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BBLIA E JUSTIA
Como seres humanos, somos feitos imagem de Deus (Gnesis 1:27). Todos os seres humanos tm o mesmo
valor e devem ser igualmente respeitados. Isto mostrado por toda a Bblia em suas aes, leis e mandamentos.
Para Vinoth Ramachandra, O ensino de que os seres humanos ocupam um lugar especial dentre todas as criaturas
de Deus por apenas eles serem a imagem de Deus na terra (Gen. 1:26,27), permeia toda a literatura bblica comeando
pela histria inicial da criao. A imagem de pedra ou metal que um rei antigo erigia era o smbolo fsico de sua
soberania sobre um territrio em particular. Esta o representava para os seus servos. Se qualquer um desfigurasse ou
danificasse uma imagem do rei, aquela pessoa estava se rebelando contra a autoridade daquele rei. Aqui, na narrativa
bblica da criao, homem e mulher so quem representam a Deus na terra. O que significa que a maneira como
tratamos outro ser humano um reflexo de nossa atitude para com o Criador. Desprezar o primeiro insultar o segundo
(cf. Prov. 14:31; Tg. 3:9).
Exemplos do compromisso de Deus com a justia
O exemplo mais significativo de Deus trabalhando pela justia a liberao de seu povo da opresso no Egito,
como parte de seu plano de traz-los para a terra prometida. Isto envolveu uma libertao fsica da escravido, uma
libertao poltica de um regime opressivo e uma libertao espiritual, para que eles pudessem venerar Deus com
liberdade. O xodo mostra-nos a compaixo de Deus e seu desejo de justia e liberdade. A compaixo e a justia so,
com freqncia, encontradas juntas nas aes e nos mandamentos de Deus: E disse o Senhor: Tenho visto
atentamente a aflio do meu povo, que est no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores,
porque conheci as suas dores. Portanto, desci para livr-lo da mo dos egpcios e para faz-lo subir daquela terra que
mana leite e mel. (xodo 3:7-8). O xodo foi um antegosto do Reino de Deus que Jesus traria.
Os mandamentos e as leis de Deus so um reflexo de seu carter e um guia para como Ele quer que vivamos. H
uma preocupao especial pelas pessoas margem da sociedade:
- Em Deuteronmio, os israelitas recebem ordens de caminhar em direo a Deus. Isto consiste em reconhecer que
ele faz justia ao rfo e viva e ama o estrangeiro, dando-lhe po e veste (10:18).
APRESENTAO: O FALE uma rede de pessoas que oram e se manifestam publicamente sobre
questes de injustia. Ao clamar por mudanas, queremos compartilhar nossa f num Deus criador, poderoso e amoroso. Este material contm orientaes prticas sobre como se envolver na promoo de direitos e estruturar um grupo FALE, e analisa as razes para esta articulao. Fornece tambm um panorama das bases bblicas que motivam simultaneamente a orao e a ao da sociedade civil. Mais sugestes e idias podem ser encontrados no site www.FALE.org.br. E, lgico, se voc decidir fazer parte da Rede, comunique-se com a gente tambm!
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- No Velho Testamento, os profetas denunciavam prticas, padres de comportamento e sistemas cujo carter fosse
explorador. Ams descreveu o trabalho pela justia como sendo o tipo de culto que Deus deseja, e Isaas citou que este
o tipo de jejum que Deus aprecia. O trabalho pela justia era visto como uma atividade espiritual. Portanto, visto que
pisais o pobre, e dele exigis tributo de trigo, edificareis casas de pedras lavadas, mas nelas no habitareis; vinhas
desejveis plantareis, mas no bebereis do seu vinho. Porque sei que so muitas as vossas transgresses, e enormes
os vossos pecados. Afligis o justo, tomais suborno, e rejeitais os necessitados na porta. Ams 5:11-12
Isaas fala da verdadeira obedincia a Deus: Porventura, no este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da
impiedade, que desfaas as ataduras do jugo, e que deixes livres os quebrantados, e que despedaces todo o jugo?
