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TELMO NAMEN LOPES FILHO
AREIA : UM ESTUDO DO APROVEITAMENTO DO
PRODUTO BRASILEIRO NO MERCADO DE CONSTRUÇÃO CIVIL
AUSTRALIANO
Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Jurídicas e Gerenciais do Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI-BH como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais. Professor orientador: Clégis Dolabela
Belo Horizonte
2008
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TELMO NAMEN LOPES FILHO
AREIA : UM ESTUDO DO APROVEITAMENTO DO
PRODUTO BRASILEIRO NO MERCADO DE CONSTRUÇÃO CIVIL
AUSTRALIANO
Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Jurídicas e Gerenciais do Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI-BH como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais. Professor orientador: Clégis Dolabela
Monografia defendida e aprovada em:
Prof. Cláudio José Faleiros
__________________________________________________________ Prof.ª Sandra Elizabeth de Leão Rodrigues Diniz
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos aqueles que estiveram comigo durante os momentos mais
importantes da minha vida, àqueles que comemoraram nas vitórias e me apoiaram
nas dificuldades. Em especial, a minha família, pai e mãe pela dedicação, pela
paciência e pelo incentivo à minha formação, não apenas acadêmica, mas também
como a de um ser humano digno.
Agradeço também aos professores do Curso de Relações Internacionais pela
dedicação empregada de forma tão competente e sensata em suas aulas.
4
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado à meu pai, por seu caráter intocável, por sua perseverança,
garra e determinação sempre demonstrada de forma muito clara durante toda a
minha vida. Um grande exemplo a ser seguido.
Dedico também à minha mãe, por toda sua paciência e infinito incentivo nos
momentos mais difíceis, onde o amor materno em seu “papel de mãe” sempre me
guiou para o melhor caminho. À minhas irmãs pelo exemplo de responsabilidade e
competência, aos primos e amigos pelos momentos de descontração e alegria. Para
a Daniela Vecchio, Ana Cristina e Reinaldo, por terem me apoiado quando mais
precisei, e a todos os professores do curso de Relações Internacionais que foram de
extrema importância para o meu crescimento e amadurecimento, em especial para
os professores: Rafael Ávila, prof. Leonardo Ramos, prof. Dawisson Belém, prof.
Cláudio Faleiros, prof. Flávio Deláqua e meu orientador neste trabalho, o prof.
Clégis.Dolabela.
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O impossível em geral, é o que não se tentou.
Jim Goodwin
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RESUMO
Com a globalização do mercado e da economia, tudo em termos de negócio pode ser pesquisado. Percebe-se que os mais diferentes tipos de comércio vêm se desenvolvendo trazendo benefícios para quem produz, vende e compra. Sendo assim, propôs-se aqui, o estudo do aproveitamento da areia brasileira no mercado de construção civil da Austrália. Como questão, se perguntou: seria de interesse desenvolver um estudo sobre a viabilidade de exportação de areia para o mercado de construção civil australiano? Partindo desse problema, teve-se como objetivo principal o levantamento de dados do país em questão, sua produção e a necessidade do mercado da construção civil. A partir das análises realizadas do material bibliográfico, uma idéia que a princípio parecia inviável, tornou-se uma boa perspectiva comercial, visto que este país já sofre com o fornecimento de área para este setor econômico específico. .
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LISTA DE SIGLAS
ABCC The Australian Brasil Chamber of Commerce
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANEPAC Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para a Construção
APEC Cooperação econômica entre Ásia- Pacífico
APEX Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
CMG Construction Materials Group,
DINPR Department of Infrastructure, Planning, and Natural Resources
EMPRAPA Empresa Brasileira de Agorpecuária
FIPE Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo
INB Indústrias Nucleares do Brasil
MERCOSUL Mercado Comum do Sul
NUCLEN Minero-Química
OCDE Organização para a Cooperaação e Desenvolvimento
OMC Organização Mundial do Comércio
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SUMÁRIO
pág.
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 9
1 CARACTERÍSTICAS DA ATUAL ECONOMIA BRASILEIRA .............. 11
2 A AREIA BRASILEIRA COMO PRODUTO DE EXPORTAÇÃO PARA
AUSTRALIA ............................................................................................
14
2.1 A areia brasileira ................................................................................. 14
2.1.1 Características da areia .................................................................... 15
2.1.2 Produção de areia ............................................................................. 17
2.1.3 Areias para indústria da construção civil .......................................... 19
2.1.4 A importância da areia brasileira para as indústrias ......................... 21
2.1.5 Mercado de areia .............................................................................. 23
2.1.6 Relações comerciais entre Brasil e Austrália .................................... 25
2.2 Características da Austrália .............................................................. 25
2.2.1 Atual relação comercial entre Brasil e Austrália ............................... 30
3 ANÁLISE DE RISCOS E GANHOS ....................................................... 33
3.1 Mecanismos teóricos para a avaliação de análise de risco de mercado ..............................................................................................
33
3.2 Barreiras Comerciais ........................................................................ 36
3.3 Caminhos legais e procedimentos jurídicos exigidos em transações internacionais ...............................................................
38
3.4 Implicações, exigências e adaptações necessárias a esta
commodity ..........................................................................................
39
3.5 Documentos de embarque exigidos na Austrália .......................... 40
4 EXPORTAÇÃO DE AREIA PARA AUSTRÁLIA: IMPLICAÇÕES ........ 42
4.1 O serviço ............................................................................................. 42
4.2 Mercado alvo ...................................................................................... 43
4.3 Demanda de areia em Sidney/AUS ................................................... 46
4.4 Características da areia de Sidney/AUS .......................................... 47
4.5 Fatores que impedem a extração de areia em Sidney/AUS ........... 48
4.6 Principais empresas atuantes na região ......................................... 50
5 CONCLUSÃO ......................................................................................... 55
BIBLIOGRAFIA
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INTRODUÇÃO
Brasil e Austrália são membros participantes de acordos de cooperações regionais
onde, juntamente com os demais países pertencentes a seus respectivos blocos,
são responsáveis à manutenção e aplicação de relevantes acordos e tratados
internacionais em diversos setores econômicos.
Tanto o Brasil quanto Austrália foram grandes responsáveis e contribuintes para a
formação de seus blocos econômicos regionais, sendo o Brasil membro do Mercado
Comum do Sul – MERCOSUL, e a Austrália membro participante do bloco de
Cooperação econômica entre Ásia- Pacífico, a APEC. Estes são exemplos de que
tanto Brasil quanto Austrália não apenas se reconhecem como grandes potências
regionais, quanto atuam de forma a acompanhar o processo de globalização de
pessoas, empresas e capital.
Sendo assim, questiona-se nesta pesquisa: Existe uma semelhança do material
utilizado na Austrália com a areia utilizada em construções no Brasil? Existe um
mercado na Austrália que poderia vir a ser a base de exportação da areia brasileira
para a construção civil australiana?
Brasil e Austrália participam também de tratados e acordos de cooperação
internacional em diversos outros setores. Dessa forma, tendo como fundamento às
relações comerciais em franco andamento e expansão entre os dois países, esta
pesquisa tem por objetivo geral verificar a existência da viabilidade da exportação de
areia brasileira quanto à suas características físicas para a construção civil utilizadas
no mercado australiano, aproveitando possíveis benefícios dessa crescente relação.
Como objetivos específicos pretendem-se:
a) caracterizar a areia brasileira, bem como a areia australiana utilizadas na
construção civil;
b). caracterizar o mercado australiano em areias para construção civil;
10
c) identificar quais são as principais empresas australianas fornecedoras de
areia como matéria-prima para construção civil.
Este estudo se justifica pelo fato da areia brasileira até a última pesquisa publicada
pelo Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM – (Valverde, 2006),
considerar insignificante a exportação brasileira deste produto, mesmo possuindo o
Brasil grande quantidade desta matéria-prima, que poderia vir a ser utilizada em
inúmeras finalidades e em diversos setores econômicos.
Esta pesquisa se apresenta dividida em introdução e nos seguintes capítulos:
capítulo 1: contextualiza a situação econômica brasileira; o capítulo 2: apresenta as
características da areia apropriada para a construção civil, os elementos agregados
das areias de maior valor mercadológico, areias para indústria e seus produtos
finais, e ainda informará sobre os aspectos mercadológicos brasileiros e
australianos; o capítulo 3: que identifica os principais riscos e ganhos num processo
de exportação, apresentando importantes informações sobre a melhor forma de
internacionalização de empresas; o capítulo 4: por sua vez, trata da análise de
prospecção para a exportação de areias de construção civil para a Austrália,
demonstrando as implicações existentes neste processo, o tipo de serviço utilizado
na Austrália, delineando um mercado específico neste país, definindo quais são as
principais características das areias mais utilizadas neste mercado e qual a
demanda existente deste material, e demonstrando quais são as principais
empresas atuantes neste segmento..
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1 CARACTERÍSTICA DA ATUAL ECONOMIA BRASILEIRA
Nos últimos anos a política econômica brasileira demonstrou uma grande
preocupação em reorganizar e reestruturar vários de seus setores produtivos, e
como conseqüência destas medidas, vem apresentando um expressivo e positivo
desempenho econômico.
Há cinco anos atrás as bases estruturais da economia brasileira evidenciavam uma
maior fragilidade no que diz respeito à disposição política para lidar com turbulências
e crises internacionais. Atualmente, percebe-se uma economia forte, crescente e
mais bem preparada para enfrentar os diversos desafios necessários à manutenção
do crescimento dos setores sociais brasileiros.
Dentre as medidas econômicas adotadas pelo governo Brasileiro a partir de 2003
destaca-se o rígido controle à inflação, que durante muito tempo representou grande
influência restritiva e negativa ao consumo de bens por parte da sociedade, afetando
de forma direta a vida econômica do Brasil. (VALVERDE, 2006)
Valverde (2006, p. 5) afirma que medidas de alto custo social foram realizadas com
o objetivo de reduzir e controlar as taxas de inflação. Estas medidas, até o presente
momento, têm demonstrado que o governo brasileiro agiu de forma correta sendo
bem sucedido nas ações tomadas em sua política econômica interna. Neste mesmo
ano, a inflação brasileira foi de “9,10%, em 2004, se reduziu a 7,60%, em 2005 ficou
em 5,69% e em 2006 a inflação brasileira atingiu a histórica meta de 4,5 % segundo
os dados do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA)”.
O superávit da balança comercial Brasileira em 2005 estabeleceu um novo Recorde, com o montante de US$ 44,7 bilhões pelo quinto ano consecutivo, superando os US$ 33,6 bilhões (2004); US$ 24,8 bilhões (2003); US$ 13,1 bilhões (2002) e os US$ 2,6 bilhões de 2001. As exportações em 2005 atingiram um montante de US$ 118,3 bilhões, 22,6% acima dos US$ 96,4 bilhões de 2004. As importações em 2005 atingiram um montante de US$ 73,5 bilhões, 17,7% acima dos US$ 62,8 bilhões de 2004. Esse desempenho foi obtido apesar da queda da taxa do dólar que era de US$ 1,00 para R$ 2,65 em dezembro de 2004 para R$ 2,33 em dezembro de 2005. O nível de desemprego que atingira 13,1% em abril de 2004, caiu para 10,2 em maio de 2005. E o salário real dos trabalhadores apresentou razoável melhoria desde setembro de 2004 (VALVERDE, 2006, p.5)
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Já em 2008, com base nas informações do IBGE, o Brasil apresentou neste primeiro
trimestre um crescimento do seu PIB de quase “6%, fechando estes três primeiros
meses do ano com uma expansão de 5,8% do PIB em relação ao mesmo período do
ano anterior” (JORNAL HOJE, 2008, 10 jun.,13:30 h).
