UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
JOGOS E BRINCADEIRAS: UM REFERENCIAL
PARA EDUCAR
Por: Izaltina Maria Aparecida Pinto Resende
Orientadora
Maria Esther de Araujo Oliveira
Belo Horizonte
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2008
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O BRINCAR NO AMBIENTE ESCOLAR
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre - Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Psicomotricidade.
Por: Maria Esther de Araujo Oliveira
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AGRADECIMENTOS
À Deus em primeiro lugar. Ao meu marido
Antônio e ao meu filho Augusto pelo apoio
durante o curso. Agradeço de forma especial, a
escola e aos educadores que com muito
carinho responderam os questionários e
enriqueceram a elaboração deste trabalho.À
amiga Patrícia, companheira que não mediu
esforços para que realizasse este trabalho.
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DEDICATÓRIA
Dedico ao meu marido Antônio e ao meu filho
Augusto, presença constante em minha vida.
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RESUMO
A psicomotricidade vêm contribuindo de maneira expressiva para a
formação e estruturação do esquema corporal e tem como objetivo principal
incentivar a prática do movimento em todas as etapas da vida de uma criança.
Por meio de brincadeiras, as crianças, além de se divertirem, criam,
interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem. Por isso, cada vez
mais os educadores recomendam que os jogos e as brincadeiras ocupem um
lugar de destaque no programa escolar desde a Educação Infantil. Além disso,
a psicomotricidade nada mais é que se relacionar através da ação, como um
meio de tomada de consciência que une o ser corpo, o ser mente, o ser
espírito, o ser natureza e o ser sociedade. A psicomotricidade está associada à
afetividade e à personalidade, porque o indivíduo utiliza de seu corpo para
demonstrar o que sente e o que pensa. Sendo assim, trabalho da educação
psicomotora com as crianças deve prever a formação de base indispensável
em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando oportunidade para
que por meio de jogos, de atividades lúdicas, se conscientize sobre seu corpo.
Para que através da recreação a criança desenvolva suas aptidões perceptivas
como meio de ajustamento do comportamento psicomotor. Para que assim ela
desenvolva o controle mental de sua expressão motora, a recreação deve
realizar atividades considerando seus níveis de maturação biológica. Além
disso, a recreação dirigida proporciona a aprendizagem das crianças em várias
atividades esportivas que ajudam na conservação da saúde física, mental e no
equilíbrio sócio-afetivo.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada enfatizará que a brincadeira é uma forma de
divertimento típico da infância, isto é, uma atividade natural da criança, onde
ela constrói seu conhecimento e aprende a conviver com seus colegas.
Partindo dessa concepção a presente pesquisa terá uma metodologia
dialética, pois além da pesquisa bibliográfica, também será usada a descritiva.
Onde serão utilizados artigos de jornais, revistas, Internet e material didático de
diferentes autores, como: Benjamim, Brougere, Piaget, Fernández e outros, e
serão enfatizadas características que as crianças desenvolvem durante o
brincar como a imaginação, o faz-de-conta, a imitação, a regra que favorece a
aprendizagem.
Será utilizada uma pesquisa de campo onde foram coletados dados,
através de um questionário contendo quatro perguntas (conforme anexo I)
destinados à dez educadores, de como interagir as crianças dentro do contexto
escolar.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Do Prazer de brincar ao prazer de aprender 10
CAPÍTULO II
Corpo: componente indispensável na aprendizagem 14
CAPÍTULO III
O significado da corporeidade no ambiente escolar 18
CONCLUSÃO 24
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 26
ANEXOS 28
ÍNDICE 29
FOLHA DE AVALIAÇÃO 30
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INTRODUÇÃO
Este trabalho abordará o assunto o brincar no ambiente escolar, fator
fundamental ao desenvolvimento das aptidões físicas e mentais da criança,
sendo um agente facilitador para que esta estabeleça vínculos sociais com
seus semelhantes, descubra sua personalidade, aprenda a viver em sociedade
e preparar-se para as funções que assumirá na idade adulta.
