CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA:
Um Novo Olhar
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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
Conselho Científico / Editorial
Prof. Dr. Carlos Henrique Medeiros de Souza
Prof. Dr. Ed Porto Bezerra
Prof. Dr. Fabrício M. de Almeida
Prof. Dr. Hélio Rosetti Júnior
Prof. Dr. Juliano Schimiguel
Prof. Dr. Marcos Antonio Ferreira Junior
Profª Dra. Rita de Cássia Marques Lima de Castro
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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA:
Um Novo Olhar
Organizadores
Djalma de Oliveira Bispo Filho Evandro Paulo Bolsoni
Maringá / Paraná, 2013
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
Copyright © 2013. Djalma de Oliveira Bispo Filho, Evandro Paulo Bolsoni
Todos os direitos desta edição reservados à Linkania Editora Rua João Maria de Andrade, 273 – Parque da Gávea – Maringá – CEP 87053-338
www.linkania.org
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REVISÃO Cristiane Oliveira Alves / Evandro Paulo Bolsoni
PROJETO GRÁFICO E CAPA
Evandro Paulo Bolsoni / Gráfica Canadá
DIAGRAMAÇÃO E IMPRESSÃO Gráfica Canadá
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
B457 BISPO FILHO, Djalma de Oliveira; BOLSONI, Evandro Paulo. Ciência Tecnologia e Cultura: um novo olhar / Djalma de Oliveira Bispo Filho; Evandro Paulo Bolsoni(Org.) Maringá - Pr.: Linkania Editora, Agosto de 2013. 215 p. 1. Ciência . Tecnologia. 3. Cultura. Brasil. I. Título. CDD 005
Ficha Catalográfica elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB-8 nº. 6828
Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, por qualquer meio, total ou parcial, constitui violação da lei n. 9.610/98.
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Sejam bem-vindos a Era das Rupturas
Prof. Ph.D Ricardo Daher Oliveira
O debate acerca de Ciência, Tecnologia e Cultura envolve-nos numa simbiose
cujos princípios nos remetem ao fim e que, cujos fins nos remetem aos
princípios. Não é fácil afirmar que ciência e tecnologia afetam a cultura visto que
ambas emergem antes de tudo do próprio processo cultural.
Em um breve resgate histórico, tomemos a “eolípila”, motor a vapor criado por
Heron de Alexandria nas primeiras décadas da Era Cristã, por volta do ano 60
d.C. cujo propósito nada mais era do que divertir as crianças. Passados quase
1700 anos, por volta de 1776 o então matemático e engenheiro James Watt,
utiliza-se do conceito da máquina a vapor e aplica-o ao processo de manufatura,
constituindo-se ali, o marco da Revolução Industrial.
Desde então, os processos de criação e inovação passaram a conviver com
permanentes rupturas, fossem por revoluções ou mesmo por evoluções. Da
utilização do vapor no processo produtivo, ao primeiro voo controlado feito, em
1906, por Santos Dumont foram necessários apenas 130 anos se comparados aos
1700 da máquina a vapor.
Neste contexto, uma cena me chama atenção todas as vezes que vejo fotos e
filmes relacionados ao voo do 14 Bis, em 1906, no campo de Bagatelle, Paris.
Trata-se da expressão das pessoas que ali estavam. Olhavam-se incrédulos para o
que acontecia. De um lado, os céticos, com a certeza de que o que viam não
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passava de modismo ou loucura de um homem. De outro, os pessimistas, que
certamente alegavam que a altura e a distância percorrida nunca seriam
melhorados. E finalmente um outro grupo, os dos otimistas, cujo evento que ali
acontecia representava o início de uma nova Era nas relações comerciais e de
poder.
Passados pouco mais de cem anos do voo do 14 Bis, temos não somente aviões
para mais de 500 pessoas, mas foguetes para explorações espaciais, aviões
movidos à energia solar, aviões espiões, voos de turismo para fora da atmosfera,
desenvolvimento de máquinas com o uso do magnetismo, carro-avião e outras
invenções na área cujos observadores, lá em 1906, jamais poderiam imaginar
tamanho avanço em tão pouco tempo.
E, isto que presenciamos ate aqui é somente o início. O início de uma Era sem
espaço para os céticos e pessimistas.
Entramos na Era da Nanotecnologia, na Era do DNA, uma Era em que o
homem atingirá muito facilmente uma expectativa de vida de 200 anos, onde as
viagens interplanetárias terão início, onde os carros com seus sensores e GPS hão
de nos conduzir aos locais sem nossas intervenções. Uma Era, em que os
diagnósticos e intervenções cirúrgicas serão feitas por robôs injetados em nossas
veias. Compraremos células-tronco nas farmácias como compramos, hoje, uma
aspirina.
E você? Seja cético ou pessimista, saiba que vai acontecer. Nossos dilemas estão
apenas começando.
Afinal, como se comportará uma sociedade composta de indivíduos com 200 ou
300 anos? Qual será o modelo de educação a ser adotado, qual será o conceito de
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família? Como serão regidos os pactos laborais? Qual será o conceito de riqueza e
pobreza? E a Moeda? E a Economia?
Certamente que estas e outras dúvidas hão de permear toda a sociedade. Mas o
elo criado entre ciência, tecnologia e cultura, já não pode ser rompido.
Estagnado, talvez por contingências humanas, mas jamais extinto.
E, é sobre as relações existentes entre Ciência, Tecnologia e Cultura que esta obra
traz um conjunto de artigos cujo arcabouço teórico aborda temas vitais ao
processo de desenvolvimento do conhecimento humano.
Temas como: Educação, Pesquisa, Especialização, História/Memória, Vida
Saudável, Aprendizagem, Novas Mídias e quebras de paradigmas representam a
nata de todo o processo de revisão do pensamento humano.
Neste sentido, faço votos de uma boa leitura e que, ao final deste livro, você
venha a fazer parte do grupo dos otimistas cujo pensamento edifica a ideia de
que a Educação não é a melhor forma, mas a única forma de alcançarmos uma
melhor qualidade de vida.
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: ANÁLISE SOBRE O LIVRO DIDÁTICO E AS POSSIBILIDADES DUCACIONAIS.......................................................................................................14 CAPÍTULO 2 ENSINO DE MÉTODOS QUANTITATIVOS E AFETIVIDADE: VISÃO DE UMA ESPECIA-LIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL NA MODALIDADE A D ISTÂNCIA..............28 CAPÍTULO 3 ELABORAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO QUANTITATIVO: UMA ABORDAGEM SOBRE A COLETA, TABULAÇÃO E ESTÉTICA DE DADOS E O SERVIÇO WEB GOOGLE DRIVE SPREADSHEET...................................................................................................................................46 CAPÍTULO 4 PAISAGEM, MEMÓRIA E IDENTIDADE: AS CASAS DOS IMIGRANTES JAPONESES COMO SÍMBOLO DO LUGAR E DE REPRESENTAÇÃO ESPACIAL NO MUNICÍPIO DE REGISTRO-SP......................................................................................................................................................72 CAPÍTULO 5 PROCESSO SOUS VIDE EM BATATAS E CHUCHUS, SERÁ ESTA UMA TÉCNICA QUE INFLUÊNCIA NO SHELF LIFE?..................................................................................................................90 CAPÍTULO 6 HISTÓRIAS DAS TECNOLOGIAS NO BRASIL: ALGUNS APORTES............................................102 CAPÍTULO 7 AS NOVAS TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, O USO DAS MÍDIAS SOCIAIS COMO UM ATRATIVO NA PRÁTICA DO ENSINO...............................................................................................................................................................122 CAPÍTULO 8 MATEMÁTICA: UMA BREVE INTERPRETAÇÃO CONTEMPORÂNEA.....................................132 CAPÍTULO 9 A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS..........................................................................................................................................................142 CAPÍTULO 10 A APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DA INTERNET: NOVOS SABERES E NOVOS PARADIGMAS...................................................................................................................................................156 CAPÍTULO 11 MERCADO FINANCEIRO E OPERAÇÕES MATEMÁTICAS: PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA...............................................174 CAPÍTULO 12 NORMOSE INFORMACIONAL E A EDUCAÇÃO................................................................................184
CAPÍTULO01
EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA:ANÁLISE SOBRE O LIVRO DIDÁTICO E
AS POSSIBILIDADES DUCACIONAIS
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EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: ANÁLISE SOBRE O
LIVRO DIDÁTICO E AS POSSIBILIDADES EDUCACIONAIS
Hélio Rosetti Júnior
José Adilson dos Santos Guerra
José Maria Vieira da Fonseca
Juliano Schimiguel
Rita de Cássia Frenedozo
Carmem Lúcia Costa Amaral
Djalma de Oliveira Bispo Filho
O trabalho educacional apresenta-se como uma atividade complexa e problemática nas
suas diversas áreas de abrangências. O conteúdo a ser ministrado nas aulas não pode estar
voltado para memorizar conceitos em que o aluno não consegue estabelecer relação com a
realidade na qual está inserido, orientados apenas a responder "corretamente" algumas
perguntas sem fazer nenhuma reflexão sobre os conhecimentos estudados.
Vaniel e Bemvenuti (2006) observaram que a maioria dos livros não faz a relação
necessária da teoria com a prática, sequer mostram a importância que os conteúdos têm com o
cotidiano do aluno.
O verdadeiro aprendizado está além da sala de aula e dos livros didáticos. Ocorre no
cotidiano, no trabalho, em casa, na comunidade, no cinema, no clube, no lazer, nos momentos
de leitura e reflexão, nos jogos e brincadeiras, nos passeios educativos e excursões.
Para que se atinja este tipo de formação é necessária uma nova postura do professor,
promovendo atitudes criativas e críticas, ao invés de conceber o ensino como um processo de
transmissão de informações por meio de “macetes” e de memorização.
A prática docente, enquanto atividade de pesquisa, proporciona testar novas
possibilidades decorrentes de inquietações e redimensioná-las para que possam contribuir para
a construção de conceitos e atitudes a partir dos significados atribuídos aos conteúdos
estudados. Segundo Demo (1998), é necessário fazer da pesquisa uma atitude cotidiana no
professor e no aluno.
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O objetivo de uma pesquisa pode ser o de testar uma lei científica, ilustrar ideias e
conceitos aprendidos nas “aulas teóricas”, descobrir ou formular uma lei acerca de um
fenômeno específico, “ver na prática” o que acontece na teoria, ou aprender a utilizar algum
instrumento ou técnica de laboratório específico.
A seguir, serão abordadas algumas aplicações práticas e epistemológicas da matemática,
química e biologia no ensino de ciências.
MATEMÁTICA NA PRÁTICA COTIDIANA
A matemática como ciência encontra-se no cotidiano das pessoas e das comunidades.
Ensinar os fundamentos de matemática tem sido um desafio para o sistema educacional
brasileiro. Historicamente, os resultados de desenvolvimento dos alunos têm sido ruins, com
elevadas taxas de reprovação e retenção, por conta das enormes barreiras de aproveitamento
enfrentadas pelos estudantes.
Implementar estratégias educacionais e pedagógicas que levem o ensino de matemática
para a maioria dos alunos, vem sendo um desafio para educadores e gestores da educação, na
perspectiva de proporcionar a evolução plena dos jovens no contexto educacional brasileiro.
Nesse contexto, a escola não pode ignorar as novas linguagens e modelos matemáticos1
tão presentes no mundo dos educandos. Diante disso, é fundamental que as práticas e os
conteúdos ministrados em aula estejam em sintonia com as novas exigências do mundo em
que vivemos, para que a educação não seja algo distante da vida dos alunos, mas, ao contrário,
seja parte integrante de suas experiências para uma existência melhor. Rosetti (2003, p. 35)
enfatiza que:
Escolher e modular as atividades de aprendizagem é uma
competência profissional essencial que supõe não apenas um bom
1 Um modelo matemático é uma representação ou interpretação simplificada da realidade, ou uma interpretação de um fragmento de um sistema, segundo uma estrutura de conceitos mentais ou experimentais. Um modelo apresenta apenas uma visão ou cenário de um fragmento do todo. Normalmente, para estudar um determinado fenômeno complexo, criam-se vários modelos. Os modelos matemáticos são utilizados na prática em todas as áreas científicas, por exemplo, na biologia, química, física, economia, engenharia e na própria matemática pura. Para representar um fenômeno físico complexo pode-se utilizar: modelos físicos, modelos matemáticos ou modelos híbridos de variados tipos.
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conhecimento dos mecanismos gerais de desenvolvimento e de
aprendizagem, mas também um domínio das didáticas das disciplinas.
Modelar matematicamente problemas do cotidiano dos alunos tem sido uma boa
alternativa para a aprendizagem de matemática.
NA ESCOLA
Um exemplo já utilizado com êxito dessa ação educacional é a prática de se ensinar
geometria com fita métrica e régua no ambiente da escola. Medindo-se as figuras geométricas
dos espaços da escola é possível identificar as dimensões dos lados e das áreas dessas figuras.
Dessa forma, o piso da sala nos fornece um retângulo, com o qual é possível calcular
sua área e quantos alunos, carteiras ou mesas ele pode reunir. A própria mesa do professor
pode ser objeto de medida em seu tampo retangular e seus lados, com cálculos de suas
dimensões.
Exemplo de questões a serem exploradas:
Quantos livros podem ser colocados sobre a mesa?
Quantas mesas podem ser colocadas na sala de aula?
Quantas pessoas cabem na sala?
A base do tambor da lixeira nos fornece um círculo. A quadra de esportes poliesportiva nos dá
várias figuras com suas marcações. A medição dessas figuras é uma atividade lúdica e
envolvente com figuras geométricas.
Exemplo de questões a serem exploradas:
Quantos alunos podem ser colocados na quadra?
Quantos tambores de lixo cabem no espaço para a lixeira?
Quantas quadras cabem no terreno da escola?
Os jardins podem ter formatos de figuras planas diversas. Tudo isso pode ser reunido
em plantas confeccionadas nas aulas, com cálculos das diversas dimensões e aplicações, na
prática, das propriedades geométricas.
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Exemplo de questão a ser explorada:
Quantas plantas podem ser colocadas no jardim?2
Esse tipo de aplicação prática e epistemológica3 da matemática promove a curiosidade
dos alunos acerca dos estudos das quantidades no mundo em que vivem, com uma visão
aplicada da matemática.
Dessa maneira, exercícios em casa, com desenho da planta baixa das residências de
cada aluno, com as diversas dimensões, fazem com que se leve a matemática para o ambiente
do lar dos estudantes, envolvendo também os familiares nessa atividade. Tudo isso permite ao
aluno conhecer melhor o espaço onde mora e estuda.
Esse trabalho tem a possibilidade de resgatar a autoestima dos alunos, numa disciplina
em que os índices de reprovação são elevados com grande desistência no cotidiano escolar.
Com o grande avanço tecnológico e a facilidade oferecida pela tecnologia de
informação, a utilização de modelos matemáticos deixou de ocorrer esporadicamente para se
tornar parte integrante e inseparável da vida do cidadão comum em todos os instantes, em
apoio às diversas ações e relações na comunidade.
Nesse contexto, a Matemática não pode continuar sendo um fator de exclusão do
sistema escolar brasileiro, num contexto informatizado em que as linguagens nos veículos de
informação são carregadas de signos lógicos quantitativos. Incrementar os currículos e
programar as práticas educacionais no cotidiano das escolas tem o significado de inserir, de
forma generosa, uma parcela significativa da nossa população no ambiente numérico da
sociedade contemporânea e da vida do nosso país.
Com ciência da vida
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Médio (MEC, 1999)
propõem que o ensino de ciências deve propiciar ao educando compreender as ciências como
construções humanas, entendendo como elas se desenvolvem por acumulação, continuidade
2 Essas questões podem ser debatidas de forma interdisciplinar, envolvendo disciplinas como biologia, química, geografia etc. 3 Aqui no sentido de Epistemologia ou teoria do conhecimento, ciência, conhecimento; um ramo da Filosofia que trata dos problemas filosóficos relacionados à crença e ao conhecimento.
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ou ruptura de paradigmas, relacionando o desenvolvimento científico com a transformação da
sociedade (p. 107).
Muitos docentes de ciências, tanto no ensino fundamental como no ensino médio,
abordam os conteúdos programáticos de forma fragmentada, sem fazer nenhuma correlação
com conteúdos anteriores, levando o aluno a decorar conceitos em que o mesmo não
consegue estabelecer nenhuma relação com a realidade na qual está inserido e objetivando
apenas a responder "corretamente" algumas perguntas sem fazer nenhuma reflexão sobre os
conteúdos estudados.
Justificam tal procedimento por muitas vezes estarem sobrecarregados de horas/aula e
“sem tempo” para elaborar ações além do conteúdo do livro didático.
Em geral acreditam que a melhoria do ensino de ciências passa pela introdução de aulas
práticas no currículo e a necessidade de criar laboratórios com equipamentos especiais para a
realização de trabalhos experimentais, o que particularmente não concordo.
Muitos trabalhos práticos podem ser desenvolvidos em qualquer sala de aula, sem a
necessidade de instrumentos ou aparelhos sofisticados, o importante não é a manipulação de
instrumentos sofisticados e sim o envolvimento comprometido com a busca de
respostas/soluções bem articuladas para as questões abordadas, é encontrar novas maneiras de
usar as atividades prático-experimentais de forma criativa e com propósitos bem definidos,
mesmo sabendo que isso não é a solução para os problemas relacionados com a aprendizagem
de ciências.
Considerando a realidade dos professores e alunos, este artigo traz propostas de
atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula ou em ambiente externo (parques,
reservas, museus etc.) com grandes chances de proporcionar o estabelecimento de um
programa de investigação no qual alunos e professores possam desenvolver conceitos.
As sugestões propostas para um trabalho, além do livro didático, podem ser adaptadas
aos diversos níveis de escolaridade.
Proposta I - O lixo nosso de cada dia.
Objetivo: despertar e conscientizar os alunos sobre a problemática do lixo em sua escola e em
sua cidade para que possam agir e buscar soluções.
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Atividades:
- Sensibilizar a comunidade escolar (direção, coordenações, professores e serviçais) propondo a
participação de todos no trabalho a ser realizado.
- Levantar a quantidade de lixo (Kg/dia) produzido na escola, durante uma semana.
- Confeccionar gráficos que retratem os dados obtidos durante a semana (não divulgar!).
- Deixar de proceder a limpeza e coleta do lixo da escola por 48 horas.
- Proceder a limpeza e coleta do lixo produzido durante as 48 horas e pesá-lo.
- Confeccionar e aplicar um questionário/diagnóstico, no dia seguinte após a limpeza, com
objetivo de colher dados a respeito da repercussão do fato.
- Análise dos questionários respondidos e divulgação, por meio de gráficos, dos pontos mais
relevantes da análise.
Aprofundamento do tema:
A partir dessa análise, todos os professores que aceitaram a participar do projeto
podem solicitar que os alunos tragam informações “ambientais” contidas nas diferentes fontes
(internet, jornais, revistas, artigos, resenhas, TV), selecionar alguns desses materiais e explorá-
los com embasamento científico, por meio de palestras, grupos de discussão ou seminários.
Proposta II - GD (Grupo de Análise e Discussão de Textos).
Objetivo:
Resoluções de problemas e compreensão de processos importantes que envolvem os
conteúdos abordados em sala.
Atividades:
1
Seleção de textos (artigos, resenhas, revistas, jornais, Web) que envolvam os conteúdos
abordados em sala; formação de grupos que irão analisar e discutir com a turma o tema
abordado, orientados pelo professor.
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2
Responder perguntas relevantes ao conteúdo ministrado, podendo ser respondido
individualmente ou em grupo, para posterior análise do professor, devolução e discussão em
sala.
Exemplos:
- De que modo agem as pílulas contraceptivas conhecidas como “Pílula do Dia Seguinte”?
- Por que as células vermelhas do sangue humano não têm núcleo?
- O que é a dor?
- Como agem os medicamentos no nosso organismo?
- Por que não fumar?
- Por que as aranhas não se enrolam na própria teia?
- O escorpião se suicida na presença do fogo?
Proposta III – Ver para crer.
Objetivo: proporcionar o contato direto com o(s) objeto(s) de estudo de modo a obter, na
prática, o máximo de informações e confirmações relativas aos conteúdos estudados.
Atividades:
- Formação de um grupo interdisciplinar de professores que possam construir um roteiro
prático com objetivo de observar e constatar fatos relacionados aos conteúdos ministrados em
sala.
- Preparar, com base no roteiro e objetivos, um grupo de monitores que irão auxiliar o
professor(a) no trabalho de campo.
Sugestão de locais para o desenvolvimento do trabalho:
- Visita ao Zoológico.
- Visita ao horto florestal.
- Visita ao museu de ciências.
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- Caminhadas em trilhas ecológicas.
- Observação de costões rochosos.
- Observação de um rio na região urbana e na região rural.
Química: o surgimento da primeira reação
Ninguém sabe quem descobriu o fogo, mas podemos imaginar o sucesso que ele fez.
Acredita-se que o domínio do fogo abriu o caminho para a civilização, tendo sido a combustão
uma das primeiras reações químicas experimentadas pelo ser humano. As transformações
químicas de uma substância em outra sempre fascinaram a humanidade. A partir delas
surgiram processos que ajudaram a melhorar a vida no planeta. Os egípcios desenvolveram
técnicas de extração de corantes de vegetais e os fenícios, de extração de tintas de moluscos.
Muitos outros desses processos foram desenvolvidos nas civilizações pré-históricas,
como técnicas primitivas de transformações de matérias, as quais muitas vezes eram executadas
como rituais religiosos ou de magia. Essas técnicas ritualísticas foram se somando a
conhecimento de diversos sábios dando origem à alquimia.
Acredita-se que a palavra “alquimia” tenha se originado nessa época. Alguns
consideram que ela teve origem na civilização egípcia, advinda da palavra Khemeia, arte
relacionada com mistérios, superstições, ocultismo e religião. Outra hipótese é que tenha
surgido da palavra grega Chyma, que significa fundir ou moldar metais.
A Química como Ciência experimental
Medir, pesar, testar, provar. Esse foi o novo jeito de fazer ciência no estudo da
Química que nasceu a partir dos trabalhos de Lavoisier. Foi uma das primeiras grandes
mudanças de paradigmas da história da Ciência. Paradigma é o padrão ou modelo que norteia
nosso modo de viver, trabalhar, fazer ciência. E é pela mudança de paradigmas que a Ciência
se desenvolveu, segundo o físico e filósofo alemão Thomas Kuhn (1922-1996). Essa mudança
é chamada de revolução Científica, conforme Reis (1996).
Os historiadores divergem quanto ao período e aos fatos que marcaram a Revolução
Química. Porém, muitos concordam que essa revolução culminou com a publicação do
trabalho de Lavoisier, Traité élémentaire de Chimie (tratado elementar de Química) em 1789.
Podemos destacar vários fatores que caracterizaram a revolução no conhecimento químico:
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• Aumento no uso preciso de métodos quantitativos (baseados em medidas de
quantidade e não simplesmente de qualidade).
• Substituição da teoria do flogístico pela teoria da reação com o oxigênio.
• Definição de elemento químico, substância e mistura.
• Estabelecimento de um novo sistema de nomenclatura química.
• Abandono da ideia de ar como elemento.
As explicações que tinham certo caráter “mágico” foram cedendo lugar às explicações
científicas, baseadas em experiências. Se considerarmos o trabalho de Lavoisier como marco
dessa revolução, a Química tem pouco mais de duzentos anos. É uma Ciência nova.
Como vimos, a mudança no modo de estudar os processos químicos que determinou o
surgimento da Química como ciência experimental é denominada pelos historiadores de
Revolução Química. Essa revolução ocorreu quando os químicos passaram a ter um método
característico de investigação, uma linguagem própria e um sistema lógico de teorias para
explicar seus processos.
O contexto histórico daquela época, caracterizado por profundas mudanças culturais e
sociais como a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, contribuiu para o estabelecimento
da Química como Ciência. Os iluministas defendiam novas formas de compreender o
Universo, por novos métodos, como os usados por Lavoisier. E a Revolução Industrial fez que
muitas pesquisas científicas fossem financiadas para desenvolver novas tecnologias.
Isso contribuiu para que uma comunidade de pesquisadores começasse a adotar uma série
de atitudes que caracterizaram o trabalho científico. Outra característica que sempre esteve
presente nessa comunidade é o crédito na descoberta científica. A descoberta do oxigênio, por
exemplo, foi reivindicada por três químicos: o sueco Carl Wilhelm Scheele (1742-1786), que
gerou tal gás entre os anos de 1770 a 1773; o inglês Joseph Priestley (1733-1804), que preparou
o gás em 1774, provavelmente sem conhecer o trabalho de Scheele; e o Francês Lavoisier, que
explicou a combustão pelo oxigênio, conforme Feltre (1992).
Do que trata a Química, então?
A Química estuda as transformações que envolvem matéria e energia. A Química é
uma ciência em constante renovação e para nos fazer benefícios só precisa ser tratada com
critério e responsabilidade.
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Se prestarmos atenção a nossa volta iremos notar que um número imenso de
transformações está ocorrendo todo momento.
Muitas são naturais, ocorrem sem que o homem tenha que interferir, como a digestão
de um alimento em nosso corpo, a formação de petróleo, o amadurecimento de uma fruta na
árvore, a decomposição de organismos mortos, o crescimento de um cristal em uma caverna.
Outras Transformações só ocorrem com a interferência do homem, como na produção
de plásticos que dão origem a utensílios domésticos, fibras têxteis usadas nas confecções,
papéis que permitem as escritas, tintas que se aplicam em objetos, aço que produz diversos
equipamentos, metais utilizados na fabricação de utensílios, processos de curtição de peles de
animais que são transformados em vestimentas e tantas outras coisas definitivamente
incorporadas no nosso dia a dia, segundo Wildson (2005).
Todas as transformações que modificam a natureza da matéria são por definição de
processos químicos, independentemente de serem naturais ou de serem controladas pelo
homem. O objetivo de todo químico é entender exatamente como as transformações ocorrem,
conhecer os princípios básicos que regem as transformações para prever quando uma
transformação é possível ou não e quando sua reprodução em grande escala é viável.
Os princípios que iremos investigar são frutos da observação e da experimentação que
o homem vem acumulando há séculos, não são verdades absolutas ou acabadas. Há muito
ainda o que observar, experimentar e descobrir.
É lamentável que nem sempre o bom senso prevaleça e muitas atividades químicas
acabem em acidentes e poluição. Mais lamentável ainda é saber que muitos países destinam
verbas vultosas à pesquisa de armamentos e quase nada à pesquisa de remédios ou produção
de alimentos. Importante é perceber que essa má utilização do conhecimento da Química é um
problema político e só será resolvido com a interferência de uma sociedade bem informada e
atuante.
“A ciência não tem sentido senão quando serve aos interesses da humanidade”. Albert
Einstein (1879-1955).
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QUÍMICA FORA DA SALA DE AULA - “O QUE É QUÍMICA” ATRAVÉS DO
ESTUDO DOS MÉTODOS CIENTÍFICOS
Objetivos
• Associar a Química como ciência.
• Entender o papel social da Química.
• Discutir as funções dos cientistas “Químicos”.
• Estudar e levantar hipóteses para melhor compreensão de técnicas como observações,
medidas, notações...
• Estudar e compreender as leis, teorias.
Ponto de partida
A introdução à química será estudada a fim de permitir que todos os alunos exponham
conhecimento prévio do assunto abordado. Nesse sentido, a aula deve funcionar como um
estímulo ao estudo das aplicações científicas. No entanto, este tema é excelente para ilustrar o
tópico da importância da ciência “Química” para com a sociedade.
Já o método científico será estudado a fim de permitir que todos os alunos exponham
conhecimento prévio do assunto abordado. Nesse sentido, a aula deve funcionar como um
estímulo ao estudo das técnicas científicas. No entanto, este tema é excelente para ilustrar o
tópico “importância do avanço da ciência Química”, para com a sociedade.
Estratégias:
• Será pedido para que leiam individualmente um texto introdutório.
• Após a leitura serão expostos os pontos de vistas e suas opiniões.
• Deverá ser apresentados locais que se aplicam e a importância da ciência “Química”
em nossa sociedade.
• Estudar e levantar hipóteses para melhor compreensão de técnicas como observações,
medidas, notações...
• Estudar e compreender as leis, teorias.
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Obs.: a sala será dividida em duas partes em que uma defenderá o uso da ciência e a outra
criticará.
Motivação
O professor se apresentará caracterizado de cientista apresentando a evolução da
Química através dos tempos abordando épocas diferentes e variados equipamentos.
Já para o método científico o professor levará para a aula copos de vidro contendo:
água à temperatura ambiente e outro contendo água com pedras de gelo. Cada equipe deverá
apontar os fatos acontecidos (formação de água no lado de fora do copo) e justificá-los por
meios científicos4.
Conforme Tamir (1991), um dos principais problemas com as atividades práticas de
ciências é que se pretende atingir uma variedade de objetivos, nem sempre compatíveis, com
um mesmo tipo de atividade.
Para que as atividades práticas sejam efetivas em facilitar a aprendizagem, devem ser
cuidadosamente planejadas, levando-se em conta os objetivos pretendidos, os recursos
disponíveis, as ideias prévias dos alunos sobre o assunto, o tempo necessário para execução das
atividades propostas no roteiro e aspectos ligados à segurança (BORGES, 2002).
Atualmente, a busca daqueles que investigam novos rumos para o ensino de ciências
não está apenas na superação da mera descrição de teorias, experiências, teoremas e postulados
científicos, nem na visão somente de que o conhecimento é algo que se estrutura
pedagogicamente.
As atenções e focos do processo educacional5 estão, hoje, basicamente, voltados para a
ideia de cidadania, inclusão e para a formação de professores com novos perfis profissionais,
docentes em condições de atuar com uma visão interdisciplinar e transdisciplinar de ciência,
própria das múltiplas e variadas formas de se conhecer e intervir na sociedade moderna.
4 A aula será realizada ao ar livre onde poderá o aluno associar as transformações que os rodeiam. Esse local é uma área junto a uma estufa que o colégio possui conhecida como “fazendinha”. 5 Educação é ato ou efeito de educar, é o processo e desenvolvimento de capacidade física, intelectual e moral do ser humano. Assim, o processo educacional que tem como elementos consagrados o professor, o aluno, a comunidade, o sistema gestor e a família, institucionalizados na escola, necessita de constantes ajustamentos à realidade externa, a fim de cumprir o seu papel na sociedade.
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Dessa maneira, as propostas e ações mais adequadas para um ensino de ciências, em
sintonia com esse novo direcionamento, devem possibilitar uma aprendizagem comprometida
com as dimensões aplicadas, sociais, políticas e econômicas que envolvem as relações entre
sociedade, comunidade, escola, ciência e tecnologia.
Procura-se, assim, orientar o ensino de ciências para uma discussão mais prática e
crítica acerca dos processos de produção do conhecimento científico-tecnológico bem como
de seus envolvimentos e relacionamentos na sociedade para a qualidade de vida de cada
cidadão.
REFERÊNCIAS
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19, n.3: p.291-313, dez. 2002. 291.
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MEC PCN Ensino Médio. Brasília: SEMTEC/MEC, 1999.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 2000.
REIS, Martha. Química integral. São Paulo: Editora FTD, 1996.
ROSETTI JR., Helio. Não Pare de Estudar. Vitória: Oficina de Letras, 2003.
TAMIR, P. Practical work at school: An analysis of current practice. In: WOOL-NOUGH, B.
(ed.) Practical Science. Milton Keynes: Open University Press, 1991.
ZEPPONE, R.M.O. Teoria e práticas Escolares. 1. ed. Araraquara: JM Editora, 1999.
SANTOS, Wildson L. P. dos. PEQUIS, Química e Sociedade. Volume Único. São Paulo:
Nova Geração, 2005.
CAPÍ TU
LO02
ENSINO DE MÉTODOS QUANTITATIVOS E AFETIVIDADE:VISÃO DE UMA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA
MUNICIPAL NA MODALIDADE A DISTÂNCIA
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
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ENSINO DE MÉTODOS QUANTITATIVOS E AFETIVIDADE:
VISÃO DE UMA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA
MUNICIPAL NA MODALIDADE A DISTÂNCIA
Octavio Cavalari Júnior
Juliano Schimiguel
Djalma de Oliveira Bispo Filho
A educação a distância (EAD) é uma realidade no que tange aos métodos e
modalidades de ensino, haja vista as necessidades do Estado de elevar a escolaridade de seus
cidadãos, como também dos alunos por limitações territoriais ou temporais.
Neste capítulo serão discutidas a evolução do ensino na modalidade a distância no
panorama mundial e brasileiro e as interações com um curso de especialização nessa
metodologia e, mais precisamente, a disciplina de Logística, a qual se utiliza de métodos
matemáticos para direcionamentos das estratégias de gestão e do processo decisório.
No que tange a EAD ainda existe um longo caminho a percorrer, principalmente no
que se refere às pesquisas a respeito de como estimular o aluno por meio de sua emoção e
afetividade, no desenvolvimento de seu aprendizado. Na comunicação mediada por tecnologia,
própria da EAD, há a necessidade de serem também afetivos, espirituosos, sérios. Substituir as
antigas brincadeiras de sala, em expressões que correspondam ao sentido da comunicação que
se quer produzir entre aluno, professor e tutor na forma escrita. Consequentemente, é
fundamental que se conheça bem o aluno e seu perfil porque algumas formas de comunicação
e atitudes podem funcionar de forma equivocada ao se emitir ideias e sentimentos, gerando
ruídos de comunicação e não estimulando o propósito educativo (ANDERSON; ELLOUMI,
2011).
Assim sendo, a visão do homem dividido, corpo/mente, matéria/espírito,
cognição/afeto, tem influenciado o pensamento, o conhecimento e a forma de se ensinar por
séculos, e isto afetou o processo educacional, com o domínio do racional sobre o sensorial, o
que impede uma compreensão da totalidade do ser humano (LEITE; TASSONI, 2000).
O estudo que será apresentado foi realizado por meio da metodologia qualitativa por
levantamento bibliográfico, análise documental e de conteúdo do ambiente virtual e, em
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30
seguida, trabalhado com focus grupos com os alunos de dez turmas do curso de especialização
em gestão pública municipal, para entender suas percepções acerca da metodologia EAD e o
aprendizado na disciplina de Logística, tendo como objetivo de pesquisa acompanhar as
relações de afetividade e cognição nessa modalidade de ensino.
O resultado, que será apresentado na seção do case da Especialização de Gestão Pública
Municipal, leva a repensar sobre as tecnologias empregadas na educação a distância e a buscar
melhorias nos canais de diálogo, e a afetividade das relações entre a instituição (professor, tutor
e equipe multidisciplinar) e alunos em disciplinas que envolvam métodos quantitativos, como é
o caso da estudada em Gestão em Logística.
2. HISTÓRICO DO ENSINO A DISTÂNCIA – EAD
O ensino a distância é uma metodologia tão atual quanto antiga, segundo relatos de
Nunes (2009), a primeira vez que se teve informações sobre EAD foi a partir da publicação na
Gazette de Boston, EUA, em 1728, que anunciava aulas ministradas por correspondências.
Nunes (2009) ainda destaca que, em meados do século passado, as universidades
Oxford e Cambridge, na Grã-Bretanha, ofereceram cursos de extensão a distância. Logo após
vieram a Universidade de Chicago e de Wisconsin, nos EUA. Em seguida, em 1924, na
Alemanha, é criada a primeira escola de negócios por correspondência. Com o advento da
Segunda Guerra Mundial e a necessidade de capacitação dos recrutas, novos métodos foram
incorporados a EAD, um deles foi o Código Morse. Contudo, somente a partir de meados dos
anos de 1960 é que temos a EAD sendo institucionalizada na educação secundária e superior.
No momento, mais de 80 países, nos cinco continentes, adotam a educação a distância
nos sistemas formais e não formais de ensino, em todos os níveis de escolaridade, dando
acesso à qualificação a milhares de cidadãos (NUNES, 2009).
No Brasil, levantamentos históricos nos levam a inferir que a EAD data de pouco antes
de 1900, mediante cursos profissionalizantes por correspondência. A partir de 1904, com a
consolidação da República, Escolas Internacionais se estabelecem no país com cursos ligados à
conquista de emprego principalmente nas áreas de serviços e comércio (ALVES, 2009;
SARAIVA, 1996).
O grande impulso na educação a distância no Brasil veio acompanhado do rádio;
quando em 1923 é fundada a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, cuja principal finalidade era a
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educação popular. Importantes instituições como Instituto Monitor, 1939, e o Instituto
Universal Brasileiro, 1941, reforçaram no país a metodologia a distância como elo entre os
cidadãos e a qualificação. Posteriormente, o cinema e a TV educativa, mais uma vez veículos
de massa, deram novos horizontes a EAD (ALVES, 2009).
Na década de 1970, as universidades instalaram seus primeiros computadores que
tiveram sua gradativa desvalorização monetária, e em seguida a utilização da internet fizeram
com que novos rumos fossem dados ao método de ensino a distância. Contudo, somente a
partir da LDB, de 1996, a EAD passou a ser possível em todos os níveis de escolaridade
(ALVES, 2009).
Atualmente, com a aceleração crescente da educação, temos cada vez mais indistintos
os limites entre disciplinas, instituições e espaços geográficos. O acesso à educação, por meio
da EAD, por modelos diferenciados como as Universidades Corporativas, Universidades
abertas a distância, Teletrabalho e outros faz com que o cenário seja otimista para a utilização
da metodologia EAD (LITTO, 2009).
Desta forma, pode-se repensar o crescimento do ensino a distância na atualidade como
algo inovador, visto que, há algum tempo, essa metodologia tem sido aplicada e adaptada a
questões históricas políticas e sociais.
3. METODOLOGIA EAD
A educação a distância vem sofrendo, desde seu surgimento, modificações tanto na
implementação de novos meios tecnológicos quanto na aplicação de suas metodologias.
Para iniciar a discussão acerca do tema, Marques e Cavalcante (2009) apresentaram o
decreto nº 2494 de 1998 do Ministério da Educação que norteia a EAD, mostrando-a como
uma modalidade de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com mediação de recursos
didáticos, sistematicamente organizados, apresentados em diversos apoios tecnológicos.
Ainda para Moore e Kearsley (1996), pode ser definida como métodos em que as ações
dos professores são realizadas à parte das ações dos alunos e para essa comunicação ocorrer
são utilizados meios impressos, eletrônicos, mecânicos e outros.
Já Moran (1994) aponta que o ensino a distância é a metodologia em que o processo de
ensino e aprendizagem é mediado por tecnologias.
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Mesmo com várias definições a EAD pode ser vista de uma forma mais simplificada,
como sendo a forma de metodologia através da qual aluno e professor não utilizam o mesmo
tempo para a promoção do processo de ensino/aprendizagem. Eles utilizam diversos recursos
que vão se modificando e reinventando durante sua história.
A metodologia EAD, no seu desenvolvimento, utilizou-se de vários recursos o
primeiro deles foi a correspondência (PALHARES, 2009), depois o Rádio (DEL BIANCO,
2009), em seguida TV e Cinema (NUNES, 2009), computadores sem rede (VALENTE, 2009),
vídeos, conferências (CRUZ, 2009), computadores com conexão a internet (ALVES, 2009) e
diversos outros. O que não podemos esquecer e que todos esses meios ainda são utilizados de
forma conjunta, dependendo do perfil do público-alvo.
4. AFETIVIDADE E APRENDIZADO
Normalmente, as nuances entre afetividade e aprendizagem são discutidas na
modalidade presencial, principalmente nas séries iniciais do ensino fundamental, visto que é
nesse momento inicial que o aluno se depara com as questões formais do ensino. Neste estudo
pretende-se, como já dito anteriormente, entender se na modalidade a distância tal fator ainda é
preponderante para afinar a cognição dos alunos, facilitando seu aprendizado.
Para iniciar a discussão acerca de afetividade e aprendizagem (cognição) um dos
primeiros autores que se pode demonstrar é o teórico Jean Piaget (1896-1980). Em seu
trabalho, publicado a partir de um curso que ministrou na Universidade de Sorbonne (Paris)
no ano acadêmico de 1953-54, "Les relations entre l'intelligence et l'affectivité dans le développement de
l'enfant", o autor indica que, apesar de diferentes em sua natureza, a afetividade e a cognição são
inseparáveis em todas as ações simbólicas e sensório-motoras. Ele observou que toda ação e
pensamento comportam um aspecto cognitivo, representado pelas estruturas mentais, e um
aspecto afetivo, representado por uma energética, que é a afetividade (ARRANTES, 2002).
Ainda seguindo a concordância de Piaget, não existem estados afetivos sem elementos
cognitivos, assim como não existem comportamentos puramente cognitivos. Quando discute
os papéis da assimilação e da acomodação cognitiva, afirma que esses processos da adaptação
também possuem um lado afetivo: na assimilação, o aspecto afetivo é o interesse em assimilar
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o objeto ao self (o aspecto cognitivo é a compreensão/aprendizado); enquanto na acomodação,
a afetividade está presente no interesse pelo objeto novo (ARRANTES, 2002).
Outro teórico que explica a dicotomia entre os aspectos afetivos e cognitivos é
Vygotsky (1996), destacando que a forma de pensar junto com o sistema de conceito que é
imposto pelo meio que nos rodeia, inclui também nossos sentimentos. Não sentimos
puramente: o sentimento é entendido por todos sob a forma de ciúme, cólera, ultraje, ofensa.
Assim, não se consegue separar o que se sente do que se aprende.
Seguindo esse raciocínio, como indicam Kohl e Rego (2003), a vida emocional está
conectada a outros processos psicológicos e ao desenvolvimento da consciência de um modo
geral. Para essas teóricas, Vygotsky (1991 apud VAN DER VEER, 1996) considera a
valorização do repertório cultural, das experiências e interações com outras pessoas como
imprescindível para a compreensão dos processos envolvidos.
As emoções seriam, portanto, constituintes do processo dialético com um projeto
cognitivo de um sujeito construído também histórica e culturalmente (SERRA, 2005).
Com o papel primordial da linguagem e a importância da interação social para o
desenvolvimento pleno dos indivíduos, os seres humanos operam com base em conceitos
culturalmente construídos que constituem, representam e expressam não só seus pensamentos,
mas também suas emoções (KOHL; REGO, 2003, p. 25).
Sendo assim, ainda segundo as autoras, a imersão dos sujeitos humanos em práticas e
relações sociais define emoções mais complexas e mais submetidas a processos de
autorregulação conduzidos pelo intelecto (SERRA, 2005).
Os afetos em disciplinas que envolvem a matemática, segundo Gómes Chacón
(2003/2000), podem estar ligados a crenças que os alunos têm de forma rígida e negativa sobre
a matemática e sua aprendizagem; outro aspecto é que se eles assimilaram que estudar
matemática é apenas fazer cálculos, no futuro eles apresentarão resistência em tarefas que
exijam pensar.
Desta forma, as condições afetivas, históricas, culturais e sociais interferem no
aprendizado dos alunos e, como neste trabalho retratamos a realidade da educação a distância,
nesse caso também teremos esses fatores contrapondo-se ao processo cognitivo nessa
modalidade de ensino.
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5. MÉTODOS QUANTITATIVOS LIGADOS A DISCIPLINAS DE GESTÃO DE
LOGÍSTICA
As ciências sociais têm por habitual a aplicação de métodos quantitativos no
desenvolvimento de disciplinas dos cursos da área de negócios, principalmente nas que
pretendem de alguma forma prever, estimar ou acompanhar recursos materiais, tangíveis ou
intangíveis, facilitando a atuação profissional e também referências da linguagem e da pesquisa
científica.
De acordo com Teixeira e Pacheco (2005, p. 60), “a área de métodos quantitativos
caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações
quanto no tratamento dessas por meio de técnicas estatísticas”. Os autores reforçam as
limitações da área ao defenderem que o uso de método estatístico para a solução de um
problema não faz generalizações sobre a resolução de todos os outros problemas de mesma
natureza.
