7/23/2019 Cooperação Internacional em Ciência Tecnologia e Inovação
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39° Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em CiênciasSociais
SPG 11 ! Pa"el da Ciência na Sociedade Contem"or#nea
Coo"eração $nternacional em Ciência% &ecnolo'ia e $no(ação) di"lomacia cient*+ica esociedade contem"or#nea
,anilo odri'ues eis .unior
/ni(ersidade Estadual da Para*0a
Caam0u2G4516
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$ntrodução
O objetivo deste artigo consiste em analisar a cooperação internacional em ciência,
tecnologia e inovação (CT&I) e seu entrelaçamento com a sociedade contemporânea, por
meio das diversas ormas de representação desta !ltima, a saber" cientistas, pol#ticos,
diplomatas, associaç$es de t%cnicos e cidadãos em geral, conerências e eventos,
organiaç$es não'governamentais e opinião p!blica tilia'se a Conerência de *og+as
como o estudo de caso undamental para se investigar esses relacionamentos citados
- cooperação em CT&I teve sua importância realçada, sobretudo, a partir da
reconstrução europeia no per#odo p.s'/egunda 0uerra 1undial Considera'se, inclusive, 2ue
projetos nessa 3rea undamentaram o estabelecimento da inluência estadunidense sob o
camado mundo ocidental durante as d%cadas posteriores ao conlito (45I06, 7889)
:os !ltimos anos, o debate sobre essa pr3tica cooperativa se intensiicou devido ;
sua inserção em discursos de estadistas < como a2ueles proeridos por =arac> Obama e
0ordon =ro+n em 788? ', iniciativas estatais < como a implementação de uma agenda
ormal em diplomacia cient#ica e tecnol.gica pelo @apão a partir de 788A ', al%m da
participação, nessas discuss$es, da comunidade epistêmica e de institutos cient#icos, como a
5oBal /ocietB de ondres e a -ssociação -mericana para o -vanço da Ciência (---/, da
sigla em inglês) :este artigo, parte'se da deinição conceitual elaborada no âmbito dessas
instituiç$es, 2ue, por sua ve, estabelecem três dimens$es para a diplomacia cient#ica"
diplomacia pela ciênciaD ciência na diplomaciaD ciência pela diplomacia (TE6 5OF-
/OCI6TF, 78G8) Hestaca'se 2ue, no presente trabalo, adota'se a diplomacia cient#ica
como uma integração dessas três eseras, não sendo eitas distinç$es claras entre essas
dimens$es, aja vista o objeto do presente teto englobar, em linas gerais, essas
possibilidades m!ltiplas
-ssim, por meio de uma investigação sobre projetos cient#icos desenvolvidos no
âmbito da Conerência da *ug+as, o objetivo principal do presente trabalo consiste em
analisar o impacto 2ue a cooperação em CT&I eerce na 3rea de segurança, sobretudo na
ormulação de regimes internacionais 2ue tendem a abolir o uso das armas de destruição em
massa do cen3rio internacional
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Hevido ao car3ter transgovernamental e transacional dessas iniciativas, a utiliação
de m!ltiplos canais de ação e aos aspectos universais do conecimento cient#ico e das 3reas
propostas a serem analisadas, utilia'se o instrumental te.rico da interdependência complea
para a abordagem desses enJmenos no âmbito internacional (46OE-:6D :F6, 78G7)
1etodologicamente, a avaliação do papel 2ue a cooperação em CT&I eerce na 3rea
pes2uisa % realiada a partir de uma investigação 2ualitativa dos resultados alcançados em
decorrência dos projetos realiados no âmbito da Conerência de *ug+as, de acordo com
uma an3lise da incipiente bibliograia especialiada em diplomacia cient#ica (H-KI/,
*-T1-:, 78GLD M-E5-:6C, ITT644OT, 1O:T0O165F, 78GN)
-demais, destaca'se a diversidade dos atores envolvidos no processo cooperativo
com o objetivo de demonstrar o papel e a representatividade da sociedade contemporânea noâmbito da diplomacia cient#ica, aja vista a noção de 2ue segurança, % percebida como um
bem p!blico Considera'se, ainda, 2ue o aumento da sensibilidade por parte das variadas
pol#ticas concebidas pelos governos ao redor do mundo são parte dos transmision beltsP
destacados por 5obert 4eoane e @osep :Be (78G7) :esse sentido, de acordo com /ilva
(788A, p 7N)" o poder p!blico e a sociedade têm o dever de manter as ronteiras da ciência
preservadas para as uturas geraç$es como bens p!blicosP
Com vistas a cumprir o objetivo acima eposto, o trabalo estrutura'se em três partes, al%m da introdução e das consideraç$es inais - primeira reere'se ; estrutura
anal#tica da interdependência complea, sendo discutidos os aspectos te.ricos desenvolvidos
no âmbito dessa perspectiva 2ue são primordiais para a compreensão dos enJmenos
internacionais relacionados ; diplomacia cient#ica e ; problem3tica da segurança no âmbito
da Conerência de *ug+as
:a seção seguinte, analisa'se a diplomacia cient#ica e suas três dimens$es prec#puas,
são apresentados eemplos internacionais e brasileiros com o intuito de ilustrar o 2uadro
conceitual reerente a cada uma das dimens$es investigadas *or im, a terceira parte analisa
a Conerência de *ug+as e sua inluência para a ormulação do regime internacional de