O brincar no ambiente escolar é um dos muitos caminhos que nos
possibilita ver como a criança inicia seu processo de adaptação à realidade
através de uma conquista física, funcional aprendendo a lidar de forma cada
vez mais coordenada, flexível e intencional com seu corpo, situando-o e
organizando-o num contexto espaço-temporal que lhe é reconhecível, que
começa a fazer sentido para sua memória pessoal. E, como é justamente essa
organização significativa da ação sensório-motora que lhe dá condições de,
pouco a pouco, ir mudando sua forma de interagir com o meio, no caminho de
uma abstração reflexiva crescente.
A escolha deste tema surgiu da necessidade de abordamos o assunto o
brincar no ambiente escolar não apenas como simples entretenimento, mas
como atividades que possibilitaram a aprendizagem de várias habilidades. Uma
vez que o brincar é assunto que tem conquistado espaço no panorama
nacional, por ser o brinquedo a essência da infância e seu uso permite um
trabalho pedagógico que possibilita a produção do conhecimento, da
aprendizagem e do desenvolvimento.
A brincadeira é uma forma privilegiada de aprendizagem. Na medida em
que vão crescendo, as crianças trazem para suas brincadeiras o que vêem,
escutam, observam e experimentam. As brincadeiras ficam mais interessantes
quando as crianças podem combinar os diversos conhecimentos a que tiveram
acesso, aumentando assim suas descobertas.
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O objetivo geral do presente trabalho é analisar a utilização do brincar
para o desenvolvimento integral da criança para que ela possa descobrir,
conhecer e explorar o mundo que a cerca.
Também tratará de assuntos como: a contribuição do brincar para a
diminuição da agressividade e timidez do aluno, adotando atitudes de respeito
mútuo e solidariedade; e buscar situações que favoreçam integrações entre as
crianças, e enfatizando que o brincar é uma riqueza para o desenvolvimento
humano e a cooperação neuromuscular.
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CAPÍTULO I
DO PRAZER DE BRINCAR AO PRAZER DE APRENDER
A aprendizagem deve ser significativa, mágica, prazerosa e, na primeira
fase da vida, mais que em qualquer outra, depende da ação corporal.
O corpo, o sentimento, a alegria, o desejo, a imaginação, as emoções,
os movimentos, precisam estar presentes no cotidiano escolar para que as
crianças possam aprender de forma integral, corporal, intectual e prazerosa.
Se as aulas estiverem fundamentadas nos canais proprioceptivos,
visuais, auditivos e táteis, a aprendizagem acontece de forma eficiente e
agradável. O conhecimento adquirido pela criança vira ‘’vitamina’’, ganha um
sentido novo e, como resultado, há a retenção do aprendizado.
É importante ressaltar o papel do educador no desenvolvimento do
esquema corporal, devendo proporcionar à criança atividades de teatro,
música, dança, jogos, utilização de materiais lúdicos, pois preparam o terreno
para um aprendizado posterior tendo como propósito o desenvolvimento
integral e social do aluno.
A falta do trabalho corporal no ambiente escolar poderá refletir em
problemas de aprendizagem, de integração e emocionais nas séries
posteriores e/ou também em sua própia vida, tornando o indíviduo, muitas
vezes, agressivo, retraído, frustrado, sem iniciativas própias e inseguro para
saber lidar com os desafios.
Além disso, muitos autores discutem a importância do trabalho corporal
no processo de aprendizagem e, apesar de todos esses conhecimentos,
sabemos que poucas escolas estão adaptadas para o desenvolvimento de um
trabalho mais qualificado ao corpo.
Segundo Fernández,
11
Em geral, a escola apela somente ao cérebro, crianças
com os braços cruzados, atados a si mesmos. [...] Ainda
hoje encontramos crianças que estão atadas aos bancos,
a quem não se permite expandir-se, provar-se, incluir
todos os aspectos corporais nas novas aprendizagens.
(FERNÁNDEZ, 1991, p.63)
O esquema corporal deve ser mais explorado por aquele que medeia a
construção dos conhecimentos. Enfim, podemos afirmar que criança estimula,
que brinca, que joga, que pontecializa seus movimentos corporais, se relaciona
harmonicamente com o ambiente, certamente, será um adulto equilibrado, livre
para se expressar e lutar por seus interesses e pelas coisas em que acretida.