Para Lima (2005), os métodos quantitativos mais comumente utilizados pelas ciências
sociais, em geral, são: a programação linear, a análise insumo-produto, modelos para
planejamento e controle de projetos, a teoria da decisão, a análise fatorial, a regressão, a
correlação entre variáveis e as séries temporais. Estes costumam ser os temas recorrentes às
ementas das disciplinas da área, conforme pode-se verificar na ementa da disciplina de
Logística.
No estudo deste artigo o foco é na disciplina de Gestão de Logística que para atingir
seus objetivos práticos de previsão, demanda quantidades, tempos, melhor trajeto etc. Torna-
se necessário a utilização dos métodos quantitativos citados acima.
6. PROGRAMA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP
Nas sociedades democráticas contemporâneas, eficiência, transparência, controle social
e responsabilidade são demandados de todas as esferas da administração pública. A
consolidação da democracia pressupõe o empoderamento do cidadão e da sociedade civil, que
assumem papel cada vez mais relevante na cobrança de resultados das instituições públicas.
Tais resultados devem se traduzir em melhorias efetivas na realidade da população, o que
exigirá melhorias contínuas na qualidade dos serviços e na gestão pública (CAVALARI, 2009).
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A mudança do papel repercutiu no aparelho do Estado no âmbito federal, estadual e
municipal, trazendo demandas gerenciais mais complexas. Isso significa uma administração
mais profissionalizada, exigindo gestores com sólida formação teórico-conceitual nas áreas
sociais, políticas, econômicas e administrativas.
Nesse contexto, o programa nacional de administração publica, PNAP, é um Projeto
do Governo Federal que, por meio da CAPES, tem por finalidade fomentar a qualificação da
população mediante à metodologia EAD, em que são oferecidos o Curso de Bacharelado em
Administração Pública, que está voltado para a formação de egressos capazes de atuar, de
forma eficiente e eficaz, no contexto da gestão pública, atendendo às necessidades e ao
desenvolvimento da sociedade (CAVALARI, 2009).
No estado do Espírito Santo, a Universidade Federal, UFES, optou por oferecer a
especialização com ênfase em saúde e o Instituto Federal, IFES, que é o espaço desse estudo,
respondeu ao edital para coordenar e ofertar à população a especialização de formação em
Gestão Municipal.
O curso teve início em maio de 2010 em dez polos de apoio presenciais nos municípios
de: Vitória, Vila Velha, Colatina, Afonso Claudio, Mimoso do Sul, Domingos Martins, Santa
Tereza, Baixo Guandu, Linhares e Aracruz. Totalizando 420 vagas.
Para o ano de 2011 mais quinze polos foram contemplados pelo curso nos municípios:
Alegre, Bom Jesus do Norte, Cachoeiro de Itapemirim, Conceição da Barra, Ecoporanga,
Itapemirim, Iúna, Mantenópolis, Nova Venécia, Pinheiros, Piúma, Santa Leopoldina, São
Mateus, Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante. Totalizando 600 vagas.
No total o PNAP, por meio da CAPES, no IFES irá financiar 1020 vagas para a
formação na especialização em Gestão Pública Municipal até o ano de 2012.
Nesta pesquisa, foram retratadas as percepções dos alunos dos dez primeiros
municípios, os quais já passaram pela disciplina de Logística, que é o foco deste estudo, por se
tratar de um conteúdo para cujo alcance do processo decisório é necessário se lançar mão de
uma base matemática, por meio de levantamentos estatísticos e equilíbrio entre prazos, custos,
disponibilidades e necessidades públicas de produtos ou serviços.
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7. METODOLOGIA DE PESQUISA
A pesquisa foi realizada de forma qualitativa, por meio de um estudo de caso com
dimensão etnográfica, tendo como instrumento de pesquisa a observação, focus grupos e análise
documental conforme descrito a seguir.
A pesquisa para estudar a EAD e afetividade na visão de um curso de especialização foi
qualitativa, uma vez que segundo Lüdke e André (1986), “... Envolve a obtenção de dados
descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o
processo do que o produto e se reocupa em retratar a perspectiva dos participantes”.
Desta forma, pretende-se obter dados que descrevam a realidade, as necessidades,
limitações, vantagens e desvantagens da metodologia EAD para o curso de especialização em
Gestão Pública Municipal.
O estudo também retrata a dimensão etnográfica, visto que num primeiro momento foi
realizada uma descrição dos significados sociais, econômicos e culturais dos alunos da
especialização, conforme sugere Lüdke e André (1986) “A pesquisa etnográfica é a descrição
de um sistema de significados culturais de um determinado grupo”.
O método utilizado foi o estudo de caso que tem a característica de descrever a
realidade de um determinado contexto, estudando algo singular como o caso da afetividade em
uma disciplina de gestão, a qual utiliza como base para o processo decisório cálculos
matemáticos, utilizando variedades de fontes de informação por meio de uma linguagem mais
simples (LUDKE, ANDRÉ, 1986).
Para o levantamento das informações da pesquisa foram utilizadas quatro tipos de
técnicas: a primeira o focus grupos, que é uma técnica de trabalho no qual um grupo é reunido
com a finalidade de discutir determinado assunto, situação ou demanda e mediante desse
instrumento há a captação imediata e corrente das informações desejadas (LUDKE; ANDRÉ,
1986). O que no caso da pesquisa sugerida é importante, devido à necessidade de levantamento
de dados sobre a realidade dos alunos em situações diferenciadas.
A segunda técnica é a observação que, ao lado da entrevista, também constitui
importante fonte de coleta de dados em abordagens educacionais. A observação também
auxilia a aproximação do pesquisador às respostas do problema de pesquisa levantado
(LUDKE; ANDRÉ, 1986). No que tange a esse estudo, a aproximação ao objeto de pesquisa
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significa entender melhor as limitações, necessidades e, assim, propor interações na modalidade
de ensino estudada.
Em seguida, na pesquisa, foi utilizada a técnica de análise documental e de conteúdo,
uma vez que essa tem por finalidade completar as informações obtidas por outras técnicas,
trazendo à tona outros aspectos relevantes ao trabalho (LUDKE; ANDRÉ, 1986).
Para finalizar a pesquisa, foi utilizado novamente o focus grupos por meio do recurso
tecnológico da Webconferência para alinhar os dados analisados no ambiente virtual com as
falas dos alunos nos polos de apoio presencial.
8. CASE DE UM CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA
O sujeito deste case é o Instituto Federal do Espírito Santo – IFES - foi criado em 23
de setembro de 1909, no governo do presidente Nilo Peçanha. Regulamentado pelo Decreto
nº 9.070, de 25 de outubro de 1910, foi inicialmente denominado Escola de Aprendizes e
Artífices do Espírito Santo, tendo como propósito a formação de profissionais artesãos, com
ensino voltado para o trabalho manual e oferta educacional de cunho assistencialista.
Atualmente, são 17 campi em funcionamento e mais um em construção (SUETH, 2009).
Como o estudo apresentado está voltado à modalidade a distância, além dessas 17
cidades nas quais já existe a presença física do IFES, a Universidade Aberta do Brasil em
parceria com as prefeituras do estado do Espírito Santo, tem polos de apoio presencial a EAD
em mais 11 cidades, totalizando 28 polos e esse curso de especialização está presente em 25
deles, tornando-se, assim, nesse momento, o maior curso em quantidade de alunos e
abrangência, já ofertado pelo IFES na modalidade EAD.
8.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CASE REALIZADO
As dez turmas analisadas, dos municípios já citados em tópicos acima, têm em sua
formação 57% de mulheres e 43% de homens, com faixa etária predominante entre 20 e 50
anos. Desse total 82% residem em área urbana, sendo que 46% dos alunos possuem em suas
residências duas pessoas com renda superior a um salário mínimo, e 68% têm renda familiar
acima de três salários mínimos.
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Em relação ao nível de escolaridade, 71% dos alunos são graduados e os demais já
possuem algum tipo de pós-graduação.
No que tange ao segmento de atuação profissional, 85% dos alunos estão ligados à
iniciativa pública, seja ela municipal, estadual ou federal; efetivos ou contratados.
Em relação ao tempo de trabalho, identificamos que 29% já possuem mais de 10 anos
de atuação em sua profissão, já 17% têm entre cinco e dez anos de experiência profissional e
os demais, menos de cinco anos.
Dos alunos pesquisados, 80% possuíam, no início do curso, computador em suas
residências e 68% tinham acesso à internet banda larga.
Quanto à modalidade de ensino, 63% dos discentes nunca haviam feito qualquer curso
na modalidade a distância, mas os estudos confirmam que os 68% deles, que optaram agora
por fazer um curso nesta modalidade, fizeram tal opção devido ao IFES ser a instituição
coordenadora do programa, sendo que 35%, quando questionados das possíveis dificuldades,
mostraram-se preocupados com uma possível falta de tempo para a execução de todas as
atividades.
O que se pode inferir do questionário socioeconômico aplicado, e que teve
parcialmente seus dados apresentados acima, é que em parte o público-alvo do programa foi
atingindo.
Após iniciadas as aulas e decorridas as disciplina de Metodologia de EAD, Metodologia
de Pesquisa e a primeira disciplina do módulo básico, a coordenação do curso, o autor deste
artigo, agendou reunião com cada polo, em dias e horários distintos, dessa reunião
participaram os discentes, o tutor presencial e a coordenação do polo.
Em cada uma dessas reuniões, o coordenador elegia entre os presentes, no focus grupos,
um relator que iria disponibilizar a ata no ambiente virtual e, logo em seguida, era aberto um
fórum no polo a fim de que fosse verificada com os participantes a concordância ou não com
os relatos feitos. Apesar das reuniões acontecerem com públicos diferentes e em regiões
diferentes, os mesmos pontos foram levantados, entre eles destacam-se:
o Falta de aproximação entre tutor e aluno.
o Excesso de atividades em período curto de tempo.
o Qualidade do material didático.
o Dificuldade de adaptação ao método.
o Dificuldade de manuseio da tecnologia.
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o Falta de estrutura da biblioteca do polo.
o Distância entre a teoria e a prática.
o Avaliações essencialmente teóricas.
Analisando-se os pontos elencados pelos alunos, podemos descrever que quanto à
aproximação aluno e tutor, observou-se que nem o aluno estava habituado a não ter a presença
física do professor, assim como o tutor não tinha tanta experiência na modalidade, e isso não
permitia a ele, até então, perceber que o diálogo escrito deveria suprir a distância física que o
separava do aluno.
Em relação ao excesso de atividades e tempo de execução, foi percebido, em
questionamentos com os discentes, que até nos modelos presenciais de especialização, nas
regiões estudadas, havia o condicionamento a cursos mais tranquilos no ponto de vista didático
e acadêmico.
A questão da qualidade do material, apresentado nas reuniões, justifica-se pelo fato do
mesmo ter sido preparado por comissão da Universidade de Santa Catarina e CAPES, e desse
ser de âmbito nacional.
As dificuldades de adaptação ao método, pelo que foi diagnosticado, estavam
vinculadas, principalmente, à falta de preparo dos alunos em trabalhar com computador e
internet, ou seja, recursos tecnológicos, visto que grande parte dos participantes, apesar de ter
esses componentes em casa e/ou no trabalho, não o utilizava com frequência no dia a dia.
Uma realidade identificada nos polos visitados é a falta de investimento, por parte da
prefeitura local, na compra de acervo para as bibliotecas físicas, contudo, essa carência foi
amenizada pelo curso, por meio da utilização de uma biblioteca virtual.
Durante essas reuniões, outro ponto levantado foi a questão do distanciamento entre
teoria e prática, entretanto, no momento dos encontros, o curso ainda estava numa fase muito
inicial, o que indica que isso não poderia, naquele momento, servir de parâmetro. O que vale
também para as avaliações, haja vista que, inicialmente, algumas teorias deveriam ser
consolidadas para futuras aplicações práticas.
No que tange ao acompanhamento da disciplina específica de Logística, uma vez que
utiliza a matemática como padrão para o processo decisório e para a resolução de estratégias de
gestão, foi realizada uma análise documental e de conteúdo do ambiente virtual de
aprendizagem. No caso do curso, o IFES utiliza o Moodle por ser um software gratuito e de
domínio público.
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A disciplina de Logística foi planejada por um professor do instituto, tomando por
base o material que o PNAP disponibiliza, mas como foi verificada uma quantidade grande de
cálculos matemáticos nesta disciplina, o professor especialista optou por utilizar planilhas de
cálculos (BRoffice) para facilitar o aprendizado do conteúdo.
Em entrevista com o professor, esse relatou que tentou desenvolver vários tutoriais,
nos quais explicava passo a passo como utilizar o aplicativo de cálculo para chegar aos
resultados e, assim, alcançar as melhores estratégias de decisões logísticas. Outro ponto que o
professor destacou é que buscou trabalhar as atividades em grupos de estudo, a fim de somar
as habilidades e diminuir as dificuldades.
Desta forma, o aluno tinha como suporte para o desenvolvimento dessa disciplina:
material impresso, o Moodle, tutoriais, professor especialista, tutor a distância, tutor presencial e
ainda os seus pares, visto que as atividades, em sua maioria, foram realizadas em grupo.
Acompanhando os fóruns de dúvidas e as interações entre os alunos, foi constatado
que as dificuldades começaram com a utilização da planilha de cálculo do BRoffice, visto que a
grande maioria dos alunos, nos dez polos, não tinha familiaridade com esse software gratuito;
desta forma, tiveram problemas com instalação, utilização e entendimento da ferramenta.
Assim, não era apenas o entendimento dos resultados proporcionados pelas planilhas e a
utilização dos resultados encontrados que dificultavam o aprendizado, mas também a
operacionalidade do sistema.
No período de entrega das atividades, a pedagoga do curso, após acompanhar essa
situação, solicitou ao professor especialista que facultasse a entrega por meio de outros
aplicativos de cálculo também, o que foi aceito e realizado pelo especialista.
Durante a realização das Webconferências com os alunos dos polos citados, alguns
outros pontos foram levantados acerca do acompanhamento da disciplina:
o Dificuldade de baixar os tutoriais, devido à velocidade da internet no interior
do estado.
o Dificuldade de fazer a junção entre os resultados matemáticos das planilhas e
quais decisões deveriam ser tomadas.
o Os alunos se preocuparam muito em cumprir as atividades para obtenção das
notas e não acessaram outras partes do material, que eram necessárias para o
desenvolvimento da disciplina.
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o Falta de acompanhamento dos tutores presencial e a distância durante o
desenvolver da disciplina.
o Os alunos, em geral, não conseguiram fazer a concretização de como iriam
utilizar na prática os pontos estudados.
o Os alunos entenderam que o conteúdo da disciplina foi muito amplo, entrando
em detalhes que não cabem aos gestores.
o Colocaram que acharam abusivo o número de atividades.
o Não conseguiram desenvolver melhor a disciplina devido ao tempo da mesma,
ou seja, a carga horária deveria ter sido maior.
o Outros pontos isolados foram colocados, mas, neste estudo, daremos enfoque
aos pontos comuns entre os polos estudados.
O que se pode entender e concluir a partir dos pontos apresentados, é que os alunos,
com o desenvolvimento das disciplinas, passam a se preocupar unicamente com as atividades,
haja vista que essas serão a base para a construção de sua média e, em vários momentos,
deixam de lado informações importantes para execução de cada disciplina e aquisição de
conhecimento.
No caso da disciplina de Logística, o professor, no vídeo de apresentação da disciplina,
deixou clara a necessidade da leitura do material teórico, que todos os alunos receberam
impresso, para que houvesse o link entre teoria, cálculos e prática. Contudo, se for analisada a
estatística de utilização desse recurso em específico, apenas 15 % deles o acessou, o que
possivelmente dificultou o alcance do objetivo geral da disciplina.
Em relação à velocidade da internet, apesar de não ser um recurso que possa ser
manobrado pela equipe gestora do curso, esse ponto será mais bem analisado na reoferta de
cursos nas regiões com problemas, ou ainda, deverão ser lançados recursos que atendam a
todas as cidades e infraestruturas no planejamento das disciplinas nessa modalidade de ensino.
A falta de acompanhamento dos tutores, quando verificado, nos deixou preocupados,
visto que, uma das preocupações da equipe gestora é que as disciplinas ocorram de forma que
a afetividade estivesse presente em todo o curso e, um dos fatores, o qual maximiza essa
presença, é a interação constante dos tutores com os alunos. Esse problema foi gerado por
dois aspectos: primeiro, grande parte dos tutores também não tinha domínio de planilhas de
cálculos; segundo, que essa disciplina foi a única no curso com a necessidade dessa
competência, o que terá que ser reforçado para a próxima turma.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
42
Quanto ao número de atividades, o professor tentou diminuir ao máximo as áreas de
abrangência da disciplina, contudo, como o material disponibilizado pelo PNAP era muito
generalista, ele não teve como não atuar nos pontos principais para os quais a teoria apontava.
Já em relação à carga horária, ela é uma realidade de cursos de especialização,
normalmente o tempo por disciplina é reduzido e não se consegue trabalhar com todos os
pontos, o que é uma realidade também dos cursos presenciais.
Durante o contexto teórico deste artigo, foi introduzido um breve histórico da EAD
no cenário mundial e brasileiro e percebe-se, pelos argumentos apresentados, que apesar dessa
metodologia existir há muito tempo, ela ainda precisa ser melhor divulgada e trabalhada dentre
a população.
Outro ponto que se pode analisar, é que, particularmente no Brasil, os avanços dessa
metodologia estão associados a veículos de massa de comunicação, como rádio, TV, internet, o
que pode indicar a utilização desses recursos como meios para ampliar a aplicação da
modalidade a distância.
O case do curso de especialização do PNAP apresentado, leva a inúmeros
questionamentos, que vão desde a preocupação com os recursos tecnológicos, como também
um estudo sobre a necessidade de aproximação entre aluno e tutor, por meio do diálogo, do
discurso escrito e da afetividade, que são pontos para um próximo estudo desses autores.
Pelos pontos relatados por esse estudo de caso, ressaltamos que além da preocupação
com a utilização de maneira adequada dos recursos tecnológicos visando potencializar o
ensino, deve-se também ter cuidado com a necessidade de aproximação entre aluno e tutor por
meio do estreitamento do diálogo, do discurso escrito e da afetividade nas relações que são
pontos para um próximo estudo.
Apesar dos avanços informacionais ligados à educação na modalidade a distância, os
pontos têm que ser apreciados, uma vez que nesse método existe o autoaprendizado,
destacado neste artigo, o que dá margem a um pensamento diferenciado na didática e no
formato sistêmico do curso.
Trazendo a discussão de Gómez Chacón (2003/2000) acerca de alguns afetos que os
alunos trazem para a sala, o que mais facilmente se conseguiu destacar foi o do pré-conceito
em relação a cálculos. O pensar, que é atribuído após o cálculo acabado, (visto que o cálculo
era desempenhado pelo aplicativo) se tornou tarefa pesada para boa parte dos alunos, no que
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
43
se refere ao pensar em como utilizar os resultados para tomada de decisões estratégicas para
logística na área pública. O ocorrido fez com que o professor, além dos tutores e colegas, em
diversos momentos, tivessem que intervir e tentar, durante o andamento da disciplina, outros
métodos para que o objetivo fosse cumprido (aprendizado).
Assim, consideramos que além das dificuldades oriundas dos recursos tecnológicos
também temos as de caráter emocionais e afetivas quando na disciplina de logística fazemos a
combinação entre os métodos quantitativos e as decisões que podem ou devem ser tomadas
pelos gestores.
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CAPÍ TU
LO03
ELABORAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO QUANTITATIVO:UMA ABORDAGEM SOBRE A COLETA, TABULAÇÃO
E ESTÉTICA DE DADOS E O SERVIÇOWEB GOOGLE DRIVE SPREADSHEET
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
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ELABORAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO QUANTITATIVO: UMA
ABORDAGEM SOBRE A COLETA, TABULAÇÃO E ESTÉTICA DE
DADOS E O SERVIÇO WEB GOOGLE DRIVE SPREADSHEET
Evandro Paulo Bolsoni
Desirre Marques Brandão
Marcos de Souza
Ao se ter a pesquisa científica como objeto de estudo, optou-se inicialmente por
apresentar o conceito de Método Científico. Descartes – Filósofo, Físico e Matemático da Era
Moderna - ao apresentar seu discurso sobre Método Científico afirmou:
Não se deve aceitar jamais com verdadeira alguma coisa de que não se
conheça a evidência como tal, isto é, evitar cuidadosamente a
precipitação e a prevenção, incluindo apenas, nos juízos, aquilo que
mostrar de modo tão claro e distinto ao espírito que não subsista
dúvida alguma. (MICHEL, 2009, p.34)
Assim, o método tenta captar e compreender a realidade, estabelecendo formas de
como se chegar a um resultado. Esse percurso de construção dará origem à pesquisa científica.
Michel (2009) e Richardson (2010), afirmam que a metodologia é o processo pelo qual se busca
respostas para resolução de problemas, necessidades e dúvidas.
Dentre os vários métodos de pesquisa existentes e de suas várias divisões didáticas, este
artigo dará um destaque mais amplo à Pesquisa Quantitativa que, segundo Michel (2009), parte
do princípio de que tudo é quantificável. Tal modalidade de pesquisa quantifica desde a coleta
de dados até o tratamento dessas informações. Wainer (2010) afirma ainda que tal modalidade
realiza a comparação de resultados e utiliza técnicas estatísticas e escala numérica.
Fixando a atenção neste momento nas Tecnologias de Informação e Comunicação -
TICs, por meio de serviços hoje disponibilizados na internet, acredita-se que existem
mecanismos facilitadores que auxiliem no momento da coleta, tabulação e a análise de dados,
bem como na estética da pesquisa de uma forma geral, principalmente na construção de tabelas
e gráficos. Assim, tais serviços agilizariam o processo de pesquisa, principalmente se esta for de
caráter quantitativo. O serviço Google Drive SpreadSheet, de responsabilidade da empresa Google é
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
48
um dos serviços disponibilizados na internet e que está acessível para ser utilizado por qualquer
pessoa, para armazenamento de dados virtuais, criação, alteração e compartilhamento de
documentos, inclusive de forma colaborativa e simultânea.
Portanto, a partir das expectativas geradas pela utilização das tecnologias como meio de
facilitar a pesquisa, sugere-se a seguinte problemática: De que forma seria possível coletar,
tabular, gerar estatísticas e gráficos de forma ágil e eficiente na elaboração de artigos científicos
baseados na metodologia de pesquisa quantitativa?
Este artigo tem como objetivo apesentar o ambiente Google Drive como meio
tecnológico de facilitação no processo de pesquisas científicas de caráter quantitativo. Justifica-
se a importância desse tema, uma vez que a cada ano, é exigido dos pesquisadores, tanto
alunos de pós-graduação quanto professores universitários, um número considerável de
publicações e produções científicas, tanto para validar o curso no qual estão inseridos, como
para ampliar as pesquisas sobre um determinado assunto de qualquer área do conhecimento.
Portanto, observando que a produção científica é uma exigência para o funcionamento
de cursos, como também o momento de investigação e produção de conhecimento acerca de
um determinado objeto de estudo, momento este que se valida um pensamento empírico, as
ferramentas tecnológicas podem facilitar e agilizar o processo de produção científica.
Inicialmente, será apresentada as modalidades de pesquisa, em especial a metodologia
de Pesquisa Quantitativa. Em seguida, será apresentado o ambiente Google Drive,
especificamente sua ferramenta SpreadSheet – “Formulários” como um importante instrumento
tanto para coleta de dados como organização, geração de estatísticas, estética na formatação de
gráficos e planilhas, que pode otimizar tempo de construção de um trabalho científico.
1. METODOLOGIA E PESQUISA CIENTÍFICA
Por Método, Michel (2009) enfatiza que se trata de um conjunto de procedimentos
sistemáticos, utilizado para a obtenção de um resultado desejado, caracterizado por se
assemelhar a um norteador de processo investigativo, levando o pesquisador a uma resposta,
uma solução. Richardson (2010) corrobora com Michel (2009) acrescentando ainda que a partir
dos resultados obtidos por meio da pesquisa, pode-se interpretá-los fundamentando-os em
teorias existentes.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
49
Uma das características básicas do Método Científico, de acordo com Mazzotti;
Gewandsznajder (1999) é o fato de se resolver problemas através de hipóteses, que devem ser
testadas por meio de observações ou experiências.
Segundo Marques (2010), “Pesquisa é buscar um centro de incidência (...) um pólo
preciso das muitas variações de saberes que se irradiam a partir de um mesmo ponto” (p.93).
Tabela 1: Métodos de pesquisa
Método Característica
Dialético Usa a discussão e argumentação dialogada,
a provocação.
Estudo de caso
Investiga casos isolados, grupos, pessoas,
para entendê-los nos seus próprios termos,
sua cultura, contexto.
História de vida e História oral
Analisam fenômenos, situações a partir de
depoimentos falados e escritos de pessoas
cujo testemunho pessoal auxilia na
compreensão do tema de estudo.
Funcional
Procura entender os fenômenos sociais
através da análise isolada e integrada das
partes que o compõem.
Matemático Através de operações matemáticas e
estatísticas, busca soluções exatas.
Estatístico
Através de técnicas estatísticas e
matemáticas, busca soluções por
mostragem.
Histórico-evolutivo Analisa e compara situações e sua evolução
ao longo do tempo.
Experimental Submete o objeto de estudo à influência de
variáveis.
Observacional Usa os sentidos, a observação para
capitação da realidade.
Comparativo Usa a comparação como medida de
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
50
observação entre grupos, políticas, fatos,
variáveis, comportamento, processos,
táticas, vendas, etc.
Econométrico Análise qualitativa e quantitativamente
variáveis econômicas.
Survey Quantifica opinião, atitudes, motivos,
através de amostragem.
Fonte: (Michel, 2009, p.59)
A pesquisa, conforme aponta Michel (2009), é a descoberta científica da realidade e
atividade básica da ciência, sendo etapa anterior à geração e transmissão do conhecimento.
Partindo do princípio proposto pela autora, de que a realidade não é aparente inicialmente,
chega-se ao pressuposto de que explicações sobre a realidade nunca se findam.
Portanto, observa-se que a metodologia orienta o pesquisador na preparação de um
trabalho científico que somente é assim denominado por se tratar em um percurso pré-
determinado, mas que a priori, surgiu de uma inquietação, de um palpite ou conjuntura.
Pesquisa, portanto, é o mesmo que “procura”, é a busca por respostas para alguma
questão, como afirma Kuark (2010). Ela ainda enfatiza que é por meio da pesquisa que se
produz ciência e consequentemente, conhecimento. A Ciência foi sendo dividida durante sua
evolução em áreas de conhecimento: Ciências Humanas, Ciências Sociais, Biológicas, Exatas
etc., e essas ainda podem ser subdivididas. Assim, a Ciência é “o conjunto de conhecimentos
racionais – certos ou prováveis – obtidos metodicamente” (KAUARK, 2010, p. 88) e
trabalhados de forma particular (MARX, HILLIX, 1963).
2. TIPOS DE PESQUISA E SUAS ESTRUTURAS
Aqui, será discutida a estruturação didática que Michel (2009) propôs para a pesquisa.
Ela divide a pesquisa tanto apontando os meios e quanto os fins. A tabela 2 abaixo evidencia
tal divisão:
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
51
Tabela 2: Classificação da pesquisa
Quanto aos meios Quanto aos fins
Pesquisa bibliográfica
Pesquisa prática
Pesquisa de campo
Pesquisa empírica
Pesquisa-ação
Pesquisa básica
Pesquisa aplicada
Pesquisa de inovação tecnológica
Pesquisa descritiva
Fonte: Michel, 2009, p. 45
2.1 PESQUISAS QUANTO AO MEIO
Michel (2009) salienta que a pesquisa será classificada como meio quando o seu
propósito for identificar, mostrar a forma de atuação do pesquisador, o modo de caminhar do
trabalho. Nesta classificação, a pesquisa funciona como instrumento para se obter respostas e
soluções, indicando como o trabalho foi realizado. A autora propõe a seguinte divisão:
Pesquisas Bibliográfica, Pesquisa Teórica, Pesquisa Prática ou Experimental, Pesquisa de
Campo, Pesquisa Empírica, Pesquisa-Ação.
A Pesquisa Bibliográfica é a fase inicial da pesquisa que busca o levantamento
bibliográfico sobre o tema, com o propósito de encontrar informações para definição dos
objetos, determinação do problema e definição dos tópicos do referencial teórico. É
considerada uma forma de pesquisa porque implica em leitura sobre o assunto, embora não
seja o propósito final da pesquisa (MICHEL, 2009, p. 40). Gil (1993) destaca que essa
metodologia proporciona maior familiaridade com o problema, e se pode destacá-lo mais
durante a construção das hipóteses. O autor enfatiza que essa pesquisa tem como objetivo
principal o aprimoramento de ideias ou descoberta de intuições.
A pesquisa teórica é atividade de pesquisa que se preocupa em mensurar, desmontar,
criticar e reconstruir teorias existentes a partir de críticas e comparações entre autores
diferentes. Baseia-se em verdades imperativas, oriundas de estudos anteriores, escusando o
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
52
método e valorizando o uso da razão e da lógica. Apesar disso, ela não admite a especulação
pura e simples, e busca através de procedimentos fundamentais para um quadro teórico de
referência: (a) domínio dos clássicos de determinada disciplina; (b) domínio da bibliografia
fundamental, pela qual atualizamo-nos na produção existente sobre o assunto; (c) visão crítica,
por meio da qual se instala a discussão aberta com o caminho básico do crescimento científico.
(MICHEL, 2009)
Michel (2009) conceitua a Pesquisa Prática ou Experimental como pesquisas que se
realizam a partir de testes práticos de ideais e proposições discutidas na teoria. Este tipo de
pesquisa implica na simulação de um ambiente laboratorial para verificação das teorias e é
utilizada nas áreas de ciências básicas naturais e biologia, como biologia, química, física.
Na Pesquisa de Campo, utiliza-se a coleta de dados em ambiente natural, com o
objetivo de observar, criticar a vida real, com base na teoria, para averiguar como a teoria se
comporta na vida real. Checando a teoria na prática, permite responder ao problema e atingir
os objetivos, conforme aponta Michel (2009). Kauarkm (2010) destaca que o objetivo desse
tipo de pesquisa é adquirir maior familiaridade com o problema. Para sua construção, envolve
levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o
problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão etc.
A Pesquisa Empírica é voltada para a face experimental dos fenômenos. É aquela que
maneja dados e fatos concretos. Procura traduzir os resultados em dimensões mensuráveis.
Por esse motivo, tende a ser quantitativa, na medida do possível. O seu grande valor é trazer a
teoria para a realidade concreta. Cria modelos a partir de apreciações de experiências. Não,
necessariamente, os experimenta ou os aplica a realidade (MICHEL, 2009).
Pesquisa-Ação, conforme aponta Michel (2009), é um tipo de investigação social com
base empírica, concebida e realizada em estrita associação com uma ação ou com resolução de
um problema coletivo, no qual os pesquisadores e os participantes representativos na situação
ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Kauark (2010)
destaca que esse é um tipo de pesquisa concebida e realizada em estreita associação com uma
ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes
representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou
participativo.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
53
2.2 PESQUISA QUANTO AOS FINS
De acordo com a pesquisadora e autora do livro Metodologia e Pesquisa Científica em
Ciências, Michel (2009), a classificação de pesquisa quanto aos fins será utilizada para obtenção
de resultados, que acarretará como características para refletir, traduzir o propósito do trabalho
e direcionar o que se deve realizar durante o processo de pesquisa. Ainda em suas
considerações, Michel (2009) aponta quatro tipos de pesquisas quanto aos fins: Pesquisa
Básica, Pesquisa Aplicada, Pesquisa de Novas Tecnologias e Pesquisa Descritiva.
Para Michel (2009, p.43), a especificidade da Pesquisa Básica não possui o propósito da
aplicabilidade imediata: Não tem propósito de aplicabilidade imediata; é generalista; voltada
para descoberta de fenômenos naturais e físicos; (teoricamente) não tem comprometimento
com a ética, nem com a geração de retornos financeiro, nem de aplicação imediata; seu
propósito é apenas com a geração do conhecimento novo. A pesquisa básica procura os
princípios, os fundamentos do mundo, das coisas, do seu funcionamento; sua intenção é
desvendar características, propriedades básicas dos fenômenos.
Já a Pesquisa Aplicada, de acordo com Michel (2009, p.44): Tem como objetivo a
aplicação, a utilização dos conhecimentos e resultados adquiridos na pesquisa básica; volta-se
mais para o aspecto utilitário da pesquisa. A pesquisa aplicada procura transformar o
conhecimento puro em elementos, situações destinadas a melhorar a qualidade de vida da
humanidade. Implica na ação do homem sobre as descobertas para criação de produtos,
serviços, visando à qualidade de vida na terra.
Com relação à Pesquisa de Inovação tecnológica, Michel (2009, p.44), caracteriza a
Pesquisa Básica como: Pertence ao ramo do conhecimento aplicado, e, para muitos, não é
considerado ciência. Utiliza os conhecimentos resultantes das pesquisas básicas e aplicada para
interesses tecnológicos, industriais. É a transformação do produto já criado em produtos
tecnológicos, comercializáveis, melhorados. A tecnologia se caracteriza pela ação de melhoria
de um produto existente, em termos de praticidade, modernização, conservação, produção em
alta escala, aperfeiçoamento, incremento de tecnologia, avanços de produtos existentes. A
pesquisa é um processo essencialmente calculado na base científica, mas visa a interesses de
comercialização e lucro (estudo de formas de conservação, reprodução em larga escala, estudos
de compatibilidade, embalagem e distribuição do remédio ou vacina inventado). A pesquisa
descritiva se propõe a verificar e explicar problemas, fatos ou fenômenos da vida real, com a
precisão possível, observando e fazendo relações, conexões, à luz da influência que o ambiente
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
54
exerce sobre eles. Não interfere no ambiente; seu objetivo é explicar os fenômenos,
relacionado-os com o ambiente. Trata, em geral, de levantamento de características de uma
população, um fenômeno, um fato, ou o estabelecimento das relações entre variáveis
controladas. Está relacionada diretamente com a pesquisa qualitativa, na medida em que
levanta, interpreta e discute fatos e situações (MICHEL, 2009, p.44).
Dentre os tipos e estrutura apresentadas no capítulo, sistematicamente destacados no
estudo da autora Michel (2009), observou-se que suas metodologias e características peculiares
são divididas quanto aos meios e fins. Será apresentado no capítulo seguinte o conceito sobre
Pesquisa Quantitativa, tais como sua diferenciação da pesquisa qualitativa.
3. PESQUISA QUANTITATIVA
Richardson (2010), e Zetti (1996) afirmam que o método quantitativo tenta garantir
inicialmente a precisão de resultados e margem de segurança quanto às inferências. Michel
(2009) acrescenta que tal pesquisa surge do princípio de que tudo pode ser quantificável e que
informações e opiniões podem ser traduzidas em forma de números.
Poppoer (1972) corrobora com Michel (2009) e vai além: acrescenta que os resultados
da pesquisa quantitativa permitem verificar a ocorrência ou não das hipóteses iniciais.
Richardson (2010) evidencia as grandes diferenças entre à pesquisa qualitativa e a
quantitativa, que de acordo com o referido autor, baseiam-se na interação entre pesquisador e
objeto de estudo. Isso porque a pesquisa quantitativa muito raramente escuta o participante
após a coleta de dados. A fala de Serapione (2000) vai ao encontro da fala de Richardson
(2010), já que o autor propõe uma conceituação dessas duas perspectivas, conforme se observa
na tabela abaixo (Tabela 3).
Tabela 3: Métodos quantitativos e qualitativos
Métodos Quantitativos: positivismo
lógico
Métodos qualitativos: fenomenologia e
compreensão
• são orientados à busca da magnitude e das
causas dos fenômenos sociais, sem interesse
pela dimensão subjetiva e utilizam procedi-
mentos controlados;
• analisam o comportamento humano, do
ponto de vista do ator, utilizando a
observação naturalista e não controlada;
• são subjetivos e estão perto dos dados
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
55
• são objetivos e distantes dos dados
(perspectiva externa, outsider), orientados à
verificação e são hipotético-dedutivos;
• assumem uma realidade estática;
• são orientados aos resultados, são
replicáveis e generalizáveis.
(perspectiva de dentro, insider), orientados
ao descobrimento;
• são exploratórios, descritivos e indutivos;
• são orientados ao processo e assumem
uma realidade dinâmica; • são holísticos e
não generalizáveis.
Fonte: Serapione (2000, p. 191).
Como enfatizou Serapioni (2000), a metodologia quantitativa desconsidera a dimensão
subjetiva e geralmente, se utiliza de um procedimento controlável, assim como também
apresenta Zotu (1996).
De acordo com Richardson (2010, p.89), a pesquisa quantitativa é permeada por três
estágios sendo i) planejamento ii) coleta de dados iii) análise da informação que, com suas
características específicas, respondem e auxiliam etapas de sua pesquisa.
No planejamento da pesquisa, a utilização de um questionário prévio no momento da
observação ou entrevista pode contribuir para delimitar o problema estudado e a informação
coletada, permitindo identificar casos representativos ou não representativos em nível grupal
ou individual.
Na coleta de dados, o questionário prévio pode ajudar a evitar perguntas rotineiras e a
identificar características objetivas, como, por exemplo, geopolíticas de uma comunidade, que
podem influir no contexto da pesquisa.
Assim, como enfatiza Richardson (2010, p. 89) "Na análise da informação, as técnicas
estatísticas podem contribuir para verificar informações e reinterpretar observações
qualitativas, permitindo conclusões menos objetivas".
Para os autores Kauark, Manhães e Souza (2010), em sua obra intitulada “Metodologia
da Pesquisa - Um guia prático” uma pesquisa é quantitativa, quando a mesma pode ser
quantificável, traduzindo assim seu conteúdo em números, opiniões e informações para que
possam ser classificadas e posteriormente analisadas. Ainda para os autores, técnicas estatísticas
como percentual, média, moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação e análise de
regressão são necessários para tabulação dos dados coletados.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
56
Segundo Martins; Bicudo (1989, apud KAUARK; MANHÃES; SOUZA, 2010), o
processo de pesquisa quantitativa pode ser resumido em estudos que lidam com fatos, advento
de observação sistemática, delimitada e mensurável.
Atualmente, com as TICs, realizar uma pesquisa quantitativa se torna uma prática mais
ágil e eficiente. No próximo capítulo, será apresentado o ambiente Google Drive, em especial a
ferramenta “Formulários”, utilizada para elaboração, coleta, tabulação e geração de estatísticas
para uma pesquisa quantitativa.
4. SERVIÇO GOOGLE DRIVE SPREADSHEET - FORMULÁRIOS PARA
COLETAS,TABULAÇÕES, ESTATÍSTICAS E ESTÉTICA DE DADOS
Para acessar o ambiente de Formulários do Google Drive, é necessário possuir uma conta Google6
- conta esta que oferta diversos serviços na web. Após efetivar o login (entrar) no Google Drive,
estarão disponíveis serviços como criação de arquivos de texto, planilha, apresentação,
desenho e, dentre eles, a criação de formulários, muito utilizado em pesquisas, mas que antes
desta ferramenta, eram produzidas em papel. O ambiente ainda permite realizar upload e
download de diversos formatos de arquivos, organizar os diretórios, compartilhar
documentos/diretórios e sincronizar os documentos com dispositivos móveis.
A seguir, será apresentado como resultado dessa pesquisa a utilização do Google Drive
como coletas, tabulações e estéticas de dados utilizando a ferramenta SpreadSheet - Formulário.
Após acessar o ambiente através do endereço eletrônico drive.google.com e realizar o login,
será apresentado ao usuário uma interface amigável, de fácil usabilidade e navegação. Para criar
um documento novo de formulário, basta clicar no botão "Criar" localizado no lado esquerdo
superior da tela e selecionar a opção Formulário.
6 Empresa Norte-Americana que disponibiliza diversos serviços web. www.google.com.br
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
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Figura 01 - Criar novo documento Formulário Fonte: Google
Em seguida, o ambiente apresentará uma mensagem de boas vindas, quando for a
primeira vez que for utilizada, e será apresentada as principais funcionalidades da ferramenta,
dentre elas, destacam-se em forma de manual eletrônico as opções: 1. Crie - Crie formulários
rapidamente com atalhos do teclado e alterações salvas automaticamente; 2. Compartilhe -
Construa formulários com outras pessoas em tempo real; 3. Envie - Convide participantes para
responder por e-mail ou por redes sociais; 4 Análise - Envie as respostas para uma planilha
para realizar análises detalhadas.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
58
Figura 02 - Tela de boas vindas
Fonte: Google
A tela para construção de formulários web se torna fácil de utilizar, seu ambiente
possui características de menus similares a outras ferramentas de pacote Office. Todas as
inserções e alterações de dados são salvas automaticamente e ficam armazenadas na estrutura
da conta do usuário do Google Drive.
Figura 03 - Visão geral da ferramenta formulário
Fonte: Google
Durante a construção do formulário, se faz necessário definir e preencher os campos
“título do formulário” e a “descrição” do mesmo. Uma vez definido o título, se torna fácil
localizar o documento para visualização ou alteração do mesmo na estrutura do Google Drive. Já
o campo “descrição”, pode ser utilizado, por exemplo, como uma espécie de “carta ao
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
59
respondente” de sua pesquisa. Dessa forma, pode-se escrever sob a pretensão e objetivos da
pesquisa.
Na construção dos campos de perguntas, a ferramenta permite elaborar e utilizar
diferentes tipos de componentes, esses por sua vez, refletem diretamente na forma como as
perguntas são disponibilizadas para o usuário final. Ao construir uma pergunta, podem-se
utilizar os campos: “texto”; “texto parágrafo”; “múltipla escolha”; “caixa de seleção”; “escolha
de uma lista”; “escala”; “grade”. Outro fato importante é a possibilidade de definir as
perguntas como “campo obrigatório”, assim o respondente somente consegue avançar ou
concluir o questionário se responder todas as perguntas de cunho obrigatório destacados com
um asterisco na cor vermelha. A ordem sequencial das perguntas também pode ser alterada a
qualquer momento de edição, basta somente arrastá-las e posicioná-las na ordem correta. A
qualquer momento pode-se editar qualquer pergunta ou mesmo excluí-las.
Figura 04 - Escolha do tipo de pergunta a ser construída Fonte: Google
A pergunta deve ser elaborada utilizando o campo “Título” da pergunta. Além disso, é
possível descrever um texto auxiliar para maiores esclarecimentos ou para facilitar o
entendimento da pergunta no campo “Texto de ajuda”.
As perguntas construídas utilizando o tipo “Texto” permite que o respondente
preencha o campo livremente utilizando um pequeno espaço de área para resposta. Este
campo é ideal para utilizar como item de identificação, desta forma, o pesquisador pode-se
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
60
solicitar o e-mail do respondente para retornar os resultados obtidos com a pesquisa. A
pergunta pode se tornar campo obrigatório ao marcar a opção “Pergunta obrigatória”.
Figura 05 - Elaboração de pergunta utilizando campo Texto
Fonte: Google
Perguntas elaboradas utilizando o campo “Texto parágrafo” são ideais para respostas
abertas, em que serão considerados relatos ou experiências do respondente. Tanto a pergunta
“Texto” quanto “Texto parágrafo” não geram gráficos e estéticas, pois não trabalham com
dados quantificáveis.
Figura 06 - Elaboração de pergunta utilizando campo Texto parágrafo
Fonte: Google
A elaboração de perguntas utilizando o campo “Múltipla escolha” permite ao
respondente marcar somente uma opção como resposta. Já ao pesquisador, este pode
adicionar quantas opções achar necessária. O campo pode ser utilizado, por exemplo, com
perguntas do tipo: "Qual seu sexo", "Qual a faixa etária que pertence" ou "Quantas horas
diárias você dedica à pesquisa".