armas de destruição em massa, destaca'se sobretudo o papel 2ue os cientistas e uncion3rios
p!blicos envolvidos com os eventos da iniciativa eerceram para a ormulação do 2uadro
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jur#dico e ideacional 2ue permitiu consensos em relação ; proibição do uso das armas
biol.gicas e 2u#micas no cen3rio internacional
$nterde"endência Com"lea
O realismo % comumente reconecido como a principal abordagem te.rica das
5elaç$es Internacionais (H::6D /CE1IHT, 78GG) /uas caracter#sticas principais
consistem na percepção de 2ue os 6stados são atores coesos e racionais, 2ue tendem a
prioriar sua pr.pria sobrevivência em um mundo an3r2uico, onde não 3 um poder central
2ue possa constranger a atuação dos demais 6stados *ortanto, os conlitos e guerras são
partes inerentes a esse sistema, sendo uma v3lvula de escape para aliviar as tens$es 2ue se
ormam naturalmente nesse meio internacional an3r2uico (@-C4/O:, /O56:/6:, 78GQD@-TO=R, 78GQD KIOTTI, 4-**I, 78G7D 1I:0/T, 788?D :F6, 788?D :O06I5-,
16//-5I, 788L)
- principal corrente oposta ao realismo % o liberalismo ou institucionalismo,
perspectiva 2ue tamb%m compartila da noção de um sistema internacional an3r2uico
Contudo, advoga 2ue mesmo nessas condiç$es desvantajosas os diversos atores
internacionais, e não apenas os 6stados nacionais, são capaes de adotar atitudes
cooperativas entre eles -ssim, não necessariamente as divergências resultarão em guerras-s principais dierenças entre essas abordagens podem ser melor entendidas a partir das
percepç$es 2ue ambas possuem a respeito da naturea umana (H::6, 78GG) -ssim,
en2uanto o realismo, seguindo a tradição do pensamento obbesiano, percebe o ser umano
como alo e ego#sta, o liberalismo, 2ue compartila das diretries >antianas, vê no ser
umano caracter#sticas comparativamente mais virtuosas - pol#tica internacional seria uma
ampliação dessas tendências
6m 5elaç$es Internacionais, o surgimento de ambas as perspectivas est3 associado
com o per#odo entre as duas guerras mundiais ma das primeiras obras vinculadas ao
realismo pol#tico, o livro Kinte anos de crise G?G?'G?Q?P, escrito pelo istoriador britânico
6d+ard Carr, surge como uma cr#tica ao idealismo ut.pico de liberais como o presidente
norte'americano Soodro+ Silson, um dos principais nomes do institucionalismo liberal,
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respons3vel por ideias 2ue vingariam nesse per#odo entre guerras, como as noç$es de
segurança coletiva e a pr.pria undação da iga das :aç$es (4I//I:065, 78G7)
-o longo dos anos, essas duas matries principais de pensamento soreram variaç$es
e adaptaç$es -ssim, a partir das ideias principais do realismo, surgiu uma s%rie de obras e
pensadores como Eans 1orgentau, 4ennet Salt e @on 1earseimer 2ue atualiariam a
abordagem realista utiliando, por eemplo, conecimentos da economia, como a teoria dos
jogos, e das ciências sociais, como as concepç$es estruturalistas de mile Hur>eim *or seu
lado, o liberalismo tamb%m passou por transormaç$es ao longo das d%cadas, incorporando
inclusive pressupostos realistas e neorrealistas em suas an3lises *ara a inalidade do
presente estudo, a interdependência complea, uma derivação do pensamento
institucionalista liberal, merece maior desta2ue :o livro *oder e InterdependênciaP, publicado em G?AA, 5obert 4eoane e @osep
:Be (78G7) apresentam um tipo ideal, nos termos de 1a Seber, de se pensar a pol#tica
internacional - essa orma dierenciada de analisar a dinâmica entre os dierentes atores
eternos, 2ue os autores denominam de oposta ao realismo, deu'se o nome de
interdependência complea /ão três as caracter#sticas principais dessa estrutura anal#tica
desenvolvida por 4oeane e :Be" a multiplicidade de canaisD a ausência de uma ierar2uia
entre os assuntos internacionaisD a redução relativa do papel da orça militar :o 2ue tange ; multiplicidade de canais, os autores discutem não s. as relaç$es
interestatais, mas tamb%m os canais transnacional e transgovernamental 4eoane e :Be
percebem 2ue, com as transormaç$es ocorridas ao longo das d%cadas na pol#tica
internacional, uma s%rie de atores relevantes passa a eercer crescente inluência no âmbito
eterno -ssim, de acordo com os autores, 2uando são relaadas as concepç$es realistas de
2ue os 6stados são os principais atores internacionais, apresenta'se a relevância do canal
transnacional, ou seja, a percepção de 2ue os 6stados nacionais não são as !nicas unidades
de an3lise, j3 2ue 3, entre outros, os indiv#duos, as organiaç$es internacionais, as
organiaç$es não'governamentais, as corporaç$es transnacionais, as organiaç$es
criminosas, as entidades da sociedade civil organiada, etc
:o mesmo sentido, 4eoane e :Be (78G7) assumem 2ue o canal transgovernamental
consiste no relaamento da ideia de 2ue os 6stados são unidades coesas, de acordo com
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esses autores, 3 uma ininidade de interesses no plano dom%stico 2ue são personiicados nas