Para tanto, se faz necessária uma formação continuada dos educadores
em geral, possibilitando um grande inovação nessa área, que é mais explorada
na Educação Infantil e que deveria ter continuidade no Ensino Fundamental.
Os sistemas educativos devem ser planejados e os programas aplicados de
modo que considerem toda a gama de interesses, capacidades, diferenças
individuais (prioritariamente as corporais) que são própias de cada criança.
Através do corpo em movimento, a criança expressa sua dimensão
inconsciente. A motricidade é o meio entre o continente da inconsciência e a
percepção do agora (consciência). Conforme o que foi relatado na Pesquisa de
Campo da educadora D.A.T., “o corpo é nosso alicerce. É através dele que
interagimos no meio e com o meio no qual estamos inseridos”.
O corpo é o primeiro objeto transicional pelo fato de permitir à colocar
em evidência o prazer que foi vivido com o outro no passado. Através do corpo
ela interpreta e analisa estes conteúdos inconscientes que definimos como
‘’fantasmática’’.
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O brincar promove a comunicação, a verbalização, a criação e o
desenvolvimento da função simbólica: a capacidade de representar formas
conscientes (casas, objetos e situações) e a capacidade de expressão da
fantasmática. A representação simbólica é vivenciada de forma verbal e não
verbal, através de associações com as experiências vividas. Ex: Um menino e
uma almofada. A almofada representa o carro e ele o motorista e a ação total a
identificação do pai dirigindo o automóvel. Com a boca ele produz o barulho do
motor e o seu corpo se ativa psicomotoramente.
No prazer do brincar existe sempre a presença do outro de forma
simbólica. Está é a síntese do reasseguramento.
A aprendizagem está ligada a descentração tônico-emocional
conquistada nos jogos de reasseguramento superficial que dependem da
vivência dos jogos de reasseguramento profundo ligadas à expressão e
vivências do corpo psicomotor.
Por isto a aprendizagem é um prolongamento de uma dinâmica de
prazer que vai do corpo ao pensamento. O prazer da aprendizagem ocorre no
nível inconsciente e consciente.
O prazer de aprender começa bem cedo quando a criança com quase
um ano começa se apoiar para buscar ficar em pé sozinha, sem a ajuda dos
pais ou qualquer adulto do seu lado. Realizado tentativas e caindo, ela estará
aproveitando a aprendizagem postural e as compensações. Buscando
posições de segurança e equilíbrio, ela vai tomando consciência do
desencadeamento postural. A repetição na aprendizagem é fundamental
porque através de uma dinâmica de prazer a criança vai aos poucos,
memorizar o movimento e as posturas, o que vai permitir ela se apoiar nos pés
e conseguir a tensão tônica suficiente para dizer: - Eu consigo; eu existo.
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A condição da aprendizagem motora está intimamente ligada à
possibilidade da ação e ao prazer da conquista dela. Se os pais não dão essa
liberdade necessária à experimentação, a criança poderá, mais tarde,
apresentar limitações psicomotoras intransponíveis pelo fato de ter sido
impossibilitada de vivenciar o desequilíbrio, cair e aprender como buscar
soluções para este desequilíbrio.
As crianças, por perseverança inata vão adquirindo confiança por meio
das tentativas: porque é pela ação que a criança aprende o prazer de existir e
adquirir confiança em si mesma.
Assim como a criança encontra a segurança afetiva através do brincar,
ela vai conquistando, aos poucos, o mundo em função de sua ação. Para
descobrir o que está no alto ela vai estender o próprio corpo para alcançar o
que quer. Através da sensação do corpo na exploração do espaço e na
descoberta da massa dos objetos é que ela vai ativar sua habilidade tônica
para pegar o que é pesado e o que é leve. Conquistando a habilidade tônica,
ela aprende a tocar, acariciar, transpondo-se, inconsciente, da forma como foi
tocada e acariciada.
Através do prazer de brincar as crianças expressam seus pensamentos,
suas emoções, suas reações instintivas, sua personalidade, seus aspectos
corporais e podem potencializar a mente e as emoções. Segundo a A.L.C.,
“pelo tipo de brincadeira revela-se na maioria das vezes os hábitos da criança
tais como tipos de programação que assiste (lutas, desenhos com armas, mais
calmos) e isso refletem ao interagir com os colegas.”