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
61
Figura 07 - Elaboração de pergunta utilizando campo Múltipla escolha
Fonte: Google
A construção de uma pergunta do tipo “Caixa de Seleção” permite ao respondente
marcar mais de uma opção como resposta, porém, o resultado em percentual ultrapassa o
totalizador de 100% devido ao fato de que vários usuários podem marcar várias opções como
resposta. O tipo de pergunta se torna ideal do tipo: "Quais os tipos de pesquisas que costuma
realizar?" tendo como opções de respostas "Bibliografia Histórica Documental Descritiva
Experimental". O pesquisador pode adicionar, editar ou excluir quantas opções achar
necessárias.
Figura 08 - Elaboração de pergunta utilizando campo Caixa de seleção Fonte: Google
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
62
A opção “escolha” de uma lista permite ao respondente marcar somente uma opção
como resposta. A mesma apresenta valores preenchidos pelo pesquisador e se torna ideal
quanto o quantitativo de opções para resposta é muito grande. Por exemplo: "Em qual estado
brasileiro reside? ".
Figura 09 - Elaboração de pergunta utilizando campo Escolha de uma lista Fonte: Google
O tipo de pergunta “Escala” permite ao pesquisador adicionar opções de intervalos,
notas ou escalas para determinado tipo de pergunta na qual o respondente pode variar sua
resposta de acordo com um conceito pré-estabelecido. Exemplificando, "O que acha do
artigo?", variando uma escala de 1 a 5, sendo 1 para bom e 5 para excelente.
Figura 10 - Elaboração de pergunta utilizando campo Escala Fonte: Google
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
63
Já a elaboração de questionários utilizando o tipo de pergunta “Grade”, possibilita o
respondente marcar várias opções de respostas fazendo um cruzamento entre linhas e colunas
disponibilizadas pelo pesquisador. Por exemplo: "Quantos artigos foram publicados no ano de
2010: ( ) menos de 5 ( ) menos de 10 ( ) acima de 10; 2011: ( ) menos de 5 ( ) menos de 10 ( )
acima de 10; 2012 ( ) menos de 5 ( ) menos de 10 ( ) acima de 10?
Figura 11 - Elaboração de pergunta utilizando campo Grade Fonte: Google O formulário permite ao pesquisador adicionar quantas perguntas forem necessárias,
independente do tipo. À medida que tal necessidade apareça, basta clicar no botão “adicionar
novo item”.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
64
Figura 12 - Adicionar um novo item
Fonte: Google
Além disso, para que determinado questionário não fique extenso, pode ser inserida
quebra de páginas por determinado assunto, por exemplo. Para cada sessão do formulário, o
pesquisador pode preencher um novo cabeçalho identificando aquela sessão.
Por fim, se faz necessário preencher uma página de confirmação em que o respondente
visualizará a mensagem ao completar a pesquisa. Neste momento, o pesquisador pode ativar
ou desativar três caixas: “Mostrar link para enviar outra resposta”; “Publicar e mostrar um link
para os resultados deste formulário”; “Permitir que os participantes editem as respostas após o
envio”.
Figura 13 - Página de confirmação Fonte: Google
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
65
A todo o momento no processo de construção ou edição do formulário, o pesquisador
pode visualizar como o formulário ficará disponível na Web. Para isso, basta clicar na opção de
menu “Visualizar” > “Formulário publicado”.
Mediante ao término da construção ou edição do formulário de pesquisa, utilizando o
serviço Google Drive, pode-se realizar a divulgação do questionário nas Redes Sociais Digitais
Google+, Facebook e ou Twitter ou através do serviço de correio eletrônico Gmail para que
os respondentes possam participar. Desta forma, o pesquisador deve clicar no botão destacado
ao final do formulário chamado “Enviar formulário”.7
Figura 14 - Configurações de compartilhamento Fonte: Google
Consequentemente, após o prazo de aplicação do formulário de pesquisa científica
determinado pelo pesquisador, o mesmo pode acessar, mesmo antes do término, o resumo das
respostas. Este apresenta um resumo de todas as respostas separadas pelas perguntas que é
visualizado em forma de dados, gráficos e estatísticos em porcentagens. Para isso, basta clicar
no menu “Respostas” > “Resumo das respostas”.
A modalidade de gráfico de pizza apresenta os resultados em forma de imagem,
juntamente com as respostas e a respectiva qualidade de opções marcadas pelos respondentes.
Além disso, apresenta o percentual de cada resposta. Este gráfico é utilizado no tipo de
pergunta de Múltipla escolha.
7 Formulário utilizado para produção desse artigo científico está disponível através do link: <https://docs.google.com/forms/d/1x76q7F3iQtW7LNwqz4BvvFFwrlJe01ZSqHZ-p6p5xWw/edit?usp=sharing >
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
66
Figura 15 - Gráfico Pizza Fonte: Google
Os resultados apresentados utilizando “Caixas de seleção” apresentam os resultados
utilizando gráfico de linhas, tais como as opções e quantidades de respostas, além do
percentual.
Figura 16 - Gráfico de Linhas
Fonte: Google
Já a apresentação dos resultados em colunas, são exibidos para perguntas do tipo
“Escolha de lista” que apresentam como dados a quantidade de opções marcadas e o
percentual. 8
8 Para visualizar todas as respostas do exemplo deste artigo, acesse o link: <https://docs.google.com/forms/d/1x76q7F3iQtW7LNwqz4BvvFFwrlJe01ZSqHZ-p6p5xWw/viewanalytics>
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
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Figura 17 - Gráfico de Colunas
Fonte: Google
Para o pesquisador fazer cruzamento de dados, o mesmo ainda pode ter acesso a uma
planilha com todos os dados cadastrados e fazer os cálculos estatísticos de forma manual. Para
isso, o proprietário do formulário deve clicar no menu “Respostas > Ver respostas”.
Figura 18 - Planilha de Coleta de Dados – Respostas Fonte: Google
5. DISCUSSÃO
Dentre os tipos e características apresentados sobre pesquisas, quanto aos meios e aos
fins, abordados pela autora Michel (2009), especificada no capítulo dois, e quanto às
características de pesquisas quantitativas apresentadas no capítulo três, realizou-se a descrição
do ambiente Google Drive e a ferramenta Formulários, no qual percebeu que todos as
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
68
ferramentas desse meio tecnológico podem ser utilizadas na construção de um instrumento de
coleta de dados, além de auxiliar no tratamento dos dados pelo pesquisador.
Destaca-se que, mesmo sendo um meio tecnológico que possibilita obtenção de dados
numéricos para uma pesquisa quantitativa, quando a pesquisa possui características
Bibliográficas, sugere-se o uso da ferramenta “Formulários” com perguntas abertas utilizando
“Texto Parágrafo”. Mesmo que não haja dados numerais para estatísticas e não atenda as
especificações de uma Pesquisa Quantitativa, as informações registradas ou mesmo relatas
contribuem para uma pesquisa científica.
Referente à Pesquisa Teórica, que busca discutir teorias existentes, pode-se desenvolver
um formulário utilizando os campos Caixa de Seleção, por exemplo, para comparação de
autores; Múltiplas Caixas para dados estipulados; Perguntas abertas para coleta de opiniões.
Por fim, a ferramenta Escala também se adéqua a esse tipo de pesquisa, podendo realizar uma
pesquisa de grau de escala ou por determinada preferência.
A Pesquisa Prática ou Experimental, que envolve testes práticos com base nas teorias
estudadas, pode ser utilizada como ambiente de registro das informações ou resultados
parciais/finais de um grupo específico que esteja participando direta ou indiretamente da
pesquisa. Todas as funcionalidades da ferramenta Formulários podem ser utilizadas nessa
pesquisa.
Já a Pesquisa de Campo, que tem como objetivo observar e criticar a vida real com
base nas teorias abordadas se limita ao meio externo, sendo um pouco inviável a utilização de
um ambiente virtual. Porém, a pesquisa pode ser elaborada no Google Drive, posteriormente
impressa e levada para campo. Após coleta de dados manual, os mesmos podem ser
cadastrados pelo pesquisador no ambiente, possibilitando assim, todos os benefícios como
geração de gráficos e percentuais. Caso contrário, a pesquisa também pode ir a campo
utilizando recursos tecnológicos como notebook's, tablet's ou celulares com acesso à internet
para recolhimento de dados.
A Pesquisa Empírica, que manipula dados e fatos concretos em sua essência, trabalha
resultados quantitativos. Sugeri-se a criação de perguntas com características fechadas. Dessa
forma, os campos “Grade”, “Escala”, “Escolha de Lista” e “Múltiplas Caixas” são as opções
ideais, pois, além da coleta de dados, apresenta resultados gráficos e estatísticos.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
69
De acordo com a Pesquisa-Ação, por tratar em uma ação para resolução de problemas
coletivos, as ferramentas de cunho fechado serão as mais ideais para alcançar determinado
objetivo.
De acordo com os conceitos apresentados sobre Pesquisa Básica, voltada para
descoberta de fenômenos naturais e físicos; Pesquisa Aplicada, que utiliza dos dados da
Pesquisa Básica a fim de transformar conhecimento em melhoria na qualidade de vida da
humanidade; Pesquisa de Inovação Tecnológica que utiliza conhecimentos resultantes das
pesquisas básicas e aplicada para interesses tecnológicos e a Pesquisa Descritiva, que propõe a
verificar e explicar problemas, fatos ou fenômenos da vida real, possibilita utilizar todas as
ferramentas disponibilizadas na ferramenta Formulário do ambiente Google Drive.
Independentemente do tipo de pesquisa a ser realizado utilizando as TICs como o
ambiente Google Drive, especificamente a ferramenta Formulário, estatísticas e dados
armazenados estarão disponíveis a qualquer momento para os pesquisadores. Todos os
campos e funcionalidades podem ser utilizados, desde perguntas abertas para coleta de relatos
ou perguntas fechadas utilizando diferentes opções para determinada coleta de dados.
Com base nos conceitos teóricos abordados sobre Metodologia da Pesquisa Científica,
percebe-se um vasto número e diferentes tipos e estruturas de pesquisas, possibilitando assim,
ao pesquisador, encontrar a melhor solução sobre qual modelo de pesquisa irá utilizar para
solução de determinado problema abordado na metodologia. A resolução PJR/JL - Resolução
CFE nº 05/83 – de 10/03/83, segue como marco incentivador para que as Instituições de
Ensino Superior, especificamente pós-graduação Stricto sensu atendendo às exigências do
MEC - Ministério da Educação para o devido funcionamento e credenciamento de cursos,
venham a produzir mais e mais pesquisas científicas, ampliando o potencial de produção como
o conhecimento sobre um objeto de estudo, seja ele de qual área do conhecimento for.
Sobre a Pesquisa Quantitativa, constatou-se que refere-se a uma pesquisa em que o
objetivo é quantificar dados. Dessa forma, informações podem ser traduzidas em números nos
quais para obter resultados consideráveis e cruzamento de informações, faz-se necessário ao
pesquisador. Como característica dessa modalidade de pesquisa, destaca-se a necessidade de
conhecimento sobre estatística e de algumas de suas subdivisões, por exemplo: percentual,
média, moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação e análise de regressão para a
tabulação de dados coletados. Tais dados coletados permitem ao pesquisador verificar a
ocorrência ou não da hipótese da pesquisa.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
70
O ambiente Google Drive, utilizando a ferramenta “Formulário”, possibilita ao
pesquisador realizar coletas de dados de forma ágil, eficiente e fácil, quebrando assim,
paradigmas de tempo, espaço geográfico, mão de obra e reduzindo ao mínimo taxa de erros ao
se tratar de Pesquisa Quantitativa. Cabe ao pesquisador elaborar um questionário com
perguntas fechadas e de bom entendimento para o pesquisado.
Além dos benefícios citados, a ferramenta “Formulário” permite ao pesquisador em
uma interface amigável e sem muitos esforços, ter acesso aos dados, gráficos e percentuais que
são gerados de forma automática, sem necessariamente ter que realizar os gráficos e
porcentagens de forma manual, agilizando assim o processo de pesquisa. A qualquer momento,
mesmo durante a pesquisa, o pesquisador pode acompanhar os resultados tendo acesso aos
dados, gráficos e percentuais de cada pergunta.
Em contra partida, pontos negativos também podem ser apresentados na utilização da
ferramenta “Formulário”, por exemplo, se a amostragem da pesquisa envolver pessoas que não
possuem acesso à internet ou mesmo conhecimento para operacionar um dispositivo
tecnológico. Dessa forma, cabe ao pesquisador realizar um trabalho manual, desde a coleta de
dados por meio de formulários impressos até ao cadastro fidedigno dos dados, para assim,
posteriormente ter acesso aos gráficos e percentuais.
De fato, o uso da ferramenta “Formulário” possibilita ao pesquisador, dentre seus
objetivos e metodologia planejada, coletar, tabular, gerar estatísticas e gráficos de forma ágil e
eficiente na elaboração de artigos científicos. Especificamente, quando utilizada a metodologia
baseada em Pesquisas Quantitativas, resulta-se em um aproveitamento maior que os outros
tipos de pesquisas.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
71
REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Educação. Resolução CFE nº 05/83. Fixa normas de
funcionamento e credenciamento dos cursos de pós-graduação stricto sensu. Brasília,
1983.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1994.
KAUARK, Fabiana Silva da; MANHÃES, Fernanda Castro. SOUZA, Carlos Henrique
Medeiros de. Metodologia da Pesquisa. Um Guia Prático. Edição 1, Itabuna - BA, Via
Litterarum Editora, 2010, 100p.
MARQUES, Mario Osório. Escrever é preciso: o princípio da pesquisa. 3 ed. Unijuí: Ed.
UNIJUÍ, 2000.
MAZZOTTI, Alda Judith Alves; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O Método nas
Ciências Naturais e Sociais: Pesquisa Quantitativa e Qualitativa. São Paulo: Pioneira
Thomson Leaning, 1999.
MICHEL, Maria Helena. Metodologia e Pesquisa Científica em Ciências. 2 ed. São Paulo:
Atlas, 2009.
RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: Métodos e Técnicas. 3 ed. 11 reimpr. São
Paulo: Atlas, 2010.
SERAPIONI, Mauro. Métodos qualitativos e quantitativos na pesquisa social em
saúde: algumas estratégias para a integração. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2000, vol.5, n.1,
pp. 187-192. ISSN 1413-8123. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csc/v5n1/7089
.pdf >. Acesso em: 24 abr. 2013.
/
CAPÍ TU
LO04
PAISAGEM, MEMÓRIA E IDENTIDADE:AS CASAS DOS IMIGRANTES JAPONESES COMO
SÍMBOLO DO LUGAR E DE REPRESENTAÇÃOESPACIAL NO MUNICÍPIO DE REGISTRO-SP
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
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PAISAGEM, MEMÓRIA E IDENTIDADE: AS CASAS DOS
IMIGRANTES JAPONESES COMO SÍMBOLO DO LUGAR E DE
REPRESENTAÇÃO ESPACIAL NO MUNICÍPIO DE REGISTRO-SP
Alessandro Aoki
Há pouco mais de cem anos atrás, um novo contingente étnico pisava no território
brasileiro, cujos traços físicos e costumes divergiam radicalmente, assim era a raça japonesa.
No ano de 2008, completou cem anos de imigração japonesa no Brasil e várias festividades
foram realizadas para comemorar essa passagem, que carrega uma bagagem contendo uma
infinidade de acontecimentos históricos, marcados pela organização, disciplina e trabalho.
A saga do imigrante japonês no Brasil irá ganhar maior destaque no cenário das
colonizações, que ocorreram alguns anos após o fracasso das primeiras imigrações. Com a
colonização, os imigrantes ganharam suporte da companhia de terras japonesa, que foram
responsáveis pela organização e fornecimento de infraestrutura necessária para que o imigrante
se fixasse na nova terra.
O palco dessa colonização foi a região do vale do Ribeira, localizado a sudeste do
estado de São Paulo, que recebeu os primeiros imigrantes japoneses. Foi o ponto de partida
para a disseminação e criação de uma identidade brasileira.
Essa distribuição da população japonesa pelo território contribuiu com o passar dos
anos para que novos elementos culturais fossem introduzidos e passados por gerações por
intermédio dos descendentes. Esse fato imprimiu uma paisagem cultural à luz da permanência
e das atividades desenvolvidas ao longo de um século.
A paisagem resulta dessa interação do imigrante japonês com o seu habitat, que além
de tudo é também representativo, pois contém elementos marcantes que remetem aos
acontecimentos passados e refletem a atual configuração espacial.
Visando as questões relacionadas com a representação cultural por meio de um
contingente de imigrantes japoneses é que se propõe o presente trabalho, buscando uma
análise reflexiva sobre a construção identitária ao longo dos anos que foi responsável por criar
um conjunto de valores expressos por meio das experiências vivenciadas por esses. Para isso,
resgatamos as antigas casas dos japoneses como meio de expressar as relações que esse grupo
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
74
tem com o lugar em que vive e constitui um habitat carregado de representações no espaço e
tempo.
2. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES: DO LUGAR À CONSTRUÇÃO DA PAISAGEM
CULTURAL
É por meio dos princípios que norteiam o conceito de lugar nos estudos geográficos,
que se tem um conjunto de relações que envolvem os laços afetivos, sentimentais, ou seja, as
vivências desse grupo de imigrantes determinarão um conjunto de valores e significados
únicos.
É dessa dimensão de lugar que os indivíduos se familiarizam, pois seu significado
remete ao pertencer, tem todo um significado pessoal e entre pessoas, sejam elas vizinhas,
familiares, ou mesmo uma sociedade.
Sobre o aspecto do lugar como espaço de significados é que Mendes (2008, p.140) faz a
seguinte colocação:
O lugar é um produto das relações humanas e entre o ser humano e a
natureza, construído por relações sociais que se realizam no plano
vivido, o que garante a construção de uma rede de significados e
sentidos que são produzidos pela história e pela cultura de uma dada
sociedade, constituindo identidade, uma vez que é nesse espaço onde
o homem se reconhece porque é o lugar da vida.
O pertencer ou fazer parte de algum lugar possui valores expressados por meio de
símbolos representados em abstrações, exaltando assim o sentimento, e a outros grupos, que a
partir do aspecto visual reconhecem diferentes culturas.
Ainda que no plano fenomenológico os símbolos sejam uma forma de expressar
sentimentos, valores pessoais, ou em grupo num dado lugar, são também representações
passíveis de visualização, pois podem ser percebidos aos olhares de qualquer pessoa. Por
exemplo, quando avistamos uma cerimônia de um grupo religioso, ou mesmo o estilo
arquitetônico das casas voltado à etnia oriental, subentendendo as origens, são representações
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
75
de suma importância, pois adquirem valores maiores que o material, torna-se sentimental
transcendendo os sentidos.
Tuan (1980) assinala a importância dos sentidos na percepção para o reconhecimento
dos elementos constituintes do meio ambiente, valorizando a visão como sentido mais
importante para o homem uma vez que permite maiores detalhes do foco em vista.
Dos cinco sentidos tradicionais, o homem depende mais
conscientemente da visão do que dos demais sentidos para progredir
no mundo. Ele é predominantemente um animal visual. Um mundo
mais amplo se abre e muito mais informação, que é espacialmente
detalhada e específica, chega até ele através dos olhos, do que através
dos sistemas sensoriais da audição, olfato, paladar e tato. A maioria
das pessoas, provavelmente considera a visão como sua faculdade
mais valiosa e preferiria perder uma perna ou tornar-se surda ou muda
a sacrificar a visão (TUAN, 1980, p.7).
Seja visual ou subjetiva a construção do lugar, o importante é que os valores são
expressos pelo conjunto de atividades de certo grupo de indivíduos que ao longo do tempo
conseguem transmitir toda a experiência acumulada às próximas gerações, e consequentemente
as marcas deixadas continuam e as que estão sendo construídas tornam-se complementares,
dando um sentido de produção e reprodução espacial.
O lugar torna-se uma representação espacial de um grupo por meio do modo de vida
que exerce, construindo uma rede de relações com o meio ambiente, envolvendo a sociedade e
natureza.
Desta interação é que se resulta a paisagem, contendo uma infinidade de traços num
determinado espaço, e que o tempo é responsável pelas transformações do ambiente.
Quando se fala em paisagem, não limitamos apenas as características visíveis, mas
também as perceptíveis, pois os elementos que os constituem possuem representações além do
campo material, que muitas vezes são reconhecidos apenas pelos grupos que têm relação direta
com esse meio.
O que seriam essas características visíveis numa paisagem? Para a Geografia, partindo
da individualidade dos objetos observados, podem ser considerados os elementos naturais,
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
76
como o solo, o clima, a vegetação predominante, o tipo de rocha. E também os fatores que
representam as atividades humanas, como o trabalho, a economia, a política etc. E quais seriam
as características perceptivas? Podem ser considerados os modos de vida de diferentes grupos
sociais, o que envolve os aspectos culturais, como a religião, as tradições, as cerimônias
festivas, as técnicas empregadas no trabalho etc. Contudo, são imagens que acarretam valores
para quem está envolvido nesse meio, para o observador, muitas vezes, não há tal importância,
pois lhe falta a experiência da vivência.
Portanto, para analisar a paisagem total é necessário fazer as correlações dos diferentes
elementos que a compõe, pois há elementos contidos que são decisivos para diferenciar de
outras paisagens, uma vez que muitas características podem ser comuns a outras.
Para isso partimos do pressuposto das imigrações japonesas no Brasil como fator
constitutivo de relações sociais de um grupo étnico que se consolidou à luz da organização do
trabalho, e que imprimiu com o passar dos anos uma paisagem tipicamente oriental na região
do vale do Ribeira, sudeste do estado de São Paulo.
3. O PROCESSO MIGRATÓRIO: A SAGA DOS JAPONESES EM TERRAS
BRASILEIRAS
O ponto de partida para a entrada dos nipônicos ao Brasil estava num acordo assumido
entre os dois países, sendo que o Brasil assumiria toda a despesa de viagem, em contrapartida
os imigrantes japoneses teriam que cumprir um contrato de trabalho nas fazendas. Esta
situação é ilustrada com detalhes por Sakurai (2000, p.208), afirmando que:
Para dar início oficial à imigração japonesa para o Brasil, acerta-se que
o governo brasileiro pagaria a passagem de terceira classe em navios
que partem do porto de Kobe para o de Santos, em São Paulo. As
despesas de viagem são repassadas aos fazendeiros que depois as
deduzem do pagamento dos trabalhadores. O acordo inclui ainda as
condições para a imigração de japoneses: a vinda de famílias com pelo
menos três pessoas aptas para o trabalho, não importa o sexo e a
idade, e o contrato como colono numa fazenda de café pelo período
de dois anos. É uma relação de trabalho assalariado, com a
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
77
particularidade do colonato paulista da época do café, que permite o
cultivo de culturas intercalares como as do milho e feijão, cujo
excedente pode ser comercializado pelo imigrante. O destino das
famílias japonesas já estava estabelecido antes da saída do Japão: é
uma agricultura no interior do estado de São Paulo.
Há de se ressaltar que antes de se realizar a viagem para o Brasil, havia alguns
problemas, tais como das despesas do navio, apesar de serem reembolsadas posteriormente
pelo governo brasileiro, e outra, pela dificuldade de encontrar pessoas dispostas a emigrar.
A companhia imperial de emigração e imigração, a chamada Koukoku Shokumin
Gaisha, uma empresa a serviço do governo japonês, foi a responsável pelos acordos com o
governo brasileiro, se comprometendo com o envio dos futuros trabalhadores na lavoura do
café. Apesar de todos os trâmites já estarem acertados entre os dois países, a companhia
imperial de emigração e imigração, liderada pelo então presidente Ryu Mizuno, enfrentou
dificuldades para emigrar.
Estava difícil recrutar famílias dispostas a se aventurarem em terras desconhecidas e a
única solução foi fazer arranjos entre familiares ou parentescos distantes, pois já não havia mais
tempo, devido à data já estabelecida. Segundo Dezem (2006, p.6):
A dificuldade das companhias de emigração em arregimentar famílias
legítimas, levou a formação de “famílias compostas”, formadas na
maior parte das vezes por elementos que não possuíam laços
consangüíneos; muitas famílias possuíam grau de parentesco distante
ou agregados.
Outra situação ocorreu em relação à liberação do navio Kasato Maru, que só poderia
embarcar mediante o pagamento em dinheiro no valor de 100 mil ienes para a seção de
emigração do ministério das relações exteriores. Esse fato gerou a insatisfação de muitos
japoneses já prontos para seguir viagem, o que causou mais preocupação para a companhia.
Mizuno não conseguiu de imediato adquirir o valor integral, porém obteve êxito em
seu ideal, pois adquiriram, por meio do empréstimo da viúva do Barão japonês, a metade do
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
78
valor exigido (50 mil ienes), o qual foi somado aos 30 mil ienes retirados do cofre que estava
no navio, dinheiro que eram dos emigrantes, que foi solicitado por motivos de urgência.
Somente, então, em abril de 1908, Mizuno consegue a liberação do navio com o
pagamento de 80 mil ienes, que foi conseguido graças à interferência e cooperação do então
deputado japonês Doi, que tornou possível a viagem que se deu pelo embarque no Porto de
Kobe, com 11 dias de atraso, partindo no dia 28 de abril de 1908, e chegando ao Porto de
Santos em 18 de junho de 1908, conforme ilustra a figura a seguir.
Figura 1- Rota da Viagem Fonte: <http://images.google.com.br>
As famílias que compunham a tripulação eram oriundas de diferentes regiões do Japão,
e o maior contingente eram os pertencentes à ilha de Okinawa, ao Sul do país, conforme o
quadro 1.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
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N° Pessoas Províncias de Origem
324 Okinawa
172 Kagoshima
78 Kumamoto
42 Hiroshima
30 Yamaguchi
21 Aichi
14 Kochi
10 Miyaqi
09 Niigata
03 Tóquio
78 Não divulgados
Total - 781
Quadro 1- número de imigrantes e seus respectivos locais de origem Fonte: adaptado Rezende (1991)
Contudo, a viagem teve uma longa duração passando pelos continentes Asiático e
Africano até que chegasse ao Brasil, trazendo num total de 158 famílias, dentro do perfil
exigido pelo governo brasileiro de no máximo três pessoas por família aptas para o trabalho.
Essa exigência por parte do governo brasileiro já era anterior, remetia ao tempo das emigrações
italianas.
De acordo com Sakurai (2000, p.208):
A exigência da imigração familiar é decorrência da experiência anterior
com os imigrantes italianos, vindos também para os cafezais de São
Paulo. As fugas das fazendas e, portanto o não cumprimento do
contrato significa prejuízos para os fazendeiros, que querem evitar a
repetição da experiência com os italianos. A imigração em família é
entendida por eles como um fator de retenção e de não abandono do
contrato.
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Apesar dos fazendeiros paulistas crerem que essa nova modalidade de imigração, por
meio da convocação por famílias, os prenderia ao trabalho, estava equivocado, pois como já
dito anteriormente, para o governo japonês sua população iria ser seu representante no
exterior, o que leva consequentemente a acreditar que sua emigração ao Brasil faria desse um
morador permanente. Porém, a ideia do imigrante era de regressar a sua terra natal com a
economia que poderiam fazer ao longo dos anos com as atividades que viessem a exercer no
Brasil.
Resumidamente, aconteceu que antes mesmo de embarcarem a bordo do Kasato Maru,
os japoneses firmaram acordo com a empresa imperial de emigração e imigração, no qual
previa um contrato de seis meses. Contudo, ao chegar ao Brasil, havia outro contrato
estabelecendo sua permanência na lavoura de café em troca da amortização das despesas de
viagem. Porém, toda a economia dos imigrantes estava depositada na companhia japonesa de
imigração, que por sua vez custeou a viagem. É nesse momento que gera preocupações por
parte dos japoneses, pois a empresa estava falida, e esses valores depositados serviriam para o
sustento no período inicial do trabalho. Enfim, os valores não foram repassados pela
companhia segundo a afirmação de Mizuno, responsável pela embarcação.
Os imigrantes perceberam que foram enganados pela companhia japonesa, situação
que gerou inquietações e revoltas, e até suicídio de uma pessoa durante a viagem. Portanto,
uma vez já em terras brasileiras não podiam mais regressar, o caminho foi dirigirem-se às
fazendas, onde deu início ao trabalho nos cafezais.
Não só o fato já citado foi um impacto aos imigrantes, pois ainda tinham que viver
numa terra de adversidades, tanto no meio físico como no meio humano. Para Sakurai (2000,
p.210),
As reações dos japoneses perante o Brasil é de total estranhamento a
tudo que os rodeia. O clima, a língua, a alimentação e, sobretudo, as
condições de trabalho provocam nesses imigrantes uma desilusão,
especialmente sobre o sonho de retorno.
Essas hostilidades levaram a não assimilação, trazendo problemas em adaptar-se ao
território brasileiro, a esse fato uma série de consequências negativas viriam fazendo com que
cada vez mais o imigrante japonês ficasse isolado pelo preconceito, sentindo-se inferior.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
81
Para a grande maioria, esse sentimento gera um estado de profunda
angústia. A predisposição desses imigrantes de abrir mão daquilo que
consideravam importante no Japão, não significava que estivessem a
salvo de uma angustiante depressão, provocada por uma série de
fatores, a cada confronto com a sociedade receptora. Seria o caso de
certas restrições quanto à naturalização e aquisição de cidadania, da
escolha ocupacional, diferenças e obstáculos provenientes de sua
língua, suas religiões, seu modus-vivendi, isso sem mencionar os
chamados movimentos antijaponeses (TSUKAMOTO, 1973, p.25).
A mentalidade do imigrante, assim como foi em outros países que se deslocaram, era
de retorno assim que conseguisse cumprir seu objetivo de juntar um valor considerável,
objetivo esse que era diferente aos propósitos da companhia e do governo japonês, que era de
colonizar construindo um habitat permanente.
Diante da realidade contrária, teriam que conviver com todo o problema da falta de
dinheiro e o preconceito por serem apenas substitutos dos europeus, teriam que ficar nas mãos
dos fazendeiros, esses por sua vez, cientes da situação, fariam de tudo para mantê-los o
máximo possível no trabalho. Assim, as condições de trabalho nas fazendas de café não
permitiram a poupança que se esperava na chegada (SAKURAI, 2000, p.211). E isso foi cada
vez mais frustrando os imigrantes, que culminou em revoltas e muitos fugiram das fazendas,
pois suas dívidas nunca eram quitadas apesar de todo o empenho no trabalho, sendo
considerado um modelo de imigrante (MARTINS, 1973, p.27).
Contudo, a imigração de 1908 foi carregada de muitos erros de ambos os países, o
Japão, por ter confiado a imigração a uma companhia falida e sem estrutura organizacional, e
do outro, o Brasil, que não estava preparado para receber imigrantes tão diferentes em todos
os sentidos: físico e cultural, que acabou gerando preconceitos, pois eram mal vistos pelas
elites, sendo apenas um recurso de mão de obra em substituição aos europeus, esses que eram
preferidos devido à política de branqueamento da população. Enfim, aliado às condições
precárias que passavam nas fazendas, e às dificuldades impostas pelos fazendeiros quanto ao
salário, fizeram com que os nipônicos se evadissem do trabalho, se dispersando por outras
regiões. Foram resultados negativos para os dois países que só retomaram as imigrações dois
anos depois em 1910.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
82
Uma nova imigração ocorrerá sob a tutela de uma empresa, a qual será fiscalizada pelo
governo japonês, nos moldes de colonização para povoamento, que será o primeiro passo para
a formação da identidade cultural japonesa no Brasil, que diferente dos tempos de imigração,
os japoneses mudarão sua mentalidade, deixarão de pensar em retornar ao Japão.
3. O PROCESSO DE COLONIZAÇÃO E FORMAÇÃO DA IDENTIDADE
JAPONESA EM REGISTRO
A colonização foi uma nova alternativa do governo japonês em povoar as terras
brasileiras, após o fracasso com as primeiras imigrações que deixaram uma má impressão para
os fazendeiros de café.
Novamente é realizado um acordo entre os dois países, fato que foi favorecido porque
na época ocorria a Primeira Guerra Mundial e envolvia a Itália, um país que o Brasil tinha
preferência pelos imigrantes devido à política de branqueamento da população.
Essa nova etapa do movimento migratório japonês ao Brasil teve como lugar escolhido
a região do Vale do Ribeira, pouco povoada que oferecia condições naturais para se concretizar
os planos do governo japonês e assim dar início ao povoamento que já vinha almejando há
anos.
O núcleo de colonização em Registro surge em 1914, com a concessão de mais porções
de terras pelo município de Iguape, no qual se instalou algumas poucas famílias, ainda em fase
de estruturação.
Seis anos mais tarde, em 1918, foi criada a K.K.K.K. (Kaigai Kogyo
Kabushiki Kaisha) Companhia Ultramarina de Empreendimentos
S.A., filial da Companhia Imperial, que passou a ser responsável direta
pela colonização da região. Nascia, assim, a experiência da colonização
nipônica na região, que diferia totalmente das experiências anteriores,
na medida em que surgiu com apoio governamental e,
fundamentalmente, sob a coordenação de uma organização poderosa
como a Companhia Imperial (BRAGA, 1999, p.64).
A K.K.K.K. escolheu Registro como sua sede administrativa, pois estrategicamente o
local oferecia condições naturais favoráveis para a navegação através do leito fluvial do rio
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
83
Ribeira de Iguape. Dessa forma, construíram um Porto Fluvial e um conjunto de Galpões, no
qual incluía a maior fábrica de beneficiamento de arroz da América Latina (HANDA, 1987,
p.346).
Segue a figura ilustrando a chegada de embarcações ao Porto fluvial do K.K.K.K. em
Registro por volta de 1920.
Foto 1- Porto Fluvial de Registro Fonte: Álbum Colônia Iguape, 1933
A função que a Companhia assumiu limitava-se a organizar todo um amparo às famílias
recém-chegadas e às já assentadas, fornecendo desde loteamentos rurais, assistência médica e
profissional, até a comercialização da produção gerada pelas famílias que se destinavam ao
trabalho na lavoura.
A Kaigai orientou a colonização de forma mais completa possível.
Além de responsável pelo loteamento das terras, introduziu famílias de
agricultores e promoveu a distribuição de lotes por venda. Prestou
assistência contínua aos colonos nos primeiros anos de sua estada na
região, preocupando-se para que encontrassem condições de trabalho
satisfatórias no novo ambiente e, também, para que a eventual
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
84
produção das colônias pudesse encontrar escoamento e mercados
(PETRONE, 1966, p.156).
Além dessas medidas estruturais citadas acima, tomadas pela empresa, outras mais
serão realizadas, como abertura de caminhos vicinais, ligando as colônias e as estradas que
interligariam cidades entre outras.
Numa região despovoada como o vale do Ribeira, onde se localizam
essas colônias, a presença dos japoneses se fez notar por benfeitorias,
como estradas de rodagem, construídas com recursos e sob a
responsabilidade da companhia. A mais importante, de 34 quilômetros
de extensão, liga Registro a Juquiá, sem contar as estradas entre as
colônias e o porto de Registro. Como se pode perceber, esse núcleo
colonial é organizado de forma a tirar o máximo proveito dos recursos
humanos e ambientais, com o claro objetivo de compatibilizar o
espírito comunitário com o caráter de empreendimento empresarial
com fins lucrativos (SAKURAI, 2000, p.224).
Contudo, a organização da companhia foi de grande êxito, conseguiu fixar muitas
famílias, dando início ao processo de povoamento tutelado na baixada do Ribeira, conforme
previsto nos planos do governo japonês.
O único caso em que se verificou formação de verdadeira comunidade é
o caso das colônias japonesas, as mais homogêneas e melhor
organizadas e orientadas. Tal fato se deve a organização da companhia
ultramarina de Empreendimentos, o KKKK (Kaigai Kogyo Kabushiki
Kaisha), que em acordo com o governo Paulista, recebeu terras para
que se iniciasse o processo de povoamento (PETRONE, 1966, p.114).
De fato o plano da companhia deu certo, e assim o Brasil continuaria a receber novas
imigrações, e seria em meados dos anos 1920 que iriam ocorrer os maiores fluxos de caráter
permanente.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
85
5. REPRESENTAÇÃO ESPACIAL DAS CASAS DOS IMIGRANTES JAPONESES
A casa tem um valor memorável para a cultura japonesa, pois traz lembranças de um
passado que foi construído por um pequeno contingente étnico que viria ao Brasil com
intenções de permanecer provisoriamente, até que conseguisse a economia almejada para
retornar. Esse objetivo temporário tornou-se permanente, e assim se deu início à constituição
de uma nova identidade.
A casa é também um lugar, pois existiu uma relação social firmado nos princípios de
união e amizade, cuja organização do trabalho se fez nos moldes cooperativistas, beneficiando
o grupo envolvido. Dessa forma, representou não só as relações sociais, mas também
econômicas e políticas, pois as atividades desenvolvidas ao longo dos anos garantiram aos
nipônicos um status de reconhecimento enquanto contingente étnico.
Monbeig (1957, p.151) já frisava que o município de “Registro é a área onde mais
notável se fez sentir a influência da colonização japonesa”. De fato toda a construção do
município se deu sob a égide de um grupo liderado pelo governo japonês e a companhia de
empreendimentos, que trouxeram os imigrantes que a partir daí deram início à jornada de vida
que os levaria à formação de uma sólida identidade cultural.
Esse lugar construído pelos japoneses refletiu o modo de vida que levara no país de
origem, levando a reprodução do seu antigo lar e no novo, que seria para sempre sua moradia.
Dessa forma, as experiências vividas na terra natal foram fundamentais para construir no Brasil
um espelho das antigas condições de vida.
Pode-se dizer que as antigas casas dos imigrantes possuem valores tanto visuais como
subjetivos, pois quem observa logo percebe que os traços arquitetônicos remetem ao estilo
oriental, e que as experiências de vida enquanto moradores dessas casas representaram um
passado de dificuldades, trabalho, cooperação, sempre com muito esforço.
Foram também palco das cerimônias religiosas ou mesmo comemorativas, ainda as
reuniões de trabalho e as associações administrativas sempre estiveram ligadas à figura do
habitat, sendo esse o centro de todas as relações sociais, numa espécie de comunidade fechada.
O habitat é por excelência a essência de toda a construção cultural que se fez na cidade
de Registro, pois a figura nipônica é o principal agente de produção espacial, e responsável pela
paisagem humanizada.
Segundo Petrone (1966, p. 163):
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
86
Geograficamente tais fatos tiveram maior importância nas paisagens,
especialmente na presença da casa, mas também na formação de um
grupo etnicamente diferenciado do conjunto da população da Baixada,
com bagagem social e material peculiar, em síntese constituindo um
fato novo, com repercussões apreciáveis nos quadros geográficos da
região com apreço.
Foto 2- Casa de imigrante japonês encontrada abandonada, sofrendo com a ação do tempo
Fotografia: Alessandro Aoki (2008)
A foto 2 ilustra uma casa de imigrantes japoneses localizada na zona rural, como a
grande maioria que ainda se encontra construída e inabitada, porque a maioria dessas casas já
não existe por conta do abandono ou venda da propriedade.
A foto 3 também retrata uma casa nos mesmos moldes da anterior, porém estava
habitada e as características ainda se mantêm originais da época, com exceção da organização
interna da casa que foi reformada, uma vez que o material utilizado era menos resistente.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
87
Estes lugares representam uma volta às origens numa época que ainda as hostilidades
físicas eram as maiores dificuldades para se construir e trabalhar.
Foto 3- Antiga casa reformada e habitada, mantendo as características originais Fotografia: Alessandro Aoki (2008)
Essas casas são legítimas representações de um passado recente de formação de um
território e de uma nova identidade em terras brasileiras, e que carrega consigo um conjunto de
valores culturais de um grupo de japoneses instalados há quase cem anos em Registro.
A imigração japonesa para o Brasil foi responsável pelo atual reconhecimento como
contingente étnico que se radicou no país e formou uma das maiores colônias no município de
Registro. E os resultados dessa permanência foram os legados culturais, representados por
meio das antigas casas, que foram moldadas seguindo a arquitetura oriental, como uma forma
de se sentir mais próximo à terra natal.
É uma expressão cultural, uma vez que as relações humanas são realizadas num
contexto de formação de uma paisagem humanizada, e que envolvem um determinado
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
88
contingente racial que passa a dominar um cenário repleto de hostilidades naturais, e que a
necessidade de manutenção à vida levou a construírem um espaço que se tornaria anos mais
tarde um lugar que representaria todo o grupo através do legado histórico deixado por meio
das casas, que nos dias atuais, não têm sido valorizadas pelas gerações posteriores, o que pode
caracterizar futuramente na perda da memória cultural.
6. REFERÊNCIAS
ALBÚM Colônia Iguape: 1913-1933.
BRAGA, Roberto. Raízes da questão Regional no Estado de São Paulo: Considerações sobre o
Vale do Ribeira. Revista Geografia: Unesp, Rio Claro, vol.24(3): 43-68 Dezembro, 1999.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. No Rancho Fundo: espaços e tempos no mundo rural.
Uberlândia-MG: Editora EDUFU, 2009.
HANDA, Tomoo. O imigrante japonês: História de sua vida no Brasil. São Paulo:
Centro de Estudos Nipo–Brasileiros, 1987.
MARTINS, José de Souza. A imigração e a crise no Brasil Agrário. São Paulo-SP: Editora
São Paulo, 1973.
MONBEIG, Pierre. Novos Estudos de Geografia Humana Brasileira. São Paulo-SP:
Editora Difel,1957.
PETRONE, Pasquale. A Baixada do Ribeira: Estudo de Geografia Humana. Boletim nº 14,
São Paulo–SP. 1966.
ROTA do Imigrante. Arquivo disponível em: <http//: www.imagesgoole.com>. capturado
em: 15 jul. 2009.
SAKURAI, Célia. Imigração Japonesa para o Brasil. Um exemplo de Imigração Tutelada –
1908-1941. In: XXII Encontro Nacional da ANPOCS. 22, 1998, Caxambu. Anais. Caxambu-
MG, 1998. p. 1-21.
TSUKAMOTO, Ruth Youko. A Teicultura no Brasil: Subordinação e Dependência. 1994.
225f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade de São Paulo: São Paulo-SP, 1994.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
89
TUAN, Yi-Fu. Topofilia: Um estudo da Percepção, Atitudes e Valores do Meio Ambiente.
São Paulo-SP: Editora Difel, 1980.
CAPÍ TU
LO05
PROCESSO EM BATATAS E CHUCHUS,SOUS VIDE
SERÁ ESTA UMA TÉCNICA QUEINFLUÊNCIA NO ?SHELF LIFE
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
91
PROCESSO SOUS VIDE EM BATATAS E CHUCHUS, SERÁ ESTA
UMA TÉCNICA QUE INFLUÊNCIA NO SHELF LIFE?
Rosana de Fátima Capelo
Valdirene F. Neves dos Santos
A história do Sous Vide iniciou-se na França na década de 1970, quando o chef Georges
Pralaus descobriu que ao colocar o alimento em embalagens plásticas a vácuo e cozinhá-lo
lentamente em temperatura precisamente determinada, poder-se-ia obter um produto com
maior rendimento e um sabor infinitamente superior. Na metade da década de 1980, quando a
alta gastronomia se tornou famosa nos serviços de bordo nos trens na França, chefs de
cozinha mudaram seu foco para a qualidade, foi quando Bruno Goussault, também conhecido
como um dos fundadores do Sous Vide refinou os parâmetros de cozimento e a relação entre
tempo, temperatura e validade dos alimentos. Desde então, o Sous Vide tornou-se um método
de cozimento celebrado pelos melhores chefs de Cozinha da Europa, os quais empregam esta
técnica de cozimento em seus notáveis restaurantes (RHODEHAMEL, 1992).