Porventura, no tambm que repartas o teu po com o faminto e recolhas em casa os pobres desterrados? E, vendo
o nu, o cubras e no te escondas daquele que da tua carne? (Isaas 58:6-7).
- O FALE acredita que Deus anseia que nossa gerao aja profeticamente, sendo comprometida com a verdade e a
justia. Ento romper a tua luz como a da alvorada, e a tua cura apressadamente brotar, e a tua justia ir adiante
da tua face, e a glria do Senhor ser a tua retaguarda. Isaas 58.8
- A Bblia tambm afirma que defender a causa dos pobres e dos oprimidos parte do processo de conhecer o
prprio Deus: Julgou a causa do aflito e do necessitado, e por isso lhe sucedeu bem. No isto me conhecer? Diz o
Senhor. Jeremias 22:16
Isaas profetiza a vinda do Messias para trazer salvao. Ele est preocupado sobre a salvao das naes (Israel
primeiro e, depois, todas as naes), mas sabe que esta salvao vir atravs de um homem. Isaas, captulo 1, mostra
que o pecado tem conseqncias sociais (v15-17), ambientais (v19-20) e polticas (v23). A raiz do pecado o
rompimento do relacionamento com Deus (v2-4), o qual leva ao rompimento dos relacionamentos em todos os outros
nveis. Salvao significa acertar as coisas e reverter os efeitos do pecado, trazendo a restaurao em todos os
nveis: individual, na sociedade e poltico. A salvao , portanto, a restaurao da Terra e de seu povo para a glria e
a alegria que Deus quis desde o princpio. A Bblia contm algumas ilustraes desta glria que est por vir (Isaas
11:1-9; Ezequiel 47:1-12; Apocalipse 21).
A plenitude da salvao est expressa como as boas novas da vinda do Reino de Deus. Este Reino encontrado
onde quer que Deus reine nos coraes, nos relacionamentos, nos sistemas e nas estruturas das pessoas. Ele foi
profetizado no Antigo Testamento e trazido por Jesus.
- O Reino veio, mas esperamos por seu cumprimento (Marcos 1:15).
- O Reino acertar as coisas, trar redeno e reconciliao (Colossenses 1:20) e representa boas novas para os
pobres (Lucas 4:18-19).
- Haver oposio ao Reino, porque ele entra em conflito com o mundo atual.
SOBRE O AMOR DE DEUS PARA COM A JUSTIA, VEJA TAMBM: SALMO 146:6-8; 82:2-4, Levtico 25, Ams 5:11-15 e Miquias 6:8
ISAAS 1:7
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JESUS, O DEFENSOR DE DIREITOS
Jesus Cristo veio trazer esta restaurao. Atravs de sua encarnao, morte e ressurreio, as pessoas so salvas da condenao de Deus, tornam-se parte da nova comunidade de Deus e,um dia, experimentaro a paz e a justia do Seu reino.
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DEFININDO O QUE DEFESA DE DIREITOS
componentes da defesa de direitos
Defesa de direitos significa manifestar-se ou agir em conjunto ou em nome dos pobres, a fim de mudar as Situaes
que causam sua pobreza e para que se faa a justia. Isto pode consistir em falar e trabalhar com grupos, indivduos,
empresas ou governos, cujas aes ou polticas afetam os pobres.
Para Alxis Pacheco, Facilitador Regional da Tearfund em Honduras, diz, Ns, Cristos, devemos ser pessoas que
protestam pela justia e a apiam. Nosso envolvimento na defesa de direitos reflete tanto a maturidade de nossa f,
quanto o incio de um processo em que nos tornamos responsveis pelo que Deus nos pediu: que cuidemos das vidas
de nossos irmos e irms. O defensor de direitos uma pessoa que se manifesta em nome de outra, para que seja
feita a justia. Em Jesus, temos o exemplo perfeito de um defensor de direitos. Enquanto ramos ainda os inimigos de
Deus, ele morreu na cruz, para que nossos pecados pudessem ser perdoados. Agora, ele suplica a Deus por ns, como
nosso defensor no cu. H muitos outros exemplos da defesa de direitos sendo posta em prtica na Bblia, como
Abrao, Moiss e Neemias.