A criança que hoje brinca, aprende e engajar-se por prazer e, amanhã,
manifestará esse sentimento engajando-se como cidadão participante no meio
em que vive.
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CAPÍTULO II
CORPO: COMPONENTE INDISPENSÁVEL NA
APRENDIZAGEM
O corpo está todo tempo presente na aprendizagem humana, segundo
Lawrence:
A vida do corpo é a vida das emoções. O corpo sente a
fome real, a sede real, a alegria real do sol e da neve, o
prazer do cheiro real das rosas ou em olhar um arbusto
de lilás; a raiva real, o calor real, a paixão real, o ódio
real, o luto real. Todas as emoções pertencem ao corpo e
a mente apenas as reconhece. (apud BRUHNS, 1994,
p.61)
Por isto durante a Educação Infantil, a necessidade de movimentar-se é
mais respeitada pela escola: o corpo é usado em brincadeiras, em atividades
de arte, de música, etc.
É importante também incentivar uma relação saudável com o próprio
corpo e o uso dele na aprendizagem são práticas que deveriam ser cultivadas
por toda a escolaridade. Mas até o ínicio da puberdade, por volta dos 12 ou 13
anos, elas são determinantes. Até essa fase a criança vive pela primeira vez as
mais diversas experiências: ela vai conhecer os números, a regra de três, a
leitura, a escrita, o ensino de História... Quando alguma coisa acontece pela
primeira vez, precisa ser marcante e positiva, para deixar boas recordações,
ainda que inconscientes. O uso do corpo permitirá que essas lembranças
sejam prazerosas e a pessoa vai associar o aprendizado a sensações
gostosas.
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É muito mais fácil para os pequenos aprender, por exemplo, as letras A,
B ou C brincando com o corpo, representado-as deitados no chão em grupos
de dois ou três, do que sentados em frente ao quadro-negro. E isso é possível
acontecer com palavras, conceitos, teorias... Em Matemática, por que o
professor não propõe brincadeiras do tipo caça ao tesouro ou esconde-
esconde de folhas? Com elas, a criança vai ter de encontrar as plantas
escondidas na escola, enumerá-las, manipulá-las e classificá-las. Se a turma
gosta de futebol, por que não formar times para disputar um torneio, fazer
tabelas, calcular resultados, ler e escrever histórias interessantes sobre esse
esporte?
Piaget (1976) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das
atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de
desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que
contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Ele afirma:
O jogo é portanto, sob as suas duas formas essenciais
de exercício sensório motor e de simbolismo, uma
assimilação de real à atividade própia, fornecendo a esta
seu alimento necessário e transformando o real em
função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os
métodos ativos de educação das crianças exigem todos
que se forneça às crianças um material conveniente, a
fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as
realidades intelectuais que, sem isso, permanecem
exteriores à inteligência infantil. (PIAGET, 1976, p.160)
Através do jogo a criança brinca: libera e canaliza suas energias; tem o
poder de transformar uma realidade difícil; propicia condições de liberação da
fantasia; é uma grande fonte de prazer.
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O brincar é indispensável no desenvolvimento motor, afetivo e
psicológico do individuo para sua formação integral, e é explorado por meio de
jogos e atividades lúdicas que oportunize a conscientização do próprio corpo e
ser. Portanto, a aprendizagem é um processo global que envolve todo o corpo,
onde o indíviduo possa se auto-conhecer, explorar o seu meio e buscar sua
totalidade.
2.1 – Habilidade Corporal
Diz-se que, desde muito cedo, as crianças parecem dispor
os dedos (indicador e polegar) semelhantes a uma ‘’pinça’’;
essa propriedade provém de certas células nervosas que
determinam a contração muscular propiciando firmeza nos
dedos para conseguirem pegar algo. (FISCHER, 1997)
Esse exemplo explica que atenção nos pequenos detalhes pode indicar
o desenvolvimento da criança e sua relação com o corpo e com o meio, pois,
quanto mais cedo for diagnosticada uma possível dificuldade, melhor será para
recorrer a alguns exercícios e atividades corporais direcionadas que ajudarão
no empenho do sistema motor. A habilidade corporal é uma necessidade vital
para a criança, pois a maioria é o todo corpo e mente. E, através de situações
cotidianas, pode-se atender a um desdobramento psicomotor normal, como
segurar a colher ou o garfo para comer, abrir e fechar.