O processo Sous Vide consiste em um método profissional em que se emprega
embalagem a vácuo com controle de temperatura designada pela característica individual de
cada alimento que poderá ser desde carnes até massas. O alimento passa por um tratamento
térmico comparável às condições da pasteurização, na qual ocorre um choque térmico. As
temperaturas podem atingir 54°C a 72°C para o cozimento e 0°C a 2°C para o resfriamento,
nesses dois processos tais temperaturas reduzem as formas vegetativas de bactérias patogênicas
e o produto poderá ser conservado por 3 a 4 semanas e os benefícios para a produção são:
minimização para o desperdício, redução da equipe de funcionários, serviço mais rápido, maior
planejamento de produção. O resultado é um produto final com textura superior com boas
qualidades organolépticas (RHODEHAMEL, 1992).
Os métodos de produção de alimento dentro das indústrias, hotéis e catering evoluíram durante
longo período na França. As cozinhas foram equipadas para atender à demanda dos cardápios,
centralizando o sistema de produção da tecnologia avançada com a entrada do sistema Sous
Vide (ADAMS, 1983).
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
92
Sabe-se que a técnica Sous Vide ainda é pouco disseminada no Brasil, todavia, pode ser
encontrada em alguns restaurantes gastronômicos.
A literatura descreve que os legumes pré-processados embalados sob vácuo, técnica
comumente utilizada no Brasil, quando comparados com o método Sous Vide, este último
otimiza o tempo de vida útil do produto “shelf life” (BETISY,1990).
Considerando que algumas regiões brasileiras devido às condições climáticas desfavoráveis,
carecem de certos tipos de legumes em alguns períodos do ano, logo a técnica Sous Vide parece
viabilizar o consumo e o preço dos produtos às pessoas que residem nessas regiões.
Uma vez que não foram encontrados trabalhos utilizando a técnica Sous Vide em batatas
e chuchus pré-processados no Brasil, justificamos o presente trabalho.
OBJETIVOS
Objetivo Geral
- Avaliar se a técnica Sous Vide aumenta o tempo de durabilidade de amostras de batatas e
chuchus pré-processados, quando comparada com amostra de batatas e chuchus pré-
processados embalados sob vácuo.
Objetivo Específico
- Avaliar a contagem microbiológica do produto mediante a técnica Sous Vide e compará-la
com os pré-processados embalados sob vácuo.
Analisar e comparar os valores microbiológicos padronizados pela legislação brasileira com os
valores encontrados por meio da contagem microbiológica mediante a técnica Sous Vide.
METODOLOGIA
Delineamento do Estudo:
Trata-se de um estudo descritivo de natureza transversal realizado em uma empresa de
Hortifrúti de produtos processados na região metropolitana de São Paulo no ano de 2010,
durante o período de janeiro a março, com enfoque no processo Sous Vide. O termo de
consentimento livre e esclarecido foi obtido dos diretores responsáveis pela empresa de
Hortifrúti de produtos processados.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
93
Seleção das amostras
Foram selecionados os legumes (batatas e chuchus) com boas características
considerando: tamanho uniforme, cores vivas, para não comprometer a qualidade dos mesmos.
Critérios de Exclusão
Os legumes que se apresentaram com características diferentes dos critérios
estabelecidos foram excluídos da amostra os chuchus amarelados, pequenos e batatas pequenas
com pintas ou deformadas.
Critérios sensoriais esperados nas análises
Quanto a análises sensoriais espera-se coloração adequada e textura “ao dente” para
todos os legumes após as duas técnicas empregadas.
EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO SOUS VIDE E PRÉ-
PROCESSADOS EMBALADOS SOB VÁCUO
Utilizou-se banho-maria (Hot Box) adaptado para o estudo com uma largura de 50, P 45
C 70 com capacidade de 150 litros. Dois tanques de inox para a cloragem e metabissulfito
capacidade de 150 litros e um descascador de inox para o descasque dos legumes.
1) Descrição do Método Utilizado nos legumes pré-processados
Embalados a Vácuo:
Após a seleção dos legumes de acordo com os critérios de seleção, estes foram
colocados dentro do descascador de inox para realização da retirada das cascas. A seguir, os
legumes foram imersos em cuba com 150 litros de água e 400 ml dióxido de cloro para a
higienização e toalete, ocorreu ainda a retirada de algumas manchas que permaneceram da
etapa anterior do processo. Na sequência, os legumes foram conduzidos ao corte, sendo
cortados em cubos de 2 cm. Depois foram colocados em conservante de metabissulfito, sendo
a concentração de 40g de metabissulfito para 150 litros de água. Nesse processo, objetivou-se
eliminar o escurecimento dos legumes em contato com o oxigênio. Os legumes (chuchu e
batata) foram embalados a vácuo em embalagens de 500 gramas e levados para refrigeração a
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
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4ºC, considerando o tempo de vida de útil “shelf life” de até sete dias de acordo com os dados
apontados pela literatura, após este período as amostras foram direcionadas ao laboratório de
análise microbiológica a fim de serem analisados os parâmetros de coliformes totais a 35°C,
coliformes fecais a 45°C e Salmonella SP.
2) Descrição do Método utilizado do Processo Sous Vide na amostra de
legumes
O método Sous Vide consistiu em três estágios: preparo para a embalagem, cozimento
e finalização. Após a seleção dos legumes de acordo com os critérios de seleção, esses foram
colocados dentro do descascador de inox para realização da retirada das cascas. A seguir, os
legumes foram imersos em cuba com 150 litros de água e 400 ml dióxido de cloro para a
higienização e toalete, ocorreu ainda a retirada de algumas manchas que permaneceram da
etapa anterior do processo. Na sequência, os legumes foram conduzidos ao corte, sendo
cortados em cubos de 2 cm, depois foram embalados a vácuo em pacotes de 500 gramas. A
quantidade total de amostra analisadas nessa etapa consistiram em 6 pacotes com 500 gramas
para cada produto (batata e chuchu), sendo dois pacotes separados para o 1º teste e 4 pacotes
separados para o 2º teste. Após essa etapa todos os pacotes foram conduzidos ao banho-maria,
sendo a temperatura da água utilizada no momento da pesquisa entre 70ºC a 75ºC, durante a
etapa dos legumes imersos em banho-maria, diversos tempos distintos foram utilizados,
conforme descritos abaixo no tópico 1º teste e 2º teste. Após a retirada do banho-maria foi
realizado choque térmico com água e gelo a 3ºC por 5 minutos até que o produto atingisse a
temperatura de 20ºC e na sequência as embalagens foram conduzidas ao refrigerador,
mantendo-se em temperatura de 4ºC por até 20 dias.
1º TESTE:
Dois pacotes com 500 gramas de cada produto (chuchus e batatas) foram submersos à
análise em banho-maria a 75ºC, em períodos de tempos diferenciados como segue: escala 1(1
hora), escala 2 (2 horas), escala 3 (02h30min). Termostato e termômetro foram utilizados
continuamente na avaliação da temperatura durante as três escalas. A quantidade de água
utilizada no banho-maria em todas as escalas correspondia a 120 litros. Após os períodos
respectivos, as embalagens foram colocadas imediatamente em água com cubos de gelo para o
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
95
resfriamento, até atingir 20ºC. Posteriormente, todos os pacotes foram levados para a câmara
fria, mantidos em temperatura de 4ºC por período de 20 dias. Passados os 20 dias, verificou-se
que os pacotes processados com escala de tempo de 1 hora e 2 horas apresentaram colorações
esbranquiçadas e consistências cruas, logo, os mesmos foram rejeitados na análise.
Os pacotes dos legumes da escala 3 (02h30min) apresentaram melhor coloração, sendo
aprovados para a etapa seguinte de reaquecimento. Observou-se após o reaquecimento que os
pacotes com escala 3 (02h30mim), apresentaram textura crocante e melhor coloração,
resultado este superior às outras amostras testadas, porém, na etapa do reaquecimento as
amostras da escala 3 ainda não haviam atingido a textura e coloração esperada de acordo com a
técnica Sous Vide, sendo assim, essa amostra foi rejeitada e adotou-se um período de tempo
superior ao da escala 3 (02h30min) para a avaliação dos outros legumes.
2º TESTE
No 2º teste a partir das experiências anteriores, optou-se pela escala de tempo de 3
horas em que se utilizou quatro pacotes com 500 gramas de cada produto (chuchus e batatas).
As embalagens foram imersas no banho-maria a 75ºC e maiores cuidados foram adotados
quanto à homogeneização no cozimento, para tal, colocou-se os cubos lado a lado dentro de
cada pacote mantendo as embalagens dos legumes completamente submersas em banho-maria
com o auxílio de uma grade após a região marginal da cuba com água. Após o período
determinado, as embalagens foram colocadas imediatamente em água com cubos de gelo com
temperatura de 2ºC por 5 minutos, para o resfriamento, até que os produtos atingissem a
temperatura de 20ºC. Posteriormente, todos os pacotes foram levados para a câmara fria,
mantidos em temperatura de 5ºC por período de 20 dias.
No segundo dia um dos pacotes de cada produto fora conduzido ao laboratório de
microbiologia da empresa “FOOD SAFETY” para identificação da contagem microbiológica
do produto. No vigésimo dia, outro pacote foi conduzido a esse mesmo laboratório de
microbiologia para contagem de coliformes totais e fecais, bolores e leveduras, Salmonella e
Bacillus cereus. Esses cuidados e testes foram utilizados a fim de avaliar o binômino: tempo e
temperatura, no tocante à textura “apropriada” e “shelf life” do produto analisado.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
96
Para avaliação do produto final considerou-se os resultados das análises
microbiológicas, bem como suas características físicas e organolépticas. Segue detalhamento no
quadro abaixo os resultados microbiológicos:
RESULTADOS:
Características
Sensoriais
Teste 1
1 hora
Teste 1
2 horas
Teste 1
02h30mim
Teste 2
3 horas
Cor Branco Branco Branco Pouco esbranquiçado
Sabor “cozido” Não Não Sim Sim
Sabor “cru” Sim Sim Não Não
Sabor estranho Não Não Não Não
Aparência apropriada Não Não Não Sim
Quadro 1- Características sensoriais de batatas embaladas de acordo com a Técnica Sous Vide em diferentes escalas de tempo Fonte: Capelo & Santos (2010)
Características
Sensoriais
Teste 1
1 hora
Teste 1
2 horas
Teste 1
02h30mim
Teste 2
3 horas
Cor Esbranquiçado Esbranquiçado Esbranquiçado Pouco esbranquiçado
Sabor “cozido” Não Não Sim Sim
Sabor “cru” Sim Sim Não Não
Sabor estranho Não Não Não Não
Aparência apropriada Não Não Não Sim
Quadro 2- Características sensoriais de chuchus embalados de acordo com a Técnica Sous Vide em diferentes escalas de tempo Fonte: Capelo & Santos (2010)
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
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Quadro 03 - Comparação da análise microbiológica do método Sous Vide em batatas em cubos no segundo e vigésimo dia após o processo com a Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 Fonte: Capelo & Santos (2010)
Microorganismo
Valores de
tolerância
segundo a RDC
nº 12 para
amostra (g)
Segundo dia após
processo
Vigésimo dia após
processo
Coliformes 45°
(Fecais)
10 2
11 UFC/g
< 3 UFC/g
Coliformes 35°(Totais) ------- 11.102 UFC/g < 3 UFC/g
Staphylococcus Coag.
positiva
10 3 < 100 UFC/g < 100 UFC/g
Bacillus cereus 10 3 < 100 UFC/g < 100 UFC/g
Salmonella sp (25) Ausente Ausente Ausente
Microorganismo
Valores de tolerância
segundo a RDC nº 12
para amostra (g)
Segundo dia
após processo
Vigésimo
dia após
processo
Coliformes 45° (Fecais) 10 2 < 3 UFC/g < 3 UFC/g
Coliformes 35° (Totais) -------- 460 UFC/g < 3 UFC/g
Staphylococcus Coag. positiva 10 3 < 100 UFC/g < 100 UFC/g
Bacillus cereus 10 3 < 100 UFC/g < 100 UFC/g
Salmonella sp (25) Ausente Ausente Ausente
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Quadro 4- Comparação da análise microbiológica do método Sous Vide em chuchus em cubos no segundo e vigésimo dia após o processo com a Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 Fonte: Capelo & Santos (2010)
Microorganismo
Valores de
tolerância
segundo a
RDC nº 12
para amostra
(g)
Segundo dia após
processo
Vigésimo dia
após processo
Coliformes Fecais 45°
C/g
102 < 3 UFC/g 1,1.10 UFC/g
Coliformes Totais
35°C/g
-------------- 4,6.102 UFC/g 1,1.103 UFC/g
Salmonella sp (25/g) Ausência Ausência Ausência
Quadro 5 - Comparação da análise microbiológica do método a vácuo de batatas em cubos pré-processadas após 7 dias do armazenamento com os valores padronizados aceitáveis pela Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 Fonte: Capelo & Santos (2010)
Microorganismo Valores de
tolerância segundo
a RDC nº 12 para
amostra (g)
Segundo dia após
processo
Vigésimo dia
após processo
Coliformes 45°C/g
(Fecais)
102
< 3 UFC/g
1,1.10 UFC/g
Coliformes 35°C/g
(Totais)
-----------
4,6.102 UFC/g
1,1.103 UFC/g
Salmonella sp
(25/g)
Ausência
Ausência
Ausência
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Quadro 6 - Comparação da análise microbiológica do método a vácuo de chuchus em cubos pré-processadas após sete dias do armazenamento com os valores padronizados aceitáveis pela Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 Fonte: Capelo & Santos (2010)
DISCUSSÃO
De acordo com a análise sensorial, a textura apropriada no final da última etapa dos
legumes seria a textura “ao dente”, assim sendo, observa-se no quadro 1 e 2 que no primeiro
teste, o tempo e temperatura não foram suficientes para atingir essa textura, porém o pacote da
escala 3 (02h30min) não ficou muito esbranquiçado. No entanto, o resultado obtido no teste
realizado na escala 3 não permitiu obter conclusões definitivas com relação ao
tempo/temperatura e durabilidade do produto, isto porque durante o teste, não se teve o
cuidado de colocar os cubos lado a lado, para a homogeneização do cozimento fato este que
colaborou para aparência esbranquiçada posteriormente.
O cozimento tem por função valorizar as características organolépticas dos produtos e
garantir sua conservação. Sendo a técnica de cozimento em banho-maria apropriada para
manter a uniformidade no processo de cocção. A valorização das características organolépticas
resulta da preservação, modificação ou mesmo do desaparecimento de certas propriedades
funcionais e dos componentes bioquímicos dos produtos. O calor é um dos fatores,
preponderantes em todas essas reações e transformações e o domínio do binômio
tempo/temperatura para cada produto (GOUSSAULT, 1996).
De acordo com Paschoalino (1987), a exposição prolongada a uma temperatura
moderadamente elevada (70-75°C) confere um fortalecimento significativo da consistência em
legumes em conserva. Esse resultado seria por causa da ativação das enzimas pectina-metil-
estérases que provocam a desesterificação das substâncias pécticas das paredes celulares,
favorecendo assim para formação de pontes de cálcio entre substâncias pécticas e,
consequentemente, maior rigidez na consistência.
Em relação às análises microbiológicas observou-se que no vigésimo dia do método
Sous Vide houve uma diminuição na contagem de coliformes fecais e totais, talvez pela
competição de outras espécies de bactérias que não foram analisadas.
Observou-se também que no método pré-processado a vácuo de sete dias houve um
aumento na contagem de coliformes fecais quando comparado com o vigésimo dia do Sous
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
100
Vide, justificando então que no presente estudo o método Sous Vide mostrou-se mais eficiente
no shelf life.
Um estudo conduzido por Amstrong (2003) analisou com técnicas rigorosas, a
aceitação sensorial dos produtos Sous Vide durante o armazenamento pelos consumidores. Os
resultados indicaram que a aceitação dos produtos a base de vegetais continuou mesmo após
armazenamento por 20 dias. Esses valores, resultantes dessa pesquisa, ultrapassam o prazo de
vida útil estipulado pela ANVISA (2001) sob a técnica Sua Vide e são resultados do
desenvolvimento eficaz da receita e do tratamento térmico durante o processamento e
armazenamento desses produtos.
Os métodos mais populares de Sous Vide são: cozinhar e esfriar ou cozinhar e congelar,
posteriormente são selados a vácuo, pasteurizados e rapidamente esfriados para evitar a
exploração de Clostridium perfringens até serem reaquecidos para servir. Listeria é um patógeno
não formador de esporos mais resistente ao calor, sendo capaz de crescer em temperaturas de
geladeira. Uma vez mantido o alimento a vácuo previne-se a recontaminação após a cocção,
mas esporos de Clostridium botulinum, Clostridium perfringes e Bacillus cereus podem sobreviver ao
tratamento do calor da pasteurização (SVETLANA, 1999).
A técnica de processamento de Sous Vide é utilizada na indústria alimentícia para
estender a validade de produtos comestíveis quando embalados a vácuo, são mantidos a uma
temperatura abaixo de 3,3°C apresentando garantia por shelf life de 3 a 4 semanas (ROCA,
2005).
Conclui-se que o processo Sous Vide em batatas e chuchus pré-processados embalados,
mostrou-se eficiente em relação à análise sensorial e microbiológica de acordo com os critérios
preconizados pela Anvisa (2001) para coliformes fecais, coliformes totais e Salmonella sp, os autores
sugerem que sejam realizadas novas pesquisas na avaliação de outros agentes além dos
preconizados pela legislação como bactérias psicotroficas, contagem de bactérias lácteas e por
serem embalados a vácuo a contagem de esporulados como do gênero Bacillus e Clostridium.
Agradecimentos: Reinaldo Lima dos Santos e Rosemeire Francisca Neves Pereira pelo apoio
ministrado a essa pesquisa.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
101
REFERÊNCIAS
ADAMS. Jebeles exigences thermiques des fruits et légumes destinés à la congélation lors de
l’opération de blanchiment. Révue Générale du froid. Paris, 1983, 73 :(1), 21-25.
AMSTRONG, G. A. Sensory Quality/ Consumer Acceptance of foods processed by the
Sous Vide, 2003.
ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC nº12, de 02 de janeiro
de 2001: aprova regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimento. Diário
Oficial da União da República Federativa do Brasil, Brasília, DF,10 janeiro 2001.Seção 1.
BETISY, B. Sous Vide: What’s all the excitement about? Food Technology, 1993, pp. 92-93.
GOUSSAULT, B. Cuissons à juste température. Actualités Technique et Industrielles, Paris,
1996.
PASCHOALINO. J. E. Branqueamento de hortaliças destinadas ao congelamento. Coleção
ITAL, Campinas, 1987, 17:(2) ,101-117.
RHODEHAMEL E. FDA’s. Concerns with Sous Vide Processing. Food Technology,
1992. (pp.73-83).
ROCA, J. Sous Vide Cuisine. Montagud Editores, (pp.15-30) Paris, 2005.
SVETLANA. R.R. Develloping a HACCP plan for extended shelf-life cook-chill ready –to-eat
meals. Food Australia, 51, 1999, (pp.430-433).
CAPÍ TU
LO06
HISTÓRIAS DAS TECNOLOGIAS NO BRASIL:ALGUNS APORTES
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
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HISTÓRIAS DAS TECNOLOGIAS NO BRASIL: ALGUNS APORTES
Rodrigo de Moura Domingues
Renato de Sá Lima
A humanidade deve se glorificar ou se condenar com a criação da tecnologia? Pois o
mesmo equipamento tecnológico que serve para criar serve também para ferir ou matar.
O enfoque deste artigo será voltado para a tecnologia móbile existente em nossa
sociedade, atualmente a necessidade e dependência dessa tecnologia são predominantes não só
em nosso país, mas no mundo todo.
No Brasil como em qualquer outro país a tecnologia está presente e chegou após a
globalização, e não é difícil reconhecer a sua importância.
A história da tecnologia pode ser contada de várias maneiras, dependendo do foco, que
marcaram a evolução, é importante conhecer a história da informática para entender como
evoluímos, onde estamos e para onde caminhamos (MEIRELLES, 1994).
Atualmente, a tecnologia mobile está crescendo muito em uso conjunto com a WEB
(World Wide Web), hoje não precisamos mais estar em casa ou no escritório para enviar ou
acessar um e-mail, está tudo mais dinâmico, podemos, por exemplo, comprar qualquer coisa
praticamente por um celular ou tablet, que tenha acesso à internet e esses equipamentos são
mais potentes que alguns dos computadores que temos em casa.
Segundo o IBGE (2009), o número de domicílios que possuíam somente telefone
móvel foi de 2,5 milhões, de 2004 para 2009. A proporção de domicílios que possuíam
somente telefone móvel celular passou de 16,5% para 41,2%.
Em 2009 pessoas que já utilizaram a internet com dez anos ou mais foi de 67,9
milhões, teve uma crescente de 21,5%, representando 12,0 milhões de pessoas com relação a
2008 (55,9). Em 2005 eram 31,9 milhões de usuários da internet, nesse período observou-se
um aumento de 112,9%. Sendo que esses dados são somente de computadores de mesa ou
portátil (laptop, notebook, palmtop, pocket PC, handheld), conforme dados do (IBGE, 2009).
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
104
Em nossa sociedade é comum pensar em tecnologia de forma simples, porém é algo
muito mais amplo e deve ficar claro que o conhecimento tecnológico não é algo que se resume
ao uso e conhecimento sobre redes sociais.
A Tecnologia acompanha a evolução da humanidade, a necessidade de uma nação,
como na década de 1940 quando houve uma grande mudança na tecnologia, porém com um
enorme preço a se pagar. Será que no futuro, para que haja novamente uma grande mudança,
precisaremos pagar com um valor de igual tamanho?
EVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS
Segundo Meirelles (1994), em 1937 um jovem professor de matemática de Harvard, Howard
Aiken, submeteu ao homem forte da IBM, Thomas Watson, a ideia de fabricar um
computador eletromecânico - o MARK I-, construído então com o auxílio da IBM e da
Marinha Americana. O MARK I é o primeiro projeto de computador de que se tem notícia,
apesar de ainda eletromecânico e de só ter sido apresentado em 1944, após a guerra; media 2,5
metros de altura por 18 de comprimento, tinha 750.00 partes e mais de 700 quilômetros de
cabos.
O primeiro computador eletrônico digital foi o ABC (Atanasoff Berry Computer), criado
pelo professor de matemática John Atanasoff. O protótipo desenvolvido a partir de 1937 foi
demonstrado em 1939 e foi o primeiro a usar válvulas para circuitos lógicos. Porém, não foi
completado e abandonou-se sua construção em 1942, somente em 1973, por meio de uma
demanda judicial de patentes, é que o ABC foi oficialmente reconhecido como o protótipo
pioneiro.
Em 1940 Hitler teria rejeitado financiar o projeto de Konrad Zuse para construir o Z4,
mas vários historiadores afirmam que o Z3, construído na Alemanha por Zuse em 1941 foi o
primeiro computador eletrônico digital de uso genérico a ser completado e operacionalizado, e
que teria sido usado durante a segunda Grande Guerra. Nessa mesma época, 1943, a Inglaterra,
através de Alan Turing, construiu dez Colossus I - um computador eletrônico digital que já
usava válvulas e teve o seu uso dedicado para decifrar códigos militares, em especial o da
máquina de código alemã - Enigma, conforme Meirelles (1994).
Durante a década de 1940, impulsionada pelo esforço da guerra, a tecnologia avançou
muito rápido e muitas pessoas trabalhavam com ideias semelhantes.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
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Em 1946 foi apresentando o primeiro "grande" computador eletrônico: ENIAC-
Electronic Numeric Integrator and Calculator, que ocupava mais de 170 metros quadrados, pesava 30
toneladas e funcionava com 18.000 válvulas, 10.000 capacitores além de milhares de resistores
e relés, os quais consumiam cerca de 150.000 watts para executar cinco mil adições ou
subtrações por segundo.
A preparação do ENIAC para cálculos demorava semanas, pois a programação era
feita através de fios, e não funcionava por muitos minutos seguidos, pois havia vários
componentes delicados, que quebravam com facilidade. Seu valor foi estimado em meio
milhão de dólares, muito pouco eficiente se comparado com as atuais calculadoras que custam
alguns dólares. Tendo como base o ABC, John Mauchly e J. Presper Eckert, da universidade
da Pensilvânia, reduziram para 30 segundos os cálculos de trajetória de mísseis sendo que antes
levavam cerca de 1.000 segundos. Chegava a ser em algumas operações, mil vezes mais rápido
que o MARK I (MEIRELLES, 1994).
O nome seguinte da história dos computadores é John Von Neumann que, juntamente
com Arthur Burks e Herman Goldstine, desenvolveu entre 1945 e 1950 a lógica dos circuitos,
os conceitos de programa e operações com números binários e o conceito de que tanto
instruções como dados podiam ser armazenados e manipulados internamente. Suas ideias e
conceitos ainda são utilizados 45 anos depois nos computadores e microcomputadores recém-
lançados.
O EDSAC - Electronic Delay Storage Automatic Computer, construído na Inglaterra em
1949, foi um dos primeiros a utilizar o conceito de programa armazenado, e em alguns meses
depois o EDVAC - Electronic Discrete Variable Automatic Computer, desenvolvido na Pensilvânia
com a consultoria de Von Neumann, professor da Universidade de Princeton. O EDVAC
usava 10% do volume de equipamento do ENIAC e tinha cem vezes mais memória.
Após o lançamento do ENIAC (1946), John Mauchly e J. Presper Eckert deixaram a
Universidade da Pensilvânia para fundar sua empresa. No dia 14 de junho de 1951, a divisão
UNIVAC da Remington Rand entrou para o US Bureau of Census, o mesmo Serviço de
recenseamento Americano que já havia motivado Hollerith, o primeiro UNIVAC I.
O UNIVAC I (Universal Automated Computer) foi o primeiro a usar os conceitos de Von
Neumann e a ser produzido em escala comercial. Seu tamanho já era razoável se comparando
com o ENIAC - a UCP ocupava pouco mais de 20 metros quadrados e pesava cinco toneladas.
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106
Foram comercializados 15 computadores UNIVAC I, em 1952. O segundo UNIVAC
I, foi vendido em 1954 à GE - General Electric - para processar sua folha de pagamento.
Em 1953, foi lançado o IBM 701, mas o maior sucesso comercial da década de 1950
ficou com o modelo lançado em 1954, o IBM 650, teve uma quantidade de 50 unidades
vendidas inicialmente, mesmo com seu valor alto, mas o seu desempenho era superior a todos
os outros computadores concorrentes. A IBM comercializou mais de 1.000 unidades do
modelo 650 (MEIRELLES, 1994).
GERAÇÕES E ETAPAS DA EVOLUÇÃO DOS COMPUTADORES
Podem ser consideradas gerações de equipamentos as máquinas que tiveram mudanças
muito radicais de arquitetura e tecnologia incorporadas ao sistema (MANZANO N.G. L.;
MANZANO N.G. I., 2007).
Ainda existe certo consenso na definição das três primeiras gerações, os autores e
historiadores de informática ainda não chegaram a um acordo quanto às datas de início da
primeira geração e de término da terceira. Como consequência, para alguns ainda estamos na
terceira geração e para outros já entramos na quinta geração (MEIRELLES, 1994).
Primeira Geração - Válvulas
Os computadores da primeira geração eram todos baseados em tecnologia de Válvulas
e essa tecnologia foi até 1959. Esses grandes computadores eram difíceis de manusear e
consumiam grande quantidade de energia. As válvulas eram bem frágeis, queimavam com
poucas horas de uso. Outra característica dessa geração é que sua programação se dava em
linguagem de máquina.
O EDVAC, o Whirlwind e o IBM 650, foram os que mais se destacaram dessa geração
(MANZANO N.G.L.; MANZANO N.G.I., 2007; MEIRELLES, 1994).
Segunda Geração – Transistores
Nos equipamentos da segunda geração, a válvula foi substituída pelo transistor,
tecnologia usada entre 1959 e 1965. O transistor foi desenvolvido no Bell Laboratories, por
William Shockley, J. Bardeen e W. Brattain em 1947.
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107
Seu tamanho era cem vezes menos que o da válvula, não precisava de tempo para
aquecimento, consumia menos energia, era mais rápido e muito mais confiável. A linguagem
de programação na época era o ASSEMBLY.
Entre essa geração e a seguinte, a IBM desenvolveu o modelo "T5" foi o mais confiável
da época, trata-se do IBM 1401 e seu sucessor o IBM 7094, já totalmente transistorizado, suas
medidas eram cerca de 1.5 metros de altura por 1,2 de comprimento, sua memória tinha a
capacidade de 4 Kbytes. Entre os modelos 1401 e 7094, a IBM vendeu mais de 10.000
computadores (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007; MEIRELLES, 1994).
Terceira Geração - Circuitos Integrados
A Terceira geração começa com a substituição dos transistores pela tecnologia de
circuitos integrados - transistores e outros componentes eletrônicos miniaturizados e
montados num único chip. Esse chip já conseguia calcular em nanosegundos (bilionésimos). A
IBM contribuiu com o lançamento dessa nova geração de computadores com o modelo IBM
S/360, esse modelo tinha seis modelos básicos e várias opções de expansão que realizava mais
de dois milhões de adições por segundo e cerca de 500 mil multiplicações, esses modelos eram
todos transistorizados.
O IBM S/360 possuía microcircuitos, também conhecidos como CI - Circuito
Integrado, que eram do tamanho de um grão de arroz. Eles possibilitaram o aumento da
capacidade de trabalhos de computadores, cuja tecnologia recebeu o nome de SLT - Solid Logic
Technology (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007; MEIRELLES, 1994).
Entre 1965 e 1975 ocorreu um desenvolvimento significativo nos minis, respondendo a
demanda por máquinas de menor porte e processadores menos centralizados.
Em 1965, começa a terceira geração e para muitos vai até hoje, se tratando que os
equipamentos evoluíram; mas para alguns autores localizam a quarta geração de 1970 ou 1971
até hoje, devido à importância de maior escala de integração alcançada pelos CIs de LSI.
Finalmente, a outra corrente usa o mesmo argumento da anterior, mas considerando que a
miniaturização de fato ocorreu com o VLSIs, definindo a quarta geração a partir de 1975, com
o advento dos microprocessadores e dos microcomputadores.
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108
MICROCOMPUTADORES
Em 1997 foi um ano marcante para a história da tecnologia, nesse ano surgiram os
microcomputadores em escala comercial e seu microprocessador era um milésimo do preço de
um UCP em 1960.
Com essa tecnologia, que permitiu reunir num único chip todos os elementos que
compunham as UCPs, foi iniciada a fabricação dos primeiros microcomputadores no final da
década de 60, os computadores estavam bem mais baratos e com uma capacidade extensa para
realizar aplicações e sua capacidade continua a aumentar. Com esse barateamento, muito mais
empresas que não tinham condições de disputar um espaço no mercado começaram a lançar
seus produtos.
Em 1969, a empresa Intel lança Intel 4004 de 4-bits - um Ci com 2.250 transistores
(equivalente ao ENIAC de 1946). O 4004 foi muito usado e viabilizou as calculadoras
eletrônicas do início da década de 70. Já em 1974 foi lançado o modelo Intel 8080.
Entre 1971 e 1975, foram lançados vários kits (conjuntos de componentes) e foram
comercializados em um escala pequena, porque as grandes empresas que lideravam o mercado
não se interessaram nos mínis, acreditando que não existia espaço para micros.
Em 1976, Steve Jobs e Sthephen Wozniak criaram a Apple I, numa garagem de fundo
de quintal. Seu primeiro lote de 50 unidades foi vendido em 1976 e suas vendas ficaram perto
de 200 unidades.
Um ano depois em 1977, com um projeto melhor, surge o Apple II, a aceitação foi
muito grande desse modelo, pois contavam com a ajuda do Mike Markkula, ex-engenheiro e
executivo de marketing da Intel, juntos transformaram a microempresa em uma grande
indústria.
Ainda em 1977, além do Apple II, foi lançado o TRS-80 modelo I da Radio Shack
(Tandy Coporation) e o PET - Personal Electronic Transactor da Commodore.
Em 1981, a IBM entrou no mercado dos microcomputadores, lançando um
computador com tecnologia 16bits, que em pouco tempo se tornou um padrão. Dois anos
depois, lançaram mais um novo modelo, o PC-XT com winchester opcional. Em 1984, a IBM já
detinha mais da metade de todo o mercado dos microcomputadores.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
109
A Apple, em 1984, revolucionou o mercado com um novo conceito de software e
interface com o usuário, outro lançamento importante foi o IBM PC-AT em agosto de 1984,
nessa época o PC já era o padrão para micros.
A Compaq começa a se destacar e assume a terceira posição no mercado de micros,
depois da IBM e Apple. Ela domina o mercado de micros portáteis e torna pioneira com os
lançamentos do Compaq 386 em 1986 e do Compaq 486 em 1989. Nesse mesmo ano a Intel
lançou seu processador 80486, com um processador matemático embutido (MEIRELLES,
1994).
No ano seguinte quem participa ativamente do mercado é a Microsoft com o
lançamento do Windows 2.0, um sistema operacional com interface melhorada e habilidade
para ter acesso à memória estendida.
Em 1991, a Microsoft melhora seu sistema DOS com a versão 5.0. A Apple lança seu
notebook Macintosh, Powerbooks que oferecia um disco rígido embutido e fax/modem.
Apple e IBM se juntam contra a Microsoft, formando uma sociedade para o uso e
desenvolvimento de um PC que poderia utilizar produtos de ambos, tanto do PC
(DOS/Windows) quanto do MAC.
Começa também estudos sobre o desenvolvimento do LINUX, pelo estudante
finlandês Linus Torvalds.
A Intel, em 1992, lança o primeiro chip Pentium, um dos nomes de processadores mais
conhecidos da história, e assim dá início a uma família de processadores. O processador
Pentium era capaz de processar até 100 milhões de instruções por segundo. A Microsoft
desenvolve o Windows NT, uma plataforma para soluções em Rede Cliente/Servidor.
Em 1996, é lançado o Windows 95, que em aproximadamente dois meses teve mais de
quatro milhões de cópias vendidas. No ano seguinte a Intel lança o Pentium MMX, em maio
do mesmo ano lança o Pentium II.
Dois anos depois é lançado o Windows 98 pela Microsoft, sendo como principal
novidade sua integração com a Internet e incorporava o IE quatro (internet Explorer).
Em 2000, a novidade fica por conta da Intel, com seu processador Pentium quatro.
Surge pela Apple o sistema operacional MAC OS X, sistema com interface gráfica e
baseado em UNIX. Um ano depois a Microsoft lança o sistema operacional Windows XP um
dos sistemas mais usados até hoje.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
110
A Microsoft lança seu novo sistema operacional Windows Vista em 2007, um ano
depois a Apple lança o Iphone. Já em 2009 é lançado pela Microsoft o Windows 7, bem
semelhante em termos de interface com o Windows Vista, mas a semelhança fica apenas aí,
pois o Windows 7 é muito mais rápido e com grandes melhorias na estrutura.
Em 2010, a Apple lança o Iphone, dispositivo em formato de prancheta com
funcionalidades de um smartphone e notebook (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I.,
2007).
HISTÓRIA DA TECNOLOGIA NO BRASIL
Segundo Meirelles (1994), em 1961 chega ao Brasil o primeiro computador um
UNIVAC 1105, ainda com válvulas para o IBGE.
De acordo com o departamento de informática (DIN) que pertence a UEM,
(Universidade Estadual de Maringá), o primeiro computador nacional foi o "Patinho feio" feito
em 1972, na USP (Universidade de São Paulo), seguindo em 1974, do projeto G-10 na USP e
na PUC do Rio de Janeiro, incentivado pela marinha de guerra.
Em 1972, surge o CAPRE (Comissão de Coordenação das Atividades de
Processamento Eletrônico) com o objetivo de propor uma política governamental de
desenvolvimento do setor.
A primeira empresa Brasileira de computadores foi criada em 1974, e se chamava
COBRA (Computadores Brasileiros S.A.). Iniciou-se em 1976, com a restauração da Capri e a
criação de uma reserva de mercado na faixa de minicomputadores, para empresas nacionais,
além da instituição do controle de importações.
A partir de 1979, a intervenção governamental foi intensificada, com a extensão da
reserva de mercado para microcomputadores e com a criação da SEI (secretaria especial de
informática) ligada ao Conselho de Segurança Nacional, que é então, o órgão superior de
orientação, planejamento, supervisão e fiscalização do setor.
Em 1981, o Brasil já tinha um mercado forte em informática e começaram a serem
produzidos os primeiros computadores nacionais. O modelo TRS-80, D-8000 da Dismac que
foi lançado em 1981. Entre 1980 e o final de 1981, foram também lançados os modelos: C-300
da Cobra, S700 da Prológica e os modelos da SID, Polymax, Novadata e HP.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
111
Em 1982, foram lançados mais alguns modelos como: CP-500 da Prológica e o DGT-
100 da Digitus.
A empresa Apple dominou o mercado brasileiro entre 1983 e final de 1985, logo em
seguida passou a serem os modelos da IBM-PC, fabricados em 1983, pela Softee, Microtec e
Scopus.
No ano de 1981, quando a microinformática foi introduzida no Brasil, não chegava a
mil unidades, dez anos depois em 1991, seus números já ultrapassavam 3 (três) milhões de
micros, dos mais diferentes tipos, porte, configuração e preços (MEIRELLES, 1994).
No mesmo ano (1981), a microinformática teve um crescimento explosivo, o número
de fabricantes pulou de 10 para mais de 100 e os modelos disponíveis praticamente dobraram,
isso no final da década de 80.
O número de fabricantes chegou a 110 em 1987 e só começou a diminuir em 1992.
Este número é somente dos fabricantes nacionais, se forem incluídos as multinacionais
do setor, esse número pula para aproximadamente 300 e se forem incluídas as empresas de
serviços, esse número pode chegar a mais de 1000.
Tabela 01 - mercado nacional de micros
Mercado Nacional de Computadores
Ano Venda Aumento Venda Vida Útil
Anual Anual Acumulada em anos
Base Ativa total
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1.000 1.000 7.0
2.000 100% 3.000 6.8
12.000 500% 15.000 6.6
35.000 192% 50.000 6.2
70.000 100% 120.000 6.2
130.000 86% 250.000 6.0
230.000 77% 480.000 5.8
310.000 35% 790.000 5.6
400.000 29% 1.190.000 5.4
1.000
3.000
15.000
50.000
120.000
250.000
480.000
790.000
1.200.000
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112
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
460.000 15% 1.650.000 5.2
400.000 -13% 2.050.000 5.0
400.000 0% 2.450.000 4.8
400.000 0% 2.850.000 4.6
500.000 25% 3.350.000 4.4
600.000 20% 3.950.000 4.2
750.000 25% 4.700.000 4.0
900.000 20% 5.600.000 menos de 4.0
1.500.000
1.800.000
2.000.000
2.100.000
2.200.000
2.500.000
2.800.000
3.500.000
Fonte: MEIRELLES, 1994
Como mostrado na tabela, as vendas em 1986 foram mais de 200.000 unidades e com
um crescimento significativo e com grande potencial de utilização dos micros como ferramenta
de trabalho pessoal, profissional ou empresarial.
Algo que foi significantemente mostrado é a vida útil dos micros, sua vida física pode
chegar a dez anos, mas em média é menor. A vida útil considerada nos cálculos da tabela
começa em sete anos em 1980 e vai diminuindo até menos de quatro anos em 1996. O
mercado vem crescendo em várias outras direções tanto no número de fabricantes ou
fornecedores como no volume de vendas de periféricos e serviços em geral (MEIRELLES,
1994).
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Cronologia - História da Informática no Brasil
Tabela 02 - Cronologia
1917 A IBM inicia suas operações no Brasil. Através de um contrato de prestação
de serviços, surge no Brasil a empresa norte americana Computing
Tabulating Recording Company, que em 1924, sob a liderança de Thomas J.
Watson foi registrada nos Estados Unidos como International Business
Machines Corporation (IBM).
1924 A IBM é autorizada a operar no Brasil por um decreto assinado pelo
presidente Arthur Bernardes.
1939 Inaugurada no Brasil a primeira fábrica da IBM fora dos Estados Unidos,
localizada no bairro de Benfica, no Rio de Janeiro.
1957 Chegou um Univac-120, o primeiro computador no Brasil, adquirido pelo
Governo do Estado de São Paulo, era usado para calcular todo o consumo
de água na capital. Ocupava o andar inteiro do prédio onde foi instalado.
Equipado com 4.500 válvulas fazia 12 mil somas ou subtrações por minuto
e 2.400 multiplicações ou divisões, no mesmo tempo.
1959 A empresa Anderson Clayton compra um Ramac 305 da IBM, o primeiro
computador do setor privado brasileiro. Dois metros de largura, um metro
e oitenta de altura, ocupava um andar inteiro da empresa. A empresa foi
uma das primeiras fora dos Estados Unidos a usar esse computador.
1961 (Zezinho) - Como trabalho de fim de curso de engenharia eletrônica no
ITA e auxílio financeiro do CNPq de 350 dólares, quatro alunos, José Ellis
Ripper, Fernando Vieira de Souza, Alfred Wolkmer e Andras Vásárhelyi
auxiliados pelo chefe da Divisão de Eletrônica do ITA e professor Richard
Wallauschek construíram o "Zezinho". Com os recursos disponíveis não foi
possível construir um computador com grande capacidade de memória, o
painel tinha dois metros de largura por um metro e meio de altura, foram
utilizados cerca de 1500 transistores e diodos de fabricação nacional,
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
114
produzidos pela Ibrape, uma subsidiária da Philips, tinha capacidade para
fazer vinte operações. Era um computador didático, para uso em
laboratório. Ganhou, entretanto, lugar na história como o primeiro
computador não comercial transistorizado totalmente nacional projetado e
construído no Brasil, embora um sucesso foi desmontado pelos alunos das
turmas seguintes, que utilizaram seus circuitos para novas experiências.
A Fábrica da IBM, em Benfica-RJ, inicia a montagem de computadores da
linha 1401.
1964 01/Dezembro - Criado o Serpro - Serviço Federal de Processamento de
Dados, empresa pública criada para modernizar e dar agilidade a setores
estratégicos da administração pública.
1968 1º CNI - Congresso Nacional de Informática.
1969 24/Julho - Criada a Prodesp - Companhia de Processamento de Dados do
Estado de São Paulo.
1971 Entra em operação a fábrica da IBM na cidade de Sumaré/SP.
1972 05/Abril - Criado a Capre - Comissão de Coordenação das Atividades de
Processamento Eletrônico, órgão governamental cujo objetivo inicial era
promover o uso mais eficiente dos computadores na administração pública
e traçar uma política tecnológica para a área de informática.
Julho - Construído o "Patinho Feio" no Laboratório de Sistemas Digitais -
LSD da Escola Politécnica da USP, foi concebido como um trabalho de fim
de curso. O Patinho Feio é tido como o primeiro computador,
documentado e com estrutura de computação clássica, desenvolvido no
Brasil. Tinha um metro de comprimento, um metro de altura, 80
centímetros de largura, pesava mais de 100 quilos e possuía 450 pastilhas de
circuitos integrados, formando três mil blocos lógicos distribuídos em 45
placas de circuito impresso. A memória podia armazenar 4.096 palavras de
8 bits, ou seja, 4K. O Patinho feio se tornou um marco inicial porque gerou
massa crítica para a consolidação da indústria de informática no Brasil.
1974 18/Julho - Fundação da COBRA - Computadores e Sistemas Brasileiros
Ltda. A Cobra foi a primeira empresa brasileira a desenvolver, fabricar e
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
115
comercializar computadores.
1975 Fundação do LSI - Laboratório de Sistemas Integráveis na Escola
Politécnica da USP.
Junho - Fundação da Scopus, uma das principais empresas de informática
do Brasil. Empresa criada por um grupo de ex-professores da Poli-USP que
trabalharam no desenvolvimento do minicomputador G-10.
Agosto - Lançamento da revista Dados & Idéias. Revista lançada pelo
Serpro para mostrar a realidade tecnológica no Brasil. Periodicidade
bimestral.
1976 Março - Lançado o DataNews, tablóide quinzenal especializado no
noticiário sobre informática, editado pela ComputerWorld do Brasil.