Ainda segundo o telejornal (2008, 10 jun., 13:30 h), o crescimento ficou acima do
esperado pelos economistas mais otimistas que atribuíram a aceleração do ritmo
econômico principalmente ao bom desempenho da Indústria da construção civil.
Este setor apresentou uma “expansão de 8,8%, comparado ao mesmo período do
ano anterior, atingindo o maior crescimento econômico em mais de quatro anos”.
Continuando, outro setor que demonstrou grande expansão foi o setor de serviços,
que alcançou um crescimento de “5,2% em relação ao mesmo período do ano
anterior” (JORNAL HOJE, 2008, 10 jun.,13:30 h). Os principais responsáveis pela
expansão do setor se atribuem à facilidade da obtenção de empréstimos por parte
da população junto aos bancos, e ao expressivo aumento do crédito interno do país.
Esta maior abrangência da economia brasileira reflete diretamente no consumo da
população, que aumentou cerca de 6,5% devido à melhor distribuição da renda, ao
maior número de empregos formais informais criados e à redução das taxas de juros
do país. Entretanto, especialistas econômicos acreditam que a tendência é de
desaquecimento da economia brasileira nos próximos meses, devido às medidas
tomadas pelo Banco Central Brasileiro de pequeno aumento da taxa de juros do
país, pelo receio de criação de uma inflação futura.
Contudo, o Brasil vem alcançando níveis de prestígio e relevância no comércio
internacional nunca antes presenciados em sua história, no que diz respeito à
importantes fatores atrativos ao investimento externo, tais quais o alcance de uma
melhor posição em seu nível de investimento (investment grade), diminuição do risco
país, taxas de juros atraentes ao investidor externo além de possuir um enorme
mercado em potencial.
O produto interno Bruto (PIB) do país, tem apresentado taxas expressivas nos
últimos anos, demonstrando o bom desempenho da economia brasileira pelo
13
alcance de números superavitários em seu balanço comercial. O aumento tanto do
setor de exportação de produtos e serviços brasileiros, quanto às importações de
insumos, bens e serviços são essenciais ao desenvolvimento da produção do país.
14
2 A AREIA BRASILEIRA COMO PRODUTO DE EXPORTAÇÃO PARA A AUSTRÁLIA
Basta analisar superficialmente a formação geológica da Austrália para verificar que
este país se apresenta como um grande produtor de minerais, possuindo vários
componentes que são importantes para o desenvolvimento de suas indústrias de
agregados como um todo.
Por sua vez, o Brasil também possui uma extensa gama de materiais neste setor
mineral, obtendo tipos de minerais próprios de suas regiões que são encontrados
somente em poucas regiões do mundo. Materiais estes, que não existem na
Austrália ou que possuem características distintas dos minerais australianos. Assim
como a Austrália também possui uma gama de minerais que são únicos em seu
território. Desta forma, faz-se necessária à definição das areias brasileiras em
estudo para uma futura comparação com os recursos existentes no Brasil e na
Austrália.
2.1 A areia brasileira
Pelo fato de ser um material relativamente comum entre a população, e de amplo
acesso mercadológico principalmente no setor de construção civil, a areia, na visão
leiga da maioria da população, a princípio, não aparenta ter características
específicas. Entretanto, vista por intermédio de uma análise mais apurada ou
científica, seus aspectos físicos, suas descrições e suas características funcionais se
distinguem de material para material, onde cada tipo de formação mineral possui
uma definição catalogada por geólogos e especialistas voltados exclusivamente para
o estudo deste mineral.
15
Como pode ser observado, este material possui características próprias,
apresentando componentes minerais agregados1 que servem utilmente para
serviços específicos.
2.1.1 Características da areia
As características da areia determinam o seu tipo e onde cada uma será mais bem
aproveitada. Segundo Alecrim (1982, p. 79) “a areia é uma substância natural,
proveniente da desagregação de rochas, possui a granulometria que varia entre 0,05
e 5 milímetros pelas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)".
Assim como Alecrim (1982), o geólogo VALVERDE (2006) também apresenta a
importância entre a diferença granulométrica deste material, de acordo com sua
utilização e possíveis transformações.
Porém, estes dois autores divergem na apresentação de seus trabalhos em relação
às especificações granulométricas definidas pela ABNT, como se verifica a seguir:
A ABNT fixa as características exigíveis na recepção e produção de agregados, miúdos e graúdos, de origem natural, encontrados fragmentados ou resultantes da britagem de rochas. Dessa forma, define areia ou agregado miúdo como areia de origem natural ou resultante do britamento de rochas estáveis, ou mesmo a mistura de ambas, cujos grãos passam pela peneira ABNT de 4,8 mm e ficam retidos na peneira ABNT de 0,075 mm (VALVERDE, 2006, p.16)
ALECRIM (1982) alega que quase todas as rochas podem resultar em areia pela
desagregação mecânica, mas, outras que possuem elevados teores de quartzo2,
são mais propícias, visto que este material apresenta resíduos após a sua
decomposição física e/ou química. O quartzo é um material resistente ao ataque
1 Depósitos de areia podem apresentar componentes como o quartzo, cristais de Limonita, Feldspalto, Ilmenite, areia Zeolítica sedimentar, areia de Zircônio natural, Zircônio micronizado dentre outros importantes componentes para indústrias de vidros, cerâmicas, refratárias, atômicas e siderúrgicas. (ALECRIM, 1982,p.79) 2 O quartzo é um mineral de formula geral SiO2, apresenta grande resistência ao ataque químico e físico. Constitui o arenito originado da desintegração de rochas ígneas. (ALECRIM, 1982, p.79).
16
químico e físico, podendo se acumular em depósitos inconsolidados, ou ainda
constituir-se como elemento de rochas sedimentares como o arenito3.
Ainda segundo o autor, “as areias são constituídas principalmente por quartzo, um
mineral de fórmula geral SiO2, amplamente distribuído na crosta terrestre,
constituindo aproximadamente 12% dela”. (ALECRIM,1982, p.79 )
No caso das areias de praia, estas não apresentam as especificações necessárias
para a sua utilização na construção civil. Este tipo de areia possui em sua
constituição, cristais diminutos de quartzo (0,2 a 0,6 mm), sendo estes arredondados
e com baixo teor de impurezas.
Entretanto certas areias litorâneas podem apresentar componentes úteis ao
desenvolvimento de outros setores da indústria, como descreve SILVA (2001) uma
vez que existem reservas de Zircônio reconhecidas e aprovadas pela INB –
Indústrias Nucleares do Brasil, que sucedeu a Mínero-Química - NUCLEMON.
Estes depósitos de Zircônio estão distribuídos nos Estados da Bahia (Alcobaça e
Prado), Espírito Santo (Anchieta, Guarapari e Aracruz) e Rio de Janeiro (São
Francisco de Itabapoana e São João da Barra), e referem-se a “6,0 % das reservas
brasileiras conhecidas” (SILVA, 2001, p. 3).
Pelo baixo poder absorvente de nêutrons, o zircônio é usado, principalmente, na indústria nuclear, para recobrir as barras de urânio nas pilhas nucleares. Na indústria química é usado em equipamento resistente à corrosão, e na indústria eletrônica compõe-se em placas e filamentos. Aplica-se o zircônio, também, em ligas de ferro, estanho e nióbio, e como metal puro, junto com o Afrânio. (SILVA, 2001, p.3)
O Zircônio e a Zirconita, são bastante utilizados também nos setores de fundição,
cerâmica e de refratários. A indústria cerâmica utiliza a zirconita moída nos
opacificantes e cerâmicas, esmaltes vitrificados e materiais cerâmicos especiais. Na
indústria de refratários, este mineral é utilizado na fabricação de tijolos para fornos
de alumínio, vidro em revestimento de peças para fusão na indústria siderúrgica.
[...] No setor de fundição, usa-se o mineral adicionado à confecção de moldes em fundição de ligas especiais devido à alta refratariedade, baixo coeficiente de expansão térmica, boa estabilidade química e elevada
3 Os arenitos são granulômetros de cristais diminutos que compõe as areias. (ALECRIM, 1982, p.79).
17
difusibilidade térmica. Na indústria de vidros, tintas e soldas aplicam-se a zirconita como abrasivo. (SILVA; 2001).
As areias extraídas de rios por sua vez possuem granulação diferente das areias de
praia, visto que a primeira – dos rios - é mais grosseira do que as de mar, que
apresentam “maior teor de impurezas (10 a 20%), além de agregar com maior
freqüência os cristais de limonita, fedspalto dentre outros silicatos4” (ALECRIM,
1982, p.79)
A granulometria (tamanho dos micros cristais de arenita) da areia e seus agregados
definem especificamente em quais setores da indústria estas areias serão melhores
utilizadas, seja na fabricação de vidros, cerâmicas e refratárias, ou ainda as que
apresentam maiores componentes de sílica5 são aproveitados pela siderurgia, para
a fabricação de ligas de ferro-sílico, e as mais finas tem como destino os abrasivos.
(SILVA, 2001 p.3)
2.1.2 Produção de areia
Os principais locais de produção de areia são várzeas, leitos de rios, depósitos
lacustres, mantos de decomposição de rochas, arenitos e pegmatitos decompostos.
No Brasil, “70% da areia é produzida em leito de rios através de dragas flutuantes e
30% nas várzeas. No Estado de São Paulo a relação é diferente, sendo 45%
proveniente de várzeas, 35% de leitos de rios e o restante de outras fontes”
(ALECRIM 1982).
Ressalta-se que cerca de 2.500 unidades de extração se dedicam à produção de
areia, na sua grande maioria, pequenas empresas, que geram em torno de “50.000
empregos diretos e 150.000 indiretos, e ainda, “60% das unidades extratoras
produzem menos de 10.000 t/mês; 35% entre 10.000 e 25.000 t/mês e 5% mais que
25.000 t/mês” (RODRIGUES, 2006, p. 38).
4 Estes componentes são essenciais para produção de vidros, cerâmicas, refratárias, atômicas e siderúrgicas. (ALECRIM, 1982, p.79). 5 Apresenta melhor característica para ligas metálicas, é ideal para fundição de ferro e aço. (ALECRIM, 1982, p.79).
18
No ano de 2005, o setor de extração de agregados produziu o equivalente a “331
Mil/t de agregados, aumentando sua produção em 4,8% em relação a 2004, e
totalizando o equivalente a 135 Mt de pedras britadas e 196 Mt de areia”
(RODRIGUES, 2006, p. 40). Como pode ser verificado na TAB. 1:
Tabela 1 - Principais estatísticas – Brasil Discriminação 2004 2005® 2006(p) Produção 106 t. 187,0 196,0 212,0 Areia Consumo t. per capita 1,1 1,1 1,1 Preço(1) US$/t 2,12 3,90 4,25 Produção 106 t. 128,7 135,0 146,0 Pedra britada
Consumo t. per capita 0,7 0,8 0,8
Preço(2) US$/t. 3,75 4,25 4,70 Fonte: RODRIGUES, 2006. (1) Preço médio líquido FOB- mina para o mercado da Região Metropolitana de São Paulo. (2) Preço médio líquido FOB- mina no mercado da Região Metropolitana de São Paulo (r) revisado (p) previsto
O autor (2006), diz ainda que o grande desafio do investidor no setor de extração de
agregados, atualmente está relacionado ao aproveitamento das reservas existentes
destes minerais, uma vez que o rápido crescimento urbano acaba por inviabilizar a
extração de determinados depósitos com relevante demanda destes materiais
limitando e até mesmo impedindo a extração destes agregados.