No entanto, a busca por ferramentas de auxilio na aprendizagem escolar
tem se tornado uma constante multidisciplinar, na qual o conhecimento da
psicomotricidade nas aulas abrangem a relação desenvolvimento motor e
intelectual da criança.
As dificuldades de cada criança podem ser examinadas quando se
acham descontraídas nos momentos de brincadeira, livres de qualquer
pressão, visando ao conhecimento e domínio do próprio corpo, tornando-se um
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equívoco a compreensão de que somente na instituição educacional essa
observação será possível. Pais, educadores e todos aqueles que estejam no
círculo de convivência da criança poderão verificar algum empecilho de
qualquer aspecto simples ou não. Pois isto, os professores devem explorarem
a corporeidade de seus alunos no ambiente escolar.
Como o comportamento físico da criança expressa, uma a uma, suas
dificuldades intelectuais e emocionais, pode-se dizer que a psicomotricidade é
a ciência do corpo e da mente. Ao vermos o corpo em movimento, percebemos
a ação dos braços, pernas e músculos gerados pela ação da mente. É
necessário, portanto, educar o movimento pela mente.
A psicomotricidade integra várias técnicas com as quais se pode
trabalhar o corpo (todas as suas partes), relacionando-o com afetividade, o
pensamento e o nível de inteligência. Ela enfoca a unidade da educação dos
movimentos, ao mesmo tempo em que põem em jogo as funções intelectuais.
A psicomotricidade vai permitir que estabeleça a noção de vazio ou
ocupado. São os gestos do corpo que vão levar o indivíduo à consciência de
seus limites e possibilidades. A coordenação psicomotora é uma qualidade
diretamente ligada à expressão do corpo, porque todo movimento tem uma
conotação psicológica de sensações. Nos movimentos, serão expressos
sentimentos de prazer, frustração, desagrado, euforia, como dimensão de um
estado emocional, reconstruindo, assim, uma memória afetiva desde os gestos
iniciais da criança.
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CAPÍTULO III
O SIGNIFICADO DA CORPOREIDADE NO AMBIENTE
ESCOLAR
O corpo não é uma parte do mundo, um simples objeto de estudo da
biologia, da psicologia, etc..., é o próprio mundo. Tudo que o corpo sabe é
produto de sua experiência no universo.
A corporeidade é a relação do nosso corpo com o meio, como forma da
aprendizagem. É um meio significativo na educação escolar, para estimular o
desenvolvimento global da criança. Por isso na educação escolar é importante
que o educador realize um trabalho consciente para que o aluno desenvolva
integralmente sem carregar fortes bloqueios para sua vida.
A corporeidade oferece ao educador inúmeras possibilidades de
trabalhar em sala de aula, possibilidades que devem ser trabalhadas no ínicio
da vida escolar da criança, todos os caminhos que o corpo oferece, explorá-los
para construir noções de espacialidade, lateralidade, temporalidade etc,
consciência do corpo como comunicação e aprendizagem, ou melhor, umas
conscientizações corporais, que se usa no dia a dia e lhes serão cobrados
futuramente.
O processo educativo da corporeidade principalmente nas séries iniciais,
tem sua prática facilitada, por a criança ter uma capacidade de movimento, de
criar, ter uma energia incansável que propicia a exploração do seu corpo, sua
relação com o mundo. E o/a educador/a deve criar dentro deste processo
possibilidades em que a criança se sinta segura e confiante dentro de seu
espaço.
