido de combater a inflação. O cidadão que não
cumprisse as regras do Plano seria punido. A letra dessa música retrata a vida
de um trabalhador assalariado na época do Plano Cruzado.
3.3 – Proposta de Atividade:
TÍTULO: Produção de charge.
Está atividade será desenvolvida através da produção de charges. Nessa
etapa o aluno já terá analisado várias charges juntamente com a professora,
assim terá possibilidade de elaborar / criar a sua própria charge.
Objetivos:
- Desenvolver a capacidade de análise crítica em relação a uma imagem
chárgica;
- Perceber as diversas significações existentes em uma imagem chárgica;
- Perceber que para a criação de uma charge é preciso sensibilidade artística,
cultural, social, econômica e política;
- Perceber que o processo histórico é parte integrante em uma charge;
- Compreender que para analisar uma charge é preciso conhecer o seu contexto
histórico;
Recursos Utilizados:
Revistas, jornais, Internet, livros, livro didático, textos, entre outros.
Metodologia
Reunidos em grupo os alunos farão leitura do texto que indica como
produzir uma charge, e após será realizada uma discussão sobre o mesmo;
Cada grupo de alunos analisarão uma charge sobre o Plano Cruzado;
Cada grupo apresentará o seu trabalho para a turma. Após esses
procedimentos o grupo produzirá uma charge sobre o Plano Cruzado, seguindo
as normas determinadas no texto.
Para a realização dessa atividade serão necessárias no mínimo 3 aulas.
Está atividade poderá ser desenvolvida com alunos da 8ª série do Ensino
Fundamental e 3º ano do Ensino Médio.
A avaliação dessa atividade será realizada de acordo com a DCE que
compartilha as idéias do autor Lukesi a respeito da avaliação diagnóstica que é
um instrumento de compreensão do estagio de aprendizagem em que se
encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para
que possa avançar no seu processo de aprendizagem (2002, p. 81).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PARANÁ. Superintendência de Educação. Diretrizes Curriculares de História
para o Ensino Médio. Curitiba. SEED, 2006.
<www.jornalescolacomunidade.com.br> - acesso em 15/10/2007.
3.4 Imagens
VENTURA, prefácio de: Zuenir; et al. [...]. Plano Cruzado: Tem que dar certo.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1986. p. 36.
Comentário: A charge apresentada mostra, algumas pessoas em um comércio,
cobrando do proprietário o cumprimento do congelamento dos preços-dos-
produtos. São donas-de-casa, homens e uma criança que apontam a tabela-de-
preços para o comerciante, tendo em seus rostos uma expressão de severidade
exigindo do proprietário o seu cumprimento, o que acentua-se ainda mais com o
bigode do presidente Sarney estampado em seus rostos. A expressão do rosto do
comerciante e do seu corpo trêmulo, dão nos a dimensão do seu terror perante a
exigência das pessoas, pois quem não cumprisse as regras do congelamento dos
preços e a tabela-de-preços do governo seria punido com multa e até cadeia.
VENTURA, prefácio de: Zuenir; et al. [...]. Plano Cruzado: tem que dar certo. Rio
de Janeiro: José Olímpio, 1986. p. 39.
Comentário: Homem-sanduiche é uma pessoa que faz publicidade deslocando-se
pelas ruas com 2 cartazes, um sobre o peito e o outro sobre as costas. O
presidente sarney, aparece nesta charge como o próprio homem-sanduíche que
faz publicidade da tabela-de-preços dos produtos congelados durante o Plano
cruzado e que teria que ser cumprida por todos os comerciantes e o seu
cumprimento deveria ser fiscalizado por todos os cidadãos brasileiros. Quem
não cumprisse as regras do plano do governo seria multado e poderia ir para a
prisão.
4- RECURSO DE INFORMAÇÃO
4.1 Livro
PAIVA, Paulo. et al. [...] Plano Cruzado: Ataque e Defesa. 1.ed. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 1987.