Em relação a leis ambientais, estas atuam de forma cada vez mais rigorosa e rígida,
onde qualquer descumprimento ou atuação adversa à esperada por parte dos
produtores e/ou em caso de exploração irresponsável de leitos de rios,
assoreamentos ou desmatamentos, estes serão responsabilizados legalmente por
meio de ressarcimento dos danos gerados ao meio ambiente e poderão até ter suas
empresas embargadas, suas lavras de extração caçadas e dependendo da
gravidade do dano ambiental, responderão perante lei a acusação de crime ao meio
ambiente. (RODRIGUES, 2006)
Por estes motivos descritos acima pelo autor (2006), as novas áreas de extração se
encontram cada vez mais distantes das grandes metrópoles consumidoras, o que
acaba por gerar um aumento no preço final dos produtos.
19
Um exemplo pode ser dado em relação à região Metropolitana de São Paulo, uma
vez que esta possui a necessidade de importar grande parte de sua areia consumida
de locais que geralmente excedem os 100 km de distância.
Geralmente são as pequenas empresas e micro-mercados localizados em um raio
de até 150 km das metrópoles que, em sua maioria, suprem e fornecem a demanda
por agregados dos principais mercados consumidores. (RODRIGUES, 2006)
2.1.3 Areias para indústria de construção civil
Para VALVERDE (2006) os agregados mais utilizados em construção civil são as
rochas britadas, rochas aplicadas in natura e areias além de substitutivos como
resíduos inertes reciclados (desagregação de rochas), escórias, produtos industriais
entre vários outros. Estes recursos utilizados na construção civil geralmente são
abundantes no Brasil, mas, existem regiões brasileiras que apresentam uma maior
escassez. Observa-se também que os maiores centros consumidores (metrópoles
comerciais) estão localizados próximas a regiões geologicamente favoráveis à
existência de reservas de boa qualidade.
As características da areia e do cascalho são elementos fundamentais na escolha do
material para a construção civil moderna, sendo estes dois componentes utilizados
em argamassas, em pisos, pavimentações e edifícios.
As propriedades físicas e químicas dos agregados e das misturas ligantes são essenciais para a vida das estruturas (obras) em que são usados. São inúmeros os exemplos de falência de estruturas em que é possível chegar-se à conclusão que a causa foi a seleção e o uso inadequado dos agregados. (VALVERDE, 2006, p.21)
Estas diferenças entre tipos de areias existentes implicam na utilização deste
mesmo material, sendo a areia de menor granulometria ou mais fina a mais
procurada em certas etapas ao desenvolvimento de uma obra como em
acabamentos e retoques. A areia mais fina e de maior teor de sílica é a mais
20
indicada para dar liga e maior consistência em massas. Já a areia de maior
granulometria, ou, mais grossa geralmente é mais usada em pisos e concretos.
A areia possui grande importância no âmbito de construção civil, como verifica o
levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de
São Paulo – FIPE:
[...] para o projeto Diretrizes para a Mineração de Areia na Região Metropolitana de São Paulo constatou que, em auto- construção, uma unidade básica de 35m² consome 21 toneladas de agregados; em habitações populares, uma unidade básica de 50 m² consome 68 t; um edifício público de 1.000 m², 1.360 t; escola padrão de 1.120 m², 1.675 t; em pavimentação urbana, um quilômetro de via pública de 10 m de largura consome entre 2.000 t a 3.250 t; um quilômetro de estrada vicinal, 2.800 t; uma estrada pavimentada normal, cerca de 9.500 t por quilômetro. (VALVERDE, 2006, p.32)
Eventualmente, pode-se substituir a utilização de alguns dos agregados na
construção civil. Prédios podem ser construídos utilizando estruturas metálicas em
vez do concreto, e a tradicional divisória de argamassa e tijolos pode ser substituída
por produtos feitos com gesso, madeira compensada ou plástico, dentre outros mais.
Porém, os custos de utilização destes materiais alternativos em uma obra, excedem
e muito o valor de uma construção à base de areia e brita.
Pontos positivos que podem ser somados à possibilidade de expansão deste
mercado ao exterior, estão em primeiro lugar relacionados ao custo de extração
deste material no Brasil, que apesar de ter aumentado devido a maiores exigências
ambientais, ainda se configura baixo por sua mão de obra barata, se comparado à
de países como Austrália e Estados Unidos (WONG; 2007 p.58).
Outro ponto importante a ser destacado diz respeito à expansão da economia
mundial, que aumenta, assim, a procura por materiais necessários ao
desenvolvimento social ao redor do mundo (WONG, 2007, p. 58).
A areia brasileira poderia representar uma alternativa ao tipo de processamento
utilizado atualmente na Austrália, uma vez que este país utiliza em grande parte de
suas construções uma significativa quantidade de componentes necessários à
construção civil, provindos da moagem de vidros, rochas sedimentares e reciclagem
de concretos (TAPSELL; NEWSOME, 2004).
21
2.1.4 A importância da Areia Brasileira para as indústrias
A riqueza da diversidade geológica brasileira traz benefícios ao país em escalas que
o projetam internacionalmente, como um dos principais países detentores de
determinados minerais presentes em grande escala apenas em seu território.
Desta forma as indústrias que possuem seus produtos à base destes minerais, se
aproveitam desta abundancia de recursos para desenvolver e aprimorar tais
matérias primas, criando à partir destes, produtos que serão comercializados dentro
do Brasil e até mesmo exportados a outros países.
Um artigo da Gazeta Mercantil (2007),teve como principal título, “O Brasil será
plataforma de exportações da americana Momentive” onde neste, diz-se que;
A Momentive - segunda maior produtora mundial - comprou em dezembro último a operação de silicones da GE no mundo por US$ 3,8 bilhões. O Brasil representa cerca de 5% do negócio global em faturamento. A partir de agora, a Momentive traça sua estratégia de crescimento na América Latina: expansão de 15% ao ano no Brasil e transformação do País em uma base exportadora. A companhia pretende inserir o silicone em produtos para agricultura, autopeças e também para cuidados com o corpo. Além de outros usos. (GAZETA MERCANTIL, 2007)
No Brasil a operação apresentou uma expansão de 15% nos últimos três anos.
Enquanto que em outros mercados tradicionais o crescimento da empresa foi de 6%
à 7%. A empresa tem por prioridade o foco na América Latina, tendo no Brasil a
vantagem deste país ser a plataforma de exportação para o mundo, segundo o
presidente da área de Silicones para as Américas, Shaw Williams.
[...] O faturamento da Momentive no Brasil foi de US$ 125 milhões em 2006 e sua fábrica recém comprada da GE em Itatiba (SP) recebeu investimentos de US$ 4 milhões nos últimos dois anos. A companhia espera colher a partir deste ano os resultados. (GAZETA MERCANTIL, 2007)
O silicone é retirado de minerais existentes em certos tipos de areias ou quartzo, que
uma vez submetidos a altíssimas temperaturas, geram matérias-primas para
produção destes. Atualmente, um dos usos provindos deste material nas indústrias
que representam maior consumo no mercado é o de espalhamento uniforme de
insumos agrícolas em folhas. Além disso, o silicone pode ser misturado a selantes,
22
dar reforço à borracha sintética, se aplica em produtos como Shampoos e todo tipo
de poliuretanos (espumas) (GAZETA MERCANTIL, 2007).
Segundo Romero (2007), representante do setor de Agrobiologia da Embrapa, o
Brasil possui uma composição mineral, encontrada em abundância na bacia do rio
Parnaíba, no Maranhão, que poderá servir como importante fator de
desenvolvimento no setor da agricultura.
“Esse tipo de areia zeolítica sedimentar, encontrada em abundância na bacia do rio Parnaíba, tem o mesmo efeito do material importado, mas, com um custo bem inferior”, disse Souza Barros à Agência FAPESP. Com o pedido de patente, começamos a desmistificar a necessidade de importação desse material nobre extraído de jazidas vulcânicas (ROMERO; 2007).
Ainda, segundo o autor (2007), o material extraído apresentará um menor custo de
mercado às empresas interessadas na comercialização deste, reduzindo a
necessidade de importação brasileira destes produtos de países como Estados
Unidos e Cuba, e projetando previsões de tornar o Brasil como o principal
concorrente no setor de exportação de insumos à agricultura mundial. A outra
vantagem desta descoberta é da areia zeolítica nacional ser de fácil extração não
agregando altos custos neste processo.
Não é necessário fazer grandes buracos e nenhum tipo de mineração sofisticada para extraí-la. Temos uma área extremamente abrangente com esse sedimento. Só na bacia do Parnaíba são mais de 300 mil quilômetros quadrados. (ROMERO, 2007; p.7)
Completando, o autor ainda explica que testes realizados por pesquisadores da
EMBRAPA SOLOS junto a floricultores de Nova Friburgo, região serrana do Rio de
Janeiro, confirmaram a eficácia de esta pesquisa sedimentar em cultivos de rosas.
“Os estudos de campo mostraram que as hastes das flores cresceram, em média,
20% a mais do que as rosas não submetidas ao processo” (ROMERO, 2007, p. 9).
Nesse caso, chegamos ao extremo de não ter que fazer nenhum tratamento nas rosas. Simplesmente essa areia zeolítica foi jogada com outros fertilizantes ao redor das mudas e as plantas conseguiram absorver mais nutrientes do solo (ROMERO, 2007; p.9).
23
Estes são apenas alguns exemplos da riqueza de componentes minerais existentes
nas areias Brasileiras, podendo estas, representarem alguma importância
mercadológica ao exterior.
A Austrália, por exemplo, apesar de possuir grande variedade mineral, não possui,
na maioria de seu território, um solo rico e favorável ao desenvolvimento agrícola,
entretanto, este país possui uma alta tecnologia para o desenvolvimento desta área.
(GOVERNO AUSTRALIANO, 2007, p. 24)
Esta pesquisa, gerou ainda mais de 20 artigos científicos sobre pesquisas com
outros produtos agrícolas tais quais, tomate, alface e frutas cítricas. Pelo fato de ter
apresentado resultados positivos, as instituições envolvidas com a inovação
iniciaram esforços para tornar a tecnologia disponível a produtores rurais e à
agricultura, o que poderia favorecer e aumentar as chances de exportação deste
segundo tipo de areia descrito na pesquisa e em seu trabalho, Riqueza Mineral
(ROMERO, 2007).
2.1.5 Mercado de areia no Brasil
Enquanto os Estados Unidos da América consomem, anualmente, por habitante
cerca de “7,5 t de agregados para a construção civil e a Europa Ocidental, de 5 a 8t
por habitante/ano, no Brasil o consumo está pouco acima de 2 t” (VALVERDE, 2006,
p.14 ).
Os níveis de consumo de agregados no Brasil têm diferenças significativas. O consumo no Estado de São Paulo, que possui o maior e mais desenvolvido mercado consumidor de agregados do país, chega a 4,5 t/hab/ano, enquanto em regiões metropolitanas como Fortaleza e Salvador não atinge 2 t/hab/ano, o que demonstra que o consumo de agregados tem clara relação com a renda per capita e com a capacidade de poupar e investir. (VALVERDE, 2006, p.15)
Outros mercados para a comercialização de areia são as Regiões Metropolitanas de
“Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre e as Regiões de Campinas,
Sorocaba e Baixada Santista no Estado de São Paulo e Maringá-Londrina no Estado
24
do Paraná” (RODRIGUES; 2006,p.40). Completando, o autor (2006, p. 40) ainda
afirma que a “segmentação do consumo de areia no país, verificou-se que 50% da
areia produzida foi destinada à produção de concreto e pré-fabricados e os 50%
restantes para argamassas em geral”.
Estes são dados relativos aos principais centros comerciais brasileiros, e dos
produtores deste material agregado, sendo estas regiões descritas anteriormente,
como as principais fontes para extração e venda da areia ao mercado estrangeiro,
caso este se verifique viável ao setor de construção civil.
Outras grandes empresas exercem importante papel em relação ao mercado de
areia brasileiro, como é o caso da Sibelco, que é uma empresa brasileira que
pertencente ao Grupo SCR Sibelco S.A. (Grupo Sibelco) de origem belga.
