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Page 1: Coluna Muito Prazer

degustaE S T A D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 4 D E J U N H O D E 2 0 1 2

EDUARDO AVELAR

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MUITOprazer

RAFAEL MOTTA/TV ALTEROSA

FOTOS: ANDRÉ HAUCK/ESP.EM

Uma das questões maisdebatidas entre os protagonistasda cena gastronômica de BeloHorizonte é a qualidade dosserviços de nossos bares erestaurantes. Fala-se muito sobreo serviço no exterior e namaioria dos locais turísticos,principalmente em bares erestaurantes mais populares, oserviço de garçom é muito maiseficiente, com número reduzidode profissionais que atendem osclientes simultaneamente emtempo razoável. As reclamaçõessobre a educação e oprofissionalismo do pessoal dosalão e até sobre a sua carência deasseio são frequentes por aqui e,na maioria das vezes, procedem.Com relação à eficiência nem sefala, pois tanto no salão quanto nacozinha usamos um número

muito maior de profissionais parasuprir a demanda, o que aumentasobremaneira o custo operacionaldos estabelecimentos e, porconsequência, o preço final paraos consumidores.

E não faltam oportunidadespara esses profissionais sereciclarem. Constantemente, sãooferecidos cursos gratuitos cujafrequência é mínima, o que meleva a crer que ou eles se achamrealmente preparados ou faltacomando. Além disso, as leistrabalhistaspaternalistasaindapunem os empregadores, quetêm de se sujeitar a alguns mausprofissionais, protegidos por ummodelo ultrapassado que colocaem lados opostos empregado eempregador. É correr ou morrer. Eassim ficamos nós, consumidores,areclamareareclamar.

O prazer eemm sseerrvviirrVoltando ao estrangeiro, salvo

em raríssimas exceções ou emrestaurantes caros e estrelados,existe serviço realmentediferenciado, onde osprofissionais não somentetratam o cliente com a merecidadistinção como demonstramprazer em fazê-lo. Nos barespopulares já comentados nãoexiste muito além de eficiência.Portanto, amigo da cozinha, nemtudo está perdido por aqui.Acredito que o que precisamos étreinar nossos profissionais deuma maneira mais eficaz,ensinando-lhes muito mais doque as técnicas, masprincipalmente as regras básicasde educação, higiene, posturapessoal, a importância de tratarbem o seu cliente, o colega, opatrão, e fundamentalmentefazê-los sentir orgulho de seutrabalho. E lógico, sendoremunerados de acordo com suaverdadeira produtividade.

A maioria acredita que o

sucesso vem antes do trabalho e ahumildade é apenas uma palavrano dicionário. Isso serve parapatrão também. Mas façamosjustiça aos bons patrões e aosótimos profissionais que sãoexatamente o espelho daqualidade e a razão do sucessodos seus estabelecimentos.Resolvi abordar esse assuntodepois de ser convidado para umevento na Churrascaria Fogo deChão. Apesar de não serapreciador desse tipo de serviço,onde os garçons estão sempre aseu lado, fiquei realmenteimpressionado com oatendimento. Além doprofissionalismo, educação esimpatia, percebi o orgulhoestampado nas feições de cadagaúcho que ali estava para nosservir. Mais do que isso, paraapresentar a cultura de seu povo,explicando pacientemente sobrecortes, processos e sugerindooutras opções. E isso ficou patentedesde a recepção até a despedida.

Será mágica, como acontecetambém em locais como AFavorita, que consegue manterpor tanto tempo a qualidade doserviço? Lá, maître, sommelier egarçons interagem entre eles etambém com clientes,deixando-os notadamentesempre satisfeitos. Qual será osegredo do amigo Memmo noDonna Derna, onde profissionaisde gabarito permanecem pormuitos anos, atendendo comsimpatia e competência? Osgarçons de Sônia Garzon, notradicional Vitelo’s, não parecemtrabalhar e sim se divertir aoservir aquela fraldinhamaravilhosa e a farofa de ovoespecial. São apenas alguns bonsexemplos que deveriam inspirara grande maioria, pois temosainda tempo para melhorar e,quem sabe, mostrar ao mundoque a capital dos botecos erestaurantes pode bem setornar a capital da gentileza edos bons serviços à mesa.

União duradoura e

gostosaComo sugerem os doces quefabricam, duas irmãs também seencontram para se completar

MÍRIAN PINHEIRO

Saborosos e simples: duas bo-lachinhas de pão de ló unidascom doce de leite e rapidamentepassadas em uma água com açú-car se tornaram, ao longo da his-tória, uma guloseima irresistível.Não se sabe ao certo a origem dosbem-casados. Há quem diga quea tradição veio da Europa, prova-velmente de Portugal. Fato é quesão conhecidos no Brasil há maisde 100 anos. Os cristãos acredi-tam que o doce simboliza duaspartes que se unem e são seladaspela cumplicidade e respeitomútuo. Daí ser lembrancinhacerta na maioria dos casamen-tos: para se ter sorte e felicidadena união, há que ser distribuídoum bem-casado para cada convi-dado. Reza a lenda que todoaquele que o saboreia é abençoa-do com a mesma sorte e a felici-dade dos noivos.