COMENTÁRIO: Os estudos que compõem esta obra básica para uma nova
reflexão acerca dos efeitos (positivos e negativos) de tal plano sobre os cidadãos
brasileiros tentam
respondhttp://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/index.php?PHPSESSI
D=2008112617082083er as seguintes questões:
- Que conjuntura de crise econômica deu ensejo à criação do Plano Cruzado?
- O quadro critico anterior a implementação do programa de estabilização
econômica do governo da Nova República terá sido de fato modificado?
- Para onde esta caminhando o programa governamental?
TEXEIRA, Luiz Guilherme Sodré. Sentidos do humor, trapaças da razão: a charge.
Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2005.
Comentário: O autor apresenta uma reflexão em torno dos limites da razão e
das possibilidades da linguagem , tendo como suporte a charge, a caricatura e o
Cartum.
4.2 Notícias
TÍTULO: Um tiro nas compras
FONTE: Revista Veja
REFERÊNCIA: Veja, São Paulo: Abril, nº 930, 2 Julho. 1986. p.108-110.
TEXTO: O governo faz um pacote para tentar aplacar a febre de consumo que
se propagou pelo país depois da reforma econômica.
COMENTÁRIO: Quatro meses após a decretação do Plano Cruzado, o governo
promoveu a primeira mexida na política econômica. Sob o comando do ministro
da Fazenda Dílson Funaro, o Conselho Monetário Nacional chancelou um novo
pacote de medidas com o objetivo de reduzir a onde consumista.
4.3 Destaques
TÍTULO: Jorge moreno ( conversa com o cartunista Chico Caruso)
REFERÊNCIAS:observatorio-
ultimosegundo.ig.com.br/artigos/asp04122002993.htm-25k
TEXTO: Cartunista revela aspectos importantes na elaboração de seu trabalho.
COMENTÁRIO: Está entrevista com Chico Caruso nos mostra que para criar é
preciso ter inspiração e para ter inspiração é preciso estar informado do que se
passa e acontece no dia-a-dia ao seu redor no país e no mundo. Para se informar
é preciso ler e para ter sucesso em sua profissão é preciso ter prazer em exercê-
la.
4.4 – Paraná
TÍTULO: Entrevista: Sassá
REFERÊNCIA:
<http:/www.bigorna.net/index.php?secao=entrevistas&id=1193373876>
TEXTO: Sassá, chargista do Jornal de Londrina revela a sua trajetória na arte de
criar.
COMENTÁRIO: Nesta entrevista o chargista paranaense Sassá, nos mostra que
a leitura faz parte da sua vida desde muito cedo, assim como a arte, pois além
de desenhar e escrever, é também músico.
TÍTULO: Richa elogia medidas e promete fiscalização
TEXTO: O governador José Richa elogiou o pacote econômico decretado pelo
governo, dizendo que foi uma das medidas mais eficazes no combate à inflação.
Para o Paraná, acredita o governador, as medidas econômicas beneficiarão o
Estado, considerando que os investimentos serão concentrados em vários
setores inclusive a agricultura.
REFERÊNCIA: FOLHA DE LONDRINA. 01/03/1986. P. 3.
TÍTULO: Paraná está presente no XIX Festival de Brasília.
REFERÊNCIA: <http:/www.tabloidedigital.com.br/ler.php?id=1880>
TEXTO: No Festival do Cinema Brasileiro, o cineasta Joatan Vilela Berbel, 36
anos, paranaense de Londrina, que desde 1979 vem conquistando prêmios com
seus curtas, é o diretor de "Warchavchik", media metragem exibido sexta-feira,
dia 31 de novembro de 1986. Radicado no Rio de Janeiro Berbel realizou há dois
anos o curta metragem "Chico Caruso": filme de humor com o cartunista
brasileiro com vários prêmios em festivais nacionais.
COMENTÁRIO: A notícia refere-se a um premiado diretor paranaense que em
1984 realizou um curta metragem sobre o cartunista brasileiro Chico Caruso.
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