(SCALOPPE, 2002)
O único acionista relevante da Sibelco é a empresa Unimin Canada Ltda, com aproximadamente 99,99% de participação. O faturamento do Grupo Sibelco no Brasil, no exercício de 2000, foi de R$ 27,1 milhões; (SCALOPPE, Luiz Alberto Esteves, ato de concentração n° 08012.001639/2002-55; 2002).
A empresa Sibelco atua de forma ampla e exclusivamente no setor de extração e
comercialização de areia no Brasil. O grupo SCR Sibelco S.A. atua no setor de
produção e comercialização de minerais industriais em várias partes do mundo, e
somente no Mercosul as vendas alcançaram o montante R$ 34,92 milhões.
A soma dos valores de comercialização com o resto do mundo, alcançou o valor de
R$ 2,36 bilhões. (SCALOPPE, 2002)
No Brasil, o Grupo tem como subsidiária direta, além da empresa em análise, a empresa Caulim do Nordeste S.A., que tem como objeto a extração e comercialização de argila refinada. No mercosul, o Grupo atua através da empresa Cristamine S.A. de nacionalidade Argentina. (SCALOPPE, 2002, ato de concentração n° 08012.001639/2002-55).
Outra empresa que atua na exploração e comercialização de minerais não-
metálicos, segundo SCALOPPE (2002), produzindo vidros, isolamentos,
embalagens, cerâmicas, plásticos, abrasivos, materiais de construção e
25
encanamentos, dentre outros materiais é a empresa Santa Verônica, que pertence
ao Grupo Saint-Gobain, de origem francesa.
Seu principal acionista é a Brasilit S.A., com 99,99% de participação. O faturamento do Grupo Saint-Gobain no Brasil, no exercício de 2000, foi de R$ 2,4 bilhões; no Mercosul, as vendas alcançaram o montante de R$ 2,19 bilhões e no mundo, R$ 45,55 bilhões. (SCALOPPE, ato de concentração n° 08012.001639/2002-55; 2002)
O grupo Saint-Gobain, é detentor da Jundu, uma empresa que atua no Brasil, onde
seu setor de atividade é o de mineração de areia e outros minerais, tais como
feldspato, calcário e dolomita. No ano de 2000, a Jundu apresentou o faturamento
de R$ 28,7 milhões no Brasil (SCALOPPE, 2002).
Estas empresas verificam a importância deste mercado não só no Brasil, mas
também demonstram a viabilização de uma hipótese mais consistente sobre a
possibilidade de exportação deste produto para a Austrália e outras partes do
mundo.
2.1.6 Relações comerciais entre Brasil e Austrália
O Brasil e a Austrália já mantêm relações comerciais em diversos setores da
economia, sendo assim, faz-se necessário ressaltar aspectos característicos da
Austrália para atribuir o contexto deste trabalho.
2.2 Características da Austrália
A formação geológica do território australiano está entre uma das mais antigas
formações do mundo, sendo esta a maior ilha do planeta, com uma área de 7,69
milhões de quilômetros quadrados. Contudo, a Austrália também se caracteriza por
ser um dos menores continentes da terra, com uma extensão “de 3.700 quilômetros
de norte a sul e 4.000 quilômetros de leste a oeste. Em termos de superfície a
26
Austrália é o sexto maior país do mundo, depois da Rússia, Canadá, China, Estados
Unidos e Brasil” (BRAZILTRADENET, 2003. p.5).
Segundo dados do Governo Australiano (2007), a Austrália é uma nação
desenvolvida, democrática e independente, possuindo uma sociedade estável e bem
diversificada culturalmente. Este país conta com uma especializada força de
trabalho, o que possibilita a sua projeção internacional como uma das mais fortes e
competitivas economias mundiais.
O bom desempenho da economia Australiana nos últimos anos é conseqüência de
uma visão global ampla e de políticas inovadoras e transparentes de seu governo, o
que gera a possibilidade de expansão e aquecimento do comércio via investimentos
externos. Tais investimentos representam uma enorme importância para a
prosperidade da economia australiana, onde:
[...] pequenas empresas são vitais para a economia australiana visto que há aproximadamente 1,2 milhões delas no país, empregam algo em torno de 3,3 milhões de pessoas, criando cerca de 660.000 novos postos de trabalho durante a ultima década. (GOVERNO AUSTRALIANO; 2007,p.71)
A estabilidade econômica australiana é fruto de uma política bem sucedida que por
“mais de 15 anos vem apresentando níveis de baixa inflação, na faixa de 2.5% a.a.”
(GOVERNO AUSTRALIANO; 2007, p.71).
O baixo nível de inflação da Austrália, juntamente com uma política oportunista e
inovadora, possibilitou a obtenção de um crédito líquido equivalente a “2,7% do PIB
($ 28,1 bilhões)”, e incentivos ao investimento externo, fortalece o mercado
australiano de forma a projetá-lo como um dos mais promissores e alternativos, tanto
para grandes empresas multinacionais quanto para pequenas empresas e
investidores (ABCC, 2007, p.19)
A Austrália possui uma sólida, estável e moderna estrutura institucional que dá segurança aos negócios e oferece um destino atraente para investimentos. O sistema robusto e transparente de governança corporativa atua em conjunto com um regime de regularização corporativa e de falência voltada aos negócios. (ABCC, 2007, p.20)
27
De acordo com dados do setor de Comércio Internacional do Governo Australiano
(ABCC, 2007), a economia da Austrália demonstra uma característica adversa das
observadas em outros países, no que diz respeito à concorrência interna existente
em todos seus setores produtivos. Na Austrália há uma forte concorrência em todos
os seus setores econômicos, incluindo áreas importantes como transporte,
telecomunicação, eletricidade e gás. Isto ocorre devido aos baixos impostos e o
incentivo a concorrência justa entre as empresas, gerando por conseqüência a
necessidade de maior especialização dos indivíduos, mais oportunidade de
empregos e uma maior volatilidade do preço final dos produtos (ABCC, 2007, p.21).
Segundo dados do Governo Australiano (2007), a Austrália é um membro
participante da Organização Mundial do Comércio (OMC), que pratica políticas
tarifárias e métodos de controle anti-dumping de acordo com as regras da instituição.
As tarifas e outras barreiras ao comércio estão em patamares bem reduzidos, chegando a taxa nominal de impostos a 5% ou mesmo à isenção. Só é relativamente alta nos setores de automóveis, têxtil, de vestuário e de calçados. A tarifa de carros importados caiu de 15% para 10% em janeiro de 2005. Mesmo assim, a redução nesses setores está ocorrendo em ritmo lento. As informações, em detalhes, sobre o regime aduaneiro australiano e as normas de importação, inclusive para amostras e mostras promocionais, podem ser obtidas aqui no Brasil. A organização governamental encarregada é a Austrade (Australian Trade Comission), no Consulado Geral da Austrália. (GOVERNO AUSTRALIANO; 2007, p. 77)
O Banco Mundial classificou a Austrália em 2007 em segundo lugar na relação de
países menos burocráticos do mundo no que diz respeito à abertura de novas
firmas: “[...] uma nova empresa pode ser aberta em dois dias, enquanto a média dos
países da OCDE é de 20 dias” (GOVERNO AUSTRALIANO; 2007, p.81).
O imposto sobre produtos e serviços (chamado GST), equivalente australiano do imposto sobre valor agregado (IVA), é de 10% e taxado em quase todos os produtos e serviços. Não existe imposto nas transações de ações. O imposto corporativo é de 30%. (GOVERNO AUSTRALIANO, 2007, p.81)
A Austrália dispõe de uma ampla e moderna infra-estrutura, oferecendo vias
domésticas e internacionais de transporte a nível mundial, tanto para pessoas físicas
como para empresas. Outros importantes tipos de serviços são característicos deste
país, tais quais; sistemas de comunicação, alta tecnologia da informação, ótima
distribuição de energia e serviços públicos financeiro (BRAZILTRADENET; 2003).
28
Graças às baixas tarifas comerciais, poucas barreiras quanto à entrada de produtos,
incentivos governamentais ao investimento internacional e pequena burocracia
institucional, a Austrália vêm conseguindo a cada ano atrair bons investimentos,
possibilitando desta forma um expressivo aumento em sua balança comercial.
Eventos como feiras e convenções fazem parte do plano de ação promovido pelo
governo. Estes encontros ocorrem freqüentemente na Austrália e em países
interessados na possibilidade de investir neste mercado. Esta iniciativa tem por
objetivo apoiar e incentivar um intercâmbio de informações e investimentos entre
empresas e indivíduos, buscando uma maior interação cultural à partir de um
estreitamento nas relações entre as partes envolvidas (ABCC, 2007).
Com tudo isto, a Austrália vem alcançando números importantes em sua balança
comercial como pode ser observado por intermédio dos índices apresentados pelo
Departamento de Assuntos e Comércio Internacional da Austrália:
A exportação de bens e serviços da Austrália cresceu 16% em 2005-06, atingindo a cifra de $209,5 bilhões, quase 21% do PIB do país. Em termos de valores, significa que cresceu em média 6,5% ao ano durante a última década. Há muito tempo, a Austrália tem sido um grande país exportador de produtos agrícolas, de energia e de minerais. O mais importante setor de exportação da Austrália é o de minerais ferrosos e combustíveis, seguido pelos serviços, manufaturados e produtos agrícolas. Estes setores possuem grande importância nas exportações da Austrália e vêm crescendo em média 7,3% por ano desde 2001. (GOVERNO AUSTRALIANO; 2007, p .83)
Em 2005, a Austrália destacou-se em âmbito internacional por ter se configurado
como uma das principais fornecedoras de certos produtos mundialmente
comercializados, liderando a produção e exportação de carvão de minério de ferro,
carne bovina e lã, sendo o segundo maior produtor em cevada e algodão e o terceiro
maior produtor de vinho e trigo (GOVERNO AUSTRALIANO; 2007).
Segundo WONG, (2007) o mercado da Austrália vem sofrendo a conseqüência da
baixa natalidade no país, o que acaba por gerar em seus setores uma maior procura
por especialistas de determinadas áreas do setor produtivo, afetando até mesmo a
área técnica do país.
29
A falta de mão de obra em setores da construção civil, como o de assentadores de
tijolos, por exemplo, faz com que estes trabalhadores ganhem salários quase
equivalentes aos de médicos pelo fato de não se encontrar profissionais nesse setor
com experiência suficiente para dar conta da demanda (WONG, 2007).
WONG (2007) especifica ainda o sistema australiano de leis trabalhistas e
sindicatos, onde estes regulam, de forma sufocante as atividades profissionais do
país, gerando a necessidade de especialização profissional e técnica.
Praticamente tudo que você pensar em fazer profissionalmente terá que estar licenciado especificamente para aquela função ou terá que dividir com outros profissionais. Como exemplo, um técnico em geladeiras, que apesar de entender de compressores e sistemas de refrigeração, não poderá consertar um ar condicionado doméstico caso não tenha feito um curso específico e tenha obtido a licença específica. Esse mesmo técnico não poderá consertar aparelhos de ar condicionado industrial (outro curso seria necessário), mas o fazendo, poderá continuar em crescimento, dobrando ou triplicando seu salário e até mesmo chegar à riqueza. (WONG, p.108, 2007).
A principal empresa fornecedora de pó de areias recicladas e de outros agregados
de construção civil na Austrália é a CMG - Construction Materials Group, que opera
em reprocessamento e transformação de vidro em materiais utilizáveis para
construção civil, sendo este, um material que pode substituir a areia em
determinados estágios de uma obra (LONDON; KENLEY, 2000).
Esta empresa atua também, segundo os autores LONDON e KENLEY (2000), na
extração de areias retiradas de barrancos (Topsoils) que são lavadas, armazenadas
na região do caçador de cima (Upper Hunter).