Sendo assim, que venham osdocinhos! E se forem do ateliêDas Gêmeas, melhor ainda. As ir-mãs Mirele de Castro Veado e Ci-bele Coelho Novais, gêmeas – éclaro! –, que trabalharam anosem uma confecção familiar, ago-ra se dedicam à fabricação artesa-nal das guloseimas. “Tivemosuma mãe muito criativa. Viemosde uma família de tradições mi-neiras, na qual o afeto sempre foipautado pelo cheiro de bolo as-sado todas as tardes, do frangoassado com maionese servidonos aniversários da avó maternae dos biscoitinhos de fubá comrapadura depois da missa domi-nical na casa da avó paterna”,conta Cibele Novais. São lem-branças que fazem as duas senti-rem muito prazer em fazer ou-tras pessoas felizes por meio dasdelícias que fabricam.

BENFEITOS A fábrica está instala-

da provisoriamente em um ate-liê montado na casa de Mirele,mas as irmãs se prepararammuito bem antes de unir profis-sionalmente seus talentos culi-nários: fizeram um ano de cursode gastronomia e partiram paraSão Paulo, a fim de se especializarno preparo de dois tipos de bem-casados – o tradicional, de massamais firme e recheio de doce deleite da fazenda, e o que elaschamam de soft, de massa maisfofa, com recheio de doce de lei-te condensado cozido. A pro-posta das duas é fornecer umproduto de qualidade, sem con-servantes e feito artesanalmen-te. Os doces chegam ao clienteainda frescos, garantem. Em ra-zão disso, as encomendas sãoaceitas somente com muita an-tecedência, para que sejam or-ganizados o preparo e a entregados doces no ponto certo.

Elas atendem, obviamente,muitas recepções de casamento,mas, atualmente, produzem ver-sões variadas da guloseima paraoutros tipos de evento, como ani-versários, batizados, nascimen-tos, bodas e formaturas. Para ca-da ocasião, os bem-casados DasGêmeas levam diferentes no-mes: bem nascidos, bem vividos,bem-amados, bem-unidos, bemformados e por aí vai. Este ano,contam, atenderam pedidos atépara a Páscoa, quando produzi-ram modelos trufados de choco-late. Em seguida, no Dia dasMães, elas foram homenageadascom uma antiga receita familiarde amor em pedaços. O doce foiembalado em celofane, amarra-do com fita e enfeitado com umcoração e uma linda mensagem.Para a data, elas desenvolveramtambém uma receita de bem-ca-sados gigantes, batizada de bolobem-casado e servido com mini-docinhos e uma enorme flor decrepom como enfeites.

No ateliê, as gêmeas fabricamainda caixas em madeira de mo-delos variados. Nelas são coloca-dos doces de frutas cristalizadasembalados um a um. Vidrinhos etubetes em caixetas recheadas dedoces de frutas acompanhadosde colherzinhas se tornaram ou-tro sucesso de vendas – mais umtoque de requinte para agregaralegria às comemorações. Paradar mais sabor à vida dos leitoresdo Degusta, as inseparáveis ir-mãs Mirele e Cibele ensinam co-mo fazer amor em pedaços.

AAmmoorr eemm ppeeddaaççooss

INGREDIENTES

MASSA: 3 xícaras de chá de farinha detrigo; 3 ovos; 1 xícara chá de açúcarrefinado; 2 colheres de sopa demanteiga; 1 colher de sopa de fermentoem pó e açúcar refinado para finalizar.RECHEIO: 500g de açúcar cristal; 1abacaxi inteiro passado no ralo; 1 cocoralado; 3 gemas e 1 colher de sopa demanteiga. FINALIZAÇÃO: manteiga efarinha de trigo o suficiente.

MODO DE FAZER

MASSA: misturar os ingredientes eamassar bem, até que a massa fiquefirme e homogênea. Dividi-laem duas partes (uma para o fundo dotabuleiro e a outra para cobrir orecheio). Como a massa é quebradiça,não poderá' ser aberta por inteiro.Assim, vá colocando pequenas porçõesentre duas folhas de plástico paraserem abertas. Passe o rolovagaroramente, de modo que a massafique lisa e bem fina. Unte um tabuleirocom manteiga e polvilho com farinha

de trigo. Forre-o com metadeda massa, ponha sobre ela orecheio e cubra tudo com o restante damassa (abra-a da mesma maneira).Levar ao forno por 30 minutos. Cortarem pedaços e passá-los, aindaquentes, em açúcar refinado.RECHEIO: levar o abacaxi e o açúcar aofogo. Quando engrossar, junte osoutros ingredientes e mexa bem.Desligar o fogo quando a misturaestiver homogênea e começara se soltar da panela.. OBS.:uma fôrma de 35cm x 24cmrende 24 pedaços.

Cibele Coelho Novais e Mirele de Castro Veado