As pessoas podem ser pobres por vrios motivos: sistemas comerciais injustos, corrupo, distribuio de terras
injusta. Grande parte do trabalho na rea do desenvolvimento procura melhorar a situao imediata das pessoas que
se encontram em situaes injustas ou difceis, enquanto que o trabalho de defesa de direitos procura chegar raiz
dessas situaes. O trabalho de desenvolvimento e o trabalho de defesa de direitos, portanto, precisam ser realizados
em conjunto, podendo, muitas vezes, ser difcil separ-los. O trabalho de defesa de direitos tem por objetivo desafiar a
causa fundamental da situao, embora possa levar muito tempo para que as mudanas sejam feitas.
Falando com e por parte dos pobres, para enderear causas escondidas/principais da pobreza, para trazer justia e apoiar o bom desenvolvimento, atravs da influncia de
decisess dos poderosos cujas policas ou aes afetam aos pobres.
Tearfund
A promoo de uma mensagem especi fica e / ou ao a fim de influenciar ou contribuir para com
o desenvolvimento e a implementao de poli ticas publicas que aliviem as causas e as
conseqncias da pobreza.
OXFAM
Defesa de direitos o processo de se usar a influncia que possumos devido a nossa
presena, experincia, tamanho e programao para trazer benefcios a longo prazo e
sustentveis para os pobres.
World Vision International
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A defesa de direitos consiste de:
- PERGUNTAR POR QUE? at chegar raiz do problema
- ASSEGURAR QUE O PODER SEJA BEM USADO, permitindo s pessoas que no tm poder obter acesso a ele e
ajudar as pessoas que se sentem impotentes a ver o poder que j possuem.
- EDUCAO das pessoas que no tm poder e dos poderosos
- PROCURAR JUSTIA para os oprimidos ou injustiados
- TRAZER MUDANA para indivduos, atravs da mudana na sua situao pessoal e nos sistemas, nas estruturas
e nas polticas
- SER UMA VOZ para os que no tm voz e permitir a estes que encontrem a sua prpria voz.
Atividades importantes da defesa de direitos:
- DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES, para que os pobres se tornem eles prprios agentes de mudana.
- TRABALHO EM REDE, a fim de reunir recursos.
- ORAO
- BOA PESQUISA, para que o problema e as possveis solues possam ser claramente identificados.
A defesa de direitos significa trabalhar com casos individuais, tais como fazer campanha para libertar as pessoas
que foram injustamente presas e fazer campanhas relacionadas com questes como o acesso gua.
Os objetivos da defesa de direitos esto baseados na boa pesquisa. Eles devem ser apresentados como uma
mensagem clara dirigida s pessoas que possuem o poder, para fazer com que haja mudana (os alvos) ou as pessoas
que as possam influenciar. Estas atividades de defesa de direitos so realizadas pelas pessoas envolvidas no trabalho
de fazer com que haja mudana (o defensor de direitos, os aliados e os afetados pela situao) e so comunicadas
atravs de uma variedade de mtodos e atividades.
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POR QUE A CAMPANHA?
Em Cristos ricos numa era de fome (Rich Christians in an Age of Hunger), Ronald Sider conta uma histria que
ilustra por que precisamos fazer campanhas.
Certa vez, um bispo indiano disse a ele que um manicmio em seu pas tinha uma
forma fascinante de decidir se os pacientes estavam bem o suficiente para ir pra casa.
Eles levavam a pessoa a uma torneira, colocavam um balde debaixo da torneira e
enchiam-no de gua. Ento, deixando a torneira ligada, eles davam uma colher
pessoa e diziam: "por favor, esvazie o balde. Se a pessoa comeasse a tirar a gua
por colheradas e jamais desligasse a torneira, ento eles sabiam que ela ainda estava
louca!