O foco principal da CMG é no processamento e reciclagem de vidros, criando um pó
arenoso que somado à areia processada de vidros, cria a composição para massas
e concretos.
A empresa por sua vez, não é uma grande extratora de areias para este setor, mas
trabalha também com materiais componentes que possuem igual importância para
as construções como cimento, granito, extração de rochas e cascalhos, provendo ao
mercado australiano de minerais processados como agregados naturais, saibro,
selecionados superiores de rocha de Gabion e fontes ornamentais dos cascalhos.
30
Esta empresa é uma grande produtora do cimento Readymix, que misturado aos
resíduos de vidro processados por ela mesma, fornecem o concreto que abrange a
maior parte das cidades do sul da Austrália (LONDON; KENLEY, R. 2000).
2.2.1 Atual Relação comercial entre Brasil e Austrália
Em 1787, navios ingleses fizeram escala no Rio de Janeiro, onde pela primeira vez
Brasil e Austrália se relacionaram e interagiram. À partir de então, bons fluidos
chegaram ao Brasil, e apesar da atual relação comercial ser ainda modesta frente ao
potencial econômico destas duas nações, o Brasil se apresenta como o maior
parceiro sul-americano da Austrália. Os principais produtos exportados pelo Brasil à
Austrália atualmente são: soja, automóveis, ferro, café, suco de laranja, acessórios
para tratores, dentre outros (QUIRÓS, 2007).
A Austrália possui certas características sociais semelhantes às brasileiras, por se
constituir uma democracia, ser rica em diversidade cultural e em recursos naturais e
por obter o histórico de construtivos compromissos regionais e internacionais
firmados. Isto corrobora para a importante participação da Austrália no ambiente
internacional e em sua participação em acordos e tratados comerciais (QUIRÓS,
2007).
O Brasil representa atualmente um interessante destino para variados tipos de
investimentos australianos, importando cerca de US$856 milhões em uma gama
variada de produtos como carvão mineral, medicamentos, máquinas, veículos,
níquel, dentre outros produtos. A exportação Brasileira para a Austrália soma uma
significativa quantia de US$859 milhões em produtos como sucos de frutas,
calçados, café, produtos químicos, minérios e aparas de papel, e a cada dia que
passa, novas parcerias têm sido criadas pelos dois governos, também em setores
relacionados ao desenvolvimento de novas tecnologias que visem alcançar soluções
as necessidades de ambos os países (GOVERNO AUSTRALIANO; 2007).
31
Para o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos - APEX-BRASIL -, Juan Quirós, o governo brasileiro possui grande
interesse em estreitar relações com o país australiano e vem trabalhando para
alcançar tal objetivo, visto que;
[...] uma empresa de consultoria deve ser contratada em breve para que se faça um grande levantamento de informações sobre o mercado australiano. "O objetivo é indicar quais as principais oportunidades de negócios na Austrália para produtos brasileiros. Eles (os australianos) têm um apego muito grande pelas marcas internacionais, o que nos ajuda muito" (QUIRÓS, 2007, p.7).
Os números alcançados atualmente na relação comercial entre os dois países
representam significativa importância tanto para a economia do Brasil quanto para a
Austrália, mas estes ganhos provindos desta transação comercial poderiam ser
muito mais expressivos, visto o potencial mercadológico de ambos os países que
estão inseridos na lista das 10 maiores economias mundiais.
Todavia, uma importante e crescente aproximação comercial especialmente no setor
mineral, vem adquirindo espaço nas relações comerciais entre estes países, visto
que empresas brasileiras como a Vale, que é a maior empresa de mineração e
metais das Américas, e as empresas australianas Aquila Resources Limited (Aquila)
e AMCI Holdings Austrália Pty Ltd (AMCI) assinaram acordo para estudo exploratório
do projeto de carvão subterrâneo (Belvedere) na Austrália (IBS: Valor Econômico,
2005).
Os recursos estimados desse projeto somam 2,7 bilhões de toneladas de carvão metalúrgico e estão localizados no Estado de Queensland, Austrália. (IBS e Valor Econômico, 2005). [...] Conforme os termos do acordo celebrado, a Vale pagará US$ 2,5 milhões para cada uma das empresas australianas, Aquila e AMCI, e tem o compromisso de desenvolver o estudo do projeto até seu estágio de pré-viabilidade. (2005).
Este investimento é parte do programa de exploração mineral diversificada da
empresa Brasileira Vale, no qual busca por meio de pesquisas e levantamentos, um
meio de expansão e desenvolvimento de seu setor produtivo, encontrando na
Austrália a possibilidade de expansão de seu mercado. (IBS;Valor Econômico, 2005)
32
Um outro bom exemplo de que a Austrália oferece bons negócios é a marca Massey
Ferguson, fabricada no Brasil pela AGCO do Brasil e que expandiu seu mercado
para a Austrália e vêm obtendo bons lucros com este comércio.
De acordo com o gerente de exportações Francisco Delamare, o país da Oceania comprou 200 unidades de tratores no ano passado. "Para se ter idéia do crescimento desse negócio, em 2000, quando iniciamos as exportações para a Austrália, o número de tratores que saíam daqui para lá era 20", diz. Em comparação a 2004, as vendas para a Austrália cresceram 20%. "Trata-se de um mercado muito promissor para nós", afirma Delamare (QUIRÓS, 2007).
Os principais problemas para os exportadores brasileiros segundo a (ABCC, 2007),
referem-se à logística e à distância entre ambos os países. Há necessidade de
melhorias nos transportes marítimo e aéreo entre os dois países devido à longa
distância que os separa, entretanto existem medidas do governo australiano, a fim
de facilitar a transação comercial visto que:
Se o exportador brasileiro quiser verificar a classificação tarifária dos produtos, pode procurar orientação em qualquer porto de entrada da Austrália. É preciso preencher um formulário solicitando a classificação tarifária pela alfândega australiana que emitirá documento oficial sobre o assunto. Assim, a alfândega torna-se a responsável pela classificação, isentando o importador de pagar taxas retroativas e de penalidades enquanto perdurar o período de validade. (ABCC, 2007).
De forma geral, verifica-se que os empresários brasileiros que têm interesse na
Austrália podem contar com um mercado com grande potencial, uma vez que este
não apresenta grandes restrições para internar mercadorias no país. É uma nação
que atua de maneira ativa no comércio mundial e encoraja de maneira incisiva o
incremento dos negócios internacionais (ABCC, 2007).
A cada ano a relação entre Brasil e Austrália melhora, principalmente devido ao
intercâmbio e viagens de brasileiros que sonham em conhecer, estudar e até mesmo
gerar bons negócios num país que oferece muita diversidade cultural, inovação e
simpatia.
33
3 ANÁLISE DE RISCOS E GANHOS
Neste capítulo o estudo apresenta os principais elementos para empresas e
empreendedores que desejam expandir seus mercados ao exterior de forma a
minimizar os riscos e obter maior sucesso nesta ação.
As possibilidades de exportação de produtos e serviços, como também a preparação
das empresas para este processo de internacionalização, envolve riscos e falhas
que poderão afetar no sucesso da empresa. Sendo assim, será verificado por meio
da engenharia da exportação, os elementos que favorecem a redução dos riscos e
dos custos em uma transação comercial com o exterior, aumentando as
possibilidades de ganhos e sustentabilidade neste novo processo.
3.1 Mecanismos teóricos para a avaliação de análise de risco de mercado
Segundo Minervini (2004, p. 6) “nenhuma empresa deve tratar de introduzir-se no
mercado externo até que esteja preparada”, visto que há vários casos de empresas
que tentaram expandir seus negócios no exterior e não foram bem sucedidas,
acarretando em prejuízos, desestruturação dos setores produtivos e comerciais e
desgaste por parte dos investidores.
Para que uma exportação possa ser bem sucedida, faz-se necessário que a
empresa ou o indivíduo interessado em enviar seus produtos/serviços ao exterior
questionem se seus planos estratégicos atenderão às expectativas do mercado
visado.
É fundamental que as empresas e possíveis investidores do mercado se armem de
algumas precauções essenciais para a tomada de decisão de internacionalização de
seus produtos, tais quais:
34
Quem pode exportar? ; Por que exportar? ; para onde exportar? ; quando exportar? Como exportar?; o que exportar?; como não exportar? Deve também buscar informações sobre quais são os erros e falhas mais comuns nesse processo, quais são as principais barreiras à exportação; adaptação do produto, e por fim o funcionamento da engenharia da exportação. (Minervini; 2005, p.5 ).
Para Minervini (2005), existem várias motivações que levam milhares de empresas e
indivíduos a se aventurarem no mercado internacional, mas o motivo pelo qual cada
empresa o faz, pode variar de caso em caso. Na concepção do autor, muitas destas
motivações podem ser precipitadas e equivocadas, daí a necessidade de se
verificar, antes de tudo, a estrutura e o planejamento de cada empresa.
Uma empresa pode ter como desejo de ampliação de seus mercados algumas
motivações específicas, tais quais:
O desejo de operar em um mercado de maior volume; missões ao exterior (feiras
internacionais e exposição de produtos e/ou serviços); o aproveitamento das
diferentes zonas sazonais existentes no mundo (um exemplo seria a venda de
biquínis brasileiros para países do hemisfério oposto); encontrar melhores
possibilidades de lucros e preços de seus produtos no mercado externo. (é caso de
produtos artesanatos); exportação de uma menor variação de produtos em maior
escala; melhor aproveitamento do ciclo de vida de produtos para outros mercados;
divisão de risco de negócio entre mercado interno e externo; criação de uma melhor
imagem da empresa no mercado interno; redução do impacto da presença de
concorrência interna por meio da exportação do produto; dentre outras motivações.
(MINERVINI,2005 p.6)
Há empresas que encaram a exportação como uma meta de desenvolvimento e
sobrevivência. Ou seja, um planejamento que agregue à exportações uma estratégia
de contínua melhoria e expansão de mercado.
A menos que seja exigido por parte do importador algum requisito especial para o
processo de exportação, a princípio, qualquer indivíduo possui a capacidade de
exportar seus produtos, desde que assuma o “compromisso com a qualidade,
criatividade e profissionalismo” (MINERVINI, 2005, p. 8).
35
Portanto, é de extrema importância que a empresa tenha a plena consciência da sua
“capacidade própria de internacionalização”, para que possa encarar a exportação
como uma estratégia de melhoria competitiva de mercado (MINERVINI, 2004, p.7).
Geralmente empresas interessadas em internacionalizar seus produtos realizam um
levantamento prévio sobre qual seria o melhor mercado a se inserir, levando em
consideração para a sua escolha, a minimização de custos e riscos, dentre outros
fatores como:
a) a proximidade do mercado;
b) a potencialidade de expansão deste mercado;
c) a similaridade de cultura
d) a competição existente
e) o tamanho do mercado
O autor diz ainda que uma empresa que encontra dificuldades no mercado interno
não deve tentar exportar seus produtos como forma de melhorar a situação de crise
interna, pois a chance de fracasso na adoção deste procedimento se torna maior,
visto que “é mais fácil nadar em uma piscina do que em um oceano” (MINERVINI,
2005 p. 9).
Na visão de Minervini (2005), as empresas devem evitar o início de sua exportação
para todo o mundo. É melhor que uma empresa adquira experiência em um único
mercado tendo como finalidade a menor exposição a riscos aliado a um menor
custo.
MINERVINI (2005) cita ainda os erros mais comuns ocorridos no processo de
internacionalização das empresas:
36
Falta de avaliação da capacidade de internacionalização. Não considerar os aspectos das diferenças culturais. Falta de pesquisa de mercado. Seleção errada do parceiro. Não efetuar pesquisa, registro e monitoramento da marca. Elaboração de contratos sem considerar a legislação e a prática do país estrangeiro. Extrema diversificação dos mercados. Falta de conhecimento das normas de defesa do consumidor Não contar com a estrutura interna adequada para gerenciar a exportação. Falta de presença no mercado (MINERVINI, 2005, p. 12).