v3rias instituiç$es, secretarias, minist%rios, autar2uias, empresas e demais centros de poder
interno 6m muitas ocasi$es cada um desses atores demonstraria maiores ainidades com
seus om.logos internacionais do 2ue propriamente entre eles *or eemplo, o 1inist%rio da
-gricultura dos 6stados nidos tenderia a se armoniar com o seu semelante rancês de
uma orma mais eetiva do 2ue com outras pastas da pr.pria burocracia norte'americana
Com o intuito de ilustrar essa multiplicidade de canais, 4eoane e :Be (78G7)
discutem a alegoria do aeroporto, local onde % poss#vel testemunar a eistência dessa
diversidade de canais de comunicação entre os variados atores internacionais He acordo
com esses autores, a grande relevância dessa multiplicidade de canais e da eistência dessa
eterogeneidade de agentes consiste não somente devido ;s atividades de cada ator buscandoa consecução dos seus pr.prios interesses, mas sobretudo por2ue eles agem como cintur$es
de interatividadeP (transmission belts), transormando as pol#ticas adotadas por cada governo
no cen3rio internacional mais sens#veis umas ;s outras
Cabe ressaltar 2ue % justamente essa ormação de cintur$es de inluência 2ue nos
permite compreender melor a eistência e o papel 2ue uma organiação internacional como
a Conerência de *og+as passa a eercer no conteto do mundo p.s'/egunda 0uerra
1undial, sobretudo a partir da H%tente, como ser3 analisado na !ltima sessão deste artigo- segunda caracter#stica da interdependência complea, de acordo com 4eoane e
:Be (78G7), consiste na percepção de 2ue não 3 uma ierar2uia ia e predeterminada em
relação ; agenda dos assuntos internacionais :esse sentido, tem3ticas de segurança, tidas
como primordiais pelos realistas, são e2uilibradas com outras problem3ticas como 2uest$es
econJmicas, sociais, ambientais :o âmbito do presente trabalo, essa percepção % relevante,
j3 2ue, ao eaminar 2uest$es relacionadas ; segurança, não são abordados temas
estritamente militares, mas o papel 2ue os cientistas, en2uanto membros da sociedade,
podem eercer para inluenciar as pol#ticas adotadas no cen3rio internacional no 2ue tange ;
limitação de armas biol.gicas e 2u#micas
*or im, a !ltima caracter#stica apontada pelos autores em 2uestão consiste na noção
de 2ue a orça militar tem gradativamente perdido relevância no cen3rio internacional com o
aumento da percepção de 2ue a utiliação desse meio b%lico não % a orma apropriada de
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conseguir a consecução dos objetivos nacionais *ara as inalidades do presente trabalo,
essa percepção % undamental, aja vista o oco deste artigo ser a ormulação dos regimes
internacionais do controle de armas de destruição em massa devido ; inluência dos
cientistas membros da Conerência de *og+as -ssim, o ideal de eliminação das armas
nucleares não deve ser atingido por meio do uso da orça para dissuadir os 6stados 2ue
sejam potenciais ameaças, mas pelo consentimento m!tuo por meio da ratiicação de
tratados e da pr3tica de uma convivência relativamente menos b%lica no cen3rio
internacional
6m suma, percebe'se 2ue a perspectiva elaborada por 4eoane e :Be (78G7) % de
grande valia para 2ue as discuss$es neste artigo sejam apreendidas de uma maneira
sistem3tica, aja vista a leibiliação assumida pela interdependência complea em relaçãoaos assuntos de pol#tica internacional da orma como são analisados no presente teto
,i"lomacia Cient*+ica
6m 78G8, a 5oBal /ocietB de ondres em parceria com a -ssociação -mericana para
o -vanço da Ciência (---/, da sigla em inglês) publicaram o estudo New Frontiers in
Science Diplomacy: navigating the changing balance of power” 6sse relat.rio tem sido
utiliado como a principal base para estudos posteriores sobre diplomacia cient#ica (56I/,78GLD H-KI/, *-T:-1, 78GLD U@IT-, 78GND M-E5-:6C, ITT644OT,
1O:T0O165F, 78GND C600, =56::, 78G7D U@IT-, UI:4, 78G7)
Tradicionalmente, a coordenação internacional no âmbito da ciência e tecnologia %
analisada no campo das 5elaç$es Internacionais como Cooperação Internacional para o
Hesenvolvimento (CIH) :esse conteto, a Cooperação Internacional em Ciência,
Tecnologia e Inovação (CT&I) % considerada uma das modalidades presentes na CIH Hessa
orma, assim como 3 a Cooperação Uinanceira, a Cooperação Comercial, a Cooperação
T%cnica, 3 a CT&I (*6:T6, 78G8)
Contudo, 3 limitaç$es nessa maneira de estudar a cooperação em ciência tecnologia
e inovação, j3 2ue a CIH, como o pr.prio termo indica, concentra suas investigaç$es em
atividades cuja inalidade principal consiste na problem3tica do desenvolvimento,
negligenciando as particularidades desses enJmenos relacionadas a outras tem3ticas, como
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a pr.pria ciência ou o apereiçoamento do relacionamento entre os atores envolvidos 2ue
podem ocorrer a partir da elaboração desses projetos *or outro lado, os estudos realiados
no âmbito da diplomacia cient#ica apontam 2ue a colaboração internacional no campo
cient#ico pode ter objetivos diretos 2ue não estão associados, no curto ou m%dio prao, ao