Fundada a Prológica em São Paulo, um dos maiores fabricantes de
equipamentos de processamento de dados, entre eles o Sistema-700 e CP-
500, ambos micros de 8 bits e o SP-16, compatível com PC-XT.
1978 Janeiro - Fundada a SID - Sistemas de Informação Distribuída S/A.
Julho - Fundado em Porto Alegre a SBC - Sociedade Brasileira de
Computação. A SBC é uma instituição acadêmica que incentiva e
desenvolve pesquisa científica na área da computação no Brasil.
1979 09/Outubro - Criado a SEI - Secretaria Especial de Informática. Após
ampla reestruturação dos órgãos governamentais responsáveis pelo setor de
informática, a Capre foi substituída pela SEI na formulação da Política
Nacional de Informática.
Fundada a Elebra Informática S/A, grande fabricante de impressoras, entre
elas a matricial Emília.
1980 Pela primeira vez um microcomputador era vendido em um grande
magazine. Entre vitrinas com eletrodomésticos, ofertas de cama, mesa e
banho, miudezas, câmaras fotográficas e calculadoras, o Mappin da Praça
Ramos, no centro de São Paulo, vendia o D-8000, microcomputador da
Dismac.
Lançado pela Cobra na SUCESU de 1980 o primeiro minicomputador
totalmente projetado, desenvolvido e fabricado no Brasil a alcançar o
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
116
mercado, o Cobra 530.
1981 Fundação da Microdigital foi, na primeira metade da década de 80, o maior
fabricante nacional de microcomputadores. Famosa pelos seus micros da
linha Sinclair como o TK-85, TK-90X e TK-95.
Desenvolvido o Sistema 700 da Prológica, microcomputador de uso
profissional de 8 bits.
Outubro - Lançamento da revista Microsistemas, primeira publicação
brasileira dedicada exclusivamente aos microcomputadores.
16 - 23/Outubro - Realizada a I Feira Internacional de Informática no
Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi/SP, teve 117.253 visitantes e
183 expositores. Foi um evento paralelo à realização do XIV CNI -
Congresso Nacional de Informática.
23/Outubro - Inaugurado o 1º laboratório de microinformática no Brasil,
instalado numa sala dentro da biblioteca da Faculdade de Economia e
Administração da USP, tinha cinco microcomputadores D-8000, cedidos
pela Dismac. O laboratório era aberto a todos os alunos da universidade.
1982 Fevereiro - Fundado o IBPI - Instituto Brasileiro de Pesquisa em
Informática, instituto criado para o ensino de profissionais de informática,
no Rio de Janeiro/RJ.
1983 Março - Lançado o microcomputador EGO pela empresa Softec, primeiro
microcomputador brasileiro a utilizar a tecnologia dos microprocessadores
de 16 bits, compatível com o IBM PC, era baseado no microprocessador
8080 da Intel e clock de 5 MHz.
1984 Lançado pela Telesp - Companhia Telefônica do Estado de São Paulo o
primeiro sistema de videotexto brasileiro. O teste piloto ocorreu de 1982 a
1984 com 1.500 assinantes da Telesp.
29/Outubro - Sancionada a Lei nº 7.232 que estabelecia os princípios,
objetivos e diretrizes da Política Nacional de Informática, estava criada a
reserva de mercado de informática no Brasil.
1985 Agosto - Fundada a Gradiente Informática, fabricante do Expert,
microcomputador de 8 bits da linha MSX.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
117
1986 09/Setembro - Fundada em São Paulo a ABES - Associação Brasileira das
Empresas de Software.
1987 Criação da Fácil Informática, empresa desenvolvedora do editor de textos
Fácil.
24 - 27/Março - 1º FENASOFT - Feira Nacional do Software, no
Riocentro, Rio de Janeiro.
1995 26 - 29/Setembro - Realizado a COMNET Fenasoft Brazil´95 no Pq.
Anhembi em São Paulo, evento internacional de telecomunicações e redes.
Realizado o I CONIP - Congresso Nacional de Informática Pública, em
São Paulo. Fórum para discussão e apresentação do uso da tecnologia da
informação no serviço público.
Fonte: <http://www.din.uem.br/museu/hist_nobrasil.htm>. Acesso em: 16 fev. 2012.
TECNOLOGIAS MÓVEIS NO BRASIL
Atualmente, existem diversos dispositivos móveis no Brasil com velocidades muito
superiores se comparados com os primeiros microcomputadores no Brasil. Sua popularidade
só está aumentando, porém a tecnologia é muito nova para os brasileiros e precisa de várias
melhorias.
Como atualmente há diversos dispositivos no mercado, o enfoque será três
dispositivos: Celular, Notebook e Tablet.
O tablet é o dispositivo mais novo no Brasil, um aparelho com as funções de um
celular e notebook juntos.
Notebook: microcomputador com processamento variado, cuja principal virtude é a
possibilidade de ser levado para qualquer lugar, pode ser usado com praticamente todos os
sistemas operacionais do mercado. Existem diversos tipos de modelos e diferentes tipos de
marcas (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007).
Tablet: é um microcomputador do tamanho de uma prancheta. Nesse dispositivo, o
usuário não precisa de um mouse, pode ser acessado com uma caneta específica ou com suas
próprias mãos (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007). Existem diferentes tipos
de sistemas operacionais para o tablet, mas os mais usados atualmente são o Android da
Google, e o IOS da Apple.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
118
Celular: apesar de ser um telefone, é possível tê-lo como periférico integrado ao
computador por conexão Wireless, para transmitir e receber qualquer tipo de dados. Assim
como o tablet, os sistemas operacionais mais usados são o Android e o IOS, (MANZANO
N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007).
Todos esses dispositivos têm uma rede sem fio chamada Wireless, pois não bastaria ser
portátil e não conter um recurso de transmissão de dados sem fio, isso perderia quase todo o
sentido atual da portabilidade.
A rede wireless é essencial para esses dispositivos, pois não há a necessidade de se
conectar a cabos. Outro recurso importante é o Bluetooth, um fato curioso é sobre o seu
nome, ele foi escolhido em homenagem ao Rei da Dinamarca conhecido como Rei Harald
Bluetooth, esse apelido foi lhe dado por causa da sua arcada dentaria azulada. A tecnologia
Bluetooth é basicamente um padrão para comunicação sem fio com baixo custo e curto
alcance, com ele é possível conectar a qualquer dispositivo com um chip Bluetooth
(MANZANO N.G.L.; MANZANO N.G.I., 2007).
Meirelles (1994) classifica esses dispositivos entre Micro Pessoal pequeno e Micro
Pessoal Médio/pequeno, pois têm seu trabalho reduzido e operam com energia própria,
(bateria recarregável) para permitir a portabilidade sua principal característica (MEIRELLES,
1994).
O Brasil está procurando se adaptar à tecnologia móvel, a demanda é muito grande de
usuários para esses dispositivos, e está crescendo a cada dia que passa. A grande “Roda” para
essa tecnologia se chama Internet (World Wide Web), talvez junto com os microcomputadores,
são as duas invenções da informática mais importantes de todos os tempos.
Dados do IBGE (2009) mostram a crescente dessa tecnologia, essa pesquisa foi
realizada durante três meses.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
Gráfico 01
O IBGE investigou 58,6 milhões de domicílios em 2009 durante três meses. A
quantidade deles que tinham
tinham acesso à internet (16,0 milhões).
A região sudeste tem a maior proporção de domicílios com microcomputador 43,7% e
com microcomputadores com acesso à internet 35,4%, região norte 13,2%, Nord
são as regiões com menor número de microcomputadores com acesso à internet por domicílio.
A região Sul possui 32,8% e o Centro
Em 2001, 12,6% dos domicílios tinham microcomputador, alcançando 35,1% em 2009.
No mesmo período, o cres
microcomputador com acesso à Internet foi de 19,2 pontos percentuais: de 8,5% para 27,7%
(IBGE, 2009).
A internet junto com a tecnologia móvel se torna uma combinação muito poderosa,
juntas elas possibilitam diversas opções de uso para o usuário.
Hoje as pessoas não precisam estar “presas” em um escritório ou casa ligada a “cabos”,
para transmitir ou receber dados, assim como fazer uma compra online, os dispositivos móveis
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
119
Gráfico 01 – computador de mesa e portátil
O IBGE investigou 58,6 milhões de domicílios em 2009 durante três meses. A
quantidade deles que tinham microcomputadores foi de quase 35,0% (20,3 milhões), 27,4%
tinham acesso à internet (16,0 milhões).
A região sudeste tem a maior proporção de domicílios com microcomputador 43,7% e
com microcomputadores com acesso à internet 35,4%, região norte 13,2%, Nord
são as regiões com menor número de microcomputadores com acesso à internet por domicílio.
A região Sul possui 32,8% e o Centro-Oeste, 28,2%.
Em 2001, 12,6% dos domicílios tinham microcomputador, alcançando 35,1% em 2009.
No mesmo período, o crescimento da proporção de domicílios que possuíam
microcomputador com acesso à Internet foi de 19,2 pontos percentuais: de 8,5% para 27,7%
A internet junto com a tecnologia móvel se torna uma combinação muito poderosa,
diversas opções de uso para o usuário.
Hoje as pessoas não precisam estar “presas” em um escritório ou casa ligada a “cabos”,
para transmitir ou receber dados, assim como fazer uma compra online, os dispositivos móveis
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
computador de mesa e portátil
O IBGE investigou 58,6 milhões de domicílios em 2009 durante três meses. A
microcomputadores foi de quase 35,0% (20,3 milhões), 27,4%
A região sudeste tem a maior proporção de domicílios com microcomputador 43,7% e
com microcomputadores com acesso à internet 35,4%, região norte 13,2%, Nordeste 14,4%
são as regiões com menor número de microcomputadores com acesso à internet por domicílio.
Em 2001, 12,6% dos domicílios tinham microcomputador, alcançando 35,1% em 2009.
cimento da proporção de domicílios que possuíam
microcomputador com acesso à Internet foi de 19,2 pontos percentuais: de 8,5% para 27,7%
A internet junto com a tecnologia móvel se torna uma combinação muito poderosa,
Hoje as pessoas não precisam estar “presas” em um escritório ou casa ligada a “cabos”,
para transmitir ou receber dados, assim como fazer uma compra online, os dispositivos móveis
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
120
dão ao usuário uma sensação de estarem “livres”, é possível estar conectado em praticamente
qualquer canto do Brasil sem o uso de cabos.
Por meio do desenvolvimento deste trabalho, mostrou-se o grande crescimento
histórico da tecnologia mundial e brasileira. A tecnologia está cada vez mais presente em
nosso dia a dia, acompanhando a necessidade de uma nação que está em constante evolução,
cada vez dando mais conforto e comodidade às pessoas. Mas esse conforto se torna em pouco
tempo uma dependência, a quantidade de pessoas dependentes em tecnologia é cada vez
maior, e isso pode se tornar um problema no futuro. Precisa-se atentar à parte psicológica
dessa dependência, para não formarmos cidadãos incapazes de ter uma vida social normal,
atualmente existem muitas pessoas que preferem conversar por meio das mídias sociais do que
pessoalmente.
O estudo mostra também que a tecnologia da informática está cada ano mais forte, o mercado
se adequando para suportar a demanda de usuários, mas se compararmos o Brasil com outros
países também desenvolvidos deixa muito a desejar, a tecnologia pode ser mais bem
aproveitada, sendo investida melhor na educação computadorizada, pois só melhorando a
educação se melhora um país.
Concluindo, o crescimento da tecnologia existe e usuários usufruem também, mas precisa
melhorar sua infraestrutura, dando aos usuários uma maior qualidade. O Brasil está no
caminho certo para as melhorias é difícil acompanhar todas essas evoluções, a velocidade com
que se muda é muito grande, praticamente todo ano tem alguma mudança significativa no
mundo tecnológico.
REFERÊNCIAS
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios: Síntese de Indicadores 2009. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/pnad
_sintese_2009.pdf>. Acesso em: 10 out. 2012.
MANZANO N.G.L; MANZANO N.G.I. Informática básica: Estudo dirigido de
Informática básica 7. ed. São Paulo: Editora Érica Ltda, 2007.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
121
MEIRELLES, F.S. Informática: Novas Aplicações com Microcomputadores. 2. ed. São
Paulo: Makron Books, 1994.
UEM. Universidade Estadual de Maringá. História dos Computadores Brasileiros.
Disponível em: <http://www.din.uem.br/museu/hist_nobrasil.htm>. Acesso em: 9 out. 2012.
CAPÍ TULO07
AS NOVAS TENDÊNCIAS DATECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO,
O USO DAS MÍDIAS SOCIAIS COMO UM ATRATIVONA PRÁTICA DO ENSINO
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
123
AS NOVAS TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO, O USO DAS MÍDIAS SOCIAIS COMO UM
ATRATIVO NA PRÁTICA DO ENSINO
Renato de Sá Lima
Juliano Schimiguel
Cerca de 60 anos atrás a maioria das pessoas que necessitavam se comunicar com seus
amigos ou parentes, até mesmo profissionalmente, necessitavam basicamente enviar uma carta.
Por intermédio dos correios, essa mesma carta poderia levar dias e até meses para que chegasse
ao seu destino. Nessa época, as pessoas costumavam dizer que o tempo demorava a passar. A
devolutiva desta correspondência, caso fosse respondida instantaneamente, era praticamente o
mesmo tempo de envio, ou seja, perdia-se certo tempo só no envio de retorno desta carta, no
máximo dentro desses envelopes poderiam conter fotos ou qualquer objeto que se assemelhe a
uma folha de papel.
Figura 1 – Modelo de envelope clássico para correspondência Fonte: correios.com.br
Claro que por meio de encomendas era possível enviar algo de maior volume e peso,
com o passar do tempo surgiu o aparelho telefônico que revolucionou o mercado das
comunicações, no seu início somente pessoas com grande poder aquisitivo tinham condições
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
124
de possuir; governos e instituições de ensino também, mas era algo que os populares ainda não
tinham acesso com grande facilidade. Para quem até então estava acostumado a levar meses
para se ter uma resposta de uma pergunta qualquer que fosse enviada por correio, o telefone
mudou a vida das pessoas. E embora isso possa soar como algo estranho, no Brasil a telefonia
se popularizou em meados da década de 70 e 80, enquanto isso países como Estados Unidos,
Japão, Inglaterra estavam passos adiante com o início daquilo que seria futuramente chamado
de internet. Mas embora o telefone fosse algo incrível, não era possível visualizar as pessoas,
ou enviar qualquer tipo de informação, logo surgiu o fax, a ideia era que documentos
pudessem ser enviados “instantaneamente” de um lado para outro do mundo, governos,
empresas, comércios tiraram vantagens sobre os outros graças a esses recursos na época.
Figura 2 – Telefone do início do século XX Fonte: telefoneantigo.com.br
Ainda assim, na área da educação, era algo somente usado em diretorias de ensino,
secretarias de educação. Estudantes não tinham este tipo de contato com recursos
tecnológicos, no máximo giz, apagador e quadro negro. Com o início dos anos 90 outro meio
de comunicação surgiu para ainda mais agilizar a vida das pessoas, o “Pager”, aparelho que
recebia mensagens e comunicava ao seu usuário, hoje algo tão popular quanto um SMS. Para
que este equipamento funcionasse era necessário que a pessoa, interessada em enviar a
mensagem, ligasse a uma central telefônica, que logo após esse contato enviaria a mensagem
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
125
em forma de texto, este aparelho veio a surgir da clara necessidade de se comunicar com
pessoas que estivessem em trânsito, ou seja, fora dos seus escritórios, casas ou instituições de
ensino.
Figura 3 – Pager Motorola Fonte: Motorola.com
Mas ainda existia a necessidade da resposta na comunicação móvel nesta época, logo
em seguida surgiu o tão popular, atualmente, telefone celular, embora seu alto custo para a
época fosse uma repulsa aos mais necessitados, sua praticidade e comodidade de sempre ser
localizado onde estiver fizeram deste aparelho sinônimo de sucesso, em dias atuais é
impensável imaginar um cidadão que esteja em um grande centro que não possua um aparelho
celular. Segundo o IBGE (2009), 94 milhões de pessoas de dez anos ou de mais idade
declararam possuir telefone móvel celular. Seu grande número se deve à praticidade de um
usuário possuir uma linha telefônica sem que pague o custo de uma mensalidade por isso, os
chamados telefones pré-pagos.
Sobre este contexto evolutivo da tecnologia móvel, surge a usabilidade da internet
sobre esses equipamentos, aparelhos telefônicos celulares na verdade possuem um amontoado
de ferramentas tecnológicas que permite que seu usuário possa realizar as mais diversas
atividades no mesmo aparelho. Uma consequência da popularização tecnológica é o baixo
custo de um aparelho telefônico com acesso à internet, hoje chamado de Smartphone. Seu custo
varia de R$ 200 reais a até R$ 2 mil reais em grandes centros comerciais como o bairro da
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
126
Santa Efigênia na cidade de São Paulo, o que para muitos há alguns anos atrás poderia ser
chamado de artigo de luxo hoje é dado como presente a crianças em datas comemorativas
como dia das crianças ou até no natal. Outro aparelho que surgiu durante esse processo de
evolução tecnológica é o tablet, dispositivo com características semelhantes a um computador,
mas com o foco direcionado a visualização de arquivos multimídia e acesso àinternet. No seu
início, ostablets tinham como objetivo ser um aparelho para leitura de livros digitais, os
chamados e-books. Logo com maior necessidade de leitura de outros tipos de documentos,
visualização de arquivos de vídeo e áudio, serviços foram incluídos, inclusive acesso à internet,
e hoje é o gadgetspreferido da maioria dos empresários, crianças e de pessoas com necessidade
de estar conectado ou “on-line” no mundo digital.
CONTEXTUALIZAÇÃO DO CENÁRIO ATUAL
Com todo o histórico sobre a evolução dos dispositivos de comunicação tecnológicos,
para o que é hoje a internet, a rede mundial de computadores, outro universo paralelo vem se
destacando na vida dos brasileiros já há algum tempo que são as mídias sociais. Para um rápido
conhecimento do que é uma mídia social, devemos compreender primeiro o que é uma rede
social. Segundo Souza e Queila (2008), as redes sociais são estruturas sociais compostas por
pessoas ou organizações. Essas por sua vez, estão conectadas por um ou vários tipos de
relações. Pessoas que fazem parte da mesma rede social compartilham valores e interesses em
comuns.
Logo as mídias sociais compartilham o mesmo objetivo, porém com o seu foco sobre a
internet.
Como dito anteriormente, pessoas demandavam de um grande tempo para que
pudessem se comunicar, por meio de cartas, mensagens, ou de maneira mais rápida com o
telefone, logo, com as mídias sociais, estreitaram ainda mais os laços e as distâncias, fazendo
com que pessoas se relacionem através deste meio, compartilhando fotos, vídeos, textos e
músicas. Mas para a sua funcionalidade ser um sucesso, dependia da disponibilidade ao acesso
àinternet para a população. Segundo o IBGE (2009), no país, em um período de três meses,
67.893.000 pessoas acima dos dez anos de idade tiveram acesso à internet, destaque para a
região Nordeste, com 13.522.000 pessoas e Sudeste 33.531.000 pessoas. Dessas mídias sociais
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
127
as mais utilizadas pelos brasileiros são: Facebook 86%, Orkut 63%, Google+ 33% e Twitter
com 32%, segundo pesquisa publicada pelas empresas Hi-Mídia e a M.Sense (2012). Vale
ressaltar que o usuário pode ter mais de um perfil criado em mais de uma mídia social. Logo,
um perfil pode ser considerado que é uma página que contém informações sobre aquela
pessoa, sejam informações verídicas ou não, embora pareça algo estranho, muitas pessoas com
as mais diversas justificativas acabam criando “perfis” com informações fora da realidade ou
simplesmente um perfil falso chamado de “Fake” e é muito mais comum do que muitos
podem imaginar. O conceito de mídias sociais é reunir amigos, colegas de trabalho, ou até
mesmo um meio de se promover perante os “amigos em comum”, seja profissionalmente ou
pessoalmente. Além do círculo de amizades criado ou interligado graças a este recurso, outras
ferramentas como compartilhamento de imagens, vídeos e músicas são comuns em ambientes
como este. O principal objetivo de muitos usuários é levar a vida real para o mundo digital. E
quando se diz “levar o mundo real para o mundo digital”, não é um exagero provocado por
uma expressão. Até pouco tempo atrás era comum pessoas chegarem de seu trabalho, da
escola, cursinho ou faculdade e ao adentrarem em suas residências, se dirigirem direto ao
televisor, hoje o que acontece é que ao momento que este indivíduo adentra a sua residência, o
primeiro equipamento que é ligado passou a ser o computador.
Com os avanços tecnológicos recentes supracitados, além do próprio computador,
dispositivos móveis como tablets, smartphones, notebooks e netbooks, agora ficam
conectados 24 horas do dia, ou seja, simplesmente é comum pessoas estarem conectadas todas
as horas do dia, o que é muito comum entre jovens de 12 a 25 anos, justamente em fase
escolar. Assim como encontros entre grupos de jovens para saírem e se divertirem em um
sábado a noite qualquer. Outro fator tem chamado a atenção de pesquisadores e educadores já
há algum tempo, que é utilizar desta “dependência digital” dos jovens para promover
encontros educacionais ou até mesmo a prática do ensino sobre a ferramenta. A prática do
ensino a distância não é algo tão recente assim, muito popular na década de 60 e 70 do século
passado, cursos por “correspondência” capacitaram diversos profissionais nas mais variadas
áreas. Embora seja visto por alguns como uma prática de estudo em que não se absorve quase
nada, este ponto de vista é facilmente derrubado por quem de fato adota esta prática de ensino
para se tornar um excelente profissional, ou seja, para que se obtenha resultados o estudante
necessita de muita dedicação e disciplina.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
128
A educação a distância (EAD) pode ser considerada de forma simplificada como a
educação na qual tanto professores como alunos estão dispersos geograficamente e mediados
por algum recurso tecnológico. Esta modalidade de educação é dividida em etapas sendo
definidas por recursos tecnológicos em que utilizavam, conforme Dias e Leite (2007), cartas,
manuscritos, televisão, rádio e internet. Com o foco sobre o meio de comunicação internet,
podemos citar alguns ambientes virtuais de aprendizagem, os chamados AVA’s (Ambiente
Virtual de Aprendizagem), como Moodle, Blackboard, Teleduc e Eureka, dentre esses
ambientes alguns são pagos e outros gratuitos sendo o único custo ode mantê-lo on-line, ou
seja, disponível na internet ou além de mantê-lo on-line é também pagar sobre o direito de uso,
como no caso do BlackBoard, por exemplo. Os AVA’s trouxeram uma grande vantagem
tecnológica sobre os meios de aprendizagens comuns principalmente sobre o ensino superior,
em que alunos que habitam regiões remotas, mas ainda assim possuem acesso à internet,
podem frequentar as aulas sem sair do conforto de suas casas e se deslocar por grandes
distâncias.
Algumas definições de determinados autores:
AVAs consistem em mídias que utilizam o ciberespaço para veicular
conteúdo e permitir interação entre os atores do processo educativo.
[...] Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) consiste em uma
opção de mídia que está sendo utilizada para mediar o processo
ensino-aprendizagem à distância (PEREIRA, 2007, p. 4-5).
Sistema informatizado, projetados para promover interação entre
professores, alunos e quaisquer outros participantes em processos
colaborativos que envolvam ensino e aprendizagem via Internet
(SANTOS, 2006, p. 18).
Consistem em conjunto de ferramentas eletrônicas voltadas ao
processo ensino-aprendizagem. Os principais componentes incluem
sistemas que podem organizar conteúdos, acompanhar atividades e,
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
129
fornecer ao estudante suporte on-line e comunicação eletrônica
(PEREIRA, 2007, p. 6).
AVAs vai além da idéia de um conjunto de páginas educacionais na
Web ou de sites com diferentes ferramentas de interação e de imersão
(realidade virtual). Entendemos que um ambiente virtual de
aprendizagem é um espaço social, constituindo-se de interações
cognitivo-sociais sobre ou em torno de um objeto de conhecimento:
um lugar na Web, “cenários onde as pessoas interagem”, mediadas
pela linguagem da hipermídia, cujos fluxos de comunicação entre os
interagentes são possibilitados pela interface gráfica (VALENTINI;
SOARES, 2005, p.19).
O termo AVA deve ser usado para descrever um software baseado em
servidor e modelado para gerenciar e administrar os variados aspectos
da aprendizagem, como disponibilizar conteúdos, acompanhar o
estudante, avaliar o processo de ensino-aprendizagem entre outros
(PEREIRA, 2007, p. 6).
Contudo, podemos afirmar que com o objetivo de promover os estudos por meios
tecnológicos, podemos afirmar que o uso de mídias sociais é algo muito bem visto,
principalmente pela grande dependência que o público-alvo tem sobre ela. Algumas empresas
utilizam das mídias sociais para promover seu negócio, seus produtos; ou pessoas comuns se
apropriam para reclamar, promover discussões de produtos e serviços. Porém, por outro lado,
algumas pessoas utilizam destes recursos para tirarem proveito de algumas situações como,
escapar de uma blitz da polícia, por exemplo, ou denegrir imagens de pessoas e empresas, que
é algo muito comum.
Embora já existam ferramentas próprias para o uso na educação, outras vêm surgindo
com muita popularidade, por exemplo, as ferramentas Google; Google Docs, Google
Acadêmico, Google Driver, Google tradutor e Google e-mail (gmail). Ferramentas de fácil
usabilidade, disponível na internet 24 horas por dia e além de todos os outros benefícios, é
gratuito. Computação nas nuvens pode ser um termo inédito para alguns, muitos de nós já
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130
utilizamos desta “prática” há algum tempo, mas não possuem ciência da usabilidade. Quando
muitos de nós não possuíamos um dispositivo para transferir de um lugar para outro, um “pen
drive”, muito simplesmente enviávamos e-mails a nós mesmos para que em outra localidade
pudéssemos obter este documento de volta, logo com o benefício das ferramentas Google não
é mais necessário todo este trâmite, o mesmo possui um sistema de disco virtual que armazena
qualquer tipo de dado até uma determinada capacidade, trabalhos podem ser editados por dois
ou mais pessoas simultaneamente, a publicação de materiais e a disponibilidade a todos é algo
simples de se realizar, ou seja, praticamente todas as ferramentas que uma AVA possui, o
Google disponibiliza.
Conforme os últimos avanços tecnológicos, a popularização da internet no Brasil e o
fácil acesso a dispositivos físicos está cada vez mais evidente que em um futuro breve todos
nós seremos reféns do uso da tecnologia informatizada em todas as nossas tarefas do dia a dia.
Hoje essa dependência pode ultrapassar próximo aos 80%, em grandes centros como na região
sudeste, se tratando principalmente de educação, escolas particulares estão cada vez mais e
mais adaptadas a este novo universo tecnológico que é imposto a todos nós diariamente,
alunos já frequentam salas de aula com dispositivos móveis e informatizados com acesso à
internet, ou seja, hoje já fazemos parte de um mundo conectado à internet e este “mundo” não
pode parar mais. Em salas de aulas espalhadas não só pelo sudeste, o conteúdo dedeterminadas
aulas fica disponibilizado por meio de equipamentos tecnológicos como tablets, smartphones e
qualquer outro dispositivo eletrônico que possua acesso à internet e possa ser utilizado como
uma ferramenta a mais dentro da sala de aula.
Sobre as mídias sociais, podemos afirmar que está encravada sobre os jovens que
frequentam ambientes de ensino e é o principal meio de comunicação entre eles.
Justamentepor essa dependência, é de suma importância que seja aproveitada essa necessidade
de estar conectado à internet e unir essa dependência com o interesse desses jovens em sala de
aula.
A maioria dos ambientes virtuais de aprendizagem hoje não oferece uma interface tão
atraente e também outros recursos a não ser aqueles que a ferramenta possui, ou seja, um
editor de texto, editor e visualizador de um vídeo, por exemplo, para que isso seja possível, é
necessário depender de ferramentas secundárias comoYoutube, por exemplo. Logo as
ferramentas Google acrescentam de maneira fantástica a prática das atividades em sala de aula,
aumenta a interação entre os usuários e transformam o que pode ser uma tarefa maçante em
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
131
uma tarefa que além das obrigações acadêmicas acrescente como um conteúdo de interesse
pessoal, ou seja, algo que possa ser aproveitado em seu trabalho, ambiente profissional, ou em
qualquer atividade pessoal. Com o grande número de usuários as mídias sociais como
Facebook, por exemplo, a junção dessas duas ferramentas pode ser algo ainda mais atraente
para o aluno realizar suas tarefas com maior participação e ainda obedecendo aprazos. Embora
mídias sociais possam acarretar algum tipo de problema, por exemplo, o seu uso inadequado,
ou até mesmo aumentar a dependência tecnológica da ferramenta, caso não seja elaborado um
bom planejamento, atividades com objetivo e conscientização por parte dos usuários, esta
ferramenta tem todos os ingredientes básicos para se tornar funcional, logo para isto basta
planejamento, conscientização e compromisso.
REFERÊNCIAS
ACESSO à Internet e posse de telefone móvel celular para uso pessoal, IBGE. Disponível
em:<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/
acessoainternet/defaulttab_hist.shtm>. Acesso em: 15 out. 2012.
BRASIL já o terceiro em número de usuários no Facebook, Jornal o Globo. Disponível em:
<http://oglobo.globo.com/tecnologia/brasil-ja-terceiro-em-numero-de-usuarios-no-
facebook-4680865>. Acesso em: 15 out. 2012.
O NÚMERO de usuários de celular sobe 87%. Jornal O Estadão. Disponível em:
<http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,numero-de-usuarios-de-celular-sobe-87-
em-2009-aponta-ibge,34458,0.htm>. Acesso em: 15out. 2012.
SANCHO, Juana M: HERNÁNDEZ, Fernando. Tecnologias para transformar a
educação. Porto Alegre: Artmed, 2008.
SANTOS, N. Estado da Arte em Espaços Virtuais de Ensino e Aprendizagem. Revista de
Informática na Educação. Nº 4, abril 1999.
SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. Revisada e Atualizada. São
Paulo: Cortez, 2007.
CAPÍ TU
LO08
MATEMÁTICA:UMA BREVE INTERPRETAÇÃO CONTEMPORÂNEA
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
133
MATEMÁTICA: UMA BREVE INTERPRETAÇÃO
CONTEMPORÂNEA
Keiji Nakamura
Numa manhã quente e úmida de agosto de 1900, o professor David Hilbert, da
Universidade de Göttingen, prostou-se frente aos matemáticos que lotavam a sala de
conferências do Congresso Internacional, realizado no Sorbonne, em Paris. Hilbert já era
considerado um dos maiores matemáticos da época e havia preparado uma palestra ousada.
Falaria sobre o desconhecido, e não sobre o que já fora aprovado. Essa abordagem era
contrária a todas as convenções habituais, e a plateia pôde notar o nervosismo na voz de
Hilbert quando ele começou a esboçar sua visão sobre o futuro da matemática. Disse: “Quem
de nós não gostaria de levantar o véu que esconde o futuro, vislumbrando os próximos
avanços de nossa ciência e os segredos de seu desenvolvimento nos séculos que virão”?
Para anunciar o novo século, Hilbert desafiou a plateia com uma lista de vinte e três
problemas que, segundo ele, ditariam o novo rumo dos exploradores matemáticos do século
XX. De todos eles, apenas um, o oitavo, chegou aos nossos dias sem solução: a hipótese de
Riemann. Assim, o mistério dos números primos passou a ser considerado o maior problema
matemático de todos os tempos.
-Farei um pequeno comentário de alguns problemas propostos e destinados aos
professores do ensino fundamental e médio para preparar e melhorar seus alunos para a, quase
extinta, carreira em matemática.
O problema um: Provar a hipótese co Continuum (HC) de Cantor.
Foi solucionado parcialmente pelo matemático Georg Cantor (1845-1918), com três
paradoxos ocorridos em momentos diferentes, que ficaram marcados fortemente na História
da Matemática.
Mas, o que é um paradoxo? Um paradoxo é uma afirmação que não nos parece
contraditória em si mesma, mas que contraria fatos ou pressupostos tidos como verdadeiro.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
134
Em matemática, quando se anuncia um paradoxo tem-se que algo não está sendo
compreendido ou suficientemente explicado pelos conhecimentos já existentes. Em especial a
matemática se alimenta substancialmente todas as vezes que um paradoxo é anunciado. Isto se
dá, porque logo em seguida à provisória crise que se instala, segue-se uma incessante busca de
explicação, gerando assim novos conceitos e propriedades importantes que vão enriquecer a
ciência. Nesse processo, pode-se observar a evolução do senso comum para o que podemos
chamar de senso científico.
O primeiro Paradoxo de Zenão. Zenão foi um filósofo grego que viveu por volta de
450 a.C. Muito do que é tratado como matemática hoje em dia era conteúdo de filosofia na
Grécia. A corrente dos pitagóricos acreditava na existência de uma unidade de medida absoluta
(mônada). Assim, uma quantidade de tempo, por exemplo, poderia ser subdividida em certo
número de unidades de tempo que a comporiam. Essa unidade, por sua vez, não poderia mais
ser subdividida. Havia muita dúvida sobre isso já que apesar da crença pitagórica não ser aceita
por todos, não se tinha um argumento convincente para negá-la. Zenão jogou por terra a
afirmação dos pitagóricos mostrando que se admitirmos a existência de uma unidade absoluta
cairá num absurdo.
O segundo: paradoxo de Cantor. Um conjunto pode ter o mesmo número de
elementos que seu subconjunto próprio?
Essas questões não foram superadas sem traumas na matemática. Galileu (1564-1642)
já falava em correspondência biunívoca entre naturais e os números pares. A questão do
número de elementos de um conjunto infinito voltou fortemente à baila no século XIX com
grande avanço da Análise Matemática. Bolzano preferiu olhar esse fato como uma
característica especial dos conjuntos infinitos.
Georg Cantor (1845-1918) mostrou que infinito podia ser perfeitamente
compreensível, na verdade, não existia apenas um infinito, mas sim um infinito de infinitos.
Em 1883, a comparação entre quantidades de elementos de conjuntos infinitos através da
seguinte definição: “dois conjuntos têm o mesmo número de elementos quando existe uma
bijeção entre seus elementos”.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
135
“Hipótese contínua”: haverá algum infinito menor dos números inteiros e o infinito
maior dos números decimais? “Tema: Hipótese Contínuo, um problema com o qual, Georg
Cantor, se debateu durante o resto de sua vida”.
Richard Dedekind (1831-1916), em 1872, percebeu em um ensaio denominado
“Continuidade e números irracionais” que:
1. Existem mais pontos na reta do que números racionais.
2. Então, o conjunto dos números racionais não é adequado para aplicarmos
aritmeticamente a continuidade da reta.
3. Logo, é absolutamente necessário criar novos números para que o domínio numérico
seja tão completo quanto à reta, isto é, para que possua a mesma continuidade da reta.
No “Corte de Dedekind” mostrou que não é nada mais do que ampliar o domínio numérico
que era conhecido pelos Gregos, juntando os números racionais uma nova categoria de
números – os números irracionais – que vêm preencher os buracos cuja existência os gregos já
haviam constatado. Ao conjunto dos números racionais e irracionais, Dedekind dá o nome de
conjunto dos números reais e à reta contendo os racionais e irracionais de reta numerada real.
Problema dois: Para demonstrar a consistência dos axiomas da Aritmética.
Acredito que David Hilbert, com os vinte e três problemas, queria reconstruir um
grande projeto para conjunto finito de elementos. Hilbert acreditava que a linguagem era
suficientemente poderosa para desvendar todas as verdades da matemática. Por isso mostrou
não ter dúvidas que todos os seus problemas não tardariam a ser resolvidos e que a matemática
seria finalmente baseada em fundamentações lógicas inabaláveis.
Infelizmente, no dia de uma palestra científica que não era considerada digna de ser
transmitida, outro matemático iria despedaçar o sonho de David Hilbert e instalar a incerteza
no coração da matemática. O homem responsável por destruir a crença de Hilbert foi o
matemático Kurt Gödel (1906 – 1978), 25 anos. Gödel estudou a matemática na Universidade
de Viena, na Áustria, mas passava a maior parte do seu tempo entre “o círculo de Viena”, nos
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
136
seus debates mostrou que iria revolucionar a matemática. Ele propôs a resolver o difícil teste
de matemática: queria resolver o segundo problema de Hilbert e encontrar uma base lógica
para toda a matemática.
Em 1931, Gödel demonstrou o “Teorema de Incompletude” que em matemática tem
um interessante resultado chocante. Chocou toda a comunidade. Ele demonstrou que toda
matemática matematizada formalmente tem postulados, Axiomas e Teoremas. A partir de
certo tamanho tem proposição dentro do sistema que não pode ser decidível, não é uma falha,
isto é, uma característica do sistema formal a partir de certo tamanho. Temos outros exemplos,
a conjectura de Goldbach ou a Hipótese Riemann, veio provar-se verdadeira ou impossível de
provar?
Gödel lentamente refugiava-se da sossegada e próspera Princeton de seus demônios,
este pessimismo transformou em paranoia. Preferiu junto à praia, junto ao oceano caminhar
sozinho e viver no seu interior. Nos anos 50, desde cedo, Paul Cohen ganhou competições e
prêmios matemáticos. A hipótese do Contínuo de Cantor, este foi o problema que Georg
Cantor não conseguiu resolver. Questiona-se se existe ou não um conjunto infinito de
números menores do que o conjunto de todos os números inteiros, mas pequeno do que o
grupo de todos os números decimais. Com arrogância própria da juventude, Paul Cohen, com
22 anos, decidiu que era capaz de solucioná-lo.
Cohen surgiu um ano depois com a descoberta extraordinária de que ambas as
respostas podiam ser verdadeiras.
Existia em matemática na qual a hipótese do contínuo era verdadeira: não existia uma
matemática em que a hipótese do contínuo era verdadeira. Não existia um conjunto entre os
números inteiros e os números decimais. Mas existia uma matemática igualmente consistente
em que a hipótese do contínuo podia ser falsa. Aqui existia um conjunto entre os números
inteiros e números decimais. Era uma solução incrivelmente ousada.
A demonstração de Cohen parecia ser verdadeira, mas o seu método era tão inovador
que ninguém tinha a certeza absoluta. Existia apenas uma pessoa em cuja opinião todos
confiavam. Depois da comunicação, Gödel deu o seu aval de forma pouco comum, pedindo-
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
137
lhe o Artigo colocando-o no correio na segunda-feira seguinte, dizendo que sim, que estava
correto. A partir daí, tudo mudou.
A prova de Paul Cohen, jovem matemático da Universidade de Stanford, empregou um
método novo e engenhoso para provar que o Axioma da escolha era independente dos demais
axiomas da teoria dos conjuntos, e que, com efeito, a hipótese do continuum era independente
de todos os axiomas reunidos, inclusive a escolha. Cohen concluiu esse procedimento por
meio da prova do complemento do resultado estabelecido anos antes por Gödel. A prova de
Cohen demonstrou definitivamente que a verdade da hipótese do continuum de Cantor não
podia ser estabelecida dentro do atual sistema de axiomas da teoria dos conjuntos.
Isso não significa necessariamente que o resultado da incompletude de Gödel se
explicasse à hipótese do continuum ainda era possível que outro sistema de axiomas pudesse dar
margem a uma prova, quer da veracidade ou da negação da hipótese. O que a prova de Cohen
nos mostrou foi que, no atual sistema de axiomas, a hipótese em questão poderia ser tomada
tanto como verdadeira quanto como falsa, e nenhuma nova contradição iria resultar. Portanto,
depois de todos aqueles anos de trabalho árduo para descobrir se Cantor estava certo ou
errado, a hipótese do continuum permanece um enigma.
David Hilbert morreu em 1943. Apenas dez pessoas compareceram ao funeral do
matemático mais famoso de seu tempo.
Domínio da Europa, o centro mundial da matemática durante 500 anos, chegava ao
fim. Estava na altura de passar o testemunho matemático ao novo mundo. De fato, era a vez
deste sítio, o Instituto de Estudos avançados instalou-se em Princeton em 1930.
Com término da Segunda Guerra Mundial, a Europa e os demais países da Ásia
envolvidos tiveram de reconstruir suas cidades e restaurar as indústrias.
O fluxo de matemáticos, de cientistas e técnicos, entre os países, tornou-se muito
grande e globalizada, tornou-se uma necessidade. O sistema Métrico decimal passou a ser
utilizado por todos os países. O Instituto dos Estados Avançados instalara-se em Princeton a
ideia de reproduzir a atmosfera acadêmica para atrair muitos dos melhores matemáticos
europeus para a América.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
138
Nesse período, o grupo francês chamado Nicolas Bourbaky reescreveu matemática
conhecida até então, com movimento educacional que valorizava a linguagem matemática e
suas estruturas. Nicolas Bourbaky não existe nem nunca existiu, Bourbaky é de fato um
pseudônimo de um grupo de matemáticos franceses liderado por André Weil, que decidiram
escrever um relato coerente da matemática do século XX, normalmente, os matemáticos
gostam de ter os seus nomes nos teoremas, mas para o grupo bourbaky, os propostos do
projeto eram mais importantes do que os desejos de glória pessoal.
Depois da Segunda Guerra, o testemunho Bourbaky foi passado à geração seguinte de
matemática francesa, e o seu membro mais brilhante era Alexander Grothendiech.
Grothendiech brilhou nos seus famosos seminários, nos anos 50 e 60. Ele tinha um
carisma incrível e a capacidade fabulosa para ver uma pessoa jovem e de alguma forma saber
que tipo de contributo é que essa pessoa podia dar para esta visão incrível que ele tinha sobre
aquilo que a matemática podia ser. E esta visão permitiu-lhe ultrapassar algumas ideias
realmente difíceis.
Grothendieck interessado nas estruturas escondidas que servem de base para toda a
matemática. Só quando chegamos à arquitetura mais básica é que os padrões da matemática
tornam-se claros.
Grothendiechh produziu uma nova e poderosa linguagem para ver essas estruturas a
uma nova luz. Era como se vivêssemos num mundo de preto e branco.
E é uma linguagem que os matemáticos usam desde então, para resolver problemas na
teoria dos números, geometria e de física fundamental. Assim, os textos de matemática, física,
química e outros que dispunham de linguagem própria passaram a se utilizar da representação
simbólica da matemática, que se tornou a Rainha das ciências exatas e acabou conquistando as
demais ciências.
A demanda tecnológica, em meados do século passado, fez com que os textos dos
livros de Matemática fossem adaptados, pois até o final da década de 50, estes dividiam-se em
três grandes áreas: a Análise, a Álgebra e a Geometria.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
139
Da Análise Matemática surgiu o Cálculo Diferencial e Integral com tratamento vetorial
e com funções de várias variáveis reais, com largas aplicações nas engenharias, nas economias e
arquiteturas; a Álgebra e a geometria fragmentaram-se gerando a Álgebra Linear, a Geometria
Analítica com tratamento vetorial de R3; os tipos de Geometrias, projetiva, descritivos e outras,
na parte da Trigonometria, uma propriedade fundamental das funções trigonométricas é que
elas são periódicas. Por isso são adaptadas para descrever os fenômenos de natureza periódica,
oscilatória ou vibratória, com os quais ajudam no universo: movimento do planeta, som,
corrente elétrica alternada, circulação de sangue, batimento cardíaco etc. Levou os textos
matemáticos a se adaptarem a essas aplicações da Matemática.
A informática, criada logicamente pelos matemáticos, teve um desenvolvimento
excepcional e determinou uma grande demanda de textos matemáticos aplicados a essa área.
Os textos matemáticos, ao serem aplicados às engenharias, às arquiteturas, às músicas,
às informáticas e as demais ciências, perderam as estruturas originais e começaram a surgir
representações simbólicas distintas em todas as ciências a tal ponto que algumas áreas da
Matemática, quando representadas por símbolos distintos, parecem representar conhecimentos
diferentes e não aplicações de um mesmo conhecimento. Por exemplo, a Álgebra Booleana, a
Lógica Clássica, os Circuitos Digitais são representações distintas dos anéis binários. Na
realidade são casos particulares e aplicações do estudo da estrutura dos Anéis, que é uma parte
da Álgebra.