Para que uma empresa possa exportar seus produtos de forma bem sucedida, ela
necessariamente deverá conscientizar-se das barreiras que encontrará no comércio
internacional.
As barreiras são mecanismos utilizados para inibir ou impedir o comércio entre países, com a finalidade de proteger as indústrias nacionais. Estas barreiras podem ser tarifárias ou não tarifárias (Fragata Internacional, 2008, p. 10).
3.2 Barreiras Comerciais
De acordo com o manual criado pela Fragata Internacional (2008) as barreiras
comerciais tarifárias são aquelas aplicadas por governos mais protecionistas, que
cobram alíquotas de impostos para a importação de determinados bens e produtos.
Estes impostos acabam por onerar o preço final do produto e dificultar a importação
deste.
Já as barreiras não tarifárias se dão de cinco formas distintas: a) por meio de “Cotas
e controles”, onde governos limitam e restringem em cotas o número de unidades de
certo produto a ser importado, ou ao valor total determinado deste(s) produtos; b)
“Políticas de Compra discriminatórias” impostas por governos que possuem como
regras e regulamentos de conduta, compras e aquisições que podem ser restritas à
determinados países; c) “Procedimentos Alfandegários Restritivos”; são
regulamentos que determinam a classificação e avaliação de mercadorias, sendo
estas as bases para as tarifas de importação; d) “Controles Monetários Seletivos e
Políticas Cambiais Discriminatórias” se referem à oscilações cambiais entre
valorizações e desvalorizações da moeda e políticas cambiais que não favoreçam a
37
situação de importadores ao comprar ou remeter divisas ao exterior; e)
“Regulamentos Administrativos” tem por principal objetivo a não atração de produtos
estrangeiros. Estes regulamentos podem ter como características especificações
técnicas, ecológica, burocrática. (FRAGATA INTERNACIONAL; 2008, p. 10)
Existem, contudo, outras barreiras que podem dificultar a vida de quem pretende se
inserir no comercio internacional. Minervini (2005) descreve algumas barreiras que
tanto o país exportador, quanto o país importador e o empresário importador
poderão encontrar ao longo deste processo.
País exportador: sistema competitivo do país; excesso de regulamentações; Falta de um sistema atualizado de identificação de oportunidades de negócios; falta de cultura exportadora. País importador: Cotas de importações; normas técnicas; localização geográfica (custos elevados de transporte); excesso de regulamentações; diferenças culturais; nível tecnológico; concorrência local; Instabilidade econômica; embargos; moeda não-conversível; custos elevados da promoção do produto; Formas de comercialização diferentes daquelas praticadas no mercado do exportador; dificuldade para conseguir informações confiáveis; excessivo protecionismo na indústria local; poder de pressão dos sindicatos. Impostos de importação; Leis contra dumping; falta de transparência na legislação de importação; falta de confiança no país. Empresário Importador: Falta de estrutura; Falta de profissionalismo. (MINERVINI, 2005, p. 15)
Cavalcanti (1997), cita algumas importantes variáveis que também atuam como
barreiras às exportações Brasileiras.
Pesquisa da FUNCEX (1997), realizada a partir de consultas a 336 empresas exportadoras, aponta os seis principais obstáculos ao incremento das exportações: tarifas portuárias domésticas, taxa de câmbio, frete internacional, ausência de financiamento às exportações, tributos domésticos incidentes sobre as exportações, frete doméstico e "Custo Brasil" em geral, expressão utilizada relativamente a fatores internos que dificultam ou oneram as atividades exportadoras do país (Ferraz Filho e Cavalcanti, 1997).
Entretanto, Minervini (2005) diz que existem formas de selecionar um parceiro
comercial e minimizar as dificuldades de informações e trabalho em uma exportação,
a saber:
Os escritórios de promoção comercial das embaixadas do nosso país no exterior; Câmaras de comércio Bilaterais; Empresas de consultoria; Revistas especializadas; Bancos; Consulados e embaixadas de países estrangeiros; Internet; World Trade Center (associações de empresas de comércio exterior); Feiras intenacionais. (MINERVINI,2005, p.15)
38
Uma vez que o exportador escolheu o parceiro comercial no exterior, ele poderá
enfrentar ao longo deste novo processo, algumas dificuldades e dúvidas acerca de
certos procedimentos a serem seguidos. Existem atualmente algumas instituições
especializadas a apoiar e incentivar as exportações Brasileiras e o comércio
internacional. Alguns exemplos desta afirmação são:
Itamaraty, Câmaras de comércio Exterior (CAMEX); Secretaria de Comércio Exterior(SECEX); Agência de promoção de exportações (APEX); Banco do Brasil; Banco em Geral;Câmaras de comercio bilaterais; empresas de consultoria; Eurocentros; Associações, Transportadores; Organizadores de feiras internacionais; Agentes, World Trade Center entre outros. (MINERVINI, 2001, p.20)
3.3 Caminhos legais e procedimentos jurídicos exigidos em transações internacionais
Todos os países que atualmente participam do processo de globalização e trocas
comerciais com outras regiões do mundo, possuem tipos de classificações distintas
à diversos produtos, sendo este procedimento necessário ao controle, garantia da
saúde e soberania de cada país.
A classificação de risco dos produtos se dão tanto à produtos que são importados,
quanto aos produtos exportados, sendo alguns países mais rígidos e exigentes em
suas classificações do que outros. No caso brasileiro os níveis de classificações
segundo ABCC, (2007) são: a) “exportação e importação livre”: que é um produto
que não possui impedimentos, tratamentos específicos e administrativos para a
importação e exportação; b) “exportação e importação livre com tratamento
administrativo”: que visa à garantia do interesse nacional. Alguns países sujeitam
determinados produtos à regimes especiais, maior controle e restrições; c)
“exportação e suspensa”: esta é a modalidade que requisita fatores de controle
exigido pelo país, tem por objetivo garantir pontos julgados como de interesse
nacional, a garantia de proteção e preservação de espécies; garantia da saúde
pública; garantia da segurança nacional; melhoria da receita cambial; ao
abastecimento interno prioritário de setores; e também à manutenção de tratados e
compromissos nacionais assumidos pelo país com outro(s) país(es); d) “exportação
39
e importação proibida”: que é o modo proibitivo previsto em condição constitucional
ou de tratados e acordos do Brasil com outros Estados, visando a garantia dos
interesses internacionais. (ABCC, 2007)
No caso da legislação Australiana, a classificação de mercadorias (Sistema Geral de
Preferâncias), foi reformulada em 1995, com o principal objetivo de atualizar,
simplificar e harmonizar o sistema de classificação dos produtos importados.
Esta legislação¸ o Customs Tariff Act 1995 (Lei de tarifas alfandegárias de 1995), substituiu o Customs Tariff Act 1987, e incorporou várias novas tarifas que foram introduzidas como resultado de decisões políticas do Governo australiano nos últimos dez anos. Os impostos aplicados sobre mercadorias importadas pela Austrália estão inscritos nos programas 3 e 4 da Lei de tarifas de 1995. (ABCC, 2007)
O governo Australiano, formulou exceções na aplicação da tarifa geral para os
países considerados países em desenvolvimento, caso em que se enquadra o
Brasil.
A taxa alfandegária para produtos importados em geral, e sem considerar os produtos sem taxa de importação, é 5%. A aplicação de taxas para países em desenvolvimento reduzirá esse valor para 1 - 5%. No caso dos têxteis, vestuário, calçados e automóveis, as taxas são maiores, embora tendam a diminuir. (ABCC, 2007)
3.4 Implicações, exigências e adaptações necessárias a esta commodity
Um dos importantes pontos para avaliação sobre a possibilidade de exportar ou não,
deve ser realizado com o foco na adaptação do produto exigida pelas normas e pelo
mercado do país importador. Sendo assim, faz-se necessário a verificação do
produto sob o aspecto proibitivo no mercado australiano, se ele atende as
especificações técnicas exigidas, o tipo de venda mais indicado aos australianos, a
modalidade de venda mais indicada para este país- CIF ou FOB, se o preço do
produto é competitivo, se o produto atende às necessidades dos australianos, quais
são os produtos similares ou substitutos (FRAGATA INTERNACIONAL, 2008)
40
MINERVINI (2005), realiza em seu trabalho uma divisão entre os diferentes
parâmetros do mercado importador e quais são as adaptações que melhor atendam
A cada um.
Quadro 1: Adaptaçõres necessária em produtos passíveis de exportação
Parâmetros-chave no mercado importador Mudanças (Adaptações)
1 - Menor nível de competência técnica Simplificação do Produto.
2 - Nível de Custo da mão-de-obra Automatização ou simplificação.
3 - Nível médio de instrução Reformulação ou simplificação.
4 - Nível do poder aquisitivo Mudanças na qualidade e preço.
5 - Nível da taxa de juros Mudanças na qualidade e preço( investimentos na qualidade podem não ser convenientes financeiramente).
6 - Preocupação com a manutenção Mudanças nas margens de tolerância.
7 - Diferenças climáticas Adaptação do produto; por exemplo: um interruptor automático, instalado a 4.500m, deve ter um nível de isolamento maior do que o mesmo interruptor instalado ao nível do mar.
8 - Diferenças de normas Mudanças no produto; por exemplo: um produtor de trajes de banho, de um país tropical, terá de mudar as dimensões dos biquínis a serem exportados para os países europeus, onde as dimensões exigidas (por pudor e medidas das usuárias) são diferentes.
9 – Disponibilidade de outra matéria-prima e componentes
Mudanças no produto; por exemplo: um país prima e componentes produtor de muita madeira produzirá artigos em madeira, ao contrário de um país onde a madeira é importada e que, por ser um grande produtor de petróleo (como os árabes), talvez produza componentes não de madeira, mas, por exemplo, de plástico (derivado da indústria petroquímica).
10 - Disponibilidade de energia Em um país produtor de petróleo, a gasolina é barata. Porém, se os fabricantes de automóveis exportam seus modelos para países onde a energia é caríssima, deverão adaptar seus motores ou talvez utilizar diferentes tipos de combustíveis (no Brasil, por exemplo, foi utilizado por muito tempo o álcool).
Fonte: MINERVINI, Nicola. 2005, p. 17.
3.5 Documentos de embarque exigidos na Austrália
Os documentos de exigência do governo Australiano para importações são
indispensáveis à apresentação para a alfândega deste país. A documentação
exigida irá variar conforme a caracterização de cada produto, porém, existem
41
aqueles que necessitam de tratamentos e especificações especiais que irão carecer
de documentações e exigências específicas.
A documentação exigida depende especificamente do produto a ser importado, sendo responsabilidade do importador entregar a documentação corretamente para a alfândega australiana ou ao AQIS. Orientação profissional sobre os documentos necessários para produtos específicos pode ser obtida de empresas especializadas em importação. Com relação às exigências de quarentena, os importadores devem contatar o AQIS a fim de obter os documentos apropriados para cada tipo de produto. Do mesmo modo, as exigências para importação de produtos químicos para consumo humano são definidas em função do tipo de produto e podem ser obtidas junto à Therapeutic Goods Administration. (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, Como Exportar, 2003, p.76)
42
4- EXPORTAÇÃO DE AREIA PARA A AUSTRÁLIA: IMPLICAÇOES
Para contextualização do estudo de viabilidade de exportação de areia para a
Australia é fundamental a análise de pesquisas realizadas por empresas
Australianas, relatórios desenvolvidos pelo Departamento de Infra-Estrutura,
Planejamento e Recursos Naturais (Department of Infrastructure, Planning, and
Natural Resources - DIPNR), além de outras fontes de informação disponibilizadas
pela internet, artigos, livros dentre outros.