desenvolvimento dos pa#ses envolvidos
*ode'se considerar 2ue 3 três dimens$es principais na esera da diplomacia
cient#ica" a ciência na diplomaciaD a diplomacia pela ciênciaD a ciência pela diplomacia
(5OF- /OCI6TF, 78G8) - primeira dimensão consiste no apoio t%cnico eecutado pelos
cientistas em atividades 2ue envolvam dierentes atores internacionais, sobretudo governos
nacionais -ssim, as discuss$es e a posterior assinatura de tratados internacionais 2ue
envolvam tem3ticas cient#icas são geralmente realiadas seguindo as diretries propostas por cientistas, aja vista os diplomatas e uncion3rias p!blicos não disporem de
conecimento t%cnico suiciente para lidar com tem3ticas 2ue envolvam desenvolvimento
sustent3vel, a2uecimento global, mudanças clim3ticas, armas nucleares, biol.gicas e
2u#micas, etc
O *ainel Intergovernamental sobre 1udanças Clim3ticas (I*CC, da sigla em inglês),
a Convenção Vuadro da Organiação das :aç$es nidas sobre 1udança do Clima
(:UCCC, da sigla em inglês), o *rotocolo de 4Boto, e os demais acordos realiados noâmbito de reuni$es como a 5io?7, 5ioWG8, 5ioW78 são eemplos dessa necessidade 2ue os
governos possuem de incorporar em suas pol#ticas o conecimento cient#ico produido por
parte de cientistas e pes2uisadores (1I4O56IT, 78GL)
interessante destacar 2ue na pr.ima sessão deste artigo ser3 analisada a
participação dos membros da Conerência de *ug+as para a ormação do regime
internacional 2ue objetiva a eliminação do uso de armas biol.gicas e 2u#micas -o longo do
processo de construção de regime uma s%rie de acordos oram estabelecidos, al%m de
encontros, eventos e +or>sops dos 2uais os cientistas participaram e eerceram inluência
nos tetos inais dessas discuss$es, mesmo não estando necessariamente vinculados ;s
miss$es negociadoras
- segunda dimensão da diplomacia cient#ica aventada pelo estudo da 5oBal /ocietB
(78G8) consiste na utiliação da coordenação diplom3tica no n#vel internacional com a
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inalidade de produir conecimento cient#ico relevante O principal eemplo dessa
dimensão % o 0rande Colisor de E3drons (EC, da sigla em inglês) (T564I-: et al,
78GLD =-:HFO*-HEF-F, 78GN) O EC consiste em um acelerador de part#culas de
grandes proporç$es localiado na ronteira entre a Urança e a /u#ça e 2ue tem por inalidade
realiar eperimentos cient#icos sobretudo na 3rea da #sica eperimental Hevido ; sua
necessidade de grandes somas de inanciamento e de conecimento t%cnico soisticado, seria
praticamente imposs#vel 2ue um pa#s apenas osse capa de produir e manter um
e2uipamento compleo como o EC -ssim, a coordenação entre cientistas de todo o mundo
2ue participam, monitoram e acompanam o projeto tem sido undamental para o seu êito
-s in!meras miss$es desenvolvidas nos polos terrestres são um eemplo ist.rico de
diplomacia pela ciência, aja vista a coordenação entre os 6stados nacionais para arealiação de pes2uisas nessas etremidades do globo, tanto no Rrtico (=6541-:, 78GN)
2uanto na -nt3rtica (SI/O:, 78GL), desde as primeiras d%cadas do s%culo XX
E3 uma s%rie de projetos desenvolvidos pelo =rasil em parceria com outros 6stados
2ue podem ser analisados sob o ponto de vista da diplomacia pela ciência -ssim, pode'se
destacar" o programa de cooperação tecnol.gica /at%lite /ino'=rasileiro de 5ecursos
TerrestresP (C=65/, da sigla em inglês), 2ue j3 lançou 2uatro sat%lites de monitoramento
terrestre desde G???
G
D O 4C'Q?8, 2ue % o maior avião planejado e produido no =rasil, tendosido constru#do pela 6mbraer por meio de uma parceria entre -rgentina, =rasil, *ortugal e
5ep!blica TcecaD o -'Harter, projeto 2ue consiste em um m#ssel ar'ar desenvolvido entre
=rasil e Rrica do /ul para e2uipar as aeronaves 2ue serão desenvolvidas entre =rasil e
/u%cia (/O-56/, 78GL) -ssim como esses eemplos, 3 uma s%rie de outras iniciativas 2ue
podem ser analisadas sob a perspectiva da diplomacia pela ciência
- terceira dimensão destacada pelo relat.rio da 5oBal /ocietB consiste na ciência
pela diplomacia, ou seja, na utiliação de projetos tecnol.gicos e do conecimento cient#ico
com o intuito de apereiçoar o relacionamento entre os 6stados 6m 788?, no seu c%lebre
discurso no Cairo, o presidente norte'americano =arac> Obama sugeriu uma iniciativa
signiicativa nesse âmbito, o in#cio de uma s%rie de projetos de cooperação 2ue envolviam
tem3ticas de ciência e tecnologia entre os 6stados nidos e 6stados 3rabes eYou
1 *ara maiores inormaç$es sobre o projeto, acessar" Zttp"YY+++cbersinpebrY[
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muçulmanos *artindo do ato de 2ue boa parcela desses pa#ses são avessos aos 6stados
nidos, propJs'se uma colaboração em uma 3rea comumente vista como neutra, como
ocorre com o campo cient#ico, e na 2ual os norte'americanos são reconecidamente
admirados ao redor do mundo - partir dessa cooperação, poder'se'ia apereiçoar o
relacionamento entre esse pa#s e os 6stados 3rabes eYou muçulmanos (C-1*=6, 78GL)