O autor segue dizendo: Freqentemente os cristos, como o paciente indiano, tratam os problemas sociais com
uma colherada de cada vez. Trabalhamos freneticamente corrigindo os sintomas, o que um trabalho vital, mas nunca
fazemos nada para desligar a torneira para mudar sistemas legais e polticas econmicas que agridem as pessoas.
Estruturas incluem coisas como dvidas injustas e relaes de comrcio. Essas relaes injustas prendem os pobres
numa posio de desvantagem permanente. Quando as pessoas encontram-se em estruturas injustas definitivas
muito difcil para elas sair dessa situao. Muitas vezes, os recursos que as naes geram no ajudam os pobres. Em
alguns pases, por exemplo, se paga de volta U$ 9 para cada U$ 1 que eles recebem de ajuda. Precisamos de
campanha e orao para transformar essas estruturas.
H tantas estruturas injustas no mundo porque elas foram criadas por pessoas imperfeitas. Apesar disso, podemos
tornar as coisas bem melhores do que esto no momento. Jesus quer nos dar a fora para mudar quem somos por
dentro. Podemos no ser capazes de mudar a realidade de todos, mas podemos mudar a realidade de algum em
algum lugar.
Cada poltica que transformamos ou cada deciso que afetamos importante na maneira como isso tem impacto na
vida dos outros.Cada pequeno passo que damos nas campanhas importante. Quanto mais de ns estivermos falando
juntos, mais alta nossa voz ser e mais estruturas podero ser mudadas. Apesar de no podermos mudar o mundo em
toda parte, podemos transformar o mundo de algum em alguma parte. Cada nao contribui para expandir o processo
de transformao. As campanhas em redes de pequenos grupos uma forma de articulao testada e aprovada que se
mostrou das mais efetivas e das mais sustentveis. Voc e seu grupo so vitais para o plano! Mais do que voc pode
imaginar! Combinando orao com campanhas, queremos encorajar os grupos FALE a criar uma cultura de espiritualidade
na qual Jesus o centro. Queremos incentivar as pessoas a fazerem de Jesus o ponto central de tudo o que fizerem.
Quando Jesus VERDADEIRAMENTE o centro de nossas vidas e de nossas campanhas e oraes, s podemos falar
animadamente aos nossos amigos sobre a relao maravilhosa que temos com Ele, e Ele penetrar profundamente em
nossas aes e estilo de vida. Isso criar naturalmente uma dinmica contra-cultural, que levar tambm a outros para
perto dEle. O FALE significa criar uma dinmica contra-cultural combinando plenitude pessoal com mudana social,
subvertendo e desafiando valores modernos da sociedade ocidental.
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PAPEL DE UM DEFENSOR DE DIREITOS
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TRS ABORDAGENS SOBRE DEFESA DE DIREITOS
Pode ser apropriado usar uma mistura das trs abordagens para a defesa de direitos em diferentes momentos ao
longo do processo. As organizaes de desenvolvimento que apiam os princpios da participao e do
empoderamento devem ter por objetivo ver os pobres assumindo a defesa de direitos por si prprios e tornando-se
agentes de mudana em sua regio local. Entretanto, devido ao risco ou falta de habilidades e conhecimento, a
defesa de direitos para outras pessoas pode ser a nica opo no incio.
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NVEIS DE ATUAO DE DEFESA DE DIREITOS
A defesa de direitos ocorre em muitos nveis, onde quer que haja um relacionamento. Ela varia
de acordo com o problema e os tipos de grupos envolvidos. Alguns exemplos de decises feitas a
nveis diferentes so:
As decises tomadas em um nvel afetam as pessoas em um outro nvel. Assim, a defesa de direitos necessria
em todos os nveis, para que a mudana seja duradoura. Por exemplo, a dvida internacional faz com que os governos
nacionais tenham pouco dinheiro para gastar na sade e na educao. Portanto, a autoridade local no pode
desempenhar seu papel na proviso de educao primria para todos. O trabalho de defesa de direitos em nvel de
autoridade local no alcanar muita mudana, a no ser que o problema da dvida a nvel internacional tambm seja
resolvido.