4.1 O Serviço
Como observado anteriormente, por Wong (2007), a Austrália é um país que exige
um alto nível de especialização e aprimoramento técnico de seus profissionais em
seus diversos setores sociais. Os Australianos zelam por excelência, organização e
padronização na prestação de serviços sendo bastante exigentes quanto ao
seguimento das normas, prazos e contratos. Desta forma, o famoso “jeitinho
brasileiro” não seria bem visto pelos padrões australianos em negociações.
Por vez, é importante destacar o tipo de material mais bem aceito nas construções
deste país, sendo este tipo de areia o que atenderá melhor as expectativas do
consumidor Australiano.
A areia mais procurada e utilizada nas construções australianas são aquelas que
apresentam um alto teor de sílica sendo este tipo de material mais limpo e possuindo
características que definem seu maior valor de mercado tanto para indústria de
construção civil quanto na utilização deste material em indústrias como as de
refratários e fundição (PAIN; KEELING, 2006).
Outro importante ponto a se destacar quanto ao mercado de areia neste país diz
respeito à forma como este material é comercializado na Austrália, pois de acordo
com Pain e Keeling (2006), este material é vendido por Mt- Metric Ton, ou tonelada
43
métrica. No Brasil a comercialização de areia geralmente é realizada da mesma
forma como é comercializado na Austrália, mas podendo variar entre vendas de
determinada quantidade de caminhões, pelo metro quadrado de areia (quando é
realizada em menor quantidade), por toneladas, vendas fechadas por metro de obra,
dentre outras formas, podendo variar de acordo com a quantidade e a
representatividade das negociações firmadas entre cliente e fornecedor.
O serviço de extração deste material na Austrália é similar ao tipo de extração
brasileira, via dragas flutuantes em rios e por meio de extração de depósitos
lacustres e lavagem deste material. Porém, o mercado Australiano apresenta
materiais alternativos à utilização deste agregado, obtendo empresas que se
especificaram na moagem e reciclagem para a criação destes substitutos (DIPNR).
Ressalta-se que já “existem países utilizando este material como agregado fino no
concreto. A Austrália, por exemplo, utiliza o vidro moído proveniente do lixo em
concretos para construção. (TAPSELL; NEWSOME; 2003).
Para a extração e comercialização da areia na Austrália, é necessário que as
empresas atuantes atendam a uma série de normas e exigências previstas pelo
Departamento do Meio Ambiente, pelo Departamento de Infra-Estrutura,
Planejamento e Recursos Naturais, que exercem um rígido e bem monitorado
controle quanto às atividades deste setor. (DIPNR; 2008).
4.2 O Mercado Alvo
O mercado aqui analisado será o da cidade de Sidney e região metropolitana, uma
vez que segundo dados do (DIPNR; 2008) esta região da Austrália apresenta
atualmente grande expansão no setor de construção civil, e que necessita de
exportação de areias de outras regiões para atender a sua demanda interna.
Observa-se que este mercado apresenta aspectos que merecem maior atenção no
desenvolvimento de projetos comerciais, principalmente, no que se refere à extração
de produtos minerais.
44
Atualmente Sidney se preocupa em alinhar o crescimento da população e as
mudanças demográficas com amplo investimento em infra-estruturas onde as
questões ambientais e culturais são bens definidos e protegidos; A cidade busca
alinhar seu desenvolvimento de forma a melhorar utilização da infra-estrutura
existente e aumentar investimento nos setores mais importantes onde o orçamento
estadual busca alinhar as prioridades estratégicas dos setores mais importantes da
indústria local. A cidade busca também aumentar a participação do investimento
privado em setores como o de infra-estruturas públicas, com o objetivo de reduzir os
gastos públicos e aumentar a participação da população neste processo (DIPNR;
2008).
Sidney enfrenta um importante desafio quanto ao desenvolvimento de sua infra-
estrutura e suas prioridades dos recursos naturais essenciais a este
desenvolvimento. Os terrenos e espaços ainda existentes na cidade, estão
adquiridos pelo setor privado e/ou estão preservados por órgãos de controle, o que
necessariamente requer uma ação de parceria entre o setor privado e Estado quanto
à realização de projetos de infra-estrutura propostas para a manutenção dos
desafios futuros (DIPNR; 2008).
A prospecção futura de desenvolvimento de Sidney, segundo relatórios do
Departamento de Infra-Estrutura, Planejamento e Recursos Naturais (DIPNR; 2008)
é da necessidade de construção de mais de 600000 habitações nos próximos 25 a
30 anos, fornecendo cerca de meio milhão de novos postos de trabalho. Esta ação
garantirá o aumento da criação de oportunidades de negócios, beneficiará o setor de
construção civil, garantirá o desenvolvimento e a oferta de infra-estruturas e serviços
necessários à manutenção da economia forte, além de elevar a qualidade de vida da
população local.
Sidney e a Costa Central da Austrália possui uma população de mais de 4,1 milhões
de habitantes com perspectiva de crescimento para mais de cinco milhões de
habitantes até 2031 e por cerca de seis milhões em 2050. Estas duas áreas
abrangem cerca de 63% de toda população de New South Wales , com as regiões
de Illawarra e baixa Hunter abrigando cerca de 750000 habitantes e apresentando
índices de crescimento populacional (DIPNR; 2008).
45
Sidney e sua região metropolitana agrega cerca de 66% de empregos do Estado, e
projeta um crescimento no número de emprego para os próximos 20 anos em cerca
de 250000-300000 novos de postos de trabalho. Este número equivale à demanda
de cerca de um milhão de metros quadrados de espaço de chão de construção
adicional comercial. (DIPNR; 2008) mais de 95% das importações e exportações do
comércio de Sidney passam por seus portos marítimos e através do transporte aéreo
de carga do Aeroporto Kingsford Smith.
O principal desafio desta cidade no futuro será o de alinhar investimento do setor
privado e governamental, de forma a antecipar as necessidades do crescimento do
comércio, alinhada a uma estratégia global de frete da região central com a Grande
Região Metropolitana (DIPNR; 2008).
Os fatores determinantes ao destaque e penetração no mercado Australiano, assim
como no Brasil, provavelmente, serão definidos pela qualidade do produto e preço.
Produtos que possuírem qualidade premium, por exemplo, serão mais bem aceitos
neste mercado e provavelmente possuirá um valor maior do que produtos de
qualidade média e baixa. Assim como a qualidade da areia, a classificação e a forma
deste material influenciarão no seu preço final de mercado (PAIN; VALENTINE,
2000).
Outro fator importante, diz respeito à proximidade do mercado consumidor, onde o
transporte deste material acarretará maiores gastos conforme a distância e a forma
em que este transporte se dará. Em relação às vendas, as empresas extratoras e
comercializadoras deste material deverão criar estoques de areias para que não haja
a possibilidade de pedidos e encomendas não serem atendidas, criando uma má
imagem da empresa.
Assim como no Brasil, na Austrália existe uma linha de crédito para compras de
maiores valores, podendo desta forma se realizar vendas e compras a longo prazo,
porém taxas de juros deverão ser acrescentadas. Geralmente, “os pagamentos à
vista recebem desconto de até 15%” (PAIN; VALENTINE, 2000.p.82).
46
4.3 Demanda de areia em Sidney/ AUS
A Demanda por areia de construção na Região Metropolitana de Sidney, em
1999/2000 foi 6.73 milhões de toneladas, segundo relatos do Departamento de Infra-
Estrutura, Planejamento e Recursos Naturais (DIPNR; 2008), que afirma que a
produção de areia neste local, em 2003 excedeu 7 Milhões de toneladas. (Mt- metric
ton).
Estima-se que mais de 57% desse valor foi oferecido à apenas dois segmentos do
mercado - os fabricantes de betão pronto (argamassas) (49,4%) e na produção de
concretos (7,7%) (DIPNR; 2008).
A maior parte da areia consumida pelos fabricantes betão pronto possuem a
granulometria de 5 milímetros (agregado fino) sendo estas misturadas com areias
grossas proveniente de rios. Este tipo de areia mais fina é proveniente das dunas
localizadas nos lagos de Penrith e Kurnell respectivamente (DIPNR; 2008).
Já no final do ano de 1999 inícios de 2000, mais de 19% da areia natural consumida
pela indústria de construção da cidade de Sidney teve que ser importada de fora da
região. Desta forma, a indústria teve que importar mais de 1 milhão de toneladas de
areias “naturais” apesar do crescimento substancial na disponibilidade de
alternativas, que inclui as chamadas areias fabricadas , proveniente de trituradores
de pedras,entulhos de concreto, tijolo, reciclado de escórias, vidros e arenito.
Com base nas projeções detalhadas do relatório desenvolvido por Don Reed &
Assoc. (2000, atualizado em 2004), a área metropolitana de Sidney deverá esperar
por uma escassez no mercado de agregados de: “25% ou de 1,6 Mtpa, no período
2005/06 em 2009/10, de 74% ou de 4,9 Mtpa, e no período 2010/11 a 2015, de 86%
ou de 5,95 Mtpa, sendo que no máximo até 2019 todos estes recursos terão se
esgotado” (DON REED & ASSOC.; 2004, p12.)
A principal procura segundo o relatório desenvolvido por Don Reed & Assoc.(2004)
serão por areias limpas, fortes, duráveis, e quimicamente inerte estando estas livre
de materiais deletérios. Apesar haver a tentativa de algumas empresas de ativação
47
de novas minas de extração deste material, não existe atualmente nenhuma
previsão de que outras empresas possam operar plenamente nestes novos
depósitos de areias de qualidade premium para construções na Região
Metropolitana de Sidney.
4.4 Características da areia em Sidney
A areia mais utilizada em construções em Sidney possui características similares às
comercializadas no Brasil. A granulometria da areia está em torno de 2 a 5mm.
Areias que possuem um alto teor de Sílica (SiO2) são importantes para as indústrias
de construção civil por sua resistência e maior facilidade de ligas em concreto (PAIN;
VALENTINE; 2000, p. 77).
O modo mais comum de se encontrar este tipo de areia é em ambientes
sedimentares como, por exemplo, rios, praias e dunas, ou em antigos ambientes
preservados como arenitos. Entretanto como já especificado nos capítulos
anteriores, as areias de praias e dunas marítimas possuem a granulometria maior do
que as encontradas em outras fontes de extração como em rios e arenitos, não
podendo ser aproveitada para construções (PAIN; KEELING, 2006).
Areia de sílica é um dos principais ingredientes em concreto e é definida pelo tempo
da sua inércia em depósitos e suas propriedades físicas.
Sílica (dióxido de silício, SiO 2 ) possui minerais de quartzo,como um dos principais constituintes é encontrada em muitas rochas ígneas e rochas sedimentares, sendo as mais comuns as de mineral detríticas em arenito. Como uma mercadoria, o termo é aplicado a sílica de quartzo em todas as suas formas - como veia ou num recife de quartzo, quartzo rolados, quartzito, fragmentação ou como areia. O consumo mundial aproxima-se de 120 Mt / ano. (PAIN; KEELING,2006)
Qualquer areia que possua sílica em suas características físicas, poderá ser
aproveitada como agregado, mas o tipo mais utilizado para a fabricação de concreto,
deverá possuir a dimensão de suas partículas constituintes(granulometria) finas,
sendo este o parâmetro mais importante quanto a escolha do material na Austrália
(PAIN; KEELING,2006).
48
O consumo mundial de areia de sílica na indústria da construção é muito grande,
cerca de 1 bilhão de toneladas por ano. O consumo deste tipo de areia para outras
aplicações é de cerca de 100 milhões de toneladas por ano (PAIN; KEELING, 2006).