O programa Ciências sem Uronteiras, desenvolvido pelo 0overno Uederal do =rasil,
pode ser analisado sob a dimensão da ciência pela diplomacia, aja vista aproimar os
governos, empresas, institutos de pes2uisa, cientistas e estudantes dos mais dierentes pa#ses
do globo com o =rasil :o âmbito do programa, destaca'se a iniciativa realiada entre =rasil
e Coreia do /ul a partir de 78GG -inda 2ue desde o in#cio dos anos de G??8 ouvesse
ocorrido uma aproimação inicial entre esses pa#ses no 2ue tange ; cooperação cient#ica,apenas nos !ltimos anos essa colaboração tem se ampliado, mesmo 2ue essas relaç$es ainda
estejam muito a2u%m das suas capacidades (U@IT-, 78GN)
*or meio do Ciências sem Uronteiras, o =rasil passa a ter uma vinculação mais
pr.ima com um 6stado 2ue tem se destacado em %pocas recentes como eemplo de
inovação e desenvolvimento Iniciativas como publicaç$es conjuntas em 3reas nas 2uais o
=rasil ainda não possui amplo conecimento, como #sica, medicina e engenarias, % parte
desse ciclo virtuoso (UI:4 et al, 78G7, 78GN) Com a Coreia do /ul, o pa#s possui uma parceria pioneira na 3rea de microeletrJnica, a joint venture ET 1icron, estabelecida em /ão
eopoldo do /ul, no estado do 5io 0rande do /ul O projeto % uma *arceria 7W7P, por meio
da 2ual um instituto de pes2uisa (a niversidade do Kale do 5io dos /inos ' :I/I:O/) e
uma empresa (o 0rupo *arit *articipaç$es) brasileiras, conjuntamente com institutos de
pes2uisa (as universidades EanBan> e /ung>Bun>+an) e uma empresa (Eana 1icron) sul'
coreanas implementaram uma 3brica de encapsulamento e testes de semicondutores em
territ.rio nacional, desencadeando uma aproimação entre os diversos atores de ambos os
6stados (56I/, 78GL)
Cabe ressaltar 2ue essas iniciativas entre =rasil e Coreia são paradigm3ticas da
pr.pria atuação do 1inist%rio das 5elaç$es 6teriores (156) na 3rea de ciência, tecnologia
e inovação /ob a denominação de diplomacia da inovaçãoP, o 156 considera 2ue cabe ao
ItamaratB auiliar no surgimento de parcerias entre empresas, laborat.rios e instituiç$es de
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pes2uisa e desenvolvimento (*&H), brasileiras e estrangeiras, para o aprimoramento de
cadeias produtivas nos setores industrial e de serviçosP, como ocorre com as citadas
publicaç$es conjuntasD no au#lio aos programas internacionais de mobilidade, capacitação
e 2ualiicação de mão de obra para a ind!stria e o setor de serviçosP, diretri 2ue guia o
Ciências sem UronteirasD e na motivação ; transerência e ; incorporação, por empresas
brasileiras, de conecimento produido no eteriorP, ato demonstrado pelo surgimento da
ET 1icron (=5-/I, 78GN)
-ssim, percebe'se 2ue a ciência pela diplomacia, ao abarcar essas três dimens$es
principais, % capa de analisar os enJmenos internacionais 2ue ocorrem na 3rea de ciência,
tecnologia e inovação de uma orma mais ampla e eetiva do 2ue a CIH, j3 2ue essa !ltima
considera os projetos de cooperação internacional sob a perspectiva !ltima dodesenvolvimento Contudo, como os eemplos acima demonstram, as iniciativas nesse
âmbito são plurais e revelam bene#cios de curto e m%dio praos 2ue não necessariamente
estão vinculados ao crescimento econJmico associado ao incremento do bem'estar social,
deinição geral comumente empregado ao termo desenvolvimentoP em estudos sobre
cooperação internacional (CI:T5-, 78G8)
A Con+erência de Pu'7as86m julo de G?LA oi realiado em :ova 6sc.cia, no Canad3, o primeiro encontro da
Conerência de *ug+as sobre Ciência e -ssuntos Internacionais 1otivado por um
documento publicado dois anos antes, conecido como 1aniesto 5ussell'6insteinP, a
conerência visava reunir cientistas inluentes e iguras p!blicas com o intuito de discutir as
ameaças 2ue as armas nucleares e termonucleares representavam para a umanidade na2uela
conjuntura, al%m de debater poss#veis soluç$es sobre essas armas de destruição em massa -
proposta inicial do encontro de *ug+as deiniria 2ue essas soluç$es seriam alcançadas, por
sua ve, por meio da cooperação internacional entre as dierentes naç$es do globo
(=-:HFO*-HEF-F, 78GN)
Hevido aos esorços da Conerência no sentido de oerecer propostas concretas para
solucionar problemas globais e o seu crescente protagonismo ao longo das d%cadas, @osep
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5otblat, um dos idealiadores da Conerência, e o projeto de *ug+as receberiam o *rêmio
:obel da *a em G??L (=5:/, 78GQ)
Com o crescimento dessa iniciativa ao longo dos anos, a Conerência da *ug+as
viria a ad2uirir o status de organiação internacional e passaria a atrair a atenção de
membros dos mais dierentes governos ao redor do mundo relevante destacar 2ue a
Conerência oi estabelecida no mesmo conteto 2ue a -gência Internacional de 6nergia
-tJmica (-I6-), agência especialiada da Organiação das :aç$es nidas, estabelecida em
julo de G?LA, 2ue tem como objetivo a promoção do uso pac#ico da energia nuclear
(=-:HFO*-HEF-F, 78GN)
Conorme @ereB =out+ell (78GL), e'diretor eecutivo da organiação de *ug+as,