as atividades psicomotoras trabalhadas adequadamente
favorecem uma compreensão de esquema corporal, de
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organização perceptiva, que é indispensável para
aquisições futuras, tudo conseqüência da inteligência
impulsionada pela atividade. (DALLANHOL, 1990)
A corporeidade na educação escolar também possibilita através dos
movimentos e suas noções, identificar certas necessidades motoras na criança,
bloqueios, com que estão relacionados e como fazer para ajudá-la etc. a
corporeidade é fundamental não apenas para desenvolver corpo, mente,
identificar necessidades etc, mas também pra criar uma aula dinâmica,
descontraída estimulada para adultos e crianças que precisam de muito
estímulos para se sentis desafiados no seu processo de construção. Mas
geralmente muitos educadores, usam a corporeidade como simples brincadeira
para melhorar o ambiente escolar não tendo noção do que ela é, seu
significado, sua amplitude, não aproveitando suas possibilidades como
potência inseparável do desenvolvimento escolar fundamentando sua prática
em uma nova estética de educação, trabalhando a percepção e
conscientizando as sensações que são o elo de ligação com o mundo, meio
favorável ao desenvolvimento global e seguro da criança na sua relação com o
mundo.
O professor ao transmitir atividades lúdicas as crianças estará
propiciando a mesma que ela crie uma personalidade e a maturação da
imagem do corpo.
3.1 – Educação Psicomotora
Atribui-se à educação psicomotora uma formação de base,
indispensável a toda criança, que responde a uma dupla finalidade: assegurar
o desenvolvimento funcional, tendo em conta as possibilidades da criança, e
ajudar sua afetividade a se expandir e equilibra-se através do intercâmbio com
o ambiente humano.
20
Seriam tantos os conceitos ligados a esta área do conhecimento quantas
são as correntes teóricas-práticas existentes. Tais conceitos, contudo, deixam-
se enfeixar pela ênfase dada ao corpo – lugar do ato voluntário ou, se
quisermos, do agir intencional. É possível, através de uma ação educativa a
partir dos movimentos espontâneos da criança e das atitudes corporais,
favorecer o início da formação de sua imagem corporal, o núcleo da
personalidade.
Segundo Barreto, “O desenvolvimento psicomtor é de suma importância
na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da
postura, da direcional idade, da lateralidade e do ritmo”. A educação da criança
deve evidenciar a relação através do movimento de seu próprio corpo, levando
em consideração sua idade, a cultura corporal e os seus interesses. A
educação psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas as
funções motoras, perceptivas, afetivas e sócio-motoras, pois assim a criança
explora o ambiente, passa por experiências concretas, indispensáveis ao seu
desenvolvimento intelectual, e é capaz de tomar consciência de si mesma e do
mundo que a cerca.
Além disso, é urgente uma valorização da corporeidade das crianças,
tanto no ambiente escolar, como nos lares. Na escola é fundamental favorecer
a expressão corporal da criança, proporcionando para o professor uns
conhecimentos mais amplos de seu aluno, estreitando assim os laços afetivos
que contribuirão para um entendimento melhor em sala de aula. Isso significa
propor atividades algumas vezes dirigidas e outras vezes livres, pois eles terão
a oportunidades de criar suas próprias regras e estabelecer laços de
convivência com os outros.
Além disso, no ambiente escolar, cabe ao educador estar alerta para a
receptividade de seus educandos quanto às atividades propostas, sejam estas
direcionadas ou livres, sendo “fundamental que cada professor perceba que
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cada criança, frente ao lúdico, apresenta sua própria especificidade”.(MRECH,
1998, p.160)
Quando a criança alcança este estado de integração
corporal ela como que explode motoramente, está apta
para explorar o mundo de forma a conhecê-lo. Isto ajuda
muito no desenvolvimento da inteligência e na
aprendizagem. É preciso deixar a criança brincar, jogar,
sapatear, pular, mexer, subir, descer, dar cambalhotas,
pegar, manipular, abrir, fechar, encher, esvaziar, enfim,
desenvolver todas suas habilidades corporais,
experimentar e experimentar-se; é claro, resguardando
os limites indispensáveis. Feito isto, ao ir para a escola,
simplificando bastante, supõe-se que ela terá uma boa
base psicomotora para aprender. (CARVALHO, 2004)
Apesar da enorme importância da presença do lúdico no brincar, mesmo
que não seja visível, a motricidade infantil raramente é reconhecida e
respeitada, pois o conhecimento das modalidades lúdicas garante a aquisição
de valores para a compreensão do contexto real; quer dizer, para ser capaz de
falar com o mundo, a criança precisa brincar com o mundo.