4.5 Fatores que impedem a extração de areia em Sidney
As principais causas da escassez de areia na região são devidas à denúncias
realizadas ao Conselho ambiental Sutherland Shire em maio de 2001, onde o maior
grupo de extração de areias da península, o Holt Grup, fora notificado com uma
ordem de embargo de suas operações na maior mina de extração de areia da
região, localizada sobre a Península Kurnell. A ordem foi relatada baseada no fato
de que, segundo o Conselho regional, a empresa estaria retirando areia de áreas
pelas quais eles não tinham autorização para fazê-lo.
Na verdade, a Comissão Healthy Rivers (Responsável pelo controle e manutenção
das operações realizadas em lagos e rios), recomendou em 2000 que um inquérito
exaustivo fosse desenvolvido para determinar a quantidade exata de areia existente
na Península e presumivelmente o quanto ainda esta mina poderá ser explorada.
Isto possibilitaria o fornecimento de informações importantes para ajudar a garantir o
controle e regulamentação das atividades, com possibilidade da proibição
permanente de reativação das atividades (SSEC, 2008).
No final de 2001 uma empresa chamada Rocla apresentou uma proposta de
exploração e reativação de extração de areia da mineração Kurnell, entretanto, após
uma oposição pública apresentada ao conselho, a proposta da empresa fora
rejeitada. A empresa tinha a intenção de apresentar um requerimento de uma mina
que realizaria a extração de mais 4.5 milhões de toneladas de areia respeitando as
exigências legais e ambientais (SSEC, 2008).
Governo do Estado fora novamente requisitado para que cedesse ao consentimento
de um novo pedido de EIS- (relativo a um termo de ajustamento de conduta
Brasileiro) em 2002, desta vez por uma outra empresa de exploração deste material
49
chamada de Australand. A proposta também foi remetida para o Governo Federal no
âmbito da lei da Commonwealth EPBC. Entretanto, esta proposta fora colocada em
espera em setembro de 2002 quando o ministro Dr. Andrew Refshauge, de
Planejamento do Estado da época, anunciou um outro importante estudo nomeado
de estratégia Botany Bay, onde neste incluía-se a impactos ambientais, captação e
retorno de água no processo de extração de areia na península Kurnell . Com este
anúncio, a moratória à exploração na região se manteve, entretanto um conjunto de
normas estritas de desenvolvimento para o futuro da mineração havia sido
estabelecido (SSEC, 2008).
Em novembro de 2004 a estratégia Botany Bay, tal como tinha sido batizada, existia
apenas em forma de projeto, e as explorações nesta mineração segundo o relatório
(SSEC, 2008) ainda estão sem prazo ou previsão determinado para retornar.
Atualmente, a principal fonte deste material para o atendimento da região de Sidney,
são os lagos Penrith e estes apresentam recursos que possuem a expectativa de
esgotamento entre os anos de 2010/2011. Desta forma, o esgotamento das reservas
destas minerações forçará as empresas a reduzir suas produções em cerca de
1milhão de toneladas e 2.8 milhões de toneladas respectivamente nos próximos
anos (SYDNEY CONSTRUCTION MATERIALS, 2008).
É esperado que cerca de 2011/12, a única grande fonte de abastecimento existente
no restante da Região Metropolitana de Sidney seja o da empresa Maroota onde
uma série de questões ambientais e de segurança são esperadas para ver algo
limitado a oferta anual da ordem de 0,75 Mtpa (SYDNEY CONSTRUCTION
MATERIALS, 2008)
Existe a possibilidade da substituição das atuais fontes de abastecimento da região
de Sidney por depósitos de areia que podem vir a ser exploradas em regiões onde
se verifica este material, como nas planícies Richmond , nas encostas de areias
marinhas, na região Stockton Bight, e em Somersby Plateau. Entretanto, segundo o
relatório (SSEC, 2008) diz que todas essas áreas irão atrair considerável oposição
por parte dos conselhos locais, dos grupos populacionais, de grupos ambientais, e
outros, alem da significativa distância entre estes locais de extração e a cidade de
Sidney.
50
Atualmente, a escassez de areia para as construções, é e continuará a ser,
parcialmente supridos pela oferta de alternativas à este material, sendo os
agregados finos utilizados em obras, provenientes especialmente da trituração de
hard rocks ou moagem de pedras, à mistura do pó de pedra, à reciclagem de
concretos, vidros e tijolo reciclado (PAIN; KEELING, 2006).
Ainda segundo os autores (2006), estes materiais continuarão a ser comercializados
em um volume considerável na Austrália, entretanto, eles são caracterizados como
de menor qualidade no mercado. Eles são utilizados principalmente para preencher
os materiais em misturas e de complemento de selantes, na fabricação de materiais
de rodovias, em pavimentações, asfalto, etc. A maioria destes materiais alternativos
se restringem ao abastecimento de apenas uma parte das necessidades do setor de
construção, sendo estes de qualidade e granulometria variáveis.
A areia provinda de trituração é importada para a área metropolitana de Sidney das
pedreiras localizadas na Costa central (Central Coast), em Southern Highlands, do
Illawarra, e das Blue Mountains (PAIN; KEELING, 2006).
4.6 Principais empresas atuantes na região
As principais empresas que trabalham com vendas neste setor da construção civil na
Austrália são:
A Construction Materials Group (CMG), que opera em reprocessamento e
transformação de vidro em materiais utilizáveis para construção civil, sendo este, um
material substituto da areia em determinadas áreas. (LONDON; KENLEY, 2000).
Esta empresa, como já citado anteriormente no trabalho, se destaca pela sua
produção de pó de areia reciclado, e pela produção de cimento, não sendo grande
extratora deste material.
51
Já a empresa Sydney Construction Materials , atua de forma a compreender 80,2%
do total de sua produção à extração e comercialização de areia (SYDNEY
CONSTRUCTION MATERIALS, 2008).
Esta empresa desenvolveu diversos relatórios juntamente com o Departamento de
Recursos Minerais (Department of Primary Industries) de New South Wales, com o
objetivo de realizar pesquisa e levantamentos para a exploração sobre o Planalto
Newnes, e a base dos resultados de pesquisa que inclui a seguinte declaração:
[...] a região de Sidney enfrenta atualmente uma situação de escassez de areias de construção de grânulos médios e areias grossas. A escassez de areia é esperada para se tornar mais crítica, até o final de 2012, quando as fontes existentes estarão esgotadas por completo. A alta qualidade, tamanho e grande quantidade da areia do Planalto Newnes poderão conduzir ao desenvolvimento de um espaço como a principal fonte de abastecimento da região de Sidney no século 21. (DEPARTMENT OF PRIMARY INDUSTRIES OF AUSTRÁLIA; 1996-2008)
O Projeto desenvolvido pela empresa SYdney Construction Materials, apresenta
números em que demonstra que o Planalto Newnes contém cerca de 21Mil
toneladas de areias de qualidade premium que poderá servir de produto agregado
após a extração e lavagem. A previsão é de que este depósito de areia seja
classificado como um produto equivalente a qualquer outro tipo de material de boa
qualidade existente (DEPARTMENT OF PRIMARY INDUSTRIES OF AUSTRÁLIA;
1996-2008).
52
Quadro 1: Mercado de areia de Sidney/Au Mercado Produção
Descrição do produto
arenito friável, quartzose branco (alto teor de sílica).
Produto usa Areia de sílica é um dos principais ingredientes em concreto.
Demanda anual de mercado
Doméstica: ~ 7 milhões tpa em Sydney Internacional:> um bilhão tpa
Atuais fontes domésticas de areia A maior parte da areia consumida pelos fabricantes betão pronto são as areias mais grossas de rio, e as areias finas proveniente das dunas, sendo estas fontes provindas dos Lagos Penrith.
Preço de venda, p/metro/ tonelada
30.00 - 34.00 (AUD/t) 30,00 - 34,00 (AUD / t)
Prospecção de Vendas (tpa) Ano 1 300.000 Ano 2 400.000 Ano 3 500.000 Ano 4 600.000 Ano 5 800.000 Ano 6 1.123.000
Proporção do Mercado Doméstica: 16,0% em plena produção
Fonte: DEPARTMENT OF PRIMARY INDUSTRIES OF AUSTRÁLIA; 1996-2008
Estes depósitos existentes no Planalto Newnes, caso a exploração seja de fato
aprovada, não apenas suprirá as necessidades da região de Sidney como excederá
em 1.1 Mtpa na produção de areia para diversos setores tendo estas reservas a
previsão de esgotamento em 2020. (Department of Primary Industries of Austrália;
1996-2008)
53
5 CONCLUSÃO
No decorrer desta pesquisa, importantes dados bibliográficos foram determinantes
para a formulação e consideração final deste trabalho, onde levantamentos
mercadológicos de ambos os países em questão, Brasil e Austrália se tornaram
essenciais. O estudo das características específicas de um produto tão comum e de
amplo acesso mundial, a areia, fora justificado por não haver estudos e relatos
significativos de exportação deste material. O mercado Australiano foi escolhido por
apresentar não apenas características similares ao mercado Brasileiro, mas também
por apresentar de forma significativa avanço no que se refere à alternativas ao
consumo de areias com a reciclagem de materiais como concretos, vidros,
britamento de rochas, dentre outros. Esta prática é também realizada no Brasil, mas
não na dimensão e estágio em que se apresenta na Austrália.
A pesquisa demonstrou também que, a partir da análise bibliográfica, que estes
materiais reciclados não atendem de forma completa as necessidades do setor de
construção civil, sendo necessário a participação de areias para o complemento de
determinadas fases da construção. Na escolha do mercado alvo, baseado nas
informações obtidas, Sidney apresentou uma importante possibilidade de inserção e
implementação deste mercado em especial, uma vez que fora demonstrado que em
um futuro próximo possivelmente haverá escassez deste material nesta região. É
importante deixar claro que a pesquisa não exclui a possibilidade de que novas
minas e regiões que contêm estes materiais passem a ser exploradas e atendam a
demanda necessária ao desenvolvimento do setor, entretanto, caso as implicações
públicas, restrições ambientais e estaduais permaneçam a areia Brasileira
respeitando as exigências Australianas, poderia sim ser uma solução a esta iminente
falta deste material prevista para os próximos anos em Sidney. Portanto, por
apresentar características e substâncias semelhantes, granulometrias similares e
possibilidade de obtenção de material de primeira qualidade (inclusive para os
padrões Australianos), a areia brasileira poderia surgir como a possibilidade de
suprimento das necessidades deste mercado em específico.
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Vale lembrar que estudos aprofundados sobre custos, documentações, implicações
legais e outros encargos à exportação deste material para a Austrália seria de ampla
importância para a verificação da rentabilidade e retorno financeiro de uma
exportação brasileira para este país, uma vez que verificado a existência de
demanda ao produto areia.
Um importante ponto que poderá ser determinante quanto à possibilidade de
exportação desta commodity para a Austrália está relacionado ao custo de translado
e de frete que este material representaria em um processo de comercialização entre
Brasil e Austrália. Um estudo mais aprofundado quanto aos custos de transporte,
taxações portuárias e alfandegárias desta mercadoria, dentre outros importantes
encargos deverão necessariamente ser verificados e definidos em um trabalho
específico e aprofundado quanto a este mercado, onde o tempo de transito desta
mercadoria, a forma como esta deverá se introduzir na Austrália, formas de
pagamentos e prazos em negociações identificarão a rentabilidade da exportação
deste produto, verificando se realmente seria interessante para empresas Brasileiras
de fato exportar areias para este país.
Desta maneira, por meio desta pesquisa , é possível considerar a existência da
necessidade de ser realizar futuramente um estudo de viabilidade de exportação de
areia brasileira para o mercado da construção civil australiano que privilegie
aspectos que estão contidos neste processo
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Belo Horizonte
2008
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