Kurt Gödel em 1940 e Paul Cohen, em 1963, realizaram uma verdadeira revolução na
Teoria dos Conjuntos. Refere-se à hipótese do Contínuo (HC) uma cojectura de Cantor, que,
no conjunto R dos números reais, qualquer subconjunto infinito é enumerável ou equipotente
a R, muitas tentativas foram feitas para provar HC ou não HC, mas Gödel e Cohen
descobriram que se admite que os Axiomas ZF (Teoria de Zemelo –Fraenkil) . Em 1963,
Cohen inventou um novo método de formação de modelos de Teoria dos conjuntos,
chamando <forcing> de uma flexibilidade notável, o que leva a uma infinidade de <teorias dos
conjuntos> incompatíveis duas a duas.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
140
Unificação na Matemática
Naturalmente, não queremos ser interpretados nesse texto e eleger “culpados”, quando
negamos alguns feitos anteriores de propostas pedagógicas. A intenção de apresentar ideias
novas aos alunos de licenciatura em Matemática das Faculdades Integradas do Vale do Ribeira
Unisepe/Registro, sempre foi a de proporcionar novas ideias, necessariamente que envolvam
ideias de como a ciência se desenvolve (matemática). Mas as ideias novas que trato aqui na
palestra são ideias unificadoras vindo da matemática moderna tratada nos anos 70, tiradas da
teoria dos conjuntos, álgebra ou topologia, ao dominá-las o aluno deve tornar-se mais capaz de
entender o sentido de argumentos expostos em casos particulares. Essa busca de unificação da
matemática, cujo objetivo é em parte estético, tem o fim prático de ajudar a por sob controle
de quantidades de conhecimento detalhado, para ajudar a memória e também repor ao cérebro
essas quantidades de conhecimento que está em falta.
Excluem-se da escola os que não conseguem aprender, excluem-se do mercado de
trabalho os que não têm capacidade técnica porque antes não aprenderam a ler, escrever e
contar, e excluem-se, finalmente, do exercício da cidadania, esses mesmos cidadãos, porque
não conhecem os valores morais e políticos que fundam a vida de uma sociedade livre,
democrática e participativa (VICENTE BARRETO, 2000).
REFERÊNCIAS
ACZEL, Amir O. O mistério do Alef: A matemática, a cabala e a procura pelo infinito.
Editora Globo. 2003.
DE MAIO, Waldemar. Fundamentos de Matemática. Espaços Vetoriais: aplicações lineares
e bilineares. LTC editora: Rio de Janeiro, 2007.
DOS SAUTOY, Marcus: A música dos números primos: a história de um problema não
resolvido na matemática/ Marcus Du Sautoy, tradução: Diego Alfaro. Jorge Zahar, Ed.: Rio de
Janeiro, 2007.
GRIFFITHS & HILTON. Tradução de ELZA F. GOMIDE. Matemática clássica: Uma
interpretação contemporânea. Por H. B. Griffiths e P.J. Hilton. São Paulo. Edgard Blücher,
Ed. Da Universidade de São Paulo. 1975. Volume 1, 2 e 3.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
141
PIRES, Rute da Cunha. Tese do título de Doutor em Educação Matemática: A presença de
Nicolas Bourbaky na Universidade de São Paulo. PUC/SP: São Paulo: 2006.
SOCIEDADE Brasileira de Educação Matemática. SBM. Novembro de 1995. Nº 5 Ano 3.
CAPÍ TU
LO09
A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAISNAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
143
A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NAS MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS
Carlos Eduardo Pinto
Ana Aparecida Assis
Antônio Honório Siqueira
Priscilla Mendes Vieira
Rhaíra Ponchet
Criada na década de 1960 a Internet teve um início restrito e destinado somente ao
seguimento militar, governamental e acadêmico. Permanecendo assim por aproximadamente
vinte anos. Em meados da década de 1990, com a sua regulamentação, a Internet começou a
ser explorada comercialmente, popularizou-se por meio de pequenos programas gráficos,
pequenas redes, antes operadas isoladamente, interligaram-se a uma única rede surgindo assim
a Web 2.0 como hoje conhecemos.
Atualmente, as redes sociais têm adquirido importância crescente na sociedade
moderna como ferramenta de informação, eficiência e flexibilidade no processamento das
transições de dados sendo tão inovadora e desconhecida da maioria das empresas. Com os
mercados cada vez mais competitivos as micro e pequenas empresas estão se despertando para
adaptar-se às novas tecnologias. As mídias sociais contribuem como uma expansão e explosão
para um mundo tecnológico avançado e continuam a crescer gradativamente como uma
avalanche abrangendo várias faixas etárias e diversas classes sociais.
Segundo dados do SEBRAE, do ano de 2007, existem 5,1 milhões de empresas no
Brasil, sendo que 98% são micro e pequenas empresas, o conceito de micro e pequena
empresa é variável de acordo com o ramo de atividade, ficando assim estabelecido:
microempresa no comércio e serviços até 9 funcionários, para a indústria até 19 funcionários,
a pequena empresa comércio e serviços 10 a 49 funcionários, para indústria de 20 a 99
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
144
funcionários. Há também a classificação quanto ao faturamento microempresa até 360 mil
reais, a pequena empresa faturamento superior a 360 mil reais até 3,6 milhões de reais anuais.
Longenecker (1997) declara que as pequenas empresas contribuem
inquestionavelmente para o bem-estar econômico da nação. Elas produzem uma parte
substancial do total de bens e serviços. Conforme Rosenblom (2002), o uso da Internet para
tornar produtos e serviços disponíveis de tal forma que o mercado-alvo com acesso a
computadores ou outras tecnologias capacitadoras possa comprar e complementar a transação
de compra por meios eletrônicos.
Desse modo, podemos observar na região do Vale do Ribeira-SP, a estratégia de
marketing e os elementos que as micro e pequenas empresas mais utilizam são o preço e o
produto, deixando a promoção e o ponto de venda menos valorizados, porque demanda muito
valor para propagandas. As redes sociais vêm contrapondo a este canal de relacionamento com
o consumidor, proporcionando feedback instantâneo entre a empresa e o cliente.
Contudo, estamos na era do marketing on-line uma ferramenta auxiliadora para as
micro e pequenas empresas, tendo a necessidade de atuar de forma conjunta e associada. Esse
artigo visa analisar as mídias sociais como um ambiente corporativo e produtivo sobre a
perspectiva de vários autores e reforçando o conceito de colaboração mútua a fim que as micro
e pequenas empresas possam sobreviver e se manterem nesse mundo tecnológico.
O presente trabalho tem como objetivo estudar a preocupação com a imagem na Web,
os riscos para a marca e legitimidade das micro e pequenas empresas que usam esta ferramenta
de marketing. Como justificativa o tema é muito atual para a área acadêmica, visto que estudar
a influência das redes sociais no Vale do Ribeira-SP, região esta que está às margens da BR 116,
por onde passa quase toda a produção nacional de diversos produtos, pode trazer grandes
benefícios para o mercado e a vida acadêmica.
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2. AS REDES SOCIAIS
As redes sociais consistem em uma ferramenta que conecta pessoas e organizações
através do computador. As redes sociais tiveram início por volta do ano 1999, com um jovem
estudante de Stanford, que criou uma rede para downloads de música, esse foi o start, o início das
redes que conhecemos hoje. Atualmente, temos mais de 100 tipos de redes sociais, elas estão
divididas da seguinte forma: redes sociais (interação entre pessoas); produção de conteúdo
(colaborativo livre); agregadores e indexadores (relevância de conteúdo) e mundos virtuais
(interação social).
Hoje a maior rede social, o Facebook, já contabiliza 39,8 milhões de usuários em todo o
Brasil, números esses de dezembro de 2011. Com essa nova ferramenta, surgem inúmeras
oportunidades de negócios para micro e pequenas empresas que vislumbram a Internet como
cenário de atuação, podendo beneficiar-se desta nova estratégia de marketing. As mídias sociais
contribuem para a expansão e explosão de um mundo tecnológico avançado, e continuam a
crescer gradativamente como uma avalanche abrangendo várias faixas etárias e diversas classes
sociais.
Rosenblom (2002) considera que embora a Internet tenha sido concebida como um
mecanismo de troca de informações, ela pode ser usada como um “canal de marketing
eletrônico” para compras. O uso da Internet pode tornar produtos e serviços disponíveis, de
tal forma que, o mercado-alvo com acesso a computadores ou outras tecnologias
capacitadoras, possam comprar e complementar a transação por meios eletrônicos.
Outra rede social também muito utilizada pelas organizações é o Twitter, que é um
microblog, com apenas 140 caracteres, ou seja, somente para mensagens curtas, os
consumidores utilizam esta ferramenta para dar suas opiniões em relação a produtos e serviços
prestados. Muitas empresas hoje já monitoram o Twitter para medir o nível de satisfação de
seus consumidores, o tempo entre a opinião do consumidor e a resposta da organização varia
entre 5 minutos a 2 horas, o Brasil já tem cerca de 33,3 milhões de usuários desta rede.
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3. O MARKETING E AS REDES SOCIAIS
Segundo Churchill, Gilbert e Peter (2000), a tecnologia da informação é especialmente
benéfica para os profissionais de marketing cujos produtos e serviços baseiam-se em
informações. A Internet é útil em todo o processo de marketing, os sites da Web também são
um meio de comunicação com clientes existentes e potenciais, uma vez que as organizações
podem oferecer informações sobre si mesmas e seus produtos, e cultivar relacionamentos
comerciais de longo prazo.
Marketing é a área do conhecimento que engloba todas as atividades
concernentes às relações de trocas orientadas para a criação de valor
dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de
empresas ou indivíduos através de relacionamentos estáveis e
considerando sempre o ambiente de atuação e o impacto que essas
relações causam ao bem-estar da sociedade (LAS CASAS, 2009, p.15).
Las Casas (2009) comenta que a presença de computadores na comercialização
revolucionou o marketing a tal ponto, que hoje dois fatores têm sido mencionados com
frequência: rapidez e flexibilidade. A informação passou a ser componente importante na
estratégia e é considerado um diferencial. Globalização, planos econômicos, qualidade,
valorização do consumidor/colaboradores e modismos da administração são fatores
importantes que influenciam o marketing no Brasil.
O uso da Internet como um canal de marketing ainda é muito novo e
embrionário para ter um registro confiável estabelecido. Cinco
vantagens são frequentemente mencionadas sobre os canais de
marketing baseados na Internet: Escopo e alcance global;
Conveniência/processamento rápido das transações; Eficiência e
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flexibilidade no processamento de informações; Gestão baseada em
dados e capacidade de relacionamentos; Menores custos com vendas e
distribuição (ROSEMBLON, 2002 p. 377-378).
Kotler (1998) conceitua o marketing on-line como o que pode ser atingido por uma
pessoa, via computador e modem, a vários canais on-line: marketing comercial em que o
internauta paga por ele. Ex.: jornais, revistas, site personalizados etc. Ou ainda a Internet,
sendo uma teia global que liga todas essas informações. Os benefícios do marketing on-line aos
consumidores são: conveniência, informação e menor exposição a vendedores e a fatores
emocionais. E para as empresas são: adaptações rápidas às condições de mercado, custos
menores, desenvolvimento de relacionamentos com os clientes e tamanho da sua audiência.
4. REDES SOCIAIS E AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
As redes sociais como o Twitter, Orkut e Facebook, entre outras, valem ouro. São
ferramentas cada vez mais populares na Internet e um fenômeno tão recorrente e forte que
não pode passar despercebido pelas empresas. Muitas das micro e pequenas empresas estão
cada vez mais aderindo a esta nova ferramenta, que pode proporcionar o reconhecimento da
sua marca, inovação e prospecção de novos clientes.
Hercheui (2012) em seu artigo considera quatro benefícios fundamentais das mídias
sociais para as organizações: melhora da relação com os consumidores; redução dos custos de
comunicação; ampliação de acesso da empresa a conhecimento e a profissionais especializados;
aumento da capacidade de inovação da empresa.
Longenecker (1997) comenta que especificar qualquer padrão de tamanho para definir
pequenas empresas é algo necessariamente arbitrário, porque as pessoas adotam padrões
diferentes para propósitos diferentes. Mesmo os critérios usados para medir o tamanho dos
negócios variam, alguns critérios são aplicáveis a todas as áreas industriais, enquanto outros são
relevantes para certos tipos de negócios.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
148
As pequenas empresas contribuem inquestionavelmente para o bem-estar econômico
da nação. Elas produzem uma parte substancial do total de bens e serviços. Elas oferecem
contribuições excepcionais, na medida em que fornecem novos empregos, introduzem
inovações, estimulam a competição, auxiliam as grandes empresas e produzem bens e serviços
com eficiência.
Marketing de pequenas empresas consiste daquelas atividades que se
relacionam diretamente à identificação de mercados-alvos; à
determinação de potencial do mercado-alvo, e a preparação, a
comunicação e a satisfação plena desses mercados
(LONGENECKER, 2004 p. 190).
As estratégias de marketing são essenciais as micro e pequenas empresas e evoluiu
dessas atividades: a segmentação de mercado, a pesquisa de mercado, a previsão de venda; já a
teoria dos 4Ps, são tratadas como marketing mix da empresa.
Para se ter sucesso nas redes sociais é importante que as micro e pequenas empresas
tenham um plano de marketing definido, colocar temas que chamem a atenção do seu público-
alvo, publicar assuntos relacionados ao dia a dia e abordagens relevantes aos mais diversos
temas. Ainda buscando o sucesso e popularidade nas redes, a comunicação,
regularidade/atualização, o profissionalismo e a qualidade são tópicos que devemos prestar
bastante atenção, porque o mau uso destas variáveis pode acarretar em problemas no plano de
marketing.
5. METODOLOGIA
Nos dias atuais é fundamental o relacionamento no ambiente corporativo, pois visa
manter a imagem de uma empresa junto a seu público de interesse de diversas classes sociais,
conforme Charoux (2006), a metodologia deve ser entendida como um elemento facilitador da
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
149
produção de conhecimento, uma ferramenta capaz de auxiliar o entendimento do processo de
busca de respostas e o adequado posicionamento de informações sobre o que se ignora.
Para Severino (2007), várias são as modalidades de pesquisa que pode praticar o que
implica coerência epistemológica, metodológica e técnica para o seu adequado
desenvolvimento que, segundo Reich (1999), é uma oportunidade para aprender e quem sabe
modificar a realidade nas organizações; por isso, colher e analisar dados sobre a empresa-alvo é
a tarefa mais importante.
Desta forma, Reich (1999) utiliza uma postura de ouvir o que as pessoas têm a dizer e
participar de eventos sem a preocupação de que isto possa influenciar os respondentes ou
processos em andamento, assim, Severino (2007) aborda que são várias metodologias de
pesquisa que podem adotar uma abordagem qualitativa, modo de dizer que faz referência mais
a seus fundamentos epistemológicos do que propriamente a especificidades metodológicas.
5.1 DEFINIÇÃO DA POPULAÇÃO-ALVO DO ESTUDO
As mídias sociais estão interligadas com grupos de pessoas em que facilita a maneira de
encontrar pessoas para que se possam obter informações de interesse em seu produto, afinal
cada mídia social funciona de uma maneira, mantendo uma constante troca de informações
instantâneas proporcionando um retorno imediato.
Por sua vez, Charoux (2006), em decorrência do tipo de pesquisa, diz que são
escolhidas as melhores ferramentas para o trabalho, isto é, as técnicas de coleta de dados que
melhor se ajustam à natureza da tarefa que, aborda Roesch (1999), engloba toda a organização,
como no caso de propostas de reestruturação organizacional, normalmente em empresas de
pequeno e médio porte.
Fundamentalmente, considera a efeito uma solicitação de dados a um aglomerado de
micro e pequenas empresas que atuam nas redes sociais com referência ao problema em tela
para, posteriormente, mediante a análise qualitativa, chegar às conclusões, proporcionalmente,
e às informações conquistadas.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
150
O foco da pesquisa está concentrado em dez micro e pequenas empresas instaladas no
mundo virtual das cidades Registro, Juquiá e Cajati como canais de informações e divulgações
dos seus produtos com o consumidor. O questionário foi devidamente aplicado com as micro
e pequenas empresas inclusas nas redes sociais.
5.2 INSTRUMENTO DE PESQUISA
De acordo Charoux (2006), conforme o tipo de questionamento formulado, a pesquisa
pode ser classificada como: exploratória, descritiva e experimental ou casual. Quanto a sua
finalidade, pode ser classificada como: quantitativa ou qualitativa, como destaca Severino
(2007), que são várias as modalidades de pesquisa que se pode praticar o que implica coerência
epistemológica, metodológica e técnica para o seu adequado desenvolvimento.
Como ferramenta de obtenção de informações empregar-se-á o questionário pela
facilidade de utilização, podendo ser direcionado a um vasto número de micro e pequenas
empresas que atuam simultaneamente no mundo virtual, que discorre Roesch (1999). A
pesquisa qualitativa é apropriada para a avaliação formativa, quando se trata de melhorar a
efetividade de um programa ou plano, ou mesmo quando é o caso da proposição de planos, ou
seja, quando se trata de selecionar metas de um programa.
Para o objetivo proposto à investigação adotou-se um estudo qualitativo para avaliar as
prerrogativas do uso da Internet como forma de comunicação entre a empresa com o
consumidor e induzir a empresa na era da informação. A principal forma de conduzir a
pesquisa qualitativa é descobrir quantas micro e pequenas empresas compartilham uma
característica ou um grupo de características, especialmente projetada para gerar medidas
precisas e confiáveis que permitam uma análise estatística.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
151
5.3 MÉTODO E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Santos e Filho (2003) comentam que o método como já exposto anteriormente, é o
caminho a ser trilhado pelos pesquisadores na busca do conhecimento. Existe o método geral,
aplicado a toda e qualquer área do conhecimento humano, e o método particular específico
para cada campo da ciência, com suas próprias especificidades.
Já Rudio (2004) conceitua “coleta de dados” como a fase do método de pesquisa, cujo
objetivo é obter informações da realidade, conforme relata Oliveira (2001), verifica-se que a
fase prática da pesquisa inicia-se com a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas
selecionadas, a fim de se efetuar a coleta de dados previstos, e sua execução obedece a várias
características.
Para Oliveira (2001), são várias as fases para a realização da coleta de dados, que variam
de acordo com as circunstâncias ou com o tipo de investigação, comenta Rudio (2004), que
pelo fato de serem muito frequentemente empregados nas ciências comportamentais, vamos
apenas considerar, em nosso estudo, o questionário e a entrevista.
Para esta pesquisa qualitativa foi utilizado o questionário, que tem por objetivo realizar
medições de variáveis ou conceitos. Na elaboração dos questionários foram utilizadas
perguntas abertas.
6. ANÁLISE DOS DADOS
Todas as informações obtidas por meio das entrevistas e da aplicação dos questionários
aqui serão levadas em consideração para a análise dos resultados. Observa Roesch (1999) que
as perguntas abertas em questionários são a forma mais elementar de coleta de dados
qualitativos, ainda descrevendo sobre a análise Symon & Casell citado por Roesch (1999)
enfatizam que é um processo de interpretação que impede a ideia de objetividade científica
implícita na confiabilidade e viabilidade.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
152
Foram analisadas dez empresas nos ramos de confecções, perfumaria, cosméticos,
medicamentos, imobiliário, consultoria e estética, nas cidades de Juquiá, Registro e Cajati, entre
os dias de 06 a 16 de abril do corrente ano. Foi utilizado um questionário com seis questões de
respostas abertas, em que as empresas foram questionadas quanto ao tempo de uso das redes
sociais, os fatores que levaram à utilização dessa ferramenta, os benefícios percebidos,
eventuais problemas e o custo que a empresa teve para estar presente nas redes sociais.
Foi observado na primeira pergunta que entre as dez empresas pesquisadas somente
três utilizam as redes sociais, por um período recente, entre 02 a 06 meses. Já as outras sete
empresas fazem uso desta ferramenta há um tempo maior, entre 02 a 03 anos de forma bem
atuante, sempre atualizando os perfis e postagens, mesmo as que ainda não têm tanto tempo
nesta rede, também utilizam de postagens e atualização para que consigam sempre estar
visíveis aos possíveis consumidores.
Na segunda questão foram analisados os fatores que levaram o uso desta ferramenta,
tendo como as respostas de ser vantajoso ter um perfil ativo na rede; rapidez de retorno em
relação às postagens de fotos, mensagens e produtos; grandes números de pessoas que se
relacionam por meio da rede; melhor contato com os clientes. Citado por cinco empresas o
objetivo de fazer propaganda utilizando a rede como forma de informar os possíveis clientes
em relação aos produtos expostos, houve relatos de uma empresa de perfumaria que costuma
postar produtos, e que os clientes que naquele momento não podem comparecer na loja ou
mesmo de outras cidades, chegam a reservar os produtos ou mercadoria, outro fator descrito
pelas empresas foi divulgar a marca, a divulgação também foi observada na análise dos
questionários, ou seja, a divulgação da marca e nome da empresa, visto que as empresas estão
buscando se tornar conhecidas para poder competir com o mercado globalizado.
Um fator notado nas empresas pesquisadas foi que várias citaram a utilização das redes
sociais para a propaganda, mas considerando o conceito de propaganda sendo alguma
atividade promocional que se pague por ela por um período determinado, essas empresas não
estão fazendo propaganda e sim uma forma de publicidade sendo considerada como uma
comunicação não paga de informações sobre a empresa, produto e ou serviço.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
153
Em relação aos benefícios sentidos, ao serem tabulados os dados, a rapidez foi a mais
citada, novos negócios, aumento da carteira de clientes, atração de novos clientes, possíveis
clientes. Dentro desta questão, três empresas ainda não observaram benefícios e resultados
desta ferramenta.
Um ponto bastante questionado neste trabalho foi a marca, os riscos que a rede pode
oferecer em relação à privacidade de nome, logomarca e imagem, devido à ação de hackers,
vírus e outros perigos incutidos na rede. Mas de maneira surpreendente todos os dez
entrevistados relataram não terem tido nenhum tipo de problema desta natureza.
Entre as redes mais usadas o Facebook é o grande preferido, sendo que as empresas que
ainda não estão nesta rede, já se projetam migrar devido ao grande boom de usuários que essa
rede social está acomodando no mundo.
Quanto aos custos para a manutenção da empresa na rede, a maioria relata não ter
despesa alguma, somente uma empresa no ramo de perfumaria pontuou que mantém um
administrador de sites para a manutenção da sua Fanpage.
Empresas Ramo de atividades Cidade Rede social
Ampla RH Consultoria Registro Facebook
Cor e Canela Perfumaria Salão de Beleza Juquiá Facebook
D&M Imóveis Imobiliária Cajati Facebook/Twiter
Dalva Moda Íntima Artigos em geral Juquiá Msn
Delírio Perfumaria Perfumaria Registro Facebook
Drogaria Silveira II Medicamentos Registro Facebook
Fascínio Modas Confecções Juquiá Facebook/Msn
Jhony Modas Confecções Juquiá Facebook/Msn
Peralta Modas Confecções Juquiá Orkut
Soul and Beauty Clínica de Estética Registro Facebook
6.1 Quadro - 1 Demonstrativo da Pesquisa Fonte: Dados da pesquisa 2012
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
154
As redes sociais são hoje o boom do momento com milhões de pessoas no mundo
conectadas as outras em tempo mais do que real. O Brasil tem cerca de 40 milhões de usuários
ligados nestas redes sociais. A região do Vale do Ribeira-SP, com cerca de 140 mil habitantes,
considerando a grande expansão da Internet, mas ainda sem dados estatísticos sobre o número
de usuários das redes sociais.
Estudar a influência das redes sociais nas micro e pequenas empresas do Vale do
Ribeira-SP, com o objetivo principal de pesquisar a preocupação com a imagem na Web, os
riscos para a marca e legitimidade das micro e pequenas empresas que usam esta ferramenta de
marketing.
Após a análise dos dados coletados, podemos concluir que as empresas não estão
preocupadas com a imagem, todas as empresas pesquisadas relataram não terem tido
problemas com a sua imagem nas redes sociais, observamos que dependendo do ramo de
atividade, a venda não é tão relevante, mas sim, buscam estar posicionadas na mente do
consumidor. Encontramos algumas dificuldades no referencial teórico devido ao tema
proposto ser bastante inovador e inédito na coleta dos dados, que num primeiro momento
seria via rede social, mas logo esbarrado na falta de retorno das mensagens, buscamos outro
caminho para a coleta que se deu por meio de entrevistas pessoais e via telefone.
Há muito que se pesquisar sobre a questão de redes sociais e suas influências nas micro
e pequenas empresas, apontamos como sugestões observar o tempo para pesquisar a
população-alvo, cidade e ramos de atividades, e algo a notar, também, seria a metodologia,
talvez por meio de uma pesquisa quantitativa poderia se obter melhores resultados.
REFERÊNCIAS
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Conhecimento. 3. ed. DVS. São Paulo.
CHUCHILL JR., GILBERT A.; PETER, J. Paul. Marketing (criando valor para os
clientes). 2. ed. Saraiva: São Paulo, 2000.
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DRUCKER, Peter F. Administrando para o Futuro: os anos 90 e a virada do século. 1. ed.
Pioneira. São Paulo: 1992.
FILHO, Domingos Parra; SANTOS, João Almeida. Metodologia Científica. 6. ed. Futura:
São Paulo, 2003.
GRACIOSO, Francisco. Propaganda Engorda e Faz Crescer a Pequena Empresa. 1. ed. Atlas:
São Paulo, 2002. In: LONGENEIKER, Moore, Petty. Administração de pequenas
empresas 1. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 1997.
HERCHEUI, Magda David. 1,2,3 Estratégias de mídias sociais. HSM Management: São
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KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 5. ed. Atlas: São Paulo, 1998.
LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing (conceitos, exercícios e casos). 8. ed. Atlas: São
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OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de Metodologia Cientifica-Projetos de Pesquisas,
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ROESCH, Sylvia Maria Azeved. Projetos de Estágio e de Pesquisa em Administração.
Atlas: São Paulo, 1999.
ROSENBLOON, Bert. Canais de Marketing – uma visão gerencial. 1. ed. Atlas: São
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RUDIO, Franzs Victor. Introdução ao Projeto de Pesquisa Científica. 32. ed. Vozes: São
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SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 23. ed. Revista e
Atualizada. Cortez: São Paulo.
CAPÍ TU
LO10
A APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DA INTERNET:NOVOS SABERES E NOVOS PARADIGMAS
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
157
A APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DA INTERNET: NOVOS
SABERES E NOVOS PARADIGMAS
Enzo Bertazini
Juliano Schimiguel
Hélio Rosetti Junior
Djalma de Oliveira Bispo Filho
A Internet integra parte significativa do cotidiano das pessoas. Ela é usada para
atividades pessoais, corporativas e governamentais. A Educação como um todo também se
vale desta importante ferramenta como pode ser observado pelo levantamento feito pela Abed
(ABED, 2006) junto a Instituições de Ensino credenciadas a ministrarem cursos no formato
Ead, bem como empresas que utilizam este formato educacional para a formação, qualificação
e treinamento de seus funcionários, parceiros e clientes. O presente trabalho visa debater
detalhes da aprendizagem no ambiente da internet, com suas consequências e desdobramentos,
em comparação com as formas tradicionais de se aprender.
O Mapeamento do Censo EAD.BR (ABED, 2006) verificou a evolução em todos os
níveis educacionais. As instituições a distância ministram 1.752 cursos. Os de especialização
formam o maior grupo com 37% de todos os cursos, seguido pelos de graduação com 26,5%,
ou então por um grupo que pode ser composto pelos cursos de graduação mais os tecnólogos
ou de complementação pedagógica, que ainda assim ficam com 34,6%.
Conforme as instituições de ensino que responderam ao censo, a idade do aluno é mais
avançada do que na educação presencial, sendo que a idade predominante é a de mais de 30
anos e com o maior número de matrículas em torno de 72% (ABED, 2006).
O censo mostra ainda que a evasão média apurada entre as 129 instituições que
responderam a essa questão é de 18,5%. Os motivos mais frequentes apontados pelos alunos
para a evasão, na análise das instituições, são a falta de dinheiro e de tempo (indicados por
mais da metade), mas os problemas referentes ao desconhecimento do método ou ao seu
estranhamento não são desprezíveis, sendo citados por um terço das instituições (ABED,
2006). Esta característica muitas vezes vem acompanhada de outras como: aluno trabalhador,
com família constituída e há muitos anos afastado do sistema educacional. Isto implica não só
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
158
em pré-requisitos e perspectivas diferentes por parte destes alunos quanto ao curso que
abraçaram, mas também de estilos e condições de aprendizagem centradas em também
diferentes relações com os saberes (CHARLOT, 2001; DOUADY, 1995). Estes aspectos
impõem mudanças, inovações na prática pedagógica do professor universitário e das
ferramentas utilizadas em um ambiente EAD.
A informação digitalizada circula mais rapidademente, se reproduz e pode ser
apresentada em diversas interfaces. Nesse contexto, Web sites e ambientes virtuais de
aprendizagem vêm ganhando espaço e credibilidade como ferramentas de apoio ao ensino e
aprendizagem, por facilitarem a organização, a interatividade e a colaboração entre alunos e
professores (RECUERO, 2002).
Duffy e Savery (1995) consideram que o conhecimento resulta do entendimento das
interações com o ambiente social, ou seja, os alunos interpretam as informações à medida que
as experimentam dentro de um contexto significativo. Regras, leis e enunciados, separados de
um contexto, têm pouco ou nenhum significado para os alunos. Dessa forma, construir
espaços de formação é um desafio que não se limita a simples incorporação de conteúdos
digitais no ambiente de aprendizagem. Deve-se também considerar a aprendizagem como uma
produção resultante não só dos conteúdos disponibilizados em um ambiente, mas também das
atividades de exploração conduzidas através da interação, dos processos colaborativos e da
contextualização do conhecimento (MORÁN, 2002).
A EAD apresenta-se como uma estratégia para a construção de conhecimentos em que
a construção do conhecimento ocorre em virtude da interação do indivíduo com o que ele
conhece, sendo sempre uma construção nova, uma nova interpretação que ele é capaz de fazer,
partindo de conhecimentos pré-estabelecidos (FRANCO et al., 2006). Para Estabel et al (2006),
Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) são portas de entrada para a inserção de
indivíduos no ambiente digital, sendo necessário definir, de forma criteriosa, a escolha de um
ambiente com recursos de interação para favorecer o processo de aprendizagem atuando o
professor, como mediador no processo de cooperação.
Segundo resultados da 21ª Pesquisa Anual do Centro de Tecnologia de Informação
Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas
(FGV-EAESP-CIA, 2010), em 2010 existia 77 milhões de computadores em uso no Brasil
(dois para cada cinco habitantes). A previsão para os próximos anos indica que teremos as
seguintes quantidades: em 2012, 100 milhões de computadores (um para cada dois habitantes)
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
159
e em 2014, 140 milhões (dois para cada três habitantes). O uso da Internet também não para
de crescer em quantidade de usuários, sites e infraestrutura. É fato que estamos imersos em um
mundo cada vez mais dominado pelas tecnologias.
A escola como instituição social, sofre intervenção do contexto no qual se insere e, se a
sociedade moderna está definida e estruturada pela tecnologia, todas as suas instituições
passam a ser delineadas com parâmetros tecnológicos. A escola tem uma estrutura
tradicionalmente conservadora, porém, é impossível recusar o conhecimento tecnológico
trazido pelos estudantes, quando jovens, que convivem com a técnica no seu meio social, e
pelas empresas de informática, produtoras de instrumentação para aprendizagem em todas as
áreas. Em contrapartida, o grande número de alunos que estudam pelo sistema de EAD não
possui toda essa vivência digital.
OBSERVAÇÕES ACERCA DA APRENDIZAGEM NOS DIAS DE HOJE
Conforme De Aquino (2008), o mundo moderno, de modo geral, e o mundo dos
negócios, de modo particular, exigem das pessoas um constante aprendizado, para que elas
obtenham cada vez mais sucesso ou, no mínimo, não se sintam marginalizadas e sem
oportunidades. Estamos na era do “Lifelong Learning” ou educação continuada ou
aprendizagem continuada. Segundo a enciclopédia digital de construção coletiva do
conhecimento (WIKIPEDIA, 2011), aprendizagem continuada é o fornecimento ou a
utilização de ambas as oportunidades formais e informais de aprendizagem ao longo da vida
das pessoas, a fim de promover o desenvolvimento e melhoria contínua dos conhecimentos e
habilidades necessárias para o emprego e a realização pessoal. Esta definição compartilha uma
conotação de mistura com outros conceitos educacionais, como a Educação de Adultos,
Formação de Adultos, Educação Continuada, Educação Permanente e outros termos que se
relacionam com a aprendizagem fora do sistema formal de ensino.
Segundo o Banco Mundial (THE WORLD BANK, 2011), a aprendizagem continuada
é essencial para os indivíduos manterem o ritmo com o mercado de trabalho mundial. Nesta
visão, as pessoas devem adaptar-se constantemente às novas condições de vida, tecnologia e
exigências de trabalho. Isso requer o aprendizado de habilidades que ajudam o indivíduo a se
ajustar a um mundo em constante mudança. A abordagem do Banco Mundial para a
aprendizagem continuada envolve uma combinação de competências. O Banco Mundial define
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
160
os conhecimentos e as competências necessárias para a aprendizagem ao longo da vida
incluindo a base de habilidades acadêmicas, como a alfabetização em língua estrangeira,
matemática e ciência, e habilidades, a capacidade de usar tecnologias de informação e
comunicação. Os trabalhadores devem usar essas habilidades de forma eficaz, agir de forma
autônoma e reflexiva, e juntar-se e funcionar em grupos socialmente heterogêneos.
Já a UNESCO (UNESCO, 2011) apoia uma visão mais humanista da aprendizagem em
comparação com a abordagem econômica do Banco Mundial. Esta visão está centrada no
desenvolvimento integral do indivíduo. O relatório intitulado Aprender a Ser: O mundo de
hoje e amanhã da Educação (FAURE et al., 1972) argumenta que a ênfase deve estar em
aprender a aprender e não sobre a adequação entre a escolaridade e as necessidades do
mercado de trabalho. O relatório afirma:
O objetivo da educação é permitir ao homem ser ele mesmo [...] e o objetivo da
educação em relação ao progresso econômico e de emprego devem ser não tanto a preparar
[...] para uma vocação específica para a vida toda, como otimizar a mobilidade entre as
profissões e oferecer estímulo permanente ao desejo de aprender e treinar a si mesmo.
O conhecimento é composto de diferentes tipos: Saber sobre, Saber fazer, Saber ser,
Saber onde encontrar e saber transformar (SIEMENS, 2011). Revistas, livros, bibliotecas,
museus fornecem conhecimento nos níveis "sobre" e "fazer". Saber ser, saber onde encontrar
e saber transformar são compreensões de nível superior e se dá por meio da reflexão e
aprendizagem informal. Os sistemas tradicionais de ensino, no qual o professor é a única fonte
de conhecimento, são pouco adequados para preparar as pessoas para trabalhar e viver em
uma economia do conhecimento. O quadro 01 mostra as relações entre a aprendizagem
tradicional e a aprendizagem contínua e os papéis desempenhados por alunos e professores.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
161
Aprendizagem Tradicional Aprendizagem Contínua
O professor é a fonte de conhecimento Os educadores são os guias de fontes de
conhecimento
Os alunos recebem o conhecimento do
professor As pessoas aprendem fazendo
Os alunos trabalham sozinhos As pessoas aprendem em grupo e do outro
Os testes são indicados para impedir o
progresso, quando os alunos têm
dominado completamente um conjunto
de competências.
A avaliação é usada para guiar estratégias de
aprendizagem e de identificar caminhos para
a aprendizagem futura
Todos os alunos a aprender a mesma
coisa
Educadores • desenvolver planos de
aprendizagem individualizada
Professores recebem formação inicial
mais ad hoc de formação em serviço
Os educadores estão aprendendo ao longo
da vida. A formação inicial e
desenvolvimento profissional contínuo
estão ligados
Os alunos são identificados e autorizados
a continuar mais tarde a educação
As pessoas têm acesso a oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida
O aprendizado é colocado em
prática
Quadro 01: Comparação entre a aprendizagem tradicional e a aprendizagem contínua Fonte: Adaptado de THE WORLD BANK (2011)
Há mais de um tipo de aprendizagem. Em 1956 Benjamin S. Bloom e outros membros
da Associação Americana de Psicologia, identificaram três domínios de atividades
educacionais:
• Cognitivo: habilidades mentais (conhecimento).
• Afetivo: o crescimento de sentimentos ou áreas emocionais (atitude).
• Psicomotor: manual ou habilidades físicas (habilidades).
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
162
O domínio cognitivo, segundo Bloom (1974), envolve o conhecimento e o
desenvolvimento de habilidades intelectuais. Isso inclui a retirada ou o reconhecimento de
fatos específicos, padrões processuais e dos conceitos que servem para o desenvolvimento das
capacidades intelectuais e competências. Há seis categorias principais: conhecimento,
compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. As categorias podem ser consideradas
como graus de dificuldades. Ou seja, as primeiras devem, normalmente, ser dominadas antes
que as próximas possam ter lugar.
O domínio afetivo inclui a maneira como lidamos com as coisas emocionalmente,
como sentimentos, valores, apreciação, entusiasmos, motivações e atitudes. Há cinco
categorias principais: internalização, organização (de valores), avaliação, resposta e recepção.
O domínio psicomotor inclui o movimento físico, coordenação e utilização das áreas
de habilidades motoras. O desenvolvimento dessas habilidades requer prática e é medido em
termos de velocidade, precisão, distância, procedimentos ou técnicas de execução. Há seis
categorias principais: reflexos, movimentos básicos, habilidades de percepção, habilidades
físicas, movimentos aperfeiçoados e comunicação não verbal.
Esta taxonomia dos comportamentos de aprendizagem pode ser pensada como "os
objetivos do processo de aprendizagem". Isto é, após um episódio de aprendizado, o aluno
deve ter adquirido novas competências, conhecimentos e/ou atitudes. Bloom e seus colegas
deram ênfase ao domínio cognitivo e estabeleceram uma hierarquia de objetivos educacionais,
que é geralmente referida como a Taxonomia de Bloom. Esta taxonomia tenta dividir objetivos
cognitivos em subdivisões que vão desde as habilidades de pensamento de ordem inferior até
as habilidades de pensamento de ordem superior, conforme mostrado na Figura 1.
Habilidades de Pensamento de Ordem Superior
AVALIAÇÃO
SÍNTESE
ANÁLISE
APLICAÇÃO
COMPREENSÃO
CONHECIMENTO
Habilidades de Pensamento de Ordem Inferior
Figura 1- Taxonomia de Bloom Fonte: Adaptado de Churches (2011a)
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
163
As divisões apresentadas não são absolutas e há outros sistemas ou hierarquias que
foram criados no mundo da educação e da formação. No entanto, a taxonomia de Bloom é
facilmente compreendida e é provavelmente a mais aplicada hoje em dia.
No ano de 2001 Anderson e Krathwohl (2001) publicaram a revisão sobre a taxonomia
de Bloom exclusivamente sobre o aspecto cognitivo. Esta nova taxonomia reflete, segundo
Churches (2010), uma forma mais ativa de pensar.
Habilidades de Pensamento de Ordem Superior
CRIAR
AVALIAR
ANALISAR
APLICAR
COMPREENDER
RECORDAR
Habilidades de Pensamento de Ordem Inferior
Figura 2- Taxonomia de Bloom Revisada Fonte: Adaptado de Churches (2011a)
Umas das principais mudanças desta taxonomia é a utilização de verbos no lugar dos
substantivos utilizados na taxonomia de Bloom. Outra mudança foi na ordem das categorias.
Na figura 2 é representada esta nova taxomonia com os seus domínios.
Cada uma das categorias possui verbos-chave associados a ela e que são relacionados.
A seguir são listadas as categorias das habilidades de pensamento inferior para as habilidades
de pensamento superior segundo a taxonomia de Blom revisada:
• Recordar - reconhecer, descrever, identificar, recuperar o nome, localizar, encontrar.
• Compreensão - Interpretar, resumir, concluir, parafrasear, classificar, comparar,
explicar, modelar.
• Aplicar - realizar, desempenhar, utilizar, executar.
• Analisar - Comparar, organizar, desconstruir, atribuir, delinear, encontrar, estruturar,
integrar.
• Avaliar - Rever, formular hipóteses, criticar, experimentar, julgar, provar, detectar,
monitorar.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
164
• Criar - desenhar, projetar, planejar, construir, produzir, desenvolver, elaborar.
Segundo Anderson e Krathwohl (2001), a criatividade é superior à avaliação no
domínio cognitivo. Os verbos citados anteriormente descrevem muitas atividades, ações,
processos e objetivos que temos em nossa prática diária em sala de aula. Não satisfazem, no
entanto, os novos objetivos, processos e ações que, devido ao surgimento e à integração das
TIC, estão presentes em nossas vidas e na vida dos alunos, nas aulas e, gradativamente, em
quase todas as atividades que realizamos diariamente. Segundo Churches (2011a), é necessário
preparar nossos alunos para o futuro, temos de prepará-los para a mudança, ensiná-los a
questionar e pensar, para se adaptar e modificar, para filtrar, peneirar e classificar. Eles nascem
em um mundo em que a única constante é a mudança, eles estão imersos em tecnologia e ainda
não sabem como essa tecnologia é ubíqua. O impacto da colaboração em suas várias formas
tem uma crescente influência na aprendizagem. Muitas vezes isso é facilitado pelos meios
digitais e cada dia se torna mais valiosa nas salas de aula permeada por estes meios
(CHURCHES, 2011a).
A colaboração pode assumir diversas formas e seu valor pode variar muito. Muitas
vezes isso é independente do mecanismo usado para ajudar. A colaboração é essencial no
século XXI.
Considerando a taxonomia de Bloom, as inclusões das TIC nos ambientes de ensino e
aprendizagem, a colaboração, tão necessária e requisitada no século XXI, conforme Churches
(2011a) propõe uma modificação na taxonomia revisada de Bloom de modo a adequá-la às
TIC e ao uso cada vez mais comum da Web. Ele passou a chamá-la de Taxonomia Digital de
Bloom.
TAXONOMIA DIGITAL DE BLOMM
Utilizando as mesmas categorias encontradas na taxonomia revisada de Bloom inclui
agora as atividades “digitais” que passam a compor as mesmas (CHURCHES, 2011b). Estas
categorias passam a ser listadas e explicadas começando pelas de Habilidades de Pensamento
de Ordem Inferior.
• RECORDAR: lembrar está no menor nível da taxonomia, mas é fundamental para a
aprendizagem. Ela não tem que necessariamente ocorrer como uma atividade
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
165
independente, ela é aumentada sendo aplicada em atividades de ordem superior. A
chave para este elemento da taxonomia para a mídia digital é a recuperação do material.
O aumento na quantidade de conhecimento e informação significa que é impossível e
impraticável para o aluno (ou professor) tentar se lembrar e manter todos os
conhecimentos atuais relevantes para a sua aprendizagem. As adições digitais para esta
categoria são listadas e explicadas no Quadro 2.
Verbos Explicação
Utilizar
vinhetas
Análogo a um anúncio, mas em formato digital.
Destacar O marcador é uma ferramenta essencial em “suítes” de produtividade de
software como o Microsoft Office ou Office.org. Ao incentivar os alunos a
escolher e destacar as palavras-chave e frases, elas reforçam a recordação e
memória.
Marcar
favoritos
Neste processo, os alunos marcam sites, recursos e arquivos para uso futuro.
Eles também podem organizá-los mais tarde.
Redes sociais Onde as pessoas desenvolvem redes de amigos e parceiros, estabelecer e
criar laços entre pessoas diferentes. Elas podem tornar-se um elemento-
chave da colaboração e networking.