As pessoas das comunidades sofrem os efeitos das decises tomadas em nveis mais altos. Entretanto, as pessoas
das comunidades podem influenciar estas decises atravs do voto e de lobby com os responsveis por elas a nveis
mais altos.
A igreja est presente em todos os nveis, estando, portanto, numa posio estratgica para fazer com que haja
mudana. Ela pode conectar as pessoas das comunidades com as que esto no poder.
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CICLO DE DEFESA DE DIREITOS
1. Identifique o problema
Qual a causa real da situao? Por que
voc e outras pessoas querem tentar mudar
as coisas? A situao poderia ser mudada
atravs do trabalho de defesa de direitos?
2. Rena informaes
Descubra todas as informaes possveis
sobre a situao. Para isso, pode ser
necessrio fazer visitas, conversar com todos
os lados envolvidos e realizar pesquisas para
descobrir informaes sobre:
o problema e suas implicaes
possveis solues que poderiam ser
propostas
alvos estes so organizaes ou pessoas
responsveis pela situao, tais como o governo ou
empresas locais
oportunidades para influenciar os alvos, tais
como encontros pblicos, boletins informativos,
indivduos simpatizantes ou contatos pessoais
apoiantes e oponentes Quem se uniria a
voc com seu apoio? Igrejas, ONGs, os meios de
comunicao? Quem poderia se opor a voc?
Organizaes, autoridades, indivduos?
riscos e vantagens Que riscos podem haver,
se voc agir ou no agir? Que vantagens podem
haver, se voc agir ou no agir?
3. Tome uma deciso
Aps reunir todas as informaes, necessrio decidir se voc agir ou no. Voc realmente pode ajudar a
mudar a situao? Voc realmente compreende tudo que est envolvido? Voc tem certeza sobre quem deve ser o
alvo para que ocorram as mudanas? Como voc pode trabalhar em conjunto com outros apoiantes, e eles esto
interessados? Suas informaes so apuradas e atualizadas? Elas sero aceitas, se forem examinadas pelas
autoridades, ou sero simplesmente consideradas confusas? Voc pode achar que precisa de mais informaes,
pesquisa e auxlio antes de poder tomar a deciso.
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4. Planeje
Uma vez que a deciso for tomada,
necessrio criar um plano de ao claro. Este deve
incluir:
o problema principal
os objetivos de seu trabalho de defesa de
direitos tais como mudar uma lei ou desafiar a
corrupo
as pessoas que possuem o poder para mudar
a situao os alvos
os mtodos e as atividades adequados para
serem utilizados nesta situao
como se comunicar com outros grupos de
apoio
programao cronolgica
possveis riscos
responsabilidades
medidas do sucesso como voc medir os
resultados?
Pode ser til esboar um plano de ao numa
folha de papel dividida em sees,
com ttulos tais como:
5. Aja
O tipo de ao variar muito, dependendo da cultura e da situao social ou poltica. H vrios tipos de ao:
Influncia direta (lobby) sobre o alvo Isto pode consistir em escrever cartas para autoridades, reunir-se com
elas, fornecer informaes e resultados de pesquisas que possam ser de interesse para o grupo-alvo, convidar
autoridades para visitarem e descobrirem mais por elas prprias sobre a situao ou comparecerem a reunies j
organizadas pelo grupo-alvo.
Campanhas
A realizao de campanhas consiste em falar sobre a situao para outros, de forma a incentiv-los a agirem.
Pode-se organizar encontros pblicos, tomar parte em demonstraes ou marchas, escrever boletins informativos,
distribuir folhetos informativos ou pregar.