a Conerência pode ser considerada como um bom estudo de caso sobre o papel 2ue acomunidade cient#ica possui de inluenciar positivamente pol#ticas 2ue ajudam a reduir
tens$es entre os 6stados nacionais, sobretudo em 2uest$es delicadas como a2ueles 2ue
envolvem a corrida armamentista Cabe ressaltar 2ue o encontro de *ug+as ocorre no
in#cio da camada coeistência pac#icaP, ou seja, no momento da 0uerra Uria 2uando,
apesar das dierenças entre 6stados nidos e nião /ovi%tica, os dois pa#ses,
progressivamente, passam a ter relaç$es mais cordiais /obre essa conjuntura, pode'se
airmar 2ue"O car3ter amplamente destrutivo das armas e seu monop.lio em clube restritotornaram as pr.prias superpotências re%ns de seus arsenais 6sse biarroe2uil#brio do terror, perpetuado ao longo do per#odo, produiu a \tragicom%dia]*ortadores de soisticad#ssima potencialidade nuclear, norte'americanos esovi%ticos oram obrigados a enrentar'se nas guerras da Coreia e do Kietnã sem ouso das armas atJmicas O medo generaliado, cristaliado na opinião p!blicamundial, da iminência de uma terceira guerra mundial, e !ltima, limitava asip.teses de suic#dio mundial pelo uso indiscriminado e descontrolado dosarmamentos atJmicos (/-5-IK-, 788A, p 7GN)
-preende'se dois aspectos undamentais da an3lise realiada pelo proessor /ombra
/araiva em relação ao conteto da Conerência de *ug+as *rimeiramente, percebe'se 2ue,
devido ; eaustão relacionada ; problem3tica das armas nucleares, surgia uma necessidade
de se lidar com o advers3rio de orma diversa, ou seja, criava'se a oportunidade para ampliar
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as possibilidades de negociação entre 6stados nidos e nião /ovi%tica7 m segundo
t.pico consiste na apreensão causada pelas armas nucleares na sociedade civil :essa
conjuntura de grande tensão entre as suas potências mundiais, cientistas de ambos os 6stados
passam a se encontrar e interagir por meio de iniciativas como a Conerência de *ug+as
(C-1*=6, 78G7)
*ode'se considerar 2ue um resultado direto dessas negociaç$es oi a limitação do
n!mero de armas constru#das durante as d%cadas de G?98 e G?A8 por meio de acordos como
o Tratado de :ão *rolieração :uclear (T:*) e as Conversaç$es sobre imites para -rmas
6strat%gicas (/-T) Conorme =out+ell (78GL), resta pouca d!vida de 2ue os cientistas dos
6stados nidos e da nião /ovi%tica tiveram papel decisivo nas negociaç$es e
implementação dos termos desses acordos, demonstrando 2ue a pes2uisa e a construção demais armas oensivas e sistemas de deesa não necessariamente reletiria um aumento de
segurança para esses 6stados
He acordo com esse autor, % poss#vel considerar 2ue um dos principais bene#cios de
encontros e organiaç$es como a Conerência de *ug+as consiste não s. na sua capacidade
de inluenciar diretamente os acordos no âmbito governamental, mas em ornecer ;
sociedade em geral inormaç$es, em linas gerais, despolitiadas sobre esses assuntos :esse
sentido, =out+ell (78GL) considera 2ue atualmente a opinião p!blica possui mais acesso adados sobre segurança devido, em grande medida, ao trabalo de grupos de cientistas
preocupados com o impacto da ciência para a umanidade, sendo esse ato um dos aspectos
2ue inluenciam o controle de armas por parte de regimes democr3ticos
E3 a possibilidade, inclusive, de iniciativas como a de *ug+as auiliar a modelar os
regimes internacionaisQ sobre armas de destruição em massa :esse sentido, utiliando sua
2 He acordo com /araiva (788A, p 7GQ'7GN), o decl#nio gradual das armas nucleares no conjuntodas regras internacionaisP era apenas um dos atores 2ue caracteriam a coeistência pac#ica,
localiada temporalmente entre G?LL e G?9^ Os demais atores consistem na reconstrução europeia,na leibiliação interna nas duas potências, na desintegração do bloco comunista, na descoloniaçãoaro'asi3tica, na articulação pr.pria de alguns pa#ses da -m%rica atina, como o =rasil e sua *ol#tica6terna Independente
3 He acordo com /tepen 4rasner (G?^Q), regimes internacionais são princ#pios, normas, regras e procedimentos de tomada de decisão ao redor dos 2uais as epectativas dos atores convergem emuma dada 3rea'tema
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eperiência pessoal como diretor da organiação de *ug+as, =out+ell (78GL) airma ter
participado de +or>sops sobre armas 2u#micas durante os anos G?^8 2ue enatiavam a
relevância do engajamento da ind!stria 2u#mica civil, al%m da participação do governo e de
especialistas em controle de armas com o objetivo de aumentar o n!mero de apoiadores do
2ue viria a ser a utura Convenção sobre -rmas Vu#micas, assinada nos anos de G??8 -
iniciativa de *ug+as convidou, ao longo das suas d%cadas de eistência, altos uncion3rios
de empresas como 1onsanto, Ho+ e Hupont para 2ue essas empresas ajudassem a ormular
o regime internacional 2ue eliminaria as armas 2u#micas, aja vista ser mais 3cil receber
apoio dos 6stados nidos e de outros governos com a participação de companias dessa 3rea
apoiando as decis$es (=OTS6, 78GL)