Construção
coletiva
repositórios
favoritos
(social
bookmarking)
É uma versão online de marcação ou locais favoritos, mas mais avançado,
porque ele pode tirar proveito de outros marcadores e etiquetas. Enquanto
as habilidades de pensamento de ordem superior para colaborar e
compartilhar, podem e fazem uso dessas habilidades, este é o mais simples
de usar, como realizar uma simples listagem de sites que são salvos em uma
linha, ao invés de armazenadas localmente no seu computador.
Buscar,
pesquisar
Motores de busca agora são elementos-chave na investigação do estudante.
Esta habilidade não refina a busca para além da palavra-chave ou termo
usado.
Verbos-chave de RECORDAR: Reconhecer, listar, descrever, identificar, recuperar,
denominar, localizar, utilizar vinhetas, destacar, marcar favoritos, redes sociais, construção
coletiva de repositórios favoritos, buscar, pesquisar.
Quadro 2- Verbos para RECORDAR
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
166
Fonte: Adaptado de Churches (2011b)
• COMPREENDER: a compreensão constrói relações e conhecimento. Os alunos
compreendem conceitos e processos e podem explicá-los ou descrevê-los. São capazes
de resumir e reformular com suas próprias palavras. Compreender é estabelecer
relações e construir significados. Compreendendo: construindo o significado de
diferentes tipos de funções, seja ela escrita ou gráfica. As adições digitais para esta
categoria são listadas e explicadas no Quadro 3.
Verbos Explicação
Busca
Avançada e
Booleana
Esta é uma melhoria na categoria anterior. Os estudantes devem ter uma
compreensão mais profunda para criar, modificar e refinar as pesquisas para
atender às suas necessidades.
Notícias,
comentários,
editar Blogs
Este é o uso mais simples de um blog, em que o aluno "fala", "escreve" ou
"digita" um diário pessoal ou blog em uma tarefa específica. Isso mostra uma
compreensão básica da atividade que está sendo relatada. O blog ajuda a
desenvolver o pensamento de ordem superior, quando usados para discutir e
colaborar.
Categorizar
ou etiquetar
Classificar e organizar arquivos, sites e materiais de uso em pastas. Isso pode
ser feito por meio da organização, estruturação e atribuição de palavras-
chave de dados online no cabeçalho da página Web (meta-tags). Os alunos
precisam compreender o conteúdo das páginas para marcá-las.
Comentar Há uma variedade de ferramentas que permitem aos usuários comentar e
fazer anotações em páginas Web, pastas pdf e outros documentos. O usuário
desenvolve o entendimento, basta comentar sobre as páginas. Isso é
potencialmente mais eficiente, porque pode ser “linkados” e indexados.
Assinar Assinar o RSS de um site utiliza a marcação em suas diversas formas e leva
uma simples leitura a um nível superior. O ato de inscrição, por si só, não
demonstra ou desenvolve a compreensão, mas muitas vezes o processo de
releitura do que foi postado conduz a uma maior compreensão.
Verbos-chave de COMPREENDER: Interpretar, resumir, concluir, parafrasear,
classificar, comparar, explicar, exemplificar, fazer buscas avançadas, fazer pesquisas
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
167
booleanas, editar blogs, "Twittar" (usando o Twitter), categorizar tag, comentar, anotar,
assinar.
Quadro 3- Verbos para COMPREENDER Fonte: Adaptado de Churches (2011b)
• APLICAR: aplicar significa realizar ou recorrer a um processo para o desenvolvimento
de uma representação ou uma implantação. Aplicar relaciona e refere-se a situações em
que o material estudado é utilizado no desenvolvimento de produtos, tais como
modelos, apresentações, entrevistas e simulações. As adições digitais para esta categoria
são listadas e explicadas no Quadro 4.
Verbos Explicação
Operar e
executar
Refere-se à ação de iniciar um programa. É operar e manipular hardware e
software para alcançar um objetivo básico ou resultado.
Jogar É crescente a presença dos jogos como um meio educativo. Alunos que
conseguem manipular ou utilizar um jogo mostram compreensão de
processos e tarefas, e aplicação de habilidades.
Enviar e
compartilhar
Refere-se a carregar um material para sites de compartilhamento. Estas são
formas simples de colaboração, habilidade do pensamento de ordem
superior.
Editar Em muitos aspectos, a edição é um processo ou procedimento utilizado por
um editor.
Verbos-chave para APLICAR: Implementar, desempenhar, usar, executar, operar,
jogar, enviar, compartilhar, editar.
Quadro 4- Verbos para APLICAR Fonte: Adaptado de Churches (2011b)
• ANALISAR: analisar é quebrar em partes ou conceitos e determinar como eles se
relacionam e interagem uns com os outros, ou uma estrutura completa, ou uma
finalidade específica. Ações mentais deste processo incluem diferenciar, organizar e
distribuir, assim como a habilidade de estabelecer diferenças entre os componentes. As
adições digitais para esta categoria são listadas e explicadas no Quadro 5.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
168
Verbos Explicação
Recombinar
(Mashing) [8]
As misturas são formadas pela integração de várias fontes de dados em uma
única fonte. Este é um processo complexo, mas quando houver uma maior
evolução de sites, se tornará uma opção cada vez mais fácil e disponível para
analisar as informações.
“Linkar” É identificar e construir os “links” para o interior de documentos ou para
sites externos, documentos e páginas da Web.
Engenharia
Reversa
É análogo ao desconstruir. Também muitas vezes associada a "cracking", sem
as implicações negativas associadas a esta.
“Cracking” É necessário conhecer muito bem a aplicação ou sistema que se está
“craqueando”, para analisar seus pontos fortes e fracos e, em seguida,
explorá-los.
Verbos-chave para ANALISAR: comparar, organizar, desconstruir, atribuir, desenhar,
localizar, organizar, integrar, recombinar, “linkar”, validar, fazer engenharia reversa,
"cracking" e mapas mentais.
Quadro 5: Verbos para ANALISAR Fonte: Adaptado de Churches (2011b)
• AVALIAR: avaliar é fazer julgamentos com base em critérios, normas ou padrões
utilizando testes ou uma avaliação crítica. As adições digitais para esta categoria são
listadas e explicadas no Quadro 6.
Verbos Explicação
Blog /
Videolog
A utilização destes recursos muitas vezes facilita a reflexão, comentários ou
críticas construtivas. Quando os alunos comentam e respondem as
publicações, eles devem avaliar o material dentro de um contexto e
responder a este.
Postar Fazer e postar comentários em blogs, participar de grupos de discussão,
participar de discussões em fóruns, são elementos cada vez mais comuns e
que os estudantes usam todos os dias. Os bons trabalhos (publicações), bem
como as boas críticas, não são respostas de uma simples linha, pelo
contrário, são elaborados e construídos para avaliar o tema ou conceito.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
169
Moderar Refere-se a fazer uma ação de alto nível, em que o avaliador deve ser capaz
de avaliar uma publicação ou comentário sob diversas óticas, avaliar seu
mérito, valor ou relevância.
Colaborar e
trabalhar em
rede
A colaboração é um recurso cada vez mais importante da educação. Em um
mundo cada vez mais centrado na comunicação, colaboração promovendo a
inteligência coletiva é fundamental. A colaboração efetiva envolve avaliar os
pontos fortes e habilidades dos participantes e valor das contribuições que
fazem. Trabalhar em rede é um recurso de colaboração, permitindo o
contato e a comunicação com pessoas adequadas, através de redes de
parceiros.
Teste (de
versões)
Testar aplicações, processos e procedimentos são elementos-chave no
desenvolvimento de qualquer ferramenta. Para ser eficaz no ensaio ou teste,
deve-se ter a capacidade de analisar o objetivo/função da ferramenta ou
processo, como esta deveria trabalhar e como ela está trabalhando no
momento do teste.
Validando Com a abundância de informações disponíveis para os alunos juntamente
com a dificuldade de verificar sua autenticidade, os estudantes de hoje e de
amanhã devem ser capazes de validar a veracidade das suas fontes de
informação. Para isso deve ser capaz de analisar e avaliar essas fontes e fazer
julgamentos com base nelas.
Verbos-chave para AVALIAR: revisar, formular hipóteses, criticar, experimentar,
julgar, testar, detectar, monitorar, comentar em um blog, revisar, moderar, colaborar,
trabalhar em rede, reelaborar.
Quadro 6- Verbos para AVALIAR Fonte: Adaptado de Churches (2011b)
• CRIAR: criar é juntar os elementos para criar um todo coerente e funcional ou
reorganizar os elementos em um novo padrão ou estrutura. As adições digitais para
esta categoria são listadas e explicadas no Quadro 7.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
170
Verbos Explicação
Programar Quer seja criando seus próprios aplicativos, macros de
programação, desenvolvendo jogos ou aplicações multimídia em
ambientes estruturados, os alunos estão criando uma rotina, os
seus próprios programas para atender às suas necessidades e
objetivos.
Filmar, animar,
transmissão de vídeo,
transmissão de áudio,
mixagem e remixagem
Isto tem a ver com a tendência crescente de utilizar e
disponibilizar na Web ferramentas multimédia e de edição
multimídia. Os alunos muitas vezes capturam, criam, mixam e
remixam conteúdos para criar produtos únicos.
Dirigir e produzir Dirigir ou produzir uma obra ou se envolver em um processo
criativo, requer que o aluno tenha visão, entenda os
componentes e os agregue em um produto consistente.
Postar (publicar) Seja através da Web ou a partir de computadores em casa, a
editoração eletrônica, geração digital de formatos de mídia está
aumentando. Isto requer uma boa visão do todo, não só o
conteúdo a ser publicado, mas também o processo e o produto.
Relacionado a este conceito estão também a criação de vídeo
(para blogs), blogs, bem como criação, modificação e
aperfeiçoamento de Wikis.
Verbos-chave para CRIAR: projetar, construir, planejar, produzir, desenvolver,
desenhar, elaborar, programar, filmar, animar, escrever em blogs, vídeo-blogs, mixar,
remixar, participar de um wiki, publicar "videocasting”, “podcasting”, dirigir, transmitir.
Quadro 7- Verbos para CRIAR Fonte: Adaptado de Churches (2011b)
A proposta de Churches (2011a) permite uma visão mais detalhada sobre a Web e os
recursos nela disponíveis que podem ser empregados na educação formal em qualquer nível;
pelas empresas na formação, qualificação e treinamento de funcionários, parceiros e clientes ou
até mesmo na autoaprendizagem. Muitas destas novas atividades digitais (verbos) são feitas de
forma automática e quase sempre sem uma reflexão sobre as suas potencialidades no que tanje
à construção do conhecimento.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
171
Assim, cabe aos educadores refletir sobre isto e tentar adaptar as atividades
educacionais a este novo paradigma. Da mesma forma, cabe aos profissionais da Educação
procurar meios de satisfazer o anseio dos alunos com relação aos conteúdos a serem
estudados/aprendidos e seu crescimento como indivíduos.
REFERÊNCIAS
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Aprendizagem a Distância no Brasil. Pearson Education do Brasil: São Paulo, 2010.
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Assessing: a Revision of Bloom's Taxonomy of Educational Objectives. Longman: New
York, 2001.
BLOOM, B.S. et al. Taxonomia de Objetivos Educacionais. Domínio Cognitivo. Ed.
Globo: Porto Alegre, 1974.
CHARLOT, B. (2001). Os jovens e o saber: perpectivas mundiais. Artmed Editora: Porto
Alegre, 2001
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2011.
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DE AQUINO, C.T.E. Como Aprender: Andragogia e as habilidades de aprendizagem.
Pearson Education do Brasil: São Paulo, 2008.
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conocimiento. En Artigue, M; Douady, R; Moreno, l; Gómez, P. Ingeniería didáctica
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DUFFY, T. M.; SAVERY, J. R. Problem based learning: An instructional model and its
constructivist framework. Educational Technology 33(1) 31-38, 1995.
ESTABEL, L. B.; MORO, E. L. S.; SANTAROSA, L. M. C. A Superação das Limitações na
criação da página pessoal para Internet: um estudo de caso. Porto Alegre: Informática na
Educação - Teoria e Prática v. 9, n. 1, p. 43-44, jan-jun. 2006.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
172
FAURE, E.; HERRERA, F.; KADDOURA, A.R.; PETROVSKY, A.V.; RAHNEMA, M.;
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MORÁN, J.M.; MASETTO, M.T.; BEHRENS, M. Novas Tecnologias e Mediação
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RECUERO, R. C. Comunidades virtuais: uma abordagem teórica. In: Anais do Seminário
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Twenty - First Century, UNESCO Publishing. Disponível em:
<http://www.unesco.org/education/pdf/15_62.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2011.
CAPÍTULO11
MERCADO FINANCEIRO E OPERAÇÕES MATEMÁTICAS:PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES NO CONTEXTO
DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
175
MERCADO FINANCEIRO E OPERAÇÕES MATEMÁTICAS:
PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA
Helio Rosetti Júnior
Juliano Schimiguel
Antônio Henrique Pinto
Djalma de Oliveira Bispo Filho
Conhecer as operações financeiras tem sido uma necessidade no mundo moderno
conectado com a economia global. Cotidianamente são passadas, nos veículos de
comunicação, informações sobre as operações financeiras regionais, nacionais e internacionais,
demandando das pessoas conhecimentos e competências sobre as variações e indicadores
desse vasto mundo financeiro.
Entender o mercado financeiro com seus produtos e serviços, identificando seus
signos, pode proporcionar facilidades no trato com o dinheiro, por pequena que seja a quantia.
A eficiência do funcionamento do mercado financeiro é fundamental para o
crescimento das economias modernas. Quando é eficiente, facilita o acesso das empresas a
recursos mais baratos, estimulando a produção e o consumo de mercadorias. As famílias
também se beneficiam de uma remuneração melhor para os recursos poupados e têm mais
acesso a financiamentos a juros mais baixos, o que possibilita maior flexibilidade na decisão de
poupar ou consumir (PACHECO; OLIVEIRA, 2010).
Dessa maneira, compreender informações desse mundo das finanças possibilita que o
indivíduo possa fazer escolhas mais qualificadas, com resultados benéficos para sua vida
financeira pessoal.
O mercado financeiro permite a realização de trocas de diversas formas de ativos, que
representam reserva de valor. Um problema típico de um investidor é decidir como compor da
melhor maneira possível seu portfólio, ou seja, o conjunto de ativos que ele possui. Por
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
176
representarem uma reserva de valor, esses ativos podem ser vendidos futuramente para
financiar gastos em bens e serviços (HILLBRECHT, 1999).
Visando a realização das trocas de ativos financeiros, é necessária a compreensão do
significado e valor dos ativos, bem como as consequências dessas operações na vida das
pessoas e das comunidades. Essa compreensão ocorrerá na medida em que as pessoas
apresentam uma educação financeira, distinguindo assim os produtos no mercado, para uma
decisão financeira mais sustentável.
Porém, como nossa limitada educação financeira faz do crédito um conceito vago e
abstrato para a maioria das pessoas, é em torno do mau uso deste que as instituições
financeiras montam sua estratégia e realizam seus lucros no Brasil (CERBASI, 2009).
Dessa forma, como qualquer investimento, as aplicações e operações financeiras
demandam que as pessoas dediquem algum tempo para a escolha da melhor opção que se
encaixe em suas necessidades (LUQUET, 2007). O entendimento dos mecanismos e dos
signos do mundo financeiro facilita essa reflexão para uma operação bem-sucedida em tempos
de amplo acesso ao crédito. Cabe ressaltar que:
Nunca os jovens tiveram tanto acesso a serviços bancários e também nunca estiveram
tão endividados. É o que aponta o estudo realizado pela agência Namosca, especialista no
universo jovem. A pesquisa mostrou que 86% dos jovens entrevistados possuem conta-
corrente, 77,3% conta-poupança, 76,4% cartão de crédito, 84,9% cartão de débito e 62,3%
cartão de lojas (CREDINFO, 2012).
Este artigo tem por objetivo debater e refletir sobre os conhecimentos dos jovens
acadêmicos de cursos superiores de tecnologia sobre aspectos de finanças assim como sobre o
mercado financeiro. Neste estudo, procurou-se identificar a percepção e atitudes desses jovens
com o mercado financeiro no que tange às operações financeiras básicas no dia a dia e suas
consequências. A pesquisa foi feita no estado do Espírito Santo, Brasil, envolvendo faculdades
particulares de ensino tecnológico, no ano de 2010. O questionário da pesquisa foi aplicado via
Internet numa amostra de aproximadamente 400 alunos majoritariamente moradores de áreas
urbanas da região.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
177
Os dados resultantes dos instrumentos de pesquisa aplicados indicaram que os
estudantes demonstram dificuldades no que se refere ao entendimento de gráficos
representativos da bolsa de valores e da mesma forma na compreensão das séries e dos valores
financeiros informados na mídia.
O mundo do trabalho tem demandado habilidades financeiras dos estudantes,
sinalizando para uma formação acadêmica que inclua o jovem no mundo das operações com
ativos de finanças e entendimento dos códigos relacionados às moedas e seus desdobramentos
(ROSETTI; SCHIMIGUEL, 2011).
Os estudantes indicaram ainda dificuldades em utilizar a Internet para operações
financeiras, apontando para a necessidade de aprimoramento o uso da grande rede de
computadores para desenvolvimento de habilidades financeiras.
Vale ressaltar que a quantidade de alunos pesquisados representa aproximadamente um terço
do total do corpo discente das instituições, por ocasião da aplicação dos instrumentos,
distribuídos em turnos de trabalho e períodos, compondo assim uma amostra significativa
dessa população.
DADOS DA PESQUISA SOBRE MERCADO FINANCEIRO
Aqui será descrito e analisado o resultado da pesquisa realizada, com suas respectivas
representações gráficas.
Acerca de gráficos e bolsa de valores, a pergunta foi: consegue entender um gráfico
de evolução da bolsa de valores? As respostas foram: 2% responderam “muito”. 15%
responderam “razoável”. 20% marcaram “pouco”. 25% “muito pouco” e 38% responderam
“nada/nunca”, conforme o Gráfico 1. Nota-se que uma grande maioria, de 83% dos alunos,
respondeu saber pouco, muito pouco ou nada sobre evolução dos gráficos da bolsa de valores.
Gráfico 1 – Consegue entender um gráfico de evolução da bolsa de valores
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
178
Fonte: os autores
Quando questionados: sabe analisar as séries de valores numéricos diários da
bolsa de valores? As respostas dos alunos foram as seguintes: 2% responderam “muito”. 15%
responderam “razoável”. 20% marcaram “pouco”. 25% “muito pouco” e 38% responderam
“nada/nunca”, conforme o Gráfico 2. Percebe-se que uma grande maioria, com 83% dos
alunos, respondeu saber pouco, muito pouco ou nada sobre séries de valores diários da bolsa
de valores.
Gráfico 2 – Sabe analisar séries de valores numéricos da bolsa de valores
Fonte: os autores
Na pergunta: entende o noticiário financeiro nos jornais, rádios e TV´s? As
respostas foram as seguintes: 14% responderam “muito”. 31% responderam “razoável”. 22%
31%
21%19%
22%
7%
Nada/Nunca
Muito pouco
Pouco
Razoável
Muito
38%
25%
20%
15% 2%
Nada/Nunca
Muito pouco
Pouco
Razoável
Muito
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
179
marcaram “pouco”. 24% “muito pouco” e 9% responderam “nada/nunca”, conforme o
Gráfico 3. Nota-se que uma maioria, de 55% dos alunos, respondeu entender pouco, muito
pouco ou nada no noticiário financeiro na mídia.
Gráfico 3 – Entende o noticiário financeiro nos jornais, rádios e TV´s
Fonte: os autores
Quanto ao acesso à Internet, foi questionado: Tem acesso à Internet? As respostas
dos alunos foram: 81% responderam “muito”. 13% responderam “razoável”. 5% marcaram
“pouco”. 1% “muito pouco” e 0% “nada/nunca”, conforme o Gráfico 4. Nota-se que uma
grande maioria, com 81% dos alunos, respondeu “muito” no acesso à Internet.
Gráfico 4 – Tem acesso à Internet
Fonte: os autores
9%
24%
22%
31%
14%
Nada/Nunca
Muito pouco
Pouco
Razoável
Muito
0% 5%13%
81%
1%
Nada/Nunca
Muito pouco
Pouco
Razoável
Muito
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
180
Quanto ao acesso a sites financeiros, perguntou-se: acessa sites financeiros? As
respostas foram: 5% responderam “muito”. 9% responderam “razoável”. 24% marcaram
“pouco”. 24% “muito pouco” e 38% responderam “nada/nunca”, conforme o Gráfico 5.
Percebe-se que uma grande maioria, de 86% dos alunos, respondeu pouco, muito pouco ou
nada sobre acessar sites financeiros.
Gráfico 5 – Acessa sites financeiros
Fonte: os autores
Na pergunta: efetua operações financeiras e bancárias na Internet? As respostas
dos alunos foram: 13% responderam “muito”. 12% responderam “razoável”. 13% marcaram
“pouco”. 15% “muito pouco” e 47% responderam “nada/nunca”, conforme o Gráfico 6.
Nota-se que uma grande maioria, de 75% dos alunos, respondeu pouco, muito pouco ou nada
sobre efetuar operações financeiras na Internet. Quase a metade dos alunos, com 47%,
responderam nunca utilizar a Internet nas operações citadas.
Gráfico 6 – Efetua operações financeiras e bancárias na Internet
Fonte: os autores
38%
24%
24%
9% 5%
Nada/Nunca
Muito pouco
Pouco
Razoável
Muito
47%
15%
13%
12%
13%
Nada/Nunca
Muito pouco
Pouco
Razoável
Muito
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
181
Na pergunta: sabe o que é spread bancário? As respostas foram: 3% responderam
“muito”. 3% responderam “razoável”. 7% marcaram “pouco”. 12% “muito pouco” e 75%
responderam “nada/nunca”, conforme o Gráfico 7. Percebe-se que uma grande maioria, com
75% dos alunos, respondeu “nada” saber sobre spread bancário.
Gráfico 7 – Sabe o que é spread bancário
Fonte: os autores
Nota-se que uma parcela ínfima, de 3%, respondeu conhecer muito sobre spread, o que
indica baixíssimos conhecimentos da maioria dos alunos sobre os ganhos do sistema bancário.
A maioria respondeu saber pouco, muito pouco ou nada sobre evolução dos gráficos
da bolsa de valores, apontando dificuldades no entendimento desses modelos matemáticos
representativos de contextos financeiros. Assim, apesar de esses gráficos serem frequentes nos
meios de comunicação, a correta leitura dos seus significados mostra-se precária por parte dos
jovens estudantes universitários.
Uma significativa maioria, com 83% dos alunos, respondeu saber pouco, muito pouco
ou nada sobre séries de valores diários da bolsa de valores. Estes dados de percentuais
destacam que os números relativos à bolsa de valores são pouco entendidos pelos alunos
pesquisados, indicando um grande distanciamento entre os números do mercado financeiro e
os jovens em seus cotidianos.
Dessa forma, é necessário que os valores quantitativos dos órgãos financeiros sejam
devidamente explicados e discutidos com esses estudantes, visando um entendimento pleno do
contexto econômico em que estão inseridos.
75%
12%
7% 3% 3%
Nada/Nunca
Muito pouco
Pouco
Razoável
Muito
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
182
Uma maioria, de 55% dos alunos, respondeu entender pouco, muito pouco ou nada no
noticiário financeiro na mídia. Assim, apesar de serem bombardeados diariamente com
informações e notícias financeiras, os estudantes pesquisados não conseguem, pela falta de
entendimento, correlacionar essas informações com suas vidas, suas finanças, seus trabalhos e
suas comunidades.
Portanto, como se pode constatar, a globalização, a inserção da economia brasileira no
cenário mundial e a estabilização econômica ocasionaram profundas mudanças no mercado
brasileiro, e o resultante desenvolvimento de novos instrumentos financeiros e a sua
complexidade demonstram que os indivíduos e suas famílias necessitam compreender, cada
vez mais, os conceitos financeiros, para embasar as suas decisões de investimento e de
financiamento, e maximizar o seu bem-estar econômico e social (SAITO; SAVOIA;
PETRONI, 2006).
Percebe-se que uma grande maioria, com 81% dos alunos, respondeu “muito” no
acesso à internet.
Uma significativa maioria respondeu saber pouco, muito pouco ou nada sobre acessar
sites financeiros. Pode-se notar, dessa maneira, que mesmo tendo amplo acesso à Internet, os
jovens fazem muito pouco uso da rede mundial para operações financeiras, bem como acessar
páginas financeiras para obtenção de informações. Percebe-se, a partir desses dados, que as
facilidades tecnológicas não estimulam necessariamente o acesso às informações de finanças,
com marcante desinteresse por esse tipo de assunto. Com isso, fica evidente a necessidade de
se trabalhar a educação financeira nesse segmento populacional, com vistas a uma plena
inclusão desses jovens no ambiente profissional e das operações financeiras.
Verifica-se, ainda, que quase a metade dos alunos respondeu nunca utilizar a Internet
nas operações bancárias. Dessa forma, mesmo as operações bancárias, tão necessárias no
cotidiano, são feitas de forma não tecnológica por significativa parcela dos jovens, mesmo que
a grande maioria utilize a Internet intensamente para outras atividades.
Finalmente, verifica-se que a maioria, com ¾ do total, não sabe o que é spread bancário.
Isso indica que os jovens não têm conhecimentos acerca da remuneração e da lucratividade
dos sistemas financeiros.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
183
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particular. Cuadernos de Educación y Desarrollo. Espanha, Vol 3, Nº 31, Setembro, 2011.
SAITO, A.; SAVOIA J.; PETRONI, L. A educação financeira no Brasil sob a ótica da
Organização de Cooperação e Desenvolvimento econômico – OCDE. IX SEMEAD.
Administração no Contexto Internacional. Seminários em Administração FEA-USP. Agosto,
2006.
CAPÍTULO12
NORMOSE INFORMACIONAL E A EDUCACÃO
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
185
NORMOSE INFORMACIONAL E A EDUCAÇÃO
Carlos Henrique Medeiros de Souza
Larissa Cristina Cruz Brum
Fernanda Castro Manhaes
As TICs – Tecnologias da Informação e da Comunicação possibilitam que novos
hábitos, estereótipos e consensos se alterem nesse novo ambiente, transformando formas de
pensar, agir ou falar, afetando comportamentos que muitas vezes podem desencadear numa
“normose informacional” ou “anomalias da normalidade”.
NORMAL X ANORMAL
O termo Normose, sugerido pelo filósofo francês Jean Yves Leloup (1997), define um
tipo de patologia moderna caracterizada pela aceitação de comportamentos pessoais, ou seja,
aquilo que a maioria das pessoas pensa, sente, acredita ou faz, é considerado normal e, por
conseguinte serve de guia para o comportamento de um grupo como o todo. Remete à
perigosa realidade em que o hábito nocivo torna-se a norma de consenso.
Sendo assim, o que podemos considerar comportamento “anormal”? Por quais
critérios podemos diferenciar o indivíduo do comportamento “normal”?
A Normalidade, segundo Ballone (2006), é um estado padrão, normal, que é
considerado correto, justo sob algum ponto de vista. É o oposto da anormalidade. A
normalidade muitas vezes se dá por conta de uma maioria em comum, sendo anormal aquele
que contraria esta maioria. Também se dá por um resultado padrão ao realizar uma operação
com alta probabilidade de se repetir.
De acordo com Atkinson (1995), a palavra “anormal” significa, “afastado da norma”
(p. 487) e apesar de não existir um diagnóstico completamente satisfatório para definir o
comportamento anormal, o autor estabelece quatro critérios que podem ajudar nesse
diagnóstico:
- Frequência Estatística: o comportamento anormal é estatisticamente infrequente
ou desvia-se da norma.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
186
- Desvio das normas sociais: Cada sociedade tem seus padrões e normas de
comportamento aceitáveis. As ideias de normalidade e anormalidade diferem de uma sociedade
para outra, e ao longo do tempo dentro da mesma sociedade.
- Comportamento mal-adaptativo: Muitos cientistas sociais acreditam ser este o
critério mais importante na definição da anormalidade. Neste caso, o comportamento afeta o
bem-estar do indivíduo ou do grupo social. De acordo com esse critério, o comportamento é
anormal se é “mal-adaptativo” e se tem efeitos adversos sobre o indivíduo ou sobre a
sociedade.
- Sofrimento Pessoal: Nesse critério, são considerados os sentimentos subjetivos do
indivíduo, em vez de seu comportamento. Ocasionalmente, o sofrimento pessoal pode ser o
único sintoma de anormalidade; o comportamento do indivíduo pode parecer normal para o
observador casual.
Para o mesmo autor (1995, p.488), anormalidade é ainda mais difícil de definir que a
normalidade, porém algumas qualidades podem representar traços que a pessoa normal possui
em um maior grau que o indivíduo diagnosticado como anormal. São elas:
- Percepção eficiente da realidade. Os indivíduos normais são regularmente realistas
na avaliação de suas reações e capacidades e na interpretação do que ocorre no mundo à sua
volta.
- Autoconhecimento. Os indivíduos normais têm alguma consciência de seus
próprios motivos e sentimentos.
- Capacidade para exercer o controle voluntário sobre o comportamento. Os
indivíduos normais sentem-se confiantes acerca de sua capacidade para o controle do próprio
comportamento.
- Auto-estima e Aceitação. Os indivíduos normais têm alguma apreciação de seu
próprio valor e se sentem aceitos por aqueles à sua volta. Sentem-se confortáveis com outras
pessoas e são capazes de reagir espontaneamente nas situações sociais.
- Capacidade para formar relacionamentos afetivos. Os indivíduos normais são
sensíveis aos sentimentos dos outros e não fazem exigências excessivas sobre outras pessoas
para a gratificação de suas próprias necessidades.
- Produtividade. Os indivíduos normais são capazes de catalizar suas capacidades
para a atividade produtiva.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
187
DEFINIÇÃO DE NORMOSE
Segundo Weil e Crema (1997), os primeiros autores a trabalhar o termo “normose” ou
“anomalias da normalidade” no Brasil, define-o como o “resultado de um conjunto de crenças,
opiniões, atitudes e comportamentos considerados normais, logo em torno dos quais existe um
consenso de normalidade, mas que apresentam conseqüências patológicas e/ou letais” (p.22).
Contudo, não duvidam dos benefícios que essa nova fase cultural pode proporcionar. Porém,
alertam para os perigos que a cultura informacional, especialmente a informática, podem trazer
aos indivíduos nessa nova fase, em que impera um constante fluxo de informações que pode
ocasionar certos aspectos destrutivos.
Ao fenômeno que descreve a onda de busca e uso indiscriminado da informação ele,
decidiu chamar de “normose informacional”. Em seu livro “Normose, a Patologia da
Normalidade”, Crema e Weil (1997) discutem a origem do termo forjado a partir das palavras
“normal” + “neurose”.
O termo “neurose”, do grego neûron + -ose (sufixo de terminologia científica, usado
em Medicina usado para formar substantivos que denotam estado mórbido, doença), Freud
entendia como o resultado de um conflito entre o Ego e o Id (inconsciente), ou seja, entre
aquilo que o indivíduo é (ou foi) de fato, com aquilo que ele desejaria prazerosamente ser (ou
ter sido). Originalmente, o termo foi criado pelo médico escocês William Cullen em 1769 para
indicar desordens de sentidos e movimento causadas por efeitos gerais do sistema nervoso.
Diferentemente daquilo que o senso comum expressa, a neurose não é sinônimo de
loucura. A psicologia moderna trata-a como uma reação exagerada do sistema nervoso em
relação a uma experiência vivida. Tem suas características baseadas na ansiedade, infelicidade
pessoal e comportamento mal-adaptativo do indivíduo.
Geralmente acontece quando o sistema nervoso de uma pessoa reage com exagero a
uma determinada experiência já vivida. Uma pessoa neurótica passa a ter reações e
comportamentos diferentes: fica muito ansiosa, evita sair de casa para ir a determinados
lugares, tem medo de certas situações, imagina situações que podem fazer mal, ficam
deprimidos mais constantemente e catalizam mais preocupações. Em suma, uma pessoa
neurótica sente tudo o que uma pessoa normal sente no seu dia a dia, mas sempre
exageradamente (ATKINSON, 1995).
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
188
Sendo assim, a fórmula: “normal + neurose = normose”, determina a doença da
normalidade, na qual várias atitudes e comportamentos ditos como normais na realidade são
anormais. São executados sem que os seus atores tenham consciência de sua natureza
patológica, isto é, são de natureza inconsciente (CREMA; WEIL, 1997).
De acordo com os autores (1997), alguns exemplos de normoses são: considerar como
normal o uso das guerras para resolver conflitos e desavenças entre nações, o consumo de
álcool, drogas ou cigarro, o uso de agrotóxicos e inseticidas, os costumes alimentares errôneos
e até mesmo os paradigmas e fantasias que acabam sendo adotados pelos indivíduos.
Crema e Weil (1997) afirmam que a normose é a doença que faz com que o indivíduo
aceite comportamentos nocivos ou aja por sobre um plano ilusório de uma maneira normal. O
sujeito se acostuma tanto com determinada situação que nem pensa em questioná-la. Ela passa
a fazer parte do cotidiano, mesmo trazendo prejuízos significativos.
Refere-se a um mal que atinge a sociedade como um todo, uma vez que, os indivíduos
que nela convivem tornam-se vítimas de maus hábitos e modismos que denigrem cultura e
valores sociais. Acrescenta ainda que, num mundo repleto de superficialidades, tornou-se
comum assimilar referências vazias e sem sentido. Obsessão por consumo e manutenção de
"status" são algumas condutas sutilmente interiorizadas, mesmo sem significado real para
nosso próprio crescimento. Adquirimos padrões duvidosos apenas porque são considerados
normais. Substituímos inconscientemente nossos próprios valores, aderindo às transformações
de uma maneira inerte - normal.
Na visão de Hermógenes (2000), esse novo fenômeno vem causando a perda da
identidade do indivíduo. Ele explica que a pessoa normótica é “mesmificada” pelo fato de estar
sempre ajustando-se ao coletivo na suas mais diversas maneiras de pensar, agir e consumir. O
indivíduo entroniza os mesmos valores que a maioria das pessoas adota, sendo incapacitado de
analisar e decidir por suas próprias crenças.
(...) o normótico é um robô acionado pela batuta do marketing.
Inconsciente da importância do viver livre e autêntico, está perdido
de si mesmo, deixando-se ser arrastado pela pressão da cultura de sua
época (p.31).
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Mesmo diante do caráter um tanto empírico da Normose, Weil (2000) deixa claro que
para o domínio da ciência, as hipóteses apresentadas por ele devem ser confirmadas pelas
metodologias convenientes. O que se observa é que o termo traduz em sua essência a realidade
presenciada pela sociedade da informação do terceiro milênio e que muitos ensaios a respeito
do assunto já vem tomando suas proporções no meio acadêmico. Principalmente em se
tratando da Normose Informacional face à nova cultura – a cultura informática, que já escreve
nas linhas da sua trajetória alguns aspectos “normóticos” apresentados em pesquisas
relacionadas ao tema.
COMPORTAMENTOS NORMÓTICOS
Quando nos deparamos com as tecnologias, compartilhamos alguns sentimentos
como: encantamento, curiosidade, impaciência, medo, solidão, prazer etc. Isso é perfeitamente
compreensível por sermos seres humanos e termos um aparato psicológico que reage de
formas diferentes diante do desconhecido. Para Castells (1999), as mudanças sociais são tão
drásticas quanto os processos de transformação tecnológica e econômica, e será neste contexto
de mudanças confusas e incontroladas que as pessoas tenderão a agrupar-se em torno de
“identidades primárias” as quais trarão segurança pessoal e mobilização coletiva nestes tempos
conturbados.
Souza (2003) nos oferece a seguinte reflexão quanto a essa constante:
O avanço da tecnologia promove um redemoinho cultural nas inter-
relações de todos os sistemas do planeta, provocando uma
reorganização, um redimensionamento nas relações dos indivíduos na
sociedade (p.53).
(...) vivemos hoje em uma sociedade com uma cultura mediática/
mediatizante, onde as mídias desempenham, a função de formadoras
de opiniões, alteram hábitos e costumes, influenciam nas mais
distintas áreas, seja do conhecimento, da economia, do
entretenimento, etc (p.57).
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
190
Um dos principais efeitos do ciberespaço é acelerar cada vez mais o ritmo da alteração
tecno-social (Lévy, 1993). Reforçando essa ideia, Souza (2003) citando Paiva (2002)
apresenta a seguinte reflexão: “Estamos imersos na era das redes digitais hipervelozes, que
disponibilizam incessantemente, informações de acesso imediato, em uma ambiência de usos
partilhados e interatividade” (p.42).
Nesse ínterim verifica-se que a velocidade e o dinamismo com que modificam pessoa,
lugar e tempo, criando novas ambiências, hábitos e especialmente estruturação linguística estão
se incorporando e criando fatos emergentes que não há como ignorar ou simplesmente evitar.
“As tecnologias se sucedem uma a uma e o novo de hoje é fruto de um amadurecimento, de
uma evolução que se desenvolve progressivamente, (...) o novo de hoje é o avançado do ontem
e o ultrapassado do amanhã”(SOUZA, 2003, p. 51).
Alguns podem considerar que as novas tecnologias surgem como um meio de inventar
necessidades aparentemente desnecessárias que se tornam absolutamente imprescindíveis e que
leva o normótico de forma inconsciente, a um modo de vida estressado, apressado, rotineiro,
excessivamente barulhento e repleto de "novidades". O indivíduo adquire um novo produto
lançado no mercado e quando ele está aprendendo a usá-lo em sua essência, o mesmo já se
tornou obsoleto e, novamente se permite ser influenciado pela mídia. Nesse ritmo frenético e
consumista, não sobra muito tempo para o questionamento da real necessidade dos mesmos.
O resultado é sempre igual: a mídia o impulsiona com as promessas de satisfação, fazendo com
que o normótico entre num processo compulsivo que só termina quando consegue conquistar
seu novo modelo (SOUZA, 2003).
No caso da cultura informacional, há um consenso quanto à normalidade do uso das
TICs e em especial, a informática. Utilizar o computador para buscar informações pode trazer
consequências sérias e em algumas vezes até letais (WEIL, 2000). Dessa forma, a cultura
informacional pode ser facilmente incluída no rol dos hábitos classificados como normose.
Com relação aos aspectos patogênicos, a normose informacional pode ser dividida em dois
tipos de doenças diferentes: a informatose e a cibernose.
A “informatose” é um termo criado por Weil (2000) para designar distúrbios ou
mesmo doenças causadas por excesso de fluxo de mensagens informacionais em relação a um
só receptor ou simplesmente do uso da informática em certas condições.
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191
No caso dos internautas, muitos se encontram constantemente na
situação de se depararem com milhares de indicações, referências e
informações diversas a respeito de cada assunto que estão
pesquisando. Eles ficam com a constante ilusão de que podem tudo
conhecer. Ficam então num ambiente bem parecido a de jogadores de
cassino que nunca perdem a esperança de ganhar e que praticamente
nunca ganham (p.61).
Quanto ao termo “cibernose”, ele foi criado por um psicosociólogo francês, Van
Bockstaele, para designar nós de estrangulamento nas comunicações durante uma situação
experimental que ele chamava de socioanálise – um método de dinâmica de grupo. O termo
foi retomado nos estudos recentes para designar situações de perturbações de comunicações,
com efeitos patogênicos sobre o sistema nervoso ou funções mentais, causados na sua maioria
pelo uso de aparatos tecnológicos.
Weil (2000, p. 100) fez uma lista das consequências patológicas geradas pelo acúmulo
de informações ou mesmo o uso excessivo da informática. De acordo com os estudos
realizados pelo doutor em psicologia, a Informatose pode causar:
1) Isolamento e desmembramento familiar: situação na qual os membros da
família desapercebem sua falta de comunicação e relação afetiva uns com os outros;
2) Dissonância cognitiva: A psicologia moderna chama de dissonância cognitiva a
discrepância entre o nosso nível de aspiração de realizar determinada tarefa e nossa
verdadeira capacidade para realizá-la. Esta dissonância cria tensões que se repetidas
constantemente podem levar ao estresse e suas consequências psicossomáticas. A
tentativa de apreender muitas informações ao mesmo tempo prejudica a capacidade
de fixação mnemônica dessas informações e, consequentemente, a consolidação do
aprendizado. No caso dos internautas, muitos se deparam com a infinidade de
indicações, referências e informações diversas a respeito de cada assunto que estão
pesquisando e ficam com a constante ilusão de que podem tudo conhecer;
3) A ligação sutil computador–ser humano: o fato de manipular um computador
por muito tempo diariamente passa a sensação de que a máquina se transformou
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num prolongamento do ser humano e da sua ação intelectual. Isso infere a questão
da vantagem benéfica do computador;
4) A Neurose do Virtual: doença que afeta os internautas que perderam contato com
a realidade do cotidiano ou que apresentam dificuldades neste sentido. Perderam de
certa forma sua visão de mundo, transformando o real em virtual;
5) Divulgação da violência: a divulgação expressiva da violência através de
noticiários, programas, vídeo games e sites da Internet contribuem de forma
significativa para seu aumento.
As consequências da cibernose devido ao uso do computador e outros componentes
eletrônicos podem provocar distúrbios nas comunicações e relações humanas além de atrofiar
suas funções.
1) Desquilíbrio dos hemisférios cerebrais: nossa educação se tornou apenas uma
instrução intelectual, consistindo em armazenar quantidade enorme de informação
ou treinando o raciocínio lógico matemático. Todas estas funções estão ligadas ao
hemisfério esquerdo do cérebro. A criatividade, ligada ao hemisfério direito, é pouco
estimulada pela informática. Na educação, as crianças e adolescentes veem atrofiadas
as funções ligadas ao hemisfério direito e se tornam dependentes do computador;
2) Atrofia da função numérica da mente humana: o uso da máquina de calcular ou
do computador para realizar operações aritméticas simples é cada vez mais
frequente entre os indivíduos pensantes, em especial, os estudantes. O uso da
tecnologia dessa forma, diminui a habilidade da realização de um cálculo mental sem
ajuda de uma máquina.
3) Frustrações nas comunicações e relações humanas: refere-se à perda de
liberdade causada pelo uso das TICs, especialmente o celular. Não se sabe mais o
que é urgente ou vital. Seu uso causa interrupções na comunicação intelectual e
afetiva.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
193
Mesmo diante dos abrangentes aspectos que permeiam esta discussão, Weil (2000)
afirma que as patologias anteriormente descritas não podem ser atribuídas simplesmente à
informática e à sua tecnologia, mas sim ao modo de uso destas pelos indivíduos. Elas se
tornam normóticas na medida em que os comportamentos que as geram são considerados
como normais pela maioria da população, embora sejam elas destrutivas da saúde física e ou
mental e, às vezes, letais.
Pode parecer um paradoxo, mas para evitar ser alvo dos distúrbios que a normose
informacional pode causar é preciso ter acesso à informação. Só que deve ser uma informação
preventiva de forma a ser um alerta para a sociedade. No âmbito educacional, Weil (2000)
recomenda incluir discussões que vão despertar a atenção das pessoas para uma visão crítica
daquilo que assiste, lê, acessa e busca na web, considerando especialmente os benefícios e
perigos da informática e das TICs em geral.
Relatos de uma Sociedade Normótica
Quando os maiores filósofos e pensadores da sociedade da informação expressaram
suas ideias e previsões futuristas a respeito das consequências benéficas ou não das TICs, não
estavam baseados em relatos científicos ou até mesmo experiências comprovadas. Por não se
tratar de um acontecimento isolado, o desenvolvimento acelerado das TICs trouxe, e ainda traz
consigo, um elevado nível de incertezas. Poucos autores tiveram (ou ainda têm) condições de
dirigir-se simultaneamente a um público de especialistas e de leigos para traduzir as questões
centrais do momento atual sem cair em visões estereotipadas ou tecnicistas (NEGROPONTE,
1995).