Trabalho com os meios de comunicao
Usando-se os meios de comunicao para divulgar a mensagem pode-se aumentar muito o nmero de pessoas
cientes da situao, embora de maneira menos direta do que atravs de campanhas. O trabalho com os meios de
comunicao pode consistir em escrever um artigo ou uma carta para um jornal ou uma revista, falar na rdio,
trabalhar com jornalistas, contando-lhes sobre a situao, ou divulgando informaes atravs da imprensa sobre
alguma atividade ou evento.
Orao
A orao deve apoiar todos os tipos de ao. Em alguns casos, quando a ao direta demasiadamente
arriscada, ela pode ser a nica maneira de influenciar a situao. As informaes para a orao podem ser
compartilhadas nas igrejas, dentro das organizaes para encontros de funcionrios, como tpicos para orao em
revistas ou dentro de pequenos grupos.
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6. Avalie
importante reservar tempo periodicamente para olhar para trs e examinar se suas aes foram eficazes. Se
houve resultados, quais foram eles? Alm do objetivo principal, mais alguma coisa mudou? Alguma coisa deveria ter
sido feita de maneira diferente?
Pode ser muito til fazer uma lista das coisas que tiveram xito e das coisas que falharam. Por exemplo:
Nossos xitos
responsabilidades claras
objetivos realistas
boa utilizao das redes existentes
Nossas falhas
poucos apoiadores
cobertura no simpatizantes dos meios de
comunicao
informaes no suficientes
Aps avaliar o que aconteceu, que mudanas voc poderia fazer? Ainda necessrio agir mais? Pode ser til
repetir o ciclo e criar uma nova estratgia.
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ANEXO
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ANEXO II
ESTUDO EM GRUPO 1
De que forma Deus pratica a justia?
No Velho Testamento, em xodo, Levtico, Nmeros e Deuteronmio, Deus estabeleceu leis detalhadas para
assegurar prticas eqitativas e a justia em relao propriedade e liberdade. Ele sabia que, no decorrer do tempo,
as pessoas iriam se explorar mutuamente, assim como explorar a terra, mas ele tambm estabeleceu leis para garantir
que, em certos momentos, as coisas fossem devolvidas ao seu estado original.
Essas leis garantiam aos que eram pobres ou escravos a esperana de uma justia futura. Essas leis so baseadas
no princpio do Jubileu. Elas evitam que as terras se tornem exauridas e infrteis. Elas oferecem a liberdade de dvidas
e da escravido a cada sete anos e asseguram a redistribuio da riqueza e da terra a cada 50 anos (a cada gerao).
Essas leis so explicadas em trs diferentes livros do Velho Testamento. No sabemos at que ponto eram praticados
os princpios do Jubileu na poca do Velho Testamento. Contudo, esses princpios, o de prevenir que o rico se torne
mais rico e que o pobre se torne mais pobre, permanecem no cerne da vontade de Deus em relao justia.
Discusso
Leia xodo 23:10-11, xodo 21:2-6, Deuteronmio 15:1-18 e Levtico 25:1-55. Essas leis enfocam
diversas coisas: a libertao de escravos, os cuidados com a terra, o perdo de dvidas e a redistribuio de
propriedade e de terras. O que aconteceria se as leis do jubileu ainda estivessem em vigor hoje?
O que podemos aprender das leis do Jubileu a respeito dos planos de Deus?
A legislao do pas busca distribuir a riqueza nacional de uma maneira mais justa? Quo eficazes so
as leis que lidam com esta questo (por exemplo, no pagamento de impostos)?
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ANEXO III
ESTUDO EM GRUPO 2
O que significa trazer justia?
Deus v a questo da justia com paixo. Lemos sobre isso em muitos lugares na Bblia. Ele se importa
profundamente com o sofrimento das pessoas pobres. Os mandamentos de Deus, dados atravs do Velho Testamento,
tm como propsito trazer a liberdade para todos.