m objetivo central da Conerência de *ug+as, portanto, oi a ormação e aoperacionaliação de um regime internacional 2ue elimine as armas 2u#micas e biol.gicas
/egundo *errB 5obinson (G??^), pode'se airmar 2ue 3 2uatro componentes principais
desse regime" o primeiro componente consiste no advento da Convenção sobre -rmas
=iol.gicas, elaborada em G?A7D o segundo componente % a Convenção sobre a *roibição do
so 1ilitar ou Eostil de T%cnicas de 1odiicação -mbiental, celebrada em G?AAD o terceiro
componente consiste na possibilidade de o /ecret3rio'0eral da O: investigar den!ncias
sobre o uso de armas 2u#micas ou biol.gicasD por im, 3 a Convenção sobre as -rmasVu#micas, assinada em G??Q
-inda de acordo com 5obinson (G??^), a organiação de *ug+as esteve envolvida
diretamente em todos esses est3gios do processo de construção do regime sobre armas
2u#micas e biol.gicas -o analisar o papel da conerência nesses 2uatro acontecimentos, o
autor destaca 2ue a organiação oi bem'sucedida em conseguir acesso ao n#vel
governamental de implementação de pol#ticas, al%m de ter alcançado o status de um ator
internacional transnacional, preocupado com as 2uest$es substanciais sobre armas nucleares,
não possuindo uma agenda interna 2ue pudesse diicultar a interação com os demais
parceiros no âmbito eterno :esse sentido, 5obinson (G??^) destaca a relevância do
surgimento de um mecanismo, durante a 0uerra Uria, onde osse poss#vel manter um di3logo
entre as duas grandes potências em uma 3rea tão delicada como era a problem3tica da
segurança
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Conorme esse autor, uma das principais caracter#sticas da organiação iniciada em
*ug+as consiste no seu comedimento ma ve 2ue a organiação nunca procurou uma
grande visibilidade para si, os governos tendem a não se aastar dela, tolerando'a e
participando das suas atividades por meio do envio de uncion3rios O principal eemplo
desse intercâmbio consistiu na participação do diplomata norte'americano EenrB 4issinger
em +or>sops desenvolvidos pela organiação durante o ano de G?9A
-o considerar o papel substancial 2ue 4issinger assumiria durante o mandato de
5icard :ion e no ato de esse presidente ter endossado a Convenção sobre -rmas
=iol.gicas, percebe'se a presença dos ideais de *ug+as nesse instrumento jur#dico por
meio da inluência eercida por 4issinger ma outra caracter#stica 2ue se destaca % a
crescente participação de cientistas sociais, 2ue se tornaram maioria na conerência a partir da segunda metade de d%cada de G?^8, demonstrando a relevância 2ue a organiação passou
a ter ao lidar com assuntos pol#ticos e sociais (5O=I:/O:, G??^)
- coordenação entre os especialistas presentes na Conerência de *ug+as e
organiaç$es internacionais como a Organiação 1undial de /a!de tamb%m tem sido um
dos relacionamentos undamentais para a consecução de objetivos no âmbito da segurança
internacional 1artin 4aplan (G???) cita uma s%rie de cientistas 2ue contribu#ram em
dierentes iniciativas para 2ue ouvesse uma maior interligação entre esses dois organismosinternacionais Hestaca'se, sobretudo, as conerências organiadas pelo pr.prio autor durante
as d%cadas de G?A8 e G?^8 2ue dariam ensejo aos tetos da Convenção sobre -rmas
=iol.gicas e da Convenção sobre -rmas Vu#micas
He acordo com 5obinson (G??^), devido ; grande interação entre diplomatas,
uncion3rios p!blicos e cientistas envolvidos em *ug+as, e ; duração desses
relacionamentos e dos dierentes n#veis de conversaç$es e atividades relacionados ; essa
interação, ainda 2ue não seja poss#vel apontar de orma precisa o papel 2ue a iniciativa de
*ug+as eerceu na ormação do regime internacional 2ue eliminaria o uso dessas armas de
destruição em massa, % ainda mais di#cil airmar 2ue não ouve protagonismo algum dos
ideais surgidos a partir do encontro ocorrido em G?LA para a promoção de um mundo mais
est3vel e pac#ico 6m suma, pode'se airmar 2ue"
*ug+as % um movimento de cientistas, portanto, capaes de eercer inluência por meio da propagação de ideias - iniciativa tem tentado eercer inluência
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intelectual tanto no n#vel governamental como no n#vel não'governamental () O principal mecanismo de inluência tem sido 0uscar aumentar a +orça dasociedade dentro do 'o(erno% tornando-a ca"a de discutir so0re "ol*ticasque en(ol(am o desarmamento de ameaças nucleares e 0ioló'icas () Vuando
se tornou percept#vel 2ue em 3reas como a militariação da ciência, os governosnão se mostravam dispostos ou capaes de agir em prol do bem comum, aCon+erência de Pu'7as8 "rocurou "reenc8er o (aio eistente at: que os'o(ernos se tornassem mais sens*(eis ; necessidade de a'ir (5O=I:/O:,G???, p 7NN, tradução nossa, grio nosso)
-inda de acordo com 5obinson (G??^), % poss#vel airmar 2ue *ug+as serviu 2uatro
unç$es sucessivas desde o seu surgimento na segunda metade da d%cada de G?L8
*rimeiramente, a organiação proveu espaço para 2ue ossem estabelecidos contatos entre os