Mesmo em se tratando de reflexões propostas a uma, duas décadas ou até mesmo um
século atrás verifica-se que muitas delas hoje são bases de pesquisa e relatos comprovados no
meio acadêmico. Muitos apontam para o risco iminente de práticas e comportamentos que
podem levar o indivíduo às patologias e distúrbios. Alguns destes já se comprovam em
algumas pesquisas realizadas até o presente momento:
1) Tecnoestresse: Uma pesquisa divulgada em março de 2008 pela presidente do
International Stress Management Association (ISMA-BR) no Brasil constatou que 60% dos
profissionais sentem-se estressados com o uso excessivo de tecnologia. Os setores de TI e de
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
194
finanças concentram um número 40% superior de pessoas estressadas do que as áreas de
saúde, educação, administração pública e serviços.
De acordo com a pesquisadora Ana Maria Rossi, após um levantamento feito com 1,2
mil pessoas entre 25 e 55 anos profissionalmente ativas, concluiu-se que estamos na era do
“Tecnoestresse”, em que a pessoas encontram-se cada vez mais dependentes da velocidade da
tecnologia diante de seus processos de trabalho. “Quando elas não podem contar com isso, o
nível de estresse é altíssimo”. Para os entrevistados, a perda de dados no computador é uma
situação mais estressante do que a troca de emprego, que é classicamente uma das situações de
maior ansiedade na conjuntura profissional.
Outra causa de estresse tecnológico ainda se dá por causa da sobrecarga de informações e
as mudanças tecnológicas constantes que aparecem. O mais interessante ainda é que o
notebook aparece em primeiro lugar em relação aos instrumentos tecnológicos que mais geram
estresse. Isso, devido ao uso excessivo ou problemas de conexões. O celular e o computador
tradicional vêm em segundo e terceiro lugar, respectivamente, pelos mesmos motivos.
Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/01/shtml.>
2) Autodiagnóstico pela Internet: Outra pesquisa britânica realizado pela empresa de
serviços financeiros Birmingham Midshires com mais de duas mil pessoas em 2007, mostrou
que 94% dos usuários de Internet no país usam a rede como fonte de conselhos que vão de
questões médicas e legais a dicas de relacionamento pessoal. Esse estudo foi realizado com
mais de duas mil pessoas, e concluiu ainda que em assuntos financeiros, os internautas
britânicos preferem recorrer ao computador que aos amigos, parentes e especialistas. O mais
surpreendente foi descobrir que, metade dos internautas ouvidos no estudo passa entre 30
minutos e duas horas em cada busca por conselhos específicos na Internet.
Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/2007/Internetconselho.html>
3) Dependência tecnológica: O estudo encomendado pela empresa de softwares
Nasstar à empresa de pesquisas de opinião ICM (2007), revelou que 50% dos britânicos com
idades entre 25 e 34 anos disseram que não poderiam viver sem acesso a e-mail.
Segundo os autores da pesquisa, este grupo está adotando a comunicação eletrônica
como forma de manter contato com o escritório e com os amigos. Contrariando expectativas,
as novas tecnologias não foram monopolizadas pelos mais jovens. Entre adolescentes, 41%
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disseram contar com o e-mail. Entretanto, no grupo de adultos com idades entre 35 e 44 anos,
44% disseram que o e-mail era vital. Variações entre os sexos surpreenderam por serem
pequenas: 41% das mulheres disseram que achariam difícil viver sem e-mail. Entre os homens,
38% admitiram que teriam dificuldades sem acesso ao correio eletrônico.
Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/06/pesquisa_mv.
shtml>
4) Desperdício de tempo: Uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha pela instituição
YouGov em 2007, diz que 70% dos 34 milhões de internautas do país perde quase um terço
do seu tempo online em buscas que não têm objetivo definido. Outra pesquisa encomendada
pelo site “moneysupermarket.com” analisou os hábitos de 2.412 internautas britânicos adultos
e concluiu pela amostra que os trabalhadores britânicos desperdiçam em média dois dias de
trabalho por mês com buscas inúteis na Internet. Os homens seriam o grupo mais afetado pelo
problema, que analistas de hábitos na Internet batizaram com a sigla WILF, juntando as
primeiras letras da frase "o que eu estava buscando?" em inglês ("what was I looking for"). O
estudo também indica que quanto mais velho, mais propenso a buscas inúteis é o internauta.
Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007Internetbuscasebc.
shtml>
5) Autoestima e controle da vida: O estudo realizado por pesquisadores de
universidades da Escócia em 2008, classificou os usuários da Internet em três categorias:
relaxados, orientados e estressados.
Os "estressados" se sentem pressionados a responder todos os e-mails na medida em
que eles chegam e não usam o correio eletrônico como um instrumento útil para a vida pessoal
e para o trabalho. Os "relaxados" olham o e-mail quando bem entendem e não se deixam
pressionar por pessoas que estão distantes. Já os "orientados" sentem alguma necessidade de
usar o e-mail, sempre respondem às mensagens imediatamente e esperam o mesmo das outras
pessoas.
O estudo ainda analisa a influência que a autoestima e o controle sobre a própria vida
tem nos hábitos de ler e-mails, usando escalas definidas pela psicologia tradicional. Indica que
muitas das pessoas que disseram ter pouco controle sobre a própria vida estão na categoria dos
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"estressados" com e-mail. Já a baixa autoestima é uma característica mais presente entre os
"orientados", aqueles que sentem alguma pressão ao olhar seus e-mails.
A pesquisa cita outro estudo feito em 2001, que mostra que, após pararem suas
atividades para ler um e-mail, as pessoas demoram, em média, 1 minuto e 4 segundos para
lembrar o que estavam fazendo. Enquanto essa contínua mudança pode parecer benéfica em
termos de se conseguir administrar atividades múltiplas, aumentando assim a produtividade, o
lado ruim disso é que o ritmo acelerado de trabalho pode ter efeitos negativos na saúde.
A pesquisa foi feita com questionários respondidos por 177 pessoas – a maioria em
profissões acadêmicas ou que envolvem comunicação e criatividade. Nestas atividades, que em
geral requerem bastante concentração, o e-mail tem potencial para ser uma grande fonte de
distração. Entre os entrevistados, 64% disseram checar seus e-mails pelo menos uma vez por
hora e 35% afirmaram que olham o correio eletrônico a cada 15 minutos. No entanto, os
cientistas acreditam que a frequência pode ser ainda maior, já que outras pesquisas mostram
que muitas pessoas nem percebem mais o ato.
Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/08/email_dg.shtml>
6) Ansiedade, distração e baixo rendimento escolar pelo uso intenso de
mensagens de texto (SMS): Um estudo dirigido pela pesquisadora e psicóloga Sherry Turkle
e publicado em 2008 mostra que apesar da ascensão do uso intenso de mensagens de texto ser
muito recente para produzir qualquer tipo de dados conclusivos sobre os efeitos na saúde,
alguns dados já apontam preocupação entre psicólogos e educadores. Turkle dirige um
departamento do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussetts) e concentra seus estudos na
relação entre tecnologia e psicologia. Coordenou um estudo que pesquisou as mensagens de
texto entre adolescentes em uma área de Boston por três anos e verificou que os jovens
americanos enviaram e receberam 2.272 mensagens de texto por mês durante o quarto
trimestre de 2008, de acordo com a empresa de estatísticas Nielsen. São quase 80 mensagens
por dia, mais do que o dobro das enviadas em 2007.
Sherry Turkle afirma que o uso excessivo de mensagens de texto acarreta em ansiedade,
distração na escola, queda nas notas escolares e estresse."Entre as tarefas do adolescente estão
a separação dos seus pais, e encontrar a paz e tranquilidade para se tornar a pessoa que você
decide querer ser. O fenômeno das mensagens de texto atinge ambas."
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197
Para a paz e tranquilidade, ela diz que se algumas coisas próximas a você estão
vibrando a cada dois minutos, isso torna muito difícil para tranquilizar a mente."Se você está
em comunicação constante, a pressão para as respostas acabam imediatamente com isso.
Então se você está no meio de uma reflexão, esquece isso.
Michael Hausauer (2008), psicoterapeuta de Oakland, na Califórnia, diz que
adolescentes têm um "interesse impressionante para saber o que está acontecendo nas vidas de
seus colegas, acompanhada de uma terrível ansiedade sobre a existência de um retorno. Por
essa razão, a rápida ascensão das mensagens de texto tem potencial para ser um grande
benefício - ou um grande dano.
Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u571886.shtml>
2-Normose Informacional na Educação
O papel da Pedagogia na visão de Crema (DD), enquanto ciência do ensino e da
formação do ser, deve ser repensada diante no novo cenário que se apresenta. Ele lembra que
há muito, as pessoas conscientes estão se perguntando: O que é uma pessoa educada? O que é
um país desenvolvido? Onde falhamos tão essencialmente?
Se no século XX presenciamos horrorizados a duas guerras internacionais e a outras
centenas de guerras menores; se iniciamos o século XXI com a face do terror e os seus
sinistros desdobramentos, é evidente que a educação convencional tem fracassado diante das
questões fundamentais da existência humana.
Citando Dellors (1997), num documento proposto pela Unesco, o autor aponta quatro
pilares de uma nova educação integral: educar para conhecer; educar para fazer; educar para
conviver e educar para ser. Alerta para a necessidade de conspirar por uma nova pedagogia,
que desenvolva um processo de alfabetização psíquica, facilitando o desenvolvimento da
inteligência emocional, simbólica e relacional. E, também, de uma alfabetização na qual os
valores fundamentais dos indivíduos sejam cultivados e o aprendiz possa fazer render os seus
talentos vocacionais.
Santo (2009), pesquisando há mais de três décadas alunos do curso de pedagogia da
PUC-SP, observou que a maioria dos alunos chega absolutamente “vazia” de conhecimentos
esperados para sua idade e frequentemente sem saber o porquê da eleição da área escolhida,
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198
resultando na mudança de curso ou até mesmo de Instituição após o primeiro ano. Ou, pior
ainda, o curso é feito tão somente no sentido de “obter um diploma”.
Tais ocorrências deixam claro o que Freire (1979) considerava fundamental no
processo educativo: “conscientizar antes de alfabetizar”. Tal conscientização implicaria num
processo de integração do aluno em seu “mundo-vida”. Ele não se limitou numa análise básica
da educação e da pedagogia, mas mostrou uma teoria de como elas devem ser compreendidas
teoricamente e como se devem agir através de uma educação denominada Libertadora. Para
ele, educação é um encontro entre interlocutores, que procuram no ato de conhecer a
significação da realidade e na práxis o poder da transformação.
Santo (2009) reflete que as escolas perderam o sentido fundamental de focar-se num
ser humano pleno e de preocupar-se com a iniciação do jovem em seu autoconhecimento.
Assim, considerando a Normose de uma forma geral na Educação, podemos dizer que
é o processo de massificação da maioria das escolas que induz os jovens a serem “iguais” à
maioria e tornar-se um universitário de forma mais relevante nas carreiras que “oferecerem
maiores possibilidades de ganho”.
Ramos (1997) suscitou em poucas palavras os objetivos fundamentais de uma educação
superior pautada na formação de jovens:
(...) formar pessoas preparadas para intervir de forma crítica e criativa
na sociedade em construção acelerada, pessoas disponíveis para a
mudança, com capacidade de aprender diariamente com os fatos
novos que vivenciam, com capacidade de se desenvolver,
concomitantemente, com a sociedade em que interagem, são
objetivos da educação (p. 02).
O pressuposto descrito pelo autor acima a respeito dos objetivos da educação abre a
discussão para uma formação voltada para a sociedade da informação de hoje. A forma de
educar e informar uma geração net, ainda se encontra numa incógnita e requer estudos mais
aprofundados sobre o tema.
É o que afirma Freire (2006), referindo-se a essa nova geração:
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
199
Estamos prestes a receber a geração Net chegando às instituições de
Ensino Superior do Brasil (hoje, com mais duas mil instituições,
aproximadamente 25% públicas e 75% particulares), os nascidos nos
anos noventa do século passado chegando aos anos 20 do século
XXI. Educar a geração Internet será um privilégio e um desafio.
Hoje, e principalmente no futuro, o professor deverá estar preparado
para atender uma geração que tem a sensibilidade audiovisual
extremamente desenvolvida. Esta geração não consegue prestar
atenção, motivar-se e aprender em uma aula expositiva, mas prefere
aprender experimentando, explorando, trabalhando em equipe,
pesquisando na Internet (p. 01).
O sentido de aprendizado que se busca com a Internet está caracterizado no uso mais
amplo da palavra, de acordo com Rego (2004 p. 72), "(...)quando Vygostsky fala em
aprendizado ele se refere tanto ao processo de ensino quanto ao processo de aprendizagem,
pois ele não acha possível tratar destes dois aspectos de forma independente".
Conforme destaca Borges (2000), “(…) Internet é uma nova forma de realizar o
trabalho pedagógico e, portanto, estará cada vez mais influenciando o processo educacional
[…] e atribuindo novos usos e novas finalidades à Internet, o homem poderá estar redefinindo
sua própria identidade, capacitando-se para uma nova ordem global das relações humanas, e
assim, estará gerando uma nova transformação da realidade sócio-histórico-cultural”(p. 62).
O mesmo autor (2000) destaca ainda que, o uso da Internet deve ser feito como um
suporte na construção de conhecimentos, assim nos remete para ações mediadas e
compartilhadas das informações disponíveis consolidando um ambiente digital de produção ou
reconstrução de informações contidas na Internet. Destaca que, se não for usada pelo exposto,
apenas estaremos subutilizando este recurso inovador, e nada contribuindo para formar
sujeitos críticos e reflexivos, sem desenvolver habilidades e competências para se fazer uma
leitura ou releitura do mundo.
O estudo de Borges (2000, p.63-64) aponta para um referencial importante sobre o uso
da Internet como meio auxiliar na construção coletiva de conhecimentos no ensino superior:
a) A Internet é um ambiente virtual mediador entre as necessidades de aprendizagem,
funcionando como apoio instrumental e facilitador da interação social para que os educandos
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
200
possam construir pontes de análise, tomada de consciência, compreensão e aumento de sua
competência científica;
b) A Internet caracteriza-se pela flexibilidade, possibilitando ao educando estabelecer
os caminhos pelos quais irá buscar as informações ou com quem dialogará sobre o tema
pesquisado, tendo a chance de encontrar e comparar várias versões que possibilitarão a
formação de sua própria opinião;
c) A Internet pode revelar uma nova relação entre educando e educador na medida em
que libera o educando do princípio ideológico de que o saber reside unicamente na experiência
do educador;
d) A Internet pode converter-se em um elemento cultural, presente na prática
pedagógica, conduzindo o processo para uma visão do educador que se adapta ao contexto de
aprendizagem do educando e permite a este dar curso ao plano pedagógico e dimensionar a
participação do educador em seu processo de aprendizagem. A Internet possibilita o
desenvolvimento da autonomia e a autoregulação do comportamento por parte do próprio
educando.
Neste ínterim, o uso da Internet no meio educacional reforça a concepção da mediação
pelo docente contribuindo para a melhoria da qualidade do aprendizado e consequentemente,
sua prática docente. Quanto ao uso das informações contidas na Internet, este deve ser
mediatizado pelo professor nos trabalhos com seus alunos a fim de oferecer um aprendizado
mais eficiente a partir de um ambiente interacionista na construção coletiva de conhecimentos
significativos. O professor para isto deve internalizar novas ferramentas no seu trabalho
(DELL'AGLIO, 2002).
A reflexão que Lévy (1999, p.158) fez sobre o devem dos sistemas de educação e
formação na cibercultura apoia-se numa análise prévia da mutação contemporânea da relação
com o saber. A esse respeito, o autor realiza algumas constatações:
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
201
1) Envolve a velocidade do surgimento e da renovação dos saberes e do know-how;
Ele afirma que pela primeira vez na história da humanidade, a maioria das
competências adquiridas por uma pessoa no começo de seu percurso profissional serão
obsoletas no fim de sua carreira.
2) Concerne à nova natureza do trabalho, na qual a parte de transação de
conhecimentos não para de crescer;
Trabalhar equivale cada vez mais a aprender, transmitir saberes e produzir
conhecimentos.
3) Flexibilidade intelectual no ciberespaço;
O ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que ampliam, exteriorizam e alteram
muitas funções cognitivas humanas: a memória (bancos de dados, hipertextos, fichários digitais
[numéricos] de todas as ordens), a imaginação (simulações), a percepção (sensores digitais,
telepresença, realidades virtuais), os raciocínios (inteligência artificial, modelização de
fenômenos complexos).
Para o mesmo autor (1999), o professor deve atuar incentivando uma aprendizagem
coletiva, centrando sua atividade no acompanhamento e na gestão das aprendizagens.
Cabe aos professores participar, instigar a discussão, acompanhar e analisar a
construção do conhecimento por meio da participação individualizada e de grupo de cada
sujeito nos espaços de interação disponibilizados no ambiente (SCHLEMMER, 2000).
Assim, ao criar novas formas de atuar no ensino superior, o docente busca mudar a sua
prática, desafiando o aluno a pensar e ao mesmo tempo compartilhar suas ideias e experiências
adquiridas em direção a formulação de conceitos formais (SCHLEMMER, 2000).
O autor Law (1995, p.07), elabora um referencial para identificar um ambiente
denominado construtivista no que diz respeito ao uso da Internet:
- ocorrer a aprendizagem ativa e contextualizada, pautada na cooperação, colaboração e
autoregulação;
- destinar ao professor responsável andaimes que facilitam a prática de acordo com a
ZDP de cada aluno e promovam a construção do conhecimento realizado na colaboração
entre os alunos (significado socialmente negociado);
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
202
- sugerir atividades que não controlem a aprendizagem, ao contrário que deem suporte
e a nutram, incentivando a construção do conhecimento pelo aluno;
- oferecer condições para que o aluno se engaje em seu processo intencional de
aprendizagem, especialmente ao encorajar as estratégias de exploração dos erros uma vez que
os "erros são estímulos positivos que criam perturbações, gerando desequilíbrio necessário
para a autoreflexão e reestruturação conceitual".
Vários autores fazem ponderações relacionadas às mudanças geradas pelas TICs nas
atividades de ensino e pesquisa científica. A literatura tem ressaltado os avanços das TICs
como ferramentas poderosas nas atividades científicas, transformando-as em estruturas
dinâmicas e competitivas.
De acordo com Young (1996), em “Histórico das pesquisas sobre vício e
comportamento patológico na Internet”, 68 % dos 312 estudantes pesquisados reportaram um
declínio nos hábitos de estudo, devido ao uso excessivo da Internet. Os sujeitos argumentaram
que isto se deve ao fato de que a informação na Internet é muito desorganizada e não
relacionada ao currículo escolar. Apesar dos méritos da Internet quanto a ser uma ferramenta
ideal de pesquisa, os estudantes navegam por sites irrelevantes, engajam-se em Chats de fofoca,
e jogam jogos interativos acarretando custos à atividade produtiva.
Segundo Abels, Liebscher, Denman (1996), embora exista uma expectativa muito
grande quanto ao uso das redes eletrônicas e de que não restam dúvidas quanto às influências
destas nas necessidades e usos da informação, os autores alegam que três fatores são
determinantes na adoção ou não das TICs, que são eles:
1) Fatores relacionados ao sistema – estão relacionados ao sistema são atribuídos as
questões de acessibilidade (proximidade, primeira experiência, facilidade de uso e
disponibilidade de equipamentos);
2) Fatores pessoais e profissionais - são atribuídos as questões de comportamento
de busca da informação, em que estão incluídas as diferenças entre áreas do conhecimento,
tarefas desenvolvidas e utilidades percebidas.
3) Fatores institucionais - estão relacionados à infraestrutura, no que se refere aos
investimentos e à manutenção em equipamentos, redes e à realização de treinamentos.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
203
Ferreira (1996), da mesma forma, diagnosticou barreiras e dificuldades para a busca e
uso da informação em redes eletrônicas, classificando-as de forma sintética nos seis (6) blocos
descritos a seguir:
• problemas pessoais: relacionados ao desconhecimento e/ou dificuldades dos usuários
no uso das tecnologias;
• problemas físicos: relacionados aos fatores ambientais, à localização física, às barreiras
legais e políticas, à disponibilidade de equipamentos;
• problemas tecnológicos: relacionados à velocidade de desenvolvimento de novos
produtos e aplicativos, aos equipamentos, às plataformas utilizadas, às conexões, à ausência de
padronização;
• problemas linguísticos: relacionados aos usos particulares de cada língua, à
compreensão de idiomas nacionais e estrangeiros, à complexidade da informação;
• problemas econômicos: relacionados ao custo de equipamentos e hardwares e
softwares, às instalações;
• problemas informacionais: relacionados às dificuldades para identificar, selecionar,
acessar, utilizar e recuperar informações relevantes dentro de uma gama enorme de
informações disponibilizadas num ambiente como a Internet.
Com essa preocupação, o autor argumenta que o problema que pais e educadores têm
que enfrentar consiste em ajudar os aprendizes a aprender a buscar o equilíbrio na dieta
mental. Na imensidão da Internet, além da face construída com seriedade, os navegantes
encontram regiões “obscuras”.
Vivemos no interior de uma cultura que prima pela preservação de modelos, cultivando
olhares desconfiados ao diferente e ao desviante. Nossa ética é a da normalidade, ou seja, “se
todos fazem é legítimo!” Esse senso de orientação sufoca a responsabilidade pessoal,
favorecendo relações de dependência.
Baseado num levantamento de artigos de outros autores como DeSieno (1995),
Schwimmer (1996) e Harrison e Steohen (1996), elaborou-se uma relação das dificuldades de
incorporação das redes, em especial à Internet nas atividades do mundo acadêmico:
• Dificuldades de infraestrutura: referindo-se aos investimentos, à manutenção, aos
treinamentos e outros;
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
204
• Subutilização dos equipamentos: referindo-se ao uso dos equipamentos limitados à
mera função de uma máquina de datilografia;
• Resistência ao novo por parte dos integrantes da academia: referindo-se à percepção
de que a tecnologia requer esforço e tempo para que os benefícios possam ser obtidos;
• Temores e fobias associados ao uso dos computadores e redes: desencadeados pelas
mudanças sociais que acarretam o uso das novas tecnologias;
• Percepção de que as tecnologias são desenvolvidas para o mercado e não para as
atividades de ensino e pesquisa;
• Dificuldades de compartilhamento de informações entre colegas e outras instituições
e o público em geral;
• A estrutura etária dos corpos docentes de várias disciplinas científicas em que os
departamentos e faculdades estão regidos;
• Percepção de que a adoção de novas tecnologias possa significar desemprego e
redução de pessoal.
Meadows (2001, p.8-9) em seu artigo sobre a transição do periódico do meio impresso
para o eletrônico discorre sobre alguns problemas a serem considerados ao analisar o uso dos
periódicos eletrônicos, levantando os seguintes aspectos:
• Acesso: A tecnologia de informação não é tão amigável para os usuários; os usuários
reclamam da demora para baixar e imprimir um documento, e em certos horários o acesso à
rede e bem difícil em alguns países. Tais “dificuldades aparentemente triviais podem ser
altamente desmotivadoras para os usuários”.
• Natureza do sistema de periódicos científicos: Periódicos são baseados em dados,
agregam pacotes de informação fornecidos pelos autores em fascículos convenientes para
distribuição e não atendem às particularidades dos usuários. “O que os usuários querem é uma
versão personalizada que leve em conta tanto o usuário em particular quanto a tarefa em
particular. A personalização será mais fácil na versão on-line mas a existência de formato
impresso e eletrônico dificulta a operacionalização de versões personalizadas.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar
205
• Indicadores de uso: Ao se analisar o uso de recursos on-line algumas ideias podem ser
obtidas em estudo de usos de recursos impressos. O autor aponta que vale ressaltar dois
resultados destes estudos. O primeiro é a diferença entre pesquisa dirigida (direct serch) e a
consulta aos documentos (browsing). A maioria dos pesquisadores usa ambas as abordagens
para acesso à literatura, dependendo de seus objetivos imediatos. O problema no momento é
que a maioria dos recursos de ajuda aos usuários está relacionada com a pesquisa dirigida. Na
busca eletrônica há necessidade de mais assistência, pois apesar de todos recursos de ajuda
(help), o usuário ainda prefere uma abordagem de busca mais simples quando procuram
informação, baseando-se em respostas para guiá-los como proceder. A apresentação eletrônica
com documentos ou telas de ajuda fica distante das expectativas dos mesmos.
• Mudança na visão do usuário: Os usuários estão começando a perceber e a entender
algumas diferenças entre comunicação eletrônica e impressa. Para eles o mundo on-line
é visto como um espaço contínuo de informação, enquanto o impresso é fragmentado. E isto
poderá levá-los a rever seus modelos de busca de informações, como, por exemplo, deixarem
de consultar fontes secundárias (tais como bases de dados de resumos), desde que a literatura
primária esteja prontamente disponível on-line e seja de fácil utilização. “A extensão e o tipo
de publicações eletrônicas que os leitores examinam podem exceder o que eles normalmente
manuseiam no mundo impresso e a distinção tradicionalmente feita entre comunicação formal
e informal pode começar a desaparecer”.
• Cópia: Os usuários têm o hábito de fotocopiar material impresso e isto poderá não ser
possível com total facilidade em alguns destes periódicos eletrônicos, o que pode provocar
uma reação adversa por parte dos usuários.
Meadows (2001, p.10) revela que as reações anteriormente discutidas podem ser
classificadas em dois níveis: problemas de baixo e alto nível. Segundo esse autor, “o primeiro
se refere a questões de barreiras e dificuldades em manusear informações on-line, enquanto
que o segundo se dá em um nível mais conceitual do desejo de um indivíduo ou grupo de usar
formas eletrônicas de publicação”.
Para o mesmo autor , apesar dos problemas de primeiro tipo parecerem comuns, eles
poderão interferir no uso de recursos informacionais on-line. Já quanto ao “desejo de ler
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206
periódicos eletrônicos” este depende, em parte, da motivação. E a motivação pode não ser
somente um ato individual, pois poderá ser influenciada pelas atitudes de um grupo, como
acontece em algumas áreas do conhecimento. Na Física, os pesquisadores parecem ser mais
receptivos, pois desenvolveram um sistema de troca de pré-impressos em um ambiente
impresso e, consequentemente, são pioneiros no uso de pré-impressos eletrônicos.
Pesquisadores de áreas de pesquisa, sem a tradição de troca de pré-impressos em ambiente
impresso, parecem estar, segundo Meadows (2001), menos interessados no desenvolvimento
de pré-impressos eletrônicos.
Meadows (2001) também ressalta que publicações impressas e eletrônicas estarão
convivendo paralelamente por muito tempo, e que agora os usuários têm duas opções de uso,
e o que eles escolherem dependerá de preferências pessoais e das características do grupo de
pares.
Souza (2003), revisando estudos com relação ao uso da informação eletrônica
envolvendo professores, pesquisadores e profissionais, apontou algumas conclusões gerais:
• Existem diferenças entre as áreas temáticas na forma como cada grupo tem se
adaptado ou apreciado o acesso on-line aos documentos de seu interesse;
• Podem-se observar diferenças entre acadêmicos e outros profissionais;
• Existem diferenças muito substanciais entre diferentes indivíduos;
• Existe consenso quanto ao grau de frustração e de tempo perdido por causa da
inadequação de sistemas de busca, da ineficiência da interface com o usuário, e do volume de
material inútil;
• O papel é o suporte preferido por alguns usuários para alguns propósitos.
Alguns dados recentes corroboram aquilo que os autores já vêm há algumas décadas
alertando. Um estudo realizado pela University College of London (2008) e disponível no site
da “www.bbc.co.uk” sob o título do artigo “Alfabetização digital e alfabetização informativa
não caminham de mãos dadas”, apontam os seguintes resultados com relação aos jovens
adolescentes de hoje, definidos como “geração google”:
1) Os jovens da geração google não são necessariamente eficientes em fazer pesquisas
pela Internet - Entre as crenças que os pesquisadores chamam de "mitos", está a de que as
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207
novas gerações são mais eficientes que as anteriores em obter informações na Internet. "Este é
um mito perigoso. Alfabetização digital e alfabetização informativa não caminham de mãos
dadas", diz o estudo, segundo o qual muitos jovens não são capazes de filtrar o imenso arsenal
de dados da rede.
2) Ineficiência na busca por informações - A preferência por textos resumidos e buscas por
palavra é "uma norma para todos". "A sociedade (como um todo) está se emburrecendo". A
"geração Google" é afeita à prática de "copiar e colar" informações para suas pesquisas, e
prefere plataformas interativas de informação que o consumo passivo delas.
3) Dificuldade em desenvolver habilidades seqüenciais - A questão mais ampla é saber se
habilidades seqüenciais, necessárias para a leitura, também estão sendo desenvolvidas.
De acordo com Silva et al., (2003) “estamos no meio de uma revolução tecnológica”,
apesar de todas as vantagens oferecidas e disponibilizadas pelas TICs, apesar de todo o avanço
tecnológico na busca de alternativas de uma divulgação mais flexível, ágil, abrangente, a custo
menor, que permitiria uma interação maior entre emissor e receptor, ainda registram-se uma
série de entraves e elementos inibidores nesse processo.
Afirmam ainda que no modelo tradicional, os esforços são canalizados para uma ou
poucas fontes particulares de informação e a aprendizagem é motivada consumindo as
exigências do curso, sendo especificado o conteúdo a aprender. A riqueza da Web em termos
de recursos de informação sugere que os esforços para a aprendizagem sejam bastante
explorados e que a aprendizagem seja intencional, motivada por um interesse pessoal do
estudante. Se o relativo caos da rede parece, a princípio, gerar problemas, como “se perder”
nos retalhos inumeráveis de informação sem uma organização lógica, a produção de
conhecimento em resposta a desafios que surgem é garantia de que os estudantes vão além de
comunicação simples de conhecimento.
Com um acesso mais amplo a recursos de aprendizagem e informação dispensados pela
rede, e com um enfoque na produção de conhecimento em lugar da sua simples assimilação, a
direção mais prometedora é a do aprendizado cooperativo, particularmente se as ferramentas
estão disponíveis para apoiar o trabalho colaborador.
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Diante da discussão apresentada, surgem perguntas e a tomada de consciência de que
os desafios continuam. Tedesco (2001) diz que as tecnologias “nos dão informações e
permitem a comunicação, condições necessárias do conhecimento e da comunidade”. Ele
alerta, contudo, que “a construção do conhecimento e da comunidade é tarefa das pessoas, não
dos aparatos”. A contribuição da tecnologia é permitir que o tempo “que agora é utilizado para
transmitir ou comunicar, seja dedicado à construção de conhecimentos e vínculos, sociais e
pessoais, mais profundos”.
Determinar a distribuição natural não somente de informação na rede, mas também do
esclarecimento ou da investigação das pessoas, torna possível forjar vínculos com recursos
pessoais externos na perseguição de metas educacionais. Isto leva a sala de aula
verdadeiramente para fora dos limites da instituição e aprofunda a diversidade de perspectivas
que podem ser usadas, agarrando algum domínio de conhecimento. Estudantes universitários,
nessa perspectiva, assumem o papel de estudiosos juniores que exploram amplamente e
interagem com coestudiosos ocupados em perseguições semelhantes.
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RESUMO DOS AUTORES: ALESSANDRO AOKI Mestre em Geografia, Pesquisador em Fenômenos Migratórios, Cultura e Meio Ambiente. Professor do curso de Ciências Biológicas das Faculdades Integradas do Vale do Ribeira – FVR/UNISEPE. ANTÔNIO HENRIQUE PINTO Prof. Dr. do Instituto Federal de Educação do Espírito Santo. Docente e pesquisador nas áreas de Formação de Professores de Matemática, Currículo e Práticas Pedagógicas no Ensino de Matemática, História da Educação e Educação Profissional. Doutorado em Educação (FE-Unicamp), Mestrado em Educação (CE-UFES), Graduado em Licenciatura de Matemática. Docente do Programa de Mestrado Profissional Educação em Ciências e Matemática (IFES). Coordenador de Grupo de Pesquisa História, Currículo e Formação de Professores. Coordenador do Curso de Licenciatura em Matemática do IFES/Vitória-ES (2007 a 2012). Coordenador da Área de Matemática do PIBID-Iniciação à Docência. Trabalhos publicados sobre formação de professores, currículo e história da educação. CARLOS EDUARDO PINTO Graduação em Administração pela Universidade Federal do Paraná (1988) e Mestrado em Administração pela Universidade de Extremadura (2003) reconhecido pela Universidade Federal de Santa Catarina. É Avaliador do Basis INEP-MEC nos instrumentos de avaliação de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de Cursos Bacharelado e Tecnologia. Atualmente é sócio proprietário da Ampla RH Consultoria, professor e coordenador de Curso das Faculdades Integradas do Vale do Ribeira - FIVR, responsável pelo Núcleo de Responsabilidade Social das FIVR, atuando principalmente nas seguintes áreas 1. Administração 2. Gestão Empresarial. 3. Marketing 4.Recursos Humanos. CARLOS HENRIQUE MEDEIROS DE SOUZA Doutorado em Comunicação e Mídia (UFRJ). Mestrado em Educação, pós-graduação em gerência de informática e pós-graduação em produção de software (UFJF). Licenciado em Pedagogia (UNISA). Bacharel em Direito, Bacharel em Informática (CES/JF). Professor Associado da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). Coordenador da Pós-Graduação Stricto Sensu Interdisciplinar em Cognição e Linguagem (PGCL/ UENF). Diretor da ANINTER (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Sociais e Humanidades (mandato 2012-2014). Avaliador de cursos do Conselho Estadual de Educação (CEE/RJ). Avaliador de cursos e institucional do INEP/MEC, desde 2004. Diretor Financeiro da ANINTER-SH (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação Interdisciplinar em Sociais). Associado ao CRA/MG, CEAD, ABED e a SBC. Atuou como Diretor Acadêmico na Universidade Salgado de Oliveira. Tem experiência nas áreas da Educação, da Ciência Jurídica, Administração (SiG/ Gestão de Processos/ Gestão da Informação, Logística, Marketing e Gestão Empresarial), Inteligência Coletiva, entre outras. Autor de vários livros e artigos científicos nas áreas de TICs, Educação e Ciberespaço. CARMEM LÚCIA COSTA AMARAL Graduação em Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1984), mestrado em Química Orgânica pela Universidade de São Paulo (1988) e doutorado em Química Orgânica pela Universidade de São Paulo (1993). Atualmente é avaliador do Ministério da
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Educação e professor titular III da Universidade Cruzeiro do Sul. Tem experiência na área de química e de Ensino, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino-aprendizagem de química, relação CTS no ensino de química, temas transversais, ambiente virtual e jogos pedagógicos no ensino de química. DESIRRE MARQUES BRANDÃO Graduada em Letras (Português/Literatura) pelo Centro Universitário São Camilo-Espírito Santo desde 2003, realizei a Especialização Lato-Sensu em 2005 das Faculdades Integradas de Jacarepaguá em Letras/Literatura. No ano de 2007 ingressei em mais uma formação superior, Fisioterapia, também no Centro Universitário São Camilo, concluindo no ano de 2010 o bacharelado. Professora da Rede Pública Municipal de Atílio Vivacqua desde o ano de 2005 atuo com turmas da Educação Básica (séries finais), utilizando ferramentas tecnológicas para um ensino mais atraente e que valorize o conhecimento que os nativos digitais já possuem. Também atuo como Fisioterapeuta, principalmente atendendo as áreas de Fisioterapia Dermato-Funcional, Traumato-Ortopédica e Domiciliar. Tenho interesse em estudos focados nas áreas de Saúde Pública, Relacionamento Interpessoal, Análise do Discurso e Educação. Atualmente, sou aluna regular do curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF e do curso de especialização em Educação Profissional e Tecnológica do Instituto Federal do Espírito Santo - IFES. ENZO BERTAZINI Graduação em Engenharia Elétrica Ênfase em Eletrônica pelo Centro Universitário da FEI (1982) e Mestrado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (2006). Atualmente é professor titular da Universidade Santa Cecilia e Professor do Ensino Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia São Paulo. Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, com ênfase em Controle de Processos Eletrônicos, Retroalimentação. FERNANDA CASTRO MANHÃES Pós-doutoranda em Cognição e Linguagem na Universidade Estadual do Norte Fluminense- UENF, Doutorado em Ciências da Educação pela Universidade Autônoma de Assunção - UAA, Mestrado em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense- UENF, Licenciada em Pedagogia, Licenciada em Educação Física, Pós-graduada em Natação e Hidroginástica, Pós-graduada em Educação Física Escolar. Atualmente é Diretora Acadêmica e Coordenadora do curso de Educação Física da Faculdade Metropolitana São Carlos - FAMESC. Docente da rede Estadual de Ensino /RJ e Professora das disciplinas pedagógicas (Bolsista FAPERJ Apoio Acadêmico) na UENF. Tem experiência nas áreas de Educação Básica, Ensino Superior, Práticas Educativas, Gestão Educacional e Acadêmica, Educação, Pesquisa Educacional e Novas Tecnologias. HÉLIO ROSETTI JÚNIOR Graduação em Matemática pela Universidade Federal do Espírito Santo- UFES (1979), especialização em Modelagem Matemática pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Guarapuava (1991) - atual Unicentro-PR, especialização em Administração Pública pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (1991), especialização em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (1991), especialização em Estatística pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1992), Mestrado em Administração com
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foco em Gestão Financeira pela Universidade de Brasília - UnB (2001). Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL (2010). Atualmente é Professor efetivo do Instituto Federal do Estado do Espírito Santo (IFES) atuando principalmente nos seguintes temas: Ensino de Ciências, Matemática, Educação Matemática, Cálculo, Equações Diferenciais, Cálculo Numérico, Tecnologia, Mercado, Trabalho, Mundo do Trabalho, Risco, Gestão Financeira, Estratégia, Estatística e Estatística Aplicada. Professor orientador do curso de Especialização PROEJA-IFES. Professor Orientador de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática - EDUCIMAT/IFES. Membro do Comitê de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do IFES. JOSÉ ADILSON DOS SANTOS GUERRA Graduação em Licenciatura Plena em Química pelo Centro Universitário Amparense (2006), mestrado em Ensino de Ciências pela Universidade Cruzeiro do Sul (2011) e pós-graduação em Engenharia Ambiental pela Universidade Nove de Julho (2013). Atualmente é professor - Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, responsável técnico - Rovi Plaza Hotel, professor - Colégio Atuante e professor - Colégio Reino de Educação Básica. , atuando principalmente nos seguintes temas: meio ambiente, saúde e higiene, ensino de ciências, ensino experimental, educação ambiental e conhecimento científico. JOSÉ MARIA VIEIRA DA FONSECA Graduação em Ciências Biológicas pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1983) e mestrado em Zoologia de Vertebrados pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2003). Doutorando em Educação pela UNICSUL - SP. Tem experiência na formação fundamental e superior, nas disciplinas biologia, zoologia de invertebrados e vertebrados, anatomia humana, embriologia e genética. Professor efetivo do CEFET-MG. Delegado regional na III Conferência Nacional do Meio Ambiente/2008. JULIANO SCHIMIGUEL Doutorado em Ciência da Computação pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (2006), Mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (2002) e Graduação de Bacharelado em Informática pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1999). Atualmente é Professor Permanente do Programa de Doutorado/Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Cruzeiro do Sul (São Paulo, SP) e Professor do Centro Universitário Anchieta - UNIANCHIETA (Jundiaí, SP). Tem experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase em Interação Humano-Computador (IHC) e Engenharia de Software, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento web, design e avaliação de interfaces, sistemas de informação geográfica, geoprocessamento, análise de sistemas, UML, UP, ensino-aprendizagem de tecnologias e matemática, conteúdos digitais interativos, objetos de aprendizagem, ambientes virtuais e colaborativos, jogos para o ensino, etc. KEIJI NAKAMURA Mestrado em Mestrado Profissional em ensino de Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2008). Atualmente é efetivo - Faculdades Integradas do Vale do Ribeira. Tem experiência na área de Matemática, com ênfase em Prática de Ensino, atuando principalmente nos seguintes temas: computador, aluno, transformação, discussões, atividades, classificação e qualidade.
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LARISSA CRISTINA CRUZ BRUM Graduação em Letras (Português e Inglês) pela Universidade Salgado de Oliveira (2006), Pós-Graduação em Docência Superior, Planejamento Educacional e Língua Inglesa. Mestrado em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (2009). Atualmente é professor da Faculdade Metropolitana São Carlos e professora da Carreira de Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico no quadro permanente do Instituto Federal Fluminense. MARCOS DE SOUZA Mestre em Cognição e Linguagem pela UENF - Universidade Estadual Norte Fluminense. Possui graduação em Sistemas de informação pelo Centro Universitário São Camilo Espírito Santo, Especialista em Desenvolvimento de sistemas WEB pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, pós-graduado em Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário São Camilo Espírito Santo e pós-graduado em Informática na Educação pelo Instituto Federal do Espírito Santo. OCTAVIO CAVALARI JÚNIOR Doutor em Ensino de Ciências e Matemática, com concentração em Tecnologias pela Universidade Cruzeiro do Sul, mestre em Ciências Contábeis com área de pesquisa em Administração Estratégica pela FUCAPE (2007), especialista em Metodologias e Práticas do Ensino Superior pela FASE (2010), graduado em Administração Geral pela Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha (2004). Atualmente é professor de Gestão Empresarial do IF-ES em regime de professor visitante de pós-graduação da FUCAPE, Funcab e Unesc. Tem experiência na área de Administração, atuando principalmente nos seguintes temas: marketing, Gestão de Pessoas, Gestão do Conhecimento Organizacional e Liderança. RENATO DE SÁ LIMA Mestre em Ensino de Ciências e Matemática, Pós-graduado em Psicopedagogia, Graduado em Processamento de Dados, Professor da Faculdade Peruíbe, Faculdades Integradas do Vale do Ribeira, Instituto tecnológico do Vale do Ribeira (ITEC), Analista de Sistemas e de Telecomunicações, Empresário da área de Telecomunicações. RITA DE CÁSSIA FRENEDOZO Graduação em Ecologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, mestrado em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e doutorado em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atualmente é professora titular de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Cruzeiro do Sul (São Paulo, SP). Professora do curso de Ciências Biológicas - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie (Campus São Paulo). Ministra disciplinas da área da Ecologia Geral, Avaliação de Impacto Ambiental e de Ecologia de Ecossistemas. Orienta nos Programas de Mestrado/Doutorado Acadêmicos em Ensino de Ciências e no Mestrado em Química Ambiental e orienta trabalhos no Mestrado Profissionalizante de Ensino de Ciências e Matemática. Tem experiência profissional em Recuperação de Áreas Alteradas e Avaliação de Impactos Ambientais. Na pesquisa, atua na área de Ecologia Aplicada e Manejo de Ecossistemas, com interesses principais: ecologia de fragmentos, áreas degradadas por minerações, fenologia de plantas e educação ambiental.
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VALDIRENE F. NEVES DOS SANTOS Graduação em Nutrição pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP-2002) , mestrado (2007) e doutorado (2012) em Nutrição pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). É especialista em Nutrição Clínica pela ASBRAN (2010) e em Nutrição Parenteral e Enteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE-2008).Possui 09 anos de experiência atuando em Nutrição clínica e parte de sua carreira atuou como Coordenadora de equipe. Possui 7 anos de experiência em administração de restaurante institucional. Atualmente é professora da Faculdades Integradas do Vale do Ribeira (UNISEPE) e da Universidade Paulista (UNIP). Sua contribuição científica inclui trabalhos em periódicos científicos nacionais e estrangeiro, artigo para revista de divulgação além de palestras e minicursos de nutrição em entidades filantrópicas. A pesquisadora é consultora da Associação Brasileira de Nutrição- ASBRAN. Possui experiência na área de Nutrição, atuando principalmente nos seguintes temas: nutrição enteral, avaliação nutricional, saúde coletiva e nutrição domiciliar.
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