A Educação Psicomotora abrange a conduta motora como expressão do
amadurecimento e adiantamento da totalidade psico-física do aluno.
Quando se fala em psicomotricidade, muitas vezes, a palavra assusta
por parecer uma linguagem usada entre médicos e entre os educadores, o que
se torna um equívoco, pois diz respeito a todos aqueles que acompanham o
crescimento da criança, já que a psicomotricidade é, justamente, o
desenvolvimento do comportamento infantil.
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A escola deve ter o compromisso de estabelecer uma compreensão
sobre a prática corporal, as emoções e os sentidos permitindo autonomia,
conscientização e crítica aos indivíduos para que a atividade física e o esporte
possam ser considerados não como um modismo, mas sim como um bem
vitalício. Durante a Pesquisa de Campo, foi relatado pelas educadoras que
quando uma criança interage através das brincadeiras, sua tendência é
melhorar a socialização, aprende a compartilhar, seu desenvolvimento. Torna-
se muito mais tranqüilo, e esse brincar é fundamental no decorrer de sua
aprendizagem.
No entanto no ambiente escolar o desenvolvimento integral do
educando, contemplando conceitos, habilidades, atitudes e emoções, através
de metodologias que valorizem a participação do indivíduo no processo de
ensino aprendizagem e que forneça a formação de cidadãos flexíveis prontos
para o convívio com o mundo contemporâneo. A psicomotricidade se integra
paralelamente aos meios metodológicos para a integração desse processo de
aprendizagem, com a possibilidade de se auto-conhecer, explorar-se de acordo
com o ambiente, e a busca pela totalidade do ser. E prioriza um
desenvolvimento em que estimula um indivíduo dinâmico, criativo, capaz de
considerar valores no desenvolvimento do ensino, por intermédio de atividades
diversificadas, atraentes e conscientes, interagindo o indivíduo com a
sociedade estimulando a construção do conhecimento por meio das estruturas
psicomotora.
Torna-se, assim, alerta aos educadores que a trajetória psicomotora
deva estar inserida de modo interdisciplinar e contínuo em todas as linhas
educacionais. Pode-se dizer que todos os momentos são indispensáveis para o
desenvolver (descontraído) do psicomotor. Por isso, torna-se relevante a ação
psicomotora sobre a organização da personalidade da criança, ou seja, é
indispensável um trabalho educativo que promova melhor o progresso de suas
potencialidades. Sendo assim, na escola, o trabalho psicomotor precisa ser
sistemático, visando melhorar as habilidades perceptivas, intelectuais e
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emocionais, levando-se em conta os objetivos propostos referentes à faixa
etária que melhor convier com as necessidades do grupo de criança envolvido.
Cabe ao professor conhecer as etapas do desenvolvimento psicomotor
da criança, características das faixas etárias, necessidades e interesses, para
melhor planejar a ação docente. Por isso, é de fundamental importância o
professor desenvolver atividades sabendo a que servem, e não aleatoriamente,
arrolando-as como necessárias ao domínio do esquema corporal, como se esta
expressão significasse apenas uma coisa.
O professor pode ajudar e muito, em todos os níveis, na estimulação do
desenvolvimento cognitivo e para o desenvolvimento de aptidões e habilidades,
na formação de atitudes através de uma relação afetiva saudável e estável
(que crie uma atmosfera de segurança e bem estar para a criança) e,
sobretudo, respeitando a aceitando a criança do jeito que ela é.
A reeducação psicomotora é um processo, uma terapia programada que
visa modificar o comportamento. Parte dessa atuação é privativa do técnico em
psicomotricidade. No entanto, as atitudes do professor têm de estar
relacionadas com a orientação específica do profissional habilitado. É preciso
mais do que vontade e boas intenções: é necessário intervir de forma
adequada, no momento oportuno, com técnicas apropriadas.
Na área de educação, a psicomotricidade abrange um campo preventivo
e ideal seria que todos os professores tivessem conhecimentos básicos do
assunto. O educador tem que estar atento, para detectar quando o aluno tem
dificuldades na aprendizagem e se esta disperso para então estimulá-lo.
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CONCLUSÃO
A presente monografia teve como intuito apontar os benefícios no
incentivo do brincar, ressaltando a importância da psicomotricidade no
ambiente escolar. Conforme observado, o brincar abre tantas possibilidades de
conhecer, relacionar e desenvolver a criança como todo.
Além disso, o brincar no ambiente escolar oferece ao aluno a
oportunidade de experimentar a alegria do movimento e desenvolve sua
habilidade corporal e expressiva a partir de uma conscientização do seu próprio
corpo.
A criança busca experiência em seu próprio corpo, formando conceitos e
organizando o esquema corporal. A abordagem da Psicomotricidade irá
permitir a compreensão da forma como a criança toma consciência do seu
corpo e das possibilidades de se expressar por meio desse corpo, localizando-
se no tempo e no espaço.
O corpo é nosso universo particular. Nele nos movemos, sentimos,
agimos, percebemos e descobrimos novos universos. Tudo está devidamente
gravado nesse corpo, e é na infância que determinamos o que será bem
gravado e o que nem tanto. A psicomotricidade auxilia esse universo em
formação a se descobrir por inteiro, através de estimulação e exploração
concreta do mundo. Aprender, movimentar, sentir esse universo e partilhar com
outros, será determinante na estruturação do ser humano.
O homem comunica-se através da linguagem verbal, também através de
gestos, movimentos, olhares, forma da caminhar-sua linguagem corporal.
A esta comunicação, a este estar-no-mundo intenso dentro do limite da
corporeidade –espaço próprio do sujeito-, pode-se nominar psicomotricidade.
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A psicomotricidade é a posição global do sujeito. Pode ser entendido
como a função de ser humano que sintetiza psiquismo e motricidade com o
propósito de permitir ao indivíduo adaptar de maneira flexível e harmoniosa ao
meio que o cerca. Pode ser entendido como um olhar globalizado que percebe
a relação entre a motricidade e o psiquismo como entre o indivíduo global e o
mundo externo.
Através da psicomotricidade e do ato de brincar os educandos são
introduzidos a um modo de desenvolverem os aspectos cognitivo, afetivo,
lingüístico e motor. Também estimula a motivação e aumenta a auto-estima
dos alunos no que reflete no melhor desempenho escolar.
Portanto, a psicomotricidade pode auxilia na aprendizagem escolar,
contribuindo para um fenômeno cultural que consiste de ações psicomotoras
exercidas sobre o ser humano de maneira a favorecer comportamentos e
transformações.
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BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BARRETO, Sidirley Jesus. Psicomotricidade: educação e reeducação.
Blumenau: Odorizzi, 1998.
BARROS, Manuel de. Exercício de ser criança.Rio de Janeiro: Salamandra,
1999.
BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação.São Paulo:
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28
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Curso de Pós-Graduação na área de Psicomotricidade
Aluna : Izaltina Maria Aparecida Pinto Resende Matrícula : 41092
Ano : 2008
Pesquisa de Campo – Questionário
“O Brincar no Ambiente Escolar”
Professor(a): .
Escola: .
Turma: .
1 – Na sua opinião, como o brincar influência no ambiente escolar?
2 – Você concorda que os alunos permaneçam o tempo todo sentados durante
as aulas? Por quê?
3 – Como o corpo contribui na aprendizagem?
4 – Explique por que é importante o corpo e a mente caminharem juntos?
‘’O desenvolvimento da criança acontece através
do lúdico. Ela precisa brincar para crescer’’.
(PIAGET)
29
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
DO PRAZER DE BRINCAR AO PRAZER DE APRENDER 10
CAPÍTULO II
CORPO: COMPONENTE INDISPENSÁVEL NA APRENDIZAGEM 14
2.1 – Habilidade Corporal 16
CAPÍTULO III
O SIGNIFICADO DA CORPOREIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR 18
3.1 – Educação Psicomotora 19
CONCLUSÃO 24
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 26
ANEXOS 28
ÍNDICE 29
30
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes Pós Graduação “Lato
Sensu” Projeto a Vez do Mestre
Título da Monografia: O brincar no Ambiente Escolar
Autor: Izaltina Maria Aparecida Resende
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
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