indiv#duos bem'inormados, 2ue tinam uma mensagem relevante, e a2ueles 2ue
trabalavam nos governos - segunda unção consistiu na manutenção desses contatos por
meio da organiação de eventos como palestras, +or>sops e grupos de estudo
Outra unção importante consistiu na realiação de pes2uisas para 2ue osse poss#vel
apresentar propostas alternativas ;s pol#ticas sugeridas pelos uncion3rios do governo e 2ue
não eram totalmente acatadas pela comunidade de cientistas 6ssa atividade sugeria a
necessidade não apenas de realiar algumas tareas 2ue não estavam sendo desempenadas
pelos governos, mas tamb%m de manter esses uncion3rios cativos aos eventos realiados por
membros da organiação de *og+as, aja vista a percepção objetiva por parte desses burocratas de 2ue os cientistas e pes2uisadores tinam algo a les oerecer - !ltima unção
destacada por 5obinson (G??^) consistiu na possibilidade de comunicação protagoniada
pela Conerência com diversos membros da sociedade civil, adicionando, dessa orma, peso
pol#tico ; capacidade de inluência da organiação de *ug+as
*or im, cabe destacar as consideraç$es aventadas por =out+ell (78GL) sobre as
ormas como a diplomacia cient#ica e a cooperação internacional em ciência e tecnologia
podem atuar en2uanto uma orça positiva na pol#ticas internacional, a saber" devido ; sua
relevância t%cnica e visibilidade, os cientistas podem aer a dierençaD as transormaç$es
nas comunicaç$es tornaram a ciência mais acess#vel ao grande p!blico, 2ue consome
inormaç$es sobre o meio cient#ico utiliando computadores, tablets e smartponesD
iniciativas como a Conerência de *ug+as podem oerecer an3lises e cr#ticas para as
pol#ticas p!blicas adotadas pelos governos em 3reas sens#veis como a segurança
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internacional, ajudando na cooperação internacionalD a relevância 2ue a ciência e a
tecnologia ad2uiriram na pol#tica internacional e em assuntos globais % tanta 2ue a
comunidade cient#ica pode utiliar sua longa ist.ria de cooperação internacional para
encontrar soluç$es pr3ticas a esses problemas
Consideraç<es =inais
Hiante do 2ue oi eposto, entende'se 2ue a Conerência de *ug+as eerceu um papel
relevante para a ormulação do regime internacional 2ue eliminaria o uso de armas de
destruição em massa Os contatos realiados e mantidos ao longo das d%cadas de
uncionamento da organiação, por meio dos seus eventos, possibilitaram uma armoniação
entre os diversos atores inluentes envolvidos no campo da segurança internacional"cientistas, diplomatas, uncion3rios p!blicos, empresas e altos uncion3rios dessas
companias, pol#ticos, etc
Hevido ;s suas caracter#sticas, como alto n#vel de tecnicidade, neutralidade pol#tica,
comedimento e discrição deliberada, a Conerência de *ug+as pJde ser vista como um ator
internacional com o 2ual os diversos governos podiam negociar em mat%ria de armas
2u#micas e biol.gicas Cabe ressaltar 2ue a atuação da organiação de *ug+as analisada no
presente teto ocorreu durante um per#odo de intensas tens$es entre as grandes potênciasmundiais e de um 2uadro de ordem internacional marcado pela bipolaridade entre esses
atores undamentais, sendo os eventos realiados no âmbito da Conerência uma das poucas
oportunidades 2ue cientistas norte'americanos e sovi%ticos tinam de discutir problem3ticas
relacionadas com a segurança internacional
Compreende'se melor a inluência de *ug+as na ormulação do regime
internacional das armas de destruição em massa, ao analisar a atuação da Conerência por
meio da interdependência complea e da diplomacia cient#ica, aja vista a multiplicidade de
canais envolvidos nas negociaç$es devido ; eterogeneidade de atores e ao progressivo
aumento da sensibilidade com 2ue as pol#ticas dos 6stados naç$es passaram a ser recebidas
pelos seus om.logos internacionais
-s caracter#sticas principais da interdependência complea tamb%m eplicam a
gradual importância de organiaç$es como a de *ug+as e do pr.prio constrangimento da
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constituição de um regime internacional estabelecido por meio de negociaç$es e de
instrumentos jur#dicos espec#icos, uma ve 2ue, de acordo com o 4eoane e :Be, a orça
militar passa a perder relevância no mundo p.s'/egunda 0uerra em detrimento de outras
ormas de intimidação como os pr.prios regimes
*ercebe'se ainda a magnitude do impacto da Conerência na sociedade internacional,
aja vista a possibilidade de comunicação protagoniada pela Conerência com diversos
membros da sociedade civil, adicionando, dessa orma, peso pol#tico ; capacidade de
inluência da organiação de *ug+as 6m linas gerais, portanto, inere'se 2ue a
Conerência surgida a partir da inluência do 1aniesto 5ussell'6instein podo ser vista como
um dos principais protagonistas internacionais, um dos poucos vinculados ; sociedade civil,
2ue contribuiu para a consecução de uma pol#tica internacional mais est3vel a partir do p.s'/egunda 0uerra 1undial
e+erências
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