Jesus simplificou muitas das leis do Velho Testamento, resumindo-as em dois mandamentos que so a soma de
todo o ensinamento que apresentou em Mateus 22:35-40. Ele nos diz para amarmos a Deus de todo corao, esprito e
mente e para amarmos os outros como a ns mesmos. Amar os outros como a nos mesmos no significa simplesmente
termos bons pensamentos. Significa assegurarmo-nos de que os outros possam viver vidas plenas e livres de
opresses. Devemos buscar a justia para as outras pessoas para que elas vivam a vida em toda a sua plenitude,
conforme a inteno de Deus.
Pobreza e opresso removem a dignidade das pessoas. Somente quando as pessoas tiverem acesso aos recursos
naturais, econmicos e polticos dos quais necessitam que elas podero viver com dignidade, comeando ento a
estabelecer boas relaes entre si mesmas e o seu meio ambiente.
Discusso
Leia Lucas 4:18-21. Jesus leu esse texto proftico de Isaias 61:1-2 antes de iniciar o seu ministrio pblico.
Quanto da sua vida refletia essa profecia?
Jesus nos manda seguir seu exemplo. Quanto da nossa vida e do nosso trabalho refletem esse exemplo incrvel?
Quem so os prisioneiros na nossa sociedade? Quem so os cegos? Quem so os oprimidos? O que a beno
de Deus traria?
Quais passos poderamos tomar para trazer as boas novas, a liberdade, a cura e a libertao para aqueles cujos
direitos humanos no esto sendo respeitados?
O que o nosso governo faz para ajudar aqueles cujos direitos humanos no esto sendo respeitados?
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ANEXO IV As perguntas abaixo oferecem um guia de referncia rpido para os primeiros trs estgios do ciclo de defesa de direitos. Esta viso geral pode ajud-lo a ver o tipo de informaes de que precisa e fazer com que voc escolha as ferramentas certas.
Questo e problema Qual o problema?
Ele srio? Ele urgente?
Efeitos
Quais so os efeitos do problema?
Como o problema afeta os mais pobres / a igreja? Ele tem um efeito grande sobre certos
grupos? Se tiver, sobre quem e como? Voc possui informaes suficientes?
Causas
Quais so as causas fundamentais do problema?
Qual o papel das polticas e prticas do governo nacional? Qual o papel das igrejas e de
outros grupos? Qual a contribuio dos fatores culturais e ambientais? Os pobres so
capazes de participar da tomada de decises?
Possveis solues O que voc acha que precisa ser feito?
Quais so as suas propostas? Quais so as vantagens e desvantagens? Voc pode defender
sua posio? Suas propostas so realistas? Como voc medir o sucesso? Voc possui um
plano claro sobre como a mudana ocorrer?
Alvos Quem possui o poder para fazer algo para que a mudana ocorra?
Governo, igrejas, empresas, lderes comunitrios? Voc possui acesso a eles? Eles esto
abertos discusso? Eles concordam que tm responsabilidade pela mudana? Eles so
capazes de fazer algo?
Possveis aliados Quem est tentando procurar resolver a situao no momento?
Voc pode trabalhar com eles? As atividades deles so eficazes? O que precisa ser mudado?
H pessoas que ainda no estejam procurando resolver a questo, mas que poderiam ser
convencidas a ajud-lo?
Riscos e
pressuposies
Que riscos h em se envolver na defesa de direito?
O que voc fez para diminuir os riscos? Quais sero os riscos, se voc no tentar procurar
resolver a questo atravs do trabalho de defesa de direitos? Que pressuposies voc fez
sobre as causas e os efeitos do problema, sobre as pessoas no poder e sobre suas prprias
habilidades?
Mtodos
Que mtodos voc pode usar?
Voc tem confiana para us-los? Eles funcionaram anteriormente? H alternativas? Voc
possui as habilidades e os recursos para us-los bem?
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RESUMO ESTRATGIA PARA DEFESA DE DIREITOS: